andrei rublev
Post on 30-Nov-2015
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE HUMANAS
UNIDADE ACADÊMICA DE ARTE E MÍDIA
DISCIPLINA: Análise do filme cinematográfico
PROFESSOR: Helton Paulino
ALUNA: Maria Raquel Alves da Silva
ANÁLISE SIMBOLICA
ANDREI RUBLEV
Filme do ano de 1966 dirigido pelo russo Andrei Tarkovsky, o filme aborda vários
períodos da vida do pintor russo Andrei Rublev, um dos mais importantes da idade
média, realizou várias obras em afrescos, ícones e miniaturas para iluminuras, sua obras
mais conhecidas são as suas decorações feitas na Catedral da Anunciação, em Moscou,
em meados de 1405.
Cronologicamente o filme se passa em um prólogo, oitos episódios e um epílogo.
Iniciamos com a visão aérea do balonista, onde o mesmo termina indo de encontro ao
chão; na transição dessa cena para a seguinte, onde encontramos nosso protagonista,
temos um plano em que um cavalo rola no chão. A cena é atípica mesmo levado em
consideração circunstancias reais (é bastante improvável encontrar um cavalo nessa
posição) e denota algo que se repete com bastante substância com o passar do filme:
cenas pouco comuns com animais, muitas delas relacionadas com a morte. Passada esse
plano, encontramos Andrei Rublev, com seus dois companheiros de Viagem, Danil e
Kirill.
Os três chegam a uma região nova, onde se relacionam com outros indivíduos, um
ambiente que difere de forma completa daquele ao qual estavam habituados, dentro da
sobriedade e silêncio da igreja. Essa mudança simboliza um novo status na vida de
Rublev, onde ele perde sua crença naquilo que lhe fora ensinado dentro das paredes da
instituição religiosa e passa a acreditar que apenas no embate com a realidade e o
retorno aos sentimentos de forma mais primitiva e simples (como o amor, compaixão e
a fraternidade) levariam o ser humano ao entendimento da plenitude verdadeira, e não
aquela que era ensinada pelos religiosos.
No filme, existe uma dicotomia constante entre o conhecer e o sentir. Rublev opta
pelo segundo, quando questionado do porquê ele se recusar a ler livros novamente.
Danill e Kirill possuem uma relação conflituosa com a questão da leitura, acreditam que
aquele que se interessa pelos mesmos é uma pessoa de caráter dúbio, Kirill sendo ainda
mais radical e questionando a real autoridade dos religiosos letrados; nessa passagem o
mesmo é repreendido pelo o que fala, sendo castigado com o dever de copiar as
escrituras quinze vezes. Entretanto, a cena nos faz refletir que não importa o quantas
vezes o repreendido Kirill escrever, tudo isso não passa de uma mera cópia, não é uma
compreensão real; essa, de acordo com o filme, será obtida apenas com a vivência e não
com ensinamentos que não foram vividos.
Novamente retomando o episódio de Teófanes, o cego, orientam Rublev dizendo
que a busca por conhecimento só traz mais sofrimento, um velado convite a ignorância.
Tarkovsky acreditava que as experiências pessoais são mais importantes que o
conhecimento, pois a partir delas que você pode sentir e esse sentimento que guia o
homem por toda a sua vida, uma postura considerada deveras influenciada pelos antigos
autores românticos.
Essa obra cinematográfica possui diversas liberdades poéticas, muito devido ao
fato de que pouco se sabe acerca da vida desse pintor. Ensimesmado, Rublev nos parece
mais um observador da vida humana do que alguém interessado em juntar-se a ela;
assim podemos considerar que o próprio artista tem em si muitas semelhanças com o
cineasta Tarkovsky e sua estética meticulosa, observadora, que busca compreender a
natureza humana, através de metáforas e simbolismos. Em boa parte dos diálogos, nosso
protagonista se abstêm de conversas, principalmente em conversas realizados por
grupos.
A pintura do juízo final é o seu maior e mais tortuoso desafio. Após o convívio
maior e mais efetivo com outros humanos Rublev não admite que sua obra transpareça
medo e deixe as pessoas com sentimentos de culpa, sua intenção não é essa, pois ele não
acredita que seja assim que as pessoas compreenderão o verdadeiro significado da
compaixão e do amor; ele não procura trabalhar o medo nas pessoas e sim a sua
elevação espiritual, a proximidade do ser humano em relação a Deus. Isso pode ser
considerado um intento do próprio diretor, tratar a arte como algo sagrado, algo que
pode elevar aquele que a contempla.
Entretanto, o próprio Tarkovsky nega que suas obras cinematográficas possuam
significados simbólicos e/ou metafóricos e, para ele, se os mesmo existirem são apenas
coisas que podem ser relegadas ao segundo plano. Entretanto vale salientar que o
cinema, além da representação feita pelo próprio autor e/ou diretor, é um feedback entre
aquilo que o cineasta que nos passar e a nossa interpretação pessoal. Dentro desses
parâmetros, podemos sim encontrar inúmeros elementos simbólicos, levando em
consideração desde a ação dos personagens, suas características e a própria linguagem
impressa pelo diretor.
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