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ANÁLISE ECODINÂMICA DA ILHA DO MASSANGANO, PETROLINA-PE: O CASO DOS IMPACTOS DOS PROCESSOS EROSIVOS NA ENCOSTA
FLUVIAL DO PORTO DO JONAS
Auriane Silva Brito1 – asb_enairua@hotmail.com; Luiz Henrique de Barros Lyra2 – barroslyra@bol.com.br; Anderson de Mendonça Nogueira Silva2 – andersonrapel@yahoo.com.br; Nielton Gonçalo Nunes dos Santos1 – nieton.nunes@gmail.com; Flávia Jane Pessimilio Vieira1 – flajane@gmail.com; 1. Graduandos do Curso de Geografia, UPE, Campus Petrolina; 2. Profs. Orientadores do Curso de Geografia, UPE, Campus Petrolina RESUMO O estudo geomorfológico das encostas é de vital importância para a compreensão dos problemas ambientais relacionados ao mau uso do solo e exploração desordenada dos recursos naturais. A degradação das encostas fluviais associados ao desmatamento ciliar para ocupação irregular e atividades agrícolas vem intensificando a erosão, o solapamento e o conseqüente assoreamento dos leitos dos rios. Neste trabalho, realizado no município de Petrolina - PE, situado na região do Submédio São Francisco, mas precisamente em um dique aluvial da margem a nordeste da ilha do Massangano, a erosão hídrica superficial (surface wash) e o ravinamento (rill erosion), assim como a erosão subsuperficial promovem a remoção de material por meio de dutos e o desgaste do solo nos diques das margens fluviais. O objetivo foi analisar e mapear as principais feições e processos geomorfológicos superficiais em micro-escala, destacando a erosão associada ao estado da cobertura vegetal, ao uso do solo, e aos impactos ambientais. Para sua concretização, selecionou-se uma parcela de observação com 6.000 m2 (0,6 hectares), subdividida em células de 10mx10m adotando-se, portanto, um modelo matricial, onde com apoio do software Surfer 8.0, em cada célula procedeu-se à análise qualitativa e semi-quantitativa dos parâmetros morfodinâmicos subdivididos em quatro níveis categóricos: estrutura da paisagem, vegetação, uso da terra e processos superficiais. Os resultados indicam uma forte degradação atrelada ao uso inadequado da terra e a retirada indiscriminada da vegetação que se converte numa dinâmica morfológica com predomínio da instabilidade. Desta forma, foi possível mapear a gênese dos fatores e processos naturais e antrópicos determinantes para a intensidade do grau de impactabilidade ambiental, assim como, deduzir medidas paliativas e permanentes para revertê-la. Neste sentido, é imprescindível monitorar os processos erosivos, reflorestar a mata ciliar e implantar uma política de gestão do uso e ocupação do solo baseadas nos preceitos da sustentabilidade sócio-ambiental. Palavras-chaves: Encosta; Erosão; Morfologia Fluvial; Ecodinâmica; Impacto Ambiental
ANALYSIS ECODINAMIC OF THE ISLAND OF MASSANGANO, PETROLINA-PE: THE CASE OF THE IMPACTS OF THE EROSIVE
PROCESSES IN THE FLUVIAL HILLSIDE OF THE PORT OF JONAS ABSTRACT The study geomorphologic of the hillsides is of vital importance for the understanding of the environmental problems related to the bad use of the soil and disordered exploration of the natural resources. The degradation of the hillsides fluvial associates to the ciliary deforestation for irregular occupation and agricultural activities is intensifying the erosion, the solapamento and the consequent assoreamento of the beds of the rivers. In this work, accomplished in the municipal district of Petrolina - PE, located in the area of Submédio San Francisco, but precisely in an alluvial dike of the margin to northeast of the island of Massangano, the erosion surface wash and the rill erosion, as well as the erosion subsuperficial they promote the material removal through pipes and the waste of the soil in the dikes of the fluvial margins. The objective was to analyze and to map the main features and processes
geomorphologic surface in personal computer-scale, detaching the erosion associated to the state of the vegetable covering, to the use of the soil, and to the environmental impacts. Or your materialization, an observation portion was selected with 6.000 m² (0,6 ha), subdivided in cells of 10mx10m being adopted, therefore, a model matricial, where with support of the software Surfer 8.0, in each cell were proceeded to the qualitative and semi-quantitative analysis of the parameters morphodinamic subdivided in four categorical levels: structures of the landscape, vegetation, use of the soil and superficial processes. The results indicate a strong degradation harnessed to the inadequate use of the earth and the indiscriminate retreat of the vegetation that turns into a morphologic dynamics with prevalence of the instability. This way, it was possible to map the genesis of the factors and natural processes and decisive antropics for the intensity of the degree of environmental impactability, as well as, to deduce palliative and permanent measures to revert her. In this sense, it is indispensable to monitor the erosive processes, to reforest the ciliary forest and to implant a politics of administration of the use and occupation of the soil based on the precepts of the partner-environmental sustentability. Key Words: Hillside; Erosion; Fluvial morphology; Ecodinamic; Environmental impact INTRODUÇÃO
Os estudos ambientais da região semi-árida que tomam a paisagem como o sistema geral onde
se processam a interação do potencial ecológico, a exploração biológica e a ação humana, e o
conseqüente grau de desestabilização dos ecossistemas de forma integrada ao meio físico-geográfico,
vem contribuindo para a atenuação dos processos de degradação dos recursos naturais, como
principalmente a erosão dos solos, o desmatamento e o assoreamento da drenagem.
Ao longo da história, os rios têm sido utilizados como vias de penetração para o interior e
facilitado o crescimento de aglomerado urbano e áreas cultivadas, uma vez que a água é um recurso
fundamental para a sobrevivência humana. Dessa forma, os rios espelham, de maneira indireta,
condições naturais e as atividades humanas desenvolvidas na bacia hidrográfica, sofrendo, em função
de escala e intensidade de mudanças nesses dois elementos, alterações e efeitos e/ ou impactos no
comportamento da descarga, carga sólida e dissolvida, e poluição das águas (CUNHA, 2008). Na
maioria das vezes, os fatos naturais (topografia, geologia, solos, clima e vegetação) podem iniciar os
desequilíbrios que serão agravados pelas atividades humanas na bacia hidrográfica, especialmente pelo
manejo inadequado dos solos urbano e rural com a substituição das matas ciliares por terras cultivadas
e o avanço do processo de urbanização.
A erosão dos solos em bacias hidrográficas está atrelada ao desequilíbrio entre a morfologia das
encostas e o fluxo de água (GUERRA e MENDONÇA, In: VITTE e GUERRA, 2004). Na bacia
hidrográfica do rio São Francisco, em que a área de estudo está inserida, os processos erosivos e de
assoreamento são relacionados à dinâmica hidrológica, sobretudo pela morfologia dos canais, e
oscilação dos fluxos, como pela estrutura edafoclimática, o estado da cobertura vegetal, e de forma
integrada as formas de uso e ocupação do solo. Estudo desenvolvido por Sá e et al (2006), em uma
parcela desta região localizada no município de Belém do São Francisco-PE, constataram a interação
destes fatores e as conseqüências sócio-ambientais destes processos.
Sendo assim, objetivou-se, através de levantamento expedito e o mapeamento em micro-escala,
baseado no suporte geomorfológico, da localidade Porto do Jonas (Petrolina-PE), parte da ilha do
Massangano situada a jusante esquerda do rio supracitado, avaliar a intensidade dos processos erosivos
do solo e os impactos sócio-ambientais relacionados aos demais componentes do meio físico-biótico e
as formas de uso/ocupação local.
MATERIAIS E MÉTODOS Seleção da Área
A área de estudo, denominada Porto do Jonas, está localizada entre as coordenadas 9º
45’ 13” S e 40º 55’ 25” W, com altitude aproximada de 363 m, na ilha do Massangano, situada no
Submédio São Francisco, sob jurisdição municipal de Petrolina – PE (Figura 01). O porto situa-se na
margem a nordeste da ilha, sob um terraço aluvial com cerca de dois metros de altura em relação ao
nível de base local (o rio) e sujeita ao fluxo d’água e inundações.
O clima local é o típico semi-árido (BShw de Köppen), quente e seco com chuvas
concentradas no verão, com precipitação média anual de 450 mm, temperatura média em torno de 26º
C e umidade relativa em torno de 60%. O relevo é plano suavemente inclinado, embasado sobre rochas
cristalinas datada dos períodos Pré-Cambriano e Cretácico, predominantemente gnáissicas,
micaxisticas e quartzíticas sob intensa meteorização química e denudação do escoamento linear que
lhe confere uma contínua e estratificada sedimentação (BRITO NEVES, 1975). Este modelado
corresponde às feições da depressão Sanfranciscana, formada por afundamento tectônico e posterior
entalhamento fluvial, compreendendo terraços aluviais com espesso capeamento areno-argiloso que se
prolongam até as planícies de inundação.
A ilha do Massangano fazia parte das terras emersas que constituem o atual terraço do São
Francisco e o tabuleiro sertanejo, mas após fases de intensa incisão fluvial, se desprendeu do mesmo
(Diagnóstico Turístico, 2002 In SILVA, 2008). Esta hipótese se deve ao espesso e compacto pacote
sedimentar (argilo-arenoso) que constitui o terraço nas suas margens, como também remanescentes da
caatinga encontradas no local. Segundo Corrêa (2006), o terraço é constituído por solos latossolos e
argissolos evoluídos sobre coberturas sedimentares discordantes com o embasamento cristalino das
faixas de dobramentos regionais aplainadas, que no caso da planície do Submédio São Francisco,
indicam fáceis distais de leques coluviais erosivos de elevações residuais e/ou antigos depósitos de
enchente, que exumaram depressões marginais ao largo do canal fluvial pretérito.
Figura 01 – Localização da área de estudo na Ilha do Massangano, Petrolina-PE
No terraço fluvial a ocupação exploratória e a degradação da cobertura vegetal expuseram o
solo a um intenso processo erosivo, a comatação da calha do rio, perda de solos agricultáveis e
desastabilização das edificações, gerando um quadro de grave instabilidade ambiental.
Seleção do Perímetro de Estudo
O perímetro delimitado para o estudo foi previamente selecionado segundo parâmetros que
representassem o máximo possível das condições do ambiente insular e viabilizasse a avaliação
detalhada (em micro-escala) da erosão do solo na encosta em que o porto fluvial se encontra. Nesse
sentido, foi estabelecida uma parcela de análise com 100m x 60m de extensão, subdividida em 60
células de 10m2, para avaliar qualitativamente e semi-quantitativamente os níveis de susceptibilidade
ambiental pertinentes a quatro categorias pré-estabelecidas segundo os critérios morfodinâmicos
idealizados por Tricart (1977). Neste procedimento foram utilizados instrumentos de campo, como
GPS para plotar as coordenadas e obter o mapeamento de precisão da área; Imagens de satélites
(Google Earth); bússola geológica, trena para a medição da parcela e das células e máquina
fotográfica.
Aplicação do Método Ecodinâmico
A avaliação dos níveis de degradação ambiental está baseada no estudo desenvolvido por
Santos e et al (2005) que adotaram os critérios ecodinâmicos de Tricart (1977) para analisar os níveis
de estabilidade ambiental da paisagem em uma localidade da Ilha do Estreito (Belém do São
Francisco-PE). O mesmo compreende os processos degradadores dos sistemas ambientais, sobretudo
dos processos morfodinâmicos, ou seja, os responsáveis pela gênese do relevo que estão
interconectados com os demais elementos e fatores do ambiente, passando a comandar a divisão da
paisagem em unidades homogêneas dentro de uma perspectiva conceitual sistêmica determinada pela
troca de energia e matéria entre as partes envolvidas na estruturação geomorfológica da paisagem
(CORRÊA, 2006).
Nesse sentido, as células estudadas foram sistematicamente submetidas à análise de quatro
parâmetros considerados cruciais: estrutura superficial da paisagem, uso do solo, vegetação e
processos superficiais. Para cada um dos parâmetros citados, corresponde um nível categórico de
equilíbrio, numericamente definido, a fim de medir a intensidade dos processos diagnosticados de
forma macroscópica. Estes níveis foram categorizados em ordem crescente de instabilidade ambiental:
0 – Estado de Equilíbrio; 1 – Equilíbrio com sinais de instabilidade; 2 – Intermediário entre
estabilidade e instabilidade; 3 – Predomínio da instabilidade; 4 – Instabilidade grave.
Produção dos Mapas Temáticos
Os dados coletados em campo foram tabulados e digitalizados através da utilização dos
softwares, ArcGis 9.2, Surfer 8 e Corel Draw 13, relacionando-se o grau de deterioração/conservação
do solo segundo os parâmetros anteriormente mencionados, decorrentes das formas de uso do solo em
que o local está submetido.
Especificamente, o mapeamento e estabelecimento da localização, bem como a criação do
banco de dados foram gerados de imagens processadas em ArcGis 9.2, quanto ao tratamento e o
designer gráfico do mapa ecodinâmico foi produzido por meio do Corel Draw, subsidiando a
avaliação dos níveis classificatórios dos mapas de isovalores gerados no Surfer 8.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Análise Ecodinâmica da Paisagem
O mapa inicialmente produzido foi o Ecodinâmico ou mapa dos fatores físicos e antrópicos da
parcela de controle (Figura 02). Esta parcela abarca uma área de 6.000 m2 (100 X 60 m) subdividida
em 60 células de 10m2 para facilitar a análise expedita em escala macroscópica dos fatores
supracitados, ressaltando a estrutura superficial, como os patamares superiores do recente terraço
aluvial desgastados pelo escoamento em ravinas e os inferiores mais antigos e consolidados atacados
pela erosão linear e o solapamento. Além disto, destaca-se o fluxo da calha fluvial de montante para
jusante na direção nordeste e a margem do terraço rebaixado e sujeito as inundações; e a distribuição
vegetal predominantemente secundária e extensões de solo exposto, demarcados pelo pisoteio de
pedestres, habitações e atividades agrícolas de subsistência e sobrepastoreio.
Figura 02 – Mapa Ecodinâmico da área de Estudo
Estrutura Superficial da Paisagem A parcela de estudo apresenta uma topografia plana limitada por declives acentuados em
direção a margem da calha fluvial (Figura 03), indicando a presença de processos de dissecação e a
eficiência da drenagem exorrêica, que se reflete no forte escoamento local das águas pluviais.
A paisagem geomorfológica está estreitamente relacionada à dinâmica hidrológica, sobretudo
pelo fluxo de sedimentos depositados no leito do rio São Francisco que constituiu a estrutura da
encosta marginal, compreendida entre o terraço propriamente dito e o denominado dique marginal.
Riccomini et al (in Teixeira et al, 2008), descreve o dique como corpos elevados, alongados em faixas
sinuosas junto às bordas do canal, que se formam em períodos de inundação da planície, onde a brusca
redução da velocidade de transporte, promove a deposição de um leque de areias finas próximo às
margens. Sua estrutura se compõe por camadas de areias médias a finas, com estratificações onduladas
de pequeno porte (centimétricas), associadas a argilas laminadas.
Em decorrência do desequilíbrio morfogenético, o solo aluvial possui cor amarelo-
avermelhada, de textura argilo-arenosa, com estratificação irregular devido a perda do horizonte
superficial arenoso pela erosão em sulcos e linear, agravada pela remoção da cobertura vegetal.
Portanto, do ponto de vista morfodinâmico, a estrutura superficial da paisagem apresenta níveis de
intensidade de degradação ambiental com predomínio de instabilidade no dique marginal, com
alternância de instabilidade grave e intermediária no terraço circunjacente (Figura 04).
Figura 03 – Modelo Digital do Terreno (MDT), 100 x 60 m. Em destaque o processo erosivo.
Foto de Luiz Lyra, 2008.
Figura 04 – Mapa de isovalores de estabilidade ambiental do nível categórico “estrutura superficial da paisagem”.
Vegetação
A vegetação da parcela, identificada como um fragmento da “mata ciliar” do rio São Francisco
que se constitui por uma floresta semi-aberta, mas com a presença de arbustos, cipós e estrato
herbáceo, de extensão longa e estreita, situadas ao longo de suas margens (NASCIMENTO, 2003),
está bastante alterada. Observou-se que os remanescentes vegetais são secundários com estrato
predominante arbustivo-arbóreo, destacando-se espécies nativas como a ingazeira (Inga vera subsp.
Affinis), o juazeiro (Zizyphus joazeiro) e a carnaubeira (Copernicia cerifera), associada a espécies
xerófitas, como a algarobeira (Prosopis juliflora) e gramíneas.
metros
A grande quantidade de espécies pioneiras, típicas de condições climáticas mais secas, e o
número significativo de gramíneas são indicadores de degradação do ambiente. As algarobeiras
(Prosopolis Benth) são uma ameaça a regeneração natural das espécies nativas pela sua agressividade
na absorção de água e nutrientes do solo; além disto, seu sistema radicular desestabiliza a encosta
fluvial aprofundando os sulcos erosivos e os efeitos do solapamento (Figura 05). Assim sendo, o
estado da condição vegetal oscila entre equilíbrio com sinais de instabilidade e intermediária entre
estabilidade e instabilidade, nas áreas com resquícios pontualmente densos sob os diques; ao
predomínio da instabilidade grave no terraço fluvial exposto e desprovido da vegetação (Figura 06).
Figura 05 – Algarobeira e a intensificação da erosão na encosta fluvial do Porto do Jonas
Fonte: Foto de Luiz Lyra, 2009
Figura 06 – Mapa de isovalores de estabilidade ambiental do nível categórico “vegetação”.
Uso do Solo
Na parcela de observação, a erosão e a mudança na dinâmica fluvial acontecem como resultado
das formas de uso do solo representadas pela ocupação habitacional inadequada, atividades de pecuária
extensiva para fins de subsistência e o atracadouro portuário com o fluxo constante da população
ribeirinha. Na análise do nível de intensidade do desequilíbrio ecodinâmico, constatou-se que a
condição de instabilidade a instabilidade grave prevalece (Figura 07), pois a grande quantidade de solo
nu com recobrimento vegetal herbáceo raleado é uma conseqüência destes tipos de uso, sobretudo pelo
pisoteio constante (humano/animal) que ocasiona a compactação e o aprofundamento dos entalhes
erosivos, e uma série de transtornos sócio-ambientais para a população residente.
metros
Figura 07 – Mapa de isovalores de estabilidade ambiental do nível categórico “uso do solo”
Processos Superficiais Observou-se na área as marcas da erosão por ravinas (rill erosion) interligadas por dutos
(pipes), infiltração e escoamento linear (Figura 08). Guerra e Mendonça (in Vitte e Guerra, 2004),
associam este tipo de erosão as irregularidades do terreno e o fluxo linear (flowline) que em conjunto
com o escoamento subsuperficial, rompem a estrutura do solo aprofundando-os e alargando-os,
podendo formar voçorocas interligadas por dutos. Nos solos a remoção do material detrítico aluvionar
(areno-argiloso) em direção aos declives entre o terraço e as margens, como também entre os
festonamentos (diáclases) dos horizontes mais argilosos e compactos entalhados pela drenagem
subsuperficial forma uma rede de ravinas (rill network) que se assemelham a dolinas interconectadas
metros
por condutos, propiciando o entulhamento do leito fluvial. Especificamente, os níveis de equilíbrio
morfodinâmico dos processos superficiais, evidenciam a forte degradação do uso do solo e o
desmatamento, com o predomínio da instabilidade, sobretudo nos diques marginais e na margem
fluvial (Figura 09).
Figura 08 – Aspecto do processo erosivo por ravinas no topo dos diques
Fonte: Foto de Luiz Lyra, 2008.
Figura 09 – Mapa de Isovalores de Estabilidade Ambiental do Nível Categórico “Processos Superficiais”. CONCLUSÃO No intuito de contribuir para a mitigação dos níveis de instabilidade ocorrentes na área
pesquisada, recomenda-se a elaboração de um estudo mais abrangente e detalhado dos elementos que
agem sobre a paisagem, a partir de uma abordagem sistêmica, buscando atingir o mais próximo das
condições de equilíbrio interconectadas entre os seus componentes químicos, físicos, biológicos e
humanos. Os resultados obtidos a partir do levantamento expedito e a avaliação ecodinâmica da
paisagem local, com destaque para a erosão dos solos, possibilitaram mapear a dinâmica dos fatores e
processos naturais e antrópicos determinantes para a intensidade da mesma, assim como, deduzir
medidas paliativas e permanentes para reverté-las. Neste sentido, é imprescindível monitorar os
metros
processos erosivos, reflorestar a mata ciliar e implantar uma política de gestão do uso e ocupação do
solo baseadas nos preceitos da sustentabilidade sócio-ambiental. Em particular, o manejo dos solos
deve atingir um patamar onde a erosão seja mínima e as atividades econômicas sejam produtivas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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