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Vitória (ES), outubro de 2015
Análise de Competitividade da Indústria de Aguardente
do Estado do Espírito Santo
2
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 4
1. ESTRUTURA DA CADEIA DE VALOR DA AGUARDENTE ......................... 6
1.1. Cadeia de valor da indústria de aguardente ................................................... 6
2. PANORAMA DA INDÚSTRIA DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NO
MUNDO .......................................................................................................... 8
2.1. Faturamento mundial de bebidas alcoólicas ................................................... 8
2.2. Participação de mercado de bebidas alcoólicas ............................................. 8
2.3. Consumo de bebidas alcoólicas ..................................................................... 9
3. PAINEL DE INDICADORES DE MONITORAMENTO DA
COMPETITIVIDADE ..................................................................................... 10
3.1. Brasil ............................................................................................................. 10
3.1.1 Número de empresas e empregados ........................................................... 10
3.1.2 Evolução da Produção de Aguardente ......................................................... 11
3.1.3 Participação dos estados na produção de Aguardente ................................ 12
3.1.4 Evolução do Consumo .................................................................................. 13
3.1.5 Participação das empresas no setor de Aguardente .................................... 13
3.1.6 Balança Comercial Brasil .............................................................................. 14
3.2. Espírito Santo ............................................................................................... 15
3.2.1. Número de empresas e empregados ........................................................... 15
4. PERCEPÇÃO EMPRESARIAL DA COMPETITIVIDADE DA
INDÚSTRIA DE AGUARDENTE .................................................................. 16
4.1. Cenário Atual ................................................................................................ 16
4.2. Mecanismos de concorrência do setor de Aguardente ................................. 16
4.3. Mercados a que se direcionam os produtos da cadeia produtiva ................. 17
4.4. Posição atual da indústria no mercado – doméstico ou internacional –
desempenho, vantagens e desvantagens competitivas. .............................. 17
4.5. Fatores externos à empresa que impactam a competitividade (ambiente
macroeconômico, disponibilidade e tipo de crédito, custo de
financiamentos, infraestrutura econômica, infraestrutura técnica,
científica e educacional e tributária), dentre outros. ..................................... 18
4.6. Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade existentes
(Compete, isenções fiscais e outros). ........................................................... 19
4.7. Propostas para o aumento da competitividade ............................................. 19
5. MONITORAMENTO DO DESEMPENHO DAS EMPRESAS
SIGNATÁRIAS DO CONTRATO DE COMPETITIVIDADE DA
INDÚSTRIA DE AGUARDENTE NO ES ...................................................... 20
5.1. Caracterização das empresas ...................................................................... 20
5.2. Perfil da mão de obra ................................................................................... 21
3
5.3. Perfil do mercado interno e externo .............................................................. 22
5.4. Desempenho das empresas ......................................................................... 24
5.5. Fatores associados à competitividade .......................................................... 26
5.6. Inovação ....................................................................................................... 27
6. CONCLUSÃO............................................................................................... 29
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 30
4
APRESENTAÇÃO
O SESI/SENAI/ES por meio de sua Gerência Executiva de Economia Criativa,
e do Ideies (Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito
Santo) é responsável pelo apoio à Federação das Indústrias do Espírito Santo -
FINDES em questões estratégicas voltadas para as áreas de competitividade e
de defesa de interesses da indústria capixaba, além das ações referentes aos
assuntos legislativos, ao desenvolvimento regional do Espírito Santo e ao
crescimento das micros, pequenas e médias empresas.
A entidade atua na estruturação de informações técnicas de interesse da
indústria capixaba, com foco em inteligência competitiva, como este estudo,
que tem o objetivo de atender contrapartida do Contrato de Competitividade
firmado entre os Sindicatos das Indústrias de Aguardente e o Governo do
Estado do Espírito Santo, de enviar às SEDES anualmente a análise da
competitividade dos setores industriais contemplados.
A Análise de Competitividade do Setor de Aguardente do Espírito Santo
2015 tem como foco a formação de um panorama do setor que permita a
avaliação e o monitoramento da sua capacidade de competir em âmbitos local,
nacional e internacional. Inicialmente para contextualizar a cadeia global de
valor da aguardente, fez-se um breve levantamento a cerca da conjuntura
mundial e das características estruturais desta cadeia, apontando os diversos
níveis de ganhos qualitativos de valor ao longo das diversas etapas do
processo produtivo global.
Para acompanhar sistematicamente os níveis de competitividade foi elencado
um conjunto de indicadores econômicos capazes de refletir os níveis de
desempenho e de concorrência dos setores estudados e que, por sua
disponibilidade, podem ser acompanhados ao longo do tempo. Expostos em
painel, estes indicadores serão, a partir de agora, monitorados anualmente
facilitando a análise crítica da variação da capacidade concorrencial e de
sustentabilidade da indústria. As variáveis que formam o “Painel de
Indicadores de Monitoramento da Competitividade Setorial” referem-se à
produção, consumo, mix de produtos, valor da transformação, crescimento do
número de empresas e empregos e ao resultado da balança comercial.
Em complementação a analise do desempenho medido pelos indicadores
selecionados, promoveram-se fóruns de discussão dos setores industriais por
meio da realização de grupos focais com os empresários e representantes de
entidades de promoção do desenvolvimento industrial no estado. Desta
pesquisa qualitativa originou-se a análise de “Percepção empresarial da
competitividade da indústria de Aguardente no ES.” Os fatores de
5
competitividade, internos às empresas, que orientaram a discussão e que
serão abordados nesta análise foram: Alianças Estratégicas, Capital Humano,
Confiabilidade, Conhecimento, Custo, Fatores Culturais, Flexibilidade,
Inovação, Qualidade, Rapidez, Relacionamento com Clientes,
Responsabilidade Social, Sistemas de Controle, Técnicas de Produção e
Tecnologias da Informação e Comunicação. Dentre os fatores externos ou
sistêmicos, foram analisadas questões referentes ao ambiente
macroeconômico, à disponibilidade e tipo de crédito, ao custo de
financiamentos, à infraestrutura econômica, infraestrutura técnica, científica e
educacional e à tributária. A proposta foi solicitar ao empresariado uma
avaliação da conjuntura atual do setor, as perspectivas de desempenho em
2015.
Este documento também é composto por um “Diagnóstico empresarial para
subsídio ao contrato de competitividade do setor de Aguardente do ES”
que buscou identificar as ações e resultados do conjunto das empresas
signatárias do Compete. Para tanto levantou informações relacionadas ao
desempenho econômico e de mercado, à manutenção e/ou criação de novos
empregos, à qualificação profissional, investimentos em inovação e tecnologia,
em saúde e segurança do trabalhador e ações de sustentabilidade
socioambiental.
6
1. ESTRUTURA DA CADEIA DE VALOR DA AGUARDENTE
1.1. Cadeia de valor da indústria de aguardente
A indústria de bebidas alcoólicas tem como característica a produção de bens
destinados, basicamente, ao consumo interno. Podem-se classificar seus
produtos em destilados (cachaça, uísque, vodca, rum, gim, conhaque, tequila
etc.) e fermentados (cervejas, vinhos, saque, sidra, champagne, espumantes)
sendo que a fabricação de cada um desses produtos envolve uma cadeia
produtiva específica, com dinâmica própria.
Alguns desses produtos movimentam cadeias produtivas muito próximas à da
agroindústria, como são os casos do vinho e da aguardente. Também é o caso
da indústria cervejeira, que depende de forma significativa da produção e
importação da cevada e do lúpulo, assim como do malte.
A fabricação de embalagens é um elo fundamental da cadeia produtiva de
bebidas, pois, além de representarem 50% dos custos de produção de
cervejas, por exemplo, é o segmento que apresenta considerável nível de
desenvolvimento e inovação (tamanho, formato, material). Essas constantes
alterações nos produtos exigem um elevado nível de flexibilidade nas linhas de
produção, forçando os fornecedores de máquinas e equipamentos a
desenvolverem produtos que permitam a absorção dessas mudanças.
A competitividade das empresas nestes segmentos depende fortemente de
fatores como os elevados gastos com propaganda e a uma configuração
eficiente das redes de distribuição. Esses fatores atuam como fortes barreiras à
entrada, fortalecendo a tendência de concentração nesses mercados e
configurando-os em estruturas próximas ao padrão de oligopólio competitivo.
Consequentemente, as estratégias de integração (horizontal e vertical) das
empresas da cadeia produtiva de bebidas são cada vez mais percebidas como
uma tentativa de obtenção de ganhos de escala e de escopo. É o caso do elo
da distribuição, onde as empresas fabricantes têm buscado controlar a maior
parte desta atividade com intuito de assegurar ampla penetração de mercado e
maiores margens.
Não obstante, estratégias de verticalização a montante também são
visualizadas na cadeia, sobretudo pelas grandes empresas que passam a
dominar a fabricação de insumos básicos (concentrados, garrafas de vidro,
tampas metálicas, malte) implicando obtenção de vantagens competitivas
através da minimização de custos e de riscos inerentes nas relações cliente-
fornecedor.
7
Ademais, deve-se destacar o papel das pequenas empresas do setor que, por
não conquistarem ganhos de escala ou escopo devido à limitada capacidade
de investimento, acabam atuando em mercados regionais, acirrando a
concorrência nesses mercados, o que resulta em ganhos para o consumidor
final (preço e opções de escolha).
O processo produtivo indústria de aguardente envolve a fabricação do produto
básico, o engarrafamento e a distribuição, além do fornecimento das matérias-
primas e embalagens (figura 1).
Figura 1: Cadeia produtiva do setor de aguardente
Fonte: Oliveira, et al., 2004
8
2. PANORAMA DA INDÚSTRIA DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NO MUNDO
2.1. Faturamento mundial de bebidas alcoólicas
Gráfico 1 – Participação de mercado bebidas alcoólicas – Faturamento Bruto (U$ Bilhões)
De acordo com dados estimados pelo DISCUS - Distilled Spirits Council of the
United States, o faturamento bruto de bebidas alcoólicas tem crescido
anualmente e entre os anos de 2006 a 2014 o crescimento foi de 26%,
totalizando U$65,8bi no último ano (gráfico 1). Dentre os segmentos
pesquisados, as bebidas destilados foram as que obtiveram maior incremento,
no total de 35% no mesmo período.
2.2. Participação de mercado de bebidas alcoólicas
Gráfico 2 – Participação de mercado bebidas alcoólicas – % (ano 2014)
Cerveja 48%
Destilados 35%
Vinhos 17%
Fonte: 10k Reports, DISCUS Estimates & Adams/BIG Wine Handbook Distilled Spirits Council, Economic & strategic Analysis Dept.
9
As bebidas destiladas apresentaram 35% do mercado de bebidas alcoólicas
em 2014, cervejas com 48% e vinhos com 17% de participação em faturamento
(gráfico 2).
2.3. Consumo de bebidas alcoólicas
Gráfico 3 – Consumo de bebidas alcoólicas por região (15+ anos) (2010 em %)
Segundo dados da OMS – Organização Mundial da Saúde, globalmente 50,1%
do total registrado de álcool foram consumidos na forma de bebidas destiladas,
que também são o tipo de bebida mais consumida nas regiões Sudeste da Ásia
e do Pacífico Ocidental (gráfico 3). O segundo tipo de bebida mais consumida é
a cerveja, o que representa 34,8% de todo o álcool consumido no mundo.
Apenas 8,0% de álcool total registrado são consumidos sob a forma de vinho.
10
Figura 2 - ConsumoTotal Per Capita
Os mais altos níveis de consumo per capita de bebidas alcoólicas são
encontrados no mundo desenvolvido, em particular na Região Europeia e da
Região das Américas (figura 2). Níveis intermediários de consumo encontram-
se na Região Oeste Pacífico e da Região da África, enquanto os níveis mais
baixos de consumo são encontrados no Sudeste Asiático e particularmente na
Região do Mediterrâneo Oriental.
3. PAINEL DE INDICADORES DE MONITORAMENTO DA COMPETITIVIDADE
3.1. Brasil
3.1.1 Número de empresas e empregados da indústria de Aguardente
Gráfico 4: Evolução do número de empresas (CNPJ) e empregos no Brasil e Distribuição das
empresas por porte
Fonte: Rais 2014/MTE
Elaboração: IDEIES - Findes
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Utilizando o critério de classificação do IBGE como critério de classificação do
porte das indústrias pelo número de empregados (tabela 3), o setor reúne mais
de 610 empresas, das quais 96% são empresas de micro e pequeno porte, em
todo o território nacional e emprega cerca de 14,5 mil pessoas (gráfico 4).
Tabela 3: Classificação do porte por número de empregados
Porte N° de empregados
Micro com até 19 empregados
Pequena de 20 a 99 empregados
Média 100 a 499
Grande mais de 500 empregados
Fonte: IBGE
3.1.2 Evolução da Produção de Aguardente
Gráfico 5: Valor da produção (Mil Reais)
Segundo dados apurados IBGE, a produção de aguardente envasada em 2013
ficou 0,1% inferior ao registrado em 2012, totalizando R$3.084 milhões em
vendas (gráfico 5).
Fonte: Rais 2014/ MTE
Elaboração: Ideies/ Sistema Findes
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3.1.3 Participação dos estados na produção de Aguardente
Gráfico 6: Número de empresas por Estado: Setor de Aguardente
Os estados que possuem o maior nº de empresas do setor, foram Minas
Gerais, São Paulo com 191 e 109 empresas respectivamente. O Espírito Santo
é o 6º no ranking juntamente com a Paraíba com 26 empresas (gráfico 6).
13
3.1.4 Evolução do Consumo
Gráfico 7: % marcas de aguardente por região
A maior concentração de marcas de aguardente está na região sudeste, que
representa 66% do total de marcas registradas no país, de acordo com dados
do Ministério da Agricultura (gráfico 7).
3.1.5 Participação das empresas no setor de Aguardente
Gráfico 8: Principais marcas de cachaça - 2014, vendas mundiais em volume (em milhões de
litros)
Em 2014, quatro grandes marcas tiveram expressiva representatividade
mundial: Cachaça 51, Pitu, Velho Barreiro e Ypióca (gráfico 8).
16,63
66,17
0,77
13,04 3,37
Sul
Sudeste
Norte
Nordeste
Cento-oeste
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Elaboração: Ideies/ Sistema Findes
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3.1.6 Balança Comercial Brasil
Gráfico 9: Balança Comercial - Aguardente (US$ FOB)
Quadro 1: Países Exportações
O Brasil, em 2014, exportou US$ 18.697 mil em aguardente (gráfico 9), sendo o principal importador a Alemanha, Estados Unidos e em sequencia a França, representando aproximadamente 40% do total exportado (quadro 1).
2011 2012 2013 2014
Alemanha 3.251.468 2.292.079 2.936.787 2.887.209
Estados Unidos 1.824.174 2.249.554 1.896.529 2.518.241
França 835.023 1.055.807 1.513.230 1.673.180
Portugal 1.728.366 1.268.087 1.523.712 1.537.540
Paraguai 1.095.757 1.142.703 1.174.323 1.466.693
Itália 671.742 763.374 1.039.237 1.173.436
Espanha 943.241 761.471 1.203.143 1.047.395
Outros 7.072.149 5.619.704 5.691.192 6.394.065
Total 17.421.920 15.152.779 16.978.153 18.697.759
-13,02% 12,05% 10,13%% Variação x ano anterior
Fonte: Aliceweb
Fonte: Aliceweb
Fonte: Aliceweb
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3.2. Espírito Santo
3.2.1. Número de empresas e empregados da indústria de
Aguardente
Gráfico 10: Evolução do número de empresas (CNPJ) e empregos no Espírito Santo e
Distribuição das empresas por porte
Utilizando como critério de classificação do porte das indústrias pelo número de
empregados (pag. 11), o setor reúne atualmente 26 empresas no estado, que
na sua totalidade são empresas de micro e pequeno porte, e emprega cerca de
184 pessoas (gráfico 10).
Fonte: Rais 2014/MTE
Elaboração: IDEIES - Findes
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4. PERCEPÇÃO EMPRESARIAL DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE
AGUARDENTE
4.1. Cenário Atual
- O setor de aguardente ainda não foi afetado pela crise, pois há uma fidelidade as
marcas e o consumo se mantém.
- O público-alvo do setor de cachaça está mais exigente. A qualidade e o design são
atributos que são valorizados para o público-alvo do varejo, já os consumidores que
adquirem o produto em bares e botecos, são impactados pelo preço do produto.
- A inovação através de produtos diferenciados e embalagens que se destacam dentre
os demais concorrentes pode trazer mais competitividade ao setor elevando o status
do produto criando assim maior valor agregado.
4.2. Mecanismos de concorrência do setor de Aguardente
Concorrência:
- O setor de aguardente compete por meio de dois fatores principais que são o preço e
a qualidade.
- A concorrência externa, principalmente de produtos que entram no estado
ilegalmente (sem pagar impostos), tem marginalizado a qualidade da cachaça local,
uma vez que tem forçado os produtores capixabas concorrer localmente por meio do
menor preço. A fiscalização ineficiente no estado foi citada em comparação à de
outros estados como Rio de Janeiro em que notoriamente é mais eficaz.
- Os produtos legalizados que vem de fora encontram barreiras tributárias mínimas
devido a incentivos mais vantajosos de outros estados e que, mesmo pagando o frete,
ainda conseguem vender a preços mais baixos do que os produtos locais.
- O principal concorrente dos produtores internos são os produtores de Minas Gerais,
porém a substituição tributária somada à falta de barreira fiscal dificulta a
competitividade da indústria local.
- O consumidor consome a cachaça pela tradição. O Espírito Santo tinha seus
produtos reconhecidos pela excelência que era até superior aos de Minas Gerais,
porém o governo estadual de mineiro juntamente com os produtores fizeram uma
política de fortalecimento da marca e tradição dos produtos da região de Salinas.
- O consumo da cachaça no estado é muito regional. Produtores centralizam as
vendas nas cidades próximas e acabam se consolidando regionalmente.
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“A cachaça aqui no estado é mais regional... tal marca domina uma cidade ou
uma pequena região. A minha marca atende Vila Valério, São Gabriel, São
Domingos e Águia Branca. Entrego semanalmente nestas regiões.”
4.3. Mercados a que se direcionam os produtos da cadeia produtiva
Mercado Consumidor:
- A maior parte da produção está voltada para o mercado interno. Alguns produtores
conseguem comercializar fora do Espírito Santo, mas é uma proporção muito pequena
e tem uma representatividade inexpressiva.
4.4. Posição atual da indústria no mercado – doméstico ou
internacional – desempenho, vantagens e desvantagens
competitivas.
Desempenho:
- A cachaça do Espírito Santo é de alta qualidade quando comparada aos produtos de
outros estados. No entanto, o setor tem sofrido com a alta carga tributária. Muitos
estão tendo prejuízos, mas não desistem do negócio devido à tradição e cultura
familiar envolvida no negócio.
- Para se sustentarem no mercado, alguns comercializam os produtos de forma
artesanal com o objetivo de reduzirem os tributos, o que contribui para a sonegação de
impostos, única alternativa para muitos não fecharem as portas.
- Muitas empresas estão trabalhando com prejuízos, devido aos altos impostos
tributários, o que tem provocado uma redução do número de produtores de cachaça
no Espírito Santo.
- O ponto forte da cachaça capixaba está relacionado à qualidade, já que o Espírito
Santo apresenta produtos melhores do os demais estados.
- O regime de tributação atual torna impraticável novos investimentos no setor.
- Uma das desvantagens do setor é a revenda em supermercados e bares. Os
supermercados, por exemplo, dão preferência ao produtor externo que dá retorno do
imposto.
- A cachaça capixaba não tem prestígio entre o comércio local, pois elas ficam
expostas, geralmente, nas últimas prateleiras das gôndolas ou no chão e dão
preferência a marcas de outros estados.
- Algumas empresas vêm utilizando estratégias de diversificação de produtos para
compensar as perdas referentes aos produtos de aguardente e se manter no mercado,
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produzindo bebidas energéticas e demais destilados, pois só a com a cachaça o
produtor interno não tem conseguido sobreviver nas condições atuais. Cada vez mais
empresas estão fechando.
- Outro ponto fraco do setor que contribuiu para a perda de competitividade foi à
ausência de representatividade e do associativismo.
- Houve um enfraquecimento nos dez últimos anos das associações e dos próprios
sindicatos em decorrência das frequentes mudanças das regras de tributação, uma
vez que essas instituições não conseguiram acompanhar essas mudanças e defender
os interesses da classe.
“Está claro que o setor precisa se reerguer. Independentemente das
associações de cachaça e demais entidades, o setor precisa se reconstruir e
se fortalecer.”
- As indústrias de aguardente precisam buscar uma nova política, uma nova forma de
gestão, pois no atual momento há muitos desafios que necessita articulação e
envolvimento de todos envolvidos na cadeia produtiva.
4.5. Fatores externos à empresa que impactam a competitividade
(ambiente macroeconômico, disponibilidade e tipo de crédito,
custo de financiamentos, infraestrutura econômica, infraestrutura
técnica, científica e educacional e tributária), dentre outros.
- A substituição tributária impactou negativamente as vantagens oferecidas pelo
Compete.
- Um dos fatores que impacta o setor é a ausência de fiscalização dos produtos que
vem de outros estados, pela falta de barreiras fiscais.
- A questão trabalhista foi apontada como outro ponto impactante na competitividade
das indústrias de aguardente. O setor tem dificuldades consideráveis em negociar com
o sindicato laboral, inviabilizando novas contratações. Diante disto o setor de cachaça
tem optado em trabalhar com mão de obra familiar.
- Com relação à mão de obra, a vigilância sanitária obriga que os profissionais da
indústria de aguardente tenham qualificação para operar no setor. Há cursos de
qualificação de caldeira e moagem, oferecidos pelo SENAI/ES, porém existe uma
dificuldade em buscar profissionais no mercado.
- Falta do apoio do governo capixaba para o desenvolvimento de ações voltadas para
o fortalecimento da marca e tradição dos produtores internos e a falta de incentivos
para investimentos em desenvolvimento tecnológico, aquisição de equipamentos e
melhoria no processo produtivo, sendo que o fortalecimento da marca é um importante
instrumento para o aumento de vendas.
“Como que eu vou pedir um reforço a Findes, ou SEBRAE ou ao Banco, se
acabou tudo? Não há mais capacidade de gerar recurso. Além de que o setor
não se une mais para pensar em soluções em conjunto.”
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4.6. Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade
existentes (Compete, isenções fiscais e outros).
- O Compete é um programa importante, mas precisa ser reestruturado para trazer o
benefício esperado. Existiam muitas empresas no Compete, no entanto, com a
mudança da tributação, as indústrias deixaram de pagar 7% de imposto para pagar
27%, o que de fato assustou os empresários.
- A questão tributária é o ponto mais urgente para os empresários. O setor quer
equiparação fiscal e não vantagem fiscal, pois da forma que tem sido praticado, está
cada vez mais difícil de manter vivos no mercado.
“Muitos empresários desconhecem o que é o Compete, pois a maioria das
empresas não vende pra fora do estado. A uma falta de informação sobre o
benefício.”
4.7. Propostas para o aumento da competitividade
Diante do exposto nas questões anteriores, algumas sugestões indicadas pelos
empresários para o aumento da competitividade foram:
Fomentar ações que contribuam para o aumento das alianças estratégicas e do
associativismo buscando benchmarking no setor;
Incentivos para regularização das empresas informais que afetam a
competitividade do setor;
Buscar a regulação do setor para emissão de certificação de qualidade e origem
da cachaça para valorização do produto capixaba.
Realizar pesquisas mais aprofundadas sobre a realidade do setor de aguardente
no ES para que as informações sirvam de subsídios para a implementação de
ações de fortalecimento do setor;
Apoio do governo capixaba para o desenvolvimento de ações voltadas para o
fortalecimento da marca e tradição dos produtos capixabas de aguardente;
Propor ao governo uma política fiscal que torne o setor mais competitivo, pelo
menos para igualar os incentivos oferecidos por outros estados;
Solicitar junto a Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Espírito Santo –
SEDES, uma reavaliação do benefício do incentivo fiscal vigente concedido pelo
COMPETE que perde sua efetividade, tendo em vista a incidência de outros
tributos sobre o setor como a Substituição Tributária;
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5. MONITORAMENTO DO DESEMPENHO DAS EMPRESAS SIGNATÁRIAS DO
CONTRATO DE COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE AGUARDENTE NO ES
5.1. Caracterização das empresas
A análise apresentada neste estudo possui como fonte a pesquisa quantitativa,
elaborada e realizada pelo Ideies. A coleta de dados foi realizada por meio de
questionário eletrônico no mês de junho de 2015, junto às empresas que
participam do Contrato de Competitividade firmado entre o Governo do estado
e o Setor das Indústrias de Aguardente do Espírito Santo. A amostra da
pesquisa é constituída por 9 empresas.
Salienta-se que os valores apresentados divergem dos dados da Receita
Estadual do Espírito Santo, visto que a pesquisa não atingiu a totalidade do
setor, entretanto, acompanha a tendência.
As empresas quando questionadas sobre a produção, 56% responderam que a
fabricação e envase de aguardente é o produto de maior contribuição para o
faturamento sendo que a produção e envase de bebidas quentes e fabricação
de e comercialização a granel correspondem respectivamente 22% dos
entrevistados. (gráfico 11)
Gráfico 11 – Produtos com maior contribuição para o faturamento
56%
22% 22%
Fabricação e envase de aguardente
Fabricação e envase de outras bebidas quentes
Fabricação de aguardente e comercialização a granel
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
21
5.2. Perfil da mão de obra
Em 2013, quanto ao número de empregados com carteira assinada, as
empresas pesquisadas contavam com 211 trabalhadores registrados, 3,7% a
menos que em 2012 (gráfico 12).
Gráfico 12 – Nº de empregados
As empresas quando questionadas sobre o que falta no seu quadro de
pessoal, afirmaram que há carência de profissionais nas áreas de operador de
máquina, planejamento e controle da produção e mecânico (gráfico 13).
Gráfico 13 – Nº de empregados
145
141
142
2012 2013 2014
-3%
1%
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
22
Em relação à escolaridade dos empregados dessas empresas, observou-se a
predominância do nível médio (49,3%) e do ensino fundamental (33,6%)
(gráfico 14).
5.3. Perfil do mercado interno e externo
Com relação à venda de seus produtos, 78% das empresas comercializaram
para distribuidores, sendo que 56% das empresas também venderam para o
atacado e 33% para o consumidor final (gráfico 15).
Gráfico 15 – Destinação das Vendas
22%
33%
56%
78%
Outras indústrias
Consumidor final
Atacado
Distribuidor
Gráfico 14: Escolaridade dos empregados
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
23
Quanto ao destino das vendas, 78% das empresas pesquisadas venderam
para o Espírito Santo e também para outros estados e 22% venderam somente
para o Espírito Santo (gráfico 16).
Gráfico 16 – Destinação das Vendas
Quando perguntados sobre qual o estado que concorre com o Espírito Santo
no seu ramo de atuação, 67% responderam o estado de São Paulo e Minas
Gerais respectivamente e 44% apontam o estado do Rio de Janeiro como
estado concorrente (gráfico 17).
Gráfico 17 – Estados concorrentes
Para o Espírito Santo e outros estados 78%
Somente para o Espírito Santo
22%
67% 67%
44%
11% 11%
São Paulo Minas Gerais Rio de Janeiro Santa Catarina Bahia
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
24
5.4. Desempenho das empresas
O resultado do faturamento real das empresas pesquisadas, em 2014,
apresentou queda de 4% quando comparado ao ano de 2013 que já foi inferior
ao ano de 2012 em 6% (gráfico 18).
Gráfico 18 – Faturamento (R$)
Para 56% das empresas pesquisadas, houve redução no faturamento em
relação ao ano de 2013. (gráfico 19). Quanto à justificativa para a redução do
faturamento para a totalidade das empresas foi proveniente da queda das
vendas dos produtos.
Gráfico 19 – Faturamento em relação ao ano anterior
32.837.868
30.753.815
29.434.638
2012 2013 2014
-6%
-4%
44%
56%
Cresceu
Reduziu
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
25
Para 67% das empresas pesquisadas tiveram seus custos aumentados em
2014 com relação a 2013 e para 22% houve redução (gráfico 20).
Gráfico 20 – Custos Totais
A elevação dos impostos, mão de obra e matéria prima foram responsáveis
pelo aumento dos custos totais em 56% das empresas. (gráfico 21).
Gráfico 21 – Justificativa do Aumento do Custo total (%)
cresceu 67%
reduziu 22%
permaneceu inalterado
11%
56%
56%
56%
22%
elevação do custo de matéria prima
elevação do custo de mão de obra
elevação dos impostos
elevação do custo de financiamento
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
26
O gráfico 22 apresenta o resultado do ICMS apurado no ano de 2014 que, em
relação a 2013, apresentou queda de 7%.
Gráfico 22 – Recolhimento do ICMS (R$)
5.5. Fatores associados à competitividade
O gráfico 23, a seguir, apresenta os fatores que contribuem para a
competitividade do setor de aguardente. Design, publicidade e aumento da
produtividade foram os fatores de maior importância para o aumento da
competitividade.
Gráfico 23: Fatores de competitividade
2.664.513
2.172.500 2.016.925
2012 2013 2014
-18% -7%
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
27
5.6. Inovação
Somente 67% das empresas pesquisadas desenvolveram novos produtos nos
últimos dois anos e as principais origens das inovações foram através de
desenvolvimento interno e também em conjunto com outras empresas,
universidades ou centros tecnológicos.
Os produtos criados em 2014, pelas empresas entrevistadas, apresentaram
médio impacto na satisfação dos clientes, imagem da marca, aumento do
faturamento conforme pode ser observado no gráfico 24.
Gráfico 24: Impacto do desenvolvimento de novos produtos
Quando perguntadas se investiram em novos processos em 2013, 67% das
empresas responderam positivamente e 33% negativamente (gráfico 25).
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
28
Gráfico 25: Investimento em novos processos
Para 56% das empresas do setor de aguardente investem entre 0,1 a 5% da
receita em processos inovativos e 33% não investem em nenhuma inovação
(gráfico 26).
Gráfico 26: % de investimento em novos processos
67%
33%
Sim
Não
33%
56%
11%
0%
de 0,1 a 5%
de 5,1 a 10%
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
Fonte: Pesquisa do setor de Aguardente/Ideies
29
6. CONCLUSÃO
O mercado brasileiro de cachaça vem observando um processo de
concentração, por meio de aquisições, por parte de grandes fabricantes
internacionais de bebidas alcoólicas. Esse movimento, apesar de representar
uma ameaça aos fabricantes nacionais, mostra que é um mercado promissor,
que tem chamado à atenção de empresas que, até então, eram mais voltadas
a destilados como vodca e whisky.
Essas empresas, assim como outras produtoras industriais, voltam-se aos
grandes mercados, em que podem associar volume e lucratividade. Dessa
forma, incentivam os consumidores e divulgam a categoria de produto. Por
outro lado, mercados menores podem ser negligenciados por essas empresas,
o que abre espaço para micros e pequenas empresas explorarem.
A cachaça artesanal, então, deve escolher a mais viável, senão única, opção
competitiva, por meio de especialização de nicho, por tipo de produto. Assim,
com produtos artesanais de alta qualidade, pode-se oferecer o benefício
esperado por um público específico, que valoriza as qualidades sensoriais. O
mercado nacional, altamente competitivo, pode muitas vezes ser um entrave, o
que sinalizaria a oportunidade de explorar o mercado externo. Enquanto
grandes fabricantes buscam a Europa e a América do Norte, o acesso a países
do MERCOSUL pode viabilizar o crescimento das vendas de produtos
cuidadosamente preparados.
Entretanto, os produtores de cachaça de alambique devem acompanhar de
perto o movimento do mercado, verificando de que forma os grandes atores
moldam o mercado. Assim, podem-se identificar espaços ainda não ocupados,
além de buscar se proteger das ameaças que vêm dos grandes produtores.
30
7. REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, E. S.; ROSA, C. A.; MORGANO, M. A.; SERRA, G. E. Fermentation
characteristics as criteria for selection of cachaça yeast. World Journal of
Microbiology and Biotechnology, Dordrecht, v. 20, n. 1, p. 19-24, 2004.
http://dx.doi.org/10.1023/ B:WIBI.0000013286.30695.4e
http://www.huffingtonpost.com/2012/08/23/alcohol-market-share-beer-wine-
spirits_n_1821639.html
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