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Analisando o processo do ensino em turmas de 5ª série do Ensino
Fundamental1
Professora Pedagoga PDE Eulalia Maria Carolino
Orientadora: Professora Me. Leila Pessôa Da Costa
RESUMO: Este projeto teve como objetivo analisar como ocorre o processo de ensino e aprendizagem em duas 5as. séries do Ensino Fundamental do período matutino do Colégio Tancredo Neves, pertencente ao Núcleo Regional da cidade de Maringá, situada a noroeste do Estado do Paraná. Nessa análise, considerou-se o processo de interação entre professor aluno na sala de aula, bem como a identificação de propostas de trabalho que atendam aos princípios e pressupostos do ensino e da aprendizagem veiculados pela Secretaria de Estadual de Educação do Estado do Paraná. Dele participaram professores, funcionários, alunos e pais através de reuniões, encontros com professores e funcionários, observações em sala de aula e análise de documentos comprobatórios do rendimento escolar desses alunos. A partir disso foi realizado o acompanhamento pedagógico de planejamento, replanejamento, elaboração e aplicação de atividades e instrumento de avaliação nessas turmas.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Ensino Fundamental; Repetência; 5as.
Séries do Ensino Fundamental de oito anos.
ABSTRACT: This project aimed to analyze how is the process of teaching and learning for the two 5as. series of the morning of the College Tancredo Neves belonging to the Regional Center of the city of Maringá, located northwest of the State of Paraná). In this analysis we considered the interaction between student teacher in the classroom as well as the identification of workable proposals that meet the principles and assumptions of teaching and learning run by the Department of Education State of Paraná. Participants were faculty, staff, students and parents through meetings, meetings with faculty and staff, observations in the classroom and review of supporting documentation of academic performance of students. From this were monitored educational planning, replanning, development and implementation of activities and assessment tool in these classes. .Keywords: Teaching, Education; Repetition; 5as. series basic education of eight years.
1 Trabalho apresentado como conclusão da etapa final. implementação do Projeto de Intervenção pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, realizado no Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves durante o ano letivo de 2009.
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Introdução
Este artigo é resultado de um estudo oferecido pelo Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Estado da Educação do
Paraná, que é uma política educacional inovadora de formação continuada dos
professores da rede pública estadual. O PDE foi elaborado como um conjunto de
atividades organicamente articuladas, definidas a partir das necessidades da
Educação Básica, e que busca no Ensino Superior a articulação solidária e
compatível com o nível de qualidade desejado para a educação pública do estado
do Paraná (Documento Síntese PDE, 2007). Na trajetória desenvolvida durante o
percurso do programa, foram realizadas as seguintes atividades:
a) Projeto de intervenção pedagógica na escola: atividade realizada no 1º
período do Programa;
b) Produção didático-pedagógica: caracteriza-se como material didático e
constitui uma das atividades a ser elaborada no 2º período do Programa, sob
a orientação do professor orientador da IES (GTR);
c) Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola: ocorreu
no 3º período, pela atuação do Professor PDE na escola.
Este trabalho teve como objetivo registrar as reflexões acerca do processo
de ensino e da aprendizagem em turmas de 5ª série do Ensino Fundamental, a partir
da observação de que apesar das leis que determinam que toda criança tenha
direito ao acesso e à permanência na escola, isso não garante o seu sucesso como
aluno na prática. A democratização do acesso também não é garantia de
democratização da aprendizagem, pois ainda se lida com o fracasso escolar, seja
pelas repetências, seja pela defasagem de aprendizagem.
A análise empreendida considerou a realidade do Colégio Estadual
Tancredo de Almeida Neves, que atende 1.100 alunos no Ensino Fundamental e
Médio. Foi verificado, entre os alunos que frequentam o colégio, grande percentual
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de reprovação nas 5ª séries do Ensino Fundamental nos três últimos anos (2005;
2006; 2007), além de grande percentual de reprovações e aprovações por Conselho
de Classe, que se assim não fosse, haveria ainda mais repetências.
No desenvolvimento do trabalho, optou-se por uma abordagem qualitativa
de estudo de caso junto às 5ª séries do período matutino, nas disciplinas Língua
Portuguesa e Matemática, para analisar como ocorre o processo de ensino e
aprendizagem e seus determinantes. Assim, procurou-se envolver não só os
professores e alunos, mas também os funcionários e pais, por acreditar que todos se
incluem nessa análise.
1 Desenvolvimento do trabalho
A partir da prática desenvolvida como professora pedagoga na rede
estadual de ensino em escolas públicas paranaenses, constatou-se que persiste um
grande número de reprovações e aprovações por Conselho de Classe nas quintas
séries do Ensino Fundamental. Para compor esse trabalho, partiu-se da elaboração
de um projeto de intervenção pedagógica na escola com o objetivo de analisar o
processo de ensino aprendizagem, tendo como ponto de partida a análise das
Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, dos documentos oficiais da escola: o
Regimento Escolar e o Projeto Político Pedagógico, que se referem ao
acompanhamento dos alunos no processo de ensino-aprendizagem e no sistema de
avaliação, além de entrevistas com professores, questionários para professores,
alunos e pais, bem como a realização de leituras programadas sobre a bibliografia
especializada nas áreas de Psicologia, Filosofia e História da Educação.
Como atividade inicial, foram aplicados questionários com questões
pertinentes ao ensino e aprendizagem para a comunidade escolar supracitada, e de
posse dos dados tabulados passou-se a trabalhar com cada segmento específico.
Para envolver os pais e as famílias nesse processo, optou-se por
empreender reuniões com o objetivo de analisar a visão que estes possuem do
processo de ensino e aprendizagem de seus filhos, bem como a incentivá-los a
participarem mais da vida escolar. Com os alunos, foram feitas reuniões em sala de
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aula com aplicação de questionários acerca de suas expectativas em relação ao
ensino e à aprendizagem.
A relação professor-aluno durante o processo de ensino e aprendizagem e as
atividades propostas pelo professor foram observadas e analisadas se estavam em
conformidade com os princípios e pressupostos do ensino-aprendizagem veiculados
pela SEED. Foram desenvolvidos encontros com os professores e funcionários de
trinta e duas horas, com os temas pertinentes ao processo ensino aprendizagem.
Diante das múltiplas perspectivas e pluralidade de concepções e enfoques
acerca do processo de ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental e em especial
sobre a série inicial da 2ª. fase desse ciclo, optou-se por uma abordagem histórico-
crítica que irá contribuir para a elucidação do objeto de estudo: a repetência nas 5ª
séries do Ensino Fundamental no Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves,
considerando, tal como aponta Saviani (2008, p. 9), que a concepção histórico-
crítica pressupõe que é pela interação dos professores com os alunos que se
promoverão mudanças na aprendizagem. Nas palavras do autor:
É possível afirmar que a tarefa que se propõe a pedagogia histórico-critica em relação à educação escolar implica:a)Identificação das formas mais desenvolvidas em que se expressa o saber objetivo produzido historicamente, reconhecendo as condições de sua produção e compreendendo as suas principais manifestações bem como as tendências atuais de transformação.b)Conversão do saber objetivo em saber escolar, de modo que se torne assimilável pelos alunos no espaço e tempo escolares. c)Provimento dos meios necessários para que os alunos não apenas assimilem o saber objetivo enquanto resultado, mas aprendam o processo de sua produção, bem como as tendências de sua transformação (SAVIANI, 2008, p. 9).
Essa concepção considera que o papel do professor é o de mediador das
relações humanas que permeiam o ato de educar e é na escola que esse processo
pode e deve ser sistematizado, veiculado pelos conteúdos nas diferentes áreas do
conhecimento. Saviani acrescenta:
O saber sistematizado; não se trata, pois, de qualquer tipo de saber. “Portanto, a escola diz respeito ao conhecimento elaborado e não ao conhecimento espontâneo; ao saber sistematizado e não ao saber fragmentado; à cultura erudita e não a cultura popular” (SAVIANI, 2008, p.14).
Nessa perspectiva, compete à escola trabalhar com o conhecimento elaborado,
sistematizado e erudito.
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Neste sentido, para que a mediação ocorra é preciso, conforme aponta
Vygotsky, que a aprendizagem parta do nível real, ou seja, daquilo que a criança já
consegue realizar sozinha, porém o ensino acontece no nível proximal. Nesse nível,
a criança consegue realizar, mas precisa da ajuda do outro:
O estado de desenvolvimento mental de uma criança só pode ser determinado se forem revelados aos seus dois níveis: o nível de desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento proximal (Vigotski, 1998, p.113).
Nesse processo, o professor assume o papel de mediador, ou seja, de
viabilizar a apropriação do conhecimento por parte do aluno – desenvolvimento
potencial, considerando o nível de desenvolvimento real, ou seja, atua no que
Vygotsky chamada de zona de desenvolvimento proximal.
Ou ainda, atua a partir do que o aluno sabe e o que ele deve saber e
estabelece as relações com os mesmos, é que a aprendizagem se efetiva e
novamente alcança o nível real, possibilitando novas aprendizagens. Isso significa
que a forma a para se atingir o desenvolvimento no aprendizado formal será a
mediação do professor.
Segundo Saviani (2007), a mediação ocorre quando o professor tem clareza
de que sua prática pedagógica é decorrente de sua prática social e que essa deve
estar voltada para a realidade na qual trabalha, instrumentalizando-se para garantir
a apropriação dos conteúdos aos seus alunos.
Se a educação é mediação, isto significa que ela não se justifica por si mesma, mas tem sua razão de ser nos efeitos que se prolongam para além dela e que persistem mesmo após a cessação da ação pedagógica. Considerando-se, como já se explicitou, que, dado o caráter da educação como mediação no seio da prática social global, a relação pedagógica tem na prática social o seu ponto de partida e seu ponto de chegada, resulta inevitável concluir que o critério para se aferir o grau de democratização atingido no interior das escolas deve ser buscado na prática social (SAVIANI, 2007, p. 76-77).
Sendo assim, é pela mediação que os indivíduos se apropriam dos
conhecimentos e estabelecem relações com a realidade e com os objetos que estão
em fase de internalização. Vygotsky (1998, p. 74) chama de “internalização a
reconstrução interna de uma operação externa”. Portanto, trata-se de uma
aprendizagem formal e intencional, que deve ficar sob a responsabilidade da
instituição escolar.
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Assim, o professor, ao mediar esse processo pelas atividades trabalhadas
em sala de aula, seja por livros, filmes, objetos, seja por conversas com seus pares,
com outros adultos, viabiliza o ensino dos conteúdos sistematizados pelo homem. A
esse respeito Gasparin (2007, p. 27) orienta:
O conteúdo é a seleção e a transposição didática, para a sala de aula, do conhecimento científico que deve ser apropriado pelos educandos. Apresenta-se no currículo da escola e no programa de cada disciplina, como uma listagem de unidade, tópicos e subtópicos.
As concepções supracitadas são utilizadas para melhor entender as
questões relacionadas ao ensino-aprendizagem dos alunos de 5ª série do Ensino
Fundamental nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática do Colégio
Estadual Tancredo de Almeida Neves e os motivos dos índices de reprovações e
aprovações por Conselho de Classe.
2 Caracterizando as turmas de 5ª série do Ensino Fundamental
A partir da LDB 9394/96, o Ensino Fundamental, no Brasil, está organizado
em séries ou em ciclos. Essa lei estabelece, em seu Art. 32, que “o ensino
fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola
pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão”.
Em 6 de fevereiro de 2006 foi aprovada a lei federal nº. 11.274 para o
ensino de nove anos, alterando a LDB, instituindo nove anos para o Ensino
Fundamental e modificando a redação do Artigo 32 da LDB para: “O ensino
fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública,
iniciando-se aos (6) seis anos de idade, terá por objetivo a formação básica do
cidadão...” (Lei Federal 11.114/05).
As séries observadas para este estudo estão ainda na fase do Ensino
Fundamental de oito anos. Esse período perfaz duas etapas distintas: a primeira
corresponde aos quatro primeiros anos, também chamados de séries iniciais do
Ensino Fundamental, que vai da 1ª à 4ª série, nos quais os alunos têm um único
professor que os acompanha no período de quatro horas diárias em todas as
atividades desenvolvidas na escola.
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As turmas de 5ª séries do Ensino Fundamental de oito anos, ou as 6ª séries
do Ensino Fundamental de nove anos, têm uma particularidade bastante importante
e que deve ser considerada. Os alunos que a ela ingressam mudam não só de série,
mas fundamentalmente de uma nova organização disciplinar e de organização do
próprio sistema de ensino: passam a ter vários professores ao invés de um professor
polivalente, uma organização por disciplinas, ao invés de áreas, ministradas em um
horário específico, regulado agora pelo relógio e não mais pelo término da atividade,
além de conviverem com metodologias diferenciadas no desenvolvimento das
atividades.
Além desses aspectos, cabe pontuar que o aluno vem para a escola com
uma expectativa muito grande para essa nova etapa de sua vida escolar, e na
escola observada – que atende a partir da 5ª série, esses alunos chegam ávidos em
conhecer o novo ambiente, os novos colegas e a nova rotina, o que demanda uma
adaptação a essa nova realidade.
Nesse processo, inicialmente, entram em choque com a troca de
professores e a grande quantidade de matérias e até que se ambientem nesse novo
contexto, muitos acabam por perder o ano, pois não conseguem se adaptar às
novas metodologias que os professores utilizam para trabalhar os conteúdos, uma
vez que não têm claro essa organização, por ela não ser explicada nos primeiros
dias de aula por cada um dos envolvidos no processo.
Verifica-se que cada professor das diferentes disciplinas inicia seu trabalho
discorrendo apenas de sua área do conhecimento, como se esse aluno já
conhecesse os encaminhamentos da escola, ou seja, os procedimentos diários de
organização da própria escola, como: horário de aulas e merenda, como é servida a
merenda, do funcionamento e normas da biblioteca, entre outros. Além disso, cada
professor encaminha suas aulas dentro de uma organização específica e que
precisa ser explicitada aos alunos, mas isso não ocorre.
Com relação à mudança física de prédio, os alunos passam a conviver em
um ambiente com uma organização espacial diferente da qual estavam
acostumados, dificultando a sua localização e, portanto, causando-lhes certo
desconforto, além de se relacionarem com pessoas diferentes daquelas com as
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quais conviveram por quatro anos. Esse momento de transição pode propiciar
insegurança e ao mesmo tempo ansiedade, pois nesse primeiro momento as
crianças ficam “perdidas” por não encontrarem orientações sobre a organização
geral da escola e nem das disciplinas.
Se esse primeiro momento não for trabalhado, poderá comprometer a
relação com a aprendizagem, podendo inclusive causar desinteresse e, por
conseguinte, comprometer seu desenvolvimento cognitivo. Esse aspecto pode ser
uma das possíveis causas das reprovações ou aprovações por Conselho de Classe,
o qual, por sua vez, em sua grande maioria, não evidencia um efetivo aprendizado
do aluno.
3 Coletando dados
Para compreender as questões da dificuldade de aprendizagem dos alunos
de 5ª série do Ensino Fundamental na escola Tancredo Neves, partiu-se de
investigações realizadas através de discussões com professores em reuniões
pedagógicas sobre o grande número de alunos aprovados por Conselho de Classe e
reprovação, análise de atas de Conselho de Classe, observação do desempenho
dos alunos em sala de aula nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática,
coleta de impressões dos pais sobre o processo de ensino e aprendizagem de seus
filhos, análise dos índices de aproveitamento do IDEB, com a participação da equipe
pedagógica.
Esses procedimentos visaram a uma base para a análise do processo de ensino e
aprendizagem, objetivando uma intervenção capaz de, no mínimo, levantar reflexões
acerca das necessidades pedagógicas. Para melhor entender os dados pertinentes
ao Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves, partiu-se de dados estatísticos do
estado do Paraná, comparando-os com os do colégio, como ilustra a Tabela 1.
TABELA 1: Dados estatísticos de abandono, reprovação e aprovação de alunos de
5ª a 8ª série do Ensino Fundamental do Estado do Paraná, nos anos de 2005 a 2008
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Fonte: Censo Escolar. SERE (Taxas de rendimentos escolares), INEP. .
TABELA 2: Alunos reprovados na 5ª série do Ensino Fundamental do Colégio
Estadual Tancredo de Almeida Neves, Maringá, PR, de 2005 a 2007, 2008
FONTE: Relatório Final do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves.
Analisando os dados de aprovação e reprovação do Estado do Paraná nos
anos de 2005 a 2008 e comparando com os dados do colégio, observa-se que tal
realidade não é peculiar somente no colégio analisado, e sim em outras escolas do
estado do Paraná, o que leva a considerar a atual situação da educação como no
mínimo preocupante. Tal preocupação refere-se aos grandes índices de
reprovações, aos alunos evadidos, e esse quadro já seria preocupante pelo que
expõe – um aumento significativo no índice de reprovações, mas há uma agravante
ainda maior, ou seja, o número de alunos aprovados por Conselho de Classe, que
se assim não o fossem seriam considerados também repetentes, como pode-se
observar na Tabela 3:
TABELA 3: Alunos aprovados por Conselho de Classe no Colégio Estadual
Tancredo de Almeida Neves, de 2005 a 2007
FONTE: Atas de Conselho de Classe do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves .
A partir desses dados, verifica-se que no final, considerando apenas os
alunos frequentes, haveria uma reprovação, a priori, de quase 50% dos alunos.
Haveria também um índice mais elevado se fosse levada em conta a porcentagem
de alunos desistentes e transferidos, conforme a Tabela 4.
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TABELA 4: Alunos transferidos e desistentes do Colégio Estadual Tancredo de
Almeida Neve, de 2005 a 2007
FONTE: Relatório Final do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves.
A análise dessas tabelas indicou, ainda, que as disciplinas que mais
aprovaram por Conselho de Classe foram: Matemática, com 50 alunos, Inglês, 48
alunos, Língua Portuguesa, 42 alunos e Geografia, 25 alunos. A Tabela 5 ilustra
essa aprovação.
TABELA 5: Disciplinas em que os alunos foram aprovados por Conselho de Classe
no Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves, de 2005 a 2007
Fonte: Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves. .
Analisando as atas dos Conselhos de Classe Final dos anos 2005, 2006,
2007, constata-se que não constam informações sobre o rendimento escolar do
aluno e/ou justificativas para a sua aprovação ou reprovação, mas se encontram,
nas atas dos Conselhos de Classe dos trimestres anteriores, as seguintes
justificativas para o baixo desempenho dos alunos:
• Alunos que não faziam as atividades solicitadas;
• Alunos que conversavam muito;
• Alunos que andavam pela sala de aula atrapalhando a si e aos colegas;
• Alunos que desrespeitavam os colegas e professores e por isso não
conseguiam assimilar os conteúdos trabalhados;
• Descaso dos pais em acompanhar a aprendizagem de seus filhos;
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• Alunos com defasagem de aprendizagem, precisando de atendimento
individualizado, sendo encaminhados para a Sala de Recurso.
Observando as justificativas apresentadas, percebe-se que algumas delas
focam no aluno a responsabilidade pela sua não-aprendizagem, desconsiderando o
processo de ensino e outros fatores que podem intervir no resultado
final. Quando a justificativa não está centrada no aluno, apontam o trabalho
realizado nas séries anteriores como insatisfatório e a culpa do baixo rendimento
passa a ser atribuída aos professores das séries iniciais.
Na análise das respostas dadas aos questionários, algumas indicavam a
insatisfação do professor em atuar nessa faixa etária, considerando o número
elevado de alunos em sala de aula e a falta de acompanhamento dos pais com
respeito à aprendizagem de seus filhos.
Quando indagados sobre como os problemas de aprendizagem dos alunos
poderiam ser encaminhados, foram apontadas as seguintes alternativas: atender
individualmente o aluno em contraturno, utilizando o sistema de monitoria aluno x
aluno ou estagiários; solicitar ajuda das famílias; encaminhar para a sala de apoio;
encaminhar os alunos para a sala de recurso ou para a equipe pedagógica.
Percebe-se, por essas respostas, que o problema de aprendizagem é encaminhado
para um novo espaço (sala de apoio), tempo (contraturno) ou pessoas (pai, equipe
pedagógica, monitoria/estagiários), desqualificando o trabalho realizado pelo
professor no período normal de sala de aula, bem como o “desvio” do papel e função
do professor tal como foram apontados nas respostas dos questionários. .
4 Organizando a intervenção
A partir dos dados coletados, julgou-se importante desenvolver um projeto que
auxiliasse no enfrentamento das questões apontadas no contexto das 5ª séries do
Ensino Fundamental. Estabeleceram-se como eixo norteador os dados apontados
pelo Conselho de Classe nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, e
como objetivos para esse trabalho, foram estipulados os descritos a seguir:
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* Analisar como ocorre a relação entre professor e aluno na sala de aula no
processo de ensino e aprendizagem;
• Analisar como são propostas as atividades de ensino na sala de aula;
• Analisar como se dá o acompanhamento da aprendizagem em sala de aula;
• Identificar propostas de trabalho que atendam aos princípios e pressupostos
do ensino e da aprendizagem veiculados pela SEED.
Diante desses objetivos e dos dados já descritos, o estudo constatou um perfil desse
alunado.
Sendo assim, para identificar como os alunos se sentem diante da
passagem de uma fase para outra da escolaridade, realizou-se um levantamento a
partir de um questionário com perguntas relacionadas à vida escolar e à
aprendizagem dos mesmos, o qual foi respondido por todos os envolvidos.
Nesse levantamento, ficou confirmado, como aponta o Quadro 1, o quanto a
figura do professor como mediador é importante para o aluno, pois suas respostas
evidenciam esse fato, como: “gostaríamos que eles dessem mais atenção, que
ficassem mais perto, que nos ajudassem quando não conseguíssemos realizar as
atividades, que nos escutassem mais, que dessem atividades mais divertidas, que
fizessem passeios e que tivessem paciência de esperar terminar as atividades”.
QUADRO 1 – Respostas dos alunos quando indagados sobre as características de
um bom professor
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COMO SERIA UM BOM PROFESSOR Um bom professor que tivesse mais calma, que fosse simpático e legal 3 Dar o conteúdo, explicar e tirar dúvidas 2 Explicar bem, não xingar 4 Explicar a matéria certinha e pôr ordem na sala 2 Um bom professor que ficasse junto e não saísse muito da sala 1 Aquele que dá uma ótima explicação 2 Aquele que dá coisas interessantes, que explica tudo certinho 1 Ajudasse os alunos quando eles perguntassem alguma coisa, não gritasse
Fosse mais calmo
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Que sentasse perto da gente e explicasse o conteúdo com detalhes 2 Que saiba controlar uma sala de aula, que seja calma e justa 2 Que não reclamasse de tudo e explicasse 2 Que dessa mais atenção para todos e levasse para passeios 1 Aquele que escuta e que não muda de assunto, que explicasse com calma 2 Que fosse mais calma e que eu respeitasse e eu escutasse 1 Que me ajudasse e não brigasse 1 Simplesmente um professor honesto que saiba explicar 1 Legal que não passassem muitas atividades 3 Passando poucas coisas e tivesse aulas vagas 1 Fonte: questão 15 do questionário respondido pelos alunos.
Nesse âmbito, conclui-se que a mediação do professor fica comprometida quando o
próprio aluno percebe que o seu papel não está sendo cumprido. O professor está
tão preocupado com o processo de ensino ("dar a sua aula" e vencer o conteúdo) e,
na verdade, não se preocupa em verificar se alcançou o seu objetivo, não faz o
necessário feedback para constatar se o aluno aprendeu o que foi ensinado do jeito
que ele ensinou. Acredita-se que este pode ser o problema da reprovação: a
preocupação em “vencer o conteúdo” distancia o professor da tarefa que lhe cabe:
ensinar, e para tanto, deveria acompanhar a aprendizagem do aluno.
Observando a situação aqui descrita, assinala-se que alguns professores
apresentam dificuldades em ser o mediador do processo de ensino e aprendizagem,
ficando apenas na transmissão de conteúdos desvinculados com a realidade das
condições dos alunos. Ou seja, esse aluno que convive com a informática, com os
diferentes meios de comunicação não aceita mais as aulas baseadas somente em
livros didáticos e na transmissão expositiva dos conteúdos.
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Durante o primeiro semestre de 2009, fizemos a implementação do Projeto, e pôde-
se constatar que alguns professores não têm clareza de como garantir o
aprendizado no processo de ensino. Por essa razão, nas disciplinas de Língua
Portuguesa e Matemática, nas quais houve maior incidência de aprovações por
Conselho de Classe e reprovações, foram realizadas reuniões com os professores,
discutindo e orientando como proceder para mediar o processo de ensino e
aprendizagem em sala de aula.
5 Mediando com os professores...
Compete aos professores elaborar atividades pedagógicas que propiciem
aos alunos condições para que realmente se apropriem dos conhecimentos e sejam
sujeitos de sua aprendizagem.
Neste sentido, entende-se que a ação do professor é mediar à relação do
aluno com a apropriação dos conhecimentos científicos, e para tal é preciso que
este organize sua ação pedagógica. A rotina de trabalho tem impossibilitado os
professores de repensarem sua prática pedagógica no processo de ensino e
aprendizagem, pois mesmo possuindo quatro horas semanais destinadas a estudos
e planejamentos, grande parte de seu tempo fica comprometido com o
preenchimento de diários de classe, preparação de aulas, correções de atividades,
restando um tempo escasso dedicado aos estudos.
Em função desse fato e entendendo a importância do estudo, os professores
participaram de encontros para reflexões acerca do tema. Esses encontros foram
transformados em curso, por meio de certificação. Não estavam previstos no projeto
inicial, porém durante a intervenção das primeiras etapas surgiu o interesse de
outros profissionais da educação em participar do estudo, por isso estes
aconteceram aos sábados, facilitando a participação de maior número de
professores.
O curso com trinta e duas horas permitiu a reflexão e a discussão de
temáticas que direcionassem o trabalho pedagógico em sala, conforme expõe-se a
seguir:
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* A Importância do trabalho coletivo no espaço escolar
Refletir o valor do trabalho coletivo, no processo de ensino aprendizagem no Ensino
Fundamental.
Promovendo o ensino aprendizagem. Segundo (Ms Pessôa slide de 2008)Ponto de partida, compreender criticamente a realidade histórica social.Estar comprometido ética politicamente com a transformação da realidade social.Buscar a participação efetiva de todos os sujeitos da prática educativa.Construção coletiva das concepções de currículo, gestão democrática d de formação.
*O diagnóstico como instrumento de reflexão
O diagnóstico proporciona elementos ao educador para que possa descobrir o que o
educando sabe e assim planejar as intervenções necessárias para avançar no
processo de ensino-aprendizagem. Buscou-se fundamentação para este estudo nos
escritos do professor Libâneo, o qual enuncia que:
A função do diagnóstico permite identificar progressos e dificuldades dos alunos e a atuação do professor que, por sua vez determina modificações do processo de ensino para melhor cumprir as exigências dos objetivos Na prática escolar cotidiana, a função de diagnóstico é mais importante por que é a que possibilita a avaliação do cumprimento da função pedagógico (LIBÂNEO, 1999, p. 197).
* Relação família escola no processo de ensino-aprendizagem
Tema que merece muita atenção, pois a estrutura das famílias vem mudando em
decorrência das necessidades de trabalho da sociedade moderna.
As discussões com os professores acerca desse tema foram calorosas, pois
a escola sente a necessidade de uma parceria com as famílias, mas estas estão a
cada dia mais distantes, deixando as responsabilidades da educação para a escola
e, infelizmente, por mais que se queira, a escola não dá conta de educar em sua
totalidade e formar cidadãos com conhecimento, e se acredita acreditamos que
somente através do conhecimento que os indivíduos poderão exercer sua cidadania.
Espera-se que as famílias cumpram seu papel, que é de matricular e
acompanhar o desenvolvimento escolar de seus filhos, participando de reuniões, e
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procurando conhecer o andamento da escola. A escola, por sua vez, tem o papel de
viabilizar a organização e a intencionalidade dos conhecimentos científicos.
Após as reflexões sobre o tema família, os professores participantes
concluíram que as duas instituições têm que caminhar juntas para que as crianças
tenham sua formação completa, pois tal como nos apresenta Parolin (2003, p. 99).
Tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa instituição. A escoa tem a sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto ela necessita da família para concretizar o seu projeto educativo.
Tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as
crianças para o mundo; no entanto, as famílias têm suas particularidades que a
diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa instituição. A
escola tem a sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto ela
necessita da família para concretizar o seu projeto educativo.
6 Mediando com os alunos...
O trabalho desenvolvido com os alunos se organizou por meio de
observações em sala e aplicação de questionário para analisar a visão dos mesmos
sobre o processo de ensino e aprendizagem, sendo organizados conforme os
procedimentos descritos abaixo:
Reunião com os alunos da 5ª série do Ensino Fundamental do período
matutino, orientando sobre a importância de se organizar para melhor aprender.
Para tal, realizou-se um contrato de trabalho em relação aos estudos e às questões
de indisciplinas que têm atrapalhado a aprendizagem.
Acompanhamento da aprendizagem através da observação de cadernos e
atividades realizadas em sala de aula.
Para aqueles alunos que apresentaram dificuldade em realizar as atividades
sugeridas pelos professores, encaminhar para sala de apoio e também para as
monitorias.
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Os resultados desse processo serviram como subsídios para o trabalho
desenvolvido com os docentes.
7 Mediando com os pais...
Foi organizada uma primeira reunião com os pais para colher as impressões
destes a respeito da aprendizagem de seus filhos e como podem contribuir para
essa educação formal. Tal reunião foi além das expectativas: em um sábado à tarde,
compareceram número razoável de pais ou responsáveis de alunos das quintas
séries.
Em reunião junto ao grupo de estudos, discutiu-se o melhor horário para
esses encontros e foi sugerido o sábado à tarde, pois já se tentara vários outros
horários, sem resultados que fossem significativos. Foi então gratificante perceber
que o não comparecimento dos pais em reuniões anteriores deveu-se apenas à
incompatibilidade de horário. Foi um encontro bastante produtivo, já que se pôde,
pela primeira vez – junto às 5as. séries – ouvir e ser ouvidos. Nesse encontro, foi
possível discutir a importância do trabalho em conjunto, e a manutenção desse
espaço nesse horário.
Colhidas as impressões que os pais têm a respeito do ensino e
aprendizagem, foram marcadas reuniões para cada dois meses, a pedido dos
próprios pais, antes do Conselho de Classe, para que pudessem acompanhar o
rendimento escolar de seus filhos antes do fechamento das notas.
A coleta de sugestões para as próximas reuniões foi:
* Organizar um calendário de estudo com dias da semana e horas para os filhos
estudarem em casa de forma que os pais possam acompanhar.
* Participar mais das reuniões, trazendo críticas e sugestões para melhor atender
seus filhos.
Foram realizadas três reuniões e ficou agendada a última para o final de
novembro. Na segunda reunião, foram discutidos os encaminhamentos que haviam
sido sugeridos na primeira reunião, ao que alguns pais responderam positivamente,
e outros alegaram ser muito difícil acompanhar os filhos, porque estes se negam a
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obedecer; essa fala reforça a reclamação dos professores: que para muitos alunos o
estudo acontece somente no horário escolar.
Durante essa reunião foi discutida a importância do papel dos pais/família na
formação escolar de seus filhos, incentivar a leitura lendo com os filhos ou
simplesmente perguntando sobre o que está lendo e qual a história do livro.
A última reunião foi de avaliação e planejamento para o ano de 2010, pois se
pretendeu dar continuidade aos encontros e estudos. Quanto à avaliação das
reuniões, os pais relataram que foram bastante produtivas, uma forma de chamar
atenção para as responsabilidades que muitas vezes eles estavam relegando
apenas à escola.
8 Analisando os resultados...
Durante um semestre, houve a oportunidade de articular com professores,
alunos e funcionários reflexões sobre o processo de ensino e aprendizagem em
turmas de quintas séries do Ensino Fundamental., Analisando o rendimento escolar
dos alunos das quintas séries de 2008 e comparando-o com os anos anteriores
observu-se que no percentual de alunos reprovados houve uma queda, aumentando
o número de alunos aprovados, porém os alunos aprovados por Conselho de Classe
permaneceram os mesmos.
As tabelas abaixo demonstram os dados que sustentam essa afirmação.
TABELA 6: Alunos transferidos e desistentes do Colégio Estadual Tancredo de
Almeida Neves, 2008
Ano Alunos
matriculados
Desistentes Transferido
s
Remanejados
2008 260 02 26 oitoPorcentagem 5,2% 10% 3.07%
TABELA 6: Alunos frequentes, aprovados, aprovados por Conselho de Classe e
reprovados do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves, 2008
Ano Alunos Alunos Aprovado Reprovados
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frequentes aprovados Conselho2008 224 153 47 24Porcentagem 68,3% 20,98% 10,7%FONTE: Atas de Conselho de Classe do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves.
TABELA 7: Disciplinas em que os alunos foram aprovados por Conselho de Classe
no Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves, 2008
DISCIPLINAS ANO 2008 %PORTUGUÊS 06 2,67%MATEMÁTICA 13 5,80%HISTÓRIA 16 7,14%GEOGRAFIA 19 8,48%CIÊNCIAS 06 2,67%EDUC. FÍSICA 06 2,67%ED. ARTÍSTIC. 05 2,23%LNGLÊS 20 8,92%Total 89FONTE: Atas de Conselho de Classe do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves.
Durante a implementação do projeto, buscou-se contribuir com
encaminhamentos metodológicos, sugestões de leitura em torno de uma prática
mediadora e articulada com a concepção de escola pública: igualdade de condições
para o acesso e permanência na escola, orientando alunos e professores acerca do
processo de ensino e aprendizagem.
Ressalta-se que antes do conselho de classe realiza-se um pré-conselho,
em que os professores preenchem uma ficha com o nível geral da turma,
destacando tanto aqueles alunos que não apresentaram dificuldades como aqueles
que não conseguiram acompanhar, ou seja, que tiveram dificuldades em assimilar
os conteúdos trabalhados. De posse desses dados tabulados estes foram levados
para discussão dos conselheiros para que fossem tomadas as devidas providências.
Após o Conselho de Classe foi feita a devolutiva para os alunos, para que possam
analisar e repensar como estão empenhados nos estudos.
A reunião com os professores teve por objetivo estudar e analisar a prática
pedagógica voltada para a melhoria da qualidade do ensino-aprendizagem. O
assessoramento junto aos professores para o instrumento de avaliação; provas
seminários, maquetes e outros.
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Com a implementação desse projeto já se percebem alguns frutos oriundos
das sementes disseminadas junto aos alunos, professores e comunidade escolar,
são sinais de que os dados iniciais conduzem a avaliação de que as reprovações
tendem a atingir índices inferiores aos anos anteriores, e estima-se que a mesma
conduta aconteça em relação aos Conselhos de Classe e aprovações.
Isso significa afirmar que o ensino- aprendizagem está acontecendo por
meio de uma ação planejada e refletida do professor no dia a dia da sala de aula.
São apenas prognósticos baseados em dados em aberto, pois o ano letivo ainda
não terminou. Esse trabalho ainda é uma obra aberta, não definitivamente concluída,
as ações continuarão a serem implementadas, na busca incessante pela construção
de um processo de ensino-aprendizagem eficaz e eficiente.
Considerações finais
O trabalho de implementação que resultou neste artigo possibilitou, por meio
do PDE, a viabilidade do início de um trabalho de estudos, reflexões e
conscientização com os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem sobre a
problemática em questão: as reprovações e as aprovações por Conselho de Classe
em turmas de 5ª série do Ensino Fundamental.
Salienta-se que projeto foi bem aceito e considerado relevante para a
escola, o que o tornou produtivo, porque as professoras, alunos e pais se
envolveram em sua implementação, inclusive com sugestões de melhoria.
Durante seu desenvolvimento, foram muito trabalhosos os registros do
levantamento de dados, porém a análise do resultado foi gratificante, já que
possibilitou reflexões acerca da necessidade de um trabalho pedagógico mais
direcionado, proporcionando:
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• Momentos para pensar e repensar as razões das estatísticas das
reprovações e aprovações por Conselho de Classe, cada um colocando-se
como parte do processo
• Encaminhamentos sobre recepção e motivação com os alunos das 5ª séries
do Ensino Fundamental, fixando a importância do trabalho coletivo, cada um
tendo claro sua função, não a deixando para o outro
• Necessidade de se fazer o diagnóstico, pois ele oferece pistas para o plano
de ação que vá ao encontro das necessidades de cada turma
• Sugestões para o trabalho coletivo, e principalmente para a função de
pedagoga
• O início de uma parceria com as famílias, mas essas estão cada dia mais
distantes, deixando as responsabilidades da educação para a escola e,
infelizmente, por mais que se deseja, a escola não dá conta de educar em
sua totalidade e formar.
Como exposto, procurou-se neste trabalho envolver os diversos segmentos
da escola: alunos, professores funcionários e pais, visto que se entende que todos
são responsáveis pelo processo de ensino e aprendizagem.
Mesmo diante das diversidades de ideias, chegou-se à conclusão de que se
faz necessário desenvolver diferentes encaminhamentos metodológicos com
objetivos claros, valorizando todo aprendizado dos alunos, pois não se pode
trabalhar de forma homogênea e esperando os mesmos resultados, uma vez que
cada aluno tem seu próprio ritmo e bagagem cultural, obrigando a repensar a prática
diante do processo de ensino e aprendizagem e dos conteúdos a serem
trabalhados, sempre fazendo a relação com o contexto social em que se está
inserido.
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Na tentativa de conciliar anseio, perspectivas e interesses, este trabalho,
através das mediações propostas aos integrantes desse processo de ensino-
aprendizagem, a passos lentos busca efetivar essas conquistas, fazendo com que
alunos, pais e professores caminhem juntos, cada qual com suas responsabilidades
inerentes. Não será entre um período de rotação terrestre que os resultados
aparecerão, mas no decorrer do processo de ensino e aprendizagem. O passo inicial
foi dado, os resultados dos dados de 2009 ainda não puderam ser analisados, pois o
ano letivo ainda não se encerrou, porém poderão mostrar algum resultado efetivo,
mas certamente será necessário um período maior para serem significativos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Matriz de Língua Portuguesa de 4ª série. Disponível em: http://portal.mec.gov.br, acesso em 30/06/08.
PARANÁ, Portal Educacional do Estado do. Educadores – TV Multimídia – Imagens – Português – p.10. Disponível em: http://diaadiaeducacao.pr.gov.br, acesso em 10/12/08.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
______________. História das idéias pedagógicas no Brasil. 2.ª ed. Rev. E ampl. - Campinas: Autores Associados, 2008.(Coleção memória da educação).
_________________. Escola e Democracia. 39. ed.Campinas, SP: Autores Associados (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo: vol 5).
VYGOTSKY, L.S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. IN: LURIA, A. R. LEONTIEV, A., VYGOTSKY, L. S. (Orgs). Psicologia e Pedagogia: Bases Psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento. 1.ed. São Paulo: Moraes, 1991.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção Magistério 2 grau. Série formação do professor).
PAROLIN, Isabel. As dificuldades de aprendizagem e as relações familiares. Livro da 5 série Jornada de Educação do Norte e Nordeste. Fortaleza, 2003.
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