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MorroALUIZIO ELIAS
O VELHO, A ÁRVORE E A VACALIVRO I
www.portalser.org
ALUIZIO ELIAS
O mineiro Aluizio Ferreira Elias nasceu em 13 de julho de 1979. É filho da cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde constituiu família e trabalha como professor de História no ensino universitário. Espírita, coordena um grupo de estudos bíblicos em sua cidade natal, além de integrar o quadro de pesquisadores e escritores do Instituto SER. Dedica-se à Arte (Música e Literatura) de forma amadora, produzindo poemas, contos e letras de canções nas suas horas de folga. Morro Alto resulta desses momentos de descanso criativo e é a sua primeira publicação autoral.Alto
ALUIZIO ELIASMORRO ALTO - O VELHO, A ÁRVORE E A VACA
LIVRO I
Um menino e suas percepções; criança descobrindo a Vida. Sabedoria morando nas coisas mais simples. Os conselhos do avô zeloso; a
mansidão da vaquinha leiteira e a vitalidade da velha árvore. A menina-moça vestidinha de Esperança e a mãe preta ofertando o colo quente. Uma história de amor: fé, gratidão e amizade.
Morro Alto é para olhos de ver e ouvidos de ouvir. Obra a ser lida e ouvida; contada e cantada [escrito e canções formam uma peça única].
Um Livro: com letra, som e sentimento. Esforço que contou com a generosidade e o talento de amigos que se sensibilizaram com a proposta.
Prod. ExEcutiva: SEr - dir. MuSical E arranjoS: LUIS BARCELOS, intérPrEtES: ALICE PASSOS, ALTAY VELOSO, ÁUREA MARTINS, CELSO ADOLFO, GRAZIE WIRTTI, ILESSI, LADSTON DO NASCIMENTO, PAULO CESAR PINHEIRO, PEDRO MIRANDA, RENATO BRAZ, SERGIO SANTOS. MúSicoS: RAFAEL MALLMITH (Violão 7 cordas), GLAUBER SEIXAS (violão), MARCUS THADEU (percussão), MAGNO JÚLIO (Percussão), PEDRO AUNE (Baixo Acústico), ALBERTO CONTINENTINO (Baixo Elétrico), BEBÊ KRAMER (Acordeon), ADRIANO SOUZA (Piano), JAIME ALEM (viola caipira), LEONARDO PEREIRA (cavaquinho), RUI ALVIN (Clarinete), EDUARDO NEVES (Fauta e Flauta em Sol), AQUILES MORAES (Trompete), EVERSON MORAES (Trombone), THIAGO OSÓRIO (Tuba), MARIA CLARA VALLE (Violoncello), THAIS SOARES (Violino). Coro: VERBOS DE VERSOS e SER.
LUIS BARCELOS
O gaúcho Luis Barcelos nas-ceu na cidade de Rio Grande em 2 de abril de 1987. Multi-instru-mentista, arranjador e composi-tor, “Luisinho” escolheu o Rio de Janeiro, onde desembarcou com toda a família em 2005, para vi-ver e trabalhar. Espírita, integra a equipe de colaboradores do Ins-tituto SER. Coube a ele a direção musical e os arranjos do CD, além da composição de dez entre as onze canções para o livro 1 da trilogia Morro Alto, que marcou também o início de sua parceria com Aluizio Elias (um de seus parceiros mais constantes e que o considera “coautor de Morro Alto em sentido transversal”).
PROD. POR INSTITUTO SER, CNPJ 97.525.813/0001-37RUA CAETANO PIRRI, 930 ANEXO 01- B. MILIONÁRIOS BELO HORIZONTE - MG - CEP 30620-070 TEL.:31 3243.6601 - WWW.PORTALSER.ORG
ISBN 978-85-67990-04-0
capa.morro.alto.final.indd 1 26/10/16 17:33
LIVRO IMorroALUIZIO ELIAS
O VELHO, A ÁRVORE E A VACALIVRO I
www.portalser.org
ALUIZIO ELIAS
O mineiro Aluizio Ferreira Elias nasceu em 13 de julho de 1979. É filho da cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde constituiu família e trabalha como professor de História no ensino universitário. Espírita, coordena um grupo de estudos bíblicos em sua cidade natal, além de integrar o quadro de pesquisadores e escritores do Instituto SER. Dedica-se à Arte (Música e Literatura) de forma amadora, produzindo poemas, contos e letras de canções nas suas horas de folga. Morro Alto resulta desses momentos de descanso criativo e é a sua primeira publicação autoral.Alto
ALUIZIO ELIASMORRO ALTO - O VELHO, A ÁRVORE E A VACA
LIVRO I
Um menino e suas percepções; criança descobrindo a Vida. Sabedoria morando nas coisas mais simples. Os conselhos do avô zeloso; a
mansidão da vaquinha leiteira e a vitalidade da velha árvore. A menina-moça vestidinha de Esperança e a mãe preta ofertando o colo quente. Uma história de amor: fé, gratidão e amizade.
Morro Alto é para olhos de ver e ouvidos de ouvir. Obra a ser lida e ouvida; contada e cantada [escrito e canções formam uma peça única].
Um Livro: com letra, som e sentimento. Esforço que contou com a generosidade e o talento de amigos que se sensibilizaram com a proposta.
Prod. ExEcutiva: SEr - dir. MuSical E arranjoS: LUIS BARCELOS, intérPrEtES: ALICE PASSOS, ALTAY VELOSO, ÁUREA MARTINS, CELSO ADOLFO, GRAZIE WIRTTI, ILESSI, LADSTON DO NASCIMENTO, PAULO CESAR PINHEIRO, PEDRO MIRANDA, RENATO BRAZ, SERGIO SANTOS. MúSicoS: RAFAEL MALLMITH (Violão 7 cordas), GLAUBER SEIXAS (violão), MARCUS THADEU (percussão), MAGNO JÚLIO (Percussão), PEDRO AUNE (Baixo Acústico), ALBERTO CONTINENTINO (Baixo Elétrico), BEBÊ KRAMER (Acordeon), ADRIANO SOUZA (Piano), JAIME ALEM (viola caipira), LEONARDO PEREIRA (cavaquinho), RUI ALVIN (Clarinete), EDUARDO NEVES (Fauta e Flauta em Sol), AQUILES MORAES (Trompete), EVERSON MORAES (Trombone), THIAGO OSÓRIO (Tuba), MARIA CLARA VALLE (Violoncello), THAIS SOARES (Violino). Coro: VERBOS DE VERSOS e SER.
LUIS BARCELOS
O gaúcho Luis Barcelos nas-ceu na cidade de Rio Grande em 2 de abril de 1987. Multi-instru-mentista, arranjador e composi-tor, “Luisinho” escolheu o Rio de Janeiro, onde desembarcou com toda a família em 2005, para vi-ver e trabalhar. Espírita, integra a equipe de colaboradores do Ins-tituto SER. Coube a ele a direção musical e os arranjos do CD, além da composição de dez entre as onze canções para o livro 1 da trilogia Morro Alto, que marcou também o início de sua parceria com Aluizio Elias (um de seus parceiros mais constantes e que o considera “coautor de Morro Alto em sentido transversal”).
PROD. POR INSTITUTO SER, CNPJ 97.525.813/0001-37RUA CAETANO PIRRI, 930 ANEXO 01- B. MILIONÁRIOS BELO HORIZONTE - MG - CEP 30620-070 TEL.:31 3243.6601 - WWW.PORTALSER.ORG
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1a Edição - 2.200 unidadesEditora SER - NOV/2016
Av. Caetano Pirri, 930, Anexo 01 - MilionáriosBelo Horizonte - MG - 30620-070
editoraser@portalser.org - www.portalser.orgwww.lojadoser.com.br - (31) 3243-6601
LIVRO IProjeto Gráfico e Diagramação: JÚLIO CORRADI
Pintura de capa por JANAÍNA FARIAS
Tratamento de imagem de capa: ADHEMAR RIBEIRORevisão: CHRISTIANE CAVALCANTI / ALEXANDRE CAROLI
CDDireção Executiva: SER
Direção Artística: JÚLIO CORRADIDireção Musical e Arranjos: LUIS BARCELOS
Composições Musicais: LUIS BARCELOS (Todas, exceto faixa 11)ZÉ HENRIQUE MARTINIANO (Faixa 11)
Letras das Músicas: ALUIZIO ELIAS
Elias, Aluizio Ferreira E42p Morro alto: o velho, a árvore e a vaca. / Aluizio Ferreira Elias. Revisão Christiane Cavalcanti, Alexandre Caroli. Belo Horizonte: Instituto SER 2016. 128f. il. v. 1. Acompanha CD ISBN 978-85-67990-04-0 1. Literatura brasileira. 2. Menino. 3. Velho. 4. Vaca. 5. Conselhos. I. Instituto SER. III. Título.
CDU: 821.134.3(81) Iaramar Sampaio – CRB6/1684
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Sobre a capa: Um dos quadros pintados em nossa reunião mediúnica que mais nos emocionaram, pela delicadeza. O pintor (desencarnado) o assinou com o nome Modigliani, e assim o tratamos. Obrigado, amigos pintores, pela
dedicação e carinho com este projeto. Foram momentos inesquecíveis de parceria e aprendizado. (N. E.)
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Prefácio
Gladston Lage
Quando recebi o convite de prefaciar a presente obra, prejulguei que estava recebendo uma tarefa árdua. A leitura me revelou que, na verdade, foi uma honra o ofício de que fui incumbido.
As produções literárias não se enquadram em classificações rígidas, mas alguns aspectos as singularizam e em essência as agrupam. Há livros de ficção, aventura, drama, romance, biografia e mais numerosos segmentos.
Em linhas gerais, é possível afirmar que algumas obras se destacam pelo que “dizem”, outras pelos seus “modos de dizer”.
Morro Alto é trabalho de talento porque concilia estilo, qualidade extraordinária de linguagem, fidedignidade à variante linguística em que se alinha, espontaneidade, inspiração fluente e responsabilidade filosófica na condução das histórias que conta lindamente.
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Uma das modalidades literárias pos-síveis, e é o caso do livro que ora apresentamos, é a de arcabouço interiorano. De algum modo é da mesma fonte de “Sagarana” do grandessíssimo Guimarães Rosa. Deixemos claro que não estamos alçando Morro Alto à categoria de clássico. Aliás, isso nem importa. Importa é que o livro é de profunda identidade literária: agradabilíssimo, instigante, leve, denso, poderoso.
O ato da leitura tem em si as mágicas da mente com as magias do pensamento: é túnel do tempo, é espelho mágico do espírito... Assim, por exemplo, nos abstraímos da sociedade tecnológica em que vivemos, do cosmopolitismo que povoamos, do artificialismo que alimentamos, e imergimos nas roças, nos grotões, nos lamaçais, nos pântanos, nos capinzais, nos terrenos, nas cisternas dos contos. E ali as criaturas são as criações das criações. Tem bicho que morde à Eça e que canta à Júlio Diniz. Tem planta que espeta, que espinica, que rocia, que cura, que nutre, que ornamenta... Tem conto que alegra, que quebranta, que punge, que esmaga, que angustia... mas sem constranger nem ofender, quanto menos desmoralizar. É tudo em prol da elevação. Tudo água pura que verte das bonanças virtuosas da alma. A bicharada se arrasta, voa, salta, pula, corre... O clima se transmuta: escalda, molha, aquece, enregela...
Preciso abrir parágrafo para destacar um movimento forte e poderoso da partitura em questão: a linguagem. A terminologia, a prodigalidade, a variação, a riqueza bem colocada.
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Tem prumo e tem equilíbrio. Não é pedante, não é repetitiva, não é enciclopédica, não é exibicionista... Coerente e naturalmente evita estrangeirismos. É harmoniosa e por isso tem a alma do interior gostoso e acolhedor. É opulenta (no sentido dos Parâmetros Curriculares Nacionais que classificam como um tipo de poliglota quem conseguir se comunicar em várias modalidades da própria língua) e não perde em momento algum a singeleza.
Podemos ousar e dizer que “bem-aventurados os simples, os mansos, os humildes e os pacificadores”. As bem-aventuranças estão vivas nas delícias desta composição. E é muito legítimo que evoquemos o Evangelho para condecorar o trabalho, porque alcançou a proeza de ajuntar material de primeira qualidade, organizá-lo magnificamente e não escorrega no sentido moral que abraça: alegra e acalenta, distrai e instrui, entretém e eleva quem tem o privilégio e o bom gosto de o ler.
Meus humildes parabéns ao amigo-escritor (escrevente?) Aluizio e aos colaboradores da publicação; meus agradecimentos pela oportunidade de deixar aqui nesta grande seara um grão de mostarda que pretende estimular leitores aos quais desde já saúdo, abraço e felicito.
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Aos encantados...
Humberto de Campos
Honório de Abreu
e João Rosa
Aos amigos de travessia...Lucas Mardegam
(Nosso benfeitor; grão-padrinho do projeto)
Luis Barcelos (Irmão e parceiro; coautoria em sentido transversal)
E a valorosa Equipe do SER
Dedico esta obra ao meu amigo Júlio Corradi
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Ouça as canções indicadas ao final de cada capítulo
LIVRO I
“O velho, a árvore e a vaca”
cap.1 Os mutuns ................................................. 13
cap.2 Figueira mata-pau ...................... 27
cap.3 Carro de tolda ...................................41
cap.4 Murundu de tatupeba .......... 53
cap.5 O monjolo ................................................ 63
cap.6 Mãe Figena ........................................... 73
cap.7 O Sábado ............................................... 89
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Gladston Lage
Aíla Pinheiro
Júlio Corradi
Luis Barcelos
Prefácio ........................................................................5
Oração ..........................................................................105
Um pouco dessa história ..........................108
História de amor .............................................111
Músicas: Mansidão ..........................................................................112Para o mutum, para o menino........................113Um Choro para São João ...................................114Arvorar ..............................................................................115Esperar... esperar .....................................................116Murundu de tatupeba .............................................117Canção do Monjolo ..................................................118Canto de Mãe Figena ............................................119Bênção ...............................................................................121Vida Além ...........................................................................122Morro Alto .......................................................................123
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CAPÍTULO 1
Os mutunsPortanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem... (Mateus 19:6)
Possuída pelo espírito da posse exclusivista, a alma acolhe facilmente o desespero e o ciúme, o despeito e a intemperança...
Livro: Pensamento e VidaCapítulo 24 - “Humildade”Emmanuel / Chico Xavier
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EEra uma figueira brava do sertão. A
Gameleira de meu avô.
Erguendo-se rente a um mourão de
angelim, espraiava o corpo para o adiante e o
acima. Sobre o tronco grosso sustentava um cocar
de folhas fazedor de sombra [galhada atrevida que
não se acanhava ante a mancheia do vazio]. E,
ainda, a raiz: que era a copa ao avesso – espaçosa e
mandante, dona do entorno.
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Plantar currais debaixo de gameleiras era
coisa comum nas fazendas do de-lá-para-cá. Também
ali, na fazenda Morro Alto. É que o quenta-sol vinha
vindo de perto da metade de um dia até o fim da
tarde. A claridade agigantada, num braseiro que
se punha a judiar da criação. Por isso, dar algum
conforto ao gado – a fresca – era anelo de santos
homens.
“– Uê, uê... vaqueirada!”
Meu avô aprendera a regra com o avô dele
e agora a repetia para mim: “– Sombra assim, mô fío
– como a da Gameleira – Deus só fez melhor no Céu.”
Eu passei minha infância assuntando
sobre aquela árvore. Queria entender o sentido de
sua arvoreza. Nela folgava ocupado. Meu avô até
fizera uma escadinha maria-mole, com corda de
bacalhau, para a subida.
Acho que ele gostava de me ver alcançando
a culminância da árvore. Dizia que era importante
mirar as coisas desde os cimos. Que era assim que
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o olhar se alargava, nele cabendo sempre o mais de
tudo: a montanha, o vale, a serra...
Empoleirado na forquilha de um galho
largo, eu ficava espiando a cisma ruminante da
vaquinha Imperatriz. Ela só... lá embaixo, no
pátio do curral. Bicho pensativo, tal e qual o meu
avô: o Antônio Nogueira. Sim, eu gostava de vê-
los pausados, dando trégua ao corpo. Cada qual
a seu modo; o velho e a vaca. E eles pensavam...
pensavam... Pisando o instante, atravessando
o momento, mas sem pressa alguma, porque se
sabiam filhos da eternidade.
Essa vaquinha era a sentinela dócil que
guardava o miolo da sombra. Com um olhar bovino,
falava-me do seu apreço pela Gameleira. Sempre
ela, a Imperatriz, sob o gentil sombreiro de sua ami-
ga árvore. Desde a sua bezerrice havia recorrido ao
pouso alegre daquela amizade. Crescera junto à boa
companheira. Hoje, gado concluído, já podia trans-
formar gratidão em leite e aconchego em mansidão.
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Meu avô sabia daquela irmandade entre
a planta e o animal; aprovava. Disso parecia par-
ticipar, apreciando tudo [a sombra da Gameleira
estirada sobre o sossego agradecido de Imperatriz].
Ele gracejava: “– Faz muito tempo, Nosso
Senhor encardiu as mão com a terra da Morro Alto.
Aqui compareceu só pra plantar nossa Gameleira.”
Dizia ser verdade juramentada que Je-
sus, por bênção caprichosa, enterrara no chão da fa-
zenda a rama verde daquela figueira: uma mudinha
de sua bondade.
Da altivez de meu galho largo, eu esprei-
tava o vô. O velho Antônio Nogueira golava o café
à porta do casarão e partia em marcha. Buscava a
cerca do curral e, antes de atravessar a cancelinha,
estacava solene ao pé da árvore, calçando os pés
no entranhado da raiz. Ajustado debaixo de tanta
grandeza, tirava o chapéu e erguia o olhar para con-
templar toda ela: a Gameleira. Depois me achava
no galho mais largo, armava um riso que preferia
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não vir, para só então se benzer com o sinal da Trin-
dade.
Ele e a vaquinha muito me ensinaram
sobre o silêncio daquela árvore. Empoleirado nela,
eu aprendi a falar calado – só para o meu coração
– sobre as descobertas que fazia. De modo que, na-
queles dias, à vista do vô e dos outros, eu tagarelava
feito araguari no telhado [com sonoridade acriança-
da] sobre tolices todas. Mas, entre os galhos da Ga-
meleira, em segredo, já era capaz de sentir e pensar
as coisas como sinto e penso hoje.
O senhor não se assuste não, nem duvide.
Por agora detenho os poderes que apurei lá atrás.
Logo vai aprender o que digo, revirando adentro a
noção de criança. Porque, veja só: gente é bicho sa-
bedor de si, mesmo quando ignora o derredor de sua
existência.
Aprumando o tino entre o mistério da
Gameleira, a gratidão de Imperatriz e a fé do vô
Antônio, é que eu formei minha substância de
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gente. Feliz e sabedor das muitas artes. Reinando
sobre minha sorte. Aquela era toda a escola de que
eu carecia: o velho, a árvore e a vaca.
Ah! Mas, nesse vaguear da alma
perambulante, eu laço a lembrança e prossigo.
Já era junho frio e eu partira para o festão
de Santo Antônio, um que acontecia todo ano na
casa de parentes nossos. Fiquei com essa parentada
mais de mês. Meu avô voltara antes para a Morro
Alto, confiando-me à prima Isaltina. Lá no arraial
da Antinha, cabeceira do Tamanduá.
Quando voltei para a fazenda nossa,
subindo na Gameleira para matar saudade, descobri
no galho largo – o de minha predileção – um ninho
exagerado. Desci da árvore em dois tempos. Só no
chão é que me dei conta de que o ninho intruso era
do pertencimento de uma galinhona preta. Ave
esquisita, com uma crista de penas arrepiadas no
cocuruto. Cheia de chiliqueiras. Bandeava a cabeça
para um lado e para o outro. Nervosa. Ciscava entre
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as raízes da Gameleira e parecia esbravejar contra
a minha presença.
Veio um susto. Então, busquei a firmeza
de meu avô: “– Vô véio! Vô véio! Me acuda! Eu vi o
capiroto! É o demo! Com bico e pluma!” Ele riu-se ao
regalo quando apontei para aquela feiura. Deu-me
entendimento sobre a questão, dizendo se tratar de
um mutum-de-penacho.
A fêmea vigiava de perto a cria sua, que
eram dois garnisés mutunzentos. Mais além, estava
o macho graúdo. Todos ali, na Gameleira do curral.
Alojados, ciscando sob o galho largo onde eu tinha
meu quinhão de árvore.
Anoitecia e eu não me conformava com
o ido. Quando atinei já estavam lá, empoleirados;
justo como eu fazia. Isso doía no osso da alma.
“– Arre, trem!”
Se eu visitava a árvore há mais tempo,
dela merecia posse em perpétuo. Sentia que ela
havia me dado uma parte sua para deleite.
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Agi em cólera. Peguei o bambu de cutucar
abacates e derrubei o ninho. Nem olhei para trás.
Não queria ver a bagunça do feito. Segui meu rumo,
ocultando o resolvido de minha raiva.
Mas vô Antônio via meu desarranjo. Depois
de ouvir meu queixume, receitou chá de boldo amargo,
dizendo a sério: “– É quiçaça brava a ciumeira sua.
Capina essa roça, fío! Vai rezar que passa.” Aquilo me
deu pavor. Rezar não queria... não podia. Era pensar
nisso e me vinha uma queimura lá das tripas, um
fogaréu que ardia desde a barriga até a goela.
E se eu rezasse? Deus vinha ter comigo?
Podia. Era o certo. E ele reprovaria meu proceder.
Eu desconfiava que o mutum-de-penacho tinha
rezado antes de mim. Por direito, ele pedira a Deus
um galho largo para morar com a família. Sei que
assim. Então, eu me desentenderia em reza com
Deus. Judiação comigo colocar o ninho dos mutuns
no galho largo. Por que Ele não dera aos bichos um
galho sem dono?
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E assim foi. Toleimas. Aquele pensa-
mento meu já era, sem que eu soubesse, a oração
desensaiada de um menino. A reza que eu não
queria, fizera. Deus escutara o que eu dissera no
meu temor de dizer. E Ele veio com autoridade.
Veio de dentro de mim, queimando a alma, desde
as tripas, da barriga até a goela. Pronunciando
retidões sobre tudo que era torto.
Depois, o peso daquela oração me
prostrou. Adormeci.
Quando acordei, já era dia novo. Meu
avô esquentara leite e café. Deitei o olhar sobre a
mistura e vi o todo. O leite de Imperatriz e o café
de meu avô viviam em paz, dividindo o mesmo
caneco. O leite e o café não disputavam o espaço:
coabitavam. E era bom o resultado daquele acordo.
Se mesclados, viravam coisa melhor.
Saí para a vida. Quando pisei o terreiro,
senti que Deus pensava alto. Uma nuvem trovejava,
seca. E era em mim. Assobio do vento, entre folhas,
Aluizio Elias24
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chamando o meu nome. Ali ecoavam os Santos
Mandamentos da Lei. E Eles me punham rédea. Foi
então que um naco de brisa animou-me o espírito.
No cheiro da manhã estavam o esterco, a
garapa e o mato. O orvalho acendia a essência das
três coisas. Elas dividiam o mesmo ar, ocupando-o
todo. Convivendo, sem antipatias. Só agora eu
entendia aquele cheiro. Acordara para ele. Era o
aroma da harmonia.
Então, constatei isso: para cada árvore, há
um passarinho certo; para cada rio, um dado peixe; e
para cada roça, ou arraial, uma gente sua. Tudo no
lugar e no tempo concebidos por Deus. No quando e
no onde Ele calcula a exatidão de dever ser.
Mas pode acontecer d’Ele achar ocasião
necessária em que se decida pela bagunçação do
ordenamento. E é aí que Ele vem com vontade
sobre nós, desenredando a história, reinventando
os gerais.
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A vida de uma criatura enxertada na
freguesia de outra. E era a minha hora, o meu
momento. Era o mutum no meu galho largo.
Manobras altas da Providência. O reinado do
Criador. Pois primeiro Ele meramente quis, depois...
simplesmente foi.
Trajetória nossa é pura governança d’Ele.
Músicas deste capítulo:Faixa 1 - MansidãoFaixa 2 - Para cada árvore, rio e arraialFaixa 3 - Para o mutum, para o menino
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01 - Mansidão(Luis Barcelos e Aluizio Elias)cantam Luis Barcelos e Aluizio Elias
Pensa, o Homem pensa Ruminando a horaPesa sobre o AgoraPasso e prontidão
Pensa o Homem, pensa Pisando o momentoPasto é livramentoPosto sobre chão
Reunir, contar a boiadaO aboiar...Bom Jesus campeiaToca o gado, guia o boi
Passa o pranto e a várzeaToma o rumo do curralSegue confiandoPois vem vindo um temporal
Pensa e repensaCapim, vida aforaProva de outroraSer-lhe-á ração
Mas, também, não pensaPausa o teu lamentoPousa o sentimentoMuge em oração
ALUIZIO ELIAS - Voz | LUIS BARCELOS - Arranjo / violão / voz | PEDRO AUNE - Contrabaixo Acústico | BEBÊ KRAMER - Acordeon | JAIM
E ALEM - Viola Caipira
GRUPO VERBOS DE VERSOS* e TURMA DO SER** - Coro | Sons da fazenda M
orro Alto gravados por Aluizio Elias em Uberaba
Sim, eu gostava de vê-los pausados, dando trégua ao corpo. Cada qual a seu modo; o velho e a vaca. E eles pensavam... pensavam... Pisando o instante, atravessando o momento, mas sem pressa alguma porque se sabiam filhos da eternidade.
Aluizio Elias
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Ficha técnica do CD
PRODUÇÃO EXECUTIVA: SER DIREÇÃO ARTÍSTICA: JÚLIO CORRADI
DIREÇÃO MUSICAL: LUIS BARCELOS
TÉCNICO DE GRAVAÇÃO, MIXAGEM E MASTERIZAÇÃO: JOÃO FERRAZ
ESTÚDIO PRINCIPAL: LONTRA MUSIC - RJGRAVAÇÕES EXTRAS: ESTÚDIO BEMOL - BH por Ricardo e Dirceu Cheib (Ladston do Nascimento, Sergio Santos, Celso Adolfo e coro de vozes)AVATAR PRODUÇÕES - Altay VelosoESTÚDIO DANÇAPÉ - por Mário Gil (Renato Braz em “Para o mutum, para o menino”)
Coro: VERBOS DE VERSOS: Saulo Silva, Sandra SOM, Emanuele Souza, Wederson Gonçalves / SER: Aluizio Elias, Lucas Mardegam, Janaíne Polese, Thiago Franklim, Natália Dantas, Claudia Lopes (Cacau), Janaína Farias, Júlio Corradi, Luis Barcelos e Luiz Gustavo.
Saiba mais sobre este projeto do SERem www.portalser.org/morroalto
ou use o QRCODE acima.
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Vem aí...
A senhora não me conhece, nunca me
viu. Falo com proximidade, porém. Assim como
alguém da família, porque a considero muito [com
reverência maior e nobre conceito].
Aguardei esse dia e venci as estradas do
tempo para poder tê-la à frente. Como querendo
contar-lhe o que sei e ouvir o que desconheço.
...
Acesse: www.portalser.org/morroalto
O CEGO, A SANTA E O RIOLIVRO II
MorroAltoALUIZIO ELIAS
www.portalser.orgwww.lojadoser.com.brBelo Horizonte - MG
(31) 3243-6601
LIVRO I
MorroAltoALUIZIO ELIAS
O VELHO, A ÁRVORE E A VACA
MorroALUIZIO ELIAS
O VELHO, A ÁRVORE E A VACALIVRO I
www.portalser.org
ALUIZIO ELIAS
O mineiro Aluizio Ferreira Elias nasceu em 13 de julho de 1979. É filho da cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde constituiu família e trabalha como professor de História no ensino universitário. Espírita, coordena um grupo de estudos bíblicos em sua cidade natal, além de integrar o quadro de pesquisadores e escritores do Instituto SER. Dedica-se à Arte (Música e Literatura) de forma amadora, produzindo poemas, contos e letras de canções nas suas horas de folga. Morro Alto resulta desses momentos de descanso criativo e é a sua primeira publicação autoral.Alto
ALUIZIO ELIASMORRO ALTO - O VELHO, A ÁRVORE E A VACA
LIVRO I
Um menino e suas percepções; criança descobrindo a Vida. Sabedoria morando nas coisas mais simples. Os conselhos do avô zeloso; a
mansidão da vaquinha leiteira e a vitalidade da velha árvore. A menina-moça vestidinha de Esperança e a mãe preta ofertando o colo quente. Uma história de amor: fé, gratidão e amizade.
Morro Alto é para olhos de ver e ouvidos de ouvir. Obra a ser lida e ouvida; contada e cantada [escrito e canções formam uma peça única].
Um Livro: com letra, som e sentimento. Esforço que contou com a generosidade e o talento de amigos que se sensibilizaram com a proposta.
Prod. ExEcutiva: SEr - dir. MuSical E arranjoS: LUIS BARCELOS, intérPrEtES: ALICE PASSOS, ALTAY VELOSO, ÁUREA MARTINS, CELSO ADOLFO, GRAZIE WIRTTI, ILESSI, LADSTON DO NASCIMENTO, PAULO CESAR PINHEIRO, PEDRO MIRANDA, RENATO BRAZ, SERGIO SANTOS. MúSicoS: RAFAEL MALLMITH (Violão 7 cordas), GLAUBER SEIXAS (violão), MARCUS THADEU (percussão), MAGNO JÚLIO (Percussão), PEDRO AUNE (Baixo Acústico), ALBERTO CONTINENTINO (Baixo Elétrico), BEBÊ KRAMER (Acordeon), ADRIANO SOUZA (Piano), JAIME ALEM (viola caipira), LEONARDO PEREIRA (cavaquinho), RUI ALVIN (Clarinete), EDUARDO NEVES (Fauta e Flauta em Sol), AQUILES MORAES (Trompete), EVERSON MORAES (Trombone), THIAGO OSÓRIO (Tuba), MARIA CLARA VALLE (Violoncello), THAIS SOARES (Violino). Coro: VERBOS DE VERSOS e SER.
LUIS BARCELOS
O gaúcho Luis Barcelos nas-ceu na cidade de Rio Grande em 2 de abril de 1987. Multi-instru-mentista, arranjador e composi-tor, “Luisinho” escolheu o Rio de Janeiro, onde desembarcou com toda a família em 2005, para vi-ver e trabalhar. Espírita, integra a equipe de colaboradores do Ins-tituto SER. Coube a ele a direção musical e os arranjos do CD, além da composição de dez entre as onze canções para o livro 1 da trilogia Morro Alto, que marcou também o início de sua parceria com Aluizio Elias (um de seus parceiros mais constantes e que o considera “coautor de Morro Alto em sentido transversal”).
PROD. POR INSTITUTO SER, CNPJ 97.525.813/0001-37RUA CAETANO PIRRI, 930 ANEXO 01- B. MILIONÁRIOS BELO HORIZONTE - MG - CEP 30620-070 TEL.:31 3243.6601 - WWW.PORTALSER.ORG
ISBN 978-85-67990-04-0
capa.morro.alto.final.indd 1 26/10/16 17:33
MorroALUIZIO ELIAS
O VELHO, A ÁRVORE E A VACALIVRO I
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ALUIZIO ELIAS
O mineiro Aluizio Ferreira Elias nasceu em 13 de julho de 1979. É filho da cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde constituiu família e trabalha como professor de História no ensino universitário. Espírita, coordena um grupo de estudos bíblicos em sua cidade natal, além de integrar o quadro de pesquisadores e escritores do Instituto SER. Dedica-se à Arte (Música e Literatura) de forma amadora, produzindo poemas, contos e letras de canções nas suas horas de folga. Morro Alto resulta desses momentos de descanso criativo e é a sua primeira publicação autoral.Alto
ALUIZIO ELIASMORRO ALTO - O VELHO, A ÁRVORE E A VACA
LIVRO I
Um menino e suas percepções; criança descobrindo a Vida. Sabedoria morando nas coisas mais simples. Os conselhos do avô zeloso; a
mansidão da vaquinha leiteira e a vitalidade da velha árvore. A menina-moça vestidinha de Esperança e a mãe preta ofertando o colo quente. Uma história de amor: fé, gratidão e amizade.
Morro Alto é para olhos de ver e ouvidos de ouvir. Obra a ser lida e ouvida; contada e cantada [escrito e canções formam uma peça única].
Um Livro: com letra, som e sentimento. Esforço que contou com a generosidade e o talento de amigos que se sensibilizaram com a proposta.
Prod. ExEcutiva: SEr - dir. MuSical E arranjoS: LUIS BARCELOS, intérPrEtES: ALICE PASSOS, ALTAY VELOSO, ÁUREA MARTINS, CELSO ADOLFO, GRAZIE WIRTTI, ILESSI, LADSTON DO NASCIMENTO, PAULO CESAR PINHEIRO, PEDRO MIRANDA, RENATO BRAZ, SERGIO SANTOS. MúSicoS: RAFAEL MALLMITH (Violão 7 cordas), GLAUBER SEIXAS (violão), MARCUS THADEU (percussão), MAGNO JÚLIO (Percussão), PEDRO AUNE (Baixo Acústico), ALBERTO CONTINENTINO (Baixo Elétrico), BEBÊ KRAMER (Acordeon), ADRIANO SOUZA (Piano), JAIME ALEM (viola caipira), LEONARDO PEREIRA (cavaquinho), RUI ALVIN (Clarinete), EDUARDO NEVES (Fauta e Flauta em Sol), AQUILES MORAES (Trompete), EVERSON MORAES (Trombone), THIAGO OSÓRIO (Tuba), MARIA CLARA VALLE (Violoncello), THAIS SOARES (Violino). Coro: VERBOS DE VERSOS e SER.
LUIS BARCELOS
O gaúcho Luis Barcelos nas-ceu na cidade de Rio Grande em 2 de abril de 1987. Multi-instru-mentista, arranjador e composi-tor, “Luisinho” escolheu o Rio de Janeiro, onde desembarcou com toda a família em 2005, para vi-ver e trabalhar. Espírita, integra a equipe de colaboradores do Ins-tituto SER. Coube a ele a direção musical e os arranjos do CD, além da composição de dez entre as onze canções para o livro 1 da trilogia Morro Alto, que marcou também o início de sua parceria com Aluizio Elias (um de seus parceiros mais constantes e que o considera “coautor de Morro Alto em sentido transversal”).
PROD. POR INSTITUTO SER, CNPJ 97.525.813/0001-37RUA CAETANO PIRRI, 930 ANEXO 01- B. MILIONÁRIOS BELO HORIZONTE - MG - CEP 30620-070 TEL.:31 3243.6601 - WWW.PORTALSER.ORG
ISBN 978-85-67990-04-0
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STITUTO SER - CNPJ 97.525.813/0001-37
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