alguma flor alguma dor

Post on 03-Aug-2016

251 Views

Category:

Documents

3 Downloads

Preview:

Click to see full reader

DESCRIPTION

Poemas e microcontos

TRANSCRIPT

Alguma flor

alguma dor...

Maria Regina Fernandes

Alguma flor alguma dor...

[2]

© Maria Regina Fernandes. Direitos reservados.

Alguma flor alguma dor... de Maria Regina Fernandes está

licenciado com uma Licença Creative Commons -

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

Baseado no trabalho disponível em

https://issuu.com/mariareginafernandes

Foto da capa: Maria Regina Fernandes

Projeto gráfico e diagramação: Edite Damásio da Silva

F362a Fernandes, Maria Regina, 1962-

Alguma flor alguma dor... / Maria Regina Fernandes. --

Brasília: M.R.F. Oliveira, 2016.

36 p.; ePUB

ISBN 978-85-921335-0-4

1. Poesia brasileira I. Título

CDU 821.134.3(81)-1

CDD 869.1

Alguma flor alguma dor...

[3]

Maria Regina Fernandes

Alguma flor

alguma dor...

1ª edição

Brasília/DF

2016

Alguma flor alguma dor...

[4]

Agradecimentos

À Roberta Ladislau, pelo incentivo...

À Edite Damásio, pela parceria...

Ao Fabiano Camilo, pelas dicas valiosas...

Alguma flor alguma dor...

[5]

A Gustavo, por sempre estar...

Alguma flor alguma dor...

[6]

...e quando se pensa

...monta-se e remonta-se...

sabe-se agora outra coisa!

...e se vai em outro caminhar...

26 de março de 2011

Alguma flor alguma dor...

[7]

Você

...um dia chove demais, no outro, muito sol!

...um dia é muito quente, no outro, faz frio...

um dia gosto de você demais, no outro também!

23 de novembro de 2011

Alguma flor alguma dor...

[8]

Há dias

Há dias com chuva...

Há dias com sol...

Há dias com sabiás...

Há dias com ipês...

Há dias que o mundo lhe sorri...

Há dias cinzentos...

Há dias que quero tudo!

Há dias que a vida passa!

Há dias de saudades...

Há dias de leveza...

Há dias...

Há dias longe de mim!

Há dias que me encontro!

Há dias...

17 de setembro de 2012

Alguma flor alguma dor...

[9]

Só o Humano nos consola

Nossa vã filosofia...

Nossa mesa vazia...

A fome de uns e

Paris para outros.

Só os risos,

os gestos,

a boa palavra.

A religião que nos doutrina.

A ciência que nos devora.

A mídia que nos isola.

Só os risos,

os gestos,

a boa palavra...

Só o Humano nos consola!!

09 de novembro de 2012

Alguma flor alguma dor...

[10]

Sabiás (1)

...furi-furi-furi-furi – o dia todo,

chamam as chuvas, os sabiás!

11 de novembro de 2012

Alguma flor alguma dor...

[11]

Dos caminhos sem volta

Algumas coisas,

melhor não saber...

Certas coisas,

melhor nem ver...

Pois é certo,

Sentimento aberto,

Não tem mais volta

em nenhuma aorta...

14 de junho de 2013

Alguma flor alguma dor...

[12]

Sal na sopa

Uma lapada

E outra

E outra...

E ainda o sal na sopa.

Para onde vai a esperança?

Que o meu amor te resgate...

Quem dera!!!

05 de abril de 2014

Alguma flor alguma dor...

[13]

Memórias

Seu Moço,

Me traga o cheiro da chuva

Da minha terra

Da chuva das 2

Da tarde molhada.

Seu Moço,

Quero todas as memórias

Quero saber que vivi.

05 de abril de 2014

Alguma flor alguma dor...

[14]

Ubaldo, Rubem e Ariano

...uma semana a mais,

e muito a menos,

sem Ubaldo, Rubem e Ariano...

se eu pudesse, escreveria um sonho

sobre os três conversando

nessa partida conjunta...

24 de julho de 2014

Alguma flor alguma dor...

[15]

Ondas

...fui...

...tô indo...

...e vindo...

...eterno movimento...

...saio...

...e se venho...

...já não sou mais...

...serei o novo...

...que reside em mim...

11 de agosto de 2015

Alguma flor alguma dor...

[16]

Sabiás (2)

sabiá que chegou...

neste ainda agosto,

antecipando a primavera,

ansiava teu canto!

me engano, então...

cantas para mim!

27 de agosto de 2015

Alguma flor alguma dor...

[17]

Há que ter alguma flor...

e me perguntam se escrevo,

poeticamente, quero dizer...

já que escrever, é o meu toda hora...

e aí respondo:

talvez...

pois há que ter alguma dor...

há que ter alguma flor...

é preciso que estejas...

é preciso o tempo...

não o tempo comum,

mas aquele que me toma!

28 de agosto de 2015

Alguma flor alguma dor...

[18]

Primaverando

...nem outono,

nem inverno.

que o verão já é longe...

para primaverar,

eu já me setembro!

1o de setembro de 2015

Alguma flor alguma dor...

[19]

Quintais

‘inda menina...

no quintal da infância,

olhava o quadrado do céu que era meu...

e sonhava...

o mundo, eu o queria!

e ele era pequeno...

eu cresci e o mundo daquele quadrado de céu...

o que eu sonhava,

ainda persiste em mim!

um quadrado de céu, naquele então...

era a porta para o tudo...

simples...

02 de setembro de 2015

Alguma flor alguma dor...

[20]

Tangerina

no crunchi-crunchi

rompendo os gomos,

doce sumo da tangerina,

sabor da infância!

15 de setembro de 2015

Alguma flor alguma dor...

[21]

14 de outubro

...vou acumulando, na memória,

as fotos que não tirei...

...vou apaziguando, a vida,

nos abraços que te dei!

14 de outubro de 2015

Alguma flor alguma dor...

[22]

Mudanças

...mude de cidade,

...mude de casa,

...mude a cor do cabelo,

...mude de roupa,

...mude de amor,

...mude de gênero,

...mude a cor das unhas,

...mude a voz,

...mude o canto.

Mude!!!

06 de dezembro de 2015

Alguma flor alguma dor...

[23]

O aqui e o agora

Apenas sei que:

...É o aqui e o agora

o que nos cobra o sentido...

...É no aqui e agora,

que vou chorar,

que vou sorrir,

que vou amar...

É neste aqui...

É neste agora...

que me cabe viver!

Apenas sei...

03 de janeiro de 2016

Alguma flor alguma dor...

[24]

Do que somos feitos...

A matéria que nos fez foi desenhada há muito tempo:

...somos feitos dos bolos da casa da vó!

...das brigas da infância com os irmãos...

...das frutas comidas no pé,

...do primeiro contato com a água de uma piscina,

...dos tombos que levamos,

...de quem nos fez cara feia na escola e de quem nos

aconchegou,

...do que nos fez chorar e de quem secou as nossas

lágrimas,

...do que nos fez gargalhar,

...do que a gente compreendeu, do que a gente nunca vai

compreender...

...do que a gente sentiu e do que se nega a sentir...

...do que a gente esqueceu...

A matéria que nos fez não cabe na explicação!

1o de março de 2016

Alguma flor alguma dor...

[25]

Feminicídio

morreram a Louise e a Jane,

com dois dias de diferença...

como tantas outras Janes e Louises,

que morrem a cada segundo...

vítimas do mesmo mal.

tinham muitos sonhos,

desses que só se tem aos 20 anos,

mas elas disseram não!

14 de março de 2016

Alguma flor alguma dor...

[26]

Seja!

...na dúvida, siga!

...na dúvida, plante!

...e volte a plantar!

...na dúvida, avance!

...na dúvida, leia!

...e volte a ler!

...na dúvida, fale!

...na dúvida, pense!

...e volte a pensar!

...na dúvida, aja!

...na dúvida, sonhe!

...e volte a sonhar!

...na dúvida, faça!

...refaça e faça de novo!

...só nunca deixe de ser,

...sob o risco de outros serem...

...............................por você!!

22 de março de 2016

Alguma flor alguma dor...

[27]

14 de abril

...o inglês de Miss Fischer,

mas é o nosso dia!

...trabalho confuso,

mas é o nosso dia!

...ainda nem almocei,

mas é o nosso dia!

...mal nos vimos hoje,

mas é o nosso dia!

...ser o nosso dia...

é o que define esse 14.

...ser o nosso dia...

está comigo!

14 de abril de 2016

Alguma flor alguma dor...

[28]

Socialmente...

...tem a fome,

a que dói.

...tem a doença,

a que não acha o acolhimento.

...tem a exclusão,

a que não conhece a equidade.

...tem o trabalho,

trabalho que não encontra pátio.

...tem o viver na dureza diária,

viver que não sabe o que é justiça.

Tem a sabedoria,

Tem a solidariedade,

Tem a garra,

Tem a luta!

Tem o sonho!!

16 de abril de 2016

Alguma flor alguma dor...

[29]

Porque é preciso...

...porque é preciso escrever...

...é preciso escrever para que a harmonia esteja,

para que a paz não nos abandone,

mas que o riso seja contínuo...

...porque é preciso escrever...

...é preciso escrever porque é do humano que somos,

porque há vida a não ser tirada,

mas que a inquietação também permaneça...

...porque é preciso escrever

do sempre simples:

de uma manhã qualquer

do bichinho que pulou de uma árvore

no seu caminho e você teve olhos

da pessoa que atravessou a sua passagem

e ela portava uma sombrinha aberta azul

era senhora era pobre vendia balas no semáforo

mas lhe ofereceu o sorriso e ele foi gratuito...

...porque é preciso escrever

para fazer sentido

para ainda acreditar...

09 de junho de 2016

Alguma flor alguma dor...

[30]

MICROCONTOS

Alguma flor alguma dor...

[31]

Violência

Agora ela via o sangue misturar-se à terra. Só a lua fora

testemunha. O ato mais bárbaro, interrompendo o seu

caminho solitário.

Alguma flor alguma dor...

[32]

Senilidade

Acordar. Sentar-se à cadeira preguiçosa olhando para a

janela de sempre. Mais um dia. Dormir. Amanhã, de novo.

Alguma flor alguma dor...

[33]

Cinzas

Na cômoda ela o tem. Não foi feliz e ele foi-se. Como

sempre, ele fez o que quis. Ela e os restos da infelicidade à

sua frente.

Alguma flor alguma dor...

[34]

Bala e Copacabana

Com o barulho das ondas, o corpo caindo e a vida acabada

de forma perdida. Havia sol e o mar agitado, ressaca!

Alguma flor alguma dor...

[35]

Natimorte

Uma luz no fim de um túnel!! Não... já não é. Tudo

escureceu de repente. Apagou-se.

Alguma flor alguma dor...

[36]

© Maria Regina Fernandes. Direitos reservados.

Alguma flor alguma dor... de Maria Regina Fernandes está

licenciado com uma Licença CreativeCommons - Atribuição-

NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Baseado

no trabalho disponível em

https://issuu.com/mariareginafernandes

A autora

Maria Regina Fernandes

mariareginafernandes.blogspot.com.br/

...e me perguntam se escrevo, poeticamente, quero

dizer...

top related