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AUDITORIA AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO NA PREVENÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS: A ÁGUA EM UMA INDÚSTRIA DE MECÂNICA PESADA DO
VALE DO PARAÍBA (TAUBATÉ – SP)
ACÁCIO DE TOLEDO NETTO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Ambientais da
Universidade de Taubaté, para obtenção do título
de Mestre em Ciências Ambientais.
Área de Concentração: Aspectos Sócio-Culturais e
Qualidade Ambiental
Taubaté – SP
2005
AUDITORIA AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO NA PREVENÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS: A ÁGUA EM UMA INDÚSTRIA DE MECÂNICA PESADA DO
VALE DO PARAIBA (TAUBATÉ – SP)
ACÁCIO DE TOLEDO NETTO
Bacharel em Direito e Administração
Orientador: Prof. Dr. CARLOS EDUARDO MATHEUS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Ambientais da
Universidade de Taubaté, para obtenção do título
de Mestre em Ciências Ambientais.
Área de Concentração: Aspectos Sócio-Culturais e
Qualidade Ambiental
Taubaté – SP
2005
AUDITORIA AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO NA PREVENÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS: A ÁGUA EM UMA INDÚSTRIA DE MECÂNICA PESADA DO
VALE DO PARAIBA (TAUBATÉ – SP)
ACÁCIO DE TOLEDO NETTO
Dissertação aprovada em 25.04.2005
Comissão Julgadora:
Prof. Dr. Carlos Eduardo Matheus PPGCA/UNITAU
Profa. Dra. Maria Dolores Alves Cocco PPGCA/UNITAU
Prof. Dr. Silvio Carlos Santos Nagy FCA/UNESP
Prof. Dr. CARLOS EDUARDO MATHEUS
Orientador
DEDICATÓRIA
“Gostaria de mostrar, neste
Discurso, que caminhos segui; e de
nele representar a minha vida como
num quadro, para que cada qual possa
julgar, e para que, sabedor das
opiniões que sobre ele foram
expedidas, um novo meio de me
instruir se venha juntar àqueles de que
costumo servir-me”.
Descartes
em Discurso do Mérito
Este trabalho é dedicado a
todos que, direta ou indiretamente,
dedicam sua vida para o aprender a
aprender. Especialmente para Liliane.
AGRADECIMENTOS
Para aqueles que me orientaram, que me corrigiram, que me incentivaram, que
acreditaram na realização deste trabalho, que me entenderam nos momentos
difíceis, que me ajudaram, que me deram a vida e a vontade de viver, que me
educaram; que me deram subsídios, dentre eles, especialmente:
a Deus;
a minha companheira Liliane Simi Amaral;
ao professor Dr. Carlos Eduardo Matheus;
a meus pais José Candido e Bernadete, meus irmãos José Henrique, Cláudio, Débora, Daniela e Domínica e meus sobrinhos Victória e Henrique;
à Profª. Nísia Simi Amaral e sua irmã Julieta Simi;
ao amigo e Prof. Daniel Fernando Vitor e sua esposa Lucia P. C. Vitor;
aos colegas da Pós-Graduação, especialmente Sérgio Lousada;
aos Professores e funcionários da Pós-Graduação em Ciências Ambientais, especialmente o Prof. Dr. Pedro Magalhães Lacava e Maria Dolores Alves Cocco que, com sugestões, idéias, críticas e discussões, trouxeram um enriquecimento científico e despertaram uma maior motivação para a conclusão do presente trabalho e a secretária Jeni Barbosa de Freitas Gondolo;
aos professores da Unitau, especialmente Júlio César Gonçalves, Alindacir Maria Dalla Vecchia Grassi; Gilio Giacomozee, Maria do Carmo S. de Almeida, Edgar Israel, Manoel Sérgio da Rocha Monteiro e Alessandra Alvissus de M. S. Ultchak.
ao lutador incansável pelo meio ambiente Antonio Carlos Padoan e seu colega de trabalho José Manoel Padilha;
à UNITAU - Universidade de Taubaté, especialmente na pessoa do Prof. Dr. Nivaldo Zöllner, a Prof.a. Dr.a. Maria Júlia Ferreira Xavier Ribeiro e aos colegas de trabalho;
ao Departamento de Engenharia Civil da Unitau, especialmente ao estagiário Tiago de Moraes Carvalho
SUMÁRIO
Página
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................vii
LISTA DE TABELAS.............................................................................................ix
RESUMO .................................................................................................................x
SUMMARY ...........................................................................................................xii
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................01
1.1 Objetivos Geral e Específico...............................................................04
1.1.1 Objetivo Geral ...........................................................................04
1.1.2 Objetivo Específico....................................................................04
1.2 Justificativa ........................................................................................04
2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................07
3 MATERIAL E MÉTODO ............................................................................30
3.1 O Roteiro da Auditoria .......................................................................30
3.2 A Indústria de Mecânica Pesada .........................................................31
3.2.1 A Indústria e a ISO 14001..........................................................35
3.2.2 A Empresa e Seu Sistema de Gestão Ambiental .........................35
3.2.3 A Empresa e a Geração, Destinação e Consumo de Água...........36
3.2.3.1 As Regras da Geração de Resíduos da Água .....................43
3.2.3.2 As Regras da Destinação de Resíduos da Água.................53
3.2.3.3 As Regras do Consumo de Água ......................................58
3.2.3.4 Sistema de Captação, Tratamento e Utilização de Água
pela Empresa....................................................................58
4 RESULTADOS e DISCUSSÃO...................................................................71
5 CONCLUSÕES ...........................................................................................82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................84
ANEXOS................................................................................................................87
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura Página
01 Passos Básicos a Serem Observados no Típico Processo de Auditoria 22
02 Imagem Ilustrativa da Localização de Taubaté – SP 32
03 Vista Geral da Indústria de Mecânica Pesada 34
04 Lagoa de Captação de Água Interligada à Represa 36
05 Ribeirão Pinhão e Sua Localização 37
06 Ribeirão Pinhão e Área Perimetral 38
07 Vista Geral da Represa do Córrego José Raimundo 39
08 Vista Geral da Represa com Mata Ciliar e Vegetação Preservada 40
09 Estação de Tratamento de Água – ETA 40
10 Perfil Prático da ETA 41
11 Esquema de Cloração/Desenfeção/Aplicação de Produto Químico 42
12 Depósito de óleos e outros produtos químicos não reagentes
e não inflamáveis. 43
13 Depósito de Materiais Inflamáveis e de Pintura. 44
14 Estação de Tratamento de Efluentes Industriais - ETE Industrial 45
15 Correção de pH / Aplicação de Produto 48
16 Tanque de Desemulsificação 49
17 Esquema de Coagulação e Floculação/Aplicação de Produto Químico 50
18 Torre de Resfriamento da Área de Montagem 53
19 Galeria de Águas Pluviais e Ponto de Monitoramento 54
20 Ponto de Monitoramento Periódico e Lançamento no Córrego 54
21 Laboratório de Análise de Água 55
22 Represa do Sistema de Segurança da Galeria de Águas Pluviais 55
23 Esquema de Retrolavagem de Filtros 56
24 Redes de Esgoto e Efluentes Industriais 59
25 Rede de Águas Fluviais 60
26 Fluxo dos Sistemas de Água da Indústria 61
27 Fluxo do Sistema e Represa de Captação 62
viii
Figura Página
28 Fluxo do Sistema e Lagoa de Captação 63
29 Fluxo do Sistema e ETA 64
30 Fluxo do Sistema e ETE – Industrial 65
31 Fluxo do Sistema e ETE – Orgânico 66
32 Fluxo do Sistema e Lagoa Aeróbia 67
33 Fluxo do Sistema e Galeria de Águas Fluviais 68
34 Fluxo do Sistema e Represa do Sistema de Segurança da
Galeria de Águas Pluviais 69
35 Fluxo do Sistema e Ponto de Monitoramento e Lançamento no Córrego 70
36 Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO 75
37 Demanda Química da Oxigênio - DQO 75
38 Óleos e Graxas 76
39 Sólidos Sedimentáveis 76
40 pH 77
41 Captação Efetiva Últimos 5 Ano 78
42 Custo Comparativo de Água Tratada 78
43 Laudo anual da Lagoa de Emergência de Águas Fluviais 79
44 Laudo Musculatura Peixes 80
45 Laudo Vísceras Peixes 80
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
01 Laudo de Efluente – Ponto de Coleta: Entrada da 1ª Lagoa 73
02 Laudo de efluentes – Ponto de Coleta: Saída da 2ª lagoa 74
03 Captação Efetiva dos Últimos 5 Anos 77
x
AUDITORIA AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO NA PREVENÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS: A ÁGUA EM UMA INDÚSTRIA DE MECÂNICA PESADA DO
VALE DO PARAIBA (TAUBATÉ – SP)
Autor: ACÁCIO DE TOLEDO NETTO
Orientador: Prof. Dr. CARLOS EDUARDO MATHEUS
RESUMO
Este trabalho apresenta considerações sobre a auditoria ambiental como
instrumento na prevenção de danos ambientais: a água numa indústria de mecânica
pesada da região do Vale do Paraíba (Taubaté – SP). O ordenamento jurídico
brasileiro tem avançado para encontrar soluções no que diz respeito à degradação do
meio ambiente e vê na prevenção a ótica que orienta todo o Direito Ambiental. A
investigação de questões jurídicas ambientais pode contribuir sensivelmente para
evitar a perpetuação de danos contra o meio ambiente. Informar e alertar empresas e
profissionais sobre a importância do conhecimento da legislação ambiental, por meio
de uma auditoria, quando envolvidos em eventos que provoquem danos e impactos
ao meio ambiente, pode evitar multas, apreensões e outras ações/processos cabíveis
nestes casos. A pesquisa realizada demonstra que a ação preventiva do dano
ambiental por parte da empresa, desde a captação até o lançamento da água utilizada
do ribeirão Pinhão do município de Taubaté, no Estado de São Paulo (Brasil),
xi
proporciona uma relação custo/benefício significativa para a indústria, além de evitar
processos jurídicos. O sistema de utilização da água pela indústria conta com um
ponto de monitoramento periódico onde são analisados: pH, DQO, DBO, resíduos
sedimentáveis, óleos e graxas, entre outros. Os resultados das amostras evidenciam
que a água é devolvida ao córrego dentro dos padrões estabelecidos pela legislação
ambiental em vigor. Conclui-se que são apropriadas a disseminação e
implementação de auditoria ambiental na sociedade brasileira, dada à reconhecida
eficácia desse instrumento gerencial como uma ferramenta preventiva ao alcance da
comunidade. A auditoria é regulada no gerenciamento de suas responsabilidades
ambientais, bem como uma forma de cumprimento voluntário da legislação
ambiental.
xii
ENVIRONMENTAL AUDITING AS AN INSTRUMENT FOR THE PREVENTION OF
ENVIRONMENTAL DAMAGE: THE WATER IN A HEAVY COMPANY IN VALE
DO PARAIBA (TAUBATÉ – SP)
Author: ACÁCIO DE TOLEDO NETTO
Adviser: Prof. Dr. CARLOS EDUARDO MATHEUS
SUMMARY
This study presents considerations about environmental auditing as an
instrument for the prevention of environmental damage in a heavy company in Vale
do Paraiba (Taubaté – SP). Brazilian forestry laws have developed in order to find
solutions concerning environmental destruction and they have considered prevention
as a way to guide all the environmental issues. Investigation of legal environmental
matters can clearly contribute to avoid the continuation of damage to the
environment. Companies and professionals involved in events that are causing
damage and impact on the environment should be informed and warned about the
importance of getting to know the environmental laws by means of an auditing. Such
procedure may prevent them from getting fines, attachments and other applicable
lawsuits. The research which has been carried out shows that pro-active actions in
the prevention of environmental damage caused by a company – from the collecting
up to the dumping of the used water into Pinhão stream, in the city of Taubaté, São
xiii
Paulo State, Brazil, provides a significant cost/benefit relation for the company,
besides avoiding lawsuits against the company. The system of water utilization used
by companies counts on periodic monitoring, in which the following items are
analyzed: pH, chemical demand of oxygen, biochemical demand of oxygen,
sedimentary residues, oil, grease, among others. The results of the samples show that
the water that is dumped into the stream is in accordance with the standards
established by the current environmental laws. Both diffusion and implementation of
environmental auditing in the Brazilian society has been proved appropriate, taking
into account its effectiveness as a preventive tool, which is reachable by all the
community. This auditing is based on the management of its environmental
responsibilities as well as a voluntary way to respect environmental laws.
1
1. INTRODUÇÃO
Com o aumento da população e conseqüentemente o aumento de
agrupamentos sociais, a ação predatória ao meio ambiente natural é inevitável e se
manifesta de várias formas, quer destruindo os elementos que o compõem, como
derrubada de matas, quer contaminando-os com substâncias que lhes alterem a
qualidade, impedindo o seu uso normal, como se dá com a poluição da área, da água,
do ar e do solo. A poluição é hoje uma das formas mais perniciosas de degradação
do meio ambiente.
Um estudo realizado pela CNI – Confederação Nacional da Indústria: “A
Indústria e o Meio Ambiente” entre 23 de março e 17 de abril de 2004, com 1.218
empresas em todo país, revela que a maioria das empresas brasileiras enfrenta
dificuldades na obtenção de licenciamento ambiental para projetos destinados à
expansão da produção. Os resultados da pesquisa mostram que 74,5% das empresas
de grande porte e 71,3% das empresas de pequeno e médio porte tiveram algum tipo
de problema para atender às exigências dos órgãos oficiais. Os principais obstáculos
no relacionamento com estes órgãos são o exagero nos requisitos previstos na
regulamentação, o alto custo para o cumprimento das exigências e a complexidade da
legislação ambiental. AMBIENTEBRASIL (2004)
Basicamente, o objetivo de um processo industrial é a transformação da
matéria-prima em produto. Assim fazendo, seu valor comercial aumenta, realizando
o lucro, o qual é a finalidade básica de empresas com fins lucrativos.
Apesar de o produto ser o alvo intencional do empreendimento, a
produção desses produtos podem gerar outras substâncias, de origem não-intencional
2
- os subprodutos, que ainda possuem algum valor comercial, que podem ser vendidos
e gerarem lucros e, ainda os resíduos industriais, na maioria das vezes indesejáveis e
com recuperação custosa, causando ônus para companhia e para o meio ambiente.
Uma vez gerado o resíduo industrial, é necessário dar-lhe um destino,
pois não deve ser acumulado indefinidamente em um determinado local. A solução
mais cômoda e mais empregada é disseminar os resíduos no meio ambiente, de
qualquer maneira possível (lançando-os na atmosfera, nas águas ou no solo). Assim,
quando as emissões residuárias prejudicarem o uso posterior do ar, água ou solo, fica
caracterizada a poluição ambiental, e a quantidade de poluente indesejável lançada
no meio ambiente é denominada - carga poluidora.
O combate aos sistemas de degradação do meio ambiente convertera-se
numa preocupação de todos.
A proteção ambiental, abrangendo a preservação da Natureza
em todos os seus elementos essenciais à vida humana e à manutenção do
equilíbrio ecológico, tem preocupado seriamente o Poder Público diante do
ímpeto predatório do homem civilizado, que, em nome do progresso, devasta
florestas, exaure a terra, extermina a fauna, polui as águas e a atmosfera
(MEIRELLES, 1991. p. 535).
Por meio dessa proteção ambiental, visa-se a tutelar a qualidade do meio
ambiente em função da qualidade de vida, que é relevante manifestação do direito à
vida, como direito fundamental do ser humano, reconhecida desde a Declaração do
Meio-Ambiente, adotada pela Conferência das Nações Unidas de Estocolmo
(Suécia), em junto de 1972.
No Brasil, a tutela jurídica do meio ambiente vem sofrendo significativas
transformações. Por muito tempo, predominou a desproteção total, por um longo
período norma alguma coibia a devastação das florestas, o esgotamento das terras
nem a ameaça ao equilíbrio ecológico.
3
A concepção individualista da propriedade constituía forte barreira à
atuação do Poder Publico na proteção do meio ambiente, que necessariamente
haveria de importar em limitar aquele direito. Mesmo assim, algumas normas
ambientais foram surgindo, mesmo que circunstancialmente.
Recentemente é que se tomou consciência da gravidade do definhamento
do meio ambiente natural, cuja proteção passou a ser objeto de uma política
deliberada, mediante normas diretamente destinadas a prevenir e a recompor a sua
qualidade. A União, Estados e Municípios editaram leis visando à preservação da
qualidade do meio ambiente.
Em razão da necessidade de evitar o perigo do dano ambiental
irreparável, os juristas começaram a preocupar-se em criar medidas que
resguardassem os direitos das partes. A proteção jurídica do meio ambiente já é uma
exigência da moderna sociedade em razão da atual degradação da qualidade de vida
da humanidade e a escassez dos recursos naturais.
No Brasil, o Direito Ambiental é hoje um ramo emergente da ciência
jurídica, que estabelece um novo conceito sobre o polêmico relacionamento entre o
homem e a natureza. Esse ramo do direito situa-se em pontos singulares de decisões
políticas que implicam na escolha de valores éticos, jurídicos, filosóficos,
econômicos, culturais e sociais novos.
O ordenamento jurídico brasileiro tem avançado para encontrar soluções
no que diz respeito à degradação do meio ambiente e vê na prevenção a ótica que
orienta todo o Direito Ambiental, pois não deveria a sociedade e a própria norma
jurídica satisfazer-se no reparo ao dano ambiental, já que, como regra, a degradação
ambiental é irreparável, segundo BENJAMIN (1993).
4
1.1 Objetivos Geral e Específico
1.1.1 Objetivo Geral
Este trabalho se propõe a realizar uma auditoria ambiental como
instrumento na prevenção de danos ambientais, para que se possa entender o conceito
de Crime Ambiental e quando ele ocorre; abordar as responsabilidades civis e
criminais das empresas e de seus profissionais quando envolvidos em eventos que
provoquem danos e impactos ao meio ambiente, com o objetivo de evitar multas,
apreensões e outras ações/processos cabíveis nestes casos.
1.1.2 Objetivo Específico
O estudo deste trabalho se restringirá a uma auditoria, como forma de
prevenção, numa indústria de mecânica pesada da região do Vale do Paraíba
(Taubaté – SP), avaliando o cumprimento das metas das Regras Gerais de
Preservação Ambiental próprias, desenvolvidas pelo setor de Gestão Ambiental em
conformidade com as normas ambientais, no que diz respeito à geração, destinação e
consumo de água pela indústria, analisando os laudos de efluentes que constituem em
análises físicas, químicas e bacteriológicas da água retirada do córrego José
Raimundo e, se for o caso, promover correções no processo, vislumbrando a
qualidade como elemento essencial da água.
1.2 Justificativa
Uma das razões pelas quais foi escolhida a água, dentre as diversas
atividades de projeto, desenvolvimento e fabricação de equipamentos da indústria, é
porque entendemos que hoje, a água passou a ser vista não só como um bem de
domínio público, mas, principalmente, um recurso natural limitado, dotado de valor
econômico, nos termos do art. 1o, incs. I e II da Lei 9.433, de janeiro de 1997.
5
Nos últimos anos, a população brasileira vem tomando consciência da
problemática da água. Nosso país possui os maiores rios em volume de água do
mundo e por isso temos dificuldade em imaginar que um dia a água potável pode
faltar. Apesar de possuirmos aproximadamente 13% de toda água doce disponível
em nosso planeta, a verdade é que a questão da potabilidade da água é um problema
que vem se agravando.
Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de
água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, a utilização racional
e integrada dos recursos hídricos e a prevenção e a defesa contra eventos
hidrológicos críticos, são objetivos que a indústria de mecânica pesada e este
trabalho pretendem alcançar e valorizar.
A proposta deste trabalho, fundamentado na Auditoria Ambiental como
forma de prevenção, é um procedimento de exame e avaliação periódico ou ocasional
do comportamento de uma empresa em relação ao meio ambiente, objetivando um
desenvolvimento sustentável, que atinja as gerações presentes e futuras, não só como
interessadas, mas também como titulares de direitos em relação ao desenvolvimento,
previsto constitucionalmente no art. 225, caput.
A indústria de mecânica pesada, objeto deste trabalho, por meio de uma
Política de Meio Ambiente, assumiu compromissos, considerando os aspectos e
impactos ambientais das diversas atividades, produtos e serviços por ela
desenvolvidos e tem procurado atender e monitorar a legislação pertinente às suas
atividades; prevenindo a poluição e buscando habitualmente a melhoria contínua nas
suas diversas atividades.
As Regras Gerais de Preservação Ambiental da empresa, desenvolvidas
pelo setor de Gestão Ambiental, das suas atividades de projeto, desenvolvimento e
fabricação de equipamentos, foram baseadas na ISO 14001.
6
Esse trabalho mostrará que as ações da indústria, na prevenção do dano
ambiental, trouxeram, não só uma sensível contribuição aos custos sociais da não
deterioração dos recursos ambientais, como demonstram os resultados das análises
da água, mas também um significativo custo/benefício para a empresa.
Assim, a evolução do pensamento ecológico ganha novos e relevantes
contornos e não mais um enfoque meramente científico ou técnico. O Meio
Ambiente passa a interessar aos que se preocupam com a degradação ambiental, sua
reparação e, principalmente, a prevenção do dano ambiental.
É desejado que este trabalho traga uma contribuição à escassa presença
de títulos sobre o assunto, imprescindíveis para a construção de uma nova história do
desenvolvimento brasileiro, que necessita ser praticada antes de ser escrita.
7
2. REVISÃO DA LITERATURA
Para BENJAMIN (1993), a conscientização humana de que o progresso a
qualquer preço não é sustentável em longo prazo e que os investimentos reparatórios
são mais caros que os investimentos preventivos, requer profundas mudanças das
práticas atuais, por meio dos novos padrões de produção e consumo.
Ainda que o Direito Ambiental faça parte de um desmembramento do
Direito Administrativo na visão de alguns autores, é na Constituição Federal do
Brasil, nossa Lei suprema, que retiramos a base da ordem jurídica e a fonte de sua
validade. Por isso, todas as leis a ela se subordinam e nenhuma pode contra ela
dispor.
Para MORAES (2001) e VARELLA e BORGES (1998), o Direito
Ambiental vem evoluindo com desenvoltura e cobrando importância crescente, em
face dos evidentes abusos predatórios causados pelo aumento da população e o
natural avanço científico e tecnológico.
A questão da nomenclatura é discutida por CARVALHO (1991), onde o
autor sugere variações para a disciplina como: Direito Ecológico, Direito do Meio
Ambiente e Direito Ambiental. Afirma o autor que a nomenclatura na ocasião ainda
não era uniforme, mas que “generalizam-se os que estão adotando a terminologia
Direito Ambiental”.
Para o jurista MEIRELLES (1977) o Direito Ambiental estuda os
princípios e regras que tendem a impedir a destruição ou a degradação dos elementos
da natureza. O autor ensina que esse conjunto de técnicas jurídicas depois de
sistematizados e informados por princípios apropriados, que tenham por fim a
8
disciplina do comportamento relacionado ao meio ambiente, podem assegurar um
adequado desenvolvimento econômico e social.
Segundo o mesmo autor o Direito Ambiental adquiriu sua autonomia
com base na legislação vigente, e em especial, com o advento da Lei nº. 6.938, de 31
de agosto de 1981, promovendo, inclusive, a inserção da matéria em várias
instituições de ensino em seus currículos, como exigência do próprio mercado de
trabalho, já que diversas atividades profissionais estão admitindo essa especialidade.
Embora MACHADO (1996) também faça uma ampla discussão para a
nomenclatura da matéria discutida, é em Direito Ambiental que o autor afirma ser a
mais ampla do que o Direito Ecológico, como citado por CARVALHO (1991). Por
essa razão, o autor reforça sua preferência pela primeira das denominações referidas.
Para ele, o tempo haverá de consagrar uma definição apropriada, pois o mais
importante é o conteúdo dessa nova disciplina jurídica.
Para SIRVINSKAS (2003, p.27), embora existam muitas definições do
Direito Ambiental elaboradas por juristas de renome, o autor prefere adotar um
conceito mais simples, onde afirma que “Direito Ambiental é a ciência jurídica que
estuda, analisa e discute questões e os problemas ambientais e sua relação com o ser
humano, tendo por finalidade a proteção do meio ambiente e a melhoria das
condições de vida no planeta”.
ANTUNES (2005) afirma que, aqueles que se preocupam com a tutela
jurídica do meio ambiente, precisam estabelecer uma adequada definição do Direito
Ambiental, mas não menos importante, expressar de forma clara e coerente os seus
métodos, o objeto jurídico tutelado, a extensão e os limites de seu campo de
incidência.
Desta forma podemos entender juridicamente o Direito Ambiental como
sendo um conjunto de regras concernentes à forma do Estado, à forma de governo,
ao modo de aquisição e exercício do poder, ao estabelecimento de seus órgãos, aos
9
limites de sua ação e, reforçamos, são constitucionais os nossos princípios ambientais
e todas as leis estão subordinadas a ela.
Em conformidade com os autores citados, observamos que o Direito
Ambiental tem, essencialmente, os seguintes objetivos:
a. Controle da poluição;
b. Preservação dos recursos naturais;
c. Restauração dos elementos naturais destruídos.
Segundo ATHIAS (1993), no que se refere à legislação pertinente, o
Brasil ainda não tem uma legislação codificada ou compilada sobre as matérias supra
citadas, cabe ressaltar, dentro da legislação federal e estadual, a Lei 7.347, de
24.7.1985, que disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos
causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico, bem como as Leis nºs. 6.938, de 31 de
agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, deferindo
competência ao Ministério Público para propor ação de responsabilidade civil e
criminal por danos causados ao meio ambiente e 9.605-98, que dispõe sobre os
crimes contra o Meio Ambiente.
Para ANTUNES (2005, p. 239), conceituar dano é um pressuposto
indispensável na “construção de uma teoria jurídica da responsabilidade ambiental”.
Para o autor, a inexistência do dano, cessa a responsabilidade do ressarcimento, desta
forma o dano deve estar devidamente “classificado, especificado e quantificado”.
Como demonstra o autor, “juridicamente é irrelevante o prejuízo que na sua origem,
um ato ou omissão imputável ao próprio prejudicado”. Desta forma, o dano será um
prejuízo causado a alguém por um terceiro que estará obrigado ao ressarcimento,
tornando essencial a ação ou omissão do terceiro.
Juridicamente, expõe o autor, que o dano implica em alteração negativa
de uma situação jurídica, material ou moral e cuja titularidade não possa ser atribuída
10
àquele que, voluntária ou involuntariamente, deu origem à citada alteração. Por essa
alteração negativa é que será “mensurada de forma que se possa efetivar o
ressarcimento”. Ainda juridicamente, a noção de dano sempre esteve ligada a um
conteúdo patrimonial, “na medida em que não se considerava prejuízo o menoscabo
de um valor de ordem íntima, vez que não tem conteúdo econômico imediato”.
Segundo o autor, o conceito puro e simples de dano não supre a
necessidade para a apuração e qualificação do dano ambiental, já que as
características deste não são apropriadas pelo Direito comum e em especial pelo
Direito privado.
Para ANTUNES (2005), o dano ambiental é aquele prejuízo causado ao
meio ambiente e para se caracterizar um dano ao meio ambiente, necessário se faz
caracterizar o conceito de meio ambiente e sua natureza jurídica. Para o autor, o
conceito de meio ambiente é uma questão cultural. Para ele, é a ação criativa do ser
humano que determinará o quê deve ser entendido como meio ambiente.
O meio ambiente é um bem jurídico autônomo e unitário,
que não se confunde com os diversos bens jurídicos que o integram. O bem
jurídico meio ambiente não é um simples somatório de flora e fauna, de
recursos hídricos e recursos minerais. O bem jurídico ambiente resulta da
supressão de todos os componentes que, isoladamente, podem ser
identificados, tais como florestas, animais, ar etc. Este conjunto de bens
adquire uma particularidade jurídica que é derivada da própria integração
ecológica de seus elementos componentes. Tal qual ocorre com o conceito
de ecossistema, que não pode ser compreendido como se fosse um simples
aglomerado de seus componentes, o bem jurídico meio ambiente não pode
ser decomposto, sob pena de desaparecer do mundo jurídico (...) Meio
ambiente é, portanto, uma res communes omnium. Uma coisa comum a
todos. ANTUNES (2005, p. 240. grifo nosso).
Para COELHO (2001, p. 23)
o ambiente ou meio ambiente é social e historicamente
construído. Sua construção se faz no processo da interação contínua entre
11
uma sociedade em movimento e um espaço físico particular que se modifica
permanentemente. O ambiente é passivo e ativo. É, ao mesmo tempo,
suporte geofísico, condicionado e condicionante de movimento,
transformador da vida social. Ao ser modificado, torna-se condição para
novas mudanças, modificando, assim, a sociedade. Para a ecologia social, a
sociedade transforma o ecossistema natural, criando com a civilização urbana
um meio ambiente urbano, ou seja, um novo meio, um novo ecossistema
Souza (1997, p. 13-35 apud COELHO, 2001, P.23) discute a questão do
espaço
O espaço social é, primeiramente ou em sua dimensão material
e objetiva, um produto da transformação da natureza (do espaço natural: solo,
rios etc.) pelo trabalho social. Palco das relações sociais, o espaço é,
portanto, um palco verdadeiramente construído, modelado, embora em graus
muito variados de intervenção e alteração pelo homem, das mínimas
modificações induzidas por uma sociedade de caçadores e coletores
(impactos ambientais fracos) até um ambiente construído e altamente
artificial como uma grande metrópole contemporânea (fortíssimo impacto
sobre o ambiente natural), passando pelas pastagens e pelos campos de
cultivo, pelos pequenos assentamentos etc
A reparação do dano ambiental está prevista no dispositivo constitucional
brasileiro em seu art. 225, § 3º que determina que:
As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar o dano.
O preceito legal contem duas imposições: uma de caráter penal e
administrativo, que configura como um castigo para o poluidor; a outra, no que diz
respeito ao dano ambiental, investe-se de um caráter diverso, que busca por meio
dela uma recomposição do que foi destruído, como se fosse possível.
Considerando o que foi exposto e definido por ANTUNES (2005), como
reparar o dano ambiental? Parecem acertar as decisões baseadas numa concepção de
12
condição mínima razoável do meio ambiente, promovendo a prevenção e, quando for
o caso, a reparação e repressão do dano ambiental.
No Brasil, como afirma ANTUNES (2005, p. 247), inexiste, ainda,
critérios para fixação do que efetivamente constitui dano ambiental e como este deve
ser reparado. “A primeira hipótese a ser considerada é a da repristinação do
ambiente agredido ao seu status quo ante”. É sabido que muitas vezes a degradação
é irreparável.
Na determinação do valor fixado, como relata o autor, como forma de
significar a espécie destruída pode-se correr o risco de estabelecer um sistema tétrico
pelos quais os que possuem recursos financeiros poderão arcar com a soma atribuída
como forma de compensação do dano, porém é um critério objetivo a ser aplicado ao
poluidor.
O autor demonstra outro critério, como o da a compensação, como forma
de pagamento pelo dano causado, onde a degradação de uma área deve corresponder
à recuperação de outra. Segundo o autor, o critério não é justo, pois as áreas podem
ser extremamente diversas e isso prejudica a restabelecer o ecossistema afetado.
O que se percebe, de fato, é que qualquer critério de reparação
do dano ambiental é sempre falho e insuficiente. Fundamentalmente, a
atividade ambiental deve ser regida pelos critérios preventivos. A
prevenção, contudo, implica no ataque a diversos interesses econômicos
bastante fortes, seja daqueles que pretendam promover a degradação
ambiental, seja daqueles que atuam na própria indústria da ‘recuperação’ do
meio ambiente. ANTUNES (2005, p. 248. grifo nosso).
Segue-se pela evolução histórica do Direito Ambiental, ainda carente de
maturidade e que teve início com regras secundárias, nas autorizações e licenças
outorgadas, que confundiam as regras ambientais como mais um requisito ao
licenciamento e, ainda, como uma variante do Direito Administrativo.
13
Com a implementação do instituto processual da Ação Civil Pública, que
sobrepôs a regra material, foi quase imediato o sucesso instrumental na solução de
conflitos, que deixou em segundo plano, pelo menos por algum tempo, a regra
matéria.
Existe, historicamente, um afastamento dos fatos cotidianos entre o
Direito Administrativo e o Direito Ambiental, que concebia o poder de polícia
estatal, ainda que baseado nos mesmos princípios, mas variavam em suas finalidades.
Enquanto o Direito Administrativo verificava a legalidade da atividade exercida pelo
administrado, o Direito Ambiental enfatizava o resultado desta atividade.
A partir de então, segundo ACETI JR (2002), a importância econômica
do Direito Ambiental aparece, enfatizando a instituição da responsabilidade civil
objetiva, solidificando, assim, o Direito Ambiental. É necessária, então, a
verificação dos efeitos jurídicos do relacionamento do Direito Ambiental com todos
os outros ramos do Direito. Sua hierarquia, conflitos entre normas ambientais e
outras normas do Direito, preleção e possível compatibilização. Esta sistemática de
significação possibilita o entendimento da matéria aqui tratada, onde requisitos
básicos e elementos dos diversos ramos do Direito se abarcam.
Para BESSERMAN (2003) existe uma vertente para a produção de
informações estabelecendo a ligação entre a economia e a natureza é a metodologia
de contas ambientais. Trata-se de tentativa de valorar monetariamente as questões
ambientais e integrá-las com o sistema de contas nacionais, procurando retratar a
relação entre desenvolvimento econômico, uso dos recursos naturais e degradação do
meio ambiente.
Para ANTUNES (2005) e MACHADO (1996), um dos requisitos
básicos, previsto no ordenamento jurídico, para o licenciamento de obras ou
atividades que possam degradar o meio ambiente são os chamados Estudos de
Impactos Ambientais, exigidos pelos órgãos de fomento na concessão de verbas para
projetos com esta natureza.
14
O estudo de impacto ambiental é um dos instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente (art. 9.º, III da Lei federal 6.938, de 31.08.81), que se
completam por meio do preceito constitucional e dos preceitos de legislação
ordinária (Lei federal 6.803, de 02.07.80 e com a lei acima citada) e que tem como
objetivo determinar um juízo de valor, favorável ou desfavorável ao projeto
apresentado.
A Resolução nº 1/86, do Conselho Nacional do Meio-Ambiente –
CONAMA, no seu art. 1º, fixou o conceito normativo de impacto ambiental:
Impacto Ambiental é qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma
de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam:
I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II – as atividades sociais e econômicas;
III – a biota;
IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V – a qualidade dos recursos ambientais.
Segundo COELHO (2001, p. 20)
As análises realizadas no campo dos impactos ambientais
falham, portanto, devido principalmente à falta de profundidade teórica e ao
seu reduzido poder explicativo (...) Os estudos urbanos de impacto ambiental
relacionam-se a um conhecimento insuficiente dos processos ambientais,
pautado numa noção defasada de equilíbrio e na ausência de uma teoria dos
processos ambientais integradora das dimensões físicas, político-sociais,
socioculturais e espaciais. Por outro lado, sendo a urbanização uma
transformação da sociedade, os impactos ambientais promovidos pelas
aglomerações urbanas são, ao mesmo tempo, produto e processo de
transformações dinâmicas e recíprocas da natureza e da sociedade estruturada
em classes sociais.
15
Para ANTUNES (2005, p. 271) impacto ambiental é o resultado da
intervenção humana positiva ou negativa sobre o meio ambiente, dependendo da
qualidade da intervenção desenvolvida.
Para COELHO (2001, p.25, grifo nosso)
Impacto ambiental é, portanto, o processo de mudanças sociais
e ecológicas causado por perturbações (uma nova ocupação e/ou construção
de um objeto novo: uma usina, uma estrada ou uma indústria) no ambiente.
Diz respeito ainda à evolução conjunta das condições sociais e ecológicas
estimulada pelos impulsos das relações entre forças externas e internas à
unidade espacial e ecológica, histórica ou socialmente determinada. É a
relação entre sociedade e natureza que se transforma diferencial e
dinamicamente. Os impactos ambientais são escritos no tempo e incidem
diferencialmente, alterando as estruturas das classes sociais e reestruturando
o espaço.
Impacto ambiental é indivisível. No estágio de avanço da
ocupação do mundo torna-se cada vez mais difícil separar impacto biofísico
de impacto social. Na produção dos impactos ambientais, as condições
ecológicas alteram as condições culturais, sociais e históricas, e são por elas
transformadas. Como um processo em movimento permanente, o impacto
ambiental é, ao mesmo tempo, produto e produtor de novos impactos. Como
produto, atua como novo condicionante do processo no momento seguinte. É
importante considerar que as novas condições não permanecem idênticas
àquelas do início do processo.
O impacto ambiental não é, obviamente, só resultado (de uma
determinada ação realizada sobre o ambiente): é relação (de mudanças sociais
e ecológicas em movimento). Se impacto ambiental é, portanto,
movimento o tempo todo, ao fixar impacto ambiental ou ao retratá-lo em
suas pesquisas o cientista está analisando um estágio do movimento que
continua. Sua pesquisa tem, acima de tudo, a importância de um
registro histórico, essencial ao conhecimento do conjunto de um
processo, que não finaliza, mas se redireciona, com as ações mitigadoras.
Para MACHADO (1996, p. 235, grifo nosso), a auditoria ambiental virá
sempre depois ao estudo prévio de impacto ambiental. Cabe a auditoria ambiental,
16
segundo o autor, “avaliar se as orientações contidas no estudo estão sendo
observadas e se os métodos de controle ambiental estão eficazes”.
Segundo ANTUNES (2005), BENJAMIN (1993), MACHADO (1996) e
SIRVINSKAS (2003), o Direito Ambiental preocupa-se com o princípio do poluidor-
pagador, visto que é este princípio que orienta, ou deveria orientar, a sua vocação
redistributiva. É a sua função de enfrentamento das deficiências do sistema de
preços. Esta polêmica questão decorre em outra: quem paga pelos danos ambientais?
O Estado e, a partir dele, todos os contribuintes ou o próprio poluidor? A questão
tem a ver com os custos sociais da deterioração dos recursos ambientais.
Rege o princípio do poluidor pagador que o agente causador do dano
deve pagar pelo ato lesivo ocorrido ao meio ambiente, cabendo ainda ao responsável
arcar com a compensação de tal dano. Esse princípio isenta o Estado o ônus pela
recuperação das áreas contaminadas pela poluição.
Segundo FREITAS (2004), os recursos ambientais como água e ar, em
função de sua natureza pública, sempre que forem prejudicados ou poluídos,
implicam em um custo público para a sua recuperação e limpeza. Este custo público
é suportado por toda sociedade. Economicamente, este custo representa um subsídio
ao poluidor que o princípio do poluidor pagador procura eliminar ou reduzir tal
subsídio a valores insignificantes. A idéia é que os custos não sejam suportados pelo
Poder Público nem por terceiros, mas sim pelos utilizadores.
Estas cobranças estão previstas na Lei Federal nº. 6.938, de 31 de agosto
de 1981, segundo a qual a Política Nacional do Meio Ambiente visa “à imposição, ao
poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados
e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos”.
Por julgar pertinente, este trabalho evidencia a definição de poluição
apresentada por BRANCO (1978), que considera qualquer modificação das
17
características de um ambiente natural, de modo a deixá-lo impróprio às formas de
vida que aquele ambiente abriga, tornando responsável pelas alterações das
características dos mananciais.
Segundo o autor, o curso de água está poluído se a composição ou estado
de suas águas seja, direta ou indiretamente, modificado pela atividade de um agente
poluidor, de forma que prejudique todas as utilizações às quais poderiam ser úteis no
seu estado natural.
Para BERNARDO (1993), a poluição pode ser responsável pelo
desequilíbrio do ciclo hidrológico normal, sendo causadora de alterações na
composição da fauna e flora do meio onde se encontra. Para o autor, a contaminação
é então uma conseqüência dessa poluição, podendo causar doenças para aqueles que
se utilizarem daquela água, por meio da introdução de substâncias ou organismos
nocivos à água.
Assim, segundo BENJAMIN (1993):
O estabelecimento de uma política ambiental séria e previdente
requer, não apenas uma ação voltada para o controle de fontes de poluição ou
de degradação ambiental e correção de situações críticas já existentes ou
exigência de reparação dos danos causados, mas uma ação preventiva
integrando a conservação e o desenvolvimento através de um adequado
ordenamento territorial e do aproveitamento racional dos recursos naturais.
O meio ambiente brasileiro, como dos países desenvolvidos ou em
desenvolvimento, também apresenta padrões de degradação, de maneira especial
àqueles causados por impactos de origem industrial. Assim, como enfoca ZIARA
(2003), torna-se indispensável, dessa forma, ampliar-se o foco de discussão dos
problemas ambientais brasileiros, procurando recuperar ou melhorar a qualidade
ambiental dos ecossistemas urbanos e procurar promover uma utilização racional e
responsável da reserva de recursos naturais ainda existentes.
18
Segundo COELHO (2001, p. 20)
Acredita-se, por exemplo, que os seres humanos, ao se
concentrarem num determinado espaço físico, aceleram inexoravelmente os
processos de degradação ambiental. Seguindo esta lógica, a degradação
ambiental cresce na proporção em que a concentração populacional aumenta.
Desta forma, cidades e problemas ambientais teriam entre si uma relação de
causa-efeito rígida.
Se a natureza é a base necessária e indispensável da economia, bem como
das gerações atuais e vindouras, o desenvolvimento sustentável, segundo
CAVALCANTI (1997), significa “qualificar o crescimento e reconciliar o
desenvolvimento econômico com a necessidade de se preservar o meio ambiente”.
O conceito acima evidencia que o desenvolvimento sustentável deve ser
analisado como uma alternativa ao conceito de crescimento econômico, que está
diretamente associado ao crescimento material quantitativo da economia de uma
sociedade, reforçando a idéia de que o crescimento econômico não pode ser
abandonado, mas examinado e avaliado periodicamente.
MACHADO (1996, p. 231) expõe “para que as gerações futuras possam
encontrar recursos ambientais utilizáveis, que não tenham sido esgotados,
corrompidos ou poluídos pelas gerações presentes, novos mecanismos de controle
ambiental foram concebidos e estão sendo introduzidos nas legislações”. O autor vê
na auditoria ambiental um forte aliado para um desenvolvimento sustentável e como
uma ferramenta de auxílio para a legislação.
O conceito oficial de Desenvolvimento Sustentável foi apresentado no
documento Nosso Futuro Comum, (documento elaborado em 1.987 pela Comissão
Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – ONU, também conhecido
como Relatário Brundtland ) que diz: “O suprimento das necessidades do presente
está associado à preservação das condições de vida das futuras gerações”
19
Assim, a necessidade da busca de soluções harmoniosas que consolidem
o conceito de desenvolvimento sustentável, sem, contudo prejudicar o necessário
processo de desenvolvimento socioeconômico brasileiro é imprescindível.
Uma estratégia possível que contribua com a realização desses objetivos
é a melhoria do desempenho ambiental da indústria e de outros agentes
ambientalmente impactantes, que deverão incluir como meta mínima à adequação
aos critérios e padrões ambientais legais.
Dessa forma, alguns autores propõem, como forma de prevenção, a
Auditoria Ambiental, como um procedimento de exame e avaliação periódico ou
ocasional do comportamento de uma empresa em relação ao meio ambiente,
objetivando um desenvolvimento sustentável, que atinja as gerações presentes e
futuras, não só como interessadas, mas também como titulares de direitos em relação
ao desenvolvimento, previsto constitucionalmente no art. 225, caput.
Para SALES (2001) a auditoria ambiental é
o procedimento sistemático através do qual uma organização
avalia suas práticas e operações que oferecem riscos potenciais ao meio
ambiente e à saúde pública, ;para averiguar sua adequação e critérios
preestabelecidos (usualmente requisitos legais, normas técnicas e/ou
políticas, práticas e procedimentos desenvolvidos ou adotados pela própria
empresa ou pela indústria a qual pertence). Nesse contexto, o termo
‘ambiental’ geralmente incluí os aspectos de saúde e segurança do trabalho.
Este processo se utiliza de alguns princípios e técnicas de verificação das
auditorias financeiras e auditorias operacionais. Trata-se de um processo de
avaliação por amostragem, por meio do qual são analisados os aspectos
ambientais mais relevantes da sua unidade auditada.
Para MACHADO (1996) a auditoria ambiental é
o procedimento de exame e avaliação periódica ou ocasional
do comportamento de uma empresa em relação ao meio ambiente. A
auditoria ambiental pode ser pública ou privada, conforme seja determinada
20
e/ou realizada pelo Poder Público ou pela própria empresa. A auditoria
ambiental privada tem sido impulsionada pela tomada de consciência das
vantagens na concorrência, que pode conferir a certas empresas a adoção de
medidas testemunhando sua "consciência ecológica" no plano da estratégia
de concorrência, dos novos produtos, novas tecnologias e dos novos sistemas
de gestão.
Para SIRVINSKAS, (2001, grifo nosso)
Trata-se de uma medida preventiva que procura encontrar
alternativas para se evitar danos ao meio ambiente em vez de se sujeitar a
multas administrativas ou à ação civil pública. É mais econômico tomar as
medidas preventivas do que assumir o risco de ter de reparar os danos
causados.
Assim, é extremamente importante e apropriada, a disseminação e
implementação de programas de auditoria ambiental na sociedade brasileira, dada a
reconhecida eficácia desse instrumento gerencial, como uma ferramenta preventiva
ao alcance da comunidade regulada no gerenciamento de suas responsabilidades
ambientais, bem como uma forma de cumprimento voluntário da legislação
ambiental.
A auditoria pode ser determinada pelo Poder Público (auditoria pública)
ou requerida de ofício pela própria empresa (auditoria privada). As empresas que
realizam auditoria demonstram, segundo SIRVINSKAS (2001), consciência
ecológica em relação às novas tecnologias. Não está determinada na lei a
periodicidade da auditoria ambiental. O tempo da auditoria deve considerar o tipo de
poluição causada pela empresa.
SIRVINSKAS (2001), sugere alguns aspectos a considerar na auditoria,
no quanto segue: a) os níveis de poluição causados pela empresa; b) as condições dos
equipamentos de controle de poluição; c) as medidas para a recuperação da área
afetada pela poluição; d) a capacitação dos funcionários responsáveis pela
manutenção e operação dos equipamentos de controle de poluição.
21
As empresas podem efetuar uma ação autofiscalizadora, segundo
MACHADO (1996), monitorando e medindo as emissões e o lançamento dos
efluentes, registrando-se continuamente ou em períodos predeterminados essas
informações para facilitar a auditoria ambiental e a manutenção da idoneidade da
empresa que a pratica.
Segundo SALES (2001), existem elementos básicos das atividades de
auditoria ambiental. Esses elementos são “espelhados” nos princípios da auditoria
financeira, com algumas variações, e adotados pelos esforços de padronização da
auditoria ambiental. Essas atividades estão divididas em fases, conforme mostra a
FIGURA 1 – Passos Básicos a Serem Observados no Típico Processo de Auditoria
(LITTLE, 1994, apud, SALES, 2001, p. 82-3)
22
Selecionar e agendar auditoria
da unidade
Planejamento da Auditoria •Definir escopo •Identificar tópicos prioritários •Modificar/anotar protocolos •Alocar recursos
Obter informações sobre antecedentes •Discutir o programa •Visita prévia •Questionário pré-auditoria
Entender sistemas de gestão •Entrevistas •Anotações de Campos
Avaliar pontos fortes e fraquezas •Riscos internos •Controles internos
Obter evidências para auditoria •Avaliação •Verificação •Amostragem
Avaliar constatações da auditoria •Resumo das constatações •Anotar exceções e observações
Reportar constatações da auditoria •Reunião de encerramento
Selecionar membros da equipe e confirmar sua disponibilidade
1
Atividades principais no local Atividades Pré-Visita
23
Acompanhamento
Emitir relatório final •Gerência da unid. de negócios •Gerência da unidade auditada •Departamento jurídico •Gerência ambiental
Planejamento de ação •Ações propostas para corrigir as não conformidades
•Resp. pelas ações corretivas •Estabelec. do cronograma
Preparar minuta de relatório revisada •Aspectos ambientais •Aspectos jurídicos •Gestão da unidade
1
Atividades pós-auditoria
FIGURA 1 – Passos básicos a serem observados no típico processo de auditoria.
24
Para SALES (2001) existem requisitos jurídicos utilizados como critério
legal na auditoria ambiental em suas atividades de controle, gerenciamento,
monitoramento e registro de desempenho ambiental, bem como os próprios
indicadores de desempenho ambiental estabelecidos pela legislação em vigor. Esses
critérios são os indicadores que deverão ser utilizados como padrão de comparação
no momento de se avaliar o desempenho ambiental da unidade auditada.
SALES (2001, p. 173) enfatiza “a importância do sistema jurídico no
desenvolvimento, formato e condução dos programas e atividades de auditoria
ambiental” com a participação e/ou atuação de um profissional do Direito,
elaborando normas, programas e políticas de auditoria ambiental, seja em programas
internos de instituições públicas ou privadas.
A Diretiva 1.836/93 da CE, conforme expõe MACHADO (1996, P.237),
conceitua auditor como
a pessoa ou equipe, pertencente ou não aos quadros da
empresa, agindo em nome do órgão superior da empresa, que disponha,
individual ou coletivamente das competências referidas no ponto C do anexo
II e suficientemente independente em relação às atividades que inspeciona
para poder formular um juízo objetivo.
A Diretiva 1.836/93 CE, no anexo II, C, diz:
As auditorias de ambiente devem ser executadas por pessoas
ou grupo de pessoas com um conhecimento adequado dos setores e áreas
sobre as quais incidirá a auditoria, incluindo conhecimento e experiência em
matéria de gestão de ambiente e questões técnicas de ambiente e
regulamentares relevantes e da necessária formação e competências
especificas para a condução de auditorias, de modo a poderem atingir os
objetivos fixados. Os recursos e o tempo consagrados à auditoria devem ser
adequados ao âmbito e aos objetivos da auditoria
Conforme expressa JESSUA (1992, p.147) o fato de o auditor fazer parte
da empresa, acarretará dificuldades próprias dos auditores internos. Dificuldades
25
estas que serão acrescidas na medida em que o meio ambiente ainda é, na maioria
dos casos, “o parente pobre da empresa”. Nesses casos o auditor tem sérios
problemas em ter a independência e poderes de que necessita para executar sua
tarefa. “Com efeito, no plano hierárquico, o auditor de meio ambiente não deverá
estar subordinado a outro diretor ou superior que esteja fora de uma direção de meio
ambiente ou de auditoria”.
Quanto da responsabilidade do auditor, conforme enfatiza MACHADO
(1996, p.239), não há porque a empresa voltar-se “regressivamente contra seus
empregados, a não ser em caso de dolo, pois presente está o vínculo de subordinação,
inegável na escala hierárquica de qualquer empresa”.
A auditoria ambiental não deveria ser somente “episódica” (Ob. cit.), nos
casos de catástrofes ambientais. “A rotina temporal de uma auditoria prende-se à
idéia do acompanhamento das medidas propostas, fazendo com que esse
procedimento não fique isolado dentro da cadeia de produção de uma empresa” (Ob.
cit., p.240. grifo nosso)
JESSUA (1992) afirma que a publicidade da auditoria não deve
sobrepor-se à análise objetiva e idônea do desempenho ambiental, omitindo
deficiências ou até mesmo oferecendo uma imagem distorcida dos fatos. Deve-se
dar conhecimento dos fatos verdadeiros, ainda que isso implique em denunciar
superiores hierarquicamente posicionados e seus responsáveis.
Para MACHADO (1996, p. 241, grifo nosso)
A auditoria ambiental em que preconiza a confiabilidade é
aquela que visa o ajustamento e o aconselhamento interno da empresa.
Diversa é a situação em que a auditoria visa obter a certificação de sua
qualidade ambiental. Aí é relevante a participação do publico.
Para FREITAS (2004) e de interesse deste trabalho, a utilização da água
sem limites nunca foi tema de preocupação para a população brasileira. Hoje, a
26
situação está mudando a forma de ser e pensar dos brasileiros. É comum vermos
debates, programas televisivos, notícias nos meios de comunicação sobre o assunto
que anteriormente circulava somente na área técnica especializada.
É na Constituição Federal, no seu art. 20, III, que temos a integração da
água como bem da União:
São bens da União: os lagos, os rios e quaisquer correntes de
água em terrenos de seu domínio, ou que banham mais de um estado, sirvam
de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais.
GRAF (2004, p. 55) trata a água como um bem ambiental:
Para que um bem possa ser considerado ambiental, ele deve
ser, além de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida. Os
bens essenciais à sadia qualidade de vida são aqueles fundamentais à garantia
da dignidade da pessoa humana, que constitui um dos fundamentos do Estado
Democrático de Direito (CF/88, art. 1º, III) e, que estão relacionados com os
direitos fundamentais referidos no art. 6º da Constituição: o direito à
educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à segurança, à previdência social, à
proteção da maternidade e à infância e, à assistência aos desamparados.
BRUNONI (2004) trata conceitualmente a poluição hídrica. O autor
afirma que não é o fato da água conter impurezas que a configura como poluída, já
que “água absolutamente pura não é encontrada na natureza”. O que ocorre é que a
ação inadequada do homem, “as características naturais da água podem ser alteradas
de tal modo que sua utilização se torne prejudicada”.
Para BRUNONI (2004, p. 91, grifo nosso)
A poluição, assim, pode ser diagnosticada não rara vezes
visualmente, em razão da cor (muito escura), materiais sedimentáveis e
flutuantes (v.g. espumas), cheiro muito forte etc.; contudo, em relação a
certos materiais orgânicos e químicos nocivos, a detecção da poluição da
água se torna possível apenas mediante análise laboratorial.
27
Cabe ressaltar que para o reconhecimento da poluição sob os aspectos
jurídicos é imprescindível que estejam previamente estabelecidos os critérios de
avaliação dos prejuízos resultantes de determinadas ações.
Ainda segundo BRUNONI (2004), o conceito de poluição pode ser
abrangente ou restrito, valendo-se o Direito sempre dos elementos fornecidos pela
biologia, química e física. Sob o ponto de vista prático, “ao Direito importa
essencialmente o conceito restrito de poluição, já que ele dependerá sempre da
capacidade diluidora do curso d’água para depurar os resíduos nele lançados (...) a
poluição deve ser avaliada de acordo com a respectiva destinação da água”.
Para SIRVINSKAS (2003, p. 143)
Poluição hídrica é a degradação da qualidade ambiental
resultante de atividade que direta ou indiretamente lance matérias ou energia
nas águas em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. (...) é a
alteração dos elementos constitutivos da água, tornando-a imprópria ao
consumo ou à utilização para outros fins.
Anteriormente considerada como bem inesgotável, a água vem recebendo
tratamento especial por toda humanidade. O esgotamento dos recursos naturais e o
aumento populacional tornaram esse bem cada vez mais disputado.
Existem quatro princípios estabelecidos pela Conferência Internacional
sobre Água e Desenvolvimento, realizada em Dublim (Irlanda) no ano de 1992 que
reforçam nosso interesse pela água e mencionadas por ANTUNES (2005). São eles:
a) a água é um recurso finito e vulnerável, essencial para a manutenção da vida,
do desenvolvimento e do meio ambiente;
b) o desenvolvimento e a administração da água devem estar baseados em uma
abordagem participativa, envolvendo os usuários, planejadores e elaboradores
de políticas públicas, em todos os níveis;
28
c) a mulher desempenha um papel central na administração, na proteção e na
provisão da água;
d) a água tem valor econômico em todos os seus usos e deve ser reconhecida
como um bem econômico.
Esses princípios incorporam ao setor hídrico o direito ambiental, que ora
ressaltamos. “Aprender a valorizar a água como recurso escasso é fundamental para
que esta não seja desperdiçada inutilmente” opus cit.
A legislação brasileira, como mostra FREITAS (2004), sempre tratou a
água como algo limitado a conflitos de vizinhança ou aproveitamento para energia
elétrica, conforme nosso Código Civil nos seus arts. 563 a 568 e, posteriormente, no
Código de Águas, Decreto 24.643, de 10.07.1934, dando um enfoque mais sob a
ótica do direito privado do que do direito público.
Somente com a promulgação da Constituição de 1988, é que as águas
“superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes ou em depósito, ressalvadas,
nesse caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União (CF, art. 26,I). Os rios
e lagos internacionais ou que banhem mais de um estado passaram ao domínio da
União (CF, art. 20, III)”, passaram a ser um bem do Estado segundo FREITAS
(2004, p. 20) deixando a água de ser tratada como um bem particular.
Como descreve FREITAS (2004), a partir de então, houve uma
regulamentação da matéria e foi criada a Agência Nacional de Águas – ANA, por
meio da Lei 9.984, de 17.02.2000, entidade federal incumbida do controle e da
gestão do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que tem como
objetivo implementar uma política nacional de recursos hídricos, conceder outorgas
na esfera federal e organizar o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos
Hídricos.
Desde então, a água passou a ser vista como um bem de domínio público
e um recurso natural limitado, dotado de valor econômico, nos termos do art. 1º, incs
I e II da Lei 9.433, de 08.01.1997. A partir de então aquele que usa deve pagar, o
29
que difere do que se faz atualmente, pois o que se paga é a prestação dos serviços de
captação de água e o seu tratamento.
O preceito legal supra citado, em seu art. 11 e ss, deixa claro que não
existem águas particulares ou municipais, cabendo à União e aos Estados conceder
outorga de direitos de uso dos recursos hídricos, o que não significa alienação das
águas, mas sim, um simples direito de seu uso.
Nos incs. I e II do art. 2º da Lei 9.433/97 estão explicitados os princípios
de desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos:
I – assegurar à atual e às futuras gerações a necessária
disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos
usos;
II – a utilização racional e integrada dos recursos hídricos,
incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento
sustentável.
No Estado de São Paulo, o Decreto 32.955, de 1991, atribui à CETESB
prevenir e controlar a poluição das águas. Aos municípios, conforme ressalta GRAF
(2004), foi estabelecida a competência de legislar sobre o assunto de interesse local e
de suplementar as legislações federal e estadual, no que couber, nos termos dos incs.
I e II do art. 30 da Constituição Federal.
Não se pode negar, conforme mostra MACHADO (1996, p. 311), que os
efluentes domésticos e industriais são matéria de “inegável” interesse local. Assim,
não se pode “esquecer que a quantidade e a qualidade das águas e rios, ribeirões,
riachos, lagos, represas, vão depender da implementação da política ambiental e da
legislação existentes, com referência, notadamente, ao ordenamento do território do
Município”.
30
3. MATERIAL E MÉTODO
3.1 O Roteiro da Auditoria
Quando as auditorias incluem um exercício de rastreabilidade ou
possuem um roteiro por meio de documentos, tendem a ser mais informativa e
podem ser efetuadas nos modos para frente ou para trás. Esse tipo de auditoria é
também aceita por amostragem, como utilizado neste trabalho que considerou os
laudos de efluentes no exercício de 2004.
As atividades iniciais na indústria consistiram em entender as diversas
atividades desenvolvidas pela indústria e avaliar a integridade da gerência; avaliar o
controle interno e preparar um plano de ação.
Os laudos analisados utilizaram o Standard methods for the examination
of water and wastewater - 1998 e basearam-se em amostras retiradas para teste e
análises físicas, químicas e bacteriológicas das lagoas de entrada e saída do sistema
de captação e utilização de água pela indústria. Esse procedimento permite uma
verificação in loco dos sistemas de controle, observando as regras e os
procedimentos da pessoa encarregada de fazê-lo.
Também foram analisados os laudos das águas fluviais da lagoa de
emergência e das musculaturas e vísceras dos peixes das lagoas do sistema de
captação e utilização de água.
Os laudos, emitidos por uma empresa do ramo, desempenham a função
de relatório de auditoria, que têm por objetivo informar o setor de Gestão Ambiental
31
da indústria sobre a eficácia do sistema de geração de água. O documento
proporciona uma avaliação do grau de conformidade e não-conformidade visto pelos
resultados das análises dos laudos.
Os laudos apresentados á chefia do setor competente, que tem a
necessária habilidade de comunicação e permite descrever a substância do relatório,
servem para destacar quaisquer não-conformidade e discutir ações corretivas e
preventivas apropriadas.
A auditoria acompanhou, no seu âmbito e como forma de prevenção, o
desempenho dos dirigentes e/ou responsáveis na empresa e observou a conduta
funcional dos funcionários da indústria de mecânica pesada, avaliando o
cumprimento das metas das Regras Gerais de Preservação Ambiental próprias,
desenvolvidas pelo setor de Gestão Ambiental em conformidade com as normas
ambientais, no que diz respeito à geração, destinação e consumo de água.
Se apurado um ato ou fato que evidenciasse a ilegalidade ou
irregularidade praticada, dar-se-ia ciência aos responsáveis para a tomada de
providências de sua competência, para adequação das normas à política nacional do
meio ambiente, orientando para uma redistribuição preventiva, integrando a
conservação e o desenvolvimento sustentável, mas no período analisado por este
trabalho não foram constatados fatos em desconformidade com as normas ambientais
pertinentes.
Os laudos constantes no Anexo 5 e os resultados apresentados no
capítulo 4 deste trabalho, fazem o papel de relatório final escrito como sugere a
FIGURA 1, que teve como objetivo documentar os resultados da auditoria.
3.2 A Industria de Mecânica Pesada
A indústria de mecânica pesada está situada no município de Taubaté –
SP e nas suas atividades de projeto, desenvolvimento e fabricação de equipamentos,
32
reconhece a proteção ambiental como uma de suas prioridades. A FIGURA 2 ilustra
a localização do município de Taubaté no Estado de São Paulo – Brasil.
FIGURA 2 - Imagem Ilustrativa da Localização de Taubaté - SP.
Por meio de uma Política de Meio Ambiente, baseada na ISO 14001 e
conforme expresso na cartilha Regras Gerais de Preservação Ambiental elaborada
pela equipe de Gestão Ambiental da indústria, a empresa assumiu compromissos,
considerando os aspectos e impactos ambientais das diversas atividades, produtos e
serviços por ela desenvolvidos. Procura atender e monitorar a legislação pertinente
às atividades por ela desenvolvidas; prevenir a poluição e buscar habitualmente a
melhoria contínua.
Atender e monitorar a legislação, segundo a empresa, é procurar adequar-
se à legislação federal, estadual, municipal e normas técnicas ambientais aplicáveis
além de outros requisitos de conhecimento aplicáveis.
Na prevenção da poluição, a empresa aplica nos seus processos e
práticas, materiais ou produtos que evitem, reduzam ou controlem a poluição, que
Região do Vale do Paraíba e Taubaté
Região do Vale do Paraíba e Taubaté
33
inclui: a reciclagem, tratamento, mudanças no processo, mecanismos de controle, uso
eficiente de recursos e substituição de materiais.
Para a melhoria contínua a empresa desenvolve procedimentos de
aprimoramento do Sistema de Gestão Ambiental – setor específico criado para gerir
as questões ambientais na empresa – que visa atingir melhorias no desempenho
ambiental global com vistas à política ambiental.
Faz parte ainda, dos objetivos da empresa a otimização do uso da
energia, recursos naturais e materiais nos programas de gestão ambiental, bem como
programas corporativos e divulgação dos aspectos impactantes. A FIGURA 3
demonstra uma visão geral da empresa.
34
FIGURA 3 – Vista Geral da Indústria de Mecânica Pesada.
35
3.2.1 A indústria e a ISO 14001
As Regras Gerais de Preservação Ambiental da empresa, desenvolvidas
pelo setor de Gestão Ambiental, das suas diversas atividades de projeto,
desenvolvimento e fabricação de equipamentos, foram baseadas na ISO 14001.
Segundo a cartilha da empresa Regras Gerais de Preservação Ambiental
– Área de Segurança, Higiene e Meio Ambiente de janeiro de 2004, a sigla ISO
significa International Standards Organization, já traduzido como Organização
Internacional de Normas que é uma federação mundial de entidades nacionais de
normatização e que congrega mais de 150 países, o que representa aproximadamente
94% da produção industrial do mundo. Trata-se de uma organização não-
governamental internacional, que foi constituída em fevereiro de 1947, com sede em
Genebra (Suíça), com o principal objetivo de criar normas internacionais.
A ISO 14001 é uma norma da série ISO 14000, que tem suas
especificações e diretrizes para a implementação de um Sistema de Gestão
Ambiental SGA. Trata-se, portanto, de uma norma ambiental.
A propositura de normas dessa natureza ocorreu no Brasil durante a
realização da ECO 92, na cidade do Rio de Janeiro. A proposta foi acatada pela ISO
em junho de 1993, em Toronto no Canadá. Na ocasião foi criado um comitê para a
sua elaboração e em outubro de 1996 a norma ISO 14001 foi publicada.
3.2.2 A empresa e seu Sistema de Gestão Ambiental
A indústria, por meio de um Sistema de Gestão Ambiental próprio,
buscando uma contínua melhoria, desenvolveu uma cartilha de Regras Gerais de
Preservação Ambiental, com os aspectos ambientais identificados foram baseadas na
ISO 14001.
36
Dada à diversidade das atividades de projeto, desenvolvimento e
fabricação de equipamentos da indústria, este trabalho tratará da geração, destinação
e consumo de toda água utilizada na empresa.
3.3.3 A empresa e a geração, destinação e consumo de água
A empresa, por meio da Portaria DAEE n. 245 de 28 de março de 2000,
foi autorizada a utilizar e/ou interferir nos recursos hídricos do Ribeirão Pinhão,
também conhecido como córrego José Raimundo, para fins de atendimento sanitário
e industrial, na captação de 21.000 m3/mês. A FIGURA 4 demonstra o local de onde
são captados os recursos hídricos utilizados pela empresa.
FIGURA 4 - Lagoa de captação de água, interligada à represa.
Segundo RECURSOS HÍDRICOS (2001), o ribeirão Pinhão, afluindo na
margem direita do rio Paraíba do Sul, corta o município de Taubaté no sentido
sudeste/noroeste e tem sua nascente à montante da rodovia Carvalho Pinto, no
divisor de águas da bacia do ribeirão Itaim, este por sua vez pertencente à bacia do
rio Una. A FIGURA 5 ilustra o ribeirão Pinhão e sua localização.
37
FIGURA 5 – Ribeirão Pinhão e sua localização (RECURSOS HIDRICOS, 2001).
A bacia do ribeirão Pinhão encontra-se em área perimetral urbana do
município de Taubaté e possuí uma área de 29,25 km 2, correspondendo a 4,8% da
área total do município de Taubaté (609 km2). A FIGURA 6 ilustra a área
perimetral do córrego.
A bacia do ribeirão Pinhão é um importante fator de expansão do
município de Taubaté, contendo grande área de expansão urbana e um número
significativo de indústrias e núcleos urbanos, bem como atividades agrícolas na área
de várzea (lavoura temporária, principalmente arroz), dividindo espaço com
empresas extratoras de areia.
38
FIGURA 6 – Ribeirão Pinhão e área perimetral (RECURSOS HIDRICOS, 2001).
A ocupação diversa da área de várzea em conseqüência das
características físicas do terreno favorece a construção de edificações em razão da
superfície plana e estável. Por isso, a principal área urbana consolidada encontra-se
neste setor, assim como a maior concentração de indústrias de grande porte,
incluindo a indústria de mecânica pesada objeto de estudo deste trabalho. Pela
proximidade com a área rural, o córrego ainda preserva uma das maiores
concentrações de áreas verdes da bacia.
O córrego recebe o esgoto sem tratamento de diversos bairros de
Taubaté, de pequenas industrias e clubes localizados na sua bacia. Devido a grande
carga de esgoto que recebe, quando o córrego chega nas dependências da indústria, o
mesmo apresenta padrões de degradação de acordo com as normas ambientais
estabelecidas pelo artigo 18 do Decreto Estadual 8.468 de 08/09/1976, conforme
39
constatado na TABELA 1 que foi baseada nos laudos constantes no anexo 5. A
FIGURA 7 demonstra uma vista geral da represa já nas dependências da indústria.
FIGURA 7 - Vista geral da represa do córrego José Raimundo.
Segundo CASSME (2004), o principal fator limitante de resíduos
orgânicos biodegradáveis à sua estabilização na água é o oxigênio e o processo para
seu fornecimento é um dos fatores mais importantes em qualquer processo de
biodegradação. Existem, basicamente, duas opções para esse fornecimento: utilizar
uma fonte física de oxigênio (como o ar atmosférico) ou uma fonte bioquímica (a
fotossíntese por algas).
O ar atmosférico pode ser utilizado de duas maneiras principais:
aumentando-se a superfície líquida em relação ao seu volume, de forma a se oferecer
a maior área possível de contato do líquido com o ar; ou promovendo-se agitação na
água (turbulência), de modo a misturar continuamente sua película superficial
(saturada de oxigênio) com o restante da massa líquida, ao mesmo tempo em que é
renovada a película superficial exposta ao ar. Borbulhando-se ar no interior da
massa líquida, traz resultados idênticos à alternativa anterior, com os inconvenientes
de ordem prática.
No caso da indústria, objeto de estudo deste trabalho, optou-se pelo
aumento da área de contato do líquido com o ar, para obter maior oxigenação
conforme ilustra a FIGURA 8.
40
O aumento da superfície líquida do córrego nas dependências da
indústria em relação ao seu volume, onde se pode observar a presença de mata ciliar
e vegetação mantida às suas margens, propiciam a decantação e decomposição de
resíduos, e pode decorrer numa sensível melhora da oxigenação do córrego,
permitindo, então, a existência de peixes na represa. É o resultado da ação da
natureza em um espaço preservado.
FIGURA 8 - Vista geral da represa com mata ciliar e vegetação preservada.
Após a captação de água no córrego José Raimundo, ela é bombeada para
a Estação de Tratamento de Água (FIGURA 9). Existe uma Planilha de Controle de
Processo, anexo 1, para acompanhamento, com os parâmetros de controle, hora e
local de captação, entre outros itens.
FIGURA 9 - Estação de Tratamento de Água - ETA.
41
A FIGURA 10 descreve os procedimentos básicos das situações
possíveis do perfil prático da E.T.A. Este procedimento é feito diariamente e são
registradas num livro de ocorrências, comunicando, se for o caso, as anormalidades
para serem corrigidas.
Ativar o sistema
Extração de lodo
Preparar produtos
Dosar produtos
Coletar amostras
Ensaios atende limites?
Lavar filtros
Desativar sistema
Limpar sistema
Regular dosagem Manter Dosagem
Repetir ensaios periodicamente
FIGURA 10 – Perfil prático da ETA.
O fluxograma da FIGURA 11 descreve o procedimento básico nas
situações possíveis para cloração por aplicação de Sulfato de Alumínio na água a ser
tratada na ETA.
42
Aumentar Dosagem
Ensaio: Cloro residual
Atende limite?
Dosagem Hipoclorito Sódio
Coleta de amostra a ser ensaiada
Limite Cloro residual
Manter Dosagem
Diluição Hipoclorito Sódio
Diminuir Dosagem
Atende limite?
FIGURA 11 - Esquema da cloração/desinfeção/aplicação de produto
43
3.2.3.1 As regras da geração de resíduos da água
Os efluentes orgânicos provenientes de banheiros e/ou restaurantes os
esgotos dos sanitários e restaurantes são coletados na rede de esgoto e enviados para
tratamento nas lagoas aeróbia e anaeróbia do sistema de tratamento de resíduos
orgânicos.
A água contaminada com óleos e graxas residuais dos serviços de
montagem e manutenção, retirados de máquinas por motivo de substituição ou
vazamentos, são acondicionados em tambores devidamente identificados e
destinados para a área de resíduos.
A indústria possui um depósito de óleos e outros produtos químicos não
reagentes e não inflamáveis conforme mostrado na FIGURA 12. Faz parte do
sistema, uma bacia de contenção com águas residuais que tem capacidade para reter
todo o volume de produto armazenado, diante de um eventual combate a incêndio. O
mesmo tratamento é disponibilizado ao sistema de armazenamento de resíduos
perigosos, enquanto aguardam destinação segura.
FIGURA 12 - Depósito de óleos e outros produtos químicos não reagentes e não
inflamáveis.
44
A indústria possui um depósito de materiais inflamáveis como tintas,
solventes, entre outros como mostra a FIGURA 13. O depósito foi construído em
uma área isolada, distante das galerias de águas pluviais. O depósito possui um
sistema próprio de coleta e drenagem de produtos, utilizados em caso de
derramamento. Os galpões de pintura possuem sistema de insuflação e exaustão com
filtros, o que evita a contaminação do ar com materiais poluentes.
FIGURA 13 - Depósito de materiais inflamáveis e de pintura.
O sistema possui uma estação de tratamento de efluentes industriais –
ETE Industrial, que é responsável pelo tratamento das águas residuais contaminadas
com óleos, graxas e outros produtos químicos, oriundos de máquinas, processos
industriais e lavagem de peças mostrado na FIGURA 14.
45
FIGURA 14 - Estação de tratamento de efluentes industriais - ETE Industrial.
O princípio de funcionamento da Estação de Tratamento de Efluentes
Industrial consiste em duas etapas: 1. Tratamento Primário e 2. Tratamento
Secundário.
O tratamento primário ou pré-tratamento é constituído por um tanque de
captação, que recebe todo efluente drenado pela rede da fábrica, e está localizado no
ponto de saída dos efluentes da fábrica; em seguida o líquido será bombeado para o
tanque de recepção (reservatório).
Quando o líquido existente no tanque de recepção atingir um volume de
ordem de 6,5 m³, o operador aciona o sistema de bombeamento, que fará a
transferência deste para o tanque de reação. Ao completar o nível de trabalho do
tanque de reação o operador desliga a bomba de transferência e inicia o processo de
tratamento.
O tratamento secundário consiste em remover gotículas de óleo
emulsionado e partículas de reduzidas dimensões (sólidos suspensos) e diferentes
composições, não separáveis por meios físicos de forma economicamente viável.
Sendo assim, o efluente deverá receber a adição de coagulantes, cujas moléculas se
formam preferencialmente ao redor de “sementes”, que são as partículas
supracitadas.
46
O funcionamento do sistema de tratamento se dá da seguinte forma:
a) O sistema de tratamento consiste basicamente na adição de coagulantes
(sulfato de alumínio e carbonato de sódio) e seguido por acerto de pH.
b) Em seguida o efluente tratado sofrerá remoção de sólidos por passagem pelo
filtro - prensa através de acionamento manual da bomba do próprio filtro, ao
atingir o nível mínimo do tanque do efluente tratado, há o desligamento
manual da bomba.
c) O líquido de saída do filtro – prensa será transferido automaticamente por
uma bomba com controle por bóia de nível máximo/mínimo para a rede da
lagoa de separação de água e óleo.
São analisados nos efluentes:
• pH – em cada tratamento;
• Temperatura – em cada tratamento;
• Óleos e Graxas (Substâncias solúveis em hexana) – Trimestral;
• Metais Pesados – Semestral.
A análise dos efluentes é baseada no Decreto Estadual 8.468 de 08/09/76
artigo 18 (Padrão de lançamento de efluente). O modelo de documento de controle
de operação da ETE – Industrial está no anexo 2 e o modelo de documento de
Controle de Movimentação de Materiais e Operação da Estação de Tratamento de
Efluentes está no anexo 3.
São realizadas inspeções rotineiras nos equipamentos que compõem a
operação e distribuição da etapa de correção de pH da água. Os valores obtidos nas
análises físico-químicas da água são registrados na planilha de controle de processo.
Após, são analisados os valores obtidos a fim de prevenir e sanar anormalidades o
mais rápido possível.
Para os procedimentos descritos acima, são utilizados: o tanque dosador
com solução de Carbonato de Sódio previamente preparado, a bomba dosadora de
47
produto químico e a mangueira plástica acoplada á bomba dosadora e ao ponto de
aplicação do produto.
Para a correção do pH, são adotados os seguintes procedimentos:
1. Após diluição e preparo do produto químico utilizado, é conectada a
mangueira acoplada à bomba no tanque dosador.
2. Em seguida ativa-se a bomba dosadora.
3. Depois o produto é aplicado por um sistema de conta-gotas, acima do
vertedor da câmara de recepção de água bruta ou em outro ponto a ser
estabelecido.
4. Deve-se executar ensaio de determinação de pH nas amostras de água.
5. Com base nos resultados obtidos, deve-se regular a dosagem de produto nas
bombas doadoras a fim de controlar o limite de pH, conforme normas
vigentes da água potável (pH 5-9).
O fluxograma apresentado na FIGURA 15 ilustra as etapas realizadas na
correção do pH.
48
Ensaio: pH
Atende limite?
Dosagem Carbonato Sódio
Coleta de amostra a ser ensaiada
Limite de pH
Manter Dosagem
Diluição Carbonato de Sódio
Diminuir Dosagem
Aumentar Dosagem
pH atende limite?
FIGURA 15 – Correção pH / aplicação de produto.
O óleo solúvel gerado no processo industrial da empresa será coletado
em tambores devidamente identificados e enviados para a estação de tratamento de
efluentes industriais, para passar por um processo de desemulsificação por meio de
polímeros à base de amida com características ácidas.
Depois de armazenado em um reservatório com volume útil de 6,5m³, e
após o nível do líquido atingir o volume útil do sistema, será iniciado o processo de
desemulsificação ilustrado nas FIGURAS 16 e 17, como segue:
49
1. O tratamento químico será a flotação do óleo por meio de
polímeros com características flotantes. A dosagem será efetuada
por meio de um balde plástico contendo uma mistura de 8,0 litros
de Procytrat 100A e 2,0 litros de Procytrat 100B. Após a
dosagem o sistema passa por agitação durante 10 minutos,
ficando em repouso por 1,0 hora.
2. O efluente desemulsificado será liberado gradualmente para o
sistema de coagulação - Tratamento secundário.
Agitador
Adição de óleo para tratamento
Adição de produtos Procytrat 100 A e Procytrat 100 B
Capacidade Máxima Total de Tanque = 6,5 m³
FIGURA 16 – Tanque de desemulsificação.
Depois do tratamento químico, as águas são lançadas nas lagoas de
tratamento anaeróbio e aeróbio; os óleos são separados e enviados para reciclagem;
os materiais particulados, retidos nos filtros, são classificados e enviados para aterro
sanitário.
50
Diminuir Dosagem
Aumentar Dosagem
Limites Estáveis?
Ensaios: pH,cor,turbidez e
alcalinidade Atende limites?
Dosagem Sulfato de Alumínio
Coleta de amostra a ser ensaiada
Limites turbidez,alcalinidade
cor e pH
Manter Dosagem
Diluição Sulfato de Alumínio
FIGURA 17 - Esquema de coagulação e floculação /aplicação de produto químico.
No tratamento aeróbio, quando se trata de resíduos orgânicos
biodegradáveis, o principal fator limitante à sua estabilização na água é o oxigênio,
como citado anteriormente, e o processo para seu fornecimento é um dos fatores
mais importantes em qualquer processo de biodegradação.
Com o tratamento anaeróbio, procura-se obter, em instalações especiais,
a mesma seqüência de fenômenos que se verifica nos depósitos de lodo orgânico
formados nos cursos de água altamente poluídos. O processo é semelhante, sob
51
muitos aspectos, à digestão de alimentos nos organismos animais. No decorrer do
processo reconhece-se uma fase na qual dá-se a liquefação do material tal como na
digestão dos animais, transformando-os por hidrólise os corpos em suspensão de
tamanhos relativamente grandes, sedimentáveis, em substâncias solúveis ou, pelo
menos, em um estágio intermediário finamente dividido.
O processo é realizado por enzimas produzidas pelas bactérias, que são
liberadas para o meio, solubilizando partículas orgânicas para que possam ser
ulteriormente assimiladas pelas células bacterianas. Em seguida observa-se a
gaseificação desse material solúvel, absorvido pelas células, através de uma ação
enzimática no interior das próprias bactérias (liberando principalmente gás
carbônico, metano e gás sulfídrico).
Os princípios de funcionamento das lagoas, já descritos, muitas vezes são
consideradas como uma extrapolação do processo de lodos ativados com aeração
prolongada, em que os equipamentos de aeração são substituídos pela ação
fotossintética das algas. Os tanques de terra construídos de acordo com certas regras
que favorecem sua eficiência, facilitam também sua operação e a manutenção. O
afluente é introduzido na lagoa para facilitar sua diluição no meio aquoso.
A principal desvantagem dessas lagoas reside na enorme área requerida
para sua instalação, que é cerca de dez vezes maior do que a do valor de oxidação de
capacidade equivalente, e trinta a cinqüenta vezes maior que a de instalações
compactas de lodos ativados. Entretanto, optou-se por esse sistema por haver áreas
planas disponíveis e constitui-se no tratamento mais adequado para a maioria dos
despejos biodegradáveis, pela sua simplicidade de construção e manutenção.
Devido ao tempo prolongado de detenção - geralmente entre dez e
sessenta dias - não há, praticamente, necessidade de operação. A manutenção é fácil:
conservar o talude interno livre de vegetação, manter a limpeza, consertar as avarias
causadas pela erosão originadas pelas chuvas, observar se ocorre o aparecimento de
52
caramujos que possam ser transmissores da esquistossomose, detectar alterações da
cor verde da superfície, aparecimento de mau cheiro, entre outros.
Os vazamentos nos bancos de provas/testes das áreas de montagem são
bombeados ou enviados, por gravidade, para a Estação de Tratamento de Efluente
industrial – ETE – Industrial.
Óleos com água e outros produtos químicos residuais da área de
ensaio/testes de turbinas a vapor, são coletados diretamente em bacia de contenção, e
destinados, por gravidade, também para a ETE - -Industrial.
Na geração de água contaminada com solventes, detergentes, produtos
químicos em geral/metais, as águas residuais de lavagem de piso, que contém sabão
biodegradável e traços de óleos, são depositadas em separadores distribuídos em
pontos estratégicos na produção. Após a decantação, as águas são destinadas à rede
de esgoto orgânico. As águas residuais da área de lavagem de veículos,
equipamentos e peças para o jato de granalha, são coletadas na bacia do sistema e,
por gravidade, encaminhadas para ETE - Industrial.
Na geração de água com material particulado, as águas com materiais
particulados de lavagem de piso industrial, são recolhidas em separadores
apropriados, distribuídos em diversos pontos na fábrica ou na rede de resíduos
industriais, ligados à ETE - Industrial. Nunca deve ser descartada na rede de águas
pluviais ou ralos de esgoto.
Na geração de água contaminada com óleos e outros produtos de
incêndio, diante de uma eventual situação de emergência, deve ser estancada e
recolhida, dentro do possível, em tambores para tratamento. Caso o vazamento atinja
a rede de águas pluviais, deve-se comunicar aos responsáveis da área para a adoção
de medidas de controle. Estas medidas podem incluir a convocação da brigada de
emergência, para contenção do vazamento e/ou ação junto à lagoa de emergência. O
colaborador ou terceiro que verificar a ocorrência de vazamento ou derramamento
53
superior a 200 litros, deve comunicar imediatamente à sua supervisão, e em casos de
urgência ao guarda da portaria II, pelo ramal 3333.
Existe, no sistema de recuperação da água utilizada no processo de
produção, duas torres de resfriamento da Unidade de Geradores que reciclam as
águas utilizadas nos trocadores de calor da área, mostrado na FIGURA 18. A
instalação das torres nos anos de 2001 e 2003 foram a causa principal de redução no
consumo mensal em m3 de água pela indústria, demonstrado na TABELA 3 e
ilustrado na FIGURA 41.
FIGURA 18 – Torre de resfriamento da área de montagem.
3.2.3.2 As regras da destinação de resíduos da água
Na destinação de efluentes orgânicos provenientes dos sanitários e/ou
restaurantes, após serem tratados pelo processo aeróbio e anaeróbio, são lançados no
córrego José Raimundo. Mensalmente, são monitorados, em uma galeria de águas
pluviais, mostrado nas FIGURAS 19 e 20, de onde são coletadas amostras para
análise pela empresa (FIGURA 21) e, periodicamente, pela Companhia de
Tecnologia e Saneamento Ambiental - CETESB. Os resíduos de caixas de gordura
54
são depositados na lagoa anaeróbia. Lodos das lagoas de tratamento aeróbio,
anaeróbio e fossas são depositados em valas após a aprovação da CETESB.
FIGURA 19 - Galeria de águas pluviais e ponto de monitoramento.
FIGURA 20 - Ponto de monitoramento periódico e lançamento no córrego.
55
FIGURA 21 - Laboratório de Análise de Água.
O sistema possui uma represa de segurança da galeria de águas pluviais,
mostrado na FIGURA 22, com a finalidade de reter possíveis acidentes com óleos e
outros produtos químicos que venham a atingir as galerias de águas pluviais,
evitando a contaminação das águas que são lançadas no córrego. Uma vez ao ano é
realizada uma análise das condições dessa represa, não havendo acidentes durante o
período de acompanhamento do trabalho conforme constatado no laudo do anexo 6.
FIGURA 22 - Represa do sistema de segurança da galeria de águas pluviais.
56
Existem 04 (quatro) filtros na ETA, conforme ilustra a FIGURA 23, que
são lavados de modo que todas as unidades sejam limpas a cada 10 horas de
funcionamento da estação. É adotado que o período de lavagem de cada filtro deve
ser determinado observando-se o efluente do canal de água de lavagem, uma vez
estabelecido o processo repetitivo característico da filtração. É realizada a inspeção
rotineira no equipamento e são comunicadas as anormalidades quando observadas.
A utilização de ar comprimido agiliza a movimentação do material filtrante no
interior do filtro e a limpeza das crepinas.
5 5
6 6
Reservat. Inferior
Reservat. Inferior
Canaleta esgoto
Decantador e Filtro primário Rede esgoto
Canaleta esgoto
M1 M2
F 1
2 1
3 4
M1 M2
F 2
2 1
3 4
Legenda - Registro de válvula de gaveta F 1 - Filtro 1 F 2 - Filtro 2 M1 - Manômetro 1 M2 - Manômetro 2
FIGURA 23 - Esquema de retrolavagem de filtros
57
Na destinação da água contaminada com óleos e graxas, as águas
residuais contaminadas são tratadas na ETE - Industrial e depois, destinadas para a
rede de esgoto orgânico.
Na destinação da água contaminada com solventes, detergentes, produtos
químicos em geral/metais e particulados dos processos de lavagem de piso, as águas
contaminadas, após passarem pelo sistema de decantação nos pontos de lançamento,
são destinadas para a ETE - Industrial.
As águas residuais, contaminadas com óleos, graxas, detergentes,
materiais particulados etc., são drenados das áreas de testes, lavagem de peças e
equipamentos, para o tratamento na ETE - Industrial, e depois de tratados são, ainda,
destinados para a ETE - Orgânico.
Na destinação da água com material particulado, as águas residuais,
depois de passar por processo de decantação ou pelo ETE - Industrial são lançadas na
ETE - Orgânico.
Nas manutenções do tanque de reação deverá ser observado o nível
mínimo de efluente para que a sonda de pH não fique sem contato com o mesmo.
Caso o tanque seja esvaziado, a sonda deverá ser removida e limpa com solução
apropriada.
Deverá haver um tambor sempre à espera no local de drenagem do óleo
do “S A O” (separador água-óleo), de forma a se fazer uma remoção diária do óleo
por acionamento manual da chave de comando da bomba BO. Ao se constatar que a
bomba perdeu sua capacidade de sucção (pulsação no líquido) deve-se desligá-la,
para aguardar a próxima operação. Esses tambores de óleo devem ser identificados e
encaminhados para a área de armazenamento de óleo, e anotados em planilha.
A cada seis meses aproximadamente deverá ser substituído as esponjas
de aço do desarenador. O tambor contendo os resíduos deve ser identificado e
colocado na área de armazenamento de resíduos. Antes de proceder à limpeza da
58
caixa desarenadora e a substituição das esponjas de aço, os responsáveis devem
assegure-se de que a produção não irá utilizar a área de limpeza de peças naquele
momento.
Diariamente há uma inspeção visual da lagoa, registrando as ocorrências
no formulário constante no anexo 4.
3.2.3.3 As regras do consumo de água
No consumo de água, a regra geral se baseia em otimizar o uso.
3.2.3.4 Sistema de captação, tratamento e utilização de água pela
empresa
As FIGURAS 24 e 25 apresentam respectivamente as redes de esgoto e
efluentes industriais, a rede de águas fluviais. O fluxo ou caminho da água na
indústria são ilustrados da FIGURA 26 até a FIGURA 35.
59
FIGURA 24 –Redes de Esgoto e Efluentes Industriais.
Legenda: P = Ponto de coleta para análise CI = Caixa de Inspeção _____ = Resíduo Industrial Tratado Segue para Rede de
Esgoto Existente Destino a Lagoa de Tratamento
_____ = Resíduos Industriais Segue para ETE _____ = Esgoto Sanitário Segue para Lagoa de
Tratamento _____ = Esgoto Tratado
60
FIGURA 25 – Rede de Águas Fluviais
Legenda: _____ = Canaleta para Captação de Águas Pluviais _____ = Canaleta de Águas Pluviais _____ = Canalização de Esgoto Tratado
61
FIGURA 26 – Fluxo dos Sistemas de Água da Indústria.
Fábrica
Fábrica
Fábrica
Represa
ETE orgânico
Córrego José Raimundo- c4
ETA
ETE industrial Condomínio Residencial
Água Efluente ind. Efluente org. Águas pluv.
Fluxo dos sistemas de águas
Lagoa de captação
Lagoa de segurança
Fáb.
Fáb.
Rio Paraíba
62
FIGURA 27 – Fluxo do Sistema e Represa de Captação.
Fábrica
Fábrica
Fábrica
Represa
ETE orgânico
Córrego José Raimundo- c4
ETA
ETE industrial Condomínio Residencial
Água Efluente ind. Efluente org. Águas pluv.
Fluxo dos sistemas
Lagoa de captação
Lagoa de segurança
Fáb.
Fáb.
Rio Paraíba
�
63
FIGURA 28 Fluxo do Sistema e Lagoa de Captação.
Fábrica
Fábrica
Fábrica
Represa
ETE orgânico
Córrego José Raimundo- c4
ETA
ETE industrial Condomínio Residencial
Água Efluente ind. Efluente org. Águas pluv.
Fluxo dos sistemas
Lagoa de captação
Lagoa de segurança
Fáb.
Fáb.
Rio Paraíba
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
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64
FIGURA 29 - Fluxo do Sistema e ETA
Fábrica
Fábrica
Fábrica
Represa
ETE orgânico
Córrego José Raimundo- c4
ETA
ETE industrial Condomínio Residencial
Água Efluente ind. Efluente org. Águas pluv.
Fluxo dos sistemas
Lagoa de captação
Lagoa de segurança
Fáb.
Fáb.
Rio Paraíba
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
65
FIGURA 30 – Fluxo do Sistema e ETE - Industrial
Fábrica
Fábrica
Fábrica
Represa
ETE orgânico
Córrego José Raimundo- c4
ETA
ETE industrial Condomínio Residencial
Água Efluente ind. Efluente org. Águas pluv.
Fluxo dos sistemas
Lagoa de captação
Lagoa de segurança
Fáb.
Fáb.
Rio Paraíba
�
66
FIGURA 31 – Fluxo do Sistema e ETE - Orgânico
Fábrica
Fábrica
Fábrica
Represa
ETE orgânico
Córrego José Raimundo- c4
ETA
ETE industrial Condomínio Residencial
Água Efluente ind. Efluente org. Águas pluv.
Fluxo dos sistemas
Lagoa de captação
Lagoa de segurança
Fáb.
Fáb.
Rio Paraíba
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
67
FIGURA 32 – Fluxo do Sistema e lagoa aeróbia
Fábrica
Fábrica
Fábrica
Represa
ETE orgânico
Córrego José Raimundo- c4
ETA
ETE industrial Condomínio Residencial
Água Efluente ind. Efluente org. Águas pluv.
Fluxo dos sistemas
Lagoa de captação
Lagoa de segurança
Fáb.
Fáb.
Rio Paraíba
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
68
FIGURA 33 – Fluxo do Sistema e galeria de águas fluviais
Fábrica
Fábrica
Fábrica
Represa
ETE orgânico
Córrego José Raimundo- c4
ETA
ETE industrial Condomínio Residencial
Água Efluente ind. Efluente org. Águas pluv.
Fluxo dos sistemas
Lagoa de captação
Lagoa de segurança
Fáb.
Fáb.
Rio Paraíba
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
�
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69
FIGURA 34 – Fluxo do Sistema e represa do sistema de segurança da galeria de águas pluviais
Fábrica
Fábrica
Fábrica
Represa
ETE orgânico
Córrego José Raimundo- c4
ETA
ETE industrial Condomínio Residencial
Água Efluente ind. Efluente org. Águas pluv.
Fluxo dos sistemas
Lagoa de captação
Lagoa de segurança
Fáb.
Fáb.
Rio Paraíba
�
�
�
�
�
�
�
�
�
70
FIGURA 35 – Fluxo do Sistema e ponto de monitoramento e lançamento no córrego
Fábrica
Fábrica
Fábrica
Represa
ETE orgânico
Córrego José Raimundo- c4
ETA
ETE industrial Condomínio Residencial
Água Efluente ind. Efluente org. Águas pluv.
Fluxo dos sistemas
Lagoa de captação
Lagoa de segurança
Fáb.
Fáb.
Rio Paraíba
�
�
�
�
�
�
�
�
71
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O trabalho apresentado teve por finalidade promover uma auditoria e
acompanhar, no seu âmbito e como forma de prevenção, o desempenho dos
dirigentes e/ou responsáveis na empresa, e observando a conduta funcional dos
funcionários da indústria de mecânica pesada, avaliando o cumprimento das metas
das Regras Gerais de Preservação Ambiental próprias, desenvolvidas pelo setor de
Gestão Ambiental em conformidade com as normas ambientais, no que diz respeito à
geração, destinação e consumo de água pela indústria.
No estudo de caso deste trabalho, a auditoria não foi realizada com o
objetivo de obter algum tipo de certificação, tendo em vista que a empresa já possui a
ISO 14001, de onde foram baseadas as Regras Gerais de Preservação Ambiental,
mas sim para ratificação da confiabilidade do sistema de geração, destinação e
consumo de toda água utilizada pela indústria.
Em razão da real necessidade de evitar o dano ambiental irreparável é
que esse trabalho propôs, como forma de prevenção, a auditoria nas análises da água
utilizada pela empresa, retirada do córrego José Raimundo e, se fosse o caso,
promover correções no processo, vislumbrando a qualidade como elemento essencial
da água.
Este estudo mostrou que a implantação do sistema de gestão dos recursos
da água na indústria não foi uma tarefa fácil, exigiu persistência e continuidade.
Segundo o setor de Gestão Ambiental da indústria, trata-se de uma atividade que não
se dá por finalizada, pois mesmo após a padronização, tem-se que constantemente
proceder a revisões para a manutenção do que foi descrito com o realmente
executado.
72
Foram utilizados conceitos de qualidade e gerenciamento das normas da
ISO 14001 para a elaboração das Regras Gerais de Preservação Ambiental, pelo setor
de Gestão Ambiental da indústria, no que diz respeito ao objeto deste trabalho: a
água.
Foram também utilizadas ferramentas como as análises da água, baseadas
no Standard methods for the examination of water and wastewater (1998) para a
avaliação dos resultados de todo o processo de geração, destinação e consumo da
água pela indústria, visando a qualidade da água lançada no córrego José Raimundo.
A avaliação dos resultados que trata o parágrafo acima, foi realizada por
meio da interpretação de dados das análises físicas, químicas e bacteriológicas dos
laudos fornecidos por uma empresa especializada no ramo, realizadas ao longo de
2004 e início de 2005.
Para apresentação dos resultados, foram analisados, conforme
demonstram as TABELAS 1 e 2: demanda bioquímica de oxigênio; demanda
química de oxigênio; óleos e graxas; pH e sólidos sedimentáveis, na entrada e saída,
respectivamente, das lagoas, que estão baseados nos laudos constantes no anexo 5 e
que têm como parâmetro o Decreto Estadual 8.468, art. 18.
As FIGUTRAS de 36 a 40 ilustram o comportamento das análises físicas,
químicas e bacteriológicas, utilizados no presente trabalho.
73
P
arâm
etro
s U
nida
de
de
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AR
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8 D
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6)
VA
LOR
M
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Am
ostr
a:
15.2
60
D
ata:
27
jan
04
Am
ostr
a:
26.6
31
D
ata:
26
fev
04
Am
ostr
a:
26.6
32
D
ata:
31
mar
04
Am
ostr
a:
26.6
33
D
ata:
27
abr
04
Am
ostr
a:
26.6
34
D
ata:
25
mai
04
Am
ostr
a:
26.6
35
D
ata:
29
jun
04
Am
ostr
a:
29.9
90
D
ata:
14
jul 0
4
Am
ostr
a:
29.9
91
D
ata:
24
ago
04
Am
ostr
a:
29.9
92
D
ata:
20
set
04
Am
ostr
a:
29.9
93
D
ata:
07
out
04
Am
ostr
a:
29.9
94
D
ata:
19
nov
04
Am
ostr
a:
29.9
95
D
ata:
16
dez
04
MÉ
DIA
A
NU
AL
D
eman
da
bioq
uím
ica
de
oxig
ênio
mg/
L 02
� 8
0% re
d.
ou 6
0 m
g/L
148
318
173
241
658
426
596
238
221
308
403
308
336,
5
D
eman
da
quím
ica
de
oxig
ênio
mg/
L 02
nã
o es
peci
ficad
o 27
0 46
0 32
0 38
0 1.
120
690
990
430
700
407
475
485
560,
58
Ó
leos
e
Gra
xas
mg/
L 10
0 -
- -
- -
- -
- -
- -
- -
Sól
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S
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entá
vei
s m
l/L
1,0
- -
- -
- -
- -
- -
- -
-
pH
- 5,
0 –
9,0
6,0
6,4
5,5
6,4
6,6
6,7
6,8
7,0
6,0
6,5
6,5
7,5
6,49
T
AB
ELA
1 –
Lau
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luen
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– po
nto
de c
olet
a: e
ntra
da d
a 1ª
lago
a
74
Parâmetros Unidade
de Medida
ART. 18 DECRETO ESTADUAL
8.468 (08/09/1976)
VALOR MÁXIMO
PERMITIDO
Amostra: 15.272
Data:
27 jan 04
Amostra: 26.643
Data:
26 fev 04
Amostra: 26.644
Data:
31 mar 04
Amostra: 26.645
Data:
27abr 04
Amostra: 26.646
Data:
25 mai 04
Amostra: 26.647
Data:
29 jun 04
Amostra: 30.002
Data:
14 jul 04
Amostra: 31.089
Data:
24 ago 04
Amostra: 31.09
Data:
20 set 04
Amostra: 31.091
Data:
07 out 04
Amostra: 31.092
Data:
19 nov 04
Amostra: 31.093
Data:
16 dez 04
MÉDIA ANUAL
Demanda
bioquímica de oxigênio
mg/L 02 � 80% red. ou 60 mg/L 62 43 50 48 59 20 25 63 54 36 90 26 48
Demanda química de
oxigênio
mg/L 02 não especificado 190 120 190 160 150 130 140 240 220 151 126 85 158,5
Óleos e Graxas
mg/L 100 5 1 6 ‹ 1 2 11 2 30 4 18 8 9 8,08
Sólidos Sedimentávei
s ml/L 1,0 1 ‹ 0,1 ‹ 0,1 0,5 ‹ 0,1 ‹ 0,1 ‹ 0,1 ‹ 0,1 ‹ 0,1 ‹ 0,1 ‹ 0,1 ‹ 0,1 0,21
pH
- 5,0 – 9,0 6,5 7,2 7 7 7,4 7,6 7,5 7,2 7 6 7 7,5 7,08
TABELA 2 – Laudo de efluentes – ponto de coleta: saída da 2ª lagoa
75
DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIOmédia anual 2004
336,5
4860
0
50
100
150
200
250
300
350
400
mg
/L
ART 18 DEC 8.468
ENTRADA
SAÍDA
FIGURA 36 – Demanda bioquímica de oxigênio - DBO.
DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIOmédia anual 2004
560,58
158,5
0
100
200
300
400
500
600
mg
/L
ART 18 DEC 8.468
ENTRADA
SAÍDA
FIGURA 37 – Demanda química de oxigênio - DQO.
76
ÓLEOS E GRAXASmédia anual 2004
100
8,08
0
20
40
60
80
100
120
mg
/L
ART 18 DEC 8.468
ENTRADA
SAÍDA
FIGURA 38 – Óleos e graxas.
SÓLIDOS SEDIMENTÁVEISmédia anual 2004
1
0,21
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
ml/L
ART 18 DEC 8.468
ENTRADA
SAÍDA
FIGURA 39 – Sólidos sedimentáveis.
77
pHmédia anual 2004
6,49
97,08
0
2
4
6
8
10
ART 18 DEC 8.468
ENTRADA
SAÍDA
FIGURA 40 – pH.
ANO
CONSUMO
EFETIVO MÉDIO
(m3)
CONSUMO MENSAL
(m3)
CONSUMO (m3) POR
HORA HOMEM
TRABALHADA
2000 880 18.000 0,125
2001 1.150 21.000 0,106
2002 1.170 17.202 0,082
2003 970 15.214 0,086
2004 980 11.043 0,069
TABELA 3 – Captação efetiva nos últimos 5 anos
Fonte: Indústria de Mecânica Pesada - 2004
A causa principal da redução no consumo mensal em m3 de água, foi o
investimento na política de reuso da água nos processos. Nos anos de 2001 e 2003,
foram instaladas duas torres de resfriamento, veja FIGURA 18, em cada ano, no
valor de R$ 210.000,00 e R$ 80.000,00 respectivamente.
A redução no consumo mensal em m3 de água representa uma economia
de 52,38% em relação ao maior nível de consumo efetivo utilizado pela indústria, no
ano de 2001, conforme demonstra a TABELA 3 e ilustrado na FIGURA 41.
78
CAPTAÇÃO EFETIVAultimos 5 anos
15.214
11.043
18.00021.000
17.202
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
Con
sum
o M
ensa
l(m
3)
2000
2001
2002
2003
2004
FIGURA 41 – Captação efetiva últimos 5 anos.
A FIGURA 42 demonstra que todo investimento da indústria no seu
sistema de geração, destinação e consumo de água, trazem, não só um significativo
benefício para o meio ambiente, mas também um surpreendente benefício na relação
custo/benefício no preço da água tratada por m3, na ordem de 37,5% menor do que a
disponível na Companhia de Saneamento Básico de São Paulo - SABESP e fornecida
para empresas.
CUSTO COMPARATIVO DE ÁGUA TRATADA
2,4
0,9
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
R$
por m
3
SABESP
INDÚSTRIA
FIGURA 42 – Custo comparativo de água tratada.
79
As ações da empresa, na redução do consumo efetivo por m3,
demonstram não só um reconciliamento do desenvolvimento econômico com a
necessidade de se preservar o meio ambiente como enfatiza CAVALCANTI (1997),
mas também uma economia financeira na ordem de R$ 16.500,00 (dezesseis mil e
quinhentos reais) por mês, que também amortizam os investimentos que a indústria
pratica, como a compra das Torres de Resfriamento, no seu sistema de geração,
destinação e consumo de água conforme citado neste trabalho na página 77 e
ilustrado na FIGURA 18.
A FIGURA 43 ilustra os resultados obtidos no laudo nº 35.948 realizado
anualmente na Lagoa de Emergência de Águas Fluviais, de 12 de janeiro de 2005,
anexo 6 deste trabalho. A amostra nº 35.948 contém um parecer técnico constatando
que os resultados não causam toxidade aguda aos organismos expostos Cerodaphnia,
em 24 horas / 48 horas a 22ºC.
LAGOA DE EMERGÊNCIAlaudo anual 2005
60
32
59
3
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
Esc
ala
deR
esul
tado
DBO vr máx. art.18: 60mg/l
DQO mg/L - nãoespecificado art. 18
Óleos e Graxas vr máx.art. 18: 100 mg/L
pH vr máx. art 18: 9,0
Sólidos Sedimentáveisvr máx. art 18: 1,0 ml/L
FIGURA 43 – Laudo anual da Lagoa de Emergência de Águas Fluviais.
O laudo de alimentos nº 36.222, de 14 de janeiro de 2005, anexo 7 deste
trabalho, realizado periodicamente na musculatura dos peixes das lagoas está
ilustrado na FIGURA 44.
80
LAUDO MUSCULATURA PEIXES
0,070,10
0,900,80
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
mg/
Kg
Cádmo var. máx. Port.1 DINAL/MS: 1,0
Chumbo vr máx. Port. 1DINAL/MS: 2,0
Cromo Total vr. Nãodeterm. Port. 1DINAL/MS
Mercúrio vr. Nãodeterm. Port. 1DINAL/MS
FIGURA 44 – Laudo musculatura dos peixes.
O laudo de alimentos nº 36.223, de 14 de janeiro de 2005, anexo 7 deste
trabalho, realizado periodicamente nas vísceras dos peixes das lagoas, está ilustrado
na FIGURA 33.
LAUDO VÍSCERAS PEIXES
0,09
0,90
1,20
0,05
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
mg/
Kg
Cádmo var. máx. Port.1 DINAL/MS: 1,0
Chumbo vr máx. Port. 1DINAL/MS: 2,0
Cromo Total vr. Nãodeterm. Port. 1DINAL/MS
Mercúrio vr. Nãodeterm. Port. 1DINAL/MS
FIGURA 45 – Laudo vísceras dos peixes.
81
Segundo informações do setor de Gestão Ambiental da indústria, as
espécies de peixes nas lagoas são os mais comuns da bacia do rio Paraíba do Sul ou
algumas espécies que possam ter escapado de pesqueiros da região. Foram
constatadas as seguintes espécies: lambaris, carpas, tilápias, bagres, cascudos, traíras
(mais comuns), piabas e piapara (raramente). A empresa nunca colocou nenhuma
espécie de peixe nas lagoas.
82
5. CONCLUSÕES
A indústria de mecânica pesada e suas ações preventivas, baseadas nas
Regras Gerais de Preservação Ambiental próprias e ainda, o acompanhamento do
desempenho destas ações preventivas, têm demonstrado uma sensível contribuição
na busca de soluções harmoniosas que consolidam o desenvolvimento sustentável,
sem, contudo prejudicar o processo de desenvolvimento econômico da empresa e
social da humanidade.
É certo que os resultados obtidos pela indústria apresentados neste
trabalho e pelo comportamento da mesma, sugerem que os ganhos não são somente
ambientais, mas também econômico/financeiro para a empresa, como demonstra a
FIGURA 42.
Ficou certo que a determinação de propósitos ambientais e o
imprescindível envolvimento do pessoal diretamente relacionado ao sistema de
gerenciamento dos recursos hídricos utilizados pela indústria, melhora a sua
qualidade e ao mesmo tempo, não menos importante, é um cumprimento voluntário
das normas ambientais.
Este resultado é um incentivo para empresas ou agentes ambientais
impactantes, que possam apresentar padrões de degradação, praticarem um exame
e/ou avaliação em seus processos, em relação ao meio ambiente, não só como
interessadas, mas também como titulares de direitos em relação ao desenvolvimento,
previstos constitucionalmente. É um direito de todos.
83
Este trabalho mostra também que a disseminação e implementação de
programas de auditoria ambiental, dada a reconhecida eficácia desse instrumento, no
polêmico relacionamento entre o homem e a natureza no combate à degradação
ambiental irreparável, não é mais um enfoque meramente científico ou técnico, mas
também social da história do desenvolvimento de um país, que precisa ser “praticada
antes de ser escrita”.
É importante ressaltar que este trabalho, mesmo não esgotando o assunto,
pode vir a contribuir para a reflexão da sociedade e daqueles que tenham
envolvimento direto com as questões ambientais, quanto à necessidade de
implantação de novos sistemas de produção e gerenciamento, amplamente utilizados
nas empresas privadas, para a melhoria do processo produtivo e do produto final.
Podemos observar que não se pode conhecer os impactos ambientais sem
que sejam conhecidos também os processo que os geram. Parece coerente afirmar
que o caráter ambiental de impacto deve ser compreendido no seu sentido mais
amplo, que reúne no mesmo momento e de forma inseparável os aspectos biológicos,
químicos, físicos, social, político e cultural do meio a que pertence.
84
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANTUNES, P. B. Direito Ambiental. 7. ed. ver., atual. e ampl. – 2. tir., - Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005
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85
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ANEXOS
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ANEXO 1 - Controle de Operação da ETE – Industrial
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ANEXO 2 - Controle de Operação da ETE – Industrial
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ANEXO 3 - Controle de Operação da ETE – Industrial
CONTROLE DE MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS E
OPERAÇÃO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES
Mês: Operador: Carregamento Quantidade (kg) Filtração pH Obs. VISTO
DATA pH m3 Descrição do Serviço Cal Hid. Sulf. Alum. Procytrat Data Destino Final
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ANEXO 4 – Monitoramento Visual Diário da Lagoa
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Monitoramento Visual Diário da Lagoa
Formulário: ANEXO I – Ver. 0 – IN25ET053-ver. 0
• Executar a inspeção visual da lagoa, registrando no campo Observações, as ocorrências anormais. A inspeções serãofeitas na linha correspondente ao dia, e o nome do verificador e o visto devem ser imediatos.
• Arquivar o Formulário, para consulta.
Mês de Referência:
Dia Observações (Relatar as ocorrências: manchas de óleo, sujeira, etc) Nome e Visto
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ANEXO 5 – Laudos de Efluentes
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ANEXO 6 – Laudos de Efluentes da Lagoa de Emergência: Águas
Fluviais
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ANEXO 7 – Laudo de Alimentos
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