abuso sexual infantil e a vulnerabilidade para o desenvolvimento de transtornos mentais

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ABUSO SEXUAL INFANTIL E A VULNERABILIDADE PARA O

DESENVOLVIMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS

Raquel Kênia de Medeiros Dias

OrientadoresAna Carolina Schmidt de Oliveira

Coordenador Dr. Hewdy Lobo Ribeiro.

UNIP 2013

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Saúde Mental

para Equipes Multiprofissionais da Universidade Paulista, como requisito

para obtenção do título de Especialista.

Agradecimentos

Agradeço a Deus;

Aos meus pais, Iranilda de Medeiros Dias e Wagner Dias, por acreditar.

Ao namorado, Hélcio Martinho pela compreensão;

Ao Dr. Hewdy Lobo Ribeiro, pela didática;

À Ana Carolina Schmidt de oliveira, pela paciência;

À Claudia Rosa Queiroz, pela credibilidade;

Ao Dr. Mário de Souza Costa pela formação;

À Rosineide pelo apoio e seu dinamismo.

Aos colegas de classe, pelo companheirismo.

Introdução

O que é Abuso Sexual Infantil (ASI)?

– Satisfação sexual do adulto.

– Com ou sem contato físico.

Raquel

Introdução

ASI e suas formas: – Exibicionismo– Voyeurismo– Carícias– Falas obscenas– Material Pornográfico– Relação Sexual

Introdução

ASI na humanidade:

- Nos tempos da Lei Talmúdica (332 antes de cristo – a.C.), era comum em grande parte do mundo, a tradição de usar crianças de três anos de idade para atos sexual, desde que seu pai consentisse e, em troca, lhes pagassem considerável dinheiro.

Bass e Thornton (1985)

Introdução

ASI na humanidade:

Meninas e mulheres: mercadorias sexuais;

Meninas de até três anos de idade

Meninos de até nove anos, não eram considerados mercadorias.

Sem valor monetário: seriam novos para serem considerados virgens.

Bass e Thornton (1985)

Introdução

ASI na humanidade:

Mudança da Lei Talmúdica para Lei Canônica (Século XII).

Autoridades só interviam quando adultos tinham relações sexuais com crianças de até sete anos de idade.

Bass e Thornton (1985)

Introdução

ASI na humanidade:

- Índia: crianças e adolescentes entre dez à doze anos de idade submetidas à casamento.

- Europa no século XVIII e XIX. Inquisição: nove milhões de mulheres morreram.

- Crianças de cinco anos estupradas até a morte.

Bass e Thornton (1985)

Introdução

Conquista dos direitos da Criança:

- Assembléia Geral da ONU – 1959.

- Declaração dos Direitos da Criança.

- Dever da sociedade e do poder público

provir atendimento à crianças em situação de risco.

Introdução

- Convenção Internacional dos Direitos da Criança: Decreto nº 99.710 de 21 de novembro de 1990.

- Defende a criança sobre qualquer forma de exploração.

- Documento de Lei que expõe os direitos da criança.

Introdução

Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei 8069/1990).

- Demarcou os serviços das políticas públicas.

- Garantir os direitos.

- Conforme preconiza artigo 4º: Dever da sociedade, comunidade e poder público.

Justificativa

Impactos do ASI na qualidade de vida.

Vulnerabilidade para transtornos mentais.

Aumento de denúncias de ASI no Brasil.

Pesquisas para contribuir no âmbito cientifico.

Bases para prevenção e intervenção.

Objetivos

“Identificar e discutir a partir de artigos científicos atuais os impactos

psicológicos do ASI, e relacioná-los à vulnerabilidade de crianças e

adolescentes para desenvolver os transtornos mentais.”

Metodologia

Artigos científicos completos.

Língua portuguesa.

Base de dados: Lilacs.

Descritor: “Abuso Sexual Infantil”

Metodologia

Filtros – “Pedofilia”;– “Transtornos de Estresse Pós-Traumáticos”;– “Parafilia”;– “Síndrome da Criança Maltratada”;– “Transtornos Mentais”;– “Testes Psicológicos”;– “Psicopatologia”;– “Psicoterapia”;– “Psicoterapia de Grupo”;

Metodologia

Filtros:– “Terapia Comportamental”; – “Transtorno Bipolar”; – “Psiquiatria Infantil”; – “Transtornos de Alimentação na Infância”;– “Transtornos do Humor”;– “Transtornos de Estresse Pós Traumático”;– “Transtorno Depressivo”; – “Serviços de Saúde Mental”.

Metodologia

Critérios de Inclusão: – ASI e transtornos mentais

Critérios de Exclusão:– Apenas sintomas;– Outras faixas etárias;– Validação de instrumentos;– Transtornos mentais no abusador ou em

familiares da vítima.

Resultados

Encontrados 22 artigos, apenas sete selecionados:

Autores. Ano.

Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão

SERAFIM et al. 2011 .

Dados demográficos, psicológicos e comportamentais de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual.

205 crianças e adolescentes vítimas de AS (130 meninas e 75 meninos).

Avaliação clínica com psiquiatra, entrevista diagnóstica com psicólogo e bateria de testes psicológicos (Pirâmides Coloridas 2000, TAT, CAT-A, HTP).

Considerável porcentagem de crianças e adolescentes apresentaram transtornos mentais (depressão, TEPT e fobias); e expressaram alterações de comportamento.

Aspectos psicológicos, psiquiátricos e comportamentais influenciam o desenvolvimento emocional de crianças e adolescentes.

ResultadosAutores. Ano.

Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão

PASSARELA; MENDES; MARI. 2010.

Revisão sistemática para estudar a eficácia de terapia cognitivo-comportamental para crianças e adolescentes abusadas sexualmente com transtorno de estresse pós-traumático.

Apenas 03 estudos foram analisados por preencherem os critérios de inclusão.

Revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados que avaliaram o TEPT em crianças e adolescentes entre 1980 e fevereiro de 2006.

A TCC no tratamento de crianças e adolescentes vítimas de ASI com TEPT diminui os sintomas do TEPT, com ou sem participação da família.

Os estudos apresentaram eficácia da TCC nestes casos. Não encontraram estudos de TCC combinada com tratamento farmacológico.

Resultados

Autores. Ano.

Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão

ZAVASCHI et al . 2006.

Transtornos do humor no adulto e trauma psicológico na infância.

GT: 59 participantes com diagnóstico de TH. GC: 47 pessoas sem diagnóstico de TH. Amostras entre 18 à 65 anos.

Estudo de caso controle. Instrumentos: Mini, versão brasileira; blocos e vocabulário do WAIS R. Trauma na infância: AF, AS, exposição à violência e perda dos pais.

Histórico de AF: 60,2% no GT e 38,3% no GC. Histórico de ASI: 32,3% no GT e 12,8% no GC. Sem dados de perda na infância. Exposição à violência: 12,6% no GT e 8,06% no GC.

Dados significativos de associação entre TH e traumas na infância, principalmente entre pacientes maníacos.

ResultadosAutores. Ano.

Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão

HABIGZANG et al. 2010.

Caracterização dos sintomas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) em meninas vítimas de abuso sexual.

Dois grupos de participantes. Estudo I: 40 meninas de 9 à 16 anos. Estudo II: 15 meninas de 7 à 13 anos

Compararam instrumentos de avaliação do TEPT nos dois grupos: o SCID no I, e o K-SADS/TEPT no II.

Presença de TEPT 70 % nos dois estudos. Diferença dos sintomas encontrados: maior índice de esquiva e entorpecimento no estudo I; maior excitabilidade aumentada no estudo II.

Confirmou a literatura que refere o TEPT como maior patologia encontrada em crianças e adolescentes vítimas de ASI. Ambos os instrumentos são adequados para este tipo de avaliação

ResultadosAutores. Ano.

Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão

BORGES; DELLAGLIO

. 2009.

Funções cognitivas e Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) em meninas vítimas de abuso

sexual.

Grupo Caso: 12 meninas vítimas de ASI. GC: 16 meninas sem histórico de AS com idade de 8 à 13 anos.

Estudo clínico de caso controle. Instrumentos: K-SADS-PL Brasil; Inventário de Depressão Infantil; Teste d2); dígitos WISC III; Rey Auditory Verbal Learning Test; Trail Making Test.

Grupo Caso : TEPT em 66,6%. Maior número de erros e maior amplitudede oscilação da atenção visual concentrada, nas meninas deste grupo.

Exposição ao ASI é fator de risco para desenvolvimento de TEPT. O ASI pode produzir alterações na cognição, especialmente quando coexiste o TEPT e sintomas de depressão.

Resultados

Autores. Ano.

Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão

GOSLING; ABDO. 2011.

Abuso sexual na infância e desenvolvimento da pedofilia: revisão narrativa da literatura

Foram selecionados 5 estudos das bases de dados Pubmed e Embase.

Revisão narrativa com busca de artigos nas bases se dados: Lilacs, PubMed, Scielo e Embase.

Alterações neuroanatômicas e funcionais em pessoas com vivências recorrentes de ASI e que apresentam parafilias.

Há correlação entre pessoas vítimas de ASI e Pedófilos.Alterações neurológicas são evidentes a ponto de ser possível identificar pessoas com parafilia.

Resultados

Autores. Ano.

Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão

KERR et al. 2000.

Abuso sexual, transtornos mentais e doenças físicas.

Foram selecionados 71 artigos e 14 livros.

Revisão de literatura sobre ASI e repercussões orgânicas e psíquicas, entre o ano de 1987 e 1997, nas bases de dados: MedLine e Lilacs.

Repercussões psíquicas, estudos apontaram depressão e transtornos alimentares em vítimas de ASI; alto índice entre pessoas que apresentaram transtornos psicóticos.

O AS deve ser visto como fator predisponente para desenvolver mau prognóstico em algumas doenças físicas e psicológicas.

Discussão

O presente estudo teve o objetivo de identificar e discutir os impactos psicológicos do ASI, em relação à vulnerabilidade para o desenvolvimento de transtornos mentais.

Encontrou pesquisas que demonstram a correlação de ASI com transtornos mentais.

Discussão

Transtornos alimentares: (KERR 2000).

TEPT (SERAFIM 2011; HABGZANG 2010; BORGES e DELL´AGLIO 2009),

Transtornos do humor (ZAVASCHI 2006).

Depressão (SERAFIM 2011; KERR 2000).

Esquizofrenia (KERR 2000).

Fobias (SERAFIM 2011).

Parafilias (GOSLING et al, 2011)

Discussão

Impactos na vida social e afetiva das crianças vítimas de ASI.

Isolamento e retraimento na presença da figura masculina.

Comportamento desfavoráveis para uma vida social: comportamento erotizado e agressividade (SERAFIM 2011).

Discussão

Foram detectados outras formas de violência em vítimas de ASI mesmo de grupos controles:Violência doméstica e urbana (BORGES; DELL’AGLIO, 2008), e exposição à traumas (ZAVASCHI 2006).Foi encontrado tratamento em TCC, principalmente na diminuição dos sintomas do TEPT (PASSARELA et all 2010).

Conclusão

São necessários maiores estudos sobre meninos vítimas de ASI, e sobre os pais destas crianças que também devem ter direito à tratamento.

Urgência em pesquisas cientificas de prevenção e tratamento de danos de ASI e outras formas de violência.

Conclusão

Produção de pesquisas cientificas sobre outras formas de terapia para tratamento à vitimas de ASI não contempladas pela TCC.

Prevenção do desenvolvimento de transtornos mentais em crianças e adolescentes que sofreram ASI.

Prevenção do ASI.

Conclusão

Estratégias de cuidados para pais de jovens que sofreram ASI.

Promoção da resiliência com técnicas de manejo para o cuidado de crianças e adolescentes que apresentam transtornos mentais decorrentes do ASI

“A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”.

(Jean-Paul Sartre)

ReferênciasADED, Naura Liane de Oliveira, DALCIN, Bruno Luiz Galluzzi da Silva, MORAES Talvane Marins el al. Abuso sexual em crianças e adolescentes: revisão de 100 anos de literatura. Rev. psiquiatr. clín. Vol. 33, n.4, 2006.

BASS, Ellen; THORNTON, Louise (org.). Nunca contei a ninguém. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1985.

BELOFF, M. (Org). Infância, lei e democracia na América Latina: análise crítica do panorama legislativo no marco da Convenção Internacional dos Direitos da criança (1990-1998). Blumenau: Edfurb, 2001.

BORGES, Jeane Lessinger; DELL´AGLIO, Débora Dallbosco. Abuso sexual infantil: indicadores de risco e conseqüências no desenvolvimento de crianças. Revista Interamericana de Psicologia. Vol. 42, n. 3, 2008.

Referências

BORGES, Jeane Lessinger; DELL´AGLIO, Débora Dalbosco. Funções cognitivas e Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) em meninas vítimas de abuso sexual. Aletheia. Canoas, n. 29, jun. 2009.

BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da criança e do Adolescente. Estatuto da Criança e do Adolescente. Ministério da Justiça/ Secretaria do estado dos Direitos Humanos/ Departamento da Criança e do Adolescente. Brasília, 2012.

BRASIL. Decreto nº 00.710 de 21 de novembro de 1990: Convenção Internacional dos Direitos da criança. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D99710.htm. Acesso em 2 de out. de 2012 às 20h.

Referências

CRAMI (Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância). Violência Sexual Contra Crianças e adolescentes. Compreender para previnir. 2. ed. 2009.

GOSLING, F. J. ; ABDO, C. H. N. Abuso sexual na infância e desenvolvimento da pedofilia: revisão narrativa da literatura. Diagn Tratamento.16(3):128-31, 2011.

HABIGZANG, L. F. et al . Caracterização dos sintomas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) em meninas vítimas de abuso sexual. Psicol. clin., Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, 2010 .

ReferênciasKERR CORREA, F. et al. Abuso sexual, transtornos mentais e doenças físicas. Rev. psiquiatr. clín. São Paulo, 27(5): 257-71, set.-out. 2000.

LIMA, Joana Azevedo e ALBERTO, Pereira Fátima. Abuso sexual intra familiar: as mães diante da vitimização das filhas. Estudos de Psicologia. 15(2), maio-agosto 2010.

Ministério da Saúde e do Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes VIVA. Disponível em: http://www.childhood.org.br/abuso-sexual-e-o-segundo-tipo-de-violencia-mais-comum-contra-criancas. Acesso em 22 de set. de 2012, às 20h.

PARAVENT, Felipe et al. Estudo de caso controle para avaliar o impacto de abuso sexual infantil nos transtornos alimentares. Rev. psiquiatr. clín. São Paulo, v. 38, n. 6, 2011.

Referências

PASSARELA, Cristiane de Medeiros; MENDES, Deise Daniela; MARI, Jair de Jesus. Revisão sistemática para estudar a eficácia de terapia cognitivo-comportamental para crianças e adolescentes abusadas sexualmente com transtorno de estresse pós-traumático. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 37, n. 2, 2010 .

SERAFIM, Antônio de Pádua et al. Dados demográficos, psicológicos e comportamentais de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 38, n. 4, 2011 .

Referências

SCHESTATSKY, Sidnei Samuel. Fatores ambientais e vulnerabilidade ao transtorno de personalidade boderline: um estudo caso controle de traumas psicológicos precoces e vínculos parentais percebidos em uma amostra brasileira de pacientes mulheres. 2005. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/8461. Acesso em 16 de Fev. de 2013.

ZAVASCHI, Maria Lucrécia Scherer et al . Transtornos do humor no adulto e trauma psicológico na infância. Rev. Bras. Psiquiatria. São Paulo, v. 28, n. 3, Sept. 2006.

Obrigada!

Raquelkenia@hotmail.com

9-7677-9171

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