abra os olhos para ver! texto: elenita malta, historiadora música: i see you, leona lewis

Post on 18-Apr-2015

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Abra os olhos Abra os olhos para Ver!para Ver!

Texto: Elenita Malta, Historiadora Música: I See You, Leona Lewis

Avatar aparece num ótimo momento.

Após o fracasso da Conferência do Clima em

Copenhague e no início do Ano da Biodiversidade, é um brado de alerta sobre nossa

péssima relação com a natureza.

Merece ser assistido pelos belos efeitos e

pela fotografia extraordinária, porém,

mais do que isso, apresenta uma

poderosa mensagem ecológica:

o homem precisa restabelecer sua conexão com a

natureza.

Nos fala também de respeito ao próximo, homem, animal ou floresta, igual ou diferente de nós.

O espectador é transportado para a lua Pandora, habitada pelo povo Na’vi, em um universo de experiências sensoriais encantadoras, com seres de formas jamais imaginadas, cores reluzentes e uma natureza

exuberante.

AvatarAvatar propõe uma discussão propõe uma discussão pertinente sobre o pertinente sobre o futuro do nosso futuro do nosso

planetaplaneta, , a Terra.a Terra.

Inova ao expor a monstruosidade do ser humano, personificado no cel. Miles, que destrói um mundo em perfeita harmonia, com uma brutalidade chocante, em cenas que provocam indignação.

Mostra a inescrupulosidade do ser humano, até onde o homem é capaz de chegar para obter ganhos econômicos.

Quando a árvore-casa dos Na’vi cai, o desmatamento da Amazônia, da Mata Atlântica, o derretimento dos polos, a morte dos corais e dos oceanos, enfim, todas as desgraças provocadas pelo homem são

evocadas.

Vemo-nos atirando contra a natureza, só porque debaixo dela se encontra um minério valioso, que, para os humanos, resolveria a crise energética, uma vez que em 2154 – ano em que a trama se passa –

não existe mais verde na Terra.

Com a Terra arrasada, segue-se a colonização de outros mundos. Ao mostrar nossa mesquinhez, o filme pretende atingir o que ainda resta

de consciência ecológica no ser humano.

O nome da lua, O nome da lua, Pandora, é Pandora, é

significativo. Na significativo. Na mitologia, Pandora, a mitologia, Pandora, a

primeira mulher criada primeira mulher criada por Júpiter, recebe dos por Júpiter, recebe dos deuses,deuses, presentes em presentes em forma de donsforma de dons, , comocomo beleza, persuasão e beleza, persuasão e

música.música.

Do marido, Epimeteu, Do marido, Epimeteu, recebe uma caixa recebe uma caixa

contendo todos os males, contendo todos os males, com a advertência de não com a advertência de não abri-la. Mas a curiosidade abri-la. Mas a curiosidade foi maior, e Pandora abriu foi maior, e Pandora abriu a caixa, liberando pragas a caixa, liberando pragas que atingiram o homem,que atingiram o homem,

restando apenas restando apenas a a esperança.esperança.

Pandora não cuidou de sua caixa, e nós não estamos cuidando do nosso planeta.

Avatar nos adverte: a Terra é nossa caixa de Pandora. Se não soubermos preservá-la, será o nosso fim.

O filme é permeado de esperança. Na lua Pandora tudo está em equilíbrio. Uma árvore da vida, a deusa Eywa, sustenta as

conexões entre as raízes de todas as árvores e entre todos os seres.

É uma teia, como as sinapses que ligam os neurônios em nosso cérebro. Acaso na Terra os sistemas também não estão

interligados? Esse é o preceito fundamental da ecologia. Como dizia José Lutzenberger, em seu Manifesto Ecológico Fim do Futuro: tudo

está relacionado com tudo. Tudo é uma coisa só.

Embora nossa conexão não se realize

diretamente, como ocorre por meio das

tranças dos Na’vi, com os cavalos (Direhorses),

animais alados (Banshee) ou com a própria terra... ela existe, só que está

perdida pelo nosso afastamento da natureza.

Avatar nos diz Avatar nos diz que, se quisermos que, se quisermos manter o direito manter o direito

de habitar na de habitar na Terra, Terra, precisamos precisamos

colocar-nos colocar-nos novamente em novamente em contato com a contato com a

natureza.natureza.

O personagem principal, Jake Sully, consegue se libertar da cegueira e da ignorância e perceber a tempo a catástrofe que os humanos iriam

desencadear em Pandora.

Ao entrar em contato com os costumes dos Na’vi, Jake Sully, aos poucos, vai compreendendo a importância da harmonia

ecológica de Pandora.

Trata-se, além de conhecer os modos de alimentação e locomoção, de como respeitar a vida

em todas as suas formas.

Quando a jovem

princesa Neytiri diz a ele “Eu vejo

você”, ela não apenas vê, mas sente, percebe e respeita o

outro.

Para vivermos em equilíbrio com a natureza e com nossos semelhantes, é preciso “vê-los” profundamente.

Um aspecto interessante é que a vida no avatar passa a ser mais real do que a “vida real”. Isso pode instigar-nos a questionar: a vida que levamos atualmente nos proporciona qualidade de vida? Não

está na hora de buscarmos qualidade de existência?

O filme nos mostra que as sociedades tidas como “primitivas”, até mesmo “selvagens”, têm mais sabedoria, e, geralmente, uma ligação com a natureza muito mais rica do que a nossa.

Somos responsáveis pelo sistema econômico falho, excludente, perverso – que, apesar da crise, surpreendentemente permanece o mesmo – que, visando ao lucro e ao crescimento ilimitado, coloca a

natureza como uma ‘pedra no sapato’ para atingir o “desenvolvimento”.

O que nos falta, como mostra Avatar, é envolvimento.

O próprio nome “desenvolvimento” sugere um desligamento com o envolvimento, uma total desconexão com a Mãe

Natureza, que só gera desequilíbrio para todos nós.

Estamos cada vez mais Estamos cada vez mais desconectadosdesconectados com a com a teia da naturezateia da natureza, preocupados em , preocupados em

ganhar dinheiro custe o que custar.ganhar dinheiro custe o que custar.

Estamos cada vez mais desconectados com a teia da natureza, preocupados em ganhar dinheiro custe o que custar.

Mesmo que o preço seja a vida dos que ainda não nasceram ou até mesmo dos oceanos, das árvores e dos animais, não cogitamos alterar

nossos hábitos de consumo, extremamente danosos aos recursos naturais, e, muito menos, mudar nossa matriz energética altamente

poluente.

Ainda há tempo para Ainda há tempo para salvar a salvar a TerraTerra, basta nos , basta nos

reconectarmosreconectarmos..

“I see you!” – “Eu vejo você!”

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