a sociologia jurídica existe para contribuir com o aluno...

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A Sociologia jurídica existe para contribuir com o aluno do curso de Direito: a aprimorar a sua capacidade de compreender a realidade, pois, o difícil não é entender a realidade, e sim a essência e a verdade dessa realidade. E isso exige abstração.

Dar oportunidade ao aluno de construir possibilidades reais de um pensamento autônomo - com a possibilidade de confrontar visões e

explicações sobre determinado tema.

A sociologia aplicada ao Direito está interessada em estudar o Direito com base nos fenômenos sociais. O grupo humano institui um conjunto de regras, leis, que orientam e obrigam os indivíduos a compartilharem de uma sobrevivência comum. O objeto da sociologia jurídica é a contribuição que o grupo humano determinado empresta para a consagração e formalização dessas regras, ou seja: entender a norma, escrita(aparelho jurídico formal), ou não escrita(extrajurídico), a partir de formações sociais específicas de cada sociedade e sua relação com os fenômenos sociais.

Perguntas que a Sociologia jurídica procura fazer :

1 Como e porque se cria um conjunto de normas, e como essas normas constituem um sistema jurídico específico ? 2 O que existe no Direito além e acima dos códigos e dos conceitos puramente legislativos? 3 Qual a importância da Sociologia aplicada ao Direito, e qual a magnitude do Direito à Sociedade?

Observando os fatos percebemos que nem sempre os fenômenos sociais são perfeitamente compreendidos e tratados pelo Direito, oportunizando assim muitas vezes erros de julgamentos e incontáveis vezes casos concretos entram em flagrante dissonância com as leis. Isto muitas vezes acontece porque ou a lei é despropositada, ou inócua, ou ela não é aplicada a contento pelos operadores do Direito. De uma maneira ou de outra o que fica claro é que as formações sociais e seus acontecimentos – “fenômenos sociais” estão acima, e antes, dos códigos legislativos e de sua formalização num sistema positivo.

Quando queremos estudar a violência à luz da Sociologia aplicada ao Direito, não estamos desconhecendo o Direito como força agente nas formações sociais, nem tampouco reduzindo a Ciência Jurídica à Sociologia; reconhece-se a especificidade do Direito, como uma realidade distinta. O que queremos dizer é que essa realidade, (social da violência) tem raízes profundas e indissociáveis na sociedade, nos grupos humanos que se organizam numa formação histórica dada, em processo constante de transformação. Assim o Direito tem de observar de perto essa dinâmica, a interação entre sociedade e norma, encarar a mudança na medida exata da mudança das estruturas sociais e de seu aparato jurídico, diante das expectativas e tensões pertinentes na vida prática dos agentes sociais inseridos em um contexto de modernidade.

O mesmo vale para a Sociologia.

Isto porque queremos dizer que a sociedade que cria e sustenta o sistema jurídico. O que não é pertinente é afirmar que o sistema jurídico seja, em si mesmo, criador autônomo de legislação... e que esta, por sua vez, seja cumprida como imposição unilateral do jurídico, como se obtivesse total independência da sociedade que lhe dá origem.

PREMISSAS DA SOCIOLOGIA JURÍDICA

Ao longo da história aspectos jurídicos vão sendo criados e vão se transformando no intuito dos homens organizarem e regularem da melhor forma possível a sobrevivência coletiva.

Desde o Código de Hamurabi(Babilônia 1750 a.C) até nossos dias – passando pela lei de Talião(Código Judaico-cristão passado por Deus a Moisés) e tantos outros ao longo da história do Direito até o Pragmatismo e Realismo Jurídico de nossos dias(segunda metade do séc. XX) -, os homens têm procurado uma idéia e visão de Direito, quer dizer, de organização normativa sistemática e como institucionalização normativa sistemática como institucionalização capaz de auxiliar na harmonia possível do convívio social.

Preparando-nos para durante o estudo da nossa disciplina conhecermos as principais escolas sociológicas modernas e suas implicações jurídicas, Repassaremos as principais características dos grandes períodos da história, ou seja: Idade Antiga, Idade Média, Renascença, Idade Moderna, de como a sociedade de cada um desses períodos lidaram com o controle social por meio da Justiça.

Idade Antiga – a sociedade desse período utilizava como prática jurídica a oralidade, tanto do ponto de vista da acusação como da defesa. Se valia do juramento diante dos deuses e a ameaça de sua ira.

Idade Média – o grupo social da época tem como a grande instituição processual – penal o Tribunal da Inquisição, que é institucionalizado pelo Papa Gregório IX e com o Papa Inocêncio IV, por meio da bula Ad extirpada passou a autorizar o uso da tortura.

O inquérito não seja exatamente criação da Igreja Católica, mas sem dúvida foi nesse período que este instrumento jurídico toma notória importância e passa a substanciar os julgamentos e sentenças.

O que é Inquérito? Conjunto de atos e diligências que têm por objetivo apurar a verdade de fatos alegados; sindicância.

O inquérito desde esse período até os nossos dias tem o seu mesmo valor – que é servir como um instrumento no processo de julgar e punir com bases sólidas, com elementos que possibilitem chegar à verdade dos fatos e de acordo com esta sentenciar. Esses elementos “sólidos” são as provas conseguidas por várias maneiras(investigação, denúncia, testemunhas oculares etc...). Ressalta-se aqui que a inquisição utilizada neste período ainda não satisfazia a justiça pois ela não se distinguia uma falta moral de um crime, ou seja, esbarrar e derrubar um nobre ou um membro da Igreja, um furto ou um crime de assassinato teria praticamente o mesmo peso. Os inquisidores eram os da Igreja e os dos Reis e Príncipes. Idade Média foi um período extenso.

Renascimento – Direito Natural ou Jusnaturalismo: Inicia aqui o grupo social a ressaltar e tomar maior consciência dos direitos naturais e distinguindo-os dos direitos postos pelo homem. Aqui também acontece a ruptura com o Direito Canônico. Os filósofos da época distinguiram o jusnaturalismo Inato e Jusnaturalismo Empírico.

O Inato tem por base os direitos da condição humana, partindo do pensamento de que o homem por ser absolutamente diferenciado em relação aos outros seres vivo, adquirem naturalmente, por essa condição humana, direitos inalienáveis e imutáveis, direitos de sua condição humana. Estas contribuições são importantes até nos dias de hoje, deixaram noções racionais que até hoje são respeitados pelos sistemas jurídicos de todo o mundo, tais como os Direitos Humanos, uma plataforma positiva e relativamente estável de Direito Internacional e Tribunais internacionais.

Esta noção de inalienáveis e imutáveis, por advirem da condição humana, deu origem à Declaração dos Direitos Humanos na Revolução Francesa (1789), assim como o estatuto da ONU.

O Direito Natural Inato apesar de ser uma idéia abstrata da mente humana... ele é até os nossos dias uma arma poderosa contra a prepotência e autoritarismo do Estado moderno. Ao afirma que nenhum Estado poderá legitimar seu poder diante dos cidadãos se lhes retirar esses direitos, que não emanam na organização social e política, mas que derivam intrinsecamente da condição humana.

Idade Moderna – a sociedade moderna espera do sistema judiciário que ele seja:

Laico – onde o sagrado e o profano sejam substituído pelo certo e errado, justo e injusto socialmente tomado, Apolítico – onde o poder não se sobrepuje ao justo e injusto e onde os poderosos não sejam tratados privilegiadamente; Neutro – onde exista de fato a eqüidistância entre as partes envolvidas no litígio e entre estas e os operadores do Direito; Ético – onde a decência no tratamento das questões em tela seja absoluta e tenha a dimensão de resgatar e garantir a paz, harmonia e justiça sociais, sem possibilidade de favorecimentos pessoais e de instituições envolvidas no litígio e no Direito;

Democrático – onde seja possibilitada ampla defesa e argumentação das partes e participação e informação do corpo social como um todo, onde necessariamente os fatos e as provas, os processos e inquéritos não truculentos possam elucidar melhor e ajudar na decisão sobre os motivos (descabidos ou não) dos sentidos das ações humanas; Objetivo - onde a subjetividade de visões e interesses pessoais seja moldada pelos rigores da lei em nome de todos os elementos. Humano, desinteressado, a não ser pela justiça, igualitário e ético, capaz de servir democraticamente à livre expressão e desenvolvimento pessoal de todos os cidadãos, e do próprio Direito, com dignidade e decência substanciadas nos fatos e nas provas.

Referência ROCHA, José Manuel de Sacadura. Sociologia Jurídica – Fundamentos e Fronteiras.. Editora Campus Jurídico. São Paulo. 2008. ROJO, Raul Enrique. AZEVEDO de, Rodrigo Ghinnghelii. Sociedade, direito, Justiça. Relações conflituosas, Relações harmoniosas‽ in Revista - Sociologia e Direito, Porto Alegre, ano 7, nº 13, jan-jun 2005, p. 16-34. CASTRO. Celso A. Pinheiro de. Sociologia do Direito. Editora Atlas. 8ª Edição. São Paulo. 2003.

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