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III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE
A PRODUÇÃO DE IDENTIDADES DE CIÊNCIA NA REVISTA
GALILEU: EFEITOS DE SENTIDO DE MONOFONIA OU POLIFONIA?
Natália Martins Flores1
Ada Cristina Machado Silveira2
1. Introdução
Com o objetivo de estabelecer a comunicação entre dois sujeitos, a enunciação é
tratada por Mikhail Bakhtin (1986) como um produto da interação entre esses
comunicantes. A linguagem não tem apenas a função de expressão, mas funciona
essencialmente como uma interação social que visa fazer dialogar dois indivíduos.
Partindo dessa perspectiva, Bakhtin viria a interpretar a linguagem como sendo de
natureza concreta e dialógica, que coloca em diálogo interlocutores e discursos. Assim, o
discurso produzido nunca é individual, mas social, construído numa relação entre seres
sociais e discursos que lhe são precedentes.
A partir dos estudos de Bakhtin, os teóricos do discurso passaram a adotar o
discurso como sendo de natureza inconclusa e aberta, elemento sempre em processo,
em construção. Essa posição ocorre no próprio conceito de heterogeneidade constitutiva
do discurso, o qual, segundo esclarece Jacqueline Authier-Revuz (2004), se refere a ele
como constantemente perpassado pelas palavras do outro. Neste sentido, por mais que
pretenda ser fechado, o discurso sempre está em contato com a alteridade, com o que
lhe é precedente ou com o que lhe é oposto.
Com a heterogeneidade constitutiva do discurso, o sujeito da AD não é mais
entendido como centrado, dono do seu dizer, formado na relação de oposição Eu-Tu. Ele
aparece como sujeito descentrado que divide espaço com o outro e, por isso, é
constantemente invadido por outras vozes. Segundo Brandão (2004), antes de ser fonte
do seu dizer esse sujeito histórico-ideológico constrói seu discurso na relação com os
discursos do outro.
A abordagem da linguagem como dialógica permite que os estudos de linguagem
investiguem elementos que estão além da materialidade física léxico-gramatical. Entram
1 Bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Mestre em
Comunicação pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. 2 Doutor em Periodismo pela Universitat Autonoma de Barcelona. Professor do Programa de Pós-
graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM.
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em cena aspectos como a situação de comunicação imediata (os sujeitos que se
comunicam) e o contexto social e ideológico no qual a enunciação emerge. Esse aspecto
mostra que a enunciação e a linguagem não se estruturam apenas segundo elementos
lingüísticos, mas também de acordo com projeções construídas sobre o interlocutor e
condições sócio-históricas de seu tempo.
A produção social da enunciação se relaciona a sua própria natureza ideológica a
qual recebe influências do seu contexto. De acordo com Diana L. P. de Barros (2005),
Bakhtin descreve o texto, construído na enunciação, como um produto significante
produzido dentro de determinada sociedade e que, por isso, subentende o contexto
social, histórico e cultural que lhe deu origem. Assim, ele reveste-se também de
conteúdos ideológicos que perpassam essa sociedade.
A enunciação funciona assim como meio de exteriorizar e materializar o discurso.
Essa instância pressupõe a presença de um sujeito que, ao tomar a palavra, se instala
como enunciador e dirige-se a um segundo sujeito (o enunciatário) com o objetivo de
comunicar-se.
Quando falamos sobre os sujeitos da enunciação, não nos referimos aos sujeitos
físicos do mundo, mas a sujeitos do discurso, inseridos no texto. O esquema de Patrick
Charaudeau (2009) ilustra essa diferença entre sujeitos ao demarcar locutor/receptor
como sujeitos sociais e enunciador/destinatário como sujeitos do discurso:
Figura 1: Representação do dispositivo da encenação da linguagem
Fonte: CHARAUDEAU, 2009, p.77
2. O sujeito e a heterogeneidade
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O direcionamento dos estudos lingüísticos para a questão da heterogeneidade foi
incitado pelos estudos do círculo de Bakhtin e sua introdução na França por Julia
Kristeva. Ao mostrar a linguagem como dialógica e a palavra como uma ponte construída
em direção ao outro (BAKHTIN, 1986), esse círculo mostrou o discurso como um campo
heterogêneo de disputas entre sujeitos que interagem entre si por meio da linguagem.
Neste contexto, o discurso aparecia na sua natureza heterogênea e aberta, composto por
uma complexidade de elementos advindos de discursos outros.
Os pressupostos de dialogismo e heterogeneidade do discurso permitiram a
Bakhtin construir a sua teoria de polifonia por meio da análise de romances literários
como os de Dostoievski e da literatura popular ou carnavalesca. Esses textos são
caracterizados por Bakhtin como polifônicos, pois mostram uma série de “máscaras”
assumidas pelo autor, diversas vozes que se expressam ao mesmo tempo sem que, no
entanto, uma prepondere sobre as outras (BRANDÃO, 2004). Neste sentido, a polifonia
daria espaço para vozes ideológicas distintas e permitiria que essas convivessem no fio
do mesmo discurso sem reduzi-las a uma voz dominante.
A igualdade que essas vozes assumem no discurso pode ser observada na análise
de Bakhtin sobre os romances de Dostoievski:
A multiplicidade de vozes e consciências imiscíveis e a autêntica polifonia de vozes plenivalentes constituem, de fato, a peculiaridade fundamental dos romances de Dostoievski. Não é a multiplicidade de caracteres e destinos que, em um mundo objetivo uno, à luz da consciência uma do autor, se desenvolve nos seus romances; é precisamente a multiplicidade
de consciências equipolentes e seus mundos que aqui se combinam numa unidade de acontecimento, mantendo sua imiscibilidade. Dentro do plano artístico de Dostoievski, suas personagens principais são, em realidade, não apenas objetos do discurso do autor, mas os próprios sujeitos desse
discurso diretamente significante (BAKHTIN, 2005, p.4).
No trecho acima, pode-se entender a polifonia bakhtiniana caracterizada não
apenas como o aparecimento de diversas vozes, mas como marcada pela equipolência
entre elas. Essa propriedade se refere ao fato das vozes deterem iguais condições de
expressão, ou seja, do autor deixar seus personagens falarem sem colocar seu ponto de
vista como preponderante. Marcadas por uma relação de independência entre si, essas
vozes mantêm o seu valor central sem subjugarem-se a uma voz unificadora como a do
autor ou do herói.
O dialogismo da obra de Dostoievski é colocado em oposição ao monologismo que
alguns textos literários clássicos assumem. Nos últimos, há a preponderância de uma voz
responsável por centralizar os pontos de vista e colocar as outras vozes sob o seu jugo.
Dessa forma, segundo Dominick LaCapra (2010), os estudos literários de Bakhtin
chamam atenção para a ambivalência e abertura dos textos, em que a carnavalização é
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tida como a forma em que o dialogismo e a heteroglossia aparecem de forma mais
acentuada.
Para Authier-Revuz (2004), a relação de oposição entre monologismo e
dialogismo é a marca fundamental dos estudos do círculo de Bakhtin, atravessados por
um paradigma coerente e pelas seguintes oposições:
Quadro 1: As oposições do Círculo de Bakhtin
Fonte: Adaptação de Authier-Revuz (2004, p.25)
Esse quadro permite-nos fazer relações entre os elementos diálogo, múltiplo,
relativo e inacabado em contraposição às existentes entre monólogo, único, absoluto e
acabado. Os primeiros elementos representariam a abertura do discurso e a ocorrência
de diversas vozes equipolentes no mesmo fio discursivo, enquanto que os últimos se
relacionariam ao fechamento do discurso no qual uma voz se sobrepõe e controla as
demais.
De acordo com LaCapra (2010), a partir das críticas de Bakhtin ao monologismo,
a linguagem foi assumida como um campo de força que coloca em tensão forças
centrípetas (unificadoras) e centrífugas (heteroglotas) e que, no confronto, produz-se a
cultura. A importância do equilíbrio entre essas forças é mostrada por meio do apreço de
Bakhtin pela carnavalização, a qual faz emergir a heterogeneidade de pontos de vista e
vozes. Neste sentido, “a ausência ou o colapso da carnavalização facilita um movimento
rumo à pura luta pelo poder entre forças opostas” (LACAPRA, 2010, p.173).
O conceito de polifonia de Bakhtin elaborado no contexto de textos literários foi
apropriado por estudos posteriores do discurso e, em algumas situações, adquiriu
imprecisões e polissemias. Como exemplo, pode-se citar a confusão que se estabeleceu
entre polifonia e dialogismo, conceitos caros aos estudos bakhtinianos. Assumida como
sinônimo de dialogismo, a polifonia acabou muitas vezes sendo entendida como uma
característica intrínseca de todos os textos, provocando um esvaziamento do seu
significado original.
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Barros auxilia-nos a diferenciar o dialogismo da polifonia. A autora define o
dialogismo como princípio da linguagem e a polifonia como efeito de sentido produzido
no discurso:
Em outras palavras, o diálogo é condição da linguagem e do discurso, mas há textos polifônicos e monofônicos, segundo as estratégias discursivas acionadas. No primeiro caso, o dos textos polifônicos, as vozes se mostram; no segundo, o dos monofônicos, elas se ocultam sob
a aparência de uma única voz. Monofonia e polifonia de um discurso são,
dessa forma, efeitos de sentido decorrentes de procedimentos discursivos que se utilizam em textos, por definição, dialógicos (BARROS, 2003, p.6).
Seguindo a mesma direção, José Luiz Fiorin (2008) procura entender as sutilezas
existentes entre polifonia, plurivocalidade e heteroglossia. Diferentemente dos dois
últimos termos, que servem para nomear a natureza heterogênea da linguagem, a
polifonia subentende uma dimensão política das vozes, pois se refere à equipolência das
mesmas. Assim, a presença de várias vozes somente implica em polifonia se essas
tiverem a mesma independência e se expressarem de forma igualitária.
De fato, a dimensão política de expressão igualitária de todas as vozes adotada
pela teoria polifônica bakhtiniana produziu uma visão radical do que poderia ser
considerado um texto polifônico. Apesar de compreender a limitação que essa
radicalidade provoca em análises textuais, entende-se que os princípios de equipolência,
imiscibilidade e plenivalência desta teoria podem auxiliar na compreensão de textos
midiáticos. A mídia é responsável por fazer falar diversas vozes presentes no tecido
social. Esta instância, muitas vezes, transforma-se em arena de luta entre diversos
atores sociais.
A adoção da perspectiva dos estudos de Bakhtin por autores como Barros (2005,
2003), Brandão (2004) e Fiorin (2008) mostra os mecanismos de construção de efeitos
de sentido de monofonia e polifonia num discurso. Enquanto o primeiro faz o discurso
parecer ter uma única voz atuante, o segundo mostra a sua dialogicidade, ou seja, as
diferentes vozes que constituem esse discurso, sem que uma julgue as restantes. Assim,
o conceito de polifonia de Bakhtin pode nos esclarecer a configuração da identidade de
ciência na revista Galileu: como única voz preponderante ou como uma voz que
estabelece relações de equipolência com outras vozes do discurso.
3. Das formações ideológicas às formações discursivas
Ainda que apreciando o conceito de polifonia bakhtiniano, a sistematização da
nossa análise utiliza as categorias de enunciador e locutor construídas por Oswald Ducrot
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na sua teoria polifônica do discurso. Compreendemos que as teorias polifônicas desses
dois pesquisadores divergem em muitos aspectos e, neste sentido, no presente item
pretendemos discorrer brevemente sobre suas diferenças conceituais e sobre possíveis
aproximações entre essas teorias para a análise de textos.
A constituição da teoria polifônica de Ducrot parte de Bakhtin e opera no nível
lingüístico (cf. BRANDÃO, 2004), dentro dos estudos da pragmática semântica. No
entanto, como o próprio Ducrot (1987) discorre, diferentemente da teoria bakhtiniana
que é aplicada a textos, a sua teoria polifônica se aplica a enunciados isolados. O
objetivo do linguista é questionar a unicidade do sujeito falante assumida como óbvia
pelas correntes da linguística moderna. Neste sentido, essa teoria polifônica pretende
mostrar que dentro de um enunciado existem diversas vozes se sobrepondo.
Para operacionalizar a análise da polifonia de enunciados e mostrar os papéis que
podem ser assumidos no discurso, Ducrot parte da teoria narrativa de Gerard Genette e
dos conceitos de narrador e de personagens. Os locutores fariam o papel de narrador,
enquanto que aos enunciadores caberia o papel de personagens do discurso. Assim,
Esta situação me parece próxima da que procurarei descrever, no nível do enunciado, dizendo que o locutor apresenta uma enunciação de que se declara responsável – como exprimindo atitudes de que pode recusar a responsabilidade. O locutor fala no sentido em que o narrador relata,
ou seja, ele é dado como a fonte de um discurso. Mas as atitudes expressas neste discurso podem ser atribuídas a enunciadores de que se distancia – como pontos de vista manifestados na narrativa podem ser sujeitos de consciência estranhos ao narrador (DUCROT, 1987, p. 196).
Ducrot (1987) ainda toma o cuidado de diferenciar o locutor do sujeito empírico
que escreve o texto. Enquanto o primeiro se refere a um ser do enunciado, o sujeito
empírico é uma pessoa exterior ao enunciado e que, por isso, não interessa às análises
da semântica textual.
Assumindo a existência tanto de narradores como de personagens nos
enunciados, a teoria polifônica de Ducrot (1987) estabelece duas formas de polifonia
expressas tanto no nível dos locutores como dos enunciadores. Enquanto a primeira
forma se refere a diferentes sujeitos que assumem a palavra, a segunda – mais
frequente, segundo Ducrot – representaria os diferentes pontos de vista assumidos no
discurso. Assim,
[...] o sentido do enunciado, na representação que ele dá da enunciação, pode fazer surgir aí vozes que não são as de um locutor. Chamo de ‘enunciadores’ estes seres que são considerados como se expressando
através da enunciação, sem que para tanto lhe atribuam palavras precisas; se eles ‘falam’ é somente no sentido em que a enunciação é vista como expressando seu ponto de vista, sua posição, sua atitude,
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mas não, no sentido material do termo, suas palavras (DUCROT, 1987, p.192) (grifos do autor).
Focando-se na análise semântica de enunciados, a teoria polifônica de Ducrot
apresenta diferenciações em relação ao conceito original de polifonia bakhtiniano.
Diferente de Bakhtin, Ducrot não se interessa pelas relações de igualdade entre as vozes
discursivas, ou seja, pelas instâncias de equipolência, imiscibilidade e plenivalência que
caracterizariam a polifonia bakhtiniana. Assim, apesar de apontar diversos enunciadores
e locutores presentes nos enunciados, Ducrot não se preocupa em entender as relações
de dominação ou independência que estes sujeitos estabelecem entre si.
Tomando essas diferenças como base, pretendemos adotar a teoria polifônica de
Bakhtin e fazê-la dialogar com o esquema de locutores e enunciadores apresentados por
Ducrot. Neste sentido, utilizaremos alguns elementos da teoria polifônica de Ducrot
somente na sistematização da análise de textos midiáticos por entendermos que essas
categorias são extremamente operacionais no nível lingüístico.
A apropriação de conceitos de Bakhtin e Ducrot exige uma vigilância conceitual
que evite fazermos confusão quanto aos pressupostos teóricos desses dois
pesquisadores. O diálogo empreendido entre eles pretende mostrar saídas para a
localização das vozes discursivas do texto – por meio das categorias de sujeitos de
Ducrot – sem, no entanto, perder a historicidade presente em Bakhtin. Assim, tendo
como principal foco os pontos de enunciação ou de vista assumidos pelo discurso,
pretendemos entender como esses se relacionam à sua historicidade.
A questão dos pontos de vista remete ao próprio espaço que o sujeito do discurso
recebe na AD. Como descentrado e disperso (FOUCAULT, 1972), esse se move entre
diferentes posições de sujeito, lugares que são determinados externamente ao discurso
por meio de determinações históricas, culturais e sociais. Esses lugares em que o sujeito
de coloca são denominados formações discursivas e o externo que os determina se refere
às formações ideológicas, conforme explicitaremos mais adiante.
Ao estudar as relações entre ideologia e discurso, Michel Pêcheux reelaborou no
contexto da AD os conceitos de formação discursiva de Foucault e de ideologia de
Althusser. A formação discursiva é definida por ele como
aquilo que pode e deve ser dito (articulado sob a forma de um arenga de um sermão, de um panfleto, de uma exposição, de um programa, etc) a
partir de uma posição dada na conjuntura social (PECHEUX apud BARONAS, 2004, p.56).
A formação discursiva é responsável por interpelar o sujeito e fazê-lo assumir
lugares determinados. No seu conjunto, várias formações discursivas constituem uma
formação ideológica, que é:
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[...] um elemento [...] suscetível de intervir como uma força em confronto com outras forças na conjuntura ideológica característica de
uma formação social em dado momento; desse modo, cada formação ideológica constitui um conjunto complexo de atitudes e de representações que não são nem individuais nem universais, mas se relacionam mais ou menos diretamente a posições de classes em conflito umas com as outras (PECHEUX; FUCHS, 1997, p.166).
A presença de formações discursivas em determinado discurso não pode ser
entendida como algo homogêneo e fechado. Ao contrário, esse elemento se caracteriza
por ser heterogêneo, um espaço aberto relacionado ao interdiscurso. Essa concepção é
elaborada por Pêcheux e outros teóricos na década de 70:
Uma formação discursiva não é um espaço estrutural fechado, já que ela é constitutivamente ‘invadida’ por elementos provenientes de outros lugares (i.e., de outras formações discursivas) que nela se repetem, fornecendo-lhe suas evidências discursivas fundamentais (por exemplo sob a forma de ‘pré-construídos’ e de ‘discursos transversos’) (PECHEUX
apud CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2004, p.241) (grifos do autor).
Neste espaço interdiscursivo, o discurso é atravessado pela confluência de
diversas formações discursivas que remetem a formações ideológicas específicas. Por
meio da análise de efeitos de sentidos de monofonia ou polifonia do discurso, poderíamos
entender como se dá essa relação entre FDs e as diferentes vozes que estas reportam.
4. A operacionalização da análise
O corpus de análise detém-se em reportagens de setembro de 2010 (Quanto
custa ser feliz) e fevereiro de 2011 (A cura do envelhecimento). Essas matérias mostram
as descobertas mais recentes da ciência referentes a duas situações buscadas pelo ser
humano: a felicidade (setembro de 2010) e a cura do envelhecimento (fevereiro de
2011). As duas matérias contêm, respectivamente, oito e dez páginas, com texto, fotos,
ilustrações e quadros com textos secundários exteriores ao texto principal e que
remetem a outras pesquisas sobre o tema da reportagem. Entendemos que a
reportagem produz sentidos com a reunião destes três elementos (fotos, quadros e
texto), mas nosso recorte de análise deteve-se apenas na análise do texto da
reportagem.
Dividiu-se a análise em três etapas, descritas a seguir: 1) localização dos
locutores e enunciadores presentes no corpus; 2) descrição das formações ideológicas de
que se originam as posições de enunciação (enunciadores) encontradas e 3) localização
das formações discursivas que compõem o discurso da revista.
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A primeira etapa da análise utilizou a distinção operacional entre locutores e
enunciadores proposta por Ducrot (1987). Como visto anteriormente, essas categorias se
referem ao nível discursivo e excluem o sujeito exterior ao texto. Esses conceitos
aparecem esquematizados abaixo:
Locutor: responsável pelo enunciado e por conduzir a narrativa. Enunciador: ponto de vista em que são apresentados os acontecimentos.
Primeiramente, lemos as reportagens do corpus e localizamos os seus locutores.
Para uma melhor organização, os locutores foram numerados (exemplo: L1) e colocados
em tabelas específicas, referentes à reportagem em que se encontram. Num segundo
momento, fizemos nova leitura do material para localizar os pontos de vista que esses
locutores assumem e, assim, mostrar os enunciadores do discurso. Cada reportagem
suscitou a localização de enunciadores específicos, os quais também foram enumerados e
caracterizados. Optamos por numerar os enunciadores sequencialmente. Assim, supondo
que a primeira reportagem analisada refere-se aos enunciadores E1 e E2, E3, a segunda
possui na sequência os enunciadores E4, E5.
Após localizar os locutores e enunciadores das reportagens, nos focamos na
análise da segunda categoria por representar um nível de polifonia mais forte em relação
ao nível dos locutores (BRANDÃO, 2004). Segundo entendemos, a análise dos pontos de
enunciação que o discurso deixa ver traria respostas mais concretas sobre os efeitos de
sentido adotados por ele.
Conformadas por meio de inscrições culturais, sociais e históricas (DUCROT,
1987), as posições de enunciação podem ser associadas ao conceito de formações
ideológicas da AD. Assim, numa segunda etapa de análise, optamos por descrever as
formações ideológicas de que se originam as posições de enunciação encontradas no
corpus.
Na terceira etapa de análise, nos detivemos na materialização dessas formações
ideológicas no discurso da revista, por meio da localização das formações discursivas que
compõem o corpus. A relação entre formações ideológicas e discursivas foi baseada no
aporte teórico da AD. Para executar essa etapa, realizamos novamente a leitura do
material, no qual marcamos as FDs que apareciam. Após reconhecê-las, as descrevemos
individualmente. Para finalizar, nos detivemos na análise das relações construídas pelas
FDs e a interação que elas mantêm com a FD de ciência no discurso da revista. Essas
relações ajudariam a conformar a identidade de ciência produzida na publicação e, para
suscitá-las, realizamos nova leitura das reportagens.
4.1 Sobre locutores e enunciadores
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A aplicação do esquema de locutores e enunciadores de Ducrot suscitou a
localização das vozes que compõem o discurso da revista. Essas estariam distribuídas
nessas duas categorias e demonstrariam a polifonia deste discurso. Na análise, localizou-
se um número bastante grande de locutores, os quais se dividem em pessoas comuns e
pesquisadores que investigam o tema proposto pela reportagem. Abaixo, citamos os
locutores da matéria de setembro de 2010:
Quadro 2: locutores da reportagem de setembro de 2010
Diferentemente da matéria de setembro, os locutores da matéria de fevereiro de
2011 não se referem a pessoas comuns e sim ocorrem somente como vozes de
pesquisadores e escritores que se ocupam do tema da reportagem. Na tabela abaixo,
mostramos os locutores dessa matéria:
Quadro 3: locutores da reportagem de fevereiro de 2011
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Apesar da diversidade de fontes consultadas para a composição das matérias, na
análise encontraram-se apenas dois enunciadores para cada reportagem. Como visto
anteriormente, esses sujeitos referem-se aos pontos de vista defendidos pelos locutores.
Na reportagem de setembro, os enunciadores são os seguintes:
E1: a felicidade estaria relacionada a pequenos prazeres, o que é comprovado pela
minha experiência pessoal (L2, L1, L5, L11, L12) e
E2: a felicidade está relacionada a pequenos prazeres, o que é comprovado pela ciência
(L3, L4, L6, L7, L8, L9, L10, L13).
Mesmo utilizando argumentos diferentes para afirmar que a felicidade encontra-se
nas pequenas coisas, essas duas posições de enunciação se complementam. Filiadas aos
mesmos interesses, pessoas comuns e pesquisadores se colocam contra o consumo
excessivo e entendem que o consumo relacionado a pequenos prazeres seria o caminho
para a felicidade. Enquanto E2 entende as pesquisas científicas como resposta para a
busca da felicidade, E1 apóia-se no senso comum e experiências pessoais para afirmar
que a tese da ciência está certa. Essa diferenciação entre posições de enunciação (e a
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sua semelhança ao chegar à mesma conclusão) pode ser exemplificada pelos trechos
abaixo:
E1 [senso comum]: “É legal entrar em uma loja sem olhar o preço, mas no final das contas o que me faz melhor hoje é passar tempo com as
pessoas de que gosto” (Quanto custa ser feliz. Galileu, n.230, p.42). E2 [ciência]: “A relação entre felicidade e pequenos prazeres é três vezes maior do que entre felicidade e riqueza”, diz o psicólogo Jordi Quoidbach, que conduziu o estudo (Quanto custa ser feliz. Galileu,
n.230, p.43).
A relação entre essas duas posições de enunciação produz um dizer que entende
as pesquisas científicas como resposta para o caminho da felicidade, pois ela é
responsável por propor essa nova relação com o dinheiro. Neste contexto, as pessoas
comuns inseridas no discurso não representam um ponto de vista divergente ao
científico, mas servem apenas como forma de exemplificar que a felicidade proposta pela
ciência é aplicável na vida real.
Na reportagem de fevereiro de 2011, encontraram-se os seguintes enunciadores:
E3: A ciência representa um avanço para o ser humano ao apontar novos tratamentos
para manter combater o envelhecimento (L1, L2, L3, L4, L5; L6; L7; L8) e
E4: A procura pela cura do envelhecimento não resolveria todos os problemas do homem
(L9; L10; L11; L12)
Esses enunciadores se configuram como oposições: enquanto E3 acredita na
ciência como modo de melhorar a qualidade de vida do ser humano, E4 coloca-se numa
posição de precaução quanto a esses resultados científicos e suas promessas de melhorar
a qualidade de vida. Apesar dos confrontos entre essas duas posições de enunciação,
ambas se originam de locutores da ciência. Essa abordagem permite que pensemos o
discurso da revista Galileu disposto a mostrar as discordâncias entre a comunidade
científica, a qual se compõe numa heterogeneidade de opiniões.
Ainda assim, a apresentação da ciência como solução aparece claramente no
fechamento da matéria, em que o repórter (L1) se posiciona favorável às pesquisas
científicas que procuram a cura do envelhecimento.
4.2 A localização das formações ideológicas
As posições de enunciação encontradas nas matérias analisadas se referem a duas
formações ideológicas: a formação ideológica da modernidade e a formação ideológica da
pós-modernidade.
A formação ideológica da modernidade entende a ciência como saber capaz de
fazer proposições absolutas e de descobrir todas as verdades do mundo. O pensamento
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progressista e otimista da modernidade entendia o saber científico como valor supremo e
verdade absoluta. Neste período, segundo Hilton Japiassú (1982), a ciência reduziu a
natureza a um sistema possível de ser captado por leis científicas. Assim, por meio do
uso de métodos científicos, o homem era capaz de controlá-la.
A configuração desta FI encontra-se presente na reportagem de setembro de
2010 quando esta se refere à ciência como poder capaz de indicar, propor, mostrar, etc.
quais são os meios de se chegar à felicidade. A ausência de estudos que indiquem
resultados contrários ao que está sendo imposto pelo ponto de vista (E2) também se
relaciona à imagem da ciência como única verdade.
O determinismo da formação ideológica da modernidade pode ser claramente
observado em alguns trechos da reportagem de setembro em que a ciência tem o poder
de mostrar às pessoas o único jeito de conseguir ser feliz. Essa perspectiva acaba por
colocar a culpa de não ser feliz no indivíduo, pois, se ele não o é, é porque não se focou
nas coisas certas (indicadas pela ciência):
Por outro lado, dinheiro não pode ser vilão – desde que se saiba gastá-lo
seguindo os passos dos cientistas (Quanto custa ser feliz. Galileu, n.230, p.47) (grifos nossos).
Na reportagem de fevereiro, a formação ideológica da modernidade ocorre, por
exemplo, quando se propõem todos os avanços que a ciência está descobrindo para
combater o envelhecimento. O enunciador E3 posiciona a ciência como determinadora do
modo como o ser humano vai envelhecer.
A segunda formação ideológica localizada relaciona-se à posição de enunciação
que tem a ciência como apenas uma das soluções para os problemas humanos. Surgida
na pós-modernidade, em que há a falência do projeto de modernidade e das grandes
narrativas, essa FI posiciona a ciência como uma das respostas entre inúmeras outras
possíveis. No corpus, essa formação confronta a formação discursiva da modernidade ao
relativizar a capacidade da ciência resolver os dilemas humanos. Veja no seguinte
trecho:
Mesmo que a medicina conseguisse fazer com que as pessoas tivessem saúde e disposição para trabalhar até os 100, provavelmente não haveria
mercado para todos. Com uma superpopulação de idosos, a previdência social certamente iria quebrar (A cura do envelhecimento. Galileu, n.235, p.43)
4.3 Formações discursivas que compõem a revista
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No corpus, a materialização das posições ideológicas da modernidade e da pós-
modernidade ocorre por meio das seguintes formações discursivas:
FD ciência: explicações das pesquisas científicas e discurso de pesquisadores.
FD senso comum: experiências de vida, depoimentos de pessoas comuns.
FD consumo simbólico: consumo não excessivo focado em pequenos prazeres.
FD da saúde: explicações concernentes à medicina e saúde.
FD do planejamento público: preocupações sociais e culturais quanto ao planejamento
populacional.
As FDs de ciência, do senso comum, do consumo simbólico e da saúde
estabelecem uma relação de complementaridade e de explicação. A FD da ciência explica
o modo como as pesquisas científicas foram conduzidas e os seus resultados
estabelecendo uma relação de justificação à FD do consumo simbólico e de explicação à
FD do senso comum. A relação entre a FD da ciência e a FD de saúde é também de
complementação, em que a primeira mostra pesquisas científicas que procuram
aprimorar a saúde do homem. Por último, as FDs de saúde e de ciência e a FD de
planejamento público apresentam uma relação de oposição, pois as descobertas
científicas não auxiliariam na questão da previdência social, por exemplo.
Figura 2: Relações entre as formações discursivas
A FD de ciência aparece no corpus por meio de marcas pertencentes ao universo
da ciência, mas que sofreram um processo de vulgarização pelo jornalismo. Essa FD
ocorre na reportagem de setembro ao trazer o ponto de vista biológico para explicar que
dinheiro traz felicidade, mas não tanto quanto imaginamos e na reportagem de fevereiro
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ao mostrar o modo como alguns cientistas esperam retardar o envelhecimento. Assim,
são descritos o funcionamento do corpo humano (o processamento da felicidade no
cérebro) e o modo como as pesquisas científicas foram conduzidas (a metodologia).
A opção de explicar os processos biológicos que ocorrem no nosso cérebro e de
expor a metodologia dos estudos científicos pretende trazer credibilidade à ciência e atua
como forma de convencer o leitor de que aqueles resultados são verdadeiros. Assim
também atuam elementos no texto que procuram evidenciar ora a atualidade das
pesquisas ora a qualidade dessas pesquisas, ao invocar o passado clássico destes
estudos. Assim, respectivamente, aparecem trechos como Estudos recentes, a nova
ciência da felicidade e estudo clássico da década de 1970.
Apesar de se constituir num espaço fora dos laboratórios, a formação discursiva
do senso comum não apresenta oposições/contradições à FD da ciência. Na matéria de
setembro, ela está presente no texto principalmente como forma de comprovar e
mostrar que a verdade científica descoberta nos estudos encontra-se aplicável na vida
real, ou seja, não é um resultado distante do cotidiano do leitor. Essa relação de
complementaridade entre essas FDs é apenas colocada em cheque com um pequeno
trecho da matéria:
Mayara concluiu, sozinha, o que os pesquisadores estão tentando nos mostrar (Quanto custa ser feliz. Galileu, n.230, p.42)
Este trecho deixa ver uma possível tensão entre a FD do senso comum e FD da
ciência, pois Mayara (representando o senso comum) parece ter descoberto o caminho
para a felicidade antes da ciência. No entanto, essa relação de tensão entre as FDs é
pouco explorada no restante da matéria, a qual dá mais espaço para a FD da ciência
explicar o porquê da felicidade estar nas pequenas coisas e comprovar essa colocação
por meio de testes em laboratórios.
A relação de oposição entre FDs somente se encontra presente na reportagem
sobre envelhecimento, de fevereiro de 2011. Nela, a FD de planejamento público se
contrapõe à FD de ciência e de saúde. Enquanto a FD de ciência mostra os benefícios
para a saúde das novas pesquisas científicas sobre envelhecimento, a FD de
planejamento duvida das eficiências dessas pesquisas para resolver problemas sociais e
culturais do homem. Embora apareça timidamente, essa relação de oposição entre FDs
demonstra uma possível abertura para discussão das vantagens e desvantagens das
pesquisas científicas para o ser humano.
5. Considerações finais
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A utilização de um corpus reduzido de apenas duas reportagens serviu para
exemplificar os aportes teórico-metodológicos que pretendem ser seguidos por essa
pesquisa. A partir das colocações da banca examinadora, pretendemos estender o corpus
de pesquisa e verificar se esse resultado preliminar se confirma em outras reportagens
da revista Galileu.
De acordo com a metodologia aplicada, pode-se suscitar uma série de pontos
concernentes à polifonia na Galileu que merecem ser discutidos. Primeiramente, segundo
nos mostra a análise, a presença de muitos locutores necessariamente não se refere a
uma identidade aberta de ciência em que suas questões são discutidas, pois esses
podem representar o mesmo ponto de vista. Essa situação ocorre em ambas as
reportagens analisadas, em que os locutores ocupam lugares que remetem, em sua
maioria, à formação ideológica da modernidade.
Como segundo ponto, destaca-se que a presença de diversos enunciadores
também não remete necessariamente à polifonia. Como nos mostra a análise da
reportagem de setembro, E1 e E2 não se contrapõem apesar de serem distintos e de
serem assumidos por locutores de lugares diferentes (a comunidade científica e o senso
comum). Outra questão colocada se refere a enunciadores assumidos por locutores que
advém de lugares semelhantes. Embora derivem da mesma comunidade (a científica), E3
e E4 se contrapõem, o que nos mostra que o discurso dos cientistas também é composto
por heterogeneidades.
Essas colocações nos permitem ampliar a questão da polifonia e abordar as
formações ideológicas como possível escolha para compreender a configuração dessas
vozes que perpassam o discurso. A discursividade de Galileu é construída numa
confluência de vozes relacionadas às FIs da modernidade e da pós-modernidade. No
entanto, ao abordar a dimensão política que essas vozes devem assumir para que se
tenha uma polifonia bakhtiniana, entendemos que esse discurso não é considerado
polifônico devido à ausência de equipolência, imiscibilidade e plenivalência entre as vozes
(enunciadores), as quais se complementam e dificilmente se contrapõem.
Ainda há a predominância no discurso da revista de vozes relacionadas à
formação ideológica da modernidade. Esse predomínio pode ser observado quando
analisamos as relações que as formações discursivas estabelecem com a formação
discursiva de ciência. A revista posiciona a FD de ciência como capaz de trazer respostas
úteis para o homem e, por isso, coloca-a para explicar e complementar as outras FDs, as
quais não estabelecem oposição.
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