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A noo de rosto em Emmanuel Lvinas, pp. 14 - 26
Volume 5 no 2 1
A NOO DE ROSTO EM
EMMANUEL LVINAS
Rubens Machado1
Matus Ramos 2
Resumo: Lvinas argumenta que existem realidades que escapam ao poder totalizante da razo e
seu poder constituinte. o caso, por exemplo, do rosto do outro homem. O rosto do outro
homem adquire, assim, um lugar central no nosso autor, pois, o lugar mesmo da verdade;
verdade esta no mais terica, mas verdade tica, ou metafsica j que o rosto no se presta a
objetivao, seja do desvelamento seja da adequao. Esta verdade tica se torna possvel se
tomarmos em considerao que o rosto a expresso da singularidade, do indivduo, nico a
existir; singularidade esta que se torna possvel se a considerarmos como separada da totalidade.
Palavras-Chave: Lvinas. Razo. Rosto. Verdade.Singularidade. Totalidade.
The concept of face in of Emmanuel Lvinas
Abstract: Lvinas argues that there are realities that escape the totalizing power of reason and its
constituent power. This is the case, for example, the face of the other man. The other man's face
thus acquires a central place in our author, therefore, it is the very place of truth; this fact no
longer theoretical but ethical truth, metaphysical or as the face does not lend itself to
objectification, is the unveiling is appropriateness. This ethic is possible true if we take into
account that the face is the expression of the uniqueness of the individual, only to exist; this
uniqueness that it is possible to consider like separate of totality.
Key-Words: Lvinas. Reason. Face. Singularity. Totality. Uniqueness.
1 Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria-RS.Professor de Filosofia e Sociologia na Escola Estadual de Ensino Mdio Visconde de Mau, Buti-RS. E-mail: rubensfilo@hotmail.com
2 Especialista em tica e Cincias da Religio. Ps-Graduando em Antropologia e Sociologia. E-mail teus33@yahoo.com.br
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Introduo
mmanuel Lvinas nasceu em Kovno, Litunia em 1906. Em 1923 vai para a
Frana estudar Filosofia em Estrasburgo e conhece Maurice Blanchot, que ser
seu amigo. Nos anos de 1928 e 1929 vai para Friburgo estudar com Husserl.
Assiste ao seminrio de Heidegger e participa do famoso encontro de Davos entre
Heidegger e Cassirer sobre Kant. Em 1930, com apenas 24 anos, publica sua tese de
doutorado: Thorie de lintuition dans la phnomnologiede Husserl. Com este trabalho
Lvinas adere Fenomenologia e introduz esta na Frana. Afilosofia, desde sua origem
supostamente na Grcia recebe de Lvinas uma interpretao aguda. Por vezes feroz. A
ideia de universalidade em que o formalismo a sua maior expresso combatida por
nosso autor porque essa universalidade apagou da cena a concretude do ente humano na
sua singularidade a insistncia na singularidade rendeu filosofia de Lvinas o ttulo de
empirismo; porm, ele tambm descreve uma universalidade: o rosto do outro homem,
que no da ordem emprica ; singularidade esta que pode ser verificada no amor e
tambm no dio, no nome e no apelido. Afinal, a quem amamos?Um universal?
lamore d accesso allunicit. Lindividuo nico amato (LVINAS; RICUR, 1998,
p. 78) A quem odiamos? Um universal? A quem estendemos a mo... Quem nos
estende a mo quando estendemos ou quando nos estendida? Numa palavra: um
conceito universal abstrato? A quem perdoamos quando perdoamos? A quem
culpamos quando culpamos? este quem (qui) mais do que o qu (quoi) ou o como
(comme) Lvinas no faz uma filosofia do mtodo, apenas se utiliza de um mtodo para
fazer filosofia; mtodo este que a fenomenologia que interessa a Lvinas, ainda que a
sua filosofia tenha encontrado na fenomenologia objeto e mtodo; objeto que se viu
depois no se tratar de um objeto, porm, o sujeito ou subjetividade. E por isso a sua
filosofia chamada de tica; afinal, acaso um conceito morre ou mata? Nos
comportamos com conceitos quando operamos no dito, contudo nos comportamos com
pessoas quando operamos no dizer. Se a diferena entre ser e ente a diferena
ontolgica, a diferena entre dizer e dito a diferena tica, ou a no.
A filosofia de Lvinas se caracteriza por um dilogo constante com a tradio.
Porm, este dilogo marcado por uma tenso, por uma tentativa de superao de uma
filosofia que, nas suas palavras, dominada por um clima ontolgico. Este clima
expresso na noo de saber, conhecimento, tematizao. Talvez Lvinas no tenha
defendido seno uma nica tese: a necessidade de sair do ser, da ontologia que tambm
chamada por ele de guerra.
Lvinas anuncia a sua filosofia comprometida com ahospitalidade, com o
acolhimento do Outro. Contudo, no se trata de boa vontade. O Outro enquanto Outro,
expresso consagrada por Lvinas em oposio ao ser enquanto ser , resiste aos
poderes de uma filosofia totalizante; no se trata de opo ideolgica ou de preferncia
pessoal. O que ocorre que Outrem no afeito a uma abordagem terica; Outrem no
objeto; a presena do Outro sua exigncia tica (SOUZA, 2004, p. 175).
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A vida interior, cuja expresso o rosto ou a palavra do Outro s pode ser
acolhida, recebida; no compete ao Eu descrever esta vida interior cujo modo de ser
consiste precisamente em no se deixar desvelar: a sua verdade o seu ocultamento, seu
velamento ao ser descobridor. Este o ponto de ruptura com a filosofia do Todo e o ponto
problemtico da filosofia de Lvinas que quer ser filosofia da pluralidade. O conceito de
plural se levado s ltimas consequncias nos conduz ideia de Infinito; ou melhor, a
ideia de Infinito em ns que nos conduz filosofia plural porque o Outro, na epifania do
seu rosto, escapa a todo instante aos poderes objetivantes do Mesmo, ao conceito,
definio que seria seu fim como Outro.
Nesta pesquisa, propomos-nos, tendo como fio condutor da pesquisa a noo de
rosto, apresentar o conceito de separao (sparation), pois, sem separao, nos diz
Lvinas, no teria havido verdade,apenas teria havido ser (LVINAS, 1980, p. 48).
Rosto e Enigma
A noo de rosto na filosofia de Lvinas aparece aps um perodo de maturao;
no se trata, portanto, de uma teleologia, que o conduziria a formulao da tica como
filosofia primeira ou escatologia ou conscincia moral. Dizemos isso porque algumas
caractersticas que identificamos nessa noo j se apresentam nos seus primeiros textos
e at mesmo na sua obra Thorie de lintuition dans la phnomnologie de Husserl, de
19303. Como Lvinas mesmo nos adverte, no nessa obra o lugar para uma crtica mais
sistemtica a algumas posies da filosofia de seu mestre. Porm, encontramos
indicaes de quando e onde Lvinas se afasta de seu mestre e por qu. Nesse sentido, o
que mais incomoda Lvinas na obra de Husserl o que ele chama intelectualismo:
Em sua filosofia (e aqui onde nos separamos de sua proposta), o conhecimento
e a representao no so modos de vida no mesmo grau que os outros; tampouco so um
modo secundrio. A teoria e a representao jogam um papel preponderante na vida;
servem de base a toda a vida consciente, so a forma de intencionalidade que assegura o
fundamento de todas as demais (LVINAS, 2004, p. 81).
Aqui Lvinas apresenta no s os pontos discordantes do seu pensamento com o
do seu mestre Husserl como tambm aponta o rumo que pretende dar ao seu. Os modos
de vida que Lvinas vai dar nfase dizem respeito volio, ao sentimento, tica, modos
de vida que no so conhecimento, ou outro modo de conhecimento. O que nosso autor
no aceita em Husserl que esses modos de vida tm seu fundamento na
intencionalidade terica e na representao. No entanto nosso autor encontra, ainda em
Husserl, o que ele chama intencionalidade axiolgica, irredutvel ao conhecimento e
3 Para esta dissertao utilizaremos: LEVINAS, Emmanuel. La teora fenomenolgica de la intuicin. Traduo Tania Checchi, Salamanca, Ediciones Sgueme, 2004.
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que pode ser buscada na relao com o Outro e que se constitui como que o norte da sua
obra, pois o mundo e sua constituio no o domnio das meditaes de Lvinas e sim o
homem e seu destino e neste sentido que podemos dizer que a sua filosofia se constitui
como metafsica da alteridade (SOUZA, 2007, resumo).
A obra Totalidade e Infinito considerada a primeira grande obra de Lvinas e
exatamente nesta obra onde o tema do rosto tem um destaque central. Se a verdade
mantm algum nexo com o discurso, ento o rosto o lugar mesmo da verdade, pois,
para Lvinas, o rosto fala, significao. mais: significao sem contexto O rosto
significao, e significao sem contexto. Ele o que no se pode transformar num
contedo, que o nosso pensamento abarcaria; o incontvel, leva-nos alm (LVINAS,
1982, p. 78); o rosto significa a partir de si mesmo a sua significao precede
Sinngebung (LVINAS, 1980, p. 240, grifo do autor); significao sem signo e, nesse
sentido, a condio mesma da verdade.
A noo de rosto em nosso autor no tal que no carea de maiores
esclarecimentos. Pelo contrrio. Encontramo-nos em apuros aqui. Do que Lvinas quer
nos falar atravs dessa noo? Uma primeira interpretao indicaria a inteno de
constituir sua tica; por outro lado, Lvinas mesmo diz, ele busca o sentido: A minha
tarefa no consiste em construir a tica; procuro apenas encontrar-lhe o sentido
(LVINAS, 1982, p. 82). Portanto, a noo de rosto entendida como abertura para o
Infinito seria o lugar mesmo dessa inteno tica. Porm, convm antecipar, no temos a
pretenso de resolver essa questo, mas to somente procurar elucidar ou quem sabe
apontar alguma possibilidade de leitura. O estudioso levinasiano David Sebbah
considera essa noo como aquela que designa o aspecto mais genuno e a intensidade
do pensamento levinasiano, o ponto em que se comprime, de forma tensionada, toda a
extenso do que pensado por ele (SEBBAH, 2009, p. 43). Isso porque, o rosto de
Outrem trs sempre uma novidade, algo no pensado (ainda). Convm lembrar que o
desconhecido vem de fora, exterior, estrangeiro e me trs algo que eu no possua. Pode
ser um ensinamento; precisamente ensinamento de seu rosto. Contudo, devemos atentar
para esse encontro entre Eu (Mesmo), em minha casa, no meu trabalho e esse Outro
(rosto) que toca minha campainha. Como poderamos descrever esse encontro? Lvinas
o chama frente afrente (face--face) , ou ainda relao tica (LVINAS, 2012, p.71)
que dirige-se ao ser na sua exterioridade absoluta e cumpre a prpria inteno que
anima a caminhada para a verdade (...) este dizer a Outrem esta relao com Outrem
como interlocutor, esta relao com um ente precede toda a ontologia, a relao
ltima no ser. A ontologia supe a metafsica (LVINAS, 1980, p. 34-35, grifos do
autor):
Para Levinas face a face a linguagem, o primordial, a experincia originria
do inter-humano, quer dizer, do humano: a posteriori na funo a priori. Experincia
originria. Esta experincia que Levinas repete, demasiadamente seria a proximidade
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tica com o Outro, de nudez sem mscara. Neste sentido, .4
Convm, aqui, ressaltar o seguinte: a relao frente a frente se d entre singulares,
entre entes, pois, Lvinas no faz uma filosofia terica onde o sujeito permanece em si; na
relao frente a frente, ou justia, h questo e resposta e por isso chamada relao tica.
verdade que o Mesmo carrega todo o peso da ontologia: O homem inteiro ontologia
(LVINAS, 2009, p. 22), porm a relao com outrem no ontologia (LVINAS,
2009, p. 29). A relao com outrem enquanto experincia moral concreta o que me
permito exigir de mim prprio no se compara ao que tenho direito de exigir de Outrem
(LVINAS, 1980, p. 41) uma relao com o rosto, este rosto (singular, que posso
querer matar): A relao com o rosto, acontecimento da coletividade a palavra-
relao com o prprio ente, enquanto puro ente. (...) O ente como tal (e no como
encarnao do ser universal) o homem (...) enquanto rosto. (LVINAS, 2009, p. 32).
A experincia do rosto a nica experincia que permite ao sujeito sair de si
mesmo e da totalidade, pois o rosto inquietude. a possibilidade para o homem poder
ser ensinado, de receber um ensinamento do exterior. O rosto remete para uma verdade
mais antiga do que a ontologia, a um passado que nunca foi presente: O rosto est
presente na sua recusa de ser contedo. Neste sentido, no poder ser compreendido,
isto , englobado. Nem visto, nem tocado- porque na sensao visual ou tctil, a
identidade do eu implica a alteridade do objeto que precisamente se torna contedo
(LVINAS, 1980, p. 173).
O rosto, portanto, outro de uma alteridade absoluta no pertencendo
comunidade do gnero ou das espcies; ele no se presta ao conhecimento o rosto no
do mundo ele rasga o sensvel (LVINAS, 1980, p. 177). O saber enquanto
sincronizao de toda alteridade num presente (no ser, no ), na presena (passado e
futuro so reunidos num presente eterno e total e, portanto, finito) esquece a alteridade
do rosto enquanto ensino e questionamento. Outrem o mestre que fala e a quem
escutamos. Nesse sentido, nos diz Lvinas: O ensino uma maneira para a verdade se
produzir de forma que no seja obra minha, que eu no a possa manter a partir da minha
interioridade (LVINAS, 1980, p. 275). A verdade, nesse sentido, me vem de fora, de
Outrem, em dois sentidos: de Outrem, enquanto o Mestre e que me trs ensinamento e
como tal condio da verdade e de Outrem enquanto verdade mesma, como o que
excede, ultrapassa e escapa a toda determinao, a toda ordenao ordem do ser,
daquilo que . A verdade do rosto da ordem da resistncia, resistncia tica aos poderes
do Mesmo. Tais reflexes, nos diz Souza acabam por conduzir possibilidade de uma
concepo diferente de verdade. No a verdade como adequao do intelecto e da coisa,
4 GRZIBOWSKI, Silvestre. Transcendncia e tica. Um estudo a partir de Emmanuel Levinas. So Leolpoldo: Oikos, 2010, p. 56, grifo do autor. Consoante s palavras de Grzibowski encontramos em Kovac (KOVAC, 1993, p. 185) uma interpretao importante da relao ao rosto de Outrem. Segundo Kovac Levinas encontra no rosto de Outrem o prprio comeo (commecement/ arch) da filosofia como tica. A possibilidade de pensar esta exterioridade do pensamento pelo encontro do roso de Outrem. A relao frente a frente como evento inaugural da filosofia tambm destacado por Petitdemange (1993, p. 338) quando a considera linteligible premier.
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tambm no no sentido de A-ltheia: a verdade em sentido tico a irredutvel
inadaequatio rei (a Alteridade doOutro) et intellectus (a dinmica da Totalidade). A
verdade o desafio tico doOlhar do Outro, em originariedade irredutvel, e a tentativa de
corresponder a esse desafio de maneira justa (SOUZA, 1999, p. 142, grifo do autor).
Esta nova verdade nova porque no se trata de pensar a noo de verdade a
partir da perspectiva terica , se deve ao que Lvinas chama assimetria entre o Mesmo e
o Outrem e impossibilidade de categorizao do Outro pelo Mesmo haja vista que ele
prope a relao a partir da ideia de Infinito, inadequao por excelncia. E no h o que
desvelar porque Outrem est nu na expresso do seu rosto restando, ento, a justia, que
acolhimento de frente no discurso. preciso considerar, tambm, que a verdade se
diz a algum, o interlocutor neste sentido, um dizer a..., pois no h seno discursos
de homens entre si ou como nos diz Lvinas: Para procurar a verdade, j mantive uma
relao com um rosto que pode garantir-se a si prprio, cuja epifania tambm , de algum
modo, uma palavra de honra. Toda a linguagem, como troca de signos verbais, se refere
j palavra de honra original (LVINAS, 1980, p. 181).
A palavra de honra um juramento (juro dizer a verdade), um compromisso,
uma responsabilidade para com o Outro e esta responsabilidade no da ordem terica.
O dizer ou o enunciar no implica, necessariamente, um que fala (e escuta) e outro que
escuta (e fala)? E ser que todo enunciado redutvel ao modo predicativo? Um isto
enquanto aquilo, ou isto como aquilo? Estas so questes que nos parecem importantes e
que se relacionam diretamente com a questo a verdade supe a justia.
O que podemos verificar, fazendo a leitura da obra Totalidade e Infinito, que
Lvinas trata de uma relao. A relao de que trata Lvinas no pode ser classificada
como do tipo sujeito/objeto, que caracteriza, por exemplo, a relao de conhecimento. O
que Lvinas caracteriza como princpio, como o ponto a partir do qual se inaugura a
filosofia a postura de deixar o outro ser o outro.Assim, no h uma objetivao
daquele que se manifesta. A tica, ento, o comeo; a preservao do particular por e
para outrem.
Rosto e Vestgio
Lvinas utiliza algumas imagens quando quer falar do rosto. Uma das imagens
utilizadas por ele a da caa. O caador procura sua presa pelas marcas (vestgios)
deixadas pela caa. A caa no est ali, esteve ali. J no est mais. Aquela marca j um
passado, marca de um passado que no foi presente para mim. O rosto nunca se d numa
presena. Nesse sentido, ele no fenmeno. Lvinas reserva a palavra enigma para
descrev-lo. E essa a sua verdade: Essa porta simultaneamente aberta e fechada a
extraordinria duplicidade do Enigma (LVINAS, s/d, p. 259); porta aberta que pode
significar ensino, o Mestre; porta fechada que designa o inabarcvel, no-englobvel e
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nesse sentido resistncia tica e do nico (...); o rosto como ser-a concreto do nico. O
nico que no pode ser capturado porque j est ausente. Nesse sentido, o rosto jamais
entra no registro do ser, sempre fugidio, no se deixa apreender em um presente. O rosto
uma presena ausente ou uma ausncia presente, um outro modo que ser:
O modo como o Outro se apresenta, ultrapassando a ideia do Outro em mim,
chamamo-lo, de fato, rosto. Esta maneira no consiste em figurar como tema sob o meu
olhar, em expor-se como um conjunto de qualidades que formam uma imagem. O rosto
de Outrem destri em cada instante e ultrapassa a imagem plstica que ele me deixa, a
ideia minha medida e medida do seu ideatum- a ideia adequada. No se manifesta por
essas qualidades, mas . Exprime-se. O rosto, contra a ontologia contempornea, traz
uma noo de verdade que no o desvelamento de um Neutro impessoal, mas uma
expresso: o ente atravessa todos os invlucros e generalidades do ser, para expor na sua
forma a totalidade do seu contedo, para eliminar, no fim de contas, a distino de
forma e contedo (...). A condio da verdade e do erro teortico a palavra do Outro a
sua expresso que qualquer mensagem j supe (LVINAS, 1980, p. 37-38, grifos do
autor).
Assim, o rosto de Outrem que me conduz alm (e nesse sentido que ele
metafsico- grifo nosso), no tematizvel. No se trata de uma fenomenologia do
rostohumano; o rosto no sentido levinasiano no descritvel (encontramos aqui o limite
da fenomenologia husserliana, particularmente do conceito de intencionalidade que era
to cara para Lvinas?). o rosto que me revela e que provoca em mim o comeo da
filosofia, a tica. No que o rosto paralisa meus poderes [constituintes], mas paralisa o
prprio poder de poder (...). Na contextura do mundo, ele no quase nada. Mas pode
opor-me uma luta, isto , opor a fora que o ataca, no uma fora de resistncia, mas
prpria imprevisibilidade da sua reao (LVINAS, 1980, p. 177).
Quando Lvinas nos diz que a primeira palavra do rosto no matars, ele abre
aqui uma multiplicidade de interpretaes (sentido). A primeira nos oferecida por
Lvinas mesmo, de modo enftico, e significa: tu fars tudo para que ele (Outrem) viva e
com essas palavras se abre a dimenso da bondade e a bondade, ou a ideia do Bem, nos
remete ideia do Infinito, pois, o Bem infinito e infinito porque Desejo (Desir): O
Desejo no pertence atividade, mas constitui a intencionalidade do afectivo
(LVINAS, s/d, p. 249, nota 175); a relao com o rosto no se descreve em termos de
intencionalidade (teoria), mas como movimento em direo ao Outro, ao Outro modo,
Desejo do Outro e por isso mesmo Desejo metafsico a metafsica surge e mantm-se
neste libi : o Desejvel do Desejo infinito. (LVINAS, s/d, p. 262) O Desejo do
Outro a negao da violncia inerente Razo, ao discurso racional, ao movimento do
Mesmo e da Ontologia (FABRI, 2001, p. 252); violncia que consiste em reduzir o
Outro identidade do Mesmo, ao Mesmo. O rosto do Outro, como verdade tica, um
no-saber e resiste a toda tentao de saber:
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Por trs da postura que ele toma ou suporta em seu aparecer, ele me
chama e me ordena do fundo de sua nudez sem defesa, de sua misria, de sua
mortalidade. na relao pessoal, do eu ao outro que o acontecimento tico,
caridade e misericrdia, generosidade e obedincia, conduz alm ou eleva
acima do ser (LVINAS, 2009, p. 269).
A relao com o rosto no da ordem da intencionalidade, mas da proximidade;
ela se distingue pelo seu carter no sincrnico e, portanto assimtrico. Os termos em
relao, Eu e o Outro, no pertencem ao mesmo tempo, simultaneidade da
representao. A relao de proximidade a ruptura com a sincronia e no faz parte de
um sistema de puras relaes porque o Outro vem ao Mesmo. A aproximao do Outro
no se traduz na tematizao, ela permanece dia-cronia pelo fato mesmo que o Outro tem
um rosto. o que Lvinas chama a no-fenomenalidade do rosto, ou o vestgio (la trace)
(VASEY, 1980, p. 232, grifo do autor).
O pensamento constitui o que ele pensa, o pensado relao de dominao; a
experincia tica, o frente a frente, nos coloca diante de uma realidade que o pensamento
jamais poder constituir: quando a conscincia intencional encontra Outrem, ela se
desmonta; fracasso da conscincia constituinte; o rosto de Outrem, que no se apresenta
conscincia, extriorit totale et irrductible. (HERNNDEZ, 2009, p. 24) Com
efeito, no pelo conhecimento, mas a relao ds-inter-esse com outrem que permite
pela tomada de conscincia de minha responsabilidade para com ele interromper o
murmrio annimo e insensato do ser. (LVINAS, 1997, p. 25)A relao de dominao
frente a outrem d lugar a uma relao tica substituio do ser pelo Outro , onde o
sujeito vai se colocar a servio do outro substituio da ontologia pela tica. Outrem
no , na relao ao Eu, um alter ego: o encontro com outrem revela o que ele tem de
nico e de inapreensvel e abre, pois, a uma radical exterioridade alteridade que ir
despertar o sujeito do seu egoismo. O despertar tico um acontecimento provocado pela
expresso do rosto de Outrem, na expresso da sua vulnerabilidade, sofrimento e misria
dos meninos e meninas de rua, dos idosos abandonados e este despertar requer ir ao
mundo (s coisas mesmas) para escut-lo o rosto fala , para ter a noo do que real
e importante. Para Lvinas o rosto no da ordem emprica porque j linguagem e
como tal da ordem do discurso, do significado e por isso podemos dizer que o rosto a
expresso da metafsica de Lvinas porque nos remete ao transcendente, ao alm que eu
no posso poder: o rosto no do mundo. Para Lvinas a humanidade inteira est ali
naquele rosto que me envia um apelo, porm No na humanidade annima, mas na
humanidade visada naquele (ou naquela) que quando o seu rosto resplandece
precisamente aquele ou aquela que espervamos. (LVINAS, s/d, p. 258).
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A filosofia de Lvinas tem como propsito central pensar o Outro e a relao tica pela
simples razo de que no h tica quando se considera s um indivduo e porque o acesso
a Outrem s se d pela tica j que esta respeita a sua alteridade a deixa ser , escuta seu
apelo e no lhe toma seus lbios emprestados; e neste sentido que Lvinas tanto critica a
filosofia ocidental como ontologia, pois esta no respeita a alteridade; a tica pressupe a
ideia de relao, pois, a tica uma relao primordial. necessrio, ento, considerar
esse Outro da relao tica.
Rosto e Infinito
a) Rosto, diacronia e verdade
a partir da ideia de Infinito que acedemos noo levinasiana de
transcendncia(transcendence), noo que Lvinas toma, segundo suas palavras, de Jean
Wahl (LVINAS, 1980, p. 23), e que tambm atingimos a sua filosofia como metafsica
ou tica, pois a transcendncia um movimento em direo ao outro, ao infinito; ela
designa uma altura e uma nobreza, uma transcendncia (LVINAS, 1980, p. 29).
Neste sentido, muito sugestivo seu livro Dieu, la mort et le temps, pois trata-se de
abordar realidades que no se prendem imanncia da totalidade, que esto alm da
totalidade, pois o que me vem ideia no parte de mim, me vem de fora, transcendente:
O infinito me vem ideia na significncia do rosto. O rosto significa o
Infinito. Este no aparece como tema, mas nessa significao tica mesma: isto , no fato
de que mais eu sou justo, mais eu sou responsvel. H um infinito na exigncia tica por
ela ser insacivel. Ela exigncia de santidade. Ningum pode dizer em momento algum:
cumpri todo o meu dever. Exceto o hipcrita (LVINAS, 1982, p. 97, grifo do autor).
Poderamos, quem sabe, afirmar que a noo de rosto, por seu carter central na
obra Totalidade e infinito, rene em si as ideias de Deus, tempo e morte. Isto porque
Lvinasdescreve o rosto como vestgio de Deus, como temporalidade diacrnica e que,
como tal, descreve uma nova verdade verdade dia-crnica dia-cronia da verdade sem
sntese possvel (...) desordem que no outra ordem, l onde os elementos no podem
fazer-se contemporneos, por exemplo, na maneira (mas ser isso um exemplo ou a
exceo?) pela qual Deus escapa presena da re-presentao (LVINAS, 2008, p. 103,
nota 17) trata-se, pois, de acontecimento do qual no sou o mestre.
Se tomarmos a srio as anlises apresentadas acima (Rosto e fenmeno e Rosto e
enigma) podemos dizer que h toda uma teoria do tempo nas anlises que Lvinas realiza
acerca da noo de rosto. Isto porque o rosto se d como uma passividade, termo
ambguo no nosso autor, embora possamos identificar um eidos como j ido, passado,
como passagem ou vestgio; no um objeto intencional, pois ele expresso da
transcendncia que quebra atotalidade e instaura uma nova ordem, a tica ou metafsica.
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Sua alteridade precisamente o que escapa intencionalidade da conscincia e
lhe impe um limite; a alteridade no faz parte da ordem dos objetos, eu no posso faz-la
minha. O outro e permanece um mistrio, como o que me escapa sempre, eu no posso
tom-lo tal como um objeto. Nesse sentido o rosto ausncia que nunca est presente j
que a presena o registro do ser. O estatuto do rosto no ontolgico, trata-se de
outramente que ser, ou tica; para Lvinas a teoria incapaz de respeitar o outro em sua
alteridade, pois: teoria significa tambm inteligncia logos do ser ou seja, uma
maneira tal de abordar o ser conhecido que a sua alteridade em relao ao ser
cognoscente se desvanece (LVINAS, 1980, p. 29-30, grifo do autor).
a partir da noo de alteridade que Lvinas procura mostrar que certas
realidades resistem categorizao, ao conceito. A alteridade como temporalidade
passiva, como exposio exposio, nfase da posio , que me passa e me afeta como
envelhecimento e que tem no rosto do outro homem o seu lugar tambm a infinitude do
infinito. Todas as consideraes de Lvinas ideia do infinito, nos diversos contextos em
que esta noo aparece, dizem respeito ao inabarcvel e em especial na obra Totalidade e
infinito diz respeito ao rosto; a alteridade do rosto escapa toda tematizao e o que a
ideia do infinito em ns vem contestar. Alteridade como temporalidade j diferente do
tempo da conscincia que conscincia do tempo. Alteridade: temporalidade passiva
mais passiva do que toda passividade; mais passiva do que a receptividade. Alteridade
como temporalidade da diferena, ao contrrio da identidade que temporalidade do
idntico, do Mesmo, do Eu.
Uma tal noo de alteridade s possvel em uma relao onde o Outro Outro a
partir de si mesmo (`) para um termo cuja essncia permanecer o Mesmo. Esse
termo cuja essncia permanecer o Mesmo Lvinas chama Eu (Moi). Para que a relao
se constitua enquanto tal preciso que os termos estejam separados, isto , no formem
totalidade.
Rosto e tica
Emmanuel Lvinas, seguindo a mxima fenomenolgica segundo a qual preciso
voltar s coisas mesmas descreve uma situao irredutvel; irredutvel significa que no
podeser posta entre parnteses e que no remete a uma situao que seria seu
fundamento. Trata-se de uma relao original e originria, pois fundante da filosofia, do
pensamento, da linguagem e do sentido; Lvinas a chama tica. A tica, enquanto relao
entre existentes metafsica e no do existente com a sua existncia ontolgica e
mais antiga do que a ontologia; condio mesma da ontologia. A ontologia enquanto
compreenso do verbo ser um acontecimento que pressupe a relao social entendida
como ensino e justia. A apropriao da linguagem um processo social; por relao
social Lvinas entende a relao Eu-Outro; sem outrem no tem tica, pois, a tica se d
na relao e sem outrem no tem nem mesmo o ser. A relao tica no tem objeto e por
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isso metafsica; o Outro no vem funcionar como objeto intencional que preenche uma
inteno. A correlao noese-noema, que a estrutura bsica da intencionalidade
teortica, uma rgua comum entre o pensamento e o pensado. Porm, o Outro com o
qual mantenho relaes ultrapassa toda medida, toda escala comum entre eu e ele. Por
outro lado, o mesmo e o outro esto separados, pois, so absolutos, isto , podem se
desligar da relao. Se o mesmo e o outro no estivessem separados eles seriam o mesmo
e no haveria alteridade:
Uma dessemelhana est operando e ela constitutiva. No h sujeito sem o
outro, e um e o outro nascem uma comum defeco (...). Haveria assim, primeiro, uma
socialidade, fundadora, originante. Esta socialidade no justaposio. Ela , ao
contrrio, tenso, disjuno, orientao (PETITDEMANGE, 1993, p. 337).
Esta dessemelhana, esta diferena o que Lvinas chama assimetria e que faz
com que seja impossvel uma sincronizao do Outro no Mesmo; esta assimetria indica a
impossibilidade radical de falar no mesmo sentido de si e dos outros; por consequncia,
tambm a impossibilidade da totalizao. (LVINAS, 1980, p. 41); assimetria que
torna possvel a separao, condio da relao.
Concluso
O rosto ou o Outro acorda a razo terica, a conscincia constituinte exigindo
uma outra atitude: no mais de posse e sim de acolhimento; no mais de desvelamento e
sim justia; no mais doao de sentido e sim recepo de sentido, sentido tico vindo do
Outro homem e que depe a conscincia constituinte dos seus poderes posicionais
(tticos) frente ao infinito do Outro. Portanto, como diz Lvinas, no sou eu que me
recuso ao sistema (...), o Outro (LVINAS, 1980, p. 28), isto , no por uma
deficincia do Eu que o Outro escapa aos poderes objetivantes do Mesmo e sim pelo
infinito do Outro. A relao entre o Mesmo e o Outro onde intervm, mais uma vez a
ideia do Infinito , dada a distncia infinita que os separa, s pode ser pensada como
relao tica, pois, Outrem jamais se deixa abarcar no sistema do Mesmo, ou, na
mesmidade do Mesmo, na sincronizao.
Assim, a verdade do Outro enquanto passagem-passado, vestgio expresso no
seu rosto e que exige acolhimento e no se deixa abarcar que se constitui na verdade tica,
verdade do rosto e que nos esforamos para mostrar aqui nesta dissertao. Verdade
tica que permite paz com o Outro; verdade tica que tem por escopo interromper a
absoro da alteridade na identidade do Mesmo, interromper a guerra, a totalidade, a
totalizao. Nesse sentido, pensamos que a relao que Bernard faz entre pravda e a
noo de verdade em nosso autor, isto , a verdade como acolhimento de Outrem
expressa o que nos pareceu indicar Souza quando cita Horkheimeir e Adorno: s h uma
expresso para a verdade: o pensamento que nega a injustia; vale dizer, um pensamento
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que no nega a fome, a misria, a vulnerabilidade como verdade do Outro; verdade esta
que a analtica da existncia enquanto desvelamento no permite reconhecer, pois, nivela
o Outro e o Mesmo onde o Outro e o Mesmo so o Mesmo, formam totalidade, formam
unidade, sistema e a unicidade do nico se desvanece.
Assim, o ponto de partida a sobrevivncia do homem e o fim do genocdio
devido ao reinado da violncia reduo do Outro ao Mesmo onde o cada um se
converte em um, inteligncia do nico; saber do nico que, incapaz de conviver com a
multiplicidade, faz-lhe violncia ao no reconhecer sua unicidade. A filosofia ocidental
que converte a realidade em saber desta realidade perde de vista a unicidade do nico,
perde de vista a diversidade de rostos, perde de vista o ensinamento que cada um trz na
sua expresso. Alm de egolgica a filosofia ocidental se converte em monolgica, pois, o
Outro absorvido no discurso do Mesmo o Outro no fala, empresta seus lbios ao
Mesmo. o que Lvinas chama de violncia, guerra, alergia ao Outro. Porm, o Outro
me chama e o seu chamado j injuno impossibilidade de desviar , apelo por
acolhimento; traumatismo que arranca o Eu do seu ser si, do seu gozo do mundo
convertendo-o em responsvel pelo Outro
Para Lvinas, o rosto intervm no real de um modo absolutamente diferente:
trata-se de um modo que no se descreve pela ontologia, pois o rosto no fenmeno. Ao
contrrio, trata-se de um outramente que ser, ou bondade, acolhimento a substituio
do ser pelo Outro.
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