a longa caminhada: a (re) construção do território camponês em promissão. são paulo, 1999

Este estudo visou à apreensão, através da Geografia, da realidade dos camponeses na sociedade brasileira contemporânea, tendo como ponto de partida a luta pela terra, organizada pelos trabalhadores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST), e o seu resultado mais imediato, que se manifesta na vida dos Sem Terra/ camponeses nos assentamentos rurais. Nossa indagação específica foi verificar como e por que trabalhadores que possuem em comum a vivência da expropriação/des-territorialização do campo (quer como camponeses ou seus filhos), a migração para diversas regiões do país, a proletarização e a reprodução social na cidade, ainda alimentam o desejo de retorno à terra e de retomar ou vivenciar atitudes e valores de um estilo de vida baseado no universo camponês. A análise destas questões, bem como as indagações suscitadas, nos levaram a perceber um lento, mas significativo processo de resistência transformadora na sociedade brasileira, que aponta para mudanças na vida dos sujeitos envolvidos nessa luta, bem como numa mudança da sociedade em torno da secular questão da apropriação/privatização de enormes porções de terra, deixadas improdutivas, geradora de tantos conflitos. Estas são as questões mais amplas que orientam nossa investigação. Considerando que as ações dos Sem Terra para o acesso à terra concretizam-se de tal forma que alguns padrões mais gerais podem ser identificados, a trajetória das famílias da Comunidade.