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A GREVE NO DIREITO COLETIVO

“A greve,no fundo, éalinguagemdos quenão sãoouvidos” –MartinLutherKing, Jr

HISTÓRICO

O Código PenalBrasileiro, de 1890,primeiro dispositivo ase reportar à greve,considerava oparedismo como ilícitocriminal. Mais tarde, oDecreto 1.162 domesmo ano, passou aconsiderar tão somentecomo delito os atos deviolência decorrente dagreve.

A primeira Constituiçãoda República, 1891 esua sucessora, 1934 nãodedicaram uma linhasequer sobre o direitode greve. Era tida comoum fato social o qual oEstado ignorava .

HISTÓRICO

O Decreto 21.296/32previa punição aosgrevistas como a dispensamotivada, bem comosanção às associações declasse na figura de seusdirigentes. Os estrangeirosque por ventura fizessemgreve eram expulsos dopaís.

1935 – Getúlio Vargas naLei de Segurança Nacional(38/1935) passou aconsiderar a greve comodelito. A Constituição de1937, outorgada pelogoverno de Vargas tipificoua greve e o lock –out como“recursos anti-sociaisnocivos ao trabalho e aocapital e incompatíveiscom os superioresinteresses da produçãonacional”.

HISTÓRICO

Em 1946, EuricoGaspar Dutraeditou o DecretoLei nº 9.070/46,primeira leiordinária adisciplinar oexercício do direitode greve porém,com severasrestrições ao seuexercício, proibindoinclusive a greve deocupação. Ficouconhecida como LeiAntigreve.

HISTÓRICO

Outros dispositivos com a mesma essência: Lei nº 6.128/78 (proibição de greve estendida a empregados de sociedades de economia mista); Lei nº 6.158/78 (estendia a proibição grevista ao pessoal celetista de autarquias e órgãos da Administração Direta); Lei nº 6.620/78 (Lei de Segurança Nacional, com várias apenaçõesrelativas à prática grevista; Decreto-Lei nº 1.632/78 (enumerava as atividades essenciais, em que eram vedadas greves).

HISTÓRICO

A Constituição de1988 assegurou odireito de greve aostrabalhadores emseu art. 9º .

Em seguida foipublicada a Lei deGreve – 7.783/89 –regulando amatéria.

HISTÓRICO

Em 25/10/2007 oSupremo TribunalFederal (MI 712) decidiupor unanimidade,declarar a omissãolegislativa quanto aodever constitucional emeditar lei queregulamente o exercíciodo direito de greve nosetor público e, pormaioria, aplicar ao setor,no que couber, a lei degreve vigente no setorprivado. Divergiramparcialmente osministrosLewandowski, JoaquimBarbosa e Marco Aurélio,que estabeleciamcondições para autilização da lei de greve.

SOLUÇÃO DOS CONFLITOS

A solução dos conflitoscoletivos trabalhistassão obtidas através daautocomposição(negociação coletiva)da heterocomposição(dissídio coletivoatravés deprocedimento judicial)ou da autotutela deinteresses, sendo osprincipaisinstrumentos a greve eo lock-out

LOCK-OUT

LOCK-OUT “é aparalização provisóriadas atividades daempresa,estabelecimento ousetor, realizada pordeterminaçãoempresarial, com oobjetivo de exercerpressões sobre ostrabalhadores,frustrando negociaçãocoletiva ou dificultandoo atendimento areivindicações coletivasobreiras” – Mauricio GDelgado – Proibidopela Lei de greve – art.17

LOCK-OUTELEMENTOS

1) 1) Paralisaçãoempresarial

2) 2) Ato de vontadedo empregador(não resulta decausa acidental oude força maior)

3) 3) Tempo deparalisação(temporária, nãodefinitiva)

4) 4) Objetivosvisados (objetivosanti-sociais)

LOCK-OUT – EFEITOS NA ORDEM JURÍDICA

EFEITOS FRENTE AORDEM JURÍDICA

O período que otrabalhador fica semtrabalhar éconsiderado comointerrupção docontrato de trabalho,logo são devidos peloempregador todas asparcelas contratuais.

Pode ser consideradocomo justo motivopara resolução docontrato de trabalhopelo empregado

GREVE

A greve é direitoque resulta daliberdadeassociativa, daautonomia dossindicatos, tidacomo legítimamanifestação daautonomia privadacoletiva. Trata-seda suspensãocoletiva, temporáriae pacífica, total ouparcial, depresrtação pessoalde serviços aoempregador.

ELEMENTOS DA GREVE

ELEMENTOS

NATUREZA COLETIVA –não individual – aindaque se manifeste de formaparcial ou total.

INTERRUPÇÃOPROVISÓRIA DASATIVIDADESCONTRATUAIS –paralisação das atividadespor conta dostrabalhadores, comocupação ou não doslocais de trabalho (lock-inou greve de ocupação ousur le tas).

INSTRUMENTO DIRETODE PRESSÃO(COERÇÃO) COLETIVA

DIFERENCIAÇÃO DE OUTRAS FIGURAS

DIFERENCIAÇÃO DEOUTRAS FIGURAS

OPERAÇÃOTARTARUGA – tambémdenominada excesso dezelo. Não pode serconsiderada comoforma de greve pois, nãohá uma interrupção dasatividades e sim a suaexecução em ritmoinferior ao normal.

PIQUETES – sãoinstrumentos utilizadospelos grevistas parapersuadir os demaistrabalhadores a aderirao movimento, sem usode violência.

EXTENSÃO DO DIREITO DE GREVE

A Constituição Federal nãorestringiu o direito degreve às reivindicaçõesexclusivamentecontratuais, abrigandotambém os movimentosque tem por escopo asolidariedade adeterminadas questões oumeramente commotivações políticas, comoé caso da greve dospetroleiros nesta quinta-feira 17/10/2013 por contado primeiro leilão do pré-sal, do Campo de Libraque contou com a adesãode 39 plataformas da Baciade Campos (RJ).

EXTENSÃO DO DIREITO DE GREVE

O Princípio daLealdade eTransparência nasNegociações mitigaa extensão dodispositivoconstitucional,deixando de validarmovimento grevistadeflagrado navigência deinstrumentocoletivo.

LIMITAÇÕES

SERVIÇOS OUATIVIDADESESSENCIAIS – Oart. 9º,inc. I daConstituiçãodetermina que a leiestabelecerá osserviços ouatividadesessenciais, e, aindadisporá sobre oatendimento dasnecessidadesessenciais dacomunidade.

SERVIÇOS OU ATIVIDADESESSENCIAIS – LEI 7.783/89

A Lei Federal7.783/89 definiu osserviços ouatividadesessenciais:tratamento eabastecimento deágua; produção edistribuição deenergia elétrica, gáse combustíveis;assistência médicae hospitalar;distribuição ecomercialização demedicamentos ealimentos;

SERVIÇOS OU ATIVIDADES ESSENCIAIS – LEI 7.783/89

funerários; transportecoletivo; captação etratamento de esgotoe lixo;telecomunicações;guarda, uso econtrole desubstânciasradioativas,equipamentos emateriais nucleares;processamento dedados ligados aserviços essenciais;controle de tráfegoaéreo; compensaçãobancária.

SERVIÇOS OU ATIVIDADES ESSENCIAIS – LEI 7.783/89

O movimento degreve de categoriasque esse ocupem deum dos serviçosessenciaiselencados pela leique não observar oatendimentonecessário àsnecessidades dapopulação não temsido consideradocomo válido pelascortes trabalhistas.

PARA REFLEXÃO

Defende Maurício G.Delgado que “a lei tem eser interpretada emharmonia com aConstituição: direitos egarantias, em nenhumahipótese, poderão,efetivamente, ser violadosou constrangidos, exceto oacesso ao trabalho, desdeque, aqui , a restrição sefaça sem violência físicaou moral às pessoas. É quea Carta Magna assegura ,enfaticamente, comodireito fundamental, agreve, o movimento desustação coletiva dotrabalho; neste caso, o atoindividual de insistir nocumprimento isolado do

PARA REFLEXÃO

(isolado do) contratochoca-se com o direitocoletivo garantido.Inexistindo violênciafísica e moral nospiquetes, estes sãolícitos, por força dodireito garantido naConstituição, podendo,desse modo, inviabilizar,fisicamente, o acesso aotrabalho – repita-se,desde que sem violênciafísica ou moral aotrabalhador.

SABOTAGEM

SABOTAGEM –“trata-se da conduta intencionalmente predatória do patrimônio empresarial, como mecanismo de pressão para alcance de pleitos trabalhistas ou reforço de greve. São exemplos a quebra de máquinas, a dolosa produção de peças imprestáveis, o desvio de material do estabelecimento e atos da mesma natureza ou gravidade” –Maurício G. Delgado.

SABOTAGEM

SABOTAGEM - O termo sabotagem vem do francês sabot que significa “tamanco” ou "sapato feito de madeira", mas a palavra ganhou o significado de "impedir" ou "dificultar o transcurso normal do trabalho" porque os operários da Europa Central costumavam colocar seus tamancos entre as engrenagens das máquinas, para danificá-las.

BOICOTAGEM

BOICOTAGEM – “é aconduta deconvencimento dacomunidade para querestrinja ou elimine aaquisição de bens ouserviços dedeterminada(s)empresa(s)” – MaurícioG. Delgado

Deriva do nome docapitão irlandês CharlesBoycott que no séculoXIX, era administrador depropriedades na Irlanda ecostumava fazerexigências descabidas àspessoas com quemnegociava. Estas pessoasse uniram com opropósito de não mais serelacionar com ele.

DIREITOS DOS GREVISTAS

UTILIZAÇÃO DEMEIOS PACÍFICOSDE PERSUASÃO

ARRECADAÇÃO DEFUNDOS PORMEIOS LÍCITOS

LIVREDIVULGAÇÃO DOMOVIMENTO

PROTEÇÃO CONTRAA DISPENSA

PROTEÇÃO CONTRAA CONTRATAÇÃODE SUBSTITUTOS

NATUREZA JURÍDICA

DIREITOFUNDAMENTALDE CARÁTERCOLETIVO,RESULTANTEDA AUTONOMIAPRIVADACOLETIVAINERENTE ÀSSOCIEDADESDEMOCRÁTICAS(Maurício G.Delgado)

NATUREZA JURÍDICA

A GREVE É UMFATO SOCIAL EUNIVERSAL, COMCONOTAÇÕESECONÔMICAS EPOLÍTICAS QUEMARCAM AHISTÓRIA DACLASSETRABALHADORANA DISPUTA COM OCAPITAL, PORMELHORESCONDIÇÕES DESALÁRIO E DETRABALHO DIANTEDA ASPIRAÇÃO DAASCENSÃO SOCIAL– José Carlos Arouca

INTERDITO PROIBITÓRIO

EMENDACONSTITUCIONAL45/2004

Competência da Justiçado Trabalho para julgarfeitos que envolvamexercício do direito degreve. As ações depossessórias (interditoproibitório, reintegraçãode posse) cuja causa depedir seja fundamentadana ameaça da posse porconta de atos praticadospor trabalhadoresgrevistas evidentementerelacionam-se como oexercício do direito degreve, atraindo acompetência da Justiça doTrabalho, por força doaludido dispositivoconstitucional.

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