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ASSOCIAÇÃO SINDICAL DOS FUNCIONÁRIOS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL DA POLÍCIA JUDICIÁRIA
ASFIC/PJ
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NOTA INFORMATIVA
Suporte do Comunicado 06/2010 de 15 de Abril
Nos últimos tempos, a actuação da Polícia Judiciária, tem vindo a ser objecto de análises depreciativas, na
comunicação social, por parte de mediáticos magistrados do MP, que chegam a ser ofensivas da honra e
da dignidade dos funcionários de investigação criminal desta polícia.
A crispação existe e não pode ser escamoteada. Mas é bom que se sublinhe que essa crispação tem
estado circunscrita a um número irrelevante de Magistrados do MP, sobretudo no DCIAP e DIAP de
Lisboa, quando comparado com o universo de Magistrados do MP, com quem a PJ trabalha diariamente.
Estes Magistrados do MP, que têm apostado na descredibilização da PJ, como trave-mestra da sua
estratégia de afirmação de um certo «modelo» de investigação criminal são poucos, é certo, mas gozam,
em contrapartida, de um imenso poder institucional e mediático, que a maioria dos seus colegas não tem,
o que faz com que a sua opinião se confunda com a posição dominante no MP, quando assim não será.
Magistrados do MP solidarizam-se com a PJ
E assim não será porque de imediato chegaram ao nosso conhecimento directo e indirecto, bastantes
manifestações de solidariedade com a PJ, de inúmeros Magistrados do MP que não se revêem nas
palavras do Senhor Procurador Carlos Figueira, nem da Senhora Procuradora Cândida de Almeida, nem
no teor do «Relatório do DIAP». Inclusive, sublinhe-se, a solidariedade de Magistrados que trabalham nos
mesmos locais dos autores das críticas à PJ.
Parece que certos Magistrados preferem articular-se com o MAI
Por outro lado, começa também a desenhar-se (preocupar-nos) uma certa articulação de actuações,
entendimentos e «discursos», entre alguns Magistrados do MP e a «Administração Interna», o que, a
nosso ver, poderá indiciar mais uma «frente» para diminuir a importância e a credibilidade da PJ na
opinião pública.
A ASFICPJ não quer, todavia - pois não está no seu ideário social e sindical - contribuir para o clima de
crispação existente.
A ASFICPJ sempre se norteou por uma postura de diálogo e não é agora que o vai deixar de o fazer,
como sempre de forma construtiva e não destrutiva.
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A ASFICPJ sempre se bateu por ideias e se pautou pela crença de que existem espaços apropriadas para
o confronto de ideias e para a resolução saudável de divergências de «serviço» ou outras.
Matar a PJ aos poucos…
Infelizmente, outros pensam de forma diferente e, ignorando a importância de um diálogo institucional
saudável preferem abrir caminho para o «modelo» que pretendem, suscitando e explorando a atenção
mediática para tudo o que é conflito.
Com esta avidez de ganhar protagonismo através de banais soundbytes, que a comunicação social
amplifica, as hipóteses de um relacionamento saudável são prejudicadas, gerando-se comportamentos
reactivos em série, potenciados pelo clima de hiper-sensibilidade que actualmente se vive.
Queremos acreditar que o Senhor Ministro da Justiça se preocupa seriamente com o actual «estado de
coisas» na relação MP / PJ e que, certamente, continua a ver na PJ um dos pilares do Sistema de Justiça,
pela sua missão, natureza, cultura e resultados e já estará empenhado na procura de soluções.
Uma guerra PJ – MP serve os interesses que bem conhecemos
A ASFICPJ não vai envolver-se numa espécie de guerra fratricida com o MP, pois isso não serviria nem a
PJ, nem o MP e muito menos a Justiça.
Será bom recordar que, já em 2006, no «I Congresso de Investigação Criminal» organizado pela ASFIC,
dizia o Dr. SOUTO MOURA, ilustre Procurador-Geral, a propósitos das relações entre o MP e a PJ:
«Estamos numa situação de casamento para que não há divórcio. Se assim for, como me parece que é, apelo para o
que é reclamado pelo mais elementar bom senso, quando duas pessoas têm de viver juntas não havendo divórcio: o
preferível é entenderem-se o melhor possível. Portanto, creio que a aproximação e a essa compreensão mútua são,
digamos, as palavras de ordem que permitirão ultrapassar as fricções, ou os desentendimentos que possam surgir, e
sobretudo, efectivar na prática o que nos é imposto por lei”. Na verdade, infelizmente, por este caminho,
continuaremos a distanciar-nos do entendimento, sendo certo que, felizmente, esse facto não nos aproxima do
divórcio».
Mas a ASFICPJ não pode deixar de reagir a inverdades que ferem…
Todavia, perante tamanha onda de inverdades que se vão publicando e se lançam através de parangonas
e manchetes, com violentos ataques à PJ e ao bom nome, profissionalismo e carácter daqueles que
representa, a ASFICPJ não pode permitir que uma insuficiente reacção da Direcção Nacional da Polícia
Judiciária possa ser interpretada como uma aceitação tácita, do que de mal se tem dito e escrito sobre a
PJ.
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Em defesa da honra e da dignidade dos profissionais desta PJ a ASFICPJ vai limitar-se, por agora, a fazer
o que se vê obrigada a fazer: responder a acusações concretas e de forma genérica a acusações não
concretizadas.
ASFICPJ apela, antes de mais, ao diálogo institucional
Antes de mais, a ASFICPJ exorta as partes (dirigentes institucionais) a procurarem estabelecer um
saudável confronto de experiências e de ideias, com elevação e dignidade, nos espaços e canais mais
apropriados, a bem da eficácia da Justiça e da sua imagem que tem vindo a ser desgastada, muito por
culpa dos próprios operadores internos da Justiça.
Só agora respondemos com este comunicado porque quisemos ter a absoluta certeza sobre todas as
afirmações que aqui vamos proferir, com base em informações recolhidas no terreno.
Para esse efeito, começamos por questionar o Senhor Director Nacional da PJ e chegamos com essa
mesma finalidade a todos os intervenientes «atingidos» pelas críticas do MP, desde Coordenadores
Superiores a Inspectores.
O Senhor Director Nacional da PJ garantiu-nos que as afirmações do Senhor Magistrado Carlos Figueira
não correspondem à verdade.
Na PJ ninguém conhece uma única investigação recusada ao MP
Os responsáveis operacionais das áreas visadas, bem como, os Inspectores dessas áreas que operam no
terreno deram-nos a mesmíssima resposta: ninguém conhece uma única investigação ordenada pelo MP,
que tenha sido recusada pela PJ.
Todos os investigadores reiteraram a premissa incontornável, segundo a qual, a PJ não pode recusar
qualquer investigação legalmente ordenada pelo MP, muito menos em crimes da sua competência
reservada.
O que existe – e todos são unânimes em afirma-lo – é o consentimento tácito ou não por parte do
MP, à revelia da LOIC, de muitas iniciativas de investigação da PSP e da GNR, em crimes que são
claramente, muitas vezes logo no seu inicio, da competência reservada da PJ.
Admite-se, num grande número de casos, que seja difícil para o Magistrado do MP discernir se o crime
pode cair ou não na alçada legal da PJ, dada a forma «inteligente» como algumas solicitações lhe são
feitas.
Por acção ou omissão, o que a realidade mostra é que acontece exactamente o contrario: consciente ou
inconscientemente o MP alimenta a descoordenação entre investigações criminais.
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«Desmotivante» é receber investigações em estado «comatoso»
Quanto à alegada «desmotivação» da PJ para receber investigações iniciadas por outros OPC’s, é natural
uma reacção de desagrado não confundível com desmotivação, quando se constata, como se constata, na
maioria dos casos, que era claramente perceptível, logo no início dos inquéritos, que as outras entidades
policiais puderam investigar até determinado ponto, em crimes de competência da PJ, com o
consentimento do MP e sempre à revelia da LOIC.
Os outros OPC só gostam de investigar até ao flagrante delito
O que se verifica é que para os outros OPC, as investigações em áreas da competência da PJ, só
interessam até ao flagrante delito ou somente enquanto acalentam a expectativa de o concretizar.
Desaparecida essa expectativa, morre imediatamente o seu interesse por essas investigações, o que
demonstra, claramente, a sua falta de vocação para a prossecução de uma verdadeira actividade
investigatória, pois na PJ não se detém, investiga-se para deter, se for esse o caso.
Nessas alturas é que o MP se apercebe do intrincado imbróglio processual que tem em mãos (inquéritos
com inúmeros volumes, escutas e suspeitos, sem soluções de investigaçãoD) lembrando-se então do seu
último recurso, que devia ser sempre o primeiro: a PJ.
Se o Senhor Magistrado Carlos Figueira se refere à desmotivação de receber processos em estado
comatoso tem toda a razão, mas perde-a a seguir quando afirma que a PJ se recusou a recebê-lo, porque
isso já não é verdade, como muito bem sabe.
Os resultados da PJ em 2009 tornam ridículas as críticas que lhe são dirigidas
Apesar de toda a ordem de dificuldades da PJ que convém não escamotear, como seja:
� Uma carência enormíssima de recursos humanos e técnicos
� Inadaptação do nosso sistema legal à actual realidade criminal do País
� Constante violação, por parte de outros OPC, da área de competências da PJ
� Incumprimento da LOIC por parte de alguns magistrados do MP promovendo uma redução da
capacidade de intervenção da PJ
� Uma organização do trabalho que violenta todos os princípios laborais de um estado de direito
democrático
� Etc.
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O que não faria a PJ com recursos adequados?
A verdade é que a PJ, mesmo «sozinha e sem informação» (Procurador Carlos Figueira, no Expresso,
em 27 de Março de 2010), conseguiu alcançar resultados dignos de registo, brilhantes até, reconhecidos
por quase todas as entidades, mesmo, curiosamente, por algumas que se têm destacado como suas
detractoras (DIAP de Lisboa!)
Imagine-se o que poderia fazer a PJ com recursos humanos e materiais adequados e uma LOIC
efectivamente cumprida, expurgada dos seus aspectos negativos.
A falta de recursos humanos e materiais na PJ é crónica
O aumento das complexidades investigatórias na criminalidade organizada e a falta de meios são
argumentações muito utilizadas nos relatórios e nos discursos das Senhoras Procuradoras Cândida
Almeida e Maria José Morgado, para justificarem as dificuldades dos órgãos que dirigem no combate à
criminalidade.
Dão conta da falta de meios quer ao nível de Procuradores, funcionários judiciais e perícias. Uma
justificação tão válida para o MP, como para a PJ, cujos funcionários para garantir os níveis de eficácia do
combate ao crime da sua polícia, trabalham muito para além do horário normal de serviço, em regime de
voluntariado, sem qualquer compensação digna desse nome, oferecendo ao Estado, em média, por ano, 1
mês e meio de trabalho gratuito (é verdade, de facto, que muitos «Inspectores» usam fato e gravata,
sobretudo na área da criminalidade económica e financeira, por opção ou por razões óbviasD).
A PJ desmantela «gangs» sem aparato e sem vítimas mortais
Os tais polícias agora «engravatados» e rotulados de «doutores e engenheiros», como certos elementos
dos outros OPC, se habituaram a designar a postura sóbria e profissional dos Inspectores da PJ, foram os
mesmos que ao longo de 2009, com total discrição, sem os holofotes da comunicação social, nem o
aparato de operações policiais «à americana» foram responsáveis pelos resultados operacionais da PJ.
Uma tendência para o achincalhamento da PJ alimentada «de cima»
É evidente que favorecidos por um SG-SSI e agora apadrinhados por uma parte do MP, quer no crédito,
quer na margem de manobra que lhes é concedida, quer em considerações como esta injusta e ofensiva
de que os Inspectores deviam «ir passar mais noites na rua» (Procurador Carlos Figueira, no Expresso,
em 27 de Março de 2010), a tendência para a subalternização do papel da PJ é crescente, multiplicando-
se os incidentes, com os outros OPC, inclusive, nos locais da ocorrência de crimes, no âmbito das
actuações do Piquete desta PJ.
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Em vez de transformarem a PJ numa espécie de estorvo, que sabem que não é melhor teriam feito se
tivessem justificado «Do que ficou por fazer» (questão levantada por Manuel Catarino, Correio da Manhã,
em 5 de Abril de 2010), com a realidade da PJ que tão bem conhecem, particularmente a Dr.ª Maria José
Morgado. Já agora poderiam justificar o mesmo relativamente ao DCIAP e ao DIAP de Lisboa
PJ tem em 2010 o mesmo n.º de investigadores que tinha em 2000
O que fica por fazer em investigação criminal neste país é sempre muito, mas o que não se fez não foi
feito por má vontade ou falta dela, mas, muito simplesmente, porque não houve condições, nem meios de
o fazer. Este NÃO FAZER é tão válido para a PJ, como para o DCIAP e o DIAP.
Senão vejamos:
� Em 2000, descontando os Inspectores Estagiários a PJ tinha 1306 investigadores
� Em 2009, descontando os Inspectores Estagiários a PJ tem, curiosamente, o mesmo número de
investigadores (1306)!
� Entre 2000 e 2009 saíram 372 investigadores e entraram 386, o que significa que em 10 anos a PJ
cresceu apenas 14 Investigadores!
� Entre 2000 e 2009 a PJ teve sempre um défice médio anual de 1121 investigadores para ter o seu
quadro completamente preenchido!
� Para preencher o seu quadro de forma adequada às necessidades actuais nos próximos 10 anos a
PJ deveria abrir concursos anuais para 150 vagasC
� Projecta-se abrir agora apenas um concurso para 100 vagas, ao qual vai suceder, muito
provavelmente, o que sucedeu ao último concurso aberto em 2005: os Inspectores Estagiários
deste concurso tomam posse em Junho próximo, ou seja, cinco anos depois da abertura do seu
concurso.
Quando se fala na PJ de paralisia de processos pensa-se logo no DCIAP…
Quando se fala em paralisia da PJ aos colegas da área do crime económico e financeiro, estes,
invariavelmente, referem alguns episódios em que o DCIAP e o DIAP colocaram entraves ao avanço das
investigações, recusando buscas e detenções ou o facto de certos inquéritos nunca mais terem voltado à
PJ, para investigação e se encontrarem no rol daqueles que enchem as páginas dos jornais, quanto mais
não seja, por terem sido retirados das gavetas, para evitar a prescrição dos crimes, através da constituição
de arguidos.
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Como exemplo do mau entendimento entre o MP e a PJ foram ventilados dois processos concretos
(Relatório do DIAP – 2009):
Sobre a investigação do alegado pedófilo do Monte Abraão, que começou sem resultados com a PJ, para
acabar na PSP com resultados, podemos dizer o seguinte:
Na PJ deu entrada uma carta anónima onde era identificada uma morada em Monte Abraão, referindo que
era visível nessa residência uma anormal movimentação de crianças. As diligências de recolha de
informação realizadas, não conduziram a indícios da prática de qualquer crime.
Posteriormente, teve-se conhecimento, pela comunicação social, de que a PSP havia detido o suspeito.
A PSP iniciou a investigação de um crime de abuso sexual de criança (que não é da sua competência)
tendo por base uma denúncia onde eram identificadas duas vítimas. Estas indicaram o local, em Lisboa,
onde os factos ocorreram. A PSP verificou paralelamente que o indivíduo aí residente tinha igualmente
uma morada em Monte Abraão.
A denúncia que deu origem à detenção não foi comunicada à PJ.
Os factos denunciados à PSP nada tinham em comum com os factos denunciados à PJ, ou seja, se a
LOIC tivesse sido cumprida o desfecho dado pela PJ, teria, seguramente, sido, pelo menos, o mesmo.
Esta situação, foi a seu tempo cabalmente esclarecida, estando o Sr. Procurador Carlos Figueira ciente de
que as suas afirmações não correspondem à verdade.
Sobre o processo da pornografia de menores, avocado pelo DIAP de Lisboa, por atraso excessivo na
recolha de prova digital, por parte da PJ, podemos dizer também o seguinte:
De facto, neste caso o atraso deveu-se a uma gritante falta de meios para sujeitar a perícia o grande
número de computadores apreendidos. Nada que se possa considerar anormal no panorama actual das
perícias da PJ e do MP, como este enfatiza e a ASFIC tem vindo de forma estafada a denunciar há anos.
Será que a PJ perdeu de um dia para o outro as suas qualidades?
A PJ é ou não uma instituição prestigiadíssima, na investigação criminal portuguesa e internacional, por
dispor de uma estrutura altamente qualificada e especialmente vocacionada para a investigação criminal,
tendo por isso mesmo a seu cargo os tipos de crime mais gravosos e complexos?
Não nos parece que, tal como erradamente podem fazer crer os consecutivos comentários que têm sido
recentemente reproduzidos, que o DCIAP possa ou pretenda dispensar essas capacidades ou que a PJ
tenha de um dia para o outro perdido essas qualidades.
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A PJ tem uma visão / responsabilidade nacional sobre o crime
A Polícia Judiciária tem competência investigatória em todo o território. Compete-lhe por isso ter uma visão
mais abrangente, preocupando-se com a floresta e não apenas com uma pequena parte dela. Cabe-lhe
por isso uma incontornável distribuição de recursos, cada vez mais escassos, de acordo com uma visão
estratégica que lhe permita abordar estas questões em termos nacionais. Por exemplo, o crime violento
tem uma expressão muito significativa a Norte do País, não apenas em Lisboa e na Margem Sul.
Há muito que a ASFICPJ reivindica o reforço de algumas das estruturas de apoio à investigação criminal,
designadamente o Laboratório de Polícia Científica, sendo certo, que um dos problemas mais graves da
pendência de exames no LPC, parte das más práticas das próprias estruturas do MP, como reconhece o
próprio relatório do DIAP (páginas 164 a 166).
As fragilidades da PJ só podem ser imputadas ao poder político
De uma maneira geral, as responsabilidade pelas fragilidades apontadas pelo DCIAP e DIAP de Lisboa à
PJ, terão que ser imputadas, em primeira linha, ao PODER POLÍTICO em consequência do reduzido
investimento nos recursos humanos e materiais da Polícia Judiciária, factor que, aliás, tem causado uma
grande instabilidade interna, já que a superação de todas as carências, tem vindo a ser feita com o
sacrifício dos investigadores, que há largos anos reclamam por uma eficaz organização do trabalho e a
justa remuneração das horas de trabalho prestadas fora do período normal de expediente.
Em síntese:
O cumprimento escrupulosamente das leis (independentemente de se concordar ou não com elas)
constitui um pressuposto básico do funcionamento do Estado de Direito e muito particularmente do
Sistema de Justiça Criminal.
Apelamos por isso ao MºP, que pela ordem natural das coisas, deve ser a primeira instituição do Estado a
cumprir exemplarmente a Lei, a promover o cumprimento da lei por todos os cidadãos e entidades.
Esta é a questão central que se coloca entre a PJ e o DIAP de Lisboa, já que com as centenas de serviços
do MºP (delegações e DIAP’s) espalhados por todas as comarcas e círculos judiciais do país, a PJ
mantém uma normal estreita relação de cooperação institucional.
Os problemas restringem-se a alguns magistrados: 2 ou 3 do DCIAP e do DIAP de Lisboa que continuam,
impunemente a entender que a Lei «são» eles próprios e a desconsiderar permanentemente a PJ,
transformando a investigação criminal num quadro caótico de permanente conflito e crispação do qual só
beneficiam os delinquentes.
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Era fundamental que esses Magistrados compreendessem que a investigação criminal, e muito
particularmente aquela que tem por objecto de intervenção as modernas expressões de criminalidade
grave e organizada, é hoje uma actividade complexa e multidisciplinar, que exige o domínio e a correcta
utilização de conhecimento científico, de técnicas e de saberes específicos, após adequada formação e
treino.
Era essencial que esses magistrados reconhecessem que a investigação criminal pressupõe a existência
de estruturas orgânico-funcionais profissionalizadas e especializadas, de equipamentos e de recursos
tecnológicos que devem ser utilizados e geridos por profissionais, das polícias de investigação criminal
para isso formados e treinados.
Quer isso dizer, que toda a actividade material que o conceito de investigação criminal comporta, deve ser
gerida e desenvolvida por polícias de investigação criminal e não por magistrados, sem prejuízo,
obviamente, do poder de direcção processual exercido por estes e de uma relação estreita de
complementaridade e partilha, que deve ser melhor concretizada legalmente que o relacionamento
de duas funções interdependentes [PJ-MP] deve comportar.
A ASFICPJ tem a certeza que a PJ vai prosseguir a sua actividade longe do espectáculo mediático
inconsequente e quantas vezes contraproducente, com a discrição e a proporcionalidade que a
investigação criminal exige, com respeito pelos direitos dos cidadãos e sem outra agenda de prioridades
que não seja a do combate ao crime.
Terminamos com mais uma referência às palavras do Dr. Souto Moura, proferidas na mesma altura e
circunstância e que consideramos paradigmáticas, por apontarem para o caminho a trilhar:
«Parece-me que a aproximação entre o Ministério Público e a Polícia Judiciária é inevitável. Isto é, é necessário que
estas duas entidades comuniquem mais frequentemente e a todos os níveis de hierarquia. Não me parece que haja
grandes alternativas ao estado de coisas actual em termos de sistema»
A Direcção Nacional da ASFICPJ
Lisboa, 2010-04-15
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Evolução do efectivo da investigação criminal da PJ em 10 anos
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A PJ «cresceu» apenas 14 investigadores em 10 anos!
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