30006/07/08/09/10/11/12/13/14/15/ 16/17/18 30006 posso até...
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30006/07/08/09/10/11/12/13/14/15/16/17/18
30006
Posso at rever no espelho Tanta sorte que talvez
Ao tocar a lucidez Vez por outra me aconselho Ao vencer tantas desditas Ditos soltos, frases ocas E deveras nestas bocas
Quando inteis forem ditas Perpetuam a falcia
De quem tanto aventureiro Meu caminho derradeiro
No se faz com tanta audcia Caminheiro do vazio,
Com meus erros me recrio.
30007
Fantasias que inda trago De um passado mais atroz
Poderia noutra foz, Mas poluo o imenso lago Onde a etrea placidez Deveria ser constante, E por tanto se agigante Meu caminho se desfez
Nesta voz inconfundvel De quem tanto poderia
Transformar em fantasia O que sei ser inaudvel,
Versejando sobre o nada Busco errtico a escalada.
30008
No percebo mais o quanto A vida trouxe em falsa luz
E se tanto no me opus Hoje apenas teimo e canto Rareando a sorte quando Eu pensara noutra trilha, A verdade ainda brilha
Mesmo o sonho desabando, Misantropo? Nada disso,
Na verdade um ser comum, E se busco por algum
Que me traga assim cobio Ascender eternidade
At quando a treva invade.
30009
Esboando a luz aonde Nada pude adivinhar
Onde quis qualquer luar A verdade sempre esconde
O caminho de um poeta Feito em trevas, a amargura
Tantas vezes se perdura E decerto me repleta
Morto em vida, sigo assim Sem caminho ou mesmo norte J no tendo quem comporte
Pedregulho dita o fim Do que fora noutro tempo
Simples, mero passatempo.
30010
Das senzalas de minha alma Contumazes derrocadas Onde pude madrugadas
O silncio no me acalma Torturando em cada engodo Transmudado caminhante E se tanto num instante
Penetrando charco e lodo No fugindo do que sei
E tampouco me esgueirasse Ao mostrar temvel face Solido traando a lei Um poeta; nada alm,
Que o vazio em paz contm...
30011
Pecado no saber da direo Dos erros mais comuns, fonte e final
Engodo nunca fora sensual Tampouco nos enredos da paixo
Somente o transgredir em travas feito Aonde poderia satisfeito
A vida se transcorre em dor e no, E sei que tantas vezes mergulhava
Em gua poluda ou mesmo em chamas E quando em realidade tu reclamas
Uma onda bem maior, ou tanto brava Rescende ao meu terrvel dia a dia,
Alento? S encontro em poesia!
30012
O sangue se entornando a cada corte E tendo a soluo bem mais distante
Arrastam-se correntes; delirante Caminho me levando para a morte, Do todo se vertendo o mesmo nada E quando vi a sorte noutra senda
Sem ter cada alegria que se atenda Dos meus anseios; tosca debandada.
Esgaram-se as j rotas iluses
E morto em vida resta to somente A ldica esperana que apascente
Diversa do que em dor venal me expes E tendo esta certeza do jamais
Cultivo dentro em mim, meus temporais.
30013
Servil, mas sem ser vil nada teria Quem eviscera a sorte em dor, punhal
O rito se tornando mais banal A morte doma a fera? Fantasia...
Gestando o que pudesse ainda ter Sementes onde agora vejo apenas
A morte se entornando em toscas cenas Parindo a cada instante o desprazer.
Vestido do terror onde talvez Pudesse acreditar num novo alento,
E quando outro caminho anseio ou tento Errtico cometa se desfez
E tanto poderia haver a estrada, Mas como se minha alma atormentada?
30014
Ainda se mostrando em tom to agressivo
O resto do que fui entranha a sala e toma Cenrio mais atroz e quando vejo a soma
Do pendular espelho ainda sobrevivo, Mortalha que tecera a vida desde quando
O tempo transformado em treva e ventania
Gerara este demnio e nele se recria A sorte desairosa; e a noite se
entornando... Ouvisse qualquer som em noite solitria
O mundo no teria a face desdenhosa De quem sem ter sada ainda teima e
glosa Achando ser a morte espria necessria.
Eclticos, sutis, os dias so falazes Diversos deste tanto; aonde o sonho
trazes.
30015
Jogado em algum canto imerso em solilquio
Aprendo com a vida a no seguir conselhos
Pois neles no se v alm dos meus espelhos
E a cada novo passo um outro que provoque-o;
Assim a vida traa o medo do no ser Insupervel erro aonde se sacia
O ttrico caminho em torno da agonia Gerando a cada engodo um novo
anoitecer. Estradas onde um dia ainda imaginara A sorte mais sobeja e mesmo at mais
bela O verso noutro tanto exposto se revela
Por tanto que inda seja a vida to amara. Medonho este fantasma em luz to vria
e rude Lutar contra mim mesmo, o que deveras
pude
30016
Se eu pudesse ter nas mos O timo de minha vida
Nova sorte decidida Ao plantar de amores gros Os meus dias no mais vos Nem percebo a despedida
A beleza sendo urdida J no sabe mais dos nos
Onde tudo terminara Numa angstia sem final,
Mas amor se magistral No permite este abandono E se dele enfim me adono Eu concebo a maravilha
Sem a dor que tanto humilha.
30017 Caminhando em noite imensa
Sem temor, por muita vez Bem diverso do que vs
Novo amor que me convena A minha alma quer e pensa
Nisto encontro a lucidez Meus enganos, meus porqus
Desconhecem recompensa Se eu polvilho em lua e prata
A saudade me arrebata E domina este cenrio,
Tanto amor ditando o rumo Neste encanto no me aprumo, Mas mal que necessrio...
30018 Dos sonetos que inda fao
Procurando alguma estima, Na verdade nada rima
E no cedo um s espao Quando a sorte atroz eu trao
Com palavra que se prima Pela insnia mudo o clima
E me encontro amargo e lasso, Fosse assim outro momento
Onde aps qualquer tormento Vicejasse em claro sol,
Mas medonho o meu caminho,
E se tanto vou sozinho, No desvendo um s farol.
30019/20/21/22/23/24/25/26/27/28/29/30
30019
Ao corpo, porto morto o barco leva E traa aps a farsa novo cais
Esparsos dias velhos temporais Atrozes caminheiros? Mesma treva.
Pudesse em prece ou riso um rito novo E tanto no viria outra mortalha,
Mas quando encontro a dor que se amealha
Revejo a fome imensa de meu povo. Estrias dentro da alma, na alameda
Aonde poderia ser melhor, Desta injustia a lia sei de cor
Tanta aguardente amarga me embebeda E tento e no consigo, mas prossigo Porm o joio toma o que era trigo.
30020
Dos fretros que esta alma j soubera As nsias no so mais somente fins Semente apodrecida em meus jardins
Aonde posso ver a primavera? A fera se expressando no no ser
A Terra se tornando outra Agripina, Luntico caminho em que alucina A fome incomparvel do poder,
E posso at saber de um novo sol Aonde tanta bruma doma a cena,
Mas quando a realidade assim se acena Ofusca em dor e pranto este arrebol, Poeta. Um mensageiro da esperana?
Porm voz ao vazio j se lana.
30021
Deslinda-se em cenrio tenebroso O quanto poderia em claridade
No passo que deveras desagrade Jamais se traduzindo em sorte e gozo. Um melindroso assunto, vida e morte, E tanto eu quis at ser mais tranqilo, Mas quando em amargor assim desfilo Que fao se to ptrido este aporte?
A porta se mantendo assim cerrada O quadro desenhado tanto assusta
A fora em desvario to robusta Gerando aps o todo, sempre o nada,
E tanto se porfia inutilmente Nem mesmo o suicdio me apascente...
30022
Em desalento vejo este retrato
E tanto espelho a dor que ora cultivo E neste nada ou pouco sigo altivo
Mal importando mesmo qualquer fato, Esprio caminheiro do vazio,
Um quixotesco rumo? Nunca mais, Aonde se pudesse em sensuais
Prazeres do poder, quero e desfio. Resisto? Na verdade s me acanho. Ainda no sou podre como tantos,
Embora esta sereia com seus cantos Prometendo ao corrupto belo ganho,
Mesquinharia diz do mundo agora A fera? Outra maior chega e devora!
30023
Esgares desta vida em turbulncia
J no permitem mais que se acredite No rumo aonde existe algum limite
Enquanto mais distante uma inocncia. Ao menos poderia ser diverso
Se a fora no vencesse sempre o frgil, E embora muitas vezes sou to gil
No tendo um s fuzil, restando o verso E ainda sendo assim um vo soneto Ultrapassada forma de expresso As mortes entre tantas mostraro
Ao quanto na verdade eu me arremeto,
Usando esta palavra, meu cinzel, Eu tento e vou cumprindo o meu papel...
30034
O Cristo que eu conheo libertrio
Diverso deste milagreiro ser Que em cada nova Igreja eu posso ver
Por vezes um satnico operrio. Vendido como fosse a panacia Jogado contra as feras, Daniel,
Sem ter sequer mortalha, bebe o fel Depois se crucifica pra platia. Atia esta alcatia desairosa
Que tanto ouvir falar, mas no percebe Suprema maravilha de uma sebe
E quando demonstrava a paz, a rosa Guerreiros do Senhor ou do demnio,
Pastores fazem Deus, seu patrimnio...
30025
A velha prostituta do passado Vendida a Constantino num jogral
Ainda se pensando a principal Demnio em santidade disfarado, O corpo de um Jesus crucificado
Num mesmo e to perverso ritual Aonde se pudera angelical
Apenas sobrevive do pecado. Satnicos padrecos entre lama
Os riscos do viver sempre aumentando Quisera ouvir um canto doce e brando,
Mas quando vocifera a fera clama Sacrificando enfim este cordeiro
Num ato quase insano e traioeiro...
30026
Resisto a tanta dor embora eu creia Na farsa exposta enquanto produzisse
Caminho mais diverso da mesmice Que tanto invade agora cada veia,
Velando este cadver, poesia, No vejo mais sada e nem pretendo, Fazendo do meu verso o dividendo Do nada que este nada s recria,
Aguardo alguma chance, mas eu sei Que nada se far aps a chuva
Minha alma com seus dotes de viva Ainda v deveras velha grei
Das sendas do passado? Nem a sombra Apenas o vazio que hoje assombra.
30027 Medonha face exposta da verdade
E nela se percebe muito bem O que tanta mentira em si contm Num ato to terrvel que degrade Funesta festa feita em tom maior Arquibancada v o novo drama
E quando um geraldino j reclama A coisa vai ficando bem pior, Assim a poesia se entregando
E dela nem mortalha mais se v Defunto caminhando sem por que
Cenrio que bem sei ser to nefando, Um cavaleiro andante quixotesco
Que fez num meio agora mais dantesco?
30028
Querida; que tal chuparmos um tumor? Querido, na verdade isso j no seduz
Prefiro, mais gostoso, um pouco de pus. Assim nosso celebramos nosso amor
E nesta forma at meio romntica Ao som de Rita Lee, faz tanto tempo, Enquanto num tranqilo passatempo
Discutimos enfim fsica quntica. Falavas de momentos do passado
Aonde te pegaram numa noite Uns vinte ou trinta e num pernoite
Quem ser que a teria engravidado? Agora a vida passa e aqui sozinho, Eu brindo com coc num espetinho!
30029
Alm da curvatura da cintura
A moa requebrando trouxe em mim Lembrana de outros tempos, chego ao
fim Depois de tanto tempo de amargura
Quem sabe possa ver na criatura A flor mais tempor deste jardim,
E tanto poderia ser assim A vida que decerto se procura,
Mas sei destes quadris fenomenais Rebola, bole e quando me d bola Vontade de menino toma e assola,
Porm sei que no posso nunca mais Caindo na real, eu vejo o espelho E dando um grande esporro me
aconselho.
30030
Ainda que se faa farsa aonde Pudera a fera imensa traduzir O quanto nada tendo no porvir
Passado traa a linha e assim esconde E nada do que fomos traz ainda
O tanto onde pudera parecer Enquanto a vida eu sinto esvaecer
Futuro eu no concebo nem deslindo Assisto formidvel heresia
Escravo desta mtrica infernal
No posso transformar um ritual Em outro seno mato a fantasia
E morta a fantasia se deleta O que dentro de mim fora um poeta...
30031/32/33/34/35/36/37/38/39/40
1
Pudesse desvendar cada segredo Embora saiba sempre ser assim O tanto que fizesse gera o fim E nela tantos erros eu procedo Fazendo do vazio o meu enredo
Dessedentando em fria meu jardim Aonde dito o rito enquanto enfim
Quem sabe continue alheio e ledo. No vejo soluo e nem podia
Viver outro momento que no este Embora em tua ausncia no em deste Sequer a menor chance, perco a luta
Na lua to distante o teu reflexo E quando ainda busco qualquer nexo
Minha alma insanamente, pois, reluta...
30032
Jogando a minha sorte noutro tanto Aonde no pudesse transcender
Ao menos qualquer forma de prazer
Envolta em falsa luz, teimoso eu canto. No posso sonegar sequer o espanto E quando aprendo aos poucos o viver
Nefasta realidade passo a ver Enlutando com dores cada manto
Esboo reaes, nada adianta A vida no se d sem ser assim, A morte vencer num ledo fim,
E a voz inda vai presa na garganta, Um dia quis ouvir algum alento,
Mas sei que solitrio eu me atormento...
30033
Ourives da palavra algum poeta Que possa traduzir um sentimento
Enquanto outro caminho ainda tento A vida se transforma e me deleta,
No pude competir contra a completa Loucura de quem dita o pensamento,
E assim ao me afastar por um momento No quero confirmar nesta concreta
Paisagem feita em trgica figura, E quando solitria se afigura
A sorte de quem tanto quis a luz, Rasgando cada verso de um soneto
Ao plido caminho me arremeto Somente este vazio me conduz...
30034
Jogado agora s traas o meu verso Jamais teria ao menos um segundo Aonde em poesia se eu me inundo
O mundo se mostrando mais perverso, E quando neste pouco ou nada imerso Sentindo este vazio, torpe e imundo, O corao de um velho vagabundo Persegue cada luz, morre disperso. No pude compactuar com a heresia
Que vejo amortalhando a poesia E ento prefiro mesmo a solido.
Esgarando a palavra esta colheita Deveras onde a fera se deleita
Traduz assim somente a negao.
30035
Isolo-me do mundo e s me resta Um facho meio opaco desta luz, Beleza muitas vezes reproduz
O quanto poderia entrar na fresta, Mas sei tal realidade que funesta Vertendo invs do claro torpe pus, E quanto mais ainda enfim me opus
Jogado porta afora nesta festa, E o vandalismo toma o que j fora
Uma arte to sublime e abandonada
A cada novo verso se percebe Quanto improvvel ver na mesma sebe
A primavera intensa, outra florada...
30036
Apenas me restando o obscuratismo Aonde me guardando para o fim, Renego cada passo de onde vim
E salto neste instante neste abismo. Por vezes percebera o cataclismo, Mas quando se perfila tudo assim O vinho avinagrado sinto enfim
Tomar esta paisagem onde eu cismo. Pecados cometidos? Poesia.
Apenas nada mais e se eu desisto No quero ser do verso como um Cristo
Nem mesmo decorar cena sombria, E deixo para aqueles que mataram
Soneto, estas carcaas que restaram.
30037
Cadver mal cheiroso do que um dia Ainda fora estrada reluzente
Porquanto a tal loucura se apresente O sonho para sempre j se adia,
Medonha face exposta se sombria Translado se fazendo do doente Aonde academia nega e mente
O que falar ento da confraria? No resta seno isso: eu me calar No pude com a fora deste mar
H tanto poludo por rapinas, E sendo assim estpido poeta
A morte desta intil se completa No quanto em versos turvos desatinas...
30038
Se s vezes num soneto vo me acampo Procuro uma defesa pelo menos
Que possa retirar alguns venenos Que colho quando luto em tosco campo, Meu telefone agora tendo um grampo Os dias no sero bem mais amenos Tampouco me importando se serenos
Matassem o derradeiro pirilampo, Encampo velharias, sou museu E jogo meus poemas no poro Sabendo quo diversa direo
Demonstra a que ponto se perdeu O velho repentista do passado
Morrendo num imenso rebolado.
30039
Adeus aos meus propsitos j dei
E no voltando atrs, seguindo em paz, Do quanto ainda um dia ser capaz Permite quem me dera, bela grei.
Aonde surrupiam norma e lei O monstro do vazio mais mordaz,
E beija como fosse Satans No deixa nem sentir o que escutei
Outrora de uma mestra em portugus Falando sobre mtrica e cadncia
Ainda tenho em mim esta inocncia Enquanto encontro ausente lucidez,
Por isso retirando cada verso Silente desde j meu universo...
30040
Clementes dias noites tempestades Se assim j a vida, mas do jeito
Que as coisas vo mostrando j seu pleito
Inusitado rumo em que degrades
Deixando para trs velhas saudades E nada se mostrando no teu leito
A Musa se mandando, e insatisfeito Matando a poesia, no agrades
Sequer aos mais sobejos modernistas,
So coisas bem diversas, mas no vs Aonde se bebesse a insensatez
Disperso amanhecer da avistas
E crendo que isto belo, meu amigo A Diva te condena ao desabrigo...
30041/42/43/44/45/46/47/48/49/50/51
30041
No se v qualquer sinal Do que fora noutras eras Poesia em que temperas
Um divino ritual O caminho magistral Hoje feito pelas feras
No se pode em primaveras Onde eterno este invernal. E percebo quanto eu falo Mesmo quando crio calo A verdade aps o quanto
Verso tanto poderia, Mas a noite sendo fria
Espalhando este quebranto.
30042
A peonha diz serpente A serpente diz do fogo
E deveras neste jogo No h f que me apascente No que seja algum demente Desde quando agora e logo
Se por vezes inda rogo que ainda sou temente,
Vivo as cenas do abandono Vivo as trevas do que agora
To somente vejo aflora E no deixa sobrar nada
A seara destroada, S me d cansao e sono...
30043
No resisto se a sereia Inda vem em cantoria,
Nem tampouco se inda cria Num serto a lua cheia, Mas a sorte no rodeia
Quem perdendo a fantasia Assassina a poesia
E deveras no clareia Sem arreio este corcel
Galopando agora ao lu Caminhada to confusa Pobre mesmo desta que A beleza no mais v,
Tenho pena desta Musa...
30044
Rastros vejo do que um dia Poderia ser diverso
Se eu ainda tento um verso Onde nada caberia
No me venha em heresia J dizer do quo disperso Possa ser este universo
Nele o rastro no me guia, Esgotando toda a sorte
Sem ter nada que suporte A verdade dita o rumo, E se tanto sou culpado,
Vejo as sombras do passado, Qualquer coisa hoje eu consumo.
30045
Reduzido agora a p Nada mais quero pra mim,
Sendo agreste o meu jardim, Esta vida dando um n, Caminhando sempre s
Vejo as marcas de onde vim E teimando at o fim,
J no quero pena e d, Sei da minha desventura A decerto uma amizade
Tanto bem nos agrade, Mas deveras nunca cura,
Hoje eu falo de quem tanto Se perdeu em desencanto.
30046
Pego s vezes a carona Neste rabo de cometa
E se adentro em qualquer greta A verdade j se adona, Moa bela e solteirona
Tanto engano que cometa Minha amiga no prometa
Que este sonho te abandona. Risca o cu a poesia
E transforma qualquer forma Muitas vezes j deforma
Ou diversa face cria, No pudesse a melodia
Quando o encanto se conforma.
30047
Jogo s vezes pra torcida, Mas no quero ver a histria
Repetindo a falsa glria De quem tanto j duvida
Do que fora despedida Noutra forma de vanglria Na verdade merencria
Morte quando em plena vida. A toalha vez em quando
Sobre o cho deste tablado, Se o caminho foi forjado, Logo sigo desvendando, Quando vejo nada resta
S tal sombra hoje funesta...
30048
Carpideiro corao Na verdade foi demais Enfrentara temporais E soubera a direo, Mas agora se vero
Os momentos terminais Das estncias divinais
Transformando em negao O que um dia fora sim
E se perde sem um fim, Recomea noutra senda.
A vertente que se v Continua sem por que,
Sem ningum que hoje me entenda.
30049
Pudesse semear com tal fartura Sabendo da colheita em garantia,
Mas quando a sorte atrasa ou mesmo adia
Gerando aps o brilho uma amargura Deveras tanta coisa se procura E uma alma de poeta fantasia, Mas logo realidade mostraria
s quantas anda agora esta loucura. Perdendo qualquer nexo um helianto
Embrenha o seu olhar em novo encanto Confunde noite e dia, sol e lua,
Mas quando se percebe noutro fato, O quanto poderia ser mais grato
Em senda bem diversa agora atua.
30050
Atenda ao telefone e por favor No deixe de avisar que no voltei,
O amor que um dia fez de mim um rei Agora se morrendo em vo torpor,
No posso mais ver filme feito horror Tampouco com seus olhos desenhei
O girassol que um dia imaginei E agora se morrendo em outra flor. Cadeiras j quebradas, ps torcidos,
E sendo assim os dias resolvidos No vou ficar aqui s de bobeira,
E quando esta figura se apresenta,
Certeza de uma noite violenta, Palavra to macia traioeira..
30051
O amor que tantas vezes eu queria Disperso noutros rumos ora vejo
E quando se mostrasse em tal desejo A morte se aproxima em agonia. Carcaa se renova enquanto cria Um dia mais amargo e se prevejo
Final do farto amor, mero lampejo, A face caricata, o que se via.
Servindo to somente de palhao Ainda este caminho eu no desfao, Mas sei que depois disso nada vem, E tendo esta certeza, sou teimoso, Aonde quis um sonho majestoso No vejo sequer sombra mais de
algum...
30052/53/54/55/56/57/58/59/60/61/62/63/64
30052
Pecaminosos rumos ditam sombras E quanta vez eu tive em minha mente
A sorte em que a tempesta se apresente E dela cada passo em que me assombras,
Metforas parte resta a morte E no abro mais mo de algum segundo E quando em fanatismos me aprofundo
Redundando deveras noutro aporte E quase se percebe mesmo assim
O pendular caminho em me entrego, Prefiro este sonmbulo qual cego
Ao quanto de um noctvago h em mim, Servindo a quem semeia esta vergasta
A morte com agora no contrasta.
30053
No posso controlar mais o que sinto E nem talvez me reste muitos dias,
Aonde se pudesse em alegrias O mundo h tanto tempo sinto extinto, E quando remodelo, ou mesmo pinto
Em aquarelas tantas, fantasias, O gozo do passado em que recrias
A sorte em deferncia eu tento e minto Omito de mim mesmo, eis a tolice
O quanto a vida sempre tanto disse E nesta vaga noite me aprofundo Nos ermos de mim mesmo e nada
encontro, E neste pouco ou tanto desencontro
Galgando em solido encaro o mundo.
30054
Sou a sombra de um homem, nada mais, Esboo do que um dia foi sincero
E quando algum momento; ainda espero, Os dias revivendo os vendavais
E deles ouo sempre este jamais O peso do viver deveras fero
Enquanto no vazio eu me tempero Secando dentro em mim mananciais Assisto a que pudesse ser colheita
Na agreste condio nada se espreita Somente a seca imensa, esta aridez,
O quanto poderia no passado, O mundo noutra cena, desolado Aonde poderia, enfim, desfez...
30055
Calcando os infinitos onde tanto No soube traduzir felicidade
Medonha face exposta desagrade Quem sabe noutros tempos o ureo
manto. E quando ainda tento, e j me espanto,
O corte se aprofunda e com saudade Falando de outra vida, a realidade
Moldando a cada passo este quebranto, Quimeras acumulo dentro da alma, Nem mesmo a poesia ainda acalma
Dos traumas que carrego eu sei to bem, Alaga-me decerto a solido
E nesta eterna noite em negao Somente este vazio me contm...
30056
Resisto muitas vezes ao que um dia Pensara ser deveras soluo
E tanto quando pude a sensao Desta mortalha ainda o tempo adia,
Mas nada do que possa a poesia Mudar caminho tosco e sem timo
Aonde poderia a direo Deveras enfrentando a ventania Vergastas dilaceram minha pele
Enquanto este cenrio me compele Dicotomias tantas eu enfrento,
No posso condenar este andarilho Porquanto to errtico hoje trilho,
Apenas no tormento me apascento...
30057
Ecoa dentro em mim cada pedao Das trevas onde um dia deambulo
E quando qualquer resto ainda engulo O sonho de um lirismo assim desfao,
Herdara esta mania de outro trao
E nele com ternura perambulo, Mas quando se mostrasse em tom mais
fulo Uma alma no encontra mais regao.
Assusta-me saber do estar a pique Enquanto a poesia quer repique
A vida desolada diz do no E dele as fantasias, carnavais
Os ditos mais audazes, sensuais Apenas ressoando a solido...
30058
Acordo quando encontro este cenrio Aonde se mergulha o torpe sonho
E quando pra mim mesmo hoje componho Meu canto nunca foi to necessrio, Mortalha se aproxima e meu fadrio
A cada amanhecer, tosco eu proponho E tanto poderia ser risonho,
Mas sei ser totalmente temerrio Embora a podrido restrinja aos ps Minha alma no conhece, pois gals E sendo libertria segue em frente
At que esta mortalha ento me vista Futuro desolado e pessimista
Apenas o vazio uma alma sente.
30059
Ocasos costumeiros de quem sonha Devaneios apenas nada mais, E tanto poderia mais banais,
Mas quando a cena exposta mais medonha,
Riscado do papel qualquer figura Que ainda possa dar forma ao que canto E tanto se mostrasse em medo e espanto
Diverso do que em mim, tolo, perdura, Acenos do futuro se perdendo,
Negando cada passo rumo ao que? O todo se desfaz, uma alma v Apenas no vazio o dividendo,
Herdeiro deste nada; o mesmo deixo, Por vezes eu reluto, e intil, queixo...
30060
Pecado ser o no enquanto pude Viver felicidade. Relativa...
Uma alma to somente sobreviva Ausente desde quando a juventude, No quero nem mudando de atitude
O quanto a minha sorte mesmo priva, A morte se mostrando a alternativa
Por mais que isto parea amargo ou rude. Espero este cenrio mais diverso E tento com a fria do meu verso
Embora saiba bem o quanto eu valho, No pude descrever outra verso O mundo no encontra a soluo
E a solido me leva me torpe atalho...
30061
Acuado por tantas heresias Performances diversas morte e vida
E quando este caminho se decida Deixando no passado as fantasias Mergulho neste vo e nele guias
Sabendo que no h sequer sada Apenas preparando a despedida,
As horas que inda restam so sombrias. Nefito nas nsias mais audazes
E quando a soluo deveras trazes No tendo uma outra opo sigo sozinho,
Mas sei que tudo molda este cenrio No quanto o meu morrer necessrio
E quando do vazio eu me avizinho.
30062
Servindo a quem se mostre mais cruel Meu verso no produz qualquer efeito E quando me amortalho e insone deito Vagando o pensamento sempre ao lu
Acordos do passado em vil papel
Arcando com os erros, tosco pleito E tanto poderia estar aceito Aonde a virulncia dita o fel,
Apenas o que resta ao sonhador A cada novo instante decompor
O quanto inda restara em viva voz, E sendo a realidade sempre assim,
O sonho determina agora o fim E sei o quanto a morte mais veloz...
30063
Das lgrimas nem sombra, mas no quero
Tampouco poderia crer no apoio De quem sabe decerto deste arroio Infecto entre delrios, tosco e fero,
Aonde poderia ser sincero O mundo se prepara em vo comboio
Deixando para mim o mero joio, Eu sei que isto eu mereo, e assim espero Nem mesmo a despedida dos meus filhos
Que tanto se fizeram noutros trilhos Restando assim quem sabe a poesia,
Risonho prisioneiro? Nada disso, O quanto de uma luz mera cobio Por onde a realidade nada cria...
30064
Talvez quem sabe um dia eu possa ter A sorte de um momento em redeno
Embora vai distante o meu vero No mundo no cabendo mais prazer,
Opaco caminhar eu passo a ver E tento acreditar noutra verso,
Mas sinto finalmente esta averso Ao que trouxesse luz algum poder,
E quando prenuncio a bancarrota O barco sem caminho perde e rota
E a porta sempre aberta sabe a tranca, O peso de uma vida em dores tantas
Ao mesmo tempo ainda vens e espantas Enquanto a realidade me desanca.
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30065
Eu que tantas vezes renegava A glria disfarada em luz ou medo,
Agora neste verso te segredo O quanto se perdera em cinza e lava, Por mais que a vida seja dura e brava
Se tanto ou quase pouco eu me concedo, A senda se moldando noutro enredo,
No deixa mais a sombra da alma. Escrava.
Escavo dentro em mim velhas cavernas E quando pouco a pouco tu me internas
Percebes neste tanto que fui eu O mundo insofismvel, verso triste E mesmo contestado quem insiste Vasculha cada parte que perdeu.
30066
Pudesse adormecer como as crianas Embora em seus terrores, pesadelos Os sonhos mais gentis ao reviv-los
Gerando novos tempos e esperanas. E quando ao nada ser a voz se lana
Tocando mansamente os meus cabelos, Os dias embrenhando em seus novelos
A morte a cada instante mais me alcana. Funesta cena feita em cada no E tento muitas vezes um sinal
Que possa permitir novo degrau E dele se perceba anunciao
Do dia que trar claros momentos Diversos destes tantos sofrimentos
Aonde cevo a mesma plantao.
30067
Quem me dar o beijo que procuro Imerso nos desdizes de iluses E quando nova cena tu propes O tempo continua sendo escuro,
Se tanto solitrNO Oio eu me amarguro Ainda posso crer noutros veres
E os versos se condenam. Procisses Por onde cada falso, outro perjuro. Necessitava ao menos um alento, Mas tudo o que cevei hoje recolho,
Recebo em pagamento olho por olho E tendo obrigao de beber vento, Mesquinha realidade? No seria,
Apenas o provento da agonia.
30068
No olhar to magoado de quem tenta Vencer suas tempestas costumeiras
Aonde se preparam tais lixeiras A morte a cada passo se apresenta, Embora em sofrimento seja lenta
No posso mais fugir destas bandeiras E tanto poderia quando inteiras As horas nesta fria, violenta. Errtico percorro incoerncias
E tanto se fizessem convivncias Sem ter a vida ao menos, e concreto
Um ato que encerrando a tola pea Sem nada que me iluda ou mesmo impea
No quanto nunca fui eu me deleto.
30069
Calvrios que me restam, morte e cruz E ainda posso perceber o fim
Depois de tudo, enquanto vejo assim O quando nada do que fui produz
Insanamente beberei o pus Um simples blsamo tocando em mim
E neste tanto poderia enfim Vivenciar o que restou de luz
Audcias tantas entre tantos medos E navegar por oceanos vrios
Aonde os dias no seriam ledos Os passos lbricos, sutis contrrios
E o mesmo nunca se tornando audaz Jamais encontro, finalmente a paz.
30070
Exibo a face deste atroz poeta Que tantas vezes procurou alento
E no sabendo enfrentar tanto vento Aos poucos louco seu cantar deleta
E nesta insnia ao caminhar repleta A vida em dores fartas teima e tento Saber do quanto no se fez tormento
Ainda vendo a amarga noite veta. Estorvos sinto e no me calo mais
Nem podem tanto em tal terror; venais Singrar as ondas deste ausente mar Aporto sonhos; mergulhando em vo
Percebo o fim, neste terrvel no Aonde pude com destreza amar...
30071
No quero nunca teu perdo, jamais Necessitei do que se fez mordaz
E tanto pude conceber a paz Embora versos me paream tais
Que quando luto ao procurar um cais Ainda o medo que se tem me traz
O que no pode ser somente audaz E quebrando os mais gentis cristais. Tanto enfadonho o caminhar sozinho
Buscando inteis sensaes de um ninho Ausente mesmo do que penso ainda Na imensa glria de fazer meu verso E quando vejo este porvir disperso
Apenas nada em tal terror deslinda...
30072
Erguendo a mo ao aoitar engodos
No poderia caminhar em trevas E quanta luz ainda teimas, levas
Deixando alm estes terrveis lodos. Os dias trgicos; conheo todos
E tantas dores se aproximam; levas; E neste bando ao me perder tu cevas
Escudo o medo em teus sutis, vis, modos. Mordaa tramas nesta ausncia fera E quando a noite perpetua a espera
Ferrenho e plido este nada diz Do quanto posso ainda mesmo em no
Tentar vencer este temvel cho Embora saiba em tua face, a atriz.
30073
Esprias noites, solido atroz E quando posso perceber um dia
O quanto nego e sem qualquer magia A vida nega ao sonhador a voz, Unindo frgeis caminhares, ns.
E tanto medo ao se mostrar recria O pantanal em que o no ser porfia Negando o tanto onde se quis a foz.
Morrendo cedo, navegar no no, E sem farol o navegante errtico
Pudera ter neste momento o prtico Desejo esttico; um melhor timo, E tanto soube perceber meu fim,
Porm sonego o que inda resta em mim...
30074
Cadenciando o meu viver cruel Percorro estradas onde pude ver Cenrio vrio e nele tanto o ser Cobrira a sorte com terrvel vu.
E quando pude, caminheiro ao lu Reconhecer em meus enganos crer
No jamais pude conhecer, saber Deste sabor que me trar teu fel Ao amargar em tenebrosa noite
A vida trama a cada instante o aoite E gera a dor nesta semente atroz, Lavrasse a vida com ternura e paz, O mundo nunca mais venal, mordaz Uma esperana encontraria a foz...
30075
O teu perfume ao adentrar na sala Revive a glria em que talvez houvesse
Da vida inteira a mais divina messe Saudade doma e com terror no cala
Uma alma tola que se fez vassala Encontra a dor e no resolve a prece Quem dera ainda o renascer que tece
Viva renasce e se mostrando em gala...
Apenas sonho e na verdade sinto A turbulncia num vulco extinto
Destas fumaas, minhas nsias feitas E sei que ausente deste olhar tu ris
O quando fui e no serei feliz s horas mortas, noutro ser deleitas...
30076
Prazer em gozos variveis sendas E quando pude perceber o nada Aonde a sorte sem saber calada
Cobrindo olhar em tenebrosas vendas, Porquanto ainda meu delrio atendas A faca em trgica manh mostrada A fria atroz, esta medonha estrada Amores foram simplesmente lendas E tendo enfim o meu terror exposto As marcas toscas dominando o rosto Envolto em trevas andarilho audaz
Bebesse a luz e poderia ento Em pleno inverno renascer vero
Quem sabe enfim conheceria a paz.
30077
Sem a tramela o corao se esvai
Exposto mesmo aos mais difceis dias Aonde tantas luzes traam frias Manhs nefastas ento neve cai
Pudesse ter algum momento aonde A prpria vida no seria assim,
Enquanto vejo sem sentido o fim O mesmo nada meu caminho esconde.
Resisto ao menos. Bastaria a luz Nesta fornalha uma esperana ardendo
Das cinzas todas, no pudesse alm Do mesmo vago que em verdade vem
Matando enfim, o que jamais desvendo, Vendida sorte, um andarilho em vo
Conhece apenas este intil gro.
30078
Nudez que traz delrio a quem se fez alm Do todo ande fora e nada poderia
Viver alm do quanto a vida em alegria Ou mesmo em tempestade, aos poucos
me contm Resisto inutilmente e tanto sei do bem
E quando se demonstra apenas a agonia O verso mais atroz encerra a fantasia E o fim da amarga pea exposta ainda
vem, No pude acreditar e nem mesmo calado O mundo que tracei, por vezes desolado Explode no vazio aonde me entregara, Servindo de mortalha a quem se fez
audaz A porta do passado, h tempos se desfaz Deixando como herana estpida seara...
30079
Do jeito que se quer a vida em luzes fartas
Pudesse at talvez gerar incongruncias E nelas no se v nem mesmo
coincidncias Enquanto o caminhar aos poucos tu
descartas, Jogando sobre a mesa as viciadas cartas,
Olhando com terror procuro coerncia Mas nada do que vejo expressa uma
inocncia As horas do futuro eu sei so to
ingratas; Resisto s tentaes do gozo pelo gozo
E tento transformar ainda em majestoso O quanto desta estrada expe falsas
promessas, E quando vs o no por onde ainda teo,
Expressas num sorriso o quanto foi tropeo
E a mesma cena atroz, sorrindo recomeas.
30080
A moa transbordado os lbricos anseios Deixando para trs os velhos
preconceitos Adentra sem pensar diversas camas,
leitos E sente este calor intenso nos seus seios,
Aonde poderia ainda haver receios Os gozos mais sutis expressam seus
direitos E neste turbilho enquanto so aceitos As lnguas em prazer descobrem tantos
veios. Assim a noite passa em rendas e cetim, At chegar manh novo comeo ou fim. Vazio novamente aps a tempestade.
A lgrima escorrendo, o copo de cerveja Saudade ou mesmo o nada, em fria aps
lateja. Na maquiagem borrada a solido
invade...
30081
A vida sem a moa, a moa sem a vida Numa avidez gentil ou mesmo
degradante O quanto no se quer e ainda se adiante Porquanto a solido, deveras tudo acida.
E vejo este cenrio e nele a despedida Por mais que o tanto ser outrora
fascinante Traduza este vazio agora mais constante
A porta do motel traduz uma sada Dos sonhos mais sutis, do nada revelado, O gozo prometido o frasco j quebrado, E a vida continua em bares escritrios
Depois da fria entrega um arrependimento,
Porm o que fazer? No sbado outro vento
Tanto antes, nada aps. Momentos ilusrios...
30082
Do tanto quanto bem ainda posso ver Gestado dentro em mim num dia mais
nefando O corpo noutro corpo, aos poucos
deformando Espelho retratando a morte em seu
poder. No pude em desafio ao menos recolher O que pensara outrora e sei que desde
quando A juventude em ruga e medo me tomando
Retrato do que eu fui? Jamais reconhecer.
As coisas mudam sim, e nada pode ao
tempo Porquanto se fazendo em erro e
contratempo Maturidade esboa apenas caricata Imagem degradante aonde poderia
Fingir que ganhei tanto em tal sabedoria, Mas quando vejo a face espria que
maltrata Especular verdade esboa to somente
O fim que a cada dia, imenso se apresente...
30083
Amor sem ter juzo simples redundncia
Juzo em desamor talvez bem mais sensato,
E quando no j fui apenas me retrato A sorte diz da sorte em tola discrepncia
No pude conceber sequer qualquer distncia
E tanto poderia o encanto de um regato Na sua mansido, mas quando em tal
maltrato A vida se porfia e nela a cada estncia Gestando esta quimera aonde posso
ainda Sentir ausncia plena, a mortalha tecida Sabendo ser assim o caminhar da vida.
Pereo a cada instante ausncia se deslinda
Decifra o fim do sonho e quando me percebo
A morte se aproxima e dela nela em paz eu bebo.
30084
Tornando nossa noite um momento feliz Promessa realizada em luzes bem mais
claras, Mas quando volta o dia e o nada me
declaras O sonho que tivera enfim se contradiz.
O peso do viver expressa a cicatriz E sei do quanto vejo em alegrias raras
Distante deste olhar as mais belas searas O sol j no permite algum claro matiz
E tanto quanto pude em nsias conceber Um tempo aonde um dia em novo
amanhecer A sorte mostraria alm deste vazio.
Mas pelo menos tive a noite prazerosa, Perfume de um momento expondo assim
a rosa No outono um dia quente, um temporo
estio...
30085
A festa na cidade, o sonho de menino, A vida no traduz mais esta sensao
E quanta noite eu tive; imerso na paixo Mal sabendo enfim o quanto cristalino
Momento mesmo vago enquanto me fascino.
Depois a tempestade, a noite em solido...
Resisto ao meu anseio e sei que no viro Jamais outros sutis delrios de um
destino Imerso em treva agora, o quanto tive em
brilho Velhusco corao se o meu passado trilho
Bebendo desta fonte embora h tanto ausente
Saudade do que quanto agora feito em nada
Gerando novamente a redentora estrada, Embora to somente a morte se
apresente...
30086
A moa seminua entranha no meu sonho. A lbrica vontade h tanto abandonada Agora se percebe e doma a madrugada
Ainda resta ento um cenrio risonho, E quando um novo verso eu teimo e at
componho Falando deste todo embora eu viva o
nada, Revejo num segundo aquela bela estrada Seguida por quem hoje encontra um vo
medonho. No pude disfarar sorriso quase
estpido E num olhar sutil, quem sabe mesmo
cpido Amenizando a ruga exposta neste
espelho, A boca j sem dente, os cabelos
grisalhos, Voltaram num segundo aos mais belos
atalhos... Porm ao mesmo tempo, os dedos neste
engelho...
30087
A gente ao mesmo tempo encontra o nada e v
Senzala do passado ainda vive embora Renova-se sutil e quando assim decora O mundo noutra face esgota algum por
que. O carma concebido envolto se rev
No quanto fora atroz a vida que se aflora A cada negao, e tanto se demora
Revivo o que se fez lamparina e sap. E agora num neon esboa-se a verdade
Terrvel contra-senso ainda que me agrade
Conforto mata um pouco as minhas esperanas.
Meus filhos no vero as sombras do que fui,
E nem sequer o quanto expe o que hoje rui
Traando este futuro aonde em luz avanas.
30088
O corpo desejado h tempos no mais veio
E todo o que se foi jamais retornar A porta j fechada o quanto havia c Do menino morto, ao menos o receio
Permanece vivo, e sendo sempre alheio, Resiste novidade e nunca brilhar
A servido humana, o corte mostrar Apenas timidez e dela meu anseio.
A boca escancarada, o riso nunca aberto, O passo pelo no, caminho que deserto
Enquanto crio enfim um mero personagem
Mas quando num espelho eu vejo a minha face
No nego esta viso, ainda que se trace Diversa do que sou, espria paisagem.
30089
O olhar de quem jamais se acreditou alm
Desta mesmice eterna aonde se fez vida E no sabendo mesmo encontrar a sada
Singrando um tolo mar, e quando me convm
O peso do passado e disso sei to bem Ainda sonegando a fria em que se
agrida Errtico caminho audcia em despedida Jogado em algum canto e sendo sempre
aqum Do que permitiria encanto de quem sabe Viver sem perguntar apenas o que cabe
Desaba o que criei: fantasias sutis. Reparo a cada engano um dia que no
veio E sinto que talvez qualquer mero receio
Esboce a realidade enquanto a contradiz.
30090
Portal do Paraso? Apenas negao Do todo que pensei ao menos num
instante A cena percebida eu sinto degradante E nela mais terror tomando a direo
Porquanto eu poderia traar novo seno A vida no permite e mesmo alucinante O passo que se deu e nele se agigante A fria mais sutil aumenta a seduo.
Eu pude conceber um verso onde talvez O encanto do passado agora se desfez E dele no sabia as cores mais suaves.
A morte pressentida e nela realizo O pendular caminho em dor, medo e
granizo, Porm nas asas vejo as libertrias aves.
30091
Manh se refazendo aps as tempestades,
Barracos, casas, morto o sonho de quem tanto
Vivera transformar o antigo desencanto, Mas teve ainda assim as mais terrveis
grades. E quando a sensao de pena toca e
invades No vs a nossa culpa e dela este
quebranto Gerando pelo medo e agora traa o
pranto Como se esta injustia: imensas
novidades! A porta de algum cu escancarada a
quem Conhece do perdo, do amor que lhe
convm Bem mais que teoria, ou mesmo uma
falcia. Mas tudo recomea e segue sempre
assim. O meio se qualquer justificando um fim, Lutar contra si mesmo, eu sei que rara
audcia!
30092
Na clida presena envolta em luz tranqila
No pude perceber somente a imensa farsa
E quem pudesse tanto agora s disfara E nada do que fora em paz sabe e desfila. O amor tal caricato em fel sempre destila A sorte traioeira e sendo agora esparsa
Encontra no terror amigo e bom comparsa
Intil confraria, embora a mesma argila. Ferrenho caminhar envolto em
temporais,
Negando a melhor sorte ao que se fez audaz,
E tanto poderia o quanto satisfaz, Mas ouo a mesma voz expondo o nunca
mais. Risvel sorte? Nunca a vida se mostrara Embora tenebrosa em forma assim, to
clara.
30093
Entranha aprofundada aonde poderia Saber de nova luz ou mesmo uma
esperana. O quanto do vazio ao nada sempre
alcana Jamais perpetuando alm desta agonia. O verso bem pudesse ainda em alegria, Mas quando sinto em mim a dura e fria
lana Mortalha cultivada aonde o no avana A sorte se mostrando assim bem mais
sombria. No fretro comum, a carpideira sorte
No deixa que se veja ao menos qualquer norte,
E tendo este no ser em corriqueira voz O peso me vergando, o mundo em dores
tantas Enquanto nada vejo ainda tu te espantas.
Mal sabe vivo em ns, este medonho algoz.
30094
E mata em ironia a sorte benfazeja Inocente sonho, ausncia de futuro. O parto sonegado, a morte em tom
escuro, O corte se aprofunda e nada que se veja
Permite ainda a luz enquanto a vida almeja
Um salto at qualquer domando assim o muro.
Neste vazio torpe insano eu me perduro Morrendo uma iluso; a sorte relampeja. Eu tive dentro em mim certeza que perdi,
Etrea fantasia o mundo desde aqui Cultua novos reis e deles se faz crente,
Ao ver o meu caminho em trevas, negaes
O peso do passado aonde o nada expes No tendo mais um cais que ainda se
apresente.
30095
Orgstico amanh? mera fantasia,
O vndalo que existe em mim no mais cabendo
Vestindo esta mortalha e nela um dividendo
Enquanto se transforma apenas me recria Perdido este andarilho envolto em poesia
No sabe e nem percebe a morte se embebendo
Desta aguardente aonde o corte me envolvendo
No deixa que se creia alm de uma agonia.
Eu verso sobre o nada e dele me amortalho,
O quanto quis a vida em novo e bom retalho
Fazer qualquer emenda e tendo em resultado
Alguma luz, embora eu saiba deste no E nele os meus sutis caminhos moldaro Somente este vazio e dele farto enfado...
30096
quele quem em delrio expressa o seu vazio
No posso mais falar nem mesmo sobre o nada
Que tanto emoldurasse a podre e v estrada
Aonde o meu caminho aos poucos desafio.
Revejo este cenrio e nele sendo o frio A contumaz estncia e dela a madrugada Impe ao andarilho a mesma degradada
Estada no passado enquanto em vo porfio.
Peonha costumeira aoda que procura Ao menos navegar embora em noite
escura Sem ter estrelas tenta em riscos
conhecidos Vencer o seu demnio embora em dias
ledos Soubera desvendar alguns dos seus
segredos Revive sem saber momentos j vividos.
30097
Na farsa que se impe em faces to diversas
Demnios so comuns e deles adivinho A embriaguez audaz expressa em todo
vinho Sangunea realidade; aonde queres,
versas E tendo com terror as ttricas conversas Percebes sem saber o lbrico caminho E nele o que talvez pudesse ter carinho
Satnica vontade em sendas mais dispersas.
Perversa fantasia? Ao menos verdadeira. Do quanto se demonstra em face mais
venal, O amor no se traria alm de um ritual E dele se transforma em luta que no
cessa. Mas nada do que traz a vida em falsa
imagem Permite alguma senda e sinto ser
miragem O que talvez parea a ti uma promessa...
30098
Desde que a vontade ainda me trouxesse Momento mais feliz e nele renovando
O fardo do viver que sei tanto nefando, E dele no se v sequer a sorte e a
messe, Portanto o caminhar enquanto recomece
Permitindo a luz embora sonegando O quanto posso ainda em trevas me
guiando. No tendo outro momento alm do que se
expresse Em dor e tempestade, amortalhada
estrada E sendo sempre assim a morte dita o
rumo, O quanto do vazio em mim teimo e
consumo Pudesse ter a senda em sis j
desvendada. ledo o meu destino e nada se
transforma Num pantanal minha alma, espria e
torpe forma...
30099
Egresso do naufrgio esgoto a minha sorte
E tento ao menos ver um cais, pura iluso O luto em vida vejo e nele a direo
Do quanto nada sou e nada me comporte, Ainda poderia enfim na minha morte
Sentir um resto ledo, ausente meu vero, Esboo em ironia a ttrica averso
Aprofundada em mim, a chaga, escara o corte
Resduos do que fui andando pela casa, E tanto sinto assim que este final se
atrasa E nada poderia ao menos consolar, O riso do passado, o risco do futuro
Carcaa que hoje sou, meu passo neste escuro,
Aonde no se v nem cr na luz solar...
30100
Persiste sem saber quem tanto quis a glria
E vendo o seu retrato agora amarelado Jogado na gaveta expressa o seu
passado, A morte ento seria ao menos a vitria.
Um pria apodrecido, apenas uma escria Nefasta realidade, ausente algum legado, A ftida mortalha em solo aprofundado
E tudo se transforma em leda e merencria
Imagem do que fora outrora um ser vivente,
E o rosto decomposto o que se v, se sente
Traduz o quanto um dia ainda quis diverso.
E no sobrevivendo neve que me toma, Aonde a diviso domina antiga soma, Semente se gorando, expressa-se em
meu verso
30101/02/03/04/05/06/07/08/09/10/11/12/13/14/15/16/17/18/19/20/21/
22/23/24/25/26/27/28/29/30
30101
E morre enquanto tudo ainda se mostrasse
Num cenrio gentil embora to falsrio O amor que tanto quis pensara
necessrio Aos poucos me mostrou a verdadeira face
E sendo to cruel gerando um duro impasse
A cada novo no, eu sinto temerrio E tanto poderia alm de torpe e vrio
Mudar o dia a dia enquanto o nada grasse.
Resduo desta senda envolta por mistrios
No sendo to comum no amor se ver critrios
Imprio derrotado a morte se aproxima E tudo o que se quer ainda ter certeza
Do quanto em violncia atroz a correnteza
E tento mesmo quando a fria no redima Nem mesmo me traria a luz de um tnel
brusco. Ao ver o meu final, uma esperana eu
busco...
30102
Pelo menos soubesse aonde se escondeu A estrela que pensara em noite to
escura Trouxesse lenitivo e tudo se perdura Gerado to somente assim em torpe
breu. O corte que se v; terror j conheceu
A sorte desairosa, a voz que se amargura Ausente h tanto tempo a glria da
ternura A porta se emperrando, a chave se
esqueceu. E assim a fechadura, a maaneta, o risco
O peso do viver e nele no arrisco Somente a mesma queda h tanto
repetida, Degrau aps degrau; degrada-se
esperana E quando ao nada alm a voz torpe se
lana. H quanto j perdi razes para esta
vida...
30103
Talvez inda restasse alguma luz, quem dera...
O mundo no se v alm do prprio espelho
E quando noutro tanto s vezes me aconselho
Apenas o vazio eu sei que ainda espera. Sonhara com castelo aonde hoje tapera
O peso do passado envergando o joelho, O risco de viver, o olhar hoje vermelho, Quem pode acreditar esquece-se da fera E quando recriasse o canto noutro tom,
No tendo para tal sequer caminho e dom,
Errneo trao exposto ainda no traduz Hermtico delrio esgota o que se fez E tanto poderia; espria insensatez
E nela o que se v recende morte e pus.
30104
Um verso que no fosse apenas realista Um sonho que talvez gerasse amanhecer. Se tanto inda pudesse ausente apodrecer
De uma alma onde se v o fim que no desista
E toma a cada corte e doma a mo do artista
No sei se ainda cabe um resto de prazer Embora inda resista em luta um frgil
ser, No posso na verdade enfim ser otimista.
Esgota-se o caminho e no se v mais nada
Sequer alguma luz, ou mesmo algum lampejo,
Assim sendo quem sabe o ttrico desejo De ter noutro momento a vida em nova
alada. Caando assim o quanto um dia fora alm O sonho pelo sonho, apenas o que vem...
30105
Quem dera timoneiro enfrentando tempestas,
Quem dera ancoradouro aonde vi o nada. Histria que conheo e sei to mal
contada E nela luzes vis amargas e funestas
Enquanto ao tanto sonho ainda em vo tu gestas
Momento que se possa em nova madrugada
Pensar noutra manh quem sabe ensolarada,
Mas nem sequer um raio adentra ento as frestas.
Arisca fantasia, a realidade nega Caminho sem destino, uma alma tola e
cega Percorre o que pensara em senda
maviosa, Porm a vida chega e nega cada passo, O quanto do sonhar em trevas sempre
trao, Quem dera jardineiro? Este jardim sem
rosa...
30106
Vestido de iluso caminhara contra
As ondas mais cruis envoltas em mil sombras
E quanto mais me vs deveras mais assombras
Enquanto o caminho a sorte desencontra E tendo esta certeza imersa no meu ser
Percebo a derrocada em cada passo dado, E tudo o que pensara expressa o duro
enfado Aonde mergulhara imenso desprazer.
O risco de sonhar traz sempre o desafio E no mereo alm do pouco que inda
trago, A morte com sorriso expondo o seu
afago, E nela entranho o medo, e mesmo se
desfio Os erros mais comuns aonde me perdi,
Vestgios do que fui encontro ainda em ti.
30107
Imagem refletida em tons diversos, grises,
A carga do viver, os feixes mais pesados, Os dias que sonhei, agora desvendados
No deixam que se veja alm das vrias crises,
Os tempos que passei bem sei to infelizes
E deles nada trago a no ser os enfados, Risvel caminheiro em busca dos
passados, E quando mais preciso, eu sinto que
desdizes. Um trgico pendor, a morte trama o luto
E quantas vezes teimo e mesmo at reluto
Mas sei que no final, derrota se aproxima E vendo o verso amargo aonde poderia
Dizer do quanto em mim viva a fantasia,
Porm do quanto pude estpida agonia...
30108
Se rindo enquanto tento ao menos disfarar
Escapo vez em quando embora na verdade
A vida no trar sequer a realidade E tendo mais distante ainda a luz solar, O rito se percebe e nele ao me mostrar Gerando o que pensei alm do que me
agrade A senda se traando aqum da liberdade
No pude e nem consigo em paz, mais navegar,
Esgares so comuns, e neles me percebo, Ateu por quanto pude em Cristo sempre
crer Na vida aps a vida, alento e at prazer E desta fantasia ou mito ou rito eu bebo
Retorno ao mesmo cho de onde no poderia
Fugir, pois nele a morte relata uma alegria.
30109
Virs sempre comigo, uma esperana atroz
E tanto se fizesse ainda apresentvel O solo que pensei h tempos mais arvel Enquanto ningum ouve ao menos minha
voz, Assim ao perceber mais forte nossos ns
O quando poderia eu sei mesmo intratvel
Riscar em poesia o mundo imaginvel, Mas sei o quanto espero um novo logo
aps. Ao perecer um dia aguardo o nascimento, E neste eternizar decerto o meu alento, O vento renovado, a sorte se mostrando
No quanto posso crer e ter esta
mensagem Que possa transformar em bela esta
viagem Invs do quanto vs, apenas ar
nefando...
30110
Constelaes em farpa e fria desenhadas
Estrelas do que foste e nada mais restara,
A noite sem a lua eu sei j no clara, Assim como sem sol, so turvas as
estradas. Entradas, risos, gozo, as horas desoladas,
A solido se ancora e torna a senda amara,
E quanto poderia a cicatriz; a escara Tomando cada pele e nela desenhadas As marcas deste sonho atroz, porm
sensato, O quanto do que posso e jamais arrebato No diz da realidade e nega qualquer luz, A morte se aproxima e dita o seu legado,
O mundo que ora vivo sombra do passado,
Que tanto me fascina e mesmo me conduz...
30111
Na chaga por herana imagem do que
outrora A vida me trouxera em cenas mais
doridas. E quando se percebe ausncia de sadas
Apenas o vazio ainda toma e ancora O medo do sonhar, angstia que devora
Os cortes mais sutis, as horas, despedidas,
No vejo mais por que ainda atroz acidas Se tudo o quanto resta saber ir embora. No posso contra a fora e nem mesmo
resisto O quanto acreditei na face de Mefisto Um Fausto se iludindo, uma alma sem
valia A morte pode ser talvez a soluo
Saber que nunca mais em mim qualquer vero...
Mas toda a realidade em palidez porfia...
30112
Cada erro cometido impede a caminhada E tendo esta certeza embora mais fugaz
O quanto deste olhar j no traduza a paz Somente em mim resiste a dor do no ser
nada,
Alando alguma estrela espria e desolada
Mereo o funeral em vida que se faz No quarto de dormir, na face mais
mordaz Daquela que me beija e vejo destroada A histria sem porvir, o vndalo sonhar, Abarco enganos, sigo invs de mansido Tomando cada verso a dor da negao, Pudesse ter nas mos, o gro, jardim,
pomar... Esboo de um passado imerso em tais
mentiras E os restos do que fui, aos poucos vens e
tiras...
30113
Vencido por fantasma envolto em sombras tantas
No pude conceber um dia mais tranqilo E quando a podrido desta alma hoje
desfilo Ao mesmo tempo ris enquanto
desencantas. Nefasta vida feita em rduas lutas,
quantas Pudera imaginar e quando em dor destilo
Meu verso mais atroz no sendo mero estilo,
Verdade traduzida e assim tu me
quebrantas. Resisto vez em quando e tento at sorrir, Mas nada me restando, a morte, um elixir
Que possa redimir quem tanto se fez mau,
O barco sem destino, o cais bem sei ausente,
Naufrgio em solido tudo o que pressente,
Na turbulenta rota, a frgil, torpe nau.
30114
A cada gargalhada em ironias feita O medo se apresenta e mostra a
realidade No tendo um s momento ainda que me
agrade Como ser a vida estpida e desfeita
Jazigo da esperana uma alma quando deita
Vencida pelo nada exposta velha grade Sem ter qualquer caminho encontra a
tempestade E nela sem saber o quanto se deleita.
Rejeito ento um porto e mostro a minha face
Medonha e se nefanda tudo o que inda trago,
Ainda poderia ao menos num afago,
Mas quando a vida chega e o fim aos poucos trace
A gargalhada traz somente uma ira imensa,
E nela a fera quieta em fria amarga pensa...
30115
Por j no ter nenhum momento em paz e luz
Eu busco nesta treva a fora que talvez Pudesse serenar o quanto se desfez
Do amor que nunca tive e jamais reproduz
Cenrio benfazejo, agora exposto em pus E tudo se transforma ausente lucidez
Mesquinho fato aonde o mundo que tu vs
Transcende fantasia e quando em vo me opus.
Na lmina afiada, a ponta do punhal, A morte se aproxima e vejo em triunfal
Momento este cenrio arranhando o meu verso.
E quando me transformo em trevas, nada mais,
Encontro finalmente a o porto e o cais, No olhar de quem odeio o riso mais
perverso.
30116
Sem sequer um jardim aonde cultivasse A rosa mais bonita imersa entre as
daninhas Palavras que so tuas pudessem ser as
minhas A vida no mostrando alm da mesma
face E dela se criando o quanto no se trace
Mudando vez em quando assim as toscas linhas
E tanto procurei, mas j no mais alinhas E neste nada ou pouco o que me resta?
Impasse. Passvel de mudana o rumo de quem
sonha Portanto se faria ainda que bisonha
Verdade no contesto e sigo contra a fria
Sem mesmo imaginar lacrimejo ou lamria
Sabendo que no fim j no me importaria Sentir a fora imensa, intensa das mars E sendo tanto assim bem mais do que tu
s A noite talvez dite ao fim uma alegria...
30117
Rastejo sob os sis aonde tu cevaste
Canteiros que sutis no deixam qualquer flor
Gerada pela angstia ausente beija-flor Condena-se afinal somente ao seu
desgaste. Resisto contra a fora e sei que este
contraste Produz este vazio e nele sem me opor Vencido pela fria imensa, o sonhador
J no concebe mais ao menos qualquer haste
Mortalha do passado ainda cabe e bem, O tanto que sonhei e sei que no convm Resiste realidade e dita em tom feroz
A morte a cada passo, esprio caminheiro No tendo sob o olhar ao menos o
ponteiro A bssola sem norte o que me resta?
Atroz...
30118
fugaz nesta ausncia a luz que ainda brilha,
E tendo com certeza um passo mais audaz,
O tanto que podia a vida j no traz E sigo sem saber da estpida armadilha, Uma alma quando insana toa e em vo
palmilha Buscando o que seria ao menos mansa
paz, E leda caminheira enquanto o nada traz
Esgueira-se na sombra e tonta ainda trilha
Percorro o meu caminho envolto no passado,
Morrer seria beno. Mas nada se transforma
Somente o vento frio e a imensido da noite,
Saudade desfilando assim em frio aoite Estpido poeta, aos poucos se
conforma...
30119
S por no ser quem fora outrora quando vivo
No resta mais de mim resqucio que inda conte,
E no sabendo mais se resta um horizonte
O olhar que um dia tive, s vezes mais altivo
Expressa a realidade aonde sobrevivo, Tentando sem sucesso ao menos uma
ponte E nela novo rumo, embora no se aponte
Seno as iluses; e delas, eu me privo. Resistiria sim pudesse acreditar
Na noite em calmaria ou lua sempre cheia,
Porm a solido, terrvel me incendeia Negando cada sonho e trama o pesadelo,
Meu passo se perdendo em ftil caminhada
Do quanto que pensei; restando o mesmo nada
E mesmo assim feliz apenas por sab-lo.
30120
Do vago que inda resta a quem se imaginara
Alm do nada ser um pouco mais ou menos,
Os dias no sero decerto mais amenos Nem mesmo a lua em fria expressa
noite clara, O vndalo sonhar adentra esta seara
As horas que perdi, envoltas nos serenos Os cortes to venais e deles os venenos,
A morte em pleno sol, aos poucos se declara
Carcaa do passado ainda aqui comigo, A vida no concebe o sonho que persigo,
E tendo tanta dor no posso mais, brumoso
Vencer o temporal que ainda trago em mim,
Sentindo amortalhado o quanto resta enfim
E incrvel que parea, h nisto um raro gozo...
30122
Morrendo sem qualquer caminha que permita
A sorte benfazeja ainda que fugaz De quem se percebera e nisto se compraz
De ter aps a luta a morte por desdita,
No pude ter no olhar sequer bela pepita E quando se pensara ausente a doce paz, O peso do passado enquanto ainda traz A porta semi-aberta e nela se acredita
Vencendo o que se fez em torpe fantasia A cargo da vitria a morte no procede, E quando a solido ainda me concede
Um pouco de esperana imersa em
agonia O vento me tomando invade cada cena E tudo o que se fez ainda no serena.
30123
A despedida nega a chance de outra
senda E assim ao desnudar a face mais atroz
O pendular caminho escuta qualquer voz E dela no se cr nem mesmo no que
atenda Vontade de quem sonha e quando sob a
venda O parto no se faz e tanto algum algoz
Pudesse traduzir o que inda resta em ns Deixando a realidade e nela gera a lenda.
O passo rumo ao quanto ou quando mostra a face
Desnuda da verdade ainda que mordaz Resulta no vazio enquanto assim se faz O poo em que mergulho e nele j se
trace O cndido caminho ou mesmo mais
tranqilo E quando em temporais, teimando em
vo desfilo...
30123
O corte do arvoredo aonde houvera sombra
O prado destrudo, a senda inabitvel O solo degradado um dia fora arvel
Verdade e estupidez, enquanto toma e assombra,
Negando algum conforto, ausncia de uma alfombra
E assim se mostra o no e nele se impecvel
Caminho produzido agora no amvel Nem mesmo as iluses, o caminhar
alfombra E quando em solo agreste a morte se
porfia Ultrizes temporais matando o que se quis Terrveis noites vejo e nada de amanh A sorte traduzindo o que se fez to v
O peso do viver, imensa cicatriz Que a cada amanhecer expe a cicatriz.
30124
Daquele vendaval aonde poderia Vencer o meu engano imerso no passado
E tanto o meu caminho em novo desenhado
Gerindo aps o medo, histrica alegria. Resisto ao que pudesse ainda me trazer Depois de tanta chuva amena claridade
E quanto mais a dor aos poucos me degrade
O peso da esperana arrasta esprio ser. Jogado nalgum canto, esboo reaes
E quando a realidade ainda vens e expes Transcendo ao nada enquanto ainda quis
o sonho Figura to nefasta em ar torpe e
medonho.
30125
Granizo com nevasca, inverno dentro em mim,
Incerto caminhar um passo quase ateu, A crena que sustenta h tempos se
perdeu A morte me aodando estorvo dita o fim.
Sabedoria humana? mera caricata A face da verdade j nada mais retrata,
O peso acumulado, o risco sem juzo A servido humana, a fria em trevas dita Imagem que eu criara s vezes to bonita
Deixando como herana o imenso prejuzo
Do verme que surgi ao verme num banquete
O ciclo se cumprindo e a mtica rejeite.
30126
Nada mais teria enquanto porfiasse Lutando contra a fora imensa das mars E tendo esta corrente atada aos nossos
ps A vida se resume em tola e tosca face
Vivendo to somente envolto neste impasse
Jamais traduziria o quanto no mais s E o peso do passado atado quais gals Enquanto novo dia ainda no se trace
Vazios que inda trago expressam a mortalha
O corao audaz porquanto dita a luta A cada caminhar encontra a fria bruta E mesmo contra tudo inerte j batalha
E o pendular caminho entoa a liberdade Legando ao sofrimento um ar de
falsidade.
30127
O rosto to esprio aonde se percebe Razo para lutar ou mesmo ainda crer
No quadro desenhado em total desprazer E assim ao penetrar dos sonhos a alma
plebe No v e nem podia o vento que recebe Singrando a tempestade aonde pude ver Retrato do que fui e invisto no no ser
O que talvez traduza a mansido da sebe Embora to voraz o medo que me assola
O corte traz o medo e nele a salvao Ainda que eu pudesse imerso em tal
vero Perdendo o quanto fora ainda imensa
cola E tanto no conheo o fim da dura estada
Por tantas vezes em raios desolada.
30128
De uma amizade opaca estpido caminho Aonde muita vez pensara calmante
Por tanto que a verdade enquanto enfim se ausente
Destrua qualquer sonho e assim sigo sozinho
Do medo que se v apenas adivinho O fim em solilquio e nada se apresente
Tomando este cenrio aonde se pressente
A morte emoldurando avinagrando o vinho.
Lutando contra a fora ainda que mais fraco
O quanto se perdera aonde no atraco Navego em mar sombrio, ausente algum
timo E tudo no passando ao menos de iluso A morte me redime e traa eternidade
Quem sabe ali terei paz e tranqilidade?
30129
Estpido este rosto exposto aos mais doridos
Momentos em que a sorte ainda poderia Gerar alguma luz em pleno e claro dia
Assim os meus sinais jamais so percebidos;
Mortalha do que fui, outrora em tais olvidos
Renascem pouco a pouco e gestam fantasia
Ocaso diz do ocaso, acaso se faria Um novo amanhecer e neles vejo urgidos
As telas que pretendo em luzes mais diversas
Enquanto sobre o medo eu sinto que tu versas
Risvel caminheiro envolto pelas brumas E tanto se fez farsa o que pensei real
Ascendo ao nada ser degrau aps degrau Enquanto mais distante eu sinto que te
esfumas.
29130
De uma amizade opaca as cinzas persistindo
E nada do que trago ainda poderia Trazer a claridade em novo e belo dia O quanto se perdeu em rito amargo
infindo No deixa qualquer sombra e quando me
deslindo Decifro o que no sou e nem pudera ser,
A morte se transforma e deixa amanhecer
Embora te parea um momento mais lindo
Envolta no vazio, eu sempre posso ver Resqucios do que fui e tanto me
atormenta A voz mais dolorida expresso do vazio
E quanto mais cismando enfrento o desafio
Sem ter sequer a luz e assim segue sedenta
Na busca de uma fonte aonde eu possa enfim
Traar o muito pouco ainda vivo em mim...
30131/32/33/34/35/36/37/38/39/40/41/42/43/44/45/46/47/48/49/50/51/
52/53/54/55
30131
Numa luta incessante em busca do meu eu
Em solilquio espreito algum momento aonde
A vida por si mesma enquanto me responde
Arrasta pouco a pouco o que j se
perdeu. E quando me percebo s vezes um ateu
Histria sem saber porquanto tanto esconde
O quadro mais atroz por mais que se arredonde
Arestas to sutis; deveras conheceu. Um resto de iluso, um medo sem por
que O quanto se queria e nunca mais se v
Pedaos de uma vida expostas num poro Retrato na gaveta a mortalha de um
sonho E vendo caricato olhar tolo e risonho,
Pudesse num instante em terna migrao...
30132
Sendo um algoz canalha a vida se permite
Viver a cada instante o quando j no pude
Meu caminhar sombrio, esprio enquanto rude
No reconhece mais sequer algum limite Por mais que ainda tente ou mesmo inda
acredite No vejo o que restou nem sombra,
juventude E quando a vida cobra um pouco de
atitude A sorte desregrada evoca em vo palpite
Andando bar em bar em ronda interminvel
Procuro cada parte ainda que sombria Do que se fez verdade e o tempo corroia No tendo mais viso de um quadro mais
palpvel Brumosa realidade invade e me tomando
Traduz alguma luz num tempo ora nefando...
30133
A sorte quase sempre expressa um novo acerto
Aonde a vida possa entranhar por diverso Caminho em que se veja ou mesmo se
disperso Delrio onde meu sonho enfrento ou j
deserto. E quando a fantasia em tempo mais
aberto Expressa a realidade e toma este
universo Por vezes mais sutil, sobre o que tento
verso E quando me percebo, ainda estou alerto. Talvez pudesse mesmo entranhar terras
tantas
Sem ter qualquer defesa e nelas me quebrantas
Sabendo desta inrcia enquanto nada pude.
Assim ao me perder encontro restos tais Formando este arremedo aonde vi
cristais, Matando alguns sinais; longnqua
juventude...
30134
Ausncia de amizade e mesmo o desamor Conduzem passo a passo humanidade
enquanto Pudesse se criar quem sabe em novo
canto O verdadeiro gozo aonde em tal louvor Ouvssemos talvez o encanto redentor De quem se fez alm de um vo, mero
quebranto Imagem mais perfeita aonde eu vejo o
amor. No pude com certeza alm do passo
audaz Sabendo alegoria apenas uma paz
Que tanto desejei sem faca, foice e bala, Mas quando vejo assim seara em pedra e
pus
O sonho mais tranqilo ao qual nunca me opus
Invs do brado imenso, agora em vo se cala...
30135
Corao tropical em alma lusitana Assisto ao meu caminho em ambos
continentes Alegrias sutis em dias descontentes
O encanto do saber enquanto a voz se engana
O rosto enternecido, uma alma soberana Os cortes da saudade; olhares mais
distantes, Assim ao me sentir no quanto me
adiantes Fazendo do meu verso a forma s profana
Bocagiano sonho irnico Pasquim, O mundo todo cabe, em mares dentro em
mim, E tento prosseguir embora em passos
vos Das rendas de alm mar, aos vinhos
tropicais Licores em quadris, romnticos varais
Crisntemos, canteiro, em vrios, vagos gros...
30136
A lmina cruel adentrando esta pele Rasgando o que j fora apenas fantasia
A morte sem desculpa, o quando da sangria
Violenta tempestade enquanto me compele
Destino sem alento a sorte no mais sele, E quando mais atroz quem sabe poderia Viver novo momento, ainda uma utopia. Aonde o nada ser ao tanto pode atrele.
Risonho? Com sarcasmo eu tento conceber
O que jamais vivi e sem alvorecer Na iridescente forma aonde algum poeta
Desvenda a maravilha em tons claros, sutis,
Porm realidade invlida desdiz E tudo o que eu pensei j nem mais se
completa...
30137
A luta tanta vez se mostra mais voraz E enquanto se desnuda a face to cruel Da qual se transmitindo amargo e torpe
fel Do qual no poderia ao menos ver a paz
Refeito do passado o nada agora traz Da bruma mais tenaz o imenso e tosco
vu Seguindo cada passo, embora siga ao lu O peso do viver explode em tom mordaz. Vergasta do no ser e nem tentar seguir Aonde a sorte trace um blsamo, o elixir Que possa sanear a vida em dores feita, Borrascas enfrentei enquanto poderia
Viver ao menos sombra escusa da alegria,
Porm em solido esta alma espria deita...
30138
O canto se tornando um hino liberdade Depois de tanta luta aonde nunca soube Vencer qualquer seno e mesmo quando
coube Apenas o terror que tanto nos degrade
Somando cada verso ao quanto no mais pude
Vestir a fantasia imensa do seno Rasgando a poesia e nela em imerso
Deixar um mero arroubo espria juventude.
Riscar do mapa o sonho e no saber sequer
Se tudo fora em vo nem mesmo algum momento
Do qual se fez o encanto e quando enfim lamento
O peso traduzindo o medo que vier Esboa a natureza implcita do quando
O mundo no se v deveras transtornando.
30139
Distante do jardim aonde rosas tive No pude acreditar em florescncias
vrias As noites so sutis e quando temerrias
Falando do vazio enquanto sobrevive O terror mais tenaz e enquanto me
contive As mansas iluses por vezes necessrias
De todos os meus vos decerto procelrias
Sem ter sequer a sombra estpida que prive
O cantador do verso envolto em tais matizes
Falando da iluso e nela seus deslizes Cicatrizando assim o quanto ainda resta Do peso do viver envolto em temporais
Os dias do futuro ainda magistrais
No traam esta face agora mais funesta.
30140
Em tal profundidade entranho-me deveras
Tentando perceber se ainda poderia Viver alm do quanto apenas fantasia
Exposto em tal cenrio s mais terrveis feras
E quando mesmo ausente ainda em vo esperas
No vs no meu olhar a face to sombria Porquanto nada fao alm desta utopia Aonde o mundo tenha a paz com que
temperas O dia mais atroz, o medo mais cruel
E tendo esta certeza invado assim teu cu E risco com palavra elptico caminho,
Na sideral beleza envolta em luzes tantas Se eu mesmo assim em ti querida j me
aninho Decerto ao perceber por vezes
desencantas.
30141
As hstias da esperana; h tanto no me
trazem Sequer algum alento ou mesmo a paz que
busco O mundo em tom venal e sendo sempre
fusco Traduz o nada ser e neles no embasem
Os dias que eu pudesse enquanto se desfazem
Os sonhos mais gentis num quadro em que mais brusco
Por vezes esquecido ou quando assim me ofusco
Escassas luzes; teimo aonde se defasem. Poeta ou sonhador, no posso mais negar Que tudo quanto quis se perde num vagar
Diverso do que tanto um dia procurei. A morte no transcende ao quanto
desejava Sabendo ser minha alma exposta em
cinza e lava Gestando a fantasia em torpe e tola lei.
30142
O parto da esperana enquanto nada traz Ao abortar o sonho expressa a realidade,
E nada mais do quanto ainda traa e invade
O peso do viver eu sei quanto mordaz. O gesto inusitado entoa a falsa paz E quando se procura intil liberdade
O velho pantanal porquanto seja audaz Enfrenta a cada dia o peso que desfaz E nega em plena luz alguma claridade, Censura, morte e vela, augrios de um
vazio E neste nada ser o quanto inda porfio
Esgota a minha vida em nadas repetidos, Afs diversos vejo e entranho este
desdm Sangrando em todo verso o que j no
contm O peso do viver em tons sempre
esquecidos.
30143
Apenas o sorriso esboado por quem tanto
Pudesse acreditar na salvao das almas Enquanto a realidade expondo velhos
traumas Esgota o mesmo assunto e dita o
desencanto Traando o rastro alheio e nele cada
pranto Pudesse traduzir o que j no acalmas
E aclara a verdadeira expresso em que
espalmas Momentos onde a gula arrancada cada
manto Desnudando a face embora mais
medonha De quem se fez atroz e nega enquanto
sonha O verdadeiro ocaso entregue ao nada
alm Persisto, pois poeta enquanto questiono
Sabendo do passado e nele servo ou dono,
Embora do quem fui as sombras se mantm.
30144
Irnico caminho afasta-me de Deus Pudesse ter certeza apenas deste amor
Que feito no perdo bem mais do que um louvor
No deixa alguma luz apenas para o adeus.
Os dias mais venais, no so somente os meus,
Demnios, Satans, vestidos com rigor Em palet, gravata; expressem apogeus De tanta hipocrisia em vendilhes ateus
Enquanto este cordeiro exposto sem pudor
Amealha os fiis aos ptridos canalhas
Que enquanto vm poder se esquecem deste Cristo
Agiotas da cruz, dos templos vendilhes Enquanto Tu, judeu, palavras vs
espalhas Ainda solitrio; aqui, teimoso insisto
Ouvindo com terror a voz dos carrilhes...
30145
Teus olhos so a luz que guia a cada passo
O velho marinheiro em busca de um farol E tendo esta beleza exposta em raro sol Caminho mais seguro em mar imenso
trao, Aps qualquer procela eu vejo no arrebol A claridade intensa ocupando este espao E tanto tranqilizo embora s vezes bao
Seguindo com firmeza, um manso girassol,
E tanta vez eu pude encontrar tal clareza Imersa em farta treva em noites mais
doridas, Assim ao perceber o quanto aps
perdidas Navegaes sem rumo, um cais
acolhedor, E tendo finalmente assim esta certeza
O mundo se mostrando em novo tom: o amor
30146
Reflexos deste olhar deitando sobre o mar
Cristais em cristalina gua refletindo Beleza sem igual num raro quo infindo
Momento aonde a vida eu pude desvendar
E tendo esta certeza aonde procurar Sinais de um deus sublime e sei que
tanto lindo O amor se fez maior e dele pressentindo
Eternidade em vida e nela mergulhar Percebo quanta luz emite-se no encanto E tanta maravilha agora em paz eu canto
Aonde fora ateu o corao se entrega E beija a raridade e traa a virescncia Tornando vicejada intensa florescncia Transforma em raridade a mais sobeja
adega.
30147
A dura travessia envolta em sombras tantas
No deixa que v creia ainda na alvorada
A noite me trevas feita, eu sinto desolada E nela com terror brumosas duras
mantas, Satnica figura expressa o que te
espantas Amordaando a voz de quem se fez
amada. No charco dentro da alma a imagem
destroada E tento disfarar enquanto te agigantas E mostras com sorriso irnico a verdade Que tanto possa mesmo alar a realidade Degrada-se o futuro esboa-se em temor
O quanto j sonhara o pobre redentor, O preo de uma farsa em luto traioeiro
Matando qualquer rosa esgara este canteiro.
30148
Em dia mais sombrio eu pude perceber A face do demnio em que me entranho
enquanto Ao mesmo tempo luto ou quando atroz eu
canto O que pudesse ter em lbrico prazer,
Serpentes que carrego e nelas posso ver O olhar de Satans enquanto me adianto
No passo mais mordaz, esprio e tolo pranto
Derrotado, mas sei o gozo do poder.
Onerosa histria em trgico cenrio O quanto a morte bem por vezes
necessrio Sacrificante sonho embaa a realidade,
E o pobre do cordeiro em cruzes desfilando,
Mostrando quanto duro e mesmo to nefando
Funrea face crua aonde o amor degrade.
30149
Outrora ao baque surdo a queda anunciada
Do sonho de quem tanto um dia quis alm
E sabe do vazio aonde se contm Seara que julgara; infante, abenoada. A face de Sat em ritos demonstrada
Mesquinharia v o quanto em farto bem Expe tanta riqueza e nela se convm
Falar do que no pude esboar alvorada. O pntano redunda apenas numa prece Que tanta falsidade a quem ama oferece Ainda se nefasta a imagem do cruzeiro Atando o libertrio e verdadeiro Cristo
E nele acreditando ainda teimo e insisto Sabendo ser assim o irmo mais
verdadeiro No creio neste exposto em igrejas e
ritos
Um novo Prometeu? Invade os infinitos!
30150
Do labirinto escuro encontro uma sada E sem o Minotauro eu no serei Teseu Tampouco uma riqueza ou mesmo um
himeneu A quem j sabe mesmo a glria de uma
vida. O prmio sendo assim a luz j prometida No tendo qualquer senda aonde fosse
ateu Um mundo imaginrio e nele sem o breu Uma ardentia basta a quem enfrenta a
lida De peito aberto e sabe a mgica do ser Sem ter sequer a sombra insana de um
poder Que possa trazer ouro ou mesmo uma
riqueza Alm do respirar e ter felicidade
No quero mais corrente odeio qualquer grade
Sabendo ter no amor divino esta beleza!
30151
Sangrias na tortura qual eu me submeto
E tendo esta certeza ainda que venal Pudesse caminhar degrau aps degrau
E nada do que tento ou erro onde cometo Do tudo o quanto fora um arremedo, um
gueto O mundo no se fez de forma sempre
igual, Assim o ser/no ser deveras to normal Permite cada toque aonde me arremeto Nas cinzas de um cigarro as marcas que
deixaste O corte rasga fundo e nada alm do vago
E sendo assim talvez o quanto ainda afago
No deixa que se veja apenas no contraste
Entre o quanto pudesse e o nada produzido,
O mundo onde prossigo, h tanto j perdido...
30152
Ao revelar a sorte entranho estas searas Diversas das que um dia eu pude
conceber, A furiosa face expondo o desprazer
Por onde tanta vez; ainda desamparas, E sinto a mesma insnia e nela me
preparas
A queda inusitada aonde eu possa ver A sorte desairosa, o corte a se fazer
Deixando em rastro e dor, chagas, talho e escaras.
Apego-me ao que fora imagem mais sutil De um tempo em que sonhar em paz o
amor previu, Rastejo sobre o cho e tento desvendar
Os rastros que deixaste e neles conseguir Talvez adivinhar o quanto do porvir Eu possa mesmo agora, aos poucos
caminhar...
30153
O perfurado olhar ditando a mesquinhez De quem tanto se quis e nada mais
conhece, O amor no me traria ao menos qualquer
messe E desta forma sinto o quanto de desfez. Diverso do que tanto ainda mesmo crs O beijo mais audaz, a fria reconhece
E sabe do vazio e nele sempre tece O quanto mais ausente a rara lucidez.
Negar o meu caminho e ter outro horizonte
Porquanto a vida trace enquanto desaponte
Seria alguma fuga e nela no se faz
Semente sobre um cho em aridez constante,
Por mais que me iludindo eu possa neste instante
Viver ainda um pouco o encanto mais audaz...
30154
Sorriso de ironia, o gosto da vingana A vida se promete em ares to diversos Fazendo do vazio apenas tolos versos,
O quanto do que quero a sorte no alcana,
E quando fosse algoz, verdugo, faca e lana
Olhares mais sutis e posso at perversos No sabem discernir sentidos que
dispersos Trariam qualquer dor e nela esta
lembrana. Vestgios to somente e nada mais
consigo, O mundo condenando ao velho desabrigo
Servindo como fosse imagem caricata Miragens do que sonho, ourives do vazio. O tanto que pudesse e o nada onde recrio
A vida mesmo assim, no cansa e me maltrata...
30155
E mostra em gargalhada a face mais terrvel
De quem se fez atroz e nada mais esconde,
O mundo que procuro agora e no sei onde
Permite alguma voz, at mesmo inaudvel E sendo caminheiro atrs deste
impossvel Momento aonde o tanto escute e no
responde, O passo rumo ao nada ainda que se
estronde Jamais ser decerto alm de perecvel
Assim meu verso morto em nascedouro e fonte
No tendo nem resposta, ausncia de horizonte
Ensimesmado tenta alm deste vazio, A voz solta no espao e nela se percebe A imensido do nada, e sendo assim a
sebe Mal importando mesmo o que nele desfio.
30156/57/58/59/60/61/62/63/64/65/66/67/68/69/70
30156
Nesta luta incessante em que eu pudesse Vencer o meu temor no dia a dia
Usando to somente a poesia E nela s por ela, como em prece
A vida noutro tanto j se tece E cada nova dor no mais se cria
Rendido aos bons alentos, fantasia, Deveras com ternura se obedece
Ao sonho mais gentil e sendo assim Meu verso se espalhando sem um fim,
Gerado pelo gozo incomparvel De um dia mais feliz, leda vontade, E quando a realidade j me invade
O sonho se tornou to improvvel...
30157
Necessito da fora quando luto Para vencer meus medos e temores,
E quando noutro rumo tu te fores Esboa-se um momento bem mais bruto,
A sorte se mostrasse em torpe luto E sendo mais comum, tantos terrores No pude controlar os meus humores E tento mesmo quando nada escuto
Arrisco-me a sonhar, mera esperana E nada alm da morte j me alcana
Cansado de tentar inutilmente Vencer os meus demnios, nada fao
E quando a cada dia perco espao Um cais bem mais distante no se sente.
30158
Para ser conquistada a sorte plena necessrio mesmo caminhar
E tendo mais distante algum luar Somente este vazio me serena A vida por si s j me condena E dela no consigo mais calar A voz incomparvel a gritar
Mudando com terror a mansa cena, Senzalas que me deste, inda trago
E bebo cada gota sem afago Caindo na mesmice da iluso
Amor pura crendice? Tu disseste, E quando me percebo em solo agreste Esqueo nalgum canto o velho gro.
30159
Erguendo sobre os ps os meus anseios Vivendo sem saber se terei sorte,
Porquanto a prpria vida no conforte Adentro sem saber antigos veios E colho dos atrozes vis receios
E deles construindo um falso norte, A cada negao maior o corte
Os dias so deveras mais alheios. Restando dentro em mim uma esperana Vazia mesmo quando em tons se lana
Tentando novo brilho, outro matiz, Quem dera se pudesse a florescncia,
Porm amor se faz em convivncia E assim quem sabe um dia eu sou feliz.
30160
Jamais o mesmo amor que tu me deste Ser de certa forma o que eu queria
Aonde se espalhasse a fantasia O mundo no entorna medo e peste, O quanto do passado inda trouxeste
E nele se refaz esta utopia, Usando a mesma velha melodia
Sem ter qualquer caminho que me ateste Da glria que vir, embora seja A vida muito alm desta sobeja
E rara maravilha que se v. As dores fazem parte do cenrio, Porm espinho sendo necess
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