2012 - doenÇas do abacaxizeiro

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DOENÇAS DO ABACAXIZEIRO [Ananas comosus (L.) Merril]

U N I V E R S I D A D E E S TA D U A L D E S A N TA C R U ZD E PA R TA M E N TO D E C I Ê N C I A S A G R Á R I A S E

A M B I E N TA I S

P r o f . ª A r l e t e S i l v e i r aU E S C / D C A A

I l h é u s – B A

IMPORTÂNCIA DA CULTURA

O abacaxi é uma das mais importantes frutas tropicais, sendo a segunda a alcançar o mercado internacional, depois da banana.

É originário da América do Sul, sendo o Brasil um dos principais centros de diversidade genética.

O País sempre se destacou como grande produtor mundial dessa frutífera, mas a sua posição como exportador é inexpressiva, exporta menos de 1 % de sua produção.

Dentre os principais problemas que impedem a obtenção de altos rendimentos estão as doenças, muitas das quais podem ser limitantes à produção.

Paraíba e Minas Gerais são os Estados que mais produzem abacaxi.

DOENÇAS ABIÓTICAS

Queima-de-sol

No Estado da Bahia a maior incidência da queima-de-sol ocorre de novembro a março.Devido ao comprimento do pedúnculo, pela falta de água e, ou deficiência nutricional, o fruto tomba para um lado e ocorre exposição excessiva aos raios solares.

Sintomas

A epiderme do fruto inicialmente apresenta descoloração, que passa de amarelada para marrom-escura. Pode ocorrer rachadura entre os frutilhos.A polpa, internamente, fica translúcida e com consistência esponjosa.Ocorre paralisação do crescimento na região afetada e a região sadia continua desenvolvendo, produzindo frutos deformados.

Descoloração ou amarelecimento na casca (seta)

Fonte: Ventura, J.A.; Zambolim, L. Controle das doenças do abacaxizeiro. In: Controle de doenças de plantas: fruteiras. v.1, p.445-509, 2002.

Frutos de abacaxi Pérola expressando diferentes níveis de queima-solar.

Foto: Aristóteles Pires de MatosFonte: www.ceninsa.org.br

Controle

Manejo adequado da cultura, adubação equilibrada (potássio evita o tombamento dos frutos).

Proteger os frutos dos raios solares, utilizando pedaços de polietileno, folhas do abacaxizeiro (não infectadas por fitopatógenos), papel ou papelão.

Programa de indução floral que possibilite a colheita em épocas de temperaturas mais amenas.

Escurecimento-interno-dos-frutos, podridão-endógena

ou burnimento-interno

É uma desordem fisiológica observada em pós-colheita, mas também pode ocorrer em condições de campo, principalmente em regiões com grandes amplitudes térmicas.

A doença é freqüente quando os frutos são removidos de locais com temperaturas baixas (5 a 10 oC) durante o armazenamento e transporte, para locais com temperatura ambiente acima de 20 oC, para comercialização.

Sintoma

Manchas translúcidas na polpa dos frutos, próximo ao cilindro central, iniciando-se abaixo da base da coroa e alargando-se para a base dos frutos, permanecendo normal a polpa próxima à casca, não alterando a parte externa do fruto.

Controle

Fornecimento de potássio para aumentar a acidez dos frutos.O uso de ceras de polietileno-parafina para reduzir a perda de água dos frutos tem apresentando bons resultado.

Ausência de sintomas próximo a casca

Fonte: Ventura, J.A.; Zambolim, L. Controle das doenças do abacaxizeiro. In: Controle de doenças de plantas: fruteiras. v.1, p.445-509, 2002.

DOENÇAS BIÓTICAS

Fusariose, gomose ou resinose-fúngica Fusarium subglutinans f. sp. ananas

Foi relatada pela primeira vez no Brasil em São Paulo no ano de 1964.Acredita-se ter sido introduzida no País através de mudas vindas da Argentina e do Uruguai.

A fusariose é a doença mais severa no Brasil com perdas estimadas em 30 a 40% nos frutos e 20% nas mudas. Em algumas regiões as perdas são duas vezes maior, que estas.

A produtividade da cultura no Brasil é baixa de aproximadamente 22 mil frutos/ha, em outros países de 50 mil frutos/ha.

Dentre os fatores que contribuem para a baixa produtividade da cultura no País, a fusariose é o mais importante.

A variedade Pérola, predominantemente cultivada no Brasil, não tem sido aceita pelos países consumidores da fruta fresca, apesar de seu excelente sabor. Alguns genótipos promissores estão sendo estudados visando a resistência genética.  Disseminação – Pelo vento, por respingos de chuva, por insetos, restos culturais e mudas contaminadas.

Sintomas

O sintoma mais evidente é a exsudação de goma em frutos.A infecção em mudas geralmente ocorre quando estas estão ainda aderidas à planta-mãe com frutos doentes; na parte basal da muda observa-se uma lesão necrótica, podendo ou não ocorrer exsudação de goma; curvatura do ápice do talo pendendo para o lado lesado com lesões necróticas na inserção das folhas;o talo apresenta-se mais curto, dando a impressão de que foi comprimido contra o solo. As folhas C e D apresentam bem compridas e E e F com o crescimento paralisado; o sistema radicular apresenta reduzido e na base do talo encontram-se lesões que, em alguns casos, chegam a circundá-lo; ocorre alteração da roseta foliar com distorção da espiral foliar, onde as folhas freqüentemente ficam menores e o ápice ligeiramente distorcido; ao arrancar plantas doentes observa-se lesão no talo, acompanhada de exsudação gomosa; durante a fase de enraizamento das mudas, observa-se morte do ápice do talo;as folhas mostram-se curtas, duras e quebradiças; as plantas apresentam cloróticas quando comparadas com as normais, durante o enraizamento.

Sintomas da fusariose causada pelo fungo Fusarium subglutinans f.sp.ananas.A) Exsudação de goma em fruto.B) Lesão na base da folha.

Fonte: José Aires Ventura; Hélcio CostaXX Cong. Bras. de Fruticultura -Vitória/ES – 2008.

Plantio atacado pela fusariose - Reboleira

As plantas apresentam clorose

Nanismo e clorose

Encurtamento e curvatura do talo – A planta não desenvolve

Sintoma de “taça” no topo da planta e folhas quebradiças

Lesão típica na base das folhas

Fonte: Ventura, J.A.; Zambolim, L. Controle das doenças do abacaxizeiro. In: Controle de doenças de plantas: fruteiras. v.1, p.445-509, 2002.

Sintomas na base das folhas e no talo.

Visita técnica em Cruz das Almas - 2008

Sintoma típico de fusariose (exsudação de goma)

Exsudação provocada pela ação do patógeno

Fusariose no “filhote”

Filhotes infectados e aderidos a planta mãe

Exsudação da goma nos frutilhos

Sintoma interno no fruto

Controle (manejo)

A integração de diferentes práticas é o melhor medida de controle.

Cultural

O patógeno sobrevive no material propagativo e em restos culturais, logo deve-se eliminar plantas doentes, restos culturais e frutos doentes – são fontes de inóculo para as inflorescências. Enterrar os restos culturais pois o patógeno não forma clamidósporos, não sobrevive no solo na ausência do hospedeiro e desaparece quando os restos culturais se decompõem.

Utilizar mudas sadias

Obs. O tratamento das mudas somente com fungicida (benomyl) não tem ação curativa. A termoterapia associada ao fungicida erradica o patógeno mas apresenta em média 22,5 a 50 % de morte do material propagativo.

Proteção da inflorescência

As flores abertas são os principais sítios de infecção.

Proteger a inflorescência com sacos de papel pergaminho bem como a supressão da antese (ato da abertura das flores) com hormônios como o etileno (cepa, ethrel, etephon = ácido 2-cloroetilfosfonico) reduz a infecção, mas a sua viabilidade prática e econômica deve ser considerada.

O paclobutrazole na dose de 100µg ml-1 em três aplicações com intervalos de 15 dias inibi o florescimento precoce e retarda em até 82,2 % a diferenciação floral de plantas da cv. Pérola.

Com o manejo da época de produção pode-se combinar o plantio de mudas de diferentes tamanhos com as épocas de florescimento e usar reguladores de crescimento.

Obs. No Estado da Bahia as maiores perdas em frutos ocorrem entre os meses de julho e outubro, com um pico em setembro.

Controle químico para proteger a inflorescência

O benomyl é eficiente na dosagem de 0,05 % de i.a. Todavia, o uso constante deste levou ao aparecimento de populações do patógeno resistentes ao fungicida.

O fungicida tebuconazole na dosagem de 0,018 % i.a e o captan na dosagem de 0,15 % i.a. foram tão eficientes, quanto ao benomyl, no controle da doença nas inflorescências (Fonte: Ventura e Arleu, 1999).

Inflorescência de um Ananas comosus ´(Variar os tipos de fungicida)

Fonte: upload.wikimedia.org

Controle biológico – “Estudos”

Gadelha e Celestino (1992) recomendaram o uso de biofertilizantes e de urina bovina na diluição 1:1 em água.“A urina de vaca apesar de ter-se mostrado eficiente, in vitro, no campo em Itapemirim/ES, não controlou a doença” (VEMTURA; COSTA, 2008).

Outros compostos orgânicos (= manipuera, água sanitária) e inorgânicos (fosetil Al e creolina) foram avaliados. Destes, a creolina 1% e o fosetil Al 0,25% mostraram-se mais eficientes. Obs. “Até ao momento não existem resultados de pesquisa, em condições de campo, que permitam recomendar comercialmente a utilização de fungos, bactérias ou extratos vegetais, para controle biológico da doença”.Fonte: José Aires VENTURA; Hélcio COSTA. In: XX Cong. Bras. de Fruticultura , 2008. Vitória/ES.Obs. Olhar neste trabalho o ciclo de vida do patógeno.

Resistência

Desde 1984 a Embrapa Mandioca e Fruticultura em Cruz das Almas, BA vem desenvolvendo um programa de melhoramento genético do abacaxizeiro, com o objetivo de desenvolver variedades resistentes a fusariose, com características comerciais.

Os parentais “Perolera”, “Primavera” e “Roxo de Tefé” mostraram-se resistentes. Os híbridos PE x SC-14, PE x SC-56 e PRI x SC-08 comportaram-se como resistentes.

O híbrido PE x SC-56 foi lançado como variedade pela Embrapa Mandioca e Fruticultura em 2003 -‘Abacaxi Imperial’.

Seu plantio possibilitou uma redução média de R$ 600,00 nos custos de produção por hectare.

Obs. As variedades Pérola e Smooth Cayenne, são suscetíveis.

“No Espírito Santo foi lançada a cultivar Vitória, resistente à fusariose, que poderá causar um incremento superior a 50% na produtividade da cultura no Brasil, produzindo frutos de boa qualidade tanto para o consumo in natura como para a agroindústria” (VENTURA et al., 2006).

Obs. Ventura (2002) relatou que em 1998, o fungo foi descrito como uma nova espécie - Fusarium guttiforme Nirenberg & O’Donnell. No entanto, não se trata de uma nova espécie, sendo esta então sinonímia de F. suglutinans f.sp. ananas.

Controle da broca-do-fruto (Thecla basilides Geyer)

As injúrias causadas por este inseto são portas de entrada para o fungo.

Pode-se adicionar inseticida à calda fungicida, onde a broca-do-fruto é problema.

Pulverizar com carbaryl PM (260 g de ingrediente ativo/100 L de água), parathion methyl CE ou diazinon CE (90 mL i.a./100 L de água).

Fonte: www.ceinfo.cnpat.embrapa.br

A e B) Larva da braca do fruto (Thecla basilides Geyer) C) Pupa e adulto.

Fontes: A) www.encolombia.com, B e C) www.ceinfo.cnpat.embrapa.br

A B

C

As larvas atacam inicialmente a parte externa da inflorescência na base das escamas e ocorre a exsudação de uma resina incolor, que se solidifica em contato com o ar, formando massas ou bolhas irregulares, tornando-se marrom-escuras e que permanecem aderidas à superfície da inflorescência, resultando no sintoma conhecido por "resinose" .

As galerias formadas dentro dos frutos, também ficam cheias dessa resina, que acabam originando odor e sabor desagradáveis.

Fonte: www.ceinfo.cnpat.embrapa.br

O caruncho-do-abacaxi, Parisoschoenus ananasi (Moure, 1976), é um coleóptero pequeno, medindo 4 mm de comprimento, de cor preta, com uma linha branca na base dos élitros .

Os carunchos fazem pequenos orifícios na base das folhas, na região não clorofilada, e dois meses após observam-se nesse local manchas arredondadas de cor parda com a porção central deprimida, circundada por um halo clorótico.

Ao atacarem os frutos, destroem as infrutescências e provocam uma exsudação de resina.

Fonte: Lara et al. www.ceinfo.cnpat.embrapa.br

Assim como os frutos são resultados da fecundação de flores, as infrutescências são, a rigor, os resultados da fecundação de flores de uma inflorescência, como um cacho de uvas, por exemplo. Algumas infrutescências são conhecidas popularmente e vendidas como frutas, como por exemplo abacaxi, jaca, amora e figo - os verdadeiros frutos são os pequenos gomos encontrados nestas estruturas.

Não se deve confundir infrutescência com frutos compostos. Infrutescência é um conjunto de frutos pequenos originados de muitas flores separadamente, enquanto frutos compostos, como a fruta-do-conde, framboesa, são originados de uma única flor, cujo ovário é formado por diversos carpelos (são, anatomicamente, folhas modificadas que fecham-se sobre os óvulos, formando o ovário das flores)

livres ou ligeiramente aderidos entre si.

Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Infrutescência

Broca do talo, broca do olho ou broca gigante (Castnia icarus (Cramer, 1775) encontrada somente em plantios no Norte e Nordeste do Brasil.

As lagartas recém-eclodidas perfuram inicialmente as folhas e vão penetrando até atingir o caule.

Fonte: www.ceinfo.cnpat.embrapa.br

Pinta ou mancha-negra-do-frutoPenicillium funiculosum e Fusarium verticillioides

Esta doença, em alguns casos, pode assumir importância econômica em certas épocas de colheita, causando perdas na comercialização dos frutos.

Na indústria, as lesões suberificadas dos frutilhos alteram a qualidade do produto e reduz o aproveitamento das fatias dos frutos.

A doença está associada à presença do ácaro do abacaxi (Steneotarsonemus ananas Tryon) e do ácaro alaranjado (Dolichotetranychus floridanus Banks), responsáveis pelas lesões nas quais ocorre a infecção dos fungos.

Ácaro do abacaxi (Steneotarsonemus ananas Tryon)

Fonte: www.biotus.fi

Ácaro alaranjado

The red mites were collected from an adjacent papaya plantation and frequently found in bananas,               possibly Dolichotetranychus floridanus.

Fonte: www.pestnet.org

Sintomas da pinta ou mancha-negra-do-fruto

Os frutos tornam-se amarelo-alaranjados.

Internamente, no fruto, ocorre podridão mole, coloração marrom-clara, que passa a marrom-escura e preta.

Os frutilhos infectados:

Ficam em nível inferior em relação aos sadios;

em alguns cultivares permanecem verdes durante a maturação;

geralmente ocorre massa de coloração esverdeada nos óvulos e nas paredes dos lóculos, formando-se tecidos suberificados, seco e com aspecto de couro entre os frutilhos, que tem o desenvolvimento paralisado.

Manha negra causada por Penicillium funiculosum e Fusarium verticillioides. VERZIGNASSI et al. Summa Phytopathologica,. v.35, n.1, Botucatu Jan./Feb. 2009 .Fonte: www.scielo.br

Sintomas das manchas provocadas na polpa dos frutos, em função da inoculação de Penicillium sp.

Fonte: www.todafruta.com.br

Controle

Aplicação de produtos químicos para o controle de fungos nas inflorescências e de ácaros que atacam as inflorescências no período da indução floral.

Está em estudo a possibilidade do controle biológico dos ácaros utilizando-se inimigo natural como o Podothrips lucasseni Kang.(Thysanoptera Thrips) e fungos antagonistas.

Fonte: www.todafruta.com.br

Podothrips lucasseni Kang

Fonte: www.informaworld.com

Podridão-negra-do-fruto ou podridão-mole Chalara paradoxa (sin. Thielaviopsis paradoxa)

 É uma doença pós-colheita e as perdas variam de acordo com o tempo decorrido entre a colheita e o processamento dos frutos.

O fungo forma peritécios escuros, globosos, tendo um “pescoço” também escuro, bastante longo associado com hifas filamentosas na abertura.

Obs. Nos frutos refrigerados a 8 ºC a doença não se desenvolve e quando são transferidos para local com temperatura a 24-26 ºC a doença evolui com rapidez.

Manchas causadas por Chalara paradoxa

“A podridão negra do fruto do abacaxi é causada pelo fungo Chalara paradoxa (sin. Thielaviopsis paradoxa), em sua fase imperfeita (anamorfa) ou assexual.

Na fase sexual ou perfeita (teleomórdica) o fungo é chamado de Ceratocystis paradoxa (Ascomycetes).

Fase raramente encontrado na natureza”.

Fontes: 3.bp.blogspot.com

Sintomas

A infecção de frutos ocorre nos ferimentos do pedúnculo, ocasionados na colheita dos frutos, na remoção de muda tipo filhote, nos ferimentos da casca ocasionados durante o manuseio e transporte inadequado dos frutos.

Quando ocorre infecção no pedúnculo, a doença evolui pelo eixo central em direção ao ápice do fruto e, mais lentamente, na polpa causando podridão mole em formato de cone, ficando a polpa com coloração amarelo-intensa.

Os tecidos da polpa liquefazem, o suco exsuda, deixando no interior do fruto apenas as fibras dos feixes vasculares com coloração escura.

Podridão de Chalara paradoxa evoluindo do pedúnculo para o interior do fruto

Fonte: Ventura, J.A.; Zambolim, L. Controle das doenças do abacaxizeiro. In: Controle de doenças de plantas: fruteiras. v.1, p.445-509, 2002.

Pineapples inoculated with Thielaviopsis paradoxa.

Fruit on right sprayed with spores shows less resistance to the disease than the fruit on the left inoculated by incision method.

Fonte: www.apsnet.org

Podridão negra do fruto do abacaxi Thielaviopsis paradoxa

A) Fruto de abacaxi Pérola, exibindo lesão causada por ferimento na casca.

B) Fruto com sintoma de escurecimento, progredindo em direção ao eixo central.

Foto: J.T. Ferrari www.biologico.sp.gov.br

Controle

O controle inicia-se no processo de colheita dos frutos, cortando-se o pedúnculo a aproximadamente 2 cm da base do fruto.

Não causar ferimentos na casca dos frutos na colheita e pós-colheita.

Eliminar os restos cultuais nas proximidades da área onde os frutos são armazenados e processados.

Reduzir ao mínimo o período entre a colheita e o processamento dos frutos.

Armazenar e transportar os frutos sob refrigeração, em temperatura próxima a 12 ºC, no mínimo.

Proteger o local do corte no pedúnculo e os ferimentos resultantes da remoção dos filhotes com fungicidas benzimidazóis ou triadimefon.

Podridão-da-base-das-mudas ou podridão-negra-das-mudas

Causada por Chalara paradoxa 

Quando o material propagativo é mantido em condições inadequadas, pode ocorrer esta doença.

A severidade da doença depende dos ferimentos causados no material propagativo durante a colheita e o transporte, do nível de inóculo e do cultivar utilizado.

Sintomas

As mudas apresentam na base uma podridão mole, que evolui para a base das folhas, inicialmente de coloração marrom-intensa e depois se tornam enegrecidas (esporos do fungo).Os tecidos desintegram-se, restando apenas fibras intactas na parte interna do caule, ocorrendo a morte da muda.No campo as plantas doentes param de crescer e apresentam-se com aspecto de murcha, quebrando-se facilmente no nível do solo.

Controle

Remoção de folhas lesionadas.O uso de fungicidas triazóis e os bendimidazóis têm mostrado eficiente.

Podridão-da-base-das-mudas18) Desintegração dos tecidos e a presença de fibras intactas;19) Podridão devido a transporte inadequado.

Fonte: Ventura, J.A.; Zambolim, L. Controle das doenças do abacaxizeiro. In: Controle de doenças de plantas: fruteiras. v.1, p.445-509, 2002.

Mancha-branca-da-folha

Chalara paradoxa (sin. Thielaviopsis paradoxa), fase anamorfa e Ceratocystis paradoxa, a fase teleomórdica

Anamórfica = fase assexual dos fungos, também chamada fase imperfeita, conidial ou mitótica.

Teleomórfica =fase sexual do fungo, também chamada fase perfeita ou meiótica.

Pode infectar frutos, mudas e folhas do abacaxizeiro. A infecção do patógeno ocorre freqüentemente por meio de ferimentos provocados por insetos ou pelos espinhos da folhas, principalmente em regiões com muito vento. O fungo sobrevive na forma de clamidósporos, principalmente nos tecidos infectados ou no solo. A doença tem se mostrado mais severa em cultivares com espinhos nas folhas.

 

Sintomas

Nas folhas observam-se pequenas lesões escuras (marrons) com aspecto úmido, que evoluem e tornam-se cinzentas e esbranquiçadas, com as margens bem demarcadas por uma pequena faixa marrom antes de secarem.

Controle – O mesmo adotado para o controle da podridão-da-base-das-mudas ou podridão-negra-das-mudas.

Remoção de folhas lesionadas e uso de fungicidas (triazóis e os bendimidazóis).

Manchas causadas por Chalara paradoxa (Thielaviopsis paradoxa)

Manchas causadas por Chalara paradoxa (Thielaviopsis paradoxa)

Podridão-do-olho

Phytophthora nicotianae var. parasitica

É uma doença importante principalmente em solos argilosos, úmidos e com valores de pH elevados, chegando a matar as plantas em algumas regiões.

As coroas apresentam maior suscetibilidade ao patógeno do que os outros tipos de mudas podendo ocorrer a infecção nos primeiros três a quatro meses após o plantio.

 

Sintomas

As folhas mais novas ficam cloróticas, com coloração variando de verde a amarelo-fosca e cinza, enquanto as mais velhas permanecem verdes.

Observam-se, na parte basal aclorofilada das folhas infectadas, lesões translúcidas que se expandem rapidamente.

As lesões são limitadas na parte verde (clorofilada) da folha, observando-se uma zona marrom-escura.

A partir da base das folhas, o patógeno atinge o caule, provocando o apodrecimento e a morte do “olho da planta”, o qual pode ser totalmente removido com facilidade, e apresenta odor desagradável devido a infecções secundárias, principalmente, por bactérias.

Apodrecimento e a morte do “olho da planta

Fonte: Ventura, J.A.; Zambolim, L. Controle das doenças do abacaxizeiro. In: Controle de doenças de plantas: fruteiras. v.1, p.445-509, 2002.

Controle

Escolher área onde instalar o novo plantio, evitando solos mal drenados.

Plantar em camalhões, cerva de 25 cm de altura, para facilitar a drenagem.

Não utilizar mudas do tipo coroa, uma vez que elas apresentam alta suscetibilidade ao patógeno.

Não colocar plantas daninhas sobre as plantas de abacaxi, pois esta prática faz com que solo contaminado com Phytophthora caia na base das folhas do abacaxizeiro, ocasionando infecção.

Aplicar fungicida sistêmico, como o fosetyl Al, duas semanas antes da colheita das mudas. Novas aplicações de fungicidas devem ser efetuadas entre a terceira e quarta semana após o plantio.

O cultivar 50-656, desenvolvido pelo Pineapple Research Institute do Hawaí, é resistente e com características agronômicas e qualidade do fruto semelhante às do cv. Smooth Cayenne.

Podridão-de-raízes - Phytophthora cinnamomi Rands

Este fungo é comum nas regiões tropicais e subtropicais.

A doença pode ocorrer em qualquer fase de desenvolvimento do abacaxizeiro.

Sendo o fungo um habitante do solo e requerendo água para esporular, o patógeno tem sua incidência em plantios de abacaxi favorecida pela alta precipitação pluviométrica, má drenagem, reação alcalina do solo e temperatura, entre 19 a 25 ºC. 

Sintomas

As folhas ficam amareladas, perdem a turgescência, os bordos enrolam-se e as extremidades curvam-se para baixo, mostrando uma sintomatologia semelhante à da murcha.

O sistema radicular das plantas apresenta completamente apodrecido, sendo facilmente arrancado do solo. Em alguns casos o fungo pode passar das raízes para o caule e provocar a podridão-do-olho.

ControleEscolher para o plantio solos leves, bem drenados, com boa aeração e não sujeitos a encharcamento.

Plantio em camalhões, cerca de 25 cm de altura, contribui para a redução do excesso de umidade do solo.

O monitoramento e a correção do pH do solo com valores baixos reduzem a incidência da doença.

Após o plantio das mudas fazer a aplicação de um fungicida sistêmico para Phytophthora, aplicando em pulverização ou em inundação do solo adjacente às plantas. O produto mais usado é o metalaxil, reduz a população do patógeno no solo e protege as raízes emergentes.

O cv. 53-323, do Pineapple Research Institute, é resistente a P. cinnamomi mas suscetível a P. nicotianae var. parasitica.

DOENÇAS CAUSADAS POR

VÍRUS

MurchaPineapple closterovirus - PCV

Closterovirus = vírus com partículas filamentosas.Esta doença é amplamente disseminada.

A murcha está associada às cochonilhas Dysmicoccus brevipes e D. neobrevipes.

Inicialmente admitira-se que a doença era causada por uma toxina produzida pelas cochonilhas.

Confirmou-se a presença de partículas de vírus nas plantas com murcha.

Causa perda de até 40 %.

As formigas doceiras e as lava-pés têm uma participação importante no progresso da doença no campo, atuando como transportadoras das cochonilhas.

Micrografia eletrônica de partículas do tipo closterovirus causador da murcha (Pineapple closterovirus - PCV )

Fonte: Ventura, J.A.; Zambolim, L. Controle das doenças do abacaxizeiro. In: Controle de doenças de plantas: fruteiras. v.1, p.445-509, 2002.

Sintomas

As raízes têm o crescimento paralisado e apodrecem.

As folhas apresentam coloração avermelhada e os bordos curvam-se para baixo e para dentro, murcham totalmente e apresentam secas na região apicais.

As plantas ficam murchas, perdem a cor verde e turgescência das folhas.

As plantas doentes são improdutivas e, quando produzem os frutos são pequenos e sem valor comercial.

FontesA) www.encolombia.comB) www.infonet-biovision.org

C) www.ceinfo.cnpat.embrapa.br

CA) Cochonilha pulverulenta ou do abacaxi: Dysmicoccus brevipes

B) Severe infestation of pineapple mealybug on the fruit.

C) Sugam a seiva das axilas das folhas.

BA

Avermelhamento da folha – Sintoma da murcha-do-abacaxizeiro associado à infecção por cochonilha

Fonte: Ventura, J.A.; Zambolim, L. Controle das doenças do abacaxizeiro. In: Controle de doenças de plantas: fruteiras. v.1, p.445-509, 2002.

Controle

Manter a população dos insetos (cochonilhas e formigas) baixa com o uso de inseticidas como o paration metílico, dimetoato e vamidotiom.

Tratar as mudas, por imersão, com dimetoato a 0,05 % por 30 a 60 segundos associado a pulverizações com o mesmo inseticida a 0,1 %.

Tratamento térmico do material propagativo (coroas), em laboratório, a 40 e 50oC por 60 e 30 minutos, respectivamente, possibilitam a inativação das partículas virais.

Os cultivares Pérola ou Pernambuco, Red Spanish e Queen são tolerantes à doença enquanto as espécies Ananas ananassoides e A. bracteatus são consideradas resistentes.

Obs. Os cultivares Smooth Cayenne e Monte Lírio são bastante suscetíveis à murcha.

Mancha-amarelaTomato spotted wilt virus

Tospovirus = vírus de partículas maiores.

A doença, ainda, não foi relatada no Brasil. Pode infectar tanto o fruto quanto o abacaxizeiro. O fruto pode ser, também, infectado através da coroa.

Hospedeiros - Culturas de tomate, berinjela, batata, fumo, petúnia (planta da família das solanaceas, é uma ornamental com flores roxas) e algumas plantas daninhas.

Vetores - Trips tabasi, Frankliniella schultzei, F. fusca e F. accidentalis.

Sintomas

Manchas pequenas, arredondadas e de coloração amarelada nas folhas. As manchas coalescem e causam necrose no tecido de coloração marrom-escura.

Da base das folhas infectadas o vírus passa, por contato, para as folhas mais novas.

Pode atingir o meristema apical e causar a morte da planta.

A infecção nos frutos ocorre durante a floração causando a formação de áreas necróticas e cavidades de profundidade variável na polpa. O fruto pode ser infectado através da coroa.

O fungo pode ser infectado através da coroa

Controle

Evitar implantar a cultura do abacaxizeiro próximo de plantas hospedeiras do patógeno.

Evitar utilizar coroas para implantação de novos pomares.

Doença-rosada ou Pink disease Causada pela bactéria Pontoea citrea

Esta doença não foi descrita, ainda, como problema no Brasil.

Nas Filipinas é uma preocupação para a industria de abacaxi.

Sintomas

Raramente os tecidos dos frutos doentes apresentam sintomas antes do processo de cozimento, estando geralmente limitados a alguns frutilhos.

No processamento industrial, após o aquecimento dos cilindros dos frutos os tecidos infectados apresentam-se de coloração marrom, inviabilizando a comercialização dos produtos.

Controle

Colher os frutos antes de completar o amadurecimento.

Manejar a época de indução floral de modo que os frutos sejam produzidos quando as condições forem desfavoráveis para a infecção.

O controle de insetos durante a antese (ato de abertura das flores) também é recomendado.

NEMATOSES

Nematoides Podem causar severos danos na cultura reduzindo a eficiência na absorção de nutrientes; redução do sistema radicular; clorose nas folhas, as quais ficam menores e mais estreitas; produção retardada e com frutos menores.

Já foram assinaladas mais de 100 espécies de nematoides associados com esta cultura contudo, a patogenicidade da maioria das espécies é ainda desconhecida.

Nos levantamentos realizados principalmente nas cvs. Pérola e Smooth Cayenne nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia e Paraíba foram detectados os seguintes fitonematoides:

Com maior freqüência

Nematoide-das-lesões – Pratylenchus brachyurus tem causado prejuízos em plantações no Estado da Paraíba.

Nematoide-reniforme – Rotylenchus reniformis é o mais importante da abacaxicultura no Hawaí e nas Filipinas.

Nematoide-das-galhas – Meloidogyne javanica é considerada a espécie mais importante e M. incognita ocorre em algumas áreas produtoras de abacaxi, mas não tem grande importância econômica.

Em altas populações

Helicotylenchus multicinctus (nematoide-espiralado) – Ocorre em altas populações, mas aparentemente são de importância secundária.

Aorolaimus sp. (sin. Peltamigratus sp.) – Altas populações, deste fitonematoide, têm sido encontradas assoadas à cv. Pérola, em áreas irrigadas. As plantas apresentam folhas avermelhadas, ocorrendo em reboleira.

Controle

Utilizar mudas vigorosas, produzidas em viveiros ou retiradas de plantações livres de nematoides, pragas e doenças; fazer o plantio em época favorável; aplicar adubo mineral e orgânico.

Montar o pomar em áreas livres de nematoides, locais nunca utilizados para plantio de abacaxizeiro ou outras plantas hospedeiras tais como: arroz, bananeira, batata-doce, figueira, maracujazeiro.

Fazer rotação de cultura evitando as hospedeiras citadas à cima.

Cont...

Controlar a entrada de material contaminado na área tais como máquinas agrícolas, caixas, ferramentas ou veículos.

Controlar a erosão, evitando o transporte de materiais contaminados da parte alta das lavouras para a parte baixa de lavouras sadias da mesma propriedade ou interligadas.

Limpar as folhas basais das mudas e realizar o tratamento:

com água quente a 54 oC, durante 20 minutos;

ou com o nematicida Fenamifos 100 ppm do produto ativo em 100 L de água, deixando as mudas em imersão durante 5 minutos;

ou Carbofuran a 750 ppm ou Oxamil 1.500 ppm dissolvidos em 100 L de água durante 10 minutos.

Cont...

Eliminar as plantas atacadas, deixar expostas ao solo e ao vento e queimar todo o material vegetativo depois de estar seco.

Eliminar abacaxizeiros e outras plantas hospedeiras de áreas muito contaminadas.

Plantar Crotalaria spectabilis ou capim-pangola (Panicum maximum trichloglume) ou Phaseolus atropurpureus e evitar o plantio de abacaxizeiros durante dois ou três anos.

Deixar as áreas contaminadas sem vegetação (alqueive), eliminar continuamente as plantas daninhas hospedeiras, revolver o solo expondo os nematóides ao sol.

Meus alunos do Curso de Agronomia da UESCViagem técnica a Cruz das Almas/BA - 2008-2

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