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AVALIAÇÃO DA SITUAÇÃO FISCAL DOS DIRETÓRIOS ACADÊMICOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
Ma. Mirna Muraro1
Acadêmica Fernanda de Melo Comin ²
Acadêmico Ian Suello ³
Universidade de Passo Fundo
Brasil
RESUMOO presente artigo tem como objetivo demonstrar a importância de métodos de controles
contábeis e fiscais para instituições sem fins lucrativos. Para realização deste, foi feito um
levantamento junto aos diretórios e centros acadêmicos de uma instituição de ensino do
norte do Rio Grande do Sul. No estudo foram realizadas pesquisas das obrigações que
estas devem prestar aos órgãos fiscais para que permaneçam em situação regular e
consigam realizar suas atividades. A partir deste estudo, procura-se ajudar na regularização
das pendências destas associações, e proporcionar uma melhor compreensão dos
ensinamentos obtidos durante o curso de Ciências Contábeis, nos quais se observa que a
contabilidade tem como finalidade a prestação de informações para os seus usuários, no
caso das associações, seus associados e ou assistidos. Conclui-se ao final do estudo, que
as entidades analisadas carecem de assessoria contábil e fiscal, principalmente para
regularização de sua situação fiscal, visto que 90% delas não conseguem emitir negativas,
que são necessárias para seu regular funcionamento.
PALAVRAS-CHAVES: Instituições sem fins lucrativos, regularização, escrituração contábil.
1 Professora coordenadora do projeto Núcleo de Apoio Fiscal e Contábil Campus I da Universidade de Passo Fundo Ma. Mirna Muraro.
² Acadêmica do curso de Ciências Contábeis e bolsista voluntária do projeto Núcleo de Apoio Fiscal e Contábil da Universidade de Passo Fundo Fernanda de Melo Comin.
³ Acadêmico do curso de Ciências Contábeis e bolsista do projeto Núcleo de Apoio Fiscal e Contábil da Universidade de Passo Fundo Ian Suello.
1. INTRODUÇÃO
Independente de visar lucros ou não, toda e qualquer organização utiliza recursos e
necessita de informações para realizar um processo de desenvolvimento. Encaixam-se
neste contexto, as instituições sem fins lucrativos, que são instituições privadas, que
possuem por propósito, seja específico ou não, colaborar com a sociedade.
Este trabalho pretende relatar em forma de um artigo sobre controle contábil e fiscal
para instituições sem fins lucrativos, através de levantamento junto aos diretórios e centros
acadêmicos de uma instituição de ensino do norte do RS.
O trabalho foi realizado com o objetivo de enfatizar a importância das informações
contábeis e fiscais para a correta regularização e prestação de contas de instituições sem
fins lucrativos, mostrando quais as normas que as regulam e quais as obrigações que
devem cumprir.
Para o referencial teórico foram utilizadas pesquisas bibliográficas sobre entidades
imunes e isentas. No estudo pode-se constatar a inexistência de registros contábeis formais,
além de problemas de gestão e controle decorrentes da dificuldade de compreensão, por
parte de dirigentes e associados, do que seja isenções fiscais e da falta de conhecimento da
importância de um profissional da área que desempenhe as funções especialmente por ser
de caráter voluntário, isto dificulta a gestão de tais entidades.
Mesmo sem o pagamento de tributos, as associações e outras entidades vinculadas
ao terceiro setor, ficavam obrigadas a entrega de DCTF, DIPJ, RAIS e SEFIF sem
movimento, quando não há funcionários. A falta de entrega destas declarações gera multas
anuais e as pendências na Receita Federal impediam a emissão de certidões necessárias
ao correto funcionamento de suas atividades.
O terceiro setor tinha várias obrigações acessórias contábeis e tributárias a serem
cumpridas até 2013, inclusive foi cogitada para 2014 a entrega da ECD – Escrituração
contábil digital e da nova DIPJ que se chama ECF – Escrituração Contábil e Fiscal, mesmo
sem existir fatos e atos administrativos.
Muitas destas entidades, como, por exemplo, as associações de moradores, não
possuem renda, existem para defesa dos interesses de seus associados. Neste contexto
estão os diretórios e centros acadêmicos das instituições de ensino que existem para defesa
dos interesses dos estudantes, mas importante que compreendam que cumprir com as
obrigações fiscais, faz parte da rotina de qualquer entidade, e o responsável por tal tarefa, é
o contador, que deverá ser contratado pelas entidades.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico aborda os assuntos relacionados com o atendimento dos
objetivos do artigo e trata sobre as associações sem fins lucrativos, das obrigações
acessórias a que estas entidades devem entregar para os órgãos fiscalizadores e da
importância da prestação de contas que estas instituições devem prestar aos seus usuários
ou atendidos.
2.1 ASSOCIAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS
O Código Civil (Lei nº 10.406, de 2002), em seu art. 53, diz taxativamente que
"constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos". Nesse sentido, associação sem fins lucrativos (ou econômicos) é qualquer
iniciativa formal ou não que reúne pessoas físicas ou outras sociedades jurídicas com
objetivos comuns, visando superar dificuldades e gerar benefícios para os seus associados.
Formalmente, pode-se dizer que a associação, qualquer que seja seu tipo ou seu
objetivo, é uma forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno de seus interesses e
que sua constituição permite a construção de condições maiores e melhores do que as que
os indivíduos teriam isoladamente para a realização dos seus objetivos.
A associação, então, é a forma mais básica para se organizar juridicamente um
grupo de pessoas para a realização de objetivos comuns. Portanto, as associações
expressam a crença de que juntos, os associados podem encontrar soluções melhores para
os diversos conflitos existentes na vida em sociedade.
Essas entidades são constituídas sob a forma jurídica de associações e de
fundações privadas, porém, habitualmente, são identificadas como ONG, OSCIP, OS,
Instituto, etc. As OSCIP e OS são qualificações que as associações e fundações podem
receber, uma vez preenchidos os requisitos legais, assim como ocorre com as titulações de
Utilidade Pública Municipal (UPM), Estadual (UPE) e Federal (UPF) e o Certificado de
entidade beneficente de assistência social (CEBAS).
Segundo Receita Federal (2015) a natureza jurídica a ser adotada pelas associações
é a de número 399-9, e o que irá diferenciar a forma jurídica de cada tipo de associação são
basicamente os objetivos que se pretende alcançar. De modo geral as associações
caracterizam-se por:
• Reunião de duas ou mais pessoas para a realização de objetivos comuns;
• Seu patrimônio é constituído pela contribuição dos associados, por doações,
subvenções,
• Seus fins podem ser alterados pelos associados;
• Os seus associados deliberam livremente;
• São entidades de direto privado e não público.
Deve-se observar que nem todas as entidades sem fins lucrativos, constantes no
PGD CNPJ, são associações sem fins lucrativos. Algumas dessas entidades, como os
condomínios edilícios são entidades que não têm personalidade jurídica.
2.2 OBRIGAÇÕES ACESSORIAS PARA ASSOCIAÇÕES
As Entidades Imunes e Isentas, a partir de 2014 entram no projeto SPED, estando
obrigadas a entregar as seguintes declarações:
- ECD – Escrituração Contábil Digital
- ECF – Escrituração Contábil E Fiscal- substitui a DIPJ
2.2.1 ECD – Escrituração Contábil Digital
Desde 1° de janeiro deste ano, associações dedicadas a atividades de organização
religiosa são obrigadas a adotar a ECD (Escrituração Contábil Digital). E como tal, têm até
o último dia útil de junho do ano seguinte para entregar o SPED Contábil ou o ECD.
Estão obrigadas a adotar a ECD, em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de
1º de janeiro de 2014:
I – as pessoas jurídicas sujeitas à tributação do Imposto sobre a Renda com base no
lucro real;
II – as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido, que distribuírem, a
título de lucros, sem incidência do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), parcela
dos lucros ou dividendos superior ao valor da base de cálculo do Imposto, diminuída de
todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita; e
III – as pessoas jurídicas imunes e isentas.
- As regras de obrigatoriedade não levam em consideração se a pessoa jurídica teve
ou não movimento no período. Não ter movimento não quer dizer não ter fato contábil e a
entrega deve ocorrer assim mesmo.
- A associação sem fins lucrativos, imune ou isenta, ao manter escrituração
completa de suas receitas e despesas, deve observar as formalidades requeridas para a
sua validade jurídico-fiscal.
- A pessoa jurídica deve transmitir anualmente, para o site da Receita Federal do
Brasil, os seguintes livros digitais: Diário; Razão; Balancetes Diários; Balanços e fichas de
lançamento comprobatórias dos assentamentos neles transcritos;
- Assinatura dos livros e documentos também é digital.
- O contador e o representante legal da empresa devem utilizar um certificado de
segurança mínima tipo A3, emitido por entidade credenciada pela Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileiras (ICP-Brasil), a fim de garantir a autoria, a autenticidade, a integridade e
a validade jurídica do documento digital.
Como se vê a partir de 2014 foram impostas às pessoas jurídicas imunes e isentas
mais uma nova obrigação acessória de grande monta que irá exigir dessas entidades, além
de uma reorganização administrativa dos departamentos envolvidos no atendimento das
informações que serão requeridas, investimentos significativos para a consecução dessa
obrigação.
A instituição da ECD neste ano-calendário (a primeira ECD será entregue em 2015),
a obrigação mais importante e, diga-se de passagem, bastante simples, era a apresentação
da DIPJ.
Mais importante é salientar que a falta de entrega da ECD acarretará multas (art. 10
da IN 1.420/2013/art. 57 da MP 2.158-35/2001) para as entidades inadimplentes de R$
500,00 (quinhentos reais) por mês-calendário ou fração de atraso o que, convenhamos, irá
dificultar a vida de muitas pequenas associações civis, sem fins lucrativos.
O livro Diário mesmo sendo entregue digitalmente deverá ser autenticado no
Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou do Cartório de Registro de Títulos e Documentos,
conforme estabelecido na legislação de organização administrativa e judiciária de cada
Estado ou do Distrito Federal.
Foi publicada no Diário Oficial de 14/08, a Instrução Normativa RFB nº 1.486, de 13
de agosto de 2014, que altera algumas disposições sobre a Escrituração Contábil Digital –
ECD, previstas na IN RFB 1.420/2013.
Destaca-se a disposição que, no caso de sociedades não empresárias, a ECD será
considerada autenticada no momento da transmissão via Sistema de Escrituração Pública –
SPED.
2.2.2 ECF – Escrituração Contábil E Fiscal
A ECF – Escrituração Contábil e Fiscal substitui a DIPJ – Declaração de Imposto de
Renda de Pessoa Jurídica
Com a publicação da Instrução Normativa nº 1353, de 30 de abril de 2013, institui-se
a Escrituração Fiscal Digital do Imposto sobre a Renda e da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido da Pessoa Jurídica (EFD IRPJ), alterada através da Instrução Normativa nº
1422 em 19/12/2013 para Escrituração Contábil Fiscal.
Nasce a então Escrituração Contábil Fiscal (ECF), prevista para entrega em julho de
2015, relativa ao ano de 2014, a ECF é a digitalização da apuração do Imposto de Renda e
da Contribuição Social. Todos os aspectos contábeis utilizados para estas apurações serão
esmiuçados em um novo arquivo digital validado e entregue ao Fisco.
Serão 14 novos Blocos com informações relativas à apuração do IRPJ e seu adicional,
CSLL, adições e exclusões do Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), além de grande
parte das informações, hoje constantes na DIPJ.
Resumindo: a DIPJ dá adeus às empresas em 2014 inevitavelmente, até segunda
ordem. Todas as pessoas jurídicas que estavam obrigadas a entregar a DIPJ ficam
obrigadas a ECF; Um dos blocos da ECF vai solicitar a importação da ECD entregue
anteriormente; A ECF também necessita assinatura digital do contador e do responsável
pela entidade na SRF.
2.2.3 DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários
A partir de janeiro de 2014, é obrigatória a apresentação da DCTF nas seguintes
hipóteses:
a) em relação ao 1º mês em que a pessoa jurídica não tiver débitos a declarar;
b) em relação ao mês de janeiro de cada ano-calendário, ou em relação ao mês de
início de atividades, para comunicar, se for o caso, a opção pelo regime de competência.
As pessoas jurídicas que não tenham declarado débitos na DCTF de dezembro de
2013 estão dispensadas da entrega da DCTF de janeiro de 2014 caso não tenham débitos a
declarar.
As pessoas jurídicas inativas ou sem movimento estão dispensadas da entrega da
DCTF durante o período em que permanecerem nesta condição.
2.2.4 Rais Inativa
As pessoas jurídicas imunes e isentas, como as (associações) que não tenham
funcionários, continuam obrigadas a entrega da RAIS NEGATIVA que tem prazo de metade
de janeiro a início de março de cada ano.
Em 2016 está previsto a entrada de outro projeto do governo federal, denominado E-
Social, que modificará a entrega das declarações relativas à folha de pagamento, e também
deverá gerar algum impacto para estas associações.
2.2.5 Alterações nos decretos que facilitou as associações
A SRF – Secretaria da Receita Federal acabou facilitando o cumprimento das
obrigações acessórias pelas associações sem fins lucrativos, sendo que para 2014,
somente a Rais, não sendo nem mesmo necessário à certificação digital ou contador.
O quadro 1, apresenta as regras de entrega de declarações relativas ao ano de 2014
com entrega prevista para o ano de 2015.
Quadro 1: Regras de entrega da declarações imunes isentas.
Declaração Prazo e regras Antes das alterações
Prazo e regras Depois das alterações
Rais Negativa Obrigatória
Prazo: Janeiro a março
Obrigatória
Janeiro a março
DCTF Obrigatória
Fevereiro do ano
subsequente
Vinculada aos tributos –
EFD Contribuições
Se não tem movimentação
Não precisa enviar
DIPJ / ECF Obrigatória
Junho do ano subsequente
Vinculada aos tributos –
EFD - Contribuições
Se não tem movimentação
Não precisa enviar
ECD – Escrituração Contábil Digital
Não necessária Vinculada aos tributos –
EFD Contribuições
Se não tem movimentação
Não precisa enviar
Fonte: SRF 2014
Nesse contexto observa-se que restam as associações a partir de 2014, regularizar-
se caso haja alguma pendência junto a Receita Federal. E no caso das associações como
os diretórios acadêmicos, manter escrituração contábil e ou livro caixa, para prestação de
contas junto a seus associados.
2.3 PRESTAÇÃO DE CONTAS
Todas as entidades sem fins lucrativos necessitam prestar contas a seus associados
e ou usuários, quando tiver recursos econômicos envolvidos na realização de suas
operações.
Uma prestação de contas é o resultado de como o recurso foi aplicado, pois se o
dinheiro foi utilizado respeitando-se o que está escrito no estatuto da entidade e na
Legislação, com certeza os responsáveis não terão dificuldades em terem suas contas
aprovadas pelos associados.
Fazer prestação de contas é provar com documentos onde foi gasto o dinheiro de
Convênios e ou as mensalidades dos associados. Por isso, é muito importante ficar atento
desde o recebimento dos recursos até o momento em que a prestação de contas seja
entregue e aprovada.
Todos os valores a débito na conta corrente devem corresponder a um comprovante
de despesa (nota fiscal e/ou cupom fiscal) de igual valor;
As despesas serão comprovadas mediante documentos fiscais, devendo as faturas,
recibos, notas fiscais e quaisquer outros documentos comprobatórios serem emitidos em
nome da entidade.
3. METODOLOGIA
Este estudo buscou identificar o nível de entendimento sobre regularidade fiscal e
contábil dos acadêmicos que conduzem os diretórios e centros acadêmicos de uma
instituição de ensino do norte do estado do RS. Também objetivou o nível de regularidade
fiscal existente nestas associações.
Esta pesquisa, conforme Gil (2002, p. 42), se classifica como uma pesquisa
descritiva, que tem por objetivo descrever uma determinada população, ou então, o
estabelecimento de relações entre variáveis. Uma das características mais significantes está
na utilização de coleta de dados e a observação sistemática.
Quanto à abordagem do problema, a presente pesquisa se classifica em quantitativa,
que segundo Diehl e Tatim (2004), se caracteriza pelo recurso da quantificação tanto na
coleta de dados, e também no tratamento das informações por meio de técnicas estatísticas,
como percentual, média, desvio-padrão, entre outras. Tudo isso visa garantir resultados e
evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando uma margem de segurança maior
quanto às inerências.
Em relação ao propósito, esta pesquisa é definida como pesquisa diagnóstico, que,
segundo Diehl e Tatim (2004, p. 57) possui muitas possibilidades de projetos que visam ao
diagnóstico interno, ou do próprio ambiente da organização da empresa em todas as áreas.
As pesquisas que têm como meta o diagnóstico da organização, geralmente não acarretam
custos muito altos, mas são dificultadas pela questão da confiabilidade dos dados que nelas
existem.
Com relação procedimento técnico esta pesquisa se define como levantamento, que
conforme Gil (2004) é uma forma de pesquisa da qual se recolhe informações dos
integrantes do universo a ser pesquisado. Porém, na maioria dos levantamentos não são
pesquisados todos os integrantes, devido às dificuldades materiais que envolvem sua
realização.
A população pesquisada foram os vinte seis diretórios e centros acadêmicos de uma
instituição de ensino do norte do Rio Grande do Sul. A coleta de dados foi realizada nos
meses de agosto e setembro de 2014, por e-mail, e depois os questionários foram
entregues pessoalmente nos diretórios.
O questionário continha 13 questões de múltipla escolha, obteve-se o retorno de 11
diretórios e centros acadêmicos da instituição pesquisada, no período de setembro de 2014
a maio de 2015.
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
A região norte do Rio Grande do Sul possui diversas instituições de ensino, sendo
que seis destas oferecem o curso de Ciências Contábeis com aulas presenciais. Em todas
as instituições de ensino os alunos se reúnem em forma de associação para proteção e
direitos dos acadêmicos.
Esta pesquisa foi realizada em uma destas instituições que possui unidades
descentralizadas e vários campi, e desta forma conta com vinte seis Centros Acadêmicos ou
Diretórios Acadêmicos como são chamados. Esta pesquisa objetivou verificar como está a
gestão contábil e fiscal destas associações.
Para melhor avaliação das respostas e atendimento aos objetivos desta pesquisa, as
questões foram distribuídas em blocos: o primeiro bloco avalia as questões legais e fiscais e
o segundo bloco avalia as questões contábeis.
É importante salientar que inicialmente os questionários foram enviados por e-mail,
aguardado as respostas e enviado novamente, os pesquisadores foram pessoalmente aos
centros e diretórios e entregaram o questionário, com um prazo de uma semana, retornou-
se aos mesmos para buscar as respostas. E mesmo com todo este esforço somente 11
questionários foram obtidos, perfazendo uma amostra de 42%.
4.1 AVALIAÇÃO LEGAL E FISCAL
O primeiro grupo de perguntas se refere aos processos básicos, legais e fiscais a
que uma associação sem fins lucrativos está sujeita. Envolvendo questões de estatuto,
registro de atas, troca de presidente, emissões de certidões negativas e se questionou por
fim se os mesmos apresentavam situação fiscal regular junto a Secretaria da Receita
Federal.
As respostas para estas questões encontram-se tabuladas e apresentadas na Tabela
1.
Tabela 1: Avaliação legal e fiscal dos diretórios e centros acadêmicosO estatuto do diretório foi atualizado com o novo código FrequênciaCivilSim 45%Não 36%Não tem conhecimento 18%A última ata de eleição foi registrada no CartórioSim 91%Não 9%Não tem conhecimento 0%O presidente atual é o responsável pelo diretório na SRFSim 55%Não 9%Não tenho conhecimento 36%O diretório consegue emitir certidões de regularidade pela internetFGTS 36%Certidão negativa previdenciária 0%Certidão negativa de tributos federais 0%Todas 18%Nenhuma 36%O Diretório encontra-se em situação regularSim 55%Não 27%Não tenho conhecimento 18%Você sabia que o responsável por um CNPJ não poderá em algunsCasos assumir um cargo públicoSim 9%Não 36%Não tenho conhecimento 55%Fonte: Autor (2015)
Pelas respostas verifica-se que apenas 45% dos diretórios alterou o estatuto após a
alteração de 2002. Segundo os respondentes 91% dos diretórios possuem a ata de eleição
do último presidente registrada em cartório. E destas 55% informam que realizaram a
alteração na Receita Federal.
Em relação a emissão de certidões verifica-se a grande dificuldades destes
diretórios, pois 36% somente conseguem emitir certidão de regularidade de FGTS, sendo
que esta é emitida até se a entidade tiver débitos, devido a falha do sistema da Caixa
Federal.
Apenas 18% dizem que conseguem emitir todas as certidões. Entretanto através do
número do CNPJ destas entidades, fornecidos pela IES, verificamos que apenas 11% delas
conseguem emitir estas certidões.
Para 55% dos respondentes, mesmos sem conseguir emitir certidões, eles entendem
que seu diretório encontra-se em situação regular.
Uma questão que é preocupante é que muitas destas entidades acabam por não
alterar o representante na receita federal, têm algumas vezes que o representante na receita
federal ainda é o que fundou o diretório, e para conseguir a regularização será necessária
procuração eletrônica, e sem a assinatura deste, não será possível nem mesmo saber as
pendências destas entidades.
Este fato também poderá ser um problema caso este acadêmico invista em um cargo
público, porque em muitos destes cargos não é permitido manter outro vínculo, e no
entendimento a responsabilidade sobre um CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
identifica a propriedade de uma empresa.
4.2. AVALIAÇÃO DA GESTÃO CONTÁBIL DOS DIRETÓRIOS
No questionário também constavam questões relativas à gestão contábil e de
prestação de contas destes diretórios junto aos acadêmicos associados, conforme se
evidencia na Tabela 2:
Tabela 2: Avaliação gestão contábil
O diretório conta com prestação de serviços contábeis FrequênciaSim 45%Não 45%Não tem conhecimento 10%Se sim qual o valor dos honorários pagosMenos de R$ 100,00 0%Entre R$ 100,00 e 300,00 100%Mais de R$ 300,00 0%O diretório acadêmico possui funcionário registradoSim 9%Não 82%Não respondeu 9%O diretório possui livro caixaSim 45%Não 55%
Não respondeu 0%O Diretório apresenta prestação de contas dos recursos recebidos aos acadêmicosSim 73%Não 27%Não tenho conhecimento 0%Qual documento é utilizado para prestação de contasBalanço e DRE 18%Outros 73%Não tenho conhecimento 9%Fonte: Autor (2015)
Os diretórios acadêmicos da instituição de ensino foram questionados sobre se
possuíam um escritório contábil que presta serviços contábeis para a entidade, sendo que
45% responderam que possuem, sendo o valor dos honorários pagos entre R$ 100,00 a R$
300,00 reais.
Dos diretórios entrevistados somente um ou 9% da amostra, respondeu que possui
funcionário registrado e que presta serviços a entidade.
É relevante o fato constatado de que 55% dos diretórios respondentes relatam que
não manterem livro caixa, entretanto 73% relata que apresenta prestação de contas através
de demonstrativo não elaborado pela contabilidade.
4.3 RECOMENDAÇÕES
Diante do exposto anteriormente, e estando estas entidades no contexto universitário
no qual se encontram a disposição todas as ciências e que podem ser exploradas, assim
recomendam-se as possíveis soluções para os problemas verificados:
A instituição possui um projeto de extensão chamado NAF – Núcleo de Apoio
Contábil e Fiscal, em parceria com a Receita Federal que poderá auxiliar realizando a
regularização fiscal destas entidades junto a este órgão. Em oficio emitido pela direção da
instituição de ensino os serviços de extensão prestados pelos alunos de ciências contábeis,
extensionistas e voluntários, vinculados ao NAF, para atenderem os diretórios e centros
acadêmicos na regularização das pendências fiscais e contábeis.
Uma sugestão ainda para a instituição de ensino seria a realização dos
demonstrativos contábeis dos diretórios e centros acadêmicos, também pelos alunos da
disciplina de estágio supervisionado e ou as próprias entidades contratarem um escritório
para realização.
Dessa forma o projeto de extensão do NAF – Núcleo de Apoio fiscal e contábil estará
atendendo de forma ampla seus objetivos que são: Unir as questões comunitárias com a
prática pedagógica do curso: oportunizar treinamento diferenciado aos estudantes do curso
de ciências contábeis; apresentar ao acadêmico as demandas de um escritório contábil;
estreitar relacionamentos com sindicatos e associações, propiciar aos acadêmicos local e
horário para execução de horas complementares; orientar projetos beneficiados por
incentivos fiscais e formar grupos de estudos de sobre técnicas contábeis e fiscais.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os diretórios e centros acadêmicos da instituição em estudo recebem verbas da IES,
ou seja, as mensalidades, atualmente de quatro reais por alunos, são pagas na
mensalidade, e a instituição faz o repasse de dois reais ao Diretório central de Estudantes e
mais dois reais para os diretórios acadêmicos dos cursos.
Entende-se que dessa forma ela é solidária e responsável pelas atividades destas
entidades, e da forma como atuam e como prestam contas aos alunos, que contribuem com
estas associações, visto que é compulsória a cobrança, o aluno terá que abrir um
processo/protocolo que quiser não contribuir com os centros e diretórios, e ainda se precisar
de carteira estudantil terá que pagar o valor a estas entidades.
Verificou-se de acordo com alguns casos de irregularidades cometidas por estas
entidades que as instituições de ensino foram notificadas solidariamente, então para evitar
problemas, com reclamatórias trabalhistas, execuções fiscais, entre outros danos, cabe à
instituição de ensino, solicitar prestação de contas bem como certidões de regularidades
fiscais e trabalhistas destas organizações. Inclusive para que exista transparência entre os
acadêmicos dos recursos cobrados x a aplicação deste em prol dos acadêmicos de
melhorias de atendimento.
Durante o andamento deste artigo, a Secretaria da Receita Federal do Brasil alterou
novamente as normas e a partir de 2015, entrega em 2016, as entidades imunes e isentas
voltam a ser obrigadas a entrega da ECF, que substitui a antiga DCTF, com multa elevada,
o que deverá ser motivo de preocupação para estas entidades.
Por fim entende-se que estes alunos amanhã estarão no mercado de trabalho, e
como tal deverão entender que quando responsáveis por uma empresa, deverão manter
uma gestão adequada cumprindo com a legislação contábil e fiscal.
REFERÊNCIAS
DIEHL, Astor Antônio; TATIM, Denise Carvalho. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: Métodos e Técnicas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004.
Gil, Antonio Carlos. Como elaborar um projeto de pesquisa. 4ª Ed. São Paulo: Atlas (2002)
MACHADO, Maria Rejane Bitencourt. Entidades Beneficentes de Assistência Social: Contabilidade, Obrigações Acessórias e Principais. 2. ed. Curitiba: Jaruá, 2009.
OLAK, Paulo Arnaldo; NASCIMENTO, Diogo Toledo. Contabilidade para entidades sem fins lucrativos (Terceiro Setor). São Paulo: Atlas, 2010.
RECEITA FEDERAL. Manual de Orientação da EDC. Disponível em: <http://www1.receita.fazenda.gov.br/sistemas/sped-contabil/download/Manual_de_Orientacao_da_ECD.pdf> Acesso em 05/01/2016.
RECEITA FEDERAL. EFD Fiscal. Disponível em: < http://www1.receita.fazenda.gov.br/sistemas/sped-fiscal/download/GUIA_PRATICO_DA_EFD-Versao_2.0.18.pdf Acesso em 10/01/2016.
RECEITA FEDERAL. ECD – Escrituração Contábil Digital. Disponível em: <http://www1.receita.fazenda.gov.br/sistemas/sped-contabil/o-que-e.htm> acesso em 10/01/2016.
PORTAL CFC. Obrigações acessórias: entidades imunes e isentas. Disponível em: <http://www.portalcfc.org.br/noticia.php?new=15774. Acesso em: 20/01/2016.
CRC/PE. Entidades sem fins lucrativos, obrigações acessórias. Disponível em: <http://www.crc-ce.org.br/v2/files/boletim_08.pdf> Acesso em: 10/02/2016
RECEITA FEDERAL. EFD - Contribuições. Disponível em: < http://www1.receita.fazenda.gov.br/sistemas/efd-contribuicoes/download/Guia_Pratico_EFD_Contribuicoes_Versao_1_21_102015.pdf> Acesso em 14/02/2015.
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