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Fatores de crise religiosa: - O Templo – (1Rs 8,10-13)- considerado

como habitação de Deus. Até então, era a concepção dinâmica de Deus que peregrinava com o povo. O rei era o “ungido”.

Os santuários locais, com o tempo, voltaram a florescer, no Reino do Norte, junto com os “lugares altos” e os vários cultos cananeus.

O desnível religioso entre as populações urbanas e rurais (Amós, Oséias).

O ritualismo e o formalismo do templo com a crescente injustiça dos poderosos. (Is 1,10-20).

Obras deste período: Salmos e provérbios: A coleção dos 150

salmos só se perfez após o Exílio. Muitos salmos anteriores a Davi. São atribuídos a Davi 73 salmos. (súplica, louvor, peregrinação, reais e sapienciais).

Os provérbios marcam o início da literatura sapiencial bíblica que se desenvolveu especialmente no período pós-exílico.

Os escritos proféticos datam da segunda metade do séc. VIII a.C., pouco antes, talvez contemporâneos da redação Jeovista. São sucessivamente reelaborados por discípulos anônimos e por fim atribuídos por inteiro ao profeta que os iniciara. Ex. Jeremias: entre a pregação e a redação final passaram-se 300 anos.

Redação Jeovista- período pré-exílico. Surge num momento em que apareciam os primeiros escritos proféticos. Os autores redigem numa só obra os escritos-fonte Javista e Eloísta.

O livro do Deuteronômio- muito discutida a origem do livro. Terá sido um “Documento da Aliança”, anterior à monarquia, e depois redigido como o “Deuteronômio primitivo” (5-28), em meados do séc. VII e identificado como o “Livro da Lei” (achado sob Josias, em 622 a.C. É atribuído aos levitas rurais e às suas prédicas sobre a fidelidade à Aliança.

Destruição do Templo de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C. Surge uma revisão, uma reestruturação teológica:

O Conceito de Deus- os exilados o reencontram no Exílio. Conceito dinâmico.

O Sábado- no ambiente pagão, os judeus retomam a observância religiosa do Sábado. Assim começa a Sinagoga.

A circuncisão- a partir do exílio torna-se o sinal nacional e religioso da Aliança (Gn 17,10-14).

Obra Histórica Deuteronomística- (Revisão)Seus redatores partem do fato teológico de que Deus agiu de modo constante, advertindo o povo com ameaças de castigos e punindo com a destruição quase total. Tese deuteronomista Dt 23,11-26. Só a conversão e a renovação espiritual poderão levar a um novo Êxodo.

Escrito-fonte Sacerdotal- uma sucessão de alianças, desde a origem do mundo até Moisés. Aparecem o sábado, a circuncisão, o tabernáculo, a arca, o sacerdócio, os sacrifícios, a distinção e separação entre sagrado-profano, puro-impuro, pecado-expiação. (Lv 10,9-11). Projeta uma grande esperança de reconstrução. (todo o Lv e grande parte do livro dos Nm)

Templo reconstruído em 515- não foi fácil manter a unidade entre os conservadores apegados ao culto antigo e os progressistas, mais tolerantes e abertos. Tensão entre particularismo e universalismo.

O Templo reconstruído como santuário central não foi aceito pelos samaritanos.

O Culto e a Lei, foram se tornando cada vez mais característicos do “judeu fiel”, contra os casamentos mistos (Es 10,1ss), insistindo na lei do sábado e nas taxas para para o culto (Ne 13)

Escritura e Tradição- os escritores retomam as antigas tradições e os antigos escritos, reescrevendo-os à luz do culto e da lei. Elabora-se a redação final do Pentateuco, o Cronista redige sua obra histórica (1e2 Cron+ Esdras e Neemias) e se reúnem os escritos dos antigos profetas.

Redação final do Pentateuco (séc. V a.C)- Encontramos textos justapostos, como é o caso da narrativa da criação, apresentada primeiro pelo Sacerdotal (Gn 1,1-2,4a) e depois pelo Javista (Gn 2,4b-3,24). Muitos trechos como “colcha de retalhos” Ex 13,17-14,31: há versículos que são subdivididos com até 4 fragmentos de fontes. Os 11 primeiros capítulos de Gn não oferecem uma história científica das origens da humanidade, mas uma reflexão teológica, com vários elementos semelhantes aos dos mitos babilônicos.

A obra do Cronista (séc. V-IV a.C.)- Israel deve aprender e reconhecer a intervenção divina na história. O grande modelo é o rei Davi (novo Davi). A insistência no culto, nas funções sacerdotais levíticas, tendo como figura central o Sumo Sacerdote.

Os profetas pós-Exílicos (séc. VI-II a.C.)- Eles não tem mais o porte dos grandes profetas de antes do exílio, seus escritos são breves, às vezes repetindo os predecessores.

No período da reconstrução do Templo, o Trito-Isaías (Is 56-66), Ageu e Zacarias (Zc 1-8). Em meados do séc. V, Malaquias e Abdias. Possivelmente no séc. IV, os escritos do Dêutero-Zacarias (Zc 9-14) e Joel.

A literatura sapiencial (séc. VI-I a.C.)- redação final dos Provérbios, o livro de Jó, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Eclesiástico, Baruc e por último o livro de Sabedoria, já redigido originalmente em grego.

A literatura Midraxe- (procura, investigação) e designa 2 coisas diferentes:

Como método exegético, a própria interpretação rabínica do AT.

Como gênero literário, caracteriza-se pela amplificação dos textos e fatos anteriores, procurando dar respostas a muitas perguntas que precisavam. Esdras-Neemias levantam problemas que encontram respostas em Jonas e Rute (povo escolhido). Judite e Ester mostram como Deus serve-se dos acontecimentos para dirigir seu povo. Tobias fala da providência divina e da fidelidade na provação, na vida familiar, na bondade para com o próximo.

Literatura apocalíptica – Daniel (séc. II a.C.)- desacredita da realidade presente e projeta-se para o futuro de Deus, que surgirá após a destruição deste mundo.

Os livros dos Macabeus (120-100 a.C.)- o 2Mc é mais rico em conteúdo teológico e de menor valor histórico. A doutrina da ressurreição corporal e da retribuição escatológica, o sofrimento dos mártires tem valor de expiação, a comunhão dos santos, sua intercessão e o sufrágio pelos mortos.

O 1Mc vê nas derrotas do povo o castigo por seus pecados e, nas vitórias dos Macabeus, a assistência divina. A observância da lei é o bem essencial, ao passo que a helenização deve ser rejeitada a todo custo.

Para entender o dilúvio é necessário situá-lo no conflito e confronto entre um Império e seus súditos escravizados e espoliados ao máximo.

Um contra-conto – os textos babilônicos vem dos setores dominantes, falando a linguagem e pronunciando os interesses do Império. A história bíblica, ao contrário, vem do reverso deste mesmo Império. Representa a fala e os interesses de escravos que tinham que suavam para manter as glórias do Estado dominante.

Uma tradição destas não teve seu berço na Palestina. Aí a chuva não representa perigo, pois, não conhece enchentes regulares. No mundo palestino o medo é do fogo.

Foram os assírios e os babilônios que foram tornando a história do dilúvio conhecida.

O firmamento é aquilo que viabiliza a vida aqui na terra. Rompendo-se este, a criação volta ao caos (Gn 1,2). Existem as “comportas nos céus”. Caso estas se abram, a terra fica inundada. O Império se apresenta como aquele que garante o firmamento. A função do culto é a de manter este firmamento, acalmando as divindades com templos e sacrifícios. Enquanto o culto imperial funcionasse, o perigo de dilúvio estava afastado. Quem contestasse o Imperador, quem deixasse de participar do culto, quem esquecesse de pagar seus tributos, ameaçava a irrupção do caos.

O Império se mantinha através do medo. O exército e o culto sacrificial garantiam a superação do medo pelo medo.

E Gn 6-9? Nega a via Imperial. Não adere à lógica mesopotâmica. Nunca mais haverá dilúvio (9,11). “É mau o desígnio íntimo da pessoa desde a mocidade” (8,21). Violência, corrupção, maldade continuarão a existir e o dilúvio não trará solução. Efetivamente o medo do dilúvio e Império estão por terra. E o que a história propõe como solução?

A casa do justo – A arca abriga uma família, o núcleo de um clã (7,1). É a casa sobre os mares. Também o cuidado pelos animais aponta para a casa. A terra se refere ao mundo da agricultura. Os critérios da casa estão em 6,9: justiça, integridade e andar com Deus. Noé, justo, representa o resto santo que está na roça e não no templo e muito menos no palácio.

Na família também se encontram muitas dificuldades e o texto admite isso (9,5-6). Mas para todas elas há chance de solução, sem a intervenção do Império. A cura destas enfermidades sociais familiares está na própria casa.

Limites da proposta: a proposta da casa aparece no dilúvio com marcas exageradamente patriarcais. O filho de Noé que vê a nudez do pai é vítima de acidente. Este traço patriarcal é o único presente em 9,1-7. A rigor, a mulher nem existe para estes versículos.

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