& da regiÃo de moncorvo · socalcos, um belo jardim, povoado de árvores e plantas da região....

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MUSEU DO FERRO & DA REGIÃO DE

MONCORVO

MUSEU DO FERRO & DA REGIÃO DE

MONCORVOCom o desenvolvimento da

Revolução Industrial na Europa

do Norte os sistemas

metalúrgicos ancestrais

soçobraram e os minérios desta

região, cuja qualidade era fraca,

ficaram como que esquecidos,

até à segunda metade do século

XIX. A partir do final deste

século, desperta o interesse

nacional e internacional pelo

jazigo de Moncorvo e fazem-se

vários estudos geológicos e

técnicos com vista ao seu

aproveitamento. Na década de

30 do século XX chegam-se a

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O ferro foi, para o bem ou para omal, um metal decisivo para aHistória da Humanidade. Não sópara as armas, mas para todo otipo de ferramentas, e a suaaplicação generalizou-se aostransportes e construções,sobretudo após a chamadaRevolução Industrial, cujasconsequências foram múltiplas.

Na serra do Roboredo, localizadano concelho de Torre deMoncorvo, está concentrado omaior jazigo de minerais deferro da Europa, explorado comtoda a certeza desde a épocaromana até ao final do séculoXVIII, início de XIX.

CONHECER

abrir galerias de prospecção, por

conta da Schneider, empresa

mineira de capitais franceses,

mas é só depois da 2.a Guerra

Mundial que a portuguesa

Ferrominas desenvolve uma

extracção industrial, chegando a

empregar, no auge dos trabalhos

(meados dos anos 50), cerca de

1600 pessoas.

O Museu do Ferro & da Região

de Moncorvo, único dedicado a

este tema, em Portugal, conta-nos

uma breve história do ferro, com

particular destaque para a região

em que se insere.

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Do bairro mineiro para aTorre de Moncorvo

O Museu do Ferro nasceu emfinais de 1983, no bairromineiro da Ferrominas (noCarvalhal, a cerca de 15 km dasede do concelho), quando estaempresa mineira, criada noinício da década de 50 do séculopassado, se preparava pararelançar a extracção de minériosde ferro em grande escala. Esseprojecto, que criou enormesexpectativas na região, estavaintimamente relacionado com oincremento da SiderurgiaNacional, localizada no Seixal eque funcionou desde o iníciodos anos 60 até 2002. Contudo,o desinteresse da ComunidadeEconómica Europeia peloprojecto arrastou o abandono domesmo por parte do Governoportuguês, levando aoencerramento das minas deMoncorvo, por volta de 1986, e à liquidação da empresa.

Como consequência, o museuficou um pouco esquecido esubaproveitado, situaçãoagravada pela distância emrelação à sede do concelho. Poreste motivo, em 1995 acabariapor ser transferido para a Torrede Moncorvo, após negociaçõesentre a Câmara Municipal e onovo proprietário das minas,a EDM (Empresa deDesenvolvimento Mineiro),vindo a ser localizado num solarde traça seiscentista, junto daigreja matriz (monumentonacional dos séculos XVI-XVII).

A gestão do museu ficou a cargodo PARM (Projecto Arqueológicoda Região de Moncorvo), umaassociação local de estudo edefesa do património, medianteprotocolo celebrado com aAutarquia em 1993 e renovadoem 2002.

Os espaços do actual museu

Em 2002, após obras derecuperação do edifício, o museureabriu com os seguintesespaços: edifício principal,jardim anexo e auditório.

No 1.o andar do edifício domuseu, a que se acede por umaescadaria exterior, encontra-se oposto de recepção que orienta ovisitante para uma área deacolhimento denominadaOficina do Conhecimento. Aquise indicam, em imagens-satélite,os dois principais acidentesgeomorfológicos queinfluenciaram a históriaeconómica da região: o vale daVilariça, particularmente fértil,e a serra do Roboredo, ondejazem mais de 670 milhões detoneladas de minérios de ferro(hematite e magnetite). O valeda Vilariça corresponde a umafalha tectónica irrigada pelaribeira do mesmo nome, queaqui se encontra com o rioSabor, e este com o Douro,propiciando a ocupação humanadesde remotas eras. Como provadisso, nesta sala é exibida umaestela-menir antropomórfica do

período calcolítico (Idade doCobre), com cerca de 1,57 m.

Ainda neste espaço, podem-sever outros aspectos dopatrimónio da região, através deuma projecção audiovisual, ou,em alternativa, documentáriosbreves, além de um filme dadécada de 50 do século passado,sobre o trabalho nas minas deMoncorvo.

Ao lado da Oficina doConhecimento está a saladestinada à arqueologia ehistória da região, mas quepresentemente é utilizada paraexposições temporárias.

Em outra ala do 1.o andarencontra-se a Sala do Ferro,organizada em cinco temas:

1 – Forjas, ferreiros e ferrarias,em que se faz uma abordagem dociclo do ferro na pré-indústria(mineração, metalurgia etrabalho da forja).

2 – Geologia e minas, com umapequena colecção geológica,reprodução de fotos edocumentos.

3 – Origens da indústria doferro, com diagrama da evoluçãodos fornos de fundição e

Contactos

Museu do Ferro & da Região deMoncorvoLargo Dr. Balbino Rego5160-241 Torre de Moncorvo

Marcação de visitas

Telef. e Fax: + 351 279 252 724

E-mail: museu-ferro@hotmail.com

Horário

Verão: 10:00-12:30 e 14:00-18:00Inverno: 9:30-12:30 e 14:00-17:30

Ainda no 1.o andar, além dasáreas de serviços, está a pequenasala do Centro de Documentação,onde se guardam plantas,documentos diversos e livrosespecializados.

No rés-do-chão encontram-se asreservas, contendo algumasestelas funerárias romanas,diversas pedras lavradas daépoca medieval, milhares defragmentos de cerâmica, ossos(essencialmente de animais) eobjectos metálicos, procedentesde prospecções e escavaçõesrealizadas no concelho de Torrede Moncorvo, desde os iníciosda década de 80.

A partir do rés-do-chão pode-seaceder às traseiras do museu,onde se estende, por váriossocalcos, um belo jardim,povoado de árvores e plantas daregião.

Ao fundo do jardim, um amploauditório de planta semicircular,construído em 1999-2000, abre--se para a serra do Roboredo,através de várias portadas demadeira e vidro. Aí se realizaminúmeros eventos, de acordocom a programação cultural domuseu: exposições de pintura,de fotografia, palestras, etc.

destaque para materiais da épocaromana recolhidos na década de50 na mina da Carvalhosa e em1983 no escorial de Vale dosFerreiros.

4 – Impacto da Revolução Industrialem Portugal, com referência àexperiência proto-industrial deChapa-Cunha (Mós, Torre deMoncorvo), onde funcionouuma forja de tipo catalã, até àschamadas “fundiçõessecundárias” dos séculos XIX eXX.

5 – História mineira daFerrominas, a empresa mineiraque de 1951 aos anos 80 sededicou à extracção eexportação do minério deMoncorvo.

Nesta abordagem, necessariamentebreve dados os condicionalismosde espaço, o visitante poderávisualizar objectos e ferramentasrelacionados com a actividadedo ferro, desde escórias aprodutos dos ferreiros, um fole eoutros utensílios das forjas,amostras de rochas e minerais,vestígios arqueológicos, lingotesde ferro, equipamentos usadosnas minas, no século XX,incluindo peças de laboratório.Além de dois diaporamas comimagens sobre o trabalho doferro, os guias do museufornecem as explicaçõesnecessárias.

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Outras actividades

Para além das actividadesrealizadas nos espaços domuseu, têm-se acompanhadovisitas ao centro histórico da vilae a diversos pontos de interessehistórico e paisagístico doconcelho, incluindo a zona dasminas (Rota do Ferro). Devido àsdificuldades de pessoal, estasacções têm contado com adisponibilidade de sóciosvoluntários da associação doPARM. De realçar a participaçãono programa Ciência Viva,iniciado no ano passado (cursoGeologia no Verão).Ainda em relação com asactividades do museu, foraminiciados dois projectos deinquérito oral, um delesrelacionado com as antigasforjas de ferreiros e outro sobreos mineiros da região,procurando registar técnicas,condições de trabalho,memórias e histórias de vidadestes grupos socioprofissionais.Por aqui passa também oenvolvimento da comunidade,procurando o desenvolvimentode laços afectivos das pessoaslocais com o seu museu. Neste sentido, o Museu do Ferroprocura funcionar como uma“interface” entre a região eaqueles que nos visitam.Os professores e os alunos dasescolas de todo o paísencontrarão no museu motivoválido para se deslocar à regiãode Moncorvo.

Nélson Campos

Encarregado do MF&RM

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