amostragem e preparação de amostras para análise
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análise de amostrasTRANSCRIPT
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO
TRIÂNGULO MINEIRO
CAMPUS ITUIUTABA
CURSO TECNOLOGIA EM PROCESSOS QUÍMICOS
AMOSTRAGEM E PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS PARA ANÁLISE
Disciplina: Química Analítica Quantitativa
Professora: Dayane Fonseca Soares
Data da entrega: 18/11/2015
Componentes do grupo Matrícula Nota
Daniela 10076012484-1
Matheus 11731960646-2
João Victor 07258308679-2
Tarcísio de Miranda Villela 04280428646-3
Ana
Ituiutaba – MG
2º Semestre/2015
GEDIANE DA SILVA OLIVEIRA
MAÍSA DA SILVA SANTOS
JOÃO DE SOUZA ARAÚJO
TARCÍSIO DE MIRANDA VILLELA
AMOSTRAGEM E PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS PARA ANÁLISE
Trabalho de pesquisa bibliográfica apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Ituiutaba, como processo de aprendizagem e avaliação da disciplina Química Analítica Quantitativa, no curso de Tecnologia em Processos Químicos.
Orientador: Prof. Dayane Fonseca Soares
Ituiutaba – MG
1º Semestre/2015
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................03
2 OBJETIVOS............................................................................................................04
3 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS..................................................................04
3.1 Materiais utilizados............................................................................................05
3.2 Procedimento 1.................................................................................................05
3.2.1 Parte A.........................................................................................................05
3.2.2 Parte B.........................................................................................................05
3.2.3 Parte C........................................................................................................05
3.2.4 Parte D........................................................................................................05
3.3 Procedimento 2.................................................................................................05
3.3.1 Parte A.........................................................................................................05
3.3.2 Parte B.........................................................................................................05
3.3.3 Parte C........................................................................................................05
3.3.4 Parte D........................................................................................................05
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................06
4.1 Procedimento 1.................................................................................................05
4.1.1 Parte A.........................................................................................................05
4.1.2 Parte B.........................................................................................................05
4.1.3 Parte C........................................................................................................05
4.1.4 Parte D........................................................................................................05
4.1.4.1 Observações.........................................................................................08
4.1.4.2 Questionário..........................................................................................08
4.2 Procedimento 2.................................................................................................05
4.2.1 Parte A.........................................................................................................05
4.2.2 Parte B.........................................................................................................05
4.2.3 Parte C........................................................................................................05
4.2.4 Parte D........................................................................................................05
5 CONCLUSÃO.........................................................................................................11
6 REFERÊNCIAS ......................................................................................................11
1 INTRODUÇÃO
Quando se pensa em análises químicas, as técnicas usadas necessitam,
geralmente, de algum tipo de preparo de amostra, que transforma a forma original
em uma forma mais conveniente e/ou mais apropriada para a análise.
Os procedimentos de preparo de amostras, previamente a uma análise, serão
semelhantes e exigem cuidados, que tem os objetivos de minimizar os erros e
garantir boas exatidão e precisão. Por outro lado, alguns dos detalhes experimentais
que são considerados pelos analistas devem-se, muitas vezes, a peculiaridades dos
analitos e/ou a sua faixa de concentração e, não somente, às características da
técnica analítica que será utilizada.
Como a análise propriamente “começa” na amostragem, se apenas uma
porção da amostra for coletada e analisada, um fator importante que deverá ser
ponderado é a homogeneidade da fração amostrada. Para evitar erros devido à
heterogeneidade de amostras, as amostras sólidas devem ser bem
homogeneizadas, e, se não estiverem na forma de pó, devem ser pulverizadas e,
posteriormente, homogeneizadas.
Por outro lado, mesmo as amostras bem homogeneizadas podem apresentar
problemas de repetibilidade do fracionamento, principalmente quando os analitos de
interesse estiverem em concentração na ordem de partes por milhão ou inferior (os
chamados “traços”). Nesses casos, deve-se avaliar qual a quantidade de amostra a
ser utilizada, no sentido de se obter resultados representativos e repetitíveis. É por
isso que muitos protocolos analíticos sugerem uma massa mínima de amostra e que
não deve ser alterada sem antes se fazer uma avaliação crítica deste parâmetro.
Em relação à apresentação da amostra, ou seja, como a amostra chega ao
laboratório após a amostragem, algumas amostras exigem cuidados especiais. São
elas as amostras higroscópicas (como os sais à base de cloreto) ou os que contêm
água em sua composição (alimentos in natura). Nesses casos, o teor de “umidade”
das amostras deve ser sempre considerado, pois o grau de hidratação (ou
desidratação da mesma) alterará a composição da amostra, cujos componentes
tornam-se mais ou menos concentrados devido à massa de amostra, que varia com
a umidade. Em termos práticos, se as amostras não forem previamente secas, o teor
de água deve ser considerado na emissão do resultado final da análise, ou seja,
expresso em termos de massa seca ou massa úmida. E no caso de análises
comparativas de amostras diferentes, mas de um mesmo tipo, a variação do teor de
uma substância pode não ser significativa se as diferentes amostras tiverem
diferentes quantidades de água, ou seja, o resultado deve ser normalizado em
função dos seus teores de umidade.
Nesse sentido, é preciso ficar claro para o analista o que de fato faz parte da
amostra a ser analisada e, por isso, a umidade ambiente, poeira e contaminantes
provenientes de recipientes devem ser sistematicamente evitados, desde a
amostragem até a realização da análise, incluindo a estocagem da amostra ou da
solução de amostra.
Nesse aspecto, também é importante considerar que componentes da
amostra (ou da amostra em solução) podem reagir ou interagir com o recipiente em
que é estocada. Um exemplo clássico disso é a reação de “corrosão” do vidro por
substâncias alcalinas. Desta forma, se uma amostra com caráter alcalino for
estocada em vidro, parte do vidro irá se juntar à amostra, contaminando-a. Nesses
casos, frascos de plástico devem ser usados preferencialmente.
Outras situações em que os frascos de plásticos são recomendados são
aquelas em que os analitos são íons metálicos, pois os mesmos poderiam interagir
com as paredes do vidro, ficando aderidos a elas, o que leva a uma redução da sua
concentração na amostra. Esse problema será ainda mais significativo quanto menor
for a concentração na amostra. Por outro lado, algumas substâncias orgânicas como
combustíveis e solventes não podem ser armazenados em plástico, porque
dissolveriam parte ou todo o recipiente. Logo, não existe um tipo de recipiente que
seja sempre adequado.
Além disso, a estocagem da amostra deve garantir a integridade das mesmas
e isto inclui o uso de frascos escuros (tipo “âmbar”), quando necessário.
Sendo assim, na sequência analítica, após a amostragem, homogeneização,
fracionamento e armazenamento adequados, a amostra pode ser efetivamente
preparada de acordo com o método mais apropriado e disponível.
Em geral, para a determinação de elementos inorgânicos os diferentes
métodos se baseiam em procedimentos de dissolução ou, decomposição
(principalmente da porção orgânica da amostra) e, para isso, empregam-se ácidos
ou reagentes alcalinos. Nessas situações, é importante usar reagentes de grau
analítico e, muitas vezes, com alto grau de pureza.
No caso dos ácidos, um recurso muito utilizado é a sua destilação, antes do
uso. Isto faz com que um ácido que não seja de alta pureza (p.e. PA) se torne um
ácido de alta pureza. Esta preocupação se faz importante principalmente quando se
pretende realizar determinações ao nível de μg kg-1 ou μg L-1, pois se o nível de
contaminação do ácido for da mesma ordem de grandeza que o analito, a exatidão e
a precisão das determinações podem ser prejudicadas.
Além disso, a escolha de um ácido que seja adequado à determinação e/ou à
técnica a ser utilizada, é outro ponto a ser avaliado. O uso de ácido fluorídrico (HF),
por exemplo, gera extratos que danificam partes dos equipamentos de ICP-AES e
ICP-MS, como a tocha que é geralmente de quartzo. Nesses casos, se não for
possível usar outro ácido, o mesmo pode ser removido por meio de reação com
ácido bórico.
Outro inconveniente relacionado ao uso de ácidos é a obtenção de
“digeridos”, soluções de amostras, com viscosidades superiores às dos padrões a
serem usados nas calibrações. Isso também pode causar erros na quantificação e
ocorre quando são empregadas quantidades excessivas de ácidos e,
principalmente, quando o ácido sulfúrico (H2SO4) é utilizado.
Em relação ao H2SO4 também vale lembrar que alguns sulfatos são insolúveis
como o de Ca, Ba e Pb e que, por esse motivo, amostras contendo esses elementos
não podem ser tratadas com este ácido.
Quanto ao nível dos analitos, além de ser necessário escolher uma técnica
com a detectabilidade adequada, o tratamento de amostra também precisa ser
adequado, pois o mesmo tem a função de transformar a amostra em uma solução
apropriada para análise, na qual os analitos mais voláteis devem estar preservados.
Logo, se uma análise contempla a determinação de espécies que se volatilizam com
facilidade, como As, Cd, Hg e Se, perdas por volatilização devem ser evitadas no
caso do tratamento envolver etapas de aquecimento. Para isso, o aquecimento das
amostras deve ser realizado em frascos fechados (e que suportem a pressão gerada
durante o aquecimento!). Uma alternativa possível, para esses casos em que não se
tem os frascos para altas pressões, são os tubos com refluxo, capazes de impedir a
perda dos vapores formados durante o aquecimento.
Nesse sentido, uma maneira muito usual de realizar o aquecimento de forma
controlada durante o preparo das amostras é empregar equipamentos de micro-
ondas, próprios para laboratório. Esses equipamentos contém inclusive, frascos de
amostras (chamados de vaso) que são fechados de forma a evitar as perdas por
volatilização.
Por fim, vale lembrar que cada amostra diferente, mesmo que seja de um
mesmo tipo, pode se comportar de uma forma peculiar e, por isso, os métodos de
tratamento de amostras já estabelecidos podem não ter sempre a mesma eficiência,
exigindo assim adaptações.
2 OBJETIVOS
PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS DE LABORATÓRIO
Trituração e Moagem de Amostras
Certa quantidade de trituração e moagem é normalmente requerida para
diminuir o tamanho de partículas de amostras de laboratório. Como essas operações
tendem a alterar a composição da amostra, o tamanho das partículas não deve ser
reduzido além daquele requerido para obter sua homogeneidade e permitir seu
pronto ataque por reagentes.
Vários fatores podem provocar variações significativas na composição da
amostra como um resultado da trituração. O calor inevitavelmente gerado pode
provocar perda dos componentes voláteis. Além disso, a trituração aumenta a área
superficial do sólido e, portanto, aumenta a suscetibilidade de reações com a
atmosfera. Por exemplo, tem sido observado que a quantidade de ferro(II) de uma
rocha pode ser diminuída em até 40% durante a trituração – aparentemente como
resultado direto da oxidação do ferro para o estado 13.
Em geral, a quantidade de água de uma amostra pode ser alterada
substancialmente durante a trituração. Aumentos são observados como
consequencia da elevação da área superficial que acompanha a diminuição no
tamanho das partículas. O aumento da área superficial proporciona elevação na
quantidade de água adsorvida. Por exemplo, a quantidade de água de uma peça de
porcelana variou de 0 a 0,6% quando a peça foi triturada até formar um pó fino.
Em contraste, diminuições na quantidade de água de certos compostos
hidratados geralmente ocorrem durante a trituração, como resultado do aquecimento
localizado provocado pela fricção. Por exemplo, a quantidade de água do sulfato de
cálcio (CaSO4 · 2 H2O) diminuiu de cerca de 21% para 5% quando o composto foi
triturado para gerar um pó fino.
Diferenças na dureza do componente também podem introduzir erros durante
a moagem e trituração. Materiais mais macios são triturados mais rapidamente que
os mais duros e podem ser perdidos na forma de poeira à medida que a trituração
prossegue. Além disso, os fragmentos mais leves tendem a conter maior fração dos
componentes mais duros.
O peneiramento intermitente geralmente aumenta a eficiência da trituração. O
peneiramento envolve a agitação do material triturado em uma peneira de arame ou
de tecido que permitirá a passagem das partículas de um tamanho desejado. Então,
as partículas remanescentes são novamente trituradas; a operação é repetida até
que toda a amostra passe através da peneira. O material mais duro, que
normalmente difere em composição da maior parte da amostra, é o último a ser
reduzido em tamanho e, assim é o último a passar pela peneira. Portanto, a
trituração deve ser mantida até que todas as partículas passem pela peneira, caso o
esperado seja que toda a amostra peneirada tenha a mesma composição que tinha
antes de ser triturada.
Um grave erro por contaminação pode surgir durante a trituração e moagem
em razão do desgaste mecânico e abrasão das superfícies de trituração. Embora
essas superfícies sejam fabricadas de aço endurecido, ágata ou carbeto de boro, a
contaminação da amostra ocasionalmente ocorre. O problema é particularmente
sério nas análises envolvendo constituintes minoritários.
Ferramentas para Redução de Tamanho
Várias ferramentas diferentes podem ser usadas para reduzir o tamanho de
partículas de sólidos, incluindo o triturador tipo alicate e pulverizadores de disco para
amostras grandes contendo grandes agregados, moinhos de bolas para amostras e
partículas de tamanho médio e vários tipos de almofarizes para pequenas
quantidades de material.
O moinho de bolas é um dispositivo útil para a trituração de sólidos que não
são muito duros. Ele consiste em um tambor de porcelana com capacidade de cerca
de dois litros que pode ser fechado e girado mecanicamente. O contêiner é
carregado com aproximadamente a mesma quantidade de amostra e de bolas de
porcelana com diâmetros de 20 a 50 mm. A moagem e trituração ocorrem à medida
que as bolas se movimentam com a rotação do tambor. Um pó finamente triturado e
bem misturado pode ser produzido dessa forma.
Um misturador/moinho comercial de laboratório é mostrado na Figura 36-1com
vários frascos de mistura de aço inoxidável. A unidade tem um movimento ao longo
de três eixos para uma trituração vigorosa da amostra. Dois ou três recipientes
podem ser acomodados simultaneamente. O almofariz de diamante de Plattner,
mostrado na Figura 36-2, é usado para moer materiais duros e quebradiços. É
construído de aço endurecido e consiste em uma base, um colar removível e um
pistilo. A amostra é colocada na base dentro do colar. O pistilo é então encaixado no
lugar e vários golpes são disparados com um martelo, consequentemente reduzindo
o sólido a um pó fino que é coletado em papel laminado depois que o aparelho é
desmontado.
A - Secagem
O primeiro passo na preparação física das amostras sólidas consiste na sua
secagem.
Os objectivos da secagem são:
1. facilitar o transporte e armanezamento das amostras; as amostras
úmidas podem provocar a deterioração e corrosão dos recipientes onde são
guardadas (sacos de plástico, de papel, etc), com consequente perda de material e
possível contaminação.
2. facilitar operações posteriores (ex: a homogeneização e cominuição
de amostras húmidas pode levar à perda das fracções mais finas, reduzindo a
eficácia destes processos e obtendo-se no final uma amostra que não é
representativa da totalidade do material amostrado).
As amostras de solos devem ser secas, de preferência, no campo, antes de
serem empacotadas. Quando não é possível secar as amostras no campo, estas
devem ser guardadas em sacos de plástico, bem fechados e secas imediatamente
após a sua chegada ao laboratório.
A secagem das amostras pode ser efectuada ao sol ou em estufas ventiladas
(de preferência por aspiração). A temperatura de secagem não deve ultrapassar os
50-60C (geralmente ronda os 35-40C), pois a temperatura mais elevada pode dar-
se a perda de constituintes voláteis, como por exemplo, o mercúrio, ou certos
constituintes orgânicos. Repare-se, no entanto, que as amostras secas ao ar ou a
baixas temperaturas contêm ainda certa percentagem de água (humidade), que
tenderá a equilibrar-se com a humidade do ar, variando, portanto de dia para dia.
Estas variações, contudo, não são muito elevadas.
Dado que os resultados analíticos se expressam geralmente em relação ao
peso da amostra completamente seca (sem umidade), convém determinar o teor
médio de umidade nas amostras secas ao ar ou a baixa temperatura.
B – Homogeneização
As amostras se solo colhidas no campo têm um peso variável, que pode ir até
aos 2-3 kg ou mais. A partir de cada amostra é necessário obter uma pequena
porção de algumas gramas, para ser caracterizada (amostra laboratorial). A
pequena porção que é necessária para análise deve ser representativa da amostra
total colhida no campo, tal como esta última deve ser representativa do local de
amostragem.
A representatividade da amostra laboratorial em relação à amostra colhida no
campo depende da preparação física a que as amostras são submetidas e
nomeadamente da operação de homogeneização e quartilha.
A operação de homogeneização ou de mistura deve ser realizada após cada
etapa de peneiramento ou cominuição.
A homogeneização das amostras pode ser feita manualmente ou em
misturadores mecânicos. Para se misturar a amostra manualmente, coloca-se, por
exemplo, um frasco de vidro bem fechado (o frasco deve estar apenas meio cheio) e
faz-se rodar o frasco em várias direcções.
A amostra pode ainda ser misturada em cima de um papel limpo, fazendo as
partículas deslocarem-se de um lado para o outro, quando se levantam
sucessivamente os vários cantos do papel. A utilização de misturadores mecânicos
permite obter uma homogeneização mais eficaz.
C - Quartilha
Quartilha é processo de redução da amostra a pequenas porções
representativas da amostra inicial. Esta operação pode ser manual ou mecânica.
A forma manual, mais generalizada, de quartear uma amostra consiste no
seguinte:
- coloca-se a amostra em cima de um papel perfeitamente limpo, de modo que as
partículas se disponham sob a forma de um cone;
- com a ajuda de uma espátula e fazendo pressão no vêrtice do cone, tenta-se
obter um cone truncado;
- divide-se o cone truncado em partes iguais (geralmente 4, 8 ou outro número
par);
- retira-se metade das partes obtidas (uma sim, uma não), misturam-se e
recomeça-se o processo até se reduzir a amostra ao peso desejado.
Este método pode dar origem a erros consideráveis, sobretudo se a amostra
é constituída por partículas de densidades muito diferentes. De facto as partículas
mais densas tendem a rolar para a base do cone, não se distribuindo igualmente.
Note-se que antes de se proceder ao quarteamento as amostras devem ser
convenientemente homogeneizadas.
Mistura de Amostras Sólidas
É essencial que os materiais sólidos sejam totalmente misturados para garantir a
distribuição aleatória dos componentes nas amostras analíticas. Um método comum
de misturar materiais na forma de pós envolve tombar a amostra sobre um pedaço
de papel laminado. Uma quantidade da substância é colocada no centro do pedaço
de papel e é misturada levantando-se um dos cantos do papel até que as partículas
da amostra deslizem para o canto oposto. Essa operação é repetida várias vezes,
com os quatro cantos do papel sendo levantados alternadamente.
A mistura eficiente de sólidos também é realizada girando-se a amostra por
algum tempo em um moinho de bolas ou em um misturador V de compartimentos
gêmeos. Este último consiste em dois cilindros conectados que formam um
contêiner de amostra em forma de V. À medida que o misturador gira, a amostra é
dividida e recombinada após cada rotação completa, resultando em uma mistura
bastante eficiente.
Vale a pena observar que com o repouso prolongado, os materiais homogêneos
finamente triturados podem se segregar com base no tamanho e na densidade de
partícula. Por exemplo, análises das camadas de um conjunto de amostras
desconhecidas que não foram utilizadas por vários anos revelaram uma variação
regular na concentração do analito, do topo para a base do contêiner.
Aparentemente, a segregação ocorreu como consequência de vibrações e das
diferenças nas densidades dos componentes da amostra.
UMIDADE EM AMOSTRAS
Amostras de sólidos de laboratório geralmente contêm água que está em
equilíbrio com a atmosfera. Como consequência, a menos que sejam tomados
cuidados especiais, a composição da amostra depende da umidade relativa e da
temperatura ambiente no momento de realização da análise. Para lidar com esta
variabilidade, é prática comum remover a umidade de partículas sólidas antes de
pesar ou, se esta remoção não é possível, fazer com que o teor de água esteja em
nível reprodutível que possa ser duplicado mais tarde se necessário.
Tradicionalmente, a secagem era realizada pelo aquecimento da amostra em uma
estufa convencional ou a vácuo, ou ainda pela sua estocagem em um dessecador,
sob umidade fixa. Os processos de secagem eram realizados até que o material
atingisse uma massa constante. Esses tratamentos eram demorados, requerendo
normalmente várias horas ou mesmo vários dias. Para acelerar a secagem de
amostras, fornos micro-ondas ou lâmpadas de infravermelho são empregados
atualmente na preparação de amostras.1 Hoje, diversas companhias oferecem
equipamentos para esse tipo de tratamento de amostras (veja a Seção 36C).
Uma alternativa para a secagem de amostras antes de começar uma análise
envolve a determinação do teor de água no momento em que as amostras são
pesadas para análise de tal forma que os resultados possam ser corrigidos em
relação a uma base seca. Em qualquer um dos casos, muitas análises são
precedidas por algum tipo de tratamento preliminar para se considerar a presença
de água.
Formas de Água em Sólidos
A água pode ou não ser essencial nos sólidos.
Água Essencial
A água essencial forma uma parte integral da estrutura cristalina ou molecular
de um composto em seu estado sólido. Portanto, a água de cristalização em um
sólido hidratado estável (por exemplo, CaC2O4 · 2 H2O e BaCl2 · 2 H2O, se caracteriza
como um tipo de água essencial.
A água de constituição é um segundo tipo de água essencial e é encontrada
em compostos que geram quantidades estequiométricas de água quando aquecidos
ou decompostos. Exemplos desse tipo de água são encontrados no
hidrogenossulfato de potássio e hidróxido de cálcio, os quais, ao serem aquecidos,
chegam a um equilíbrio com a umidade presente na atmosfera, conforme mostram
as reações:
2 KHSO4(s) ⇌ K2S2O7 (s) + 1 H2O (g)
Ca(OH)2(s) ⇌ CaO (s) + 1 H2O (g)
Água Não Essencial
A água não essencial é retida pelo sólido como consequência de forças físicas.
Não é necessária na caracterização dos constituintes químicos da amostra e,
portanto, não ocorre em qualquer tipo de proporção estequiométrica.
A água adsorvida é um tipo de água não essencial retida na superfície de
sólidos. A quantidade de água adsorvida depende da umidade, temperatura e área
superficial específica do sólido. A adsorção de água ocorre em alguma extensão em
todos os sólidos.
Um segundo tipo de água não essencial é chamado água sorvida e é
encontrado em muitas substâncias coloidais, como amido, proteínas, carvão,
zeólitas minerais e sílica gel. Em contraste à água adsorvida, a quantidade de água
sorvida é normalmente grande, chegando a corresponder a 20% ou mais da massa
total do sólido. Mesmo contendo essa quantidade de água, alguns sólidos podem
parecer perfeitamente secos. A água sorvida é mantida como uma fase condensada
nos interstícios ou capilares do sólido coloidal. A quantidade contida no sólido
depende bastante da temperatura e da umidade.
Um terceiro tipo de umidade não essencial é a água de oclusão, água líquida
aprisionada em bolsas microscópicas posicionadas irregularmente nos cristais
sólidos. Tais cavidades geralmente ocorrem em minerais e rochas (e em
precipitados gravimétricos).
Efeitos da Temperatura e Umidade no Teor de Água de Sólidos
Em geral, a concentração de água em um sólido tende a diminuir com o aumento
da temperatura e diminuição da umidade. A grandeza desses efeitos e a velocidade
na qual eles próprios se manifestam diferem consideravelmente de acordo com a
maneira em que a água é retida.
A umidade relativa é a razão entre a pressão de vapor da água na atmosfera e
sua pressão de vapor no ar saturado com umidade.
Compostos Contendo Água Essencial
A composição química de um composto contendo água essencial depende da
temperatura e da umidade relativa. Por exemplo, o cloreto de bário anidro tende a
absorver a umidade atmosférica para gerar um dos dois hidratos estáveis, conforme
a temperatura e umidade relativa.
BaCl2 (s) + H2O (g) ⇌ BaCl2 · H2O (s)
BaCl2 · H2O (s) + H2O (g) ⇌ BaCl2 · 2 H2O(s)
À temperatura ambiente e umidade relativa entre 25% e 90%, o BaCl 2 · 2 H2O é a
espécie estável. Como a umidade relativa na maioria dos laboratórios encontra-se
entre esses limites, a quantidade de água essencial de di-hidratos é, em geral,
independente das condições atmosféricas. A exposição tanto do BaCl2 como do
BaCl2 · H2O a essas condições provoca alterações na composição que levam, em
última instância, à formação do di-hidrato. Em um dia muito seco (umidade
relativa ,25%), entretanto, a situação se altera; o di-hidrato torna-se instável em
relação à atmosfera e a molécula de água é perdida para formar a nova espécie
estável BaCl2 · H2O. Em umidades relativas menores que cerca de 8%, ambos os
hidratos perdem água e o composto anidro torna-se a espécie estável.
Consequentemente, podemos ver que a composição de uma amostra contendo
água essencial depende enormemente da umidade relativa do seu ambiente.
Vários compostos hidratados podem ser convertidos à sua forma anidra pela
secagem em estufa entre 100°C e 120°C por uma ou duas horas. Esse tratamento
geralmente precede uma análise de amostras contendo compostos hidratados.
Compostos Contendo Água Adsorvida
A Figura 36-3 mostra uma isoterma de adsorção, na qual a massa de água
adsorvida em um sólido típico é mostrada em um gráfico contra a pressão parcial da
água na atmosfera vizinha. O diagrama indica que a extensão da adsorção é
particularmente sensível a variações na pressão de vapor da água em baixas
pressões parciais.
A quantidade de água adsorvida em um sólido diminui com o aumento da
temperatura do sólido e geralmente se aproxima de zero quando o sólido é aquecido
acima de 100°C. A adsorção ou dessorção de umidade, em geral, ocorre
rapidamente, com o equilíbrio sendo atingido após 5 ou 10 min. A velocidade do
processo é frequentemente observável durante a pesagem de sólidos anidros
finamente divididos, quando um aumento contínuo da massa ocorrerá, a menos que
o sólido seja mantido em um frasco muito bem tampado.
Compostos Contendo Água Absorvida
A quantidade de umidade absorvida por um sólido coloidal varia muito com as
condições atmosféricas, como mostra a Figura 36-4. Em contraste ao
comportamento da água adsorvida, entretanto, o processo de absorção pode
requerer dias, ou mesmo semanas, para atingir o equilíbrio, particularmente à
temperatura ambiente. Além disso, as quantidades de água retidas pelos dois
processos são normalmente muito diferentes entre si. Tipicamente, as quantidades
de umidade adsorvidas são da ordem de alguns décimos de porcentagem da massa
do sólido, enquanto a água absorvida pode atingir valores entre 10% e 20%.
A quantidade de água absorvida em um sólido também decresce à medida que o
sólido é aquecido. No entanto, a remoção completa desse tipo de umidade a 100°C
nunca é completamente certa, como indicado pelas curvas de secagem de um
composto orgânico ilustradas na Figura 36-4. Após esse material secar por cerca de
70 minutos a 105°C, sua massa torna-se aparentemente constante. Note, contudo,
que mais umidade foi removida pelo aumento adicional da temperatura. Mesmo a
230°C, a desidratação provavelmente não foi completa. Analisadores comerciais de
vapor absorvido podem automatizar a obtenção das isotermas de absorção e
dessorção de umidade.
Compostos Contendo Água de Oclusão
A água de oclusão não está mais em equilíbrio com a atmosfera e, portanto, é
insensível a variações na umidade. O aquecimento de um sólido contendo água de
oclusão pode provocar a difusão gradual da umidade para a superfície, onde ela se
evapora. Frequentemente, o aquecimento é acompanhado pela crepitação, na qual
os cristais do sólido são repentinamente fragmentados pela pressão criada pela
vaporização da umidade contida nas suas cavidades internas.
Secagem da Amostra Analítica
A maneira como lidamos com a umidade presente em amostras sólidas depende
da informação desejada. Quando a composição do material necessária for aquela na
forma em que ele foi recebido, a principal preocupação é que a umidade contida
nele não seja alterada como conseqüência da trituração, ou outro tratamento
preliminar, e armazenamento. Se essas alterações forem inevitáveis ou prováveis,
normalmente será vantajoso determinar a massa perdida durante a secagem por
algum procedimento reprodutível (digamos, aquecimento a 105°C até massa
constante) imediatamente após a amostra ter sido recebida. Então, quando chegar o
momento de realizar a análise, a amostra é novamente seca a essa temperatura,
assim os dados podem ser corrigidos em função da condição inicial.
De fato, observamos que a quantidade de umidade de algumas substâncias é
consideravelmente alterada por variações na umidade e temperatura. Materiais
coloidais contendo grandes quantidades de umidade absorvida são particularmente
suscetíveis aos efeitos dessas variáveis. Por exemplo, a quantidade de umidade de
um amido de batata tem sido determinada na faixa entre 10% e 21%, como
consequência de um aumento na umidade relativa de 20% para 70%. Com
substâncias desse tipo, a comparação de dados analíticos de um laboratório para
outro, ou até mesmo dentro do próprio laboratório, só pode ser realizada
especificando-se cuidadosamente um procedimento para se levar o teor de umidade
em consideração. Por exemplo, amostras são frequentemente secas até massa
constante a 105°C ou sob alguma outra temperatura especificada. Então são
realizadas análises e os resultados são relatados considerando-se a massa seca.
Apesar de esse procedimento não tornar o sólido completamente livre de água,
geralmente diminui os teores de umidade a um nível reprodutível.
DETERMINAÇÃO DE ÁGUA EM AMOSTRAS
Normalmente, a única forma segura de se obter um resultado em termos da
base seca consiste em determinar a umidade em um conjunto de amostras tomadas
ao mesmo tempo que as amostras a serem analisadas. Existem vários métodos de
determinação de água em amostras sólidas. O mais simples envolve a determinação
da perda de massa após a amostra ter sido aquecida entre 100°C e 110°C (ou
alguma outra temperatura especificada) até que a massa da amostra seca se torne
constante.
Infelizmente, esse procedimento simples não é específico para a água e grandes
erros sistemáticos positivos ocorrem em amostras que produzem produtos de
decomposição voláteis (outros além da água) quando elas são aquecidas. Esse
método também pode gerar erros negativos quando aplicado a amostras contendo
umidade absorvida (por exemplo, veja a Figura 36-4). Métodos de análise térmica
modernos, tais como a análise termogravimétrica, análise térmica diferencial e a
calorimetria diferencial de varredura, também são amplamente utilizados no estudo
da perda de água e várias reações de decomposição em amostras sólidas.
Vários métodos altamente seletivos têm sido desenvolvidos para a determinação
de água em amostras sólidas e líquidas. Um deles, o método de Karl Fischer, é
apresentado na Seção 20C-5. Vários outros são descritos em monografias
devotadas à determinação de água.
2.1) Dissolução (ou solubilização) em meio ácido ou alcalino
Dissolução é a transformação de uma amostra sólida em uma solução,
geralmente aquosa, envolvendo ou não uma reação química.
A dissolução, em água, de uma amostra de cloreto de sódio “não envolve”
uma reação química propriamente, pois a água tem apenas o papel de solvatar os
íons que constituem a amostra salina:
NaCl (s) Na+ (aq) + Cl- (aq) (exemplo 1)
H2O
Já no caso de uma amostra de carbonato de cálcio, a dissolução deve ser
feita em meio ácido e para que ocorra a dissolução da mesma, o sal deve reagir com
algum ácido para formar íons Ca2+ e CO2 (g):
CaCO3 (s) + 2 H+ Ca2+ + CO2 (g) + H2O (exemplo 2)
Assim, ao serem comparadas essas reações, nota-se que no exemplo 1 não
ocorre a formação de “novas” substâncias, pois os íons sódio e cloreto já estavam
presentes no sal de cloreto de sódio. Entretanto, no caso do exemplo 2 tem-se a
formação de gás carbônico, que é uma substância que não estava presente na
amostra original.
Nesse contexto, é normal que o preparo da amostra provoque alterações nas
amostras, podendo ser físicas ou físico-químicas. Consequentemente, um método
de preparo não pode decompor ou eliminar a espécie de interesse. Por outro lado,
modificações químicas podem ocorrer desde que essas não prejudiquem, de alguma
forma, a identificação do analito.
Além disso, após a dissolução da amostra com solventes ou reagentes, que
podem ser ácidos ou bases, a solução obtida geralmente é diluída em água ou em
um meio adequado para que a concentração do analito fique dentro da faixa de
trabalho ou, ainda, para minimizar efeitos de matriz. Assim, a diluição da amostra
não corresponde à etapa de dissolução. Por outro lado, algumas amostras
necessitam de simples diluição como forma de preparo. São exemplos desses
casos, dependendo da análise e da técnica a ser utilizada: amostras de água,
reagentes líquidos e algumas suspensões (bebidas e sangue).
Por outro lado, nos casos em que a técnica analítica permite um preparo mais
simples, ou o uso de suspensões, é importante que a amostra diluída se mantenha
estável e homogênea até o momento da análise.
Além disso, a dissolução das amostras se caracteriza por ser feita em
temperatura ambiente, diretamente em béqueres comuns ou, com o auxílio de
aquecimento, o qual tende a tornar mais rápido o processo de dissolução.
Em geral, reagentes ácidos são mais utilizados para a dissolução de uma
grande variedade de amostras; mas dependo do ácido, cuidados especiais devem
ser tomados, tanto em relação à segurança do analista quanto à garantia dos
resultados. Um exemplo importante é o caso do ácido fluorídrico (HF), que é
usado para dissolver materiais com sílica. Por esse motivo, no laboratório, esse
ácido não pode ser manipulado em recipientes de vidro, apenas nos de plástico, pois
podem reagir com os recipientes. Já em contato com a pele do analista, o ácido
fluorídrico pode não ser percebido imediatamente, somente algumas horas depois,
quando ele estiver reagindo com os ossos o que torna esse reagente bastante
perigoso.
2.2) Abertura (Decomposição por Via Seca)
Embora o termo “abertura” seja frequentemente usado para se referir aos
procedimentos de preparo de amostra que envolvem etapas de decomposição da
matriz original, formalmente o mesmo corresponde aos métodos de fusão e de
combustão.
A fusão é a decomposição de materiais inorgânicos que ocorre em elevadas
temperaturas, mas à pressão ambiente. Neste processo, a amostra é colocada em
um cadinho (geralmente de porcelana ou platina) e a “queima” é realizada na
presença de um fundente (hidróxidos de metais alcalinos, carbonatos e boratos)
normalmente em fornos muflas, que operam em temperaturas entre 400 e 500 ºC.
Ao final do processo, obtém-se como produtos óxidos e/ou carbonatos dos analitos,
que são solúveis em água ou soluções ácidas. A fusão é normalmente aplicada
quando se deseja determinar componentes majoritários da matriz e apresenta como
principais vantagens o fato de ser eficiente para o preparo de amostras geológicas
de difícil solubilização em ácidos e de ser aplicada para grandes quantidades de
amostra, que ao final do procedimento de fusão podem ser solubilizadas em
pequenos volumes de ácido (favorecendo a pré-concentração de analitos, quando
necessário). Entretanto, este processo demanda bastante tempo, que pode ser
muitas vezes maior que em outros métodos, requer a utilização do fundente, que
pode conter interferentes e comprometer a exatidão da análise e, além disso, não é
recomendado para elementos voláteis como As, Cd, Hg e Se.
A combustão é a decomposição de materiais orgânicos em que a “queima” da
amostra é realizada pelo oxigênio do ar, que atua como agente oxidante. Pode-se
ainda utilizar aditivos durante a “queima” para evitar a perda de espécies voláteis; a
adição de Mg(NO3)2, por exemplo, evita a volatilização de As, Hg e Pb. Este
processo pode ser realizado em fornos muflas, microondas ou ainda nos “antigos”
Frascos de Combustão de Oxigênio. Entretanto, em qualquer um dos casos, o
produto dessas “queimas” é um resíduo inorgânico denominado cinza, constituído de
óxidos, silicatos, fosfatos e/ou sulfatos dos analitos e que são solúveis em ácidos
diluídos.
Assim como a fusão, a combustão aplica-se a grandes quantidades de
amostra, as quais podem ser solubilizadas em pequenos volumes de ácido. Além
disso, a combustão geralmente não necessita de reagentes além do oxigênio do ar,
o que reduz contaminações. Entretanto, pode ocorrer perda de amostra como um
“aerossol sólido” dependendo de como o processo é realizado. Também vale
ressaltar que a exatidão também pode ser comprometida quando a combustão é
realizada em cadinhos que podem conter contaminantes em sua constituição, além
de que também não é recomendada para elementos voláteis.
No caso de analitos voláteis, as digestões assistidas por microondas tornam-
se uma alternativa viável e adequada, visto que todo o processo pode ser realizado
em frascos fechados e que são “aquecidos” por radiação microondas. Este tipo de
digestão será discutido no item seguinte, mas é oportuno comentar que nesses
casos, um aspecto importante a ser observado é o tempo de abertura dos frascos
(ou vasos), após o término da digestão. Geralmente, os vasos são abertos depois
que a temperatura do digerido volta a um valor próximo à temperatura ambiente,
mas isso pode não ser suficiente devido ao equilíbrio envolvido entre os gases ou
vapores do analito com a fase líquida para os diferentes analitos. Então, havendo
evidências de “perdas” de analitos “durante” a digestão, o analista deve avaliar o
tempo de espera e a temperatura para abertura dos vasos, o qual vai depender da
amostra e dos analitos de interesse.
2.3) Digestão (Decomposição por Via Úmida)
A decomposição das amostras por via úmida é denominada digestão e muitas
vezes chamada de decomposição oxidativa. A digestão consiste na decomposição
de compostos orgânicos e inorgânicos em seus elementos constituintes empregando
ácidos minerais e aquecimento.
Os ácidos minerais atuam na decomposição da fração orgânica da matriz da
amostra e apresentam poder de oxidação de moderado a forte, dependendo do
ácido; por isso, algumas digestões podem ser chamadas de “decomposição
oxidativa”.
Um exemplo importante de ácido oxidante é o ácido perclórico (HClO4), que
reage violentamente com material orgânico devido ao seu elevado poder de
oxidação. Assim, o HclO4 pode ser usado juntamente com outros ácidos, como o
ácido nítrico (HNO3), a fim de se evitar a formação de percloratos instáveis
(responsáveis pelas explosões). O ácido sulfúrico (H2SO4) também apresenta
elevado poder oxidante, mas a cinética da reação com a amostra é lenta, logo é
normalmente utilizado com outros ácidos a fim de que o processo como um todo
possa ser otimizado (acelerado). O ácido fluorídrico (HF) promove principalmente a
dissolução de materiais com sílica e aços, todavia é preciso muita cautela em sua
utilização visto que causa queimaduras graves que não são facilmente percebidas.
Como já mencionado, isto favorece que o ácido penetre pela pele e chegue aos
ossos, causando muita dor e até mesmo a morte. O ácido nítrico (HNO3) é o ácido
mineral oxidante mais utilizado, pois suas soluções podem ser facilmente
encontradas com elevada pureza e, os seus produtos de reação são geralmente
nitratos metálicos, em sua maioria solúveis em meio aquoso. Seu poder oxidante é
moderado e este ácido pode ser usado em temperaturas elevadas (quando sob
refluxo ou sistema fechado). A reação genérica entre este ácido e a matéria orgânica
é apresentada abaixo:
(CH2) n + HNO3 + calor CO2 (g) + 2 NO (g) + 2 H2O
Considerando-se essas informações, pode-se utilizar diferentes ácidos,
isoladamente, ou, uma mistura deles, o que é uma prática bastante comum. Alguns
exemplos corriqueiros de combinação de ácidos são as misturas HNO3 / H2SO4 e
HNO3 / HCl. A adição de H2SO4 melhora a eficiência do ácido nítrico em vaso aberto
por possibilitar o uso de temperaturas mais altas, uma vez que o PE do H2SO4 é
maior que o do HNO3. Já a adição de HCl melhora a eficiência da digestão quando a
amostra contém compostos inorgânicos ou constitui uma substância inorgânica
(minerais e ligas metálicas, por exemplo). Outra mistura bastante empregada é
HNO3 e H2O2 devido ao caráter oxidante do peróxido de hidrogênio. Além do
aumento da eficiência da digestão, a grande vantagem desta mistura é que a água é
um produto da decomposição, o que facilita o descarte dos resíduos.
Quanto à reação de decomposição, esta pode ser realizada tanto em frascos
abertos como em frascos fechados. Quando realizada em frascos abertos, além
dos ácidos as digestões necessitam do emprego de banhos termostatizados (com
ou sem agitação), chapas de aquecimento e blocos digestores. As principais
vantagens da digestão em frasco aberto são a aplicação a todos os tipos de
amostras, exceto aquelas que contêm compostos refratários, e a flexibilidade quanto
à massa da amostra a ser utilizada. Entretanto, este procedimento exige supervisão
constante do analista, consome grandes quantidades de reagentes (o que favorece
a pré-concentração de impurezas), requer tempo elevado e favorece a perda de
analitos voláteis. Além disso, o teor de carbono residual pode variar bastante,
dependendo do tipo de ácido empregado e do tipo de amostra. Já a digestão em
frasco fechado é realizada em Bombas de Alta Pressão empregando, geralmente,
equipamentos que utilizam energia Microondas (MW) como fonte de calor. As
principais características deste procedimento são a aplicação a todos os tipos de
amostras, incluindo aquelas que possuem compostos refratários, apresenta elevada
frequência analítica (com tempo menor que 3h), é adequada à análise de traços
devido ao pequeno consumo de reagentes (reduzindo contaminações), além das
perdas de analitos voláteis que é geralmente desprezível. Porém, este tipo de
digestão permite apenas a utilização de massas de amostras normalmente
pequenas, de até 500 mg, visto que todo o processo ocorre dentro de um frasco
fechado, no qual podem se formar altas pressões resultante do aquecimento e da
decomposição dos materiais.
As Bombas de Alta Pressão podem ser de teflon® (politetrafluoretileno, PTFE)
ou quartzo e a escolha do material pode ser feita de acordo com as características
da amostra. Os frascos contendo a amostra podem ser colocados no rotor de um
MW para digestão ou, em um cilindro de aço que seja aquecido em chapa ou em
estufa termostatizada. Embora estes sistemas possuam válvulas de alívio de
pressão, amostras gordurosas, que liberam grande quantidade de gases, devem ser
digeridas com atenção e cuidado. Normalmente, a massa de amostra deve ser
equivalente a 100 mg de carbono e utiliza-se cerca de 2,0 mL de HNO3, com tempo
de digestão de aproximadamente 3 h. Os frascos de teflon® operam em pressões de
até 80 bar enquanto os frascos de quartzo operam em pressões mais elevadas, de
até 100 bar, sendo por isto denominados frascos do tipo HPA (do inglês High
Pressure Asher). Estes são adequados inclusive para a preparação de amostras
com analitos voláteis (como As, Cd, Hg, P, S, e Se) e podem ser aquecidos por meio
de radiação microondas.
Quanto às micro-ondas, estas não são radiações ionizantes e a sua energia
é menor que aquela necessária para quebrar as ligações das moléculas orgânicas
mais comuns, sendo suficientes apenas para alterar a frequência das rotações
moleculares. Mesmo assim, o aquecimento que proporcionam à mistura da amostra,
com os ácidos reagentes, associado à alta pressão (que se forma no frasco
fechado), levam a decomposições muito eficientes. Por outro lado, para que o
resultado da digestão seja mesmo adequado, uma série de conhecimentos e
cuidados devem ser levados em consideração. Sabe-se que os diferentes materiais
podem refletir, absorver ou não absorver as microondas. E os líquidos geralmente
absorvem a energia das microondas modificando a rotação de dipolo e a condução
iônica das suas moléculas constituintes. A absorção das microondas depende do
fator de dissipação (, que está relacionado com a habilidade do material (mistura
reagente, por exemplo) em absorver a energia eletromagnética das microondas
convertendo-a em calor:
onde é a perda dielétrica (eficiência da conversão da energia das microondas
em calor) e ε é a constante dielétrica (capacidade da molécula ser polarizada).
Portanto, quanto maior tan, maior a taxa de conversão da energia das micro-ondas
em calor e mais adequado é o meio para se realizar uma digestão assistida por
micro-ondas.
Os equipamentos de digestão de amostras assistida por microondas utilizam
programas de aquecimento que monitoram temperatura e/ou potência em função do
tempo. Além disso, existem dois tipos de sistemas que utilizam microondas, os não
focalizados “cavity-type” e os focalizados “waveguide-type”.
Nos sistemas não focalizados todos os frascos estão sujeitos ao mesmo
programa de aquecimento, através da rotação dos frascos colocados em um rotor,
adequado para cada tipo de amostra e realizado em etapas: 1 - Aquecimento
Brando com uma rampa lenta, 2 - Aquecimento à temperatura elevada por um tempo
determinado e 3 - Resfriamento que pode ser realizado dentro ou fora do MW até o
digerido atingir a temperatura ambiente.
Nessas digestões a massa de amostra utilizada é menor, comparativamente
aos sistemas focalizados e, limitada a 500 mg. Além disso, normalmente o tempo de
digestão é menor que 1 hora. Os reagentes normalmente utilizados são HCl, HNO3 e
H2O2, diluídos ou em misturas com proporções diferentes e que variam com o tipo de
amostra. As principais vantagens deste tipo de sistema consistem na redução de
custos, devido à redução do consumo de ácidos ultrapuros (que são caros),
minimização de impactos ambientais e de perdas por volatilização, redução nas
contaminações e erros sistemáticos, além de ser compatível com análises que
exigem baixos limites de detecção. Em adição, o uso de temperaturas elevadas (e
associadas à pressão) permite obter decomposições satisfatórias usando, muitas
vezes, apenas HNO3; e isso tende a reduzir os gastos com a preparação das
amostras. Entretanto, os microondas para digestão de amostras apresentam um
custo bastante elevado e a frequência analítica é relativamente baixa quando
comparada a do bloco digestor, onde é possível digerir um número maior de
amostras por vez.
Em adição, para que o preparo da amostra seja realmente eficiente e
repetitível, não é aconselhável escrever nos frascos (como forma de identificação),
nem nas “camisas” de proteção dos frascos – quando houver (isso depende da
marca). A tinta das canetas pode absorver parte da radiação microondas e, por isso,
o aquecimento de replicatas, em frascos diferentes, torna-se desigual e, com isso, a
precisão da análise diminui.
Em relação aos sistemas focalizados, cada frasco é submetido a um
programa de aquecimento facilitando a digestão de mais de um tipo de amostra
simultaneamente. No outro sistema, geralmente não se misturam amostras de tipos
diferentes na mesma digestão. Outra característica é que a massa de amostra
utilizada pode ser de até 10 g e como se trabalha em sistema aberto, é possível
realizar a adição automática de ácidos e/ou solventes orgânicos ao longo do
processo. As principais vantagens deste sistema em relação à chapa de
aquecimento e ao bloco digestor é que este permite melhor controle da temperatura
e, consequentemente, da reação; além disso, os equipamentos possuem uma
espécie de sistema de refluxo adaptado aos frascos e que reduz tanto as
contaminações externas quanto as perdas por volatilização.
3) Considerações gerais e tendências na preparação de amostras
Apesar de convencionais e amplamente utilizados em rotinas, todos esses
procedimentos discutidos até então ainda são morosos e, muitas vezes, exaustivos,
visto que demandam tempo e atenção total do analista. Neste sentido, existe uma
busca por procedimentos de preparo que envolvam manipulação mínima da amostra
e menor tempo (ou menor supervisão), reduzindo também as perdas e
contaminações. Uma alternativa às mineralizações convencionais consiste na
extração e/ou solubilização da amostra em meio alcalino, por exemplo através da
utilização do Hidróxido de Tetrametilamônio (TMAH).
Este reagente, que apresenta fórmula molecular (CH3)4NOH, é comercializado na
forma de uma solução alcalina (pH 13,4-14,7) a 25 % m/v em água ou metanol. A
utilização deste reagente é reportada como alternativa principal às digestões ácidas
para o preparo de amostras proteicas, originalmente pouco solúveis em meio
aquoso. Existem estudos em que o TMAH foi aplicado para o preparo de amostras
biológicas tais como cabelo, unhas, sangue e tecidos proteicos (músculo e vísceras).
Estes trabalhos demonstraram que o emprego da solubilização alcalina com TMAH
promove uma redução do tempo do preparo relativo à manipulação-supervisão do
processo, leva a obtenção de uma solução/suspensão de amostra estável em meio
aquoso, além de favorecer estudos de especiação, por não alterar o estado de
oxidação de espécies inorgânicas. Por outro lado, quando do uso de solubilizações
alcalinas as condições instrumentais de análise precisam ser muito bem otimizadas,
a fim de se garantir que a porção não decomposta da matriz não gere interferências,
as quais podem ser tanto positivas (produzindo um “aumento” da concentração real)
quanto negativas (gerando uma “diminuição” da concentração do(s) analito(s)).
Por fim, ainda não existe um método ou técnica universal para o preparo de
amostras, visto que todos os tipos de procedimentos apresentam vantagens e
desvantagens. Logo, a escolha da forma mais adequada será feita pelo balanço
entre as vantagens e as desvantagens, buscando-se a alternativa em que as
vantagens sejam mais “numerosas”. Vale ressaltar também que existem métodos
que não foram abordados neste texto (e que podem ser adequados para a sua
amostra). Um bom exemplo é o caso das combustões assistidas por radiação
micro-ondas. Este método associa a combustão com a digestão em microondas, de
forma que todo o processo é realizado em um digestor de microondas, empregando
frascos para microondas adaptados para este fim. Esta associação tem se mostrado
bastante eficiente quando se deseja utilizar quantidades maiores de amostra e uso
de poucas quantidades de reagentes. Bons resultados também têm sido
demostrados para a determinação de elementos halogênios em amostras de difícil
mineralização. Por outro lado, ainda são poucos os equipamentos comerciais
disponíveis para este tipo de digestão, o que limita um pouco a sua utilização em
rotinas.
5 CONCLUSÃO
Portanto, ao final do experimento verifica-se a solubilidade e a polaridade
dassubstâncias. Pode-se distinguir a polaridade da água, do NaCl, do iodo, do
hexano, do etanol, do clorofórmio e da água destilada. O experimento também
comprovou que o etanol é bipolar, ou seja, ele foi solúvel na água, como também
pode dissolver o hexano. Assim, as substâncias que exibem forças de
atraçõesintermoleculares semelhantes tendem a ser solúveis umas nas outras, ou
seja,semelhantes dissolvem semelhantes.
6 REFERÊNCIAS
- Araújo, J. M. A. Química de Alimentos: Teoria e Prática. 5 ed. UFV: Viçosa/MG.
2011.
MAISTRO, L.C. Alface minimamente processada: uma revisão. Revista de Nutrição. Campinas ,
vol. 14, n 03: 219-224, set/dez. 2001