ameloblastoma mandibular multilocular,...

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Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de novembro de 2014. ISSN 2359-084X. AMELOBLASTOMA MANDIBULAR MULTILOCULAR, RESSECÇÃO E RECONSTRUÇÃO COM PRÓTESE CUSTOMIZADA: RELATO DE CASO Mauro de Amorim Acatauassú Nunes 1 ; KléiaPêgo Freitas 2 ; Gustavo Peres Rodovalho 2 ; Wagner Almeida de Andrade 3 ; Luiza Novelino Acatauassu Ismael 4 1 Doutor em Ciências Odontológicas; 2 Especialista em CTBMF; 3 Mestre em Clinica Odontológica; 4 Mestre em Odontologia [email protected] Universidade Federal do Pará (UFPA) Introdução: Considerado uma neoplasia odontogênica benigna, o Ameloblastoma é um tumor raro de origem epitelial, que apresenta tumefação assintomática, podendo ocasionar fenestração óssea, reabsorção de raízes e deslocamento dos dentes adjacentes a lesão, na qual se denomina localmente agressiva e invasiva 1.2 . Representando 1% dos tumores e cistos orais, o ameloblastoma é classificado em unicístico, multicístico e periférico. Seu crescimento é lento e possui alto potencial de recidiva, sendo o multicístico mais recorrente em pacientes adultos jovens sem predileção por sexo. O ameloblastoma mandibular, em regiões de molares e ramo, representa 80% dos casos, já no maxilar, cavidade nasal e seio maxilar sua freqüência é de 20% dos casos 2.3 . Radiograficamente apresenta-se como uma lesão radiolúcida uni ou multilocular, de bordas definidas e, na maioria dos casos, associada a dentes incluso. O diagnóstico definitivo é feito por meio de exame histopatológico após biópsia incisional, apesar de alguns estudos já demonstrarem que a tomografia computadorizada e a radiografia panorâmica apresentam características peculiares capazes de reduzir as possibilidades de diagnósticos diferenciais 4. Seu tratamento será definido a partir do seu diâmetro, conservador ou radical, sendo que em lesões de menores proporções somente a curetagem se faz necessário. Alguns autores defendem que a reconstrução logo após a ressecção é capaz de restabelecer as características anatômicas e funcionais do defeito, permitindo que a área reconstruída seja reparada em um único procedimento cirúrgico, sem distorções, desvios, atrofias e formação de cicatrizes inerentes a cirurgias secundárias, tornando essa técnica muito mais confiável. Em razão de seu comportamento clínico, o Ameloblastoma vem despertando interesse de pesquisadores e profissionais da área da saúde. Desta forma, um Ameloblastoma Mandibular tratado a partir de uma ressecção óssea radical, de ramo ascendente a ramo ascendente da mandíbula com reconstrução imediata utilizando uma prótese planejada sobre um protótipo fiel da face, guiando a confecção nas proporções ideais para a peça, com certeza devolverá a função do sistema estomatognático e a estética do paciente. Objetivos: Este artigo visa relatar o caso de um Ameloblastoma mandibular multilocular tratado a partir de uma ressecção óssea bilateral de ramo ascendente direito à ramo ascendente esquerdo da mandíbula e reconstrução imediata com uma prótese baseada em um protótipo fiel da face da paciente, guiando a confecção nas proporções ideais para peça, com o objetivo de devolver sua função do sistema estomatognático e estética. Relato do Caso: Paciente V.S.S. do sexo feminino, 29 anos de idade,queixou- se de um aumento de volume indolor na região anterior da mandíbula. Ao exame clínico, foi observado uma tumefação considerável na região,hiperemia ativa localizada e edema gengival, mobilidade dentária, assimetria facial e alteração na oclusão. Realizada punção aspirativa da lesão, notando-se um conteúdo líquido de cor amarelo citrino. A tomografia computadorizada, constatou lesão multilocular de proporções 4.8 x 3.7 x 4.0 cm nos eixos laterais. O exame histopatológico revelou ser compatível com Ameloblastoma Multilocular. Foi feita a prototipagem e confecção da prótese customizada, que teve sua forma modificada especificamente para este caso.

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Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de

novembro de 2014. ISSN 2359-084X.

AMELOBLASTOMA MANDIBULAR MULTILOCULAR, RESSECÇÃO E

RECONSTRUÇÃO COM PRÓTESE CUSTOMIZADA: RELATO DE CASO

Mauro de Amorim Acatauassú Nunes1; KléiaPêgo Freitas

2; Gustavo Peres Rodovalho

2;

Wagner Almeida de Andrade3; Luiza Novelino Acatauassu Ismael

4

1Doutor em Ciências Odontológicas;

2Especialista em CTBMF;

3Mestre em Clinica

Odontológica; 4Mestre em Odontologia

[email protected]

Universidade Federal do Pará (UFPA)

Introdução: Considerado uma neoplasia odontogênica benigna, o Ameloblastoma é um

tumor raro de origem epitelial, que apresenta tumefação assintomática, podendo

ocasionar fenestração óssea, reabsorção de raízes e deslocamento dos dentes adjacentes

a lesão, na qual se denomina localmente agressiva e invasiva1.2

. Representando 1% dos

tumores e cistos orais, o ameloblastoma é classificado em unicístico, multicístico e

periférico. Seu crescimento é lento e possui alto potencial de recidiva, sendo o

multicístico mais recorrente em pacientes adultos jovens sem predileção por sexo. O

ameloblastoma mandibular, em regiões de molares e ramo, representa 80% dos casos, já

no maxilar, cavidade nasal e seio maxilar sua freqüência é de 20% dos casos2.3

.

Radiograficamente apresenta-se como uma lesão radiolúcida uni ou multilocular, de

bordas definidas e, na maioria dos casos, associada a dentes incluso. O diagnóstico

definitivo é feito por meio de exame histopatológico após biópsia incisional, apesar de

alguns estudos já demonstrarem que a tomografia computadorizada e a radiografia

panorâmica apresentam características peculiares capazes de reduzir as possibilidades

de diagnósticos diferenciais4.

Seu tratamento será definido a partir do seu diâmetro,

conservador ou radical, sendo que em lesões de menores proporções somente a

curetagem se faz necessário. Alguns autores defendem que a reconstrução logo após a

ressecção é capaz de restabelecer as características anatômicas e funcionais do defeito,

permitindo que a área reconstruída seja reparada em um único procedimento cirúrgico,

sem distorções, desvios, atrofias e formação de cicatrizes inerentes a cirurgias

secundárias, tornando essa técnica muito mais confiável. Em razão de seu

comportamento clínico, o Ameloblastoma vem despertando interesse de pesquisadores e

profissionais da área da saúde. Desta forma, um Ameloblastoma Mandibular tratado a

partir de uma ressecção óssea radical, de ramo ascendente a ramo ascendente da

mandíbula com reconstrução imediata utilizando uma prótese planejada sobre um

protótipo fiel da face, guiando a confecção nas proporções ideais para a peça, com

certeza devolverá a função do sistema estomatognático e a estética do paciente.

Objetivos: Este artigo visa relatar o caso de um Ameloblastoma mandibular

multilocular tratado a partir de uma ressecção óssea bilateral de ramo ascendente direito

à ramo ascendente esquerdo da mandíbula e reconstrução imediata com uma prótese

baseada em um protótipo fiel da face da paciente, guiando a confecção nas proporções

ideais para peça, com o objetivo de devolver sua função do sistema estomatognático e

estética. Relato do Caso: Paciente V.S.S. do sexo feminino, 29 anos de idade,queixou-

se de um aumento de volume indolor na região anterior da mandíbula. Ao exame

clínico, foi observado uma tumefação considerável na região,hiperemia ativa localizada

e edema gengival, mobilidade dentária, assimetria facial e alteração na oclusão.

Realizada punção aspirativa da lesão, notando-se um conteúdo líquido de cor amarelo

citrino. A tomografia computadorizada, constatou lesão multilocular de proporções 4.8

x 3.7 x 4.0 cm nos eixos laterais. O exame histopatológico revelou ser compatível com

Ameloblastoma Multilocular. Foi feita a prototipagem e confecção da prótese

customizada, que teve sua forma modificada especificamente para este caso.

Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de

novembro de 2014. ISSN 2359-084X.

Clinicamente, a lesão apresenta-se como uma massa de crescimento lento, dolorosa ou

não, com abaulamento da cortical dos ossos envolvidos devido seu poder de invasão3.

Manifestações comuns a esta patologia, como mobilidade dental, edema e hiperemia

ativa localizada são clássicas em Ameloblastomas, como no caso do presente estudo, o

qual a individua jamais relatou dor desde o início de seu desenvolvimento e manifestou

todos os sintomas descritos. Sá et. al. (2004) relata em seu estudo, manifestações

semelhantes, o qual ao exame intra-oral pode-se observar um aumento de volume do

corpo da mandíbula com expansão submucosa na região vestibular, desde o ramo

ascendente até a sínfise, e assim como neste estudo presente, notou-se mobilidade dental

e ausência de dor5. A paciente foi submetida à anestesia geral e realizada incisão

cervical bilateral. Divulsão criteriosa a fim de expor satisfatoriamente o tumor e evitar

danos anatômicos. A articulação temporo-mandibular foi desarticulada logo após a

ressecção óssea para que fosse possível a osteoplastia dos cotos mandibulares,

adaptação e fixação da prótese customizada com parafusos. Para a finalização do

procedimento foi dada a sequência na sutura por planos, intra e extraoral, destacando a

comunicação do fio por dentro dos orifícios da peça, para que o músculo fosse

estabilizado simulando sua inserção. Ao término da sutura, um curativo compressivo foi

colocado no local para promover a hemostasia e maior aproximação das bordas do

ferimento. Os cuidados gerais são primordiais para o sucesso de um procedimento,

mesmo sendo simples ou complexo como no caso descrito. Baseado nisso e nas

limitações pós-cirúrgicas, foi prescrita uma dieta hipercalórica via sonda nasogástrica e

demais medicamentos necessários para a manutenção da saúde geral da paciente.

Resultados: Somente nos três primeiros dias foi relatado pela paciente dor no local da

cirurgia, e a mesma obteve uma evolução positiva ao longo da primeira semana. O

edema local apresentou-se bem controlado com uma semana. Exercícios para a

promoção gradual da abertura bucal foram realizados diariamente. Na terceira semana, a

abertura bucal já estava moderadamente satisfatória, equivalente a dois dedos, sendo

assim, retirada a sutura externa, e em seguida a alta hospitalar. Retornos de rotina pós-

cirúrgicos foram estabelecidos para o controle da evolução da abertura bucal e

movimentos de lateralidade, assim como exames imaginológicos para observação da

prótese customizada implantada. Conclusão: Conclui-se que no presente estudo a

hemimandibulectomia associada a reabilitação com próteses customizadas foi a melhor

alternativa de tratamento para o Ameloblastoma por diminuir consideravelmente as

chances de recidiva da patologia e recuperar com mais eficácia a estética e função do

indivíduo.

Referências:

GREMPEL RG, GAIÃO L, SOUZA WD, SOBREIRA T. Tendências de abordagenscirúrgicas

no tratamento de ameloblastomas.RevBrasPatolOral 2003;2:13-7.

SÁ ACD, ZARDO M, JÚNIOR AJOP, SOUZA RP, NEME MP, SABEDOTTI I,

LOVATO AFG, COSTA KD, Rapoport A. Ameloblastoma: relato de dois

casos.RadiolBras2004;37(6):465-468.

MONTORO JRMC, TAVARES MG, MELO DH, FRANCO RL, MELO-FILHO FV,

XAVIER SP, TRIVELLATO AE, LUCAS AS. Ameloblastoma mandibulartratado por

ressecção óssea ereconstrução imediata. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. São

Paulo, 74 (1) Janeiro/Fevereiro 2008.

Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de

novembro de 2014. ISSN 2359-084X.

SANTOS LM, LIMA JRS, MORAIS IC. Ameloblastoma – revisão da literatura e relato

de caso. BCI -Revista Brasileira de Cirurgia e Implantodontia, Porto Alegre, v. 7, p. 18-

21, 2000.