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CON. ISNARD DA GAMA Amei,Senhor www.obrascatolicas.com

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Page 1: Amei,Senhor de Arte Sacra e... · Arte Sacra e Cristã. Nele encontrarão, por ... Capítulo X — A Arte Moderna..... 38 Capítulo XI — A Face de Deus na Arte Sacra 49 Capítulo

CON. ISNARD DA GAMA

Amei,Senhor

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Aos leitores, a minha pa­lavra de respeito e admira­ção.

Vem â publicidade ago­ra. o meu livro Ensaio de Arte Sacra e Cristã.

Nele encontrarão, por certo, não somente os prin ­cípios que determinam e re­gem a verdadeira arte sacra e também cristã, mas um pouco daquilo que penso e

.sinto sobre tão importante' matéria.

Tentei ao mesmo tempo unir a Liturgia à Arte Sacra, citando documentos atuali­zados, já que interessa viva­mente à igreja que a Arte Sacra não se distancie da Liturgia, mas que contribua para a vida espiritual do po­vo de Deus e seja sinal de fé para os nossos tempos.

Há. no fim. deste livro, qual apêndice, um pequeno histórico da Paróquia de S. Benedito em Juiz de Fora, homenagem sincera e mere­cida que presto aos meus queridos paroquianos nes­tes vinte anos de vivência entre eles.

Sou muito grato a todos pela leitura de meus livros já publicados, esperando mais uma vez merecer a confiança e atenção de to­dos neste novo livro sobre um tema tão atual.

LATINA LUDICRA OU

PASSATEMPOS LATINOS

Parece incrível, mas é verdade.

No fim de fevereiro, este novo livro do Côn. Isnard da Gama. contendo INSCRI­ÇÕES, CARTAS e DIÁLO­GOS LATINOS, assim como uma pequena biografia de D Augusto Alvaro da Silva, famoso Cardeal Arcebispo de Salvador. Estado da Ba­hia.

Os leitores que ignoram o LA1IM por favor, não seassustem porque, ao pé do texto latino terão o verná­culo ou português.

Quem sabe se tal traba­lho vai despertar novo inte­resse pela Lingua Latina? Quem sabe ;>e. entre semi­naristas. sobretudo, vai sur­gir algum grupo de jovens interessados buscando as­sim na LATINIDADE a base imprescindível da própria formação cultural?!

O LATIM continua sendo a lingua oficial da Igreja, a chave-mestra dos ESTU­DOS HUMANISTICOS.

CõnWs,<̂ Gwww.obrascatolicas.com

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CÔN. ISNARD DA GAMA

Ensaio de Arte Sacra e Cristã

Juiz de Fora, 1979

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Í N D I C E

Prefaciando — Padre Eduardo Benes Sales Rodrigues 7

Minha Apresentação — Côn. Isnard da G a m a 9

Capítulo I — Arte Primitiva ou C lássica ...................... 13

Capítulo II — Arte C reten se ........................................... 17

Capítulo III — A Arte Grega P rim itiva ...................... 19

Capítulo IV — A Arte Romana .................................... 22

Capítulo V — A Arte das C atacum bas.......................... 25

Capítulo VI — A Arte Rom ânica.................................... 27

Capítulo VII — A Arte Gótica ou O g iv a l...................... 29

Capítulo VIII — A Arte da Renascença........................ 32

Capítulo IX — A Arte B arroca ......................................... 34

Capítulo X — A Arte M oderna...................................... 38

Capítulo XI — A Face de Deus na Arte S a c r a 49

Capítulo XII — Arte Sacra e C r is tã ............................... 52

Capítulo XIII — Artífice e A rtista .................................. 54

Capítulo XIV — Igreja e Arte S a c r a ............................. 56

Capítulo XV — Arte Sacra e "Dandismo” ..................... 63

Capítulo XVI — Arte Sacra e Sofrim ento ................... 66

Capítulo XVII — O Belo em G estação .......................... 69

Capítulo XVIII — O Belo I d e a l ..................................... 71

Capítulo XIX — O Belo que é Verdade ..................... 77

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Capítulo XX — O Belo que é Testem unho................. 81

Capítulo XXI — O Belo que é Catequese...................... 83

Capítulo XXII — O Belo que é P asto ra l...................... 86

Capítulo XXIII — A Pastoral que é B e la ...................... 89

Capítulo XXIV — Arte Sacra e L itu rg ia ........................ 93

Capítulo XXV — Arte Sacra e M oderna...................... 96

Capítulo XXVI — Imagens e Arte S a c r a .................... 98

Capítulo XXVII — Arte Sacra e A lfa ia s ......................... 102

Capítulo XXVIII — Arte Sacra e Sim bolism o 106

Capítulo XXIX — Sugestões O portun as....................... 109

Capítulo XXX — Recordando um P o u c o ...................... 127

Capítulo XXXI — Vamos até S a lv a d o r? ...................... 129

Capítulo XXXII — Palavras de E stím u lo ...................... 133

Histórico da Paróquia de São B ened ito ........................... 137

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PREFACIANDO

Padre Eduardo Benes Sales Rodrigues

Esta não é apenas mais uma obra na já conhecida série de livros com que Côn. Isnard vem brindando seu público leitor.

Trata-se de uma obra especial, onde o autor, partilhando com seus leitores um pouco do seu vasto saber, coloca-os em contato, através da História, com uma das mais belas e eleva­das expressões do Homem : a arte.

Percorrendo, em uma visão relâmpago, mas em síntese brilhante e feliz, toda a história da arte, o autor vai pontilhan­do seu trabalho histórico com reflexões pessoais em que deixa transparecer toda a riqueza de sita formação cultural, plas­mada à luz da filosofia perene e no contato diuturno com as realidades da Fé.

O leitor atento e inteligente, como o são os leitores de Côn. Isnard, encontrará na presente obra, indicações precio­sas sobre filosofia da arte, cuja assimilação lhe permitirá dis­cernir o belo do feio na produção artística, dando-lhe condi­ções para uma judiciosa apreciação da obra de arte.

É de se ressaltar ainda a presença da razão teológica e da preocupação pastoral nas intenções e na realização de seu

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estudo. O livro do Côn. Isnard torna-se, assim, obra indispen­sável nas mãos de todos aqueles que, por missão, têm a respon­sabilidade de cuidar da beleza, da integridade e da dignidade do culto cristão.

A sólida formação teológica do autor e seu apurado gos­to litúrgico aliados a um profundo conhecimento de arte, fa­zem de sua obra uma admirável síntese, onde teologia, filo­sofia, liturgia e arte se integram, sem quebra da respectiva identidade, em uma unidade perfeita.

Quem conhece pessoalmente o Côn. Isnard, terá o pra­zer de verificar, através da leitura de sua obra, aquilo que já dissera Buffon: o estilo é o homem. A personalidade, de ma­tizes tão valiosos e variados de Côn. Isnard, se revela em cada página, em cada linha de seu livro.

Somos gratos ao Côn. Isnard pelo prazer e pela honra com que nos distinguiu, ao pedir-nos o prefácio para tão exce­lente produção de seu labor intelectual e apostólico.

Deixamos ao leitor a tarefa de sorver ele mesmo, através de uma leitura calma e refletida, toda a riqueza das páginas que se seguem.

Juiz de Fora, 15 de agosto de 1979.

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MINHA APRESENTAÇÃO

Cônego Isnard da Gama

A arte, seja ela qual for, é a expressão viva da beleza das coisas, sem deixar de ser a manifestação inteligível do senti­mento do artista.

A arte, falando aos sentidos do homem, penetra em sua sensibilidade, não somente revela a alma do artista, mas co­munica valores de apreciação imponderável.

A arte fala e convence, move e comove, instrui e agra­da, torna-se meio de elevação e pode ser o caminho mais cur­to de alguém achar-se com Deus.

A arte que preza esse nome e vive dessa realidade, traz consigo inspiração e doçura, integridade e equilíbrio, harmo­nia e beleza.

Ela desperta emoções, satisfaz a inteligência, faz sorrir ou chorar o coração da gente.

Ela carrega consigo a história de muitos povos, a ima­gem de muitas civilizações, o testemunho de muitas culturas.

Ela encerra mensagens que se comunicam, ora pela pro­sa ou poesia, ora pelos sons, cores e linhas.

Estamos vivendo a ERA das COMUNICAÇÕES SO­CIAIS.

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Nunca se promoveu tanto festival de arte como hoje.Ser artista é viver a sua arte e com ela comunicar-se ao

mundo. É levar-lhe coisas úteis e agradáveis sob a forma sen­sível do belo.

Todo artista, compenetrado da própria vocação, é cha­mado a realizar tudo isso. Assim ele se projeta, adquire admi­radores, consegue a imortalidade “mais perene do que o bron­ze”.

Fora disso, quando as suas obras não atingem a finalida­de, existe um desconcerto geral, o artista desaparece esqueci­do e morre sem ser lastimado.

Dentre os quadros de beleza universal, contemplei na Pi­nacoteca Vaticana duas obras da Época Renascentista.

A "TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR” e a “DISPU­TA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO”, de Rafael Sanzio, são duas telas que encantam, comovem e elevam ! São duas obras que, com ampla consagração, guardam integralmente a beleza das motivações sagradas. São duas obras que falam com linguagem simples c traduzem a vibração singela das pinturas discretas.

Quem as examinar de perto, vê logo que são duas idéias bíblicas espiritualmente encarnadas na beleza transcendente das formas. São dois quadros que nos revelam a Face de Deus !

Tudo isso, meus amigos, no relevo gracioso das curvas, na precisão geométrica das linhas, na suavidade repousante das cores, na ternura delicada do gesto, na beleza incorrupta da verdade !

Existe, na pintura de Rafael, a justeza das proporções que harmonizam os seres.

Existe, nas suas obras, a clareza das idéias, na perfeição das linhas.

Existe, na sua paleta, a convicção de quem sente, a magia de quem sabe comunicar.

Nas obras de Rafael, não c o sentimentalismo que nos comove, mas o misticismo que nos envolve. Não é a originali­dade que nos surpreende, mas a piedade que nos eleva.

Quem contempla as pinturas de Rafael tem a comovida impressão de que ele pintou rezando. Ele soube conjugar a

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profundeza do mistério com a simplicidade do evangelho. Ele soube pintar a tristeza dos que sofrem e a glória dos que se alegram no Senhor. Ele soube perpetuar a verdade da doutri­na, sem desvirtuar a fonte da inspiração cristã. Em cada li­nha, nobreza de expressão. Em cada gesto, adoração profun­da. Em cada obra, elevação suprema.

Talvez alguém me pergunte: O sr. só aceita na arte mo­delos exclusivos das escolas antigas ?!

Talvez alguém insista: O sr. quer que prevaleçam as mesmas formas e cores do estilo renascentista ?!

De modo algum, amigo ! Aceito a evolução da arte, assim como a criação de novas escolas de manifestação artística.

Admito as contingências do tempo a criarem novos tipos de estética e beleza.

O que porém não admito nem aceito é a arte que cor­rompe a beleza íntima das coisas. A arte que entra em cho­que com a própria natureza. A arte que se torna meramente mercantil para servir a grupos esnobeis que apregoam e de­fendem a beleza sofisticada.

É certo que, em matéria de arte, a nova geração vem se­guindo itinerário sinuoso para não dizer macabro.

É certo que tais aventuras têm sido um meio de libertação estética, uma doença de mudar, um escândalo social que de­sedifica a muitos.

O MODERNISMO aí se encontra com todos os seus lan­ces imprevistos de fascinação pela imagem. O MODERNIS­MO se reprova não por ser propriamente MODERNISMO, mas porque cria uma beleza esotérica que só os iniciados na decifração de enigmas podem entender.

Santo Tomás de Aquino jamais envelhece no sistema dis­ciplinar de sua “Filosofia Perene”.

Numa visão totalizante, tão larga quanto profunda, pre­vendo, quem sabe, os descaminhos da arte, legou-nos a teoria fundamental da beleza.

Se a arte é, de fato, a expressão do belo, nela não deve existir margem para mutilações e interpretações falsas. Se tal acontecesse, a arte fracassaria em sua missão primária, des­provida certamente de elementos positivos capazes de irra­diarem beleza.

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No decorrer desse livro "ENSAIO DE ARTE SACRA E CRISTA”, desejo recordar verdades esquecidas e princípios da Filosofia da Arte, esperando que possa valorizar tão im­portante quanto tradicional matéria.

Antes de entrar propriamente no assunto, procurei esbo­çar um pouco da História da Arte, desde os tempos primiti­vos ou clássicos até a época da ARTE MODERNA e CON­TEMPORÂNEA.

Dedico esse meu estudo a todos os estudiosos da ARTE SACRA e CRISTÃ, especialmente aos seminaristas teólogos do Seminário Santo Antônio de Juiz de Fora.

Juiz de Fora, 30 de outubro de 1979.

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CAPÍTULO I

ARTE PRIMITIVA OU CLÁSSICA

Antes de falar da ARTE SACRA e CRISTÃ, talvez se­ja interessante, à guisa dc curiosidade, apresentar alguma resenha histórica da arte desde os tempos primitivos até fi­nalmente a época contemporânea e moderna.

Dada a evolução histórica e complexidade da matéria, não é fácil discorrer sobre a ARTE PRIMITIVA, dizer de que modo ela surgiu e se manifestou, sobretudo se a gente le­var em conta o progresso cristalizado em várias civilizações.

No entanto, por mais que os dados sejam imprecisos, é possível e útil dizer alguma coisa, tendo em vista a relação existente entre um e outro estilo, as influências de toda espé­cie, na seqüência inevitável dos séculos.

Aqueles que, a partir dos tempos pré-históricos, estuda­ram a arte em suas múltiplas realizações, são acordes em di­zer que ela carrega consigo a marca inconfundível de sua origem e condição social, tornou-se passível de processos evo­lutivos e de injunções políticas, dependeu primariamente de situações particulares.

Demasiadamente presa à Corte e à religião pagã, a AR TE PRIMITIVA enquadra-se perfeitamente na perspectiva histórica em que viveu, há de ser compreendida conforme o material que possuía para realizar-se. Ela exprime também fenômenos sociais do seu tempo e manifesta os artistas com todo o seu condicionamento físico ou psíquico.

Quem estuda a História da Arte na Antiguidade Clássi­ca, verifica logo essa verdade temática deveras evidente. Foi assim que ela surgiu e foi assumindo gradativamente aspec­tos culturais diversos. Foi assim que ela evoluiu e libertou-se da precariedade do próprio tempo para tornar-se de caráter universal.

Na Antiguidade Clássica, sobretudo entre os Egípcios, a arte permaneceu longo tempo estacionária em suas concep­ções limitadas, tolhida, sim, nos seus movimentos espontâneos.

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Naquela arte, antes de outra coisa, tratava-se de cultuar diante do povo a personalidade augusta dos reis em suas di­nastias famosas, exaltar em monumentos o seu poder para perpetuação histórica de suas memórias.

As grandes obras daquele tempo estão impregnadas de majestade real, ora nos templos pagãos a rigor construídos, ora nos imponentes sarcófagos artisticamente decorados.

Acresce afirmar que as oficinas de arte, para não perde­rem o dinamismo interior que lhes era peculiar, funcionavam anexas aos templos e palácios para que os jovens aprendizes vivessem artisticamente em função dos poderosos na criação de mitos e lendas.

Toda aquela arte, chamada cortezã, se manifestava com formas estereotipadas, ressaltando sempre a soberania dos Fa­raós e o culto devido às divindades pagãs.

A ARTE no Egito buscava reproduzir fielmente a natu­reza. Assim, a escultura c a pintura estavam entre si tão inti­mamente ligadas, com estátuas históricas e hieróglifos famosos que, até hoje, as cores outrora sabiamente aplicadas parecem aos nossos olhos recentes.

No que respeita à arquitetura, pode realmente dizer-se que o Egito possuía características próprias, sobretudo cons­truções simples e firmes. O conjunto daquela arquitetura se tornava notável e compreendia uma série interminável de su­perfícies planas e formas quadrangulares, edifícios imensos de altura e comprimento assustadores, onde massas pesadas descansam em fortes colunas ornadas de belos capitéis.

Para desenvolvimento de sua arte arquitetural, o Egito possuía imensas pedreiras de pórfiro e de granito, materiais de grande resistência na durabilidade das obras.

Entre os monumentos egípcios, que marcam as constru­ções megalíticas, isto é, pedras grandes e pesadas, tornaram-se célebres as pirâmides edificadas pelos poderosos Faraós. Nelas, centenas de anos, trabalharam homens e não se conhece até hoje como transportaram para aquelas alturas aqueles colossais blocos de pedra.

As pirâmides possuem a forma de cone, formam cama­das superpostas em degraus e transpiram solidez perpétua, apesar da ação corrosiva do tempo.

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As pirâmides mais famosas são as de Kéops, Kefren e Mikerinos.

Cabe também aqui uma palavra sobre a Esfinge.Em geral, na História da Arte, a Esfinge representa um

animal fabuloso com cabeça, pescoço e peito de mulher, cor­po e pés de leão. As Esfinges são frequentes no Egito e variam muito as suas concepções artísticas. Elas se encontram sobre­tudo ao lado das construções religiosas e são consideradas por todos como sentinelas permanentes dos templos.

Na arte egípcia, os relevos decoravam as paredes dos templos, narrando costumes religiosos ou glorificando acon­tecimentos reais. Tais decorações eram simples, de linguagem clara, mas os desenhos não representavam beleza expressiva.

Foi assim que vi a ARTE EGÍPCIA e sua projeção na História da Arte.

Nesse mesmo capítulo, o mesmo pode dizer-se da ARTE dos ASSÍRIOS e BABILÔNIOS.

Nas relações constantes que teve com os Egípcios, aque­la arte, embora industrializada, caracterizava-se pelo geome- trismo das formas em ordem a explorações comerciais.

A ARTE dos ASSÍRIOS e BABILÔNIOS era também palaciana para glorificação dos reis. Nisso, sobretudo, o seu ponto de tangência com a ARTE do EGITO. No entanto, na­quela época, já começa a aparecer a criação de abóbadas.

Na corrente sucessiva dos tempos, se outras obras não distinguissem os povos da região mesopotâmica, bastaria ci­tar os seus palácios e templos, assim como os afamados jardins suspensos da Babilônia considerados uma das sete maravilhas do mundo.

Ao lado de uma rica história, os HEBREUS também possuem a sua arte primitiva bastante movimentada, digna por certo de menção e estudo particular.

Considerado, por excelência, o Povo de Deus, está cias sificado na época neolítica, por causa dos importantes instru­mentos encontrados no monte “SCOPUS”.

Hoje, como outrora, pelos seus monumentos e ruínas, Jerusalém é testemunho permanente da civilização do pove hebreu. Ela até hoje possui templos, sinagogas e muralhas que recordam tanto o Antigo como o Novo Testamento.

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É biblicamente certo que Salomão edificou o templo de Jerusalém e que ele sofreu destruições, mas foi sempre es­plendorosamente reconstruído como lembrete constante do culto oficial a Deus.

Em várias passagens do 1.° Livro dos Reis, capítulo 6, assim se descreve o templo :

“A casa que Salomão edificou em honra do Se­nhor, tinha sessenta côvados dc comprimento e vinte côvados de largura e trinta côvados de altura. . .

Quando a casa se edificava, faziam-na de pedras lavradas e perfeitas. Não se ouviu martelo, nem macha­do, nem instrumento algum de ferro, enquanto ela se edificava. . .

Edificou a casa e acabou-a e cobriu-a de pranchões de cedro” . . .

Sobre a construção do templo de Jerusalém, seria de­masiadamente longo citar aqui as várias passagens do texto sagrado. Basta entretanto dizer que, pelos vários versículos do Livro dos Reis, a construção daquele templo obedece a um plano artístico monumental, onde não faltam o gosto, a riqueza e o material empregado.

O templo de Jerusalém, pela suntuosidade e decoração, é símbolo de uma realidade sobrenatural, isto é, Deus que ha­bita entre os homens, escolhe e santifica um lugar para que o Seu nome ali permaneça eternamente.

A História da Arte jamais descreveu templo mais opu­lento e majestoso, onde, todos os materiais, isto é, o ouro, a prata, o mármore, o bronze e a madeira, assim como as pe­dras preciosas se conjugam harmonicamente para o louvor e adoração do nosso Deus.

Quem visita Jerusalém nos dias de hoje, ao lado da no­va cidade com traçado moderno, impecável, pode contemplai também as suas construções antigas em pedra, de fortaleza, por assim dizer, indomável.

De fato, o turista e o peregrino sentem que todas aque­las obras testemunham um supremo esforço não apenas de engenharia calculista, mas de expressão de beleza.

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CAPITULO II

A ARTE CR ETEN SE

Antes da ARTE propriamente GREGA, com toda a sua projeção fabulosa de estesia incomparável, a ARTE CRE­TENSE se destaca e rivaliza com a ARTE EGÍPCIA e ME- SOPOTÂMICA.

A ilha de Creta, na região do mar Egeu, possui uma his­tória movimentada nos anais da arte pré-helênica.

Com efeito, as escavações que lá se fizeram, desde o início do século XX, serviram notadamente para o estudo acurado daqueles monumentos artísticos marcados na Histó­ria da Arte.

Assim, os críticos de arte assinalam que toda a arte da ilha de Creta, na sua origem e desenvolvimento, compendia-se nas descobertas das ruínas do palácio Cnossos, com três ou quatro andares, salas amplas ordenadas com simetria e ele­gância e que revelam, em nossos tempos, a civilização artística daquele povo.

A gente percebe, no estilo das construções, assim como nos objetos decorativos descobertos em Cnossos, que o mesmo espírito de arte aristocrática e triunfal dominava aquela ilha, na perpetuação da memória dos mandatários do tempo.

A ARTE CRETEN SE, plenamente naturalista, se ca­racteriza pela abundância de desenhos geométricos que deno­tam imaginação artística. Há, com efeito, sobretudo em pin­tura, variedade interessante de formas e arabescos graciosos.

Ficou provado que a ilha de Creta dominava, pela cultu­ra, as demais ilhas do mar Egeu. Por imposição das circuns­tâncias tradicionais, perdurava ainda, entre os cretenses, o sabor das construções cortezãs, o luxo dos prepotentes em con­traste com a pobreza dos camponeses.

Na ARTE CRETEN SE, o gosto pela expressão do belo parecia radicado na alma do povo. Em tudo, mesmo nos uten-

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sílios caseiros, havia um toque de graça e relevo. A criativida­de era imensa, a decoração motivada, a variedade respeitável. A ARTE CRETEN SE evoluiu com tamanha rapidez que se fixou na própria personalidade.

O fato é que, nos domínios da estética, já começava a despontar, com todo o esplendor, a beleza da ARTE GREGA, com os aspectos polimorfos de apurado gosto.

Nos tempos antigos, por mais que se explore o assunto, nada facilita melhor a compreensão do belo do que estudar-se a ARTE GREGA nas suas manifestações soberbas de arqui­tetura e estatuária.

Talvez se torne oportuno agora um apanhado histórico da ARTE GREGA, onde se diz que os artistas concebiam c belo com simplicidade, mas o executavam com opulência.

A ARTE GREGA vai influir mais tarde nos destinos da ARTE ROMANA. Sem dúvida nenhuma, nas ARTES, de modo geral, a ARTE ROMANA reflete a beleza inicial da ARTE GREGA.

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CAPITULO III

A ARTE GREGA PRIMITIVA

Se a gente, ao longo da História, admira a capacidade inventiva da ARTE CRETEN SE, assim como os materiais empregados, isto é, mármore, alabastro, marfim e ouro, tam­bém na Grécia, a arte se apresentou com multisecular progres­so, distinta em vários períodos conforme a civilização.

Não pretendo aqui descrever com minúcias os períodos evolutivos da ARTE GREGA, com toda a sua sistemática in­vejável. Proponho-me apenas uma visão sumária para intro­dução e subsídio ao estudo da ARTE SACRA e CRISTÃ.

A estátua de “Apoio de Belvedere”, cuja cópia se encon­tra nos jardins do Vaticano, será sempre a expressão acabada de toda aquela beleza grega que se pode chamar de esplendo­rosa. Parece que a estátua, no seu magnífico conjunto, con­centra e também irradia a virilidade do porte c a vivacidade da alma.

A ARTE GREGA, com todo o potencial de criações, não se confina a uma época determinada, nem se reduz a uma fór­mula passageira. A História da Arte nos revela que, em lan­ces sucessivos, uma época se liga a outra, uma idéia se aper­feiçoa e atinge o seu acabamento feliz numa civilização sub­seqüente.

No período mais clássico, na Arquitetura Helenista, observa-se nos monumentos e esculturas a fixação progressiva do belo, onde sobressaem linhas e formas de estesia perfeita, os elementos sc conjugam para a manifestação da obra de arte.

Quem contempla as obras primitivas da ARTE GREGA, sobretudo no período citado, guarda a impressão de que ela al- cançou o apogeu e dali por diante não ser mais possível ex­pressão maior de beleza.

Em dezembro de 1975, fazendo parte de uma peregri­nação que tinha visitado os Santos Lugares, em companhia

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do meu então arcebispo, Dom Geraldo Maria de Morais Pe- nido, visitei a Grécia, de modo especial, Atenas.

Pude assim ver de perto, nas grandes ruínas que ali per­manecem, que o belo, nas suas múltiplas manifestações, é fruto de uma sensibilidade profunda em ordem a expressões concretas.

Pude sobretudo sentir que a ARTE GREGA, no seu con­teúdo monumental, nas estátuas de atletas ou então de vários deuses, ressalta uma imaginação criadora que nunca se com­promete com o vulgar.

A ARTE GREGA não se prende a motivações religiosas nem a regras tradicionais. Ela está cheia de humanismo ra­cional porque manifesta, pelo culto da forma, a beleza razoá­vel universalmente aceita.

A ARTE GREGA é a lógica da linha mediante a qual os corpos assumem formas e manifestam beleza.

Platão e Aristóteles, dois gênios do pensamento grego, discorreram outrora sobre o belo e tentaram transmitir para a humanidade a noção exata que tinham da beleza.

Para Platão, no seu livro “BANQUETE”, o belo é, por excelência, eterno; não nasce nem morre, não cresce nem di­minui, não é belo num ponto e feio no outro, nem é belo agora e feio mais tarde, nem é belo sob um aspeto e feio sob outro, nem belo aqui e feio ali, nem belo para uns e feio para outros. . . mas existe em si mesmo, na eterna unidade da sua essência e todas as outras coisas belas dele participam.

Platão vê a beleza de modo abstrato, absoluto e univer­sal.

Para Aristóteles, na sua "M ETAFÍSICA”, o belo é algo de concreto que está sempre em movimento. As suas caracte­rísticas mais importantes, que funcionam como elementos in­substituíveis, são, por certo, a ordem, a simetria, a extensão.

Aristóteles vê a beleza como sendo algo de palpável na ordem da criação.

Para ambos, finalmente, a beleza na árte é o desdobra­mento da atividade do nosso espírito que apreende as coisas sensíveis e as realiza com felicidade.

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Ter pois imaginação, sentimento e gosto, assim como contactar a natureza, é realizar a arte na sua mais eloqüente manifestação, capaz, portanto, de agradar e satisfazer a todos.

Se o artista, em qualquer época, realiza tal aventura, tor- na-se por isso mesmo imortal.

A ARTE GREGA, com todos os seus ideais políticos, re­ligiosos e nacionais, viveu a perspectiva dessa beleza, tomou- se maleável em todas as gerações, possui uma riqueza imensa

de aspectos consideráveis.A ARTE GREGA cultivou a beleza da forma, sobretudo

o homem, a mais perfeita criatura do universo, por isso mes­mo digna de ser reproduzida com perfeição tanto na pintura como na estatuária.

Houve quem dissesse, com propriedade e justeza, que a ARTE GREGA carrega consigo proporção e equilíbrio, natu­ralismo e simplicidade, majestade e alegria, tudo isso capaz de agradar às naturezas mais rebeldes, assim como aos âni­mos mais exigentes.

A ARTE GREGA tributou à beleza um culto especial, uma espécie de idolatria das formas, de modo que, entre to­das as civilizações arcáicas não se encontra povo nenhum que tenha valorizado mais as criações artísticas e conservado maioi acervo de patrimônio sobretudo escultural do que o povo grego.

Não me refiro apenas aos monumentos artísticos de pro­porções notáveis, mas ainda aos menores objetos de lavor re­finado, onde os artistas desenhavam ou esculpiam em vasos, jóias, assim como em vários instrumentos, decorações motiva­das que se tornaram clássicas.

Na História da ARTE GREGA, verdadeiros símbolos de civilização progressista, continuam vivos, inimitáveis, nomes de arquitetos, escultores e pintores, cujas memórias se torna­ram modelo de beleza em requinte, sempre celebrados com respeito e admiração.

A ARTE GREGA foi realmente estímulo e prática para a ARTE ROMANA.

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CAPITULO IV

A ARTE ROMANA

É certo que os Romanos, desde a mais rudimentar civili­zação, sofreram a influência artística dos Gregos e Etruscos.

A Etrúria era um antigo país da Itália, hoje região da Toscana. O seu povo, forte e destemido, exerceu predomínio na ARTE ROMANA. Os Etruscos eram arquitetos e artistas. O arco, a abóbada e a cúpula, comuns entre os Romanos, fo­ram introduzidos pelos Etruscos.

Os Romanos não deixaram de buscar entre os Gregos a sua inspiração artística. Os monumentos da Roma pagã es­tão impregnados da ARTE GREGA, sobretudo a tríplice or­dem de colunas, isto é, Dórica, Jónica e Corintiana.

Na Arquitetura Romana, as colunas se tornaram ele­mentos indispensáveis, símbolos de fortaleza, expressão de ma­jestade. As construções romanas, dada a rigidez dos materiais, sobretudo a pedra e o mármore, eram sólidas e atravessaram séculos.

Pode também afirmar-se que, entre os Romanos, no iní­cio da civilização artística, as obras marcavam vitórias e con­quistas sobre outros povos, transformando assim a "URBS” em polo de atração de todo o império.

As influências gregas e etruscas na ARTE ROMANA, apesar de serem sensíveis, jamais prejudicaram a personali­dade artística dos Romanos que, aos poucos, se libertaram das mencionadas fontes e deram às suas criações caráter ti­picamente próprio.

Os templos romanos dedicados às divindades pagãs pos­suíam forma retangular, às vezes também redondos. Torna­ram-se notáveis os templos chamados basílicas. Depois da paz dada à Igreja por Constantino, em plena vitória do Cristianis­mo, as basílicas eram templos pagãos cristianizados, em geral se distinguiam pela forma retangular, divididas em três na-

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ves por uma série de colunas portadoras de belos capitéis. Ã frente, estava o átrio, o pórtico, assim como a imponente fa­chada.

É bastante agradável a história da Arquitetura Romana. Anfiteatros, Circos e Termas faziam parte das construções monumentais.

Os anfiteatros tinham a forma circular, serviam de are­na para os gladiadores, cabiam um grande público. O mais cé­lebre de Roma é o Coliseu onde, no tempo das perseguições, os cristãos eram expostos às feras.

Os circos se destinavam à corridas de cavalos. Entre os mais importantes, o circo Máximo e o de Flamínio.

As termas eram edifícios construídos para banhos pú­blicos e tinham salas de leitura e de conversação. As mais co­nhecidas são as de Caracalla, Agripa e as do Imperador Dio- cleciano.

Os arcos dc triunfo eram soberbamente construídos para perpétua memória dos acontecimentos. Os mais famosos e que até hoje podem ser visitados são os de Tito, Constantino e Septímio Severo.

Merece também reparo especial a arquitetura da “Casa Romana”. Além de possuir várias divisões com terminologia latina própria, tudo era artisticamente construído e suntuosa- mente decorado.

O ideal da beleza grega penetrou os foros da civilização romana. Tudo obedecia a um plano de beleza estruturada, onde entravam harmônicamente em jogo a forma, a simetria e a cor.

A era do imperador Augusto, chamada na História de “ÁUREA”, foi suntuosa sob todos os aspectos. As estátuas chamadas "HERÓICAS” representavam os poderosos do tem­po, isto é, os deuses e imperadores.

Dizem que a pintura, no último período da ARTE RO­MANA, tornou-se a arte por excelência a ponto de ser consi­derada popular e trivial porque abordava temas comuns.

Dizem também que os Romanos, em matéria de constru­ção, eram eminentemente práticos, sobretudo quando a obra de engenharia se destinava diretamente ao serviço do povo, como, por exemplo, a construção do aqueduto de Cláudio.

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Os Romanos, de fato, pressionados pelas necessidades reais, produziram uma arquitetura racional, com base na utilidade imediata e não imaginária. Não há dúvida de que, embora in­fluenciados pela ARTE GREGA, foram notáveis construtores, embora jamais se igualem aos gregos, sobretudo, na escultura.

É preciso também dizer que, embora a ARTE GREGA tenha influenciado profundamente a ROMANA, os Romanos não foram meros copistas de modelos ou padrões gregos, mas tanto a arquitetura como a estatuária e pintura sofreram pro­fundas modificações que marcam até hoje a sua personalida­de artística independente.

Chego portanto à conclusão de que, se a ARTE ROMA­NA muito deve À ARTE GREGA, não deixou também de significar, em termos próprios, que ela caracteriza e exprime uma civilização peculiar, marcada, por certo, de valor intrans­ferível.

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CAPITULO V

A ARTE DAS CATACUMBAS

A ARTE das CATACUMBAS é bastante complexa e sem­pre mereceu dos estudiosos e arqueólogos pesquisas especiais.

Ela merece destaque especial porque, além de caracte­rizar a época primitiva cristã, revela crenças e espiritualidade nas obras.

Talvez seja oportuna uma palavra sobre as CATACUM­BAS ROMANAS, autênticos cemitérios da Cristandade pri­meva, onde sepultavam os corpos dc cristãos que tinham si­do martirizados e morriam pela defesa da Fé.

A ARTE das CATACUMBAS, e são muitas catacumbas, envolve uma série espantosa de criações artísticas, descobertas e também historiadas pela têmpera pesquisadora de vários homens que dedicaram as suas vidas a tais estudos. Bósio, por exemplo, que viveu em Roma nos meados do século XVI, com uma inclinação pronunciada para o estudo da Antiguidade Cristã, embrenhou-se naqueles monumentos e nos legou uma descrição típica da topografia daqueles lugares.

Outros também seguiram o mesmo caminho.Boldetti e Marangoni deixaram subsídios que se torna­

ram complementos às pesquisas e descobertas de Bósio.Depois de dois séculos daqueles notáveis estudos, outros

nomes surgiram ligados às explorações das CATACUMBAS ROMANAS, por exemplo, o Padre Marchi e De Rossi que, por sua vez, contribuíram brilhantemente para a história dos cemitérios da Roma subterrânea.

Mas, finalmente, como se definem as CATACUMBAS ROMANAS ? São lugares subterrâneos, de traçado irregular, formando verdadeiros labirintos, construídos pelos cristãos de outrora com tríplice finalidade, isto é, exercício do culto, asi­lo nas perseguições, cemitérios para os mártires na Fé.

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Tais lugares, além de considerável comprimento, pos­suíam também paredes de certa altura, onde se abriam os “loculi” para deposição dos corpos. Os "Loculi” ou sepulturas, nas paredes dos corredores, às vezes superpostos, eram nume­rosos e sempre fechados com tijolos para evitar a passagem do mal odor dos corpos.

O estudo completo das CATACUMBAS ROMANAS não se consegue sem o conhecimento da Arqueologia Cristã primi­tiva. Tal ciência tem por fim o estudo das origens cristãs, mo­numentos, costumes e coisas. Ela possui um sentido muito lato e envolve, a um só tempo, muitas coisas até nos pormeno­res.

Assim, a Arqueologia trata, sem dúvida, da Arquitetura Cristã dos primeiros tempos, catacumbas, capelas, criptas, ba- tistérios, túmulos e altares. Estuda também as Esculturas, isto é, estátuas, bustos, baixos-relevos, sarcófagos, vasos e outros utensílios dos cristãos primitivos. Dedica-se ainda às Pintu­ras, frescos, murais, desenhos, sobretudo representações figu­rativas em mosaico.

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CAPITULO VI

A ARTE ROMÂNICA

Não há dúvida nenhuma de que, antes da ARTE RO­MÂNICA, nos séculos XI e XII, existiu uma ARTE BIZAN­TINA, dada a influência política e religiosa de Bizâncio que, de certo modo, nos anais da História, se tornou mais podero­sa do que Roma.

A ARTE BIZANTINA é também de sabor grego.Constantinopla, capital de Bizâncio, notabilizou-se, na

História da Arte, pela monumental basílica de Santa Sofia, com a sua ampla, imensa e majestosa cúpula. Os mosaicos, as decorações, as miniaturas, as obras talhadas em marfim, constituem o aspecto essencial do esplendor da ARTE BI­ZANTINA.

Durante muito tempo, Bizâncio imperou com a sua arte aristocrática e Constantinopla foi a metrópole que concentra­va em si mesma todos os poderes, isto é, possibilidades políti­cas, econômicas e artísticas.

Depois da ARTE BIZANTINA, chamada também IM­PERIAL, surgiu propriamente a ARTE ROMÂNICA marca­da por vários estilos, às vezes com diferenças sintomáticas, ou­tras vezes com traços comuns.

Só na França contavam-se mais de dezesseis estilos româ­nicos. Por certos condicionamentos de vida, a ARTE ROM­NICA tornou-se aos poucos homogênea e se apresentava, de uma região para outra, com variantes particulares. Assim, na História da Arte, ouve-se falar, com bastante frequência, nu­ma ARTE ROMÂNICA REGIONALISTA, na utilização de materiais imperfeitos, na criação de processos engenhosos, na adaptação de plantas de igrejas às funções do culto.

Surgiu também uma ARTE ROMÂNICA de caráter INTERNACIONAL, motivada por peregrinações religiosas a

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vários países, sobretudo à Roma e a Jerusalém, abrindo assim novos horizontes para novas concepções artísticas.

É preciso também realçar que a ARTE ROMÂNICA flo­resceu numa época de fervor religioso. Ela não é uma simples criação motivada pelo processo evolutivo da arte que obedece às determinantes do tempo, mas carrega consigo um exotismo de formas que variam indefinidamente com agrado geral e satisfação de gostos particulares.

Na ARTE ROMÂNICA, quanto ao estilo, a planta ofi­cial das basílicas é sempre de três naves. A decoração se ma­nifesta policroma. A iconografia, abundante. Belos templos, conventos e mosteiros foram erguidos nas linhas da ARTE ROMÂNICA. Os mais belos pertencem às ordens monásticas. Os mosteiros de Cluny e Citeaux tornaram-se célebres. N a Alemanha, distinguiu-sc a Abadia de Maria — Laach. Na Espanha, a catedral de São Tiago de Compostela. Em Portu­gal, a velha Sé de Coimbra.

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CAPITULO VII

A ARTE GÓTICA OU OGIVAL

Artistas e literatos dizem, com páginas ricas e famosas, que a ARTE GÓTICA ou OGIVAL, com todo o seu vigor e majestade, é a expressão mais autêntica da civilização me­dieval.

Ela surge e floresce em toda a Europa, principalmente na França e na Itália, na Bélgica e na Inglaterra, na Espanha e Portugal, legando assim às nações monumentos inesquecí­veis de beleza singular.

Nos países onde foi implantada, ficaram célebres as ca­tedrais de Notre Dame e Reims, de Amiens e Chartres, de Se­na e Orvieto, de Burgos c Toledo, de Colônia e Bamberg, assim como uma série considerável de igrejas perpetuamente marcadas pela beleza do estilo gótico.

Na história da ARTE GÓTICA, distinguem-se três fa­ses de evolução do estilo. A primeira, chamada propriamente de FORMAÇÃO, abrange a segunda metade do século VII. A segunda, denominada EXPANSÃO, refere-se aos séculos XIII e XIV, de pleno florescimento. A terceira, finalmente, chamada DECADÊNCIA, corre ao longo de todo o século XV.

No entanto, muito antes dessas fases, o GÓTICO já apa­rece na Ilha de França, na maravilhosa Abadia de S. Dioní- sio formosamente descrita por Chateaubriand no “Gênio do Cristianismo” .

Se a gente quisesse descrever uma igreja gótica, além dos elementos que lhes são próprios e dão raro esplendor, acrescentaria ainda: A sua estrutura interna geralmente con­tém três naves. A sua planta se assemelha ao romano-basilical. O altar, ao fundo da ábside cercado pelo ambulatório que facilita a entrada para as capelas laterais.

O estilo gótico liga importância capital à imponência das fachadas, às torres esguias, às rosáceas coloridas, aos vitrais

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luminosos, aos portais solenes, onde muitas vezes se encon­tram estatuetas graciosas lavradas cm pedra.

Em Arquitetura Gótica, são elementos essenciais, a lhe darem contorno c leveza, o arco ogival e os contrafortes, as colunas e abóbada, as flechas e os coruchéus.

Estive na Europa, em várias catedrais góticas. Não me esqueço das fortes impressões que elas me proporcionaram, sobretudo as suas flechas altaneiras, símbolos de espirituali­dade.

Entre outras catedrais que percorri, cuja beleza trago ain­da na retina dos olhos, recordo agora Notre Dame de Paris e o Duomo de Milão. Nem posso olvidar o Mosteiro da Bata­lha e o Convento dos Jerônimos em Portugal, obras arquitetu­rais talhadas na pedra, verdadeiras rendas de composição har­mônica.

Entre outras obras de Arquitetura Gótica, não posso deixar de citar aqui a “SANTA CAPELA” de Paris, onde es­plendorosos vitrais de coloração multicor ocupam das paredes longas superfícies.

É preciso também que se diga, com base nos críticos mais autorizados, que a beleza complementar da ARTE GÓ­TICA se encontra nas esculturas e pinturas. Pode mesmo afir­mar-se que a França ocupa o primeiro lugar na iconografia das catedrais góticas, assim como nas pinturas que represen­tam a história de algum santo ou alguma passagem da Bí­blia Sagrada.

As catedrais góticas, com o acervo magnífico de estatue­tas e quadros, são livros abertos à leitura dos fiéis, onde, em qualquer tempo, numa linguagem simples e comovente, po­dem aprender muita coisa relacionada com a História da Igreja, a vida de Cristo ou então dos Santos.

Toda arte é uma composição conjugada que descreve, ensina ou simboliza alguma coisa.

Na ARTE GÓTICA, dada a rigidez dos cânones na ex­pressão da beleza, sente-se que a Iconografia, assim como a Estatuária, estão aptas à transmissão de alguma verdade que seja mensagem de Fé.

Na ARTE GÓTICA, tudo aquilo que se vê pintado ou esculpido com prodigiosa habilidade artística, traz consigo, na

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expressão de um olhar ou no esboço de um sorriso, a tranqui­lidade da bem-aventurança cristã.

Na catedral de Amiens, duas estátuas confirmam o que acabei de afirmar acima. O "BELO DEUS" de Amiens, co­mo é chamado, assim como a "VIRGEM DOURADA”, no to­do e pormenores, caracterizam a vitória de Cristo sobre o mal, a ternura da Mãe para com o Filho.

Parece que disse, pelo menos, alguma coisa sobre a AR­T E GÓTICA, capaz de servir de informação.

Vou também agora dar uma pequena notícia sobre o esti­lo MANUELINO que possui muita semelhança com o estilo chamado gótico.

De fato, nascido em Portugal, numa época de grandes descobertas marítimas, o estilo ou ARTE chamada MANUE­LINA, desde o reinado de D. Manuel I, é uma das modali­dades do gótico florido, nasceu, por assim dizer, para celebrar as grandes aventuras dos navegantes portugueses, a sua de­coração se apresenta variada em obras de talha que parecem rendas.

Considerado como sendo estilo nacional lusitano, o MA­NU ELINO deixou, na História da Arte, belos espécimes de contemplação e riqueza.

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CAPÍTULO VIII

A ARTE DA RENASCENÇA

Nos períodos áureos da Idade Média, a ARTE GÓTICA passou por várias transformações que a caracterizam nas re­giões da França, assim como noutros países da Europa.

Pouco a pouco ela entrou em decadência e surgiu então aquilo que se chama de HUMANISMO RENASCENTISTA que não atingiu apenas as Ciências e as Letras, mas todas as ARTES sob diversos aspectos.

A ARTE RENASCENTISTA é um período de transi­ção entre a Idade Medieval e a Idade Moderna e se caracte­riza em parte pela revivescência da época greco-latina.

O RENASCIMENTO, com todas as suas notas indivi- duantes, teve início em Florença, atingindo a máxima perfei­ção por causa da influência política dos Médicis.

Roma, depois, tornou-se o centro principal do RENAS­CIMENTO, graças sobretudo ao protecionismo dos Papas que apoiaram sempre as ARTES bem como os ARTISTAS. Ele progrediu ainda por causa dos mestres exponenciais que valorizaram na arquitetura o espaço, criando obras monumen­tais, onde a gente não sabe o que mais admirar se a altura, a largura ou profundidade das construções.

O estilo da RENASCENÇA cria, na Arte, uma alma no­va em todas as produções do engenho humano. Aparecem no­vas estruturas exaltando o anatomismo das formas.

Quase que em oposição ao espiritualismo da Idade Mé­dia, o RENASCIMENTO, no que se refere à época do "Quattrocento”, apresentava-se cheio de conquistas temporais, onde predominava a capacidade inventiva do homem e o de­senvolvimento das grandes descobertas.

Se eu quisesse descrever o que é a RENASCENÇA, nas suas múltiplas manifestações artísticas, tanto no século XV como no século XVI, diria assim: A RENASCENÇA, dadas as

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descobertas que se operavam no mundo e sacudiam os ânimos para novos ideais, é a expressão natural da beleza em formas acentuadamente anatômicas, onde os monumentos e figuras assumem proporção e graça, causando estupefação pela beleza que comunicam.

A Arquitetura da RENASCENÇA articula as constru­ções em planos superpostos, onde a gente contempla imensos blocos de pedra ou de mármore carregados para as alturas, sem que houvesse ainda máquinas e guindastes capazes de transportá-los.

O estilo da RENASCENÇA se caracteriza por estruturas com formas bem definidas, cheias de vivacidade e vibração contínua. Dir-se-ia que a RENASCENÇA possui uma lingua­gem articulada e melodiosa, onde a beleza se renova no ritmo dançante das proporções e cores.

No estilo RENASCENTISTA, a planta oficial das igre­jas é de cruz latina ou grega, sem que nunca falte a cúpula que deve cobrir majestaticamente o presbitério.

No estilo Renascentista, também se nota a tendência pa­ra a divisão do corpo da igreja em três naves, assim como a existência do átrio, sala ampla nas entradas das basílicas, cujo teto é sustentado por colunas que formam o pórtico.

Grandes artistas se ligam ao RENASCIMENTO.Seria muito longa a citação. Bastam alguns que se nota­

bilizaram mais na arquitetura, pintura ou escultura.Assim, Bramante, o mestre inconfundível da arquitetura

italiana, dirigiu os primeiros trabalhos de construção da Ba­sílica de S. Pedro em Roma, dando-lhe elegância e graça. Mi­guel Ângelo, autor da monumental cúpula e dos frescos da capela Sistina. Leonardo Da Vinci, o mais completo gênio da RENASCENÇA, Ghiberti, Donatello, Giotto, Rafael, Cor- reggio, Pinturrichio, Brunelleschi, e tantos outros, na Itália e noutros países, mestres e artistas de consumada experiência na criação e expressão da beleza.

Como sempre, não é do meu plano estender-me ainda sobre a ARTE da RENASCENÇA. Bastam as pequenas in­formações que aqui deixo, proporcionando aos meus leitores alguma notícia sobre tão importante quanto opulento estilo. Julgo ter realizado o meu objetivo.

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CAPITULO IX

A ARTE BARROCA

O BARROCO possui a sua história interessante, variada e agradável.

Surgido na Itália no século XVI, especialmente em Ro­ma, a nova ESCOLA chamada também ESTILO JESU ÍTI­CO, é considerada na arte como sendo CONTRA-REFORMA da Igreja em face do Protestantismo.

O MANEIRISMO que brotou da RENASCENÇA, criando surpresas de formas e um mundo estranho de cores, foi porta aberta ao BARROCO.

Ele, de fato, espalhou-se por toda a Europa, com aspec­to típico e nacional, manifestando sempre criações originais, por causa dos desenhos variados e aplicação de lâminas de ouro.

No BARROCO, as linhas curvas, a decoração capricho­sa, as colunas abundantes com seus capitéis em forma de es piral.

Em matéria de retábulos, assim como no que respeita às imagens, as formas são graciosas, os anjos rechonchudos, os painéis multicores, as esculturas, com pregas de vestes sempre esvoaçantes, dão-nos a impressão de perpétuo movimento.

O formalismo barroco é impressionante.Francisco Borromini, arquiteto italiano, com suas pri­

meiras experiências, parece ter sido o criador imediato do BARROCO na sua expressão inicial. Ele manifesta criativida­de na exploração geométrica das linhas, não empregando ape­nas a forma octogonal, mas a planta oval com saliências semi­circulares. Na arquitetura de Borromini, celebrizaram-se as fachadas dos templos com motivações profusas e delirantes. No entanto, apesar da audácia arquitetural de Borromini, au­tor de várias igrejas em Roma, outro vulto de artista-arquiteto surgiu no tempo rivalizando com ele. Trata-se de João Lou-

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renço Bernini, aquele cujo nome e pessoa se ligam estreita­mente à expressão mais acabada daquele estilo BARROCO em Roma.

No exercício de sua vocação artística, Bernini teve a pro­teção de vários Papas. Ele é o autor maravilhoso do pórtico de S. Pedro em Roma e da colunata que serve de moldura se­cular àquela imensa praça. É também o decorador oficial da nave central e das laterais de S. Pedro, assim como do famo­so baldaquino do “Altar da Confissão”, onde, na beleza es­tonteante das colunas em bronze, podemos apreciar a varie­dade infinita de desenhos, isto é, ramos de oliveira, arabes­cos, espirais, profusão espetacular da riqueza barroca. Ber­nini deixou várias obras em escultura, destacando eu aqui uma que apreciei de perto, a saber, "SANTA TERESA E O ANJO”, onde, em curvas graciosas, a expressão sobrenatural da santa em êxtase, assim como aquele anjo esvoaçante que tenta trespassá-la com uma seta. Essa estátua, existente em Roma na igreja de Santa Maria da Vitória, é de um realismo sensível a ponto de parecer natural.

O BARROCO percorreu meio mundo e chegou também ao Brasil no tempo da colonização. Aqui, a influência visível dos portugueses se tornou manifesta. Em muitos Estados do Brasil, sobretudo Bahia, Minas, Pernambuco, Espírito Santo e Rio de Janeiro, encontram-se obras famosas de artistas bar­rocos muitos deles vindos de Portugal.

Infelizmente é pobre ainda a bibliografia brasileira a res­peito da História da Arte. Somente depois da última guerra mundial, acentuaram-se os estudos brasileiros sobre ARTE, esforço coordenador devido a Robert C. Smith, que abrange as origens até a idade contemporânea. Diversos autores também o conseguiram e não há dúvida de que todos eles obtiveram méritos. Sobressaem também Manuel de Araújo Porto Alegre e Luiz Gonzaga Duque Estrada, ambos completando estudos sobre a matéria. Mais tarde, surgiu ainda Aníbal Matos, com seu estudo mais completo, isto é, sete volumes que abrangem a história primitiva da arte brasileira até o BARROCO.

Na história da arquitetura religiosa do Brasil, muita coi­sa poderia dizer-se. No período colonial, surgem nas grandes e pequenas cidades um número considerável de templos que

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tinham o beneplácito do rei de Portugal para a devida cons­trução. O caráter dessa arquitetura, sem maiores novidades, prendia-se visceralmente ao BARROCO, isto é, eram igrejas quase sempre de uma única nave, fachada pomposa com duas torres, ora em forma quadrangular, ora em forma redonda.

É preciso aqui acentuar que, na evolução da arte religio­sa brasileira, os JESUÍTAS tiveram ação preponderante, cha­mando até de Portugal Irmãos da Ordem para se dedicarem à criação de novos templos.

Das criações jesuítas espalhadas sobretudo na parte nor­te do país, sobressai a Igreja-Catedral de Salvador, Bahia, onde, até hoje, ao lado daquela obra de cantaria portuguesa, o turista pode contemplar a riqueza do altar-mor com seus arabescos e figurações laminados a ouro.

Houve também, na Arte Religiosa do Brasil, atuação vi­brante dos Monges Beneditinos e Frades Franciscanos, le- gando-nos assim obras de valor apreciável. Mosteiros e Igre­jas, no sul e também no norte do país, continuam centro de pesquisas históricas que tanto enriquecem o patrimônio ar­tístico nacional. Quem nunca ouviu falar ou visitou os Mos­teiros Beneditinos de Salvador, de Olinda ou do Rio de Janei­ro, assim como a decantada Igreja de S. Francisco na Bahia, onde, além dos altares majestosamente decorados a ouro, po­demos admirar a beleza invulgar das imagens de S. Fran­cisco, Santo Antônio, S. Pedro de Alcântara e Nossa Senhora da Conceição, todas em jacarandá, expressões felizes de apri­morada arte !

Quem quiser estudar a ARTE BARROCA no Brasil, tanto nas igrejas como nos prédios construídos por nossos an­cestrais, entre as muitas figuras de artista não pode omitir o “ALEIJADINHO”, sobretudo com as suas obras em Congo­nhas do Campo, Ouro Preto, Mariana. Dizem mesmo os en­tendidos na arte que a arquitetura barroca em Minas Gerais ocupa um lugar à parte !

Com efeito, Antônio Francisco Lisboa, cognominado “o ALEIJADINHO”, atuou primeiramente na Matriz do Pilar em Ouro Preto. As Igrejas de S. Francisco de Assis, tanto em Ouro Preto como em S. João del-Rei, são obras suas. As está­tuas para o Santuário do Senhor Bom Jesus de Congonhas,

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as escadarias, o adro da igreja, assim como os doze PROFE­TAS são trabalhos em que o artista sabe aliar a harmonia da arquitetura com a beleza da decoração.

Seria difícil aqui citar e descrever as obras de estilo bar­roco neste imenso Brasil. Não faltam monografias com des­crição apurada de todas essas obras que se tornaram de fama internacional. Não faltam também museus que ressaltam o va­lor imperecível da arquitetura e decoração barrocas. Assim, quem visita o museu “ALEIJADINHO” em Ouro Preto, pos­sui uma visão em conjunto e detalhada dessas obras que cons­tituem patrimônio nacional. Podemos, de fato, contemplar tra­balhos em talha, ourivesaria de fino lavor, crucifixos de mar­fim, candelabros de prata, peças laminadas a ouro, uma imen­sidade complexa de imagens e objetos que honram os foros da cultura artística brasileira.

Tudo isso vale a pena ser vivido em Minas, ao mesmo tempo que as Igrejas dc Salvador nos falam da capital religio­sa do Brasil Colônia, sobretudo a Bahia setecentista com seu barroco de ouro e jacarandá.

Tudo isso vale ser objeto de estudos particulares que não podem ser aqui realizados, já que outro é o plano de quem escreve este livro.

Sirva-nos o que foi dito para estímulo daqueles que cul­tivam a arte como expressão do belo na terra de Santa Cruz.

Sirva-nos, sobretudo, para tomada de conhecimento da­quilo que possuímos de melhor em matéria de arte, cuidado e reparação oportuna de muitas obras em plena decadência por falta de ajuda oficial dos poderes públicos.

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CAPITULO X

A ARTE MODERNA

Difícil, muito difícil, caracterizar a ARTE MODERNA com as suas múltiplas ESCOLAS e ESTILOS que variam de modo imprevisível. Aquilo que é válido para uma ESCOLA, para outrá, em pouco tempo, nada representa e até se opõe frontalmente ao ideal do artista.

Delicada, por certo, a crítica artística dos modos de ser da ARTE MODERNA, porque cada ESCOLA se apresenta em rápida evolução e cada ESTILO carrega matizes parti­culares da personalidade do arquiteto ou então do pintor.

A ARTE MODERNA, com todo o seu potencial revolu­cionário, talvez se caracterize pela fuga sistemática aos padrões passados, acentuando-se pelo esnobismo das formas e extrava­gância das cores.

A ARTE MODERNA, com o individualismo que lhe é peculiar, avança desligada de todo Classicismo e não possui nenhum compromisso com o passado.

No estudo de cada ESCOLA, na análise de cada ESTI­LO, percebe-se, na ARTE MODERNA, variantes profundas e nem sempre a domina o código de beleza universal, mas a evolução dos tempos e a descoberta de novas técnicas deter­minaram outros roteiros de concepções artísticas.

Confesso, com sinceridade, que estudando teoricamen­te a ARTE MODERNA, ainda não cheguei a uma conclusão satisfatória que me contentasse suficientemente no que res­peita à sua origem, desenvolvimento e estabilidade.

Pela multiplicidade das ESCOLAS e nomenclatura de ESTILOS, pelas definições arquitetadas c discrepância de ar­tistas, dificilmente se consegue apreender o nexo de ligação entre uma c outra ESCOLA, entre um e outro ESTILO.

Não sei se bem me exprimi. Tento explicar melhor.

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Na ARTE MODERNA, demasiadamente evolutiva, sen- te-se, da parte dos artistas, a necessidade gritante de libertar- se do Academismo. A ARTE MODERNA vive mais o PRE­

SEN TE em função do FUTURO, do que explica o PRESEN­T E em razão do PASSADO. O libertarismo estético e toda a sua gama de artistas inovadores aí se encontram. O modo dc ser e realizar a obra obedece muito mais ao ritmo de novida­des forjadas, do que propriamente a uma beleza objetiva.

Na ARTE MODERNA, o belo sofisticado reflete a al­ma turbulenta da sociedade atual e não se prende a culturas antigas para muitos ultrapassadas.

Para mim, a ARTE MODERNA, com toda a sua proje­ção fantasmagórica, é sinal aberto para a gente sentir o des­concerto social, a angústia do homem moderno que busca mui­tas vezes afirmar-sc conforme o fluxo ou refluxo das corren­tes do tempo.

Quero, portanto, dizer que a ARTE MODERNA, com seu caráter utilitarista de serventia funcional, adota a filoso­fia liberal da vida, sofre as pressões dos acontecimentos di­versos, adata-se às contingências mais diversificadas, indepen­dente de qualquer verdade ou ética religiosa.

Depois dessa pequena introdução sobre ARTE MODER­NA, talvez sejam úteis algumas rápidas notícias sobre ESCO­LAS e ESTILOS pelos quais se conhece a que época perten­ce o artista e qual o traço marcante de sua produção artística.

Devo declarar que, embora, na História da Arte, tais ES­COLAS e ESTILOS possuam sumidades de renome univer­sal, cujas obras figuram em decantados museus, tais artistas são, no entanto, aceitos c apreciados por uns, ou então discuti­dos e repudiados por outros.

O IMPRESSIONISMO surgiu na França, na segunda metade do século XIX, como reação sistemática às artes gre­co-latinas.

O IMPRESSIONISMO reflete a verdade na natureza das coisas que mais impressionam o artista.

Os IM PRESSIONISTAS seguem as impressões criadas por uma imaginação exaltada e assim dão vazão a emoções par­ticulares que se tornam eminentemente subjetivas. Os IM-

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PRESSIONISTAS causam forte impacto ao público pela viva­cidade escandalosa das suas figuras e paisagens.

Há nomes de valor ligados à ESCOLA IMPRESSIO­NISTA. Assim, por exemplo, Eduardo Manet. Ele se distin­guiu pela habilidade das suas composições cheias de colori­do e realismo. Apesar de escândalos, ele buscou refletir a ver­dade dos objetos, conforme as sensações interiores que os objetos lhe provocavam nalma. Na promoção do IMPRES­SIONISMO, nem foi menor a influência de Monet, Renoir, Cézanne e Degas. Eles seguiram as grandes linhas da ESCO­LA, reprodução natural, sobretudo em paisagem, de tudo aqui­lo que agitava o mundo moderno.

Muitos chamam o IMPRESSIONISMO de arte urbana porque encarna tecnicamente a febre nervosa dos homens de hoje, com seu ritmo real, embora passageiro. O IMPRESSIO­NISMO é a arte daquilo que impressiona passageiramente e deixa, por isso mesmo, traços efêmeros na vida do homem. O IMPRESSIONISMO é o naturalismo em projeção, uma expe­riência sensorial que muitas vezes choca e escandaliza.

Os IM PRESSIONISTAS mereceriam um estudo espe­cial. Por estímulos recíprocos, produziram obras, cujas impres­sões dominaram longo tempo. Passei, de alguns deles, algu­mas obras em revista. Talvez o pintor Renoir seja o mais fértil e variado da ESCOLA IMPRESSIONISTA. Em suas obras extravasa o sensualismo por entre a vegetação luxuriante da natureza.

Apesar do esforço coletivo para manutenção do ideal da ESCOLA, os IM PRESSIONISTAS sentiram surgir uma outra ESCOLA, o EXPRESSIONISMO, reação àquelas conceitua- ções artísticas.

Mas, que dizer do EXPRESSIONISMO ?Na História da Arte, ele possui a sua tendência deter­

minada, isto é, simplificar a forma e o colorido, dando, so­bretudo, relevo aos contornos.

O EXPRESSIONISMO, nas suas criações artísticas, vi­sa a sensação interna, subjetiva, que as coisas produzem nal­ma. Há uma forte inclinação para a autonomia plástica, o in­dividualismo dos artistas e a deformação do estilo. As obras

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do EXPRESSIONISMO estão impregnadas de realismo dra­mático e muitos dos seus cultores, expressionistas confessos, pertenceram também a outras ESCOLAS.

Importante personagem, chegando mesmo a ser elemen­to de proa do EXPRESSIONISMO, foi o pintor holandês, Vi­cente van Gogh. Ele exerceu influência decisiva sobre o EX- PRESSIONISMO e dizem que toda a arte do século XX não pode ser compreendida sem o recurso à sua obra.

Em van Gogh, muita coisa a admirar, sobretudo os seus auto-retratos. Distinguiu-se realmente pela capacidade imen­sa do desenho linear, dando relevo às formas criadas. Ele buscou, na cor, o máximo de intensidade, empregando exces­sivamente o vermelho e o verde expressão emocional das pai­xões que tumultuam o coração do homem.

Dois nomes, mundialmente afamados, ligam-se ainda ao EXPRESSIONISMO, a saber: Rouault e Chagall. Grandes méritos os acompanham. Seria longo falar sobre eles. Con­vém dizer que tais artistas, de formas delicadas e cores suaves, dedicaram-se também à ARTE SACRA e Religiosa, pintando para certas igrejas na França. Conhecem-se obras de valor, onde se inspiraram em temas bíblicos. Dizem que Rouault era de sensibilidade extrema, odiava o orgulho dos ricos e patro­cinava sempre a pobreza. As suas obras estão cheias de espi­ritualidade medieval e foram alvo de críticas favoráveis.

Chagall, pintor russo, viveu e pintou sob a influência dos rituais judaicos. Executou várias obras para teatro judeu c dc dicou-se também à arte dos vitrais.

A essa altura, quando a arte parecia progredir e também recuar diante de outros modelos, que pensar do SIMBOLIS­MO ?

Parece que tal movimento surgiu para encarnar a idéia artística numa síntese perfeita e submeter o estilo ao tema proposto.

Moreau, pintor francês, com sua imaginação exuberante e técnica comunicativa, faz parte principal do movimento sim- bolista.

Uma das qualidades do SIMBOLISMO é a expressão correta da idéia, mediante formas perfeitas.

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Os meus leitores estão vendo que não existe uma escala definitiva no progresso evolutivo da arte, mas tudo cresce em rotação para depois descambar no decadentismo.

Quando uma ESCOLA rompe com o passado, a seguinte quer reviver o passado, rompendo com o presente.

E que dizer do FOVISMO ?A exemplo das demais, o FOVISMO está na ordem da

evolução da arte, na tentativa de aprimoramento.Ele se determina pela capacidade espantosa de combi­

nar os diversos elementos decorativos para que o artista pos­sa externar a sua emoção. Pureza de tons c liberdade de co­res parece constituírem para tal movimento o sistema pecu­liar de expressão da beleza.

É bom realçar nessa época a figura de Matisse.Moreau, seu mestre, certa vez lhe dissera: "Você vai

simplificar a pintura". A sua vida artística, pelo relevo fasci­nante de suas obras, apresenta várias etapas. Ele amou pro­fundamente a natureza e chegou também a ser impressionis­ta. Depois, a sua personalidade artística firmou-se e ele, carac­terizou-se pela simplicidade das composições, onde prevale­cem cores austeras e profundamente harmônicas. Matisse era imensamente versátil. Para ele, toda composição artística é a arte de arrumar de modo decorativo os diversos elementos pa­ra o artista exprimir o seu sentimento.

A revolução artística, em busca de perfeição de ESCO­LAS e ESTILOS, continua sempre em todos os países da Europa, determinando entre adeptos e admiradores as mais espetaculares reações.

Assim, contemporaneamente ao FOVISMO, surgiu tam­bém o CUBISMO. Foi outra revolução estética de alcance imprevisível. Passou também por várias etapas e seus princi­pais adeptos evoluíram repentinamente.

Segundo o pensamento de alguns, no CUBISMO toda a arte se reduz ao cone, à esfera e ao cilindro. O geometrismo, com toda a proliferação de linhas e ângulos, domina a com­posição. A origem desse nome se prende a uma reflexão de Matisse ao ver uma pintura de Braque em forma de peque­nos cubos.

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Eles se diversificaram nas conceituações e práticas do SUR­REALISMO, criaram novas teorias e técnicas, transforman­do a arte em mistério.

O SURREALISMO, com muitas subtilezas artísticas, manifestou-se com suas experiências de pintura automática, não permitindo que a razão controlasse as emoções que par­tiam do subconsciente exaltado. Dizem mesmo que a finalida­de do SURREALISMO era provocar e fazer irromper a vida latente da subconsciência, fazendo que o artista explodisse o fabuloso inteiramente fora da existência real.

Nesse final de conversa sobre a História da Arte, seja-me permitido ainda uma palavra sobre o FUTURISMO, nascido na Itália, no começo do século, e que dizem ser talvez o mais revolucionário sistema artístico da Idade Moderna.

Foi Felipe Tomás Marinetti, o poeta criador do movi­mento. Em seguida, alguns pintores, por exemplo, Carra, Se- verini e Baila, seduzidos também pelas teorias esdrúxulas do poeta, lançaram logo um manifesto que ocasionou repulsas cm toda a Itália.

Os FUTURISTAS, empregando na arte uma filosofia sutil, buscavam “a sensação dinâmica eternizada enquanto tal” .

Umberto Boccioni, pintor italiano, é a mais autêntica personalidade desse movimento futurista. Declarou, certa vez, que a obra de arte, para ser plenamente compreendida, deve exprimir sensações estranhas, estados de alma diversos. A sua primeira exposição cm Paris foi tumultuada com protestos vio­lentos e longos.

Gino Severini conheceu Boccioni e a ele filiou-se incon­dicionalmente. Chegou mesmo a promover um encontro dos cubistas Braque c Picasso com aqueles que aceitaram o mo­vimento futurista. O estilo tornou-se uma verdadeira mescla de CUBISMO e FUTURISMO, voltando, no fim, ao antigo e clássico.

Carlos Carra realizou também uma síntese da pintura primitiva com a moderna e possui representações fantasma­góricas.

Giacomo Baila, fortemente influenciado por Marinetti, levou o FUTURISMO ao paroxismo da abstração.

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De fato, Braque e Picasso talvez sejam os responsáveis diretos pela existência dessa ESCOLA.

O CUBISMO procura reduzir a forma a um simples es­quema, onde, pela aplicação abundante de linhas geométri­cas, possa alcançar-se a dimensão dos objetos que podem ser admirados tanto de frente como de perfil. Assim, na mais profusa combinação, triângulos, retângulos e cubos fazem par­te harmônica dessa amálgama misteriosa, difícil de entender e também dc explicar. Creio que nunca houve, na História da Arte, Escola mais discutida entre as diversas camadas sociais do que o CUBISMO.

Picasso, pintor espanhol, de vida acidentada, tornou-se original pela sua imaginação criadora. Em matéria de arte, com toda a sua capacidade inventiva, possuía também uma psicologia sutil dc criações enigmáticas. Certa vez, ele próprio afirmou: “Copiar os outros é necessário. O que é trágico é co­piar a si mesmo”. Ele também evoluiu e estabilizou-se no que julgava mais perfeito.

Aqui no Brasil, é bom recordar, de modo especial, a fi­gura de Cândido Torquato Portinari, pintor e desenhista bra­sileiro, filho de emigrantes italianos e nascido na cidade de Brodósqui em S. Paulo.

Desde criança, sua vida foi bastante agitada pelos altos e baixos de sua carreira artística. Deixou obras de consagração popular, embora a sua personalidade artística de cubista ex­cessivo fosse bastante questionada. Assim, para a capela da Pampulha em Belo Horizonte, pintou um imenso painel de azulejos sobre a vida de S. Francisco de Assis, assim como as cenas da Via-Sacra que foram, por longo tempo, objetos de severas críticas.

Em obras do arquiteto Niemeyer, Portinari realizou tam­bém dois importantes murais, o primeiro, no Banco Boavista do Rio de Janeiro, a "PRIMEIRA MISSA NO BRASIL” . O segundo, na cidade mineira de Cataguases, TIRADENTES, no Colégio Estadual. Também no ano de 1953, pintou a Via- -Saera para a Igreja dc Batatais cm S. Paulo, participando ain­da dc várias Bienais e Exposições Internacionais, conquistan­do vários prêmios.

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Prosseguindo na descrição sumária de ESCOLAS e ES­TILOS de ARTE, o DADAISMO se apresenta como sendo fruto da l . a Guerra Mundial.

Criado em 1916 pelo judeu Tristão Tzara, tomou seu no­me das duas primeiras sílabas que a criança pronuncia an­tes de aprender a falar.

O DADAISMO foi um movimento passageiro que agitou profundamente os meios artísticos e serviu de ponte para o SURREALISMO.

Mas, como se caracteriza o DADAISMO ?Consistia, por certo, em negar e destruir todas as formas

de arte, criando aquilo que é absurdo e ao mesmo tempo ar­bitrário. Em outras palavras, era um movimento negativista que não aceitava a existência de valores reais e refletia o drama psíquico que a humanidade viveu por longo tempo com as consequências da Grande Guerra.

Seria longo, demasiadamente fora de plano, deter-me no estudo e apreciação de tantas correntes artísticas que vi­veram simultaneamente e passaram à História da Arte.

Desejo dar ainda uma palavra sobre o SURREALISMO e o FUTURISMO para complemento desse meu pequeno es­tudo.

Na sequência da História da Arte, o SURREALISMO está classificado como sendo o último dos movimentos artísti­cos revolucionários do século XX.

Nascido em 1924, com a divulgação do “MANIFESTO SURREALISTA” do poeta e escritor francês, André Breton, o SURREALISMO consistia em desenvolver no artista o auto­matismo psíquico, de modo a expressar, na arte, a atividade real do pensamento, independente de controle intelectual e preocupação estética ou moral.

Com tais afirmações, aliás, elásticas, os seus principais promotores, Giacometti, Miró, Salvador Dali e outros, busca­vam defender, na arte, as idéias de fundo psicanalítico, valo­rizando assim os sonhos e qualquer atividade do inconsciente.

Parece que os adeptos de SURREALISMO encetaram vários caminhos, multiplicaram-se em modos de ser e realizar as coisas. Não há um padrão de estilo único para todos eles.

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Na História da Arte, uns avançam excessivamente e rompem literalmente com o passado. Outros, no entanto, bus­cam, no passado, acabamento de suas emoções.

Muitas Escolas e Estilos poderiam ainda ser estudados. No entanto, antes de começar o ENSAIO DE ARTE SACRA E CRISTÃ, seja-me permitido dizer que nesses tempos novos de expressão artística moderna, a Igreja não descuidou a exis­tência e promoção da ARTE SACRA e CRISTÃ.

Numa evolução razoável e consciente, sem de modo ne­nhum aferrar-se aos padrões passados, a Igreja aceitou e acei­ta a colaboração dos artistas modernos, contanto que as suas produções não destoem da dignidade e respeito devidos aos lugares do culto.

Não é pelo fato de ser moderna, atualizada, que a Igreja vai rejeitar a arte.

Pelo contrário, como aconteceu no passado, a Igreja convoca e estimula os artistas de nossos tempos a darem a sua preciosa colaboração à construção e embelezamento de nos­sos templos, apoiando todo movimento artístico que tenha a finalidade de exprimir a beleza.

Diante desses movimentos todos que aconteceram atra­vés da História da Arte, a Igreja sempre esteve presente co­mo instigadora das boas causas, fomentando e desenvolvendo a ARTE SACRA e CRISTÃ.

Assim, com generoso esforço, colimando os ideais mais nobres, fez com que artistas se reunissem na França para a promoção oportuna de tal matéria.

Primeiramente, na Arquitetura, surgiram igrejas novas, de estilo e decoração aceitáveis, onde trabalharam artistas de nomeada, que se dedicaram também à ARTE RELIGIOSA.

Quero citar mais uma vez o nome de Jorge Rouault, considerado o mais afamado pintor religioso da França até o ano de 1958. Ele pintou um vitral da Igreja de Assy, na Fran­ça, intitulado “O CRISTO NA CRUZ”. Possui também vá­rias obras com temas religiosos eminentemente bíblicos.

Maurício Denis e Jorge Desvallières criaram, na Fran­ça, em 1919, um ATELIER DA ARTE SACRA. Dali por diante, até nossos dias, com incentivos diversos, a Arte Reli­

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giosa voltou a manifestar-se ao público com aumento de admi­radores e franca vitalidade. Até pintores, não religiosos, dedi­caram-se ao nobre movimento de fazer ressurgir, a contento das classes sociais, a beleza da ARTE SACRA e CRISTÃ. Nem faltou também, por iniciativa dos Padres Régamey c Coutourier, uma revista chamada “A ARTE SACRA”, onde estudos e promoções se faziam em torno de tão importante assunto.

Como acabamos de ver, a Arte, seja ela qual for, Arqui­tetura, Pintura ou Escultura, apresentou-nos uma imagem fiel das civilizações por que passou. O mesmo sucede, a par­tir da ARTE MODERNA. Numa civilização como a nossa, onde criações novas acontecem, graças aos inventos da técni­ca atual, não é de estranhar que a Arte, no processo intermi­nável de adaptar-se, adote novos roteiros, surjam novas esco­las com variações de estilos à saciedade.

Ninguém possui a última palavra em nada.As pesquisas c descobertas novas, o estudo e aplicações

de materiais, a influência da sociedade nas pressões físicas ou morais, tudo isso pode levar a Arte à criações estranhas e absurdas como aconteceu na história passada.

Numa época igual à nossa, cheia de comunicabilidade vasta e penetrante, assim como a Ciência evolui e busca ain­da a razão íntima de muitas coisas, assim também, num cres­cendo assombroso de perspectiva fabulosa, as BELAS ARTES evoluem e se tornam imagem viva de uma nova civilização.

Por isso, no estudo que fiz das diversas ESCOLAS e ES­TILOS de ARTE, apesar de ter as minhas opiniões e críticas particulares, evitei definir-me a favor desse ou daquele mo­vimento artístico, não só por causa da responsabilidade dos ar­tistas passados, mas ainda por consideração a opiniões e gos­tos de particulares.

Enquanto acabo esse estudo, um incêndio, no Rio de Janeiro, devora todo o acervo do MUSEU de ARTE MO­DERNA. Cinza é o balanço final daquelas obras que lá se ex­punham à contemplação de muitos que ali buscavam emo­ções estéticas.

Todos por certo lamentam a perda irreparável de 205 quadros de pintores latino-americanos, entre outros, obras de

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Picasso c Portinari, assim como grande parte da coleção do pintor uruguaio, Joaquim Torres Garcia, classificado mem­bro da ARTE MODERNA de VANGUARDA.

Oxalá, quanto antes, para funcionamento e riqueza do nosso patrimônio artístico, seja totalmente recuperado o MU­SEU de ARTE MODERNA, proporcionando imensa alegria a todos aqueles que amam a beleza das manifestações artís­ticas.

São os votos de quem espera muito do profícuo trabalho que estão realizando os que amam profundamente a Arte.

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CAPITULO XI

A FACE DE DEUS NA ARTE SACRA

É possível que a ARTE SACRA nos revele a Face de Deus ? Sim, é possível! As várias Escolas de Arte provaram essa realidade !

Agora, em pleno século XX, quando as ARTES evoluí­ram tanto, não é utopia afirmar que a ARTE SACRA conti­nua com seu potencial fabuloso de revelar ao mundo a Face de Deus.

Para isso, desde a mais remota antiguidade, ela foi cria­da e existe.

Para isso, em qualquer tempo, ela se desenvolve e se fir­ma, contanto que o artista seja fiel à sua vocação e não des­preze a fonte da inspiração cristã.

É certo que a arte evolui, está sujeita a transformações radicais e pode exprimir o belo sob as mais variadas formas. É certo ainda que a beleza não se improvisa, é sempre íntegra na concepção do artista e na realização da obra.

Na ARTE SACRA, se existe a beleza, deve existir tam­bém a clareza da idéia, o equilíbrio das partes, a harmonia do todo.

Na ARTE SACRA, se a beleza contém mensagem, ela deve ser comunicada integralmente, sob pena do artista trair a sua vocação e a obra não corresponder à finalidade a que foi chamada.

Hoje em dia, quando tantas Escolas de Arte disputam a primazia, vale a pena relembrar conceitos e firmar princípios pelos quais, na sequência dos séculos, a ARTE SACRA, so­bretudo CRISTÃ, logrou-se definir-se e sobreviver até nossos dias.

Vale a pena revisar tudo isso já que a ARTE SACRA e CRISTÃ precisa preservar-se do profanismo do século, con-

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servada na pureza de sua linha e mantida na posição que sempre ocupou nas épocas históricas eminentemente clássicas.

Isso é tanto mais importante quanto mais, nos tempos novos, criam para a ARTE SACRA e CRISTÃ uma falsa ori­ginalidade, concepções que trocam o sagrado pelo profano e substituem o cristão pelo pagão.

Insisto na pergunta: É possível que a ARTE SACRA e CRISTÃ nos revelem a Face de Deus ? !

Sem dúvida nenhuma, é possível todas as vezes que o ar­tista cristão inspirar-se nos Livros Santos e realizar a ARTE SACRA como verdadeiramente CRISTÃ.

A essa altura de criações artísticas, penso na missão co­tidiana do artista cristão, na responsabilidade que ele carrega, na seriedade que o distingue, no sofrimento que o tortura, na beleza sofrida que ele deve comunicar aos outros.

Penso nas relações que existem entre a ARTE SACRA e CRISTÃ e a LITURGIA, isto é, a função que deve desempe­nhar como auxiliar do Culto Católico, na escolha e disposi­ção de vários elementos que formam uma unidade orgânica e brilhante.

E porque penso nisso tudo, acho que a ARTE SACRA e CRISTÃ não se deve banalizar. Não lhe é permitido ser medíocre e corriqueira, viver na dependência fugaz de con­venções absurdas que a deprimem ou diminuem, impedindo que manifeste ao mundo, com simplicidade e nobreza, a Fa­ce de Deus !

Mas, finalmente, perguntará alguém porque assim me exprimo ? Acontece algo de anormal na ÁRTE SACRA e CRISTÃ ? Há porventura alguma coisa que a corrompa vis­ceralmente, impedindo que ela seja SACRA e CRISTÃ no sentido interpretativo da Igreja e da rigidez dos cânones ? Há razões soberanas que me facultem o direito e dever de assina­lar certas coisas que tramam contra a sua vida e sobreexistên- cia ?

Sem dúvida nenhuma ! Nossa geração, levada muitas vezes por esnobismo artístico, libertou-se da beleza clássica, criou a seu talante o MODERNISMO na arte ! Nossa gera­ção, sofisticando a beleza, corrompendo as formas, torceu o sentido das criações artísticas, criou o subjetivismo revolucio­

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nário na arte, de modo que o belo, para muitos, não é mais o que objetivamente agrada e está de acordo com as exigências do ser, mas simplesmente aquilo que satisfaz subjetivamente ao artista, independente da aceitação ou repulsa das multi­dões. Nossa geração, sofisticando a beleza, parece ter criado a arte fictícia, aquela que segue um roteiro louco deveras com­prometedor !

Assim, a ARTE SACRA e CRISTÃ, diante do mundo em constante evolução, passou a ser, para alguns, uma aven­tura impressionante desligada de qualquer sentido cristão, onde a deformação do belo, nas figurações sagradas, torna-se obrigatória e o mal gosto um contra-senso.

Com tais inovações, a ARTE SACRA e CRISTÃ, sem acomodar-se ao culto sagrado, deixou de ser a reta disposição de elementos materiais que se conjugam para expressão do belo, para tornar-se manifestação de elementos dispersos que provocam feiura.

Tais artistas, pelo fato de sofisticarem a beleza, detur­pam a verdade e também por certo empanam a Face de Deus ! Pelo simples fato de criarem absurdos, sacrificam a beleza e produzem monstrengos !

Em todos os países, não faltam admiradores devotados de tais artistas que os aplaudem e estimulam ! Não faltam crí­ticos superficiais que nunca estudaram ARTE SACRA e CRISTÃ, mas se batem por criações de mau gosto que se alo­jam infelizmente dentro de nossas igrejas.

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CAPITULO XII

ARTE SACRA E CRISTÃ'

As palavras em si parecem sinônimas, mas SACRA e CRISTÃ, no que respeitam à ARTE, distinguem-se entre si, possuem, quanto à idéia e aplicação, um conceito mais amplo ou mais restrito, conforme aquilo que exprimem e de acordo com a sua finalidade imediata.

Talvez seja interessante insistir.Para maior elucidação dos conceitos, em ordem sobretu­

do prática, eu poderia formular assim: Nem toda ARTE SA­CRA é CRISTÃ, assim como nem toda ARTE CRISTÃ é SACRA, no sentido rigoroso da expressão.

Assim, por exemplo, a arte de um templo budista, embo­ra sacra, porque se destina ao culto budista, não é, de modo nenhum, cristã, porque não traz a marca do Cristianismo.

Disse que nem toda ARTE SACRA é CRISTÃ porque nem sempre o artista se inspira em motivação religiosa-cris- tã, mas, a sua ARTE se torna SACRA por estar construindo e decorando um templo pagão que para os seus adeptos é ver­dadeiramente tido como sagrado.

Disse também que nem toda ARTE CRISTÃ é SACRA porque, para tanto, não basta que exprima ou reproduza idéias cristãs, mas, antes de tudo, possa adaptar-se à Liturgia, esteja, de modo funcional e permanente, a serviço do Culto, proporcionando a formação da comunidade cristã pela ima­gem.

A ARTE SACRA, portanto, envolve um conceito mais restrito de aplicação funcional ao culto sagrado, mais de acordo com a linguagem e o espírito litúrgico. Dir-se-ia que a ARTE SACRA existe para condicionar os fiéis às funções li- túrgicas, dispô-los religiosamente a uma participação cons­ciente, a fim de que encontrem, nas nossas igrejas, clima pro-

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pício à piedade cristã, aconchego necessário para o recolhi­mento dalma.

Daí a necessidade e importância do conhecimento da ARTE SACRA e CRISTÃ para ver se cada uma está no seu devido lugar, se atinge, com segurança, a própria finalidade, se realmente se acha a serviço da comunidade eclesial que reza e adora, medita e canta.

Parece, à primeira vista, que o estilo, estrutura e deco­ração de uma igreja nada tem a ver com a ARTE SACRA e CRISTA !

Puro engano, amigos !Estilos, estruturas, formas e decorações são elementos

indispensáveis não somente para que a ARTE seja CRISTÃ, mas se realize como SACRA. A significação que tudo isso as­sume e representa, possui imenso valor na aceitação da obra como cristã, na funcionalidade da ARTE como SACRA.

Esse modo singular de ser, da parte da ARTE SACRA e CRISTÃ, é que provoca nos espectadores a aceitação ou re­pulsa da obra, a censura ou aprovação, de modo que ela seja o que deve ser e exprima o que dela todos esperam.

Diante do mau gosto difundido, é preciso que se tenha a coragem de afirmar que qualquer arte, muito mais a ARTE SACRA e CRISTÃ, só vale e merece admiração quando recí­proca necessidade une a forma e o fundo à sua finalidade, is­to é, quando tudo foi tão bem concebido e realizado que a obra de arte, em todo tempo, realize aquilo a que foi chamada.

Inútil o artista permanecer na corporização das idéias, se aquilo que é capital não transparece na obra de arte. Inútil res­saltar as decantadas formas, se a finalidade da ARTE SA­CRA e CRISTÃ não for atingida. Inútil empregar o melhor material e mão de obra, se não estiver em perspectiva a fina­lidade da ARTE SACRA e CRISTÃ.

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CAPITULO XIII

ARTÍFICE E ARTISTA

Gostaria de tecer algumas considerações sobre o artista e o artífice. Entre eles medeia uma distância infinita.

Parece que o ARTISTA planeja e o ARTÍFICE fabrica.O ARTISTA possui na mente criar alguma coisa com

planejamento definido. Para o ARTÍFICE, basta que al­guém lhe dê um modelo para que logo fabrique em série.

Tal distinção parece sutileza, mas é uma realidade.O ARTISTA é senhor da sua arte, recebe impulso da

própria alma para depois comunicar aos outros a beleza inte­rior de sua obra. O ARTÍFICE é escravo da sua obra, recebe impulso de fora para comunicar a outros o que muitos de­sejam.

Uma coisa é fazer arte, produto da sensibilidade dalma. Òutra coisa é realizar artefato, fruto da técnica engenhosa. Uma coisa é ser ARTISTA com toda a inspiração criadora. Outra coisa é ser ARTÍFICE com toda a imposição da técni­ca.

Continuo explicando. Entre um e outro a distância é con­siderável, embora alguns digam que, na ordem prática, as palavras possam equivaler-se como sinônimos.

O ARTISTA apresenta o BELO sob formas reais, onde transparece a unidade do plano e a harmonia do todo.

O ARTÍFICE realiza o que lhe convém, apresenta for­mas fantásticas que muitas vezes fogem à realidade das coi­sas.

Uma coisa é alguém planejar a sua obra, vivê-la interior­mente, extravasá-la da própria alma, dando formas de Beleza, Verdade e Vida.

Outra coisa é alguém servir-se do “métier” , arranjar a sua técnica, montar alguma fórmula como se fosse uma re­ceita de "arte pela arte” .

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No ARTISTA, sente-se a preocupação da responsabili­dade, a obra marcha com lentidão, torna-se fruto de concep­ção madura.

No ARTÍFICE, sente-se a preocupação do ineditismo, fazer assim porque assim ninguém ainda fez; uma certa ori­ginalidade doentia cuja característica é a pressa com produ­ção seriada ou em massa.

No ARTISTA, atua a consciência nítida do BELO, de modo que o mais complexo reduz-se ao mais simples, o mais perfeito torna-se, por isso mesmo, o mais real.

No ARTÍFICE, prevalece a imaginação em busca de modelos bonitinhos, onde muitas vezes o mais simples é o mais complicado, o mais belo, o mais hediondo.

No ARTISTA, prevalece o respeito ao BELO e à VER­DADE, isto é, o que deve realizar para que a sua obra seja perfeita e útil, capaz de trazer satisfação e serventia.

No ARTÍFICE, existe a tentação de mentir-se a si mes­mo, buscar apenas satisfação momentânea, fazer da arte in­dústria ou comércio, sem que transpire beleza e moralidade definida.

Se o que acima disse vale para qualquer arte ou artista, que direi então daquilo que se chama ARTE SACRA e CRIS­TÃ ? As exigências não serão muito maiores ? Quando se tra­ta de ARTE SACRA e CRISTÃ não possui o artista o dever inalienável de fazer sentir a todos a BELEZA ?

Se assim não for, estaremos diante de visões parceladas, onde o ARTIFÍCIO substitui a ARTE, o bonitinho se apre­goa como BELO, o supérfluo vale mais que o essencial, a ficção suprime a realidade e a mentira sufoca a Verdade.

Estudando os monumentos de ARTE SACRA e CRISTÃ, a gente se impressiona vivamente com a seriedade das cria­ções artísticas!

Tais obras, em feliz retrospectiva, tornaram-se tão impor­tantes por suas motivações sagradas, que até hoje servem, na História da Arte, para prova insofismável das crenças pri­mitivas existentes entre os primeiros cristãos.

Com efeito, Catacumbas, estatuetas, desenhos e pintu­ras, inscrições e epígrafes, não somente revelam a beleza pri­mitiva da ARTE CRISTÃ, mas, na época atual, de certo mo­do servem para a ARTE verdadeiramente SACRA.

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CAPITULO XIV

IGREJA E ARTE SACRA

Numa época em que tudo se encontra em franca evolu­ção, onde muitas vezes é difícil manter o ritmo de um progres­so controlado, qual será o pensamento oficial da Igreja diante de tantos ESTILOS e ESCOLAS de ARTE ?

Porventura condena a Igreja as diversas ESCOLAS de ARTE no esforço progressivo de interpretarem o sentido so­brenatural da Fé ?

Proíbe a Igreja a evolução racional da ARTE SACRA e CRISTÃ, expressão de beleza funcionalmente adaptada ao Culto ?

Absolutamente não !Do mesmo modo que, no passado, existiu uma ARTE

das CATACUMBAS, da IDADE MÉDIA e da RENASCEN­ÇA, assim como uma ARTE BARROCA e ROCOCÓ, nada impede que possa também existir uma ARTE SACRA que se diga MODERNA, contanto que o artista não deturpe o BE­LO IDEAL nem ouse penetrar no santuário para corromper as formas hieráticas.

A Igreja admite, respeita e aprova as diversas ESCO­LAS de ARTE, os ESTILOS que surgem adaptados às con­tingências de tempo, lugar e meio, contanto que as criações não se emancipem do necessário, do que é justo e conveniente para beleza de nossos templos.

Não cabe aqui dizer nem afirmar, de modo absoluto e radical, se esse ou aquele estilo da ARTE MODERNA vale ou não para a construção e decoração de igrejas.

Vale, sim, dizer e afirmar que, diante de tantas formas de expressão artística, a Igreja sempre assumiu um compor­tamento de prudente reserva, aceitando o que lhe convém dentro de plano comedido e justo.

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Muito teria a dizer se competisse aqui examinar e discor­rer sobre as várias ESCOLAS de ARTE que, com vários no­mes, dominaram a mente de muitos artistas modernos e fa­mosos.

Muito teria a analisar se, nesse pequeno ENSAIO, fosse a vez de aprovar ou contestar certas concepções artísticas que não se coadunam com o ambiente de nossas igrejas.

Mas, finalmente, em matéria de ARTE SACRA e CRIS­TA, qual o pronunciamento da Igreja para os nossos tempos ?

Num estudo por mim realizado, desde que apareceram as primeiras formas de ARTE MODERNA, os últimos PA­PAS não omitiram o dever da palavra em tão relevante maté­ria.

Assim, o Papa Pio XI, ao inaugurar a nova PINACO­TECA VATICANA, a 27 de outubro de 1932, proferiu gra­ves palavras sobre a ARTE SACRA, publicadas na "Acta Apostolicae Sedis” de 3 de novembro de 1932.

Assim, com efeito, se expressa o Papa :

"Tantas obras de arte, indiscutível e perenemente belas, como as que estamos a revistar com admiração, obras na sua quase totalidade profundamente inspira­das no pensamento e sentir religioso — que como bem se disse — ora parecem ingênuas e fervorosas invoca­ções e preces, ora sublimes elevações e verdadeiros triun­fos de glória celeste c divina; tantas e tais obras, como que por força irresistível do contraste, nos fazem pen­sar em certas outras assim chamadas obras dc arte sacra, que parecem não lembrar ou fazer presente o sagrado, senão porque o desfiguram até a caricatura e bem fre­qüentemente até a sua verdadeira e própria profanação” .

E o Papa, denunciando ainda essas obras, continua cri­ticando com veemência tal Arte Sacra :

“Tenta-se a defesa em nome da procura da novida­de e da racionabilidade das obras. Mas o novo não repre­senta verdadeiro progresso, se não é pelo menos tão belo

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e tão bom quanto o antigo. E freqüentemente essas pre­tensas novidades são genuína e até mesmo inconvenien­temente feias, e revelam apenas a incapacidade ou impa­ciência daquela preparação de cultura geral. . . cuja fal­ta de ausência dá lugar. . . a deformações em que falta a mesma tão rebuscada novidade” .

Continua ainda Pio XI :

"Coisa semelhante acontece quando a nova presu­mida "arte sacra” se propõe a construir, decorar e guar­necer as HABITAÇÕES DE DEUS e CASAS DE ORA­ÇÃO, que são as nossas igrejas. . .

Que tal arte não seja admitida em nossas igrejas, e muito menos seja invocada para construí-las, reformá-las ou decorá-las; o que não impede contudo de abrir plena­mente todas as portas e dar as mais sinceras boas vindas a todo bom e progressivo desenvolvimento das boas e venerandas tradições que, em tantos séculos de vida cristã, em tanta diversidade de ambientes e condições sociais e étnicas. . . deram sempre sobejas provas de ine­xaurível capacidade para inspirar formas novas e be­l a s . . .

Incumbe a Nossos Irmãos no Episcopado. . . vigiar a fim de que nada sob o falso nome de arte venha ofen­der a santidade das igrejas e dos altares e perturbar a pie­dade dos fiéis” .

Pio XII também, na encíclica "MEDIATOR DEI”, quando se trata de ARTE SACRA, aprova a necessidade con­temporânea de conceder-se livre campo à ARTE MODERNA, mas assim pastoralmente adverte, exprimindo o pensamento oficial da Igreja :

"As imagens e formas modernas não devem ser des­prezadas e proibidas em geral por meros preconceitos, se­não que é inteiramente necessário, adotando um equili­brado meio termo entre um servil realismo e um exage­rado simbolismo, com os olhos mais colocados no provei­

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to da comunidade cristã do que nos gostos e critérios pessoais dos artistas, tenha livre campo a arte moder­n a . . .

Por dever Nosso de consciência, não podemos en­tretanto deixar de deplorar e reprovar aquelas concep­ções e formas, introduzidas recentemente por alguns, que mais parecem aberrações e deformações da verda­deira arte e que por vezes repugnam abertamente ao de­coro, modéstia c piedade cristã e ofendem lamentavel­mente os verdadeiros sentimentos religiosos.

Estas devem ser energicamente afastadas e expulsas de nossos templos como em geral tudo quanto não esti­ver em harmonia com a santidade do lugar” .

Pio XII ainda acrescenta :

“Tenha-se por axioma que a Beleza é companheira da simplicidade. . . portanto, nada de grosseiramente falso, nada de fingido. . . ”

É lamentável que alguns pensem que a Igreja, nos tem­pos novos, deva também adaptar-se à onda avassaladora do MODERNISMO que deforma a ARTE SACRA e CRISTA.

O mundo de hoje é fácil para quem adota a filosofia naturalista da vida. Para quem, no entanto, deseja enfrentar problemas sob vários aspectos, há dramas terríveis que termi­nam quase sempre em tragédias inevitáveis. Depois que a sociedade se proclamou pluralista, com liberdade excessiva e tendências diversas, a permissividade é franca e somos obri­gados, em nome de falso progresso, a aceitar tudo, sob pena de passarmos por obsoletos e arcadistas.

Sobre ARTE SACRA e CRISTÃ', desde tempos imemo­riais, não faltaram depoimentos de figuras ilustres que soube­ram interpretar a posição da Igreja, reprovando os descami­nhos de uma arte excêntrica.

Assim, entre outros, o escritor francês Huysmans deixou escrito para convicção de muitos :

“O demônio parece perseguir a Igreja, insuflando- -Ihe o amor das coisas feias e sem gosto. . . Ficam no bo­

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nito, nada mais. E o bonito é geralmente o maior inimi­go do belo” . . .

A ARTE SACRA, na Igreja, não pode processar-se à revelia, sem um código que determine o que pode ser aceito ou o que deve ser proibido.

Talvez seja oportuno agora conhecer-se a legislação do Código de Direito Canônico sobre tão importante assunto que mereceu tão sábias recomendações dos Papas.

O Cânon 1164 determina o seguinte que ainda vale na disciplina vigente da Igreja :

"Cuidem os Ordinários, ouvindo, se for preciso, o conselho dos peritos, que na edificação e reparação das igrejas observem-se as formas aceitas da Tradição Cris­tã, assim como as leis da Arte Sacra” .

Segundo intérpretes e comentaristas do cânon, a gente deve entender por “formas aceitas” não um modelo definido eternamente prefixado de modo a não ser lícito afastar-se dele, mas sim um conceito claramente exposto que obedeça às pres­crições litúrgicas e corresponda à participação dos fiéis no cul­to sagrado.

“Formas aceitas” , no espírito da legislação da Igreja faz com que a ARTE SACRA e CRISTA obedeçam a uma fina­lidade sagrada, isto é, ajudem o Povo de Deus a participar piedosamente das funções litúrgicas, proporcionando recolhi­mento, euforia espiritual do meio ambiente.

Também é bom assinalar que a Igreja quando fala em "formas aceitas” da Tradição Cristã não quer significar es­tilos fixos ou modelos exclusivos dos tempos passados, por­que, pelo fato de scr universal, a Igreja é de todos os tempos e lugares c sc adapta aos gostos e costumes dc países e nações.

Quando o Código fala em Tradição Cristã, por certo não se apega propriamente a formas externas e estruturas sim­plesmente materiais, mas sc refere, sobretudo, ao espírito cris­tão tradicional que deve informar a verdadeira ARTE SA­CRA e CRISTÃ em ordem prudente ao culto litúrgico.

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Explicando ainda, “formas aceitas” não são aparências exteriores da obra que o artista realizou no passado ou se pro­põe realizar no presente, mas o espírito cristão que marca de­finitivamente a obra e prevalece na prática multisecular da igreja.

Mas, finalmente, mais uma vez, a bem da verdade, per­gunto : Quais são as leis da ARTE SACRA a que se refere o Código Eclesiástico ?

A resposta, muito simples, poderia ser assim formulada : A ARTE SACRA e CRISTÃ, no desdobramento da sua ati­vidade específica, devem levar em conta as relações existentes entre ela e a Liturgia, expressão sensível do culto.

Se eu pudesse acrescentar aqui alguma coisa, diria que as leis da ARTE SACRA se reduzem ao espírito de colabora­ção com a Liturgia, de modo que, nas estruturas criadas, na­da venha impedir ou prejudicar a participação dos fiéis na Ação Eucarística ou Sacramental.

A esse propósito, a Constituição "GAUDIUM ET SPES” ou então a “IGREJA NO MUNDO DE HOJE”, na Parte II, cap. II, assim declara como verdadeiras normas a serem se­guidas :

“Assim as novas formas de arte, apropriadas aos nossos contemporâneos, segundo a índole das diversas nações e regiões, sejam reconhecidas pela Igreja. Aco- lham-se, porém, no santuário, quando por modos de ex­pressão adatados c condizentes com as exigências da Li­turgia, elevem a mente a Deus” .

Na Constituição litúrgica "SACROSANCTUM CON- CILIUM ”, a Igreja, dizendo admitir todo estilo de arte, afir­ma também a sua posição :

“A Igreja nunca considerou seu nenhum estilo de arte, mas conforme a índole dos povos e as condições e necessidades dos vários Ritos admitiu as particularidades de cada época, fazendo com que o tesouro da arte fosse com todo o cuidado conservado através dos séculos. Também nos nossos dias e em todos os povos e regiões a

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arte goze de livre exercício na Igreja, contanto que, com a devida reverência e honra, sirva os sagrados templos e cerimônias sacras de tal sorte que ela possa unir sua voz ao admirável concerto de glória que os grandes ho­mens cantaram nos séculos passados de fé católica” . . .

“Cuidem os Ordinários que, provendo e incentivan­do a arte verdadeiramente sacra, visem antes a nobre beleza que a mera suntuosidade. . .

Tomem providências os Bispos que as obras de ar­te que repugnam à fé e aos bons costumes, à piedade cristã e ofendem o verdadeiro senso religioso, quer pela deturpação das formas, quer pela insuficiência, medio­cridade e simulação da arte, sejam cuidadosamente reti­radas das casas de Deus e dos demais lugares sagrados” .

Impossível pois a aceitação da ARTE MODERNA im­propriamente sacra, se não subordinar-se aos cânones disci­plinares da Igreja.

Se, na realidade, em nossos tempos, a Igreja abre mão de estilos e permite que a ARTE SACRA esteja de acordo com as necessidades dos países e regiões, fica sempre, no en­tanto, a vigilância para que os artistas modernos não caiam nos excessos conhecidos, realizando obras que não condizem com os usos e costumes litúrgicos, fomentando sentimentalis- mos artísticos ou coisas semelhantes que não se coadunam com o Dogma, Liturgia ou Moral.

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CAPITULO XV

ARTE SACRA E “DANDISMO”

Na língua inglesa, "DANDY” é o homem elegante, so­cialmente afetado, com pretensão à beleza.

Na língua portuguesa, formou-se também o substanti­vo “DANDISMO” que traduz a maneira de alguém ou de alguma coisa ser elegante.

Na ARTE MODERNA, desligada inteiramente de con­teúdo espiritual, parece que o “DANDISMO” está em curso. Há, de fato, uma correria infrene na busca excêntrica da beleza sofisticada.

Parece que estamos vivendo a tragédia das formas este­reotipadas, a título precário de evolução artística.

Estamos sentindo o mau gosto oficializado com laivos de pretensão à beleza.

Estamos insatisfeitos diante de representações sinistras que não se identificam com o belo, sobretudo no que se re­ferem à ARTE SACRA e CRISTA.

No entanto, tudo me faz crer que ainda existe um có­digo de beleza universal que não se prende ao "DANDISMO” das criações absurdas.

Hoje, como outrora, os valores estéticos possuem princí­pios e meios que exprimem a beleza, conforme ensina a Filo­sofia da Arte.

No artista cristão, quero dizer, existe deveras uma EPI­FANIA artística, se ele se inspira nas fontes do Evangelho para depois comunicar ao Povo a Face de Cristo.

EPIFANIA que consiste em lembrar-se da frase muito acertada do filósofo Jacques Maritain : “A Arte Cristã é a ar­te da humanidade resgatada por Cristo”.

EPIFANIA que não desfigura a mensagem recebida nem fragmenta a beleza das coisas.

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EPIFANIA que se realiza pelas concepções genuinamen­te cristãs c comedimento em anunciá-las ao Povo.

Sou, portanto, contra o “DANDISMO” projetado na ar­te, sensação balofa do “bonitinho”, sem que possa ressaltar a virtuosidade da ARTE SACRA e CRISTÃ.

Sou contra figurações que se perdem no emaranhado das linhas e cores, mas não se decifram à primeira vista por­que falta-lhes a linguagem simples de alcance popular capaz de traduzir para todos a seriedade augusta da beleza que apre­goam.

Sou contra essa ARTE SACRA aventureira, que sacrifica a idéia fundamental ao capricho de formas retorcidas e quer impingir uma beleza fictícia que não existe na obra nem muito menos na alma do artista que a concebeu e realizou.

Sou contra essa arte sibilina, que não se define com cla­reza, mas obriga o espectador a adivinhá-la, aplaudindo muitas vezes a artistas que vivem do sensacionalismo artístico e nego­ciações de “arte pela arte.”

Sou contra essa ARTE que nada tem a ver com SA­CRA, mas encontra apoio lisonjeiro daqueles que não querem passar por “démodés” , pouco ligando que se profane o sagra­do e se introduzam nas igrejas modelos inexpressivos de fe­mentida beleza.

Há também na ARTE SACRA um laicismo estarrece­dor que deve ser evitado.

Lendo revistas, consultando manuais de ARTE MODER­NA, a gente depara com igrejas construídas e pinturas reali­zadas que, para serem compreendidas, desafiam a capacidade atuante das mais argutas inteligências.

Muitos se esqucccm de que a mensagem arquitetural ou pinturesca a ser comunicada aos outros pela ARTE SACRA, deve revestir-se de conveniência e sobriedade, adaptação e funcionalidade, sacralização e decoro. Não se decora um templo cristão à maneira de um clube de festa. Não se cons­trói o presbitério como simples sala dc reunião. Tudo, na igreja, deve estar preposto ao fim assinalado.

Mais uma vez a constituição “SACROSANCTUM CONCILIUM ”, no cap. VIII, n.° 127 :

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"Os artistas todos que, levados por seu gênio, que­rem servir na Santa Igreja à glória de Deus, sempre se lembrem de que se trata de certa forma da sagrada imi­tação de Deus Criador, de obras destinadas ao culto ca­tólico, à edificação dos fiéis, bem como à piedade e à instrução religiosa deles.”

Assim como a ARTE SACRA e CRISTÃ têm um nome para tudo, é preciso também que tudo, dentro das exigências da ARTE SACRA e CRISTÃ, venha subordinar-se ao Culto litúrgico, do contrário, o “DANDISMO” ganha terreno, pe­netra no santuário e achincalha a dignidade das nossas igre­jas.

Acho possível e admito que toda época possa apresentar um estilo novo que reflita a evolução criadora da arte nas suas múltiplas manifestações. Não admito, porém, uma pseu­do estética que comprometa o belo total, assim como, especi­ficamente, a ARTE SACRA e CRISTÃ que deve revelar a Face de Deus.

Admito e acho viável que a ARTE SACRA, CRISTÃ, evolua a ponto de adaptar-se às contingências da sociedade pluralista. Não aceito, entretanto, que ela venha profanar o que é sagrado, isto é, os lugares onde os fiéis se reúnem para celebração do culto, desejosos de encontrarem aquilo que pro­curam.

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CAPITULO XVI

ARTE SACRA E SOFRIMENTO

No mundo em que vivemos, há uma luta tremenda entre o IDEAL e a REALIDADE. Os que sofrem no seu IDEAL, conquistam grandes REALIDADES. O sofrimento é sempre o caminho para purificar os nobres ideais.

Na civilização moderna, onde se deturpam os conceitos e se desprezam as fontes de cultura, estamos infelizmente em face daquilo que as coisas aparentam e longe daquilo que de­veriam ser.

A angústia do homem, se quer atingir a maturidade, con­siste diariamente em sofrer para conquistar a perfeição de si mesmo e fazer também que as coisas amadureçam e se tor­nem perfeitas em suas mãos.

As diversas ESCOLAS de ARTE, muitas vezes sem mo­ralidade definida, parece que se apegam mais ao TER do que ao SER, gritam muito mais pela técnica mercantil do que pela beleza universal.

Essas ESCOLAS de ARTE que dizem representar a in­quietude natural dos tempos novos, com todas as problemá­ticas sociais, são mais próprias para o engodo e excitação das massas do que capazes de resolver o problema da paz na cria­ção das obras.

E vivem certos artistas, à cata de novidades, transpor­tando para a ARTE SACRA e CRISTÃ idéias espúrias que deformam a beleza dos seres e ao mesmo tempo impingem à sociedade um geometrismo vago de linhas e cores.

Na concepção da arte, assim como na execução da mes­ma, o artista precisa sofrer, do contrário, permanece estéril.

Esse sofrimento faz parte da vocação do artista e se tor­na condição indispensável para que possa produzir alguma coisa I

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Assim, no passado, aconteceu aos artistas na sempre afamada História da Arte. O artista, de fato, ao conceber al­guma coisa, deve sofrer pela Arte, do contrário, é a Arte que sofre com ele porque não consegue dar à luz uma obra per­feita e bela.

Não sei se todos estão convencidos dessa verdade. Não sei se todos compreendem a extensão e profundidade desse so­frimento. Creio que ele se fundamenta no processo lento da gestação de toda obra. Cresce e também se identifica à medi­da que o artista se realiza na parturição da mesma.

O artista sofre, no silêncio de sua oficina, quando con­cebe uma idéia, traça a primeira linha, faz o primeiro debu­xo.

Ele sofre, no progresso da obra, quando emprega a sua técnica, desfaz algum obstáculo e vence a matéria bruta.

Ele sofre, ao terminar a sua obra, quando sente que o seu trabalho ficou distante da perfeição planejada.

Ouso dizer que todo plano de obra, por mais simples que pareça, é torturante e absorvente, isto é, leva o artista ao paroxismo do sofrimento, até que a sua obra venha à luz, nas­ça na perfeição da forma c na plenitude da beleza.

O artista que não sofre, não produz coisa que preste. É que o sofrimento, no mundo físico ou moral, faz parte in­tegrante da vida humana, dia a dia ajuda o homem a crescer, identifica-o com o Divino Modelo. È pelo sofrimento que a sua idéia adquire corpo e a sua arte cria verdadeira alma.

O verdadeiro artista, sobretudo, cristão, deve sofrer muito. O seu “TABOR” deve estar à altura do seu “CALVÁ­RIO”. Quero dizer : A sua glorificação é proporcional a seu sofrimento, muito embora ignorem que ele, para produzir is­so ou aquilo, sofreu demais.

Se eu quisesse estabelecer um paralelismo entre o sofri­mento do artista c o sofrimento do cristão, na conquista da santidade, diria assim : Sofre o artista quando encarna, em sua obra, a idéia concebida; sofre o cristão quando transplan­ta para a sua alma o Modelo Divino. Sofre o artista quando renova a sua veia na inspiração cristã; sofre o cristão quan­do aprende alguma coisa nas fontes do Salvador. Sofre o axtis-

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ta quando leva a sua obra à plenitude da beleza; sofre o cris­tão quando se identifica com Cristo BELEZA em plenitude.

Tudo isso por certo significa que o homem, tanto na or­dem material como na ordem da santidade, é chamado para algum esforço, para realizar algo de bom, de justo, de belo e perfeito, lutando contra a própria natureza, vencendo as baixas estruturas, colocando as suas realizações ao nível do que é perfeito !

Se o artista, como o cristão, assim não proceder, não atin­girá a perfeição a que aspira, torna-se frustrado na vocação e vulgar no plano das realizações.

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CAPITULO XVII

O BELO EM GESTAÇÃO

Fala-se muito da atividade produtora do artista, do nú­mero fabuloso de obras que ele produz anualmente 1

Divulgam-se as suas obras em exposição, assim como al­gumas se destinam aos mais afamados museus.

Em qualquer arte, seja poética ou musical, arquitetônica ou pinturesca, o verdadeiro artista, em contato com a beleza das coisas, está sempre a engendrar alguma coisa. Se alguém é, de fato, artista, o sofrimento o persegue a vida toda, por­que, na sua mente, o belo está sempre cm gestação.

Entre o artista e a natureza, existe um celebrado conú- bio pelo qual os dois se unem para dar, em belas formas, o fru­to de sua gestação.

Em termos de arte, eu diria melhor que o artista, em contato com a natureza, está sempre a gestar a sua obra. Ele recebe de fora as impressões como sementes vivas para depois fecundá-las e fazer nascer o fruto de sua sensibilidade.

Há mesmo quem diga que, para o artista, o processo de gestação da obra de arte obedece ao ritmo da procriação na­tural. Assim como a mãe traz no ventre, por longo tempo, o fruto de suas entranhas, assim também o artista carrega, por longo tempo, a imagem da sua obra e sente, no parto mental, as mesmas dores da mãe ao dar à luz o seu filho.

De fato, em processo analógico, para conceber e produ­zir alguma coisa, o artista sente que a sua imagem assume corpo, está prestes a nascer, assim como a mãe se alegra quan­do nasce o fruto de seu ventre.

Por isso, diante do belo em gestação, à semelhança da mãe que nutre o filho com o sangue de suas veias, o artista não descansa. Vozes lhe dizem que a sua obra vai nascer. Da alma do artista brota a beleza no esplendor da forma e todos

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clamam : É obra de arte genial! £ beleza consumada de ar­tista !

Toda obra de arte que se cria, que nasce da mente do artista e se projeta objetivamente, tende a libertar o artista das angústias da alma, porque, a exemplo da mãe, quando o filho nasce, o artista se tranquiliza porque comunicou ao mun­do a beleza em forma.

Toda obra de arte, por mais simples que pareça, co­munica-nos sempre as vivências do artista, isto é, o que ele experimentou e sentiu, as torturas da alma, as emoções da vi­da.

Por isso, toda obra de arte, a bem da verdade, é como espelho de cristal em moldura doirada, não só revela o gênio do artista, mas a Face de Deus escondida na arte !

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CAPITULO XVIII

O BELO IDEAL

Que entende você por BELO IDEAL ?Haverá um relativismo na conccituação do BELO ou se­

rá ele ABSOLUTO c UNIVERSAL ? !Na ordem prática de aceitação de beleza, a discrepância

é infinita. Os gostos variam e existe mesmo quem diga em pro­vérbio popular : "Quem ama o feio, bonito lhe parece” .

O BELO IDEAL, em qualquer arte, seja na Literatura ou na Poesia, na Pintura ou Engenharia, traz consigo quali­dades positivas que são tanto mais perfeitas quanto mais en­carnam a perfeição artística.

Se o FEIO é a carência de alguma qualidade capaz de torná-lo BELO, sem dúvida nenhuma, o BELO IDEAL é aquele que, em todos os tempos, corresponde plenamente às exigências da BELEZA c nele podemos também achar, por concomitância, o BEM, a VERDADE c o AMOR !

Qual será, portanto, para a ARTE SACRA e CRISTÃ', o tipo consumado daquele BELO IDEAL que ultrapassou os séculos ? !

Quem servirá para o artista de inspiração e arquétipo, padrão e exemplo, ponto de partida e chegada para aquele BELO que digo IDEAL ?!

Se aceitarmos que Deus é a BELEZA TOTAL, não será difícil afirmar-se que Cristo é a Imagem do Pai que nos reve­la a Face de Deus.

O BELO IDEAL e ABSOLUTO é pois Deus que, pelo Seu Filho, Jesus Cristo, nos revelou a Face do seu Pai, para que os filhos da Luz se encantassem com a Sua BELEZA.

Se o artista, à luz da Revelação, convencer-se desta Ver­dade, realizará, nas suas obras, mesmo com elementos natu­rais, o BELO ABSOLUTO e TRANSCENDENTAL.

De fato, à luz da Sagrada Teologia, quem estuda Deus, com Seus atributos de perfeição, assim como Cristo, a IMA­GEM visível do Deus invisível, percebe logo, por muitos tre­chos bíblicos, a verdade daquilo que estou afirmando.

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Na ARTE CRISTÃ primitiva, sobretudo no que se re­fere a IMAGENS, PINTURAS e ESCULTURAS, a BELE­ZA do Cristo, expressa de vários modos, jamais esgotou a fon­te da inspiração cristã. A História da Arte nos convence não só desta convicção existente entre os primeiros cristãos, mas que, na verdade, Ele é o BELO IDEAL, ABSOLUTO e U N I­VERSAL.

Esta BELEZA executada artisticamente atravessou os sé­culos e chegou até nós, ora, primeiramente, nos crucifixos ves­tidos, onde a imagem do Cristo aparece, ora, nas várias pintu­ras, onde o Salvador, muitas vezes com os apóstolos, figura em cenas tipicamente evangélicas.

Jesus Cristo é o BELO IDEAL, ABSOLUTO e U N I­VERSAL, de cuja BELEZA as criaturas participam em graus diversos.

Assim entenderam os artistas da Antiguidade. Assim também O aceitam os artistas modernos que não se libertam da autêntica expressão de BELEZA que está na ARTE SA­CRA e CRISTÃ.

Em todas as ESCOLAS de ARTE, nas diversas épocas históricas, a fisionomia de Cristo, com todo o Seu conteúdo de BELEZA, VERDADE e AMOR, foi longamente explora­da pelos artistas como reflexo da Face de Deus, portanto, o BELO IDEAL.

Tudo isto que digo, antes de estar encarnado na ARTE SACRA e CRISTÃ, está profundamente inserido na doutrina cristã, sobretudo nos tratados do VERBO ENCARNADO e do REDENTOR.

Jesus Cristo se apresentou ao mundo como BELEZA e VERDADE para os que viam nEle a IMAGEM perfeita da Glória do Pai. Ele é chamado, na expressão bíblica, "o mais belo dos filhos dos homens” .

Para outros, sobretudo Isaias, Ele se tornou, pelos sofri­mentos da Paixão, um verme e não um homem. Àquele que carregou em seus ombros os nossos pecados, tornou-se o ser­vo asqueroso e maldito para lavar a nossa iniquidade. Mes­mo assim, ou melhor, por causa disto mesmo, Cristo é o BE­LO IDEAL a rcproduzir-sc na mente do artista, nas obras de arte e nas almas dos homens.

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Em tranqüila reflexão teológica, a BELEZA TOTAL da Face de Cristo, nas ocasiões mais diversas da Sua missão divi­na, haveria de operar, através dos tempos, a cisão dos cora­ções :

CORAÇÕES de BETÂNIA e CORAÇÕES de FARI­SEUS !

CORAÇÕES de BETÂNIA, onde a BELEZA sobrena­tural do Mestre, refletida em seus traços físicos, atrairia as almas para um ideal superior de vida : “Saboreai as coisas do Alto” .

CORAÇÕES de FARISEUS, onde a virulência das pai­xões humanas se esforçaria por ofuscar a Sua BELEZA, nos argumentos da Verdade Divina: "Se eu vos digo a Verdade, porque não me dais crédito” ?

Há duas fisionomias dc Cristo, na história da humanida­de, assim como existem muitas na história primitiva e mo­derna da ARTE SACRA e CRISTÃ.

Uma, singular, autêntica e divina.Outra, mitológica, romanesca e humana.A primeira nos apresenta o Deus e Homem Verdadeiro

e carrega consigo os atributos da perfeição divina na Pessoa Santíssima de Jesus : Essa — a do Evangelho.

A segunda, pelo contrário, nega a Sua natureza divina, cria uma pessoa humana que se contrapõe à Pessoa Única do Filho de Deus : Essa a de Renan c todos os sequazes do Ra- cionalismo Bíblico.

Se para os teólogos Cristo é Deus, da mesma natureza do Pai, nEle e com Ele coexistindo antes de todos os séculos; pa­ra os racionalistas, que não aceitam a Revelação, Cristo nada mais é do que um homem extraordinário, dotado de poderes mágicos, talvez um filósofo ilustre ou então um artista da pa­lavra e da beleza.

Infelizmente, depois de tantos séculos de Cristianismo, foi essa a fisionomia de Cristo que repercutiu em muitas AR­TE S e que ainda se projeta maliciosamente em muitas obras que se publicam.

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O mundo parece ter esquecido — e com ele muitos ar­tistas — que Cristo, no Seu Corpo e na Sua Alma, naquela união maravilhosa da natureza humana com a natureza di­vina na única Pessoa do Verbo, é sem dúvida para todas as gerações o IDEAL ABSOLUTO do BELO UNIVERSAL em Sua Fonte primária e vital, de modo que toda BELEZA que existe, na ordem criada, é participação dessa BELEZA incom­parável que é o Próprio Deus !

Isso não é apenas uma afirmação histórica fundamenta­da nos argumentos da Fé, mas uma Verdade universalmente aceita por aqueles que se prezam do nome cristão e constituem o Povo de Deus.

Isso não é apenas uma Verdade do 1.° século vinda até nós pela Tradição Apostólica, mas uma BELEZA transcen­dental que a muitos converteu para a civilização cristã e até hoje desafia as inteligências mais agudas, assim como dobra as vontades mais rebeldes.

Sendo pois o Cristo, em todos os tempos, o IDEAL con­sumado do BELO perfeito, vale a pena viver com intensidade a Sua fisionomia, recordados de que, na linha da ENCARNA­ÇÃO, a ARTE SACRA e CRISTÃ pode servir de sinal para profissão de Fé e formação religiosa do Povo de Deus.

Depois das considerações anteriores, se me fosse permiti­do, apresentaria ao leitor amigo um QUADRO ESQUEMÁ­TICO, sob o ASPECTO TEÓRICO e PRÁTICO, da verda­deira ARTE SACRA e CRISTÃ.

Tudo aquilo que, em chave doutrinal vai exposto, pode servir para a ARTE SACRA e CRISTÃ revelar ao mundo a Face de Deus.

Nesse QUADRO, conforme a doutrina revelada, encon­tra-se Cristo como BELO IDEAL, fonte primária de inspira­ção para todo artista que se diz cristão.

Nesse QUADRO, em linhas gerais, não só a BELEZA singular da fisionomia de Cristo, IDEAL do BELO na ARTE SACRA e CRISTÃ, mas ainda a BELEZA singular dessa AR­TE que realiza a sua missão e se honra, ao mesmo tempo, de ser cristã !

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ASPECTO TEÓRICO :

ESTRUTURA INTERNA DA ARTE SACRA E CRISTÃ

JESU S CRISTO, IDEAL DO BELO:

1 o) PRINCIPIO VIVIFICADOR DA ARTE(N Ele estava a Vida, João, cap. 1, vers. IV).

2 .°) MEIO CONDUTOR À GLÓ­RIA DO PAI(Por Ele, com Ele e nEle).

3 .°) FIM ÜLTIMO DA BELEZA PLÁSTICA(Para que Te conheçam como Deus Ünico e Verdadeiro).

A ARTE SACRA e CRISTÃ’, sem perder o contato com a Liturgia de quem c serva fiel, firma os fiéis na participação do Culto.

ASPECTO PRÁTICO :

ESTRUTURA EXTERNA DA ARTE SACRA E CRISTÃ

JESU S CRISTO, IDEAL DO BELO:

1.°) PRINCIPIO IN STRUTOR DA COMUNIDADE ECLESIAL

2 .°) MEDIADOR DE NOSSA VIDA SOBRENATURAL

3 .°) FIM ÚLTIMO DOS FIÉIS NO CORPO MÍSTICO DE CRISTO

Diante dessa exposição que pode ser estudada sob vários aspectos, isto é, ora sob o aspecto da Dogmática, ora sob o as­pecto da Teologia Mística, o Cristianismo, hoje, como outro- ra, possui na ARTE SACRA e CRISTÃ amplitude de con­cepção e espiritualidade de expressão, contanto que os cristãos queiram comunicar ao mundo a Face de Deus.

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Creio também que o artista possa realizar a ARTE SA­CRA e servir ao Povo de Deus, se tiver em vista nos trabalhos :

1 .°) Inspirar-se no Evangelho que é a Face de Cristo através da História.

2 .°) Conformar a sua obra ao espírito genuinamente cristão.

3 .°) Revelar o BELO IDEAL que é o CRISTO TO ­TAL.

Se assim não for, teremos, ao contrário, na ARTE SA­CRA : A FANTASIA suplantando a Verdade, o MODER­NISMO caricaturando a BELEZA, o SENSACIONALISMO provocando ESCÂNDALO.

Contra tudo isto, em alto descortínio e bom senso, o ar­tista cristão deve possuir :

1 .°) BOM GOSTO na escolha da matéria.

2 .°) Prudência no desenvolvimento da ação.

3 .°) Firmeza na convicção da Fé.

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CAPITULO XIX

O BELO QUE É VERDADE

O BELO traz consigo a VERDADE.

A VERDADE, na ARTE SACRA e CRISTÃ, deve iden­tificar-se com o BELO para provocar euforia e elevação.

Assim pensaram os Antigos que não permitiam a cor­rupção das formas em detrimento da BELEZA que devia tam­bém expressar a VERDADE. Com isso, de fato, concordaram os artistas que realizaram a BELEZA transmitindo, ao mesmo tempo, a VERDADE.

Nem é diverso hoje o modo de pensar, sobretudo daque­les que não querem que a ARTE SACRA e CRISTÃ seja transformada apenas em obra de ficção, um simples desenho de sensações doentias, sem ligação nenhuma com a VERDA­DE e BELEZA espiritual das coisas.

No mundo atual das ARTES, existe uma efervescência de criações artísticas, uma desordenada liberdade para ESCO­LAS e ESTILOS.

Agora, dada a reforma litúrgica, a Igreja também se es­força para que a ARTE SACRA e CRISTÃ possa externa­mente manifestar o BELO que é VERDADE, adaptando-se, ao mesmo tempo, às exigências do culto, sem perder, no en­tanto, as propriedades sagradas que lhes são características.

Percebe-se assim, pelas revistas especializadas no assun­to, que há, de fato, um interesse crescente para que as novas construções de igrejas se processem de acordo com estilos no­vos, mas sem a quebra das exigências litúrgicas.

O BELO que é VERDADE sem dúvida permanece in­tangível, quer na manifestação material da BELEZA das coi­sas, quer na expressão espiritual das formas belas.

É preciso que se relembre ser “o BELO o esplendor da VERDADE” e que na obra artística existe uma correlação per-

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Feita entre a BELEZA que se realiza c a VERDADE que se apregoa.

Ninguém escreve simplesmente por escrever. Ninguém constrói simplesmente por construir.

Em toda obra de arte, seja poesia, pintura ou escultura, o artista se propõe dizer a VERDADE, por isso ele recorre pri­mariamente à natureza que carrega consigo a BELEZA das coisas.

Há, em cada escritor, uma VERDADE que ele tenta di­zer, assim como uma BELEZA que ele se esforça por expri­mir. O mesmo se diga do poeta e do pintor. Quando os artis­tas trabalham com essa finalidade, desejam que a BELEZA manifestada corresponda perfeitamente à VERDADE.

Creio que deve ser esse o comportamento dos artistas que pensam e sentem alguma coisa. A BELEZA que produzem e entregam à contemplação dos outros, não só deve agradar à vista pela estesia das linhas, mas ainda tranquilizar a nossa inteligência pela VERDADE que transmitem.

Portanto, o BELO, assim como a VERDADE, para que satisfaça aos nossos sentidos e traga quietude para nossa al­ma, deve ser comunicado na pureza das linhas, na integrida­de das formas, na harmonia das cores, do contrário, a preten­sa obra de arte choca pela visão e traz tédio pelo mau gosto.

No Brasil, em matéria de ARTE SACRA c CRISTÃ, gra­ças ao acervo de obras coloniais e barrocas tombadas pelo Pa­trimônio Histórico, quando se trata de reparos e reformas é preciso que se atente bem ao critério de BELEZA e VERDA­DE do estilo, para que não se corrompam as formas. O que está feito e caracteriza uma época deve ser religiosamente conservado como expressão de BELEZA c de VERDADE.

No que se refere a reformas de igrejas e reparos de par­tes danificadas, não é fácil realizar tal empreendimento, sem lesar, muitas vezes, a estrutura íntima da obra de arte, o es­tilo em que foi montado, a maneira por que foi concebido.

Para que o BELO que é VERDADE não se corrompa e a VERDADE que é BELA permaneça intocável, que se ou­çam, nas reformas de igrejas, peritos na matéria, a fim de que não se altere a BELEZA do conjunto nem se adultere a VER-

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DADE das formas, suprimindo ou acrescentando coisas con­tra a criação dos verdadeiros artistas.

Antigamente no Brasil, sobretudo nas grandes cidades coloniais, encontravam-se homens habilidosos e práticos, que se dedicavam inteiramente à reconstituição de igrejas, mudan­do forros, concertando retábulos, reparando imagens, conser­vando escrupulosamente a BELEZA e VERDADE do estilo colonial, com pronunciado respeito ao patrimônio da arte.

No que respeita ao BELO que é VERDADE, já exis­tem, no Brasil, igrejas novas, construídas em estilo moderno e que agradam na visão do conjunto e das partes porque corres­pondem plenamente à missão que a ARTE SACRA e CRIS­TÃ devem realizar.

Quem quiser construir uma igreja, tenha primeiramente em vista a escolha do lugar, de preferência plano, evitando morros e subidas que dificultam a chegada frequente do po­vo para as celebrações litúrgicas. Aproveite o mais possível a extensão do terreno, preveja o crescimento da família paro­quial, do contrário, ao terminar a obra, a igreja se torna pe­quena para conter o povo.

Quem quiser construir uma igreja, de acordo com as ne­cessidades atuais, atenda à sua amplitude e funcionalidade, sobretudo para os dias de maior freqüência, Semana Santa, Missões, festa do Padroeiro e outros movimentos de maior comparecimento dos fiéis. Que se cuide da LUZ, do SOM, do AR e da COR, de modo que, numa igreja espaçosa e are­jada, a iluminação seja suficiente, a acústica perfeita e a cor repousante.

Nas relações da ARTE SACRA com a LITURGIA, atenda-se ao texlo conciliar da Constituição “SACROSANC- TUM CONCILIUM ”, cap. VII, n .° 734, que se refere à li­berdade artística convenientemente controlada :

“Ao se construírem igrejas, cuide-se, diligentemen­te, que sejam funcionais, tanto para a celebração das ações litúrgicas como para obter a participação ativa dos fiéis” .

Pelo texto acima percebe-se que a constituição conciliar colocou três coisas em relevo :

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1.°) Que as igrejas construídas sejam funcionais, isto é, planificadas de tal modo que facilitem o acolhimento e livre trânsito dos fiéis.

2 .°) Que tudo, no interior das igrejas, facilite o desen­volvimento das cerimônias litúrgicas e que, sem nenhum es­torvo, os fiéis possam integrar-se no culto sagrado para a par­ticipação devida.

Creio ter dito praticamente o necessário para ressaltar, na ARTE SACRA e CRISTÃ, o BELO que é VERDADE, sem omitir a VERDADE que é sempre BELA.

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CAPITULO XX

O BELO QUE É TESTEM U N H O

Se os céus, como diz o salmista, enarram a glória do Se­nhor, a ARTE SACRA e CRISTÃ, com toda a motivação sa­grada, deve fazer com que o BELO, em nossas igrejas, teste­munhe a presença de Deus 1

Ninguém melhor do que a ARTE SACRA e CRISTÃ', com os recursos artísticos de que dispõe, pode manifestar pe­la BELEZA um testemunho autêntico.

Nas suas diversas modalidades, quer se trate de Arqui­tetura, Iconografia ou Pintura, a obra artística que comu­nica BELEZA, serve também de TESTEM U N H O não só para o artista que a concebe e executa, mas para o Povo de Deus que a contempla e admira.

Sem dúvida, o TESTEM U N H O da Fé faz parte do artista cristão que coloca diariamente a sua arte a serviço de Cristo e da Igreja. Esse TESTEM UNH O , tão importante quanto necessário, envolve e situa o artista numa atmosfera superior de profissão de Fé, sobretudo quando a sua obra se prende a motivações sagradas e tenta revelar ao Povo a Face de Deus escondida na arte.

Dir-se-ia, noutros termos, que o artista é chamado, pela BELEZA da ARTE SACRA e CRISTÃ, a dar a todos esse TESTEM UNHO, já que feito à imagem e semelhança de Deus. Além disso, ele contribui, de modo admirável, a estam­par nas obras a marca indefectível da exemplariedade divina.

O artista cristão quando constrói, pinta ou esculpe, dei­xa passar de si para o material e do material para o Povo, não somente a sua “verve” natural, mas ainda a sua própria alma no BELO de que é TESTEM UNH O .

Diante daquela EPIFANIA do artista de que falei atrás, eu resumiria a sua vocação nesse crescendo harmonioso que é um trinômio sagrado : SENTIR, CRIAR, TESTEM U-

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NHAR. Ele sente à medida que se compenetra da vocação. Ele cria sob o impulso inconfundível da Fé. Ele testemunha com sinais que marcam a perenidade das obras.

Aqueles que, de geração em geração, admiram as obras do artista cristão, testemunham também a BELEZA e a VER­DADE da ARTE SACRA e CRISTÃ, porque ninguém con­templa as belas obras do passado ou do presente, sem que prorrompa em louvores a Deus que concedeu ao homem ca­pacidade e poder de realizar a BELEZA como TESTEM U ­NHO de sua Fé.

As obras cristãs da Antiguidade, desde as CATACUM­BAS aos nossos dias, estão impregnadas do selo da FÉ, dão TESTEM UNH O de Deus, BELEZA suprema que os cristãos adoravam e sabiam também viver !

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CAPITULO XXI

O BELO QUE É CATEQUESE

Nunca sc falou tanto cm CATEQUESE como em nossos dias. Muitas vt*7.es a palavra significa também EVANGELI­ZAÇÃO.

Em todos os setores religiosos, há uma preocupação da Igreja em catequisar a criança e evangelizar o Povo de Deus. Há uma busca inteligente de métodos e meios com o fim de atingir essa realidade.

Na CATEQUESE, empregam-se aparelhos audiovisuais, cartazes, desenhos, figurações, capazes de atingir, pela ima­gem luminosa e colorida, a alma da criança e também a to­do adulto.

Na ARTE SACRA e CRISTÃ, a BELEZA é sempre portadora de alguma lição ou mensagem. Ela pode tornar-se ESCOLA CATEQUÉTICA de ensino direto e permanente porque, aquilo que se constrói, pinta ou esculpe, pode trans­mitir algum ensinamento evangélico ou histórico, quer seja da vida de Cristo, quer seja da vida dos santos.

Assim também eu entendo a ARTE SACRA e CRISTÃ, o BELO que serve de CATEQUESE.

Assim eu entendo as igrejas que se controem, os murais que se pintam, os mosaicos que se desenham, as imagens que sc esculpem, os símbolos que ensinam alguma coisa.

Tudo isso, na ARTE SACRA e CRISTÃ, pode servir de formação religiosa pela imagem, tanto para as simples crian­ças do catecismo paroquial, como para os adultos que se de­liciam com tais obras.

Tudo isso prova que a ARTE SACRA e CRISTÃ pode encarnar, nas obras, passagens evangélicas, material oportu­no de CATEQUESE c eficiente para o POVO que freqüenta as nossas igrejas.

Aceito tranquilamente a verdade da afirmação : "Toda idéia tende a tornar-se corpo” .

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Se tal afirmação se faz para qualquer idéia de alguém sobre alguma coisa, quanto mais se pode também dizer da idéia cristã que se encarna em toda obra de arte e que assu­me corpo e volume em benefício de outros.

Assim acontece com as obras de arte. A idéia que elas contêm e sabem comunicar pela BELEZA se avoluma e cres­ce espantosamente, comunicando instrução religiosa, santa mensagem e bons pensamentos que servem de CATEQUE­SE para o nosso povo.

Se é verdade que a concepção da ARTE SACRA e CRIS­TA toma progressivamente vulto pela realização plena do ar­tista, é verdade também que tudo aquilo que se deu a co­nhecer pela BELEZA, pode ser assimilado por alguém, vale como CATEQUESE para instrução religiosa de todos os fiéis.

De fato, não se decora um templo apenas por decorar. As linhas de construção, os quadros em relevo, as imagens que se destacam, tanto na mente do artista como no propósito da ARTE SACRA e CRISTÃ, tendem a ensinar alguma coisa, instruir nos conhecimentos religiosos, transmissão da Fé.

Lê-se, na vida de muitos artistas, que não realizavam obras religiosas sem a intenção muito louvável de fazer com que as criações artísticas servissem de aprendizagem bíblica para o Povo de Deus. Entre os artistas que assim pensaram e agiram, destaca-se o monge dominicano Frei Angélico, que chegou mesmo a declarar ter em vista esta missão.

O BELO, em ARTE SACRA e CRISTÃ, onde quer que esteja, sobretudo quando seriado em imagens explicando passagens bíblicas, traz uma contribuição visual positiva na CATEQUESE e EVANGELIZAÇÃO dos fiéis.

Lembro-me de que, quando menino, a minha professora de catecismo gostava de levar semanalmente as crianças à ca­pela do Bom Pastor cm Salvador, para explicar aos alunos a vida de Cristo pelos belos e grandes quadros de Via-Sacra ali existentes.

De fato, os quadros atraiam a atenção das crianças que captavam as mensagens transmitidas e disto davam contas pe­las respostas dadas à professora nos questionários mensais.

Toda idéia realmente artística, quando expressa de mo­do perfeito, tende a assumir corpo, isto é, toma uma forma

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objetiva de utilidade pública ou particular, sobretudo adap­tada, cristãmente, às necessidades da comunidade dos fiéis.

Quando se estuda a ARTE CRISTA das CATACUM­BAS, chega-se à conclusão de que ela foi criada para ensinar alguma coisa. Os nossos antepassados na Fé, por meio de sím­bolos e desenhos, buscavam transmitir para as gerações fu­turas algum ensinamento doutrinal fundamentado no evan­gelho e na Tradição Cristã.

Com uma arte “sui generis”, de acordo com as possibili­dades do tempo, os primeiros artistas cristãos gravaram em objetos e sarcófagos lições catequéticas inesquecíveis que ain­da hoje servem à história dos dogmas e também de ilustração das crenças antigas.

É próprio do artista cristão traduzir, em formas sensí­veis, a realidade dos ensinamentos da Fé, sempre em perfei­ta consonância com a BELEZA, a VERDADE e o T E ST E­MUNHO dos santos evangelhos.

Por isso, admite-se, no artista cristão, uma espécie de HUMANISMO ESPIRITUALISTA, pelo qual ele emprega a ARTE SACRA e CRISTÃ para dar evasão a seus sentimen­tos religiosos, servir aos outros e valorizar a CATEQUESE.

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CAPITULO XXII

O BELO QUE É PASTORAL

Como dizem modernamente e repetem aos quatro ven­tos, estamos vivendo a época eminentemente pastoral.

Todo o esforço da Igreja, no campo ou na cidade, é de organizar e coordenar os movimentos paroquiais para que os cristãos que formam o Povo de Deus sc conscientizem das suas obrigações como Igreja e realizem o apostolado.

PASTORAL de CO NJUNTO c PASTORAL ORGÂNI­CA transformam os cristãos numa Comunidade Viva de Fé, Culto e Amor, todos unidos na dilatação consciente do Reino do Pai que nos salvou pelo Seu Filho c continua nos santifi­cando pelo Espírito Santo.

Dados os DECRETOS c CONSTITUIÇÕES CONCI­LIARES, em todas as Dioceses existe essa PASTORAL dinâ­mica e atualizada, que se divide cm vários setores ligados à COORDENAÇÃO ou SECRETARIADO comum.

Convém ainda acrescentar, para maior relevo da missão pastoral, a função extraordinária que vem realizando as CO­MUNIDADES de BASE, espalhadas profusamente nas pa­róquias, em várias regiões, sobretudo nas zonas rurais, onde os cristãos se reúnem, recebem a PALAVRA, celebram a EU­CARISTIA, discutem os seus problemas, descobrem líderes, atuam no próprio meio cm benefício do Povo de Deus.

Porque então na PASTORAL, dentro do setor da LI­TURGIA, não se forma uma equipe de ARTE SACRA e CRISTÃ, conforme deseja o Concílio Ecumênico Vaticano Segundo ? Porque, finalmente, a ARTE SACRA e CRISTÃ, que pertence também à vida cclesial, não sc insere na PAS­TORAL de todas as Dioceses ?

Acredito que, no momento, existam coisas mais urgen­tes e importantes a tratar; mas, pergunto, a ARTE SACRA e CRISTÃ, assinalada como importante pela vasta literatura

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conciliar, não serve também como subsídio à PASTORAL pa­ra conscientizar o Povo de Deus em muitas coisas que se re­ferem à vida eclesial ?

A Igreja de nossos dias está sempre em marcha para re­formas litúrgicas e renovações pastorais. Os métodos são mais atualizados. A técnica, mais funcional. Os resultados, visí­veis, animadores.

Mas, tudo aquilo que se cria de novo nas relações da Igreja com a sociedade pluralista é precisamente para facili­tar a aproximação, estabelecer o diálogo, distorcer a imagem da Igreja na implantação do Reino de Cristo. Há planos a exe­cutar. Esquemas a rever. Posições a tomar.

Quem sabe se o BELO da ARTE SACRA e CRISTA po­deria ser útil à PASTORAL dos nossos dias e prestar serviço aos cristãos conscientizados ? Quem sabe se, por meio da AR­T E SACRA c CRISTÃ, novas vocações seriam descobertas, novos líderes surgiriam, beneficiando-se a Igreja com um apostolado leigo numeroso, interessado e militante.

Com a ARTE SACRA e CRISTA, no que respeita a construções de igrejas, pinturas e esculturas, não seria fácil explorar o gosto e capacidade criativa de muitos em favor e a serviço da Igreja Local ?

Num país como o nosso, onde historicamente é imenso o acervo de ARTE SACRA e CRISTÃ, onde o estilo barroco representa a BELEZA esfusiante do nosso Brasil, porque não se cria, em cada diocese, uma COMISSÃO de ARTE SACRA, como diz o Concílio, capaz de vigiar, defender e estimular a conservação do nosso patrimônio artístico, despertando vivo in­teresse em muitos católicos, sobretudo indiferentes à Igreja ? !

Hoje em dia, reduzem-se todos os movimentos de Igreja a uma simples, mas complexa, questão de PASTORAL. Os novos sacerdotes estão penetrados desse espírito e se esforçam por viver essa convicção !

Há muitos, no entanto, que absorvidos pela técnica da PASTORAL, parecem não ter tempo para medir o valor e al­cance da ARTE SACRA e CRISTÃ, chegam mesmo à opo­sição de se construírem novas igrejas, achando que o templo material para o culto é coisa acessória, supérflua, triunfalista, podendo a santa missa ser celebrada em qualquer lugar, nu­

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ma sala improvisada, num galpão inexpressivo que reúna o povo.

Essa gente avançada e unilateralista, a quem falta às ve­zes a visão do respeito e decência devidos aos sagrados mis­térios, ignora ou finge desconhecer o pensamento oficial da Igreja sobre tão relevante matéria, assim como o que está es­crito no Livro dos Salmos : “Amei, Senhor, a beleza de Tua Casa e o lugar onde habita a Tua glória” .

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CAPITULO XXIII

A PASTORAL Q UE É BELA

Se o BELO, na ARTE SACRA, pode ser PASTORAL, nada também impede que a PASTORAL se torne BELA.

Tudo está dependendo da aplicação, do estudo e funcio­namento. Digo mais : Tudo se resume a uma questão de tato, aceitação e também bom gosto.

Na História multisecular da ARTE SACRA e CRISTÃ, sempre me impressionei com os vários modos de representa­rem a fisionomia de Cristo, tanto no Oriente como no Oci­dente.

Se a LITURGIA, nos tempos novos, está de mãos dadas com a PASTORAL, então está na hora de voltarmos às fontes.

Primeiro, uma pergunta : Os primeiros cristãos possuíam imagens autênticas de Cristo ? Como representavam a Face do Salvador ?

A Antigüidade histórica nos responde não possuir ne­nhum dado absoluto sobre a fisionomia de Cristo, mesmo por­que, os primeiros cristãos se abstiveram de tais representações por causa do paganismo e perigo de idolatria.

No entanto, por mais que as imagens fossem vagas e ar­bitrárias, um tipo convencional foi admitido desde o tempo de Constantino.

Houve mesmo, entre os primeiros artistas cristãos, quem desse livre curso à própria imaginação, introduzindo varie­dades de fisionomias, de conformidade com suposições mais ou menos prováveis.

A dar crédito na História primitiva da ARTE CRISTA, desde o século II tornou-se conhecida uma fisionomia de Cris­to que parece ser o ponto de partida dessa forma sagrada que atravessou os séculos e se fixou na mente dos artistas da Re­nascença.

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Tal fisionomia pode ser assim descrita, conforme o "Di­cionário de Antigüidades Cristãs” : Face de forma oval, ligei­ramente alongada, barba curta terminada em ponta, cabelos compridos e anelados, partidos ao meio. No seu conjunto, a fisionomia é portadora de uma aparência serena e grave.

Parece que tal modelo, conforme críticos de arte, pre­valeceu como sendo o mais aproximado da fisionomia do Sal­vador, ainda mais que sua reprodução se encontra nos maiores monumentos de arte do período bizantino.

Acresce ainda dizer, por mais esquisito que pareça, a opinião divergente entre alguns Padres Apostólicos, isto é, se Cristo, na Sua fisionomia, era belo ou então feio.

Uns, a exemplo de S. Justino e São Clemente de Alexan­dria, afirmavam ter Cristo se revestido de formas abjetas pa­ra tornar-se fiel ao plano horripilante da Redenção.

Outros, pelo contrário, nos séculos IV e V, opinaram que Cristo, nos Seus traços fisionôminos, é “o mais belo dentre os filhos dos homens”, porque atraía pela doçura da face, deli­cadeza do gesto e fascínio da Palavra.

Vale, com efeito, lembrar, por curiosidade histórica e ar­tística, que a Igreja nunca se pronunciou sobre tal matéria, mas percebe-se que ela aceita a afirmação de ser Cristo o mais belo dos homens, de formosura absoluta pela perfeição dos membros e equilíbrio das formas, já que a sua natureza hu­mana está inseparavelmente unida à Pessoa do Verbo de Deus.

Poderia alongar-me, neste capítulo, sobre as várias fisio­nomias de Cristo através da História da Arte. No entanto, o meu propósito agora, diante do BELO que é PASTORAL, é discorrer um pouco sobre a fisionomia de Cristo sob a forma do “BOM PASTOR” .

Seguindo a corrente dos séculos, apoiado nas represen­tações das Catacumbas, sempre considerei riqueza doutrinal imensa a descrição e vivência da fisionomia do "BOM PAS­TO R”.

Naquela página evangélica de PASTORAL com o Povo, não somente Cristo evidencia a sua fisionomia de "BOM PAS­TOR", na BELEZA mais terna e na ternura mais expressiva,

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mas ainda argumenta e dá razões soberanas de Seu constante pastoreio.

As diversas figurações da ARTE primitiva manifestam tudo isso. Cristo, de fato, é o "BOM PASTOR" não somente porque dá a vida por suas OVELHAS, as conhece de perto e as chama pelo nome, mas porque, sobretudo, vai em busca das OVELHAS desgarradas e quer que se faça um só REBA­NHO e um só PASTOR.

A História da Arte Sacra e Cristã explorou várias vezes esse tema que c simpático, essa PASTORAL que é sempre BELA.

Os artistas, compenetrados da missão do Salvador, de­senhavam nas paredes ou esculpiam nas pedras a fisionomia do “BOM PASTOR” como expressão de BELEZA transcen­dente, precioso estímulo para os movimentos da comunidade cristã nascente. A figura do “BOM PASTOR” se encontra es­culpida, ora em pedras sepulcrais, ora em relevos de sarcófa­gos ou ainda em lâmpadas de argila.

Assim, essa motivação sagrada, o “BOM PASTOR” que conduz e alimenta as Suas OVELHAS tornou-se progressiva­mente popular, exprime sempre na ARTE SACRA e CRIS­TÃ a DOAÇÃO e o SACRIFÍCIO d Aquele que, sendo o SAL­VADOR, realiza no mundo o plano salvífico de Deus.

Nessa PASTORAL dc ECUM ENISM O em que vive­mos, quando se trata de unir os cristãos separados, quem sa­be se essa fisionomia pastoral de Cristo poderia movê-los à UNIDADE de um só REBANHO e PASTOR ? Quem sabe se tal fisionomia inteligentemente explorada pela ARTE SA­CRA c CRISTÃ poderia servir dc ponte para a UNIDADE, isto é, congraçar os irmãos separados numa só Fé, lembran­do-lhes, pela História da Arte, que no início da Igreja a ima­gem do “BOM PASTOR” reunia o REBANHO numa só cren­ça, numa única c autentica comunidade que se chamava cristã.

Talvez seja oportuno acentuar essa verdade.Entre os primeiros artistas cristãos, a ação salvífica ope­

rada por Cristo, estampava-se na imagem do “BOM PAS­TOR”, sobretudo com a OVELHA aos ombros. Toda essa dou-

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trina prodigiosa e reconfortante, fundamenta-se em imagens bíblicas e alegorias extraídas da vida pastoral.

Para manifestar mais uma vez que essa PASTORAL é BELA e que vale a pena viver a BELEZA dessa PASTORAL, os antigos consideravam a imagem do “BOM PASTOR” co­mo pregação permanente capaz de atrair as OVELHAS, esta­belecer o diálogo c fixá-las em pastagens firmes e bonançosas.

Essa imagem do "BOM PASTOR”, na doutrina evangé­lica e na ARTE SACRA e CRISTÃ, continua sendo símbolo de uma realidade superior, isto é, a missão continuada do Cristo que, cheio dc zelo e misericórdia, desdobra-se a todas as gerações, busca a OVELHA perdida e conserva a que já es­tá salva.

Quem dera que essas considerações, com dados da Ar­queologia Cristã, servissem para a VIDA PASTORAL dos nos­sos dias, com toda a BELEZA que interiormente carregam I

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CAPITULO XXIV

ARTE SACRA E LITURGIA

Ao estudioso das disciplinas eclesiásticas, não passa des­percebido que há relações íntimas entre ARTE SACRA e LI­TURGIA, duas matérias distintas, mas que se interdependem e possuem uma para com a outra exigências próprias que não devem ser omitidas, sob pena de uma existir contra a outra.

A ARTE SACRA e CRISTÃ, com seu potencial assom­broso de Fé pela imagem, de BELEZA pela execução, é con­siderada também nobre auxiliar da LITURGIA SAGRADA, devem ambas viver em aproximação sincera e consonância perfeita, a fim de que unidas no mesmo ideal de adoração e louvor a Deus, possam promover, no Corpo da Igreja, a ins­trução e piedade dos fiéis.

ARTE SACRA e LITURGIA são filhas do mesmo ideal, uma complemento da outra, vivendo de estímulos recíprocos, servindo não somente para expressão de BELEZA, mas para relevo de toda ação litúrgica.

Não cabe aqui definir LITURGIA nem discorrer sobre tal matéria. Não cabe dizer que a LITURGIA é aquela ação maravilhosa do Corpo Eclesial que, mediante cerimônias e ri­tos, busca viver a doutrina sagrada, estabelecendo, por assim dizer, uma ponte entre o céu e a terra, por meio de Cristo, o grande Mediador da Nova e Eterna Aliança.

Cabe, sim, dar a conhecer ou então recordar o que a Igre­ja, no capítulo VII da Constituição “SACROSANCTUM CONCILIUM ” deixa claro sobre as relações que devem exis­tir entre as ARTES e o CULTO, para depois referir-se parti­cularmente à ARTE SACRA, serva fiel da LITURGIA.

Assim, com efeito, está escrito :

‘‘Entre as mais nobres atividades do espírito huma­no contam-se com todo o direito as belas artes, principal-

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mente a arte religiosa e a sua melhor expressão, a Arte Sacra. Por sua própria natureza estão relacionadas com a infinita beleza de Deus a ser expressa de certa forma pelas obras humanas. Tanto mais podem dedicar-se a Deus, a seu louvor e à exaltação da sua glória, quanto mais distantes estiverem de todo propósito que não seja o de contribuir poderosamente na sincera conversão dos corações humanos a Deus”.

"Os Bispos, por si ou por sacerdotes idóneos dota­dos de competência e amor à arte, interéssem-se pelos ar­tistas para imbuí-los do espírito da Arte Sacra c da Sa­grada Liturgia.

Além disso, rccomcnda-sc que, naquelas regiões on­de parecer conveniente, instituam-se Escolas ou Acade­mias de Arte Sacra para a formação dos artistas.

Os artistas todos que, levados por seu gênio, que­rem servir na Santa Igreja à glória de Deus, sempre se lembrem de que se trata de certa forma da sagrada imi­tação de Deus Criador, e que suas obras se destinam ao culto católico, à edificação dos fiéis, bem como à piedade e instrução deles” .

Eis aí, prezados leitores, um resumo do pensamento ofi­cial da Igreja, em matéria de tanta importância.

Tudo isso vale não apenas como roteiro, mas sobretudo como legislação. Gostaria, no entanto, de ressaltar ainda o que diz a Constituição “SACROSANCTUM CONCILIUM ” sobre a Comissão de Liturgia c Arte Sacra.

Assim está escrito no Cap. II, n.° 46 :

"Além da Comissão de Liturgia Sacra, constituam- -se, em cada diocese, enquanto possível, Comissões de Música Sacra e de Arte Sacra” .

Por tudo isso que ficou dito, pode inferir-se o valor que a Igreja tributa à ARTE SACRA e CRISTÃ’, o que ela tem realizado através dos tempos como serva fiel da Teologia, da História e da Tradição Apostólica.

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Pudemos realmente sentir que a ARTE SACRA, nas suas relações com a LITURGIA, não é coisa meramente aci­dental e supérflua, desnecessária e dispensável, mas que há influxos vitais recíprocos que não só beneficiam as duas ma­térias, mas enriquecem o Povo de Deus.

Assim como, na promoção do culto, a Liturgia dá ex­pansão à nossa alma na vivência dos mistérios da Fé; assim também a Arte Sacra e Cristã, promovendo a beleza em nos­sas igrejas, acolhe religiosamente os fiéis, cria um clima de piedade, facilita a participação efetiva de todos nas cerimô­nias sagradas.

Se a Liturgia, com seus ritos e gestos, implica a existên­cia e manifestação de uma realidade sobrenatural expressa por sinais, assim também a Arte Sacra, com suas várias formas de beleza espiritual, integra plenamente os fiéis nas celebra­ções dos augustos mistérios.

Fazer Arte Sacra é pois espiritualizar a matéria, colocá-la inteligentemente a serviço da Liturgia, dizer ao Povo de Deus que assim como os Sacramentos carregam sinais sensíveis que significam a graça, a Arte Sacra também, sob variadas formas, é portadora da beleza transcendental que nos eleva para Deus!

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CAPITULO XXV

ARTE SACRA E MODERNA

Parece, à primeira vista, que as duas idéias SACRA e MODERNA se chocam brutalmente e são entre si irreconci­liáveis na teoria e na prática.

A essa altura, não é pelo fato de ser moderna que a AR­TE SACRA deva ser condenada. Diga-se, aliás, de passagem, que uma coisa é sem dúvida a arte ser moderna, outra coisa é ser modernista.

A Arte Sacra Moderna possui a marca evolutiva do tem­po, consulta as necessidades da época, sobretudo quando se trata de renovação litúrgica e pastoral.

A Arte Sacra Modernista traz consigo um caráter de pre­cipitação, antecipa-se ao que há de vir, consulta mais aos ca­prichos da época do que ao gosto e racionabilidade daquilo que está prescrito.

Nesses tempos novos de opções diferentes e mudanças imprevisíveis, é possível unir as duas idéias “SACRA e MO­DERNA”, sem lesar a beleza das coisas e a Liturgia da Igreja.

É possível fazer-se ARTE SACRA e MODERNA, sem que seja MODERNISTA. No primeiro caso, os elementos se unem para a produção da beleza. No segundo, os elementos se aglomeram para que exibam feiura.

Já vi muitas igrejas modernas, construídas com acerto e belamente decoradas. Já vi também Igrejas modernistas, cons­truídas com desconcerto e tristemente enfeitadas. Tudo de­pende da escolha do estilo, do traçado da planta, da seriedade do engenheiro e competência do artista.

A ARTE SACRA MODERNA é o trabalho consciente do artista para ser útil à Comunidade dos filhos de Deus. É a seleção e emprego razoável da matéria bruta, a serviço in­teligente do culto sagrado.

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Quando se conhece a História da Igreja e também se vi­ve a convicção da Fé, não é difícil fazer-se ARTE SACRA MODERNA. Na execução da obra e acareação dos valores, na mente do artista domina a idéia primacial do sagrado e também aquilo que é útil e funcional.

Assim como na LITURGIA, a Igreja com uma bênção ou consagração separa alguém ou alguma coisa para servir uni­camente ao culto sagrado, assim também, na ARTE SACRA e MODERNA, a matéria é previamente escolhida, merece distinção e respeito porque vai servir à virtude da Religião, is­to é, promover, diante da assembléia cristã, o culto que a Deus é devido.

Em face das invectivas de artistas que deturpam a fina­lidade da ARTE SACRA MODERNA, antes da construção de novas igrejas não basta que as plantas sejam aprovadas pe­la Prefeitura local, mas é também de obrigação que sejam sub­metidas ao critério da Comissão de Liturgia e Arte Sacra da Diocese que, por sua vez, as encaminhará à Cúria Eclesiásti­ca para a devida aprovação e chancela do Bispo.

Creio que assim, sem prejuízo da ARTE SACRA, a gen­te pode contar com um bom número de igrejas que, apesar de suas linhas modernas, não desprezam a seriedade dos santos lugares e contribuem, na verdade, para o aconchego e recep­tividade do Povo de Deus.

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CAPITULO XXVI

IMAGENS E ARTE SACRA

O costume das imagens é muito antigo na Igreja. Na ARTE CRISTÃ primitiva, que possui a sua origem nas Cata­cumbas, o estudioso percebe que imagens e figurações do Sal­vador e dos Mártires eram dadas ao povo cristão como verda­deiros memoriais que tornavam presentes a vida de Cristo e a façanha dos santos.

Quem estuda essa história da arte, tão complexa em re­presentações e símbolos, por certo se convence que as imagens eram reproduzidas não somente para que se cultuasse a me­mória de Cristo e dos santos, mas como verdadeiro subsídio à fragilidade humana para que, mediante a contemplação das coisas sensíveis, os cristãos fossem atraídos para as coisas es­pirituais.

Não há dúvida nenhuma de que, antes da época de Cons- tantino, pudemos encontrar imagens de Cristo e representa­ções de Sua Mãe, dos apóstolos, sobretudo de Pedro e de Pau­lo, assim como figurações seriadas de personagens do Antigo e do Novo Testamento.

Além das muitas imagens de Cristo sob a representação do "BOM PASTOR”, são historicamente conhecidas e ampla­mente comentadas as várias imagens do Salvador, por exem­plo, na cena da entrada triunfal em Jerusalém.

Outras ainda de não menos importância são as imagens em que Cristo aparece instruindo os seus apóstolos, assim co­mo as representações do Cristo imberbe, de túnica branca e calçando sandálias.

Segundo testemunho do historiador Eusébio, na sua His­tória Eclesiástica, antigamente introduziram-se imagens e estátuas dos apóstolos Pedro c Paulo. Todas elas, com dados precisos de traços fisionômicos, serviram também, na seqüên­cia dos séculos, para modelos de criações artísticas.

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A História primitiva da ARTE CRISTÃ', embora diga não existir uma imagem autêntica da Mãe de Deus, afirma, entretanto, que existe uma representação convencional cria­da pelos nossos antepassados, onde sobressai, conforme o Evangelho, a beleza da fisionomia espiritual da Virgem, a pureza de Sua vida e santidade da alma. Coisa importante, vale aqui realçar, que a partir do Concílio de Éfeso, em que se definiu solenemente a Maternidade Divina de Maria con­tra aqueles que a negavam, as imagens e representações da Mãe de Deus tornaram-se mais belas e freqüentes, destacando os artistas as virtudes que mais exornam a "mais bendita en­tre todas as mulheres” .

No resumo desses dados históricos, não somente a exis­tência das imagens na cristandade primitiva, mas ainda o cul­to que se ligava estreitamente a elas, já que, desde aquela épo­ca, acreditavam os cristãos serem os santos os amigos predile­tos de Deus e também intercessores dos homens.

A Igreja sempre aprovou a existência e o culto das ima­gens. Em todos os séculos c épocas históricas, imagens foram esculpidas em pedra, mármore e madeira, assim como não faltaram representações em pintura.

Apesar de ter surgido, através da história, no século VIII, o movimento iconoclasta que se desenvolveu em Bizâncio e condenava o culto das imagens como idolatria, houve grande reação por parte do Clero e do povo que resistiram às ordens do imperador e a Igreja cantou vitória.

A Igreja não somente aprovou a criação de imagens de todo tamanho e beleza, mas introduziu na Liturgia bênção própria, capaz de estimular a piedade dos fiéis e levá-los à imi­tação dos santos que essas imagens representam. É preciso, no entanto, uma providência enérgica no sentido de que essas imagens que por aí existem comercializadas e que o povo ad­quire com facilidade, sobretudo romeiros que tomam parte em peregrinações, é preciso, repito, que haja alguma interfe­rência junto às fábricas a fim de que a modelagem seja mais perfeita.

De fato, com lamentável desprazer, tem-se visto a fabri­cação padronizada de muitas imagens de devoção popular que dizem representar esse ou aquele santo, mas não possuem

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nenhuma semelhança com dados históricos de certos santos, sobretudo imagens de santos que viveram no fim do século passado, quando já existia fotografia e cujos retratos, por exemplo, de Santa Terezinha ou de S. João Bosco, podem servir de modelos autênticos para confecções de imagens mais artísticas e belas.

No Brasil católico, por influência portuguesa, o povo sempre apreciou a existência e aquisição de imagens e também as possui nos belos oratórios particulares para devoções da fa­mília. Muitos desses oratórios, assim como imagens, muitas vezes talhados em jacarandá, podem ser encontrados ainda hoje como relíquias tradicionais de famílias e valem artistica­mente preços astronômicos.

Nem devo omitir aqui, a bem da verdade, que muitas imagens de santos da Igreja, por exemplo, S. Jorge, Santo An­tônio e São Roque, acham-se abusivamente em tendas espíri­tas e centros de macumba para o culto supersticioso dos ter­reiros de Umbanda.

Seja lá como for, apesar da ignorância religiosa e desvio das imagens para servir a causa supersticiosas, o seu culto, de­pois da reforma litúrgica do Vaticano II, continua legítimo, não foi, de modo nenhum, como alguns pensam, abrogado ou proibido.

Para elucidação do assunto, convém fazer algumas ci­tações da Constituição conciliar “SACROSANCTUM CON- CILIUM ", deixando bem claro, na ARTE SACRA e CRISTÃ, o pensamento da Igreja.

No documento citado, no cap. VII, n.° 737, podemos, de fato, ler :

“Firme permaneça o costume de propor nas igrejas as sagradas imagens à veneração dos fiéis; contudo sejam expostas com moderação quanto ao número, com con­veniência quanto à ordem, para que não causem admira­ção ao povo cristão nem favoreçam devoções menos cor­retas” .

Já se vê que a Igreja, na sua legislação, permanece fir­me quanto à aceitação de imagens no culto, chamando sobre-

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tudo a atenção para o número, a fim de evitar, como aconte­cia muitas vezes, uma infinidade de imagens oferecidas pelos fiéis como pagamentos de promessas, onde se encontravam, por exemplo, muitas imagens de Nossa Senhora sob os mais variados títulos e invocações.

Também, segundo leituras feitas em liturgistas dos nos­sos tempos, a constituição pede número menor de imagens na igreja, para que os fiéis busquem centrar melhor a sua devo­ção no altar onde se encontra o Santíssimo Sacramento.

A Igreja quer, na verdade, o culto dos santos, mediante as imagens, mas tem por certo o cuidado de que a devoção po­pular menos esclarecida não ultrapasse os limites da verda­deira piedade a observar-se em sua hierarquia de valores, des­tacando, para os fiéis, o altar onde se realiza diariamente o mais solene culto da virtude da Religião, onde Cristo, pela celebração eucarística, renova o sacrifício da Cruz, é imolado sob as espécies sacramentais e recebido na santa comunhão.

Se algo ainda me fosse permitido dizer sobre o emprego das imagens em nossas igrejas, diria que as imagens, confor­me sugestões de certos liturgistas, deveriam reduzir-se a três, isto é, a do santo padroeiro, a de Nossa Senhora, Mãe de Deus e dos homens, e a de S. José, Padroeiro da Igreja Universal.

Creio ter abordado, pelo menos, de modo suficiente, as IMAGENS e o seu CULTO na ARTE SACRA e CRISTÃ' que se honra de servir à Liturgia. Quem desejar estudos mais amplos sobre tal matéria, busque então autores especializa­dos. Omiti, de propósito, certas considerações históricas e opi­niões discutíveis, porque é somente do meu plano falar das IMAGENS como também fazendo parte do conjunto decora­tivo de nossas igrejas. O mais escapa, no momento, à minha cogitação e prática.

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CAPITULO XXVII

ARTE SACRA E ALFAIAS

A Liturgia dá o nome genérico de ALFAIAS a tudo aqui­lo que é utensílio para o culto sagrado e serve à celebração eu­carística ou para a administração dos Sacramentos.

Em geral, as ALFAIAS se guardam nas sacristias de nos­sas igrejas. São cálices, patenas, âmbulas, custódia, castiçais, cruz paroquial, tochas metálicas, assim como os paramentos ou vestes sagradas, isto c, casula, estola, cíngulo, alva, amito ou então as túnicas aprovadas pela renovação litúrgica.

Tudo isso não pertence apenas à Liturgia que trata es­pecificamente desses objetos destinados por lei ao culto, mas, de certo modo, tais objetos pertencem à ARTE SACRA por­que são confeccionados artisticamente sob determinadas for mas exclusivamente para o serviço do altar.

Assim como não se pode lidar com esses objetos de qual­quer jeito, deixá-los à incúria de pessoas desmazeladas, do mesmo modo não é permitido confeccioná-los de qualquer ma­neira, sem que haja um figurino aprovado pela Igreja com marca da ARTE SACRA e CRISTÃ1.

Aproveito a oportunidade para dizer que as ALFAIAS de nossas igrejas devem estar em armários sob chave, sobre­tudo quando se trata de ALFAIAS preciosas que constituem tesouro de ARTE SACRA em certas igrejas coloniais.

Há, com efeito, em determinadas igrejas bi-seculares obras artísticas em prata e ouro, cáliccs, âmbulas, custódias, sacras, turíbulos e navetas que não podem ser vendidos a com­pradores de ANTIGUIDADES, sem o beneplácito da Autori­dade Eclesiástica.

Tem, por certo, havido sérios abusos a tal respeito. Lem­bro-me de que, há muitos anos passados, o EPISCOPADO MINEIRO lançou uma CARTA PASTORAL ao CLERO e aos FIÉIS de SUAS DIOCESES sobre o PATRIMÔNIO AR-

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TISTICO a ser guardado e defendido. Talvez seja oportuno publicar alguns trechos do citado documento como precioso estímulo para os padres da nova geração.

Depois de recordar, em vários trechos, a ARTE CRISTÃ primitiva em sua atuação artística maravilhosa, o EPISCO­PADO MINEIRO relembra os dispositivos legais, através dos tempos, sobre tal matéria, apela para que os párocos, reitores de Igrejas e Membros de Associações religiosas observem as prescrições canônicas sobre objetos preciosos, concluindo as­sim :

“Portanto, não alienem pinturas, esculturas, alfaias, móveis, jóias, paramentos, mormente antigos, de valor, nem reformem quaisquer objetos de arte sem licença es­crita da autoridade competente.

Não se façam remodelações ou restaurações em templos, c principalmente nos que se recomendam pelo valor arquitetônico, sem prévia autorização do Bispo Diocesano” . . .

Enfim, para não ficar nosso Clero exposto à incom­petência de construtores, e adquirir amor às coisas de arte, dar-sc-lhe-á no Seminário um breve curso de no­ções sobre esta matéria em suas diferentes modalidades” .

Esta Carta que data de três de maio do ano de 1926, sintoniza plenamente com o modo de pensar da Igreja no do­cumento post-coneiliar publicado na Páscoa de 1971 pela Sagrada Congregação para o Clero, intitulado NORMAS PA­RA A CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARTÍSTICO DAS IGREJAS, que visa eoibir os abusos daqueles que alie­nam, roubam, deturpam ou destroem o PATRIMÔNIO AR­TÍSTICO dos nossos templos.

Alguns trechos do DOCUMENTO para reflexão opor­tuna :

“Portanto, mesmo no presente, os Pastores de al­mas, embora estejam empenhados em numerosos encar­gos, devem interessar-se com solicitude pelos edifícios e objetos sagrados, não só porque representam um testemu-

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nho insigne da piedade do povo, mas também pelo seu valor histórico e artístico.

Os fiéis, porém, mostram-se preocupados por verem, hoje mais do que no passado, tantas alienações indevi­das, furtos, usurpações e destruições do patrimônio his- tórico-artístico da Igreja.

Muitas pessoas, aliás, esquecidas das admoestações e das disposições dadas pela Santa Sé, com o pretexto de executar a reforma litúrgica, efetuaram transforma­ções impróprias nos lugares sagrados, estragando e des­truindo obras de valor incalculável. . .

Considerando estes graves motivos e tendo em con­ta estas circunstâncias, a Sagrada Congregação, a quem compete administrar o Patrimônio Artístico Eclesiástico, exorta as Conferências Episcopais a estabelecer normas adequadas para esta matéria tão importante.

Entretanto, seja-nos permitido recordar e estabe­lecer o seguinte :

1) Ao dar indicação aos artistas e ao escolher as obras para as Igrejas, procure-se o verdadeiro valor artís­tico que, em harmonia com a verdade daquilo que ela representa e do fim a que é destinada, incremente a fé e a piedade.

2 ) Conservem-se sempre, e em toda parte, as obras antigas de arte sacra, a fim de que sejam postas, com maior dignidade, ao serviço do culto divino e contri­buam para tornar ativa a participação do Povo de Deus na sagrada liturgia (C F SC 124).

3 ) É dever de todas as Cúrias diocesanas vigiar e zelar a fim de que, em conformidade com as normas es­tabelecidas pelo Ordinário, os reitores das igrejas fa­çam, de acordo com pessoas competentes, o inventário dos edifícios sagrados e dos objetos famosos pela arte e pela história, apresentando uma descrição particulariza­da dos mesmos e indicando o seu valor. . .

Esta Sagrada Congregação espera que as obras de arte sacra sejam em toda parte tratadas e conservadas re­ligiosamente, e que os Bispos, ao procurarem promover

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as novidades próprias de cada época, saibam sabiamente usar estas obras para incrementar a verdadeira, ativa e eficaz participação dos fiéis na sagrada liturgia.”

Antes de findar este capítulo, convém ainda lembrar o que diz a Constituição “SACROSANCTUM CONCILIUM ”, a propósito das ALFAIAS. Assim também se lê no capítulo VII, n.° 732 :

“Com especial zelo a Igreja cuidou que as sagradas alfaias servissem digna e belamente ao decoro do culto, admitindo aquelas mudanças ou na matéria, ou na for­ma, ou na ornamentação que o progresso da técnica da arte trouxe no decorrer dos tempos” . . .

Finalmente, digo : O que a ARTE SACRA reserva para servir à SAGRADA LITURGIA pode não ser o mais rico, mas deve ser o mais belo e digno de honrar a majestade divi­na que se manifesta no culto pela ação mediadora do Cristo.

Daí, tudo o que se destina ao corpo da Igreja, ou vai ser­vir ao altar, deve ser belo na sua forma e realmente digno na apresentação. Tudo deve ser escolhido com gosto e confeccio­nado com beleza, tendo-se o cuidado de não admitir nas igre­jas, sobretudo em matéria de paramentos, túnicas de modela­gem esquisita e mal talhadas, como às vezes acontece em mui­tos lugares.

Se a Igreja, na reforma litúrgica, permitiu uma certa flexibilidade na confecção e cores dos paramentos, não foi certamente a sua intenção compartilhar com o mau gosto de uns e extravagância de outros.

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CAPITULO XXVIII

ARTE SACRA E SIMBOLISMO

Desde os tempos mais remotos, sobretudo nas CATA­CUMBAS ROMANAS, os cristãos criaram e admitiram SÍM­BOLOS que significavam c ainda significam verdades evan­gélicas por eles aceitas e a nós transmitidas pela Tradição Apostólica.

Além do sentido natural que as imagens das pessoas e coisas possuíam na acepção vulgar, os cristãos criaram tam­bém o sentido simbólico, daí, a linguagem simbólica das pes­soas, coisas e animais, numa palavra o SIMBOLISMO CRIS­TÃO.

Conforme estudos de vários arqueólogos, o SIMBOLIS­MO CRISTÃO, com toda a riqueza imaginativa de criações apropriadas, não funcionou somente como verdadeiro meio de propagação da Fé, mas serviu ainda para decoração de am­bientes em ordem à celebração dos Sagrados Mistérios. Disso dão testemunho autores que chegaram mesmo a afirmar que, desde o século II, num crescendo prodigioso, os SÍMBOLOS se espalharam em profusão, isto é, multiplicou-se a lingua­gem simbólica das crenças alimentadas pelos nossos antepas­sados na Fé.

Assim, personagens e fatos do Antigo Testamento, por exemplo, a queda de Adão e Eva, o Sacrifício de Abel, Noé com a Arca, Moisés fazendo brotar água do rochedo, tudo is­so representando em figuras as realidades do Novo Testamen­to. Nem se podem omitir as cenas do Novo Testamento, tais como a multiplicação dos pães, a ressurreição de Lázaro, a pesca milagrosa, as figurações campestres da vida dos pasto­res, animais reais ou quiméricos simbolizando alguma verda­de sobrenatural.

No emprego freqüente do SIMBOLISMO, encontram-se desenhos ou relevos de animais, por exemplo, o peixe, a pom-

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ba, o cordeiro, a fénix, o pavão, a águia, a serpente e o leão, tudo isso, na mente dos cristãos, servia e ainda serve para simbolizar o próprio Cristo, significar algum ensinamento evangélico ou caracterização de virtudes.

Os artistas cristãos nem desprezavam a própria natureza, mas escolhiam a palma ou ainda outros objetos, por exemplo, navios, âncoras, balanças, faróis c liras com que punham em evidência as verdades da Fé.

Talvez seja oportuno, para conhecimento e instrução do Povo de Deus, descrever alguns SÍMBOLOS até hoje empre­gados comumentc na ARTE SACRA e CRISTÃ.

O CORDEIRO, por exemplo, de concepção artística bas­tante variada, atravessou os séculos como símbolo perfeito do Salvador que, conforme a expressão bíblica do profeta Isaías, é conduzido mansamente ao matadouro para o sacrifício re­dentor.

Outras vezes também, sobretudo quando as representa­ções eram variadas, o CORDEIRO simbolizava os próprios cristãos participando, unidos, da Paixão e Morte de Cristo, distinguindo-se pelas virtudes da inocência e simplicidade de vida.

Dentre os símbolos antigos da Arte Cristã, nenhum mais comum c universal do que a representação do PEIXE. Ele foi no começo empregado na pintura como verdadeira forma ar­cana de profissão da Fé. Figura sempre em monumentos de toda natureza, ora pela gravação de seu nome em grego, ora diretamente pela gravação da imagem. Quer seja por acaso, quer seja por disposição da Providência, os autores dizem que as letras que formam a palavra PEIXE em grego signi­ficam JESU S CRISTO FILHO DE DEUS SALVADOR.

Na SIMBOLOGIA CRISTÃ, em várias épocas históri­cas, o PEIXE teve muitas aplicações c significados. Não re­presentava apenas o Salvador, autor do Batismo e alimento do cristão pela Eucaristia, mas simbolizava também os pró­prios cristãos reunidos em torno de Cristo.

Nas CATACUMBAS de São Calisto, entre outros SÍM­BOLOS CRISTÃOS de beleza invulgar, tive a oportunidade feliz de conhecer vários desenhos de PEIXE como expressão perfeita dos cristãos que se alimentam de Cristo.

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A POMBA também, muito empregada na SÍMBOLO- GIA CRISTÃ, era reproduzida em monumentos de toda es­pécie, quer em túmulos ou lâmpadas, quer nos desenhos e pinturas.

A POMBA, considerada ave pregoreira das grandes men­sagens bíblicas, desde o dilúvio até a descida do Espírito San­to, foi sempre sinal e prefiguração não só do Espírito Santo, mas ainda símbolo da paz, prudência, pureza e simplicidade.

O PAVÃO, assim como a FÉNIX, eram empregados pe­los cristãos como símbolos da ressurreição. De fato, o simbo­lismo procede. Dizem que o PAVÃO, anualmente, por oca­sião do inverno, costuma perder as penas e só as recupera na época primaveril quando a natureza parece ressurgir de no­vo. O mesmo diziam da FÉNIX que também simboliza a res­surreição porque, segundo os antigos, ela possui o admirável condão de rejuvenescimento e chega a ressuscitar das próprias cinzas.

A ÁGUIA, conforme documentos históricos, além de ser símbolo da ressurreição, é também imagem da alma que se li­berta da matéria e penetra na profundeza dos mistérios da Fé.

O LEÃO, na simbologia cristã, significa a vigilância e confiança do cristão na fortaleza do Senhor.

Eis, em resumo, o que a ARTE CRISTÃ nos transmite sobre a SIMBOLOGIA dos primeiros cristãos. Seria longo dis­correr sobre o assunto. Basta no entanto o que disse pa.ra es­timular o estudo e aplicação dc tais símbolos na decoração das nossas igrejas. Eles continuam válidos e se tornam meios po­sitivos de linguagem da Fé para adorno litúrgico dos ambien­tes sagrados.

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CAPITULO XXIX

SUGESTÕES OPORTUNAS

Pelo título do livro ENSAIO, vê-se logo que não pre­tendi fazer obra de fôlego, compêndio nem tratado de ARTE SACRA e CRISTÃ, tornando-me extenso e difuso. Tive ape­nas pretensões modestas. Desejei realizar um trabalho prá­tico e leve, um apanhado geral de conceitos e princípios que presidiram c ainda presidem a Filosofia da ARTE SACRA e CRISTÃ, promovendo assim a beleza que deve figurar em nossas igrejas como sendo um dos meios de elevação espiritual do Povo de Deus.

Não sei se fui suficientemente feliz na exposição do as­sunto que interessa ao cristão esclarecido e também, de modo particular, aos futuros sacerdotes que serão amanhã os guar­diães da ARTE SACRA e CRISTÃ.

Neste livro intitulado ENSAIO, seguem também SU­GESTÕES OPORTUNAS, pedindo aos meus colegas e ami­gos queiram enviar-me pareceres e críticas construtivas que possam, num futuro próximo ou remoto, servir de matéria para novas publicações.

Quais serão, no momento, as SUGESTÕES OPORTU­NAS ? Vale a pena confiá-las ao leitor ? Parece que sim. Talvez seja o capítulo mais prático. Há, de minha parte, um interesse em divulgá-las, que corresponde sem dúvida ao in­teresse de muitos. Se as coisas que vou dizer foram outrora úteis para os estudiosos dessa matéria, valem ainda para os nossos dias, para aqueles que desejam acertar quando preten­dem construir ou reformar alguma igreja.

Não é fácil hoje em dia construir-se uma igreja.Muito se requer da parte do pároco, assim como da par­

te do Povo de Deus. Outro tanto se diga do engenheiro, da planta e pormenores.

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Constatando tal necessidade, o pároco deve consultar o seu povo, conscicntizá-lo aos poucos, ponderar as possibilida­des de levar-se adiante o plano, se o povo realmente quiser aju­dá-lo.

Em matéria de construção de igreja, há vários caminhos a seguir, se o pároco quiser ganhar tempo e agir com seguran- ça.

Assim, reunir o Conselho Paroquial, auscultar os enten­didos, colher o pensamento de pessoas cultas, talvez sejam os primeiros passos para a receptividade da idéia e amadureci­mento do plano.

Acontece porém que, de viva voz ou por escrito, apare­cem pessoas que são do contra e que não se conformam com a destruição da velha matriz. Há, com efeito, em muitas pa­róquias, pessoas muito radicadas nos lugares, que não aceitam nem permitem mudanças mesmo para melhor, ora porque acham que não se deve mexer na antiga igreja paroquial que para eles é boa e ainda pode prestar algum serviço, ora porque estão fortemente apegadas a tradições e saudosismos que não se justificam mais diante dos imperativos do progresso. De todos os lados, num afã sucessivo, surgem opiniões desencon­tradas, colocando às vezes o pároco cm ansiosa perplexidade. É preciso ir com calma c prudência para resolver com certeza e segurança.

Se, de fato, tal igreja ou capela, com certa celebridade histórica, merece ser conservada, acho melhor respeitar-se o sentimento popular, evitando-se atritos e criação de casos que geram, entre o povo e o pároco, antipatias que prejudicam a ação pastoral.

Se, porém, tal igreja ou capela (como já aconteceu em vários lugares), acha-se em estado verdadeiramente deplorá­vel, impossível de ser reparada porque as bases perigam e o teto está prestes a desabar, não oferecendo segurança nenhu­ma para os fiéis no culto sagrado, acho interessante fazer sen­tir tudo isto ao povo, buscar um engenheiro que emita a sua opinião, comunicar-se com o Bispo da Diocese e a Comissão de Arte Sacra. Depois, se os arrazoados forem favoráveis à demo­lição, o pároco não dê mais ouvidos a razões sem razão.

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Em caso de conservar-se a velha igreja pelas razões adu­zidas e justificadas, o pároco providenciará outro terreno, em lugar de fácil acesso, evitando morros que dificultam a ida de pessoas doentes, portadoras de varizes, alta pressão e lesão cardíaca.

Se a paróquia possuir num morro algum terreno como bem imóvel, o pároco, entrando em diálogo com o Conselho Paroquial, faça um requerimento ao Bispo Diocesano, expli­que o caso e a possibilidade de troca ou venda do terreno em questão para aquisição de outro no centro. Aguarde a respos­ta da Autoridade Eclesiástica que, por sua vez, colherá a opi­nião do Cabido ou dos Consultores Diocesanos.

São estes os primeiros percalços a vencer e caminhos a tomar quando se trata da construção de uma nova igreja.

Vejamos, em seguida, pontos essenciais de relevância capital para o bom andamento e conclusão satisfatória da obra.

COMISSÃO PRO CONSTRUÇÃO

Quando se trata de construir uma igreja, é bom que o pároco escolha c nomeie uma COMISSÃO idônea e séria, capaz de assumir, com responsabilidade, a obra que está em projeto.

É preciso que os membros dessa COMISSÃO não sejam "medalhões” ou figuras meramente decorativas, mas atuem de fato para consecução dos propósitos objetivos.

Sou de opinião que o cargo dc presidente esteja com o pároco, a fim dc poder apresentar, com plena liberdade, as suas sugestões, sobretudo quando se trata de construir uma igreja conforme as necessidades locais, normas litúrgicas e leis da ARTE SACRA.

Nessa matéria de Liturgia e Arte Sacra, o pároco, na sua função de presidente, terá muita atuação não só com os mem­bros da COMISSÃO, mas ainda com o engenheiro e adminis­trador da obra, para que a igreja seja realmente bela e funcio­nal, nada venha, cedo ou tarde, prejudicar a obra no seu con­junto ou nas suas partes. Vale aqui lembrar, em matéria de construção de igreja, o que diz a Instrução Geral do Missal Romano, n.° 253 :

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“ . . . Os edifícios sagrados e os objetos destinados ao culto divino sejam deveras dignos e belos, sinais e símbolos das coisas divinas” .

Assim reza a Constituição Apostólica “SACROSANC- TUiM CONCILIUM ”, n.° 127 :

” . . . Os artistas todos que, levados por seu gênio, quiserem servir, na Santa Igreja, â glória de Deus, sem­pre se lembrem de que se trata, de certa forma, da sa­grada imitação de Deus Criador, e que suas obras se des­tinam ao culto católico, à edificação dos fiéis, bem co­mo à piedade, à instrução religiosa deles” .

Na construção de uma nova igreja, é preciso saber apro­veitar ao máximo o terreno ou espaço. Evitar-se, no interior da igreja, colunas que impeçam a visão do altar. Construir passagens laterais, assim como central, que facilitem o livre trânsito dos fiéis, sobretudo nos momentos da comunhão.

O PRESBITÉRIO

O presbitério ou santuário, onde o sacerdote realiza a celebração eucarística, deve ter, acima do piso, uma elevação razoável para que nele se monte o altar e se ponha o ambão exigido para as leituras da PALAVRA.

O presbitério deve ser suficientemente largo e extenso, a fim das cerimônias se desenvolverem normalmente, deven­do a cadeira presidencial estar em destaque para o sacerdote que celebra a ação litúrgica.

Conforme a Instrução Geral do Missal Romano, n .° 258: “O presbitério seja oportunamente distinto da nave da igre­ja, ou por alguma elevação, ou por uma especial estrutura e ornato. Seja de tal tamanho que os ritos sagrados possam ser executados comodamente” .

É no presbitério e do presbitério que o sacerdote se co­munica com o Povo de Deus, desenvolve as cerimônias e rea­liza os gestos litúrgicos.

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O ALTAR

A peça mais importante do presbitério é o ALTAR. Ne­le, à vista dos fiéis, se oferece e também se consome o sacri­fício eucarístico.

O ALTAR possui várias formas. Pode ser uma simples mesa ou então um bloco pesado de pedra mármore ou granito. O ALTAR pode ser móvel ou ainda fixo. Móvel se pode ser afastado sem dificuldade. Fixo quando profundamente ligado ao piso, não podendo ser afastado.

A pedra do ALTAR, quanto ao comprimento e largura, deve ser de tamanho considerável, em vista das possíveis ce­lebrações eucarísticas, quando comparecem inúmeros sacerdo­tes.

O altar-mor seja desligado da parede, para que nele se possa celebrar a santa missa face ao povo.

Não se usa mais no ALTAR a pedra dara que era ou- trora de obrigação para os altares que não tinham sido consa­grados.

Se o padre que constrói a igreja desejar consagrá-la com a cerimônia litúrgica da “DEDICAÇÃO DA IGREJA”, é pre­ciso que durante a construção não se omitam certas exigências da Liturgia.

Assim, para a sagração do altar, não se omita a aber­tura de uma pequena cavidade, na pedra horizontal supe­rior, para nela serem depositadas pelo bispo, no ato da sagra­ção, as relíquias de santos mártires ou confessores.

É preciso que a tampa de mármore ou qualquer outro material que fecha aquela cavidade seja bastante forte e im­pregnada de forte massa de cimento para evitar-se, futura­mente, a violação do ALTAR, com a conseqüente perda de sagração.

O ALTAR seja simples, mas nada impede que seja tam­bém decorado. Tudo depende do estilo da igreja e dos ele­mentos que pertencem à decoração do estilo.

Se a igreja vai ser consagrada, ao longo das paredes la­terais devem ser esculpidas em mármore ou pedra doze cru­zetas gregas em baixo relevo (placas de mármore ou pedra do tamanho de um azulejo), fixadas com massa forte, signifi­

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cando liturgicamente que a igreja é construída sobre os após­tolos que são “colunas”. Nem se omitam, debaixo das cru­zetas, os pequenos apliques ou castiçais para serem acesas ve­las no ato da sagração, assim como no aniversário da "DEDI­CAÇÃO da IGREJA” .

No que se refere à construção de uma igreja, é preciso prever, numa parte lateral, a construção da capela do Santís­simo Sacramento. Que ela seja de fácil acesso, traga recolhi­mento e favoreça a meditação, para que os fiéis lá encontrem aconchego e devoção.

Creio ter passado o tempo das experiências, quando o Santíssimo Sacramento, por causa das reformas litúrgicas, não possuía um lugar certo nas igrejas. Às vezes colocava-se o sacrário no fundo do ALTAR, outras vezes, de lado ou en­tão no ângulo do altar.

Na confecção do SACRÁRIO para o ALTAR do Santís­simo Sacramento, é preciso que se leve em conta pontos im­portantes para sua conservação e integridade. Embora possa o sacrário ser de pedra, de madeira ou metal, é preciso que se­ja suficientemente forte e não corra o risco da violação do Santíssimo Sacramento. É preciso ainda, sobretudo se o sa­crário for de pedra ou de mármore, que se precavenha contra a possível umidade local, tornando a parede imune ou outro qualquer meio que preserve as hóstias consagradas da corrup­ção.

CUIDADO COM A ACÚSTICA

Na construção de uma nova igreja, sobretudo nessa épo­ca de CATEQUESE e EVANGELIZAÇÃO, quando a Litur­gia ressalta o ministério da pregação, tenha-se muitíssimo cuidado com a ACÚSTICA.

Há, por esse Brasil afora, casos tristíssimos a lamentar no que respeita a tal matéria. Há muitas igrejas belas, mas in­felizmente negativas quanto à ACÜSTICA, porque, durante a sua construção, não ligaram importância à disposição de cer­tos elementos que facilitam e favorecem a transmissão do som.

A COMISSÃO esteja alerta e seja exigente nesta maté­ria. Faz parte da Liturgia a celebração da Palavra. Coisa de- sagradabilíssima o padre falar e não se fazer ouvido por cau­

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sa de ecos e ruídos que prejudicam seriamente a pregação do evangelho.

Nessa época pastoral e catequética, quando a Igreja acen­tua a importância e necessidade da instrução religiosa do po­vo, será triste e lamentável uma igreja construída sem ACÚS­TICA perfeita, mas cheia de ressonâncias, onde os pregado­res e leitores não se podem ouvir nem tão pouco entender.

Quanto à existência e emprego do microfone, é preciso que se preveja, na construção da igreja, as tomadas necessá­rias para a devida e oportuna ligação. Assim, uma tomada perto da cadeira presidencial, e outra, um pouco mais dis­tante, perto do ambão das leituras. Evite-se, no presbitério, o excesso de fios que interceptem os passos do celebrante ou então dos outros ministros sagrados, causando até possíveis quedas contra a decência do culto.

LUZ E AR NAS IGREJAS

O que disse da ACÚSTICA, vale repetido para a LUZ que deve existir e para o AR que deve renovar-se constante­mente.

É necessário que o engenheiro, quando confecciona a planta de uma nova igreja, não omita a distribuição razoável da LUZ, quer seja elétrica, quer seja natural.

Faz pavor, sobretudo para os cardíacos, uma igreja aba­fada sem ventilação suficiente e adequada ! É preciso que, ao longo do corpo da igreja, haja um número avantajado de bas- culantes ou vitrais para que a LUZ e também o AR possam renovar-se com freqüência.

Não devemos esquecer de que estamos num país tro­pical. Numa igreja, para onde aflui tanta gente, é preciso que se renove o AR e se tenha bastante claridade para econo­mizar, nos dias sombrios, o gasto considerável de energia elé­trica.

Nesse ponto, ou melhor, nessa matéria, já vi muitas construções de igrejas sem LUZ e sem AR, onde é impossível permanecer muito tempo, sobretudo na época de calor.

Quando as coisas, de início, não são bem feitas, técni­cos são chamados inúmeras vezes para correção de SOM, LUZ

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e AR, mas nada conseguem, apesar dos meios modernos en­gendrados pela engenharia.

Se querem ainda alguma sugestão, quem construir uma nova igreja não permita, a título de economia, cobertura ou telhado de zinco. Além de irradiar muito calor, tal cobertura, quando há chuva de pedra, provoca ruídos ensurdescedores que perturbam nervosamente o culto. Tais materiais ocasio­nam com o tempo podridão e ferrugem e os remendos não conseguem recuperar.

Na construção de uma nova igreja, leve-se em conta a largura da porta principal, assim como, a existência e funcio­nalidade das portas laterais. É preciso, nas idas e vindas, faci­litar o movimento dos fiéis, sobretudo a evasão dos mesmos num caso de incêndio.

DECORAÇÃO E COR DA IGREJA

£ preciso estudo, escolha e gosto para a decoração da Ca­sa de Deus. Não se trata de pintar por pintar. Não se trata de encher a igreja de ornamentos artísticos para dizer que está decorada.

Para uma decoração apropriada e racional, tudo parece depender do estilo da igreja, daquilo que convém ou não con­vém a um ambiente sagrado. Nessa matéria, é preciso fugir do excesso de cores, sobretudo berrantes.

Em nossos dias, a decoração das igrejas é mais simples e agradável. É do feitio dos tempos novos que as igrejas se apresentem com sobriedade decorativa nas paredes e tetos, no conjunto e nas partes. Não se usa mais a policromia difu­sa, sobretudo com tons fortes. Não predomina mais o azul celeste para os forros e matizes gritantes para muros e pa­redes.

A decoração de nossas igrejas obedece a uma pintura singela de duas ou três cores no máximo, cores chamadas am­bientais e repousantes. O cinza-claro, que também se chama neutro, prevalece por dentro de nossas igrejas e as paredes se apresentam lisas com poucos emblemas e figurações.

Tenho visto igrejas modernas que satisfazem com sua decoração sóbria e majestosa. Tenho visto igrejas onde, ao

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fundo do altar, se fixa apenas uma cruz, ora de mármore, encrustada na parede, ora um crucifixo de imagem penden­te, de bronze ou de madeira, de mármore ou granito.

Creio ser essa a tendência moderna de saber decorar as nossas igrejas, sugerindo ao povo fiel que participa da santa missa a idéia de Calvário e Cristo a imolar-se por nós.

Outras vezes já vi, nas igrejas modernas, além do cruci­fixo com a imagem do Cristo no fundo do altar, as imagens da "Mãe Dolorosa” e de S. João Evangelista na reprodução fe­liz da cena bíblica.

Outros artistas preferem ainda realizar no fundo do al­tar cenas sagradas de valor apreciável, por exemplo, a "CEIA do SENHOR” em mosaico, o "SERMÃO DO M ONTE” ou a “SAMARITANA e o POÇO de JACÓ”.

SÍMBOLOS CRISTÃOS

Na decoração das igrejas, nada impede que se empre­guem símbolos cristãos, portadores de verdades evangélicas.

Tais símbolos, como já vimos, existem desde os tempos mais remotos da Igreja, servem de expressão artística de bele­za e trazem consigo muitas mensagens cristãs.

Conheço várias igrejas modernas, onde tais símbolos são pintados ou então realizados em mosaico policromado. Em Juiz de Fora, no Cenáculo S. João Evangelista, bem acima do altar-mor, em forma semi-circular, engastaram na parede uns medalhões em bronze com símbolos dos sete Sacramen­tos. Na concepção do artista é patente fazer sentir aos fiéis que os Sacramentos da Igreja são canais da Graça de Deus, ou então, como disse Santo Tomás : “As relíquias preciosas da Paixão de Cristo” .

A decoração de uma igreja, portanto, deve ser fruto de conhecimento e prática da ARTE SACRA e CRISTÃ, nas suai. relações com a Liturgia que não permite realizar coisa algu­ma que destoe da seriedade e respeito devidos ao ambiente sagrado.

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TORRE OU CAMPANÁRIO

Na construção de uma nova igreja, entre outras coisas dignas de menção, destaca-se a TORRE ou CAMPANÁRIO, onde estão os SINOS considerados mensageiros de Deus na convocação do povo para o culto sagrado.

Em termos de ARTE SACRA e CRISTÃ1, embora em vários lugares, TORRES e CAMPANÁRIOS estejam desli­gados arquiteturalmente das igrejas, isolados no fundo ou de lado, devem, no entanto, ser considerados como fazendo par­te do conjunto arquitetônico e não são meros apêndices alheios à função eclesial com SINOS eternamente mudos.

Na ARTE SACRA e CRISTÃ', as TORRES ou CAM­PANÁRIOS completam a estrutura e decoração das facha­das de nossas igrejas, e sempre houve, entre os artistas, a preocupação de trazê-los unidos ao conjunto arquitetural, sig­nificando assim o estilo das igrejas e sua beleza complemen­tar.

Os SINOS, no seu alto simbolismo, marcam, por assim dizer, a presença do sobrenatural numa cidade ou aldeia, ser­vem de sinais sonoros para comunicação dc alguma coisa ao Povo de Deus.

Os SINOS e sua existência continuam aprovados pelo Código de Direito Canônico que assim reza no Cânon 1169§ 1: “Convém que cada igreja tenha sinos, pelos quais os fiéis são convocados para os ofícios divinos e outros atos re­ligiosos” .

Se me fosse agora permitido, pediria aos novos sacer­dotes tivessem amor à missão que os SINOS realizam em nossas paróquias, chamando diariamente os fiéis para os ofí­cios sagrados.

Há em nossos dias, para muitos sacerdotes, uma espécie de alergia e displicência na aquisição e funcionamento dos SI­NOS. Os argumentos muitas vezes aduzidos para supressão dos SINOS não chegam, infelizmente, a me convencer. Mui­tos alegam que os SINOS incomodam os que moram perto das igrejas, irritam os que desejam descansar, afligem os doentes ou os que sofrem de algum aborrecimento moral.

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Chegam muitos a considerar a voz dos SINOS como po­luição sonora, molesta e enervante, quando nem sempre re­clamam contra outras poluições existentes nos bairros que enervam e molestam muito mais.

Acho tais afirmações improcedentes, absurdas e avança­das. Talvez uma reflexão mais séria sobre a origem dos SI­NOS, a sua necessidade e valor, desfaça muita opinião apres­sada que contrasta com o sentimento popular e a vontade ex­pressa da Igreja.

ORIGEM E USO DOS SINOS

Se, com efeito, desde épocas antigas, a Igreja admitiu e aprovou na Liturgia a existência dos SINOS, é porque, pasto- ralmente, eles são úteis e prestam serviço ao Povo de Deus.

Nos primeiros tempos da Igreja, outros instrumentos fo­ram empregados para convocação do povo aos ofícios religio­sos. No fim do século V, conforme notas históricas, propa­ga-se oficialmente nas igrejas o uso dos SINOS sob várias ter­minologias de "SIGN UM ”, “NOLA”, “CAMPANA” .

Na legislação atual da Igreja, a existência e uso dos SI­NOS se encontra também nos números 86 e 91 da Instrução sobre Música Sacra de 3 /1 0 /1 9 5 8 :

1) Conserve-se o antiquíssimo costume do uso de sinos.2 ) Todas as igrejas, oratórios públicos e semipúblicos

tenham pelo menos um ou dois sinos, mesmo peque­nos.

3 ) É estritamente proibido usar em lugar dos sinos qualquer máquina ou instrumento para imitar ou am­pliar mecânica e automaticamente os sinos.

4 ) O motivo é a necessária "veracidade do sinaT.5) Podem ser usados estes aparelhos num “carrilhão” .

No espírito litúrgico, os SINOS são tidos não apenas co­mo meios instrumentais para convocação dos fiéis ao culto, mas se tornam também um sacramental com poderes de afas­tar os inimigos de Deus e as tempestades naturais.

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Assim, continuando a recordar pontos que devem ser re­cordados, apresento ainda considerações que nos darão a en­tender a missão extraordinária que os SINOS exercem nas torres de nossas igrejas.

Até hoje, pela sagrada Liturgia, os SINOS devem ser bentos ou então sagrados pelo Bispo.

Uma sagração de SINOS, liturgicamente interpretada, está mais rica de ensinamentos do que uma simples bênção. Se a Igreja manda sagrar os SINOS, é justamente porque tem na devida conta a missão que eles realizam. De fato, se tive­rem oportunidade, leiam o Ritual da sagração dos SINOS e encontrarão, nas cerimônias e orações, a missão que os SINOS desempenham.

Os Templos e Abadias importantes possuem SINOS e CARRILHÕES que realizam sonoramente a sua missão e nin­guém ousa dizer que poluem o ar com seus toques diários e repiques festivos. Tais SINOS, muitos deles afamados, são de musicalidade tão bela que, em muitos lugares, no Oriente co­mo no Ocidente, chegam a gravá-los e deles fazem comércio com turistas e peregrinos. Se houvesse poluição sonora, som irritadiço ou desagradável, não seriam certamente gravados nem muito menos adquiridos por muitos que os procuram pa­ra enriquecimento das discotecas.

Os SINOS, desempenhando a sua missão, espalham nos ares a glória de Deus e a do santo cuja festa a Igreja celebra.

Os SINOS comunicam lembretes importantes para cum­primento dos deveres religiosos. Recordam, pela manhã, ao meio-dia e também à tarde, o mistério da encarnação do Ver­bo, convidando o povo para a recitação piedosa do "ANGE- LU S”.

Os SINOS despertam os monges para o Ofício Divino, assim como a comunidade paroquial para o que é bom, justo e sobretudo santo.

Mesmo para os que não são católicos ou se tornaram cris­tãos relapsos, os SINOS, na sua pastoral sonora, exercem in­fluência benéfica, realizam uma catequese agradável, dizen­do muitas vezes por dia a esse ou aquele que Deus existe, es­tá presente e quer comunicar-se conosco.

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Em certas cidades do Brasil tipicamente coloniais, onde há muitas igrejas e abundância de SINOS, dizem que existe uma linguagem tradicional dos bronzes tangidos e que o po­vo convencionalmente conhece. Não sei se até hoje isso está valendo. Durante o dia, pelo número de badaladas ou pelo mo­do de tocar os SINOS, as famílias sabem o que está aconte­cendo, isto é, se o toque é festivo oü^l£T:inados. Sabem, por exemplo, por convenções de badaladas, se quem morreu é criança, jovem ou adulto. Sabem sc c algum acontecimento notável, muitas vezes extra, por exemplo, uma guerra ou en­tão um incêndio. Esse costume, se não me engano, ainda per­dura em muitas cidades de Minas, a saber, Ouro Preto, Ma- riana, São João del-Rei, assim como em Salvador e muitas igre­jas do nordeste brasileiro.

Em matéria de emprego de SINOS, convém ainda di­zer, para utilidade prática, que se não forem suspensos nas torres, devem ficar em pesados cavaletes, suspensos livremen­te, para harmoniosa difusão do som. Devem estar preservados da ação maléfica dos raios pela montagem, nas torres, de óti­mo pára-raio.

AINDA NA CONSTRUÇÃO DE IGREJAS

Na construção de uma nova igreja, há também outras coisas a prever, que não devem passar despercebidas do en­genheiro, do artista e do padre. Delas depende a harmonia, as­sim como a funcionalidade da igreja.

Assim, por exemplo, talvez seja oportuno lembrar alguns pontos que merecem consideração :

1 .°) Sou de opinião que algumas imagens, pelo menos, a de S. José, a de Nossa Senhora e a do santo pa­droeiro, devem ser expostas à veneração dos fiéis. Isto, por certo, satisfaria não apenas à devoção legítima do povo, mas acabaria com a crítica de alguns que dizem que a Igreja acabou com o culto das imagens. Tais imagens podem ficar em colu­nas ou então em peanhas fixas na parede da igre­ja.

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2 .°) Em pintura ou escultura, convém não omitir a de­voção popular da VIA-SACRA, distribuindo ra­zoavelmente as 14 ESTAÇÕES ao longo das pa­redes no corpo da Igreja.

3 .°) Os bancos devem ser cômodos e anatômicos para que não cansem os fiéis durante as cerimônias.

4 .°) O Coro e o Órgão devem ficar situados perto do altar, no fundo ou lateralmente, de modo que os fiéis participem dos cantos litúrgicos.

5 .°) A sacristia seja de espaço razoável para que tam­bém possa conter as cômodas que guardam as al­faias do culto. Melhor seria, para guarda de obje­tos, armário embutido que, além de prático, não ocupa lugar no chão.

6 .°) Não falte à sacristia a construção de um sanitá­rio. Há igrejas, infelizmente, com essa lamentá­vel falha.

7 .°) As portas dos armários, assim como das cômodas, estejam rigorosamente sob chaves, evitando-se as­sim o possível roubo das alfaias.

8 .°) Haja também uma estante embutida para os livros litúrgicos, a saber : Missal, Lecionários, Rituais, Bíblia Sagrada e outros livros devocionais que são úteis ao pároco.

9 .°) A matéria do Sacrifício Eucarístico, isto é, VI­NHO e HÓSTIAS devem estar cuidadosamente guardados.

10 .°) Haja, ao lado da sacristia, uma saleta para aten­dimento de confissões, sobretudo de surdos.

PATRIMÔNIO HISTÓRICO-ARTISTICO

Há muitas igrejas no Brasil, sobretudo em estilo colo­nial, que necessitaram de reforma urgente para execução da Liturgia renovada.

É certo que muitas reformas obedeceram ao bom senso, assim como a um ritmo razoável de substituições e mudanças.

É certo também que houve reformas imponderadas, subs­tituições de mau gosto, emprego de peças e adornos que não

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condizem com o estilo arquitetônico das igrejas em questão. Pessoas incompetentes, alheias à História da Arte, perpetra­ram crimes artísticos dolorosos que até hoje clamam aos céus !

É preciso que o pároco, encarregado dessas igrejas, vele pela guarda e defesa do PATRIMÔNIO HISTÓRICO-AR- TÍSTICO , não permitindo trocas, depredações, roubos, de en­tendidos espertalhões que desejam enriquecer a custo de tal patrimônio.

Nessa matéria, por meio de alienações absurdas, tem ha­vido sérios abusos que devem ser corrigidos ou evitados.

Muitos, em certas paróquias, a título de agirem contra o chamado “triunfalismo” ou então em nome da “igreja dos pobres’’, buscam desfazer-se de imagens de jacarandá, retábu­los de altar, lustres de cristal, candelabros de prata, objetos sagrados confeccionados em fino lavor, de ouro ou de bronze, sem obterem antes a licença da Autoridade Eclesiástica.

Convém aqui citar ainda alguns tópicos daquele docu­mento já apresentado, pelo qual tais transações são explicita­mente proibidas. Assim, por exemplo, na citada CIRCULAR, está escrito :

"As obras de Arte, como excelentes realizações do espírito humano, aproximam sempre mais os homens do Divino Artista, c, com muita justiça, são consideradas patrimônio de todo gênero humano.

A função da Arte sempre foi considerada nobilíssi­ma pela Igreja e esta exigiu incessantemente que os obje­tos dedicados ao culto sejam dignos, nobres e belos, como sinais simbólicos de realidades superiores, e, por isso, conservou através dos tempos, com toda a atenção, o pró­prio tesouro artístico” . . .

4 . “Os Bispos, lembrados das disposições do Con­cílio Vaticano II c daquelas constantes nos documentos Pontifícios sobre tal matéria, não deixem de vigiar para que as modificações a serem feitas nos lugares sacros por ocasião da reforma litúrgica, sejam executadas com toda cautela c sempre em conformidade com as normas da própria reforma litúrgica, nem que sejam feitas sem o voto da Comissão de Arte Sacra, de Liturgia e, segundo

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o caso, de Música Sacra, com o parecer de peritos. Além do mais, tenha-se em conta eventuais leis civis para a proteção de insignes obras de Arte, em vigor nas várias Nações”.

5. “Os Ordinários do lugar, considerando as nor­mas do Diretório "PEREGRINANS IN TERRA” (P E ­REGRINANDO NA TERRA ) a respeito do ministério pastoral para os turistas, cuidem para que os lugares e objetos sacros, notáveis pela Arte, possam ser vistos por todos como testemunhas da vida c da história da Igre­ja".

6. “Se ocorrer que as obras de Arte e tesouros a nós transmitidos desde séculos devam ser adaptados às disposições litúrgicas, cuidem os Bispos que isso seja fei­to somente por verdadeira necessidade e sem dano para as próprias obras” . . .

7. “Os objetos preciosos, particularmente ofertas votivas, não sejam alienados sem a licença da Santa Sé, segundo a norma do Cân. 1532, continuando em pleno vigor as penas previstas no Cân. 2347-2349 àqueles que realizam indébitas alienações, os quais, além do mais, não recebam a absolvição antes de terem reparado os da­nos por eles causados” . . .

Na Constituição conciliar “SACROSANCTUM CONCI- LIUM”, n.° 126, existe a seguinte declaração :

“Os Ordinários vigiem diligentemente para que as sagradas alfaias ou obras preciosas, ornamentos que são da casa de Deus, não sejam alienadas ou destruídas” .

O mesmo pensamento se encontra na Instrução sobre o culto do mistério eucarístico, publicada pela Sagrada Con­gregação dos Ritos, com data de 2 5 /5 /1 9 6 7 :

“Evite-se, com cuidado, a dilapidação dos tesouros de arte religiosa na adaptação das igrejas. Se, porém, se julgar necessário removerem-se os tesouros dos lugares

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onde no momento se encontram, por causa da reforma litúrgica, a juízo do Ordinário do lugar; depois de con­sultar a opinião de peritos e — se for o caso — com o consentimento de quem é de direito, então se faça isso com prudência e de tal forma que sejam colocados nos novos lugares de uma maneira digna e correspondente às obras” .

Na prática, para uma boa reforma e adaptação de igre­jas às exigências da Liturgia renovada, antes de mais nada, consulte-se :

1 .°) A COMISSÃO DIOCESANA de ARTE SACRA que deve funcionar sobretudo para esses casos.

2 .°) Ouvir o que dizem os peritos na matéria, de modo especial, os que entendem de estilo colonial e barroco.

3 .°) Providenciar a substituição ou acréscimo de peças, sem mutilar o que já existe no conjunto ou nas partes.

4 .°) Evitar formas estereotipadas, modernistas, que não condizem com as linhas mestras do estilo original.

5 .°) Não complicar o que é simples nem simplificar o que é necessário.

6 .°) Não permanecer em longas experiências, mas sair para coisas definitivas.

7 .°) Fugir à ficção artística, isto é, não empregar mate­rial que traga idéia de fantasia.

8 .°) Manter a harmonia do conjunto, isto é, proceder de tal modo na substituição de peças, sem quebrar a unidade do estilo em foco.

Eis aí, meus amigos, o que achei oportuno dizer sobre tão importante matéria que toca de perto o PATRIMÔNIO HISTÓRICO-ARTÍSTICO.

Quanto ao mais, na renovação material de igrejas anti­gas para adaptá-las à nova Liturgia, a prática e o bom senso de pessoas competentes evitarão reformas de mau gosto ou que não satisfaçam aos imperativos da renovação litúrgica.

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A propósito ainda, o que diz a Constituição "SACRO- SANCTUM CONCILIUM ”, n.° 12 : “O que parecer não estar conveniente com a liturgia reformada, seja emendado ou abolido; o que, porém, favorecê-la, seja mantido ou intro­duzido”.

MUSEUS DE ARTE SACRA

Em muitos Estados do nosso Brasil, por exemplo, S. Pau­lo, Rio, Minas e Bahia, existem Museus organizados que reco­lhem as obras de ARTE SACRA e delas cuidam com acentua­da vigilância, evitando assim não só as negociações indébitas, mas os roubos tão comuns da parte daqueles que se apropriam das mesmas e as vendem, por alta soma, a colecionadores e antiquários.

Assim, nos referidos lugares, com verbas do governo, tem se conseguido reunir considerável acervo de objetos artísticos, sobretudo da era colonial, onde se expõem, à visitação públi­ca dos turistas, pratarias, quadros, imagens, que são ora doa­dos ao Museu por pessoas particulares, ora ainda emprestados por Irmandades Religiosas.

Ê claro que, além dos cuidados comuns à existência e funcionamento dos MUSEUS, requer-se, em tais lugares, maior vigilância e segurança, isto é, sentinelas permanentes, campainha de alarme, outros dispositivos atuais que impedem ou dificultam a violação dos Museus.

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CAPITULO XXX

RECORDANDO UM POUCO

Atualmente no Brasil, com acentuado progresso, está se processando uma louvável campanha para conservação, de­fesa e respeito do considerável tesouro de ARTE SACRA e CRISTÃ que constitui um patrimônio nacional de valor ini­gualável.

Existem igrejas construídas em estilo barroco, que não são apenas marcos centenários de acontecimentos históricos, mas se tornaram metas obrigatórias de peregrinação e turismo para os entendidos e apreciadores da matéria.

Parabéns pois para aqueles que, movidos por sentimentos de patriotismo cristão e artístico, promovem a recuperação e reforma dessas igrejas danificadas pela ação do tempo, mas que até hoje carregam, no seu estilo e decoração, colunas e tetos, altares e retábulos de beleza exuberante e polimorfa.

É certo que Minas e Bahia, Espírito Santo e Rio de Ja­neiro, S. Paulo e Pernambuco, assim como outras cidades nordestinas, são agraciadas com a existência e posse dessas be­las igrejas e lideram, em todo o Brasil, a campanha altamente restauradora.

É certo que, nesses Estados, por circunstâncias históri­cas da civilização brasileira, maior é o algarismo dessas igre­jas, ora com seus desenhos rebuscados em lâminas de ouro, ora com suas imagens esbeltas com roupas esvoaçantes. Mui­ta coisa existe em barro cozido ou em jacarandá.

Além dessas igrejas marcadas por torres graciosas e fa­chadas vibrantes, os turistas da ARTE SACRA e CRISTÃ1 po­dem apreciar os trabalhos lavrados em pedra-sabão, os fron­tais e frontispícios, as pias batismais, assim como os lavabos de sacristias, uma série de anjos rechonchudos, de olhos amendoados, esvoaçando pelo santuário por entre guirlandas de trevo ou folhas de parreira.

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Tudo isso, meus amigos, pertence à ARTE SACRA do Brasil, merece ser visitado por nós, relembra, ao mesmo tem­po, fatos históricos dos valentes desbravadores de nossas ter­ras, garimpeiros felizes na exploração do ouro.

Tudo isso é saboroso ver e recordar, sentir como o nosso Brasil cresceu sob o signo da cruz, como o povo se integrava na Fé, na expressão artística do sentimento cristão.

Dessas belezas tão decantadas por escritores e poetas, são até hoje testemunhas as históricas igrejas das cidades minei­ras de Ouro Preto e Mariana, S. João del-Rei e Tiradentes, Congonhas do Campo e Sabará, assim como tantas outras que conservam, com religioso cuidado, obras de arte veneradas por séculos.

Se eu ainda quisesse recordar um pouco a grandeza de um passado rico, descerraria a cortina que oculta tantas coi­sas belas do Brasil, aconselharia também a turistas e amigos que visitassem M USEUS de ARTE SACRA e CRISTÃ', on­de se encontra, cm permanente exposição, um acervo prodi­gioso de obras artísticas, ora imagens esculpidas em terra cozi­da ou jacarandá, ora, cálices, âmbulas, custódias e outros objetos de ouro ou prata cinzelada, numa sintonia perfeita com o estilo barroco, obras que trazem os nomes de seus ar­tistas, assim como procedência, época e data.

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CAPITULO XXXI

VAMOS ATÉ SALVADOR ?

Dentre os muitos MUSEUS de ARTE SACRA e CRIS­TÃ, existentes no Brasil, seja-me lícito apresentar a meus lei­tores o da minha terra natal em Salvador, o MUSEU de AR­TE SACRA da Universidade Federal da Bahia, criado pelo seu eminente Reitor, Prof. Edgard Rêgo Santos, que soube embelezar a capital baiana com um monumento digno de ser admirado.

Dentre os monumentos de ARTE SACRA, escolhi pre­ferencialmente o da Bahia porque lá, outrora Convento dos Terésios ou Carmelitas descalços, foi durante cento e dezes­seis anos o Seminário de Santa Teresa, onde estudaram cen­tenas de sacerdotes, no qual também estudei de 1927 a 1936, não somente o curso de Humanidades, mas o currículo filosó­fico de três anos.

A última vez que estive em Salvador, a bondade aten­ciosa do monge beneditino Dom Clemente Maria da Silva Nigra, Diretor daquele MUSEU, recebeu-me com toda a cor­dialidade, tendo eu experimentado a feliz oportunidade de não só rever os lugares onde convivi tantos anos, mas aquela bem montada organização de ARTE SACRA com obras céle­bres de várias épocas históricas.

Aqui, meus amigos, diante da contemplação do belo e re­cordação do passado, permiti-me a expansão de alma em sau­dosismo justificado, porque além de rever lugares a recordar figuras de sacerdotes já falecidos, lembrei-me de que eles mar­caram a minha vida com santos exemplos de comportamento sacerdotal.

Aquela casa que foi convento e depois seminário para formar sacerdotes, possui uma longa e também impressionan­te história.

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Entre os mais belos monumentos que o Brasil herdou da colonização portuguesa, na metade do século XVII, destaca- -se aquele antigo convento dos Terésios, cuja construção, quan­to ao tempo, é historicamente duvidosa, mas sabe-se que foi realmente construído com o beneplácito do rei de Portugal.

É fato inconteste que, entre os monumentos de ARTE SACRA de Salvador, esse convento, interna ou externamente, sobressai logo ao visitante curioso por causa da beleza de for­ma e equilíbrio de linhas.

Situado soberbamente numa paisagem fascinadora, de lá descortina-se a baía de Todos os Santos, o velho forte de S . Marcelo e o movimento do porto de Salvador.

Dizem as “CRÔNICAS” que tudo ali é cópia do conven­to dos "REM ÉDIOS” cm Évora, Portugal, pertencente à mes­ma Ordem. Aquele convento foi inaugurado em 1686 quan­do os frades carmelitas deixaram a antiga hospedagem e for­maram regularmente a sua Comunidade Religiosa. Por carên­cia de frades, extinguiu-se mais tarde a vida conventual.

Foi então que, em dezembro de 1836, começaram en­tendimentos entre o Arcebispo, Dom Romualdo Antonio de Seixas e o então Presidente da Província, Dr. Francisco de Souza Paraíso, no sentido de instalar-se ali o Seminário para a formação do Clero.

Feitas as negociações, o Seminário foi ali oficialmente instalado, sendo o seu primeiro Reitor, o Padre José Maria Li­ma.

Mais tarde, por duas vezes, o Seminário foi entregue à direção dos Padres da Congregação da Missão, chamados tam­bém Lazaristas, mediante convênio realizado entre o Arcebis­po da Bahia e o Padre Superior-Geral dos Lazaristas em Paris.

Crescendo dia a dia o número de vocações sacerdotais, para o devido alojamento dos alunos, construiu-se também um grande prédio ao lado, onde funcionou por muitos anos o Seminário Menor de S. José.

Muitos anos mais tarde, transferido o Seminário de San­ta Teresa para outro local, por iniciativa do Sr. Cardeal, Dom Augusto Álvaro da Silva, Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil, ficou o velho convento abandonado e praticamente en­tregue à ação demolidora do tempo.

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Foi então que o Prof. Edgard Rêgo Santos fez um con­vênio entre a Universidade Federal da Bahia e a Mitra, na pessoa do Sr. Cardeal, Dom Augusto Álvaro da Silva, pelo qual aquela Universidade tomava a si a obrigação de restau­rar inteiramente o antigo convento dos Terésios, destruir o edifício aposto que serviu outrora de seminário menor, para ali instalar definitivamente o MUSEU de ARTE SACRA da Universidade Federal da Bahia.

O convênio realizado consistia em doar à Mitra a quan­tia de cinco milhões de cruzeiros para as obras de construção do novo Seminário, assim como, durante sessenta anos, a soma de quarenta mil cruzeiros mensais destinados à Arqui­diocese.

Agora, depois de tantos anos, quando visitei o MUSEU de ARTE SACRA, nunca pude imaginar que, naquele lugar on­de estudei outrora, houvesse tanta história a recordar, tanta beleza a conhecer.

Tudo ali se acha totalmente restaurado por técnicos ca­pacitados que conservam a arquitetura original.

Percorri, com a alma em festa, aqueles lugares.O adro c a fachada, a capela e as imagens, os arcos e as

sepulturas, os salões e as celas, tudo merece ser visitado pois enche de júbilo o coração da gente.

Naquelas salas e corredores, tudo está bem organizado e podem ser apreciadas obras esculturais em estilo barroco, pin­turas e painéis, pratarias e azulejos, um acervo prodigioso de objetos artísticos que despertam curiosidade e estudos da par­te dos entendidos c interessados.

Tudo ali obedece a um certo ritmo evolutivo de organi­zação. Assim, nos anos de 1966 e 1967, funcionou primeira­mente ali o Museu do Estado. Em 1968, em caráter passagei­ro, foi também criada a Escola de Belas-Artes da Universida­de Federal da Bahia. Finalmente, restaurado o antigo Seminá­rio e Convento, com o auxílio do Patrimônio Histórico e Ar­tístico Nacional, funciona, desde 1959, o MUSEU de ARTE SACRA que se tornou por assim dizer atração especial para os turistas que visitam Salvador.

O monge beneditino, Dom Clemente Maria da Silva Ni- gra, organizador e diretor do Museu, assim escreve :

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“Entre as grandes e múltiplas realizações com que o fundador da Universidade Federal da Bahia, o saudoso Prof. Edgard Rêgo Santos, veio dotar a velha cidade do Salvador, merece hoje especial consideração o Museu de Arte Sacra, instalado no secular Convento de Santa Te­resa. Com a transferência do Seminário Arquidiocesa­no em 1953, que ali funcionou durante 116 anos, para as novas instalações no bairro da Federação, o velho ce­nóbio dos Terésios ou Carmelitas Descalços não podia ter destino mais feliz do que transformar-se em relicário, amplo e precioso, destinado a mostrar à geração presente e às futuras, a beleza e magnificência da arte religiosa da Bahia. Tudo que a antiga metrópole da América Por­tuguesa criou e já possuia em boa arquitetura e escul­tura, em prataria e pintura, aí se vê conservado e expos­to, como prova da perfeição artística dos séculos passa­dos. A ereção do Museu de Arte Sacra tardou bastante, mas ainda se fez em tempo e antes da dispersão e do desaparecimento total de nosso valioso patrimônio his­tórico e artístico. Com a instalação do Museu de Arte Sa­cra no Convento de Santa Teresa, a Universidade Fede­ral da Bahia não quis apenas conservar e expor o que a Bahia e o Brasil têm de mais apreciável e de mais rico em arte colonial, mas sobretudo pretende estudar e di­fundir as lições dessa mesma história de arte por meio de cursos e conferências, pesquisas e publicações” .

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CAPITULO XXXII

PALAVRA DE ESTIM ULO

No fim desse meu trabalho, creio ter correspondido ao que, de início, procurei propor-me, isto é, apresentar sobre a matéria apenas um ENSAIO, revisão de conceitos e prin­cípios da Filosofia da ARTE SACRA, que devem ser repensa­dos para revalorização do assunto em apreço.

Jacques Maritain, no seu livro “ARTE E ESCOLÁSTI­CA”, depois de tecer vários comentários sobre ARTE E BE­LEZA, no seu "DISCURSO SOBRE A ARTE”, assim se ex­pressa :

“Os filósofos nos dizem que a arte consiste essen­cialmente em fazer, não um ato moral, mas uma coisa, uma obra” . . .

“A isso os filósofos acrescentam que esta atividade fabricadora é principalmente e antes de tudo uma ativi­dade intelectual. A arte é uma virtude do inteleto práti­co, poder-se-ia chamá-la a virtude própria da razão ope­rária” . . .

. . . "Produzir um objeto razoavelmente construído, é uma coisa grandiosa no mundo, isso, para o homem, é uma maneira de imitar a Deus”.

Resta-me pedir aos seminaristas teólogos do Seminá­rio Santo Antônio de Juiz de Fora, que levem religiosamente à prática tão bela quanto importante matéria.

Dizem que o saber e a cultura não ocupam lugar.Na formação sacerdotal, quando se trata de criar algu­

ma coisa e enriquecer a inteligência, mesmo por simples la­zer, é útil estudar isso ou aquilo, já que os tempos novos exi­gem que a cultura dos sacerdotes não seja inferior à dos lei­gos diplomados.

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Se eu pudesse dar uma sugestão, diria assim : Estudem as coisas, meus amigos. Aqui vale também o conselho bíblico : "Os lábios do sacerdote guardam a ciência e o povo a exigirá de sua boca”.

Procurem interessar-se por tudo aquilo que hoje ou ama­nhã possa ser útil ao ministério sacerdotal, como se vocês agora mesmo precisassem da matéria para resposta imediata aos que fazem consultas e necessitam de soluções acertadas.

É ilusão a gente pensar que muitas coisas que se apren­dem agora ou foram outrora aprendidas tornam-se inúteis com a evolução dos tempos, sem valor nenhum na vida social, artística ou prática. Na hora em que vocês menos pensarem, para alegria particular e contentamento de outros, muito ser­viço poderão realizar. Serão, sim, chamados a emitir uma opi­nião. Aparecem consultas e pesquisas que exigem respostas exatas.

A experiência além disso demonstra que tudo aquilo que a gente desprezou ou deixou de aprender, torna-se, de repen­te, necessário para a vida particular ou comunitária, um au­xílio ou subsídio para alguém que a nós recorre confiante.

Portanto, nas horas de folga, mesmo por diletantismo ou curiosidade, enriqueça a sua inteligência com algo a mais. Leia alguma coisa sobre as BELAS ARTES, dc modo espe­cial sobre a ARTE SACRA e CRISTÃ. Tenha particular ca­rinho com tudo o que é da Igreja e se relaciona principalmen­te com o culto.

Para isso, em qualquer momento, a leitura de algum li­vro, a consulta de uma enciclopédia, a coleção de várias revis­tas, tudo é deveras importante e necessário para um estudo sistemático da ARTE SACRA e CRISTÃ, para uma análise crítica, adorno da nossa inteligência com possível aplicação prática.

Se você não possui tempo para tanto, não espere que o tempo lhe apareça. Essa história de não ter tempo, depende exclusivamente de você. Organize a sua vida, faça para tu­do um programa razoável que você terá tempo para tudo.

Comece hoje, sem mais delongas, a traçar um plano de estudo da ARTE SACRA e CRISTÃ. Comece pela ARTE das CATACUMBAS, a sua origem histórica, o que represen­

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tava para os cristãos primitivos e o que ainda represen­ta para nós. Procure beber, nos autores consagrados, a rique­za espantosa das criações artísticas, onde tudo, a cada ins­tante, fala das crenças primitivas daqueles nossos antepassa­dos na Fé. Você vai ver e sentir que tudo aquilo que a Igreja de hoje propõe a seus filhos como doutrina, sob a forma de Dogma, já era objeto da crença dos primeiros cristãos, sob fi­gurações e símbolos.

Você vai sobretudo compenetrar-se daquele comporta­mento cristão dos primeiros séculos, a ARTE impregnada de CRISTIANISMO, ensinando a doutrina, propagando o Evan­gelho, testemunhando a Verdade.

Todos os objetos da ANTIGUIDADE CRISTÃ1, na ICO­NOGRAFIA ou na SIMBOLOGIA, correspondem aos ensi­namentos atuais da Igreja, coerentes com o EVANGELHO que ELA prega c LEIS que manda observar.

Martigny, no seu complexo dicionário de “ANTIGUI­DADES CRISTÃS”, assim se exprime com profunda convic­ção religiosa :

“Do mesmo modo que a alma anima todo o corpo e se revela cm cada um de seus movimentos, assim a Fé da Igreja brilha e se manifesta em toda a sua existência exterior.

Que fecundo seria o ensinamento de nossas igre­jas, de nossas decorações e ritos, se os cristãos de hoje, como os de outrora, tivessem conhecimento disso” . . .

LAUS DEO VIRGINIQUE MATRI

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CÔN. ISNARD DA GAMA

HISTÓRICODA

PARÓQUIA DE SÃO BENEDITOJUIZ DE FORA

(HOMENAGEM E LOUVOR)

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Fachada da nova Igreja da Paróquia de São Benedito em Juiz de Fora, situada na Vila São Benedito. Vê-se, no con­jul1to fotográfico, a porta da igreja em placas de pedra "São Tomé" com desenhos naturais belíssimos.

O adro da igreja comporta muita gente e muito se presta para organização de festejos externos.

Distingue-se também, no fado direito, o amplo Salão Paroquial, onde se realizam não somente as reuniões das Associações, mas festas, recepçõe::;, teatrinhos.

No primeiro plano, a Gruta de Nossa Senhora Apare­cida encimada de pequeno jardim.

Aqui se retíne o povo fiel para o louvor à Vhgem-Mãe de Deus.

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HOM ENAGEM E LOUVOR

Ao Povo de Deus da Comunidade Paroquial de São Benedito, assim como a todos os moradores das Vilas Alpina, Santa Cândida e São Sebastião, depois de vinte anos de con­vivência, a serviço de Deus e da Igreja, consagro carinhosa­mente estas páginas que valem como testemunho de amizade e gratidão por tudo aquilo que conseguimos realizar juntos em benefício do Reino de Cristo e da promoção humana.

Sempre amei com sinceridade e dedicação o Povo de D eus! Se tive e tenho algum ideal na vida, por certo foi o de ser pastor e tentar conduzir, a exemplo do salmista, o Reba­nho que me foi confiado para lugares seguros e tranqüilos. O meu desejo foi sempre de não perder uma só das Ovelhas que o “ BOM PA STO R” me deu, mas, se preciso for, como tem sido, ir atrás da ovelhinha renitente que prefere viver em pastagens estranhas do que alimentada e salva no Rebanho de Jesus! Não sei até que ponto muitos compreenderam e sentiram a dureza desta jornada e a sublimidade desta m issão!

No entanto, acreditem ou não, aceitem ou recusem o que estou dizendo, sempre encarei a missão pastoral como reprodução no padre da fisionomia do “ BOM PASTO R” , isto é, alguém que dá a vida por suas ovelhas, as conhece de perto e também é reconhecido por elas, assim como não se cansa de ir pelos vales e morros, pelas estradas e espinhei­ros, em busca das ovelhas desgarradas !

Não é fácil hoje em dia ser pastor !Nos campos crescem as ervas daninhas e até as fontes

estão contaminadas! A poluição é geral e não há filtro que filtre tamanha sujeira! Mas, finalmente, isto não significa que o bem deva omitir-se! Em sadio otimismo, apesar dos pesares, ainda existem muitos bons e muita coisa boa que é preciso cuidar e defender! Ainda existem forças novas que surgem e coisas velhas que podem ser recuperadas !

Entusiasmado pela causa de Deus, obedecendo ao man­dato do meu então Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais

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Penido, no dia quinze de agosto de 1958, assumi aquela assistência espiritual da antiga capelinha de S. Benedito, atendendo o povo com regularidade, tanto quanto me per­mitiam os outros afazeres pastorais !

De fato, por provisão jurídica, nunca fui Vigário Co- cperador das respectivas paróquias de S. José e de Nossa Senhora do Líbano a quem pertenceu a capelinha de S. Be­nedito antes de ser criada paróquia. Todas as vezes que ne­cessitava de jurisdição paroquial tinha de apelar para os respectivos párocos das mencionadas comunidades paro­quiais.

Por muito tempo, nestas condições, como me chama­vam, de Assistente Religioso, fui agindo espiritual e mate­rialmente. A Eucaristia foi celebrada. Novos cristãos eram feitos. A Palavra do Evangelho anunciada. Os enfermos sacramentados !

Com a preciosa bênção da Providência Divina, donde parte toda dádiva perfeita, a Capelinha de S. Benedito, pe­quenina semente do Evangelho, cresceu, cresceu, cresceu, tornou-se árvore grande, isto é, IG R E JA PAROQUIAL, e sob a sua sombra, a exemplo da Escritura, vieram ani nhar-se outras aves, isto é, maior número de filhos de D eu s!

O que segue agora, para o conhecimento do leitor e possível história da Paróquia de S. Benedito, foi transcrito do “ LIVRO DE TOM BO” daquela Comunidade, servindo também de HOM ENAGEM E LOUVOR para aquele Povo de Deus.

IN TER ESSA RECO RD A R

Chamava-se antigamente ARADO, a Vila que tem o nome de S. Benedito.

Segundo informes de alguns senhores que aqui moram há muitos anos, o ARADO era um terreno irregular, corta­do de subidas e declives, dominado por matagal cerrado. Difícil, muito difícil, atingir-se o povoado, não só porque faltavam estradas de livre acesso, mas por causa da terra escorregadia e lamacenta. As moitas e capinzais serviam mui­tas vezes de esconderijo para marginais e criminosos que lá se refugiavam, onde a Polícia tinha medo de chegar, pois

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quase sempre lutas eram travadas e os soldados acabavam apanhando.

Foi-se formando, de modo irregular, o POVOADO, crescendo dia-a-dia pela construção de barracões fora do nível das estradas que se iam abrindo, casas que até hoje aparecem quase que soterradas pelas ruas. Foi crescendo também o número de habitantes, pessoas que se mudavam da cidade ou então vinham de várias cidades do interior, tais como: Piau, Rio Novo, Chácara, Paula Lima, Guarani, Tocantins, Muriaé, Bom Jardim de Minas.

O ARADO se expandiu de tal modo que se formou, mais tarde, além da Vila S. Benedito, a Vila Alpina e Vila Santa Cândida, três vilas cujos habitantes são de nível ope­rário, sobretudo, pedreiros, mecânicos e lavadeiras.

VIDA RELIGIOSANum crescimento desordenado, com famílias advindas

de todas as partes, sobretudo à procura de emprego, é fácil avaliar a situação religiosa do ARADO.

Como sempre acontece, apareceram logo os terreiros de macumba, os centros espíritas, as velhas superstições, as crendices de toda espécie, na ausência de assistência religiosa.

Conforme dados colhidos do Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, morador no ARADO há muitos anos e Prove­dor da Irmandade de S. Benedito^, desde 1926, certos ho­mens tiveram o ardente desejo de construir no ARADO uma capelinha de S. Benedito. Estes homens se chamavam Ave­lino Silvério, Firmino Antônio Alves, Pedro Joaquim Leo- doro de Oliveira e outros que muito se esforçaram, mais nada conseguiram. Se nada de fato conseguiram, pelo me­nos eles possuem o mérito do ideal começado. Tais homens, já falecidos, ergueram um CRUZEIRO , na entrada do Bairro onde está situada hoje a rua S. Lourenço, nas proxi­midades da rua Araxá. Ali faziam o mês de Maria, rezavam o santo terço. A imagem de Nossa Senhora ficava na casado Coronel Agilberto Costa, na esquina de Vitorino Braga com a rua S. José.

A estes homens, citados acima, o agradecimento do Povo e do Pároco atual por terem plantado a Cruz de Cris­to e começado também a devoção a Nossa Senhora.

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Em 1933, passou a visitar o ARADO o Prof. Antônio Carlos Machado Sobrinho, vicentino, que vendo o Bairro crescer sem assistência religiosa, sentiu logo necessidade de levar para frente o ideal da construção de uma capelinha para facilitar, da parte do povo, o cumprimento das obriga­ções religiosas.

Em 8 de dezembro de 1934, dia da Assembléia Geral da Sociedade de S. Vicente de Paulo, o Sr. Prof. Antônio Carlos Machado Sobrinho se encontrou com um confrade vicentino, Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, morador no Bairro do ARADO, e tomaram a resolução de trabalhar pelo bem espiritual do Povo. Foram estar com o Sr. Bispo Diocesano, D. Justino José de Santana, que concordou ple­namente com a construção da capelinha e marcou também o dia para vir escolher o lugar e dar a bênção da Igreja.

Poucos dias depois daquela audiência, às 10:30 h do dia 16 de fevereiro de 1935, foi dada a bênção no terreno onde devia ser construída a capelinha pelo próprio Sr. Bispo, D. Justino José de Santana, estando presente o Coronel Agilberto Costa, proprietário do terreno no ARADO, que fez a doação de dois lotes de terra medindo vinte metros de frente por trinta metros de fundo, sendo que a frente dos lotes ficava para onde futuramente devia ser a rua princi­pal do Bairro.

Vale ressaltar a palavra de D. Justino José de Santana, no ato da bênção: “ Neste lugar, será edificada a Igreja de Cristo. As portas do Inferno não prevalecerão contra Ela.”

Depois do acontecimento, o Prof. Antônio Carlos Ma­chado Sobrinho fez uma reunião com os S rs.: Natalino Mo­desto, Oscar Paviato, José Sanche, Firmino Antônio Alves, Umberto Marchini, Francisco Marciano, Mário Leite de Araújo, Divino Pereira, Manoel Marcelino e outros que for­maram juntos uma Comissão e começaram a trabalhar. Foi precisamente neste ano de 1934 que o Bairro ARADO co­meçou a ter assistência espiritual ministrada pelo Padre Ma­noel Barreto, então Pároco de S. José de Botanágua (hoje. Costa Carvalho). Ele passou a celebrar missa uma vez por mês, a partir de maio de 1935, na casa do Sr. Umberto Mar­chini, onde se rezava o terço todos os dias e se fez também a primeira coroação de Nossa Senhora. Com a autorização

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do pároco de S. José, no mesmo ano de 1935, a Senhora Rosa dos Santos foi nomeada zeladora dos paramentos e toa­lhas da Missa. Criou-se também uma Irmandade de S. Se­bastião, composta de 26 meninos, sendo Diretor e Catequis­ta desta Irmandade, o Sr. Ulisses dos Santos, auxiliado pelo Sr. Sebastião de Oliveira, secretário das obras da construção da capelinha. A capelinha foi construída com oito metros de frente por doze de fundo e quatro metros de altura. Vin­do a falecer o Prof. Antônio Carlos Machado Sobrinho, o seu sobrinho, Dr. Luiz Gonzaga Machado Sobrinho (mais tarde, Deputado Federal), juntamente com a Comissão con­tinuou e terminou as obras em 1939.

INAUGURAÇÃO DA CAPELIN H A

“ O LA M PA D Á RIO ” , Órgão Oficial da Diocese de Juiz de Fora, em data de 3 de dezembro de 1939, assim descreve como noticiário a inauguração da capelinha de S. Benedito:

A INAUGURAÇÃO DA C A PELA D E SÃO BEN EDITO NO BAIRRO DO ARADO

BR ILH A N TES SO LEN IDAD ES R ELIGIO SA SLEVA D A S A EFEIT O PELO S CATÓLICOS

DO POPULOSO BAIRRO DA CIDADE

“ Desde 1937 que se encontrava em construção a cape­la de S. Benedito, no populoso Bairro do ARADO nesta cidade.

A construção havia sido iniciada por uma Comissão especialmente constituída para esse fim, da qual faziam parte os Senhores Carlos Machado, de saudosa memória e que foi o idealizador do movimento, Natalino Modesto, Firmino Alves, Umberto Marchini, Manoel Marcelino, Os­car Paviato e Mário Leite.

Trabalhando ativamente, o Prof. Carlos Machado con­seguiu inúmeros auxílios de piedosos corações católicos, tanto assim que, com a sua morte, a capela estava em vias de ser construída. Seu posto na Comissão construtora foi

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voluntariamente ocupado por seu sobrinho, Dr. Luiz de Gonzaga Machado Sobrinho, graças a quem foram concluí­das as obras respectivas, tendo a linda capela sido inaugu­rada domingo último, dia 3, com a presença de centenas de fiéis e inúmeras pessoas gradas, entre as quais notavam-se o Sr. General Cristóvam Barcelos, Major Coelho de Araújo, Dr. Danilo Breviglieri, representando o Sr. Prefeito, Raphael Cirigliano, Dr. Pedro Vieira Mendes, Sr. Alcides Gomes, representando o Sr. João Penido, paraninfo do ato, Sr. Gas­par Costa, representando os Srs. Drs. José Carlos e Justino Moraes Sarmento, Sr. Newton Brandão, gerente da Caixa Econômica, Sr. Agilberto Costa, Srs. Ariovisto de Almeida Rego, pai e filho do Rio de Janeiro, sendo que estes se fize­ram acompanhar de muitos caravaneiros.

Oficiou o Exmo. e Revmo. Sr. D. Justino José de San­tana, D.D. Sr. Bispo Diocesano, sendo acolitado pelo Sr. Padre Gerardo, Vigário da Paróquia, decorrendo os atos religiosos com o maior brilhantismo, havendo executado belas músicas sacras a harmoniosa Banda do 2.° B.C.

Após a bênção do templo e a missa inaugural, houve batismo e crisma de mais de uma centena de crianças, reu­

nindo-se a seguir as Irmandades Religiosas de N. S.a do Perpétuo Socorro, S. Benedito, S. José e S. Sebastião.

Ao meio-dia, reuniram-se as crianças do Catecismo, respondendo à chamada 138, de logo inscritas. O programa de festas em regosijo se estendeu por todo o dia.

O povo do Arado está exultando de entusiasmo e ale­gria, tendo a Diocese de Juiz de Fora recebido mais uma dádiva preciosa.”

ASSISTÊN CIA SA CERD O TA L

Sendo o Padre Gerardo da Silva e Souza, Pároco de S. José, a capelinha de S. Benedito ficava sob a sua responsa­bilidade paroquial. Não podia dar-lhe assistência espiritual constante, mas periodicamente. Permitiu que criassem a IRM ANDADE D E S. BENEDITO , sendo o 1.° Provedor, Mário Leite de Araújo e seus auxiliares, os Srs. Benício An­tônio Martins, assim como Ulisses dos Santos. N a direção do Catecismo, a Prof.a Maria Luzia, irmã do Padre José de

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Matos, Zeladora da capela, a Sra. Rosa dos Santos, auxilia­da por Teresa Maria de Jesus.

Depois de inaugurada a capela, muitos daqueles que trabalharam para construí-la, afastaram-se da Igreja, sem mo­tivo justificado, isto já em 1940, quando o Sr. Firmino An­tônio Alves pediu ao Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira para rezar o terço. Com o afastamento da Prof.a Maria Lu­zia, o Sr. Ulisses dos Santos assumiu a responsabilidade do Catecismo, nem faltaram outros elementos que vieram dar generosa contribuição.

M ais tarde, em 1950, foi também criado o CONSE­LHO de FÁ BR IC A da capela de S. Benedito pelo novo Pároco de Igreja de S. José, Padre Vicente de Paulo Rodri­gues. Para membros do CONSELHO foram escolhidos os Srs.: Benício Antônio Martins, Lívio Côrtes de Castro, Jo a­quim Bertolino de Lima, Antônio Pedro Félix de Oliveira, sendo fabriqueiro o Sr. Mário Leite de Araújo.

Neste mesmo ano de 1950, cresceu, em aquisição de terreno, o patrimônio da Igreja. Compraram-se mais dois lotes de terra, terreno anexo à capela, medindo cada um 10 x 30, ficando o terreno da capela com 30 metros de fren­te por 40 metros de fundo. Ampliou-se a capela nas partes laterais, construindo-se uma pequena sacristia e uma sala para a reunião das Irmandades. O Pároco de S. José, Padre Vicente de Paulo Rodrigues também autorizou a remode­lação do telhado, assim como o engradamento da Igreja.

Vários sacerdotes, seculares e congregados, deram as­sistência religiosa à capela de S. Benedito no ARADO. To­das as vezes que o Pároco de S. José estava impedido por outro compromisso na Paróquia, o Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira se movimentava com dedicação para conseguir outro sacerdote, pelo menos para as Missas de domingo. Assim, vinham Padres da Glória, da Academia, do Seminá­rio da Floresta, de Santa Rita, do Seminário Santo Antônio e da Catedral. Foram os seguintes os sacerdotes que deram assistência espiritual à capela de S. Benedito: Pe. Alberto Müller, Pe. Alfredo, C.S.S.R., Pe. Teófilo, C .S.S.R., Pe. Mi­guel Falabella de Castro, Pe. Wilson Ghetti, Pe. Martinho Reis Pereira Gaio, Pe. Vicente de Paulo Penido Burnier, Pe. Lauro Neves, Pe. Wilson Vale da Costa, assim como o Sr.

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Bispo Auxiliar, D. Othon M o tta . Durante muito tempo, duas vezes por mês, o Pe. Rafael Laacó deu assistência reli­giosa só deixando mesmo por motivo de doença. Assinalo também o nome do Pe. Umberto de Araújo Braga que tam­bém, por longo tempo, celebrou aos domingos na capela de S. Benedito.

Em 1956, o novo Pároco de S. José, Pe. Wilson José Larcher, pediu à Secretaria do Bispado a aprovação de um CONSELHO DE FÁ BRICA , sendo Fabriqueiro o Sr. Lívio Côrtes de Castro, Tesoureiro, o Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, Secretário, o Sr. José Clemente da Silva.

Em 1958, o Pároco de S. José, Pe. Wilson José Lar­cher, viu que a capela era pequena para conter o povo por­que o movimento espiritual crescia. Mandou formar uma COMISSÃO pela construção de uma Igreja maior que seria construída com planta desenhada por um engenheiro com­petente, aprovada pela Prefeitura Municipal e pela Cúria Diocesana. Foi composta a seguinte Comissão: Srs.: Henri­que Inácio Ataíde, Cervanil Ataíde, José Augusto Campos e Waldemar dos Reis. Foi o autor do projeto e cálculo de ferragem, o engenheiro civil e eletrotécnico, Dr. Eduardo Hipper, sob a responsabilidade técnica do Dr. Walter Barra, engenheiro também civil e eletrotécnico, Administração ain­da da Firma Oliveira-Raquel, Construtora registrada no C REA, 4.a Região, sob o número 1.145 e na Junta Comer­cial do Estado de Minas Gerais, sob o número 65.246, de 26 de março de 1954.

A COMISSÃO pela construção da nova igreja, depois de nomeada, recusou o cargo, afastou-se da atribuição sem motivos justificados, sendo necessário, em março de 1959, o recurso de nova COM ISSÃO que ficou assim constituída, funcionando como CONSELHO D E FÁ BR IC A : Antônio Pedro Félix de Oliveira, Fabriqueiro; Ulisses dos Santos, Secretário; Sebastião Francisco de Oliveira, Tesoureiro. Este CONSELHO foi autorizado pelo Pároco de S. José a criar outras sub-comissões, no sentido de uma ajuda mais efici­ente no plano da construção da nova igreja. Por sua vez, ia-se desenvolvendo a parte espiritual com a criação das Ir- mandades, Associações Religiosas, tais como a Irmandade de N. S.a do Perpétuo Socorro, a cargo do Sr. Ulisses dos

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Santos, sob as instruções de um padre redentorista da Igreja da Glória. O Sr. Sebastião Francisco de Oliveira organizou a Pia União das Filhas de Maria, sob as instruções do cape­lão de S. Sebastião. Foram escritas NORM AS para as ASSO­CIAÇÕES RELIGIO SA S, sendo, mais tarde, transformadas em ESTA TU TO S, com registro em cartório, personalidade jurídica.

No meado do ano de 1959, o Padre Umberto de Araú­jo Braga deixou de dar assistência espiritual à capela de S. Benedito, sendo necessário providenciar-se outro sacerdote. Neste tempo, a situação religiosa da Vila S. Benedito come­çou a ser perturbada, aliás, desde a Semana Santa de 1958, pela presença de falsos padres pertencentes à Igreja Cató­lica, Apostólica, Brasileira, que buscavam novos adeptos para o culto, irregulares no comportamento moral, agressi­vos e mentirosos nas suas pregações. O ambiente da Vila S. Benedito, o mal-estar do Povo, a revolta das famílias, as bri­gas de certos elementos mais exaltados que desejavam resol­ver a situação com violência, tudo isto contribuiu para a confusão religiosa, o afastamento de alguns da capela S. Benedito .. .

Estando os ânimos em grande tensão, os responsáveis pela capela de S. Benedito resolveram formar uma COMIS­SÃO para vir estar com o Sr. Bispo Diocesano, D. Geraldo Maria de Morais Penido. Foram escolhidos para a audiên­cia com o Sr. Bispo, os S rs.: Antônio Pedro Félix de Olivei­ra, Ulisses dos Santos, Geraldo de Andrade, Horácio Mo­reira, Waldemar dos Reis. Estiveram pois os citados senho­res na residência episcopal, expuseram a situação religiosa da Vila S. Benedito, os acontecimentos que revoltaram as famílias, ao mesmo tempo que ouviram a palavra de espe­rança do Sr. Bispo Diocesano, no sentido de providenciar um sacerdote para continuar a assistência religiosa na Vila S. Benedito.

Pouco tempo depois, tornando-se a situação religiosa cada vez mais grave, o Sr. Bispo Diocesano, D. Geraldo Maria de Morais Penido, em conversa com o Padre Isnard da Gama, depois de expor-lhe os fatos, disse-lhe assim: “ VOCÊ, QUANDO PUDER, D Ê A SSISTÊN CIA RELI-

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GIOSA AO POVO DO ARADO .” Isto foi em agosto de 1959.

Eu, que escrevo estas CRÔNICAS, já conhecedor pe­los jornais da cidade “ DIÁRIO M ERC A N T IL” e “ DIÁ­RIO DA TA R D E dos desmandos religiosos dos falsos pa­dres, Benedito Lima e José Vieira, obedeci prontamente ao meu Bispo Diocesano, D. Geraldo Maria de Morais Penido e celebrei a Santa Missa pela primeira vez no ARADO, no dia 15 de agosto de 1959, festa da Assunção de Nossa SENHORA.

Ainda me lembro daquele dia. Estavam presentes à M issa umas vinte pessoas. Cinco apenas receberam a comu­nhão. Preguei sobre Nossa Senhora. Lembrei ao Povo que Maria Santíssima é a valiosa intercessora junto a Deus para todas as necessidades dos cristãos. Disse mais que estava ali a mandado de D. Geraldo Maria de Morais Penido para o bem da capela de S. Benedito. Estava tanto quanto possível à disposição do povo para as Missas, Batizados, Confissões, Visitas aos Enfermos. Depois da Missa, o povo me recebeu muito bem. Os que estavam na igreja, vieram cumprimen­tar-me na sacristia. Cobriam-me de atenção e carinho.

FOI ASSIM QUE CO M ECEI

Procurei entrar em contato com o Pe. Wilson José Lar- cher, Pároco de S. José, a quem pertencia a capela filial de S. Benedito. Nunca tive nomeação oficial da Cúria Dioce­sana, provisão de vigário cooperador de S. José. Todas as vezes, sobretudo para casamentos, que eu necessitava de ju­risdição paroquial, recorria ao Pe. Wilson José Larcher que nunca me criou dificuldade nenhuma, dando-me carta aber­ta para agir.

Foi assim que comecei, invocando sobre mim e sobre o povo a proteção de Nossa Senhora, levando a sério a obe­diência devida ao Bispo, respeitando também os direitos do pároco de S. José.

Fui assim, pouco a pouco, tomando de perto conheci­mento das necessidades espirituais, em plena confusão de seitas que proliferam em toda parte, sobretudo, suportando os ataques violentos dos falsos padres da Igreja Católica,

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Apostólica Brasileira que, dia e noite, com alto falante mon­tado, desfaziam da Igreja Católica, Apostólica, Romana, caluniando o Papa, maltratando o povo.

Era triste sentir o Rebanho de Cristo dividido, arre­medos do culto católico na tal igreja brasileira. Missas, Ba­tizados, Casamentos, procissões lá realizados, ludibriando o povo, dizendo que era a mesma coisa que na Igreja Católica, Apostólica, Romana.

Uma vez que a Constituição Brasileira garante o pleno exercício de qualquer culto, nenhuma providência, de ordem jurídica, podia ser tomada. Tornava-se então para mim, “ Assistente Religioso” , mais necessária a EV A N GELIZA ­ÇÃO do povo, sem fazer alusões nem ataques à Igreja Cató­lica, Apostólica, Brasileira.

Assim, procurando desenvolver o que estava realizado, atendendo pacientemente o povo naquilo que estava ao meu alcance, fui aos poucos conhecendo as realidades locais, tan­to de ordem física e moral, quanto espiritual e religiosa. Não somente celebrava a Santa Missa nos domingos e dias san tos, mas, conforme se apresentavam os pedidos, nos dias de semana também.

Muitas vezes, diante do fanatismo religioso dos falsos padres da Igreja Católica, Apostólica, Brasileira, eu era obrigado a intervir diante de certos grupos de católicos que desejavam agir com violência, fazer depredações na capeli- nha, expulsar os tais homens a todo preço. O conselho era sempre o mesmo: Vocês tenham paciência, aguardem a ho­ra de Deus, não façam arruaças, desordens, porque podem comprometer a capela de S. Benedito e depois nada se con­seguirá. O caminho é outro. Praticar a Religião. Confessar, comungar, rezar muito a Nosso Senhor para que afaste de nós o que está acontecendo.

Com efeito, muita coisa anormal acontecia não só com o conhecimento da Polícia que vivia à busca de tais padres falsos, mas com o conhecimento do povo da cidade de Juiz de Fora, dada a publicidade escandalosa dos jor­nais. . . Queixas e mais queixas, durante a semana, eram registradas na Polícia. De vez em quando os tais padres de­sapareciam e se refugiavam em S. Paulo ou em Nova Iguaçu, no Estado da Guanabara.

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Vista lateral da nova igreja da Paróquia de São Benedito. Na parte posterior, em cima, um pequeno apartamento do Pároco, enquanto não se constrói a Casa Paroquial. Em baixo, o escritório para atendimento do povo. Sobra ainda, ao lado, um terreno de extensão considerável, onde possi­

velmente será construído o ambulatório paroquial.

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No dia 2 de fevereiro de 1960, foi criada e instalada a nova paróquia de N. S.a do Líbano, em Grajaú, Vitorino Braga, com território desmembrado da Paróquia de S. José em Costa Carvalho. Foi nomeado pároco, o Pe. José de Mat­tos. A capela de S. Benedito passou então, como capela filial, a pertencer à paróquia de Nossa Senhora do Líbano.

Fui estar com o novo pároco, Pe. José de Mattos, e recebi dele toda a atenção para continuar dando assistência religiosa à Vila de S. Benedito, Recorria sempre ao pároco quando se tratava de jurisdição paroquial ou de alguma coi­sa que eu não podia fazer sem a licença do pároco. O pároco da sobredita paróquia, nunca também me trouxe dific/ida- des na minha atuação como “ ASSISTEN TE RELIGIO SO ” da capela de S. Benedito.

Continuei assim trabalhando, enfrentando grandes di­ficuldades, não só o tremendo “ impasse” da Igreja Católica, Apostólica, Brasileira (que permaneceu na Vila S. Bene­dito de 1958 a 1967), mais ainda a responsabilidade de cons­truir a nova igreja, evangelizar, formar cristãmente o povo. É bem verdade que não me faltaram auxiliares compreensi­vos e operosos, tais como os Vicentinos, de modo especial, os Srs.: Antônio Pedro Félix de Oliveira, Ulisses dos San­tos, Geraldo Andrade, Antônio Pinto das Neves, José San- ches, Geraldo Augusto, Octacílio Teodoro dos Santos, Se­bastião de Oliveira, Sebastião dos Santos, Alcides Azevedo, José Amaro, assim como outros elementos que vieram pos­teriormente, homens de oração e dispostos para o apostola­do, muitos deles ainda 'dvos, aos quais deixo consignado nesta página o meu preito de gratidão pelo muito ciue fize­ram e estão fazendo pelo crescimento espiritual da Vila de S. Benedito.

Quando aqui cheguei, agosto de 1959, já encontrei os alicerces da nova igreja. . . Era necessário dar prossegui­mento às obras, mas a COMISSÃO tinha se afastado, ten­do o CONSELHO de FÁ BRICA assumido a responsabili­dade de construção.

Em 1961, a Firma Construtora Oliveira-Raquel foi à falência, sob a pressão do custo de vida. Ela estava adminis­trando as obras da construção da nova igreja, sendo assim,

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tivemos de permanecer parados, por longo tempo, à espera de verbas.

Em setembro de 1963, tendo um jornaleco de S. Paulo atacado o culto de Nossa Senhora Aparecida, dizendo ser ela uma santa negra, convoquei, numa missa de domingo o povo a render um ato de desagravo a Nossa Senhora, cons­truindo frente à igreja uma gruta encimada por um jardim, onde o povo pudesse prestar o seu culto à Mãe de Deus, re­zando o santo terço ou pagando promessas.

Foi bela a atitude dos fiéis naquele dia. Logo depois da Missa, trocaram as suas roupas em casa e vieram espon­taneamente em massa desbastar o terreno defronte da igreja, removendo a terra do barranco para longe.

Foi então que o Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, sócio-gerente da Firma falida, arranjou algumas pessoas que ajudassem a construção da gruta, mediante salários. Festi- nhas externas eram feitas para angariar donativos, e a cons­trução da gruta terminou no dia 31 de janeiro de 1966.

Fui então a Aparecida do Norte (S. Paulo). Adquiri uma imagem “ fac-simile” da verdadeira que se venera no San­tuário, pedindo ao Pe. Francisco Batista, Prefeito da Basí­lica, que a tocasse na imagem autêntica e milagrosa de Nos­sa Senhora Aparecida, sendo o meu desejo realizado, pois presenciei tudo.

A gruta, como disse, terminou no dia 31 de janeiro de 1966, mas foi inaugurada no dia 29 de agosto de 1965, es­tando quase terminada.

O Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido, celebrou MISSA CAM PA L na frente da igreja, com grande afluência de fiéis, depositando em seguida a sagrada ima­gem no artístico nicho metálico confeccionado pela Meta­lúrgica Seio de Juiz de Fora. Em pedra mármore, do lado da gruta, mandei gravar com simplicidade os seguintes dizeres: A FA M ÍLIA CRISTÃ DAS VILA S SÃO BENEDITO E ALPINA À N. S.a APARECIDA — 29-8-65.

SA LÃ O JOÃO X X III

Em vista da futura criação da Paróquia, aproveitan­do-se o terreno ao lado da nova igreja em construção, de

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1964 a 1967 foi também construído um amplo salão paro­quial que tomou o nome do Santo Padre João X XIII.

Neste salão, por muito tempo, enquanto se construía a igreja, funcionou o culto litúrgico, assim com as reuniões das Associações.

A construção da nova igreja continuava parada, como disse, por falta de verba. Dada a população operária, as rendas obtidas nos festejos externos, que se organizavam sempre, eram insuficientes, muito precárias para arcar com a aquisição do material e pagamento de mão-de-obra. Aque­les que, no sábado à tarde, se apresentavam voluntariamente para ajudar, eram poucos e o serviço se tornava demasiada­mente lento. Resolvi, então, abrir um “ LIVRO DE OURO” para angariar pessoalmente donativos entre os amigos e ex- alunos na cidade, e assim foi possível não somente contratar pedreiros, assinar carteiras conforme as leis trabalhistas, mas levar também à conclusão a obra projetada. Assim fiquei, por muito tempo, angariando esmolas, comprando o mate­rial, fazendo os pagamentos de duplicatas, fornecendo em seguida os recibos ao Provedor da Irmandade de S. Bene­dito, Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, que ainda hoje os tem no arquivo como comprovantes do dinheiro arreca­dado e despesas realizadas. Há, no arquivo, cinco Livros de Ouro com o nome das pessoas que deram a quantia, assim como o recibo dado pelo próprio Provedor da Irmandade, Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, como testemunho pre­sente e futuro de que o dinheiro foi honestamente empregado.

ASSISTÊN CIA RELIGIO SA

De agosto de 1959 a agosto de 1968, dando frequente­mente assistência religiosa e sacerdotal ao povo da Vila S. Benedito, esforcei-me, quanto me foi possível, para atender às necessidades materiais e espirituais da capela. Missas, Bati­zados, Confissões, Primeiras Comunhões, Novenas, Tríduos, Missões Semanas Santas, festas do Padroeiro, S. Benedito, to­dos estes movimentos eram oportunidades para a formação cristã dos fiéis. Vale também lembrar bênçãos de garganta,

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na festa de S. Brás, que se tornaram tradição reunindo gran­de número de fiéis. Auxiliado sempre pela Irmandade de S. Benedito, pelas Conferências Vicentinas, assim como pela Irmandade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de mo­do especial, pelo zelo inexcedível do Sr. Antônio Pedro Fé- lix de Oliveira, sempre disposto a dar generosamente a sua valiosa colaboração, consegui, com a graça de Deus e a boa vcntade do povo, levar a pleno êxito a construção da igreja, o desenvolvimento da catequese, a união das famílias, au­mentando dia-a-dia os participantes da Santa Missa e da sa­grada comunhão.

Com a permissão do Sr. Bispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido, desde o ano de 1960, o Santíssimo Sacra­mento permaneceu na capela de S. Benedito. Foram então organizadas HORAS SANTAS, VISITAS, sobretudo a ADO­RAÇÃO NOTURNA, nos primeiros domingos do mês, sob a responsabilidade das Associações Religiosas e das famí­lias que ainda hoje pertencem à GUA RDA DE HONRA. Esta ADORAÇÃO NO TURNA tem sido uma fonte de bên­çãos para os Fiéis não só pelo sacrifício que fazem no tempo de frio ou de chuva, presentes, alta noite, na igreja, mas por­que sempre, no sentido da oração, é proposta mensalmente ao povo uma intenção particular, de conformidade com as necessidades do tempo.

Desde que cheguei à capela de S. Benedito, diante do número escasso daqueles que vinham e participavam da Mis­sa, procurei centrar a devoção do povo na Missa, na Euca­ristia como Sacrifício e Sacramento. Pregações, palestras, semanas eucarísticas, celebração anual da festa de “ Corpus Christi” , tudo isto muito contribuiu para o afervoramento eucarístico dos fiéis.

O mesmo devo dizer da devoção a Nossa Senhora. O mês de Maria, todos os anos, tem sido realizado com a preparação das crianças para a entrega de flores e coroação, a cargo de Maria José de Oliveira e outras senhoras. O mês do Rosário, em outubro, sempre teve a participação dos fiéis, sendo o terço recitado pelo Sr. Antônio Pedro Félix de Oli­veira, ou, na impossibilidade do mesmo, pelos Srs. Ulisses dos Santos ou Sebastião dos Santos.

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VISITA ÀS FA M ÍLIA S

Logo que aqui cheguei, a fim de conhecer as famílias e manter contato com o povo, organizei uma pauta de visita às famílias, chegando mesmo a organizar um pequeno fichário.

Assim, semanalmente, quase sempre acompanhado do vicentino Geraldo Andrade, popularmente conhecido por “ Bacana” , saía pelas ruas de S. Benedito, parando e conver­sando com as pessoas com quem, na rua, me encontrava.

Lembro-me ter visitado todas as casas da Vila Alpina. A minha visita consistia nas seguintes perguntas: Se os pais eram casados na Igreja. Se os filhos eram batizados, crisma­dos e tinham feito a l . a Comunhão. Não excluí, da minha visita, aqueles que não eram católicos. Visitei, do mesmo modo, "TESTEM U N H A S D E JE O V Á ” , “ ASSEM BLÉIA DE D EU S” , “ M ETOD ISTAS” , ESPÍRITA S E MACUM­BEIROS. Todas as famílias me receberam muito bem, ou­viram, atentas, os meus conselhos. Muitos que não vinham à Igreja, prometeram e cumpriram a prática da Religião, o acerto de casamentos, os batizados e primeira comunhão de seus filhos. Tomei tal atitude não somente para sentir de perto as necessidades materiais e espirituais do povo, mas para neutralizar a influência dos falsos padres da Igreja Ca­tólica, Apostólica, Brasileira, que na Vila permaneciam, realizando Missas, Casamentos, Batizados, etc.

Creio que estas visitas foram de grande efeito. O povo, que estava desconfiado, esquivo, começou a freqüentar me­lhor a Igreja, houve mais tranqüilidade entre as famílias, foi crescendo o movimento religioso com o aumento da ma­trícula do Catecismo, número considerável de confissões e comunhões.

Já havia, de há muito, o serviço de alto-falante na ca­pela de S. Benedito. Era usado metodicamente para avisos, comunicações, instruções religiosas e Catecismo dos Adul­tos. O sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira sempre fazia pelo alto-falante a sua catequese, isto é, palavras de incen­tivo, convites, apelos ao povo para o cumprimento do dever dominical. Eu também dele me servia sempre, ora, para dar

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ao povo pontos de doutrina, ora, para estimulá-lo nos deve­res religiosos.

Enquanto o microfone da Igreja Católica, Apostólica, Brasileira vociferava ao longe atacando a pessoa do Papa e o Culto Católico Romano, eu procurava não abrir polêmi­cas, não tomar conhecimento das calúnias e injúrias, a fim de construir positivamente pela doutrina cristã o Reino de Deus entre o povo. O conselho cristão era dado sempre aos mais revoltados contra a Igreja Católica, Apostólica, Brasileira: Vocês confiem na Providência Divina. Aguardem, com pa­ciência, a hora de Deus. Não façam depredações na capeli- nha dos falsos padres. Não os transformem em vítimas da Igreja Católica, Apostólica, Romana, pois é isto o que eles querem. O conselho positivo, tanto nas pregações como nas conversas particulares em grupos, terminava sempre assim: É preciso rezar mais, fazer penitência, ser fiel à doutrina de Cristo que vive na Sua Igreja.

No serviço de locutor, sobretudo na “ HORA DO AN­JO ” , funcionou o Sr. Sebastião Francisco de Oliveira, tendo mais tarde como sucessores os jovens Cícero Guiducci e Maurício Fabiano da Costa que até hoje dão a sua preciosa colaboração.

ASSISTÊN CIA SO CIAL

Doentes e pobres nunca faltaram na Vila S. Benedito.Sempre os considerei como anúncio da chegada do

Reino de Deus. Era necessário, tanto quanto possível, aten­dê-los também na parte material.

Primeiro, criou-se a Conferência Vicentina de S. Bene­dito. Depois, a Conferência “ Jesus, Maria e José” . Ambas atuantes, funcionando semanalmente com as suas reuniões particulares, desenvolveram sempre um trabalho apostólico no exercício da caridade para com os pobres e enfermos. As visitas domiciliares, as sindicâncias, o contato dos vicen- tinos com a realidade local, fizeram com que se criasse um AM BULATÓRIO , num barracão construído ao lado da Igreja, com distribuição de gêneros alimentícios fornecidos pela América do Norte e cedidos às paróquias pela “ Ação Social Diocesana” .

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Durante muito tempo, foi responsável por este AMBU­LATÓRIO, o Sr. Geraldo de Andrade, vicentino, que dia­riamente pela manhã e à tarde estava dedicadamente à dis­posição do povo, ora distribuindo para as crianças, pacotes de leite em pó, fubá e trigo, assim como amostras grátis de remédios sob receita médica.

A festa de S. Vicente de Paulo foi sempre anualmente celebrada, além da parte espiritual, missa com o convite ofi­cial para os pobres assistidos pelas Conferências, a parte também externa, a festinha popular para obter fundos para o movimento vicentino sempre deficitário.

Gs pobres, que são a riqueza da Igreja, sempre tiveram Assistência Social, quer pelos vales distribuídos regularmen­te, quer pela intervenção dos Vicentinos quando se tratava de algum internamento em hospital, enterro ou calamidade pública provocada pelas chuvas nos barracões.

Sempre fiéis à Igreja, assíduos no cumprimento dos de­veres religiosos, os Vicentinos foram para mim colaborado­res valiosos, sobretudo pelo serviço desinteressado, pela caridade operosa, pelo diálogo sincero, contribuindo assim para o progresso espiritual da Vila de S. Benedito. A eles, a gratidão do povo e do “ Assistente Religioso” .

BANDA DE MÜSICA S. BENEDITO

A Banda de Música S. Benedito, conforme rezam os “ ESTA TU TO S” , foi fundada a 1.° de julho de 1962, na Vila S. Benedito, filiada sempre à capela, apesar de ser uma Sociedade Civil, independente de nacionalidade, cor, credo político ou religioso. Organizada, ela adquiriu, com esforço, todos os instrumentos, contribuiu largo tempo com suas to­catas para o brilhantismo das festas religiosas.

Deixo aqui registrados os nomes dos sócios fundadores: S rs.: Geraldo de Andrade, José Ribeiro de Oliveira, Acácio Paulino Pinto, José Antônio da Silva, Antônio Pedro Félix de Oliveira, Ulisses dos Santos, Geraldo Marciano, Pedro Duque, José de Abreu Valadares, Sebastião Francisco de Oliveira, Geraldo Augusto, José Rodrigues, José Basílio, Jair Arantes, Antônio Duque, José Batista da Silva, José do Carmo, José de Almeida Pascoalini, Jorge Francisco de

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Oliveira, Adilson José da Silva, Walter Flôres, Luiz Antônio Teles de Oliveira, Manoel Costa de Oliveira, Geraldo Tava­res, Lindolfo da Silva, Antônio Luiz de Paula, Sebastião Teotônio de Paula, Geraldo Vitório, Horácio Moreira, Se­bastião Batista dos Santos.

A Banda de Música S. Benedito foi registrada em Car­tório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, sob o número 552, às folhas 257 verso a 258, registro datado de 7 de mar­ço de 1963. O documento se encontra no arquivo da Igreja. Várias verbas da Prefeitura recebeu a Banda de Música S. Benedito. Em que foram empregues as verbas consta no L i­vro de Contabilidade Paroquial, sob a responsabilidade do Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, Provedor da Irman­dade e Fabriqueiro.

Escrevendo sobre a Banda de Música de S. Benedito, quero frisar ,como rezam os seus “ ESTA TU TO S” , Cap. V, Art. 16: “ Em caso de dissolução da Sociedade, seu patrimô­nio passará para a Igreja de S .Benedito,” Os “ ESTA TU ­TO S” , assim o Regimento Interno, encontram-se no Arqui­vo da Igreja.

A Banda de Música S. Benedito, por muito tempo abri­lhantou as festas, mesmo em cidades do interior. Possui ain­da alguns elementos entusiastas, entre os quais, o Sr. José Rodrigues, seu atual presidente. Não creio, no entanto, que ela possa sobreviver, dada a divergência existente entre vá­rios componentes, sobretudo, a ausência permanente de seu maestro, o Sr. Waldemar de Almeida Rezende, que além de morar fora da Paróquia, é muito irregular nos ensaios e omisso na formação de novos músicos.

CRESCIM EN TO ESPIRITU A L

Apesar das muitas dificuldades de ordem material e es­piritual, continuei, com perseverança, dando assistência re­ligiosa à Vila de S. Benedito. Duas ou três vezes por dia o povo aqui me encontrava, à disposição de todos, para o ser­viço da Igreja e atendimento dos fiéis. Não poupei esforços não somente para servir à Igreja como sacerdote, mas tam­bém para corresponder à confiança do povo e do Sr. Arce­bispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido que para aqui

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me havia mandado. Não liguei importância para lutas, ma­lentendidos, sofrimentos, porque, a causa do Reino de Deus estava em jogo, era necessário enfrentar, com paciência, as várias situações.

Pouco a pouco, era consolador experimentar o cresci­mento espiritual do povo de Deus, as Santas Missas bem participadas, as confissões e comunhões em grande número, os chamados para doentes, o acerto de uniões irregulares, enfim, a boa vontade de todos.

Sou imensamente grato a certas almas piedosas, sobre­tudo a certos doentes que me ajudaram muito, oferecendo- me, no leito de dores, todos os sofrimentos físicos para a re­tirada dos falsos padres, assim como para o bom andamento das coisas na Igreja. Deus, realmente, aceitou muito sofri­mento. Houve fatos extraordinários, do desconhecimento pú­blico, enfermos de doenças crônicas que muito rezaram e se sacrificaram para o bem da Igreja na Vila de S. Benedito. Entre outros doentes, vale recordar o Sr. Ludgério Noguei­ra, na Vila Alpina, figura impressionante de homem cruci­ficado no leito, corpo descarnado com ossos salientes, para­lítico e cego. Frequentemente eu levava comunhão para ele, reforçava o meu pedido de oração, conversávamos juntos muito tempo, quando ele recitava para mim as suas poesias, pois tinha veia de poeta. Certa vez, a pedido daquele doen­te, levei o Sr. Bispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido para uma visita, tendo o sr. Ludgério se manifestado imen­samente grato e satisfeito. Outro fato importante que vale recordar, o espírito de fé de um velho chamado Pedro Inácio de Azevedo que, certa vez, carregado numa cadeira comum, me apareceu na Igreja para não perder a Missa e a comu­nhão. Confesso que fiquei comovido ao vê-lo entrar. Lembro- me de ter-lhe falado sasim: Você, domingo, vai ficar em casa e eu irei levar comunhão para o Sr. E o bom exemplo do Sr. José Sanches, um velho também, de 96 anos, de pres­são alta, que vi várias vezes entrar na Igreja, debaixo de chuva, roupa molhada, para não perder a Missa e a Comu­nhão! E a constância também de certas senhoras que eu sa­bia cardíacas, reumáticas, descendo os morros, enfrentando o frio e a chuva para não perderem a Missa e a Comunhão! Não tenho dúvida nenhuma! Foram estes doentes, muitas

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vezes de sofrimento desconhecido, que fizeram a Vila S. Be­nedito prosperar espiritualmente! Foram eles, sim, que me deram ânimo e entusiasmo para continuar o meu trabalho a favor do Povo de Deus !

Quero ser grato a todos, sobretudo à velha guarda da capela de S. Benedito, aqueles que cheguei a conhecer de perto e ainda vivem prestando serviços de inestimável valor à Igreja, os Srs.: Antônio Pedro Félix de Oliveira, Ulisses dos Santos, Antônio Pinto das Neves, Alcides Azevedo, An­tônio Inácio de Azevedo, Geraldo Augusto, Sebastião Fran­cisco de Oliveira, assim como Lívio Côrtes de Castro, har monista, que vinha sempre da cidade para ensaiar e tocar os cânticos na Missa.

CRIAÇÃO DA PARÓQUIA

Em 1967, começou-se a falar na criação da nova Pa­róquia de S. Benedito. O Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido, atendendo aos reclamos espirituais do povo, pediu ao Monsenhor José Ferrer Ribeiro de Afonseca, Vigário-Geral, que estudasse o assunto, ouvisse o Pároco de Nossa Senhora do Líbano, Pe. José de Mattos, a quem per­tencia, por direito paroquial, a capela de S. Benedito.

De há muito, uns dois anos antes, vinham arrefecendo as atividades religiosas dos falsos padres da Igreja Católica. Apostólica, Brasileira. Refugiavam-se da Polícia, ora, em S. Paulo, ora, em Nova Iguaçu, permanecendo fechada, sem culto nenhum, a capelinha dos mesmos.

Posso mesmo dizer que os tais padres foram se retiran­do à prestação, até sumirem definitivamente neste mesmo ano de 1 9 6 7 . . . Muitos dos seus comparsas, desiludidos, aguardaram por muito tempo o retorno dos mesmos. Sei que muitos receberam cartas de promessas, mas, as promessas de volta ainda não se realizaram.

No mesmo ano de 1967, reiniciaram-se as obras da construção da nova igreja. Não digo bem. Foi com mais en­tusiasmo e continuidade que se reiniciaram as obras, em 18 de outubro de 1968, estando já criada a paróquia de S. Be­nedito. O povo vibrava de satisfação. . . Trabalhou-se com

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mais afinco. Crescia a tranqüilidade espiritual. Festas exter­nas eram organizadas para aquisição de verba.

D ECRETO DE CRIAÇÃO DA PARÓQUIA D E SÃO BEN EDITO

D. G ER A LD O M ARIA D E MORAIS PENIDO, POR M ERC Ê DE DEUS E DA SA N TA SÊ

APOSTÓLICA, A RCEBISPO D E JU IZ D E FORA, AOS FIÉIS CRISTÃOS, SAUDAÇÃO, PAZ E

BÊNÇÃO NO SENHOR

FAZEM O S SA BER que, de acordo com o que prescre­ve o Código do Direito Canônico, cânones: 216, § 1; 454, § 3 e 1.427, §§ 1 e 2; levando em consideração as graves responsabilidades da nossa consciência, no sentido de pro­mover o bem espiritual do rebanho sob Nossa guarda, e ouvindo o voto favorável do Revmo. Sr. Pároco de Nossa Senhora do Líbano, Grajaú; atendendo igualmente ao voto unanimemente favorável do nosso Cabido Metropolitano, em pleno exercício de nossa jurisdição ordinária:

HAVEM OS POR BEM desmembrar, perpetuamente, como o fazemos por este Nosso Decreto, da Paróquia de Nossa Senhora do Líbano, Bairro Grajaú em Juiz de Fora, o território abaixo circunscrito e elevá-lo à categoria de Pa­róquia Amovivel, que assim ereta, chamar-se-á Paróquia de São Benedito — Bairro Arado, em Juiz de Fora.

A nova Paróquia reger-se-á pela demarcação seguinte:1) Com a Paróquia de Nossa Senhora do Líbano em

Grajaú. A linha divisória inicia-se nas alturas dos mor­ros que separam o Bairro São Benedito — Arado do Bairro São Bernardo, isto é, desde os limites tradicio­nais da Paróquia de São José — Costa Carvalho. Con­tinua em reta, passando ao lado do Hospital “ Dr. Ara- gão” , um tanto aquém ,até à Rua Goiás. Atravessa essa rua e continua pelo sopé do morro até o ribeirão Yung, atin­gindo as proximidades de uma curva do referido ribeirão. Pelo leito do ribeirão Yung, desde as proximidades da curva, continua até a ponte que fica além, limitando-se aí com a nova Paróquia de Nossa Senhora Aparecida — Linhares.

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2) Com a nova Paróquia de Nossa Senhora Aparecida— Linhares. O marco divisório é a mesma linha já traçada, separando o Bairro Linhares do Bairro São Benedito — Arado, a qual inflete até os altos. Daí, prossegue, por águas vertentes, em direção dos limites da Paróquia de São Se­bastião de Chácara.

3) Com a Paróquia de São Sebastião de Chácara. O marco é o tradicional até um ponto que fica na direção do Bairro São Benedito — Arado, começando a limitar-se com a Paróquia de São José — Costa Carvalho.

4) Com a Paróquia de São José — Costa Carvalho. Do ponto atingido nos limites tradicionais da Paróquia de São Sebastião de Chácara, a linha divisória vem em direção dos morros entre o Bairro São Benedito e o Bairro São Ber­nardo, até o ponto de partida.

Ficam no território da nova Paróquia: Bairro São Be­nedito — Arado — Vila Alpina — Hospital “ Dr. Aragão”— Fazendas ou Sítios e casas existentes na faixa rural cir­cunscrita pelos limites supra.

No intuito de acelerar, como convém, a organização definitiva da nova Paróquia, empenhar-se-ão seus habitantes:

1) N a conclusão das obras da Igreja Matriz;

2) No início imediato da construção da Casa Paro­quial;

3) N a formação de uma “ Bolsa de Estudos” das Vo­cações Sacerdotais.

Além disso, esforçar-se-ão por promover o esplendor do Culto Divino, a sustentação conveniente do respectivo Pároco, sob a inteira responsabilidade do Conselho de Ad­ministração Paroquial, bem assim contribuindo de boa von­tade com os estipêndios determinados pela Tabela de Emo­lumentos da Província Eclesiástica de Juiz de Fora, a fim de assegurar, deste modo, a permanência do pároco pró­prio, que se devota ao bem espiritual da população.

Recomendamos ainda que todos os fiéis, compreendi­dos nos limites da nova Paróquia, reconheçam na pessoa do sacerdote por Nós designado para dirigi-la, como na de seus sucessores canônicos, o seu legítimo pároco.

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Seja este Decreto lido à Estação da Missa Paroquial, e, na íntegra, copiado nos Livros de Tombo da nova Paróquia e das paróquias limítrofes. Anexamos e sujeitamos esta nova Paróquia ao Arciprestado “ M A TER DIVINAE GRA- T IA E” , a cujo Vigário Forâneo se remeterá cópia autêntica do presente Decreto.

Dado e passado nesta Cidade e Arquidiocese de Juiz de Fora, sob o Nosso Sinal e Sêlo de Nossas Armas, aos 9 de julho de 1968, Festa da Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha da Paz.

t Geraldo Maria de Morais Penido, Arcebispo Metropolitano.

Pe. Vicente de Paulo Penido Burnier, Chanceler — Secretário da Cúria Metropolitana.

PROTOCOLO n.° 534/68 FLS. 165 DO LIVRO DAS G ER A IS

N .° 3

IN STALAÇÃO DA PARÓQUIA E POSSE DOl . ° PÁROCO

Lembro-me ainda. Foi com grande alegria que o Povo da Vila São Benedito recebeu a notícia da criação da nova Paróquia. Todos redobraram de entusiasmo e as obras da nova igreja prosseguiram com mais rapidez.

Competia-me então combinar com o Povo, assim como com a Secretaria do Arcebispado, o DIA da INSTALAÇÃO O FICIA L da NOVA PARÓQUIA e POSSE DO 1.° PÁ­ROCO.

Conversei com o Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido, sobre quem seria o pároco e ele me respon­deu: “ Será você mesmo. Se até agora você deu assistência espiritual à Vila São Benedito com tanta freqüência; dagora por diante, como Paróquia, dará mais assistência. Você fica dispensado da obrigação de residir na Paróquia por causa dos seus outros encargos na cidade.”

Não foi fácil para mim aceitar esta nomeação. Embora já acostumado com o povo, compreendi logo que era neces­

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sário organizar a Paróquia, dar-lhe fisionomia pastoral e jurídica, dedicar-me por certo mais. Mais uma vez, sem apre­sentar dificuldade, respondi “ SIM ” , obedeci ao Sr. Arce­bispo, confiei em Deus e prossegui o trabalho.

Combinei com o povo a instalação da Paróquia para o dia 15 de agosto de 1968. O Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido e o Mons. José Ferrer Ribeiro de Afonseca, Vigário-Geral, aquiesceram ao meu pedido.

Então, foi organizado um pequeno programa, um TRl- DUO PREPARATÓRIO, que transcrevo para o “ LIVRO D E TOM BO” , estando o original no Arquivo Paroquial.

P A R Ó Q U I A D E S Ã O B E N E D I T O

(VILA S SÃO BEN EDITO E ALPINA)

TR1DUO PREPARATÓRIO

DIA 12 DE AGOSTO, ÀS 19 horas:A PARÓQUIA E A FA M ÍLIA CRISTÃ.

DIA 13 DE AGOSTO, ÀS 19 Horas:A PARÓQUIA E A MISSÃO DO PÁROCO.

DIA 14 DE AGOSTO, À S 19 horas:A PARÓQUIA E A VIDA CRISTÃ.

DIA 15 DE AGOSTO, ÀS 19 horas:MISSA CO N CELEBRA DA E POSSE DO 1.° PÁROCO, REVM O. SR. CÔNEGO ISNARD DA GAMA.

JU IZ DE FORA, l.o DE AGOSTO DE 1968.O CONSELHO PAROQUIAL

De fato, no dia 15 de agosto de 1968, o programa rea­lizou-se. A Vila São Benedito amanheceu festiva, toda em­bandeirada, dando expansão à alegria tradicional do povo.

À tarde, no adro da igreja em construção, armou-se um altar no alto das escadarias, onde, antes da Missa con-

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Interior da nova igreja da Paróquia de São Benedito. Vê-se, ao longe, o Altar-mor com a sugestiva frase: “ Fazei isto em memória de Mim.”

A parte posterior do altar é decorada com pedras qua- drangulares “São Tomé” , tendo ao centro uma grande cruz em mármore jacarandá.

O piso ou plano sobre o qual se monta o altar é de pequena elevação para facilitar a comunicação do celebrante com o povo nas celebrações litúrgicas.

Notam-se ainda doze mochos ou assentos que servem para os “ Apóstolos” na cerimônia do lava-pés.

Lateralmente, no corpo da igreja, em peanha fixa na parede, as imagens de S. Benedito, padroeiro, e Nossa Se­nhora, Mãe de Deus.

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celebrada, foi lida a A TA da IN STALAÇÃO O FICIA L da Paróquia de S. Benedito, o D ECRETO de EREÇÃ O CANÔNICA, a PROVISÃO do 1.° PÁROCO.

Passo agora a transcrever a A TA no “ LIV R O D E TOM BO” , permanecendo no Arquivo da Paróquia o origi­nal da Secretaria do Arcebispado.

A TA DA INSTALAÇÃO O FIC IA LD A PARÓQUIA D E SÃO BEN EDITO —

JU IZ D E FORA

Aos quinze dias do mês de agosto de mil novecentos e sessenta e oito, às dezessete horas, no Altar-Mor da nova Igreja Matriz de S. Benedito, no Bairro Arado, nesta cidade e Arquidiocese de Juiz de Fora, na presença de Sua Excia. Revma., o Sr. Arcebispo, Dom Geraldo Maria de Morais Penido, em companhia do Primeiro Pároco, o Reverendís­simo Sr. Cônego Isnard da Gama, de outros sacerdotes e paroquianos, procedeu-se a leitura do Decreto da erecção oficial da Paróquia de São Benedito.

Depois da leitura feita, sem que houvesse contestação alguma, o referido Decreto, assinado e selado, foi entregue ao Primeiro Pároco da referida Paróquia.

E para constar, a presente ata foi assinada por S. Excia. Revma. o Sr. Arcebispo Metropolitano, Dom Geraldo M a­ria de Morais Penido, por duas testemunhas e por outras pes­soas presentes a este ato solene da INSTA LA ÇÃ O O FI­C IA L da nova PARÓQUIA D E SÃO BENEDITO .

JU IZ D E FORA, 15 D E AGOSTO D E 1968.

f Geraldo Maria de Morais Penido, Arcebispo Metropolitano.

Mons. José Ferrer Ribeiro de Afonseca, Vigário-Geral.

Pe. José de Mattos,Mozart Geraldo Teixeira,José Marcelo Gonçalves da Gama, Mons. Luiz de Freitas Pires,Pe. Umberto Braga,Côn. Maurício Saraiva.

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Parte posterior interna da nova igreja da Paróquia de São Benedito. Vê-se ao longo das paredes as cruzes gregas, com os nomes dos apóstolos, marcando a dedicação litúrgica da igreja. Uma peanha pequenina, com a imagem de S. José, padroeiro da igreja universal. Os bancos anatômicos foram encomendados a “ Móveis Holbra” , na cidade de Castro, Estado do Paraná. São trinta bancos de imbuia, com dois anteparos artisticamente confeccionados. Foram inaugura­dos na festa de Natal do ano de 1973.

Mais acima do coro, uma porta metálica dá entrada para o serviço de alto-falante. Todas as tardes, a partir das 17:30 h, faz-se a irradiação da “ Hora do Anjo” , assim como avisos oportunos.

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Depois da leitura da ATA O FICIA L e do DECRETO , foi também lida para o povo o texto da PROVISÃO DO NOVO PÁROCO que passo também a transcrever para o “ LIVRO D E TOM BO” .

P R O V I S Ã O D E P Á R O C O

DOM G ERA LDO M ARIA DE MORAIS PENIDO, POR M ERC Ê DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA,

ARCEBISPO DE JU IZ DE FORA

Aos que esta Nossa Provisão virem, saudação, paz e bênção em Nosso Senhor Jesus Cristo.

FAZEM O S saber que, atendendo Nós ao bem espiri­tual do Rebanho que, pela Divina Misericórdia, foi confia­do à Nossa pastoral solicitude; e querendo que os fiéis da paróquia de São Benedito, situada no Bairro Arado, nesta cidade de Juiz de Fora, deste Nosso Arcebispado, não fiquem privados de Pastor que zele de sua eterna salvação: HAVE­MOS por bem prover, como pela presente Nossa Provisão provemos, na ocupação de Pároco dessa Paróquia, com as faculdades ordinárias, o Revmo. Sr. Cônego Isnard da Gama.

Servirá este cargo como convém ao serviço de Deus e ao bem das almas de seus paroquianos, aos quais adminis­trará os Santos Sacramentos, atenderá ao grande dever do ensino do Catecismo às crianças e explicação do Evangelho do dia, ou outro ponto de doutrina cristã, a seus paroquia­nos, nos domingos e dias santificados.

Exercerá pleno uso de ordens, como sacerdote apro­vado, guardadas as prescrições de direito e praxes estabele- cidades na Arquidiocese. Recomendamos-lhe muito que pon­dere a responsabilidade do alto cargo que lhe confiamos, lembrando-se que de tudo quanto acima se declara dará estritas contas a Deus, Nosso Senhor, na parte que lhe tocar, além do mais a que é obrigado perante Nós. No desempenho deste cargo, haverá todos os emolumentos, prós e percalços que legitimamente lhe pertencerem. Esta será publicada a seus paroquianos, registrada no livro de Tombo da paró­quia e apresentada, se necessário for, aos Reverendos Páro­

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cos do Arcebispado, em cujas paróquias houver de exercer atos de ordem, na forma da concessão supra exarada, como se faz mister a bem da disciplina da Igreja e regularidade do serviço público eclesiástico da Arquidiocese. No mês de ja­neiro de cada ano ,sem necessidade de prévio aviso, nos en­viará relatório feito de acordo com as disposições conciliares e norma para Relatórios Paroquiais, obtida em nossa Cúria. Dada e passada em a Nossa Câmara Eclesiástica da Arquidiocese de Juiz de Fora, sob o Nosso Sinal e Selo de Nossas Armas, aos 15 de agosto de 1968.

E eu, Pe. Vicente de Paulo Penido Burnier,

Chanceler da Cúria Metropolitana a subscrevi.

f Geraldo Maria de Morais Penido, Arcebispo Metropolitano.

M ISSA C O N CELEBRA DA

Terminada a leitura dos Documentos da Cúria Metro­politana, houve também a posse do 1.° Pároco conforme o ritual litúrgico.

Começou então a Missa concelebrada, o Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido, e o pároco, Revmo. Sr. Cônego Isnard da Gama.

Além da grande presença de convidados e amigos, o povo da Vila S. Benedito se comprimia no adro e nas esca­darias da Igreja, participando assim do contentamento.

Ao Evangelho, em bela homilia, o Sr. Arcebispo dis­correu sobre a festa que a Igreja celebrava no dia, isto é, a Assunção de Nossa Senhora, “ alegria do povo, glória da Igreja de Deus” . Falou ainda da sua imensa satisfação em criar a nova paróquia de S. Benedito e dar posse pessoalmen­te ao seu 1.° pároco, Cônego Isnard da Gama. Falou ainda da esperança que alimentava como Pastor com a criação de mais uma paróquia, a missão do sacerdote, a correspondên­cia do Povo.

Depois da Santa Missa, num ambiente de confraterni­zação, tudo muito simples, foi servido um coquetel ao Sr.

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Àrcebispo e sacerdotes presentes, participando também do mesmo o jovem José Marcelo Gonçalves da Gama, sobri­nho do Cônego Isnard da Gama, que veio da Guanabara para tomar parte no acontecimento.

Assim, foi criada e instalada a nova Paróquia de S. Be­nedito com a posse de seu 1.° Pároco, Cônego Irnard da Gama.

Assim, de fato, conforme anotações conservadas, a en­tão capela de S. Benedito passou a viver no ritmo de paró­quia, necessitando, portanto, de mais organização e assis­tência pastoral.

A MISSÃO DO PÁROCO

Embora já conhecido de todos, buscando também co­nhecer a todos, compenetrei-me da missão do pároco que é Pastor. O meu plano pastoral devia conformar-se à fisiono­mia de Jesus, o Bom Pastor.

O trabalho continuou árduo, muitas vezes cheio de percalços; mas, graças a Deus, coadjuvado pela compreensão do povo da Vila São Benedito, assim como pelo esforço ime­diato de uma equipe mais esclarecida, tudo foi se organizan­do, a nova igreja continuava a ser construída, todos davam a sua colaboração, os fiéis cresciam na prática relipiosa.

Era necessário também insistir sobre a CATEQ UESE, orientar o CATECISM O do Grupo Escolar “ Cândido de Motta Filho” , novas catequistas para melhor atendimento das crianças.

Era necessário, tanto material como espiritualmente, fazer funcionar a nova paróquia dentro das novas normas litúrgicas e pastorais que iam surgindo, devendo eu evitar precipitação e avanços, mas introduzir com segurança o que já era permitido.

Era necessário buscar sempre os amigos para donati­vos em “ LIVRO DE OURO” para prosseguir a construção da Igreja, a fim de que, aos sábados, pudesse pagar o salário dos empregados e houvesse também verba suficiente para solver as duplicatas de material que venciam em diversas casas da cidade.

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Tudo, graças a Deus, foi realizado com muito amor e sacrifício, já que meu povo, de condição, operária, não po­dia arcar financeiramente com as despesas da construção.

Assim, pouco a pouco, por assim dizer, com sangue, suor e lágrimas ,concluiu-se a construção da nova igreja, cuja planta, da autoria do engenheiro Eduardo Hipper, foi aprovada pela Prefeitura e Cúria Diocesana, quero dizer, Metropolitana, sofrendo depois algumas alterações dadas as reformas litúrgicas do Concílio Ecumênico Vaticano II.

Vale ainda acentuar, como gratidão da minha parte e do povo da Vila S. Benedito, que toda a administração da obra e muito serviço de pedreiro foi gratuitamente realizado pelo Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, Provedor da Ir­mandade de S. Benedito, sempre disposto a colaborar com o Pároco, no setor material e espiritual.

CA TEQ U ESE BA TISM AL

No dia 21 de novembro de 1968, após um trabalho de madura reflexão, participação ativa do Presbitério, ESTU ­DOS e D EBA TES sobre o Sacramento do Batismo, o SE­CRETA RIA D O ARQUIDIOCESANO de PA STORAL deu à publicidade “ D IRETRIZES PASTORAIS DO SA CRA ­M ENTO DO BATISM O ” , com a aprovação do Sr. Arce­bispo, Dom Geraldo Maria de Morais Penido.

Urgia, na Paróquia de S. Benedito, uma preparação mais adequada para o Batismo, uma CA TEQ U ESE de pre­paração imediata, não só dos pais, mas também dos padri­nhos das crianças.

Foi então criado o “ CURSINHO DE BATISM O” , as inscrições previamente exigidas, o comparecimento dos pais e padrinhos, sem o que os batizados não se realizam. Não se admitem, na paróquia, batizados de outras paró­quias, sem o atestado de licença do pároco de origem. Quan­do alguém deseja batizar fora da Paróquia de S. Benedito, deve fazer o CURSINHO” e obter então do pároco o ates­tado do CURSINHO” feito e a licença de transferência.

Na Paróquia de S. Benedito, a CA TEQ U ESE BA TIS­M AL se realiza aos sábados e domingos, às 17 horas, es­tando agora encarregados do “ CURSINHO” os S rs.: Antô­nio Pedro Félix de Oliveira e Cristóvam Pereira Leite.

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CURSO D E NOIVOS

Para preparar os jovens para o Sacramento do Matri­mônio, existe organizado, na paróquia, o “ CURSO DE NOIVOS” .

Eu mesmo assumi a responsabilidade de ministrá-lo, à tarde dos domingos, às 17 h e 30 minutos.

O meu plano é muito simples, mas procuro ser objetivo e prático. Falo da necessidade e importância do Sacramento do Matrimônio para a devida constituição do lar cristão. A Família Cristã, ampliação do Povo de Deus. A graça do Sacramento e a Vida Cristã a dois. Direitos e Deveres dos Esposos. A Prole e sua educação cristã.

O “ CURSO DE NOIVOS” possui, portanto, uma par­te teórica ligada à doutrina cristã sobre o Matrimônio e uma parte prática, isto é, a vivência do casal e as boas relações domésticas, sobretudo, a compreensão, entrosamento, pa­ciência, suporte mútuo para a existência de um lar feliz.

Deste modo, está sendo realizado o “ CURSO DE NOI­VOS” , com a máxima preocupação de formar a FAM ÍLIA C RISTÃ que seja, cedo, ou tarde, útil à Paróquia, assim como à Igreja de Deus.

Se alguém deseja fazer o “ CURSO” fora da paróquia, isto é, na cidade, como às vezes acontece, permito logo, sem contradita, aceitando o diploma que anexo sempre ao pro­cesso matrimonial.

Não possuo ainda, como seria interessante, uma Equi­pe completa para o “ CURSO DE NOIVOS” , primeiro, por­que, na paróquia, em matéria de assistentes sociais e médi­cos, não os possuo. Segundo, não seria fácil, por enquanto, pelo menos, arranjá-los na cidade. Isto acarretaria para a paróquia e o povo alguma dificuldade de horário, assim co­mo carência de condução.

PASTORAL DE ENFERM O S

Os enfermos da Paróquia, aliás, desde o tempo em que era simples capela, sempre tiveram assistência especial, quer nos casos de doenças crônicas, como nos casos imprevistos ou repentinos.

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Muitas e muitas vezes, além dos chamados das famílias, os Vicentinos, nas suas andanças, descobrem os enfermos e pedem a visita do pároco para a devida administração dos Sacramentos.

A “ CASA D E SAÚDE DR. ARAGÃO V ILA R ” , si­tuada no território da Paróquia, à subida da Rua Goiás, desde o ano de 1971 possui uma assistência espiritual espe­cífica. A PA STO RA L DOS EN FERM O S, fora dos casos extraordinários, lá se realiza, tanto quanto possível, uma vez por mês ou periodicamente. Quase sempre é assim: Pela manhã, às 8 horas, atendimento de CONFISSÕES para os doentes mentais que estão em condições do sacramento. À tarde, às 16 horas, Missa com a presença dos enfermos que não se encontram acamados.

Uma Equipe de Senhoras do “ APOSTOLADO DA ORAÇÃO” da Paróquia me ajuda neste trabalho.

CONSELHO PAROQUIAL

Procurando atualizar a Paróquia, além do CONSE­LHO de FÁ BR ICA , aprovado pela Cúria Metropolitana, existe também o CONSELHO PAROQUIAL, composto de senhores experimentados, capazes de assessoria junto ao pároco. Reunimo-nos assim, nos segundos domingos do mês, quando se trocam idéias, apresentam-se as dificuldades e se discute, com vantagem, sobre o que há de bom e positivo na organização e funcionamento da Paróquia. Há, realmente, interesse, diálogo, entrosamento entre os sete elementos que compõem o CONSELHO PAROQUIAL.

PASTO RAL DA JU V EN TU D E

Os jovens, da parte da Igreja, sempre mereceram um cuidado especial, não só por causa da própria idade que os faz afastadiços da Igreja, mas porque tal apostolado requer TATO, PACIÊNCIA, COM PREENSÃO e TENA CIDAD E.

Os jovens da Paróquia, como nas demais, estão sujei­tos a uma série de crises, sofrem as influências dos ambien­tes domésticos e da sociedade descristianizada que os cor­rompe com facilidade.

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Aqui, na Paróquia de S. Benedito, não foi fácil apro­ximá-los da Igreja, dar-lhes algum ideal cristão, convencê- los, sem obrigá-los, da prática necessária da Religião.

O trabalho, no entanto foi começado e continua sendo realizado com pequenos GRUPOS denominados A, B e C. Procurei organizar palestras de interesse juvenil, dando ple­na liberdade aos jovens de perguntarem o que desejavam, pondo^me sempre a seu lado para ajudá-los em alguma coisa, quer no arranjo de empregos, quer nas intervenções junto aos colégios e famílias.

Antes de tudo, para conquistá-los um pouco, coloquei- me na sua idade física e psicológica, buscando ouvi-los com atenção, sempre disposto a atendê-los naquilo que estava ao meu alcance. Foi assim, dia-a-dia, que eles foram perdendo o medo, aproximando-se de mim, freqüentando aos poucos a Igreja e realizando, pelo menos, o preceito pascal.

Nem podia deixar de apoiar os jovens nos momentos de esportes, sobretudo, o futebol, quando, para mim, era oportunidade daquilo que chamo “ Catecismo ao pé do ou­vido” , advertências e conselhos amigos sem constrangê-los nem contrariá-los. Sempre achei que ganhar a confiança dos jovens é meio caminho para conseguir-se deles o que se dese­ja. Se os jovens percebem que o padre é humano e camara­da, muito coisa pode ser obtida deles, isto é, não só a mu­dança de comportamento na Paróquia, mas o interesse por algum ideal de promoção humana ou cristã.

Assim, desde 1970, foi criada aos domingos, às 18:30h, a M ISSA DA JU V EN TU D E, assim como, mais tarde, a PÁSCOA DA JU VEN TU D E. Os jovens estão aí, melho­rando, posso mesmo dizer, por observação, crescendo espi­ritualmente para um comportamento mais cristão na Paró­quia. É trabalho muito lento, mas esperançoso, uma vez que não faltam elementos de boa vontade, embora, na maioria, sejam de nível cultural médio. Uns, estudantes, outros, de­sempregados ou em outras profissões.

SAGRAÇÃO DA IG R E JA D E SÃO BEN EDITO

A nova igreja estava construída.

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Todo o esforço foi empregado no sentido de construí- la de estilo sóbrio, entre clássico e moderno, funcional e aconchegante.

Parece que o ideal foi conseguido.Todos os que visitam a Igreja e entendem um pouco

de Arte Sacra e Cristã acham que a construção é razoável, simples e agradável.

Dotada de uma só nave, sem colunas que impeçam a visão do altar, de longe descortina-se amplamente o presbi­tério ou santuário suficiente para o Culto Litúrgico.

A Igreja foi construída visando a Sagração.Altar fixo, de mármore, as doze cruzes gregas nas pa­

redes laterais, as duas cruzes, de um lado e doutro, da porta principal.

O Sr. Arcebispo, Dom Geraldo Maria de Morais Pe- nido, mais de uma vez, em conversa comigo, manifestou o desejo de sagrar a Igreja. Ela correspondeu às diretrizes li- túrgicas que se requerem para sagração. Foi assim marcado o dia e hora da Sagração, isto é, 20 de agosto de 1972.

No PROGRAMA-CONVITE, além de um clichê com a fachada da Igreja, a seguinte oração:

“ Ó Deus, que preparais, de pedras vivas e esco­lhidas, uma morada eterna para Vossa Majestade, au­xiliai o vosso povo suplicante, a fim de que a vossa Igreja cresça em bens espirituais, assim como progride em espaço material. Por N. S. Jesus Cristo. Amém.”

Transcrevo para o “ LIVRO DE TOM BO” , o PRO­GRAMA-CONVITE DA SAGRAÇÃO DA IG R E JA :

“ O Conselho da Paróquia de S. Benedito, Vila S. Benedito, Juiz de Fora, alegra-se em convidar a Co­munidade Paroquial, os seus Amigos e Benfeitores, pa­ra a solenidade litúrgica da Sagração da Igreja, a rea- lizar-se no dia 20 de agosto, às 9 horas, pelo Sr. Arce­bispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido.

Na celebração eucarística daremos juntos AÇÃO DE GRA ÇA S pelo dom inestimável do novo templo.

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“ o lugar escolhido e santificado por Deus para perma­nência eterna de seu nome.”

Cônego Isnard da Gama, Pároco, Antônio Pedro Félix de Oliveira, Ulisses dos Santos,José Rodrigues,Sebastião dos Santos,Cristóvam Pereira Leite,Antônio Pinto das Neves.

P A R T E R E L I G I O S A

TRÍDUO PREPARATÓRIO

DIAS 17, 18 e 19, ÀS 19 HORAS, MISSA VESPERTINA C ELEB R A N T E E PREG A D O R: PE. ALOÍSIO A LV ES FARIA, CSSR.

TEM A S DA PREGAÇÃO

1.® D IA : — O CRISTÃO, TEM PLO D E DEUS.2.° D IA : — VIVER CRISTÃ M EN TE.3.° D IA : — A G IR CRISTÃ M EN TE.

DIA 18, Depois da Missa, Exposição das Relíquias do San­to Mártir Felicíssimo e dos Santos Confessores Pio X e Pedro Julião Eymard. Confissões.

DIA 20, às 9 horas, início da SAGRAÇÃO da Igreja, ce­rimônias explicadas pelo Cônego Wilson Ghetti, Diretor da Obra das Vocações. Em seguida, San­ta Missa concelebrada.Às 18 h. Missa Vespertina na intenção dos Ben­

feitores da Igreja.

PA RTE SOCIAL

Às 16 h. Desfile do Grupo Escolar Cândido de Mota Filho, “ ESC O LA DA COMU­NIDADE G ILB ER TO D E ALEN-

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C A R ” , M OBRAL, CLU BES D E FU ­TEBO L, “ C A STELO D E OURO” , BA N D A D E BENEDITO .À noite, Barraquinhas, Leilão, festejos no adro da Igreja.

Para o povo das Vilas S. Benedito e Alpina, foi real­mente um grande acontecimento. Todos, cheios de boa von­tade, procuravam movimentar-se para algum serviço na Igreja. Enfeitaram de bandeirinhas as ruas, fizeram arcos, mandaram pintar faixas com vários dizeres, lavaram o Tem­plo, a Gruta, as escadarias e chegaram a varrer as ruas.

O Tríduo Preparatório, a cargo do Pe. Aloísio Alves Faria, correspondeu à expectativa de todos. Foi uma prega­ção simples, mas evangélica. Visava, sobretudo, integrar o Povo de Deus na vida comunitária da Paróquia.

As Santas Relíquias, expostas para a veneração dos fiéis, ficaram numa saleta, perto da igreja, à rua Agilberto Costa, gentilmente cedida pelo Sr. Inácio Henrique Ataíde, seu proprietário. Durante o tempo da exposição, ficaram sob a guarda dos Irmãos de S. Benedito.

Tendo o Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido, me dado a liberdade de escolher as Relíquias, es­colhi a do Mártir S. Felicíssimo, como homenagem a meu pai, Felicíssimo Cristovam da Gama. As duas outras Relí­quias, isto é, as de São Pio X e S. Pedro Julião Eymard foram homenagem prestada a estes grandes santos propulso­res do Culto Eucarístico e da Comunhão freqüente.

Daquela saleta, descrita acima, saiu o cortejo proces- sional para o início das cerimônias da Sagração da Igreja. Nela, com efeito, o Sr. Arcebispo tomou os paramentos li- túrgicos ,os padres presentes se reuniram e o povo, em duas longas filas laterais, aguardou à porta a saída para a igreja.

Foi especialmente convidado para o cargo de “ Mestre de Ceriimônias” da Sagração da Igreja, o Pe. Henrique Os- waldo Fraga de Azevedo, que soube desempenhar a função com brilhantismo, competência e zelo.

Estiveram presentes, coadjuvando nas cerimônias, seis seminaristas do Seminário Santo Antônio de Juiz de Fora. Compareceram ainda, compartilhando do júbilo da Paró­

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quia, os seguintes sacerdotes aos quais sou muito grato: Mons. José Ferrer Ribeiro de Afonseca, Vigário-Geral da Arquidiocese; Pe. José de Mattos, Pároco de Nossa Senhora do Líbano em Grajaú; Frei Alano Porto de Menezes, Coor­denador da Pastoral da Arquidiocese; Mons. Luiz de Frei­tas Pires, Reitor do Seminário Santo Antônio; Pe. Eduardo Benes de Sales Rodrigues, Professor do Seminário Santo Antônio; Pe. Umberto de Araújo Braga, Cooperador de S. José (Costa Carvalho); Pe. Luiz Alberto Duque Lima, Pá­roco de Monte Castelo; Pe. Antônio das Mercês Gomes, Pá­roco de Rio Novo; Cônego Sebastião Arruda Vieira Men­des, Pároco de Descoberto; Pe. Egídio Reis, Pároco de Nos­sa Senhora dos Remédios, na Arquidiocese de Mariana; Cônego Wilson Ghetti, Professor no Seminário; Pe. José Irineu da Fonseca, Capelão do Abrigo Santa Helena.

Depois da Santa Missa, no Salão Paroquial João X X III, o CONSELHO PAROQUIAL ofereceu ao Sr. Arcebispo e aos Padres, presentes, assim como a representantes das Asso­ciações Paroquiais, um almoço íntimo de congraçamento fraterno, quando falou, em nome da Paróquia, manifestan­do alegria e gratidão ao Sr. Arcebispo, o Sr. Sebastião dos Santos.

Acresce dizer que os CÂNTICO S LITÜ RGICOS da Sagração da Igreja estiveram a cargo do Coro da Paróquia de Santo Antônio de Juiz de Fora (Catedral), ensaiado e dirigido magistralmente pelo seminarista Sérgio Moreira.

Num gesto de carinho pastoral, o Sr. Arcebispo, Dom Geraldo Maria de Morais Penido, permaneceu na Paróquia o dia inteiro ,a fim de participar das festividades da tarde.

Foi realmente empolgante a parte social dos festejos.Toda a extensão da rua Agilberto Costa ficou tomada

de povo das Vilas S. Benedito e Alpina, bem como de pes­soas que vieram de longe para as solenes comemorações da Sagração da Igreja.

Desfilaram, como estava previsto, o Grupo Escolar “ CÂNDIDO DE M OTTA FILH O ” , a “ ESCO LA DA COM UNIDADE G ILB ER TO DE A LEN C A R ” , “ MO- B R A L ” , CLU BES DE FU TEBO L, ESCO LA DE SAMBA “ CA STELO DE OURO” , assim como a Banda de Música S. Benedito. Todos apresentaram motivações artísticas vá-

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Muito simples, com altar de pedra e sacrário de pasti­lha grená, eis a capela do Santíssimo Sacramento da Paró­quia de São Benedito.

Em lugar acessível ao povo, traz em letra de bronze, no frontispício, o permanente convite: Adoremos o San­tíssimo Sacramento.

Sobre o Sacrário, o trono metálico para a Exposição Noturna do Primeiro Domingo do Mês.

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rias, representações educativas, religiosas e sérias, destacan­do-se o Grupo Escolar Cândido de Motta Filho, reproduzin­do ao vivo, fatos e grandezas da História do Brasil.

A Santa Missa Vespertina, às 18 e 30 h, foi celebrada pelo 1.° Pároco, Cônego Isnard da Gama, que não somente fez alusão à festa do dia, a Assunção gloriosa de Nossa Se­nhora, mas ainda agradeceu, de coração, ao Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido, pela participação bon­dosa que dispensou ao grande acontecimento, associando-se plenamente, o dia inteiro, à alegria do povo e do pároco.

Nem foram esquecidos, na pregação, todos aqueles que, no passado ou no presente, conjugaram esforços materiais e espirituais para o progresso religioso das Vilas S. Benedito e Alpina.

Talvez seja oportuno, para complemento do “ LIVRO DE TOM BO” , adicionar aqui a PA LA VRA que dirigi ao povo na Missa Vespertina daquele dia.

Exmo. e Revmo. Sr. Arcebispo Metropolitano,D. Geraldo Maria de Morais Penido,Venerável Irmandade de S. Benedito,Prezadas Associações da Paróquia,Meus Caros Irmãos em Cristo,

As paredes deste novo Templo, ainda comunicam o perfume da unção santificante dos Santos Óleos ! . . .

Esta pedra do altar, ainda conserva o calor das veli- nhas acesas da Sagração ! . . .

O povo fiel, aqui está firme na celebração eucarística desta tarde inesquecível, quando não somente agradece­mos a Deus o dom inefável de uma nova igreja para o cultodivino, mas, cantamos juntos, em protestos de fidelidade eamor, as glórias dAquela que é a mais bendita entre todas as mulheres, a mais santa e gloriosa criatura de Deus !

Meus amigos, Sr. Arcebispo ,que esperais de mim neste momento?! Por certo, o pronunciamento de uma palavra mágica que se chama GRATIDÃO !

Aqui e agora, na celebração festiva deste dia, na vivên­cia salutar desta hora, os corações e fundem numa só alma

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na recordação do “ M AGN IFICAT que exalta a fisionomia singular da Virgem-Mãe!

Aqui e agora, os filhos de Nossa Senhora tal qual na inspiração dos Livros Santos, levantam-se, entusiastas, pa­ra proclamá-la Rainha, desejando que E la seja para nós, nesta peregrinação terrena, a forte Advogada, a Mãe Auxi­liadora, sobretudo, no final da carreira, a coroa de glória.

Se devo dizer alguma coisa neste momento, a minha palavra recorda o tríduo preparatório para a sagração desta Igreja.

Não foi sem razão que pedi ao Padre Faria que falasse sabre O CRISTÃO, TEM PLO D E DEUS e a necessidade do homem VIVER C RISTÃ M EN TE e AGIR CR ISTÃ ­M ENTE.

Pela manhã, na Sagração desta Igreja, vistes como é que este Templo, na expressão bíblica, se tornou “ a CASA D E DEUS E A PORTA DO C ÉU ” .

Ouviste, no canto litúrgico, como é que Deus escolhe um lugar consagrado para que o seu nome permaneça eter­namente presente a Seu Povo.

Sentistes, por certo, que todo aquele ritual não está vazio de sentido, mas implica uma realidade superior, a pre­sença do Espírito Santo que santifica toda obra e pessoa pa­ra o louvor e glória do nosso Deus.

Contemplais assim, ao cair desta tarde, a vossa igreja sagrada, tendo por pedra angular o próprio Cristo, Cabeça de Seu Povo, assim como os apóstolos, colunas do majestoso templo que cresce do tempo para a Eternidade.

Não é fácil construir uma Igreja !Ela não é feita apenas de pedra, tijolo e cimento. Ela

comporta e carrega, a cada instante, para lembrete e grati­dão nossn. muito sacrifício escondido, muito trabalho anô­nimo, muita lágrima vertida.

Não se constrói materialmente uma igreja com verbas angariadas e donativos do povo. Se fosse assim, muito pou­co significaria a construção arquitetônica de uma igreja, por mais bela que parecesse em sua estrutura e decoração !

A nossa Igreja foi construída, sim, com esforço e sacri­fício, sofrimento e paciência, audácia e arrojo para a glória de nosso Deus e veneração do nosso padroeiro, S. Benedito.

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A nossa Igreja foi construída com os donativos de pessoas generosas e de povo decidido que, nas festinhas ex­ternas, muitas e muitas vezes, com desprendimento e cons­tância, depositou nas barracas um pouco de seu salário, a migalha infinita para o Templo de D eu s!

A nossa Igreja foi construída, sim, pela união das von­tades, pelo sentimento comum, pela generosidade daqueles que tudo deram para o acabamento feliz deste sacramento de pedra, que dirá às gerações futuras quanto importa ter Fé e agir deveras como cristãos !

O que acho mais importante do que a construção desta igreja; o que sinto ser mais necessário e perfeito, por certo é ser cada um cristão, transformar a própria alma em Tem­plo de Deus e ser, portanto, portador de Cristo !

Para tamanho ideal, vale a pena sofrer e viver !S. Paulo, nas suas famosas cartas, não se cansa de

enaltecer a grandeza incomparável dos filhos de Deus, o sacramento do Batismo que sagra também o nosso corpo e alma para sermos todos a um só tempo o Tabernáculo de Deus Vivo e habitação do Espírito Santo.

O que acho mais consolador do que a construção des­ta Igreja, é cada um viver como pedra unida no Templo de Deus, crescendo, crescendo cada dia, em vida e testemunho cristão !

Se os cristãos de nosso tempo, apesar dos pesares, la­vrassem a sua presença cristã e dessem, sobretudo, testemu­nho do Evangelho que aceitam, as coisas, por certo, na or­dem social e espiritual, andariam muito melhor! Estão fal­tando, nesta Igreja de Deus, muitos combatentes para a li­nha de frente! Estão ausentes muitos daqueles que firma­ram o seu compromisso com Cristo na hora do batismo, mas se esqueceram dos seus deveres religiosos ou pior renegaram a própria fé.

Neste dia de tanto júbilo para nós, quando recolhemos, alegres, os frutos do nosso labor, vale certamente uma revisão de vida para sermos cristãos mais eficientes, cônscios da nossa responsabilidade para com Deus e a Igreja.

É preciso que não desmereçamos da confiança que a Igreja deposita em nós, isto é, sejamos católicos atuantes,

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cristãos autênticos e eternamente comprometidos com Cristo e Seu Evangelho.

Agora, minha palavra de agradecimento ao Pastor da Arquidiocese, D. Geraldo Maria de Morais Penido. É ele que, com a sua ação pastoral, entrega irrestrita ao Rebanho que lhe foi confiado, tem sido valoroso estímulo para mim na luta constante para os ideais de sacerdote. É ele que me faz manter acesa, cada dia, a chama do ideal de ser padre e retempera, com os seus conselhos amigos, a minha estra­da sacerdotal na luta por Deus e pela Igreja.

Agora, a minha palavra de gratidão a todos quantos, direta ou indiretamente .contribuíram financeira ou moral­mente para o prosseguimento das obras de construção da Igreja.

Não foram poucos. Podemos contá-los aos milhares !

Aí permanecem, no Arquivo da Paróquia, mais de cin­co LIVRO S DE OURO, com assinaturas e quantias dos contribuintes, aqueles que jamais me fecharam as portas e como verdadeiros amigos, muitos deles ex-alunos, me aju­daram generosamente a construir esta Igreja. Deus os retri­bua com a Sua Divina Munificência para que eles multipli­quem sempre, a favor dos necessitados, tudo aquilo que so­bra de suas mesas.

Agora, meus caros irmãos, prossigamos a Santa Missa e depositemos, no altar do Senhor, como se fosse ofertório vivo, tudo o que somos e recebemos, tudo o que temos e generosamente ganhamos.

Que Deus abençoe as nossas dádivas e nos transforme em louvor perene para a glorificação de Seu nome. Assim seja.

AQ U ELA PA LA VRA DO PASTOR

É justo, grato e enternecedor, recordar também a pa­lavra oficial do Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido, na Santa Missa concelebrada pela manhã logo de­pois da sagração da Igreja.

Exaltando Nossa Senhora, no dia da Sua Assunção ao céu, o Pastor convidou o povo a elevar a Deus um ardente hino de Ação de Graças pelos dons recebidos, concitando

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os fiéis à perseverança nas boas obras, congratulando-se com o Pároco e com todos pelos resultados obtidos na cons­trução e sagração da nova Igreja.

Para perpetuação do acontecimento da sagração da Igreja, o Pároco contratou o fotógrafo Santos que confec­cionou artisticamente dois álbuns de fotografias coloridas, um para o ARQUIVO PAROQUIAL e outro para presente ao Sr. Arcebispo, com dedicatória em latim, cuja versão portuguesa transcrevo também para o LIVRO DE TOMBO:

EXCM O . AC REVMO. DNO. DNO. GERA RDO M A RIA E MORAIS PENIDO

IUDICIFO RENSI D ILECTO ARCHIEPISCOPO N A TA LEM HODIE DIEM AGENTI

SA LU TEM LU CIS OPE D EPICTA E

VERSICO LO RES H AE SUNT IM AGINES D ED IC A T IO N S EC C LESIA E S. BEN EDICTI

QUAE TIBI QUASI OBSEQUIUM UNA CUM P L EB E O FFERO

G R A TES PERSOLVO PARIQUE REPENDAM STUDIO

DA GAM A ISNARD CANONICUS 6/9/1972

AO EXM O . E REVM O. SR. DOM G ER A LD O M ARIA DE MORAIS PENIDO, QUERIDO ARCEBISPO D E JU IZ DE FORA, CELEBRA N D O

H O JE O DIA N ATALÍCIO , SAUDAÇÃO. ESTA S SÃO AS FO TO G RA FIA S COLORIDAS

D A DEDICAÇÃO DA IG R EJA D E SÃO BEN EDITO QUE, JU N TA M EN TE COM O POVO, COMO HOME­NAGEM VOS OFEREÇO . AG RA D EÇO E RETR IBU I­

REI COM IG U A L EMPENHO.CÔNEGO ISNARD DA GAM A, 6/9/1972.

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Terminaram as festas da Sagração da Igreja. Era ne­cessário prosseguir na missão de Pároco. Era necessário, sobretudo, dar atenção devida à renovação litúrgica e pas­toral que se processava, colocando a Paróquia, tanto quanto possível, atualizada.

C A TEQ U ESE E EV A N GELIZA ÇÃ O

Nestes primeiros anos de Paróquia, procurei sintonizar com o Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, não somen­te atendendo os seus apelos, mas, de fato, seguindo as linhas prioritárias preconizadas.

Nem sempre é fácil, sobretudo para uma paróquia de nível cultural insuficiente, organizar logo tudo, encontrar elementos, descobrir lideranças, fazer funcionar equipes conscientizadas em vários setores da polimorfa atividade pastoral.

Antes de mais nada, impõe-se o árduo trabalho da for­mação cristã das elites, a seleção tranqüila dos melhores ele­mentos, numa palavra, a CA TEQ U ESE e a EV A N GE­LIZAÇÃO.

Estou convencido de que, embora a técnica do apotto- lado seja necessária, vale muito mais para a Igreja a forma­ção da consciência cristã dentro da espiritualidade tradicio­nal, isto é, a oração, a reflexão, a vida sacramental do Povo de Deus. EV A N G ELIZA R para SA CRA M ENTA R e SA­CRA M ENTA R para EV A N GELIZA R. Pensei muitas vezes comigo. De que adianta muito plano sem atividade?! De que serve muita organização técnica sem o verdadeiro Espí­rito de Deus ? ! Quem renova e faz crescer é o Espírito Santo. Somos apenas instrumentos enferrujados nas mãos de Deus.

Homilias, Instruções Religiosas, Palestras, tudo para mim era e continua sendo oportunidade para CA TEQ U ESE e EV AN GELIZAÇÃO . Nunca descuidei, digo melhor, nunca omiti oportunidade para formar cristãmente o povo. Sempre e sempre, mesmo em alguma conversa, tentei dar algum re­cado contendo mensagem cristã.

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Na Paróquia de S. Benedito, o CATECISM O funcio­na, às 10 horas, todos os domingos. São três turmas de cri­anças com as suas respectivas catequistas. Dc vez em quan­do, sem data fixa, reúno as catequistas e dou-lhes algumas instruções, buscando também saber como vai o C A TEC IS­MO da Paróquia.

O mesmo digo do Grupo Escolar “ CÂNDIDO MOT- TA FILH O ” , que sempre teve, com a boa vontade das pro­fessoras, o seu catecismo organizado, com metodologia nova, visando sobretudo a vivência cristã. Não deixo de visitar periodicamente o Grupo e manter diálogo com a Diretora do mesmo.

As primeiras comunhões se realizam no fim do ano, geralmente num domingo. Não gosto de fazer l . a Comunhão com número avultado dc criança. Quando a turma é gran­de, realizo duas primeiras comunhões para não tumultuar a preparação.

Esforcei-me sempre, não com muito resultado, para de­pois da l . a comunhão manter o CATECISM O da perse­verança.

CAM PANHA DA FR A TER N ID A D E

Na letra e no espírito da criação, a CAM PANHA da FRA TERN ID A D E faz parte da CA TEQ U ESE E EVAN­G ELIZAÇÃO . É sempre, anualmente, uma oportunidade excelente não só por causa dos temas e “ slogans” divulga­dos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, mas porque realmente o Povo se interessa e tenta realizar os te­mas em reflexão. Insisto muito na CAM PANHA DA FR A ­TERN ID A DE para desenvolver na comunidade paroquial o espírito de serviço e solidariedade, de interesse por tudo aquilo que é verdadeiramente eclesial.

Realmente a CAM PANHA DA FR A TER N ID A D E tem conseguido na paróquia resultados positivos, tanto sob o aspecto religioso-moral, quanto sob o aspecto financeiro de donativos. Lembro-me de que uma vez parte da Campanha da Fraternidade foi enviada como recurso financeiro aos

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irmãos necessitados de uma fábrica de S. João Nepomuceno que havia falido.

ALTO -FA LA N TE E INSTRUÇÃO RELIGIO SA

É de grande alcance pastoral, o serviço de alto-falante da Paróquia de S. Benedito. Funciona, diariamente, das 17:30 às 18:30 h, sob a responsabilidade do sr. Maurício Fabiano da Costa e do jovem Cícero Guiducci.

Não se realiza o programa apenas para preencher uma tradição. Ele obdece a um plano previamente traçado, isto é, AVISOS, COM UNICAÇÕES, INSTRUÇÃO RELIGIO SA do Povo. O programa compreende também a irradiação de músicas sacras e cantos pastorais para aprendizagem do povo e educação do bom gosto musical. Neste programa vespertino, a “ HORA DO A N JO ” e a “ O RAÇÃO DA N OITE” .

É interessante a gente saber como o povo acompanha as irradiações, a atenção que votam ao programa, cânticos aprendidos de longe, canhecimento da vida religiosa da co­munidade paroquial.

O serviço de alto-falante é para mim um grande meio de comunicar-me com os que estão afastados da Igreja ou moram mais distante do centro paroquial. Homilias, Pales­tras, Horas Santas, Santa Missa aos domingos, assim como as cerimônias da Semana Santa são irradiadas. Nem faltam os pequenos “ slogans” que educam cristãmente o povo.

Ultimamente tem se dado mais amplitude religiosa ao programa irradiado. De vez em quando, lê-se a “ CA RTA A BERTA AOS PAROQUIANOS” , quando o pároco re­lembra ao Povo pontos principais de doutrina cristã, ins­trução religiosa em pequenas doses, de modo simples, mas ob jetivo .. .

Quero lavrar aqui o meu agradecimento a todos aque­les que, generosos e dedicados, contribuem para que o ser­viço de alto-falante seja sobretudo religiosamente útil à paróqua.

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Primeiramente, o meu louvor ao Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, com a sua fala simples, mas proveitosa, fazendo sempre os “ fervorinhos religiosos” , os avisos neces­sários e as comunicações urgentes, sobretudo, “ achados e perdidos” entre o povo. O mesmo agradecimento ao Sr. Maurício Fabiano da Costa, sem esquecer-me do Cícero Guiducci e Cristóvam Pereira Leite, pela seriedade com que conduzem o programa, a disponibilidade generosa de locutores pontuais, corresponsáveis técnica e religiosamente nelo Setor-Comunicação da Paróquia.

NOVENA DA SAGRADA FACE

Para introduzir a Comunidade Paroquial nas cerimô­nias da Semana Santa, consequentemente maior vivência do Mistério Pascal, há três anos criei a NOVENA D A SA G RA ­DA FA C E, com grande receptividade do Povo. E la termina sempre no “ DOMINGO D E RAM OS” . Na homilia da San­ta Missa, escolho temas apropriados e faço com o Povo re­flexões bíblicas. Esta novena, introduzida em 1973, já é uma tradição na Paróquia.

A PALAVRA DO PAPA

Em sintonia com a Igreja Universal, a Paróquia de S. Benedito sempre toma conhecimento, pelo menos, em resu­mo, dos DOCUMENTOS PONTIFÍCIOS. CARTA S, EN ­CÍCLICA S, D ECRETO S, CO NSTITUIÇÕES são lidos e explicados ao Povo. Nem poderia ser de outro modo. É de­ver dos filhos espirituais saberem, a tempo e também à hora, o que pensa e diz o Papa, que é o Pastor e Pai da Cristan­dade. Isto, por certo, desperta no Povo de Deus o sentimen­to de veneração e respeito para com a pessoa do papa, for­ma a comunidade no sentido de adesão plena à Igreja, obe­diência, serviço, fidelidade. . .

A PA LAVRA DO SR. ARCEBISPO

A Igreja Local ou Diocesana, ou ainda particular, na voz do seu Pastor, Dom Geraldo Maria de Morais Penido,

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sempre encontrou pleno acolhimento da parte da Comuni­dade Paroquial de S. Benedito. Do Sr. Arcebispo, não so­mente eram e são lidos e comentados para o povo, CIRCU ­LA R ES, AVISOS, COM UNICADOS, mas ainda a instru­ção pastoral do Pároco sobre o Bispo, a sua missão na Igre­ja, a obediência e respeito ao Pastor da Arquidiocese.

N a verdade, tanto o Povo como o Pároco podem dar testemunho da solicitude pastoral do Sr. Arcebispo, as aten­ções dispensadas à Paróquia de S. Benedito, a sua presença amiga quando solicitado, isto é, participação em várias fes­tas, criação da Paróquia e Sagração da Igreja. É bom assina­lar aqui a l . a Comunhão realizada por ele em 21 de dezem­bro de 1969. Crismas, por duas vezes, em 25 de outubro de 1970 e 27 de novembro de 1971, tendo também pregado o “ SERM ÃO DO EN CON TRO ” , na Semana Santa de 1972.

Acresce ainda dizer que o Sr. Arcebispo, conhecedor das dificuldades financeiras da Paróquia de S. Benedito, so­bretudo para a construção da nova igreja, destinou várias vezes, como consta no “ LIVRO D E OURO” , donativos pa­ra aquela finalidade.

É justo também que se diga, para perpétua gratidão, a sua valiosa intervenção junto a uma Entidade na Itália por nome “ AIUTO A L LA CH IESA CH E SO FFR E” , para aquisição da verba Cr$ 12.331,80, a fim de adquirir um carro para o serviço pastoral da Paróquia. Transcrevo para o “ LIVRO DE TOM BO” o que o Sr. Arcebispo escreveu no “ LIVRO D E OURO” para coleta de donativos:

“ Auxílio de “ AIUTO A L LA CH IESA CH E SOF­F R E ” à Paróquia de São Benedito para aquisição de automóvel para uso do pároco ou serviços exclusivos da paróquia, não podendo a quantia ser empregada senão para a aquisição e manutenção do veículo. O au­xílio foi conseguido por Dom Geraldo Maria de Mo­rais Penido.”

Cr$ 12.331,80.

Juiz de Fora, 22 de janeiro de 1974.

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O carro, marca VOLKSW AGEN aí está, adquirido, em segunda mão, na AG ÊN CIA de revendedores BÁBIO e BASIC, com todos os documentos regularizados, sob a de­dicação do Sr. Cristóvam Pereira Leite.

O BSERV AÇÃO : Seguem, no “ LIVRO DE TOM BO” , os “ COM UNICADOS” e “ CIR C U LA R ES DO SR. A R ­CEBISPO ,D. G ER A LD O M ARIA DE MORAIS PENI- DO. Não vou transcrevê-los no presente “ HISTÓRICO DA PARÓQUIA D E S. BEN ED ITO ” porque se acham arqui­vados, na íntegra, à disposição do pároco e do povo.

Referem-se aos mais variados assuntos, tais escritos pas­torais .Assim, Mensagens por ocasião do Natal, Novena do Espírito Santo, Sobre o Ano Santo, Festa de Pentecostes, Bodas de Prata da Adoração Perpétua (Cenáculo S. João Evangelista), Semana Eucarística do Ano Jubilar, e t c . . .

Estes documentos chegados ao conhecimento dos Páro­cos, tornavam-se pontos de partida para novos movimentos pastorais.

Assim, conforme “ O LIVRO D E TOM BO” :

A PARÓQUIA E OS JU B ILE U S

A Comunidade Paroquial de S. Benedito buscou sem­pre sintonizar com os principais movimentos da Arquidioce­se ou da Igreja Universal.

Não podia, de fato, alheiar-se aos grandes acontecimen­tos, sobretudo quando o Sr. Arcebispo, mediante CIRCU ­LA RES, CARTA S, COMUNICADOS, periódicos ou men­salmente dirigidos ao Clero, especialmente aos Párocos e Capelães, manifestava o seu pensamento, ordenando algu­ma coisa, sobretudo, normas ou comportamentos pastorais.

Assim, a Comunidade Paroquial de S. Benedito, tanto quanto possível, não só teve e continua tendo o devido co­nhecimento da PA LA VRA O FICIA L do Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido, mas, o pároco, comuni­cando-a ao Povo de Deus tudo o que recebia ou recebe do

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SECRETA RIA DO de PASTO RAL, dá pleno conhecimen­to aos fiéis de tudo o que deve ser realizado em âmbito paro­quial, por determinação do Pastor.

Com efeito, como reza o “ LIVRO D E TOM BO” , sa­bedor da vontade expressa do Sr. Arcebispo, de modo espe­cial, a proclamação do Ano Santo para as Igrejas Locais em 1974, assim como o JU B ILE U U N IVERSA L de 1975, concedidos pelo Papa, Paulo VI, a paróquia de S. Benedito se movimentou espiritualmente não só com pregações espe­ciais sobre o Ano Santo, na Missa como pelo Serviço de Alto- falante, mas continua rezando, em união com o Papa e a Igreja para a RENOVAÇÃO e RECO N CILIA ÇÃ O dos homens com Deus.

Várias vezes este assunto foi e continua sendo abor­dado pelo pároco, servindo-se também do contato com as Associações Religiosas, assim como na Semana Santa, na Campanha da Fraternidade, nas “ Horas Santas Eucarísti­cas” , sobretudo nas l . as Sextas-feiras do mês. Posso dizer, em consciência sacerdotal, que estas pregações funcionaram como verdadeiras catequeses, ocasiões preciosas de unir o povo a Nosso Senhor, à Igreja, ao Santo Padre, ao Bispo, no sentido de incentivar o crescimento espiritual, conforme as normas, Decretos e Constituições do Concílio Ecumênico Vaticano II.

A Paróquia de S. Benedito foi instruída sobre a Indul­gência Plenária do “ ANO SANTO ” para as Igrejas Locais, os requisitos necessários para adquiri-la, e muitos grupos se formaram para a visita ao Cenáculo S. João Evangelista, com a presença do pároco, para lucrar a indulgência.

Devo dizer também que, com a mesma devoção e en­tusiasmo, os paroquianos de S. Benedito rezaram e partici­param, na Paróquia e na cidade, das celebrações do JU B I­L EU de OURO da Diocese de Juiz de Fora, sobretudo trin­ta e cinco paroquianos que se inscreveram para a Romaria Oficial da Arquidiocese ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em companhia do pároco.

Nem passou despercebido o JU B ILE U D E PRA TA da Adoração Perpétua no Cenáculo S. João Evangelista,

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quando muitos paroquianos estiveram presentes à “ HORA SA N TA ” do Ano Jubilar, ingressando alguns na “ G U AR­DA D E H ONRA” do Santíssimo Sacram ento.. .

Encareci sempre uma participação mais ativa dos pa­roquianos na Missa, a comunhão freqüente, a visita ao San­tíssimo Sacramento, assim como o aumento de adoradores na ADORAÇÃO NO TURNA dos primeiros domingos do mês na paróquia. Tal adoração, com fichas organizadas entre as famílias, está a cargo do Sr. Antônio Pinto das Ne­ves. Mensalmente, uma intenção particular é sugerida aos adoradores, ora, pelas necessidades da Igreja, ora, pelos do­entes, pelas Vocações Religiosas e Sacerdotais.

Procuro centrar o povo na devoção ao Santíssimo Sa­cramento, promovendo, com a máxima solenidade, todos os anos, a festa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.

SEM A NA SANTA

Todos os anos, muito antes de ser criada a Paróquia, realizei as cerimônias da Semana Santa. Era e continua sendo uma oportunidade não só para o povo cumprir o pre­ceito anual da confissão e comunhão pascal, mas também de doutrinação catequética.

Na Semana Santa de 1971, tive por companheiro de trabalho o Padre Antônio Mourão, lazarista, meu ex-profes­sor no Seminário de Santa Teresa em Salvador, Bahia, ami­go de sempre, que com sua piedade e serventia, muito con­tribuiu com suas pregações e atendimento de confissões pa­ra a edificação espiritual do povo de Deus. Além disto, nos momentos de menos aperto, ele falou aos VICENTINO S da Paróquuia sobre as obras de S. Vicente de Paulo, espe­cialmente o exercício da caridade cristã.

N a Semana Santa de 1972, tivemos a presença do Pa­dre Félix Scheper, sacerdote missionário da Congregação dos Sagrados Corações, sempre entusiasmado e zeloso, de­senvolvendo, na paróquia, uma pequena missão de grande receptividade.

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Na Semana Santa de 1973, ajudou-me na paróquia, o Padre Eduardo Benes de Sales Rodrigues, professor no Se­minário Santo Antônio de Juiz de Fora, que fez também., no salão paroquial, uma palestra para os jovens sobre o “ ID EA L CRISTÃ O ” .

Durante o Tempo Quaresmal, a Paróquia realizou sem­pre, nas quartas e sextas-feiras, depois da Missa verpertina, os piedosos exercícios da Via-Sacra.

OS BANCOS DA NOVA IG R EJA

A igreja estava construída e sagrada, mas faltavam os bancos. Realizou-se a campanha para aquisição dos mesmos. O povo, sempre de boa vontade, cooperava como podia.

Os bancos foram encomendados a “ MÓVEIS HOL- BR A ” , na cidade de Castro, Paraná, por intermédio do Sr. Sebastião Paulo Spagnolo. representante daquela Firma em Juiz de Fora. São trinta bancos de imbúia com dois ante­paros artisticamente confeccionados. Os bancos foram inau­gurados por ocasião da festal de Natal de 1973.

AS MISSÕES DO ANO JU B ILA R DA DIO CESE

Quis o Sr. Arcebispo, Dom Geraldo Maria de Morais Penido, celebrar o cinqüentenário da criação da diocese de Juiz de Fora, no dia 1.° de fevereiro de 1974, com uma preparação espiritual condigna.

Para isto, entendendo-se previamente com o Clero, con­vidou os Revmos. Srs. Padres Capuchinhos para realizarem MISSÕES na Sede Arquiepiscopal.

De fato, a Paróquia de S. Benedito, atendendo aos re­clamos do Pastor da Arquidiocese, aderiu logo às MIS­SÕES projetadas.

Cuidou primeiramente de motivar o Povo de Deus, despertar a consciência cristã, insistindo sobretudo na cele­bração do ANO SANTO, Jubileu de Ouro da Diocese e Bo­

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das de Prata da Adoração Perpétua no Cenáculo S. João Evangelista.

As MISSÕES foram preparadas com muita antecedên­cia. Houve, antes de tudo, a PRÉ-MISSÃO, quando Frei Alano Porto de Menezes, Coordenador da Pastoral Arqui­diocesana, acompanhado de sua Equipe, compareceu à Pa­róquia de S. Benedito, entrando em contato com elementos da comunidade paroquial, em número de 83, entre senhores, senhoras e jovens previamente convocados para uma reunião no Salão João X X III.

Foi realmente proveitosa a presença atuante do Secre­tariado de Pastoral, não só para coordenação efetiva das MISSÕES, mas também por causa da troca de idéias, opi­niões, projetos, diálogo franco e construtivo. Os paroquia­nos tiveram a liberdade da palavra, estudaram juntos, em grupos, os quesitos propostos, levando tudo, em seguida, ao plenário a fim de que os representantes de grupos expuses­sem as idéias, os pensamentos dos elementos presentes.

As MISSÕES foram preparadas na ORAÇÃO. Um mês antes, precisamente no dia 20 de março, pela proposta do Pároco e aceitação dos Paroquianos, a imagem de Nossa Senhora Aparecida deixou a Gruta e foi percorrer as famí­lias escaladas. Todas as noites, durante um mês, o Sr. An­tônio Pedro Félix de Oliveira fazia uma pequena procissão de uma casa para outra, recitando o terço com as pessoas presentes. Foi também distribuída ao Povo, de família em família, uma CA RTA -A BERTA do pároco, cujo texto re­produzimos no “ LIVRO DE TOM BO” :

“ A Paróquia de S. Benedito prepara as Santas Mis­sões. Desde o dia 20 de março, a imagem de Nossa Senhora Aparecida visita as famílias, pedindo à Mãe de Deus e da Igreja o êxito das Missões.

De 20 a 27 de abril, os Missionários Capuchinhos es­tarão entre nós pregando a Palavra de Deus, ensinando o caminho da salvação, afervorando o Povo na Fé.

Você, meu amigo, está convidado. Você e sua Famí­lia. Isto muito lhe interessa porque você é filho de Deus e da

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Igreja, precisa rever a sua vida cristã, praticar a vida reli­giosa. Lembre-se de que Deus é Bondade, Perdão, Miseri­córdia. Você precisa reconciliar-se com Deus e seus irmãos. Se você faltar — pense bem — ficará faltando UM, seu lugar permanecerá vazio, Nosso Senhor vai sentir a sua ausência. Ele veio para todos e quer salvar a TODOS. O meu convite se estende também aos não católicos pois são filhos de Deus e nossos irmãos em Cristo.

Nesta CARTA -ABERTA, o meu convite e minha amizade.

Creia no serviço daquele que transmite para você este recado de Nosso Senhor.”

Cônego Isnard da Gama,

Pároco de S. Benedito.

Juiz de Fora, 30 de março de 1974.

Proposto pelo Pároco ao Conselho Paroquial, assim como aprovado por Frei Roberto, Coordenador das Mis- sões, foi elaborado e distribuído profusamente entre o povo o seguinte:

PROGRAM A DAS SANTAS MISSÕES

(COM UNIDADE PAROQUIAL DE S. BEN EDITO

(D E 20 a 27 D E A BR IL)

DIA 20, SÁBADO, ÀS 18:30 h: A BERTU RA DAS MISSÕES.

No adro da Igreja, recepção da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Recepção do Sr. Arcebispo, D. Geraldo, e dos Missionários Capuchinhos que serão saudados à porta, pelo Sr. Alcides Maximiano, Presi­dente da Sociedade Pró-Melhoramentos do Bairro. Em seguida, Missa Concelebrada.

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DIA 21, DOMINGO, às 8:30, palestra para as Asso­ciações Religiosas, no Salão Paroquial. Em seguida, Missa às 9:30. À s 10:30 h, no Salão Paroquial, Catecis­mo para Crianças. À tarde, às 15 h, Palestra para Ca­sados. Às 18:30 h, Missa Vespertina seguindo-se, no Salão Paroquial, Palestra para a Juventude.

DIA 22, SEGUNDA-FEIRA, às 7:30, Santa Missa para o Povo. A partir das 9 horas, os Missionários estarão no Grupo Escolar “ Cândido Motta Filho” . À tarde, às 16 h, Missal para as crianças do Grupo na Igreja. Às 18:30 h, Procissão luminosa de S. Benedito, partindo da Vila Alpina para a Igreja. N a chegada, Missa. Depois da Missa, Palestra para a Escola de Co­munidade Gilberto de Alencar.

DIA 23, TERÇ A -FEIRA , às 7:30 h, Santa Missa para o Povo. A partir das 9 horas, estarão novamente os Missionários atendendo no Grupo Escolar. Palestra para as professoras do Turno da manhã. À tarde, a partir das 14 h, Confissões para crianças na Igreja. No Salão Paroquial, às 15 h, Palestra para Senhoras. Às 19 h, Missa para todos, Confissões.

DIA 24, QUARTA-FEIRA, às 7:30 h, Santa Missa pa­ra o Povo. A partir das 9 h, os Missionários estarão na Casa de Saúde Aragão Vilar. Às 17 h, Missa na Casa de Saúde. Durante a tarde, Confissões na Igreja, logo depois da Palestra para as Moças, às 15 h. Às 19 h, Santa Missa para o Povo,

DIA 25, QUINTA-FEIRA, às 7:30 h, Santa Missa pa­ra o Povo. Às 15 h, ensaio de cantos para todos. Das 18 às 19 h, Exposição do Santíssimo Sacramento e Ho­ra Santa para todos, seguindo-se a Santa Missa para o Povo. Depois da Missa, às 20 h, Palestra para os Ho­mens, no Salão Paroquial.

DIA 26, SEXTA -FEIRA , às 7:30 h, Santa Missa para o Povo. Depois da Missa, Confissões na Igreja. Às 15 h, Palestra para Senhoras e Moças. Às 19 h, Santa Missa

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para o Povo. Palestra para professores na Escola de Comunidade Gilberto de Alencar.

DIA 27, SÁBADO, às 7:30 h, Santal Missa para o Povo. Nesse dia, pela manhã, os Missionários visitarão os doentes em suas casas. Às 15 h, na Igreja, Palestra para todos, seguida da bênção para os doentes com o Santíssimo Sacramento. Às 19 h, Santa Missa para o Povo. Palestra, no Salão Paroquial, para Moços e Moças.

DIA 28, DOMINGO, às 9:30 h, Encerramento das Missões e Bênção do Jubileu com a despedida dos Mis­sionários. Agradecimento aos Missionários! pelo Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, Procvedor da Irman­dade de S. Benedito. Logo à tarde, às 17 h, uma Cara­vana da Comunidade Paroquial irá à Paróquia de L i­nhares para a abertura das Missões.Juiz de Fora, 7 de abril de 1974.

Côn. Isnard da Gama, Pároco de S. Benedito.

A R EA LIZA ÇÃ O DAS MISSÕES

Posso dizer que o Programa das Missões foi plena­mente realizado pelos Missionários com pequenas alterações apenas.

Tudo foi organizado, segundo o desejo dos mesmos, sobretudo conforme a determinação do Frei Roberto Fran- zoni, Coordenador das Missões.

O Povo, na verdade, a tempo e à hora, atendeu plena­mente aos Missionários, enfeitou as ruas com bandeirolas, faixas com dizeres bíblicos, cartolinas com frases sugestivas.

No interior da igreja, além de oito cartazes com frases previamente sugeridas pelos Missionários, destacava-se, la­teralmente, o trono de Nossa Senhora de Fátima, Mãe da Igreja e Rainha das Missões, imagem trazida por eles e que permaneceu exposta na paróquia de S. Benedito à venera­ção dos fiéis.

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N a abertura das Missões, na Missa concelebrada, o Sr. Arcebispo, Dom Geraldo Maria de Morais Penido ,apresen­tou ao Povo os Missionários presentes, discorreu sobre a necessidade e importância das Missões, isto é, a missão diá­ria da Igreja em dar ao Povo a Palavra de Deus, sobretudo, no Jubileu do ANO SANTO da Igreja Local, quando a Dio­cese celebrava também o seu Jubileu de Ouro de criação.

Como pároco, estive sempre presente às Missões. Par­ticipei de todas as Missas dos Missionários, acompanhando, de perto, o Povo. Posso pois testemunhar que foi realmente um movimento espiritual válido, não só por causa da pron­tidão dos Missionários no atendimento aos fiéis, mas porque, na verdade, a comunidade paroquial correspondeu, pela piedade e freqüência, ao imenso trabalho missionário. Nem faltou também a presença dos afastados da Igreja, muita gente que foi recuperada cristãmente e até hoje, com raras exceções, procura cumprir os deveres religiosos.

Tudo, graças a Deus, correu bem e a contento de todos.Os Missionários, várias vezes, em conversa particular

comigo, manifestaram a sua alegria e gratidão pelo feliz acolhimento que tiveram na Paróquia. Elogiaram, sim, a ordem, a pontualidade, sobretudo a devoção eucarística do Povo. Acharam a Comunidade Paroquial muito unida, serviçal, disponível para o trabalho da Igreja. N o fim das Missões, houve ainda, durante quatro dias, um CURSO de FORM AÇÃO TÉCN IC A ministrado a jovens da Paróquia pelo missionário Frei Idílio Soliman. Tratava, com efeito, da organização paroquial permanente de um GRUPO JOVEM , a serviço da Igreja e da Comunidade. Os avisos foram da­dos, insistentemente, para que os jovens se inscrevessem no CURSO. Entre moços e moças, inscreveram-se sessenta e três que participaram das aulas no Salão João X X III. Foi um movimento agradável, útil, esperançoso. Serviu para conscientizar cristãmente a Juventude Paroquial, movimen­tando-a no sentido do apostolado.

PREITO D E GRATIDÃO

Terminadas as Missões ,desejo como Pároco da Comu­nidade Paroquial de S. Benedito, lavrar aqui, para testemu­nho futuro, o meu preito de gratidão aos infatigáveis Mis­

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sionários Capuchinhos que contribuíram, com palavras e conselhos, para o crescimento espiritual do Povo.

Fizeram parte da Equipe Missionária os seguintes sa­cerdotes: Frei Roberto Franzoni, Frei Marciano Agostini, Frei Ludovico Gomes, Frei Reinaldo Bernardi, Frei Mau- rílio Benetti, Frei Natalino Vinan, assim como Frei Idílio Soliman que ministrou o CURSO de jovens.

Os Missionários se hospedaram na Paróquia, na casa do Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, onde tomaram as refeições.

A POST-MISSÃO N A PARÓQUIA

Era necessário conservar o fruto espiritual das Santas Missões .Era necessário desenvolver mais a ação paroquial, desdobrando os setores pastorais já existentes e criando novos

De modo simples, mas eficiente, antes das Santas Mis­sas, já existiam os Setores de CATEQ U ESE, EV A N G ELI­ZAÇÃO, LITU R G IA , COM UNICAÇÃO, PROMOÇÃO HUMANA e CRISTÃ. Já existia também a Pastoral do B a­tismo, da Crisma, assim como Curso de Noivos.

Pouco a pouco, foi tudo ampliado.Seguindo os ESQUEM AS e INSTRUÇÕ ES do Secre­

tariado Arquidiocesano de Pastoral, buscando sobretudo li­gar os setores paroquiais à coordenação geral, o Pároco, tanto quanto possível, com os elementos de que dispõe, qua­se sempre de nível operário, vem se esforçando para atua­lizar a Paróquia nos moldes da Pastoral Orgânica.

Não é fácil atingir a Paróquia toda. Não é fácil dar conta da assistência espiritual de dez mil habitantes compre­endidos entre as Vilas de São Benedito, Alpina, Santa Cân­dida, S. Sebastião e Morro do Bruno. Acresce dizer que muitos paroquianos não freqüentam a Paróquia, acham por certo mais cômodo freqüentar as Paróquias de S. José ou de Nossa Senhora do Líbano, ou ainda outras paróquias na cidade, pois há domésticas que lá trabalham e dizem que cumprem o dever dominical. J á realizei uma pesquisa nesse sentido. De fato, para quem mora na Vila S. Sebastião ou

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na rua Goiás e adjacências, é muito mais fácil o acesso a outras Igrejas.

E A S OUTRAS V IL A S ?

Periodicamente, apesar das dificuldades, sobretudo por que não há capelas construídas, procuro celebrar a Santa Missa, ao ar livre, nas Vilas Alpina, Santa Cândida e Morro do Bruno. O povo que mora na Vila S. Sebastião, beneficia- se com a Missa que celebro na Casa de Saúde Dr. Aragão Vilar, no terceiro sábado do mês.

Com um pequeno trabalho já realizado pelo serviço de alto-falante, muita gente que mora longe, distante pois da igreja, freqüenta, com mais interesse ,o centro da paró­quia. Observo que tem aumentado a matrícula do Catecis­mo para crianças de “ Santa Cândida” , o mesmo posso dizer da Vila Alpina.

Tenho seriamente pensado na construção de capeli- nhas para as sobreditas Vilas, mas, acho-me impossibilitado por causa da precariedade financeira de seus habitantes. Além disto, construída a igreja paroquial de S. Benedito, com lutas e sacrifícios, não posso arcar agora com mais esta responsabilidade, porque devo construir ainda a casa pa­roquial.

C U RSILH ISTAS NA PARÓQUIA

A Paróquia de S. Benedito não ficou indiferente ao abençoado movimento “ CU RSILHOS DE CRISTAN D A­D E” . O Pároco fez o Cursilho, aderiu plenamente ao movi­mento e enviou alguns elementos da Paróquia para aprovei­tamento pessoal e engajamento dos mesmos em serviços pas­torais da comunidade.

Somos poucos cursilhistas ainda. Sete apenas: José Lourenço, José Pereira, José de Paula Dias, José Zacarias, Cristóvam Pereira Leite, Nilo de Sena Matos e Maurício Fabiano da Costa.

Não é fácil também arranjar elementos que possam e queiram fazer o Cursilho. Ora, é a falta de vagas, ora, a si­

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tuação financeira para pagamento da taxa, ora, a má von­tade de certos patrões que não dispensam os seus operários, na sexta e no sábado, dias em que se realiza o Cursilho.

Os Cursilhistas estão atuando na Paróquia. Humildes e serviçais, engajam-se facilmente em qualquer setor, atuam silenciosamente, dão testemunho de fidelidade e amor à Igreja. Continuam, sim, perseverantes, disponíveis para o trabalho, sem criações de casos. Reúnem-se, aos domingos, às 16 horas. A reunião de grupo conta sempre, indefectivel- mente, com a presença do Pároco. A reunião se processa conforme a sistemática do movimento cursilhista. Depois das orações prescritas pelo “ Manual” , funciona o “ Círculo Bíblico” , isto é, leitura e reflexão da Palavra de Deus, cole­ta de opiniões, encaminhamento da meditação para o apos­tolado paroquial. A reunião é, de fato, agradável e interes­sante. Os Cursilhistas se reúnem não só para a vivência fra­terna, mas apresentam também os seus depoimentos pes­soais, trocas de idéias ,sugestões, empreendimentos. Há diá­logo franco e valiosa cooperação.

A minha preocupação de pároco, quanto aos Cursilhis­tas, é precisamente desenvolver a sua formação religiosa, dar-lhes maiores conhecimentos doutrinais cristãos, a fim de que cresçam espiritualmente na Fé, operem também na pa­róquia o crescimento de outros. Terminamos, não há muito tempo, a reflexão sobre o Evangelho de S. Mateus. Estamos agora lendo, refletindo e comentando os “ ATO S DOS APÓSTOLOS” . Posso testemunhar que, os Cursilhistas, ape­sar da exigüidade de tempo de que dispõem, estão cristã­mente compromissados com Cristo e a Comunidade Paro­quial, prestam serviços, ora, no Setor da Pastoral Litúrgica, ora, como Leitores e Comentadores da Santa Missa.

CA TEQ U ESE NA ESCO LA D E COM UNIDADE G ILBER TO D E A LEN C A R

Desde a fundação da Escola de Comunidade Gilberto de Alencar, encontrei a melhor receptividade da parte de seus Dirigentes.

Trata-se do Curso de Formação Religiosa para jovens, pelo menos, uma vez por semana. Eu mesmo assumi esta

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responsabilidade. Todas as 5.as feiras, às 19 horas, ou os alunos participam da aula no Salão Paroquial João X X III, ou então, como acontece ultimamente, vou à Escola.

Sempre tive ótimas relações com os Diretores da E s­cola, de modo especial com os dois últimos, isto é, o jovem José Silveira Teixeira, há pouco substituído pela Prof.a M a­ria Teresa Rebouças, do Movimento de “ EM A Ü S” . Na ver­dade, ambos, apesar de morarem na cidade, aderem à co­munidade paroquial, ajudam efetivamente o pároco, promo­vem anualmente, bem organizada, a Páscoa da Juventude com a Missa celebrada na própra Escola.

Posso afirmar que os alunos se interessam pelas aulas de Religião, realizam questionários, e muitos, pouco a pou­co, se recuperam para a participação da Santa Missa, pelo menos, aos domingos.

No “ LIVRO DE TOM BO” transcritos, continuam os documentos oficiais do Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais, Penido. São vários assuntos tratados e que servem para a vida pastoral das Paróquias. Assim, sobre o Culto ao Coração de Jesus, Retiro do Clero, Ensino catequético, Confissão auricular, Casamento Religioso com Contrato Civil, Absolvições Coletivas, Ano Eucarístico, Ensino Reli­gioso, Congresso Eucarístico Nacional. Os documentos fo­ram copiados do “ EV A N G ELIZ A R ” , pequeno jornal do Secretariado de Pastoral da Arquidiocese.

A PARÓQUIA D E S. BENEDITO E OS “ ASSUNTOS DO M ÊS”

Em sã consciência sacerdotal, posso testemunhar que os “ ASSUNTOS DO M ÊS” do Sr. Arcebispo, divulgados pelo “ EV A N G ELIZ A R ” , AVISOS, APELOS, ADMOES­TAÇÕES, foram sempre levados a sério e comunicados prontamente à Comunidade Paroquial.

Entrosada com a Igreja Local ou Diocesana, a Paró­quia de S. Benedito promoveu, em circunstâncias várias, movimentos de conscientização cristã, por exemplo, integra­ção do povo nas comemorações do Ano Santo, insistindo o pároco nas pregações sobre “ RENOVAÇÃO e RECO N ­CILIA ÇÃ O ” .

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O mesmo digo sobre a ROM ARIA O FICIA L da Ar­quidiocese a Aparecida do Norte, por ocasião das Bodas de Ouro da criação da diocese de Juiz de Fora. Tudo foi orga­nizado conforme as instruções do Secretariado de Pastoral. A Romaria contou com a participação de 35 paroquianos que viajaram juntos num ônibus” da empresa ” Ü T IL ” , transcorrendo a viagem tranquilamente em fervor mariano.

Quanto ao Sacramento da Penitência, a Paróquia pos­sui os seus horários fixos para atendimento de confissões dos fiéis. Fora dos horários, sempre que solicitado, estou dia­riamente em disponibilidade para os doentes da Paróquia, mesmo nos Hospitais da cidade, se for avisado.

Costumo, de vez em quando, fazer com o Povo a “ Ce­lebração do Sacramento da Penitência, isto é, a preparação para as confissões. Nunca foi necessário usar da penitência ou absolvição coletiva, pois, nas grandes festas, procuro previamente sacerdotes que me possam ajudar nas confis­sões. Aliás, nunca aceitei o emprego abusivo da absolvição coletiva. Isto me tem trazido angústia pastoral. Tenho cons­tatado na Paróquia que muitos fogem da confissão auricu­lar e correm para as igrejas onde sabem que há absolvição coletiva. Apesar de ter explicado ao povo as “ NORMAS DA PEN ITÊN CIA ” , aprovadas pelo Sr. Arcebispo e Bis­pos da Província Eclesiástica, sinto que o número dos que buscavam o confessionário decresceu muito. Fico preocu­pado com as possíveis confissões mal feitas, quem sabe, até nulas .Continuo, no entanto, a catequese do Sacramento e percebo que muita gente está voltando à confissão auricular.

A devoção à Santíssima Eucaristia tem dia-a-dia se acentuado. Não perco oportunidade para falar sobre a par­ticipação dos fiéis na Missa, assim como sobre a comunhão freqüente. Tanto o Jubileu de Prata da Adoração Perpétua no Cenáculo, como o Ano Eucarístico de preparação ao IX Congresso Eucarístico de Manaus, serviram de oportunida­des para catequeses eucarísticas, levando o povo à vida cris­tã de união a Cristo, mediante o augusto Sacramento. Sem­pre os fiéis são convidados para a ADORAÇÃO NOTUR­NA uma vez por mês, assim como para as “ HORAS SAN­TA S” nas primeiras sextas-feiras. A devoção eucarística é sempre lembrada com a saudação tradicional de toda a co­

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munidade ao Sacramento do altar: “ Louvores e graças se dêem a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacra­mento” .

Para incentivar o culto externo da Divina Eucaristia, a Paróquia realiza, por ano, duas procissões eucarísticas, isto é, a da Ressurreição, às cinco horas da manhã, e tam­bém a da “ festa do Corpo e do Sangue de Cristo” , no domin­go seguinte à festa litúrgica para não desviar os fiéis da pro­cissão da Igreja-Mãe Catedral.

CA TEQ U ESE NO GRUPO ESCO LA R

No Grupo Escolar Cândido Motta Filho, desde o tem­po da primeira Diretora que conheci, D. Myrtes Maria Jorge Macedo, o CATECISM O sempre teve receptividade da par­te das professoras. . .

Posso mesmo dizer que, embora de organização rudi­mentar, o CATECISM O do Grupo Escolar funcionou mo­destamente, mas com regularidade. Não haviam recursos téc­nicos e material didático. Quando realizava reuniões com as professoras (ainda hoje não é fácil pois moram todas na ci­dade), fiz sentir a necessidade de um CATECISM O menos decorado e mais vivencial.

Posso agora testemunhar que o CATECISM O ainda não está perfeito, mas melhorou muito.

Obedecendo aos reiterados apelos do Sr. Arcebispo, sobretudo depois que apresentou ao Clero a Portaria do Se­cretário da Educação no Estado sobre o Ensino Religioso nas Escolas de 1.° e 2 .° graus, a CA TEQ U ESE ESCO LA R tomou novo impulso, duas professoras fizeram o Curso de Religião no Secretariado de Pastoral, material didático lhes foi oferecido, assim como o Programa em Série, assuntos di­vididos e coordenados. . .

Tenho também o CATECISM O que funciona, aos do­mingos, na Paróquia, às 10 horas, sob a responsabilidade de jovens catequistas, que recebem, aos sábados, aulas de reli­gião : Maria do Carmo dos Reis, Irene Maria dos Reis, Ma­rina Marta de Melo, Maria da Glória Silva e o sr. Sebas­tião dos Santos. São jovens que procuram estudar a dou­trina para transmiti-la às crianças, do melhor modo possí­

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vel. Entusiastas da CATEQ U ESE, pertencem ao GRUPO MOJOC e todos dão a sua colaboração paroquial.

CA TEQ U ESE CRISM A L

As crianças que já fizeram a l . a Comunhão são previa­mente inscritas e preparadas para o Sacramento da Crisma. O mesmo digo dos adultos. Conforme as NORMAS da Ar­quidiocese, não se admitem Crianças para Crisma, sem te­rem feito a l . a Eucaristia. Os padrinhos somente com a idn- de de 14 anos. O pároco não aceita para padrinhos pessoas de outras religiões, nem tão pouco pessoas unidas sem casa­mento religioso. O dia da Crisma é sempre festivo na Comu­nidade Paroquial porque, além de lembrar o Sacramento das maturidade cristã, recorda aos que foram crismados que o cristão é chamado ,pela Confirmação ou Crisma, a traba­lhar pela causa de Cristo e da Igreja.

DIA D A B ÍBLIA

Todos os anos, no último domingo de setembro, uma semana antes, procuro despertar a atenção dos fiéis para o “ DIA DA B ÍBLIA ” .

Não somente motivações são apresentadas pelo serviço de alto-falante, mas sugestões práticas no sentido de adqui­rirem um exemplar, pelo menos do Novo Testamento, in­troduzindo a leitura do texto sagrado pessoalmente e nas fa­mílias. Volto sempre a recordar ao Povo a necessidade do conhecimento da Palavra de Deus, o respeito e obediência aos Santos Evangelhos, a conformidade de vida com as pres­crições divinas.

No “ DIA D A B ÍBLIA ” , é costume, depois das Missas, convidar os fiéis a depositarem um ósculo de reverência na Bíblia Sagrada, aberta em estante em frente ao altar, ade­são pessoal de cada um ao Evangelho e à Igreja de Cristo.

CÍRCU LO S BÍBLICO S

Levando em consideração a vantagem dos “ CÍRCU ­LOS BÍBLICO S” muito espalhados em nossos dias, para

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conhecimento e vivência da Palavra de Deus, funcionam dois círculos bíblicos na Paróquia de S. Benedito.

O primeiro, na REUNIÃO dos Cursilhistas, com bas­tante aproveitamento espiritual, não só porque se interes­sam pelo conhecimento e interpretação dos textos sagrados, mas, porque, refletindo sempre, esforçam-se por buscar a conformidade da vida com o Evangelho de Cristo.

O segundo está ligado ao movimento de jovens cristãos, isto é, ao MOJOC. Estamos agora lendo e refletindo sobre o evangelho de S. João. É interessante observar-se como os jovens levam a sério os círculos bíblicos. Todos possuem e trazem o texto dos “ SANTOS EV A N GELH O S” , escutam, com atenção, a leitura do capítulo e depois, divididos em grupos, fazem a reflexão explicativa e voltam ao plenário para o depoimento de cada representante de grupo. O cír­culo bíblico do M OJOC é bastante animado não só porque os jovens crescem espiritualmente pela meditação da Pala­vra de Deus, mas porque o Pároco também se beneficia, ora, revendo pontos de doutrina, ora, estudando a Bíblia para estar em condições de dar aos jovens respostas desejadas.

“ DIA DAS MISSÕES”

Celebra-se ,anualmente, o “ DIA U N IVERSA L DAS MISSÕES” .

A Comunidade Paroquial de S. Benedito é sempre mo­tivada para estar em sintonia com a Diocese, assim como com o espírito da Igreja Universal. O Pároco, nas suas pre­gações, fala ao povo sobre a Ação Missionária conferida por Cristo aos apóstolos, o dever da pregação evangélica para a expanssão do Reino de Deus, a aceitação da Palavra para o conhecimento do caminho da sa lv ação .. .

Procuro sintonizar o Povo com as necessidades mate­riais e espirituais da Igreja Universal, não somente rezando e fazendo rezar pelos missionários, Vocações Sacerdotais e Religiosas, mas pedindo a colaboração financeira de todos para o desenvolvimento e manutenção das Obras Missio­nárias.

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M ÊS D E M ARIA E DO ROSÁRIO

A devoção a Nossa Senhora, a celebração de suas fes­tas, depois da devoção ao Santíssimo Sacramento, é sempre inculcada no espírito de todos os paroquianos como impor­tante meio de progresso no caminho da salvação.

Assim, todos os anos, com grande afluência popular, aceito e promovo, no mês de maio, com grande receptividade popular, a cerimônia da coroação de Nossa Senhora.

Aproveito o “ Mês de M aio” , assim como o “ Mês de Outubro” , para uma doutrinação catequética sobre a “ Mãe da Igreja” , não só expondo o pensamento do Concílio Ecu­mênico Vaticano II, no capítulo VIII da Constituição sobre a Igreja, “ LU M EN G EN TIU M ” , mas os Documentos Pon­tifícios sobre Nossa Senhora, a missão que E la realiza na Igreja, Medianeira das Graças e Corredentora da Humani­dade. Realizamos também, anualmente, em louvor da Vir- gem-Mãe, duas procissões, a da Imaculada Conceição e a de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Celebra-se ainda, na Paróquia, conforme o Mandato do Papa Leão X III, o Mês do Rosário em Outubro, com a recitação do Terço, das Ladainhas e oração a S. José, Pa­droeiro da Igreja Universal.

A FESTA DO PADRO EIRO

N a letra e no espírito da Igreja, conforme a Constitui­ção Apostólica “ LU M EN G EN TIU M ” , procuro fomentar o “ CU LTO DOS SANTOS” , na veneração das suas imagens tão aceitas pela devoção popular.

A festa de S. Benedito, sem data fixa no Calendário Litúrgico, é celebrada no fim de abril ou na segunda quin­zena de maio. Por ser o Padroeiro da Paróquia, a festa é celebrada, com maior destaque e brilhantismo, precedida sempre de um Tríduo Preparatório. O Povo é convidado pri­meiro para as Confissões e Comunhão, depois, sim, os fes­tejos externos em benefício de alguma obra paroquial.

A festa de S. Vicente fica a cargo das Conferências Vi- centinas da Paróquia. É preciosa oportunidade anual para insistir com o povo sobre o dever da caridade cristã, o seu

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exercício sobretudo prático no atendimento generoso aos pobres.

A IRM ANDADE D E SÃO BENEDITO , há pouco reformulada para tomar-se mais atuante, não somente con­tribui com sua valiosa ajuda para a festa do Padroeiro, mas está sempre disposta ao trabalho externo das festas, sobre­tudo na pessoa de seu Provedor, Sr. Antônio Pedro Félix de O liveira.. .

PA STO RA L DA JU V EN TU D E

Cresce, dia-a-dia, a Pastoral da Juventude na Paróquia de S. Benedito. A Missa da Juventude, aos domingos, às 18:30 h, é bastante freqüentada com participação efetiva dos jovens.

Sempre, na minha vida de padre, cuidei especialmente da Juventude. Não me satisfaço com palestras e pregações gerais, mas procuro estar sempre em disponibilidade para atendê-los com presteza, ora, freqüentando as suas reuniões e festa, ora, recebendo-os no Escritório Paroquial para al­gum bate-papo sobre necessidades de ordem física ou moral. Procuro identificar-me com os jovens, sentir os seus proble­mas, viver as suas aspirações. Tudo, graças a Deus, se ope­ra com grande aproximação e cordialidade, criando-se, deste modo, um clima de confiança e amizade.

Não é fácil realizar a Pastoral da Juventude.Eles, os jovens, necessitam de compreensão e paciência,

interesse e cuidado. É preciso entrosar-se com os jovens, to­mar parte nos seus divertimentos, quebrar os tabus de afas­tamento, ouvi-los, com atenção, dar-lhes liberdade e corres- ponsabilidade, conquistá-los como amigos.

Fruto das “ SA N TA S M ISSÕES” , existe na Paróquia o grupo jovem denominado “ M O JO C” (MOVIMENTO JO VEN S CRISTÃOS).

Ele foi criado e organizado no sentido de engajar a juventude em algum serviço pastoral na paróquia, isto é, promoções humanas e cristãs.

O “ M O JO C” , no início, contou com 63 jovens, com reuniões dominicais regulares. . . O “ M O JO C” aí está. As suas reuniões, aos domingos, às 10 horas, funcionam pro­

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veitosamente num clima de abertura e fraternidade. O Pá­roco, desde a sua fundação, nunca perdeu uma reunião, está sempre presente como ASSESSOR ESPIRITU A L, deixan­do liberdade aos jovens para estabelecerem a dinâmica da reunião.

O “ M OJOC” assim, correspondendo à expectativa do Pároco, tem realizado empreendimentos na Paróquia, sobre­tudo na organização de festas externas para conseguir algu­ma verba para alguma obra paroquial.

Não perco nenhuma oportunidade para a formação moral e religiosa dos que militam no “ M O JO C” . . .

Apesar disto, elementos muitas vezes difíceis que arras­tam crises de puberdade e possuem, muitas vezes, desajus­tes dentro das próprias famílias; elementos, digo que lutam com dificuldades de emprego, carregados de vários proble­mas, acarretam preocupações e aborrecimentos para a vida ou melhor sobreexistência do Grupo. Procuro pacientemente contornar a situação, mas, quando preciso, não deixo de to­mar posição franca e enérgica contra aqueles que não que­rem realizar o “ M O JO C” como devem. Não permito, de modo nenhum, no funcionamento do “ M O JOC” , algo que venha comprometer a obediência à Igreja e também ao Pá­roco, nas coisas que dizem respeito à disciplina e governo da Paróquia. Prefiro ter um número menor de jovens cris­tãmente conscientizados nas suas relações de respeito e obe­diência para com a Igreja, do que um grande número que realiza o que quer, sem dar previamente satisfação ao pároco.

Todos os primeiros sábados do ms, o “ M O JO C” tem uma Missa Vespertina, às 17 horas, no Salão Paroquial João XXIII. Eles mesmos a organizam, escolhem os cantos pas­torais, funcionam como leitores e comentaristas.

A Missa Vespertina da Juventude, aos domingos, às 16:30 h, é também organizada pelos jovens. Fazem os en­saios, preparam os comentários e marcam os que vão fun­cionar como equipe litúrgica. Posso afirmar que há, entre os jovens, participação freqüente da Missa e Comunhão, tomando eles parte ativa na Adoração Noturna dos l.° s Domingos do mês.

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BIBLIO TE CA DO “ M O JOC”

Criou-se também uma Biblioteca para o “ M O JO C” .São livros de formação, ora, moral e religiosa, ora de

recreação espiritual e divertimento, ao sabor da juventude.Estamos ainda no começo, mas já possuímos, na bi­

blioteca, alguma coisa. Os livros, ou são comprados, ou gra­tuitamente adquiridos de amigos. Estão todos catalogados. Existe uma bibliotecária para fornecê-los emprestados me­diante preenchimento de ficha e prazo estipulado. Tudo na ficha está controlado. Nome de quem retira o livro, residên­cia, nome do livro, prazo de permanência.

“ M A C” OUMOVIMENTO DOS A D O LESC EN TES CRISTÃOS

Criado o Grupo “ M O JO C” , começaram também a inscrever-se adolescentes. Não era possível dar formação à Juventude com níveis etários diferentes. Foi então necessá­rio criar-se o “ M A C” ou “ MOVIMENTO D E AD O LES­C EN TES CRISTÃ O S” , com mais atenções e cuidados.

Como já existem no “ M O JO C” elementos capazes de alguma liderança, foram escolhidas as jovens Nilda Azeve­do, Luzia Gouvêa e Rosely Fontoura Valadares para CO­O RDENADO RAS dos Grupos de Jovens, todas elas com atribuições próprias, planificação de reuniões, esquematiza­ção de assuntos, numa palavra verdadeiras assessoras junto ao pároco.

A reunião do “ M AC” se realiza regularmente aos do­mingos, às 17 horas, seguindo, mais ou menos, a mesma dinâmica do Grupo “ M O JO C” .

Não posso estar presente à reunião inteira porque te­nho também a reunião dos CURSILH ISTAS. Chego, no entanto, sempre a tempo de dar uma palavra aos adolescen­tes, na base da formação cristã. Nas festas, nas Missas, nos movimentos gerais, os GRUPOS participam juntos dos acon­tecimentos, com boa vontade e espírito fraterno.

A Pastoral da Juventude assim se desenvolve, ainda não a meu contento, mas modestamente com algum traba­lho a serviço de Cristo e da Comunidade Paroquial.

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De fato, os jovens participam do Setor de Liturgia, contribuem para a Pastoral dos Enfermos (visitam Hospi­tais na cidade), promovem festas para as obras paroquiais, por exemplo, em benefício da “ Merenda Escolar” do Gru­po Escolar “ Cândido Motta Filho” .

Se devo dizer o que fazem mais, afirmo que a maior parte está dando o bom exemplo, cumprindo as suas obri­gações religiosas e profissionais, apostolado “ do meio pelo meio” , sobretudo na conquista de outros jovens para o “ M O JO C” .

Se não estou plenamente satisfeito, estou pelo menos bastante esperançoso, aguardando resultados mais objeti­vos e eficientes.

A “ JO RN A D A C R ISTÃ ”

A “ JO RNA D A C R ISTÃ ” é um movimento criado pelo Padre Antônio das Mercês Gomes em benefício da ju­ventude. Tem se expandido muito na Diocese de Juiz de Fora. Com NORMAS próprias, redigidas pelo seu autor, a “ JO RN A D A CR ISTÃ ” , com sua dinâmica própria, visa, sobretudo, recuperar os jovens para a Igreja a fim de que vivam a vida cristã, depois de sérias reflexões obtidas com palestras.

Em 1975, de 29 a 30, 1 e 2 de maio, os jovens da Co­munidade Paroquial de S. Benedito realizaram a “ JO R N A ­DA C R ISTÃ ” . Foi longamente preparada. Inscrições de mo­ços e moças com a idade mínima de 17 anos. As inscrições atingiram o número de 120 jovens, sendo 90 da Paróquia e os demais da cidade.

O pároco, em CA R T A-ABERTA, dirigiu-se à juven­tude, convidando-a oficialmente, tendo os jovens do “ MO­JO C ” ajudado a montagem da mesma.

MEUS CAROS JOVENS,

“ Vocês estão realizando uma grande caminhada.Andar, encontrar-se com alguém ou alguma coisa,

faz parte da juventude de nossos dias.

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Vocês podem andar, correr, brincar, contanto que andem na direção de Cristo, descubram a Sua Presen­ça, marquem o Encontro com Ele.

O Ideal do Bem é muito nobre e merece ser vivido.

A Vida só tem sentido, se vocês derem sentido à Vida.

Há Valores Humanos e Valores Cristãos.Vocês devem descobri-los e amá-los intensamente.

Vale a pena despertar para a vida, refazer as energias, ser bom para Deus, para consigo mesmo e o próximo.

Vale a pena enfrentar o caminho, manter o oti­mismo e sorrir para o dia de amanhã.

Vale a pena esforçar-se por ser Alguém, tornar-se cada dia melhor, para chegar a ser ÓTIMO.

No estudo ou no trabalho, vocês estão construin­do a grandeza do Brasil, vocês estão edificando a Igreja de Deus.

Sejam pois compreensivos e alegres, generosos e dedicados, atuantes e responsáveis.

Os que fazem a “ JO R N A D A ” queiram pertencer ao Grupo “ M O JO C” , vivam unidos o compromisso do seu Batismo.

Recado do amigo de sempre,

Cônego Isnard da Gama, Pároco de São Benedito.

A “ JO RNA D A C R ISTÃ ” se desenvolveu em clima de interesse juvenil e freqüência animadora. . . As palestras do Padre Antônio das Mercês Gomes, além de serem obje­tivas e práticas, eram entremeadas de cantos, brincadeiras, para descanso mental dos jovens. . .

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No último dia, no Salão Paroquial João X X III, houve a Missa de encerramento. Os jovens participaram vivamente da Eucaristia.

Enquanto se celebrava a Missa, os Pais e Parentes dos jovens jornadistas, que tinham sido convidados, vinham pouco a pouco chegando e ocuparam o adro da Igreja para aquele encontro com os filhos, lá dentro da Igreja.

Estavam também presentes ao encerramento, represen­tantes de Grupos Jovens da cidade, em sinal de solidarieda­de fraterna e amiga. Houve, então, vibração geral. Além dos “ impactos costumeiros” provocados pela realização da “ JO R N A D A ” , o entusiasmo e alegria dos jovens que se sentiam comovidos às lágrimas. A “ JO RN A D A C R ISTÃ ” trouxe resultados positivos, foi uma sacudidela espiritual na juventude da Paróquia. Dali por diante, muitos se ins­creveram no “ M O JO C” e levaram a sério a Missa dominical.

Quero lavrar aqui um termo de agradecimento ao Pa­dre Antônio das Mercês Gomes pelo modo de conduzir a “ JO R N A D A ” e pela comunicação espetacular que lhe é carisma especial.

A PARÓQUIA EM 1975

Este ano para mim tem servido para revisão das ativi­dades litúrgicas e pastorais ,satisfeito, em parte, pelo que está organizado, mas angustiado pelo muito que falta realizar.

Muita coisa não depende apenas da boa vontade do povo, mas requer nível cultural pelo menos médio, tempo e disponibilidade da parte de muitos para o serviço. No en­tanto, estou convencido de que a Igreja, na sua face exter­na, isto é, nos seus movimentos e conquistas, não é obra simplesmente técnica, mas fruto da oração, do Espírito de Deus que age por E la e nEla, pois é Ele que impulsiona tu­do. Continuo assim trabalhando, fazendo o que posso e de­vo, possuindo auxiliares mais esclarecidos entre Senhores, Senhoras e Jovens. Dado o tempo, criei um grande amor à Paróquia de S. Benedito. Sinto a Paternidade Espiritual pa­ra com o Povo. Parte da minha vida aqui está.

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“ APOSTOLADO DA ORAÇÃO”

De há muito, vinha desejando organizar o “ APOS­TO LADO DA ORAÇÃO ” na Paróquia. Chegou também o momento oportuno.

Este ano, finalmente, atendendo ao pedido de várias pessoas ,pensando, sobretudo, no bem espiritual que pode ria fazer tal Associação, promovendo a devoção ao Cora­ção de Jesus, resolvi escolher um elemento inicial que mui­to me ajudou, D. Aparecida Gravina, depois escolhida para Presidente do Apostolado.

Feitas as inscrições dos Membros do Apostolado, con­voquei várias vezes as pessoas inscritas para explicações, isto é, a importância do “ APOSTO LADO DA ORAÇÃO” , a sua necessidade na Paróquia, o que Nosso Senhor aguar­dava desta nova iniciativa paroquial.

Houve, realmente, antes da criação, um período bas­tante longo de formação de elementos. Vieram até, da ci­dade, duas senhoras do “ APOSTO LADO DA ORAÇÃO” da Paróquia de Santo Antônio de Juiz de Fora (Catedral), a fim de ajudar o pároco naquela organização. Assim, D. Ilda Matos e D. Maria Aládia foram eficientes em suas ins­truções, dispostas a pronto atendimento, encarregadas tain- bém do arranjo do material, isto é, Manual, fitas e medalhas.

Quando vi que tudo estava preparado, dirigi-me então em CARTA-OF1CIO ao Cônego Miguel Falabella de Cas­tro, Diretor Arquidiocesano do “ APOSTOLADO DA ORA­ÇÃO” .

Eis, na íntegra, o texto que se encontra no Arquivo Paroquial:

JU IZ D E FORA, 17 D E FEV EREIRO D E 1975

Revmo. Sr. Côn. Miguel Falabella de Castro,D.D. Diretor Arquidiocesano do Apostolado da Oração,

CORDIAIS SA U D A Ç Õ ES!

Levando em consideração a necessidade e eficá­cia do “ APOSTOLADO DA ORAÇÃO” , a fim de incrementar a vida espiritual dos fiéis, depois de ma-

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dura reflexão e tendo consultado o CONSELHO PA­ROQUIAL de S. Benedito, assim como as Senhoras interessadas, venho solicitar do Diretor Arquidiocesa­no do “ APOSTOLADO DA ORAÇÃO” a devida per­missão para fundar e instalar a dita agremiação, reite­rando ainda o meu convite para o dia 23 de fevereiro, domingo, às 17:30, quando teremos a honra de sua presença, na bênção e imposição das fitas, assim como na celebração da Missa Vespertina, às 18:30 h.

Valho-me da presente, para significar ao colega e amigo os meus agradecimentos, não somente pela gra­ça concedida, mas pelo próximo comparecimento à instalação do “ APOSTOLADO DA ORAÇÃO” na Paróquia de S. Benedito.

Servo em Cristo,

Côn. Isnard da Gama, Pároco de S. Benedito.

Em resposta à minha CARTA-OFÍCIO, assim me res­pondeu o Cônego Miguel Falabella de Castro, Diretor Ar­quidiocesano do “ APOSTO LADO DA ORAÇÃO” . Eis na íntegra o texto que se encontra no Arquivo Paroquial:

JU IZ D E FORA, 17 D E FEV E R E IR O D E 1975

Revmo. Sr. Côn. Isnard da Gama,

D.D. Pároco da Paróquia de S. Benedito

N ESTA

Cônego Miguel Falabella de Castro, abaixo assi­nado, Diretor Arquidiocesano do “ APOSTOLADO DA ORAÇÃO” , pelas faculdades que lhe são outorga­das pelo Secretariado Nacional do “ APOSTOLADO DA ORAÇÃO” , em resposta ao OFÍCIO enviado

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pelo Revmo. Sr. Cônego Isnard da Gama, dd. Pároco de S. Benedito em Juiz de Fora, declara:

1. Fica instituído na Paróquia de São Benedito, da Cidade de Juiz de Fora, a partir da presen­te data, um CEN TRO do “ APOSTOLADO DA ORAÇÃO” .

2 . Fica nomeado Diretor do referido CENTRO , o Revmo. Sr. Pároco, Cônego Isnard da Gama.

3 . A posse da nova Diretoria bem como recep­ção de associadas será no próximo domingo, dia 23 de fevereiro.

4 . O novo CEN TRO do “ APOSTOLADO DA O RAÇÃO ” — Secção feminina — se orien­tará pelos novos Estatutos do “ APOSTO LA­DO DA O RAÇÃO” do Brasil.

Côn. Miguel Falabella de Castro,

D IR ETO R ARQUIDIOCESANO do “ APOSTOLADO DA ORAÇÃO” .

IN STA LA ÇÃ O DO “ APOSTO LADO” E POSSE DA DIRETO RIA

De fato, no dia 23 de fevereiro de 1975, às 17:30 h, na Paróquia de S. Benedito, com a presença do Cônego Mi­guel Falabella de Castro, Diretor Arquidiocesano do “ APOS­TOLADO DA ORAÇÃO ” , acolitado pelo Pároco, Cônego Isnard da Gama, presentes 63 membros inscritos, entre Z E ­LADO RAS E ZELA D A S, houve a instalação oficial do CENTRO , com a participação também de numerosos fiéis.

Antes de benzer e impor a fita a cada associada, o Cô­nego Miguel falou sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, congratulando-se, em seguida, com a Paróquia pela feliz iniciativa da criação do “ APOSTO LADO” , novo surto de espiritualidade para os seus membros, propagação de um culto tão querido pela Igreja, sendo os seus membros presti­mosos auxiliares do Pároco.

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A Diretoria do “ APOSTOLADO DA ORAÇÃO” está assim constituída: Diretor local, Côn. Isnard da Gama; Pre­sidente, D. Aparecida Gravina; Secretária.

A reunião do “ APOSTOLADO” se realiza nos primei­ros domingos do mês, às 16 horas, seguindo-se a orientação do M AN U AL reformado.

Aí estão os membros do “ APOSTO LADO DA ORA­ÇÃO ” , senhoras piedosas e engajadas no serviço da Paró­quia, sobretudo, na Pastoral dos Enfermos. Nas l . as Sextas- feiras, às 17 horas, há sempre uma “ HORA SA N TA ” pre­gada pelo Pároco, sobre temas eucarísticos, momento tam­bém de divulgação da Intenção Geral e Particular do “ APOS­TO LA D O ” , conforme os dados do Boletim Oficial.

Acresce ainda dizer que os membros do “ APOSTO­LADO DA O RAÇÃO ” atuam, na Paróquia, como verda­deiro “ C LU BE D E M Ã ES” , exercendo benéfica influência junto aos esposos e filhos. . .

“ CONSTRUÇÃO DA SA LA DA BA N D A ”

A Sala da Banda de Música S. Benedito, situada na parte lateral direita da Gruta de Nossa Senhora Aparecida, em terreno pertencente à Paróquia, começou a ser construí­da em 1974, com uma verba de dez mil cruzeiros doada pela Prefeitura Municipal, a pedido do Sr. Vereador, Francisco de Paula Fonseca, amigo do Povo da Vila de S. Benedito.

A planta da construção foi aprovada pelo Sr. Arcebis­po, Dom Geraldo Maria de Morais Penido, no dia 12 de ju­lho de 1975, faltando ainda aprovação da Prefeitura, por causa da morte prematura do Dr. Cristóvam de Campos Bergo, que realizou a Planta, mas não chegou a assiná-la para a devida entrada na Prefeitura. Providência foi tomada pelo Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, no sentido de legalizar, perante a Prefeitura, a construção da sala.

As obras prosseguem este ano, não mais com a verba doada, pois já se esgotou, mas com o resultado das festas externas da Paróquia, assim como pelo trabalho do Pároco no “ LIVRO D E OURO” para coleta de donativos.

A sala em construção está dividida em duas partes, uma superior, onde funcionará a Sede da Banda, lugar para en­

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saios e guarda de instrumentos. A parte inferior, no meu plano, será para a criação de uma obra de promoção social, “C O R TE E CO STU RA ” para moças da Vila S. Benedito e adjacências.

A SSISTÊN CIA SO CIAL NA PARÓQUIA

Embora aparentemente não haja uma organização téc­nica, com montagem especializada, a Paróquia de S. Bene­dito não se alheia aos trabalhos de promoção e assistência social.

O Pároco procura entrar em contato com a “ SOCIE­D ADE PRÓ-MELHORAMENTOS” da Vila, colabora com os poderes públicos no sentido de melhor assistência ao Posto Médico, melhores condições de sanidade, sobretudo, para o Grupo Escolar “ CÂNDIDO M OTTA FILH O ” , lim­peza das ruas, purificação da água canalizada do Poço Dan- ta, campanhas sanitárias pelo serviço de alto-falante contra o sarampo,catapora e meningite.

É preciso destacar aqui a caridade operosa das duas Conferências Vicentinas da Paróquia, que dão assistência espiritual e material a grande número de associados, muito além das suas possibilidades financeiras, promovendo, anual­mente, para afervoramento espiritual dos seus membros e cobertura do “ déficit” das Caixas, a festa de S. Vicente de Paulo. . .

A “ Assistência Social” é ministrada ainda pela Paró­quia em forma de conselhos higiênicos, para que os pais não deixem os seus filhos soltos na rua, descalços e desnudos, pi­sando em monturos imundos, expostos, portanto, a muitas doenças. Procura-se educar socialmente o povo, para que mantenha o asseio nas ruas, não deprede as coisas públi­cas, bebam água filtrada (campanha do filtro) plantem, nos quintais, uma pequena horta, pelo menos um pé de couve para economia do lar.

Quanto à “ A SSISTÊN CIA SO CIA L” , pode ainda futuramente construir-se, em terreno vago, lateral à Igreja, um AMBULATÓRIO .

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MOVIMENTO LITÜRGICO-PASTORAL

A Paróquia de S. Benedito, tanto quanto possível, pro­cura engajar-se ao Secretariado Arquidiocesano de Pastoral para os fins de uma Pastoral Orgânica.

Dadas as condições da Comunidade Paroquial, elemen­tos operários, pedreiros, mecânicos, lavadeiras e domésti­cas, nem sempre se torna muito fácil a organização imediata de setores pastorais.

Nem também, muitas vezes, é possível enviar elementos para reuniões noturnas na cidade, que acabam quase sempre às 22 horas, quando os operários chegam tarde, têm que levantar cedo para o cotidiano da vida.

O movimento litúrgico-pastoral se processa lentamen­te, mas com segurança. Procuro, antes de tudo, formar os elementos na letra e no espírito das Constituições e Decretos Conciliares do Concílio Ecumênico Vaticano II, não impe­dindo as iniciativas quando boas e justificáveis, mas não permitindo avanços de qualquer espécie e feitio.

Assim, a Paróquia possui a sua EQUIPE de LITU R ­GIA, EQUIPE do CURSINHO D E BATISM O, EQUIPE de CANTO S PASTORAIS, EQUIPE de COM UNICA­ÇÃO SOCIAL. Tudo é muito simples e feito com muita humildade.

Os CURSILH ISTAS, por sua vez, se movimentam e vão realizando alguma coisa. Por enquanto, só possuo na Paróquia, homens cursilhistas.

Pretendo ainda, num futuro próximo, enviar para o “ CU RSILH O ” senhoras, assim como jovens para o movi­mento E M A Ü S .. .

Seja lá como for, estou seriamente interessado nestes movimento »recorro sempre, na cidade, a cursilhistas que me podem ajudar.

IRM ANDADE DO SSMO. SACRAM ENTO

Neste “ ANO EU CA RÍSTICO ” de 1975, quando se celebra o IX Congresso Eucarístico Nacional de Manaus, tive a idéia de criar a Irmandade do SSmo. Sacramento na paróquia. Cheguei mesmo a querer instalá-la no dia 20 de

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julho, encerramento do “ CONGRESSO EU CA RÍSTICO ” . Achei, no entanto, que devia protelar um pouco a criação para melhor escolha e formação dos Membros. Vou aguar­dar outra oportunidade.

IRMÃOS BELG A S

Moraram na Paróquia durante anos, isto é, de 1968 a 1975, os IRM ÃOS BELG A S da Congregação de Nossa Senhora de Lourdes, admitidos na Arquidiocese pelo Sr. Arcebispo, Dom Geraldo Maria de Morais Penido.

Eles tinham residência própria, à rua Lambari, em casa construída pela Congregação.

Nunca se engajaram oficialmente em nenhum serviço paroquial. Apesar do convite insistente do pároco para que, com plena liberdade, escolhessem algum setor pastoral, res­pondiam sempre dizendo que já estavam muito compromis­sados na cidade, trabalhavam na Catequese, no Magistério Escolar, na Enfermagem, não podendo assumir outras res­ponsabilidades.

Sei, no entanto, que além do testemunho evangélico que davam na paróquia pelo ótimo comportamento cristão, prestavam bons serviços ao povo, ora, atendendo os pobres para algum aconselhamento ou aplicação de injeções, ora, interessando-se por alguma promoção social na Vila de S. Benedito. Algumas vezes, pude contar com eles para algum ensaio de cânticos, sobretudo, na Semana Santa.

Os IRMÃOS B ELG A S deixaram a Arquidiocese e a Paróquia de S. Benedito na Semana Santa de 1975 e foram trabalhar, se não me engano, na região do Jequitinhonha, em Araçuaí, Norte do Estado de Minas.

Ficam aqui consignados os seus nomes com os agrade­cimentos da Paróquia de S. Benedito: Irmãos: Amado Pop- pee, Pedro Gossens, Rafael Miltef, Camilo, Guilherme, Car­los e José.

CON TA BILID A D E PAROQUIAL

Desde que aqui cheguei, desde os tempos da capelinha de S. Benedito, o Sr. Antônio Pedro Félix de Oliveira, Pro­

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vedor da Irmandade e do Conselho de Fábrica, é responsá­vel por todo o movimento financeiro da Paróquia, adminis­trando tudo, não só fazendo a contabilidade com acerto e honestidade, mas realizando o pagamento das despesas da Igreja, isto é, água, luz, etc.

Portanto, assim sendo, as “ C O LET A S” , o dinheiro das festas, as listas de donativos, tanto para campanhas locais das obras da Igreja, como para qualquer campanha que ex­traordinariamente apareça, tudo está devidamente registra­do, cuidadosamente escrito, com aprovação mensal do Con­selho de Fábrica.

N a verdade, ele possui em arquivo pessoal todos os re­cibos e duplicatas das obras da construção da Igreja, as no­tas fiscais de materiais empregados, os orçamentos feitos, assim como sabe dizer o número exato de tijolos e sacos de cimento consumidos nas obras da G RU TA, do SALÃO e da IG R EJA . É ele que efetua mensalmente o pagamento da “ M IN EIRA ” , do D AE, assim como as despesas prove­nientes da manutenção do culto, isto é, Vinho, Hóstias, Velas, material para limpeza da Igreja, etc.

Quanto aos “ LIVRO S D E OURO” , criados pelo Pá­roco, para arranjar donativos em benefício da construção da Igreja, o Sr. Antônio Pedro é também conhecedor do pro­cedimento honesto do pároco, pois nos tais livros, do pró­prio punho, não faltam recibos do Provedor da Irmandade, todas as vezes que o pároco, com dinheiro angariado, efe­tuava pessoalmente pagamentos de duplicatas, etc.

EX TIN Ç Ã O D A BA N D A S. BEN EDITO

Por motivos alheios à vontade do pároco, a Banda de Música São Benedito, de há muito, sobretudo neste ano de 1975, começou a diminuir nos seus componentes, irregula­ridade nos ensaios, falta de comparecimento às reuniões, estado precário dos instrumentos.

Digo ainda que o maestro Waldemar de Almeida Re­zende, por motivo de saúde, nem sempre correspondia às necessidades da Banda, assim como vários elementos da diretoria, de pareceres opostos, criavam dificuldades sem solução.

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Os membros da Banda foram várias vezes convoca­dos para diálogos abertos e trocas de sugestões. A Banda, por muito tempo, ficou prejudicada, ora, pela ausência do maestro que não dava satisfação nenhuma; ora, pela cons­tante cisão de certos elementos que não concordavam com nada.

Convocou-se então uma reunião para debate do as­sunto. As opiniões foram seriamente estudadas. Entrou-se finalmente no acordo da extinção da Banda, já que não ha­via mais possibilidade de subsistência.

Transcrevo, para o “ LIVRO DE TOM BO” , o docu­mento de extinção da Banda. O original se encontra no Ar­quivo da Paróquia.

TERM O D E EX TIN ÇÃ O DA BANDA

É o seguinte o TERM O DE EN CERRA M EN TO da BANDA D E MÚSICA S. BEN EDITO a ser lançado após a lavratura da última ata, aos 23 (vinte e três) dias do mês de julho de 1975, no Escritório da Paróquia, junto à Igreja.

“ Depois de ouvidos todos os componentes da Di­retoria, face ao abandono do maestro, Sr. Waldemar Rezende de Almeida, todos, por unanimidade, resol­veram dar por encerradas as atividades da referida or­ganização, pelos principais motivos, além do abandono do maestro, até mesmo por falta de elementos para se compor uma nova diretoria e novos músicos.

Ficando assim este TERM O lançado no próprio livro da última ata, com as assinaturas de todos os pre­sentes.

E depois de dado conhecimento ao Reverendíssi­mo Sr. Cônego Isnard da Gama, Vigário da Paróquia de S. Benedito, deverá o presente TERM O ter o seu visto de acordo com o Estatuto, capítulo V, art. 16, folha 06: “ Em caso de dissolução desta sociedade, seu patrimônio passará para a Igreja de S. Benedito, em que o Vigário permita que os instrumentos e demais materiais pertencentes à Banda fiquem guardados nas

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dependências da Igreja até que possa, em outra data, reorganizar as novas atividades.”

Depois de lido e aprovado, o livro de Ata deverá ser arquivado junto aos documentos da Igreja, a fim de que se evitem possíveis dúvidas.

JU IZ D E FORA, 23 D E JU LH O DE 1975

A SSIN A T U R A S: José Rodrigues, Presidente; Claudomiro Xavier, Vice-Presidente; João Miguel Ca­bral; 1.° Secretário; Geraldo Augusto, 2.° Secretário; Cristóvam Pereira Leite, 1.° Tesoureiro; Antônio Pe­dro Félix de Oliveira, 2 .° Tesoureiro; Conselho Fiscal: José Gomes da Silva, Horácio Moreira, Orlando Tra- viato, Jair Teresa de Arantes, Sebastião Gonçalves Goulart e Antônio Galdino Rosa; Diretor Social, José de Abreu Valadares.

VISTO E APROVADO: Côn. lsnard da Gama, Pároco de S. Benedito.

Juiz de Fora, 23 de julho de 1975.

“ DIA DAS M Ã ES”

“ DIA DOS PAIS”

Apesar da comemoração ser de criação civil, social, todos os anos procuro dar solenidade religiosa aos DIAS DAS M ÃES e DOS PAIS.

É mais uma oportunidade catequética para recordar às famílias as obrigações contraídas pelo sacramento do Ma­trimônio, sobretudo, a educação cristã dos filhos. Neste ano de 1975, houve uma promoção teatral, “ ROSAS D E NOS­SA SENHORA” , no Salão João X XIII.

PÁSCOA DA ESCO LA D E SAM BA “ CA STELO D E OURO”

Pela primeira vez, neste ano de 1975, foi organizada a Páscoa Oficial dos Sócios e Diretoria da Escola de Samba “ C A STELO DE OURO” , com o Tríduo Preparatório rea-

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lizado na Igreja. Os jovens do Movimento “ M OJOC” aju­daram a organizá-la. A Páscoa se realizou no dia 16 de ju­lho, domingo, na Sede Social da Escola de Samba, com a presença da Diretoria e de alguns elementos.

Ficou acertado, para o próximo ano, um trabalho mais intenso, no sentido de maior preparação e adesão dos Sócios, já que muitos deles moram na cidade.

PRIM EIRA EU CA RISTIA

Realizou-se na Paróquia de S. Benedito, no dia 12 de outubro, festa de Nossa Senhora Aparecida, a l . a Eucaristia de 68 crianças devidamente preparadas pelas catequista.-:. Depois da renovação das PROM ESSAS BATISM AIS, hou­ve no salão paroquial um chocolate com quitandas, estando também presentes os pais das crianças.

VISITA PASTO RAL

Conforme programação do SECRETA RIA DO AR­QUIDIOCESANO D E PASTO RAL, Frei Alano Porto de Menezes, Coordenador, recebeu do Sr. Arcebispo, D. Ge­raldo Maria de Morais Penido, a incumbência de progra­mar, para o ano de 1975, as Visitas Pastorais nas Paróquias da cidade.

De acordo com o CONSELHO PAROQUIAL, escolhi os dias 22, 23, 24, 25 e 26, para a visita pastoral à comuni­dade, nos dias acima indicados do mês de outubro.

Procurei organizar o programa com o povo, ouvindo, sobretudo, as Associações Paroquiais.

Estamos agora empenhados na preparação. Todos se movimentam, com entusiasmo, para aqueles dias, não faltan­do a catequese do pároco sobre a “ MISSÃO DO BISPO QUE É PASTO R” , M ESTR E e PAI da IG R EJA LO CAL.

Passamos agora para o “ LIVRO D E TOM BO” , a ín­tegra do PROGRAM A da VISITA PA STO RA L do Sr. Arcebispo, estando o original no Arquivo da Paróquia.

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COM UNIDADE PAROQUIAL DE S. BENEDITO

PROGRAM A DA VISITA PASTORAL

DO SR. ARCEBISPO,

D. G ER A LD O M ARIA D E MORAIS PENIDO,

DE 22 A 26 DE OUTUBRO D E 1975

AOS M EUS QUERIDOS PAROQUIANOS

PAZ E BEM PARA TODOS

Com imensa alegria, anuncio a todos os meus paroquia­nos das Vilas São Benedito, Alpina, Santa Cândida e S. Se­bastião, a próxima visita pastoral do Sr. Arcebispo, Dom Geraldo Maria de Morais Penido, à nossa Comunidade Paroquial.

O programa, já impresso, está sendo distribuído. Pro­curem todos tomar conhecimento dos dias e horários tan­to das Missas quanto das Palestras e Crismas. Procurem ainda, com as suas presenças, ouvir a voz do Pastor da Igreja Local, enriquecendo-se, cada um, com os ensinamentos evangélicos.

Todos os dias da Visita Pastoral, às 18:30 horas, terço e pequeno comentários da Exortação Apostólica “ MARIA- LIS C U LTU S” .

Com dedicação, eis o pedido do sacerdote amigo,

Cônego Isnard da Gama, Pároco de S. Benedito.

JU IZ DE FORA, 28 D E SETEM BRO D E 1975.

Q UARTA-FEIRA, DIA 22, às 19 horas, chegada e recep­ção do Sr. Arcebispo, presentes as Autoridades Locais, as Associações Religiosas e o Povo de Deus. Saudação pela Prof.a Luzia Aparecida Gouvêa. Missa Votiva do Espírito Santo. Depois da Missa, visita à Escola de Comunidade Gilberto de Alencar.

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QUINTA-FEIRA, DIA 23, às 7 horas, Missa para o Povo em geral. Depois da Missa, às 8:30 horas, visita do Sr. Arcebispo ao Turno da Manhã do Grupo Escolar Cân­dido Motta Filho. Em seguida, Confissões na Igreja. Às 9:30 horas, visita à USINA DE ASFA LTO . Na parte da tarde, às 14:30 horas, visita ao Turno da tarde do Grupo Escolar Cândido Motta Filho. Às 16:30 ho­ras, visita ao Povo da Vila Alpina. Às 19 horas, Missa Votiva da Eucaristia. Depois da Missa, visita ao Turno da noite do Grupo Escolar Cândido Motta Filho, as­sim como ao “ M O BRA L” .

SEXTA -FEIRA , DIA 24, às 7 horas, Missa para o Povo em geral. Depois da Missa, palestra e contacto com o “ Apostolado da Oração” . Em seguida, oportunidade para Confissões. Na parte da tarde, às 14:30 horas, visita à Casa de Saúde Dr. Aragão Vilar, confissões, Missa, encontro com os doentes, diretoria da Casa e funcionários.

O povo que reside na Vila S. Sebastião poderá participar da Missa, às 16 horas, na Casa de Saúde Dr. Aragão Vilar. Às 19 horas, Missa na Paróquia. Em seguida palestra e contacto com o povo em geral. Muita atenção: Nesta sexta-feira, à 15 horas, confis­sões das Crianças que vão fazer a l . a Comunhão.

SÁBADO, DIA 25, às 8 horas, Missa da l . a Comunhão dos alunos do Grupo Escolar Cândido Motta Filho. Crismas somente para as crianças da l . a Comunhão. Os pais procurem tirar o cartão de Crisma na véspera, a partir das 19 horas, no Salão Paroquial. Às 10 horas, pales­tra e contacto com as professoras e catequistas. Na parte da tarde, às 14:30 horas, palestra e contacto com as senhoras em geral. Em seguida, muita atenção, confissões das crianças que já fizeram a l . a Comunhão e vão crismar-se na Missa de domingo às 8:30 h, Con­fissões também para adultos que vão crismar-se. Às 19 h, Missa. Em seguida, palestra e contacto com os jovens em geral, com a presença também do Grupo “ M O JOC” e “ M A C” .

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DOMINGO, DIA 26, às 8:30 horas, Missa, crisma de adul­tos e crianças que já fizeram a l . a Comunhão. Depois da Missa, palestra e contacto com os Vicentinos e Ir­mandade de S. Benedito. Às 11 horas, visita à Sede da SOCIEDADE PRÓ-MELHORAMENTOS, POSTO MÉDICO e POSTO POLICIAL. N a parte da tarde, às 15 horas, palestra e contacto com os casais. Às 16 h, visita ao Povo da Vila Santa Cândida e à SOCIE­D A DE DE M ELHORAM ENTOS local. Às 18:30 h, Missa de encerramento da VISITA PASTORAL. Em seguida, palestra e contacto com os CURSILHISTAS.

Este foi o PROGRAM A da VISITA PA STO RA L à risca executado. O Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Mo­rais Penido, não só o aceitou e cumpriu integralmente, mas, no término da VISITA PA STO RA L deixou lavrado, de próprio punho,, no “ LIVRO D E TOM BO” , o seguinte term o:

VISITA PASTO RAL

Tivemos o consolo e a alegria de realizar, nesta Paróquia de São Benedito, a Visita Pastoral, que teve começo com a Santa Missa, às 19 horas, do dia 22 de outubro do corrente ano, quarta-feira, e prolongou-se ininterruptamente até à noite do dia 26, domingo, quan­do se encerrou com a Bênção Papal, concedida após a Missa das 18:30 horas, por nós celebrada.

Visitamos a Escola da Comunidade “ Gilberto de Alencar” , onde fomos recebidos com carinho pela sra. Diretora, Professores e alunos, que demonstra­ram ao Pastor o afeto das ovelhas. Foram ainda vi­sitados os três turnos do Grupo Escolar “ Cândido Motta Filho” , cujas professoras, funcionárias e alunos exibiram seu prazer e alegria com a visita recebida.

O programa da visita, elaborado com interesse e carinho, pelo incansável Pároco, Cônego Isnard da Gama, foi executado em todos os pormenores, cuidados aliás, meticulosamente, pelo dedicado e inexcedível Pároco.

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Tivemos contacto com todos os movimentos apos­tólicos e espirituais da Paróquia, notando em todos sa­dia e fecunda vitalidade. Tudo se deve à perspicácia e constante vigilância de Apóstolo, que caracterizam o coração sacerdotal do Revmo. Cônego Isnard da G a­ma, a quem felicitamos calorosamente por ter consegui­do edificar, não apenas a belíssima e artística Igreja Matriz, por nós consagrada, mas sobretudo por haver elevado, por iniciativas variadas e pela sua ininterrupta atuação, o nível religioso desta populosa paróquia a um invejável grau de equilibrado, sério e seguro dina­mismo, que se nota em todos setores das atividades paroquiais, pois nada é esquecido e tudo vem mere­cendo a dedicação e eficiência do “ apóstolo de São Benedito

Celebramos, cada dia da visita, a Santa Missa na Matriz, pela manhã e à tarde. A freqüência de povo, mesmo nos dias de trabalho, foi para nós motivo de muito conforto e agradecemos a Deus o ter-nos inspira­do confiar ao Cônego Isnard o pastoreio desta parte de nosso Rebanho, desde agosto de 1975, digo 1959.

Louvamos, em seguida, a Pastoral desenvolvida em favor da Catequese paroquial, que se mantém tran­qüila e segura, e a dos Jovens que, numerosos, estão bem assistidos e caminham com entusiasmo e passo seguro.

Salientamos ainda a excelente participação que tem o povo na Liturgia da Missa, quer através de boas leituras e comentadores, quer por intermédio de ótima equipe que cuida dos cantos, quer pela viva e ativa co­laboração de todos nas respostas aos textos litúrgicos.

Fizemos Crismas que foram administradas nas Missas matutinas do dia 25 e do dia 26. Os crisman- dos foram devida e criteriosamente preparados para este “ compromisso vital com Cristo

Por fim, desejamos agradecer, e o fazemos de co­ração, todo o zelo apostólico do Revmo. Cônego Is- nard da Gama em favor deste bom povo, que, hoje,

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graças a ele, tem uma consciência viva da Igreja e da sua missão cristã. Agradecemos, igualmente, a todos quantos, crianças, jovens, adultos, enfermos e pobres, colaboraram ,cada qual com sua parcela, para o bom êxito desta Visita Pastoral.

Ao Revmo. Pároco, Cônego Isnard da Gama, e a todos os paroquianos deixamos, com votos de muitas graças divinas, a melhor e mais afetuosa bênção em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. A m ém !

Seja este “ Termo de Visita” lido à estação das Missas do próximo domingo, dia 2 de novembro, para conhecimento de todos.

São Benedito, 26 de maio de 1975.

G ERA LDO MARIA D E MORAIS PENIDO, Arcebispo Metropolitano.

A PARÓQUIA EM R EV ISTA

A Comunidade Paroquial de S. Benedito, depois da Visita Pastoral, procura cada vez mais conscientizar-se das suas obrigações.

Aquele “Termo de Visita” do Sr. Arcebispo, D. Ge­raldo Maxia de Morais Penido, apesar de excessivo em bon­dade pastoral, foi precioso estímulo para o Pároco e todos que militam no território paroquial.

Interessante! O Pároco, sempre no meio do Povo, nem sempre fica satisfeito com o progresso espiritual e ma­terial da Paróquia! É preciso que venha alguém de fora, conviva um pouco, para depois informar e dizer com since­ridade se as coisas vão bem ou não !

Sempre me preocupo para que a Paróquia, as obras, a vida cristã do povo esteja sempre em crescimento. Quando vejo alguma coisa errada e renitência dos que não querem tomar o bom caminho, às vezes, nas pregações e comporta­mento, deixo transparecer impaciência e nervosismo. Con­fesso, para tranqüilidade da minha consciência e conheci­mento do meu querido povo, que a todos amo em Nosso

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Senhor Jesus Cristo, desejando a conversão de muitos e o afervoramento de todos. Se, muitas vezes, tomo certas me­didas aparentemente enérgicas, elas valem como zelo do pastor no crescimento e defesa das leis disciplinares da Igreja.

Não se deve fazer pastoral, omitindo o Código e a L i­turgia da Igreja. Acho que, nos tempos novos, é necessário encontrar um meio termo de ação pastoral. Não transigir o pároco, em determinadas ocasiões, com certos comporta­mentos avançados que se opõem à Liturgia e à disciplina da Igreja. Não permitir, a título de atualizado e “ bonzinho” , que elementos leigos usem e abusem da liberdade pessoal no ensino e governo da Paróquia, sem ouvir o Pároco nem prestar a mínima obediência quanto ao que desejam realizar.

Sempre fui rigoroso nesta matéria.Dei sempre ampla liberdade aos meus paroquianos no

sentido das aberturas pastorais e reformas litúrgicas, mas nunca permiti usos e abusos disto ou daquilo, criatividades extravagantes, interferências bisonhas.

Dou liberdade para que organizem isto ou aquilo, mas faço questão de saber antes, quem é responsável, quem vai agir, o que vão fazer. Estou pela mentalidade que apregoa, em nossos dias, a corresponsabilidade do povo com o Pá­roco no progresso material e espiritual da Paróquia. Mas, é preciso ir devagar, formar o Povo de Deus para uma ação conscientemente cristã, de modo a não haver exorbitâncias na vida comunitária da Paróquia. Esta mania que muitas vezes se forma em afirmar-se que o Pároco é Coordenador e líder dos movimentos pastorais, se possui um fundo de verdade não é bem uma linguagem de sociologia cristã e religiosa! Quadra muito melhor no Pároco o termo de PAS­TOR. Se temos a nossa terminologia eclesiástica e mais fun­damentada na Bíblia, porque buscarmos, nos tempos novos, expressões que, embora compreensivas e boas, não falam tanto dos direitos e deveres do Pároco que é P A STO R ?! Porque introduzirmos novidades, nomenclaturas modernas, se a expressão “ PASTO R” se identifica melhor com a fisio­nomia pastoral de Cristo, o “ BOM PASTO R” , naquela no­bre missão de “ conhecer as suas ovelhas, dar a vida por elas e reconduzir ao rebanho ovelhas desviadas” ? !

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Se, depois da Visita Pastoral, alguém quiser passar a Paróquia em revista, sentir o que estamos realizando, encon­trará, por certo, a sintonização do Povo de Deus com a nova Pastoral, mas sem avanços nem exageros.

COM UNIDADES D E BA SE

N a Pastoral de nossos dias, como verdadeiro meio efi­caz para reunir o Povo de Deus em torno de algum ideal, atividade religiosa ou social, existem as Comunidades de Base encarecidas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Elas, de fato, se bem organizadas, com cristãos au­tênticos que sejam líderes, podem ser úteis não somente à comunidade paroquial, mas para a Catequese e Evangeliza­ção. Assim acontece em muitas Paróquias.

N a minha, no entanto, tais Comunidades de Base es­tão, de há muito, praticamente operando, sem oficialmente este nome.

Há, de fato, grupos reais de católicos militantes que, no território da Paróquia, se distinguem pela sua atuação de vanguarda. Quero explicar-me de modo melhor: Há ca­tólicos que rezam o terço em família, convidam os vizinhos, buscam o padre para certas situações, sabem também, en­trosando com a Sociedade Pró-Melhoramentos, colaborar com o progresso material da Vila.

Creio que, por enquanto, dada a multiplicidade dos afazeres do Pároco, torna-se difícil uma organização imedia­ta de Comunidades de Base na Paróquia de S. Benedito. Espero, num futuro próximo, uma atividade paroquial mais direta na criação e funcionamento da Comunidade de Base. No momento, aqueles que exercem liderança na Paróquia, estão assoberbados de serviços. Não devo tirá-los para outras coisas, em prejuízo daquilo que já fazem.

“ CAM INHADA CR ISTÃ ”

Semelhante em parte à “ JO RNA D A C R ISTÃ ” , criei, na Paróquia de S. Benedito, a “ CAM INHADA C R ISTÃ ” . Há “ NORMAS G ER A IS” escritas que transcrevo para o LIVRO D E TOMBO.

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“A criação deste MOVIMENTO, na Paróquia de São Benedito de Juiz de Fora, surgiu da necessidade atual de dar expansão às boas iniciativas do Grupo chamado “ M O JO C” (MOVIMENTO D E JO V EN S CRISTÃO), nos seus dese­jos sem dúvida justificados de trabalho apostolar pela causa de Cristo e da Igreja.

É um movimento de âmbito paroquial, que se caracte­riza pela RENOVAÇÃO da JU V EN TU D E em Cristo, à luz da reflexão evangélica e dos ensinamentos da Igreja.

É um movimento como tantos outros, que visa recupe­rar os jovens afastados da Igreja e da Vida Cristã, mas que buscam sinceramente o RETORNO, após a “ CAM INHA­DA CR ISTÃ ” .

Sendo um movimento religioso de promoção humana e cristã, está por isto mesmo, subordinado ao Bispo da Diocese, engajado na letra e no espírito da PA STO RA L O RGÂNI­CA, nada pois realizando que contrarie, comprometa ou pre­judique os movimentos similares de caráter juvenil.

O movimento “ CAM INHADA C R ISTÃ ” , na sua pre­paração sistematizada, começa um mês antes com a INS­CRIÇÃO prévia de MOÇOS e MOÇAS. A ficha deve con­ter o nome completo do candidato ou candidata, idade, no mínimo, dezesseis anos, profissão e residência.

O movimento “ CAM INHADA C R ISTÃ ” é de, ape­nas, um dia, mas começa sempre na véspera, às 20 horas, com a “ V IG ÍLIA NO TU RN A ” de “ UMA HO RA” diante do Santíssimo Sacramento solenemente exposto.

“ V IG ÍLIA N O TURN A”

Nenhum jovem “ CAM INH EIRO” inscrito, e que de­seja fazer a “ CAM INHADA” , pode faltar à “ VIGÍLIA NO TURNA” . E la faz parte integrante do movimento e cria um clima necessário para o dia seguinte. Esta PRESEN ÇA dos jovens CAM INHEIROS é indispensável para que, logo de véspera, sintonizem com o movimento, entrosem-se com a turma. Quem não estiver PR ESEN TE à “ VIG ÍLIA NO­TU R N A ” , não pode, no dia seguinte, tomar parte na “ CA ­MINHADA C R ISTÃ ” . É necessário acentuar, no ato da INSCRIÇÃO, esta PRESEN ÇA , para que os jovens, desde

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o início, se disponham à SEN TIN ELA , ATENÇÃO, R E ­C EPTIVIDAD E da Palavra de Deus que vão ouvir e me­ditar.

Portanto, na véspera, de 20 às 21 horas, solenemente exposto o Santíssimo Sacramento, os jovens “ CAM INHEI­ROS” são convidados a uma reflexão séria sobre o “ IDEA L CRISTÃO NA VID A ” , tema apresentado ou desenvolvido pelo pároco que deve ser o Reitor nato do movimento. É ne­cessário que este assunto seja cristãmente bem explorado e dividido, com palavras simples, mas incisivas, de modo a despertar nos jovens o gosto pela “ CAM INHADA CRIS­T Ã ” , isto é, o ponto inicial de partida em busca da meta desejada, a M UDANÇA de VIDA.

Não é obrigatório que a exposição do tema seja so­mente realizada pelo Pároco. REITO R da “ CAM INHA­D A ” . Para a mesma, o pároco pode convidar outro sacer­dote, contanto que lhe forneça o tema oficial. Também não é obrigatório que a exposição do tema seja de modo contí­nuo, mas, admite-se, como nas Horas Santas, a divisão do assunto em QUATRO QUARTOS DE HORA, quando os jovens, nos intervalos, poderão refletir ,cantar ou ouvir al­gum trecho de música sacra repousante que lhes facilite o recolhimento.

O movimento “ CAM INHADA C R ISTÃ ” , com a “ VI­G ÍLIA NO TURNA” , realiza-se sempre, na Paróquia de S. Benedito, SÁBADO, à noite, véspera do 1.° DOMINGO do mês, quando o Santíssimo Sacramento permanece exposto para a adoração dos fiéis. A comunidade paroquial deve ser previamente convidada pelo alto-falante para que, naquela noite, reze de modo especial na intenção dos jovens “ CAM INHEIROS” que estão fazendo a “ CAM INHADA C R ISTÃ ” .

Terminada a reflexão diante do Santíssimo Sacramen­to exposto, os “ CAM INHEIROS” se dirigem logo para o SALÃO JOÃO X X III, em convívio fraterno dão-se a co­nhecer, conversam ou cantam um pouco, recebem, meia hora depois, a M ENSAGEM de “ BOA N O ITE” nos seguin­tes termos:

“ QUE A PRESEN ÇA D E CRISTO ILUM INEOS CAMINHOS D E TODOS VOCÊS, PA RA QUE

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PERM ANEÇAM À N O ITE COM E L E , ESCU TEME SIGAM AMANHÃ E SEM PRE A VOZ D ED EU S.”

Todos, com entusiasmo, respondem: AMÉM.

EM PLEN A CAM INHADA

No dia seguinte, às SE T E HORAS, os jovens “ CAM I­N HEIROS” se reúnem no SALÃO “ JOÃO X X III” . To­dos eles, para boa ordem e disciplina, devem ser lembrados, de véspera, para que não atrasem, pois, antes da PA LES­TRA, devem receber os crachás com os respectivos nomes.

O movimento “ CAM INHADA C R ISTÃ ” , durante o “ D IA ” , obedece ao seguinte PRO GRAM A: SEIS PA LES­TRAS, sendo três, pela MANHÃ e três pela TA RD E. Os ASSUNTOS ou TEM A S devem ser os seguintes:

1 * PA LESTR A : O CRISTÃO, PORTADOR DECRISTO.

2.a P A LESTR A : AS TR ÊS VIRTU D ES TEOLO-GAIS, FÉ , ESPERA N ÇA e AMOR.

3.a P A LESTR A : O CRISTÃO, SERVIDO R DECRISTO.

4.a P A LESTR A : O SA CRAM ENTO DA VOLTA(CONFISSÃO OU PENITÊNCIA).

5.a PA LESTR A : O CRISTÃO E A IG R EJA .6.a PA LESTR A : O CRISTÃO E A SOCIEDADE.

As PA LESTR A S devem durar, no máximo, quarenta minutos, restando sempre tempo, M EIA HORA, para PER­GUNTAS dos jovens. É preciso empregar a dinâmica de grupo, tornar as palestras agradáveis, movimentar os jovens, despertar-lhes atenção com casos da vida real, de modo a chamá-los à reflexão e deixá-los com PERGUNTAS sem constrangimento.

O ALM OÇO será às 11 horas e meia, recomeçando o movimento às 14 horas. Os jovens que moram na Paróquia

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de S. Benedito procurem acolher os que são de outras paró­quias. Assim, exercendo a hospitalidade, além de realiza­rem um gesto simpático de fraternidade cristã, evitarão que os que moram longe voltem atrasados para recomeçar à tarde.

A TENDIM ENTO PESSO AL E CONFISSÃO A U RICU LA R

O Reitor da “ CAM INHADA CR ISTÃ ” , portanto, o Pároco, deve providenciar, com antecedência, a presença, pe­lo menos de dois sacerdotes, para o atendimento pessoal dos jovens e confissões. Além do Pároco, Reitor do movimento, são necessários, sim, sacerdotes de fora para que os jovens tenham liberdade de consciência na escolha dos confessores e façam, deste modo, uma confissão individual bem pre­parada.

O movimento “ CAM INHADA C R ISTÃ ” não aceita a absolvição coletiva, a não ser nos casos previstos pelo Do­cumento Pontifício e conforme as NORMAS ditadas pelo Sr. Arcebispo, D. Geraldo Maria de Morais Penido, para a Arquidiocese de Juiz de Fora.

No atendimento pessoal dos jovens, é necessário que se frise bem a importância do “ BATE-PAPO” para o escla­recimento das dúvidas e auxílio dos jovens em certos com­portamentos. Creio que assim eles ficam mais dispostos para o Sacramento da Volta ou Confissão.

Este atendimento pessoal dos jovens “ CAM INHEI­ROS” faz parte integrante do resultado que se espera da “ CAM INHADA C R ISTÃ ” e não pode ser dispensado, a não ser que alguns não queiram o “ BATE-PAPO” e CON­FISSÃO.

NUMERO DE JO VEN S PARA A “ CAM INHADA C R ISTÃ ”

Para a “ CAM INHADA C R ISTÃ ” , sessenta jovens, no máximo, podem inscrever-se entre Moços e Moças. Tal medida quanto ao número vale para conduzir, sem tumulto nem atropelo, a “ CAM INHADA C R ISTÃ ” .

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D IRIG EN TES — EQUIPES DO MOVIMENTO

Para a devida ORGANIZAÇÃO e FUNCIONAM EN­TO da “ CAM INHADA CR ISTÃ ” , não devem faltar os D IRIG EN TES, assim como EQ UIPES ESPECIAIS.

O Pároco, que é o Reitor, deve estar sempre presente, o PRIM EIRO a chegar e o ÜLTIM O a sair. Os casos omis­sos devem ser resolvidos por ele.

O COORDENADOR ou COORDENADORA do Gru­po “M O JO C” sempre também presente. Ele ou ela, de acor­do com o Reitor, pode resolver os casos imprevistos ou então omissos.

As EQUIPES assim se distribuem:

1.a) EQUIPE do A R RA N JO do Salão.

2.a) EQ UIPE dos C A R TA ZES e CRACHÁS.

3 a) EQUIPE do C A FÉ e AGUA POTÁVEL.

4 a) EQUIPE para a PORTA de ENTRADA.

5.a) EQUIPE para as VISITAS D OM ICILIARES.

Os jovens que fazem parte das EQUIPES devem ser escolhidos do Grupo “ M OJOC” ou então de um dos Grupos Paroquiais da cidade.

Compete ao COORDENADOR ou COORDENADO­RA, em reunião prévia, saber deles, com escolha acertada, o que desejam fazer e se querem de boa vontade servir. Lem­brar-lhes a RESPON SA BILID A D E dos CARGO S que li­vremente assumem, assim como a PO N TUALIDA DE de suas PRESEN ÇA S meia hora antes de começar o movimen­to. É preciso que as EQ UIPES estejam em plena disponi­bilidade para o serviço dos jovens “ CAM INHEIROS” .

OS QUE FA ZEM PA LESTR A S

Os que fazem PA LESTR A S são especialmente convi­dados pelo Pároco-Reitor. Os jovens do Grupo “ M O JO C” podem sugerir nomes de sacerdotes ou leigos a ser convida-

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dos para as PA LESTRA S. Reserva-se, no entanto, uma PA LESTR A para um jovem do “ M O JO C” ou então de outro Grupo Paroquial da cidade.

Os que fazem P A LESTR A S são obrigados a seguir o TEM A proposto. Devem, sobretudo, ser claros e objetivos, comunicativos e práticos. Os que fazem P A LESTR A S de­vem, de vez em quando, usar o QUADRO NEGRO, meio pedagógico de comprovada eficiência, para que a COMU­NICAÇÃO seja mais VIVA.

CÍRCU LO BÍBLICO

À tarde, já no fim da “ CAM INHADA C R ISTÃ ” , deve haver um círculo bíblico. Escolha-se um trecho do Santo Evangelho, de preferência, uma PARÁBO LA, por exemplo, “ DO FILH O PRÓDIGO” , “ DA O VELH A PER ­D IDA” , etc.

Primeiramente, faça-se, com a presença de todos, a LEITU R A do trecho escolhido. Depois, distribuam-se os iovens “ CAM INHEIROS” em grupos de cinco ou seis para a reflexão oportuna. Terminada a reflexão, onde cada um emite o seu pensamento sobre o que leu e entendeu, voltam todos ao PLEN Á RIO e pelo representante de cada grupo é apresentado um resumo do que acharam do texto.

EN CERRA M EN TO DA “ CAM INHADA C R ISTÃ ”

Faz-se com a Santa Missa, o encerramento da “ CAM I­NHADA CR ISTÃ ” . Pode ser no Salão João X X III com participação ativa de todos os jovens CAM INHEIROS” . É necessário que se prepare o altar para a Missa. Fica a cargo do setor de Liturgia do Grupo “ M O JOC” .

Depois da Missa, os jovens “ CAM INHEIROS” devem dirigir-se, sem mais demora, à Igreja, onde se fará a consa­gração da “ CAM INHADA” à Mãe de Deus e da Igreja.

Ali, devem estar os PAIS, PA REN TES ou AMIGOS dos jovens “ CAM INHEIROS” . Previamente escolhido pelo COORDENADOR ou CO ORDENADORA do “ M O JO C” , um jovem “ CAM INHEIRO, no máximo, cinco minutos, da­

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rá o seu testemunho público do que foi a “ CAM INHADA C R ISTÃ ” . O Pároco-Reitor dará uma mensagem rápida para todos os presentes. Canta-se um hino e encerra-se logo a “ CAM INHADA C R ISTÃ ” .

OLHANDO PRA FR EN TE

É preciso não se perder de vista a continuidade da “ CAM INHADA C R ISTÃ ” . Os jovens “ CAM INHEIROS” devem ser convidados para o Grupo “ M O JO C” . Isto é, de fato, importante, para que os jovens “ CAM INHEIROS” , sobretudo aqueles que foram cristãmente recuperados, per­severem unidos, em clima de fraternidade, à luz do ideal cristão.

São estas as NORMAS G ERA IS que norteiam a “ CA ­MINHADA CR ISTÃ ” . Estão sujeitas a reparos e mudan­ças, conforme se apresentarem as razões e necessidades. A primeira experiência foi realizada, aliás, com grande êxito. Estas NORMAS da “ CAM INHADA C R ISTÃ ” , assim co­mo a própria “ CAM INHADA C R ISTÃ ” , não são exclusi­vas da Paróquia de S. Benedito. Qualquer pároco que dese­jar realizar a “ CAM INHADA CR ISTÃ ” em sua Paróquia poderá organizá-la ou introduzi-la.

As “ NORMAS G ER A IS” da “ CAM INHADA CRIS­T Ã ” têm aprovação oficial do Sr. Arcebispo. Assim ele es­creve: VISTO E APROVADO “ AD EX PER IM EN TU M ” . JU IZ DE FORA, 16/05/77. f G ERA LD O M. M. PENI- DO, ARCEBISPO M ETROPOLITANO.

NOVENA DA SAGRADA FA C E

Todos os anos, com receptividade dos fiéis, faz-se a novena da “ Sagrada Face” . Na paróquia de S. Benedito, ano pra ano, aumenta a afluência do povo. Já é, portanto, uma devoção popular tradicional e que, realizada sempre nove dias antes do “ Domingo de Ramos” , prepara e introduz o Povo de Deus na participação das cerimônias da Semana Santa.

Para o futuro, a critério dos meus sucessores, se me perguntassem, diria: Vale ser conservada tal devoção. De

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fato, com pregações especiais sobre “ Cristo, Salvador” , é sempre lembrete e estímulo do mistério da redenção.

A BÊN ÇÃ O D E SÃO BRÁS

Acho muito importante para a devoção popular o em­prego dos Sacramentais da Igreja. Talvez, neste sentido, conforme estudos modernos da religião popular, com sua série de crenças preferidas, talvez, digo, seja necessário, para a Pastoral dos nossos dias, ligar mais importância ao uso dos Sacramentais com suas bênçãos. O nosso povo não somente gosta, mas faz questão de procurar e receber as bên­çãos da Igreja. Se o pároco se fecha a estas bênçãos, o povo vai procurar outras bênçãos. Assim, feita todos os anos a catequese sobre as várias bênçãos da Igreja, aproveito-me da bênção dos Ramos” para dizer ao povo que os ramos bentos daquela procissão devem ser guardados em casa co­mo símbolo e prova de que o cristão quer, de fato, acompa­nhar o Salvador e fazer parte de seu cortejo. Quer, sobretu­do, ser fiel a Cristo e não abandonar o bom caminho.

A bênção de S. Brás, das gargantas, é a mais popular de todas as bênçãos. É considerável o número de fiéis que acorrem a esta bênção.

Procuro, naquele dia, desenvolver um pouco a Pasto­ral dos Enfermos, na base do texto final da fórmula da bên­ção, isto é, “ livre-nos Deus do mal da garganta e de qual­quer outra doença” . Percebo, então, que há muita gente, até da macumba, que vem à Igreja naquele dia. O recado fica dado, não somente na pregação, mas ao pé do ouvido: “É preciso ouvir Missa aos domingos.” “ É preciso fazer a Pás­coa.” “ E você porque não vem à Igre ja?” “ Que está acon­tecendo com V ocê?” São frases curtas, incisivas, que po­dem operar algum efeito. “ O Espírito sopra onde q u e r .. . ” Deus conhece o seu alcance e resultado. . .

O mesmo posso dizer da festa de Santo Antônio, 13 de junho, com a “ BÊNÇÃ O dos PÃ ES” . É hábito tam­bém na Paróquia. Geralmente arranjo os pãezinhos com os padeiros da cidade. Ninguém se nega a dá-los. Há mesmo uma generosa abundância. Naquele dia, depois de falar um pouco sobre Santo Antônio, “ Doutor Evangélico” , enca- reco mais uma vez ao povo a catequese da Palavra de Deus,

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discorrendo, sobretudo, sobre a passagem evangélica da multiplicação dos pães no deserto, a favor da multidão fa­minta. Divido o assunto deste modo: Pães multiplicados. Pães distribuídos. Pães sobrados. Concluo com o povo: A misericórdia de Deus, nas dádivas para com os homens, nun­ca multiplica as coisas apenas para nos saciar, mas deixa ainda que sobre alguma coisa em favor dos mais necessitados, Assim também deveria ser a nossa generosidade. Por peque­no que seja o nosso pão, isto é, aquilo que possuímos, mes­mo assim é possível parti-lo ainda com os outros.

A Pastoral de grupos selecionados pode ser mais efi­ciente. No entanto, a Pastoral do povo ou da massa também é necessária. Assim aconteceu no começo do Cristianismo... Porque não há de acontecer agora? Nosso Senhor nunca despediu o povo sem dar alguma coisa . . . Porque, em nos­sos dias, não devemos fazer o mesmo ? A Pastoral do povo, embora não atinja profundamente a todos, pode sempre fa­zer algum bem. Omitir ou desprezar a Pastoral da massa pode às vezes significar para o pároco ficar sozinho. Tudo depende, na Pastoral, de aproveitar as festividades, escolher os momentos, motivar o povo. Tudo depende do pároco descer ao povo, conversar com ele e experimentar a sensibi­lidade. Dá certo, sim !

PROCISSÕES

N a Paróquia de S. Benedito, como em todas as paró­quias de vilas e morros, o povo gosta de procissões. Porque contrariá-lo se a coisa religiosamente é boa ? ! Porque dizer que a sociedade dos nossos dias não suporta nem admite mais procissões porque vão interromper o trânsito, cansar o povo sem resultado concreto e pastoral.

Nos tempos novos, quando, por vários motivos da so­ciedade pluralista, rareiam as procissões, não proíbo, em minha paróquia, fazê-las, explicando pastoralmente a razão de ser do testemunho público cristão.

De fato, a CA TEQ U ESE é realizada.Começo dizendo ao povo que os santos, cujas imagens

veneramos, são amigos de Deus, distinguiram-se pelo amor a Cristo e prática das virtudes, merecem, portanto, da parte do povo, sejam carregados pelas ruas da cidade com grati-

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dão pelo exemplo que nos legaram, pela vida santa que tive- veram.

Assim, anualmente, fazemos, na paróquia, algumas procissões, por exemplo, do Padroeiro, S. Benedito, de Nos­sa Senhora, sob os títulos da Conceição e do Perpétuo So­corro; de S. Sebastião, de S. Vicente, além das procissões do Santíssimo Sacramento, a saber, na madrugada da Pás­coa, no sétimo dia da festa do Corpo e do Sangue de Cristo.

CASA PAROQUIAL

Na Paróquia de S. Benedito, para o complemento das obras necessárias no conjunto paroquial, falta ainda cons­truir a CASA DO PÁROCO ou PRESBITÉRIO.

O local já está escolhido e praticamente demarcado. Será em cima do SALÃO PAROQUIAL JO ÃO X X III que foi construído com vigas de cimento armado, atravessadas, capazes de suportar o peso.

Construirei ou não a CASA PA RO Q U IA L? Deus é quem sabe! Ando ainda preocupado com isto, porque, mor­rendo ou saindo da Paróquia, onde vai morar o pároco? O pequeno apartamento que existe em cima do ESCRITÓ ­RIO PAROQUIAL (Um quarto, uma saleta, toilette) não satisfaz quanto ao espaço e localização. Foi construído ape­nas para aproveitamento de espaço. Serve apenas proviso­riamente.

Está, no entanto, planejada a construção de uma CA ­SA PAROQUIAL com quatro quartos, duas salas, cozinha, banheiros e pequena área descoberta ou varanda na frente.

Mas, poderá alguém perguntar: Porque uma CASA tão grande? É preciso, na construção, prever a VISITA PA STO RA L do BISPO e seu SEC R ET Á R IO ? É preciso também prever a possibilidade de MISSÕES para aloja­mento dos PADRES. É preciso também pensar na possível visita de um parente ou amigo do Pároco.

Se conseguir edificar esta CASA PAROQUIAL, no local previsto, será eminentemente funcional porque, caso haja reunião depois da missa vespertina, o pároco terá logo ao lado livre entrada para o SALÃO PAROQUIAL ou en­tão poderá subir para o seu aposento, sem expor-se, portanto, ao frio nem à chuva.

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C R ESC E O TERRITÓ RIO PAROQUIAL

A Vila S. Benedito, conforme dizem e também o re­censeamento confirma, possui mais de doze mil habitantes. Dia-a-dia cresce o território paroquial com a criação de no­vos núcleos de famílias aqui chegadas, de outras cidades, construindo assim casas e barracões.

Há pouco, na parte alta, surgiu um novo bairro cha­mado “ BOM SUCESSO” , onde já existe muito loteamento e compra efetiva de terreno.

Não sei como dar assistência religiosa para todo este povo! Encontro sempre na Igreja fisionomias novas. Às vezes são casais carregados de filhos e vindos de longe em busca de um emprego na cidade! Eles se desalojam, sobre­tudo da roça, buscam a cidade e daqui não saem ! É conhe­cido por todos o êxodo rural de famílias para as grandes ci­dades à procura de uma condição de vida superior, onde possam viver e educar os seus filhos! Tudo certo, m a s . . . dificulta e às vezes revoluciona a pastoral de uma paróquia. O Pároco tem de pensar e descobrir novos meios para a vida religiosa, para entrar em contato com as novas famílias. Se o pároco não ativar o processo pastoral, não for eficiente nas suas criações e medidas, outras seitas chegam primeiro e assentam as suas tendas no território paroquial. É preciso dar algum sinal externo de que a Igreja ali vive, o pároco não ignora as necessidades materiais e espirituais do povo, mas, infelizmente, não pode fazer milagres !

Foi pensando assim que, no ano de 1977, Sexta-feira santa, convocados previamente os homens da Paróquia, so­bre a possibilidade de plantar-se no alto do bairro do “ BOM SUCESSO” um CRU ZEIRO enorme, a ser visto de longe, a idéia teve receptividade de todos. Depois da “ AÇÃO LI- T tJR G IC A ” de Sexta-feira da Paixão, organizou-se com os paroquianos uma VIA-SACRA pelo caminho c os homens carregaram o CRU ZEIRO e o plantaram no alto do Bai- ro “ BOM SUCESSO ” .

Eis, em traços gerais, o que pude colecionar e escrever como pequeno HISTÓRICO DA PARÓQUIA DE S. B E ­NEDITO.

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Agora, antes de terminar, desejo, de coração e de altar, prestar também uma HOMENAGEM, neste LIVRO DE TOMBO, aos Revmos. Srs. Cônego Francisco Maximiano de Oliveira e Padre Geraldo Dutra, S.J.

Nestes dois últimos anos, foram eles que me ajudaram fraternalmente nas minhas últimas enfermidades.

Ambos, muito estimados pelo Povo da Paróquia de S. Benedito, me substituíram muitas e muitas vezes no exercí­cio do meu sacerdócio, impedido que fiquei, por duas vezes, quando duas vezes fui operado.

O Padre Geraldo Dutra, no ano de 1977, mês de ju­nho, teve a idéia de consagrar a Paróquia ao Sagrado Co­ração de Jesus. Depois de piedosa novena com o Povo, rea­lizou a consagração sob calorosa receptividade do Aposto­lado da Oração e de todos os moradores da Vila de S. Be­nedito.

O Cônego Francisco Maximiano de Oliveira, durante quase quatro meses, no ano de 1978, setembro, outubro, no­vembro e quase dezembro todo, assumiu praticamente to­das as funções do pároco, não somente celebrando diaria­mente a Missa para o Povo, mas administrando também, quando necessário, os Sacramentos da Igreja. Pela sua boa vontade e constância, prontidão e zelo no atendimento dos meus paroquianos, merece, de fato, a minha gratidão.

Aos meus queridos paroquianos, a quem dedico, como disse, este pequeno HISTÓRICO DA PARÓQUIA DE S. BENEDITO , pelo muito que me ajudaram e pela caridade com que me suportaram durante estes vinte anos de vivên­cia, o sinal permanente da minha dedicação e amizade, so­bretudo, os meus reiterados agradecimentos pelas incessan tes orações pela recuperação da minha saúde, assim como pelo conforto espiritual que me proporcionaram durante os meses da minha internação na Santa Casa. Aqui vai também, sem discriminação religiosa, os meus agradecimentos à Igre­ja Metodista e demais seitas religiosas da minha paróquia, pelas orações feitas pelo meu restabelecimento e visitas efe­tuadas com generosa freqüência.

A todos e a cada um em particular, os meus mais cor­diais agradecimentos e que Deus retribua a todos com Sua Divina Providência.

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ESDEVA EMPRESA GRAFICA LTDA. C.G.C. 17 153 081/0001-62

JUIZ DE FORA - MG1979

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