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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS ALTERAÇÃO DA COBERTURA FLORESTAL E BIOMASSA EM ÁREA DE MANEJO FLORESTAL NO ESTADO DO ACRE INTEGRANDO DADOS DE CAMPO E SENSORES REMOTOS NARA VIDAL PANTOJA Manaus, Amazonas Agosto, 2017

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS

ALTERAÇÃO DA COBERTURA FLORESTAL E BIOMASSA EM

ÁREA DE MANEJO FLORESTAL NO ESTADO DO ACRE

INTEGRANDO DADOS DE CAMPO E SENSORES REMOTOS

NARA VIDAL PANTOJA

Manaus, Amazonas

Agosto, 2017

NARA VIDAL PANTOJA

ALTERAÇÃO DA COBERTURA FLORESTAL E BIOMASSA EM

ÁREA DE MANEJO FLORESTAL NO ESTADO DO ACRE

INTEGRANDO DADOS DE CAMPO E SENSORES REMOTOS

Orientador: DR. NIRO HIGUCHI

Coorientador: DR. MARCUS VINÍCIO NEVES D’OLIVEIRA

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação do Instituto Nacional de Pesquisas

da Amazônia como parte dos requisitos para

obtenção do título de Doutora em Ciências de

Florestas Tropicais.

Manaus, Amazonas

Agosto, 2017

ii

NARA VIDAL PANTOJA

ALTERAÇÃO DA COBERTURA FLORESTAL E BIOMASSA EM

ÁREA DE MANEJO FLORESTAL NO ESTADO DO ACRE

INTEGRANDO DADOS DE CAMPO E SENSORES REMOTOS

Aprovada em 31 de agosto de 2017.

BANCA EXAMINADORA:

Dr. Bruce Walker Nelson

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Dr. Evandro José Linhares

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Dr. Henrique dos Santos Pereira

Universidade Federal do Amazonas

Dr. Irving Foster Brown

Woods Hole Research Center

Dra. Thelma Krug

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

iii

P198 Pantoja, Nara Vidal

Alteração da cobertura florestal e biomassa em área de manejo

florestal no Estado do Acre integrando dados de campo e sensores

remotos / Nara Vidal Pantoja. --- Manaus: [s.n.], 2017.

90 f. : il. color.

Tese (Doutorado) --- INPA, Manaus, 2017.

Orientador : Niro Higuchi.

Coorientador: Marcus Vinício Neves D'Oliveira.

Área de concentração: Ciências de Florestas Tropicais.

1. Manejo florestal. 2. Landsat. 3. LiDAR. 4. Sensoriamento

Remoto. 5. REDD+. I. Título.

CDD 634.928

Sinopse:

Estudou-se as alterações da cobertura florestal causadas pela exploração madeireira

em uma área de manejo florestal sob concessão na Floresta Estadual do Antimary

no Acre utilizando produtos de Sensoriamento Remoto (Landsat, RapidEye e

LiDAR) para detecção dos indícios da infraestrutura florestal. A alteração da

cobertura florestal e da biomassa estimada com dados LiDAR foi comparada com

levantamento em campo na área de exploração florestal.

Palavras-chave: Atividade madeireira, infraestrutura da exploração,

Sensoriamento Remoto.

iv

Com amor e gratidão,

Aos meus pais Braga e Nazaré.

v

AGRADECIMENTOS

Este trabalho não seria possível sem a participação de muitas pessoas e instituições que

de alguma forma contribuíram neste período.

Em primeiro lugar, eu agradeço ao meu orientador Dr. Niro Higuchi por ter apoiado a

construção dessa pesquisa, com discussões e ensinamentos no desenvolvimento do

projeto e ao meu coorientador Dr. Marcus D’Oliveira pelo incentivo e acompanhamento

nas diferentes fases do trabalho.

Ao Dr. Ary Vieira pelo apoio e coordenação do projeto de Doutorado Institucional

INPA/UFAC e ao Dr. José Francisco pelo auxílio em questões específicas do DINTER.

Ao Dr. Foster Brown pelos ensinamentos e inspiração que me acompanham desde a

graduação e sobretudo pelo estímulo à formação da comunidade científica do Acre.

Aos membros da banca examinadora pela excelente contribuição e comentários

construtivos para a tese.

Ao Dr. Paulo Graça pela disposição em ajudar e por contribuir com sua experiência com

comentários e conversas durante o doutorado.

À Dra. Liana Anderson pelo apoio e sugestões no projeto de tese.

Aos pesquisadores Dr. Yosio Shimabukuro, Dr. Luiz Aragão e Dr. Egídio Arai pelas

contribuições. Em especial ao Dr. Dalton Valeriano pelos ensinamentos sobre

monitoramento da Amazônia.

Ao Dr. Fernando Espírito pelos comentários no processo da pesquisa e disponibilidade

em colaborar.

Ao Igor Agapejev pela ajuda fundamental em compartilhar os dados do plano de manejo

e disponibilidade em esclarecer minhas dúvidas.

Ao Givanildo Ortega e Manoel Freire pela ajuda no trabalho de campo. Aos técnicos da

Embrapa Airton, Aldeci e Paulo pela companhia durante as campanhas de campo e aos

funcionários da base do Antimary pelo suporte e acomodações no acampamento.

Ao DINTER INPA/UFAC pela oportunidade de formação e ao INPA pelo programa de

Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais.

Ao Laboratório de Manejo Florestal por me nutrir com orgulho, agradecimento e vontade

de colaborar por fazer parte da equipe. Além de disponibilizar estrutura de trabalho e

pelas oportunidades de capacitação ao longo do doutorado. Agradeço também aos

funcionários da ZF-2 pela interação e convívio durante as disciplinas e cursos. Minha

sincera gratidão também aos pesquisadores Dr. Joaquim dos Santos, Dr. Adriano Lima e

Dr. Moacir Campos.

vi

À CAPES pelo financiamento do projeto de pesquisa Pró-Integração (Nº 3172/2013) que

financiou o sobrevoo do LiDAR e a pesquisa de campo e pelo financiamento do Programa

de Doutorado Institucional (Nº 459/2013).

Ao Ibama, instituição a qual pertenço, por permitir a realização deste doutorado

concedendo minha licença para capacitação.

À Embrapa/Acre pela parceria institucional, além de fornecer infraestrutura de trabalho e

apoio logístico.

À Agência de Cooperação Internacional do Japão pelos conhecimentos e vivências

durante o curso “Capacity Building for National Forest Monitoring System to Promote

REDD+ and Sustainable Forest Management”.

À FAPAC pelo apoio financeiro disponibilizado.

À SEDENS pela parceria para o desenvolvimento da pesquisa na Floresta Estadual do

Antimary.

Ao Carnegie Institution for Science pela licença do CLASLite.

Aos amigos da turma do DINTER, Anelena, Willian, Elsa, Gleisson, João Ricardo, Pedro

Ferraz e Sonaira pelo convívio, ajuda e amizade.

Aos amigos que conheci no INPA pelas conversas, troca de ideias e convívio. Minha

gratidão à Aurora, Aline, Flávia, Gel, Pedro, Ju, Leo e Nathan pela ajuda na reta final.

À Anne e à sua família pela amizade e pelas vezes me recebeu em sua casa oferecendo

acolhida e boas conversas durante as temporadas em Manaus.

Ao meu primo Júnior e sua família pelas visitas durante minhas idas à Manaus.

Aos amigos da Embrapa/Acre pelos felizes momentos de descontração.

Aos meus colegas do Ibama/Acre que me apoiaram durante o meu afastamento para o

doutorado.

Ao Anderson, que esteve ao meu lado durante esse percurso e à sua família pelo apoio.

Aos meus grandes amigos e amigas, sobretudo aqueles que me ouviram e motivaram no

momento que mais precisei durante essa trajetória.

Aos meus pais, Braga e Nazaré, por sempre me apoiarem e pelas orações que me

encorajaram sempre. À minha irmã Najara pelo apoio e torcida. Ao Bil, meu

companheirinho de estudos e escrita com seu chamego e ronronar.

Por fim, agradeço sempre a Deus pelas bênçãos recebidas e pela força constante.

vii

“O correr da vida embrulha tudo.

A vida é assim:

esquenta e esfria,

aperta e daí afrouxa,

sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem”.

Guimarães Rosa

“Minhas raízes estão no ar

Minha casa é qualquer lugar

Se depender de mim

Eu vou até o fim

Voando sem instrumentos

Ao sabor do vento

Se depender de mim

Eu vou até o fim”.

Humberto Gessinger

viii

RESUMO

A exploração madeireira praticada a partir dos princípios do manejo florestal é uma

estratégia de gestão promissora para a conservação da biodiversidade e sequestro de

carbono na Amazônia. Entretanto, os métodos de controle atualmente utilizados são

insuficientes para monitorar com frequência e em grande escala a ocorrência de áreas de

exploração de madeira. Foi mapeada uma área de floresta tropical sob manejo florestal

na Floresta Estadual do Antimary no estado do Acre para avaliar o potencial de detecção

dos impactos produzidos por operações florestais (estradas e pátios) a partir de diferentes

níveis de aquisição de dados: campo, aéreo e orbital. As estradas e pátios foram mapeados

em campo com aparelhos de GPS. A imagem-fração Vegetação Não-Fotossintética

(NPV) obtida do modelo de mistura das imagens Landsat dos anos 2009 a 2015

processadas no programa CLASlite foram utilizadas para mapear as estradas florestais e

pátios instalados dentro da área explorada. Imagens RapidEye dos anos 2012 a 2015

também foram analisadas para identificar áreas alteradas por corte seletivo. Dados

LiDAR aerotransportado foram utilizados para obter o modelo de densidade relativa de

vegetação e identificar a área explorada. O mapeamento da exploração madeireira na área

usando classificação automática e interpretação visual, mostrou, respectivamente, áreas

com 398 ha e 1.428 ha. A exatidão global foi estimada em 0,50 ± 0,060 para a

classificação de imagens Landsat e 0,788 ± 0,149 para a classificação das imagens

RapidEye. A área de exploração madeireira subestimada de acordo com os dados de

referência foi de 4.537 ha (Landsat) e 705 ha (RapidEye). O tamanho dos pátios

influenciou a detecção pelo Landsat, pois foi possível detectar somente 40% dos pátios

mapeados em campo, enquanto 98% dos pátios foram detectados pelo LiDAR. A média

da área dos pátios detectados foi de 435 m2 enquanto que a dos pátios não detectados foi

de 302 m2, havendo diferença significativa na detecção em função do tamanho dos pátios

(t = -4,0076, df = 38, p≤0,01). O monitoramento das parcelas permanentes mostrou as

diferenças de estoque de cobertura florestal antes e após a exploração. Estes resultados

enfatizam a necessidade de pesquisas relacionadas ao manejo florestal para entender a

variabilidade espacial das estradas e pátios até então detectadas por sensoriamento

remoto. Enquanto o GPS é recomendado para mapear com maior confiabilidade a

infraestrutura florestal, dados LiDAR e Landsat também são eficazes para quantificar

remotamente a extensão dos impactos da exploração em florestas tropicais, subsidiando

a gestão e o monitoramento florestal.

Palavras-chave: Corte seletivo. Manejo florestal. Processamento de imagens.

Perfilamento a laser. REDD+.

ix

ALTERATION OF THE FOREST COVERAGE AND BIOMASS IN

SELECTIVELY LOGGED FOREST IN THE STATE OF ACRE

INTEGRATING FIELD DATA AND REMOTE SENSORS

ABSTRACT

Logging based on the principles of forest management in the Amazon region is a

promising management strategy for biodiversity conservation and carbon sequestration.

However, the control methods currently used are insufficient to monitor frequently and

on a large scale the occurrence of areas for logging. An area of tropical forest under forest

management was mapped in the Antimary State Forest in the state of Acre, Western

Brazilian Amazon, to assess the potential for the detection of impacts produced by forest

operations (roads and landings) using different levels of data acquisition: field, aerial and

orbital. Within the Antimary State Forest, roads and landings were mapped in the field

with GPS devices. The remote mapping of these structures was achieved using the non-

photosynthetic vegetation (NPV) fraction images obtained from the mixing model of the

Landsat images from years 2009 to 2015 processed in the CLASlite program. RapidEye

images from the years 2012 to 2015 were used to identify areas degraded by selective

logging. Airborne LiDAR data were used to create a high-resolution canopy relative

density model (RDM) and to identify the logged areas. The mapping of logging in the

study area showed 398 ha and 1,428 ha using automatic classification and visual

interpretation, respectively. The overall accuracy was estimated at 0.50 ± 0.060 for the

classification of Landsat images and 0.788 ± 0.149 for the classification of the RapidEye

images. The underestimated logged area according to the reference data was 4,537 ha

using Landsat and 705 ha using RapidEye. The size of the landings affected the Landsat

detection since it detected only 40% of the landings, while 98% of landing were detected

by LiDAR. The mean area of detected logging ladings was 435 m2 while the mean area

of those undetected was 302 m2, with a significant difference in detection being the

function of the size of the patios (t = -4.0076, df = 38, p≤0.01). Monitoring of permanent

plots showed differences in forest cover stocks before and after selective logging. These

results emphasize the need for research related to forest management in order to

understand the spatial variability of roads, landings and harvested tree gaps being detected

by remote sensing. While GPS is more reliable for the mapping of forest infrastructure,

LiDAR and Landsat data are effective in remotely quantifying the extent of exploitation

impacts in tropical forests by subsidizing forest management and monitoring.

Keywords: Selective logging. Forest management. Image processing. Laser. REDD+.

x

SUMÁRIO

Pág.

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... xi

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... xii

LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................... xv

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................... 6 2.1. A Amazônia no contexto da mudança do clima .................................................. 6

2.2. Redução das emissões pelo desmatamento e degradação florestal ..................... 8 2.3. Exploração madeireira na Amazônia ................................................................ 10

2.4. Monitoramento por satélite da exploração madeireira ...................................... 13

2.5. O uso do LiDAR na área florestal ..................................................................... 18

3. OBJETIVOS ............................................................................................ 22 3.1. Geral .................................................................................................................. 22 3.2. Específicos......................................................................................................... 22

4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................... 23 4.1. Descrição da área de estudo .............................................................................. 23

4.1.1. Manejo florestal na Floresta Estadual do Antimary ................................... 24 4.2. Coleta de dados ................................................................................................. 27 4.2.1. Parcelas permanentes ................................................................................. 27

4.2.2. Infraestrutura da exploração florestal ......................................................... 29 4.3. Dados de Sensoriamento Remoto...................................................................... 32

4.3.1. Imagens Landsat e RapidEye ..................................................................... 32 4.3.2. Escaneamento a laser aerotransportado (ALS) .......................................... 33

4.4. Processamentos de dados e imagens ................................................................. 34 4.4.1. Detecção da extração seletiva com imagens Landsat e RapidEye ............. 34

4.4.2. Verificação da exatidão dos resultados da classificação ............................ 36 4.4.3. Identificação da infraestrutura florestal a partir de dados LiDAR ............. 39

4.5. Análise dos dados .............................................................................................. 43

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 44 5.1. Alteração da cobertura florestal em área de manejo florestal ........................... 44 5.2. Estimativa da área de exploração florestal ........................................................ 59 5.3. Uso de LiDAR para monitorar a alteração da cobertura florestal ..................... 67

5.4. Caracterização da infraestrutura da exploração ................................................. 72

5.5. Alteração da biomassa antes e após a exploração ............................................. 78

6. CONCLUSÃO ......................................................................................... 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 82

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Detalhes das Unidades de Produção Anual (UPA) na Floresta Estadual do

Antimary, Estado do Acre. ..................................................................................... 27 Tabela 2. Detalhamento das parcelas permanentes cobertas com imageamento do

LiDAR no ano 2015 instaladas na Floresta Estadual do Antimary. ....................... 29

Tabela 3. Imagens utilizadas no estudo. ........................................................................ 33 Tabela 4. Parâmetros do sobrevoo do sistema LiDAR realizado nas UPAs. ................ 34 Tabela 5. Matriz de erros de contagem de amostras usada para avaliar a exatidão da

classificação de imagens Landsat na Floresta Estadual do Antimary. ................... 59 Tabela 6. Matriz de erro de contagem de amostras (nij) construída a partir da amostra de

avaliação de exatidão. As categorias da classificaçao são as linhas enquanto as

categorias de referência são as colunas. ................................................................. 60 Tabela 7. Matriz de erro das proporções de área estimada com base na Tabela 6. As

medidas de exatidão são apresentadas com um intervalo de confiança de 95%. As

categorias da classificaçao são as linhas enquanto as categorias de referência são as

colunas. ................................................................................................................... 61 Tabela 8. Matriz de erros usada para avaliar a exatidão da classificação automática da

exploração madeireira utilizando imagens RapidEye na UPA-3 da Floresta

Estadual do Antimary. ............................................................................................ 63

Tabela 9. Matriz de erro de contagem de amostras (nij) construída a partir da amostra de

avaliação de exatidão da classificação com RapidEye. As categorias da

classificaçao são as linhas enquanto as categorias de referência são as colunas. ... 64

Tabela 10. Matriz de erro estimada a partir da Tabela 9 com valores expressos como

proporção de área estimada. As medidas de exatidão são apresentadas com um

intervalo de confiança de 95%. As categorias da classificaçao são as linhas

enquanto as categorias de referência são as colunas. ............................................. 64

Tabela 11. Área dos pátios não detectados e detectados na imagem Landsat neste

estudo. ..................................................................................................................... 73 Tabela 12. Valores de biomassa medidos nas parcelas permanentes da UPA-3 e a taxa

de mudança para cada parcela. ............................................................................... 78 Tabela 13. Volume, número de árvores exploradas (totais e por hectare) e relação entre

volume selecionado e explorado na Floresta Estadual do Antimary. ..................... 79

xii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Representação do funcionamento de um sistema de escaneamento a laser

aerotransportado, ilustrando um único feixe emitido do avião e o retorno originado

na copa da árvore. No detalhe da figura, ilustram-se vários feixes emitidos do

avião. Fonte: adaptado de Reutebuch; Andersen; Mcgaughey, 2005; Diaz, 2011.

Citado por Gorgens; Silva; Estraviz, 2014. ............................................................ 19 Figura 2. Aquisição de dados de LiDAR. (a) Impacto causado pelo aumento do ângulo

de varredura. (b) Geração de múltiplos retornos a partir de um único pulso de luz

laser. Fonte: adaptado de Jensen, 2009. ................................................................. 20 Figura 3. Localização da Floresta Estadual do Antimary, Estado do Acre, com

detalhamento da área de manejo florestal e Unidades de Produção Anual (UPA)

sobrepostas na imagem Landsat-8 de 23 de julho de 2016. ................................... 23 Figura 4. Localização das Unidades de Produção na Floresta Estadual do Antimary. As

UPAs em destaque (cor cinza) foram exploradas no período de 2007 a 2017. ...... 26 Figura 5. Parcelas permanentes instaladas na Floresta Estadual do Antimary, Acre. (a)

Área da cobertura LiDAR nas UPAs 2 e 3, (b) cobertura LiDAR na UPA-2 e (c)

cobertura LiDAR e 10 parcelas permanentes na UPA-3. ....................................... 28

Figura 6. Levantamento de campo na área explorada da UPA-3 na Floresta Estadual

Antimary, Acre. (a) Abrangência da área mapeada no trabalho de campo, (b)

Detalhamento das estradas, pátios, trilhas e árvores e (c) exemplo de um pátio de

estocagem com os vértices georreferenciados durante o trabalho de campo: A – B

= 24 m, B – C = 14 m, C – D = 22 m, D – A = 19 m. ............................................ 30

Figura 7. Procedimento para coleta de dados de GPS geodésico nos pátios de madeira

da UPA-3 da Floresta Estadual Antimary, Acre. (a) Deslocamento da base do

acampamento até o início da UPA-3, (b e c) Localização dos pátios e identificação

dos limites de floresta e pátio (vermelho), assim como restos de galhos secos nas

trilhas de acesso (d) Uso de dois aparelhos de GPS simultaneamente, (e) visão

geral de um pátio de madeira, (f e g) Coleta de coordenadas geográficas nos

vértices do pátio, (h) Caderneta de campo com anotações de data, horário de início

e término de cada coleta e número do pátio. .......................................................... 32 Figura 8. Representação gráfica do cálculo do Modelo de Densidade Relativa (RDM).

Valores altos de RDM indicam uma área com sub-bosque sem alteração enquanto

que valores próximos de zero indicam danos no sub-bosque. Fonte: Adaptado de

(D’OLIVEIRA et al., 2012). ................................................................................... 40

Figura 9. Imagem Landsat/TM de 09 de setembro de 2009 em composição R (S), G

(PV) e B (NPV) sobreposta com a delimitação da UPA-1 (em preto). (a)

Interpretação visual de estradas florestais e área afetada pela exploração sobreposta

na imagem-fração colorida, (b) detalhe do mapeamento da área afetada pela

exploração (em vermelho), (c) detalhe da infraestrutura de estradas e pátios

planejada para a exploração florestal...................................................................... 45 Figura 10. Imagem Landsat/TM de 09 de setembro de 2009 sobreposta com a

delimitação da UPA-1 utilizada para mapear a degradação florestal por extração

seletiva. (a) Imagem-fração NPV, (b) imagem-fração PV, (c) composição colorida

Solo, PV e NPV com delimitação da área de exploração identificada (em

vermelho) e (d) classificação CLASlite da floresta e área explorada. .................... 46

xiii

Figura 11. Imagem Landsat/TM sobreposta com a delimitação da UPA-1 utilizada para

identificar os indícios da infraestrutura da exploração florestal. (a) Imagem-fração

NPV de 24 de agosto de 2010, (b) imagem-fração PV de 24 de agosto de 2010, (c)

Imagem-fração NPV de 11 de agosto de 2011 e (d) Imagem-fração PV de 11 de

agosto de 2011. ....................................................................................................... 47 Figura 12. Imagem Landsat/TM sobreposta com a delimitação da UPA-2 (polígono

amarelo) utilizada para identificar a exploração florestal. (a) Imagem-fração NPV

de 06 de setembro de 2009, (b) imagem-fração NPV de 24 de agosto de 2010 e

sobreposição da área coberta pelo LiDAR (polígono branco) e detalhe de uma parte

da área com as frações NPV (c), PV (d) e composição RGB (e). .......................... 48 Figura 13. Imagem-fração NPV e sobreposição da área explorada na UPA-2 delimitada

a partir da interpretação visual (branco) no ano 2010 (a) e no ano 2013 (b). O ramal

de acesso construído foi perceptível na imagem de 2013. ..................................... 49 Figura 14. Área afetada pela exploração florestal na UPA-2. (a) Classificação CLASlite

de floresta (verde) e degradação (amarelo) na imagem Landsat do ano da

exploração e (b) dois anos após a exploração......................................................... 50

Figura 15. Imagem-fração NPV do Landsat sobreposta com a delimitação da UPA-3

(polígono branco) utilizada para identificar áreas alteradas pela exploração

florestal, antes (a e c) e após a exploração (b e d). A parte inferior da figura destaca

a região representada pelo polígono vermelho. ...................................................... 51

Figura 16. Imagem Landsat/OLI sobreposta com a delimitação da UPA-3 (polígono

branco) utilizada para identificar os indícios da infraestrutura da exploração

florestal. (a) Imagem-fração NPV e (b) Resultado da classificação CLASlite de

floresta (verde) e degradação florestal (amarelo). .................................................. 52 Figura 17. Imagem-fração solo derivada do MLME da imagem RapidEye com

sobreposição da UPA-3 (branco). (a) Imagem do primeiro ano após a exploração.

(b) Imagem de 2013 destacando as áreas exploradas. (c) Imagem do ano seguinte

da exploração. (d) Imagem de dois anos após a exploração. .................................. 53 Figura 18. Comparação do mapeamento da área afetada pela exploração usando

Landsat e RapidEye. (a) Imagem-fração NPV derivada do Claslite da imagem

Landsat com sobreposição da UPA-3 (branco) e delimitação da área explorada

(vermelho) e (b) Imagem-fração derivada do MLME da imagem RapidEye. ....... 54 Figura 19. Classificação automática em imagem RapidEye de 18 de outubro de 2013

com sobreposição área afetada pela exploração (em amarelo) e das estradas

florestais mapeadas em campo na UPA-3. ............................................................. 55 Figura 20. Comparação do mapeamento da área afetada pela exploração usando

Landsat e RapidEye. (a) Imagem-fração NPV derivada do Claslite da imagem

Landsat com sobreposição da UPA-3 (branco) e delimitação da área explorada

(vermelho) e (b) Imagem-fração derivada do MLME da imagem RapidEye. ....... 55 Figura 21. Comparação entre a área explorada medida a partir da interpretação visual

na imagem-fração NPV e a classificação automática para cada Unidade de

Produção Anual explorada na Floresta Estadual do Antimary entre os anos de 2009

e 2015. .................................................................................................................... 56 Figura 22. Área explorada identificada a partir da interpretação visual na imagem-

fração NPV nas UPAs da Floresta Estadual do Antimary, totalizando 1.428

hectares no período de 2009 a 2015. ...................................................................... 57

xiv

Figura 23. Área explorada identificada a partir da classificação automática nas UPAs

da Floresta Estadual do Antimary, totalizando 397 hectares no período de 2009 a

2015. ....................................................................................................................... 57

Figura 24. Proporção da área explorada estimada a partir da classificação automática de

imagens Landsat nas UPAs da Floresta Estadual do Antimary, considerando a

exatidão geral, do usuário e do produtor no intervalo de confiança de 95%. ......... 62 Figura 25. Proporção da área explorada estimada a partir da classificação automática de

imagens RapidEye na UPA-3 da Floresta Estadual do Antimary, considerando a

exatidão geral, do usuário e do produtor no intervalo de confiança de 95%. ......... 65 Figura 26. Modelo de Densidade Relativa de Vegetação (RDM) obtido do LiDAR na

UPA-2. (a) RDM do primeiro ano da exploração e (b) RDM do segundo ano da

exploração. O retângulo vermelho indica área explorada em 2010 e o azul área

explorada em 2011.................................................................................................. 67 Figura 27. Modelos obtidos a partir do LiDAR na UPA-3 da Floresta Estadual do

Antimary, Acre. (a) modelo de altura de dossel e (b) modelo de densidade relativa.

................................................................................................................................ 69

Figura 28. Modelos de densidade relativa de vegetação (RDM) para a área de estudo a

partir dos dados Lidar. (a) RDM de 1 m e 5 metros acima do solo conforme

proposto por D’Oliveira et al. (2012) e (b) RDM entre 8 m e 12 metros proposto

neste estudo. A escala de cinza representa a densidade de retorno do LiDAR com

as áreas exploradas em preto. ................................................................................. 70 Figura 29. (a) Detalhamento da visualização de pátios no RDM proposto por d’Oliveira

et al. (2012) e (b) RDM proposto neste estudo. A escala de cinza representa a

densidade de retorno do LiDAR com as áreas exploradas em preto e os pátios em

vermelho. ................................................................................................................ 71

Figura 30. Variância da elevação dos pontos LiDAR nas parcelas da UPA-3. ............. 72

Figura 31. Identificação de pátios a partir da interpretação visual nas imagens de

cobertura fracional NPV do Landsat dos anos 2011, 2013, 2014 e 2015............... 74 Figura 32. Detecção dos pátios na imagem NPV do ano de 2013 e relação com a área

medida em campo. Gráfico Boxplot apresenta o primeiro, segundo e terceiro

quartil, limites inferiores e superiores da distribuição dos dados referentes (a) área

dos pátios (m2) e (b) fração NPV (%) em relação a detecção na imagem Landsat-8.

................................................................................................................................ 75

Figura 33. Detecção dos pátios na imagem NPV do ano de 2013 e relação com a área

medida em campo. .................................................................................................. 75 Figura 34. Detecção dos pátios na imagem NPV do ano de 2013 e relação com a área

medida em campo. .................................................................................................. 76 Figura 35. Visualização da nuvem de pontos LiDAR dos pátios que não foram

detectados na imagem NPV. Dimensão dos pátios: 294 m2 (a), 298 m2 (b) e 299 m2

(c). ........................................................................................................................... 76

Figura 36. Estoques de biomassa e volume medidos nas parcelas permanentes........... 79

xv

LISTA DE ABREVIATURAS

ALS: Airborne Laser Scanning (escaneamento a laser aerotransportado)

AUTEX: Autorização de Exploração

CBD: Convenção sobre Diversidade Biológica

CLASlite: Carnegie Landsat Analysis System - Lite

CHP: Canopy Height Profile (perfil de altura de dossel)

COP: Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do

Clima

DAP: Diâmetro à altura do peito

DEM: Digital Elevation Model (modelo digital de elevação)

DEGRAD: Sistema de Monitoramento de Degradação Florestal

DETER: Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real

DETEX: Detecção de Exploração Seletiva

DTM: Digital Terrain Model (modelo digital de terreno)

FEA: Floresta Estadual do Antimary

FREL: Forest Emission Level

GEE: Gases de Efeito Estufa

IBAMA: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IMAZON: Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia

INPE: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPCC: Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

ITTO: Organização Internacional de Madeira Tropical

LiDAR: Light Detection and Ranging (detecção e distanciamento da luz)

MFS: Manejo Florestal Sustentável

MLME: Modelo Linear de Mistura Espectral

MRV: Measurement, Report and Verification (Mensuração, Relato e Verificação)

PMFS: Plano de Manejo Florestal Sustentável

PPCDAm: Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal

PRODES: Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite

REDD+: Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation, and the role of

Conservation of Forest Carbon Stocks, Sustainable Management of Forests and Enhancement

of Forest Carbon Stocks

SFB: Serviço Florestal Brasileiro

UNFCCC: Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

1

1. INTRODUÇÃO

O Brasil tem apresentado expressivos resultados de redução de emissões de CO2

provenientes do desmatamento no bioma Amazônia (INPE, 2017). Estes resultados foram

reportados no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

(UNFCCC) (MMA, 2016). Por outro lado, a degradação florestal é um processo de

alteração do estado da floresta madura e a extração seletiva de madeira também contribui

para o balanço do carbono na Amazônia brasileira, representando 33% das fontes de

carbono em anos sem secas extremas (ARAGÃO et al., 2014). A extração madeireira,

que consiste na remoção de árvores madeireiras com valor comercial, é um importante

uso da terra na Amazônia brasileira e pode causar mudanças de estrutura a longo prazo e

perda de biomassa florestal.

A floresta amazônica brasileira é a principal fonte de madeira tropical para o

mercado nacional e também uma fonte significativa para os mercados internacionais.

Contudo, a atividade madeireira afeta extensas áreas de florestas maduras na Amazônia

(ASNER et al., 2005) e nos trópicos em geral (HIRSCHMUGL et al., 2014). Mas quando

esta atividade é praticada a partir dos princípios e fundamentos do manejo florestal, ela

pode ser uma grande aliada no esforço para reduzir a perda de cobertura florestal da

Amazônia, evitando o corte seletivo desordenado.

Após a estabilização das taxas de desmatamento da Amazônia Legal na última

década (INPE, 2015) e a redução de 82% em 2012 em comparação a 2004, o governo

brasileiro enfrenta novos desafios para cumprir a legislação brasileira sobre mudança do

clima que determina que até 2020 a taxa anual de desmatamento alcance no máximo

3.915 km² e cause, por consequência, uma diminuição nas emissões de carbono. Porém,

as emissões de carbono devido à degradação florestal podem ser da mesma magnitude

que o desmatamento (ASNER et al., 2005; NEPSTAD et al., 1999) e tendem a aumentar

dada a rápida expansão da atividade madeireira nos trópicos e a diminuição da oferta de

madeira no mercado asiático (HIGUCHI et al., 2006). A degradação das florestas é uma

preocupação global e uma questão contemporânea importante para vários países devido

2

a Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) de 2010 ter estabelecido a meta de

restauração de pelo menos 15% dos ecossistemas degradados até a próxima década.

A comunidade científica internacional recomenda um sistema de monitoramento

de florestas que combine dados de inventários florestais e de sensoriamento remoto

(DEFRIES et al., 2007; GOETZ et al., 2009; IPCC, 2014) visto que os sistemas

atualmente existentes não são capazes de fornecer a exatidão necessária para avaliar as

mudanças nos estoques de carbono devido à degradação e recuperação florestal (ASNER

et al., 2005; UNFCCC et al., 2009). Durante o Acordo de Copenhagen (COP 15), surgiu

a demanda para o estabelecimento de um sistema de monitoramento florestal a nível

subnacional ou nacional que combine sensoriamento remoto com inventários de campo e

que considere as circunstâncias de cada país para estabelecer os níveis de referência a

serem adotados para avaliar as ações de REDD+1 (UNFCCC, 2009).

O papel do desmatamento nas mudanças dos ecossistemas é comprovado e

facilmente calculado, mas a degradação florestal por extração seletiva de madeira é mais

difícil de discernir e quantificar utilizando produtos de sensoriamento remoto, pois a

retirada de árvores apresenta respostas altamente variáveis nos danos da copa e podem

ser confundidas com o dossel intacto. Desta forma, monitorar a exploração madeireira em

escala regional é uma questão desafiadora porque requer dados de alta resolução espacial

para identificar a retirada de árvores e frequente revisita para acompanhar o surgimento

de feições relacionadas à infraestrutura da exploração florestal, como abertura de pátios,

estradas e trilhas de arraste.

Apesar da complexidade para mapear a exploração madeireira por sensoriamento

remoto, alguns estudos já foram realizados utilizando séries temporais de imagens de

satélite de média resolução espacial, a maioria deles apresentaram estudos de caso na

Amazônia Oriental (SOUZA; BARRETO, 2000; SOUZA et al., 2003; STONE;

1 Sigla em inglês para redução de emissões por desmatamento; redução de emissões por degradação

florestal; conservação do estoque de carbono florestal; manejo sustentável de florestas e aumento dos

estoques de carbono florestal. A definição de REDD+ de acordo com a terminologia da COP13 compreende

ações locais, subnacionais, nacionais e globais cujo principal objetivo é reduzir as emissões do

desmatamento e degradação florestal e melhorar os estoques de carbono nos países em desenvolvimento.

3

LEFEBVRE, 1998). A degradação florestal tem sido levada em consideração por alguns

investigadores, como ASNER et al. (2005), MATRICARDI et al. (2013) e SOUZA, JR

et al. (2013) com estudos mais abrangentes para a Amazônia Legal, porém envolvendo

séries históricas de no máximo uma década e com dados de campo relacionados apenas à

validação do mapeamento. Entretanto, esses estudos ainda não foram replicados para

incorporar um programa operacional de monitoramento da degradação florestal por corte

seletivo na Amazônia.

A Força Tarefa do IPCC reunida em Yokohama em 2010 observou que os

métodos existentes não forneciam detalhes suficientes para detectar a perda de biomassa

em florestas exploradas por corte seletivo e apontou a necessidade de fornecer orientações

adicionais sobre sistemas de monitoramento florestal, incluindo questões sobre avaliação

de exatidão e incertezas (IPCC, 2010). A necessidade de obter estimativas mais

consistentes da exploração madeireira mostra que o monitoramento desta atividade é um

campo da ciência que necessita avançar para contribuir com programas e políticas de

diminuição dos impactos da mudança do clima nos países tropicais.

Para possibilitar um entendimento do processo de degradação em longo prazo,

com dados de parcelas permanentes e análise temporal de dados de sensores remotos,

estudos são necessários para preencher lacunas importantes nessa questão científica.

Estudos recentes, incluindo dados de inventários florestais, foram realizados no sudoeste

da Amazônia com levantamento a laser aerotransportado (ANDERSEN et al., 2014;

D’OLIVEIRA et al., 2012). O cruzamento de imagens de satélite com informações de

campo é uma abordagem promissora para o monitoramento e controle da degradação

florestal, avaliando se um plano de manejo está sendo conduzido de forma a reduzir os

impactos da exploração. A estratégia de adotar o uso de sensores remotos combinados

com dados de inventários florestais que possam ser aplicados de maneira sistemática para

a detecção da exploração madeireira na Amazônia é uma alternativa para monitoramento

em grande escala, fornecendo dados frequentes para subsidiar a fiscalização ambiental.

No contexto das políticas de REDD+ o monitoramento da exploração madeireira

tem um papel importante uma vez que os dados de degradação ainda não foram utilizados

4

para reportar o nível de referência de emissões florestais (FREL) do país (MMA, 2014).

A quantificação da degradação e recuperação florestal é um dos principais impedimentos

para a implementação de mecanismos REDD+ (AGUIAR et al., 2012; MITCHARD et

al., 2014). O monitoramento contínuo da exploração madeireira é necessário para reportar

as estimativas relacionadas às emissões de carbono por degradação florestal. Embora

desde 2008 já exista um sistema de monitoramento da degradação na Amazônia, o

Programa DEGRAD, essa atividade não foi incluída no FREL do Brasil devido a curta

série temporal existente não gerar taxas de áreas exploradas periodicamente e para todos

os estados da Amazônia. Deste modo, até o momento o Brasil utiliza somente os dados

de desmatamento para reportar as emissões de carbono, apesar de assumir protagonismo

nas negociações sobre REDD+ no âmbito da UNFCCC. Contudo, a avaliação do FREL

do Brasil propôs, dentre outros aspectos, a inclusão do monitoramento da degradação

florestal da Amazônia.

De acordo com o Marco de Varsóvia de REDD+, para países em desenvolvimento

receberem pagamentos por resultados de redução de desmatamento e degradação devem

antes passar por um processo de Mensuração, Relato e Verificação (MRV). Assim, o

Brasil tornou-se o primeiro país a concluir a implementação do Marco de Varsóvia e a ter

resultados de REDD+ verificados, passando a receber recursos de pagamentos por seus

resultados de redução de emissões provenientes do desmatamento no bioma Amazônia

(MMA, 2016). Levando em consideração o local de destaque ocupado pela Amazônia

brasileira nas discussões relacionadas ao cenário de mudança climática, torna-se

necessário identificar áreas sob extração seletiva de madeira que possibilitem convergir

para sistemas de monitoramento florestal.

A adoção de métodos de mapeamento combinando informações de campo e

sensoriamento remoto é necessária para diminuir as incertezas das estimativas de carbono

florestal e no cumprimento dos requisitos existentes de inventário de Gases de Efeito

Estufa (GEE) e será especialmente importante em áreas com projetos de REDD+, como

no Acre, primeiro estado a implementar um Sistema de Incentivos por Serviços

Ambientais. O presente trabalho busca responder a seguinte pergunta: qual a capacidade

de monitorar a exploração madeireira utilizando dados de sensores remotos após a

5

ocorrência da exploração em florestas do sudoeste da Amazônia brasileira e como estes

dados se relacionam com parâmetros obtidos em parcelas de campo? Deste modo, a

exploração madeireira ocorrida em uma área de concessão florestal no Acre foi analisada

a partir da combinação de dados LANDSAT, RapidEye e LiDAR e parcelas de campo

para compreender o potencial destes sensores em fornecer estimativas de degradação

florestal e oferecer suporte à definição de políticas e estratégias de ação e controle ligadas

ao monitoramento da Amazônia.

6

2. REFERENCIAL TEÓRICO

No presente tópico é apresentada a fundamentação teórica mais diretamente

relacionada ao escopo da tese, incluindo os principais conceitos ligados ao tema e os

estudos mais relevantes publicados nas últimas décadas. Inicialmente é apresentada uma

breve síntese sobre a mudança climática global e as consequências para as florestas

tropicais. O conceito de degradação florestal é discutido, bem como a importância da

exploração madeireira na Amazônia. Em seguida é revisada a potencialidade do

monitoramento florestal com o uso de imagens de satélites, abordando as principais

técnicas adotadas para detectar e mapear a degradação florestal por corte seletivo na

Amazônia brasileira. Por último, é abordado o avanço da tecnologia de escaneamento a

laser aerotransportado na área florestal, bem como os componentes de um sistema

Airborne Laser Scanner (ALS), funcionamento e propriedades do escaneamento.

2.1. A Amazônia no contexto da mudança do clima

As questões relacionadas à mudança do clima fazem parte da discussão da

comunidade internacional desde a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento realizada em 1992 na cidade do Rio de Janeiro. No entanto,

iniciativas anteriores são reportadas desde eventos que aconteceram a partir de 1972,

como a Conferência de Estocolmo que criou o Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA), influenciando os países a criarem estruturas executivas para tratar

de temas ambientais.

Em 1988 foi criado o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC),

com o propósito de fornecer uma visão científica do estado atual da mudança do clima,

bem como suas potenciais consequências ambientais e socioeconômicas. Em 1992 foi

criada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) que

entrou em vigor em 1994 com o objetivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito

estufa na atmosfera reduzindo a interferência antrópica (UNFCCC, 1992).

7

A partir do ano seguinte, a Conferência das Partes (COP), órgão supremo da

Convenção do Clima, passou a reunir-se anualmente e em 1997, durante a COP-6, foi

assinado o Protocolo de Quioto que adotou limites para emissão dos gases de efeito estufa

em países desenvolvidos e ao mesmo tempo criou significantes incentivos para os países

em desenvolvimento controlarem as suas emissões em consonância ao crescimento

econômico. O Protocolo de Quioto foi assinado por mais de 160 nações e previa a

estabilização das emissões, em 2000, aos níveis de 1990, porém isto não ocorreu e as

emissões continuaram a crescer tanto nos países desenvolvidos como nos países em

desenvolvimento (MCT, 2015).

A Convenção sobre Mudança do Clima explica as mudanças climáticas como uma

diferença entre a variação do clima com e sem a interferência humana, que contribua com

a variabilidade natural observada ao longo do tempo, alterando a composição da

atmosfera mundial (FCCC, 1992). Enquanto o IPCC define mudanças climáticas como

uma mudança no estado do clima que pode ser identificada por alterações na média e/ou

na variabilidade de suas propriedades e que persistem por um longo período de tempo,

normalmente décadas (IPCC, 2007).

Neste aspecto, a definição do IPCC se refere a qualquer mudança do clima ao

longo do tempo, seja devido às causas naturais ou antrópicas, enquanto que o conceito

das Nações Unidas atribui as mudanças climáticas direta ou indiretamente às atividades

humanas. A permanência do padrão atual de emissões de gases de GEE para a atmosfera

resultante de ações antrópicas representa alta probabilidade de que haverá mudanças

climáticas globais de grande magnitude ocorrendo nos próximos 100 anos no país,

destacando-se o aumento de temperatura, modificações nos padrões de chuvas e

alterações na distribuição de extremos climáticos tais como secas, inundações, penetração

de frentes frias, tempestades severas, vendavais, dentre outros (MARENGO; SOARES,

2003; NOBRE, 2001).

8

2.2.Redução das emissões pelo desmatamento e degradação florestal

O relatório do IPCC que trata sobre LULUCF2 introduziu o tema desmatamento

evitado em florestas tropicais ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

REDD+ é considerado um instrumento internacional para pagamento de resultados de

redução de emissões relacionadas ao setor florestal. Cinco mecanismos para gerar

créditos de REDD+ são atualmente considerados pela UNFCCC: i) redução de emissões

por desmatamento; ii) redução de emissões pela degradação florestal; iii) conservação de

florestas; iv) manejo florestal sustentável e v) aumento dos estoques de carbono. Cabe

destacar o histórico de criação do REDD+, introduzido no contexto das negociações

relacionadas às florestas tropicais durante a 11ª Conferência das Partes (COP-11)

realizada em Montreal em 2005, quando Costa Rica e Papua Nova Guiné apresentaram

conjuntamente uma proposta de redução de emissões por desmatamento em países em

desenvolvimento. Com isso, abordagens para estimular ações foi oficialmente

introduzido na agenda da UNFCCC.

A modalidade REDD+ foi baseada no fato que o desmatamento em países em

desenvolvimento contribui com uma quantidade significativa de emissões de GEEs

partindo das seguintes premissas: (i) a Convenção do Clima é omissa em relação à

redução de emissões por meio do desmatamento; (ii) não há como os países em

desenvolvimento se engajarem ao Protocolo de Quioto para as reduções de suas emissões;

(iii) na ausência de rendas para florestas em pé, as comunidades e os governos de países

em desenvolvimento têm poucos incentivos para impedir o desmatamento; (iv) as nações

em desenvolvimento estão preparadas para estimar as suas contribuições à estabilidade

do clima global baseado no “acesso justo e igual aos mercados de emissões de carbono”

e (v) a estabilidade climática dependerá da expansão igual dos sistemas de mercados

iniciados pelo Protocolo de Quioto devendo facilitar e integrar a participação dos países

em desenvolvimento. Os mecanismos de REDD foram aprovados durante a COP 11 e

ganhou destaque no Quarto Relatório de Avaliação do IPCC (HIGUCHI et al., 2009).

2 Do inglês, Land Use Change and Forestry.

9

Durante a COP 13 de Bali, em 2007, foi adotado o Plano de Ação de Bali que

estabeleceu as negociações pós-Kyoto, ou seja, sobre medidas de cooperação de longo

prazo, com início imediato até 2012. Então, naquele momento, a modalidade de

degradação florestal foi incorporada ao RED, passando a ser denominado REDD. Os

países com florestas tropicais foram encorajados a desenvolverem “atividades de

demonstração” subsidiando o desenvolvimento de uma linha de base3 para emissões

nacionais historicamente contabilizadas (UNFCCC, 2008).

O termo REDD+ foi formalmente adotado durante a COP 16 de Cancun, em 2010,

passando a ser formalmente incorporado à agenda climática da UNFCCC como um

elemento de um acordo pós-Kyoto. Assim, REDD+ assumiu sua conotação atual, ou seja,

de um mecanismo ou política que contempla formas de prover incentivos positivos aos

países em desenvolvimento para enfrentar as mudanças climáticas. No Brasil, o

Ministério do Meio Ambiente é o órgão que coordena o debate em torno das negociações

e elaborou uma estratégia nacional de REDD+, definindo orientações metodológicas em

alinhamento com as decisões internacionais no âmbito UNFCCC (MMA, 2016).

No contexto das discussões sobre mudanças climáticas, os conceitos relacionados

à floresta, degradação florestal e desmatamento têm relevância por estarem estritamente

relacionados às emissões de carbono, e por consequência possibilitam implicações para

projetos de REDD+. A degradação florestal e o desmatamento são processos distintos,

uma vez que o desmatamento representa a retirada da cobertura florestal por corte raso,

enquanto a degradação florestal pode levar vários anos (BARLOW; PERES, 2008). Desta

forma, o desmatamento envolve a conversão das florestas para outros tipos de cobertura

do solo e a degradação ocorre quando as florestas permanecem com cobertura florestal,

mas tem comprometido sua capacidade para fornecer serviços ecossistêmicos ou sofrem

grandes mudanças na composição de espécies devido à sobre-exploração, invasão de

espécies exóticas, poluição, incêndios ou outros fatores (SASAKI; PUTZ, 2009).

3 Linha de base é o cenário de referência contra o qual uma mudança na emissão ou remoção de GEE é

medida (IPCCC, 2000).

10

Diferentes conceitos são utilizados para definir a degradação florestal. Simula

(2009) a define como uma redução em longo prazo da oferta potencial total de benefícios

da floresta, que inclui carbono, madeira, biodiversidade e outros bens e serviços, enquanto

que a Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO, do inglês International

Tropical Timber Organization) define a degradação florestal como uma perda direta

provocada pelo homem de valores florestais (especialmente carbono), que provavelmente

será caracterizado por uma redução da cobertura arbórea. Este conceito não considera o

manejo florestal como degradação florestal ao assumir que a cobertura do dossel vai se

recuperar ao longo dos anos. Por outro lado, a degradação florestal é considerada como

uma redução dos estoques de biomassa em X% por um tempo Y (SCHOENE et al., 2007).

2.3.Exploração madeireira na Amazônia

A exploração de madeira é uma atividade econômica de grande expressão na

Amazônia brasileira, envolvendo o desdobramento de uma média anual de 25 milhões de

metros cúbicos de toras entre 1990 a 2015 (IBGE, 2015). A atividade madeireira na

Amazônia brasileira começou historicamente há cerca de 300 anos com a exploração de

poucas espécies nas regiões de várzea (BARROS; UHL, 1995). Por volta dos anos 50 do

século passado iniciou-se a produção de madeira a partir de serrarias industriais e pode-

se citar como os primeiros exemplos da extração seletiva a exploração de duas espécies

típicas de áreas alagáveis conhecidas como virola (Virola surinamensis) e andiroba

(Carapa guianensis) (BARROS; UHL, 1995; ZARIN et al., 2001). A partir da década de

1970 a atividade teve um impulso com a chegada de imigrantes para a região, vindos

principalmente das regiões sul e sudeste do país, e também em virtude da exaustão de

florestas tropicais na Mata Atlântica (LENTINI; VERÍSSIMO; SOBRAL, 2003).

Nas últimas décadas, o corte de espécies arbóreas de alto valor comercial tem se

tornado uma importante atividade na Amazônia (STONE; LEFEBVRE, 1998; NEPSTAD

et al., 1999). Este cenário tornou-se mais comum a partir da construção de estradas na

região durante as décadas de 60 e 70 que permitiram a expansão da extração seletiva de

madeira das florestas de terra firme (UHL; VIEIRA, 1989; UHL et al., 2010). A partir de

11

então, a exploração de madeira praticada na Amazônia pode ser caracterizada de duas

formas: i) exploração convencional ou exploração predatória, caracterizada pela

exploração sem planejamento em que as estradas e os pátios de estocagem seguem formas

desordenadas e mais longas, os cipós não são cortados antes da exploração e as árvores

são derrubadas sem um levantamento técnico para o corte, causando maior impacto na

floresta; e ii) exploração manejada, caracterizada pelo planejamento da construção de

estradas, pátios de estocagem e ramais de arraste, do corte de cipós antes da exploração e

da derrubada direcional das árvores (JOHNS; BARRETO; UHL, 1996; VIDAL et al.,

1997).

UHL et al. (1997) descrevem três formas de exploração madeireira em florestas de

terra firme na Amazônia: a primeira está relacionada à exploração de baixo impacto que,

mesmo requerendo a abertura de quilômetros de estradas no interior da floresta, causa

poucos danos ao ecossistema florestal em razão da distribuição espacial e baixa densidade

de indivíduos adultos por hectare das espécies exploradas; a segunda ocorre nas áreas

próximas às estradas construídas pelo governo, onde algumas árvores são removidas por

hectare; a terceira é de alto impacto, caracterizando-se pela extração de mais de 100

espécies de árvores, isto é, 5 a 10 indivíduos por hectare.

A exploração predatória de madeira extrai de 30 a 50 metros cúbicos de madeira

em tora por hectare e reduz a cobertura total do dossel original de 80% para 45% em

florestas ombrófilas densas (UHL; VIEIRA, 1989). A redução pode chegar a 39% quando

a floresta é submetida à exploração de madeira seguida de intensa queimada (GERWING,

2002). A extração seletiva remove tipicamente 3 a 9 árvores por hectare de

aproximadamente 100 espécies com valor comercial (VERISSIMO et al., 1992).

Nas áreas submetidas à exploração por mais tempo ocorre redução de matéria-

prima, ou a falta local de madeira, que juntamente com os altos custos de transporte de

toras de árvores provenientes de florestas distantes pode provocar uma continuação da

sequência da exploração descrita por Uhl et al. (1997). Deste modo, novas extrações

removem aproximadamente todos os indivíduos restantes de espécies comerciais,

12

incluindo aqueles considerados anteriormente muito pequenos, ou seja, de diâmetros

inferiores aos usualmente considerados de corte.

Laurance (1998) estimou que aproximadamente 80% das espécies exploradas são

ilegais e ocorrem sem qualquer tipo de manejo florestal, enquanto Lentini et al. (2005)

estimou que 50% provém de fonte ilegal. Estima-se que 66% do volume de madeira em

toras extraído na Amazônia são oriundas de áreas autorizadas (SFB; IMAZON, 2010).

A exploração de madeira na Amazônia é influenciada pela demanda por madeira

no mercado internacional, em razão do esgotamento desse recurso na Ásia (HIGUCHI,

1994) e também devido a limitação dos recursos florestais nas regiões Sudeste e Sul do

Brasil (VERÍSSIMO; LIMA; LENTINI, 2002). A indústria madeireira é um propulsor

econômico que gera lucros e tem o potencial de ser uma fonte renovável para a Amazônia,

porém este setor é afetado pelo baixo capital de investimento e dificuldades enfrentadas

pela fiscalização para coibir a ilegalidade na exploração madeireira (ASNER et al.,

2009a). Estes fatores impedem o fortalecimento de uma atividade madeireira sustentável

e que se estabeleça a longo prazo na região em razão da concorrência desleal para os

empresários que trabalham na legalidade, visto que o a extração de madeira sem

autorização é conduzida sob custos mais baixos (PEREIRA et al 2002; HOLMES et al,

2002,ASNER et al., 2009a).

Há dois procedimentos para obter a permissão legal para realizar exploração

madeireira na Amazônia: manejo florestal e desmatamento. O Manejo Florestal

Sustentável (MFS)4 é a atividade legalmente permitida para a produção florestal com

amparo na legislação por meio da Lei nº 12.651/2012, do Decreto 5.975/2006, das

Instruções Normativas MMA 04 e 05/2006 e da Resolução Conama 406/2009. O MFS

tem como requisito norteador o Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) que

orienta a atividade florestal a partir da caracterização do meio físico e biológico da Área

4 Definido pela Lei nº 12.651/2012 como a administração da vegetação natural para a obtenção de

benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema

objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies

madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e

serviços.

13

de Manejo Florestal (AMF), das técnicas de produção, intensidade de corte e ciclo de

corte estabelecido no PMFS, que varia entre 25 e 35 anos na Amazônia (SFB, 2017).

Enquanto o desmatamento é permitido por meio da Autorização de Supressão da

Vegetação (ASV) de 20% da área total de propriedades rurais amazônicas.

2.4.Monitoramento por satélite da exploração madeireira

A extensão, intensidade da exploração madeireira e tempo após a exploração são

os fatores mais relevantes para se entender os efeitos diretos da retirada de madeira sobre

a floresta, bem como a resposta nas imagens de satélites. Stone e Lefebvre (1998)

mostraram que os dados causados pela atividade madeireira podem ser identificados em

três anos ou menos nas imagens de satélite. Nos primeiros anos após a exploração

florestal, a estrutura da vegetação nos sítios explorados é inversa à estrutura da floresta

original, ou seja, essas áreas apresentam um grande crescimento secundário nos estratos

mais baixos e um dossel aberto, por isso a detecção de florestas previamente cortadas (>1

ano) torna-se bastante complexa.

Estimativas de áreas de florestas afetadas pela exploração madeireira têm sido

realizadas através de técnicas de interpretação visual de imagens obtidas dos sensores TM

e ETM+ do satélite LANDSAT. A localização e extensão da extração seletiva em uma

região a oeste de Paragominas no Pará foram delimitadas a partir de imagens do sensor

TM/LANDSAT dos anos de 1986, 1991 e 1998 por Stone e Lefebvre (1998) com

emprego das técnicas de interpretação visual nas imagens e classificação supervisionada

(algoritmo de máxima verossimilhança). Os resultados mostraram que a área explorada

naquela região em 1991 (32%) foi mais que o dobro da área identificada cinco anos antes

(14%). A exploração seletiva observada em 1991 foi mais amplamente distribuída do que

em 1986, quando a maior concentração ocorreu longe do centro urbano de Paragominas.

Enquanto na região oeste do estado, indícios de exploração madeireira identificados nas

imagens de 1986 não estavam aparentes nas imagens de 1991 (STONE; LEFEBVRE,

1998).

14

Apesar da interpretação visual permitir a delimitação entre as áreas exploradas

pela atividade madeireira e áreas de florestas tropicais intactas, o delineamento das áreas

exploradas por este método está sujeito a erros subjetivos de interpretação. Áreas com

atividades de exploração sutis tais, como aquelas de baixa intensidade de exploração ou

em fase inicial podem ser desconsideradas pelo intérprete, aumentando a incerteza na

estimativa das áreas exploradas. Desta forma, técnicas de processamento de imagens

também são utilizadas na delimitação automática realizada por algoritmos de

classificação para mapeamento da exploração madeireira.

Graça (2006) encontrou resultados satisfatórios ao evidenciar áreas sob

exploração madeireira a partir de imagens fração. As imagens fração solo, vegetação e

sombra apresentam em tons de cinza mais claro a predominância dos componentes puros

de suas respectivas frações. O componente solo realça áreas de solo exposto, permitindo

identificar com facilidade as estradas de acesso e áreas de pátios de estocagem. Alvos

como estradas e pátios nas imagens TM/LANDSAT são indicadores importantes na

detecção de áreas de floresta exploradas (STONE; LEFEBVRE, 1998; WATRIN;

ROCHA, 1992).

As aberturas no dossel da floresta causadas pela exploração de madeira são

visíveis em imagens Landsat, contudo a vegetação se recupera dentro de 1 a 5 anos e

podem ser classificados erroneamente na ausência de dados de campo (NEPSTAD et al.,

1999). Muitas atividades podem causar degradação das reservas de carbono das florestas,

porém nem todas podem ser monitoradas usando dados de sensoriamento remoto. A

abertura no dossel causada pelo corte seletivo de árvores pode ser detectada em imagens

LANDSAT utilizando técnicas sofisticadas e esta tarefa torna-se mais fácil quando a

atividade de exploração madeireira é mais intensa, ou seja, maior número de árvores

explorado (GOFC-GOLD, 2015).

Áreas de florestas submetidas à extração seletiva também podem ser interpretadas

em imagens de sensoriamento remoto baseadas na observação das estradas e pátios que

muitas vezes são claramente reconhecíveis nas imagens, enquanto que a degradação do

estoque de carbono por incêndios florestais são mais difíceis de identificar a partir das

15

imagens de satélite (GOFC-GOLD, 2015). O impacto da exploração madeireira deixa

marcas características associadas a solo exposto, vegetação secundária, árvores mortas

caídas e em pé, árvores danificadas, cicatriz de fogo florestal, manchas florestais

inalteradas, pátios de estoque de madeira e trilhas de arraste (MATRICARDI et al., 2010)

Nos últimos anos, diferentes sistemas de monitoramento foram desenvolvidos com

o intuito de mapear a extensão de áreas com degradação florestal na Amazônia, como o

sistema de Detecção de Exploração Seletiva de Madeira (DETEX) com o objetivo de

produzir mapeamentos de ocorrência de exploração seletiva de madeira nos Distritos

Florestais Sustentáveis pertencentes ao Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e o Programa

de Monitoramento da Degradação Florestal (DEGRAD) fornecendo estimativas anuais

de áreas degradadas na Amazônia, cujos programas foram desenvolvidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O projeto Detecção do Desmatamento em Tempo Real (DETER-B), também

executado pelo INPE para identificar e mapear, em tempo quase real, alterações na

cobertura florestal com área mínima próxima de 1ha com uso de imagens do Satélite Sino-

Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-4) e do satélite Indian Remote Sensing

Satellite (IRS), com 64 e 56 metros de resolução espacial, respectivamente. No DETER-

B, a identificação da exploração madeireira é feita por interpretação visual com base em

cinco elementos principais (cor, tonalidade, textura, forma e contexto) e utiliza a técnica

de Modelo Linear de Mistura Espectral (MLME), conjuntamente com sua imagem

multiespectral em composição colorida para mapear corte seletivo. O DETER-B

diferencia duas classes de corte seletivo: desordenado e geométrico (DINIZ et al., 2015).

O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) desenvolveu o

Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) utilizando técnicas para detectar, quantificar

e monitorar o desmatamento e a degradação florestal, gerando estimativas mensais para

a Amazônia (SOUZA, JR et al., 2013). Outro sistema bastante difundido para monitorar

a degradação florestal e aplicado também em outros países é o Sistema de Análise

Carnegie Landsat (CLASlite), adotado por Asner et al. (2009).

16

Shimabukuro e Smith (1991) utilizaram uma relação linear para representar a

mistura espectral dos componentes dentro do elemento de resolução do sensor. Assim, a

resposta de cada pixel, em qualquer banda espectral, pode ser definida como uma

combinação linear das respostas de cada componente, desde que esteja no alvo

sensoriado. Desse modo, cada pixel da imagem, que pode assumir qualquer valor dentro

da escala de cinza, contém informações sobre a proporção e a resposta espectral de cada

componente dentro de cada elemento de resolução. O Modelo Linear de Mistura Espectral

visa estimar a proporção dos componentes, tais como solo, sombra e vegetação, para cada

pixel, a partir da resposta espectral nas diversas bandas, gerando imagens fração

vegetação, solo e sombra (SHIMABUKURO; SMITH, 1991). O modelo de mistura

espectral pode ser escrito como:

iiiii esombracsolobvegar (Equação 1)

Onde ir é a resposta do pixel;

i representa a banda específica utilizada; cba ,, são as

proporções de vegetação, solo e sombra (ou água), respectivamente;

iii sombrasoloveg ,, são as respostas espectrais das frações vegetação, solo e sombra

(ou água), respectivamente; ie significa o erro na banda utilizada.

Na análise de mistura espectral são usados endmembers para estimar as

abundâncias de sombra, solo, vegetação e erro. A análise de mistura espectral assume que

a superfície da imagem é formada por um pequeno número de materiais distintos que têm

propriedades espectrais relativamente constantes, tal que:

bbiIb DNFDN , (Equação 2)

para:

1 IF (Equação 3)

Onde bDN = o número digital da banda b; IF = a fração do endmember; biDN ,

= o

número digital relativo do endmember; e b = é o erro na banda b.

17

O Modelo de Linear de Mistura Espectral tem a finalidade de identificar a

proporção do padrão de resposta espectral de diferentes alvos que compõem um elemento

de cena. Isto porque a irradiância medida pelo sensor em um ponto é dada pela integração

das respostas de cada um dos componentes de um elemento de cena (pixel), uma vez que,

em geral, a resolução espacial de um sensor permite a inclusão de mais de um tipo de

objeto dentro de um pixel (WU; MURRAY, 2003).

O Sistema de Análise Carnegie Landsat (CLASlite) é um sistema desenvolvido para

mapear as alterações na estrutura florestal a partir da extração por corte seletivo e está

disponível gratuitamente na internet (http://claslite.stanford.edu). Este sistema baseia-se

na conversão de imagens de satélite de seu formato original, através de calibração, pré-

processamento, correção atmosférica e as etapas de máscara de nuvens, análise Monte

Carlo e de Mistura Espectral para gerar uma imagem classificação do corte seletivo.

O CLASlite pode ser utilizado com uma variedade de imagens de satélite, como

LANDSAT, ASTER, MODIS e SPOT (ASNER et al., 2009b). O CLASlite utiliza uma

abordagem de mapeamento automatizado por satélite para determinar cada um dos

componentes da estrutura da floresta: a cobertura fracional do dossel, da vegetação morta

e das superfícies desprovidas de vegetação (solo exposto). A análise da cobertura

fracional é a essência do CLASlite, pois tais coberturas fracionais são determinantes

básicos da composição, fisiologia, estrutura, biomassa e processos biogeoquímicos do

ecossistema.

Diferentes estimativas de área afetada pela exploração madeireira foram reportadas

nos últimos anos, como 10.000-15000 Km2/ano no estudo conduzido por Nepstad et al.

(1999). Enquanto que Santos et al. (2001) estimaram 17.146 Km2 no período de 1988 a

1998. Estudo divulgado por Asner et al. (2005) mostrou que a exploração de madeira

entre 1999 e 2002 atingiu de 12 mil a 19,8 mil Km2 de cobertura florestal por ano nos

Estados do Acre, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima. Matricardi et al. (2013)

utilizaram dados de imagens de satélite e estimaram que mais de 17.000 km2 de florestas

foram degradadas na Amazônia em 1999. Souza et al. (2013) estimaram que no período

compreendido entre os anos de 2000 e 2010, uma área de aproximadamente 50.000 km2

18

de floresta amazônica brasileira sofreu algum tipo de degradação em razão da exploração

seletiva de madeira ou ocorrência de fogo.

2.5.O uso do LiDAR na área florestal

Ao longo das últimas décadas, as plataformas aéreas começaram a preencher uma

lacuna entre as medidas fornecidas em estudos de campo e aqueles por sensores baseados

em satélite. O sistema LiDAR5 apresenta sua própria fonte de energia, neste caso, uma

fonte de luz, o laser, a qual emite radiação eletromagnética em ondas curtas (1-10 m)

sendo sensíveis às perturbações atmosféricas.

O LiDAR é considerado um método direto na captura de dados e é classificado

como um sensor ativo. Os pulsos de laser do LiDAR podem penetrar por diferentes

aberturas no dossel da floresta e fornecer informações sobre a estrutura florestal e também

sobre o relevo destas áreas. A tecnologia LiDAR baseia-se nos mesmos princípios

utilizados no sistema de radar, com a diferença de que ao invés do uso de ondas de rádio

para localizar os objetos de interesse, o sistema LiDAR utiliza pulsos a laser (GIONGO

et al., 2010).

As métricas, estatísticas que resultam de processamento da nuvem de pontos

LiDAR, tem grande aplicação na área florestal por permitirem caracterizar a estrutura

vertical e horizontal da vegetação, parametrizar a forma de árvores individuais; qualificar

o modelo digital do terreno e modelar as variáveis florestais. As métricas podem ser

classificadas em grupos: i) métricas de contagem, ii) métricas de elevação ou altura, iii)

métricas de intensidade do retorno, iv) métricas topográficas (GORGENS; SILVA;

ESTRAVIZ, 2014). A Figura 1 demonstra o funcionamento desse sistema, ilustrando um

único feixe emitido do avião e o retorno originado na copa da árvore.

5Light Detection and Ranging

19

Figura 1. Representação do funcionamento de um sistema de escaneamento a laser

aerotransportado, ilustrando um único feixe emitido do avião e o retorno originado na

copa da árvore. No detalhe da figura, ilustram-se vários feixes emitidos do avião. Fonte:

adaptado de Reutebuch; Andersen; Mcgaughey, 2005; Diaz, 2011. Citado por Gorgens;

Silva; Estraviz, 2014.

O uso do sistema LiDAR aerotransportado é conhecido como ALS6 e normalmente

utiliza o seguinte processo: uma aeronave sobrevoa uma região e o equipamento laser

efetua uma varredura no chão perpendicular à direção do voo, determinando a distância

ao terreno. Assumindo que o dossel das árvores tem altura e densidade uniformes, então

quanto maior o ângulo de varredura a partir do nadir, maior será a quantidade de dossel

a ser penetrada para se atingir a superfície do solo e, portanto, adquirir a informação

necessária para produzir um modelo digital de terreno desprovido de vegetação. A Figura

2 ilustra a variação do ângulo de varredura em relação ao imageamento do terreno. Na

área de sensoriamento remoto para estudos de vegetação os tipos de laser utilizados são

aqueles com comprimento de onda próximo ao infravermelho (JENSEN, 2009).

6 Airbone Laser Scanning

20

Figura 2. Aquisição de dados de LiDAR. (a) Impacto causado pelo aumento do ângulo

de varredura. (b) Geração de múltiplos retornos a partir de um único pulso de luz laser.

Fonte: adaptado de Jensen, 2009.

O levantamento in situ utilizando métodos convencionais como instrumentos GPS

pode fornecer informações x, y, z precisas. Entretanto, os trabalhos de campo demandam

tempo e têm um alto custo por ponto adquirido. Mesmo com instrumentos GPS,

geralmente é difícil obter pontos em áreas com vegetação densa. Devido a esses

obstáculos, a densidade de observações x, y,z obtidas em uma área geralmente é baixa.

Isso torna necessário a interpolação entre pontos distantes para se produzir um modelo

digital do terreno (DTM) de uma área (JENSEN, 2009).

Nos últimos anos, a tecnologia LiDAR tem sido aplicada em florestas tropicais para

fins de estudos ecológicos e de avaliação de estoques de biomassa e carbono (SAATCHI

et al., 2011; ASNER et al., 2012; BACCINI et al., 2012; FELDPAUSCH et al., 2012;

ESPÍRITO-SANTO et al., 2014) e quantificar as mudanças estruturais na floresta

causadas pela exploração de madeira, mesmo em intensidades muito baixas de exploração

(D’OLIVEIRA et al., 2012).

21

O Sistema GLAS7 a bordo do satélite ICESat forneceu imagens no período de 2003

a 2005 para o globo. Baccini et al. (2012) e Saatchi et al. (2011) utilizaram dados GLAS

e de campo para gerar mapas de estoque de carbono florestal para regiões tropicais. Asner

et al. (2010) e Asner et al. (2012) obtiveram mapas de carbono florestal de alta resolução

de parte da Amazônia colombiana e peruana e todo o ecossistema florestal da Costa Rica,

utilizando dados LiDAR aerotransportado, imagens de satélite e parcelas no campo.

Longo et al. (2016) quantificaram o estoque de carbono acima do solo em áreas de floresta

intacta e degradada usando dados LiDAR aerotransportado e banco de dados de parcelas

de inventário florestal da Amazônia brasileira.

D’Oliveira et al. (2012) também utilizaram dados LiDAR para estimar a biomassa

acima do solo e da floresta e identificar áreas perturbadas pela exploração seletiva de

madeira em uma floresta manejada no estado do Acre. Andersen et al. (2014) testaram

dados LiDAR para estimar as mudanças associadas ao impacto da extração seletiva de

madeira em florestas tropicais na Amazônia Ocidental brasileira e encontraram resultados

que mostram que é possível quantificar as mudanças estruturais tanto no nível de solo

quanto de copa causadas por extração seletiva de madeira, mesmo em intensidades muito

baixas de exploração. Dados LiDAR permitem também estimar o crescimento florestal e

monitorar a exploração a partir de algoritmos para detecção de árvores extraídas (YU et

al., 2004).

Desta forma, é possível quantificar as mudanças estruturais tanto no nível de solo

quanto de copa causadas pela exploração de madeira, porém esta tecnologia ainda possui

um custo alto de imageamento das áreas de interesse. Yu et al. (2004) demonstraram

aplicação do uso do sistema laser aerotransportado para o monitoramento da exploração

florestal com o desenvolvimento de algoritmos para a detecção de árvores cortadas, sendo

também avaliado o crescimento das florestas.

7 Geoscience Laser Altimeter System

22

3. OBJETIVOS

3.1. Geral

Avaliar áreas florestais alteradas por corte seletivo no sudoeste da Amazônia

brasileira a partir da combinação de dados de campo e sensoriamento remoto.

3.2. Específicos

Para contemplar o objetivo principal deste trabalho, os objetivos específicos

foram:

a) Mapear e estimar a área afetada pela exploração madeireira na Floresta

Estadual do Antimary usando imagens de satélite para os anos de estudo (2009 a 2015);

b) Avaliar a exatidão do mapeamento da exploração madeireira e apresentar

a confiabilidade das estimativas obtidas a partir de classificação de imagens de satélites;

c) Mensurar a área afetada pela exploração florestal utilizando modelos

obtidos a partir de dados LiDAR aerotransportados;

d) Caracterizar a infraestrutura da exploração até o terceiro ano após a

extração seletiva em áreas afetadas pela atividade madeireira utilizando imagens Landsat,

RapidEye e dados LiDAR;

e) Estimar os estoques (volume e biomassa) de cobertura florestal antes e

depois da exploração com a utilização de parcelas permanentes e dados LiDAR.

23

4. MATERIAL E MÉTODOS

Nesta seção consta o procedimento metodológico adotado no decorrer da

pesquisa. Primeiramente é feito um relato da área de estudo com o histórico da atividade

madeireira até o presente, descrevem-se os métodos de coleta dos dados de campo e a

aquisição dos dados de sensores remotos e os respectivos processamentos para identificar

a degradação florestal por corte seletivo, bem como a análise dos dados.

4.1.Descrição da área de estudo

A Floresta Estadual de Antimary (FEA) está localizada na região leste do Acre,

entre Rio Branco e Sena Madureira, na divisa com o estado do Amazonas, entre as

coordenadas 68º 01’ a 68º 23’ W e 9º13’ a 9º 31’ S (Figura 3). Possui área total de 45.687

ha e a área de manejo florestal corresponde a 37.688 ha (82,49% da área total da FEA).

Figura 3. Localização da Floresta Estadual do Antimary, Estado do Acre, com

detalhamento da área de manejo florestal e Unidades de Produção Anual (UPA)

sobrepostas na imagem Landsat-8 de 23 de julho de 2016.

24

O clima da FEA é classificado como Am (Köppen), com temperatura média anual

entre 24 °C e 26 °C, estações seca e úmida bem definidas com precipitação total anual

entre 2.000 mm e 2.200 mm (ALVARES et al., 2013). A predominância da vegetação é

do tipo Floresta Aberta com Bambu associada com Floresta Densa (38% da área total da

floresta) e do tipo Floresta Densa associada com Floresta Aberta com Palmeiras (32%).

Os outros tipos representam 29% e compreendem Floresta Densa (14%), Floresta Aberta

com Palmeiras associada com Floresta Aberta com Bambu (6%), Floresta Aberta com

Bambu Dominante (3%), Floresta Aluvial Aberta com Palmeiras (2%) e área antropizada

(4%) (SEDENS, 2012).

O principal solo encontrado na área, de acordo com o sistema brasileiro de

classificação de solos, é o Argissolo. Este tipo de solo apresenta drenagem moderada e

baixa ou média fertilidade natural em razão do predomínio de minerais de argila de baixa

atividade e por estarem muitas vezes associados a condições de relevo mais

movimentado, são também bastante suscetíveis à erosão (SEDENS, 2012).

4.1.1. Manejo florestal na Floresta Estadual do Antimary

A Floresta Estadual do Antimary é considerada, de acordo com o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), uma Unidade de

Conservação de Uso Sustentável, e por isso é possível que a população residente utilize

por meio de concessão os recursos naturais de acordo com as recomendações previstas

em Plano de Manejo.

A criação da floresta pública do Antimary teve início na década de 80 com o

desenvolvimento de um projeto conjunto do Governo do Estado do Acre e o ITTO. O

projeto, executado pela Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (FUNTAC), tinha

como objetivo produzir informações básicas sobre a floresta em suas diversas dimensões

físicas, botânicas, faunísticas e humana.

25

A formalização da criação da Floresta Estadual do Antimary aconteceu em 07 de

fevereiro de 1997 por iniciativa do Governo do Estado do Acre (Decreto nº 46/1997). A

área da FEA era de 57.629 hectares no ano de sua criação, mas aumentou para 85.371 ha

a partir de 1998 com a incorporação de áreas dos Projetos de Assentamentos

Agroextrativistas (PAEs) Canary e Limoreiro por meio de um convênio do Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária e o Governo do Estado do Acre.

O Plano de Manejo Florestal da FEA foi elaborado pela FUNTAC e protocolado

junto ao IBAMA em 09 de novembro de 1995, estabelecendo o uso do Sistema Brasileiro

de Manejo Seletivo8 aplicado às condições de florestas de terra firme na Amazônia

brasileira. É um Sistema Silvicultural Policíclico onde a rotação é dividida em ciclos de

corte e tem como princípio a exploração de apenas uma parte das árvores comerciais que

atingiram o tamanho de corte, de modo que árvores de tamanho intermediário e parte das

árvores com diâmetro de corte constituem o estoque para o próximo ciclo. Técnicas

silviculturais são realizadas para reduzir os danos à floresta residual e os custos de

exploração. Elas também visam o aumento da produção via redução ou maximização do

potencial do próximo ciclo de corte, definido para um período de 30 anos.

Em 2002 foi lançada a licitação para a exploração florestal com fins madeireiros

na FEA e três empresas receberam a concessão de uso madeireiro empresarial na FEA.

No mesmo ano foi elaborado o Plano de Manejo Florestal Sustentável referente a área do

PAE Limoeiro, que resultou na liberação para o corte de madeira em regime sustentável9.

No ano seguinte aconteceu a primeira colheita, realizada por um consórcio

formado pelas empresas Ouro Verde, Acre Brasil Verde e Verne Lumber Brasil, em uma

área de 2,5 mil hectares do PAE Limoeiro. Em 2003, com a definição do novo traçado da

Linha Cunha Gomes e a exclusão do PAEs Canary e Limoeiro do escopo da FEA, a área

da FEA diminuiu para 65.966 ha. Porém, em virtude da constante pressão fundiária vivida

8 Denominação dada pela Embrapa. 9 Manejo florestal em regime sustentável é a aplicação de sistemas silviculturais em florestas destinadas à

produção madeireira e a condução da regeneração natural do povoamento remanescente, de modo a garantir

a contínua operação da capacidade instalada para o desdobro do produto da floresta (HIGUCHI, 1994).

26

no entorno, o Governo do Estado cedeu parte da área da FEA para a formação do Projeto

de Assentamento Edilza Carneiro, resultando na atual área de 47.064,67 ha.

A Área de Manejo Florestal (AMF) da FEA está dividida em 16 Unidades de

Produção (UPAs), sendo 15 destinadas à produção madeireira e 1 destinada para

conservação (reserva absoluta). Duas UPAs já foram exploradas e encontram-se em

pousio (UPA-1 e UPA-2) e duas estão em fase de exploração (UPA-3 e UPA-4). A área

das UPAs a serem exploradas após a elaboração dos Planos Operacionais Anuais (POAs)

equivale a 21.038 hectares (Figura 4).

Figura 4. Localização das Unidades de Produção na Floresta Estadual do Antimary. As

UPAs em destaque (cor cinza) foram exploradas no período de 2007 a 2017.

A primeira exploração ocorreu na UPA-01 em 2007 com a abertura de estradas,

pátios e abate de 176 árvores em duas semanas, tendo sido interrompida em outubro

daquele ano em razão do vencimento da Autorização para Exploração. Em razão disso,

esse ano foi desconsiderado na análise e o marco inicial do monitoramento da degradação

27

florestal na FEA considerado para este estudo foi o ano de 2009, quando a exploração foi

reiniciada e executada entre os meses de junho a novembro. As atividades exploratórias

na UPA-2 ocorreram em 2010 e 2011 e em 2012 houve a continuidade do transporte das

toras. A UPA-3 foi parcialmente explorada nos anos de 2011, 2012 e 2013. A área

remanescente desta UPA recebeu Autorização para Exploração (AUTEX) em 2017.

A intensidade de corte foi 10,5 m³/ha na UPA-1, 13,3 m³/ha na UPA-2 e 11,6

m³/ha na UPA-3 (CARVALHO et al., 2017). A Tabela 1 apresenta as informações sobre

os processos vinculados ao Plano de Manejo Florestal Sustentável.

Tabela 1. Detalhes das Unidades de Produção Anual (UPA) na Floresta Estadual do

Antimary, Estado do Acre.

Identificação Área (ha) Processo Situação Ano da Exploração

RA-16 2362,08 - Reserva absoluta -

UPA-01 1508,26 POA-2005 Explorada 2007 e 2009

UPA-02 3732,99 POA-2006 Explorada 2010 e 2011

UPA-03 3971,62 POA-2011 Explorada 2011, 2012 e 2013

UPA-04 2685,29 POA-2015 Explorada 2016

O microzoneamento da área de produção em cada UPA definiu a largura média

entre 6 e 10 metros para as estradas primárias ou principais e 3,5 e 6 metros para as

estradas secundárias e terciárias. Ao longo das estradas secundárias são distribuídos os

pátios de estocagem com dimensões médias de 20 e 25 metros.

4.2.Coleta de dados

4.2.1. Parcelas permanentes

Os dados de parcelas permanentes foram coletados na UPA-3 a partir de um

inventário florestal realizado na área coberta pelo voo do LiDAR, onde foram instaladas

10 parcelas quadradas (100 x 100m) em uma área amostral de 10 ha, distribuídas

sistematicamente ao longo de cinco linhas. Todos os indivíduos acima de 10 cm de

28

diâmetro à altura do peito (DAP) foram marcados, medidos e identificados. Todos os

indivíduos com DAP 10 cm foram identificados, plaqueteados e medidos de acordo

com o protocolo da Rede de Monitoramento da Dinâmicas de Florestas na Amazônia

(Redeflor) e a Metodologia de Inventário Florestal Contínuo (SILVA; LOPES, 1984). Os

limites das parcelas foram estabelecidos utilizando uma bússola de mão para azimutes e

uma fita de medição para comprimento e as espécies foram identificadas por técnicos da

Embrapa/Acre. Os vértices de todas as parcelas foram georreferenciados com aparelho

GPS geodésico (Figura 5).

Figura 5. Parcelas permanentes instaladas na Floresta Estadual do Antimary, Acre. (a)

Área da cobertura LiDAR nas UPAs 2 e 3, (b) cobertura LiDAR na UPA-2 e (c) cobertura

LiDAR e 10 parcelas permanentes na UPA-3.

A exploração ocorreu em 2013, logo após a instalação das parcelas em maio

daquele ano e o segundo levantamento foi realizado em julho de 2015. A exploração de

madeira ocorreu em apenas uma parte da UPA-3, abrangendo cinco parcelas denominadas

como “parcelas exploradas” e cinco parcelas que permaneceram sem intervenção foram

29

denominadas como “parcelas sem exploração”. O resumo dos dados das parcelas

permanentes está descrito na Tabela 2.

Tabela 2. Detalhamento das parcelas permanentes cobertas com imageamento do LiDAR

no ano 2015 instaladas na Floresta Estadual do Antimary.

Local da

parcela

Nº de

parcelas Medição Exploração Área total Dado LiDAR

UPA-3 10 2013, 2015 2013 10 ha 2015

A partir das medições de diâmetro do fuste a 1,3 m de cada indivíduo nas parcelas

permanentes foi possível estimar a biomassa acima do solo (AGB) utilizando a equação

de Melo (2017):

𝐴𝐺𝐵 = 0,064 𝑥 𝐷2,671 (Equação 4)

Onde:

AGB = biomassa seca acima do solo (kg);

D = diâmetro a altura do peito (cm).

Para este estudo, foi determinada a equação de volume para a Floresta Estadual

do Antimary considerando as amostras coletadas por Melo (2017):

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = −8,8428 + 2,4690 × ln 𝐷𝐴𝑃 (Equação 5)

4.2.2. Infraestrutura da exploração florestal

O trabalho de campo foi realizado na UPA-3 e envolveu a coleta de coordenadas

geográficas com equipamento DGPS modelo Zenith II em cada uma das extremidades de

40 (quarenta) pátios de estocagem de madeira com duração de trinta minutos para coleta

de cada ponto, utilizando dois aparelhos coletando simultaneamente. A área foi

parcialmente explorada em 2011, 2012 e 2013 e as campanhas de campo foram realizadas

30

nos meses de setembro e outubro de 2014 e agosto de 2015. A Figura 6 ilustra a área

mapeada na UPA-3.

Figura 6. Levantamento de campo na área explorada da UPA-3 na Floresta Estadual

Antimary, Acre. (a) Abrangência da área mapeada no trabalho de campo, (b)

Detalhamento das estradas, pátios, trilhas e árvores e (c) exemplo de um pátio de

estocagem com os vértices georreferenciados durante o trabalho de campo: A – B = 24

m, B – C = 14 m, C – D = 22 m, D – A = 19 m.

O levantamento dos limites dos pátios de estocagem de madeira e o procedimento

de campo adotado para georreferenciamento dos pátios de madeira é mostrado na Figura

7. As coordenadas coletadas foram processadas no programa GTR Processor e os dados

da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo do IBGE foram utilizados como base de

referência. As estradas e trilhas de arraste também foram mapeados com aparelhos de

GPS de navegação para auxiliar na identificação da área afetada pela exploração florestal.

31

32

Figura 7. Procedimento para coleta de dados de GPS geodésico nos pátios de madeira da

UPA-3 da Floresta Estadual Antimary, Acre. (a) Deslocamento da base do acampamento

até o início da UPA-3, (b e c) Localização dos pátios e identificação dos limites de floresta

e pátio (vermelho), assim como restos de galhos secos nas trilhas de acesso (d) Uso de

dois aparelhos de GPS simultaneamente, (e) visão geral de um pátio de madeira, (f e g)

Coleta de coordenadas geográficas nos vértices do pátio, (h) Caderneta de campo com

anotações de data, horário de início e término de cada coleta e número do pátio.

A abordagem usada neste estudo para mapear o pátio de madeira como indicativo

da exploração florestal a ser identificado via sensoriamento remoto leva em consideração

o contexto da vizinhança entre floresta e o pátio. Os pátios de estocagem de madeira são

construídos de acordo com a Norma de Execução do Ibama 01/2006 que recomenda o

tamanho de até 25 x 25 metros e devem ser locados ao longo das estradas secundárias e

obedecer critério de localização de maior incidência de árvores exploráveis.

4.3.Dados de Sensoriamento Remoto

4.3.1. Imagens Landsat e RapidEye

As imagens de satélite série Landsat (TM e OLI) foram adquiridas gratuitamente

pela internet, através da ferramenta Earth Explorer do Serviço Geológico dos Estados

Unidos (USGS) no sítio na internet <http://www.usgs.gov/>. Dados ópticos referentes à

cena 002-66 do satélite Landsat-5 dos anos 2009 a 2011, e do satélite Landsat-8 dos anos

2013 a 2015 foram utilizados para detectar a exploração madeireira.

Para a UPA-3 foram utilizadas também imagens do satélite RapidEye, que

compreende um sistema de constelação de cinco satélites em mesma órbita com

capacidade de coletar imagens sobre grandes áreas e com alta capacidade de revisita. As

imagens foram adquiridas através do banco de dados do catálogo de imagens do

Ministério do Meio Ambiente no sítio eletrônico <http://geocatalogo.ibama.gov.br/> para

os anos de 2012, 2014 e 2015.

A utilização das imagens RapidEye se deve a sua resolução espacial de 5 metros

e serviu como referência para o mapeamento da área afetada pela exploração madeireira

33

na UPA-3. A tabela 3 apresenta as informações sobre as imagens Landsat e RapidEye

utilizadas nesta fase do trabalho.

Tabela 3. Imagens utilizadas no estudo.

Satélite/Sensor Data de Aquisição Bandas Espectrais

Landsat/TM 13/08/2009

Azul, Verde, Vermelho,

NIR e SWIR

25/09/2010

11/08/2011

Landsat/OLI 01/09/2013

19/08/2014

10/09/2015

RapidEye 31/07/2012 Azul, Verde, Vermelho,

Red-Edge,

Infravermelho Próximo

18/10/2013

29/07/2014

09/08/2015

O período escolhido deve-se ao primeiro ser o ano anterior à exploração, que

ocorreu em 2010, 2011 e parte de 2013 e o último ano de 2015 ser utilizado para verificar

se ainda havia indícios da exploração 3 anos após a última parte explorada. O primeiro

ano, anterior à exploração, foi usado como uma referência para a área antes da

perturbação promovida pelo manejo florestal e o último ano foi utilizado para verificar a

existência de indícios da exploração após dois anos. Foram selecionadas

preferencialmente as cenas com menor cobertura de nuvens.

4.3.2. Escaneamento a laser aerotransportado (ALS)

O aerolevantamento com escaneamento a laser foi realizado em duas áreas

distintas: na UPA-2 e UPA-3. Os levantamentos ocorreram em dois voos repetidos na

UPA-2: o primeiro, durante a exploração florestal de 2010, e o segundo em 2011 após o

término da exploração. As características do levantamento a laser aerotransportado foram

descritas por Andersen et al. (2014). Os dados LiDAR da área da UPA-3 foram coletados

34

em setembro de 2015 quando a exploração já havia sido encerrada em aproximadamente

50% da área coberta pelo voo. A densidade média de retornos foi de 5,5 pontos por metro

quadrado (ppm2). A Tabela 4 apresenta as informações do sobrevoo do LiDAR na UPAs.

Tabela 4. Parâmetros do sobrevoo do sistema LiDAR realizado nas UPAs.

Parâmetro Especificações

UPA-2 – Voo 1 UPA-2 – Voo 2 UPA-3

Aeronave Embraer 810 Sêneca II Embraer 810 Sêneca II CESSNA

modelo 206

Sensor ALTM 3100EA/Optech ALTM3100EA/Optech Harrier 68i

Data de aquisição 29/05 a 03/06/2010 23/11/2011 25/09/2015

Distância entre linhas de voo (m) 40 65 65

Altitude de voo (m) 500 600 600

Divergência de feixe mrad (1/e) 0,25 0,25 0,25

Ângulo de varredura

(± graus off-nadir)

5,5 6 5,5

Largura da faixa no terreno (m) 95 125 494

Sobreposição de faixa (%) 60 50 50

Taxa de varredura (hz) 70 70 80

Taxa de pulso (Khz) 50 50 50

Densidade de Pulso (m2) 25 14 7

Densidade média de retornos

(ptos/m2)

40 14

4.4.Processamentos de dados e imagens

4.4.1. Detecção da extração seletiva com imagens Landsat e RapidEye

O processamento das imagens Landsat foi feito no programa computacional

CLASLite 3.2 (ASNER et al., 2009b). O CLASLite é um método automatizado para

discriminar mudanças na floresta. As imagens de reflectância foram utilizadas para obter

as imagens de cobertura fraccional por meio do método Automated Monte Carlo

Unmixing (AutoMCU) (ASNER, 1998; ASNER; HEIDEBRECHT, 2002). Neste estudo,

foi utilizada principalmente a fração Vegetação Não-Fotossintética (NPV) que

corresponde à vegetação morta para identificar a infraestrutura da exploração florestal.

35

O Modelo Linear de Mistura Espectral (MLME) foi utilizado para identificar as

áreas afetadas por exploração seletiva usando imagens RapidEye. As Regiões de Interesse

(RI’s) foram tomadas a partir da análise do diagrama de dispersão entre as bandas

vermelho (eixo X) e a banda infravermelho próximo (eixo Y). Para a coleta das amostras

para o classificador foi utilizada toda a cena em cada imagem. Das três imagens fração

(solo, sombra e vegetação) geradas pelo MLME, após uma análise visual, a fração solo

foi escolhida, pois melhor representou as áreas que sofreram alguma perturbação. Gerou-

se então, uma imagem binária da fração solo proveniente da técnica MLME, utilizando

um limiar ≥ 0,5 para o pixel ser considerado da classe degradada.

Para todas as imagens quantificaram-se as áreas classificadas na imagem gerada

a partir do MLME e esses valores foram comparados com a área explorada estimada com

dados dos demais sensores utilizados neste estudo. Os pátios mapeados em campo foram

identificados visualmente na imagem RapidEye e foi calculada a área dos polígonos de

área afetada pela explorada detectada na imagem.

O mapeamento da infraestrutura da exploração madeireira foi realizado a partir de

interpretação visual nas imagens Landsat com a digitalização dos polígonos

correspondentes à área impactada pela extração seletiva com base na imagem-fração solo

e composição colorida das frações R (Red - substrato exposto), G (Green – Vegetação) e

B (Blue – Vegetação Não-Fotossintética). A identificação de estradas em áreas

degradadas foi feita considerando-se as feições lineares das estradas em meio à uma área

de floresta e normalmente estão associadas a altos valores de abundância de solos (>20%).

Neste estudo o limiar definido para a geração das imagens-fração foi de 20% para

solo e 80% para vegetação. Para interpretação dos pátios foram usadas como referência

as informações coletadas em campo. A identificação dos ramais de arraste foi dificultada

em razão da largura reduzida, não sendo possível detectar em imagens de média resolução

espacial. Os dados vetoriais produzidos pela empresa responsável pelo plano de manejo

foram utilizados como base para facilitar a identificação das estradas principais e

secundárias, assim como os pátios de estocagem.

36

A avaliação das dimensões das infraestruturas construídas para a exploração

florestal considerou todas as estradas secundárias e pátios de estocagem. A largura média

das estradas secundárias foi registrada a cada 10 m de comprimento, sendo a área expressa

pelo produto da largura média e soma total do comprimento, enquanto a área dos pátios

de estocagem foi obtida pela média registrada para cada um de seus lados.

A identificação dos pátios foi feita no aplicativo computacional ArcGis 10 a partir

da interpretação visual na imagem NPV do ano 2011, quando ainda não havia exploração

na área e dos anos 2013, 2014 e 2015, após a exploração. A interpretação visual dos pátios

na imagem foi baseada no contraste deste alvo em relação à floresta e também a

proximidade de estradas florestais interligadas aos pátios.

Á área dos pátios coletada em campo foi calculada e em seguida relacionada com

os pátios detectados na imagem. A comparação entre os pátios detectados nas imagens e

não detectados foi realizada por meio de teste de Tukey (α=0,05) dos valores médios

obtidos utilizando o programa estatístico R para estabelecer a relação entre área dos pátios

e potencial de detecção pela imagem Landsat e os modelos obtidos a partir dos dados

LiDAR.

4.4.2. Verificação da exatidão dos resultados da classificação

Para avaliar a exatidão do mapeamento da exploração madeireira a partir da

classificação automática e estimar a área das categorias do mapa foram selecionadas

amostras de pontos de GPS de floresta e exploração madeireira coletados nas UPAS. Uma

matriz de erro foi construída onde as categorias do mapeamento (i) são representadas por

linhas e as categorias de referência (j) por colunas em termos de contagem de amostras e

em termos do estimador imparcial da proporção de área na célula i, j da matriz de erro

para se obter uma apresentação mais informativa da matriz de erro, contendo a exatidão

do usuário, do produtor e geral.

37

A exatidão é definida como o grau em que o mapa produzido concorda com a

classificação de referência (LIU; FRAZIER; KUMAR, 2007; OLOFSSON et al., 2013a).

As medidas de exatidão utilizadas neste estudo são:

a) exatidão geral: proporção da área mapeada corretamente, fornecendo a

probabilidade de um local selecionado aleatoriamente no mapa ser corretamente

classificado;

b) exatidão do usuário: proporção da área mapeada como uma categoria específica

corresponda a essa categoria "no chão", isto é, indica a probabilidade de que um pixel

seja da classe A dado que o mapa classificou o pixel na classe A. Assim, num mapa em

que o classificador mapeou 60 amostras de um total de 100, a exatidão do usuário é a

proporção de 60/100 ou 60%. A exatidão do usuário é o complemento da probabilidade

de erro de comissão;

c) exatidão do produtor: proporção da área que é uma categoria “no chão” também

é mapeada como essa categoria, isto é, indica a probabilidade de que o classificador tenha

rotulado um pixel na imagem na Classe A, dado que na verdade de campo é classe A.

Assim, num mapa a classe A tem um total de 100 amostras de verdade de campo, onde

60 pixels foram classificados corretamente, então a exatidão do produtor é a proporção

de 60/100 ou 60%. A exatidão do produtor é o complemento da probabilidade de erro de

omissão.

Os erros de omissão representam os pixels que pertencem à classe de verdade de

campo, mas a classificação não conseguiu classificá-los na classe apropriada, enquanto

que os erros de comissão representam os pixels que pertencem a outra classe que são

rotulados como pertencentes à classe de interesse.

A exatidão do usuário foi obtida a partir da contagem da amostra de cada classe

(floresta e área explorada), enquanto que a exatidão do produtor foi obtida de uma matriz

do valor obtido da proporção de área na célula i, j da matriz de erro, pois as unidades de

amostra de diferentes classes exigem pesos de estimativas diferentes. As equações

38

utilizadas para gerar a matriz de erro são derivadas de (CONGALTON; GREEN, 2008;

OLOFSSON et al., 2013b, 2014)

As proporções da área das classes do mapeamento para cada categoria foram

obtidos pela Equação:

𝑝𝑖,𝑗= 𝑊𝑖

𝑛𝑖𝑗

𝑛𝑖. (Equação 6)

Onde a proporção da área mapeada como categoria i obtida a partir de 𝑊𝑖 =

𝐴𝑚,𝑖 ÷ 𝐴𝑡.

A estimativa da área total com base na classificação de referência da categoria j é

então:

𝐴�̂� = 𝐴𝑡𝑜𝑡 × �̂�𝑗 (Equação 7)

A equação para a estimativa estratificada ajustada foi obtida por:

𝐴�̂� = 𝐴𝑡𝑜𝑡 ∑ 𝑊𝑖𝑖𝑛𝑖𝑗

𝑛𝑖.. (Equação 8)

O erro padrão estimado da proporção de área é:

𝑆(�̂�.𝑗) = √∑ 𝑊12

𝑛𝑖𝑗

𝑛𝑖.(1−

𝑛𝑖𝑗

𝑛𝑖.)

𝑛𝑖.−1

𝑞𝑖=1 (Equação 9)

O erro padrão da área estimada ajustada por erro é:

𝑆 (�̂�𝑗) = 𝐴𝑡𝑜𝑡 × 𝑆 (�̂�.𝑗) (Equação 10)

O intervalo de confiança aproximado de 95% para A j é:

�̂�𝑗 ± 2 × 𝑆 (�̂�𝐽) (Equação 11)

A margem de erro é definida como o escore z (z é um percentil da distribuição

normal padrão) multiplicado pelo erro padrão (ou seja, a ± parte do intervalo de

confiança) e o valor do escore z depende do nível de confiança (para 95% de confiança,

z = 1,96 que foi aproximado para 2). Uma vez que as proporções da área da matriz de

39

erro foram estimadas, a exatidão do usuário (Ui) e do produtor (Pj) para as categorias e a

exatidão geral do mapa (Ô) foram estimadas diretamente a partir da matriz de erro.

As estimativas foram obtidas por meio das Equações:

i) exatidão do usuário: �̂�𝑖 = 𝑝𝑖𝑖

𝑝𝑖. ; (Equação 12)

ii) exatidão do produtor: �̂�𝐽 = 𝑝𝑗𝑗

𝑝.𝑗 e (Equação 13)

iii) exatidão geral do mapa: �̂� = ∑ �̂�𝑗𝑗𝑞𝑗=1 (Equação 14)

4.4.3. Identificação da infraestrutura florestal a partir de dados LiDAR

Os dados de nuvens de pontos provenientes do LiDAR foram processados em

ambiente FUSION LTK (LiDAR Tool kit) gratuitamente disponibilizado pelo Serviço

Florestal Norte Americano e de acordo com os métodos propostos por Mcgaughey (2014)

e D’Oliveira; Figueiredo; Papa (2014). Os modelos gerados para cada conjunto de nuvem

de pontos LiDAR foram: i) Modelo Digital do Terreno; ii) Modelo Digital de Dossel; iii)

Modelo Digital de Altura; iv) Modelo de Densidade Relativa da Vegetação. Todas as

imagens de referência do terreno com resolução de 1 metro.

A identificação da área afetada por exploração madeireira foi feita a partir do

Modelo de Densidade Relativa da Vegetação (RDM). Este modelo corresponde a uma

camada raster da porcentagem relativa de retornos de LiDAR dentro de um estrato de

altura acima do solo especificado pelo usuário (D’OLIVEIRA et al., 2012), gerando a

densidade relativa da vegetação em uma camada do estrato florestal previamente

selecionada. A camada é definida por um limite inferior e superior de altura.

O cálculo da densidade de vegetação relativa é feito a partir da divisão do número

de pontos dentro da camada definida pelo número de pontos acima da superfície até a

altura superior da camada, como mostra a Figura 8. No modelo gerado os pixels em preto

representam densidade de vegetação relativa igual a zero na camada selecionada. Os

40

trechos contínuos ou agrupados de pixels em preto representam a infraestrutura

construída na floresta, como estradas, pátios, trilhas de arraste e clareiras resultantes da

queda das árvores e foram usadas como referência para a definição das áreas alteradas

pelas operações florestais.

Figura 8. Representação gráfica do cálculo do Modelo de Densidade Relativa (RDM).

Valores altos de RDM indicam uma área com sub-bosque sem alteração enquanto que

valores próximos de zero indicam danos no sub-bosque. Fonte: Adaptado de

(D’OLIVEIRA et al., 2012).

Os modelos gerados a partir dos dados LiDAR também foram associados com os

pátios de madeira com base nos pontos coletados e a imagem gerada foi normalizada para

obter a altura do terreno nesta imagem. A partir do modelo digital de terreno foram

extraídas as métricas de elevação dos retornos dos dados LiDAR dos pátios. O modelo de

densidade relativa de vegetação foi utilizado para identificar a infraestrutura construída

na floresta (estradas e pátios de estocagem) e comparar com as imagens Landsat para

indicar qual indício foi possível observar após a exploração, de acordo com método

proposto por D’OLIVEIRA et al. (2012).

Retorno mais alto

Valor RDM: 76,9 = 10/(10 + 3) * 100

14 retornos acima de 5m

(desconsiderados no cálculo)

Limite RDM superior (5m)

Limite RDM inferior (1m)

10 retornos abaixo 5m

3 retornos abaixo de 1m

Nível do terreno (MDT)

1 m

1 m

41

Além do RDM entre 1 m e 5 m, outros limites de altura de RDMs foram

examinados para determinar quais os limites de altura estrato seria mais adequado para

identificar áreas exploradas na UPA-3 para validar o método proposto por D’Oliveira et

al. (2012). Por inspeção visual, o RDM que incluiu os retornos LiDAR acima de 8 m e

abaixo de 12 m foi escolhido para identificar os indícios da exploração. Assim, para este

estudo também foi utilizada a camada do estrado florestal de 8 metros como limite inferior

e 12 metros como limite superior de altura devido o imageamento do LiDAR ter ocorrido

dois anos após a exploração, pois foi observado nos trabalhos de campo que nos pátios já

havia regeneração.

No RDM gerado os pixels escuros representam a densidade de vegetação relativa

igual a zero na camada selecionada, assim os trechos contínuos ou agrupados por esses

pixels representam a área afetada pela exploração florestal (estradas, pátios e clareiras).

No entanto, além das perturbações promovidas pela exploração florestal, ocorre também

clareiras naturais.

Para determinar a área afetada pela exploração foram realizadas diferentes

simulações utilizando intervalos de valores de pixels (0 a 100) que melhor se

relacionassem com a área explorada. Assim, foi utilizado o intervalo de valores de 0 a 40

na tabela de atributos do RDM. A escolha desse intervalo foi feita a partir da interpretação

visual da cobertura florestal afetada pela exploração. Então, foram determinados buffers

para representar os limites que correspondem às alterações causadas pelas operações

florestais.

A área de abrangência de cada infraestrutura da exploração foi definida de acordo

com método proposto por D’Oliveira; Figueiredo; Papa, (2014) em que para as trilhas de

arraste foi usado um buffer de 4 metros, produzindo uma zona tampão com 8 metros de

largura, para as estradas, pátios e clareiras de árvores, buffer de 6 m, 20 m e 25 m

respectivamente.

Foram geradas também imagens do Modelo Digital de Superfície (MDS) e o

Modelo Digital de Terreno (MDT). A subtração do MDS pelo MDT resultou no Modelo

de Altura de Dossel para os anos de 2010 e 2011. Foi realizada a comparação

42

multitemporal da área de cobertura vegetal de com a subtração destas imagens para

analisar as áreas que sofreram alteração. A imagem proveniente da subtração das imagens

do LiDAR foi utilizada como referência na comparação com os resultados obtidos dos

sensores Landsat e RapidEye.

A delimitação da área de dossel afetada pela exploração florestal foi realizada a

partir do Modelo Digital de Dossel (DCM) obtido a partir da subtração do modelo digital

de terreno (DTM) e do modelo digital de superfície (DSM). O DCM é composto por todos

os retornos úteis da amostra feita pelo LiDAR e é obtido por meio do comando

Canopymodel do Fusion. Em seguida, foi gerado o modelo de altura do dossel a partir do

comando Canopyheightmodel (CHM) para obter a normalização das elevações da

superfície tornando o terreno plano.

A partir do modelo de altura de dossel podem ser criados modelos de cobertura

vegetal a diferentes alturas acima da superfície. Esses modelos são usados para estimar

parâmetros estruturais da floresta e comparar áreas de cobertura vegetal antes e após a

exploração. Quando duas ou mais amostras de LiDAR são obtidas, cobrindo a mesma

área em tempos diferentes, é possível comparar a variação na cobertura de vegetação a

uma determinada altura dessa área.

A estimativa do estoque de biomassa foi estimada por meio de uma regressão entre

os dados LiDAR e os dados das parcelas permanentes da UPA-3. No preparo dos dados

do LiDAR para análise foram usados três comandos do Fusion: a) recorte dos dados do

LiDAR contidos nas parcelas amostradas em campo (Polyclipdata); b) normalização das

alturas das árvores nos arquivos recortados (Subtractground); e c) geração das estatísticas

com os dados métricos dos retornos do Lidar contidos nas amostras (Cloudmetrics). Em

seguida, com a extração da nuvem de pontos coincidente com cada parcela foi feita a

extrapolação dos modelos de regressão gerados com base na área das parcelas do

inventário florestal para toda a área amostrada pelo Lidar por meio do comando

Gridmetrics.

Esse processamento resultou nas métricas estruturais para cada parcela, incluindo

métricas baseadas em altura, intensidade e número de retornos. Os arquivos com

43

estatísticas para elevação e intensidade dos retornos são produzidos no formato CSV.

Enquanto que no Cloudmetrics cada linha do arquivo gerado representa as estatísticas de

uma parcela, no Gridmetrics as estatísticas serão geradas para células com tamanho

definido neste estudo de 50 m x 50 m e cada coluna corresponde a uma variável.

A partir da exportação dos arquivos gerados pelo comando Gridmetrics foi

possível calcular a biomassa de cada célula da imagem produzida por meio da aplicação

do modelo de regressão desenvolvido por D’Oliveira et al. (2012) para produzir a

estimativa de biomassa seca acima do solo na área da UPA-3 coberta pelo LiDAR. Foi

analisada a correlação de Pearson entre as métricas extraídas e a biomassa calculada em

campo e o modelo resultante foi utilizado para estimar a AGB em toda a área sobrevoada.

4.5.Análise dos dados

A análise de regressão para ajuste da equação de biomassa florestal a partir dos

dados LiDAR foi realizada com o método dos mínimos quadrados para ajustar as

equações, usando o pacote base stats (funções lm e nls) do aplicativo estatístico R. O teste

Kolmogorov-Smirnov também foi aplicado aos dados para testar a probabilidade de

distribuição normal e para comparar a distribuição dos dados observados com os preditos

nas equações de biomassa geradas. Para comparação de médias foram aplicados os testes

t, análise de variância (ANOVA) e coeficiente de correlação de Pearson. Para os dados

que não atenderam aos pressupostos de distribuição normal foram utilizados os testes de

Wilcoxon e coeficiente de correlação de Spearman. A comparação entre os pátios

detectados nas imagens e não detectados foi realizada por meio de teste de Tukey

(α=0,05) dos valores médios obtidos utilizando o programa estatístico R para estabelecer

a relação entre área dos pátios e potencial de detecção pela imagem Landsat.

44

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As principais contribuições e resultados do presente trabalho estão apresentadas

nos tópicos seguintes. Inicialmente são abordados os mapas de degradação florestal por

corte seletivo utilizando sensores de diferentes resoluções espaciais e com a identificação

visual e automática. Em tal abordagem é apresentada a estimativa da área afetada pela

exploração madeireira, considerando as incertezas associadas ao uso de sensores remotos

para mapear a degradação florestal. Apresentam-se os resultados encontrados para a

análise a partir dos modelos obtidos a partir do LiDAR aerotransportado e a

caracterização da infraestrutura da exploração com abordagem multisensor. Por último,

são expostas as estimativas de estoques de cobertura florestal antes e após a exploração

considerando os dados de inventários obtidos das parcelas de campo. Neste tópico

também são discutidos os principais resultados encontrados na pesquisa.

5.1.Alteração da cobertura florestal em área de manejo florestal

A interpretação visual das imagens-fração derivadas da classificação CLASlite

permitiu identificar a área afetada pela exploração florestal nas Unidades de Produção da

Floresta Estadual do Antimary. A Figura 9 mostra a delimitação da área explorada na

UPA-1 a partir da interpretação visual na imagem Landsat/TM utilizando as frações

derivadas do CLASlite. As áreas em azul na imagem composição colorida RGB

correspondem a infraestrutura da exploração, como estradas e pátios e também a retirada

de árvores. O mapeamento da infraestrutura planejada apresentado pela empresa

responsável pela elaboração do POA auxiliou na identificação e mapeamento das

infraestruturas de exploração por meio das imagens ópticas. Verificou-se que a abertura

de estradas foi executada de acordo com o planejado (Figuras 9b e 9c).

45

Figura 9. Imagem Landsat/TM de 09 de setembro de 2009 em composição R (S), G (PV)

e B (NPV) sobreposta com a delimitação da UPA-1 (em preto). (a) Interpretação visual

de estradas florestais e área afetada pela exploração sobreposta na imagem-fração

colorida, (b) detalhe do mapeamento da área afetada pela exploração (em vermelho), (c)

detalhe da infraestrutura de estradas e pátios planejada para a exploração florestal.

A área alterada em decorrência das atividades da exploração florestal é mostrada

na Figura 10 para a primeira imagem Landsat/TM usada nesta análise. No ano de 2009

foram mapeados 268 hectares de área afetada pela exploração florestal utilizando a

interpretação visual na imagem-fração NPV (Figura 10c), enquanto que a classificação

automática a partir do CLASlite mapeou 101 hectares (Figura 10d). A área total da UPA

é 1.508 hectares, enquanto que a área efetiva de produção equivale a 1.092 hectares,

descontadas as Áreas de Preservação Permanente (APP) e áreas antropizadas.

46

Figura 10. Imagem Landsat/TM de 09 de setembro de 2009 sobreposta com a delimitação

da UPA-1 utilizada para mapear a degradação florestal por extração seletiva. (a) Imagem-

fração NPV, (b) imagem-fração PV, (c) composição colorida Solo, PV e NPV com

delimitação da área de exploração identificada (em vermelho) e (d) classificação

CLASlite da floresta e área explorada.

Dessa forma, a imagem Landsat indicou a ocorrência da exploração na área da

UPA-1 no ano de 2009. As áreas afetadas pela exploração delimitadas dentro da floresta

estão relacionadas a um processo de degradação causado pela retirada de árvores durante

a exploração. Na imagem NPV essa área é representada em tons claros e a floresta na cor

preta. Enquanto que na fração PV a floresta é representada pela cor clara e as áreas sem

vegetação pela cor escura. Na composição colorida a área explorada é representada em

azul. A classificação automática mostrada na Figura 10d permitiu classificar os polígonos

de área afetada pela exploração.

A Figura 11 mostra as imagens-fração NPV e PV dos anos 2010 e 2011 com a

delimitação da UPA-1. Não foi possível identificar por interpretação visual as áreas

alteradas pela exploração como pátios e estradas como mostrou a imagem de 2009, ou

47

seja, dois anos após a exploração a área degradada não foi mais perceptível nas imagens

Landsat. A ausência de indícios da exploração nas imagens Landsat um ano após a

retirada de madeira demonstra que o uso de um conjunto de dados da série temporal é

essencial para diferenciar os processos de degradação utilizando imagens de satélite. No

contexto de monitoramento da cobertura florestal, as áreas desmatadas são identificadas

como áreas não florestais (terras agrícolas ou pastagens) nos meses ou anos sucessivos,

enquanto a floresta degradada se recupera rapidamente com a regeneração da floresta.

Figura 11. Imagem Landsat/TM sobreposta com a delimitação da UPA-1 utilizada para

identificar os indícios da infraestrutura da exploração florestal. (a) Imagem-fração NPV

de 24 de agosto de 2010, (b) imagem-fração PV de 24 de agosto de 2010, (c) Imagem-

fração NPV de 11 de agosto de 2011 e (d) Imagem-fração PV de 11 de agosto de 2011.

Ao contrário da primeira unidade de produção, a UPA-2 teve um período maior

de exploração da área, iniciada em 2010 e finalizada totalmente em 2012, em decorrência

de suas grandes dimensões. A Figura 12 mostra a área total da UPA-2 na imagem Landsat

48

de 2009, antes da exploração e em 2010, quando se iniciou a exploração. No detalhe da

região da UPA-2 mostrado na Figura 12 (b, c e d) é possível identificar as estradas

construídas, contudo na imagem-fração NPV esse contraste não foi destacado como na

UPA-1, sugerindo que as alterações na área produzidas pelas operações florestais foram

menores no ano da aquisição da imagem.

Figura 12. Imagem Landsat/TM sobreposta com a delimitação da UPA-2 (polígono

amarelo) utilizada para identificar a exploração florestal. (a) Imagem-fração NPV de 06

de setembro de 2009, (b) imagem-fração NPV de 24 de agosto de 2010 e sobreposição da

área coberta pelo LiDAR (polígono branco) e detalhe de uma parte da área com as frações

NPV (c), PV (d) e composição RGB (e).

A interpretação visual na imagem-fração NPV mapeou 928 hectares de área

afetada pela exploração no ano 2010 e permaneceu na imagem de 2013, dois anos após a

exploração. A interpretação visual identificou ainda uma abertura de estrada que não foi

49

contabilizada na área de exploração por se tratar de um ramal de acesso dentro da Floresta

Estadual do Antimary (Figura 13).

Figura 13. Imagem-fração NPV e sobreposição da área explorada na UPA-2 delimitada

a partir da interpretação visual (branco) no ano 2010 (a) e no ano 2013 (b). O ramal de

acesso construído foi perceptível na imagem de 2013.

A área total explorada identificada na classificação automática usando o CLASlite

mapeou 139 hectares nos anos 2010 e 2011, anos em que houve exploração. A

classificação automática CLASlite mapeou 113 hectares de áreas alteradas (Figura 14a)

no ano de 2010 e no ano após a exploração somente 21 hectares foram mapeados na UPA

2 (Figura 14b). A área total da UPA equivale a 3.721 hectares, enquanto que a área efetiva

explorada de acordo o relatório pós-exploratório apresentado ao órgão licenciador foi

estimada em 3.257 hectares.

50

Figura 14. Área afetada pela exploração florestal na UPA-2. (a) Classificação CLASlite

de floresta (verde) e degradação (amarelo) na imagem Landsat do ano da exploração e (b)

dois anos após a exploração.

A exploração da UPA-3 foi executada no término do ano de 2011, parte de 2012,

2013 e início de 2014 e foi realizada em duas fases englobando um terço da área total

autorizada, ou seja, dos 3.971 ha licenciados para a UPA 03, foram explorados apenas

1.240 ha, onde 101 dos 306 pátios planejados foram explorados, de acordo com os dados

pós-exploratórios. A imagem-fração NPV de 2013 evidenciou a área afetada pela

exploração, conforme Figura 15. Em razão da exploração ter ocorrido no final do ano de

2011, a imagem Landsat de 11/08/2011 utilizada não apresenta nenhum indício de

exploração madeireira, indicando que a exploração ainda não havia ocorrido naquela

época. Em 2011 o sensor a bordo do satélite Landsat-5 era o Thematic Mapper (TM) e

houve a interrupção do imageamento pela plataforma Landsat em 2012, voltando a operar

em 2013 com o sensor OLI, quando a imagem de agosto de 2013 mostrou a ocorrência

de exploração na área da UPA 3 (Figura 15 b e d).

51

Figura 15. Imagem-fração NPV do Landsat sobreposta com a delimitação da UPA-3

(polígono branco) utilizada para identificar áreas alteradas pela exploração florestal, antes

(a e c) e após a exploração (b e d). A parte inferior da figura destaca a região representada

pelo polígono vermelho.

O mapeamento da área de extração seletiva detectou 230 hectares a partir da

interpretação visual (Figura 16a) e a classificação automática da degradação identificou

75,10 (Figura 16b). A área desmatada ao norte da UPA totalizou 117 hectares e estes

polígonos foram desconsiderados aplicando a máscara de desmatamento do PRODES. A

área total desta UPA-2 representa 3.972 ha e estima-se que a área de efetivo manejo

equivale a 1.981 ha ao se descontar a área de APP e área antropizada, além de uma área

de 1.000 ha considerada remanescente e que foi autorizada para exploração em 2017.

52

Figura 16. Imagem Landsat/OLI sobreposta com a delimitação da UPA-3 (polígono

branco) utilizada para identificar os indícios da infraestrutura da exploração florestal. (a)

Imagem-fração NPV e (b) Resultado da classificação CLASlite de floresta (verde) e

degradação florestal (amarelo).

A Figura 17 apresenta o monitoramento da degradação florestal por extração

seletiva no período de 2012 a 2015 na UPA 3 com a utilização de imagens RapidEye. As

áreas de exploração madeireira se destacam como manchas mais brilhantes na floresta,

sendo mais visíveis na imagem-fração solo. Na Figura 17 a imagem referente ao ano de

2012 não mostra indícios da infraestrutura aberta para exploração, apesar do relatório pós-

exploratório indicar que houve corte de árvores naquele ano, o que pode ser explicado

pela data de aquisição da imagem ser anterior ao início da exploração em 2012.

53

Figura 17. Imagem-fração solo derivada do MLME da imagem RapidEye com

sobreposição da UPA-3 (branco). (a) Imagem do primeiro ano após a exploração. (b)

Imagem de 2013 destacando as áreas exploradas. (c) Imagem do ano seguinte da

exploração. (d) Imagem de dois anos após a exploração.

Contudo, isto não pôde ser verificado devido a inconsistência de informações

sobre os meses em que houve a construção de estradas e retirada de árvores, pois de

acordo com o relatório pós-exploratório, a área foi explorada no final de 2011, mas não

foram identificadas nas imagens RapidEye e Landsat, conforme mostrado na Figura 15a.

O mapeamento da exploração madeireira utilizando interpretação visual na

imagem RapidEye identificou 646 hectares enquanto que na imagem Landsat a área foi

apenas 230 hectares, ou seja, quase três vezes menos do que foi observado na imagem

RapidEye (Figura 18).

54

Figura 18. Comparação do mapeamento da área afetada pela exploração usando Landsat

e RapidEye. (a) Imagem-fração NPV derivada do Claslite da imagem Landsat com

sobreposição da UPA-3 (branco) e delimitação da área explorada (vermelho) e (b)

Imagem-fração derivada do MLME da imagem RapidEye.

Essa subestimativa pode ter sido em razão da data da imagem Landsat utilizada

(agosto) ou pode ser explicada devido a resolução espacial de 30 metros não ter detectado

a baixa intensidade da exploração ocorrida na área. Na UPA-1 a intensidade de corte foi

10 m3.ha-1 e na UPA-3 foi em torno de 11 m3.ha-1, assim essa diferença não é suficiente

para afirmar que nela não houve uma intensidade de exploração que não foi capaz de se

ser detectada na imagem Landsat, como ocorreu na identificação da UPA-1, então não foi

possível identificar áreas afetadas menores que a resolução do sensor.

As estradas florestais mapeadas na UPA-3 foram detectadas na imagem RapidEye

do ano 2013, mostrando que a resolução espacial de 5 metros do sensor foi adequada para

identificar as estradas e trilhas abertas durante a exploração (Figuras 19 e 20).

55

Figura 19. Classificação automática em imagem RapidEye de 18 de outubro de 2013

com sobreposição área afetada pela exploração (em amarelo) e das estradas florestais

mapeadas em campo na UPA-3.

Figura 20. Comparação do mapeamento da área afetada pela exploração usando Landsat

e RapidEye. (a) Imagem-fração NPV derivada do Claslite da imagem Landsat com

sobreposição da UPA-3 (branco) e delimitação da área explorada (vermelho) e (b)

Imagem-fração derivada do MLME da imagem RapidEye.

56

A Figura 21 apresenta o total da área explorada mapeada em cada UPA em

comparação com a interpretação visual e a classificação CLASlite na imagem Landsat

para todas as UPAs analisadas e imagem RapidEye para a UPA-3.

Figura 21. Comparação entre a área explorada medida a partir da interpretação visual na

imagem-fração NPV e a classificação automática para cada Unidade de Produção Anual

explorada na Floresta Estadual do Antimary entre os anos de 2009 e 2015.

O total da área explorada mapeada pela classificação CLASlite foi 397 hectares,

enquanto que a interpretação visual identificou 1.428 hectares (Figura 22), ou seja, cerca

de quatro vezes superior à área mapeada pelo CLASlite (Figura 23).

269

929

230

101139 157

646

0

300

600

900

1200

UPA-1 UPA-2 UPA-3

Áre

a ex

plo

rad

a (h

a)

Interpretação Visual CLASlite Landsat MLME RapidEye

57

Figura 22. Área explorada identificada a partir da interpretação visual na imagem-fração

NPV nas UPAs da Floresta Estadual do Antimary, totalizando 1.428 hectares no período

de 2009 a 2015.

Figura 23. Área explorada identificada a partir da classificação automática nas UPAs da

Floresta Estadual do Antimary, totalizando 397 hectares no período de 2009 a 2015.

58

Os resultados revelam que, embora a área explorada seja passível de identificação

em imagens Landsat, essa alteração não é perceptível ao longo dos anos. Essas diferenças

são ainda mais significativas se considerarmos todas as áreas que mostraram algum nível

de perturbação pelo menos uma vez durante esse período, como o caso da UPA-2. Stone

e Lefebvre (1998) usando imagens adquiridas com 5 anos de diferença (1986 e 1991),

mostraram que 91% da floresta com exploração madeireira em 1986 foram classificados

como floresta novamente em 1991 e apenas 9% foi convertido para pastagens.

Isso pode estar relacionado aos resultados de Matricardi et al. (2007) que

mostraram que a cobertura florestal impactada pela extração seletiva leva cerca de três

anos para se regenerar. Por outro lado, Asner et al. (2006) relataram também a

probabilidade de desmatamento nas áreas exploradas, pois avaliaram que 16% da floresta

degradada por extração seletiva entre 1999 e 2004 foram desmatadas até 2005. Asner et

al. (2005) avaliaram a exploração seletiva no Mato Grosso para o período de 2000 a 2002.

O conjunto de dados consiste em informações binárias: floresta explorada e floresta não

explorada. Em contraste com o desmatamento, que normalmente consiste em uma

mudança permanente ou de longo prazo para outros tipos de cobertura terrestre, as áreas

de extração seletiva são frequentemente seguidas pela regeneração da floresta no curto

prazo.

Os resultados de mapeamento são condicionados pela resolução espacial do sensor

e enfrentam algumas limitações, como o mapeamento parcial das estradas e a exclusão

de muitas áreas exploradas. Outra limitação da classificação automática é que esta não

permite a delimitação precisa dos limites das áreas de extração seletiva, então para

diminuir esse efeito Souza et al. (2013) aplicaram buffers em torno de pixels.

O INPE mapeou a degradação florestal através do projeto DEGRAD (INPE,

2008). Apesar das diferenças em metodologias e definições, uma comparação dos

resultados deste estudo com o DEGRAD do ano de 2013 mostra que as áreas identificadas

pelo CLASlite não foram mapeadas por esse sistema. O INPE executa também projeto

DETEX, que se concentra no mapeamento de extração seletiva em áreas de concessão

59

florestal na Amazônia brasileira. No entanto, os resultados do DETEX não estão

disponíveis publicamente.

O produto Global Forest Change (GFC) não mapeia ou mede a degradação da

floresta, caracterizada por uma diminuição da cobertura da copa da árvore dentro de um

pixel Landsat (HANSEN, 2013). Isso permite avaliar as informações adicionais

fornecidas por esta abordagem de fração de solo (sub-pixel) em comparação com a

abordagem completa de remoção de cobertura de árvore do produto GFC. (TYUKAVINA

et al., 2017) usaram o conjunto de dados GFC como camada de estratificação para um

estudo sobre distúrbios florestais na Amazônia Legal brasileira. No entanto, a falta de

informações parciais de remoção da cobertura da coroa no conjunto de dados do GFC

leva provavelmente a uma subestimação significativa dos distúrbios relacionados à

exploração madeireira neste estudo.

5.2.Estimativa da área de exploração florestal

Os resultados apresentados na seção anterior mostraram que a área estimada de

exploração florestal identificada por classificação automática e interpretação visual foram

muito discrepantes, variando de 397 hectares a 1.428 hectares, respectivamente. Assim

são apresentados os resultados da avaliação da exatidão do mapa para estimar a área das

classes de floresta e área explorada com os intervalos de confiança apresentando a

incerteza das estimativas de área obtidas para a classificação das imagens Landsat

(Tabelas 5 a 7) e para as imagens RapidEye (Tabelas 8 a 10).

Tabela 5. Matriz de erros de contagem de amostras usada para avaliar a exatidão da

classificação de imagens Landsat na Floresta Estadual do Antimary.

Referência

Floresta Área Explorada Total Erros de

Comissão

Erros de

Omissão

Map

eam

ento

Floresta 116 127 243 52% 2%

Área Explorada 2 27 29 7% 18%

Total 118 154 272

60

Os erros de comissão de 52% da classe floresta representam a área de exploração

que foi mapeada como floresta. O mapeamento classificou 127 amostras como floresta

que pertenciam a classe área explorada, de acordo com os dados de referência coletados

na área de manejo florestal. Por outro lado, os erros de comissão da classe área explorada

foram baixos (7%), assim como os erros de omissão (18%), pois a técnica de classificação

conseguiu mapear a exploração na classe apropriada.

Contudo, a classe área explorada teve um total de 154 amostras de verdade de

campo, em que somente 27 destas amostras foram classificadas corretamente, mostrando

que a classificação automática com imagens Landsat identificou como floresta mais da

metade das amostras coletadas na classe área explorada.

Os erros de comissão e omissão tem diferentes implicações quando se trata de

gerar estimativas de área, assim os resultados de área mapeada para as classes floresta e

área explorada são apresentados na Tabela 6.

Tabela 6. Matriz de erro de contagem de amostras (nij) construída a partir da amostra de

avaliação de exatidão. As categorias da classificaçao são as linhas enquanto as categorias

de referência são as colunas.

Referência

Floresta Área Explorada Total Área mapeada (ha) W pij

Map

eam

ento

Floresta 116 127 243 8.733 0,96 0,46

Área Explorada 2 27 29 398 0,04 0,54

Total 118 154 272 9.131

W = proporção de área da classe obtida no mapeamento em relação a área total.

pij = somatório da área da classe obtida no mapeamento em relação a área total dividido pelo total

das classes, representando a estimativa ajustada por erro estratificado.

A partir dos valores obtidos para a área de cada classe mapeada em relação a área

total (W) e dos valores do somatório da área das classes mapeadas em relação a área total

dividido pelo total das classes (pij) foi possível obter a estimativa ajustada para cada

classe, como pode ser observado na Tabela 7.

61

Tabela 7. Matriz de erro das proporções de área estimada com base na Tabela 6. As

medidas de exatidão são apresentadas com um intervalo de confiança de 95%. As

categorias da classificaçao são as linhas enquanto as categorias de referência são as

colunas.

Floresta Área Explorada Total Área mapeada W pij

Floresta 0,46 0,50 0,96 8.733 0,96 0,46

Área Explorada 0,00 0,04 0,04 398 0,04 0,54

Total 0,46 0,54 9.131

Área (ha) 4.196 4.934

Erro padrão 0,03

Estimativa de área ajustada (ha) 277

95% IC (ha) 925 1.001

Margem de erro (%) 22 20

Acurácia total 0,50±0,06

Acurácia do usuário 0,48±0,06 0,93±0,09

Acurácia do produtor 0,99±0,00 0,08±0,11

A área de floresta mapeada foi 8.733 ha e a área estimada ajustada por erro

estratificado foi 4.196 ha (Atotal = 9.131x0,46). A área explorada mapeada foi 398 ha,

enquanto que a área estimada ajustada por erro estratificado é cerca de doze vezes maior

(Atotal x 0,54=4.934 ha). O motivo dessa grande discrepância pode ser deduzido a partir

da matriz de erro, em que quase metade da proporção da área de explorada é omitida no

mapa (proporção de área estimada omitida na classe de exploração foi 0,50), de modo

que a estimativa ajustada por erro desta classe adiciona a área de floresta omitida à área

de exploração mapeada.

Neste caso, o erro de omissão associado às unidades de amostra de área explorada

tem uma forte influência na área estimada dessa classe. Cada unidade de amostra de erro

de omissão da classe floresta contribui 36 ha (Atotal mapeada × W × P ÷ Afloresta mapeada = 9.131

× 0,96 × 1 ÷ 243) de área explorada para o total ajustado por erro. Com isso, a estimativa

da área à omissão das unidades de amostra de exploração é capturada pelo erro padrão

relativamente alto da área estimada.

62

Os valores de exatidão do usuário, produtor e total calculados a partir das

proporções estimadas da área, bem como as variações das medidas também são

apresentados na Tabela 7. Neste mapeamento, para a classe floresta a exatidão do usuário

é de 0,48±0,06, do produtor é 0,99±0,00 ao intervalo de confiança de 95%.

Para a área explorada, a estimativa de exatidão do usuário é 0,93±0,09 e a exatidão

do produtor é 0,08±0,11. A exatidão global estimada é de 0,50 ± 0,06 como mostra a

Figura 24.

Figura 24. Proporção da área explorada estimada a partir da classificação automática de

imagens Landsat nas UPAs da Floresta Estadual do Antimary, considerando a exatidão

geral, do usuário e do produtor no intervalo de confiança de 95%.

Considerando estas estimativas, a área de floresta mapeada deveria ser 4.196 ha ±

925 ha e área de exploração equivalente a 4.934 ha ± 1.001 ha, pois o intervalo de

confiança quantifica a incerteza associada à estimativa baseada em cada amostra das

classes. Assim, a partir do intervalo de confiança obtido, a estimativa de área explorada

poderia variar entre o limite inferior calculado de 3.933 ha ou superior de 5.936 ha no

nível de confiança de 95%.

63

Embora o intervalo de confiança para a área explorada seja amplo, não inclui o

valor da área classificada (398 hectares). Por esta razão é importante ajustar a área obtida

a partir da contagem de amostras, levando em consideração a informação contida na

matriz de erros.

A avaliação do mapeamento da UPA-3 utilizando imagens RapidEye (Figura 20b)

é apresentada nas Tabelas 9 a 11.

Tabela 8. Matriz de erros usada para avaliar a exatidão da classificação automática da

exploração madeireira utilizando imagens RapidEye na UPA-3 da Floresta Estadual do

Antimary.

Referência

Floresta Área Explorada Total Erros de

Comissão

Erros de

Omissão

Map

eam

ento

Floresta 21 6 27 22% 16%

Área Explorada 4 49 53 8% 89%

Total 25 55 80

Em relação ao mapeamento utilizando imagens RapidEye, os erros de comissão

de 22% da classe floresta compreendem as amostras de área explorada que foram

mapeadas como floresta e os baixos erros de 7,4% das amostras de área explorada

representam áreas que foram confirmadas como exploração de madeira no levantamento

de campo e a classificação usando imagens RapidEye detectou tais amostras como

floresta.

Os erros de omissão (16%) de floresta também foram baixos, enquanto que estes

erros da classe área explorada foram bastante elevados, pois a técnica de classificação

não permitiu detectar a exploração apropriadamente. Os erros de comissão e omissão tem

diferentes implicações quando se trata de gerar estimativas de área, assim os resultados

da estimativa de área mapeada para as classes floresta e área explorada são apresentados

na Tabela 9.

64

Tabela 9. Matriz de erro de contagem de amostras (nij) construída a partir da amostra de

avaliação de exatidão da classificação com RapidEye. As categorias da classificaçao são

as linhas enquanto as categorias de referência são as colunas.

Referência

Floresta Área Explorada Total Área mapeada (ha) W pij

Map

eam

ento

Floresta 21 6 27 3,257 0,93 0,73

Área Explorada 4 49 53 249 0,07 0,27

Total 25 55 80 3,506

O conjunto de dados amostrais investigados para verificar as incertezas do

mapeamento de cada classe mapeada em relação a área total (W) e dos valores do

somatório da área das classes mapeadas em relação a área total dividido pelo total das

classes (pij), incluindo-se os erros do produtor e usuário pode ser visualizado na Tabela

10.

Tabela 10. Matriz de erro estimada a partir da Tabela 9 com valores expressos como

proporção de área estimada. As medidas de exatidão são apresentadas com um intervalo

de confiança de 95%. As categorias da classificaçao são as linhas enquanto as categorias

de referência são as colunas.

Floresta Área Explorada Total Área mapeada W pij

Floresta 0,72 0,21 0,93 3.257 0,93 0,73

Área Explorada 0,01 0,07 0,07 249 0,07 0,27

Total 0,73 0,27 3.506

Área (ha) 2.552 954

Erro padrão 0,02

Estimativa de área ajustada (ha) 87

95% IC (ha) 1.472 659

Margem de erro (%) 58 69

Acurácia total 0,79 ±0,15

Acurácia do usuário 0,78±0,16 0,92±0,07

Acurácia do produtor 0,99±0,00 0,24±0,54

Neste mapeamento, a exatidão do usuário (95% de intervalo de confiança) é de

0,78±0,16 para a classe floresta e 0,92±0,07 para a classe área explorada. A exatidão do

produtor é 0,99±0,00 para floresta e 0,24±0,54 para área explorada. A exatidão total

65

estimada é de 0,79±0,15. A figura 25 demonstra o intervalo de confiança (95%) obtido

para a classe área explorada.

Figura 25. Proporção da área explorada estimada a partir da classificação automática de

imagens RapidEye na UPA-3 da Floresta Estadual do Antimary, considerando a exatidão

geral, do usuário e do produtor no intervalo de confiança de 95%.

Considerando estas estimativas, a área de floresta mapeada deveria ser 2.552

ha±1.472 ha e a área explorada equivalente a 954 ha±659 ha. Embora o intervalo de

confiança seja amplo, não inclui o valor de 249 ha obtido no mapeamento, pois o limite

inferior estimado compreende 296 hectares, enquanto que o limite superior equivale a

1.613 hectares. Desta forma, de acordo com os dados de referência a subestimativa

calculada para o mapeamento da exploração madeireira a partir do Landsat foi de 3.535

ha, enquanto para a classificação utilizando RapidEye foi de 47 hectares considerando

somente os limites inferiores do intervalo de confiança.

66

O raciocínio para apresentar esta estratégia é que, embora os métodos adotados

neste estudo para verificar as incertezas do mapeamento data de mais de 30 anos (Card,

1982), a comunidade de sensoriamento remoto ainda não adotou consistentemente essas

boas práticas.

A partir das equações e dados extraídos nas matrizes de erros foi possível obter a

estimativa ajustada por erro de área explorada. A área calculada com o estimador

estratificado confirma a necessidade de ajustar a área do mapa a partir da contagem de

amostras para explicar o elevado erro de omissão da degradação florestal por corte

seletivo usando imagens Landsat e o classificador do CLASlite.

Para as análises deste estudo a área de exploração foi severamente subestimada a

ponto de estar fora do intervalo de confiança de 95%, pois considerar a área mapeada de

398 hectares (Landsat) tem um efeito importante para aplicações que utilizam essa área

como fonte de informação, por exemplo, quantidade de emissão de carbono e projetos de

REDD+, em comparação com os resultados utilizando área ajustada estimada de 4.934

ha com margem de erro de 20% (Tabela 7).

Shimabukuro et al. (2014) desenvolveram um método para identificar e mapear

as áreas de degradação florestal no Mato Grosso, utilizando imagens Landsat de 2002. O

método proposto é baseado na segmentação e classificação de imagens multitemporais de

um conjunto de dados de imagens de frações de solo e sombra derivadas de imagens

Landsat ETM+. As áreas de extração seletiva foram identificadas e mapeadas a partir das

imagens da fração do solo.

Grecchi et al. (2017) analisaram o conjunto de dados de mapeamento de extração

seletiva de Asner et al. (2005) e encontraram que a partir da área total de exploração

identificada por Asner et al. para o ano 2000, apenas 64% são identificados como áreas

degradadas no produto gerado pelo método de Grecchi et al. (2017). Por outro lado, a área

total detectada no mesmo ano, apenas 44% foram identificados como áreas exploradas

em Asner et al. (2005), indicando discrepâncias espaciais entre os dois conjuntos de

dados.

67

A análise mostra que a floresta recém-perturbada pela extração seletiva é muito

maior do que a estimativa feita pela classificação de imagens. É importante destacar que

apenas uma parte dessas áreas permanece como perturbada por vários anos. Se os

distúrbios fossem mapeados a partir de imagens com um intervalo de tempo maior (com

mais de 3-4 anos de intervalo), seria muito menor o distúrbio identificado e

consequentemente as estimativas de área de degradação por extração seletiva apontadas.

5.3.Uso de LiDAR para monitorar a alteração da cobertura florestal

Os dados oriundos de aerolevantamento a laser fornecem diferentes modelos que

podem ser utilizados para monitorar a degradação florestal e gerar estimativas de área de

sub-bosque e de copa afetada pela exploração florestal. A Figura 26 mostra a extração

seletiva na área da UPA-2 nos anos 2010 e 2011, com estradas interligando os pátios de

estocagem e as trilhas usadas para arrastar as árvores até os pátios.

Figura 26. Modelo de Densidade Relativa de Vegetação (RDM) obtido do LiDAR na

UPA-2. (a) RDM do primeiro ano da exploração e (b) RDM do segundo ano da

exploração. O retângulo vermelho indica área explorada em 2010 e o azul área explorada

em 2011.

68

No Modelo de Densidade Relativa (RDM) as cores mais escuras representam os

valores baixos, indicando locais onde há ausência ou menor quantidade de alvos, uma vez

que estes não interagiram totalmente com os pulsos lasers para gerar muitos retornos. Os

tons mais escuros destacam áreas com sub-bosque mais aberto, indicando áreas afetadas

pela exploração florestal ou naturalmente abertas pela queda de árvores. Enquanto que as

áreas com cores mais claras representam maior densidade relativa e são os locais onde

houve maior interação entre os pulsos emitidos e a vegetação, por consequência gerando

maior quantidade de retornos, indicando áreas não degradadas.

Os modelos de densidade relativa do LiDAR mostram a localização de estradas,

trilhas, pátios e clareiras utilizando o estrato entre 1 m a 5 m acima do solo para os dois

anos de sobrevoo do LiDAR. As atividades exploratórias iniciaram no primeiro trimestre

de 2010, de acordo com as informações protocoladas no órgão licenciador, e o RDM

mostrou indícios de exploração na parte sul da área coberta pelo LiDAR, confirmando as

informações levantadas.

A parte norte da área coberta pelo LiDAR mostrou que houve exploração em 2010

e 2011, de modo que a exploração de 2011 é destacada no retângulo azul da Figura 26b,

enquanto que a área explorada no ano anterior já está sendo regenerada (retângulo

vermelho, Figura 26b). A escala de cinza no RDM representa a densidade de retorno do

LiDAR (preto = baixo, branco = alto), assim, estradas, trilhas, pátios e clareiras são pretos.

69

Figura 27. Modelos obtidos a partir do LiDAR na UPA-3 da Floresta Estadual do

Antimary, Acre. (a) modelo de altura de dossel e (b) modelo de densidade relativa.

Como mostrado na Figura 27a, áreas afetadas pela extração seletiva não foram

prontamente evidentes no modelo de altura de dossel com 1 metro de resolução do

LiDAR, enquanto que o modelo de densidade relativa de dossel com retornos acima de 1

metro e abaixo de 5 metros identificaram os locais com infraestrutura da exploração e

consequentemente permitiu quantificar a área afetada pela atividade madeireira nas áreas

manejadas. No RDM as áreas exploradas são visualmente distintas de áreas não

exploradas.

Para a UPA-3, os modelos de densidade relativa derivados dos dados LiDAR

também detectaram a infraestrutura da exploração mesmo após dois anos. Porém o

modelo de densidade relativa de vegetação (RDM) sugerido por D’Oliveira et al. (2012)

70

com altura mínima de 1 metro e altura máxima de 5 metros não mostrou claramente as

áreas dos pátios medidos em campo (Figura 28a).

Figura 28. Modelos de densidade relativa de vegetação (RDM) para a área de estudo a

partir dos dados Lidar. (a) RDM de 1 m e 5 metros acima do solo conforme proposto por

D’Oliveira et al. (2012) e (b) RDM entre 8 m e 12 metros proposto neste estudo. A escala

de cinza representa a densidade de retorno do LiDAR com as áreas exploradas em preto.

Considerando que neste estudo o sobrevoo LiDAR ocorreu dois anos após a

exploração, para evitar a interferência da vegetação secundária e projeção das copas das

árvores circundantes no modelo, a camada com altura mínima de 8 m e máxima de 12

metros apresentou melhor identificação da degradação florestal por corte seletivo (Figura

28b).

A definição dos novos limites da camada feita em função da análise das amostras

LiDAR dos pátios com elevação normalizada identificou a infraestrutura construída na

floresta (estradas e pátios de estocagem) e perturbações promovidas pelo corte das árvores

(clareiras), além da extração de toras (trilhas de arraste) mesmo dois anos após a

exploração, mostrando que o modelo de densidade relativa com altura mínima de 8 metros

e máxima de 12 metros foi mais adequado para detectar a infraestrutura da exploração em

um período mais longo, como mostrado na Figura 29b.

71

Figura 29. (a) Detalhamento da visualização de pátios no RDM proposto por d’Oliveira

et al. (2012) e (b) RDM proposto neste estudo. A escala de cinza representa a densidade

de retorno do LiDAR com as áreas exploradas em preto e os pátios em vermelho.

O fechamento do dossel é consideravelmente rápido (1-4 anos), como destacado

por Asner et al. (2009), já os estoques de carbono e os processos ecológicos são afetados

por um período muito mais longo nas áreas submetidas a manejo florestal na Amazônia.

As áreas de degradação por corte seletivo detectadas no Modelo de Densidade

Relativa para as UPAS 2 e 3 foram 78,30 ha e 143,41 hectares respectivamente.

Considerando o limite coberto pelo levantamento do LiDAR, a área imageada na UPA-2

apresentou 6,59% da área afetada pela exploração e a UPA-3 teve 12,75% da área

explorada.

A métrica de elevação dos pontos LiDAR está associada com as coordenadas de

posicionamento vertical dos pontos na nuvem, e mostram a amplitude vertical das árvores

dentro da UPA-3. A variância da altura permitiu caracterizar a estrutura de copa no dossel,

pois a área explorada tem menor variância de elevação devido a maior homogeneidade

do ambiente e, assim, a variabilidade é maior nas áreas exploradas, enquanto que há

menor variabilidade e por consequência, maior complexidade nas parceladas não

exploradas, como mostra a Figura 30.

72

Figura 30. Variância da elevação dos pontos LiDAR nas parcelas da UPA-3.

ASNER et al. (2010) abordaram o uso integrado de imagens de satélite, LiDAR e

parcelas de campo para mapear os estoques e emissões de carbono com uma resolução de

0,1 ha sobre 4,3 milhões de ha da Amazônia peruana. A degradação das florestas pela

extração seletiva provoca o aumento das emissões regionais de carbono em 47% em

relação ao desmatamento. O monitoramento a partir de alta resolução reduz a incerteza

nas emissões de carbono para os programas REDD.

5.4.Caracterização da infraestrutura da exploração

A dimensão dos pátios calculada a partir das medições coletadas em campo na

UPA-3 variou entre 140 m2 a 649 m2, com média de 342 m2 ± 17,6 m2 (Tabela 11). A

maior parte dos pátios de tamanho maior que 290m2 foi detectada, ao contrário dos pátios

com tamanho inferior a este que não foram identificados por interpretação visual nas

imagens NPV derivadas do Landsat.

73

Tabela 11. Área dos pátios não detectados e detectados na imagem Landsat neste estudo.

Pátio não detectado Pátio detectado

N° Área (m2) N° Área (m2) N° Área (m2) N° Área (m2) N° Área (m2) N° Área (m2)

1 140 8 247 16 307 25 361 12 290 30 401

2 147 9 248 18 317 29 394 17 308 36 469

3 177 10 265 19 326 31 411 20 334 37 495

4 190 11 280 21 338 32 412 26 363 38 563

5 204 13 294 22 340 33 423 27 382 39 572

6 217 14 298 23 343 34 427 28 393 40 649

7 244 15 299 24 353 35 461

A partir do posicionamento dos pátios foi possível comparar dados Landsat e

LiDAR. A partir da interpretação visual da imagem Landsat do ano 2013 foi possível

identificar 30% de pátios na área de estudo no ano da exploração (Figura 31). A diferença

de contraste entre o alvo de interesse e o restante da imagem possibilitou a detecção dos

pátios na região onde as estradas estavam abertas recentemente. No ano seguinte após a

exploração não foi possível identificar indícios de pátios e estradas na imagem de satélite.

Isto pode ser explicado pela baixa intensidade de corte (11 m3. ha-1) ocorrida na área,

implicando na abertura de pátios menores e favorecendo o rápido fechamento do dossel,

diferente de áreas com maior impacto em que os indícios da exploração permanecem

visíveis por 2-3 anos em imagens Landsat. As estradas também ficaram visíveis apenas

no ano da exploração (Figura 31).

74

Figura 31. Identificação de pátios a partir da interpretação visual nas imagens de

cobertura fracional NPV do Landsat dos anos 2011, 2013, 2014 e 2015.

A média da área dos pátios detectados foi 435 m2 enquanto que dos pátios não

detectados foi 302 m2. O tamanho do pátio afetou significativamente (t = -4,0076, df =

38, p≤0,01) a identificação nas imagens de satélite (Figura 32).

75

Figura 32. Detecção dos pátios na imagem NPV do ano de 2013 e relação com a área

medida em campo. Gráfico Boxplot apresenta o primeiro, segundo e terceiro quartil,

limites inferiores e superiores da distribuição dos dados referentes (a) área dos pátios (m2)

e (b) fração NPV (%) em relação a detecção na imagem Landsat-8.

Figura 33. Detecção dos pátios na imagem NPV do ano de 2013 e relação com a área

medida em campo.

O teste Shapiro-Wilk (w = 0,89064, p-value = 0,001033) mostrou que não há

distribuição normal entre os dados e o teste não paramétrico Wilcoxon (w = 76,5, p-value

= 0,00000).

76

Figura 34. Detecção dos pátios na imagem NPV do ano de 2013 e relação com a área

medida em campo.

Os pátios de estocagem de madeira, estradas principais e secundárias e as trilhas

de arraste favoreceram a detecção de exploração seletiva de madeira, como mostrado em

estudos anteriores (GRAÇA et al., 2015; MONTEIRO et al., 2007; SOUZA et al., 2003).

A maior parte dos pátios de tamanho maior que 290 m2 foi detectada na imagem Landsat.

Os pátios com tamanho menor que este limite não foram identificados na imagem NPV

devido a presença de copas de árvores dentro dos pátios que dificulta a detecção, como

pode ser observado na nuvem de pontos LiDAR de pátios com área em torno de 290 m2

(Figura 35).

(a) (b) (c

Figura 35. Visualização da nuvem de pontos LiDAR dos pátios que não foram detectados

na imagem NPV. Dimensão dos pátios: 294 m2 (a), 298 m2 (b) e 299 m2 (c).

Como mostrado na Figura 35 havia pátios de estocagem de madeira com efeito da

cobertura de copas de árvores e também em regeneração, o que também foi observado

Área dos pátios m2

Fra

çã

o N

PV

(%

)

200 300 400 500 600

01

02

03

04

0

R2

= 0,20

Área dos pátios m2

Fra

çã

o N

PV

(%

)

200 300 400 500 600

10

20

30

R2

= 0,29

77

durante as campanhas de campo. A análise do modelo de densidade relativa de vegetação

confirmou esta influência da vegetação, pois o RDM considerando os estratos de 1 e 5

metros detectou apenas 35% dos pátios, enquanto que o RDM desenvolvido para este

trabalho detectou 98% dos pátios, pois adota os limites de 8 e 12 metros na análise.

Brandão, JR; Souza, JR, (2006) em estudo realizado no município de Paragominas

no Pará, região onde se observa exploração madeireira convencional e manejada,

conseguiram identificar estradas principais, de acesso e de exploração por meio de

imagens Landsat, mas as trilhas não foram identificadas. Monteiro (2007), utilizando as

imagens de média resolução Landsat e ASTER, e de alta resolução IKONOS, conseguiu

detectar pátios e estradas de exploração madeireira na região de Sinop, Mato Grosso, com

considerável ganho de informações das feições de exploração usando a imagem de alta

resolução espacial.

Em geral os pátios construídos em áreas de planos de manejo têm dimensões

aproximadas de 500 m2 (MMA, 2002). Neste estudo demostramos que pátios acima de

290 m2 podem ser identificados em imagens de média resolução espacial, quando imagens

do mesmo ano da exploração são usadas para a análise. O programa DEGRAD usa os

dados Landsat com resolução de 30 metros para mapear a floresta degradada por corte

seletivo e incêndios florestais.

Como estes dados ainda não foram adotados para estabelecer o nível de referência

de emissões, as estimativas a serem consideradas podem subestimar a área impactada pela

exploração, sobretudo no estado do Acre, onde a intensidade de exploração é geralmente

baixa quando comparada com outros locais da Amazônia.

A disponibilidade de dados de resolução temporal de 5 dias e resolução espacial

de 10 m como as imagens do sensor Sentinel-2 poderá melhorar a avaliação e o

acompanhamento dos processos de degradação florestal.

78

5.5.Alteração da biomassa antes e após a exploração

Para a área da UPA-3 com os dados LiDAR obtidos em 2015, a estimativa de

biomassa total foi 200,4 Mg.ha-1 e biomassa da área de floresta foi 207,50 Mg.ha-1. Da

área coberta pela nuvem de pontos, 74 ha (6,58%) são de áreas alteradas e 1050 ha

(93,42%) são áreas de floresta. A área de cobertura de dossel acima de 30 m foi de 221

ha. Nas áreas exploradas, observou-se a taxa de mudança negativa quando comparadas

com as parcelas não exploradas, permitindo caracterizar as diferenças entre as estruturas

das parcelas inventariadas.

Tabela 12. Valores de biomassa medidos nas parcelas permanentes da UPA-3 e a taxa de

mudança para cada parcela.

Parcela Biomassa (Mg.ha-1) Taxa de

mudança (%) 2013 2015

1 250,0 208,5 -16,6

2 144,1 143,9 -0,1

3 285,4 285,0 -0,1

4 181,0 185,0 2,2

5 275,7 283,24 2,7

6 309,8 269,3 -13,1

7 326,4 251,6 -22,9

8 239,5 253,9 6,0

9 176,3 150,6 -14,6

10 174,6 176,8 1,3

Total 2362,7 2207,7

A equação de biomassa seca ajustada para a área da Floresta Estadual do Antimary

produzida por Melo (2017) e a equação de volume ajustada a partir das amostras coletadas

no estudo citado permitiram inferir sobre a estimativa de estoques de cobertura florestal

para as parcelas medidas em campo e identificar as diferenças estruturais causadas pela

exploração madeireira (Figura 36).

79

Figura 36. Estoques de biomassa e volume medidos nas parcelas permanentes.

A relação entre o volume selecionado e explorado indica que a volumetria

calculada das árvores abatidas foi inferior à volumetria mensurada nas UPAs 2 e 3. De

acordo com as informações obtidas junto aos relatórios pós-exploratórios esta diferença

é devido ao volume constante na tabela de campo não coincidir com o que foi calculado

no processamento do inventário florestal.

Tabela 13. Volume, número de árvores exploradas (totais e por hectare) e relação entre

volume selecionado e explorado na Floresta Estadual do Antimary.

Volume

Selecionado - VS

Volume

Explorado - VE

Nº de árvores

exploradas

Volume

Romaneiado - VR

VE/

VS

VR/

VS

VR/

VE

(m3) (m3) (m3/ha) (NI) (NI/ha) (m3) (m3/ha) (%)

UPA-1 16.818,8 10.924,0 10,5 1.519 1,45 10.924.0 10,5 65 65 100

UPA-2 29.392,4 17.372,3 7,9 3.787 1,71 28.965,6 13,1 59 99 167

UPA-3 77.650,2 16.148,0 6,2 2.076 0,80 17.279,9 6,7 21 22 107

Total 123.861,4 44.444,3 24,5 7.382 3,97 57.169,4 30,2

80

No caso das UPAs monitoradas na Floresta Estadual do Antimary, o mapeamento

da área explorada e consequente estimativa das áreas resultou em grande subestimativa

da área de degradação florestal a partir na análise utilizando imagens de satélites.

Resultados semelhantes foram relatados em estudos anteriores, como em

(MATRICARDI et al., 2010). Estima-se que para cada árvore que é extraída, outras 20

árvores serão danificadas, mesmo em operações planejadas. No entanto, os danos na

floresta são de baixa intensidade (UHL et al., 1997), e podem ser observados em campo,

mas são pouco visíveis em imagens Landsat.

O uso integrado de imagens de satélite de alta resolução, LiDAR e dados obtidos

em campo reduziriam as incertezas na estimativa do estoque de biomassa e carbono da

floresta primária e manejada, fornecendo informações mais precisas para aplicação em

Programas de REDD+ (ASNER et al., 2012b).

Para analisar a degradação florestal por exploração madeireira é recomendado o

uso de um conjunto de dados para compreender esta dinâmica e consequentemente

facilitar a implementação de ações no âmbito de programas REDD+. É importante

ressaltar que a nova abordagem na produção dos cenários é um esforço em direção à

redução de tais incertezas e à maior e mais eficaz integração entre as pesquisas de

diferentes equipes junto ao IPCC.

As estimativas da extensão da degradação florestal são frequentemente derivadas

de dados de sensoriamento remoto e a estimativa da área desempenha um papel

importante nos esforços para estabelecer protocolos cientificamente válidos, seja no que

diz respeito ao monitoramento de mudanças florestais no contexto de REDD+ ou para

abordagem que possibilitem a formulação de políticas públicas para redução de emissões

de gases de efeito estufa.

81

6. CONCLUSÃO

Os sistemas de monitoramento florestal que utilizam sensoriamento remoto têm

sido tradicionalmente baseados em mapeamentos e são úteis para diversas aplicações,

como o gerenciamento florestal e aplicação das leis ambientais. Contudo, faz-se

necessário que dados de validação baseados em amostras de campo sejam adotados para

fornecer as informações necessárias para quantificar os erros de classificação presentes

nos mapas e com isso, produzir estimativas de área com as incertezas associadas

expressas como intervalo de confiança.

A verificação em campo dos resultados obtidos de técnicas de mapeamento em

sensoriamento remoto é fundamental para o conhecimento da qualidade e limitações de

diferentes usos. Neste estudo, o tamanho da área dos pátios interferiu na detecção a partir

de imagens Landsat derivadas da fração Vegetação Não-Fotossintética e somente pátios

com área superior a 290 m2 foram identificados neste estudo. Apesar disto, as imagens

Landsat podem ser utilizadas como indicativo de atividade madeireira recente, ou seja,

no mesmo ano da exploração. Enquanto que as imagens RapidEye forneceram estimativas

de alteração da cobertura florestal mais aproximadas com os dados obtidos em campo.

O modelo de vegetação relativa derivado de dados LiDAR desenvolvido para este

trabalho identificou as alterações produzidas na estrutura da floresta pelas operações

florestais até dois anos após a exploração, demonstrando o potencial desse levantamento

para produzir estimativas mais refinadas acerca das alterações na cobertura florestal. No

entanto, as estimativas dos estoques de biomassa e volume de cobertura florestal antes e

depois da exploração obtidas neste estudo não foram representativas para detectar a perda

de biomassa calculada a partir do Lidar em comparação com os dados obtidos nos

inventários de campo nas parcelas com ocorrência de extração seletiva.

Considerando a complexidade para detectar as alterações na cobertura florestal

por meio de Sensoriamento Remoto são recomendados trabalhos futuros em regiões com

diferentes dinâmicas de exploração madeireira para ampliar os estudos combinando dados

de campo e sensores remotos na Amazônia.

82

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