alocação interanual de recursos em copaifera langsdorffii ... · resultado da realocação...

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Fernanda Vieira da Costa Alocação interanual de recursos em Copaifera langsdorffii (Fabaceae): reprodução, crescimento, defesa e ataque de herbívoros Montes Claros Minas Gerais - Brasil Março - 2010

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Page 1: Alocação interanual de recursos em Copaifera langsdorffii ... · resultado da realocação interna de recursos (Isagi et al. 1997; Obeso 2002). Trade-off entre reprodução e crescimento

Fernanda Vieira da Costa

Alocação interanual de recursos em Copaifera langsdorffii (Fabaceae):

reprodução, crescimento, defesa e ataque de herbívoros

Montes Claros

Minas Gerais - Brasil Março - 2010

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Fernanda Vieira da Costa

Alocação interanual de recursos em Copaifera langsdorffii (Fabaceae): reprodução,

crescimento, defesa e ataque de herbívoros

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de

Montes Claros, como requisito parcial necessário para a

obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas.

Orientador: Prof. Dr. Marcílio Fagundes

Co-orientador: Prof. Dr. Ronaldo Reis Júnior

Montes Claros Minas Gerais - Brasil

Março- 2010

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Vieira, Fernanda da Costa.

V657a Alocação interanual de recursos em Copaifera langsdorffii (Fabaceae) [manuscrito]: reprodução, crescimento, defesa e ataque de herbívoros / Fernanda da Costa Vieira. – 2010.

40 f. : il.

Bibliografia: f. 33-38. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Montes Claros –

Unimontes, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas/PPGCB, 2010.

Orientadora: Prof. Dr. Marcílio Fagundes. Co-orientador: Prof. Dr. Ronaldo Reis Júnior.

1. Reprodução de plantas. 2. Crescimento das plantas. 3. Insetos. I. Fagundes, Marcílio. II. Reis Júnior, Ronaldo. III. Universidade Estadual de Montes Claros. IV. Título: Alocação interanual de recursos em Copaifera langsdorffii (Fabaceae): reprodução, crescimento, defesa e ataque de herbívoros.

Catalogação Biblioteca Central Prof. Antônio Jorge

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O Cerrado atravessa o tempo

Que atravessa as coisas – e no meio da travessia

Mantém suas folhas verdes...

Outros ficam amarelos,

Outros se despem totalmente delas.

Assim, o Cerrado não se comporta

Ele engana, disfarça, renasce nos mais belos rios

Entretidos na idéia dos lugares de saída e de chegada.

E no meio dele, o sol despeja sua luz no chão, queima...

De longe, capins mortos

E alguns pequenos bocados de plantas secas - feito cabeleira sem cabeça

Adiante um vermelho-terra: eis que brota

Graciosa

Copaíba!

Folhas brilhantes de um verde intrigante

Bem alta e grande... Grande a se perder de vista

Sombra acolhedora que abraça o que alcança

Bem-vindos passarinhos

Macaquinhos

Besouros e borboletas...

Copaíba alimenta e cura

Ano verde, esperança inteira, no Cerrado traiçoeiro!

Luiza Lelis

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“Somos do tamanho dos nossos sonhos...”

(Fernando Pessoa)

À minha família que me ensina todos os dias o que é o amor,

dedico...

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Agradecimentos

Mesmo sabendo que palavras não são suficientes para expressar os sentimentos,

gostaria de deixar meus sinceros agradecimentos a todos que me ajudaram no

desenvolvimento deste trabalho. Contei com o apoio de pessoas incríveis que se

descrevem pelo companheirismo. Desde a organização das idéias, trabalhos de campo e

laboratório, análises dos dados, escrita ou simplesmente pela companhia e incentivo.

Ao meu orientador Marcílio Fagundes pela amizade, oportunidade e confiança.

Sempre serei grata por todo o apoio e ensinamentos transmitidos durante esses quatro

anos de parceria. Grande parte do que sei hoje é devido à sua orientação e dedicação.

Ao meu co-orientador Ronaldo Reis Júnior, pelas valiosas sugestões e apoio,

especialmente nas análises estatísticas.

Aos companheiros da equipe pau d’óleo, Antônio e Maria Luiza, pela dedicação,

disposição e bom humor sempre que necessário. Este estudo simplesmente não seria

possível sem a ajuda de vocês! Muito Obrigada!

Aos demais colegas e amigos dos laboratórios de Biologia da Conservação

(Suélen, Camila, Magnel, Renata, Leonardo, Fabiene, João e Prof. Maurício), Ecologia

Evolutiva (Jhonathan, Karla, Betão e Prof. Mário), Métodos Analíticos (Perácio, Maria

Fernanda e Prof. Dario), Ecologia Vegetal (Diego) e Botânica (Prof. Geraldo) que direta

ou indiretamente me ajudaram durante o desenvolvimento desse estudo. Gostaria de

agradecer especialmente ao Prof. Fred pela amizade, ajuda e incentivo. Obrigada por

poder contar com a ajuda de todos vocês!

Aos colegas e amigos da turma do mestrado (Luiz, Karla, Dudu, Renan e Leila)

pelo companheirismo e apoio durante esses dois anos.

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À minha família, em especial a minha mãe Fátima pelo exemplo de vida, amor e

dedicação. Por sempre se interessar pelo meu trabalho, pelas saídas de campo e sempre

ouvir com muita atenção e paciência. No fundo, sei que ela compreende o objetivo

principal desse estudo. Praticamente uma bióloga! Ao meu pai Dai e minha irmã Fabi

pelo carinho e torcida. Aos meus tios Rita e Marco, amigos que sempre me acolheram e

ajudaram quando preciso.

À família Lelis (Lídia, Élcio, Luiza, Maria e Tina) pelo imenso carinho durante

todos esses anos. Vocês simplesmente são minha grande família de Montes Claros.

Serei eternamente grada por tudo!

Aos verdadeiros amigos que conquistei em Montes Claros (especialmente “A

turma dos Grandes”, Camila, Aline, Malu e Sarete) e aos demais amigos de Ponte Nova,

Viçosa e Belo Horizonte que sempre transmitiram muito carinho e torceram para que

tudo desse certo.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (PPGCB) da

Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) pela oportunidade e apoio.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela

concessão da bolsa de estudos durante o mestrado.

À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo

financiamento do projeto de mestrado.

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Alocação interanual de recursos em Copaifera langsdorffii (Fabaceae): reprodução,

crescimento, defesa e ataque de herbívoros

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Fernanda Vieira da Costa1, Marcílio Fagundes1, Ronaldo Reis Júnior1

1. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Montes

Claros, Laboratório de Biologia da Conservação, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. Av.

Ruy Braga s/n, Caixa postal 126, CEP 39.401-089.

Autor correspondente: Marcílio Fagundes, Programa de Pós-Graduação em Ciências

Biológicas, Departamento de Biologia Geral, Universidade Estadual de Montes Claros,

Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. Av. Ruy Braga s/n, Caixa postal 126, CEP 39.401-

089, Telefone: +55.38.3229.8192, e-mail: [email protected]

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Resumo As plantas possuem recursos limitados para investir em reprodução, crescimento

e defesa contra herbívoros. Trade-offs na alocação de recursos produzem mudanças nas

características das plantas que podem afetar os níveis tróficos superiores. O objetivo deste

estudo foi caracterizar variações interanuais na alocação de recursos para reprodução,

crescimento, defesa e seus efeitos no ataque de herbívoros em Copaifera langsdorffii.

Assim, 35 indivíduos arbóreos de C. langsdorffii foram monitorados durante dois anos para

avaliação do investimento diferencial na produção de frutos, atributos vegetativos,

concentração de taninos, resistência da planta e ataque de herbívoros entre anos de alto e

baixo investimento reprodutivo. A população de C. langsdorffii estudada apresentou

grande variação interanual na frutificação. Contudo, esta estratégia reprodutiva não afetou

a produção de biomassa vegetativa total, mas afetou todos os demais atributos vegetativos.

Estes resultados demonstram a importância de se avaliar diferentes componentes do

desenvolvimento da planta para caracterizar variações no investimento vegetativo de uma

espécie. O trade-off entre reprodução e crescimento afetou a produção de taninos e a fauna

de herbívoros. A resistência da planta e o ataque de galhas foram positivamente

influenciados pelos taninos e biomassa foliar. Além disso, a biomassa foliar afetou de

forma positiva a sobrevivência das galhas e negativamente a área foliar perdida por

folivoria. Portanto, C. langsdorffii possui um padrão de frutificação em massa com efeitos

no desenvolvimento da planta e no ataque de herbívoros. A compreensão deste importante

componente da interação animal-planta é imprescindível para decifrar histórias de vida

coevolutivas e o papel da herbivoria na reprodução de plantas supra-anuais.

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Palavras-chave: demanda conflitante, frutificação em massa, investimento diferencial,

insetos galhadores, taninos.

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Abstract Plants have limited resources to invest in reproduction, growth and defense 51

against herbivores. Trade-offs in resource allocation produce changes in plant traits that 52

may affect the higher trophic levels. The aim of this study was to characterize inter-annual 53

variations in resource allocation to reproduction, growth, defense, and their effects on 54

herbivory attack in host plant Copaifera langsdorffii. Thus, 35 trees were monitored during

two studied years to assess differential investment in reproduction, vegetative growth,

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tannins concentration, plant resistance and insect herbivores attack between years of

different reproductive effort. The studied population showed high inter-annual variation in

fruiting. The reproductive strategy observed in C. langsdorffii did not affect the total

vegetative biomass. However, all other evaluated traits (number of branch, growth, leaf

biomass and shoot biomass) changed between reproductive and non reproductive years.

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TT62 hese results demonstrate the importance of evaluating different attributes of plant

development to characterize variations in vegetative investment. In addition, trade-off 63

between reproduction and growth affected tannins production and insect herbivores 64

associated with C. langsdorffii. Plant resistance and galls attack were positively influenced 65

by tannins and leaf biomass. Moreover, the leaf biomass positively affected galls 66

survivorship and negatively leaf herbivory. Therefore, C. langsdorffii has a pattern of 67

masting fruiting with effects on plant growth and herbivore attack. Understanding this

important component of animal-plant interaction is essential to elucidate co-evolutionary

life histories and the role of herbivory in supra-annual plant cycles.

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Key words: differential investment, galling insects, masting fruiting, tannins, trade-off.

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INTRODUÇÃO 76

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As plantas possuem recursos limitados para investir em reprodução, crescimento e

defesa contra herbívoros ou patógenos (Bazzaz et al. 1987; Herms & Mattson 1992; Stamp

2003). Geralmente, a demanda de recursos para estes três processos não pode ser atendida

simultaneamente, gerando uma demanda conflitante (trade-off) na alocação de recursos

entre diferentes rotas fisiológicas (Herms & Mattson 1992; Obeso 2002; Weiner et al.

2009). A alocação diferencial de recursos produz mudanças nas características das plantas

(e.g. arquitetura, crescimento, concentração de compostos de defesa), que podem estender

seus efeitos para os níveis tróficos superiores (Bazzaz et al. 1987; Obeso 2002; Stamp

2003; Imaji & Seiwa 2010). Trade-offs na alocação de recursos são especialmente

importantes em plantas com frutificação supra-anual em massa, pois o investimento na

produção de frutos é elevado e limitado a um curto período de tempo (Janzen 1971;

Newstrom et al. 1994; Kelly 1994). Assim, períodos de intensa frutificação freqüentemente

estão associados à redução ou paralisação de outros processos fisiológicos da planta, como

resultado da realocação interna de recursos (Isagi et al. 1997; Obeso 2002).

Trade-off entre reprodução e crescimento parece ser um fenômeno comum em

plantas superiores. Durante o desenvolvimento dos frutos as plantas podem reduzir ou até

cessar o crescimento, porque os frutos são drenos mais fortes de nutrientes (Abrahamson &

Caswell 1982; Larcher 1995). Trabalhos experimentais com diferentes espécies

demonstraram que a remoção de estruturas reprodutivas aumenta o crescimento vegetativo

das plantas (Obeso 2002). O investimento diferencial em crescimento e reprodução

também afeta a produção de compostos de defesa (e.g. Jin & Coley 1990; Imaji & Seiwa

2010). De fato, o aumento na produção de enzimas responsáveis pela formação de

compostos secundários aumenta a resistência à herbivoria e reduz a produção de sementes

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em Brassica rapa (Brassicaceae) (Mitchell-Olds et al. 1996). Além disto, é comum

observar que plantas estressadas nutricionalmente investem preferencialmente na

reprodução em detrimento do crescimento (Abrahamson & Caswell 1982; Chapin 1991;

Obeso 2002) e são preferencialmente mais atacadas por insetos herbívoros (White 1969).

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A alocação diferencial de recursos para a reprodução ou crescimento pode afetar o

conteúdo fenólico dos tecidos foliares, uma vez que estas atividades fisiológicas interferem

no balanço carbono/nutrientes das plantas (Bryant et al. 1983; Herms & Mattson 1992).

Sob condições favoráveis, as plantas preferencialmente alocam carbono para o

crescimento, reduzindo a concentração de compostos de defesa à base de carbono. Por

outro lado, quando a disponibilidade de nutrientes é restrita, o carbono em excesso é

direcionado para a síntese de compostos de defesa à base de carbono (Bryant et al. 1983;

Coley et al. 1985; Herms & Mattson 1992; Stamp 2003). Dentre as defesas químicas a base

de carbono, os taninos estão entre as mais eficientes contra herbívoros mastigadores (Coley

1986). São compostos de defesa constitutiva que possuem efeito dose dependente (Feeny

1976; Coley 1986), e constituem barreiras para a alimentação dos herbívoros (Coley 1986;

Kraus et al. 2003), pois atuam na precipitação de proteínas no trato intestinal, dificultando

a digestão (Coley & Barone 1996). Contudo, como os insetos herbívoros apresentam

distintas formas de alimentação na planta (e.g. mastigadores, sugadores, galhadores e

minadores), mudanças nas características do hospedeiro devem afetar diferentemente essas

guildas alimentares (Koricheva et al. 1998).

A performance dos insetos herbívoros especialistas e generalistas varia entre

plantas que se diferenciam na qualidade de seus tecidos (Strong 1984; Neves et al. 2010).

Assim, a resistência a compostos de defesa dose dependente (e.g. taninos), pode variar

entre essas distintas guildas de herbívoros (Roslin & Salminen 2008). Geralmente, insetos

mastigadores generalistas são diretamente afetados por mecanismos de defesas químicas

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quantitativas (Feeny 1976; Ribeiro et al. 1999; Neves et al. 2010). Por outro lado, insetos

indutores de galhas são herbívoros especialistas que dificilmente são afetados pela

qualidade química da planta, pois são capazes de manipular os tecidos e constituintes

químicos da planta a seu favor (Hartley 1998). Entretanto, esta guilda de herbívoros é

sensível a defesas induzidas. Recentemente alguns estudos têm demonstrado a importância

das reações de hipersensitividade (HRs) na regulação de populações de insetos indutores

de galhas (Fernandes 1990; Fernandes & Negreiros 2001). HR é um tipo de defesa

induzida localizada que ocorre na área adjacente à oviposição do inseto. O mecanismo de

ação da HR inclui alterações morfológicas e histológicas que causam a necrose do tecido

após o ataque do inseto galhador, impedindo o seu desenvolvimento (Fernandes 1990;

Fernandes & Negreiros 2001).

Espécies perenes que apresentam frutificação supra-anual em massa oferecem um

bom modelo para testes de hipóteses relacionadas à alocação diferencial de recursos

(Norton & Kelly 1988; Kelly & Sork 2002). Esse padrão de frutificação é caracterizado

pela intensa produção de frutos seguida por anos de pouca ou nenhuma frutificação (Kelly

1994; Isagi et al. 1997; Pedroni et al. 2002). Teoricamente, espera-se que variações

interanuais na produção de frutos pelas plantas afetem o crescimento vegetativo e a

produção de defesas, com amplos efeitos nos níveis tróficos superiores (veja Bazzaz et al.

1987; Obeso 2002; Stamp 2003). Contudo, poucos estudos examinam simultaneamente

trade offs entre reprodução, crescimento, defesa e seus efeitos na herbivoria.

O objetivo deste trabalho foi caracterizar as variações interanuais na alocação de

recursos para reprodução, crescimento e defesa, e seus efeitos no ataque de herbívoros em

Copaifera langsdorffii. Dessa forma, duas hipóteses foram testadas:

(i) Considerando que C. langsdorffii possui reprodução supra-anual, é esperado que

o alto investimento reprodutivo afete negativamente a alocação de recursos para o

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investimento vegetativo. Além disso, devido ao trade-off entre crescimento e defesa é

esperado um aumento na produção de compostos secundários no ano de menor

investimento vegetativo.

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(ii) Considerando a importância da disponibilidade de recursos para o sucesso dos

insetos herbívoros, é esperado que o investimento vegetativo afete positivamente o ataque

de herbívoros. Em contrapartida, devido ao papel das diferentes estratégias de defesa na

redução da herbivoria, é esperado que o investimento em defesas provoque um efeito

negativo no ataque de insetos herbívoros.

MATERIAIS E MÉTODOS

Espécie estudada

Copaifera langsdorffii Desf. (Fabaceae: Caesalpinioideae) é uma espécie arbórea

tropical que atinge até dez metros de altura em áreas de Cerrado sentido restrito.

Conhecida popularmente como copaíba ou pau d’óleo é uma espécie de grande

plasticidade ecológica encontrada principalmente em áreas de Cerrado (Carvalho 2003). A

planta apresenta deciduidade marcante na estação seca do ano (julho a setembro), e o

brotamento ocorre imediatamente após a queda das folhas produzidas no ano anterior

(Pedroni et al. 2002; Carvalho 2003). O florescimento não é anual e normalmente ocorre

de novembro a março (Pedroni et al. 2002, Carvalho 2003). A frutificação é supra-anual,

alternando anos de intensa produção de frutos seguidos por anos de pouca ou nenhuma

frutificação (Pedroni et al. 2002). Além disso, C. langsdorffii apresenta a mais rica fauna

de insetos herbívoros galhadores dos neotrópicos (Costa et al. 2010) e uma alta diversidade

de insetos herbívoros de vida livre (Silva et al. 2009).

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O estudo foi desenvolvido em um fragmento de cerrado sentido restrito (16o

40’26’’ S e 43o 48’44’’ W) localizado na saída norte da cidade de Montes Claros, norte do

Estado de Minas Gerais, Brasil. Fisionomicamente, a região está inserida na transição entre

os domínios do Cerrado e da Caatinga (Rizzini 1997). Geralmente, o Cerrado ocorre em

solos com baixa disponibilidade de nutrientes que afetam as características da vegetação

(Haridassan 1992) e sua fauna de herbívoros (Neves et al. 2010). O clima local é do tipo

semi-árido, com estações secas e chuvosas bem definidas. A temperatura média anual é de

23º C, com precipitação de aproximadamente 1.000 mm/ano, com chuvas concentradas

principalmente nos meses de novembro a janeiro (Santos et al. 2007).

Desenho experimental

Durante o mês de março de 2008, 35 indivíduos de C. langsdorffii, em estágio

inicial de frutificação, foram selecionados e marcados na área de estudo. Estes indivíduos

apresentavam de cinco a sete metros de altura, copa abundante e bom estado fitossanitário.

Todas as plantas selecionadas para o estudo foram monitoradas mensalmente durante os

anos de 2008 e 2009 para determinação da presença de flores ou frutos, caracterizando

assim a ocorrência do estágio reprodutivo. Todos os indivíduos marcados produziram

frutos no ano de 2008, enquanto nenhum deles produziu flores ou frutos em 2009 (esse

padrão fenológico foi comum para toda a população de C. langsdorffii presente na área de

estudo). Assim, neste estudo, 2008 foi considerado o ano reprodutivo e 2009 o ano não

reprodutivo de C. langsdorffii.

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Durante o mês de maio (período que antecede a queda de folhas e cessa o

crescimento vegetativo da espécie) de cada ano de estudo, foram coletados dez ramos

terminais de todas as 35 plantas selecionadas. Os ramos foram coletados em diferentes

pontos da copa da árvore, procurando-se obter amostras de toda a planta. Estes ramos

tinham aproximadamente 30 cm de comprimento que correspondem à última estação de

crescimento da planta, ou seja, do brotamento à completa expansão e amadurecimento

foliar. Estes ramos foram levados para o laboratório onde foram determinados os seguintes

parâmetros: número de frutos, biomassa de frutos, biomassa foliar, biomassa lenhosa,

número total de ramificações terminais, crescimento, riqueza e abundância de galhas,

ataque e sobrevivência do inseto galhador e número de resistências. Um total de 30 folhas

por árvore foi coletado para determinação da área foliar perdida por folivoria e da

concentração de taninos nos tecidos foliares.

Investimento reprodutivo e vegetativo

O número de frutos produzidos pelas plantas foi determinado contando-se os frutos

presentes nos dez ramos amostrados em cada planta. Todos os frutos dos ramos foram

pesados em balança eletrônica de precisão para determinação da biomassa. Similarmente,

todas as folhas presentes nestes dez ramos foram destacadas e pesadas para determinação

da biomassa foliar. Além disso, determinou-se a biomassa lenhosa e o número de

ramificações de cada de cada ramo amostrado nas 35 plantas. Para determinação da

biomassa, o material foi previamente seco em estufa a 70 ºC durante 72 horas. O

crescimento vegetativo da planta foi determinado através da média do crescimento dos

últimos módulos de crescimento de cada ramo (Fig. 1).

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Figura 1. (A) Aspecto geral da planta hospedeira, C. langsdorffii, com destaque no ramo

terminal correspondente à última estação de crescimento, (B) o ramo terminal de

crescimento com destaque no último módulo e, (C) o módulo de crescimento com

evidência na cicatriz ou nó de crescimento.

Ataque de herbívoros

A riqueza e a abundância das galhas foram determinadas contando-se o número de

galhas presentes nos dez ramos coletados em cada planta. A morfologia externa das galhas

foi usada na caracterização e definição dos morfotipos. Este procedimento foi adotado

porque características morfológicas das galhas representam alta fidelidade com a espécie

de inseto galhador em um a planta hospedeira particular (Stone & Schönrogge 2003). A

caracterização e determinação dos morfotipos de galhas estão de acordo com Costa et al.

18

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(2010) e Anexo 1. Além disso, também foi determinado o número de resistências, número

de ataques do galhador (abundância de galhas foliares + resistências) e a sobrevivência das

galhas (abundância de galhas foliares/ataque*100) presentes em cada ramo. Nesse estudo,

foi considerada como resistência da planta a reação de hipersensibilidade (HR)

caracterizada por um halo claro formado por necrose foliar provocada após o ataque do

inseto galhador (Fernandes 1990; Faria & Fernandes 2001; Fernandes & Negreiros 2001).

Para determinação do ataque e sobrevivência foram incluídas somente galhas foliares nas

análises, pois nessa espécie as HRs só podem ser visualizadas no tecido foliar. O dano

foliar causado por herbívoros mastigadores foi determinado em 30 folhas por planta

através da porcentagem de área foliar perdida. As folhas coletadas foram digitalizadas e

sua área total e área removida foram estimadas através do software ImageJ.

Investimento em defesa

A concentração de taninos foliares foi usada como medida do investimento em

defesa. Utilizou-se o método de difusão radial para determinar a concentração de taninos

nas folhas de C. langsdorffii (Hagerman 1987). Assim, 30 folhas maduras foram coletadas

de cada planta e dessecadas em estufa a 45 ºC por 72 horas. Neste método, o sobrenadante

das amostras (50 mg com 1 ml de metanol 50 %), após centrifugação (11.000 RPM/15

minutos) foi aplicado diretamente na difusão em gel: 20 μL do extrato, adicionados à placa

petri contendo uma mistura de ágar e proteína (albumina bovina). O extrato foi colocado

em círculos uniformes de 2,8 mm de diâmetro e eqüidistantes 1,5 cm perfurados na

agarose. As placas foram seladas com parafilme e incubadas a 30 ºC por 96 horas. O

extrato de tanino após reação com a albumina forma um precipitado opaco no qual o

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diâmetro ao quadrado é proporcional à concentração de taninos no extrato. Utilizou-se

ácido tânico para a construção da curva padrão (para mais detalhes, ver Hagerman 1987).

Análises estatísticas

Para testar as predições das hipóteses propostas neste estudo foram construídos

modelos lineares de efeitos mistos (LME) (Crawley 2007). O modelo é dito misto porque é

composto de variáveis explicativas com efeitos fixos e aleatórios. Os efeitos fixos são

variáveis explicativas associadas à população inteira ou a determinados tratamentos

experimentais repetíveis. Estes efeitos influenciam apenas a média da variável resposta e

são estimados a partir dos dados. Os efeitos aleatórios são associados com unidades

experimentais individuais retiradas ao acaso da população e governam a estrutura de

variância-covariância da variável resposta. A coleta de dados de forma repetida nas

mesmas 35 plantas nos dois anos de estudo e a autocorrelação temporal das amostragens

em datas subseqüentes viola o pressuposto da independência das amostras. Assumir

independência quando esta não ocorre infla os graus de liberdade do erro e pode levar a

significância espúria (erro do tipo I).

Os LMEs são recomendados para lidar com a estrutura de erros correlacionados

presente neste tipo de desenho amostral. Para contornar este problema, os dados obtidos

neste estudo foram agrupados por planta e as variâncias dos erros calculadas para cada

grupo diferente. Neste caso, a resposta não é a medida individual e sim a seqüência de

medidas em um indivíduo (Crawley 2002). Portanto, os grupos resultantes do agrupamento

dos dados por planta foram tratados como efeito aleatório (ano de estudo/planta). Os

modelos mínimos adequados foram obtidos com a retirada das variáveis não significativas

(P > 0,05) dos modelos completos e, em seguida, foram utilizadas análises de resíduos para

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verificar a adequação dos modelos e das distribuições de erros utilizadas (Crawley 2007).

Todas as análises foram realizadas com o auxílio do software R (R Development Core

Team 2008).

Para testar a predição da primeira hipótese, a biomassa reprodutiva, biomassa

vegetativa total, biomassa foliar, biomassa lenhosa, número de ramificações e crescimento

dos ramos foram utilizadas como variáveis resposta nos modelos LME e, o ano de estudo,

foi utilizado como variável explicativa. Além disso, foi construído um modelo no qual a

variável resposta foi a concentração de taninos e as variáveis explicativas foram o ano de

estudo, biomassa foliar, biomassa lenhosa e a interação entre estas variáveis.

Para testar a predição da segunda hipótese foram construídos modelos completos,

nos quais as variáveis resposta foram abundância total de galhas, riqueza total de galhas,

abundância de galhas foliares, riqueza de galhas foliares, abundância de galhas caulinares,

riqueza de galhas caulinares, número de resistências, número de ataques, sobrevivência das

galhas, área foliar perdida e, as variáveis explicativas, o ano de estudo, biomassa foliar,

biomassa lenhosa, concentração de taninos e a interação entre estas variáveis.

RESULTADOS

Variações interanuais na alocação de recursos em Copaifera langsdorffii

A população de C. langsdorffii estudada apresentou um padrão de frutificação

supra-anual em massa, com intensa produção de frutos no primeiro ano de estudo (2008),

seguido por ausência de frutificação no ano subseqüente (2009) (Fig. 2). Em 2008 foram

produzidos 13,3 ± 5,8 (média ± EP) frutos e 139,5 ± 53,8 g (média ± EP) de biomassa de

21

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frutos por ramo coletado. Esta biomassa de frutos equivale a 57,6 % da biomassa

vegetativa total produzida por indivíduo de C. langsdorffii em 2008.

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Figura 2. Biomassa vegetativa total (foliar e lenhosa) e biomassa de frutos produzidas por 323

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O investimento em biomassa vegetativa total (folhas + ramos) não variou entre os

anos reprodutivo e não reprodutivo (Tabela 1; Fig. 2). Contudo, quando analisados

individualmente, todos os parâmetros vegetativos variaram entre os períodos estudados

(Tabela 1). De fato, a biomassa foliar foi 28,9 % maior no ano não reprodutivo (Fig. 3A) e

a biomassa dos ramos foi 19,0 % maior no ano reprodutivo (Fig. 3B). O número de

ramificações foi 30,5 % maior no ano não reprodutivo (Fig. 3C), enquanto que o

crescimento dos ramos foi 28,9 % maior no ano reprodutivo (Fig. 3D).

C. langsdorffii no ano reprodutivo e não reprodutivo (média ± EP; n = 35).

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Tabela 1. Modelos mínimos adequados utilizados para avaliar as variações interanuais na 331

332

333

Variá F P

alocação de recursos entre reprodução, crescimento e defesa, e seus efeitos no ataque de

herbívoros em C. langsdorffii (n = 35; GLden = graus de liberdade do resíduo).

veis resposta Variáveis explicativas GLden

Biomassa vegetativa 0,004 52Ano de estudo 34 0,9

Biomassa foliar Ano de estudo 34 13,795 < 0,001

Biomassa lenhosa Ano de estudo 34 17,502 < 0,001

Número de ramificações Ano de estudo 34 25,984 < 0,001

Crescimento dos ramos Ano de estudo 34 11,852 0,001

Taninos Ano de estudo 32 62,341 < 0,001

Biomassa lenhosa

omassa lenhosa

bundância total de galhas <

32 2,490 0,124

Ano de estudo x bi 32 5,148 0,030

A Ano de estudo 34 13,507 0,001

Riqueza total de galhas Ano de estudo 34 4,626 0,039

Abundância de galhas foliares Ano de estudo 34 8,895 0,005

Riqueza de galhas foliares Ano de estudo 34 3,023 0,091

Abundância de galhas caulinares Ano de estudo 34 4,310 0,049

Riqueza de galhas caulinares Ano de estudo 34 0,760 0,389

Número de resistências Ano de estudo 31 8,131 0,008

Biomassa foliar

foliar x taninos

úmero de ataques

31 3,701 0,081

Taninos 31 1,895 0,178

Biomassa 31 6,241 0,015

N Ano de estudo 31 9,228 0,005

Biomassa foliar

foliar x taninos

obrevivência das galhas

31 3,699 0,064

Taninos 31 2,029 0,164

Biomassa 31 6,240 0,018

S Ano de estudo 32 1,960 0,171

Biomassa foliar

biomassa foliar

rea foliar perdida <

32 0,127 0,724

Ano de estudo x 32 5,528 0,025

Á Ano de estudo 32 34,459 0,001

Biomassa foliar

biomassa foliar

32 10,815 0,002

Ano de estudo x 32 5,744 0,023

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A concentração de orffii diferiu entre os anos334

estudad335

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Figura 3. Biomassa foliar (A), biomassa lenhosa (B), número de ramificações (C), 341

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taninos nas folhas de C. langsd

os, apresentando-se 157,14 % maior no ano reprodutivo (Fig. 3E). Além disto,

observou-se que a concentração de taninos foi influenciada pela interação entre ano de

estudo e biomassa lenhosa (Tabela 1). No ano reprodutivo, a biomassa lenhosa afetou

negativamente a concentração de taninos, enquanto que no ano não reprodutivo, esse feito

foi inverso (Fig. 4).

340

crescimento dos ramos (D) e concentração de taninos (E) produzidos por C. langsdorffii no

ano reprodutivo e não reprodutivo (média ± EP; n = 35).

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igu C. 357

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locação de recursos e ataque de herbívoros 361

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No ano reprodutivo (2008) foram amostradas 952 galhas distribuídas em 18 363

morfot364

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dorffii foram, 368

respectivamente, 34,3 % e 85,7 % maiores no ano não reprodutivo (Tabela 1; Fig. 5A e B). 369

F ra 4. Efeito interanual da biomassa lenhosa na concentração de taninos em

langsdorffii. As curvas foram construídas a partir dos parâmetros obtidos no modelo

mínimo adequado (LME) (Tabela 1; n = 35).

A

ipos em C. langsdorffii. No ano não reprodutivo (2009) foram coletadas 1772 galhas

pertencentes a 19 morfotipos. Os morfotipos 3 e 13 foram os mais abundantes nos dois

anos de estudo (Anexo 1). Estes dois morfotipos corresponderam a 55,57 % da abundância

total de galhas amostradas em 2008 e 55,76 % da abundância total de 2009.

A riqueza e a abundância total de galhas associadas a C. langs

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Similar370

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cias e o número de 377

ataques378

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de estudo e biomassa foliar (Tabela 1). No ano reprodutivo, a biomassa 385

foliar a386

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mente, a abundância de galhas foliares, a abundância de galhas caulinares, o

número de resistências e o número de ataques foram, respectivamente, 115,1 %, 53,6 %,

46,0 % e 47,6 % maiores no ano não reprodutivo (Tabela 1; Fig. 5C, D, E e F). Contudo, a

sobrevivência total das galhas, caracterizada como performance dos insetos galhadores,

não diferiu entre os períodos estudados. Além disto, observou-se que a área foliar perdida

por folivoria foi 100 % maior no ano reprodutivo (Tabela 1; Fig. 5F).

A riqueza e a abundância de galhas não se relacionaram com a biomassa vegetativa

ou com a concentração de taninos. Entretanto, o número de resistên

foram afetados pela interação entre biomassa foliar e concentração de taninos

(Tabela 1). Assim, nos dois anos de estudo, observou-se que a biomassa foliar e a

concentração de taninos afetaram positivamente o número de resistências e o ataque dos

galhadores (Fig. 6). Portanto, plantas que apresentaram maior biomassa foliar e alta

concentração de taninos tiveram mais tentativas de ataque de herbívoros e apresentaram

maior resistência.

A sobrevivência das galhas e a área foliar perdida por folivoria foram afetadas pela

interação entre ano

fetou negativamente a sobrevivência das galhas. Contudo, no ano subseqüente, o

efeito foi inverso (Fig. 7A). Além disto, nos dois anos de estudo a biomassa foliar afetou

negativamente a área foliar perdida por folivoria, porém de forma mais intensa no ano

reprodutivo (Fig. 7B).

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Figura 5. Riqueza total de galhas (A), abundância total de galhas (B), abundância de 397

galhas foliares (C), abundância de galhas caulinares (D), número de resistências (E), 398

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número de ataques (F) e área foliar perdida por folivoria (G) em C. langsdorffii no período

reprodutivo e não reprodutivo. As barras verticais representam as médias por planta (média

± EP; Tabela 1; n = 35).

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Figura 6. Efeito da concentração de taninos e da biomassa foliar no número de resistências 405

e ataque de insetos galhadores em C. langsdorffii. (A = ano reprodutivo, B = ano não 406

reprodutivo; Tabela 1; n = 35). 407

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Figura 7. Efeito interanual da biomassa foliar na sobrevivência das galhas (A) e na área

foliar perdida por herbívoros mastigadores (B) em C. langsdorffii. As curvas foram

construídas a partir dos parâmetros obtidos no modelo mínimo adequado (LME) (Tabela 1;

n = 35).

DISCUSSÃO

Trade-off entre reprodução, crescimento e defesa: primeira hipótese

Os resultados desse trabalho mostram uma alta variação interanual na produção de

frutos em Copaifera langsdorffii. De fato, esse padrão de frutificação supra-anual

caracterizado pela produção sincrônica e intermitente de grande quantidade de frutos por

uma população parece ser comum no gênero Copaifera (veja Leite & Salomão 1992; Dias

& Oliveira-Filho 1996; Pedroni et al. 2002). Diversos trabalhos foram realizados com o

objetivo de compreender a alocação interna de recursos necessária para manter os custos

dos ciclos reprodutivos supra-anuais (e.g. Norton & Kelly 1988; Isagi et al. 1997; Satake &

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Iwasa 2000; Monks & Kelly 2006). Contudo, estudos que procuram caracterizar o papel

ecológico da frutificação supra-anual de espécies tropicais e seus efeitos na alocação de

recursos dentro do indivíduo, extrapolando seus efeitos para diferentes níveis tróficos,

ainda são inexistentes.

Avaliar e interpretar os efeitos da frutificação supra-anual no desenvolvimento de

plantas perenes é difícil. Primeiro, a alocação de recursos para a frutificação pode refletir

efeitos nos atributos vegetativos de anos subseqüentes (e.g. Ishihara & Kikuzawa 2009;

Sandvik & Eide 2009). Segundo, a planta pode compensar os custos da reprodução através

de reservas acumuladas em anos anteriores à reprodução ou através do aumento da

assimilação de recursos (Dostál et al. 2009; Sandvik & Eide 2009). Finalmente, a

compreensão de todas as rotas metabólicas das plantas ainda é limitada, dificultando a

interpretação dos resultados (Baldwin et al. 1998; Mole 1994). Apesar da alta variação

interanual na produção de frutos, C. langsdorffii investiu similarmente na produção de

biomassa vegetativa total entre os dois anos de estudo. Entretanto, o crescimento e a

biomassa dos ramos foram maiores no ano reprodutivo. Por outro lado, C. langsdorffii

apresentou maior número de ramificações e biomassa foliar no ano não reprodutivo.

Assim, a frutificação intermitente não afetou o investimento de recursos para a produção

de biomassa vegetativa total, mas alterou o padrão de desenvolvimento da planta,

indicando que a alocação de recursos na planta é complexa e pode refletir em diferentes

componentes do crescimento vegetativo.

A concentração de taninos nas folhas de C. langsdorffii foi maior no ano

reprodutivo. Geralmente, plantas que apresentam alta taxa de crescimento investem menos

na produção de compostos de defesa a base de carbono porque o carbono é alocado

prioritariamente para o crescimento (Herms & Mattson 1992). Estes resultados são

condizentes com a variação interanual na biomassa foliar e número de ramificações de C.

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langsdorffii observados neste estudo. De fato, no ano reprodutivo observou-se baixo

investimento nesses atributos vegetativos e maior investimento em taninos. Resultados

opostos foram observados no ano não reprodutivo (Fig. 3A, C e E). Além disso, a interação

entre biomassa lenhosa e os anos de estudo afetou a concentração de taninos das folhas de

C. langsdorffii. A biomassa lenhosa afetou negativamente a concentração de taninos no

ano reprodutivo e positivamente no ano não reprodutivo. Neste caso, é provável que o

investimento na produção de frutos limitou os recursos que seriam investidos no

crescimento e defesa no ano reprodutivo, o que leva a uma demanda conflitante entre estes

dois processos fisiológicos. Por outro lado, no ano não reprodutivo, os recursos foram

suficientes para serem investidos em crescimento e defesa, justificando a relação positiva

entre biomassa lenhosa e a concentração de taninos (veja também Baldwin et al. 1998;

Cornelissen & Fernandes 2001; Haring et al. 2008; Imaji & Seiwa 2010).

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Alocação diferencial de recursos e ataque de herbívoros: segunda hipótese

Copaifera langsdorffii possui uma das mais ricas faunas de insetos galhadores dos

neotrópicos, caracterizando a espécie como super-hospedeira de insetos galhadores (Costa

et al. 2010). Neste estudo foi amostrado um total de 19 morfotipos de galhas associadas a

C. langsdorffii (18 morfotipos em 2008 e 19 morfotipos em 2009). O elevado estresse

ambiental e baixa pressão exercida por inimigos naturais têm sido usados para explicar a

alta diversidade de galhas em plantas de Cerrado (Fernandes & Price 1992). Por outro lado,

as percentagens de área foliar perdida por folivoria encontradas nesse estudo foram

relativamente baixas (cerca de 6,0 % em 2008 e 3,0 % em 2009), mas similares a outros

estudos realizados com plantas de Cerrado (e.g. Fowler & Duarte 1991: 4.6 a 9.3 %;

Marquis et al. 2001: 5,0 % a 6,8 %; Neves et al. 2010: 2,0 %). A baixa disponibilidade de

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nutrientes no solo e o alto índice de esclerofilia foliar justificam a baixa herbivoria foliar

causada por insetos mastigadores em plantas de Cerrado (Neves et al. 2010).

O ataque de insetos galhadores e a herbivoria em folhas de C. langsdorffii variaram

entre os anos reprodutivo e não reprodutivo. Apesar desta variação interanual no ataque de

herbívoros, apenas a interação entre taninos e biomassa foliar afetaram o número de

resistências e o número de ataques por galhadores. De fato, nos dois anos de estudo, o

número de resistências e o número de ataques do galhador foram maiores nas plantas que

apresentaram maior biomassa foliar e alta concentração de taninos (Fig. 6A e B). As folhas

são recursos fundamentais para a oviposição do inseto galhador, justificando o maior

número de ataque em plantas que possuem maior biomassa foliar (veja Faria & Fernandes

2001). Além disto, plantas que possuem maior concentração de compostos de defesa

devem ser mais resistentes aos ataques de herbívoros e patógenos, apresentando maior

número de HRs (e.g. Westphal et al. 1981; Hartley 1998), justificando os resultados deste

estudo. Contudo, poucos estudos relatam o papel da HR na dinâmica das populações de

insetos galhadores.

Finalmente nós observamos que a sobrevivência dos galhadores e a herbivoria

foliar foram afetadas pela interação entre ano de estudo e biomassa foliar. No ano

reprodutivo observou-se uma a relação negativa entre sobrevivência e biomassa foliar,

enquanto que no ano não reprodutivo esta relação foi inversa (Fig. 7A). A biomassa foliar

foi menor no ano reprodutivo, indicando menor disponibilidade de recursos para os

galhadores de folhas neste ano. Assim, poderíamos hipotetizar a competição como uma

possível causa para explicar esse padrão de sobrevivência dos galhadores (Hess et al.

1996). Neste contexto, no ano não reprodutivo a competição por recurso (folhas) seria

baixa e a sobrevivência dos galhadores seria maior nas plantas que apresentarem maior

disponibilidade de recursos, ocorrendo o contrário do observado no ano anterior. A área

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foliar perdida por folivoria foi maior no ano reprodutivo e mostrou relação negativa com a

biomassa foliar nos dois anos de estudo (Fig. 7B). Assim, plantas que apresentaram maior

biomassa foliar tiveram menor área foliar removida por folivoria. Possivelmente, este

resultado pode ser devido à maior diluição das injúrias provocadas pelos insetos

mastigadores quando o recurso é mais abundante.

Nossos resultados confirmam que C. langsdorffii possui um padrão de frutificação

supra-anual em massa. Esta estratégia reprodutiva provocou diversificados efeitos no

desenvolvimento da planta, demonstrando a importância de se avaliar diferentes atributos

do desenvolvimento da planta para caracterizar variações no investimento vegetativo de

uma espécie. Além disso, outros componentes do investimento vegetativo como a

biomassa e arquitetura radicular devem ser quantificados em estudos sobre trade-off entre

reprodução e crescimento (Imaji & Seiwa 2010). Outro aspecto importante seria avaliar as

reservas acumuladas pelas plantas durante os períodos não reprodutivos. Somente quando

estes conhecimentos forem desvendados poderemos construir modelos e fazer previsões

mais acuradas sobre os fatores que desencadeiam os eventos reprodutivos supra-anuais.

A frutificação supra-anual em massa também afeta a produção de compostos de

defesa e a fauna de herbívoros associada a C. langsdorffii. Estudos que enfocam

investimento diferencial em defesas e seu papel na herbivoria em plantas supra-anuais

ainda são raros. A compreensão deste importante componente da interação animal-planta

será imprescindível para decifrar histórias de vida coevolutivas e o papel da herbivoria na

reprodução de plantas supra-anuais e vice versa. Desta forma, poderemos avaliar padrões

locais de diversidade e traçar estratégias adequadas para a conservação.

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Agradecemos a A. C. M. Queiroz, M. L. B. Maia, S. Antunes, C. R. O. Leal e R. A.

Andrade pelo auxílio no trabalho de campo. F. V. Costa agradece a bolsa de estudos

concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

M. Fagundes agradece à Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), e

R. Reis-Júnior agradece ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) pelas bolsas de incentivo à pesquisa. Esse trabalho foi conduzido com

o suporte financeiro da FAPEMIG (APQ-01231-09).

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Anexo 1. Morfotipos de galhas (1 a 23) associadas a C. langsdorffii em uma área de

Cerrado (Montes Claros, Minas Gerais, Brasil). Os valores entre parênteses correspondem

à abundância total de galhas amostradas em 2008 e 2009, respectivamente. As setas

indicam a localização das galhas na planta hospedeira (modificado de Costa et al. 2010).

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