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  • 8/10/2019 Alma Guerreira.doc

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    Alma GuerreiraA Warrior's Heart

    Margaret MooreResumo:Gales1201Roanna Westercott viu-se arrastada em louca disparada, afastando-se rapidamente das terras

    onde deveria comear uma nova vida! " #ovem guerreiro solit$rio, %ue a arre&atara da proteo do noivoe da comitiva %ue os acompan(ava, parecia possu)do de fora so&renatural, da o&stinao cega dos %uepassam por intensa dor para se tornarem mais fortes!

    *om medo e fasc)nio, o&servou o rosto de seu raptor! As marcas de guerra eram mais suaves %ueas cicatri+es da alma ali espel(adas! Roanna no tin(a iluses! la seria usada como arma contra seu noivo

    por algum motivo %ue descon(ecia! no ousava imaginar o final de uma luta entre dois (omens deorgul(o fero+ e vontade implac$vel.

    /igitali+ado e corrigido: udit( ima*oprig(t 3 1442 & Margaret Wil5ins6u&licado originalmente em 1442 pela Harle%uin 7oo5s, 8oronto, *anad$!8odos os personagens desta o&ra, salvo os (ist9ricos,so fict)cios! ual%uer outra semel(ana com pessoasvivas ou mortas ter$ sido mera coincid;ncia!

    *oprig(t para a l)ngua portuguesa: 1442/A *?8?RA 8/A!

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    CAPTULO I

    Gales, 1201

    @ =o mudou muito, no" guerreiro alto, a#oel(ado no alto do roc(edo, voltou-se para o irmo

    de criao, sem se importar com a c(uva %ue ensopava a tBnica de courocomprida, sem mangas, e as calas de l, nem com o vento frio nos &raosnus e na ca&ea!

    $ em&aiCo um pe%ueno corte#o de cavaleiros mol(ados, duas vel(as erangentes carroas, v$rios soldados a pD, avanava com lentido pelaestrada enlameada!

    "&servando no cavaleiro E frente, o guerreiro mais alto emitiu umsom +om&eteiro e comentou:

    @ *nric ainda cavalga como se tivesse uma lana enfiada na!!!@ mrss. @ eCclamou o mais &aiCo, a&afando uma gargal(ada!

    @ 6elos deuses, GFil. u ia di+er armadura! s ve+es voc; parece umamul(er vel(a. @ mrss apontou para a pe%uena figura %ue montava umcavalo de dorso curvo! @ A%uela deve ser a noiva! *avalga como um saco de&atatas. Garanto %ue ele no vai se casar com ela pelo #eito %ue monta.

    A#ustando o tapa-ol(o so&re a 9r&ita direita, va+ia, mrss sorriupara o irmo adotivo! 6ara %ual%uer outro guerreiro, o sorriso pareceriaa&surdo! Mas GFilm sa&ia %ue %uando mrss sorria a encrenca iacomear!

    @ no tem grande dote, tam&Dm @ comentou GFilm, preocupadocom o %ue mrss ia fa+er, uma ve+ %ue sua prolongada aus;ncia nodiminu)ra o 9dio %ue alimentava pelos /eanea de 7eaufort! @ A fil(a dacun(ada do ferreiro ouviu, no mercado de 7eaufort, %ue o dote dela D dedar pena!

    @ nto, ela D &onita@/i+em %ue no! magra como um vara-pau e tem cara de doente!

    7em, voc; vai ver!@ *nric no escol(eria uma noiva assim!!! @ disse mrss, pensativo!

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    @ " %ue mais di+em, GFilGFilm suspirou, sentando-se, en%uanto a coluna, l$ em&aiCo,

    comeava a entrar na floresta!

    @ " vel(o &aro D %ue acertou o casamento! " tio da noiva, a%uele aolado dela, %ue parece um uru&u, pode introdu+i-lo na corte e os /eaneaprecisam de!!!

    mrss apontou para o guerreiro %ue estava do outro lado da noiva:@ %uem D a%uele, de ca&elos negros, com cara de %ue espera

    confuso@ it+ro! *uidado com ele, mrss, ele luta &em!@ /e onde ele veio

    @ =inguDm sa&e @ GFilm deu de om&ros! @ 6elo %ue sei, guerreiapor din(eiro!mrss ergueu-se %uando o Bltimo soldado desapareceu entre as

    $rvores!@ =o me surpreende *nric ter %ue alugar guerreiros, sem dBvida

    (omens procurados por assassinato ou algo parecido! @ 8irou o tapa-ol(o eprendeu-o no cinto! @ 7em GFil, c(egou a (ora de mostrar a meu primo %uevoltei!

    @ st$ louco, mrss. @ GFilm tam&Dm se levantou, evitando ol(arpara a cicatri+ terr)vel %ue marcava a face direita de mrss!

    @ >ai aparecer E frente dele e dar &om dia le odeia voc;, (omem.>ai mat$-lo assim %ue o enCergar!

    @ /uvido, no vai %uerer c(ocar a noiva! ac(o %ue vou dar &om diaem gales! Ac(o %ue ele vai gostar!!!

    GFilm sacudiu a ca&ea, en%uanto mrss montava devagar,

    a#eitando a perna es%uerda, com cuidado!@ oucura! >ai deiC$-lo ver o %ue aconteceu com voc; Assim %ueaca&ou de falar GFilm teve vontade de morder a l)ngua, ao ver o rosto demrss endurecer!

    @ Meu rosto D a prova de %ue sarraceno nen(um vai me matar atD %ueacerte as contas com os 7eaufort!

    @ st$ &em, mrss @ assentiu GFilm, montando! @ stou com voc;!@ 8odos so uns &$r&aros estBpidos @ %ueiCou-se *nric /eanea,

    a vo+ +um&indo como um inseto nos ouvidos de lorde Ranald Westercott!

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    @ =o entendo por %ue o rei se importa com esta regio selvagem! I9 tematoleiros %ue engolem carneiros e atD pastores.

    Westercott apontou o nari+ adunco para *nric e deu um sorriso

    forado! Ientia-se cansado das lamentaes do no&re, mas no %ueria criarantagonismo antes %ue sua so&rin(a estivesse casada e fora de sua vida!@ 7em, milorde, com certe+a a floresta tem algum valor! Ieu pai

    nunca se lamentou pelo &aronato %ue rece&eu a%ui!@ le tem certas!!! compensaes. " sorriso de *nric fe+

    Westercott sentir-se pouco E vontade!"uvira di+er %ue os /eanea gastavam fortunas para satisfa+er a

    luCBria e esmagavam seus rendeiros com impostos! 6recisavam de apoio

    para entrar na corte do novo rei, o(n, por isso o &aro /eanearesolvera casar o fil(o! As loucuras do &aro serviam para %ue eleresolvesse o pro&lema da so&rin(a! A moa vivia vagando pela propriedadecomo uma alma penada, aparecendo diante dele %uando menos a esperava!=o via a (ora de se livrar dela!

    @ 8emo %ue a c(uva aperte!!! Ainda estamos muito longe de7eaufort @ indagou Westercott!

    Ieu estJmago reclamava, avisando-o %ue passara muito tempo daBltima refeio!

    @ =o! *(egaremos antes da noite cair!Westercott assentiu, ol(ando de relance para os %ue vin(am atr$s!

    Roanna parecia uma galin(a mol(ada, pensou! Graas a /eus ia se casar!!!@ K uma pena no (aver um convento na regio do sen(or @

    comentou *nric, %ue l(e seguira o ol(ar! @ Iua so&rin(a daria uma 9timafreira!

    >oltando-se, Westercott viu o desgosto estampado no rosto do noivo!*lareou a garganta antes de falar:@ 6ensei nisso, mas custa caro pagar a ordenao de uma freira! Ieu

    pai me fe+ a proposta e ac(ei &em mel(or Roanna nos &eneficiar a todos,no, milorde!

    Antes %ue *nric pudesse responder, um corvo saiu voando contra ocDu cin+ento, crocitando roucamente!

    ad Roanna Westercott puCou as rDdeas e ergueu os ol(os! "s

    soldados %ue estavam a pD pararam, nervosos, e o&servaram as $rvores!

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    @ 6elo amor de /eus, D apenas um p$ssaro. @ gritou *rinc, voltando-se so&re a sela e ol(ando a escolta com frie+a!

    m seguida, seus ol(os a+uis estreitaram-se e os l$&ios se apertaram!

    Roanna, escorrendo $gua, viu a repulsa pintar-se no rosto do noivo, %uandoa fitou!@ =em os covardes ladres galeses seriam idiotas o &astante para

    nos atacar, seus medrosos. @ continuou ele!*om pr$tica de muitos anos, Roanna demonstrou-se calma! "uvira

    falar nos cora#osos ata%ues dos galeses contra os normandos, %ue aindaconsideravam invasores, apesar de Guil(erme, du%ue da =ormandia, terinvadido a

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    dirigiu sua montaria para #unto de it+ro, %ue considerava o mel(orlutador presente! nto, viu por%ue (aviam parado!

    ?m (omem, montado em enorme cavalo negro, permanecia im9vel no

    meio da estrada, indiferente E c(uva %ue escorria do elmo para a longatBnica de couro! " elmo co&ria-l(e completamente a ca&ea e tin(a apenasuma fenda estreita %ue permitia a viso! ra vel(o e &em polido,provavelmente rou&ado! A $gua da c(uva escorria pelos &raos nus, pois eleno usava camisa, nem tBnica! As pernas musculosas estavam reco&ertaspor calas #ustas de l e &otas de couro! 8in(a um dos torno+elos apoiadoso&re a outra perna, %ue &alanava como se estivesse seguindo o ritmo deuma cano!

    Roanna %uase perdeu a respirao: ele seria facilmente dominadopelos soldados de *nric! I9 um maluco se atreveria assalt$-los so+in(o!*nric empun(ou a espada e no mesmo instante algo passou silvando

    perto do rosto de Roanna, %ue estremeceu, en%uanto uma flec(a cravava-se no tronco da $rvore ao lado dela! Agarrando-se mais Es rDdeas, ela ol(oupara as $rvores: o (omem no estava so+in(o.

    le riu, en%uanto deiCava-se escorregar da sela para o c(o, a pesadaespada &atendo-l(e na coCa!

    @ /2dd da ic(. @ cumprimentou ele em gal;s, em vo+ alta e clara,como se dissesse algo divertido!

    Roanna ol(ou para o noivo e para o (omem! A%uele estran(o devia serlouco.

    le se aproCimou do cavalo de *nric, parando a pouco mais de ummetro:

    @ *omo D, *nric @ Havia riso contido na vo+ do (omem! @ =o

    fala mais gal;s e perdeu a educao@ " %ue voc; %uer @ perguntou *nric!@ 6or favor, %uanta grosseria. @ continuou o estran(o! @ u ac(o %ue

    voc; deveria ser um pou%uin(o gentil com um vel(o amigo!nto, o (omem recuou um pouco e tirou o elmo! ?ma &rutal cicatri+

    ia da rai+ dos ca&elos, na testa, atD a orel(a, passando pela 9r&ita va+ia! "lado es%uerdo do rosto, o nari+ reto, os maCilares fortes mostravam-seperfeitos!

    A &oca de *nric a&riu-se e nen(um som saiu! e+-se um pesado

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    sil;ncio ate %ue o estran(o inclinou a ca&ea para tr$s e riu!Roanna ficou a&ismada! ue tipo de (omem era capa+ de so&reviver a

    um ferimento como a%uele e gostar do c(o%ue %ue as pessoas sentiam ao

    ver seu rosto devastado n%uanto ela o fitava, o riso transformou-se emum sorriso, mas (ouve um relu+ir de 9dio no &onito ol(o castan(o, intocado!@ 6ensamos %ue voc; tivesse morrido @ disse *nric, por fim, com a

    vo+ alterada!@ 7em, como v;, no morri! @ A vo+ do estran(o denotava despre+o!

    @ Mas no vim a%ui para trocar gentile+as com voc;, menino! /eiCe-me versua noiva!!!

    A garganta de Roanna apertou-se, en%uanto o (omem ria e apro-

    Cimava-se dela, passando por *nric, %ue no fe+ um gesto para det;-lo! Aocontr$rio, ol(ava a cena, encol(ido como se tivesse medo!/esamparada, ela ol(ou para o tio, por entre os c)lios longos, das

    p$lpe&ras a&aiCadas: estava tr;mulo, p$lido, incapa+ de defend;-la! Mesmoit+ro afastou-se, E medida %ue o estran(o avanou! la fiCou os ol(os naspr9prias mos crispadas nas rDdeas, sem sa&er o %ue fa+er!

    >iu os pDs do (omem pararem #unto de sua montaria!@

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    vimentando-se com a agilidade de guerreiro &em treinado! Montou,pendurou o elmo na sela, fe+ o cavalo virar-se, ento ol(ou para tr$s! Iempensar, Roanna o encarou! /e repente, ele incitou o cavalo e foi em sua

    direo! Antes %ue ela pudesse gritar e %ue os demais perce&essem o %ueacontecia, agarrou o ca&resto do cavalo dela!@ *(egou a (ora de aprender os costumes galeses, *nric. @ gritou

    o (omem!sporeou seu cavalo e disparou por entre as $rvores, puCando a

    montaria de Roanna! Assustada, ela agarrou-se Es rDdeas, inclinando ocorpo para evitar os gal(os mais &aiCos, um grito preso na garganta! IeuestJmago revirava-se como a lama so& as patas dos cavalos, fol(as

    mol(adas &atiam-l(e no rosto, gal(os prendiam-se em sua roupa,desalin(ando-a! Mal podia respirar!" (omem prosseguia a cavalgada louca, sem se importar com o &arro,

    a c(uva, as $rvores! Afinal, c(egaram a uma clareira, mas ele no parou!ntraram por uma tril(a estreita, novamente entre as $rvores, %ue os levoua um prado, onde ele pJs os cavalos a galope! Roanna sentiu %ueescorregava na sela e segurou-se com mais fora Es rDdeas!

    =o, pensou em seguida! =o se deiCaria levar! Respirou fundo esaltou da sela!

    *aiu, &atendo com tanta viol;ncia no c(o %ue o ar escapou-l(e dospulmes! 8entou respirar, mas no conseguia! 8udo comeou a girar e umrumor surdo invadiu-l(e os ouvidos! Ientiu uma forte dor no peito, o arconseguiu entrar, e ela arrastou-se para uns ar&ustos! 8eve %ue parar aover as &otas de couro diante do seu rosto!

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    de medo! @ =o vou mac(uc$-la!@ 6refiro morrer a ser desonrada @ respondeu ela!mrss no se surpreendeu com as palavras, mas sim com a firme+a

    %ue (avia na vo+! A%uela moa sa&ia o %ue di+ia!@ /ou-l(e min(a palavra %ue no vou for$-la @ prometeu ele!, com;nfase!

    A desconfiana %ue (avia nos ol(os verdes diminuiu e ele sentiu-secontente!

    @ nto, deiCe-me ir em&ora @ eCigiu ela!@ A sen(orita deveria ficar e me agradecer @ retrucou ele, com

    a+edume! @ I9 uma idiota ficaria feli+ em se casar com a%uele grosseiro e

    a sen(orita no D idiota!@ " sen(or no sa&e %uem eu sou, nem o %ue %uero. @ la deu umpasso e ele surpreendeu-se, como se visse pedra ad%uirir vida! @ eve-mede volta!

    @ 6or %ue levaria =o daria nem um co a *nric /eanea. @respondeu ele!

    @ =o sou um co e o sen(or no vai me dar a ele! @ A vo+ dela su&iu,os ol(os verdes incendiaram-se! @ Ie pre+a a min(a (onra, leve-me devolta a meu noivo!

    ?ma veia comeou a pulsar nas t;mporas dele:@ =o rece&o ordens, milad! nfie isso nessa sua ca&ea normanda!la a&aiCo a os ol(os e uniu as mos:@ 6or favor!!! @ pediu!le se aproCimou, segurou-l(e o %ueiCo e ergueu-l(e a ca&ea,

    a&rigando-a ol($-lo:

    @ =o se faa de inocente comigo, milad! =o com&ina com asen(orita!nto, ela o fitou com intensidade e a raiva dele dissipou-se! m seu

    lugar ficou uma profunda triste+a, um dese#o enorme de t;-la encontradode modo diferente, em outra ocasio!

    @ 6oder$ voltar para a%uele imprest$vel aman(! 6or en%uanto, vaicomigo! @ la no se meCeu e ele continuou: @ =o me importa se est$determinada a se casar com *rinc e no vou ficar discutindo na c(uva!

    *om incr)vel facilidade, ergueu-a e colocou-a so&re o cavalo negro!

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    *om pavor de cair do enorme animal, ela agarrou-se ao ca&eote da sela!le montou atr$s dela e seus &raos a rodearam como c$lidas tiras deferro!

    Roanna tentou se manter ereta, en%uanto o cavalo se movimentava,devagar, por uma tril(a %ue mal se es&oava entre as $rvores!@ =o pule de novo @ ordenou mrss e ela no respondeu! @ 6odia

    ter morrido! K mel(or morrer do %ue se casar com *rinc, claro, mas ($outras maneiras de evit$-lo!

    Roanna fe+ um tre#eito de pouco caso!@ 7em, talve+ eu este#a enganado! A sen(orita %uer se casar com

    a%uele am(arc(us ffieidd-dra 6ensei %ue fosse esperta demais para fa+er

    isso!!!A vo+ profunda, suave, to perto de seu ouvido a fe+ responder:@ Meu tio fe+ um contrato!@ Mas uma lad tem direito a recusar, se no %uiser!@ u no tin(a escol(a!@ *oncordou, ento ormalmente@ " sen(or no entende dessas coisas. @ irritou-se ela! As mos

    dele, diante dela, apertaram mais as rDdeas:@ Ie ac(a %ue no!!!@ " sen(or no pode entender as o&rigaes da no&re+a @ insistiu

    Roanna!@ =ola ac(ou %ue era mel(or ficar em sil;ncio! $ falara demais com

    a%uele (omem, no m)nimo um ladro, no m$Cimo um re&elde! /everia estar(orrori+ada com o %ue ele poderia fa+er-l(e, mas no estava! 6or %u; "

    %ue (avia de errado com elamrss no falou mais! Apenas o som da c(uva caindo nas $rvores e orumor dos cascos do cavalo pertur&avam a %uietude da floresta %ueatravessavam!

    /epois de algum tempo c(egaram a um rio! Ialgueiros inclinavam seusgal(os so&re a $gua! A margem era um &arranco pedregoso e as mos deRoanna apertaram mais o ca&eote da sela! le impeliu o cavalo E frente,di+endo:

    @ K menos perigoso do %ue parece!

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    Atravessaram o rio devagar, o animal pisando com segurana! raevidente %ue con(ecia o camin(o! /o outro lado, (avia uma tril(a %ue iafloresta a dentro! " cavalo seguiu por ela, passando por salgueiros,

    aveleiras, carval(os e pin(eiros! la tentava memori+ar tudo, para o casode conseguir escapar, mas a tril(a era to estreita e as $rvores to #untasumas das outras %ue seria como procurar um camin(o na $gua!

    " odor de fol(as mol(adas e de agul(as de pin(eiro era forte! Gotasgeladas pingavam das $rvores so&re eles e ela precisava de muito esforopara no se recostar no peito %uente e firme atr$s de si!

    A tril(a passou a su&ir e em cima o terreno estendia-se num platJ!?ma colina pedregosa erguia-se E distncia e perto dela Roanna divisou

    pe%uenas construes! ?ma aldeia, pensou!uando c(egaram mais perto, viu %ue no era uma aldeia: tratava-sede %uatro ca&anas, com certe+a usadas por pastores!

    ?m cac(orro latiu e alguns (omens, po&remente vestidos com l ecouro, sa)ram das ca&anas! /ois deles eram %uase meninos e estavamarmados com arcosL outro era um vel(o alto, de costas retas e &ar&a longa,&ranca! "s outros, de mos va+ias, pareciam mais acostumados a tos%uiarl do %ue a lutar! 8odos gritaram, cumprimentando!

    ?m guerreiro ainda #ovem, com densa ca&eleira negra, aproCimou-se epegou as rDdeas, ol(ando para Roanna! ra GFilm, %ue perguntou em gal;s:

    @ /eus. 7raFdmaet(, por %ue a trouCe@ 6or%ue eu %uis @ respondeu seu irmo de criao, descendo do

    cavalo! @ H$ fogo em algum lugar@ $ @ GFilm apontou para a ca&ana mais distante! mrss a#udou

    Roanna a desmontar, tentando ignorar a suave, deliciosa, curva da cintura

    esguia!@ >en(a @ ordenou em franc;s normando, segurando-l(e uma dasmos!

    Ientia na sua a mo delicada e morna como um p$ssaro, en%uanto alevava! *errou os dentes e encamin(ou-se para a ca&ana, %uase arrastandoRoanna atr$s de si!

    6elo sangue dos deuses., pensou, o %ue estou fa+endo a%ui com est$mul(ef %ue pertence ao (omem %ue despre+o

    =o, corrigiu-se! " %ue estava fa+endo a si mesmo le a trouCera

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    por causa do modo como ela o ol(ara, mas na verdade poderia no significarnada! 8alve+ ele tivesse imaginado o apelo %ue vira nos ol(os verdes, nomomento em %ue ia em&ora!

    6erdido nos pensamentos, no reparara %ue a moa tin(a de correrpara acompan(ar seus largos passos, a ampla saia mol(ada enroscando-seem suas pernas diminuiu um pouco o passo!

    A&riu a porta da pe%uena ca&ana e a fe+ entrar! A luminosidade dafogueira %ue %ueimava em cova rasa, no c(o de terra, ofuscou os ol(os deRoanna! la soltou-se da mo de mrss e tropeou num monte de pal(a!le no se moveu para ampar$-la e ficou E espera de %ue recuperasse oe%uil)&rio! nto, cru+ou os &raos no peito musculoso e disse:

    @ 8ire o vestido!

    CAPTULO II

    A vel(a e magra sen(ora voltou E estreita #anela!@ $ escureceu e a%ueles dois no voltaram, 7ronFn. @ disse com

    vo+ %ue parecia um mecanismo enferru#ado precisando de graCa!@ =a certa vo passar a noite nas colinas, Mamaet( @ respondeu a

    sorridente #ovem de ca&elos castan(os!@ "u lorde mrss meteu-se numa &riga. @ resmungou Mamaet(,

    apertando os ol(os para ver atravDs da c(uva e do escuro!@ GFilm no deiCaria!!!@ desde %uando GFil segura lorde mrss @ indagou Mamaet(,

    preocupada! @Ainda mais %uando se trata desses normandos.7ronFn suspirou e ergueu os ol(os da costura:@ *omo lorde mrss aprendeu com a sen(ora a odiar todos os

    normandos, menos seu pai, no censure GFilm! le fa+ o %ue pode, no temdireito de dar ordens ao sen(or das terras.

    Mamaet( a&riu a &oca para prague#ar, mas o temor E ira de /eussegurou-l(e a l)ngua! AproCimou-se do pe%ueno &raseiro %ue dava um poucode lu+ e calor E grande sala das criadas, em *raig aFr:

    @ 7em, pode ser!!! @ disse, erguendo um canto do lenol de lin(o %ue

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    a #ovem &ordava! @ Ieria mel(or ele parar de pensar em guerras e secasar! Ieus pontos esto muito grandes, menina!

    7ronFn viu %ue Mamaet( tin(a ra+o e passou a desmanc(ar o ultimo

    trec(o do &ordado!@ >ai ver %ue lorde mrss ainda no encontrou a moa de seusson(os!

    @ le @ cacare#ou Mamaet(! @ *omeou a caar meninas desde %uelargou os cueiros e apan(ou mais %ue uma, garanto, sem ser apan(ado por%ual%uer uma delas! @ *alou-se por um instante! @ 7em, ten(o %ue ir cuidardo #antar!!!

    7ronFn tam&Dm estava preocupada com os dois (omens pois sa&ia

    %ue tin(am ido ao &aronato de 7eaufort! Mamaet( saiu da sala, com andarr$pido para sua idade! *uidar da me de mrss, %uando ficara viBva, e delea tin(a conservado ativa! 7ronFn ol(ou-a sair, depois voltou ao &ordado!

    GFilm (avia dito onde iriam no por %ue sou&esse o %ue ela sentiapor ele, mas por%ue era muito c(egada a Mamaet(! le no %uisera deiCar avel(a ama preocupada, mas alguDm precisava sa&er onde se encontravam!8alve+ um dia ele perce&esse o %uanto o amava! n%uanto isso, ela dariaseus recados e serviria seu vin(o, escondendo o amor dentro do corao!

    @

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    @ >oc; tin(a o&rigao de lutar e no podia ficar ali, ol(ando, comose fosse uma mul(er.

    *nric empurrou o ca&elo mol(ado para tr$s, outra ve+:

    @ =o (avia motivo para arriscar a vida de meus (omens @ retrucou,com vo+ tensa!=otou %ue o peito do pai estremecia a cada respirada e pensou %ue

    ele poderia morrer na%uele momento!@ =o (avia motivo le s9 fe+ voc; de &o&o.@ 6or %ue eu iria me importar por ele tirar a%uela &ruCa magrela do

    meu camin(o 6refiro casar com meu cavalo!" &aro levantou-se, furioso! *nric sentiu medo, mas apenas por um

    instante!@ =o me interessa se ela parece um cad$ver. @ &errou o pai! @>oc; vai &usc$-la e se casar$ com ela!

    @ =o, se mrss a tiver possu)do!@ >oc; sa&e, tanto %uanto eu, %ue ele #amais possui uma mul(er

    contra a vontade dela! @ " &aro atravessou a sala e parou diante do fil(o,arregalando os ol(os pela ira! @

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    aman(ecer!le no esperou para ouvir a resposta! Iaiu da pe%uena cmara e foi

    para o enorme (all! Iu&iu ao estrado e sentou-se no trono do pai! 6ouco

    depois so&ressaltou-se ao ouvir passos pesados no piso de pedra! rgueu-se, r$pido! ?ma som&ra enorme desen(ou-se na parede! " (omem %ue apro#etava se encontrava E porta da co+in(a e era &em grande! *rinctornou a sentar-se no trono e indagou:

    @ uem D voc;, em nome de /eus@ ac%ues de

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    a#eitando o amplo decote %ue mostrava um colo alvo e c(eio!@ =o se preocupe @ disse! @ le no vai mac(uc$-la! orde mrss

    /eanea #amais ofende uma mul(er!

    @ *omo sa&e @ indagou ac%ues! @ le no D um fora-da-lei@ Ianto /eus, no. @ riu ela! @ oi lorde mrss /eanea %ue alevou! le D so&rin(o do &aro!

    @ Mon /ieu, %ue so&rin(o D esse @ gemeu ac%ues!@ A(, eles se odeiam, mas eu ouvi meus patr)es di+endo %ue lorde

    mrss /eanea #amais toca numa mul(er contra a vontade dela!@ A moafoi se acomodar no &anco, ao lado dele! @ =o precisa, por%ue todas o%uerem! /isseram-me %ue ele era lindo, mas %ue agora est$ assustador! K

    verdade@ le tem uma cicatri+ feia no rosto e perdeu um ol(o @ assentiuac%ues!

    @ Iinto por ela, ento! >ai ter medo, pois no sa&e %ue ele nomaltrata mul(eres!

    @ A cara dele no vai assustar lad Roanna @ garantiu o co+in(eiro!@ la D muito cora#osa.

    @ Mel(or assim!!! Agora, com licena, ten(o %ue tra&al(ar @ a moalevantou-se!

    @ spere. @ ac%ues segurou-a por um &rao! @ Iente a%ui!!!@ nette!@ nette! me fale so&re esta gente!@ 7em!!! @ ela (esitou! @ =o sei se devo! 6reciso lavar os pratos e!!!@ /eiCe os pratos.ac%ues levantou-se e foi atD o arm$rio! 6egou uma garrafa de vin(o,

    enc(eu dois copos, sentou-se no &anco #unto E mesa e fe+ sinal paranette sentar-se a seu lado! la sorriu e sentou-se, tomando logo um golede vin(o!

    @ Hum, est$ &om.ac%ues anuiu e esperou, en%uanto ela voltava a &e&er, %uase

    esva+iando o copo!@ 7em @ comeou nette, vendo %ue ele no se meCia para tornar a

    enc(;-lo @, a me de lorde mrss /eanea, Ang(arad, era uma princesa

    galesa, lind)ssima! 8in(a ca&elos escuros, ol(os

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    castan(os, enormes, e muita coragem, di+em! " rei normandoapossou-se de todas as terras dos galeses, menos de um pedao, %ue

    ficou com Ang(arad e ela o deu ao marido, um normando! *ontam %ue

    ela no %uis sa&er de (omem algum atD con(ecer lorde Ralf /eanea, %ueera lindo como lorde mrss! Muito alto, com ca&elos e ol(os claros!*asaram-se!

    la calou-se e ol(ou para o copo! ac%ues serviu mais vin(o!@ "&rigada!!! 8udo estaria &em se lorde ?lfrid /eanea, o &aro

    na%uela Dpoca, no %uisesse Ang(arad para ele, com casamento ou no!*laro, o rei era contra!!!

    A criadin(a &aiCou a vo+ atD se tornar um murmBrio e c(egou mais

    perto de ac%ues:@ !!! mas isso no deteve o &aro %ue tentou rapt$-la, mesmo depoisde casada! =o deu certo! le era rancoroso! ?m dia encontrou Ang(aradcom as damas de compan(ia na floresta e mandou as damas em&ora! las&uscaram socorro, %ue c(egou depois %ue ele a&usara de Ang(arad e aespancara atD ela desmaiar! /esde ento, as duas fam)lias vivem &rigando,mesmo depois %ue lorde Ralf morreu!!!

    ac%ues ficou deprimido! ad Roanna ia viver com a%uela gente@ orde mrss foi lutar nas *ru+adas! "s outros voltaram e ele no!

    6ensamos %ue tivesse morrido! " &aro %ueria apoderar-sedas terras, mas Ang(arad era uma mul(er determinada e agarrava-se

    a sua propriedade como uma raposa no pescoo de uma galin(a! la morreuno fa+ muito tempo e deiCou Mamaet( encarregada de tudo! K outra fera." &aro foi uma ve+ falar com ela, di+endo %ue a terra deveria passar paraele, #$ %ue seu so&rin(o (avia morrido e ela o pJs para fora correndo!

    @ 6or %ue tem tanta certe+a %ue esse lorde mrss no vai mac(ucarlad Roanna @ perguntou ac%ues! @ le pJde ter mudado e us$-la parase vingar!

    @ u no tin(a pensado nisso!!!ac%ues sentiu um peso no peito: *nric /eanea era um covarde

    %ue fugia ao primeiro sinal de perigo, e seu primo, mrss /eanea podiaser pior!

    mrss atravessou a clareira, indo para outra ca&ana! =o sa&ia se

    devia lamentar ou rir do impulso %ue o levara a apoderar-se da noiva de

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    *nric! =o esperava %ue fosse a mul(er orgul(osa e determinada %ue era!oc; a deiCou so+in(a@ "nde esto os outros @ perguntou mrss, tentando evitar a

    conversa %ue viria!GFilm era mais novo e um &astardo, %ue no con(ecera os pais, mas

    %ueriam-se como irmos e ele considerava sua o&rigao lem&rar a mrss%ue devia tomar cuidado com o &aro e seu fil(o!

    @ oram para suas casas!@ Hu@ =o entendo esse menino. =o %uis ir em&ora sem voc;! Mandei-o

    cuidar dos cavalos!@ /iga-l(e para vigiar a moa e levar-l(e po e $gua! K inofensiva e

    ele pode nos c(amar, se ela der tra&al(o!

    GFilm deu-l(e um odre de vin(o, dirigiu-se E porta, ento parou evoltou-se:@ mrss @ disse, com suavidade @, o %ue pretende, (omem "

    plano era mostrar a eles %ue voc; est$ vivo, no fim rou&ou a mul(er.mrss passou os dedos pela cicatri+ no rosto:@ Anda es%uecendo os costumes galeses, GFil >irou normando , As

    so&rancel(as de GFilm ergueram-se e ele deu de om&ros!@ st$ &em, c2fat(ranc(Fr @ suspirou mrss! @ 8ive vontade de

    rou&$-la e no parei para pensar!

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    GFilm saiu, deiCando mrss com os ol(os fiCos na fogueirafumacenta! le tomou dois grandes goles de vin(o! A%uela moa o intrigava!ual%uer outra teria ca)do no c(oro, mas ela o enfrentara como!!! &em,

    como um (omem! ueria sa&er tudo %ue ela tivesse para contar!?m golpe de vento indicou %ue a porta se a&rira, mas mrss, pendidoem pensamentos, no se voltou para ver %uem entrara! GFilm foi sentar-sea seu lado e &e&eu um pouco de vin(o!

    @ le no vai perdoar o %ue voc; fe+ @ disse, como se mrss fosseuma criana!

    mrss colocou mais len(a no fogo, &e&eu vin(o de novo e disse:@ /esde %uando me importo se *rinc me perdoa ou no

    @ K verdade!!! @ concordou GFilm! @ A coitadin(a est$ aterrori+ada@ tomou outro gole de vin(o!@ la D mais forte do %ue parece @ respondeu mrss, sacudindo a

    ca&ea! @ Ieus ol(os podem matar um (omem!" irmo de criao riu e a tenso se dissipou:@ K o %ue %ueremos %ue acontea com *rinc. *oitado!!! ela no tem

    carne co&rindo os ossos. =o entendo por %ue ele vai se casar com ela!/evia ter visto a cara dele %uando voc; pegou o cavalo dela.

    mrss soltou uma gargal(ada ao lem&rar da eCpresso apavorada doprimo %uando ao v;-lo surgir na estrada!

    @ Agora ele aprendeu o costume gal;s de rou&ar noivas. @ eCclamou,piscando maliciosamente para o irmo adotivo!

    la sa&e %uem voc; D" riso desapareceu do rosto de mrss!@ =o, mas vai ficar sa&endo! GFilm soltou uma risadin(a e ergueu-

    se, di+endo:@ u gostaria de estar perto para ver! 7oa noite, milorde @ disse,&rincando, pois #amais tratava o irmo adotivo por Osen(orO!!

    @ 7oa noite, GFil! /epois %ue GFilm saiu, mrss colocou mais umaac(a no fogo! /eitou-se de lado, sentindo um pouco de dor na pernaes%uerda, %ue tam&Dm fora ferida!

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    viso dos ca&elos negros ao redor do rosto delicado, dos &ril(antes ol(osverdes, do corpo esguio ao %ual o vestido mol(ado se colava!

    Gemeu &aiCin(o! 6or %ue o sarraceno no danificara sua imaginao,

    como fi+era com seu corpo8ocou a cicatri+, %ue ficara dolorida por causa da presso do elmo!=o sa&ia o nome dela!!! 8alve+ fosse mel(or!

    Roanna pJs mais len(a na fogueira %ue morria, ficava mais frio a cadaminuto! Ieu corpo parecia estar rodeado de gelo!

    *ertamente *rinc viria &usc$-la! Ientada, encol(eu-se, colocando aca&ea so&re os #oel(os e o&rigou-se a encarar os fatos! =o se importavase nunca mais visse *rinc /eanea, se no mais ouvisse sua vo+

    arrogante, mas o %ue l(e aconteceria se ele no viesse Ier$ %ue a%ueleladro, a%uele criminoso %ue di+ia estar apenas seguindo um costume gal;s,iria cumprir a palavra e devolv;-la

    uando ela se recusara a tirar o vestido, ele sorrira e dissera:@ u s9 no %ueria %ue a sen(orita apan(asse frio e morresse! se

    retirara, calando a porta da ca&ana, por fora, com uma pedra! Ieu tioeCigiria %ue a procurassem! Mas, e se ele ficasse contente por se ver livredela sem ter %ue pagar o dote

    ac%ues devia estar aflito! le era apenas um co+in(eiro, mas eratam&Dm seu Bnico amigo! A ami+ade comeara %uando ac%ues aencontrara, c(orando, diante de um monte de farin(a de trigo e a ensinaraa fa+er po! le assustava muita gente com seu g;nio violento e o vo+eiro,mas ela sa&ia %ue era &om!

    6ulou em pD, de repente! Havia alguDm a&rindo a porta da ca&ana!Recuou, atD sentir a parede nas costas e esperou!

    ?m menino, %ue devia ter no m$Cimo oito anos, a&riu a porta o m)nimopara esgueirar-se para dentro! 8ra+ia uma caneca de &arro e um pedao depo! *olocou-os perto da fogueira e fitou-a com os enormes ol(os negros!

    Roanna perce&eu %ue ele estava to assustado %uanto ela!@ "&rigada @ murmurou!"s ol(os do menino a&riram-se mais, seu rostin(o lindo lem&rava o de

    um %ueru&im!@ mrss!!! disse!!! voc; comer @ murmurou, numa vo+ %ue com&inava

    com o rosto angelical!

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    la perce&eu %ue ele di+ia as palavras sem entend;-las, como umamensagem decorada! Assentiu, aproCimou-se, pegou o po e partiu-o emdois pedaos, oferecendo um a ele!

    " menino recuou, como se ela o tivesse ameaado! m seu ol(armisturaram-se 9dio e medo, ento ele virou-se e saiu! Roanna gostariamuito de di+er-l(e %ue no devia sentir-se assim em sua presena!

    =otou, ento, algo %ue fe+ seu corao disparar: o menino norecolocara o &loco de pedra %ue segurava a porta!

    CAPTULO III

    Roanna comeu o po com avide+ e tomou um gole de $gua fresca,prestando ateno para ver se alguDm vin(a corrigir o erro do menino!

    =inguDm se manifestou, nada rompeu o sil;ncio da noite, a no serrumor da c(uva, um ou outro relinc(o dos cavalos e o canto ocasional dealgum p$ssaro noturno!

    A cautela aconsel(ava a esperar mais, porDm ela camin(ousilenciosamente atD a porta, empurrou-a com suavidade e viu %ue se movia!nto ouviu um som %ue a enc(eu de desespero: passos %ue se dirigiam paraa ca&ana!

    Recuou, r$pida, enrodil(ou-se so&re o monte de pal(a e fec(ou osol(os 8alve+ viessem ver, apenas, se ela estava ali! A porta a&riu-se etornou a se fec(ar! la entrea&riu os ol(os, cautelosa!

    " (omem da cicatri+ sentara-se #unto ao fogo, as longas pernas

    esticadas, os om&ros largos encostados na parede! 8in(a uma adaga nocinto e a espada estava ao lado dele! ?m tapa-ol(o de couro negro co&ria a9r&ita va+ia e o ol(o &om estava fec(ado! Ieu peito erguia-se e a&aiCava,ao ritmo da respirao leve!

    la ficou im9vel, o&servando-o, en%uanto ele descansava como seestivesse numa cama confort$vel! A%uele (omem seria gal;s ou normando=o&re ou ple&eu alava como um gal;s, mas seu normando era perfeito efluente! 7em, devia ser normando, pois era muito mais alto do %ue todos os

    galeses %ue vira! Mas vestia-se to po&remente e era to familiar com os

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    aproCimou!@ " sen(or deu sua palavra @ disse ela, dando um passo atr$s! le

    cru+ou os &raos so&re o peito musculoso!

    @ /ei! @ " sorriso morreu-l(e nos l$&ios e suas feies tornaram-seduras! @ =o #ulgue o carneiro pela l! =o sou um demJnio so& forma(umana, s9 por%ue pareo uma figura sa)da de um pesadelo!

    la a&aiCou a ca&ea, para esconder o ru&or %ue l(e co&riu o rosto!Ie ele sou&esse o %ue pensara alguns momentos atr$s!!!

    @ =o %ueira me enganar. @ eCclamou ele, seco! @ 8arde demaispara se fa+er de virgen+in(a t)mida! 6assou mais coisas por essa ca&ecin(ado %ue %uer admitir!

    mrss fitava a moa de pD diante dele, de ol(os &aiCos e mosentrelaadas! 8alve+ se tivesse enganado a respeito dela, vai ver %ue erauma no&re convencida como todas as outras, disposta a fa+er umcasamento conveniente e agora estava aflita por seu plano ter fal(ado!

    ueria fa+;-la ol(ar para ele, mesmo %ue seu rosto marcado l(ecausasse repugnncia!

    @ /iga, milad, costuma &ancar sempre a inocente "u s9 %uando

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    agrimas su&iram aos ol(os dela, mas Roanna as impediu de rolar!@ " %ue eu poderia fa+er H$ um acordo!@ oi a sen(orita %uem o fe+ @ a vo+ dele era calma, suave!

    @ A (onra pede %ue eu cumpra a promessa de meu tio!@ Mas D o %ue %uerle se aproCimou mais, to perto %ue ela ouvia sua respirao! Roanna

    sa&ia %ue deveria recuar, mas no pJde!@ u!!!eu!!! @ &al&uciou, nervosa!Antes %ue ela pudesse se mover ele a tomou nos &raos! Ieus l$&ios

    tocaram os dela, acariciando-os de leve, como a &risa acaricia as flores!Apertou-a contra si! stran(as sensaes se apoderaram do corpo de

    Roanna, as &atidas de seu corao acelerando-se en%uanto correspondia ao&ei#o %ue se tornara mais insistente! A urg;ncia de toc$-lo levou as mosdela ao peito forte! *onsciente da rigide+ dos mBsculos so& o couro,sentindo o palpitar do corao dele, deliciou-se com a presso dos l$&ioseCigentes contra os seus! =unca imaginara %ue a%uele pra+er eCistia! =opara ela!

    " &ei#o aprofundou-se e ele a&raou-a com mais fora! Ieus dedosacariciaram a pele nua do pescoo e ela sentiu %ue desamarrava os cordes,nas costas do vestido! A sensao das mos masculinas em

    sua pele a fe+ gemer, en%uanto ela se apoiava nele, as pernas fracas etr;mulas! 8in(a noo apenas dos l$&ios, das mos dele e do crescentedese#o %ue se apoderava dela!

    A l)ngua dele entrea&riu-l(e os l$&ios, com gentile+a, percorrendo ointerior %uente de sua &oca! " c(o%ue a tornou consciente do %ue fa+ia ecom %uem! la o empurrou, implorando:

    @ 6or favor, pare.@ Ie assim %uer!!! @ sorriu ele, sedutor!" rosto dela ardia de (umil(ao! Agira como uma prostituta com

    a%uele estran(o! la, lad Roanna Westercott, to orgul(osa de sua (onra.>oltou-l(e as costas, com vergon(a de encar$-lo, mas ele disse, comsuavidade:

    @ oi um &ei#o, apenas! =o c(ore por isso!@ u nunca c(oro @ disse com firme+a! >oltou-se: @ " sen(or, no

    pode entender!!! @ a vo+ tornou-se um sussurro @ min(a (onra D tudo %ue

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    deiCado %ue seguisse seu camin(o, fora um louco em tra+;-la para ali!@ st$ &em @ respondeu, decepcionado! @

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    din(eiro! nto, tivera de ouvir todo mundo ga&ar os valentes guerreiros%ue tin(am ido salvar na 8erra Ianta %ue estava em poder dos malditosinfiDis!

    Agora mrss voltara, mutilado mas vivo, para atorment$-lo de novo!*(egaram a uma encru+il(ada, uma estrada levando para o sul, ondeficava a aldeia, a outra para a propriedade de mrss! le estendeu o&rao, indicando a estrada para o norte!

    6ouco tempo depois tr;s pessoas iam pela estrada %ue levava a7eaufort! GFilm, cavalgando em sil;ncio e &em atr$s da moa, via mrssol($-la de ve+ em %uando! 6elas c(agas dos deuses o %ue seu irmo decriao fi+era Ier$ %ue ele pensava %ue o &aro iria ignorar a%uela

    afronta*omo eCplicar a mrss o %ue o &aro conseguira fa+er durante suaaus;ncia 6assara a usar din(eiro para influenciar o rei e a corte, ao passo%ue seu irmo #amais se importara com ri%ue+a, dando valor apenas Ecoragem e E (onra! 8entara eCplicar-l(e as mudanas (avidas no pa)s nosBltimos anos, mas ele no %uisera ouvir! A Bnica ve+ em %ue GFilmmencionara Ricardo

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    sim, se %uisesse a%uela moa! 6rocurou c(amar a ateno dele com sinais!=o conseguiu e perdeu a paci;ncia:

    @ /elff. @ gritou, ac(ando mesmo %ue mrss estava sendo um

    estBpido!Ao ouvir o insulto, mrss voltou-se, a so&rancel(a so&re o ol(o &omerguida, en%uanto GFilm se adiantava, passando pela dama %ue causavatoda a%uela complicao! alou em vo+ &aiCa, sem tirar os ol(os da estradaatr$s de mrss!

    @ =o vai lev$-la a 7eaufort, vai, irmo@ 6or %ue no@ /eus, (omem. 6erdeu o #u)+o Iua vida no valer$ um pence se

    c(egar l$ perto!@ les no vo me matar @ declarou mrss, tran%Nilo!@ Ie 8osse voc;, eu no teria tanta certe+a!!! @ >iu %ue o irmo

    ol(ava para a moa! @/uF 1F2d, no pode tirar os ol(os dela e me ouvir@ >oc; %uer di+er tirar Oo ol(oO dela!!! @ riu mrss!@ =o importa. @ GFilm mostrava-se impaciente! @ $ l(e disse %ue

    as coisas (o#e so diferentes! " &aro D como uma aran(a %ue teceu umateia de ferro en%uanto voc; esteve fora! =o pode levar a moa para l$!

    mrss desviou o ol(ar, ergueu o %ueiCo, na%uele gesto teimosoGFilm con(ecia muito &em, e disse:

    @ AtD o &aro con(ece o antigo costume de raptar a noiva!@ Iim, se %uiser lem&rar-se disso! pare de ol(ar para ela, (omem.

    Hu disse %ue ela o enfeitiou e comeo a ac(ar %ue ele tem ra+o!@ 7o&agem, GFil @ mrss riu mansamente! @ ue Hu pense %ue ela

    D uma feiticeira, apesar de sa&er %ue estamos longe do dia das &ruCas, eu

    entendo! Mas voc;!!!@ 6elo amor de /eus, fale sDrio. /evemos deiC$-la ir so+in(a, D s9seguir a estrada!!!

    @ =o vou deiCar uma mul(er a&andonada na floresta, mesmo elasendo de *rinc! >oc; mesmo disse %ue est$ infestada de ladres! 6oucoatr$s deles, Roanna mantin(a a ca&ea &aiCa, para evitar o penetranteol(ar do (omem com tapa-ol(o! 8oda ve+ %ue a ol(ava, ela se agitava! *laro%ue no ia tentar fugir, pois no sa&ia onde estava! 6rocurava prestar

    ateno na discusso deles, para fugir da sensao %ue a%uele ol(ar l(e

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    causava!ra evidente %ue o rapa+ moreno, mais &aiCo, estava a&orrecido com

    o (omem alto! 6elo tom repreensivo dele seria dif)cil acreditar %ue era um

    soldado falando com seu l)der, mas ela sa&ia %ue assim era!=a%uele momento recomeou a c(over, ento o (omem alto virou seucavalo e aproCimou-o do dela, en%uanto o (omem moreno permanecia Efrente! As mos dela apertaram o ca&eote da sela!

    @ 6recisa de a#uda, milad @ perguntou, pegando seu manto ecolocando-a so&re ela!

    " #oel(o dele es&arrou numa das pernas dela! *arada, Roanna aceitoua ateno dele, no %uerendo ficar ensopada de novo e no sa&endo como

    recus$-la! /epois %ue a#eitou o manto so&re os om&ros dela, ele fe+ seucavalo recuar um pouco, en%uanto Roanna se agarrava com mais fora aoca&eote da sela, di+endo a si mesma %ue era o medo de cair na lama %uefa+ia seu corao &ater descompassado!

    " (omem de tapa-ol(o pJs seu cavalo para andar, mas dessa ve+manteve-se ao lado dela! *om a garoa forte, um c(eiro acre de fol(as eterra mol(ada espal(ou-se no ar!

    @ =o gosta de c(uva @ indagou ele, depois de o&serv$-la poralguns minutos!

    @ " sen(or gosta de ficar mol(ado @ perguntou ela, por sua ve+,re+ando para ele deiCar de ol($-la!

    @ /epois %ue se con(ece o deserto aprende-se a amar a c(uva!!!@ comentou ele, &aiCin(o!" deserta a %ue se referia s9 poderia ser a 8erra Ianta!@ steve nas *ru+adas @ perguntou Roanna, ento!

    @ Iim!@ 8alve+ ten(a con(ecido meu pai, dmund de Westercott @perguntou, ansiosa!

    le a fitou, a c(uva mol(ando o tapa-ol(o de couro negro!@ Iim, con(eci! /i+iam %ue era um (omem (onrado!@ Iim, sim!!! ele era.As lem&ranas desfilaram diante dos ol(os rasos d'$gua de Roanna!

    "s momentos feli+es com seus pais, antes de lorde Westercott ir Es

    *ru+adas, para nunca mais voltar! A fe&re %ue atacara sua me, depois a

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    morte dela, deiCando-a s9 no mundo, a no ser por um tio %ue ela #amaisvira, atD ento!

    @ le morreu e foi uma pena!!! @ disse mrss, compungido!

    @ 6erdemos muitos (omens de (onra na%uele inferno!la o fitou e viu %ue ele estava muito sDrio!@ *om certe+a todos os cru+ados so (omens de (onra @ comentou!

    @ utam a servio de *risto!!!0 %ueiCo dele endureceu e uma pe%uena veia comeou a pulsar nas

    suas t;mporas!@ nto, (onra inclui rou&o, estupro, assassinato, sodomia!!!Roanna soltou uma eCclamao (orrori+ada e ele calou-se!

    @ " sen(or deve estar enganado. @ disse, revoltada! @ *omo podema%ueles (omens!!!@ Milad, eu estava l$ @ interrompeu-a ele, calmo!la no teve o %ue di+er! *om certe+a ele estava enganado, os

    cru+ados no podiam fa+er tais coisas! Ie no, devia estar mentindo! sementia, no era um (omem de (onra! se no era um (omem de (onra, elano devia ter a%ueles sentimentos por ele! Mas, %ue /eus a a#udasse, ela ostin(a!

    @ 6erdoe-me, milad, se a decepcionei! 6ensei %ue %uisesse sa&erverdade @ disse mrss!

    @ u o con(eo to pouco %uanto o sen(or me con(ece @ concluiu ela!@ 8alve+ este#a %uerendo desacreditar os normandos!

    le riu! ?m riso amargo %ue c(amou a ateno de GFilm!@ les no precisam %ue eu fale: desacreditam-se a si mesmo, todos

    os dias!

    @ 6arece %ue con(ece poucos normandos, provavelmente por no serum deles. @ re&ateu ela, indignada!" sorriso dele tornou-se +om&eteiro:@ Ia&e to pouco so&re mim %uanto eu so&re a sen(orita! 6ensei em

    remediar isso, mas ve#o %ue D to cega %uanto seus conterrneos!@ nCergo mais claramente do %ue o sen(or pensa!@ K, mesmo nto, por %ue vai se casar com *rincle sempre voltava a esse assunto! 6or %u; Ier$ %ue no entendia

    %ue ela precisava (onrar o compromisso, apesar das palavras dele, apesar

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    do de seu &ei#o le disse %ue a se%Nestrara por &rincadeira:6elo #eito, era tempo da &rincadeira terminar e ela ser devolvida!A no ser %ue ele estivesse &rincando com seus sentimentos! como

    se demonstrava sens)vel E seduo %ue emanava dele, sentiu-sehumilhada

    !ue triunfo seria para a%uele (omem fa+er a noiva de *rinc romper ocompromisso to facilmente, apenas por um &ei#o.

    *errou os dentes, en%uanto uma onda de calor su&ia-l(e ao rosto!rgueu o %ueiCo! "uviu %ue o (omem alto falava algo em gal;s e o outropassou E frente deles, adiantando-se pela estrada!

    @ Milad @ ele disse ento, com suavidade @, tem certe+a %ue %uerse casar com ele

    la respondeu com ar desafiante, as palavras saindo num impulso:@ $ l(e disse: foi feito um acordo e ten(o %ue cumpri-lo!@ A sen(orita no fe+ o acordo!@ Ie eu no me casar, como meu tio %uer, serei menos do %ue um

    mendigo ao porto dele! =o terei lar, no terei %ual%uer c(ance de serfeli+!

    @ K preciso %ue a sen(orita concorde para o acordo ser legal, milad@ eCplicou ele, ol(ando-a com ateno!

    @ " %ue o sen(or con(ece da lei @ perguntou ela, ignorando oacelerar das &atidas de seu corao e a esperana %ue comeara aflorescer em seu peito! @ 8en(o %ue cumprir o acordo %ue meu tio fe+,como manda a (onra!

    le assentiu, mas ela no sa&ia se por concordar com suas palavras oupor concluir %ue no adiantava insistir!

    /e sB&ito, ouviu um grito e viu o (omem moreno fa+er o cavalo virar e

    voltar a galope!

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    respeito %ue ela alme#ava e algo mais, uma profunda emoo %ue tornava adeciso dela muito dolorosa e l(e di+ia %ue nunca iria es%uec;-lo!

    =o entanto, Roanna desli+ou da sela e camin(ou para a estrada, na

    direo do vale de onde vin(am os cavaleiros!ra a Bnica coisa (onrada a fa+er!

    CAPITULO IV

    @ le a violentou

    " ol(ar de Roanna fiCou-se no &aro, %ue esperava pela resposta,depois passou para o tio, %ue a ol(ava como se tudo tivesse sido culpa dela,em seguida deteve-se em *rinc sentado displicentemente em uma cadeira,num dos eCtremos da mesa enorme! A sala estava fria, mas no foi por isso%ue ela estremeceu!

    =um canto da sala ac(ava-se um padre com uma pena na mo e umtinteiro so&re a pe%uena mesa diante dele, %ue contin(a tam&Dm uma fol(ade pergamin(o desenrolada! " contrato de casamento, com certe+a,pensou!

    "l(ou de novo para o tio, sentado ao lado do &aro, com os cotovelosso&re a mesa e as mos erguidas, unidas pelas pontas dos dedos! Muitasve+es o vira nessa posio, o rosto impass)vel, %uando #ulgava seusrendeiros! la devia ter imaginado %ue no devia esperar apoio dele!

    @ Responda. @ trove#ou o &aro, com impaci;ncia!la ol(ava diretamente para seu interrogador, pela primeira ve+

    desde %ue fora levada para a%uela sala, sem %ue l(e permitissem se%uer irtirar as roupas mol(adas! "s ol(in(os dele, mergul(ados na gordura dacara p$lida, fitavam-na com mal)cia!

    @ nto @ insistiu ele!@ =o, milorde, ele no me violentou @ respondeu ela, num fio de

    vo+, ansiando para %ue a deiCassem sair dali! "uviu as vo+es dos soldadosconversando, do outro lado da porta, mas forou-se a concentrar-se nos(omens E sua frente!

    0 &aro grun(iu e ol(ou para o fil(o! Roanna tam&Dm voltou-se para

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    ele! 8o diferente do (omem da cicatri+, no entanto, en%uanto *rincpermanecia sentado, E vontade, (avia algo vagamente similar nas longas efortes pernas, na impresso de fora inerente ao corpo esguio, mas

    ro&usto!orde Westercott separou os dedos e disse:@ K evidente, &aro /eanea, %ue nada reprov$vel aconteceu! *reio

    %ue o casamento pode se reali+ar!" &aro encarou o fil(o, %ue falou depois de alguns segundos:@ Muito &em! Assim se#a, se o sen(or %uer! *aso-me com ela!Roanna &aiCou os ol(os! nto, nada mudara! uando se encontrara

    com *rinc, no vale, ele no falara com ela! Ieus l$&ios tin(am permanecido

    com es&oo de algo entre um fran+ir e um sorriso! =o dissera uma palavradurante todo o camin(o atD 7eaufort!@ Iupon(o %ue mrss vai ficar sossegado depois desse insulto. @

    eCplodiu *rinc, &eligerante!mrss! " nome dele era mrss! 6arecia uma car)cia ou a $gua do rio

    murmurando #unto da margem!@ Iupe certo @ respondeu o &aro, depois empurrou a cadeira para

    tr$s e levantou-se para sair!Roanna uniu as mos, respirou profundamente e perguntou:@ 6or %ue no me perguntaram se consinto neste casamentoIuas palavras pareceram ficar flutuando no ar, por alguns momentos!

    " tio encarou-a, no acreditando em tanto atrevimento! " &aro fitou-a,estatelado! *nric ol(ou-a como se ela tivesse anunciado %ue ia mataralguDm!

    6or fim o tio sacudiu os om&ros e seus ol(os cravaram-se nela,

    incisivos, en%uanto di+ia:@ =o era preciso!Iem ninguDm esperar, o padre adiantou-se! n%uanto apertava mais o

    n9 do cordo %ue a#ustava a &atina E cintura, pigarreou e disse:@ 6erdoem-me, milordes, mas a lad tem ra+o! la precisa dar seu

    consentimento para a unio se reali+ar!" &aro voltou-se para ele e o padre correu de volta a seu canto,

    como um coel(o assustado!

    @ "s sen(ores mentiram para mim @ Roanna falava com vo+ firme e

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    rgueu-se de um salto ao ouvir passos se aproCimando e tratou depreparar-se para enfrentar o tio pela segunda ve+!

    Mas foi *rinc %uem a&riu a porta e entrou!

    @ A(, milad, to s9 @ disse ele, com um sorriso desagrad$vel!Roanna nada disse %uando ele se aproCimou! *om esforo, manteve aeCpresso serena, apesar de sentir-se como um animal em uma armadil(a!le deu uma volta lenta ao seu redor, parou diante dela, pegou a adaga epassou a limpar as un(as com a ponta aguda! la aguardava %ue ele falasse,os pun(os cerrados com fora, sentindo-se cada ve+ mais tensa! *rinc%ueria alguma coisa, talve+ apenas &rincar com ela, e sua indiferena eraestudada!

    @ nto, ele no a tocou!!! @ disse, afinal!7aiCando os ol(os, ela lem&rou-se do &ei#o! *omo os l$&ios dele eramsuaves, gentis!

    @ le no me desonrou @ respondeu, forando-se a manter a calma!@

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    desgraa dos /eanea, sempre foi!Mediu-a de alto a &aiCo, depois continuou:@ le a se%Nestrou para nos a&orrecer! K um simpl9rio grotesco! =o

    a violentou por%ue tin(a certe+a de %ue isso no iria me importar!!! @AproCimou-se mais dela! @ Ia&e %ue a surpresa l(e fica &em, min(a%uerida 8orna-a viva, deiCa de ser como uma est$tua de m$rmore!

    "s l$&ios dele apoderaram-se dos dela, &rutais e eCigentes! Roannase de&ateu, procurando livrar-se da%uele &ei#o repulsivo! =o conseguiarespirar, nem pensar! uando ele a soltou, ela recuou e limpou a &oca comas costas da mo!

    @ =unca mais faa isso. @ disse, ar%ue#ante!

    >iu a raiva &ril(ar nos ol(os a+uis, gelados, e se afastou mais ainda!le sacudiu os om&ros! Havia tanto de mrss na%uele gesto %ue l(epareceu um cruel arremedo do outro (omem e do outro &ei#o!

    @ =o, por en%uanto, se a sen(orita assim %uer! 6osso esperar atD ocasamento!

    le voltou-l(e as costas e dirigiu-se para a porta! /e repente parou evirou-se! Havia um &ril(o fero+ nos ol(os frios, %uando disse:

    @ no se preocupe se na noite de nBpcias eu desco&rir %ue mentiu!!!@ 6assou a l)ngua pelos l$&ios finos, fa+endo o estJmago de Roanna serevolver! @ 6refiro mul(eres eCperientes!

    @ Ac(a %ue menti @ gritou ela, a raiva irrompendo como fogo empal(a seca!

    @ Iim, ac(o! Mas no importa @ disse *rinc, em tom de mofa! @ue mrss fi%ue com sua virgindade. u ficarei com o dote, por pe%ueno%ue se#a, e com a influ;ncia de seu tio!

    @ =o @ agora a vo+ dela soava fria, controlada! @ =o vai ter nadadisso, por%ue no me casarei com o sen(or! =unca.=um movimento r$pido, ele c(egou #unto dela, agarrou-a pelos &raos

    e puCou-a, seus rostos ficando a poucos cent)metros um do outro!@ 6ensa %ue eu %uero me casar com voc;, seu feiCe de ossos 6osso

    8er centenas de mul(eres, muito mais atraentes e com dotes mas ricos do%ue o seu! Mas meu pai %uer o casamento e como lucro estas terras depois%ue ele morrer, ten(o %ue me casar com voc;. vamos para a cama #untos,

    %uer voc; %ueira ou no! @ le , apertou-l(e mais os &raos e aproCimou os

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    l$&ios dos dela! @ Ie me odeia, atD %ue vai ser divertido possu)-la.Roanna desvencil(ou-se das mos dele, en%uanto murmurava, entre os

    dentes:

    @ 6refiro morrer! u no suportaria ser maculada por uma pessoacomo o sen(or. @As pe%uenas mos encontravam-se cerradas com fora,pela raiva impotente!

    "s l$&ios dele entrea&riram-se num sorriso aterrador:@ I9 por guerreiros alei#ados, como mrss@ 6elo menos ele tem (onra, o %ue falta ao sen(or.@ a sen(orita @ ele voltou a trat$-la com falso respeito, a vo+

    controlada @ no tem &ele+a! Mas passarei por cima disso!

    Agarrou-a de novo, num forte a&rao! 6assou os l$&ios Bmidos pelaface de Roanna, %ue se de&ateu por alguns momentos, depois a%uietou-se,transformando-se num pedao de granito, ao perce&er %ue ele se divertia,se eCcitava com a repulsa e o medo dela! Ie no reagisse, talve+ elemudasse de idDia!

    @ A(, Roanna, desiste to facilmente "u ser$ %ue comea a ver %ueest$ errada

    7ei#ou-a com &rutalidade, depois largou-a! Iua risada cruel,+om&eteira, enc(eu a pe%uena cela!

    @ *reio %ue vou convidar meu primo para a festa do nosso casamento@ disse, virou as costas e saiu!

    =o dia seguinte, mrss encontrava-se na vel(a estre&aria de pedrade *raig aFr, a fortale+a onde morava! /evagar, passava a escova no p;lolustroso de seu cavalo, en%uanto ouvia, distra)do, as vo+es de seusempregados %ue estavam no p$tio! A noite se aproCimava e logo estaria

    escuro demais para tra&al(ar! 8odos se reuniriam no enorme salo, %ue(aviam terminado de reconstruir, para a Bltima refeio do dia!Iorriu, contente, por%ue o tra&al(o comeado por seu pai iria

    terminar logo! altavam apenas dois trec(os da mural(a para seremrefeitos! *om sorte, tudo estaria pronto antes do inverno c(egar!

    Graas a /eus sua me conseguira anular as tentativas do avarento&aro de se apoderar de sua propriedade, antes de ele voltar!

    Ieus pensamentos se tornaram som&rios! I9 a incr)vel fora de

    vontade da me conseguira mant;-la viva para reali+ar o son(o de seu pai:

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    vel(a ama, Mamaet(, trouCe-o de volta E realidade!*omo gostava de ouvi-la, pensou ele, voltando-se com um sorriso! la

    fitou-o, os ol(os negros c(eios de ternura e apreenso, como se ele ainda

    fosse um menino!@ =o vero, est$ &em assim @ continuou ela @, mas agora,principalmente E noite, no deve ficar com os &raos nus!

    @ A(, Mamaet(, tem ra+o, como sempre. @ riu ele! argando aescova so&re uma mureta, ergueu a vel(a ama no colo e plantou-l(e um&ei#o na face resse%uida!

    @ i, menino. 6on(a-me #$ no c(o e no faa mais isso. @ gritou ela,fa+endo-se de +angada, mas no conseguindo ocultar o pra+er na vo+!

    @ =o fa+er mais o %u; @ le colocou-a no c(o e deu umpasso para tr$s, fingindo surpresa! @ uem vivia me pedindo &ei#os,%uando eu era pe%ueno @ Ieus l$&ios &em feitos tremiam no esforo

    de manter-se sDrio!@ =o se pode com voc;. @ A vel(a ama &ateu-l(e carin(osamente

    num &rao! @ Alguma coisa errada eu fi+ %uando o criei! =o respeita osmais vel(os, menino, e no os escuta! st$ frio demais para andar por a)%uase nu!

    mrss no pJde mais segurar o riso:@ Mamaet( @ disse, por fim @, como eu consegui so&reviver sem

    voc;"s ol(os da vel(a se apagaram e ele arrependeu-se por lem&r$-la do

    tempo em %ue no sa&iam se ele estava vivo ou morto em um distantecampo de &atal(a!

    @ u ac(o @ disse, aparentando alegria @, %ue como seu sen(or devo

    escol(er-l(e um marido, para %ue voc; ten(a com %uem implicar!@ " %u; @ oc;D %ue precisa se casar!/essa ve+ mrss teve %ue fa+er fora para manter a apar;ncia

    despreocupada:

    @ ual%uer dia vou pensar no assunto!

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    Mamaet( sacudiu os magros om&ros:@ ?ma moa %ue no se impressione com voc;, com seu t)tulo, D o %ue

    voc; precisa! %ue l(e d; fil(os!!! @ ela riu e tratou de voltar para a

    co+in(a!mrss ficou ol(ando a vel(a ama afastar-se, depois tornou a pegar aescova! Iuspirou profundamente! GFilm ou os fil(os dele seriam seus(erdeiros! =o contara a ninguDm a eCtenso de seus ferimentos! *omodi+er-l(es %ue o golpe %ue l(e rasgara a coCa es%uerda atingira tam&Dm umdos test)culos, %ue infeccionara e se tornara inBtil A&ram, %ue o salvarados (omens de Ialadino e tratara de suas feridas, dissera %ue com umtest)culo apenas ele ainda podia ser pai! Mas, na viagem de volta, fora com

    uma mul(er para a cama, em uma estalagem, e a tentativa de fa+er amorterminara em (umil(ante fracasso! =o %ueria se arriscar a fracassar denovo!

    @ ue animao para escovar o cavalo. @ comentou GFilm, rindo!le eCpulsou os pensamentos angustiantes e voltou-se para o irmo de

    criao, sorrindo:@ Mamaet( di+ %ue eu no respeito os mais vel(os, mas parece %ue

    isso D um mal comum em *raig aFr! Meus (omens no respeitam seusen(or!!!

    GFilm sentou-se num &anco!@ por %ue respeitar)amos I9 por%ue voc; D um normando@ 6elas c(agas dos deuses. @ mrss ergueu a escova como se fosse

    #og$-la no amigo, pela aud$cia, mas contin(a a risada a custo! @ Agora, est$me insultando. 8;m de me respeitar por%ue min(a me era uma princesagalesa e por%ue eu sou o sen(or de *raig aFr.

    GFilm pulou de pD e fe+ uma rever;ncia caricata:@ Mil perdes, (onor$vel lorde. 6erdoai vosso (umilde servo, eu vosrogo.

    mrss tocou a ca&ea de ca&elos negros com uma das eCtremidadesda escova, di+endo, solene:

    @ u te perdJo.@ *laro %ue perdoa. @ caoou GFilm e saltou de lado, para evitar a

    pancada da escova atirada nele! @ Afinal, sou seu mel(or guerreiro! @riu,

    atrevido, depois tornou-se muito sDrio!@ mrss, atacaram via#antes de

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    novo, perto do rio! ! L@ AlguDm foi morto@ =o, mas rou&aram-l(es tudo, atD mesmo a roupa do corpo!

    @ "s ladres eram galeses, saCes ou normandos@ =o sei!@ as v)timas@ ram normandos, porDm muito po&res!mrss colocou uma manta so&re Wolf, determinando:@ K mel(or fa+ermos uma patrul(a aman(! evaremos vinte (omens!GFilm assentiu, depois disse, (esitante:@ =o espera %ual%uer encrenca com 7eaufort, ento

    @ =o @ respondeu mrss, dirigindo-se para o castelo!@ Ac(a, mesmo, %ue eles vo deiCar passar @ GFiln corria paraacompan(ar o irmo adotivo!

    @ Ac(o %ue sim! la no foi tocada! Mas o insulto!!!@ les so covardes!GFilm pJs uma das mos so&re um &rao de mrss, fa+endo-o parar

    no centro do enorme p$tio c(eio de &locos de granito, madeiras, andaimese ferramentas!

    @ mrss, no su&estime o &aro, nem *nric! " lorde colocou a moso&re a do amigo!

    @ u sei, GFil! " mundo inteiro pode ver %ue uma ve+ su&estimei meuinimigo! 6ode ter certe+a, no vou cometer o mesmo erro!

    Roanna saltou de pD, fiCando os ol(os &ril(antes num &uraco naargamassa da parede! *om repugnncia, afastou-se, sentindo as pernastremulas e fracas!

    /urante toda a noite anterior permanecera acordada, com medo dosratos e %ue *nric voltasse! /epois viera a lu+ do dia e as (oras se (aviamarrastado, lentas! rgueu os ol(os para a pe%uena #anela! ra noite outrave+ e os ratos comeavam a aparecer!

    Ie tivesse pelo menos uma vela, talve+ eles no c(egassem perto! /esB&ito a porta se a&riu! Ieu tio, com o rosto muito vermel(o, entrou nacela! la podia sentir o c(eio de vin(o em sua respirao, apesar de eleestar do outro lado!

    @ nto, so&rin(a, recon!!! recon!!! pensou mel(or @ perguntou ele,

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    esta &atal(a."s passos dele, so&re o c(o de pedra, foram se afastando atD

    sumirem!

    Roanna colocou Es mos so&re um %uadril, %ue mac(ucara ao cair,lutando contra a dor e o desespero! amais concordaria em se casar com*nric! amais! " tio podia mat$-la de fome!

    Arrastou-se atD o monte de pal(a e sentou-se, mol(ando os l$&iosresse%uidos com a l)ngua, %ue estava %uase seca e pouco adiantou! *omogostaria de ter um dos macios pe+in(os de ac%ues e um copo de $guacristalina.

    /eitou-se! ac%ues #$ devia estar sa&endo de tudo, pensou! "s

    criados sempre sa&iam o %ue se passava num castelo e falavam entre si! ledevia estar preocupado, ela podia atD ouvi-lo c(amando-a!!! rgueu-se deum salto e correu para a grossa porta! ra ac%ues, c(amando por ela, dooutro lado!

    @ stou a%ui, ac%ues @ disse &aiCin(o, com medo %ue a ouvissem!@ st$ mac(ucada, sen(orita @ perguntou ele, aflito!@ =o!@ Qtimo! u l(e trouCe po!!!Havia pouco espao entre a porta e o c(o, mas o co+in(eiro

    conseguiu empurrar por ele um pano, %ue tin(a uma fatia de po em cima, eela puCou-o do outro lado! Roanna comeu, sJfrega, ol(ando agradecida paraa porta %ue a separava do amigo! Ieus ol(os voltaram-se para asdo&radias de couro!

    @ ac%ues @ indagou, esperanosa @, tem uma faca a) com voc;@ A sen(orita no pretende lutar com eles para fugir, no D

    @ " couro das do&radias da porta est$ vel(o e gasto! *om uma facaeu poderia!!!@ A porta pode cair e esmagar a sen(orita. Mesmo %ue consiga

    segurar esta pesada porta, como pensa sair do castelo le D muito vigiado! mesmo %ue consiga sair, no tem din(eiro!!!

    Roanna compreendeu %ue seu amigo tin(a ra+o e sentiu-se der-rotada!

    @ A no ser %ue eu possa a#ud$-la!!! @ sussurrou ele!

    @ *omo @ Roanna prendeu a respirao para no perder uma s9

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    palavra!@ stou cansado de co+in(ar para um (omem %ue no me deiCa usar

    pimenta! Ac(o %ue est$ na (ora de deiC$-lo!

    @ 6ara onde pretende ir, ac%ues@ 6ara onde a sen(orita %uiser! ?m &om co+in(eiro como eu podearran#ar um patro mel(or.

    A esperana comeou a renascer no corao dela, mas o risco seriagrande!

    @ ac%ues @ comeou, incerta @, no posso permitir %ue se arris%uepor mim!

    @ K por mim, tam&Dm @ respondeu ele, com vo+ to indignada %ue ela

    sorriu! @ les pensam %ue estou dormindo e ninguDm ir$ me procurar, atDaman( cedo, %uando #$ estaremos longe!@ >ai ser perigoso n9s dois andarmos so+in(os pelas estradas!@ pretendia ir so+in(a st$ insultando min(a coragem. @" vo+eiro do (omem suavi+ou-se, como sempre %ue falava com ela!@ /eiCe-me a#ud$-la, sen(orita!!!"uviu os passos de ac%ues se distanciando e ol(ou de novo as

    do&radias, depois comeou a andar, ansiosa, de um lado para outro dacela, imaginando se ele demoraria muito fa+endo os preparativos! mpurrouos ca&elos para tr$s e passou os dedos pelos l$&ios gretados de to secos!8remendo de repulsa, lem&rou-se claramente do &ril(o de luCBria nos ol(osde *nric! Ianto /eus, o %ue ele faria com ela se viessem a casar-se seele resolvesse no esperar, se voltasse e!!!

    Iua respirao parou ao ouvir passos por tr$s da porta!@ ac%ues @ c(amou, angustiada!

    CAPITULO V

    @ ac%ues. @ c(amou Roanna de novo, com angBstia na vo+, sentindoo medo crescer a cada respirao!

    @ Iim, sou eu @ respondeu ele!

    la suspirou, descontraindo-se, en%uanto ele empurrava uma estreita

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    faca so& a porta!@ >ou terminar de preparar tudo e voltarei #$! =o se desespere. @

    sussurrou ele!

    Roanna ouviu seus passos se afastando! " remanescente do medo l(edeu uma sensao de urg;ncia! *nric no viera!!! ainda! R$pida, pegou afaca e comeou a cortar a vel(a do&radia de couro! 6areceu levar (oraspara fa+er um pe%ueno corte, mas assim %ue a faca atingiu o outro lado docouro, o tra&al(o foi r$pido! A&sorta no %ue fa+ia, ela no perce&eu a voltade ac%ues, atD %ue ele a c(amou!

    @ Ac(o %ue est$ %uase pronto, ac%ues @ sussurrou ela, voltando alidar com a afiada faca na segunda do&radia! @ Mais um minuto e estar$

    cortada!uando terminou, afastou-se da pesada porta:@ 6ronto, ac%ues @ disse, ofegante! @ mpurre a porta, agora! "

    (omen+arro meteu um om&ro na porta e forou! A fec(adurarangeu, resistiu, mas aca&ou cedendo e a porta caiu, fa+endo um

    &arul(o %ue pareceu-l(es retum&ante!ac%ues apareceu do outro lado, o rosto grande iluminado por um

    sorriso! Mas logo ficou sDrio:@ >en(a, sen(orita, depressa.Roanna no precisava de incentivo! 6assou por cima da porta ca)da,

    reunindo-se a ele, e os dois correram escada a&aiCo!@ 8en(o uma carreta E espera @ sussurrou o co+in(eiro, en%uanto a

    levava pelo longo corredor!ntraram na enorme co+in(a, onde ela nunca (avia estado! " fogo %ue

    crepitava no grande fogo fa+ia as som&ras deles, imensas, desfilarem pela

    parede, en%uanto percorriam o aposento deserto!?m &urro atrelado a uma carreta, da%uelas usadas pelos fa+endeirospara ir ao mercado, esperava no p$tio, ac%ues a#udou Roanna a acomodar-se no fundo e co&riu-a com um co&ertor! la sentiu o

    rBstico ve)culo &alanar %uando o corpulento co+in(eiro su&iu E &olDia!*om uma praga a&afada do (omen+arro, comearam a movimentar-se!/epois de alguns momentos ela sentiu um so&ressalto, %uando pararam euma vo+ descon(ecida perguntou:

    @ uem D voc;

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    @ Iou ac%ues de la Mere, o co+in(eiro de lorde Westercott, e sevoc; %uer comer aman(, a&ra o porto!

    @ " %ue %uer di+er @ voltou a vo+, irritada!

    @ A farin(a de trigo est$ mofada e se %uiserem ter po aman(,precisa me deiCar sair! u mesmo %uero escol(er a farin(a, no moin(o! =ome atrase, pois devo estar de volta antes do aman(ecer, se no milordeficar$ muito +angado! vou di+er a ele %ue o sentinela no me deiCoupassar.

    Roanna sentia-se sufocar so& o co&ertor, porDm ficou mel(or ao ouviro porto ranger! A carreta &alanou, movimentando-se de novo, e emseguida o porto fec(ou-se! 6recisando de um pouco de ar puro, ela ergueu

    o co&ertor um pou%uin(o e espiou para fora, en%uanto atravessavam oespao entre o castelo e a mural(a! 8udo l(e pareceu deserto, atD %ueol(ou para o alto muro de pedra! >$rios (omens ac(avam-se sentados noc(o, encostados nele, com as espadas re&ril(ando ao suave luar!

    *(egaram ao outro porto e ac%ues repetiu sua (ist9ria! /e novoconvenceu o sentinela a deiC$-los passar! uando se distanciaram umpouco, ela sentou-se, ainda meio escondida pelo co&ertor escuro, e ac%uesl(e disse %ue uma linda criadin(a l(e contara %ue Roanna fora levada aoalto de uma das torres do castelo e %ue no (avia nada l$, a no ser ape%uena cela! 6or isso fora f$cil encontr$-la!

    =o foram pertur&ados, a no ser por latidos de ces, en%uantoatravessavam a aldeia %ue ficava perto da fortale+a do &aro /eanea!6ouco depois percorriam a estrada!

    @

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    pela armadura, arrastava-se pelo campo de &atal(a! Moscas esvoaavam,+um&indo, so&re cad$veres de (omens e de cavalos! ?m a&utre &icava umcavalo ca)do, ensangNentado, tirando grandes nacos de carne! 8entou

    umedecer os l$&ios rac(ados, com a l)ngua seca! *omida! 6recisavaencontrar comida! "s tam&ores recomearam a soar, seu &arul(otornando-se mais e mais pesado, en%uanto ele se arrastava, a dor na coCatornando-se cruciante!

    Morreria de fome se no encontrasse algo para comer! " insistente&ater de tam&ores o atordoavam! 6Js-se de pD, tentando enCergar algo!nto, ouviu o alto si&ilar de uma espada, voltou-se e, antes %ue a espadaatingisse seu elmo, ouviu o soldado muulmano gritar:

    @ Alla( ac5&ar.mrss sentou-se na cama com um grito estrangulado na garganta, ocorpo empapado de suor! sfregou o rosto com as duas mos, depoisdeiCou-se cair so&re os travesseiros! ?m son(o! "utro son(o! As &atidasalucinadas do corao foram se acalmando, en%uanto ele respirava fundo!"utro pesadelo so&re a 8erra Ianta! Ianto /eus, pensara estar livredeles, %uando c(egara em casa!

    "s primeiros al&ores da madrugada entravam pela estreita #anela deseu %uarto! Ialtou da cama, enrolando um lenol no corpo nu! 6ela #anela,pJde ver o (ori+onte colorido de rosa, %ue se tornava mais e mais claro Emedida %ue o sol su&ia! "s campos de trigo fa+iam lem&rar a areia douradado deserto! Iuspirou, reparando nos ocasionais &ril(os da $gua do rio %ueatravessava o vale roc(oso! /ivisou manc(as &rancas na colina distante:ovel(as %ue #$ estavam pastando!

    >oltou-se e foi atD a cJmoda! /erramou $gua do #arro na &acia e lavou

    o rosto, estremecendo %uando a friagem fe+ a cicatri+ ainda nova reagir!/irigiu-se E arca ao lado da cama e pegou as roupas %ue deiCara so&re ela!*omeou a vestir-se, parando para eCaminar o corpo, onde fora ferido, em&usca de algum sinal de infeco!

    A porta a&riu-se!@ Maldio. @ eCclamou mrss, su&indo a cala depressa!@ Aprendeu a &lasfemar nas *ru+adas @ perguntou Mamaet(,

    inclinando a ca&ea para um lado!

    la tra+ia roupas de cama limpas!

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    @ /esculpe!!! @ disse ele, pegando uma camisa! @ ra s9 voc; ter&atido!

    Mamaet( colocou os len9is so&re a larga cama e colocou as mos na

    cintura, indagando:@ 6ara %u;@ =o sou mais criana, Mamaet(, e gostaria %ue voc; &atesse antes

    de entrar @ respondeu ele, sentando-se na &eira da cama e procurando as&otas!

    " rosto escuro e magro de Mamaet( demonstrou consternao,depois um sorriso o iluminou:

    @ 8rouCe alguma mul(er para c$ @ perguntou, maliciosa! mrss

    calava as &otas e sua vo+ saiu meio a&afada:@ =o, no trouCe!@ 6or %u; @ le ergueu a ca&ea, encarou-a e ela apressou-se a

    acrescentar:@ 6erguntei s9 por perguntar!!!mrss ergueu-se, pegou a tBnica de couro e Mamaet( pJs-se a

    arrumar a cama, com os len9is limpos!@ 8omara %ue voc; faa algo de &om @ resmungou a vel(a ama!le #ogou a tBnica no c(o, +angado:@ " %ue voc; disseMamaet( endireitou o corpo e encarou-o:@ u disse: tomara %ue voc; faa algo de &om!@ =o. @ retrucou ele, &rusco!6egou o cinturo com a espada e atrapal(ou-se com a fivela, ao

    coloca-lo! 6elo sangue de /eus, pensou, %uando aprenderia a conter sua

    l)ngua e o g;nio Afinal, conseguiu afivelar o cinturo!@ GFilm #$ comeu @ perguntou, esperando %ue Mamaet(es%uecesse sua resposta e seu gesto agressivos!

    @ *omeu por de+, pelo menos! ue apetite. Ac(o %ue est$ naestre&aria, agora, preparando-se para sair! @ A vel(a ama pegou umtravesseiro e socou-o, antes de coloc$-lo na fron(a! @ >oc; tam&Dm vaisair

    @ >ou! " Bltimo assalto foi muito perto da%ui!

    @ *omo eu %ueria pJr as mos nesses assaltantes. @ eCclamou

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    Mamaet(, socando o outro travesseiro!mrss ac(ou %ue os ladres a ac(ariam pior do %ue um (omem, se

    dessem com ela pela frente!

    @ nto, dese#e-me &oa sorte @ pediu ele, vestindo a tBnica e saindodo %uarto!@ 7oa sorte, mas fi%ue longe das terras de 7eaufort!!! e das

    mul(eres de 7eaufort!le afastou-se sem responder! 6rovavelmente todos em *raig aFr #$

    estavam sa&endo de sua faan(a! $rios pedreiros #$ se encontravam so&re os andaimes, tra&al(andono reerguimento da mural(a! >erificou a pil(a de pedras! 8eria %uearran#ar din(eiro para tornar a fortificao de *raig aFr mais segura!Ieus pais (aviam gasto muito para mand$-lo com&ater pelas *ru+adas,inutilmente! *omo (avia sido impetuoso e louco, c(eio de #ovem ardor parali&ertar erusalDm das mos dos infiDis.

    ncontrou GFilm e Wolf, selado, E espera na entrada da estre&aria!"s demais (omens destacados para a patrul(a #$ se encontravammontados! GFilm deu-l(e &om dia, com um amplo sorriso, e saltou so&re asela de seu garan(o! mrss terminou o po, a cerve#a, colocou o canecoso&re uma mureta e montou, devagar!

    @ >oc; no dormiu &em, no D @ indagou o irmo de criao,

    preocupado!@ $ dormi mel(or outras ve+es!!! @ respondeu mrss, seco! @ >aiver %ue estou estran(ando a cama macia!

    GFilm riu:@ st$ D precisando de uma mul(er em sua cama! A imagem de um

    rosto p$lido emoldurado por ca&elos negros, surgiu na mente de mrss,porDm ele a eCpulsou!

    @ 6or %ue todo mundo ac(a %ue a &atal(a com uma mul(er, numa

    cama, vai resolver tudo para mim @ desa&afou, irritado! @ /a%ui a pouco

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    voc;s vo di+er %ue min(as cicatri+es desaparecero se eu fi+er amor! @e+ Wolf virar-se para o porto! @ *(ega de conversa! "nde, eCatamente,os ladres atacaram

    @ 6oucas mil(as a&aiCo, na estrada, #unto ao rio, onde a floresta Dmais densa, milorde @ respondeu GFilm com ar ofendido!@ 6erto do vau@ Iim, milorde!@ "nde esto os demais (omens@ sperando, do outro lado do porto, milorde!@ 7om, ento, vamos!@ Iim, milorde!

    mrss suspirou e fitou longamente o irmo, %ue se mantin(a ereto, aca&ea erguida!@ GFil!!! @ comeou, tentado a eCplicar por %ue o assunto mul(eres o

    pertur&ava tanto!Mas conteve-se, esporeou o cavalo, e dirigiu-se para o porto!" ranger da carreta soava alto no sil;ncio da estrada! " sol &ril(ava

    no cDu, fa+endo vapor su&ir da terra ainda mol(ada pela c(uva! Roannaol(ou os salgueiros-c(ores %ue se inclinavam para o rio, como mul(eresmirando-se no espel(o da $gua, e sorriu %uando dois es%uilos gritaram,perseguindo-se na copa de um vel(o carval(o! Alguns p$ssaros cantavam,mas a maioria permanecia nos nin(os, em sil;ncio, E espera de %ue o soleCpulsasse toda a umidade para sa)rem voando!

    A distncia, uma parede de altas colinas roc(osas erguia-se como se%uisessem atingir as fofas e alvas nuvens %ue flutuavam contra o a+ul docDu!

    Roanna deliciava-se com tanta suavidade e &ele+a, inesperadas em umlugar onde s9 (avia encontrado, atD ento, dias cin+entos, frio e c(uva!mrss /eanea era como sua terra, pensou, e como ele a terra

    mostrava-se mais atraente do %ue ela supusera!"&rigou-se a encarar a verdade: no %ueria ir em&ora!*laro, tivera %ue deiCar 7eaufort depois de romper o compromisso!

    icar seria intoler$vel, alDm de perigoso! Mas no %ueria ir em&ora do lugaronde encontrara, por fim, um (omem %ue a fascinara!

    6ensou no rosto marcado de mrss! =a certa fora um ferimento

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    limpo, com arma muito afiada, se no ele teria morrido pela infeco!em&rava-se de seu pai di+er %ue os soldados mais dif)ceis contra os %uaislutar eram os %ue tin(am cicatri+es, pois tratava-se de (omens

    determinados a viver! com certe+a mrss era um (omem determinado aviver ou #amais teria regressado da 8erra Ianta!" %ue pensaria %uando sou&esse %ue ela fugira iria se preocupar ou

    apenas ficaria satisfeito por ver %ue os planos de *nric (aviam fal(ado@ =o se preocupe, sen(orita!!! Ieu tio no sair$ do %uarto atD a

    (ora do almoo, ten(o certe+a @ disse ac%ues, a vo+ c(eia de despre+o,interpretando o silencio dela como aflio! @ le ficou atD tarde &e&endo ovin(o do &aro!

    Roanna sorriu para o amigo:@ u gostaria de sa&er o %ue faro %uando desco&rirem!!!@ =9s os enganamos direitin(o, no @ " co+in(eiro riu com gosto! @

    >o sair atr$s de n9s, claro! @ A eCpresso dele tornou-se astuta! @ >opensar %ue fomos para o sul!

    @ 8em certe+a %ue a moa no vai di+er nada @ perguntou Roanna,%uerendo sentir-se to confiante %uanto ac%ues!

    le sacudiu os enormes om&ros:@ >o precisar de tempo para preparar a OcaadaO! 8emos algumas

    (oras de vantagem e ac(o %ue!!! @ calou-se, muito vermel(o!@ Ac(a %ue meu prometido no vai se afligir por eu ter fugido @

    concluiu ela!@ 7em, ele D um fanfarro arrogante e a sen(orita deve estar feli+

    por se ver longe da%uele (omem! /e %ual%uer modo, ac(o mel(or nopararmos!

    Roanna concordou e %uando voltou-se para pegar uma garrafa de $gua,ac%ues gritou e o &urro parou! uando se voltou viu, (orrori+ada, umaflec(a cravada no om&ro do co+in(eiro! A camisa #$ comeara a se manc(arde sangue!

    @ ac%ues. @ gritou, tentando a#ud$-lo!le ol(ou para a flec(a e empalideceu! /eu as rDdeas para Roanna,

    di+endo:@ 8o%ue o &urro, no pare. @ Respirava com dificuldade! @

    6recisamos continuar, se no!!!

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    Antes %ue terminasse, um grupo de (omens armados saiu do mato erodeou a carreta! 8in(am ca&elos longos, ense&ados, %ue desciam atD osom&ros, roupas em farrapos, rostos assustadores!

    Roanna sacudiu as rDdeas so&re o lom&o do &urro e ac%ues gemeu,%uando outra flec(a cravou-se em uma de suas pernas! "s rostos su#os aoredor deles se contra)ram em grotescos sorrisos!

    ?m dos (omens, armado com espada e adaga, segurou o ca&resto do&urro e riu, mostrando dentes podres!

    ac%ues gemeu, mas Roanna no tirou os ol(os do (omem %uesegurava o ca&resto! " pnico crescendo em seu peito, ela lem&rou-se %ueno tin(a arma alguma!

    " (omem com dentes podres aproCimou-se da carreta, agarrou-a porum &rao e puCou-a, fa+endo-a cair no c(o! Roanna permaneceu de#oel(os, como ca)ra, ol(ando-o atravDs da cortina formada pelos ca&elos%ue l(e (aviam tom&ado so&re o rosto! Iem prestar maior ateno a ela, o(omem comeou a remeCer o conteBdo da carreta! la no movia ummBsculo, mas ac(ava-se pronta para saltar se ele se aproCimasse deac%ues!

    "utro (omem, magro e mal-c(eiroso, aproCimou-se e segurou umamadeiCa dos longos ca&elos negros! Riu, roucamente, e murmurou algo, comvo+ gutural, para os compan(eiros!

    " (omem %ue eCaminava a carreta prague#ou e disse algumas palavrasinintelig)veis, Roanna no sa&ia se num desa&afo por no ter encontradonada de valor ou se para di+er algo aos outros! /epois, sacudiu ac%uescom &rutalidade! la comeou a erguer-se, mas o magro forou a mo numde seus om&ros, o&rigando-a a ficar como estava! Afinal, o (omem dos

    dentes podres encontrou uma pe%uena no cDu, fa+endo vapor su&ir da terraainda mol(ada pela c(uva! Roanna ol(ou os salgueiros-c(ores %ue seinclinavam para o rio, como mul(eres mirando-se no espel(o da $gua, esorriu %uando dois es%uilos gritaram, perseguindo-se na copa de um vel(ocarval(o! Alguns p$ssaros cantavam, mas a maioria permanecia nos nin(os,em sil;ncio, E espera de %ue o sol eCpulsasse toda a umidade para sa)remvoando!

    A distncia, uma parede de altas colinas roc(osas erguia-se como se

    %uisessem atingir as fofas e alvas nuvens %ue flutuavam contra o a+ul do

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    cDu!Roanna deliciava-se com tanta suavidade e &ele+a, inesperadas em um

    lugar onde s9 (avia encontrado, atD ento, dias cin+entos, frio e c(uva!

    mrss /eanea era como sua terra, pensou, e como ele a terramostrava-se mais atraente do %ue ela supusera!"&rigo?-se a encarar a verdade: no %ueria ir em&ora!*laro, tivera %ue deiCar 7eaufort depois de romper o compromisso!

    icar seria intoler$vel, alDm de perigoso! Mas no %ueria ir em&ora do lugaronde encontrara, por fim, um (omem %ue a fascinara!

    6ensou no rosto marcado de mrss! =a certa fora um ferimentolimpo, com arma muito afiada, se no ele teria morrido pela infeco!

    em&rava-se de seu pai di+er %ue os soldados mais dif)ceis contra os %uaislutar eram os %ue tin(am cicatri+es, pois tratava-se de (omensdeterminados a viver! com certe+a mrss era um (omem determinado aviver ou #amais teria regressado da 8erra Ianta!

    " %ue pensaria %uando sou&esse %ue ela fugira

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    pararmos!Roanna concordou e %uando voltou-se para pegar uma garrafa de $gua,

    ac%ues gritou e o &urro parou! uando se voltou viu, (orrori+ada, uma

    flec(a cravada no om&ro do co+in(eiro! A camisa #$ comeara a se manc(arde sangue!@ ac%ues. @ gritou, tentando a#ud$-lo!le ol(ou para a flec(a e empalideceu! /eu as rDdeas para Roanna,

    di+endo:@ 8o%ue o &urro, no pare. @ Respirava com dificuldade! @

    6recisamos continuar, se no!!!Antes %ue terminasse, um grupo de (omens armados saiu do mato e

    rodeou a carreta! 8in(am ca&elos longos, ense&ados, %ue desciam atD osom&ros, roupas em farrapos, rostos assustadores!Roanna sacudiu as rDdeas so&re o lom&o do &urro e ac%ues gemeu,

    %uando outra flec(a cravou-se em uma de suas pernas! "s rostos su#os aoredor deles se contra)ram em grotescos sorrisos!

    ?m dos (omens, armado com espada e adaga, segurou o ca&resto do&urro e riu, mostrando dentes podres!

    ac%ues gemeu, mas Roanna no tirou os ol(os do (omem %uesegurava o ca&resto! " pnico crescendo em seu peito, ela lem&rou-se %ueno tin(a arma alguma!

    " (omem com dentes podres aproCimou-se da carreta, agarrou-a porum &rao e puCou-a, fa+endo-a cair no c(o! Roanna permaneceu de

    #oel(os, como ca)ra, ol(ando-o atravDs da cortina formada pelos ca&elos%ue l(e (aviam tom&ado so&re o rosto! Iem prestar maior ateno a ela, o(omem comeou a remeCer o conteBdo da carreta! la no movia um

    mBsculo, mas ac(ava-se pronta para saltar se ele se aproCimasse deac%ues!"utro (omem, magro e mal-c(eiroso, aproCimou-se e segurou uma

    madeiCa dos longos ca&elos negros! Riu, roucamente, e murmurou algo, comvo+ gutural, para os compan(eiros!

    " (omem %ue eCaminava a carreta prague#ou e disse algumas palavrasinintelig)veis, Roanna no sa&ia se num desa&afo por no ter encontradonada de valor ou se para di+er algo aos outros! /epois, sacudiu ac%ues

    com &rutalidade! la comeou a erguer-se, mas o magro forou a mo num

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    de seus om&ros, o&rigando-a a ficar como eslava! Afinal, o (omem dosdentes podres encontrou uma pe%uena &olsa num dos &olsos de ac%ues!Iacudiu-a no ar, depois prendeu-a no cinto!

    Roanna teve esperanas %ue eles os deiCassem prosseguir, mas o(omem magro comeou a falar com o outro, en%uanto a agarrava e pun(a depD! As mos dele eram surpreendentemente fortes e as un(as longas,su#as, magoaram-na! ncarou com firme+a o (omem de dentes podres, %ueparecia ser o l)der, como se pudesse o&rig$-lo a deiC$-los ir em&ora, s9com a fora do ol(ar!

    A vo+ do (omem magro tornou-se mais insistente e o l)der voltou-se,encamin(ando-se para ela! " ($lito mal-c(eiroso a fe+ en#oar! le a

    o&servou, atento, de alto a &aiCo, rindo, en%uanto Roanna tremia e engoliaem seco!Ianto /eus, a#udai-me a me defender dele., orou em sil;ncio, certa

    das m$s intenes do assaltante!" l)der falou e o (omem magro agarrou-a pelos pulsos, #untando-os

    atr$s das costas dela! Roanna fec(ou os ol(os, assustada demais paraconseguir pensar! Aponta da adaga encostou-se em sua garganta e ela ouviuum gemido de agonia, sem sa&er se partira dela ou de ac%ues! A pontaaguada magoava-l(e a pele!

    Ar%ue#ou %uando a adaga desceu para o corpete de seu vestido eforou, rompendo o tecido! " (omem %ue a segurava puCou-l(e mais os&raos para tr$s eCi&indo os seios co&ertos apenas pelo fino tecido dacamisa para os (omens ao redor!

    /e repente, um grito (orr)vel rompeu o ar e os ol(os verdes deRoanna se a&riram! " (omem magro soltou-a e caiu no c(o! /ois cavaleiros

    surgiram na estrada, en%uanto os ladres sumiam instantaneamente nafloresta! la teve a r$pida viso de um rosto familiar antes %ue oscavaleiros tam&Dm sumissem no mato, atr$s dos ladres!

    la #untou como pJde o vestido so&re os seios e correu para acarreta, onde ac%ues permanecia largado so&re a &olDia! 6or uma terr)velfrao de segundo, teve impresso de %ue estava morto, mas suasp$lpe&ras entrea&riram-se e ele forou um leve sorriso!

    @ *omo viu, sen(orita @ murmurou @, min(a coragem foi de pouca

    valia!!!

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    la sorriu tam&Dm! Ie ac%ues conseguia falar, conseguiria viver!"s sons da perseguio fi+eram-na sentir medo! "uvia gritos e

    esforava-se para distinguir uma vo+ entre as muitas! 8eve certe+a de %ue

    OeleO apan(aria os ladres, depois lem&rou-se %ue no poderiam ficar alipara ver %uem venceria!6recisavam ir para uma aldeia, para algum lugar onde pudesse

    encontrar a#uda para ac%ues!Iu&iu para a &olDia, ao lado do amigo, e sacudiu as rDdeas so&re o

    dorso do &urro! " animal comeou a andar, mas %uando a carreta &alanouo co+in(eiro gemeu alto!

    @ A sen(orita est$ ferida @ perguntou uma vo+!

    mrss surgiu da mata, afastando um denso gal(o de $rvore, com amo %ue empun(ava a espada! /esli+ou-a para dentro da &ain(a e a#eitou otapa-ol(o, en%uanto se aproCimava!

    /e novo Roanna teve a sensao da fora enorme %ue emanava dele esentiu-se assustada com a raiva demonstrada pelo rosto &onito! " cavalose deteve perto dela!

    @ =o estou mac(ucada @ respondeu, consciente das roupas emdesordem e das &atidas loucas de seu corao! @ Mas ac%ues est$ muitoferido!

    mrss ol(ou para o (omen+arro!@ =o D nada sDrio, creio @ disse, acalmando-a! @ $ vi coisas &em

    piores!!! @ inclinou-se e segurou o ca&resto do &urro! @ 6eo-l(edesculpas, milad, por tal coisa acontecer nas min(as terras! u a levareipara onde seu amigo e a sen(orita %ueriam ir!

    Roanna ol(ou ac%ues, muito p$lido, recostado em seu colo! =o era

    #usto ela sentir-se to feli+, %uando seu amigo sofria!@ "&rigada, milorde @ agradeceu, erguendo o rosto! le pareceusurpreso:

    @ Ia&e %uem sou, milad@ Iei! *nric contou-me! mrss sorriu, com sarcasmo:@ A(. 8en(o certe+a %ue ele fe+ %uesto de enumerar min(as

    %ualidades!la fitou-o, o corao transparecendo nos ol(os verdes e ele re-

    tri&uiu o ol(ar por alguns instantes, depois sacudiu as rDdeas! " cavalo

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    negro comeou a andar e a carreta tam&Dm!Roanna sentiu os ol(os arderem, com l$grimas %uentes, %uando

    ac%ues gemeu de dor com o movimento do ve)culo! A#eitou a ca&ea dele

    em seu colo e segurou-a com uma das mos, mantendo #untas, com a outra,as partes do vestido cortado! "s sons da perseguio na floresta setornavam mais distantes E medida %ue a carreta avanava pela estrada!mrss parecia no se preocupar com a captura dos ladres!

    *(egaram a uma &ifurcao e entraram pela estrada E direita, %uepouco depois passou a su&ir, )ngreme, por uma colina! As sacudidelas dacarreta arrancavam gritos de dor de ac%ues e Roanna falava com ele, commeiguice, di+endo-l(e %ue logo seria socorrido! 6egou a garrafa cora $gua e

    ofereceu-l(e, mas ele recusou, meneando a ca&ea cansadamente! ladese#ou %ue estivessem perto da aldeia, pois as dores dos ferimentospareciam aumentar a cada &alano!

    /epois de um tempo %ue l(e pareceu um sDculo, c(egaram a um platJ!A distncia, numa elevao central, recortava-se contra o cDu a sil(uetamacia de um antigo castelo, rodeado por alta mural(a, em torno da %ualerguiam-se casas %ue formavam uma aldeia! =a &eira do rio %ue passava aolado da fortificao, (avia um pe%ueno moin(o!

    @ " castelo D do sen(or @ perguntou Roanna, surpresa com otaman(o da fortale+a!

    ?m (omem %ue se encontrava so&re a mural(a, #unto do enormeporto, gritou ao v;-los, mrss respondeu e trocaram algumas palavras emgal;s! " (omem desapareceu por tr$s do muro!

    @ le foi avisar Mamaet(! la vai cuidar do seu amigo @ dissemrss, en%uanto se aproCimavam do porto, so& os ol(ares curiosos dos

    aldees!le parecia nem reparar na curiosidade %ue despertavam e ela tentouno se importar, tam&Dm,