alian moroz - desvendando a história e os mitos bíblicos

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1 Desvendando a História e os Mitos Bíblicos Agradecimentos: Não vou ser convencional e fazer só agradecimentos aos grandes pensadores da humanidade aos quais me inspiraram na composição da obra, mas sim ,também, pedir desculpas à minha esposa, que teve muita paciência ao ver seu marido trancado no “escritório” por horas e horas, sentado à frente de um computador, sem nunca reclamar, cuidando sozinha das responsabilidades do dia a dia e das crianças, já que o consorte estava ensimesmado no estudo do Mundo Antigo. Obrigado amor pela compreensão, carinho e ajuda na correção da obra. Qual o sentido do misticismo na mente humana? Nesta obra literária o autor nos ajuda a desvendar os mistérios bíblicos e, alguns temas mitológicos. Grande admirador de História Antiga, Alian Moróz passou mais de três anos pesquisando sobre o assunto e nos trás hoje este livro ímpar, fruto de muito trabalho e dedicação. Prof. Wilson Andrade Prefácio Não vou me alongar muito no prefácio, que é a apresentação do alfarrábio, pois bem sei que quase ninguém o lê, mas como foi dito que o mesmo é a apresentação da obra faz-se necessário. Quando me ocorreu a idéia de escrever sobre o assunto eu já havia me aposentado do exercício do magistério, então com tempo para fazer algum trabalho, não por dinheiro, mas por satisfação pessoal, decidi pela empreitada. Sou um curioso convicto e comecei a pesquisar sobre História Antiga, que é um dos meus hobbies, dentre outros, o mais apreciado. Minha formação é cristã e lecionei Matemática para o ensino secundário por

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Desvendando a História e os Mitos Bíblicos

Agradecimentos: Não vou ser convencional e fazer só agradecimentos aosgrandes pensadores da humanidade aos quais me inspiraram na composição daobra, mas sim ,também, pedir desculpas à minha esposa, que teve muita paciênciaao ver seu marido trancado no “escritório” por horas e horas, sentado à frente deum computador, sem nunca reclamar, cuidando sozinha das responsabilidades dodia a dia e das crianças, já que o consorte estava ensimesmado no estudo doMundo Antigo.Obrigado amor pela compreensão, carinho e ajuda na correção da obra.Qual o sentido do misticismo na mente humana?Nesta obra literária o autor nos ajuda a desvendar osmistérios bíblicos e, alguns temas mitológicos.Grande admirador de História Antiga, Alian Morózpassou mais de três anos pesquisando sobre o assuntoe nos trás hoje este livro ímpar, fruto de muitotrabalho e dedicação.Prof. Wilson AndradePrefácioNão vou me alongar muito no prefácio, que é a apresentação do alfarrábio, poisbem sei que quase ninguém o lê, mas como foi dito que o mesmo é aapresentação da obra faz-se necessário. Quando me ocorreu a idéia de escreversobre o assunto eu já havia me aposentado do exercício do magistério, então comtempo para fazer algum trabalho, não por dinheiro, mas por satisfação pessoal,decidi pela empreitada. Sou um curioso convicto e comecei a pesquisar sobreHistória Antiga, que é um dos meus hobbies, dentre outros, o mais apreciado.Minha formação é cristã e lecionei Matemática para o ensino secundário porvários anos em um colégio de padres, e como muitos, nunca havia feito umaleitura histórica critica do chamado livro santo, a Bíblia.Com as informações que comecei a obter na rede adentrei para um campo maiscomplexo sobre a cultura bíblica e percebi que muitas coisas não estavam seencaixando no ensino bíblico que nos é passado pelos deístas. Comecei então aser um freqüentador assíduo de bibliotecas públicas e particulares queencerrassem em seu acervo qualquer coisa que se relacionasse com o MundoAntigo, a Era do Bronze, Era do Ferro, Mundo Egípcio, Era Clássica, etc...Agrupando o que eu já havia arrecadado na rede, com os textos conseguidosem bibliotecas, e não esquecendo da leitura da própria bíblia, qual não foi minhasurpresa, havia sim alguma coisa errada no texto sagrado, uma coisa não, várias

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coisas...Devido à minha formação cristã, confesso que fiquei um pouco assombrado,pois minha intenção não era polemizar com qualquer crença que fosse, mas comosou um matemático da crítica teórica e possuo esse espírito de Hipátia, semprebusco não uma verdade fundamentada na supremacia totalitária, mas na razãoexplicativa através da crítica, pois não podemos chegar a uma verdade absoluta,que é burra, mas podemos através da crítica construtiva suplantarmos o erro. Arazão procura premissas compreensíveis para formar uma conclusão que atenda aum pensamento lógico e não retórico.Encontrando documentos e textos escritos por especialistas do assunto, fuimontando minha visão sobre os grandes mistérios bíblicos, suas origens eexplicações, quando possível. Procurei não deixar nada que fosse hermético, fuiliteralmente ao mais obscuro segredo das escrituras e dogmas religiosos,começando pelo momento da criação e o dilúvio, fui até as peripécias de Moiséspelo deserto. Desvendar os enigmas dos povos bíblicos e pagãos, passou a sernotório para mim.Fiz uma comparação da mitologia bíblica com outras culturas misteriosas,analisando passo a passoas incongruências e as analogias. Busquei as origens daBíblia em seu mais ditoso elemento, revelando o seu DNA histórico, destravandoos entulhos que atrapalhavam e embaraçavam a visão. No momento doaparecimento do cristianismo estive verificando os motivos, as razões de tantomistério quanto ao anacrônico Jesus, até hoje colocado como um ícone daperfeição humana. Encontrei vestígios de sociedades secretas como aFraternidade Nemrod, Rosa Cruze, Maçonarias e outras que atuaram ou atuampor muito tempo na coletividade mundial. Por fim, se o leitor tiver coragem obastante, desvendaremos o Apocalipse e as fantásticas visões do livro de Daniel.Só devo precatar que tudo o que está contido neste livro foi pesquisado nainternet e bibliotecas, num trabalho muito árduo e estafante, mas nem por issodeixou de ser edificador. Por essa razão, o texto denota não só o meu pensamentosobre os assuntos referidos acima, mas também opiniões de outros autores,ao qualtomei a liberdade de parafrasear em certos momentos. Espero que o leitor tenha amente aberta para desbravar novos horizontes. Reitero que o objetivo da obranão é o lucro comercial ou polemizar qualquer pensamento religioso, mas sim,tentar levar ao leitor um pouco de conhecimento sobre as origens de nossasociedade, para assim poder refletir embasado em fatos concretos e não emfalácias retóricas.Tenho a certeza que desfrutando da leitura de “Desvendando a História e os”

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Mitos Bíblicos” o leitor estará adquirindo um importante conhecimento Histórico.IntroduçãoDevemos indicar ao leitor uma pequena iniciação sobre a origem da bíblia quenos chega até hoje, e preparando-o para uma leitura que aos olhos escatológicosvai sem dúvida chocar, mas ao mesmo tempo esclarecer. Vamos logo de encetoatentar para um resumo preparatório sobre essa nova forma de ler os textosbíblicos, ressaltando os assuntos que serão trabalhados nessa leitura. Todos ostextos possuem documentos ou fotos irrefutáveis, por essa razão na maioria dosrelatos não se trata de opinião ou ponto de vista, mas sim, acontecimentos reaisque podem ser estudados em qualquer site especializado ou, como já foi dito, embibliotecas e museus de História e Arqueologia.Os assuntos não estão colocados necessariamente em ordem cronológica e nemestão organizados em capítulos seqüenciais, e sim assentados em ordem deanalogia, pois na bíblia os temas, podemos dizer, estão em urgente correlação unscom os outros. Prepare-se, caro leitor, para uma viagem cultural fantástica pelosmistérios do Mundo Antigo.NT. Quando a palavra estiver grafada em Azul, essa corresponde à imagem maispróxima.A criação: Sabe-se hoje que a fábulade Adão e Eva é uma apropriação dacultura súmero-babilônica, o pecadooriginal só foi inserido nos textosbíblicos na Idade Média por SãoTomás de Aquino. Documentosfeitos em placas de barro e argila apelo menos 3000 anos a.C. atestam oconto mesopotâmico de Adamis(Adonis) e Evhati, com a presença de Lilith,amulher demônio que se transforma em serpente, para tentar Eva, muito anterior anarrativa bíblica. Não só na cultura súmero-babilônica encontramos o mito dacriação, mas em outras tantas, .também anteriores à cultura bíblica. Veremos esteassunto em pormenores mais adiante com espantosas revelações.O DILÚVIO - Cientistas conseguiram demonstrar que a narrativa do Gênesis éuma apropriação do mitomesopotâmico/babilônicode Gilgamesh – Enuma-Elish que narra umaenchente de proporçõesenormes que teria

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acontecido no OrienteMédio e na Ásia Menor(as enchentes são muitocomuns nessa região). Opovo hebreu entrou emcontato com esse mito noséculo VI a.C. durante oexílio babilônico. OGênesis teria sido escrito nessa época assimilando a lenda. Ruínas achadas no MarNegro mostram que houve uma catastrófica enchente por volta de 5.600 a.C. Onível do mar Mediterrâneo subiu e irrompeu pelo Estreito de Bósforo, inundando aplanície onde hoje está localizado o Mar Negro. Sobreviventes migraram para aMesopotâmia, surgindo assim, a história do dilúvio no texto sumério doGilgamesh. A destruição do mundo por intermédio de um dilúvio também podeser apenas um fator abstrato, já que faz parte de culturas diferentes, mas que temem comum com a cultura mesopotâmica, um deslumbramento pela água. Não é sóo povo súmerio ou babilônio que possui um romance sobre um dilúvio,encontramos também na mitologia Greco-romana, no oriente como a Índia, Japãoe China, inclusive entre os povos Indo-Americanos. Mas um leitor desavisadopoderia perguntar: “Se quase todas as culturas da antiguidade possuem uma fábulasobre o dilúvio, isso não representa que ele realmente existiu?” Como já foi dito,caro leitor, o mito sobre a renovação da vida pela água ou pelo fogo, que veremosmais adiante em pormenores, vem de longa data e é muito comum em váriasculturas primitivas que usavam o fetichismo para explicar as ocorrências danatureza que não compreendiam, assim surgiram a adoração ao sol e à lua,animais etc...Anterior à Era do Bronze.O ÊXODO – Não há registro arqueológico ou histórico da pessoa de Moisés oudos fatos ocorridos no Êxodo. O episódio foi incluído naTorá provavelmente no século VII a.C. por escribas doTemplo de Jerusalém, para combater o politeísmo e oculto das imagens cananéias, os rabinos copiaram ocódigo de leis e histórias, de patriarcas heróicos assíriosà época do rei Manassés (Moisés?) e estes foraminspirados pelo código de Hamurabi. A prova de queesses textos são lendas estaria nas inúmerasincongruências culturais e geográficas entre o texto e arealidade presente à época de Moisés. Muitos reinos elocais mencionados no livro sequer existiam no séculoXIII a.C. e só surgiram 500 anos depois. Note, caroleitor, de que o nome Moisés assim como Manassés éegípcio e significa “Filho de Amon”. Existiam também pequenos códices morais,

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egípcios, que eram chamados de Monéses ou Moiéses, mas não podemos afirmarse existe alguma relação com o códice de Moisés. Os parcos hebreus ou heberus(adoradores de asnos) que erravam pelo Egito o foram apenas atrás de comida.MONTE SINAI - Não existe. A escolha do lugar que passou a ser conhecidocomo Monte Sinai só apareceu entre os séculos IV e VI d.C. e foi escolhido pormonges bizantinos.AS MURALHAS DE JERICÓ - A arqueologia moderna diz que Jericó nuncapossuiu muralhas. A tomada de Canaã peloshebreus aconteceu de forma gradual epacífica, quando as tribos hebraicas trocam opastoreio pela agricultura dos vales férteis.A história da conquista foi escrita durante oséculo VII a.C. mais de 500 anos depois dachegada dos hebreus aos vales cananeus. Aalusão de destruir muros de uma cidadequalquer era muito usada à época por váriospovos e denotava um conceito religioso esocial, ou seja, eram destruídas as barreirasou os muros que separavam dois povos, éignóbil levar ao pé da letra a queda de Jericó.DAVI - Em 1993 foi encontrada três fragmentos de pedra (Estela) datada doséculo IX a.C. com escritos que mencionam um rei hebreu chamado “da casa deDavi”, mas pela linguagem semítica não possuir vogais a essa época e as trêspedras terem sido encontradas em locais de campo distantes, a montagem da frasefoi meio que “forçada”. A palavra Davi também pode ser traduzida por “amado”,ou seja, a tradução ficaria “da casa do amado”. Não há qualquer evidência dasconquistas narradas na bíblia sobre o mitológico rei, a arqueologia séria afirmaisso com muita convicção e tranqüilidade. Davi, se existiu algum, pode ter sido olíder de um grupo de rebeldes vindos de camadas pobres dos cananeus.SALOMÃO - Não há sinal de arquitetura monumental em Jerusalém ou emqualquer das outras cidades citadas pela Bíblia em que o rei Salomão teriaconstruídotemplos,palácios efortalezas.Assim comoDavi; Salomão,se existiualgum, seriaapenas umpequeno lídertribal de Judá.Os profetas - A maioria dos profetas descritos no Antigo Testamento ou são

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mitológicos, ou são copiados de heróis babilônicos e/ou gregos.Os nabis que perambulavam pela mesopotâmia rogando pragas eram os famososprofetas do caos pregando sempre o fim do mundo ou relatandoprofecias, como Isaías, foram uma criação da culturababilônica. Os nazdrins ou nazireus que aparecem bastante nosversos dos Salmos são aqueles profetas sofredores quecarregam consigo todos os pecados da comunidade, geralmenteviviam peregrinando pelos desertos da palestina, não podiamtomar banho, cortar o cabelo ou a barba e principalmente nãotocar em carne morta.O NOVO TESTAMENTO - Seus textos não foram escritospelos evangelistas em pessoa, como muita gente supõe, mas porseus seguidores, entre os anos 60 e 70,(possivelmente mais tarde ainda),décadas depois da suposta morte de umJesus, quando as versões estavamcontaminadas pela fé em seitas de mistérios e por disputasreligiosas. Nessa época, os crestões, que seriamseguidores de um agitador zelota (grupo judeu) de nomeCrestus, e outros revolucionários mais, estavam sendoperseguidos e mortos pelos romanos, que não tinhamnenhum preconceito religioso, as perseguições eram decunho apenas político. Havia, portanto, o perigo de que amensagem cristã fosse confundida com a dos agitadores ecaísse no esquecimento se não fosse colocada no papel.Devemos lembrar que ao tempo do final do século I havia mais de 60 correntes dopensamento chamado cristão, diferentes em muitos aspectos entre si. Não foramos evangelhos que criaram a igreja, mas sim, a igreja que criou os evangelhos.Marcos ou Makor que em hebraico antigo significa “ Fonte” foi o primeiro dacorrente romana a escrever, ou pelo menos a ele atribuído o livro de mesmonome, escolhido para fazer parte do cânon bíblico, e seus escritos serviram de basepara os relatos de Mateus e Lucas, que aproveitaram para tirar do texto anterioralgumas situações que lhes pareceram heresias, já que ao que parece os trêstiveram como base um texto chamado “Q”,talvez escrito pelo gnóstico Marcião."Em Marcos e “Q”, Jesus é uma figura estranha que precisa fazer rituais de magiapara conseguir um milagre e se relaciona com jovens discípulos de uma maneirameio estranha aos olhos leigos", afirma o historiador e arqueólogo AndréChevitarese.JESUS – A tentativas dos apologistas de se criar provas de um Jesus histórico sãototalmente infundas. Devemos antes de tudo corrigir a designação do nome Jesus

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Cristo, que não é um nome próprio, mas, um substantivo, uma função ou título. Osantigos hebreus usavam o nome Jesus (Iésus) ouIaorrushuá e também Meshiá (Messias), paradesignar um ungido ou escolhido por Deus(Iahwéh). O líder hebreu Josué era um Jesus,inclusive o nome é uma transliteração de Josué.O rei persa Ciro, também foi chamado de Jesus,por libertar os hebreus do cativeiro babilônico. Oque nos é curioso é a ausência da palavra Jesus noVelho Testamento, lá a tradução de Iésus é corretapara ungido. Qual será a razão de que somente noNovo Testamento se traduz o ungido por Jesus?Notamos então que o salvador bíblico não possuium nome próprio conhecido.Os gregos sempre usaram a palavra Kristóspara designar seus deuses menores, e esta foicolocada na tradução bíblica grega por puroengano assimilativo da cultura helênica, pois quando da construção dosevangelhos, há muito, os hebreus já não falavam o hebraico. Segundo os pais daigreja o suposto Jesus teria nascido na Palestina, provavelmente no ano 6 a.C. aofinal do reinado de Herodes Antipas (que acabou em 4 a.C.) - em conformidadecom Lucas e Mateus que afirmam que Jesus nasceu "perto do fim do reino deHerodes". A diferença entre o suposto nascimento real de Jesus e o ano zero docalendário cristão se deve a um erro de cálculo cometido por um monge de nomeDionísio no século VI d.C., quando a Igreja resolveu reformular o calendário, parafazer o povo esquecer comemorações e festas em honra a outros deuses. Lucasafirma que a anunciação ocorreu em Nazaré, uma cidade que só foi criada muitotempo depois, para dar crédito as escrituras cristãs, José e Maria teriam vividonessa cidade fictícia de Nazaré, mas eles foram obrigados a viajar até Belém pelocenso "ordenado quando Quirino era governador da Síria". Os registros romanosmostram que Quirino só assumiu no ano 6 d.C. - 12 anos depois do ano denascimento de Jesus, e que o suposto censo nunca houve a essa época. Aexplicação que o texto de Lucas dá para a viagem de Jesus até Belém é falsa. Ahistória foi criada porque a tradição judaica considerava essa cidade o berço do reiDavi, e o messias deveria ser da linhagem do primeiro rei dos judeus, como era decostume entre os povos antigos. O mito de Jesus apenas faz parte de um imensocatálogo de deuses solares, todos salvadores do mundo, todos se fizeram carne,

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morreram e ressuscitaram depois de três dias.No conto do Gólgota não há exclusivamente nada de novo, em relação à vida deCristo, seus milagres e sua morte e ascensão. Notadamente, a Paixão do Cristobíblico é uma cópia ou adaptação dos salmos 22, 30, 67 e 88 (curiosamente quatrosalmos) acrescidos de dogmas helênicos e crenças populares à época. Veremos,caro leitor, mais adiante, em pormenores a historiografia desse mito milenar.OS APÓSTOLOS - Não há certeza quanto ao número de discípulos que viviampróximos ao mitológico Jesus. Nosevangelhos, apenas os oitosprimeiros conferem - os quatrosúltimos têm muitas variações. Ahipótese mais provável é que onúmero "redondo" de 12 discípulosfoi uma invenção bem posteriorpara espelhar, no NovoTestamento, as 12 tribos doshebreus descritas no AT e por serum número místico. Há de sedestacar que o número 12 écabalístico e aparece na cultura devários povos da região. Todos osdeuses salvadores da humanidade,análogos e anteriores ao Cristo judeu se serviram de apóstolos, e com umasemelhança tão estapafúrdia que temos em todos eles o apóstolo traidor, oapóstolo que nega o mestre, o apóstolo querido, etc...Apocalipse e Daniel - Os famosos e temidoslivros proféticos do NT e ATrespectivamente, atribuídos a João e Daniel,não passaram no teste de autenticidade.O apocalipse sabe-se hoje que é umaalusão às imagens mitológicas dozoroastrismo, religião persa, e provavelmentefoi adaptado junto ao texto persa, paradescrever a perseguição romana sobre osjudeus, no ano 70 d.C. quando da revolta deJerusalém.O erudito alexandrino de nome Fílon tevesua obra quase que por completa copiadapelo autor ou autores do apocalipse. Fílonera um conhecedor ativo da religiãozoroástrica.O livro de Daniel com suas previsões,quase que sempre certas, dando a impressão de serem realmente visões divinas,não passam de relatos das lutas dos Macabeus no século II a.C. onde todas as“profecias” de Daniel, falsamente datadas de 700 a.C., já haviam ocorrido.

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Deus - É uma concepção abstrata que designa anseios da consciência coletiva deum povo ou grupo. O Deus bíblico foi copiado de várias religiões anteriores, taiscomo o Judaísmo com seu Iahwéh, Iahou, Adonai.,A grega com seu Zeuscomandando um panteão mitológico, os persas com seu Marduk, e ainda váriospovos mesopotâmicos com seus deuses, tais como Mazzda, Tammuz, Enlil, Baal eoutros.A maioria esses deuses, a exemplo do Deus bíblico, fizeram o mundo em setedias, separaram as águas da parte seca etc... como veremos mais adiante. Apalavra Senhor para designar Deus vem da palavra fenícia, Baal, e ambos, Baal eSenhor, significam o mesmo. Tanto Zeus, como Deus, num estudo filológico,provém do Hindu Theós, que significa luz ou sol.A Bíblia é confrontada com revelações da arqueologiaVamos então fazer uma relação cronológica dos povos da mesopotâmia a partirda Era do Bronze, como nos é apresentado pela arqueologia formal, de modos queo leitor possa se reiterar dosfatos importantes ocorridos àépoca do suposto reino deIsrael. Eu fico perplexo comos livros de história quetrazem absurdos, como umasuposta veracidade de quedeuses solares existem efazem parte da realidadehumana. Ainda são pedidasem vestibulares e concursospelo Brasil a fora, questõesque indagam de formapressuposta e categórica a existência de um povo escolhido por um deus, e que,esse deus governa o mundo. Se algum candidato vestibulando afirmar que Deus éapenas um ser imaginário, se lhe perguntado, sem dúvida alguma será censuradoem tal afirmação, aliás, fato já ocorrido com uma de minhas filhas...Lamentável!Segundo a História formal dos bancos de escola, as primeiras cidades dahumanidade apareceram ao longo dos rios Tigre e Eufrates ao Norte da região quehoje conhecemos como Golfo Pérsico. Coletivamente, estas cidades tomam onome de Cultura de Uruk, nome este tomado da principal cidade da época,conhecida na Bíblia judaico cristã como Erech ou Iraque. Esta cultura inventou aescrita e o calendário lunar, fazia uso intensivo de metais, desenvolveu a práticada medicina e construiu uma arquitetura monumental. Mesmo assim, nenhuma

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forma de governo unificado uniu tais cidades, permanecendo todas elasindependentes por quase um milênio.3200 a.C. - Evidências arqueológicas mostram que os Sumérios estão fazendo usode veículos sobre rodas para transporte e utilizam tijolos cozidos para a construçãode moradias. (Verdadeiro)3100 a.C. - A escrita cuneiforme aparece na Mesopotâmia, sendo os primeirosregistros escritos da humanidade. Esta forma de escrita envolvia a escrita decaracteres em forma de cunha e foi usada para registrar os primeiros épicos dahistória, incluindo Enmerkar e o Senhor de Arata, e as primeiras histórias arespeito do rei heróico e mítico de Uruk, Gilgamesh e Nemrod. (Verdadeiro)2700 a.C. - O rei sumério Gilgamesh governa a cidade de Uruk, que agora temuma população de cerca de mais de 50.000 habitantes. Gilgamesh figura emmuitos épicos, incluindo o mito sumério Gilgamesh, Enkidu e o MundoSubterrâneo e o babilônico Mito de Gilgamesh. (Verdadeiro com ressalvas – Nãose tem a certeza da existência de Gilgamesh, e 50.000 habitantes ,ele parece maisa exemplo de Abraão, um herói fictício)2340-2315 a.C. - Sargão I funda e governa a cidade de Ácade (Acádia), após terdeixado a cidade de Kish, onde detinha importante cargo militar. Sargão I é oprimeiro monarca da história a manter um exército de prontidão. Mesmo assim,seu império durou menos do que 200 anos.(Verdadeiro)2320 a.C. - Sargão I conquista as cidades-estado independentes sumérias e instituium governo centralizado. Mas por 2130 a Suméria readquire sua independênciado domínio acádio, apesar de não mais reverter para a condição de cidadesindependentes. Nesta época, a cidade mais importante dos sumérios é a cidade deUr. (Verdadeiro)2100 a.C. - A Lista de Reis Sumérios é escrita, registrando todos os reis edinastias sumérias desde os tempos mais remotos. De acordo com esta lista, Eridué a povoação mais antiga, fato que parece ser confirmado por evidênciasarqueológicas. (Verdadeiro)2000-1600 a.C. - Começa o Antigo Período Babilônico na Mesopotâmia, após ocolapso da Suméria, provavelmente devido a um aumento do teor de salinidade dosolo, tornando o cultivo da terra muito difícil. Enfraquecidos consideravelmentepor safras de pouca produção, os SUMÉRIOS são conquistados pelos amoritas,que estavam estabelecidos na Babilônia. Conseqüentemente, o centro dacivilização muda para o Norte. Apesar deles terem preservado a maior parte dacultura suméria, os amoritas introduziram seu idioma semítico, um ancestral doHEBREU na região.(Verdadeiro)1900 AC - O Épico de Gilgamesh é redigido a partir de fontes sumérias e escrito

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no idioma semítico. Portanto, apesar de Gilgamesh ser sumério, o épico de seunome é babilônico.(Verdadeiro)1900- 1500 a.C. - Num ponto entre estas datas, um grupo semítico de nômadesmigra da Suméria para Canaã, e Egito. Eles são levados por um comerciante decaravanas, Abraão, que irá se transformar no pai dos judeus e dos árabes (Falso -Não há nenhum registro sobre um suposto Abraão, sendo esse apenas umpersonagem místico também presente na cultura árabe, e não existe nenhuma provaarqueológica de que os hebreus andaram 100 anos pelo deserto, a não ser pequenosgrupos isolados)1800 a.C. - Os habitantes do Antigo Período Babilônico (ou Babilônico Anterior)estão empregando avançadas operações matemáticas, tais como multiplicação,divisão e raiz quadrada. Além disso, eles usam um sistema duodecimal (baseadono 12 e no 6) para medir o tempo. Até hoje usamos este sistema para contar ashoras. (Verdadeiro)1763 a.C. - O rei amorita Hamurabi conquista toda a Suméria. Nesta mesmaépoca, ele também escreve seu famoso código de leis, o Código de Hamurabi,contendo 282 regras, incluindo o princípio de “olho por olho , dente por dente”.Este é um dos primeiros códigos de lei da história da humanidade, sendo anteriorao código de Leis de Lipit-Ishtar e Os Dez Mandamentos.(Verdadeiro)1750 a.C. - Hamurabi morre, mas seu império dura por mais 150 anos, até 1600AC, quando os cassitas, um povo não semítico conquista a maior parte daMesopotâmia, com a ajuda de carruagens leves como material bélico.(Verdadeiro)1595 a.C. - Os hititas, outro grupo não semítico que falam um idioma Indo-Europeu, capturam a Babilônia e se retiram, deixando a cidade aberta ao domíniocassita. Os cassitas permanecem no poder por 300 anos, mantendo a culturasuméria e babilônica sem introduzir grandes mudanças (Verdadeiro)1450-1300 a.C. - A cultura hitita alcança seu apogeu, dominando do Norte aoLeste da Babilônia, incluindo a Turquia e o Norte da Palestina. Nesta época, oshititas já tinham uma rica mitologia, com panteon de deuses e deusas jáestabelecido.(Verdadeiro)1300-612 a.C. - Os Assírios, um povo semítico, estabelecem um império que seestende de Assur, ao Norte da Mesopotâmia. Em 1250 a.C. eles já tinham secomprometido a conquistar o Império Cassita ao sul.(Verdadeiro)1286 a.C. - Os hititas lutam contra os invasores egípcios, demonstrando a força deseu poder. Tal poder está provavelmente fundamentado nas vantagens econômicasque tinham com o comércio de metais que são abundantes na região da Turquia.

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Mesmo assim, o império hitita cai 1185 para os Povos do Mar, um grupo invasorque veio do Oeste, e cuja identidade precisa é desconhecida, mas possivelmenteseriam Indo -europeus.(Verdadeiro)1250-1200 a.C. - Os hebreus migram de Canaã para o Egito por alguns séculos,após vaguearem por muitos anos no deserto do Sinai, chegam à terra de Canaã.Esta migração é lenta e dolorosa, e irá levar cerca de cem anos. (Falso- Eramapenas alguns poucos semitas nômades que adentravam pelo Egito atrás decomida,na verdade os heberus ,como eram chamados,vieram de dentro da etniacananéia).1020 a.C. - Os hebreus são governados pelos Juizes num período de relativaestabilidade que será abalado pela invasão dos filisteus em 1050 ANE.(Verdadeirocom ressalvas- A maioria dos Juízes descritos na bíblia eram fictícios, embasadosem heróis e deuses mesopotâmicos e gregos,e não houve a suposta guerra entre oshebreus e filisteus)1225 a.C. - O governante assírio Tukulti-Ninurta captura a Babilônia e a região sulda Mesopotâmia, mas o controle assírio não dura muito longe.(Verdadeiro)1114- 1076 a.C. - Tiglath-Pileser I governa os Assírios. (Verdadeiro)1050 a.C. - Os filisteus invadem Israel, vindos do Norte. Ao enfrentar a ameaçade aniquilação, os hebreus instituem uma reforma governamental. Samuel, oúltimo dos juizes, é chamado para escolher o futuro rei. (Falso - Não existiu, atéentão, nenhum reino de Israel nem Grandes reis judeus. Eram apenasagrupamentos semitas que brigavam por territórios e comida)1020 a.C. - Samuel seleciona Saul para rei de Israel, que não passa de algunspuçás, tribos pequenas, portanto unificando essas tribos numa só nação. Sauleventualmente comete suicídio, ao enfrentar outras tantas perdas frente aosfilisteus. Davi, ao fazer campanha contra os filisteus, obtém a vitória. (Falso –Ouve apenas uma miscigenação entre os chamados Eberus ou hebreus, e osFilisteus indo –europeus)1004 a.C. - Davi torna-se rei de Israel. Como tal, ele começa a construir umgoverno centralizado baseado em Jerusalém. Ele implementa trabalhos forçados, ocenso e um mecanismo para a coleta de impostos. O Período do Primeiro Temploda história hebraica começa sob o governo de Davi. (Falso - Quando se fala deum reino de Israel cabe lembrar ao leitor que se trata de umas poucas tribosnômades, e não há nenhuma evidencia arqueológica,até agora, de um grande reiDavi.)965 a.C. - Salomão torna-se rei de Israel, com a intenção de continuar a obra deDavi e fazer de Jerusalém uma grande cidade. Salomão, portanto, abraça grandes

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projetos de construção, sendo um deles o Templo de Jerusalém. (Falso Essetemplo não tem nada de extraordinário, e não passa de uma pequena construção demadeira e pedra,comum em qualquer pequeno povoado à época e muito diferentedaquele descrito nos textos bíblicos..)928 a.C. - Morre Salomão. Os habitantes do Norte, não querendo pagar impostospara ajudar as dificuldades financeiras de Jerusalém, separam-se do Sul. Sãocriadas duas nações: Israel, ao Norte, com sua capital em Samária, e Judá, ao Sul,com a capital em Jerusalém. Os filhos de Salomão governam os dois reinos,Jeroboam ao Norte e Rehoboam ao Sul.(Verdadeiro com ressalvas -As tribos donorte e do sul nunca foram unidas, e nem existiu um grande rei chamado Salomão,sendo este uma fábula árabe chamada O pacífico da montanha santa.)900 a.C. - Os assírios expandem seu império para o Oeste. Ao redor de 840 AC,eles tinham conquistado a Síria e a Turquia, territórios que haviam pertencido aoshititas.(Verdadeiro)810-805 a.C. - Reinado da rainha assíria Samuramat. Ela é uma das poucasmulheres a adquirir proeminência na Antigüidade.(Verdadeiro com ressalvas - Aantiguidade está repleta de grandes rainhas)722 a.C. - Os assírios conquistam Israel, deixando nada para traz. O reino hebreude Judá consegue sobreviver.(Verdadeiro com ressalvas - Judá sobreviveu porquenão tinha nada que os assírios lá quisessem. Era uma região extremamente pobrecom algumas poucas tribos vivendo em condições precárias. Jerusalém à essaépoca não tinha esse nome ,que só veio depois da volta do exílio babilônico, emalusão a uma cidade mitológica egípcia de nome Cidade da Paz,que é osignificado para “Jerusalém”,e não passava de uma pequena vila jabuíta . Osprimeiros mitos bíblicos começam a ser criados à essa ocasião.)705-681 AC - Senaqueribe governa os assírios e constrói uma nova capital emNínive, onde começa a formar uma grande biblioteca de tábuas sumérias ebabilônicas. Senaqueribe é um monarca poderoso que consegue ter sob seu podertoda a região do Oeste da Ásia.(Verdadeiro)689 a.C. - Senaqueribe destrói a Babilônia, mas seu filho a reconstrói. Em 650a.C., Babilônia é novamente um centro de prosperidade.(Verdadeiro)668-627 a.C. - Assurbanipal sucede Senaqueribe como governante da Assíria. Elecontinua a desenvolver uma grande biblioteca, e, ao final, colecionou mais de22.000 tábuas de argila. Em 648 a.C. destrói a recém reconstruída cidade daBabilônia numa campanha feroz. (Verdadeiro)614 a.C. - Os babilônicos (em particular, os caldeus), com a ajuda de Medes, que

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ocupa a região ora conhecida como o Irã, começam campanha para destruir osassírios. Em 612 AC eles obtêm sucesso, e a capital assíria é destruída. Sem osAssírios, os caldeus, um povo semítico, governam toda a região, fazendo surgirum novo período de apogeu da Babilônia, que durou até 539 a.C. (Verdadeiro)562 a.C. - Nabucodonossor II governa a Babilônia, onde começa vários projetosgrandiosos, de construção, incluindo os Jardins Suspensos da Babilônia. Esterenascer do poder da Babilônia usa tijolos esmaltados em suas construções,portanto criando uma bela cidade colorida.(Verdadeiro)600 a.C. - O profeta persa Zaratustra (Zoroastro) funda a religião chamada deZoroastrianismo.(Verdadeiro com ressalvas – Zaratustra ou algum erudito persaapenas redigiu os fundamentos da religião persa, que é de um período muitoanterior. Assim como vários personagens mitológicos, não se tem certeza daexistência de Zaratustra A religião zoroástrica influencia por demais a religiãodos hebreus.)586 a.C. - Jerusalém cai ante as forças de Nabucodonossor II. Muitos hebreus sãolevados em cativeiro para a Babilônia, começando a passagem chamada de OCativeiro da Babilônia. O Livro de Ezequiel é escrito nesta época.(Verdadeirocom ressalvas –Ernst Axel Knauf explica; O exílio babilônico do ponto de vista dahistória contemporânea e da história do pensamento, denunciando o mito da terravazia. De acordo com os dados históricos, cerca de 10% da população de Israel foiexilada, enquanto, igualmente, cerca de 10% das descendentes dos exilados teriamvoltado nos séculos VI/V a.C. para a Palestina, sendo, portanto, a históriacanônica do Antigo Testamento o ponto de vista de 1% da população judaica. Opensamento dos teólogos exílicos e pós-exílicos tem suas raízes nas controvérsiassobre a queda de Samária e a ameaça assíria. Além do que, o modelo teológico“ira de Deus” e destruição/punição e restauração fora desenvolvido pelos teólogosassírios no século VII e trazidos para Israel por autores da época do rei Manassés(Moisés?). As quatro maiores contribuições do período exílico para a identidadede Israel foram: a circuncisão, o sábado, a paternidade de Abraão e o culto de umsó e único deus sem nenhuma representação visível)539 a.C. - Ciro, o persa, captura a Babilônia depois que Baltazar, o novo líderbabilônico, fracassa em "ler a caligrafia escrita na muralha". Ciro funda o ImpérioPersa, que dura até 331, quando é conquistado por Alexandre, o Grande. Ciropermite que alguns judeus exilados na Babilônia voltem à Palestina, mas muitoshebreus preferem ficar na Babilônia, onde se estabelece o segundo grande centro

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hebraico, sendo superado apenas por Jerusalém.(Verdadeiro com ressalvas - Nessaépoca Jerusalém tem um maior crescimento devido ao retorno de algumas famíliasque eram na realidade descendentes do povo do norte, os israelitas. Esse povocom um conhecimento maior que os pobres aldeões natos de Jerusalém, trazemconsigo uma tecnologia adquirida entre os caldeus e assírios, que torna propicio odesenvolvimento de Jerusalém. Cabe lembrar ao leitor que alem do conhecimento,trazem também a religião caldeia,fato esse contestado na bíblia por Isaias. É nessetempo que ocorre o aparecimento de Iahwéh, um deus concebido através da fusãode entidades israelenses,caldeias ,judaicas, e até egípcias)529 a.C. - Ciro morre, deixando o maior império construído pelo homem atéaquela data. Seu filho, Cambises, sobre ao trono e conquista o Egito.(Verdadeiro -Ciro foi chamado de Jesus pelos judeus.)521 a.C. - Dario I (o Grande) torna-se imperador da Pérsia, sucedendo Cambises.Ele começa grandes programas de governo, incluindo um sistema de estradas. Eletambém institui o primeiro sistema postal.(Verdadeiro)520-516 a.C. - Os hebreus reconstroem o templo de Salomão que havia sidodestruído e saqueado em 586 a.C. Começa o Período do Segundo Templo dahistória hebraica.(Verdadeiro com ressalvas - No que se refere ao primeiro templo.Nunca houve um saque do primeiro templo, pois o mesmo não passava de umamontoado de madeiras e barro vermelho e pedras.)486-465 a.C. - Xerxes I é o imperador do Império Persa. (Verdadeiro)331 a.C. - Alexandre, o Grande, conquista o Império Persa. Ele avança na direçãoda Índia, e conquista parte dela, antes de morrer na Babilônia, aos 33 anos em 323A a.C. (Verdadeiro)168 a.C. - Antióquio Epifânio governa Israel e tenta acabar com a prática doJudaísmo. Os hebreus resistem, começando a revolta dos macabeus. Os macabeussão bem sucedidos, até discussões internas tê-los destruído. Eles apelam para oromano Pompeu, que intervém, começando daí a ocupação romana daPalestina.(Verdadeiro)66 d.C. - Ao tentarem se libertar do controle do Império Romano, os hebreus serevoltam, mas perdem. No tempo do imperador romano Tito, os hebreus sãoderrotados, sendo destruído o templo de Jerusalém, que jamaisreconstruído.(Verdadeiro)Salvo alguns comentários que somei ao relato arqueológico formal, essa é a

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historia que nos é apresentada nos livros comuns e um tanto vago. Basicamente acronologia e a historia dos povos e reis que habitaram a mesopotâmia à época estacorreta. É de se estranhar porem se dar tanta importância a um povo tão obscurocomo os hebreus que eram apenas rotos e analfabetos criadores de cabritos efazedores de vasos. Será que se deve ao fato de os mesmos terem redigido suascrenças em papiros e pergaminhos? Devemos lembrar que os povos queconviveram com os hebreus também o fizeram com maior propriedade, porémmuita coisa foi destruída pelos fanáticos e intransigentes cristãos primitivos.Faltam vários pontos de debate que não são colocados nos livros de História,sobre o verdadeiro registro dos povos mesopotâmicos, ao qual veremos emdetalhes agora.Arqueologia IsraelenseO relato da Bíblia sobre o Rei Davi é tão conhecido que até mesmo aspessoas que raramente abrem o LivroSagrado provavelmente têm uma idéia desua grandeza.Davi, segundo a Escritura, era um lídermilitar tão soberbo que não só capturouJerusalém, mas também transformou acidade na sede de um império, unificando osreinados de Judá e Israel. Assim começou aera gloriosa, mais tarde ampliada por seufilho, o Rei Salomão, cuja influência seestendeu da fronteira do Egito até o RioEufrates. Depois veio a decadência.Mas e se a descrição da Bíblia não estiver deacordo com as evidências do solo? E se Jerusalém de David era, na realidade, umvilarejo rural atrasado e a grandeza de Israel e de Judá estivessem num futurolongínquo?Recentemente, as autoridades emarqueologia de Israel têm feitoessas afirmativas, falando doponto de vista das descobertasrecentes de escavações dopassado antigo. "Da maneira quevejo as descobertas, não háevidência alguma de uma grandee unida monarquia, nem deJerusalém governando vastosterritórios", disse IsraelFinkelstein, diretor do Instituto de Arqueologia da Universidade de Tel Aviv. AJerusalém do Rei David acrescentou Finkelstein, "não era nada além de uma pobrevila na época".Afirmativas desse tipo deram a Finkelstein uma reputação de um acadêmico

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fascinante, porém controverso. Ele é chefe das escavações de Megiddo, um sítioarqueológico vitalmente importante no norte de Israel. Seus relatórios de Megiddoafirmam que algumas estruturas atribuídas a Salomão, na realidade, foramconstruídas depois de seu reino. Isto gerou um grande debate em Israel. Nainternet é possível acompanhar os resultados intrigantes de seu trabalho.Em um contexto maior, o discurso de Finkelstein reflete uma mudançasurpreendente que vem ocorrendo entre alguns arqueólogos de Israel.Suas interpretações, caro leitor, contestam algumas das histórias mais conhecidasda Bíblia, como por exemplo, a conquista de Canaã por Josué.Outras descobertas dão informações suplementares à Escritura, como o queaconteceu com Jerusalém depois que foi capturada pelos Babilônios há 2.600anos.Uma entrevista que o mesmo forneceu por E-mail a repórteres internacionais, dosítio de Megiddo, Finkelstein disse que antes, "a história bíblica ditava o curso dapesquisa e a arqueologia era usada para 'provar' a narrativa bíblica". Desta forma,disse, a arqueologia tornou-se uma disciplina secundária. "Acho que chegou ahora de colocarmos a arqueologia na linha de frente", disse Finkelstein, co-autor,com Neil AsherSilberman, do livro "TheBible Unearthed" (a Bíbliaescavada).As práticas do passado àsquais aludiu podem serilustradas por umaobservação feita porYigael Yadin, generalisraelense que se voltoupara a arqueologia. Certavez ele declarou queentrava em campo comuma espada em uma mãoe a Bíblia na outra.Muitos arqueólogos, tanto antes da fundação do estado moderno de Israel quantodepois, tinham o mesmo tipo de estratégia: buscar evidências diretas de históriasbíblicas. Essa maneira de ver era gerada por suas convicções religiosas ousionistas, disse Amy Dockser Marcus, autora de "The View From Nebo" (a vistade Nebo), Seu livro descreve, caro leitor, de forma cativante e detalhada, amudança que está acontecendo na arqueologia em Israel. O problema com essaperspectiva, disse ela, é que "você acaba interpretando aquilo que encontra de uma

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forma determinada", e isso, acrescentou, "levou a certos erros".Em seu livro, Marcus,ex-correspondente do TheWall Street Journal no oriente médio , conta queYadin acreditava que havia escavado evidênciasnas ruínas de Hazor que corroboravam o relatobíblico de como a cidade cananéia havia sidodestruída. A Bíblia diz que Hazor caiu com ainvasão dos Israelitas liderada por Josué.Mas, atualmente, diz ela, um número cada vezmaior de arqueólogos começa a duvidar que essacampanha de Josué jamais tenha acontecido. Aoinvés disso, eles teorizam que os antigos israelitasemergiram gradual e pacificamente, de dentro dapopulação geral da região. Eles propõem umaevolução demográfica e não uma invasão militar."E isso explicaria porque sua cerâmica, sua arquitetura e sua escrita são tãosimilares a dos cananeus", disse Marcus.Finkelstein utiliza o mesmo argumento: "A arqueologia demonstrou que Israel defato emergiu da população local no final do período de bronze de Canaã". E mais,disse, a arqueologia não descobriu nenhum resto físico que sustente a históriabíblica do Êxodo: "Não há nenhuma evidência de que os israelitas vagaram pelodeserto do Sinai". Quando foi perguntado; Qual foi a reação de Israel a essasconclusões, Finkelstein respondeu "forte e negativa". Mas a raiva, disse ele, nãoveio dos Judeus estritamente Ortodoxos ("que simplesmente nos ignoram", disse),mas de judeus mais seculares e cristãos fundamentalistas que se orgulham dashistórias bíblicas por seu valor simbólico para Israel de hoje ou da religião."Acredito que a geração mais jovem , ao menos o lado liberal,estará mais aberta edisposta a ouvir", disse Finkelstein.Ainda existem, caro leitor, discordânciasconsideráveis entre os arqueólogos em comointerpretar muitas das descobertas recentes. Alémdisso, as novas teorias sobre Israel antigo estãosurgindo logo depois de uma discussão apaixonadacontra os "minimalistas" bíblicos, um grupo deacadêmicos que dizem que os relatos bíblicos doinício de Israel, inclusive as histórias e Davi eSalomão têm pouca, se nenhuma, base na história.Outro ponto importante é de que se tem a bíbliacomo relato mítico e social do povo judeu serelacionando com povos vizinhos, mas, no entanto só relata o ponto de vistajudeu, pois os documentos arqueológicos desses povos vizinhos forampraticamente dizimados durante a firmação do cristianismo nos séculos II e III da

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nossa era. Seria extremamente salutar que tivéssemos em mãos mais documentosque externassem o ponto de vista dessas culturas circunvizinhas aos judeus.Como vimos, corre à boca pequena entre os arqueólogos de renome, dentre elesvários israelenses, de que o povo judeu só passou a existir como nação a poucotempo.Temos então um parecer importante e polêmico, pois os relatos bíblicos atéentão nos trazem um império judeu com grandes reis como Saul, Davi e Salomão,com amplos reinados e suntuosos templos e castelos. Curiosamente, a crisecomeçou com as reavaliações da origem, datação e significado das narrativas doPentateuco, especialmente os estudos feitos por Thomas L. Thompson (1974),John Van Seters (1975), Hans Heinrich Schmid (1976) e Rolf Rendtorff (1977). Edaí se estendeu à História de Israel, até mesmo porque muitas das dúvidas hojeexistentes sobre o Pentateuco dependem da reconstrução da história de Israel e dahistória de sua religião.E então, questões que pareciam definitivamente resolvidas, foram de novocolocadas: O que teria sido o primeiro 'Estado Israelita'? Um erino unido,composto pelas tribos de Israel e Judá, dominando todo o território da Palestina e,posteriormente, sendo dividido em reinos do 'norte' e dsou l''? Ou seria narealidade, tudo isto mera ficção, não tendo Israel e Judá jamais sido unidos?Existiu um Império davídico/salomônico ou só um pequeno reino sem maiorimportância? Se por acaso não existiu um grande reino davídico/salomônico, porque a Bíblia Hebraica o descreve? Enfim, o queteria, na realidade, acontecido na região centralda Palestina nos séculos X e IX a.C.? Além daBíblia Hebraica, onde mais podemos buscarrespostas, já que a igreja destruiu praticamentetudo ao que se referia aos povos ditos comopagãos? Claro, estas questões precisam serrecolocadas, até mesmo porque o ‘antigo Israel’,algo que parecíamos conhecer muito bem, é hojeuma incógnita, como denunciou o estudiosobritânico Philip R. Davies. Ele concluiu, em seuestudo de 1992, que o ‘antigo Israel’ é umconstruto erudito, resultante da tomada de umaconstrução literária, a narrativa bíblica, tornadaobjeto de investigação histórica. E, comodemonstram os estudos sobre o Pentateuco, o Israel bíblico é para nós umproblema, não um dado sobre o qual se apoiar sem mais.Este construto erudito, além de suscitar muitos outros problemas, é contraditório,

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pois a maioria dos estudiosos, "embora sabendo que a estória de Israel do Gênesisa Juízes não deve ser tratada como história, prossegue, não obstante, com o restoda estória bíblica, de Saul ou Davi em diante, na pressuposição de que, a partirdeste ponto, o obviamente literário tornou-se o obviamente histórico", diz PhilipR. Davies na p. 26. E pergunta: "Pode alguém realmente deixar de lado a primeiraparte da história literária de Israel, reter a segunda parte e ainda tratá-la como umaentidade histórica?" Para ele uma história de Israel que começa neste pontodeveria ser uma entidade bem diferente do Israel literário, que pressupõe a famíliapatriarcal, a escravidão no Egito, a conquista da terra que lhe é dada por Deus eassim por diante.Para Philip R. Davies, não podemos identificar automaticamente a população daPalestina na Idade do Ferro (a partir de 1200 a.C.), e de certo modo também a doperíodo persa, com o ‘Israel’ bíblico . "Nós não podemos transferirautomaticamente nenhuma das características do ‘Israel’ bíblico para as páginasda história da Palestina (...) Nós temos que extrair nossa definição do povo daPalestina de suas próprias relíquias. Isto significa excluir a literatura bíblica",conclui Philip R. Davies na p. 51.Para o autor, a literatura bíblica foi composta a partir da época persa, sugerindoPhilip R. Davies, mais para o final do livro, que o Estado Asmoneu (ou Macabeu)é que viabilizou, de fato, a transformação do Israel literário em um Israelhistórico, por ser este o momento em que os reis-sacerdotes levaram o país o maispróximo possível do ideal presente nas leis bíblicas. A Bíblia garante o autor na p.154, como uma criação literária e histórica é um conceito asmoneu.Considerada mais polêmica ainda do que a de Philip R. Davies é a postura donorte-americano Thomas L. Thompson, cujo programa é fazer uma história doLevante Sul sem contar com os míticos textos bíblicos e considerando todos osoutros povos da região, não só Israel, pois este constitui apenas uma parte destaregião. Thomas L. Thompson é contra qualquer arqueologia e história bíblicas!Para ele, o pior erro metodológico no uso das fontes é harmonizar a arqueologia comas narrativas bíblicas. Aliás, o uso do texto bíblico como fonte válida para aescrita da História de Israel, tem sido alvo de muitos debates e grandescontrovérsias. E não há como fugir da questão, pelo menos enquanto muitas‘Histórias de Israel’ continuarem a ser nada mais do que uma paráfraseracionalista da narrativa bíblica.

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Em uma das reuniões do Seminário Europeu sobre Metodologia Histórica, por exemplo,debatendo o assunto, alguns dos participantes acabaram classificando qualquerHistória de Israel como fictícia, enquanto outros defenderam que o texto bíblicousado cuidadosa e criticamente é um elemento válido para um empreendimentodeste tipo. Na conclusão do livro onde foram publicados os debates deste encontrohá uma boa amostragem do problema do uso das fontes. Diz o britânico Lester L.Grabbe, coordenador do grupo, que parece haver quatro possíveis atitudes arespeito da questão:1- assumir a impossibilidade de se fazer uma ‘História de Israel’ .2-ignorar o texto bíblico como um todo e escrever uma história fundamentadaapenas nos dados arqueológicos e outras evidências primárias: esta é a posturaverdadeiramente ‘minimalista’, mas o problema é que sem o texto bíblico muitasinterpretações dos dados tornam-se extremamente difíceis.3-dar prioridade aos dados primários, mas fazendo uso do texto bíblico comofonte secundária usada com cautela.4-aceitar a narrativa bíblica sempre, exceto quando ela se mostra comoabsolutamente falseada: esta é a postura caracterizada como ‘maximalista’, eninguém neste grupo a defendeu.O fato é que as posturas 1 e 4 são inconciliáveis e estão fora das possibilidades deuma ‘História de Israel’ mais crítica: isto porque a 1 rejeita a possibilidadeconcreta da história e a 4 trata o texto bíblico com peso diferente das outras fonteshistóricas. Somente o diálogo entre as posições 2 e 3 podem levar a um resultadopositivo. Praticamente todos os membros do seminário ficaram nesta posição 3 ou,talvez, entre a 2 e a 3, concluiu Lester L. Grabbe.Parece-me, neste ponto, que já ficou claro para o leitor a importância do examedas fontes primárias, se quisermos saber algo sobre a monarquia israelita. Aliás, asfontes sobre a monarquia israelita são de quatro tipos diferentes, podendo serclassificadas, portanto, em quatro níveis: antropologia histórica, fontes primárias,fontes secundárias e fontesterciárias. Antropologiahistórica: considera osdados provenientes deestudos da geografia, doclima, dos assentamentoshumanos, da agricultura, daorganização social e da

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economia de uma região ede sua população.Fontes primárias: fontes escritas provenientes da Palestina, evidência arqueológicada Palestina e as raríssimas fontes escritas fora da Palestina, todas mais ou menoscontemporâneas aos eventos que relatam, tais como a Estela de Merneptah aInscrição de Tel Dan, a Estela de Mesha, os Óstraca de Samária, os Selos lemelekde Judá, a Inscrição de Siloé, a Carta Yavneh Yam, o Calendário de Gezer, osÓstraca de Arad, as Cartas de Lakish, os Anais de Salmanasar III, o ObeliscoNegro de Salmanasar III, os testemunhos de reis assírios e babilônicos comoAdad-nirari III, Tiglat-Pileser III, Sargão II, Senaqueribe, Assaradon,Assurbanipal, Nabucodonossor, e do Egito o Faraó Sheshonq... E mais algunsdocumentos que conseguiram escapar à fúria cristã.Fontes Secundárias: a Bíblia Hebraica, especialmente o Pentatêuco e a ObraHistórica Deuteronomista, escritos muitotempo depois dos fatos e com objetivosmais teológicos do que históricos.Fontes Terciárias: livros da Bíblia Hebraicaque retomam fontes secundárias, como oslivros das Crônicas que retomam a OHDTR.O alemão Herbert Niehr, em Some Aspectsof Working with the Textual SourcesAlguns Aspectos do Trabalho com asFontes Escritas, por exemplo, ao fazer taldistinção, repassa os problemasmetodológicos relativos ao uso de cada umadestas fontes, argumentando que astentativas para superar as diferençasexistentes entre elas devem ser feitascuidadosamente e concluindo que podemosfazer apenas tentativas de escrever uma História de Israel, sempre sujeita a umprocesso contínuo de mudança, até mesmo porque quanto mais evidênciaprimária tivermos com o avanço da pesquisa, menor valor devemos atribuir aostextos da Bíblia Hebraica.Um exemplo de fonte primária muito interessante é a Estela de Tel Dan. Nalocalidade de Tel Dan, norte de Israel, em julho de 1993, em escavação sob adireção do arqueólogo israelense Avraham Biran, foi descoberto um fragmento deuma Estela de basalto de 32 por 22 cm, com uma inscrição em aramaico, publicadapor A. Biran e J. Naveh em novembro de 1993. Cerca de 12 meses mais tarde,dois outros fragmentos menores foramdescobertos na mesma localidade, mas em umponto diferente do primeiro.Os arqueólogos agruparam os três fragmentos,avaliando serem partes da mesma Estela e

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produzindo um texto coerente. Datada noséculo IX a.C., a inscrição foi aparentementeescrita pelo rei Hazael de Damasco, na qualele se vangloria de ter assassinado dois reisisraelitas, Jorão (de Israel) e Ocozias (de Judá)e de ter instalado Jeú no trono de Israel, o queteria ocorrido por volta de 841 a.C. (estesepisódios, com enfoque diferente são narrados em 2Rs 8,7-10,36).Mas o que causou grande rebuliço, caro leitor, foi um termo encontrado nofragmento maior: bytdwd. Aparentemente, a tradução mais provável seria casa deDavi. Daí, a grande novidade: seria esta a primeira menção extra bíblica dadinastia davídica e até mesmo da existência do rei Davi, do qual só temos (outínhamos) informações na Bíblia Hebraica.Porém, contestações a tal leitura continuam a ser feitas, pois outras traduções sãopossíveis, como casa do amado, lendo-se dwd não como "David", mas como dôd,um epíteto para a divindade, Iahwéh, no caso; ou, também, bytdwd poderia ser onome de uma localidade. Ainda: os fragmentos menores são seguramente parte deuma mesma pedra, mas é incerto se eles pertencem à mesma Estela da qual omaior faz parte. Qual é o problema? É que, se bytdwd está no fragmento maior, osnomes dos dois reis, sendo um deles, Ocozias, segundo a Bíblia, davídico, estãonos fragmentos menores. E a leitura "casa de Davi" seria induzida por estasegunda informação. A polêmica não está encerrada, como se pode ver em artigodo professor de Estudos Semíticos da Universidade La Sapienza, de Roma,Giovanni Garbini ou nas conclusões de Niels Peter Lemche, do Instituto deExegese Bíblica da Universidade de Copenhague, Dinamarca. Contudo, amenção de Israel como reino, no norte da Palestina, é interessante. Imediatamentenos faz lembrar de outra famosa inscrição, a Estela de Merneptah. Esta Estelacomemora os feitos do Faraó Merneptah (1224-1214 a.C. ou 1213-1203 a.C.,segundo outra cronologia), filho e sucessor de Ramsés II, e foi encontrada em1896 por Flinders Petrie no templo mortuário do faraó em Tebas. Pode ser datadapor volta de 1220 a.C. (ou 1208 a.C.), quinto ano do governo de Merneptah, ecelebra sua vitória sobre líbios que ameaçavam o Egito.Lá no final da inscrição, há o seguinte: Os príncipes estão prostrados dizendo: Paz.Entre os Nove Arcos nenhum levanta a cabeça. Tehenu (=Líbia) está devastado; oHatti está em paz. Canaã está privada de toda a sua maldade; Ascalon estádeportada; Gazer foi tomada; Yanoam está como se nãoexistisse mais; Israel está aniquilado e não tem maissemente; O Haru [=Canaã] está em viuvez diante do

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Egito.Esta é a primeira menção de Israel em documentosextrabíblicos que conhecemos. Mas a identificação dequem ou o que é este “ Israel” não é nada simples, caroleitor, e tem gerado muitas controvérsias. John Bright,por exemplo, viu a inscrição como seguro testemunho deque Israel já estava na Palestina nesta época, emboratenha acrescentado uma nota na terceira edição do livro,em 1981, dizendo que este Israel pode ser pré-mosaico enão o grupo do êxodo, e William G. Dever vê aqui um‘proto-Israel”, enquanto outros, tentando desligar este“ Israel” da referência bíblica, tradu ziram o termo egípcio por Jezrael, umareferência geográfica, outros recordam que à esse tempo se conhecia uma entidadede nome Israel,que seria a junção da deusa Isis com os deuses Rá e El. A união deentidades,caro leitor, era um fato muito comum na antiguidade. Só que algunsacham que Israel é um grupo étnico bem definido, enquanto outros pensam queseja um grupo nômade das montanhas da Palestina... Para Niels Peter Lemche, oimportante é que, seja qual for a natureza deste “Israe l”, a Estela de Mernep tahatesta a presença desta entidade nas colinas do norte da Palestina e isto pode terrelação com o posterior surgimento do reino de Israel nesta região Ah, e é claro: areferência da Estela à “semente” de Israel, tanto pode ser aos suprimentosagrícolas quanto à descendência! Mas quando e como surgiu Israel como Estadona região?Os relatos bíblicos atualmente não estão sobrevivendo a uma inspeçãomais rígida da arqueologia moderna e começam a ruir um a um, apesar dosprotestos litúrgicos dos fundamentalistas. Com a possibilidade de não ter existidoum império judeu nos tempos descritos pela Bíblia, então como surgiu essecompêndio mitológico? Outro ponto importantíssimo é o estudo feito peloProfessor Kamal Salibi da Universidade de Beirute, onde se tem quase a certezaque todo o AT relata fatos e mitos acontecidos não na Palestina, mas sim em Asir,na orla da Península Arábica, isto explicaria o fato de não se encontrar nenhumaevidencia bíblica até hoje, pois as escavações estão sendo feitas no lugar errado. Oponto conflitante para se alterar o sentido da história está assentado na reação queos judeus teriam em admitir que o Pentateuco relata mitos e historias do povoárabe, um povo historicamente antagônico ao judeu .Fontes Judaicas do Antigo Testamento

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Todos os livros do Antigo Testamento (ou Primeiro Testamento) foram escritosoriginalmente em Hebraico. Há algumas passagens em Aramaico. A escritaquadrada, tal como é conhecida hoje, provavelmente é de origem pós-exílica.OTalmud (Sanhedrin) relata que Esdras introduziu a escrita assíria nas SagradasEscrituras. Um dos manuscritos mais antigos que mostra a escrita quadrada assíriaé o Papiro Nash, de cerca de 100 a.C.Os CódicesOs textos, escritos no papiro (vegetal) ou no pergaminho (pele de animal), queeram reunidos em rolos podendo chegar a dez metros decomprimento. Por volta do fim do primeiro século e início dosegundo século surge o Códex, de papiro ou pergaminho emforma de livro de folhascosturadas que traziam as leise tradições Judaicas..O Texto MassoréticoÉ o texto que se encontra nas edições do AntigoTestamento (ou Primeiro Testamento) Hebraico.O nome Massorético provém de eruditosjudeus que chamam a tradição do texto demsrt. A pronúncia pode ser seguida a que estáem Hebraico em Ezequiel 20:37, que no neohebreusignifica “transmitir”, isto é, “tradição”.Ao redor do ano 500 d.C surgiu um novo grupo erudito judeu que começou aassumir a responsabilidade de conservar e transmitir o texto bíblico, são osMassoretas. Estes, praticamente substituíram aos escribas, segundo a tradição, queremonta sua história até a obra de Esdras.Os Massoretas incorporaram ao texto bíblico hebraico os sinais vocálicos, jáque a escrita hebraica não possuía vogal, e outros sinais de acentuação em seusmanuscritos. Desenvolveram também um sistema de anotações às margens dotexto, que fornecem informações exegéticas e de crítica textual. Esta anotação sedenomina Massorah.Os Massoretas aperfeiçoaram em termos de técnicas para evitar a corrupção dotexto. Mas tenhamos em mente, caro leitor, que a muito os judeus já não falavam,quanto mais escreviam em hebreu, o que deve ter tornado extremamente difícil otrabalho dos Massoretas. Imagine só a quantidade de informações desencontradasna tradução de textos que não continham vogais. Era mais um trabalho deverdadeiro “ch ute” no escuro, traduzir tais textos.Os massoretas que quase sempre eram da mesma família trabalhavam nosgrandes centros do judaísmo, na Babilônia e Israel. As duas famílias mais famosasforam a de Ben Naftali e a de Ben Asher.Uma das mais importantes famílias de massoretas tiberianos foi a de Ben

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Asher. O último trabalho importante dos massoretas tiberianos foi de Aaron BenAsher, filho de Moisés Ben Asher. Um de seus manuscritos que serve de base aotexto da Bíblia Hebraica Stuttgartensia. O colofão do Códice de Leningradoassegura que o manuscrito pertence a tradição de Ben Asher, o que foi confirmadopor pesquisas posteriores.Códice era confeccionado com papiro ou pergaminho no formato de livro defolhas costuradas.Códice de LeningradoO Códice de Leningrado trata-se de um manuscrito medieval de tradiçãotiberiana que data do ano 1008 d.C. Segundo o colofão foi um só homem, SamuelBen Jacob, quem escreveu, pontuou e proveu a Massorah para este escrito. OCódice de Leningrado está reproduzido na BíbliaHebraica Stuttgartensia (BHS).Os grandes manuscritos contendo o texto dafamília Ben Asher, da tradição tiberiana dosmassoretas são:Códice do Cairo dos Profetas [C] :de 895/896 d.C. provavelmente transcritopor Moisés Ben Asher, pai de Aarão Ben Asher. Esse códice(é bom lembrar aocaro leitor que códice é a copia de um texto supostamente original) contém Josué,Juízes, 1-2 Samuel, 1-2 Reis (profetas anteriores); Isaías, Jeremias, Ezequiel, eProfetas Menores (profetas posteriores). Seu texto é distribuído em três colunas.Está preservado na sinagoga dos caraítas no Cairo, Egito.Códice de Alepo [A] : de 925/930 d.C. O Códice de Alepo é uma testemunhavaliosa da tradição textual Massorética associada a Aaron Ben Asher. Escrito emIsrael, provavelmente nas proximidades de Tiberíades, aonde estudiosos judeusdesenvolveram um sistema de sinais vocálicos que se tornou padrão no sistema devocalização Massorética. Acredita-se que Aaron Ben Asher escreveu os sinaisvocálicos e a Massorah marginal neste manuscrito. Recebeu o nome de “Códicede Alepo” porque por alguns séculos foi mantido na Sinagoga de Alepo, no norteda Síria. Há uma tradição que este Códice foi utilizado por Maimônides (1136-1204). Inicia em Deuteronômio 28:17. É tido por muitos o mais fiel à escola deBen Asher. Faltam alguns textos. Hoje está no Instituo Ben Zvi, em Jerusalém.Códice Leningrado B 19A [L] : de 1008/1009 d.C. É considerado o mais antigomanuscrito da Bíblia hebraica inteira. O texto está dividido em três colunas.Atualmente encontra-se em São Petersburgo, Rússia .Os Sopherim (“os que contam”), título que foi aplicado aos escribas, veio aplicaraos que escreviam o texto consonantal. Os Nakdanim (“ pontuadores”), estesrealizavam o trabalho de colocarem os sinais vocálicos e acentos. E os que

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escreviam a Massorah, logicamente eram os Massoretas.O Pentateuco SamaritanoO cânon dos samaritanos sócontém o Pentateuco. Os manuscritosnão estão na escrita quadrada, masem uma forma antiga do alfabeto. Ossamaritanos ‘desviam’ em cerca de6000 casos do Texto Massorético, namaioria das vezes em questões ortográficas. Os escritos samaritanos apresentamuma forma própria de divisão do texto, diferente dos judeus. Nos sinais de leituraindicativos da pronúncia ele apresenta alguns traços que são próprios da época dosmassoretas de Tiberíades.Algumas diferenças materiais são, a remoção do plural em verbos depois deelohin, a leitura de “Guerizim” ao invés de “Ebal” em Dt. 27:4..Existe um Targum samaritano do Pentateuco (tradução aramaica), cujo textonunca foi fixado pelos samaritanos.Papiro NashDescoberto por W. L Nash, em 1902, no Egito, nos arredores de Fayum.Contém os dez mandamentos, parcialmente.Deuteronômio 5 e o Shemah Israel (Dt.6:4). Édatado do primeiro ou segundo século a.C.. Os DezMandamentos usados nas bíblias cristãs sãototalmente contestados pelos judeus. Não seriamapenas dez, mas perto de,cento e doze mandamentos.O erro ocorre,como veremos mais adiante, devido àstraduções facciosas dos textos bíblicos.Os Targumim (Targum, no singular)Os Targumim foram necessários, quandodepois do cativeiro, o aramaico se torna língua corrente.Durante o ofício religioso o texto hebraico era traduzido para o aramaico. Noprincípio, esta tradução era oral, feita por um tradutor nomeado especialmentepara este fim. Mas logo cedo foram postas por escrito.Estas traduções deram origens aos Targumim, isto é traduções livres do textohebraico,e aí começa a confusão . Os principais são: o Targum de Onkelos, que éo Targum oficial da Lei, que segundo o Talmud (Megilla 3a) foi feito no 2º séculod.C... Targum de Jerusalém, século VIII, contém quase todo o pentateuco. Targumde Jerusalém II, tido como mais antigo que o anterior com o mesmo nome.Targum dos Profetas. Targum dos Hagiógrafos..Fragmentos da Guenizá do CairoDescoberto em 1896, na guenizá (compartimento de uma sinagogadestinada a receber os manuscritos gastos pelo uso) da Sinagoga Ben Ezra noCairo, Egito. Um grupo de manuscritos, dos quais alguns remontam ao século VII:poemas litúrgicos, escritos privados, e fragmentos de livros bíblicos. Foram

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encontrados fragmentos com vocalização Babilônica Simples e Complexa, daTorah, Profetas e Escritos. Fragmentos de livros bíblicos em hebraico e aramaico(Targum), grego e árabe, e tefilim (filactérios). A maioria dos manuscritos datados séculos IX ao XII,da Nossa Era, mas há também material dos séculos VI aoVIII. Foram encontrados fragmentos da versão grega de Áquila (125-130) datadosdo século VI, fragmentos da Héxapla de Orígenes de Alexandria.PeshittaÉ a tradução siríaca. O siríaco é uma língua semítica antiga, dialeto doaramaico. O termo Peshitta significa “ simples”. É uma tradução do Antigo eNovo Testamentos, datada do segundo século. A Peshitta foi influenciada pelosTargumim palestinos.SeptuagintaÉ a tradução dos livros hebraicos, realizada em Alexandria, entre o terceiro esegundo séculos a.C., em Alexandria. Não se baseia no texto Massorético, massua fonte hebraica, ao contrário, é muito diferente e distante.Por exemplo, sua tradução de Jeremias em grego é cerca de 1/8 mais breve que otexto Massorético. Às vezes a tradução demonstra a mentalidade ou asensibilidade do ambiente alexandrino. Vê-se às vezes que a tradução grega éresultado de uma falta de compreensão do textohebraico, ou de uma divisão das palavras hebraicasdiversa da tradicional, demonstrando assim que estaBíblia nem de longe parece ser uma obra deinspiração divina.A tradução não foi obra de um só autor, mas de70 ou 72, conforme Carta de Aristéias. Foramusados 70 ou 72 tradutores porque se acreditava queesses números eram mágicos ou místicos,lembremos que o numero 70 aparece varias vezes notexto bíblico como, por exemplo: Cristo teve 70discípulos,idêntico à Buda,ou a famosa conta 70x7 onumero de vezes que se deve perdoar, e por aí vai.À época de Ptolomeu II, do Egito, havia emAlexandria uma convulsão histérica por misticismo, daí a razão da tradução develhos pergaminhos hebreus,dentre outros. A construção da LXX foi feita emcima de textos hebreus contidos já em cópias e não em originais.A tradução foi pra lá de catastrófica, pois não havia quem tivesse umacompreensão total da escrita hebréia, com não se tem até hoje.As TraduçõesTraduções Gregas do Séc. II d.C.Áquila (cerca de 130): foi estudante do rabino Aquiba. A tradição judaica ochama de prosélito. Fez uma tradução mais literal do texto hebraico. De suatradução só foram preservados fragmentos. Até 1897 esta tradução só eraconhecida por poucas citações e por alguns fragmentos da Héxapla. Mas a Genizado Cairo nos forneceu novos materiais para a compreensão de Áquila. Théodotion(cerca de 150/160): não fez uma

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nova tradução, mas antes umarevisão que aproximava o textohebraico. Símaco (cerca de 170):fez uma tradução do hebraico embom grego. Por informaçõesfornecidas por Orígenes parece quefoi samaritano convertido aojudaísmo. . A literatura cristã emlíngua latina só nasceu no segundoséculo d.C., com Tertuliano, noNorte de África e não em Roma.A versão mais antiga é a Vetus Latina. Mais tarde tivemos outra tradução feitapor um monge de nome Jerônimo, para o latim, dessa tradução grega, Essatradução ficou conhecida como Vulgata. Pesa contra essa tradução um amontoadode erros crassos devido à falta de tempo que o monge Jerônimo teve para otrabalho e também pela falta de compreensão do assunto a ser trabalhado.Com o crescimento do cristianismo tinha-se a necessidade da presença de umcódice cristão urgentemente. Como diria o próprio São Jerônimo mais tarde, “Atradução não foi correta e penso que necessita de varias correções”. Variaspalavras foram traduzidas de forma até infantil como Sinegokas que em hebraicosignifica pequena cidade ou vila e foi traduzida para o latim como igreja,local deculto dos cristãos ; temos ainda a palavra Skandlos,em latim virou literalmenteescândalos,porém Skandlos significa obstáculos,nada a ver com o escândaloslatino. A pior de todas foi a tradução da palavra Fé ou Fitis em latim, que denotaa tradução para a palavra mistério ou desconhecer a verdade ,em um total contrasensocom o hebraico amouah que quer dizer estar perto daverdade,crer.Sabemos hoje que Jerônimo não quis assumir a autoria do trabalhofeito por ele, devido às pressões sofridas pelo mesmo.No século XVI temos diversas tentativas dereformas na igreja romana, sem sucesso, a nãoser a reforma religiosa liderada pelo monge emúsico alemão Marthin Lutero, que culminacom a criação de uma nova seita ou visão cristãe também com a tradução da Bíblia para oalemão. A tradução dos textos bíblicos para oalemão denota um fato novo e curioso, pois atéentão era proibido ao povo ou qualquer leigo omanuseio ou leitura da Bíblia, agora acessível aqualquer um, ou melhor, dizendo, a qualquerum que soubesse alemão.Longe de ser um altruísta e um bem intencionado servo de Deus como éapregoado pela história idealista de escolas cristãs, Lutero estava mesmo erafornecendo autoridade divina para o massacre de camponeses analfabetos e

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pobres, e a perniciosa invasão das terras,onde esses plantavam o seu sustento, eque pertenciam à igreja romana, pelos príncipes e nobres alemães, que seaproveitaram da anátema que ocorria nos paços da igreja católica à época. Luteroescreveu sobre os pobres camponeses nestes termos, “ Raça de cães do inferno queassolam o solo sagrado da Germânia, com seus filhos mal cheirosos e malditos. Apunição divina será para esses a morte e seus corpos podres não serãoenterrados,mas sim, devorados por cães” ,realmente um amor de pessoa. Desde ainfância, Martinho Lutero aprendeu a crer na existência do demônio, epraticamente via-o materializado por toda parte. Sentia-se perseguido e vigiadopor ele, como se fosse uma entidade quase física.Homem de princípios inabaláveis, sacerdote rígido, via a Igreja Católica como fielservidora do diabo. Combateu-a, de forma que é apregoado ao mesmo a reforma emodernização do cristianismo até então anacrônico.É possível, caro leitor, que de tanto ouvir falar em bruxas, sortilégios eexorcismos, de tanto ler na Bíblia as passagens referentes a Satã e ao Inferno,Martinho Lutero, por tal motivo, tenha passado a ver, a sentir, a constantepresença do demônio.Sobre o reformador, palpitava em sua cabeça, uma certa dose da insânia de DomQuixote. O impressionável Lutero não conseguiu libertar-se da pegajosacompanhia do tentador.O herói de Cervantes, de tanto ler os livros da cavalaria, inflamou o seu cérebroaté a insensatez, tomando trinta ou quarenta moinhos de ventos por seresdescomunais, dois frades da Ordem de São Bento por raptores de uma princesa,mansos rebanhos de ovelhas e carneiros por esquadrões de um aguerrido exército.Às vezes, caro leitor, se tornam perigosos, ou perturbadores, aqueles que limitamo horizonte de suas leituras. Do Alcorão saiu o “ crê ou morre” dos maometanos;de O capital, de Karl Marx, irrompeu a revolução russa de 1917; do Mein Kampf,de Adolf Hitler, as barbaridades do nazismo; da Bíblia, o livro da palavra de Deus,os demônios que expulsaram o sossego da alma de Martinho Lutero...Lutero fala ao eleitor Frederico “... chego a Wittenberg para eliminar as desordensque o diabo maquinou.”“ Estou firmemente persuadido de que os diabos estão instalados nas nuvens.Começa a chover? São eles que semeiam a chuva”.

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O reformador também garantiu:“É pela obsessão do diabo que os homens são atacados de frenesi e de loucura. Osmédicos, que procuram combater esses males com os remédios da ciência, nãoavaliam o poder do maligno. Estou convencido de queé por arte do demônio que sofrem os surdos, mudos, eos cegos”.“ Se o diabo viesse com o seu aspecto real, aí seriatudo fácil... porém ele um embusteiro, que se enfeita,aparentando ser mais belo que os anjos, sim, do que opróprio Jesus... portanto, cala-se, doce boca de mel, tuvens por aí vestido com pele de ovelha, mas narealidade és o maléfico diabo. ”Sempre o capeta, sempre...É inabalável nesse sentido,a crença do reformador, e ele chega a ver demôniosnos próprios animais:“Os diabos vencidos e humildemente se transformamem duendes e aparições fantásticas, poisexistem diabos degenerados e eu julgo que osmacacos não são outra coisa”.“Eu acredito que o diabo mora nos papagaiose nos periquitos, nos macacos e nas macacas,porque eles podem imitar muito bem os sereshumanos”.No seu opúsculo contra o duque Henrique deBrunswick o diabo é citado cento e quarenta eseis vezes. Observem, caros leitores, que numopúsculo, o texto é pequeno...O teólogo rebelde tem idéias firmes:...Eis um trecho de uma carta de Lutero, enviada a Johann Ruhel, conselheiro doconde de Mansfeld:“Os camponeses são ladrões e assassinos, é o diabo que tramou isto contra mim.Ainda bem! Se eles continuam (os camponeses)], desposarei a minha Kate(Catarina)para salvar sua alma”.Segundo o reformador, “nenhum diabo ficou noinferno, passaram-se todos para os corpos doscamponeses e de seus filhos mal cheirosos”.Lutero deu aos príncipes esta lição de selvageria:“Vamos, caros senhores! Batei, trespassai,degolai como podeis. Aí encontrareis a morte,não conseguireis sonhar morte mais celeste, poissucumbireis em obediência a Deus, e protegendoos vossos semelhantes contra as hordas de Satã”.“O burro quer pancadas e o povo quer sergovernado pela força. Deus sabia muito bem, poisnão deu aos governantes um rabo de raposa, massim uma espada!.”

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Com o fim da guerra dos camponeses, Lutero contraiu matrimônio – e aqui vai asua própria confissão – para “fazer a vontade do seu pai, irritar o Papa e a fligir odiabo”.Comentando o fato, Erasmo gracejou: - A Reforma teve início com uma tragédia eagora termina com uma comédia de casamento.Segundo Lutero, na hora do seu casamento, os Anjos sorriam e os demônioschoravam...Não teria sido o contrário?A idéia fixa pelo diabo, caro leitor, não larga Lutero,nem mesmo nas ocasiões em que ele aborda osproblemas do ensino leigo. Nesse ano de 1530, porexemplo, o reformador afirmou num sermão:“ Eu sustento que as autoridades civis têm a obrigaçãode forçar o povo a enviar os seus filhos à escola,exatamente como estão prometendo...Se o governopode obrigar tais cidadãos, quando prestam o serviçomilitar, a agüentar a espada e o rifle, a cavartrincheiras e a cumprir os outros deveres militares emtempo de guerra, tem muitíssimo mais direito de obrigar o povo a mandar os seusfilhos à escola, porque neste caso nós estamos lutando contra o demônio...”Uma das maiores astúcias do “malvado Satanás”, conforme disse Lutero, eraenganar os homens do povo, a fim de impedi-los de pôr os filhos nosestabelecimentos de ensino. O diabo iludia esses pais, com o objetivo de manter aplebe na ignorância.Enaltece as escolas para a infância, mas em suas conversas, Lutero amaldiçoa asuniversidades, nas quais vê “ templos de Moloch”, “espeluncas de assassinos”,“ verdadeiras cidades do diabo na terra” . Leva o seu radicalismo ao extremo,confirmando ser realmente uma pessoa com problemas mentais seriíssimos:“As escolas superiores merecem ser destruídas até aos alicerces. Desde que omundo é mundo, não houve instituição mais diabólica, mais infernal”.Professor universitário, Lutero não poupa nenhuma universidade.Parece que o reformador, no ano de 1532, falou muito sobre o diabo. Analise, caroleitore, por exemplo, uma informação absurda, emitida pela sua boca no mês deoutubro:- O diabo dizia ao Papa São Pedro: “ Tu te chamas pedra e, oh maravilha, tenscabelos crespos(judeu) e um pensamento crespo, eis o que é pior!”.Lutero estava com juízo perfeito, quando soltou esta loucura? Quais são as fontede tais informações? Elas merecem crédito? Sim, pois tudo isto foi extraído dosTischreden, das conversas do reformador, apanhadas pelos seus amigos. EssesTischreden também são chamados de Table-talk, Propôs de table, Ditos de mesa,palestras à mesa, Colloquia mensalia

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Lutero continua a ver o Diabo em toda parte: Com muita freqüência no período de1531 a 1534. O espírito das trevas sempre foi citado por Lutero. Se isto era umhábito do reformador, era também mania. E se no seu caso era mania, era tambémobsessão.Devemos ver em Lutero, caro leitor, um neurótico obcecado pelo diabo. Aqui vaiuma frase do doutor W. Van Lun, eminente psico-terapeuta e professor de teologiamoral na Universidade de Brighton:“O neurótico que é ao mesmo tempo religioso, não é tão religioso como pareceser”.Outra tradução muito importante foi feita por João Ferreira de Almeida.Conhecido pela autoria de uma das mais lidas traduções da Bíblia em português,(essencial para o proselitismo desenfreado nas colônias portuguesas) ele teve umavida movimentada e morreu sem terminar a tarefa que abraçou ainda muito jovem.Entre a grande maioria dos evangélicosdo Brasil, o nome de João Ferreira deAlmeida está intimamente ligado àsEscrituras Sagradas.Afinal, é ele o autor (ainda que não oúnico) da tradução da Bíblia mais usadae apreciada pelos protestantesbrasileiros. Disponível aqui no Brasilem duas versões publicadas pelaSociedade Bíblica do Brasil, a EdiçãoRevista e Corrigida e a Edição Revistae Atualizada - a tradução de Almeida éa preferida de mais de 60% dos leitoresevangélicos das Escrituras no País, segundo pesquisa promovida por A Bíblia noBrasil.Se a obra é largamente conhecida, o mesmo não se pode dizer a respeito do autor.Pouco, ou quase nada, se tem falado a respeito deste português da cidade deTorres de Tavares, que morreu há 300 anos na Batávia (atual ilha de Java,Indonésia). O que se conhece hoje da vida de Almeida está registrado na"Dedicatória" de um de seus livros e nas atas dos presbitérios de IgrejasReformadas do Sudeste da Ásia, paraas quais trabalhou como pastor,missionário e tradutor, durante asegunda metade do século XVII.De acordo com esses registros, em1642, aos 14 anos, João Ferreira deAlmeida teria deixado Portugal paraviver em (Malásia). Ele havia

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ingressado no protestantismo, vindo docatolicismo, e transferia-se com oobjetivo de trabalhar na Igreja Reformada Holandesa local. Dois anos depois,começou a traduzir para o português, por iniciativa própria, parte dos Evangelhose das Cartas do Novo Testamento em espanhol. Além da Versão Espanhola,Almeida usou como fontes nessa tradução as Versões Latina (de Beza), Francesa eItaliana, todas elas traduzidas, como já vimos, dos códices grego e hebraico.Terminada em 1645, essa tradução de Almeida não foi publicada. Mas o tradutorfez cópias à mão do trabalho, as quais foram mandadas para as congregações deMálaca, Batávia e Ceilão (hoje Sri Lanka). Mais tarde, Almeida tornou-semembro do Presbitério de Málaca, depois de escolhido como capelão e diáconodaquela congregação.No tempo de Almeida, um tradutor para a língua portuguesa era muito útil para oproselitismo das igrejas daquela região. Além de o português ser o idiomacomumente usado nas congregações, era o mais falado em muitas partes da Índia edo Sudeste da Ásia. Acredita-se, no entanto, que o português empregado porAlmeida tanto em pregações como na tradução da Bíblia fosse bastante erudito e,portanto, difícil de entender para a maioria da população. Essa impressão éreforçada por uma declaração dada por ele na Batávia, quando se propôs a traduziralguns sermões, segundo palavras, "para a língua portuguesa adulterada,conhecida desta congregação”.O tradutor permaneceu em Málaca até 1651, quando se transferiu para oPresbitério da Batávia, na cidade de Djacarta. Lá, foi aceito mais uma vez comocapelão, começou a estudar teologia e, durante os três anos seguintes, trabalhou narevisão da tradução das partes do Novo Testamento feita anteriormente. Depois depassar por um exame preparatório e de ter sido aceito como candidato aopastorado, Almeida acumulou novas tarefas: dava aulas de português a pastores,traduzia livros e ensinava catecismo a professores de escolas primárias. Em 1656,ordenado pastor, foi indicado para o Presbitério do Ceilão, para onde seguiu comum colega, chamado Baldaeus.Ao que tudo indica, esse foi o período mais agitado da vida do tradutor. Durante opastorado em Galle (Sul do Ceilão), Almeida assumiu uma posição tão fortecontra o que ele chamava de "superstições papistas”,que o governo local resolveu apresentar uma queixa aseu respeito ao governo de Batávia (provavelmentepor volta de 1657). Notamos senão, caro leitor, na

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realidade um embate de superstições, pois a traduçãoAlmeida é recheada com fábulas da pior espécie,como veremos mais adiante. Na realidade o queocorria mesmo era uma disputa por “ almas” entrecatólicos e protestantes. Entre 1658 e 1661, época emque foi pastor em Colombo, ele voltou a enfrentarproblemas com o governo, o qual tentou, sem sucesso,impedi-lo de pregar em português. O motivo dessamedida não é conhecido, mas supõe-se que estivessenovamente relacionado com as idéias fortementeanticatólicas do tradutor.A passagem de Almeida por Tuticorin (Sul da Índia),onde foi pastor por cerca de um ano, também parece não ter sido das maistranqüilas. Tribos da região negaram-se a ser batizadas ou ter seus casamentosabençoados por ele. De acordo com seu amigo Baldaeus, o fato aconteceu porquea Inquisição havia ordenado que um retrato de Almeida fosse queimado numapraça pública em Goa.Foi também durante a estada no Ceilão que, provavelmente, o tradutor conheceusua mulher e casou -se. Vinda do catolicismo romano para o protestantismo, comoele, chamava-se Lucretia Valcoa de Lemmes (ou Lucrecia de Lamos). Umacontecimento curioso marcou o começo de vida do casal: numa viagem atravésdo Ceilão, Almeida e Dona Lucretia foram atacados por um elefante e escaparampor pouco da morte. Mais tarde, a família completou-se, com o nascimento de ummenino e de uma menina.A partir de 1663 (dos 35 anos de idade em diante, portanto), Almeida trabalhou nacongregação de fala portuguesa da Batávia, onde ficou até o final da vida. Nestanova fase, teve uma intensa atividade como pastor. Os registros a esse respeitomostram muito de suas idéias e personalidade. Entre outras coisas, Almeidaconseguiu convencer o presbitério de que a congregação que dirigia deveria ter asua própria cerimônia da Ceia do Senhor. Em outras ocasiões, propôs que ospobres que recebessem ajuda em dinheiro da igreja tivessem a obrigação defreqüentá-la e de ir às aulas de catecismo, num claro sinal de livre arbítrio tãoapregoado pelo mesmo, mas não entendido pelos pobres, depois desse decreto.Também se ofereceu para visitar os escravos da Companhia das Índias nos bairrosem que moravam, para lhes dar aulas de religião, pois era melhor morrer escravoque pagão, sugestão que não foi aceita pelo presbitério e, com muita freqüência,

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alertava a congregação a respeito das "influências papistas”.Ao mesmo tempo, retomou o trabalho de tradução da Bíblia, iniciado najuventude. Foi somente então que passou a dominar a língua holandesa e a estudargrego e hebraico.Em 1676, Almeida comunicou ao presbitério que o Novo Testamento estavapronto. Aí começou a batalha do tradutor para ver o texto publicado, ele sabia queo presbitério não recomendaria a impressão do trabalho sem que fosse aprovadopor revisores indicados pelo próprio presbitério. E também que, sem essarecomendação, não conseguiria outras permissões indispensáveis para que o fatose concretizasse: a do Governo da Batávia ea da Companhia das Índias Orientais, naHolanda. Escolhidos os revisores, otrabalho começou e foi sendo desenvolvidovagarosamente. Quatro anos depois, irritadocom a demora, Almeida resolveu nãoesperar mais e mandou o manuscrito para aHolanda por conta própria, para ser impresso lá. Mas o presbitério conseguiu pararo processo, e a impressão foi interrompida. Passados alguns meses, depois dealgumas discussões e brigas, devido a alguns desacordos entre a visão dopresbitério e a visão de Almeida. Quando o tradutor parecia estar quase desistindode apressar a publicação de seu texto, cartas vindas da Holanda trouxeram anotícia de que o manuscrito havia sido revisado e estava sendo impresso naquelepaís, com restrições é claro..Em 1681, a primeira edição do Novo Testamento de Almeida, que eleeducadamente chamou de erros de revisão. O fato foi comunicado às autoridadesda Holanda e todos os exemplares que ainda não haviam saído de lá foramdestruídos, por ordem da Companhia das Índias Orientais. As autoridadesHolandesas determinaram que se fizesse o mesmo com os volumes que já estavamna Batávia. Pediram também que se começasse, o mais rápido possível, uma novae cuidadosa revisão do texto. Não se sabe ao certo a verdade sobre o ocorrido.Apesar das ordens recebidas da Holanda, nem todos os exemplares recebidos naBatávia foram destruídos. Alguns deles foram corrigidos à mão e enviados àscongregações da região (um desses volumes pode ser visto hoje no MuseuBritânico, em Londres). O trabalho de revisão e correção do Novo Testamento foiiniciado e demorou dez longos anos para ser terminado. Somente após a morte deAlmeida, em 1693, é que essa segunda versão foi impressa, na própria Batávia, e

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distribuída.Enquanto progredia a revisão do Novo Testamento, Almeida começou a trabalharcom o Antigo Testamento. Em 1683, ele completou a tradução do Pentateuco (oscinco primeiros livros do Antigo Testamento). Iniciou-se, então, a revisão dessetexto, e a situação que havia acontecido na época da revisão do Novo Testamento,com muita demora e discussão, acabou se repetindo. Jácom a saúde prejudicada - pelo menos desde 1670,segundo os registros, Almeida teve sua carga de trabalhona congregação diminuída e pôde dedicar mais tempo àtradução. Mesmo assim, caro leitor, não conseguiu acabara obra à qual havia dedicado a vida inteira. Em 1691, nomês de outubro, Almeida morreu. Nessa ocasião, elehavia chegado até Ez 48.21. A tradução do AntigoTestamento foi completada em 1694 por Jacobus op den Akker, pastor holandês.Depois de passar por muitas mudanças, ela foi impressa na Batávia, em doisvolumes: o primeiro em 1748 e o segundo, em 1753.A bíblia protestante é de uma anarquia anunciada tão grande, que até hoje, caroleitor, as seitas protestantes não conseguem chegar a um consenso. Osprotestantes contestam os católicos por adotarem métodos litúrgicos pagãos, masse olharmos para a bíblia protestante, ela esta repleta de mitos e fábulas que fariamarrepiar ao mais cético egípcio ao tempo de Ptolomeu. As igrejas protestantesusam a versão Almeida por esta ser de autoria de um lacaio de seita protestante, enão por esta conter a mais pura verdade.Os textos bíblicos do Antigo Testamento começaram a serem escritos por volta doano 500 antes de Cristo. Os judeus, como jjá vimos, sempre mantiveram e aindamantém até hoje, uma tradição de copiar textos rigorosamente. Quando ocristianismo surgiu, no século I, os textos bíblicos foram sendo escritos ecopiados. Por volta do ano 90 depois de Cristo, os textos do Novo Testamentoforam terminados e ao longo dos séculos, foram sendo escritos e copiados.Vale destacar que em tempos medievais, livros eram extremamente caros, tantopelo altíssimo custo do material para escrever, como pela ausência de imprensa.Depois do colapso do Império Romano, o papiro que era o único material baratode escrita, embora fosse perecível, desapareceu dos mercados da Europa. Ficou opergaminho, que era produzido com o couro de ovelhas e cabras. Um rebanho de

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mais de uma centena de ovelhas tinha que ter seu couro extraído, para se produziruma só bíblia. Tanto o conhecimento científico, como a literatura antiga, história,leis, peças teatrais e demais coisas da antiguidade só chegaram até nós peloimenso esforço de monges e monjas medievais, que dedicaram as suas vidas aficarem copiando livros. Está certo que esses mesmos monges destruíram tambémobras consideradas pagãs e que seriam de extremo valor histórico nos dias de hoje.No século IX, o papel que havia sido inventado hámais de 500 anos antes na China, passou a serproduzido na Espanha muçulmana. Logo a seguir opapel foi mecanizado e melhorado na Europacatólica de então. O papel era muito mais baratoque o pergaminho e os livros passaram a seremmais baratos. No entanto, somente com aimprensa de tipos móveis de Gutenberg, no séculoXV é que a bíblia passou a ser acessível, àmaioria das pessoas.Com a bíblia impressa chegamos, aos novostempos, pois uma impressora pode fazer centenasou milhares de bíblias sem erros. Ademais, caroleitor, uma bíblia impressa não somente é maisbarata como também é melhor que uma bíblia manuscrita. E ainda por cima ela émais elaborada. .Como foi feito o cânon bíblico?Ainda no século I, já haviam inúmeras formas de cristianismo,aproximadamentemais de 60 correntes cristãs de mistérios. Antes da chegada do ano 100 d.C. jáExistia cristianismo na Índia, Egito, Itália, Grécia, Etiópia, Sudão, etc. Por óbviasdificuldades de comunicação, era impossível que tivessem uma única relação delivros inspirados. Os textos que fazem parte do que hoje chamamos de bíblia, jáestavam prontos no século II de nossa era, mas não existia uma bíblia única cristã.Se alguém procurasse uma bíblia para comprar na Europa ou qualquer outro lugardo mundo, nos séculos II e III não acharia nenhuma à venda.Uma proposta de cânon do Novo Testamento apareceu no século IV esupostamente datava do século II. Ela não listava como canônicos os livrosApocalipse, II Pedro, II e III João e Judas. O Cânon Muratori não cita a Epístolaaos Hebreus como livro canônico. Por outro lado este mesmo Cânon Muratori citacomo canônico, o livro O Pastor de Hermas como canônico. O mesmo CânonMuratori cita o livro "Sabedoria" como canônico.Quando o cristianismo foi legalizado pelo Imperador Constantino no século III,

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este mandou que as diferentes correntes do cristianismo fizessem uma escritura delivros comum urgentemente. Por meio de um concílio, os bispos decidiram que ocânon seria de 76 livros. Este concílio não teve unanimidade. No caso do livro doApocalipse, por exemplo, os delegados do Bispo de Roma foram contra a suainclusão no cânon bíblico, por esse conter maldições contra Roma.Somente no Concílio de Cartago de 397 é que o livro do Apocalipse foi colocadono cânon bíblico.Esta primeira bíblia cristã foi chamada de bíblia deSão Dâmaso, nome do Papa sob a qual foi escrita.Evidentemente que os cristãos da Índia, Etiópia, etc.em nada sequer puderam saber desta primeira bíbliacristã. Mesmo na Europa, a esmagadora maioria dopovo era analfabeta e ignorante. Uma bíblia no séculoIV custava muito mais caro que o patrimônio de maisde 98% da população européia de então.O cânon ou a relação dos livros bíblicos foiestabelecido por concílios. Tudo por decisão humana.Nenhum livro bíblico diz quais livros devem ser partedo cânon. Por outro lado, a história mostra quehomens é que decidiram que livros fariam parte do cânon. Basta lembrar que olivro Macabeus 4 está escrito no Códice Sinaiticus e não faz parte nem da bíbliacatólica e nem da bíblia protestante. Realmente muito estranho.Na Europa católica, o Concílio de Florença em 1442 manteve esta mesma bíblia,com 76 livros. O Concílio de Trento, no século seguinte, reduziu a bíblia católicaa 73 livros, decisão ainda mantida até hoje, pela Igreja Católica. No Concílio deJerusalém em 1672, a Igreja Ortodoxa Grega reduziu a sua bíblia para 70 livrosNo século XVIII, as várias denominações protestantes concordaram que a bíbliadeveria ter 66 livros Todas estas decisões quanto ao cânon bíblico foram tomadaspor pessoas, em concílios. Tudo por decisão humana, nada havendo de sagradonas decisões tomadas, muito pelo contrario. Nem preciso dizer, caro leitor, quecristãos etíopes tem, desde o século I, seus próprios escritos sagrados.3-Por que alguns livros não foram aceitos entre os oficiais?Tanto a aceitação, como a rejeição de um dado texto para o cânon foi influenciadapor decisão humana e incorreu na busca pelo poder de uma determinada correntecristã. Isto vem desde que os concílios existem e acontece até os dias de hoje. Noséculo XIX apareceu o famoso "Livro de Mórmon”, que só foi aceito por um ramodo protestantismo e foi e ainda é ignorado ou criticado, por todos os demais. Istovem de longe.

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O cânon aceitou, por exemplo, a Epístola aosHebreus, que todos os entendidos sabem há mais demil anos, não foi escrito por Paulo. Uma forjaduraóbvia e de autor desconhecido, mas esta obra deautor desconhecido está em todas as bíblias. Todosos entendidos, caro leitor, sabem que o supostoMateus não escreveu o evangelho a ele atribuído, pois ele já teria morrido hámuito, mas ainda assim, existe o evangelho segundo Mateus. Todos os entendidossabem que os quatro evangelhos(quatro salmos) são relatos de segunda ou terceiramão. João também não escreveu o seu evangelho.O livro do Apocalipse teve a feroz oposição dos Papas emRoma, que sempre pressionaram para a sua retirada docânon. Ele chegou a ser retirado, mas o Concílio deCartago, em 397, o recolocou de volta ao cânon. Sim, olivro do Apocalipse foi colocado, depois retirado e depoisrecolocado na bíblia.O livro "Pastor de Hermas" foi considerado por Clementede Alexandria, Tertuliano, Santo Irineu e Orígenes comoinspirado. Os entendidos acham que Hermas ou Hermes éo homem citado por S. Paulo na Epístola aos Romanos,no seu final. Presume-se que tal livro não foi colocado nocânon por acharem que Hermas ou Hermes seria umareferencia ao deus greco-romano Hermes ,tão cultuado ao tempo de Paulo,numpensamento totalmente absurdo. O curioso é que este livro era largamente lidonas igrejas cristãs da Grécia. No século V, o Papa Gelásio coloca tal livro entre osapócrifos. Uma decisão que ainda perdura. Uma farsa ficou, ao mesmo tempo queuma obra de origem genuína saiu do cânon.Assim como a história não tomou conhecimento da existência de Jesus, osEvangelhos igualmente desconhecem-no como homem, introduzindo-o apenascomo um deus solar. Maurice Vernés mostrou com rara mestria que o VelhoTestamento não passa de um livro profético de origem apenas sacerdotal, fazendover que tudo que ai está contido não é histórico, sendo apenas simbólico eteológico. O mesmo acontece com o Novo Testamento e os Evangelhos. Tudo naBíblia é duvidoso, incerto e sobrenatural.Tratando dos Evangelhos, mostra que sua origem foi mantida anônima, talvez depropósito, não se podendo saber realmente quem os escreveu. Por isso, elescomeçam com a palavra "segundo",ou seja, ouvi dizer que... Evangelho segundoMateus; segundo Marcos. Daí se deduz que não foram eles os autores dessesEvangelhos, foram no máximo, os divulgadores. Umfato extremamente curioso é analogia existente entre osquatro salmos 21, 30,68 e 87, com os quatro evangelhos.Tem-se nessa semelhança a certeza da criação da figura

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do Cristo judeu a partir dos salmos em questão.Igualmente deixaram em dúvida a época em que foramescritos. A referência mais antiga aos Evangelhos é a dePapias, bispo de Yerápoles, o qual foi martirizado porMarco Aurélio entre 161 e 180 d.C. Seu livro faz parteda biblioteca do Vaticano. Irineu e Eusébio foram osprimeiros a atribuírem a Marcos e a Mateus a autoria dosEvangelhos, mas, tanto Mateus como Marcospermanecem desconhecidos da história, como o próprio Jesus Cristo. Valesalientar que Irineu e Eusébio foram os maiores falsificadores dos textos bíblicos,com mentes extremamente férteis. Não que os códices bíblicos trouxessemalguma coisa importante, mas os dois ajeitaram varias fábulas aos códices.Destaque, pouco ou nenhum valor têm os Evangelhos como testemunha dosacontecimentos históricos. Alguns autores atestam que os Evangelhos só foramcompostos no século III ou IV, ninguém podegarantir se os originais teriam realmente existido.Os primitivos cristãos, caro leitor,quase não escreveram, e os raros escritosdesapareceram. Por outro lado, no Concílio deNicéia foram destruídos todos os Evangelhos. EsseConcílio foiconvocado porConstantino que erapagão, além de seruma figuraestranha, pois viviavestido com roupasorientaisengomadas parecendo um ídolo de pedra usandouma peruca cor-de-rosa sob uma tiara deouro,segundo a descrição de um sobrinho. Daí,devem ter sido compostos outros Evangelhos paraserem aprovados por ele ou pelo Concílio. Comisto, perderam sua autenticidade, deixando deserem impostos pela fé para serem-no pela espada. Celso no século II combateu ocristianismo argumentando somente com as incoerências dos Evangelhos.Irineu diz que foram escolhidos os quatro Evangelhos, não porque fossem osmelhores ou verdadeiros, mas, apenas porque esses provieram de fontesdefendidas por forças políticas muito poderosas da época. Os bispos que osapoiaram tinham muito poder político. Informam ainda que antes do Concílio deNicéia, os bispos serviam-se indiferentemente de todos os Evangelhos entãoexistentes, os quais alcançaram o número de 315. Até então eles se equivaliampara os arranjos da Igreja. Mesmo assim, os quatro Evangelhos adotados,conservaram muitas das lendas contidas nos demais que foram recusados, osquatro escolhidos seriam assim um resumo dos demais. De qualquer forma, era e

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continuam sendo todos anônimos, inseguros e inautênticos. Os adotados, foramsorteados e não escolhidos de acordo com fatores valorativos. Mesmo estesadotados desde o Concílio de Nicéia, caro leitor, sofreram a ação dosfalsificadores que neles introduziram o que mais convinha à época, ou apenas àsua opinião pessoal. Esta é a história dos Evangelhos que através dos tempos,vêm sofrendo a ação das conveniências políticas e econômicas. A cada novoproblema de incoerência bíblica, se faz uma nova tradução e obviamente umacorreção adequada. Há quem use hoje em dia a bíblia como livro de ciêncianatural e história, um verdadeiro absurdo!Embora a Igreja houvesse se tornado a senhora da Europa, nem por issopreocupou-se em tornar os Evangelhos menos incoerentes. Sentiu-se tão firme quejulgou que sua firmeza seria eterna, não previu o aparecimento de novas formas dedivulgação em massa. Os argumentos mais poderosos contra a autenticidade dosEvangelhos, residem em suas contradições, incoerências, discordâncias e errosquanto a datas e lugares, e na imoralidade de pretender dar cunho de verdade avelhos e pueris arranjados dos profetas judeus. Essa puerilidade avoluma-se amedida em que a crítica verifica o esforço evangélico, em tornar realidade ossonhos infantis de uma inspirada pelo Espírito Santo, o qual também é uma ficçãoda população ignorante. Para justificar sua ignorância, se dizem religiosa,resultante da velha lenda judia segundo a qual omundo era dominado por dois espíritos opositoresentre si: o espírito do bem e o do mal. Adquiriramessa crença no convívio com os persas, os egípciose os hindus.Os egípcios tiveram também Os seussacerdotes, os quais escreveram os livrosreligiosos como o "Livro dos Mortos", sob ainspiração do deus Anúbis. Hamurabi impôs suasleis como tendo sido oriundas do deus Schamash.Moisés descendo do Monte Sinai trouxe as tábuasda lei como tendo sido ditadas a ele por Iahwéh.Maomé igualmente, foi ouvir do anjo Gabriel, emum morro perto de Meca, boa parte do Alcorão. Allah teria mandado suas ordenspor Gabriel. O conhecimento mostra que as religiões para se firmarem, têm-sevalido muito mais da força física do que da fé. Quanto à verdade, esta não existeem suas proposições básicas. De modo que, Anúbis, Schamash, Allah e Iahwéhnada mais são do que o Espírito Santo sob outros nomes. Stefanoni demonstrouque todos esses escritos, não representam o Espírito Santo, mas, o espíritodominante em cada época ou lugar. Assim surgiram os Evangelhos, os quais como

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Jesus Cristo, foram inventados para atender a certos fins materiais, nem sempreconfessáveis. "Não creria nos Evangelhos, se a issonão me visse obrigado pela autoridade da Igreja". Sãopalavras de Sto. Agostinho. Com sua cultura einteligência, poderia hoje estar no rol dos que nãocrêem.No século XVI, Martinho Lutero exigiu a retirada da"Epístola de São Tiago", do cânon bíblico. Luterochamou tal livro de "Carta de palha". Também noséculo XVI, João Calvino exigiu a retirada do livro doApocalipse do cânon bíblico. Ao contrário da decisãodo Papa Gelásio, estas exigências tanto de Lutero,como de Calvino deram em nada. A colocação de umtexto na bíblia, de um dado ramo do cristianismodepende, da tradição e das necessidades terrenas.4-Por que as bíblias protestantes têm menos livros que as bíblias católicas?Como já tinhamos anteriormente citado o Concílio de Florença em 1442 mantevea decisão já do século IV, no Concílio de Cartago, em 397 d.C. de ter uma bíbliacatólica com 76 livros. Com a chamada Reforma Protestante, no século XVI, aIgreja Católica através do Concílio de Trento reduziu a bíblia católica para 73livros, decisão ainda valendo nos dias de hoje.Nesta redução da bíblia, a Igreja Católica pelas mãos de seu clero mostrou, que omundo é quem decide o cânon. Assim, saiu da bíblia católica o livro II Esdras, quecondena fortemente a reza pelos mortos ou o pedido de coisas vindas dos mortos.Uma clara condenação do culto aos santos e reza pelos mortos no purgatório. Poroutro lado, o mesmo Concílio de Trento manteve no cânon da bíblia católica, olivro II Macabeus, que claramente fala em rezas e sacrifícios pelos mortos. Nãotem o menor sentido a idéia, que o Concílio de Trento tenha colocado livros nabíblia católica. Livros como I e II Macabeus já estavam na bíblia católica, muitoantes do Concílio de Trento. Há mais de mil bíblias do século XV hoje em museuse que foram impressas e elas toda tem Tobias, Judite, I e II Macabeus, porexemplo.Quanto aos protestantes, apenas no século XVIII é que eles passaram a ter umrelativo entendimento, sobre qual bíblia afinaldefendiam. Eles cortaram a sua bíblia para 66livros. No caso do Novo Testamento, elesmantiveram a mesma lista de livros estabelecida noConcílio de Cartago em 397. Os protestantesignoraram as sugestões de Lutero e Calvino esimplesmente seguiram o mesmo cânon, que aIgreja Católica usava desde 397.Quanto ao Antigo Testamento, as denominaçõesprotestantes decidiram adotar o mesmo cânon

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estabelecido pelo Sínodo judaico de Jamnia em100 d.C. Este Sínodo judaico não teve a presençade nenhum cristão das várias correntes decristianismo, que já existiam no ano 100 d.C. Tal sínodo rejeitou ,como apócrifos,todos os livros escritos após o ano 300 a.C. ou que não tivessem sido escritosoriginalmente em hebraico ou que nãotivessem sido escritos fora da Palestina.Na verdade, os judeus até o citado Sínodode Jamnia usavam uma variedade detextos canônicos.Nas cavernas de Qurãm há escritos dolivro de Tobias, que é canônico segundo abíblia católica. Nas mesmas cavernas deQurãm encontraram-se fragmentos doslivros Enoque e Testamento de Levi, quejamais fizeram parte do cânon, quercatólico quer protestante. Não tem sentido se dizer, que os judeus nos tempos deJesus rejeitavam Macabeus, Judite,e Enoque. Isto só aconteceu no citado SínodoJudaico de Jamnia, que só foi realizado no ano 100 d.C.; quando o cristianismonão só estava já consolidado, como também já dividido em varias correntes.A rejeição de I Macabeus e Judite também foi influenciada pela política humana.Ambos os livros citados colocam a rebelião armada, contra um opressor, comosagrada e abençoada por Deus. No século XVIII, as nações protestantes queriamseus povos dominados e quietos. É notório, caro leitor, que na luta pelaindependência americana, os católicos tiveram uma participação na luta, muitomaior que a participação na população protestante. As sucessivas rebeliões naIrlanda tinham sempre católicos, que diziam seguir o dito nos livros I e IIMacabeus. Tanto uma necessidade de ter uma sanção dos judeus, comonecessidades políticas e místicas levaram ao fato das bíblias protestantes, desde asegunda metade do século XVIII terem 66 livros.Em suma, a primeira bíblia cristã tinha 76livros. Isto foi estabelecido por um concílio. OConcílio de Trento reduziu a bíblia católicapara 73 livros, retirando do cânon livros quecondenassem explicitamente orações para osmortos. Ao mesmo tempo o mesmo concílomanteve II Macabeus que apóia rezas pelosmortos.Os protestantes não tinham uma bíblia únicaque seguir. Levou mais de 300 anos, para osprotestantes terem uma bíblia única como já foidito, uma verdadeira baderna anunciada. Aredução tanto se deveu a fatores políticos, comouma busca de sanção judaica, como a rejeição

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de orações pelos mortos que são apoiadas por II Macabeus.Pouco ou nada houve de busca porverdade em tal redução. Osentendidos sabem que a Epístolaaos Hebreus é uma farsa, pois nãofoi escrita pelo apóstolo Paulo. Noentanto ela segue no cânoncatólico e protestante. No mesmoNovo Testamento foi excluído"Pastor de Hermas", que não foiuma forjadura e foi de fato escritopor Hermas.No Antigo Testamento,a mesma coisa se repete. Osprotestantes alegam rejeitar I Macabeus por ele ser supostamente falso . Noentanto I Macabeus tem indiscutível base histórica. O evento descrito no livro, ainvasão de Israel de fato aconteceu. Judas Macabeu de fato existiu. Nem por serpelo menos em parte verdade, I Macabeus faz parte das bíblias protestantes. Poroutro lado nestas mesmas bíblias protestantes, há o livro de Gênesis que temfiguras como Adão, Eva, Caím, Abel, Noé; todas tão verdadeiras quanto o Superhomem,Demolidor ou a Mulher-Maravilha. A invasão de Israel descrita em IMacabeus de fato aconteceu, mas ela não faz parte das bíblias protestantes. Odilúvio universal e sua arca de Noé com mais de 1.000.000 de espécies de plantascuidadas apenas pela pequena família de Noé ou uma cobra falando, nuncaaconteceu, mas mesmo assim, Gênesis está tanto nas bíblias protestantes, comonas bíblias católicas. Na bíblia Jonas fica dias vivo num peixe, mas JudasMacabeu que de fato existiu não aparece nas bíblias protestantes. Aonde está abusca pela verdade? É realmente um tremendo embuste histórico!Como escrevi antes, o cânon depende da tradição e das necessidades terrenas. AIgreja católica manteve II Macabeus na bíblia, pois ele mantém a base bíblica parao purgatório e as missas pelos mortos. A mesma Igreja Católica excluiu do cânono livroII Esdras, pois ele condenava rezas pelos mortos. Os protestantes excluíram1 Macabeus, pois ele supostamente apoiava rebeliões irlandesas, mas mantiveramas cartas de Paulo com seuapoio à escravidão e submissãode mulheres e fizeram o mesmocom uma farsa, como a Epístolaaos Hebreus. É realmente, caro

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leitor, uma leitura totalmentefalaciosa e um espanto quequase ninguém, que faz parte dequalquer uma dessas seitas, seapercebeu de tamanhodescalabro, só pode ser porpura desinformação.O cânon tanto católico, como protestante é de origem e necessidade humana e nãodivina. Ambos os cânones foram feitos pensando neste mundo. Os protestantessimplesmente não precisavam de uma bíblia que tenha livros apoiando rebeliões,como I Macabeus ou apoiando rezas pelos mortos,(os burgueses ricos não queriampagar por missas aos mortos ou comprar um lugar no céu para escapar aopurgatório) como em II Macabeus. Por outro lado, os católicos não precisavam delivros que condenassem orações pelos mortos, como II Esdras. Por isto, a bíbliacatólica saiu de 76 para 73 livros e a bíblia protestante caiu ainda mais, para 66livros. Nos dá a impressão que a reformaprotestante foi regimentada por Judeusocidentais abastados que adentraram àburguesia,uma classe em ascensão à época dasgrandes transformações sociais e religiosas.No momento em que pastores protestantesaparecem na TV garantindo que doençasmentais e físicas se devem à ação de demôniosou eufemisticamente "encostos", não se podedeixar de notar, caro leitor, em quanto a bíbliapode ser mal usada. A bíblia é trabalho humanoe como tal, não está isenta de criticismo. Como livro de ciência, a bíblia é absurdae falha, mesmo considerando o tempo em que foi escrita. Como livro de história, abíblia mistura fatos com fantasias, não sendo nem de longe infalível. Como livroreligioso, a bíblia tem sido a fonte suposta ou real de dezenas de milhares deseitas, que não raro são apenas negócios fantasiados de religião. Leia, caro leitor, abíblia como um livro qualquer e nunca com fé cega e falta de espírito crítico.Como notamos, a escolha se tal livro era inspirado ou não sempre foi feita sim,embasada em prol de uma necessidade e causa clericais.Os apócrifosOs livros que não fazem parte do cânon são chamadosapócrifos.Temos abaixo a relação dos mais conhecidos.A palavra “Apócrifo”significa oculto, e com toda probabilidade foi o termo primitivamente empregadopor certas seitas a respeito de livros seus, que eram guardados para seu próprio

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uso. O termo apócrifo é, agora, restritivo aoslivros não canônicos. Posteriormente, a palavraapócrifo era aplicada aos livros espúrios.Os livros apócrifos do A.T. Estes não faziamparte do Cânon hebraico, mas todos eram mais oumenos aceitos pelos judeus de Alexandria queliam o grego, e pelos de outros lugares; e algunssão citados no Talmude. Esses livros, a exceçãode II Esdras, Eclesiástico, Judite, Tobias, e I dosMacabeus, foram primeiramente escritos em grego, mas o seu conteúdo varia emdiferentes coleções.Eis os livros apócrifos mais conhecidos, pela sua ordem usual:I (ou III) de Esdras: Trata dos fatos históricos desde o tempo de Josias até Esdras,sendo a maior parte da matéria tirada dos livros das Crônicas, de Esdras, e deNeemias. Foi escrito talvez no 1º século a.C.II (ou IV) de Esdras: Uma série de visões e profecias, especialmente apocalípticas,que Esdras anunciou. Critica a reza pelos mortos. É dos fins do 1º século d.C.Tobias: Uma narrativa lendária, interessante pelo conhecimento dos costumes dosantigos tempos de Aicar. Cerca do principio do 2º século a.C.Judite: Uma história a respeito de serem libertados os judeus do poder deHolofernes, general persa, pela coragem da heroína Judite. Foi escrito cerca demeados do segundo século a.C. Apóia a rebelião armada.Ester: Capítulos adicionados à obra canônica. É, talvez, do segundo século a.C,erefere-se claramente à deusa babilônica Astart.Sabedoria de Salomão: Livro escrito um pouco no estilo do livro dos Provérbios,sendo precioso por estabelecer o contraste entre a “sabedoria” salomonica e opaganismo. A data do seu aparecimento deve ser entre o ano 50 a.C. e 10 d.C.Eclesiástico, ou Sabedoria de Jesus, filho de Siraque: É uma coleção de ditosprudentes e judiciosos em forma muito semelhante ao livro dos Provérbios. Foiescrito primitivamente em hebraico, cerca do ano 180 a 175 a.C., e traduzido emgrego depois de 132 a.C. A maior parte do original hebraico foi descoberta nosanos 1896 a 1900.Baruque: Uma pretensa profecia feita por Baruque na Babilônia, com uma epístolaao mesmo Baruque por Jeremias. Provavelmente é um escrito do segundo séculoa.C.Adição à História de Daniel, isto é: a) o Cântico dos três jovens (Benedicite, comuma introdução); b) a História de Susana, representando Daniel como justo juiz; c)Bel e o Dragão, em que Daniel tenta demonstrar uma suposta loucura dopaganismo. Há pouca base para determinar a data destas adições. Cabe bem

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lembrar que ao contrario do que se pensa, o livro de Daniel foi escrito à época dosMacabeus em alusão ao herói mitológico babilônico Danel.Oração de Manassés, rei de Judá, no seu cativeiro da Babilônia. A data édesconhecida.Primeiro Livro dos Macabeus, narrando os fatos da revolta macabeana que se deudo ano 167 em diante (a.C.) foi escrito cerca do ano 80 a.C. Como já vimos érejeitado ferozmente pelos protestantes, por anuir à luta armada.Segundo Livro dos Macabeus, assunto semelhante, porém mais legendário, ehomilético. Foi escrito um pouco depois do primeiro.Terceiro Livro dos Macabeus é, segundo parece, uma história do ano 217 a.C.,tratando das relações do rei egípcio, Ptolomeu IV, com os judeus da Palestina eAlexandria. Data incerta, mas antes de 70 d.C.Quarto Livro dos Macabeus, que é um ensaio homilético, feito por um judeu deAlexandria, conhecedor da escola estóica, talvez Fílon, sobre a matéria contida noII livro dos Macabeus.Livro de Enoque (etiópico), que é citado em Judas 14. Atribuem-se várias datas,pelos últimos dois séculos antes da era cristã. Traz também fortes influenciasgnóticas.Os Segredos de Enoque (eslavo), livro escrito por um judeu helenista, ortodoxo,na primeira metade do primeiro século d.C.O Livro dos Jubileus (dos israelitas), ou o Pequeno Gênesis, tratando departicularidades do Gênesis duma forma imaginária e legendária, escrito por umfariseu entre os anos de 135 e 105 a.C.Os Testamentos dos Doze Patriarcas: Passa uma idéia de ensino moral. Pensa-seque o original hebraico foi composto nos anos 109 a 107 a.C., e a tradução grega,em que a obra chegou até nós, foi feita antes de 50 d.C.Os Oráculos Sibilinos, Livros III-V, descrições poéticas das condições passadas efuturas dos judeus; a parte mais antiga é colocada cerca do ano 140 a.C., sendo aporção mais moderna do ano 80 da nossa era, pouco mais ou menos.Os Salmos de Salomão, entre 70 e 40 a.C.As Odes de Salomão, cerca do ano 100 da nossa era, são, provavelmente, escritoscristãos.O Apocalipse Siríaco de Baruque (2º Baruque), 60 a 100 a.C.O Apocalipse grego de Baruque (3º Baruque), do 2º século, a.C.A Assunção de Moisés, 7 a 30 d.C.A Ascensão de Isaias, do primeiro ou do segundo século d.C.Os Livros Apócrifos do N.T. Sob este nome são algumas vezes reunidos váriosescritos cristãos de primitiva data, que pretendem dar novas informações acercado Jesus Cristo e Seus Apóstolos, ou novas instruções sobre a natureza doCristianismo em nome dos primeiros cristãos. Entre os Evangelhos Apócrifospodem mencionar-se:

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O Evangelho segundo os Hebreus (há fragmentos do segundo século);O Evangelho segundo S. Tiaqo, tratando do nascimento de Maria e de Jesus(segundo século);Os Atos de Pilatos.(segundo século).Os Atos de Paulo e Tecla (segundo século).Os Atos de Pedro (terceiro século).Epístola de Barnabé (fim do primeiro século).Apocalipses, o de Pedro (segundo século).Pastor de Hermas - Relata um testemunho realda historia dos judeus, porem não interessavaao clero do cristianismo primitivo, e neminteressa às novas versões de bíblia católica eprotestante.Tomé: É sem duvida o mais polêmico e o maisdistorcido pela igreja. Seus originais foramencontrados em uma gruta, no Egito, emmeados do ano de 1945. Ele descreve umcristianismo totalmente gnóstico e bemdiferente do cristianismo romano, parecendo-semuito com o culto ao deus fenício Tammuz,onde até a fonética dos nomes sãomuito semelhantes. O evangelho pertence a corrente egipcia do cristianismo.Escrito à mesma época que os canônicos, provavelmente no final do século I danossa era, ele descreve um Cristo andrógeno e mítico. Uma das passagens maispolemicas está, na qual, relata que quando da ressurreição, cristo dormiu (manteverelações sexuais) com um de seus discípulos. Os pergaminhos estão no Vaticano evale ressaltar que quando comparado com os ditos canônicos, este traz umcristianismo bem característico e chocante.Estas são as palavras secretas que Jesus o Vivo proferiu e que Dídimo (Gêmeo)Judas (agradecimento) Tomé escreve:E ele disse: "Quem descobrir o significado interior destes ensinamentos nãoprovará a morte."Jesus disse: "Bem-aventurado o leão que se torna homem quando consumido pelohomem; maldito o homem que o leão consome, e o leão torna-se homem."Os discípulos disseram a Jesus: "Sabemos que tu nos deixarás. Quem será nossolíder?"Jesus disse-lhes: "Não importa onde estiverdes, devereis dirigir-vos a Tiago, ojusto, para quem o céu e a terra foram feitos."Tomé lhe disse: "Mestre, minha boca é inteiramente incapaz de dizer com quem teassemelhas."Jesus disse: "Não sou teu Mestre. Porque bebeste na fonte borbulhante que fizbrotar, tornaste-te ébrio. (128) E, pegando-o, retirou-se e disse-lhe três coisas.Quando Tomé retornou a seus companheiros, eles lhe perguntaram:” O que tedisse Jesus?"

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Tomé respondeu: "Se eu vos disser uma só das coisas que ele me disse,apanhareis pedras e as atirareis em mim, e um fogo brotará das pedras e vosqueimará."Jesus veio ter com seu predileto, e foi deitar-se com ele para lhe ensinar as coisasdo céu...Simão Pedro disse-lhes: "Que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres nãosão dignas da vida."Jesus disse: "Eu mesmo vou guiá-la para torná-la macho, para que ela tambémpossa tornar-se um espírito vivo semelhante a vós machos. Porque toda mulherque se tornar macho entrará no Reino do Céu."Existiram ou existem ainda vários escritos referentes aos muitos estilos depensamento cristão, mas foram quase na sua totalidade destruídos ou apreendidospela Igreja, por não condizerem com o pensamento cristão?.Personagens estranhosA bíblia está repleta de personagens míticos e estranhos, vivendo aventurasbizarras, como Abraão e Moisés.Vamos entender um pouco sobre os mesmos.Será que houve um Abraão histórico dito como pai da nação escolhida porIahwéh?Abraão é um desses nomes célebres na Ásia Menor e na Arábia, como Tot entreos egípcios, o primeiro Zoroastro na Pérsia, Hércules naGrécia, Orfeu na Trácia, Odin nas nações setentrionais etantos outros mais conhecidos por sua celebridade do quepor uma história bem comprovada...Bem difícil seria, à luz da história moderna, ter sidoAbraão pai de duas nações inimigas como os judeus e osárabes. Dizem que nasceu na Caldéia, filho de pobre oleiroque ganhava a vida fazendo pequenos ídolos de barro. Épouco verossímil que esse filho de oleiro se hajaabalançado a ir fundar Meca a 1800 Kms de distância, debaixo do trópico, tendo de vingar desertos intransitáveis.Se foi um conquistador, certamente teria se dirigido aobelo país da Assíria. Se, como o pintam, não passou de umpobre diabo, então não terá fundado reinos senão naprópria terra. Existe na tradição árabe um livro chamadoApocalipse de Abraão, onde esse relata o nascimento mítico do grande pai;Quando Abrão nasceu, uma estrela pairou sobre a casa de Tareu(pai deAbraão),nisto todos em Ur perceberam que o menino que acabara de nascer seriaespecial. Nemrod o grande rei, com receio de perder seu poder para aquelacriança peculiar, mandou matá-la. Porém Tareu escondeu a criança em uma gruta,onde o rei não pudesse encontra-la. Como Nemrod não descobriu o rebento,ordenou a matança de todos os meninos natos recentemente,perto de 70.000infantes à época. Seria uma história interessante se já não conhecêssemos talfábula. Observe, caro leitor, a semelhança incrível com os nomes dos reisassassinos- Nemrod e Herod(Herodes), notem o uso da gruta,um lugar sagrado dos

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rituais mitraicos que veremos mais adiante,dentre outras semelhanças.Reza o Gênesis que tinha Abraão (significa Deus da Lua) setenta e cinco anosao emigrar do país de Harã, após a morte de seu pai Tareu o oleiro. O mesmoGênesis, porém, diz que Tareu tendo gerado Abraão aos setenta anos, viveu até aidade de duzentos e cinco anos, e que Abraão só saiu de Harã depois da morte dopai. Portanto é claro, segundo o próprio Gênesis, que Abraão contava com cento etrinta e cinco anos (em uma época que se chegar aos trinta era um verdadeiromilagre) quando deixou a Mesopotâmia. Saiu de um país idólatra para outro paísidólatra: Siquêm, na Palestina. Por que? Por que deixou as férteis margens doEufrates por terras tão remotas, estéreis e pedregosas? A língua caldaica devia sermuito diferente da língua de Siquêm. Não se tratava de lugar de comércio. Siquêmdista da Caldéia mais de 600 Kms, é preciso transpor desertos para lá chegar. MasDeus queria que Abraão realizasse essa viagem. Queria mostrar-lhe a terra queséculos depois haviam de habitar seus filhos. Custa ao espírito humano, caroleitor, compreender os motivos de tal peregrinação.Mal sobe ao montanhoso rincão de Siquêm, obriga-o a fome a abandoná-lo.Vai para o Egito em companhia de sua mulher, à procura de com que viver.Lembremos que 1200 Kms medeiam de Siquêm a Menfis. Será natural ir buscartrigo tão longe? Num país de que nem se sabe a língua? Estranhas viagensempreendidas à idade de quase cento e quarenta anos.Traz a Menfis sua mulher Sara. Sara era extremamente jovem em comparaçãocom ele, pois não contava mais que sessenta e cinco anos,bem vividos. Como fosse muito bonita, Abraão resolveutirar proveito de sua beleza. "Façamos de conta que você éminha irmã, disse-lhe” a fim de que me acolham combenevolência “. Façamos de conta que é minha filha" -deveria dizer. O rei enamora-se da jovem Sara e presenteiao pretenso irmão com muitas ovelhas, bois, burros, mulas,camelos(que à época de Abraão não eram domesticadosainda) e servos. O que prova, que já então era o Egito umreino poderoso e civilizado e, por conseguinte antigo e quese recompensavam magnificamente os irmãos que vinhamoferecer as irmãs aos reis de Menfis.Tinha, a não tão jovem, Sara, noventa anos, segundo aEscritura, quando Deus lhe prometeu que Abraão, queentão tinha cento e sessenta, lhe daria um filho. Deverasque um senhor de cento e sessenta anos e uma anciã de noventa anos resolvem terum filho,só se for realmente por milagre,e dos grandes.Abraão, que gostava de vigiar, tomou o caminho do tórrido deserto de Cades,acompanhado da mulher grávida, sempre “ jovem e bonita”. Como acontecera como rei egípcio, enamorou-se também pela bela e jovem Sara um rei do deserto.

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O pai dos crentes pregou a mesma mentira que no Egito: fez passar a esposapor irmã. O que mais uma vez lhe valeu ovelhas, bois e servos. Pode-se dizer que,graças a sua mulher, Abraão se tornou riquíssimo. Depois se condenam osprostíbulos. Os comentaristas escreveram um número prodigioso de volumes parajustificar o procedimento de Abraão e conciliar a cronologia sem, contudo obtersucesso. Abraão é hoje considerado um mito análogo a varias tradições onde umpovo justifica o seu aparecimento através de um grande pai. Abraão talvez umaalusão ao deus hindu Brahma, onde a fonética é muito parecida, e lembremosainda que Brahma é o pai criador dos hindus, de onde vem boa parte da culturasemítica.Será que alguma vez houve também um Moisés? O Gênesis é um livro atribuído aMoisés pelos apaixonados coletores de lendas. Não foi em vão que numerosossábios concluíram que o Pentatêuco não pode ter sido escrito por Moisés. Refereseque, segundo as próprias Escrituras, está demonstrado que o primeiro exemplarconhecido foi encontrado no tempo do rei Josias e queesse único exemplar foi apresentado ao rei pelosecretário Safan. Ora, entre Moisés e este episódio dosecretário Safan medeiam mil cento e sessenta e seteanos, pelo cômputo hebraico. Com efeito, Deus“apareceu” a Moisés na sarça ardente (Kat,umpoderoso alcalóide encontrado somente no Iêmen ) noano do mundo(sem a contagem a.C.) de 2213 e Safanpublicou o livro da lei no ano do mundo de 3380. Estelivro, encontrado no tempo de Josias, foi desconhecidoaté o regresso do cativeiro da Babilônia e afirma-se quecoube a Esdras a divulgação de todas“ Sagradas Escrituras”.Se um homem que comandava toda a natureza tivesse vivido entre os egípcios,acontecimentos tão prodigiosos não deveriam constituir a parte principal dahistória do Egito? Sanchoniathon, Manéthon, Megastenes e Heródoto não sereferiam a ele. Josefo, o historiador judeu, recolheutodos os testemunhos possíveis a favor dos judeus:não ousa afirmar que qualquer dos autores citadostenha proferido uma só palavra acerca dos milagresde Moisés. Como; O Nilo mudar-se-ia em sangue,um anjo exterminaria todos os recém-nascidos noEgito, o mar abrir-se-ia, as águas suspender-se-iamà esquerda e à direita, e nenhum autor viria a falardisto!? E as nações esqueceriam esses prodígios; esó um pequeno povo, analfabeto e criador decabritos e praticamente bárbaro é que nos narrará estas histórias, milhares de anos

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após o acontecimento? Tudo isso prova, caro leitor, de que tais prodígios nãopassaram de fábulas religiosas que e deviam existir ao tempo de Safan e Josias.Quem é, pois, este Moisés, desconhecido por todo o mundo até a época em que,segundo se afirma, um dos Ptolomeus teve a curiosidade de mandar verter emgrego os escritos dos judeus?Há muitos séculos que as fábulas orientais atribuíam a Baco tudo o que os judeusdizem de Moisés. Baco (Dionísio) transformara as águas em sangue, Baco operavadiariamente milagres com sua vara, que trazia a figura de uma pinha mágica,copiada mais tarde pelos apóstolos cristão milagreiros. Note, caro leitor, naimagem de um utensílio romano de antes de cristo, onde Baco com seu cajadoabençoa as crianças, , e compare com a imagem mais abaixo ,onde o Papa abençoaos cristãos. Note a figura da Pinha mágica, análoga à de Baco.Todos estes fatos eram cantados nas orgias de Baco, antes que houvesse qualquercomércio com os judeus, antes de se sabertão-somente se este pobre povo tinha livros.Não será extremamente verossímil que essepovo tão recente, errante durante tantotempo, conhecido tão tarde, tão tardeestabelecido na Palestina, se apropriasse dasfábulasfenícias aomesmotempo emque se apropriava da língua fenícia, engrossandoas,como fazem todos os imitadores grosseiros?Um povo tão pobre, tão ignorante, tão alheio atodas as artes, poderia fazer mais do que copiar osvizinhos? Pois não se sabe que até os nomes deAdonai, de Ihaho, de Elói ou de Eloá,Ele, Iahwéh que significam Deus entre anação judaica, são como tudo o mais, de origem fenícia?Não se diz no Pentateuco que Moisés seja o seu autor: seria, pois lícito atribuí-loa outro homem a quem o Espírito Santo o teria ditado, se a Igreja não houvessedecidido que o livro é de Moisés.Alguns contraditores acrescentam que nenhum profeta citou os livros doPentateuco, nem há referências a seu respeito quer nos salmos, quer nos livrosatribuídos a Salomão, quer em Jeremias, quer em Isaías, quer enfim em qualquerlivro canônico dos judeus. As palavras que correspondem a Gênesis, Êxodo,Números e Deuteronômio não se encontram em qualquer outro escrito por elesreconhecido como autêntico. Algum clérigo está disposto a explicar tal fato?Surgem então, caro leitor, algumas perguntas:1 - Em que língua teria escrito Moisés,

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num deserto selvagem? Não podia sersenão em egípcio, pois pelo própriolivro se verifica que Moisés e todo o seupovo tinham nascido e crescido noEgito. É provável que não falassemoutra língua. Os egípcios não se serviamainda do papiro, gravavam hieróglifossobre mármore ou sobre madeira.Afirma-se mesmo que as tábuas dosmandamentos foram gravadas sobre pedra. Seria, portanto, necessário gravarcinco volumes em pedras polidas, o que exigiria esforços enormes e um tempoprodigioso. O monte Sinai teria que ser todo lascado para se poder escrever oPentateuco.2 - É verossímil que, em um deserto onde o povo judeu não dispunha de sapateirosnem de alfaiates e onde o Deus do universo era obrigado à prática de um milagrecontinuado para conservar os velhos trajes e os velhos sapatos dos judeus, seencontrassem homens suficientemente hábeis para gravar os cinco livros doPentateuco, sobre madeira? É dito que foram encontrados artífices que fizeram umbezerro de ouro numa noite e que, depois, reduziram o ouro a pó, operaçãoimpossível à química comum, ainda não inventada; que construíram otabernáculo, que o ornaram com trinta e quatro colunas de bronze, com os capitéisem prata; que traçaram e bordaram véus de linho, de jacinto, de púrpura e deescarlate; isto, porém, só reforça a opinião da inveracidade dos relatos. Não erapossível num deserto onde tudo faltava fazerem-se obras tão requintadas; teriasido preciso começar por se fazer sapatos e túnicas; os que não têm o necessárionão se inclinam para o luxo; é uma contradição afirmar-se que existiamfundidores, gravadores e bordadores, quando não havia nem trajes nem pão. É umtanto confuso tudo isso.3 - Se Moisés houvesse escrito o primeiro capítulo, teria havido tão pouco respeitopelo legislador? Se fosse Moisés a ter dito que Deus pune a iniqüidade dos pais atéa quarta geração, ousaria Ezequiel dizer o contrário?4 - Se Moisés houvesse escrito o Levítico, poderia noDeuteronômio contradizer-se? O Levítico proíbe que se espose amulher do irmão, o Deuteronômio ordena-o.5 - Ter-se-ia Moisés referido, nesse livro, a cidades que nãoexistiam no seu tempo? Teria dito que as cidades querelativamente a ele estavam a oriente do Jordão, ficavam aocidente? Talvez geografia não fosse o forte de Moisés.6 - Teria atribuído quarenta e oito cidades aos levitas num paísonde nunca houve dez cidades e num deserto onde sempre errousem dispor de uma casa? Quem sabe fosse ele um sonhador.

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7 - Teria prescrito regras para os reis judeus, quando os reis eram não sóinexistentes entre este povo, mas ainda objeto do seu horror e não era provávelque alguma vez existissem? Como?? Moisés teria estabelecido preceitos para aconduta de reis que só vieram quinhentos anos depois e nada diria com respeitoaos juízes e pontífices que lhe sucederam? Esta reflexão não levará a admitir-seque o Pentateuco foi composto no tempo dos reis e que as cerimônias atribuídascomo instituídas por Moisés não eram senão tradições?8 - Como poderia ter acontecido que Moisés houvesse declarado aos judeus: "Fizcom que saísseis em número de seiscentos mil combatentes da terra do Egito sob aproteção do vosso Deus?” Não lhe teriam respondido os judeus: "É preciso quefosse muito grande a vossa timidez para que não nos tivésseis guiado contra ofaraó do Egito; ele não poderia opor-nos nem um exército de duzentos milhomens. Nunca o Egito teve tantos soldados em pé de guerra; teríamos vencido osegípcios sem dificuldades, seríamos os senhores do seu país. Como assim!? ODeus que vos fala degolou, para nos agradar, todos os recém nascidos do Egito, oque, se houver nesse país trezentas mil famílias, dá trezentos mil homens mortosem uma noite, para nossa vingança, e nós não secundamos o vosso Deus?! E vósnão nos haveis oferecido esse país fértil que nada podia defender! Vós fizestescom que saíssemos do Egito como ladrões e covardes, para perecermos nosdesertos, entre precipícios e montanhas! Vóspoderíeis, ao menos, conduzir-nos pelo caminhoreto a essa terra de Canaã, sobre a qual não temosdireito algum, que nos haveis prometido e ondeainda não pudemos entrar"."Era natural que da terra de Gessen seguíssemospara Tiro e Sidon, ao longo do Mediterrâneo, masvós fizestes com que atravessássemos quase todoo istmo de Suez; fizestes com que reentrássemosno Egito, remontássemos até para lá de Mênfis, elevaste-nos a Beel-Séfon, nas margens do marVermelho, virando as costas à terra de Canaã,tendo andado oitenta léguas neste Egito quedesejaríamos evitar e prestes a perecer entre omar e o exército do faraó!?" Serás tu, por acaso,um sádico??"Se quisésseis entregar-nos aos nossos inimigos, teríes tomado outro caminho eoutras medidas? Deus salvou-nos por milagre, dizeis; o mar abriu-se para nosdeixar passar; mas, após semelhante favor, seria preciso fazer-nos morrer de fome

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e de fadiga nos desertos horríveis de Etham, de Cadés-Barné, de Mara, de Elim,de Horeb e do Sinai? Os nossos pais morreram todos nessas solidões pavorosas evindes dizer-nos, ao cabo de quarenta anos, que Deus teve cuidados particularescom nossos pais!?"Eis o que esses judeus murmuradores, mortos nos desertos, teriam podido dizer aMoisés se este lhes houvesse lido o Êxodo e o Gênesis. E o que não teriam podidodizer e fazer a propósito do bezerro de ouro? "O que!? Vósousais contar-nos que o vosso irmão fez um bezerro para osnossos pais, vós que nos dizeis, ora que haveis falado comDeus ,cara a cara, ora que não haveis podido vê-lo senão decostas!? Mas, enfim, vós estáveis com esse Deus e vossoirmão trata de fundir num só dia um bezerro de ouro que nosdá para que o adoremos; e vós, em vez de punirdes o vossoindigno irmão, vindes a nomeá-lo nosso pontífice e mandaisos vossos levitas degolarem vinte e três mil homens do vossopovo? Tê-lo-iam suportado os nossos pais? Ter-se-iamdeixado agredir como vítimas impotentes por sacerdotessanguinários? Vós dizeis que, não contente com essacarnificina inacreditável, haveis ainda feito massacrar vinte e quatro mil dosvossos pobres seguidores, porque um deles dormira com uma medianita, ao passoque vós mesmo haveis desposado uma medianita; e acrescentais que sois o maisbenévolo de todos os homens!? Mais algumas manifestações dessa benevolência enão restaria ninguém.""Não, se houvésseis sido capaz de semelhante crueldade, se a houvésseis podidoexecutar, seríeis o mais bárbaro de todos os homens e não chegariam todos ossuplícios para expiação de tão estranho crime". (Dicionário Filosófico-Voltaire)Tais são, pouco mais ou pouco menos, as objeções formuladas àqueles quepensam que Moisés é autor do Pentateuco. Noentanto, responde-se que os caminhos de Deusnão são os dos homens; que Deusexperimentou, conduziu e abandonou o seupovo com uma sabedoria que nos édesconhecida; que os próprios judeus acreditam,desde há mais de dois mil anos, que Moisés é oautor desses livros; que a Igreja, que sucedeu àSinagoga, e é infalível tal qual esta decidiu esteponto de controvérsia e que os questionadoresdevem calar-se quando a Igreja fala. Podemosverificar nos monólogos apresentados pelospadres e pastores das sinagogas modernas quemuito pouco ou praticamente nada se comenta

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sobre tais questões e fatos supostamenteocorridos no deserto do Sinai, simplesmente pornão se poder explicar.Isaías faz parte desses personagens misteriosos do povo judeu e, por conseguinteda bíblia. Isaias é um herói inventado à época dos Macabeus para explicar deforma dantesca o exílio na babilônia e a gloriosa libertação concebida pelo reipersa Dario. Os estudiosos judeus sabem hoje perfeitamente que os profetascomo Isaias, Ezequias, e vários ïas “jamais existiram, eram apenas adivinhoserrantes chamados de Nabis, vindos da cultura caldéia, por essa razão não aceitamem seus escritos os livros dos pretensos profetas. Vale ressaltar que o povohebreu, por ser um povo analfabeto e crente de mitologias a maldicões,foiinfluenciado por muitos Nabis que chegavam mesmo a comandar tribos inteiras,tal como Esdras.Outro personagem interessante do fabulário bíblico é Ezequiel. Sabe-se hojemuito bem que se a bíblia fosse uma inspiração divina como é apregoado não seteria problema em julgar os costumes antigos pelos modernos, afinal a palavra deDeus é atemporal e caberia em qualquer tempo ou costume. Por que as leis doLevítico e Deuteronômio não nos servem mais? Por que os fundamentalistassabatistas tomaram para si, o sábado, mas não quiseram a circuncisão? Seráporque pensam existir só Dez Mandamentos?Os costumes dos judeus ortodoxos são ainda mais diferentes dos nossos.Ezequiel, escravo dos caldeus, teve uma visão perto do ribeirão de Cobar, que seperde no Eufrates.Não nos devemos admirar de que ele tenha visto animais de quatro faces e quatroasas, com pés de bezerro, nem das rodas que caminhavam por si mesmas econtinham o espírito da vida: esses símbolos até agradam à imaginação, poisrepresentam os pontos cardeais, mas vários críticos se revoltaram contra a ordemque lhe deu o Senhor de comer durante trezentos e noventa dias, pão de cevada, defrumento e de milho, coberto de excremento humano.- Irra! - exclamou o profeta. - Minh'alma até hoje não tinha sido poluída .Respondeu-lhe o Senhor:- Pois bem, eu te darei estrume de boi em lugar de excrementos humanos, e tucomerás teu pão com esse estrume.Visto não ser absolutamente de uso comer tais acompanhamentos com opão, a maioria dos homens acha essas ordens indignas da majestade divina. Comrespeito às razões que Deus poderia ter para impor ao profeta um tal almoço, nãonos cabe nos tempos modernos achar graçaem tal refeição. Basta fazer ver que essasordens, que nos parecem estranhas, não eram

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aos judeus à época.É verdade que a sinagoga não permitia, notempo de S. Jerônimo, a leitura de Ezequielantes da idade de trinta anos. Mas issoporque no capítulo 18 ele diz que os filhosnão arcarão com a iniqüidade dos pais e quejá não se dirá: os pais comeram raízes verdese os dentes dos filhos ficaram embotados.Nesse ponto ele se achava em contradiçãocom Moisés, que no capítulo 28 dosNúmeros afirma que os filhos sofrem ainiqüidade dos pais até terceira e quarta geração.Ezequiel, no capítulo 20, faz ainda dizer ao Senhor ter ele dado aos judeuspreceitos que não são bons, num claro e belicoso contra-senso com Moises. Eispor que a sinagoga interdisse aos jovens uma leitura que poderia colocar por terraa perfeição das leis de Moisés. O livro de Ezequiel traz uma infinidade decontracencos com a lei mosaica que no futuro iria causar um verdadeiro racha nareligião dos judeus, possibilitando, outro sim, a formação de varias seitas dentrodo “ templo” judeu. Ezequiel relata acontecimentos muito contraditórios com acronologia histórica da bíblia(não que isso seja um fato novo),deixando osmodernos tradutores em situação confusa. O pretenso profeta joga em Ez 26:7 uminfindável anexo de pragas e maldições contra a cidade Fenícia de Tiro. Deuspromete a Nabucodonossor a derrocada da cidade fenícia. Tiro não cai perante orei babilônico e Deus erra clamorosamente sua profecia. Ezequiel e Deus nãosatisfeitos ainda invocam em Ez. 29 uma nova maldição, e afirmam que o Egitoserá dado de presente ao rei babilônico pela falha ocorrida em Tiro...Novo erro e oEgito não cai peranteNabucodonossor. Daí emdiante o texto se perde emtentar explicar a falha daprofecia, todavia, em vão.Outro ponto conflitante emEzequiel, é a evocação donome de Daniel que sóapareceria, conforme acronologia bíblica, bemdepois de Ezequiel.Na realidade os estudiosossérios sabem hoje que o mitodo Daniel bíblico, um profetaque podia ler os sonhos e ver o futuro com extrema clareza foi baseado no mitofenício de Danel, um adivinho e vidente lendário, que equivalente ao seulegatário, também interpretava os sonhos. Esse, mito de Danel, sim, era do

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conhecimento de Ezequiel, inclusive em Ez.14:14 é invocada também os nomesde outros heróis lendários do mundo mesopotâmico como os de ,Noé(Unap) e Jó(Iób o sofredor). Sendo assim parece-nos estranho o profeta que acusava o povoisraelita de paganismo ,invocar o nome de heróis mitológicos babilônicos.Aos críticos de nossos dias, ainda mais os surpreende o capítulo 26 de Ezequiel:eis como o profeta se arranja para fazer conhecer os crimes de Jerusalém. Eleapresenta o Senhor dizendo a uma moça:"Quando nascestes, ainda não vos tinham cortado o cordão umbilical, ainda nãoéreis batizada, estáveis completamente nua, eu me apiedei de vós; depoiscrescestes, vosso seio se formou, vossas axilas cobriram-se de veios; eu passei, euvos vi, eu compreendi que era otempo dos amantes; eu cobri vossaignomínia; estendi por sobre vós omeu manto; viestes a mim; eu voslavei, perfumei, vesti bem e bemaqueci; dei-vos um chale de lã,braceletes, um colar; eu vos pusjóias no nariz, brincos nas orelhase uma coroa na fronte, etc."Então, confiando em vossabeleza, fornicastes por vossa contacom todos os passantes... Etrilhastes um mau caminho... e vos prostituístes até nas praças públicas e abristesas pernas a todos os passantes... e vos deitastes com os egípcios... e enfim pagastesamantes e lhes fizestes presentes a fim de que se deleitassem com outras moças. Oprovérbio é: Tal mãe, tal filha; e é isso que se diz de vós, etc."Ainda com maior indignação se insurgem contra o capítulo 28. Uma mãe tinhaduas filhas que perderam muito cedo a virgindade; a maior chamava-se Oola e amenor Ooliba. "...Oola era louca pelos jovens senhores, magistrados, cavaleiros;deitou-se com egípcios desde a mais tenra mocidade... Ooliba, sua irmã, fornicoumais ainda com oficiais, magistrados e cavaleiros bem parecidos; descobriu suavergonha e multiplicou suas fornicações. Procurou com arrebatamento os abraçosdaqueles cujo membro se parece com o de um asno e que expandem a sua sementecomo cavalos..."Essas descrições que escandalizam tantos espíritos fracos e pudicos não

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significam, entretanto, senão as iniqüidades de Jerusalém e de Samária; asexpressões que nos parecem livres não o eram então. A mesma franqueza aparecesem receio em mais de um ponto das Escrituras. Fala-se freqüentemente em abrira vulva. Os termos de que elas se servem para explicar o contato de Booz comRute, de Judas com sua nora, não são escandalosos em hebreu, mas seriam emnossa língua. Os tradutores bíblicos se escandalizaram com algumas concepçõeshebréias e por isso substituíram termos que acharam pejorativos por outros maisamenos aos nossos pobres e tímidos ouvidos (ou olhos!)Não se usa véu quando não se tem vergonha de sua nudez. Como é possível quese ruborizasse uma pessoa nos tempos passados ao ouvir falar dos órgãos genitais,quando era costume tocá-los àqueles a quem se fazia alguma promessa? Era umsinal de respeito, um símbolo de fidelidade, como outrora entre nós punham ossenhores Feudais suas mãos entre as dos seus senhores soberanos.Nos textos bíblicos temos varias passagens no AT, principalmente em Ezequiel,sobre tocar a coxa de alguém que se tem respeito. Na realidade, caro leitor, aleitura correta é testículos, isso mesmo, testículos. A palavra testículos foimodificada para coxa, nas traduções para o mundo ocidental, por motivos quepara o leitor parecem óbvios. Eliezer pousa a mão sobre a, coxa de Abraão; Josépousa a mão sobre a coxa de Jacó. Deus luta com Jacó no escuro da tenda domesmo, e toca a coxa de Jacó que passa a se chamar Israel (aquele que luta comDeus), segundo a bíblia. Esse costume era antiqüíssimo no Egito. Os egípciosestavam tão longe de ligar à vergonha, coisas que nós não ousamos nem descobrirnem nomear, que conduziam em procissão uma grande figura do membro virilchamada phallum, para agradecer aos deuses a bondade demonstrada em fazerservir esse membro à propagação do gênero humano. O deus semítico El, cultuadotambém por Israel, era representado por um enorme pênis de pedra. Imagine-secaro leitor, você em seu trabalho ou emprego querendo mostrar apreço ao seusuperior agarrando-lhe os testículos com forca, ou seu vizinho lhecumprimentando com uma bela pegada testicular... Comovente não? Todosesses fatos provam bem que nossos costumes não são os mesmos dos outrospovos, e que a palavra divina não é atemporal como se procurou colocar pelosfundamentalistas do Pentatêuco.Fábulas e fábulasDiferente dos apologistas cristãos que fazem alarde para com o livro santotransformando-o em um compêndio de ciências, historia e manual dos bonscostumes, eu demonstrarei que o mesmo nãopassa de um amontoado de mitos e crenças

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que poderiam ate soar bem para uma épocarudimentar, feito para cérebros rudimentares,mas que, aos ouvidos modernos direciona parao ridículo e o absurdo. Nota-se claramentepela linguagem empregada que a bíbliapoderia ser usada e acredito que até é usadacomo um dicionário de antigas e alegóricasfábulas. Não são as mais antigas fábulasvisivelmente emblemáticas? A primeira queconhecemos dentro de nossa maneira decalcular o tempo não é aquela que vem nonono capítulo do livro dos Juizes? Tratava-sede escolher um rei entre as árvores; a oliveiranão queria abandonar o cuidado do seu azeite,nem a figueira o de seus figos, nem a vinha ode seu vinho, nem as outras árvores o de seus frutos; o espinheiro, que nada tinhade bom, tornou-se rei, porque tinha espinhos e podia praticar o mal. Balaãoconversando com sua jumenta, a cobra falante do Éden ou o dragão malvado doapocalipse, que podemos comparar facilmente com as fábulas gregas. Apenasdesejo que o leitor compreenda que as fábulas gregas ou pagas tinham sempre umcunho moral para o aprendizado do ouvinte, e eram vistas apenas como fábulas,nada mais. Vemos porém nas fábulas bíblicasum apanhado de contos sem nenhum sentido,como essa de Balaão ou a do profeta Eliseu queatiçou um urso sobre indefesas crianças poressas terem chamado-lhe de “ careca”,talvezEliseu prestou um incentivo aos terroristas queexplodem ônibus escolares em nome de Alláh,em nossos dias. A insapiência bíblica de tentarvender tais parábolas infantis e insanas comoverdade é degradante para uma concepção doreal. As fábulas gregas eram tidas como umacatarze(fantasia), ao passo que as bíblicas eramtidas como miméticas(reais), aí se encontra adiferença importante entre as fábulas pagãs e asbíblicas, pois ambas discorrem sobre animais falantes;As parábolas de Cristo que são as que encerraram um apelo moral, são todascopiadas do acervo filosófico dos Cínicos e Estóicos da cultura grega, os bonsconselhos de Provérbios foram escritos por um ateu e foi falsamente colocadocomo recomendação do Deus cristão.A bíblia traz uma enormidade de analogias comfábulas pagãs, distorcendo o fundo moral e pregandocomo fato verídico. Destacamos algumas;1. O hebreu Sansão e o grego Hércules: assim como onascimento de Hércules decorre da intervenção deJúpiter, Sansão veio ao mundo após seus pais terem

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sido visitados por uma entidade celestial; ambosestraçalharam um ou outro leão com as próprias mãos;Hércules separou duas montanhas (as Colunas deHércules), enquanto Sansão morreu apoiando-se sobreduas colunas, fazendo desabar todo um edifício; aliás,o herói hebreu foi entregue aos inimigos por traição damulher, enquanto o grego morreu por um presente amaldiçoado que ingenuamentesua mulher lhe enviara.2. O Noé grego foi Deucalião, o único considerado justo da parte de Júpiter, e aquem foi concedido sobreviver ao dilúvio em uma embarcação que, como a arcade Noé, parou em uma montanha.3. Já o camponês Hireu hospeda Júpiter, Netuno e Mercúrio, sendo recompensadocom um filho ,Órion, que ao morrer foi colocado no céu formando a maisbrilhante das constelações; na bíblia, Abraão recebe a visita de três serescelestiais, os quais lhe prometem um filho cuja descendência seria numerosa comoas incontáveis estrelas.4. Na Grécia, os deuses Lares protegiam as instituições públicas ou privadas, acomeçar pelas famílias, o que lembra os Terafins da antiguidade bíblica, dosquais Raquel, a esposa de Jacó, não quis se desfazer quando a família deixou aSíria em direção à terra de Canaã.É impossível, caro leitor, deixar de reconhecer nessas fábulas uma pintura viva detoda a natureza. A maioria das fábulas bíblica é, com já vimos, ou corrupções dehistórias antigas ou caprichos da imaginação. Sucede com as antigas fábulas pagãse bíblicas o mesmo que com os nossos contos modernos: há as pagãs que sãomorais e encantadoras; por outro lado as bíblicas são totalmente insípidas econfusas.O Gênesis e a criaçãoPodemos tirar do gênesis bíblico varias interpretações sobre a “criação”. Aprimeira forma de “criação” se e ncontra em Gênesis 1.Veremos mais adiante no próprio livro, asoutras definições sobre a “criação”.A esclarecimento para as duas forma é de queos hebreus, tidos como os primeirosmonoteístas da história (um dos maioresembustes da história) acreditavam em váriosdeuses e eram na realidade monólatras e nãomonoteístas, como é colocado peloshermenêuticos de plantão que falam semconhecimento de causa.Em gênesis, capitulo 1, nota-se claramenteum pensamento brahmânico (hindu) quandorelata que no principio Deus fez o céu e aterra, no códice hebreu lê-se Elohin que

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significa deuses e não Deus, então semelhanteà leitura hindu teríamos “No principio os deuses fizeram o céu e a terra e osespíritos dos deuses pairam sobre as águas”, análogo a Brahma (divindadehindu) e seus colegas deuses que também pairam sobre as águas para refazer ociclo cósmico, este terminado por Vishnu o deus da destruição. Vishnu destrói omundo com fogo (apocalipse) e Brahma e cia. o refazem com água, que representauma nova vida, renascer do caos, ocorrência idêntica ao batismo usada em variasculturas. Destruir com fogo ou morrer pelo fogo também representa na culturabrahmista uma forma de purificação. Note também caro leitor de que esseaforismo também era corroborado por variasculturas da Era do Bronze há pelo menos 4000 anosantes da escrita do Velho Testamento. Antes que osapologistas de plantão fiquem todos ouriçados eforniquem dizendo que Deus fala em “Nós” sereferindo ao Espírito Santo, Jesus e a ele próprio,podem desarmar suas falácias, porque a trindadenão foi uma criação bíblica.Ela existe em varias culturas, e pasmem,principalmente na brahmânica com Vishnu, Brahmae Shiva, muito mais antiga que a trindade bíblica. Atrindade bíblica só apareceu depois do século III,com as invasões bárbaras, que trouxeram esseconceito dos hindus arianos.Quanto aos hebreus distintos em dois pequenos reinos (Aldeias), ao norte com osisraelenses e ao sul com os palestinos, de onde é hoje o Iraque, tinham cada qualuma entidade nacional favorável. Ao norte tem-se El um deus tido comobonzinho que foi corrupiado de povos semitas muito parecido com Saturno e quetambém é citado na mitologia egípcia,sumeriana e grega. Verifica-se claramente opensamento Elohista(El) em Gênesis 1. Na realidade El fazia parte de um panteãode entidades semitas determinadas como Elohin (deuses).Explicado então a origem deste capitulo vamos às suas controvérsias.Deus (deuses) criou (criaram) os céus... Que erro mais crasso! O termo céu épuramente religioso, na realidade ele não existe. Quando olhamos para cima oque nos parece como um lindo céu azul nada mais é que nossa impressão ótica dosgases que compõem a atmosfera terrestre. Osvapores que se exalam dos mares e do solo eformam as nuvens, os meteoros e os trovões,foram a princípio tomados pela morada dosdeuses. Em Homero os deuses sempre descem

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em nuvens de ouro. Vem daí ainda hojerepresentarem-nos os pintores sentados emuma nuvem. Mas como era lícito estivesse osenhor dos deuses mais a vontade que osoutros, deram-lhe uma águia por veículo, porser a ave que mais alto voa.Vendo os senhores das cidades moraremem cidadelas eretas nas assomadas dasmontanhas, julgaram os antigos gregos que osdeuses também deviam ter uma cidadela, ecolocaram-na na Tessália, no monte Olimpo,cujo vértice não raro se cerca de nuvens .Desorte que seu palácio se achava no mesmo nível do céu.Estrelas e planetas, que parecem engastados na abóbada azul da atmosfera, foramtransformados em outras tantas moradas de deuses. Sete dentre estes tiveram cadaum seu planeta. Os outros se alojaram onde melhor puderam. Em sala a queconduzia a via Láctea reunia-se o conselho geraldos deuses: necessário era que tivessem seucongresso no ar, já que os homens tinham seuspaços municipais na terra.Quando os titãs, espéciede animais entre os deuses e os homens,declararam uma guerra justíssima aos deuses emvindicação de sua herança paterna, sendo comoeram filhos do Céu e da Terra, não tiveram maisque empilhar duas ou três montanhas umas sobreoutras para se tornarem senhores do céu e docastelo do Olimpo.Essa física de crianças e de velhos, caro leitor, era antiqüíssima. Contudo émuito provável tivessem os caldeus idéias tão sãs quanto nós do que se chama océu. Colocavam eles o Sol no centro do nosso mundo planetário, em distância daTerra aproximadamente a mesma reconhecida hoje. Em torno do Sol faziam girara Terra e todos os planetas, ensina-nos Aristarco de Samos. É o verdadeiro sistemado universo, posteriormente reeditado por Copérnico. Os filósofos, porém,guardavam o segredo para si, a fim de serem mais respeitados pelos reis e pelopovo, ou antes, para não serem perseguidos.É tão familiar aos homens a linguagem do erro que ainda chamamos céu aosvapores e ao espaço entre a Terra e a Lua. Dizemos subir ao céu, como dizemosque o Sol gira, conquanto saibamos que não é assim. Possivelmente, para olharesda Lua, nós é que somos o céu. Cada planeta coloca o seu céu no planeta vizinho.

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Se perguntasse a Homero para que céu tinha ido a alma de Ulisses, onde estava ade Hércules, poríamos o grande poeta em calças curtas. Certamente responderiacom versos harmoniosos, imitando os doutores da igreja, que, quando nãoconseguem uma resposta ditam que faz parte dos mistérios de Deus.Como saber se a alma aérea de Hércules se acharia mais a vontade em Vênus ouSaturno que na Terra? Ou estaria no Sol? É de crer que não estivesse muito àvontade nessa fornalha, ou Elias, onde estaria mais bem colocado, teriaestacionamento para sua carruagem de fogo? Naturalmente a estacionaria ao ladoda carruagem do deus grego Hélius, pois até o nome ambos tem parecido, Elias eHélius, com suas carruagens de fogo, seria apenas coincidência? Finalmente, queentenderiam os antigos por o céu? Ignoravam o que fosse. Sempre disseram o céue a terra. É como se dissessem o infinito é um átomo. Propriamente falando nãoexiste céu. O que há, caro leitor, é uma quantidade prodigiosa de globos girandono vazio do espaço, um dos quais é a Terra. Criam os antigos que ir aos céus erasubir. A verdade, porém, é que não se sobe de um astro a outro. Estão os corposcelestes tanto abaixo como acima do nosso horizonte, não existe acima ou abaixono espaço. Assim, supondo que, tendo vindo a Pafos, Vênus regressasse a seuplaneta quando este se houvesse posto, não subiria em relação ao nosso horizonte:pelo contrário, desceria, e nesse caso deveria dizer-se descer ao céu. Porém osantigos não alcançavam tais sutilezas. Tinham noções vagas, incertas,contraditórias sobre tudo que concernia à física. Escreveram-se volumes de váriosKilómetros a fim de saber o que pensavam acerca de um sem número de questões.Bastariam duas palavras: não pensavam.Sempre é bom excetuar alguns sábios Mas vieram mais tarde. Poucosmanifestaram seus pensamentos, e foi o quanto bastou para que os charlatões osmandassem para o céu pelo caminho mais curtoPretendeu um escritor, chamado, creio; Pluche, promover Moisés a grande físico.Já antes outro o conciliara com Descartes e dera à estampa o Cartesius Mosaizans.A dar-lhe ouvidos foi Moisés quem primeiro concebeu os turbilhões e a matériasutil. É, no entanto, caro leitor, por de mais sabido que Deus, fazendo Moisés um

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grande legislador, um grande profeta, nem sequer lhe passou pela veneta fazê-loprofessor de física. Moisés ensinou aos judeus qual era seu dever, mas não lhesdisse palavra de filosofia. Calmet, que compilou às pressas e sem nuncaraciocinar, fala de sistema dos hebreus. Porém esse povo grosseiro nunca tevesistema algum. Nem sequer possuíam escola deGeometria. Em comparação com outros povos de sua época, eram extremamenteatrasados e analfabetos O termo era literalmente grego para eles. Sua ciência era oofício de fabricantes de vasos ou pastores.Deparam-se em seus livros algumas idéias obscuras, incoerentes, dignas em tudopor tudo de um povo bárbaro, sobre a estrutura do céu. Seu primeiro céu era o ar.O firmamento, sólido e de gelo, sustinha as águas superiores, que ao tempo dodilúvio vazaram desse reservatório por portas, eclusas e cataratas, compunham osegundo céu.Acima do firmamento ou das águas superiores estava o terceiro céu ou empíreo,para onde foi arrebatado S. Paulo, Moisés e Elias. Formava o firmamento umaespécie de meia abóbada continente da Terra. O Sol não girava em torno da Terraporque sequer concebiam que a terra fosse redonda. Chegando ao ocidente,voltava ao oriente por caminho desconhecido. E se não se via era em virtude deque, como disse o Barão de Foeneste, desandava de noite. Todas essas fantasiasadotaram-nas os hebreus dos outros povos. Considerava o céu a maioria dasnações, tirando a escola dos caldeus, como um sólido. A Terrafixa e imóvel era mais longa de oriente a ocidente que de sul anorte. Daí as expressões longitude e latitude, por nós adotadas.Claro que, desta forma, era impossível haver antípodas(habitante diretamente oposto à nossa posição no globo). Sto.Agostinho trata a idéia de antípodas de absurdo, e dizexpressamente Lactâncio: "Haverá indivíduos tão estúpidos aponto de crerem que possa haver homens de cabeça parabaixo?" Está correto Sto. Agostinho,pois como poderiamantípodas verem o mesmo Deus?Pergunta S. Crisóstomo em sua décima quarta homilia: "Onde estão os quepretendem que os céus sejam imóveis e de forma circular?” ·Diz ainda Lactâncio no livro terceiro das Instituições: "Poderia demonstrar-voscom uma enfiada de argumentos que é impossível que o céu circunde aTerra"Que diga quanto quiser o autor do Espetáculo da Natureza terem sido Lactâncio e

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S. Crisóstomo grandes filósofos. Responderei terem sido grandes embusteiros, ecomo diz a igreja, não é necessário para os santos embusteiros serem bonsastrônomos. Acredito que estejam hoje no céu da igreja: mas confesso que não seiem que ponto precisamente, se no alto, em baixo...O gênesis e a criação IIO nosso sapiente Deus astrônomo separou luz das trevas, sinceramente queriasaber como essas poderiam estar juntas já que escuridão nada mais é que ausênciade luz! Quando Deus fez as plantas e ervastêm-se que observar um fato curioso; senão havia ainda o pecado e, porconseguinte a morte, pergunta-se: Pra quesementes e frutos se estes representam areprodução do individuo vegetal para aperpetuação da espécie? O primeiro nãoiria morrer!Se Deus não havia criado o sol, ao tempodas plantas, de onde vinha a luz para afotossíntese das plantas e ervas?O total desconhecimento do criadorelohista quando da criação dos luzeiros maiores (Sol e Lua) é incrível. Sabemosque a Lua jamais poderia ser um astro maior mediante as estrelas. A total falta deconhecimento faz-se visível nesta narração elohista.Deus mandou os animais se reproduzirem, ordem totalmente estranha, pois omesmo poderia criar filhotes ou mais indivíduos num piscar de olhos, além domais para que a reprodução se não havia ainda a morte? Adão e Eva foramcriados então com órgãos genitais? Claramente presumi-se que ambos eramandróginos. Por que da separação homem e mulher? Só há uma resposta paratal pergunta; sexo. Sim, caro leitor, o deus elohista aspirava que suas criaturassentissem o prazer do sexo, pois não haveria outra razão para a criação de machoe fêmea, e devemos lembrar que estamos falando do ponto de vista de El,um deusem forma de Pênis. Mas se o sexo é um prazer carnal, qual o sentido de umespírito puro criar tal deleite? Historicamente, sexo eespiritualidade foram parceiros de cama complicados,enquanto algumas religiões da antiguidade incluíam asexualidade em seus ritos, pois a sexualidade,segundo alguns psicólogos ,embute também prazer pelaviolência, outras procuravam controlá-la, tanto pelasupressão ou por severas limitações de sua expressão. Amaioria das religiões dominantes no mundo hoje prega asublimação das necessidades sexuais ou sua canalizaçãopara formas socialmente aceitáveis, como o casamento. Aabstinência sexual dos Padres(pelo menos a oficial) éuma profusão dos rituais de Cybele (Minerva) onde seus

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sacerdotes se tornavam eunucos para viver exclusivamente para a deusa ou deusem questão,e essa pratica sobreviveu até os dias da queda de Roma,se tornandoassim um costume muito conhecido à época pelo primeiros cristãos.Na contra mão dessa tendência de limitar a alma à igreja e a carne à cama, asexualidade sagrada, caro leitor, era vista também como uma forma deespiritualidade que via o sexo como um meio de experimentar a comunhão com odivino. O sexo sagrado aproveitava o poder da sexualidade com o objetivo deacelerar a transformação pessoal e intensificar o crescimento espiritual do vivente.Várias tradições antigas incluíram a sexualidade em ritos religiosos. Por volta de3.000 a.C., os Sumérios encenavam ritualmente o Casamento Sagrado , a uniãoentre uma sacerdotisa de sua deusa Inanna e um sacerdote-príncipe, como ummeio de obter favores da deusa para suas cidades. Na Grécia, esse tipo de sexoritual teve continuidade e era chamado de hiero gamos, que consiste natradicional reconstituição do casamento da deusa do amor e da fertilidade com seuamante, o jovem e viril deus da vegetação. Várias fontes antigas sugerem que estetipo de prática também deveria fazer parte dos Mistérios de Eleusis, dedicado àdeusa Deméter. Há evidências de que este rito também fosse praticado pelosEgípcios no culto da Ísis e ele tenha permanecido até a era Romana.Prostituição Sagrada - Na Antiguidade, em váriascivilizações do Oriente Médio também era comum a práticada prostituição sagrada, pela qual os homens visitavamtemplos, onde tinham relações sexuais com o objetivo decomungar com uma deusa particular(Astharte). Por estaconcepção a prostituta sagrada encarnava a deusa, tornandoseresponsável pela felicidade sexual, "a veia através daqual os rudes instintos animais são transformados em amor e na arte de fazeramor", explica Nancy Qualls-Corbett, autora do livro "A prostituta sagrada",.Era também costume caldeu e hebreu, o pai levar sua filha ,após sua primeiramenstruação, virgem, ao templo para ser consagrada a um determinado deus ou aIahwéh.Esse suposto deus iria escolher e usar a virgem para colocar sua divina sementeno ventre da pequena inocente ,esperando assim que brotasse desse pequenoabdômen o seu filho ou a forma carnal dele próprio, Deus, em questão,tambémchamado de Nazdrim ou Nazireu.Como o deus não tem forma carnal, quem colocava a semente divina no ventrevirginal era nada mais, nada menos,que o sempre pronto sacerdote dotemplo que consumava o ato sexualem nome do deus que este

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representava na Terra. Maria amãe do Cristo judeu, provavelmenteé uma alusão à esse costumemesopotâmico,lembrando que oJesus cristão é também chamado deNazareno, não se referindo à cidadedeste,mas sim,por ser um Nazireu.A cidade de Nazaré não existiaainda no século I d.C.Na bíblia,quando encontramos apalavra “conhecer”,essa se refere claramente ao ato sexual. A tradução pudica éque alterou “ fazer sexo” por “ conhecer”.Podemos encontrar tal situação nas passagens de;Gn4: 1a17 I Sam1: 20 Mt1: 25 Lc1: 34 Gn19: 5...Nesse período em que existia a prostituição sagrada, as culturas constituíram-sesobre um sistema matriarcal que, muito mais do que mulheres em cargos deautoridade significava um foco em valores culturais diferentes, onde o patriarcadoestabelece lei, o matriarcado estabelece costume; onde o patriarcado estabelece opoder militar, o matriarcado estabelece autoridade religiosa; onde o patriarcadoencoraja a areteia (valor, força e perícia) do guerreiro individual, o matriarcadoencoraja a coesão do coletivo, algo que tem a ver com a tradição". (WilliamThompson, The Time Falling Bodies Take to Light).Em outras palavras,caro leitor, o que diferencia matriarcado de patriarcado não é ofato de que o poder esta na mão da mulher ou do homem, e sim uma diferenteatitude.De acordo com Nancy Qualls-Corbet, em matriarcados antigos a natureza e afertilidade consistiam no âmago da existência. Suas divindades comandavam odestino, proporcionando ou negando abundância à terra. Desejo e resposta sexual,vivenciados como poder regenerativo, eram reconhecidos como dádiva ou bênçãodo divino. A natureza sexual do homem e da mulher era inseparável de sua atitudereligiosa. Em seus louvores de agradecimento, ou em suas súplicas, eles ofereciamo ato sexual à deusa, reverenciada pelo amor e pela paixão. Tratava-se de atohonroso e respeitoso, que agradava tanto ao divino quanto ao mortal. A prática daprostituição sagrada surgiu dentro desse sistema religioso matriarcal e, porconseguinte, não fez separação entre sexualidade e espiritualidade. Devido aosfatos ocorridos durante a historia do cristianismo, onde Padres e PastoresProtestantes seviciaram crianças e mulheres, parece que o costume mesopotâmicofoi repassado ao cristianismo.

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Gênesis IahveistaNa seqüência do Gênesis Deus conversa sabe-se lá com quem e afirma “Façamoso homem à nossa imagem” , Nossa imagem? Nós quem? Essa indagação ficamuito fácil responder. Já foi dito anteriormente que El fazia parte de um panteãode deuses idêntico ao panteão hindu e babilônico,dentre outros, e ficou bastante claro no versículo26 do Gênesis, essa idéia. Os apologistas nuncaexplicaram isso para você não é caro leitor?No capitulo 2 do Gênesis já começamos a adentraro campo palestino judaico ou do “reino” do sulonde, havia a tribo de Judá, um povo maisalvorotado, com uma narração parecida à gênesis 1,porem com desencontros devido a conseqüentemiscigenação com a divindade El. A divindade éIahwéh (idéia figurativa de Iahwéh, pois o mesmonão possui forma), divindade guerreira e senhordos exércitos(Sabatt) do reino do sul. O nomeIahwéh significa “ Sou o que sou” epitáfiosemelhante a várias entidades análogas como Brahma, Tammuz, Alláh, dentremuitos outros.Neste capitulo Deus já não paira sobre as águas, mas está presente em uma terraquente de onde expele calor e vapores. Nada mais normal, pois no sul do hojeterritório do Iraque a região é árida e muito quente, um pouco diferente do reinodo norte, Israel, mais amena. Deus primeiro cria o jardim do Éden para depoiscriar o homem. Primeiro cria Adão e mais tarde cria Eva entrando em conflitoclaro com Gênesis 1, onde esse afirma que ambos foram criados juntos Assim,Iahwéh, pronúncia transfigurada de Ihaho, um deus cultuado em umadesconhecida montanha Iahuo, em território madianita. O deus dos israelitasdo sul é o resultado do sincretismo religioso do deus dos relâmpagos, Iahu, dosmadianita e quenitas, conhecido também pelos arameus do norte da Síria, com adivindade das terríveis tempestades de deserto, o deus Ya'uq, temido pelosárabes, ao qual os hebreus entraram em contato nos séculos XII e XI a. C.O período "pré-mosaico" (séc. XIV a. C.)Dados da historiografia e da arqueologia não atestam o culto de Iahwéh antes doséculo XIII a.C. e, portanto, antes de Iahwéh tornar-se o protetor da confederaçãotribal israelita, os hebreus admitiam vários sistemas religiosos simultâneos, enenhum deles entravam em conflito na cabeça daqueles nômades. Os hebreuspertenciam a grande etnia semítica sumeriana. Os antigos semitas veneravam umaforça impessoal, invisível e intangível, expressa no princípio divino 'l, que agia na

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natureza, mas não tinha consciência de si. Este princípio divino aparece em todasas civilizações semíticas posteriores como Allá dos árabes, El dos cananeus eIsraelitas do norte, Baal dos fenícios, Ilu dos assírios e Bel dos caldeus, e valeressaltar que todas essas entidades têm como ancestral em comum, o panteãohindu.O culto ao "deus dos pais” - Os líderes dos acampamentos, os patriarcas, rendiamculto especial ao chamado "deus dos pais", o antepassado mítico do clã. Cada clãpossuía seu "deus dos pais", uma espécie de heróilendário que fundou o clã e transmitiu os costumese instituições da família. O "deus dos pais" nãotinha um local fixo de culto, residia em uma tendaespecial e acompanhava as viagens do clã pelodeserto e pela estepe, assegurando o bomrelacionamento com os vizinhos e protegendo osmembros do clã contra os infortúnios das viagens.O "deus dos pais" não possuía uma representaçãofigurativa, porque é extremamente difícil nodeserto e na estepe a confecção de imagens.Notemos que no Pentateuco ou Velho TestamentoO Deus israelita sempre se intitula como o “ deusde seus pais” , o deus de Abraão,para Isaque,o deusde Isaque para Jacó , o deus de Jacó para José epor aí adiante...Paralelamente ao culto do "deus dos pais", os hebreus veneravam árvores, fontesde água, grutas, montes, etc., que se relacionavam de alguma maneira com oseventos lendários do mito do "deus dos pais" (locais por onde o antepassadoatravessou, etc.). Por outro lado, estes objetos da natureza também eramcompreendidos como entidades sagradas, pois, eram os receptáculos de uma forçainvisíveis, similares aos gênios das tribos árabes.O culto às pedras-Os hebreus do século XIV a.C. também veneravam pedrasmágicas, os terafins, relacionados também ao culto ancestral. Apareceram após asupressão ao culto de imagens de "deusas-mães", que as mulheres recorriam a suaproteção no momento do parto. Os terafins não eram propriamente deuses, mas,amuletos mágicos, símbolos da prosperidade.Estas pedras eram mantidas dentro dastendas.O culto às forças naturais e à serpente -Eracrença corrente que uma entidade furiosahabitava o deserto e os hebreus imputavam aesta força, caro leitor, a responsabilidadepelas tempestades de areia que derrubava as

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tendas e desaparecia com as rezes, além de trazer as doenças como urticária queatacavam o gado. Para aplacar a ira desta entidade, os hebreus recorriam aosacrifício do cordeiro e do bode. Era um sacrifício pascal, praticado antes do inícioda primavera, quando então, imolava-se um cordeiro. Um sacrifício análogoocorria no outono, antes da transferência para a pastagem na estepe, quando então,era solto um bode no deserto. A circuncisão, prática encontrada entre ossacerdotes egípcios da Antigüidade e numerosas tribos árabes, era uma medidapara afastar a infertilidade que poderia abater tanto sobre a família quanto sobre ogado: para agradá-la, recorria-se a circuncisão, a entidade fugia afugentada pelohorror ao sangue ou era aplacada com o rito. O prepúcio era oferecido e, ocorriana ocasião da passagem do membro masculino para a vida adulta ou da iniciaçãoao casamento. O culto à serpente era uma prática muito comum na Palestina;imagens de serpentes recebiam culto especial, pois, com este culto apotropeico, oshebreus julgavam afastar ou minimizar as picadas das víboras reais, já que erammuito freqüente na Palestina.Práticas mágicas- Os hebreus eram um povo roto e rude, sem escrita e muitosupersticioso. Havia numerosas interdições religiosas de caráter alimentar, sexuale social. Vivendo em um ambiente hostil do deserto eda estepe, em confronto com povos vizinhos esofrendo constantes perigos de animais selvagens, oshebreus recorriam freqüentemente às magias. Entreelas, caro leitor, destacam-se a crença no "mauolhado"egípcio, o poder mágico da palavra (proferido como bênção ou maldiçãopelo moribundo), a crença na magia da dançada chuva e da dança da guerra, o uso mágicodo vestuário, a magia da impostura da mão, ouso da necromancia, etc. Havia, curandeiros,videntes, adivinhos.Os mitos- Há fortes indícios que os antigoshebreus conheciam uma pluralidade de mitos,entretanto, a grande maioria foi combatida epropositadamente esquecida pelo clerohiaveísta. Os hebreus acreditavam naexistência de gigantes, do monstro marinhoTannin e no dragão Leviatã; possuíam umaconcepção que acima da abóbada celeste era coberta por água. A presençamitológica de animais fabulosos, os serafins, criaturas sinuosas, Serafim está na

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raiz srph, (seraph), que significa "abrasador", uma alusão a crença em dragões.O antigo iaveísmo (sécs. XIII e XII)Com o assentamento em Palestina (nome dado pelos romanos em alusão aosfilisteus), os hebreus, agora denominados israelitas, tornaram-se agricultores efundaram uma confederação tribal denominada Beni-Israel, filhos de Israel. Nestaépoca, o contato com a civilização cananéia provocoumodificações na religiosidade israelita. O culto ao "deus dospais" foi substituído pelo culto à divindade cananéia,que jáestudamos, El, Ele o deus do céu, da palavra el, originou nohebreu o termo eloá, deus; a palavra elohin é o pluralintensivo de eloá, para designar a majestade divina.A) A emergência do culto de Iahwéh. A origem de Iahwéhestá ligada a um pequeno grupo que saiu do Egito em 1.200a.C., conheceu a divindade madianita Yahu e fez osincretismo com o Ya'uq dos árabes, constituindo, então, emYaho. Deus guerreiro, senhor do relâmpago, tal como sugereo nome original Yaho do verbo hwh/hwy primitivo, que significa "cair", "abater",ou "descer", uma clara alusão ao relâmpago, assegurava a vitória sobre osinimigos de Israel. Mais tarde foi denominado a Iahwéh o epitáfio de Sou o quesou, ou Aquele que é, análogo ao deus hindu Brahma e Allah.O grupo que saiu do Egito dirigiu-se aooásis de Cades, onde ali receberamelementos que futuramente iriam seconstituir na tribo dos levitas. Essesfuturos levitas cultuavam o deusserpenteNehustan da palavra nahash,o deus símbolo da sabedoria e da curamedicinal. Os levitas, cuja palavraárabe lawah significa "desenroscarse",possui uma etimologia muitoparecida com Levi-athan, o dragão,adentraram ao círculo de Moisés após a lendária passagem pelo Egito eidentificaram em Iahwéh atributos do seupróprio deus e foram um dos principais divulgadores do hiaveísmo. Este clerotrouxe para o culto israelita uma nova modalidade de adivinhação: os objetos depedra urim e tumim (que significam respectivamente "maldito" e "inocente").Relacionados a prática oracular, estes objetos eram mantidos dentro de sacolas, equando se fazia uma pergunta e se tirasse um tumim, significava um "sim", e setirasse um urim significava um "não".Iavé ou Iahwéh era sempre evocado no contexto das batalhas com os povosvizinhos como convém a um deus guerreiro, pois, era o protetor da confederaçãotribal israelita.

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Os outros cultos- Com a adoção da agricultura, os israelitas cultuavam os diversos"baals" de cada localidade, tidos como generosospropiciadores de abundante colheita. Era a Baal e não aIavé que os agricultores israelitas julgavam aresponsabilidade da fertilidade do solo. Os "baals" eramconcebidos na forma de um tronco de árvore decepado,de uma estaca de madeira fincada no terreno ou naforma de um amontoado de pedras.Os terafins assumiram uma forma humana e passaram aser amuletos de cunho pessoal, em vez de ser da família,como era na época da pastorícia. Quando os terafinseram recobertos com algum tipo de metal chamavam-sede éfode. O éfode, do hebraico 'pd, significa: 1o a partedo vestuário sacerdotal, a tanga de linho, usada pelosministros do culto, 2o o éfode do sumo-sacertode, espécie de colete preso por umcinto e suspensório, 3o os objetos oraculares urim e tumim.O hiaveísmo no Período dos Juízes (sécs. XII - X a.C.)Os ritos agrários - No período pré-estatal, os israelitas adotaram muitos deusescananeus, além de El e de Baal (Senhor), as divindades cananéias adotadaspossuíam um atributo específico, de acordo com a divisão do trabalho, reflexo quese operava na complexificação da sociedade. HaviaDagon, o deus do trigo; Astarte, a deusa do amor;Tammuz, o deus da vegetação; a deusa do Sol,Shapach, e a deusa-mãe Asherah (Senhora)associada ao culto de Baal. A preocupação com afecundidade da terra afetou profundamente ohiaveísmo. Os camponeses adoravam Iahwéh naforma de um touro em um altar cercado por umapaliçada (que mais tarde a teologia sacerdotaltransformou na narrativa do "Bezerro de Ouro"). Aassembléia de anciãos, caro leitor, recorria a Iahwéhna forma de máscaras humanas (encontradas emHazor) para obter oráculos sobre a estratégia de guerra, e, na liturgia, ossacerdotes utilizavam um objeto, o éfode.Os deuses tribais - Cada tribo, além disso, possuía um patrono: o asno, o cordeiro,o bezerro. As tribos israelitas do norte (José e Efraim) cultuavam o deus-touro,símbolo da fecundidade. A discordância entre vários profetas e sacerdotesapregoando que o seu deus era o único vivo ou o mais poderoso, longe de ser umproblema religioso era muito mais, por situações políticas.O deus El- A divindade cananéia El, como já vimos, era o deus do céu, oscananeus, julgavam-no o criador do mundo e da humanidade e da fecundidade; oseu culto foi sobrepujado pelo deus Baal, seu filho, tornandoassim, um deus ocioso. Entretanto, os israelitas associaram osatributos do deus El ao deus Iahwéh, criando agora um novo

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sincretismo. Acontece que o El israelita era uma divindade daconfederação tribal, era uma entidade impessoal, por exemplo,Iavé-El era adorado sob a forma de vários epítetos, cada um delesevocado de acordo com um contexto específico. El Elion, o deus altíssimo (aparte mais alta de uma porta); El Shaddai, "o todo poderoso" (na verdade, aetimologia da palavra sugere ser o deus da estepe: shaddu, estepe), era cultuadoem Manre; El Sebaot, o "deus das hostes celestiais", evocado no contexto dabatalha, era adorado em Silo; El Ro'i, o deus da visão, "o onisciente", cultuadoem Neguebe; El Olam, o deus eterno, cultuado em Berseba; El Bethel, o deus deBethel, cultuado nesta cidade; sem mencionar, é claro nos vários qone eretz, opossessor do solo, representado pelos "baals", e o massebah (plural massebot),estela de pedra, na forma de um falo (Pênis), símbolo das divindades masculinascananéias. Havia um versão feminina dessa estela: a asherah (plural asherot).Nota-se claramente no Antigo Testamento que as muitas passagens,quando lidasem um contexto ,realmente não relatam ou não cultuam um mesmo Iahwéh ,masmuitos Iahwés diferentes,cada qual invocado em uma determinada e específicasituação.A representação de Iahwéh ou Iavé- O caráter nacionalista de Iavé não foi umapeculiaridade na História das Religiões. NaAntigüidade houve povos que concebiamque o seu deus supremo como umadivindade cósmica, com poderesextraordinários, mas, restritos ao seu país.Estes povos concebiam o seu deus sob aforma humana, mas, admitiam que nenhumhumano podia vê-los. Inclusive, entre osassírios, Assur, aparentemente não chegoua ter representação figurativa. Além disso,as tribos árabes do norte da Síria possuíamuma concepção metafísica de uma forçainvisível, o princípio 'l, que certamentecontribuiu para a formação do mito deIahwéh. Por outro lado, os israelitas nãodesconheciam ídolos religiosos, como já foimencionado. Ademais, caro leitor, além dosímbolo do touro, no dia a dia da vida do camponês havia o éfode, a massebah, e aArca da Aliança, o símbolo da presença do deus. Os trechos do Êxodo XX, XXIIIe XXIV, 17 proíbem a representação do deus de Israel moldado em metal, ouro ouprata, o que deixa livre o uso de outros materiais como osso, madeira e pedra,

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certamente menos custosos. Era senso comum que os israelitas concebiam do seudeus nacional Iavé na forma humana e pertencente ao sexo masculino; é um deustemível, exigente, vingativo e muito ciumento e como já explanamos, constitui umreflexo de uma sociedade altamente militarizada, machista e patriarcal, protegiaseu povo e era implacável com quem o contestasse. Os textos do Pentateucocomentam a sua personalidade: Iahwéh descansa, arrepende-se, ira-se, alegra-se,ouve, vê e fala aos homens.O monoteísmo- Na mente da população camponesa, iletrada e restrita ao seuterritório, a idéia de uma divindade humana, de caráter universal, única e semrepresentação figurada era deveras abstrata e difícil de conceber. Outrossim, caroleitor, os israelitas aceitavam normalmente que os deuses de outros povos eramtão verdadeiros quanto o seu, Iavé era, o deus nacional de Israel assim comoMarduk era o deus nacional da Babilônia, Assur o deus dos assírios, Quemoch odeus dos moabitas e Milcom, a divindade protetora do povo amorita, o quesignificava que o israelita comum professava na realidade, uma monolatria(processo pelo qual um devoto diante de uma multiplicidade de divindades,declara culto exclusivo a uma só, por uma espécie de bajulação excessiva e umarelação afetiva para com o seu deus, excluindo os demais deuses, mas,reconhecendo-os como reais). A partir do momento que o Deus cristão ,herdeirode Iahwéh, teme outros deuses ou pretende desmistificar o dragão Leviatã ,odiabo,mostra-se aí uma evidente e sincrética monolatria.O hiaveísmo no período da monarquia (sécs. X - VII)O hiaveísmo conviveu com a religião cananéia e foi pouco a pouco absorvendosuas concepções. Tal sincretismo continuou por muitos séculos, tal como podemosencontrar na religião dos colonos judeus, no século V a.C., em Elefantina, Egito,que, inclusivamente, conceberam umadivindade fêmea consorte de Iahwéh: AnatIahu.Iahwéh estava a frente de umamultiplicidade de divindades, era o deussupremo de Israel,ou melhor dizendo era oplural de vários deuses, protetor daconfederação tribal, contudo, no dia a dia,os israelitas recorriam as divindades maisligadas ao culto agrário: os deuses tribaistinham mais substância e presença do que odeus supremo , Iahwéh era o deus nacionalda confederação tribal e não um deus decunho pessoal. Por outro lado, devemosconsiderar que as concepções do iaveísmo

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variavam muito de aldeia para aldeia e naprática, cada pessoa interpretava livrementeos mitos e os ritos.A participação do Estado na religião - Quando a realeza supostamente unificou astribos depois da libertação da babilônia, deu-se a idéia de um Israel, mais tardeformulada na mitologia do "pacto". Neste ponto, o hiaveísmo foi bastantepromovido pelo Estado: foi a corte e o clero ligado ao palácio que tiveramrecursos para criar a literatura religiosa e o culto elaborado. Na ideologia deEstado, Iahwéh foi comparado à realeza: era um deus que governava Israel comsua corte celestial; dizia-se que Iahwéh possuía servos, mensageiros, um trono eindumentária; reinava em Israel assim como os outros deuses reinavam em outrasnações. O clero elaborou um primitivo decálogo, mais tarde atribuído a Moisés,onde podemos encontrar as antigas concepções do hiaveísmo da realeza:1- Não curvarás a tua fronte diante de nenhum deus estrangeiro.2- Não construirás nenhum deus de metal fundido.3- Observarás sempre a festa dos ázimos, no mês de nisan (março/abril), pararecordar a tua passagem no deserto. [O termo hebraico é pesah, em grego é ditopascha, que se tornou depois páscoa. Relacionava primitivamente à festa doinício da primavera,culto esse celebrado em todas as culturasprimitivas,principalmente no Egito.4- Todo primogênito é meu: resgatarás com um sacrifício o primeiro parto entrea criação, grande ou pequena, o primogênito entre os filhos. O sacrifício decrianças não era desconhecido pelo iaveísmo; sacrificava-se crianças na ocasiãoda ereção da pedra angular ou no término de uma construção; Um deus análogo aIahwéh era Melak, um deus cananeu que exigia o sacrifício de crianças,entretanto, considerando a alta taxa de mortalidade infantil, é possível que ascrianças fossem oferecidas já mortas. Outrossim, o sacrifício a Iavé era as rezes.5- Jamais comparecerás diante de mim de mãos vazias.6- Três vezes por ano todos os teus filhos homens comparecerão perante oSenhor. As três festas pastorais da primavera, do verão e do outono.7- Jamais deixarás correr o sangue da minha vítima diante do pão fermentado.Lembranças das velhas proibições rituais, ligado ao caráter sagrado do sangue edo lêvedo praticado entre os babilônios. O sangue realmente estragava o pão8- Não deixarás para amanhã o consumo de minha vítima pascal. Para que nãose esgote a carga mágica que traz em si todo animal sacrificado aos poderesdivinos.9- Levarás a flor das flores das primícias do solo à casa de Iahwéh.10- Não cozinharás o cabrito no leite da sua mãe. Esta é uma antiga proibiçãotabu, encontrada, sob uma forma mágica, em uma das lâminas órficas descoberta

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nos túmulos da Magna Grécia, em Turi, hoje Terra Nova de Sibari, Calábria,século IV a.C. "Cabrito cai no leite", isto é, estou para me tornar imortal.Os novos mitos - Israel agora concebia a sua divindade principal com a mesmanoção de deuses indo-europeus e súmero-acadiano, isto é, como um senhor(Baal)pessoal e ciente, poderosíssimo ,acima da humanidade, ao qual o devoto deveriasubmeter-se e servir; de fato, isto se explica pelo motivo de o hiaveísmo está nocontexto de uma sociedade de classes, reflexo da existência de senhores poderososreais. O clero estatal elaborou uma mitologia para a religião, graças aosacréscimos vindo da Mesopotâmia: da Assíria, incorporaram a idéia de querube(plural, querubim), do caribu assírio, gênios com cabeça de homem, corpo de leãoou touro, asas de águia e patas de ouro, que vigiavam as portas de templo epalácios; da Babilônia, Iahwéh foi comparado a Marduk, o deus que derrotava odragão Tiamat e criava o mundo, em Israel, o monstroera o dragão marinho Leviatã. Iahwéh estava acimado bem e do mal; a abundância, as graças, infortúniose as pragas era devido a Iahwéh. Os textos bíblicosmencionam que Iavé amaldiçoa gerações inteiras,destrói cidades, aflige a humanidade com dilúvios,etc. Contudo, a jurisdição de Iavé sob o mundo nãoera total; era idéia corrente que após a morte,caroleitor, o defunto não estava mais sob a proteção dodeus.Um outro mito que foi combatido e propositadamenteesquecido pelo clero hiaveísta foi a lenda da primeiramulher de Adão: Lilith, que se revoltou contra o seumarido. Esta lenda se tornou um escândalo para asociedade patriarcal e machista, e foi rejeitada naredação final do Gênesis.Reformas religiosas. Os reis Saul, Asa, e Josafá proibiram a necromancia, aprostituição sagrada, em seguida, combateram aereção de estacas divinas (massebah). Saul e depoisJosias passaram a perseguir e a punir os feiticeiroscom a morte (1Sm XXVIII, 3 e 9; 2Rs XXIII eXXIV). Ocorre gradativamente o desaparecimentodo ro'eh, vidente e adivinho para questõesprivadas, cujo suposto Samuel foi um dos últimos,é substituído pelo nabi (do cananeu, nabu, "aqueleque foi chamado") profeta de origem cananéia quese vestia de manto de pele preso por um cinto decouro, levava uma vida cenobítica,perambulando em grupo pelas regiõese profetizando sob a autoridade de umchefe, chamado "o pai" (Abbá).O hiaveísmo no século VIIUma nova versão do decálogo foi

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elaborada, que remonta ao período quevai do século VII ao século VI a.C.Havia duas versões, a mais antiga está incluída no Deuteronômio V,6-18, pode ser atribuída ao programa de reforma religiosa, e a outra, amais recente, está transcrita no Êxodo XX, 2-17, e é de caráter litúrgico-ritual,pertence ao período de cem a duzentos anos após a tomada de Jerusalém pelosbabilônios;1- Não terás outro deus diante de Iahwéh. Trata-se de uma afirmação demonoteísmo ritual, e não teológico; outros povos possuem deuses tão verdadeirosquanto Iavé, mas os israelitas não podem cultuá-los.2- Não esculpirás nenhuma imagem e nenhuma representação de coisas queestejam no céu, sobre a terra e nas águas debaixo da terra.Proibição feita sobmedida para terminar com a confecção de amuletos e terafins.3- Não pronunciarás em voz alta o nome do Senhor. Quem possui o segredo donome também possui o poder mágico que ele confere; é por isso que é necessárioimpedir que os estrangeiros possam apoderar-se do nome do deus.4- Guardai escrupulosamente o dia de sábado. O sábado era a festa da lua cheiados sumérios, os babilônios tomaram dos sumérios com o nome de shabattu;abstiam de trabalhar nos dias "que traziam desgraças" (dias 7, 14, 21, e 28 dosdois meses de Elul II e Marchesvan). Os cananeus tomaram o sábado dosbabilônios que, por sua vez, transmitiram aos israelitas com o nome de shabbath.Era o dia do repouso e "ação de graças" recordando o velho mito dos fictícios anosque os hebreus passaram como escravos no Egito, e foi mais tarde estendido aosgrupos de hebreus que perambulavam pelo Egito atrás de comida. Sob o impulsodos profetas do século VII, teve um significado teológico: o dia de descanso deIavé. Entende-se aí a palavra descanso por inicio de um novo ciclo.5- Honrarás teu pai e tua mãe. Trata-se de um preceito que se seguido asseguralongos anos de vida na terra.6- Não matarás. Em hebraico, a expressão é "não assassinar", isto é, não matarum membro do clã; outrossim, a morte do inimigo, mulheres e crianças, éadmitida.7- Não praticarás adultério. Isto é, apenas não seduzir uma mulher casada ouapenas prometida a outro; seduzir uma mulher núbil ou escrava não é adultério, eo mesmo não se aplica às mulheres.8- Não roubar. Não roubar de um membro do clã, pois de um estrangeiro nãohavia problema.9- Não levantar o falso testemunho contra o teu vizinho (membro do clã).10- Não desejar a mulher do seu vizinho (Clã), nem o seu campo, a sua escrava, o

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seu escravo, o seu boi, o seu asno, etc. O termo hebraico para desejar é "por osolhos em cima", é provável que se refira ao mau olhado, isto é, lançar um mauagouro sobre a propriedade alheia]Com o cisma político, Iahwéh tornou-se um deus nacional de dois povos inimigos.Este foi o primeiro exemplo histórico que permitiu a concepção de um deus deuma outra nação, e daí para o universo, foi um pulo.Foram os nabim (singular: nab), profetas errantes que combateram o culto deBaal e outros deuses, transformando a religião hiaveística centrada no templo deJerusalém, e depois, pelos sacerdotes do exílio, em uma religião ritualista.Indagações sobre o Gênesis hiaveistaPor que o deus hiaveísta fez macho e fêmea para todos os outros animais e não ofez para Adão em um primeiro momento? Se ele não tinha em mente criar umacompanheira para o homem ele precisou refazer sua obra, pois Adão, aprincipio,como já supomos, não tinha pênis. Criar a mulher a partir da costela deAdão é uma coisa meio que estranha para um leigo que não conheça historiaantiga, mas muito comum nas culturas antigas. A costela(carne escondida)representava para os antigos uma espécie de representação de poder, análogo aochifre (osso).Os antigos gigantes que habitavam a terra no inicio do ciclo descrito nos textosBrahmânicos tinham centenas de costelasdenotando um enorme poder. Com o passardo tempo o homem gigante foi perdendoesse poder, e começou a diminuir detamanho e foi perdendo o número decostelas devido à sua arrogância e pecadoscometidos contra os deuses. O fato de Adãoceder uma costela para Eva indica piamentequiçá uma forma de divisão de poder com afêmea, ou melhor, que o poder da fêmea sópode vir do macho. Existe, contudo, uma outra interpretação, que nos parecemais fascinante, a de que, a exemplo do que foi feito com os animais, Deus teriacriado um casal: Adão e uma mulher que antecedeu a Eva. Esta mulher primordialteria sido Lilith, figura bastante conhecida da antiga tradição judaica. Lilith não sesubmeteu à dominação masculina. A sua forma de reivindicar igualdade foi a derecusar a forma de relação sexual com o homem por cima.Por isto, caro leitor, fugiu para o Mar Vermelho. Adão queixou-se ao Criador,que enviou três anjos em busca da noiva rebelde. Os três anjos eram Sanvi,Sansanvi e Samangela. Os emissários do Senhor tentaram em vão convencer afujona. Ameaçaram afogá-la no mar. Lilith, porém,

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respondeu: "Deixem-me, não sabeis que não fui criada emvão e que é meu destino é dizimar recémnascidos;enquanto é um menino tenho poder sobre ele atéo oitavo dia, se é menina, até o vigésimo. No entanto, elajurou aos anjos, em nome do Deus vivo, de que sempreque avistasse as figuras santas,não levaria os recem-natos ."Lilith” é usualmente derivado da palavraBabilônica/Assíria Lilitu "um demônio feminino ou umespírito do vento" , parte de uma tríade mencionada nasinvocações mágicas babilônicas.Mas aparece mais cedocomo Lilake em uma inscrição Sumeriana do ano 2000 a.C. que contem a lenda"Gilgamesh e o Salgueiro". É uma demônia vivendo em um tronco de salgueirovigiado pela deusa Inanna (Anath) em uma margem do Eufrates. A etimologia dohebreu popular parece derivar Lilith de layl, noite, e ela freqüentemente aparececomo um monstro noturno peludo no folclore Árabe. Patai, obra citada, citam osnomes Senoy, Sansenoy e Semangelof, como as palavras que devem ser usadaspara afugentar Lilith. Os autores não estão certos que estes sejam os nomespróprios dos emissários do Senhor. De acordo comuma lei sumeriana, se uma mulher odeia seu maridoe diz para ele "Você não é mais meu marido" eladeve ser lançada no rio (Edward F. Campbell Jr eDavid NoelFreedman, The Biblical Archaeologist,A. Doubleday Anchor Original, New York,l970).Provavelmente é numa lei semelhante a estaque se baseia a ameaça dos anjos.Apenas os nomes dos mensageiros de Deus,deixaria a criança em paz. Também é aceito o fatode que diariamente iriam perecer cem dos filhos dodemônio mulher. Lilith(Alto relevo exposto noMuseu do Louvre) foi transformada em umdemônio feminino, a rainha da noite, que se tornoua noiva de Samael, o Senhor das forças do mal. Segundo uma velha tradição,Lilith seria uma figura sedutora, de longos cabelos, que voa a noite, como umacoruja, para atacar os homens que dormem sozinhos. As poluições noturnasmasculinas podem significar um ato de conúbio com a demônia, capaz de gerarfilhos demônios para a mesma. As crianças recém-nascidas são as suas principaisvítimas.A crença em Lilith, durante muito tempo, serviu para justificar as mortesinexplicáveis dos recém-nascidos. Uma forma de proteger as crianças contra afúria da bela demônia é o de escrever na porta do quarto os nomes dos três anjosenviados pelo Senhor. Outra maneira é a de afixar no berço do recém-nascido, três

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fitas, cada uma delas com um nome dos três anjos.Segundo Unterman, na vésperado Shabat e da Lua Nova, quando uma criança sorri é porque Lilith está brincandocom ela. Para protegê-la deve se bater três vezes de leve no nariz da criança,pronunciando uma fórmula de proteção contraLilith.O mesmo Autor afirma que, na Idade Média, eraconsiderado perigoso beber água nos solstícios eequinócios, períodos estes, caro leitor, em que osangue menstrual de Lilith pinga nos líquidosexpostos. Finalmente, uma outra tradição judaicaafirma que a lendária rainha de Sabá que teriavisitado Salomão nada mais era do que Lilith. Osábio rei, contudo, descobriu o ardil, ao levantar asaia da rainha e constatar que as suas pernas erampeludas .Entre nós existe o costume de dizer que uma criança que está sorrindo brincacom um anjo. Esta afirmação, caro leitor, é da mesma estrutura mítica que areferida no texto, passando, porém, por uma transformação simples do tipo("substitua cada elemento por seu oposto binário"). No texto, a criança brinca como demônio, entre nós com o anjo. Segundo uma lenda judaica, após a expulsão doparaíso, Adão para se mortificar ficou cento e trinta anos afastado de Eva. Umaocasião que estava dormindo sozinho, Lilith o encontrou e deitou-se ao seu lado edele concebeu um sem números de demônios. Os que se defrontavam com eleseram torturados e mortos. A rebelião de Lilith contra Adão e o Criador levou anecessidade da criação de Eva, esta formada a partir de uma costela de Adão(Gênesis, 2, 21). É possível, portanto, imaginar que um corte foi realizado entre ocapítulo 1, versículo 28, e o capítulo 2, versículo 21. É provável que este cortetenha ocorrido, mesmo, em época bastante remota, como o quarto século antes deCristo, quando se supõem, caro leitor, que o texto escrito tomou uma formaaproximada da atual.O próprio teor do capítulo 1, versículo 28, sustenta estahipótese: "E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, eenchei a terra...". Como seria possível, abençoar a ambos e recomendar amultiplicação se Eva ainda não estava criada? Chamo a atenção do leitor para umoutro detalhe importante: após a criação de Eva, extraída da costela de Adão, estediz: "Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamadavaroa, porquanto do varão foi tomada" (Gênesis, 2, 23). Para o pesquisadorSicuteri, “ esta é agora...” soa como desta vez numa inequívoca referência a umamulher anterior.Eva, porém, à sua maneira, repetiria o gesto de rebelião de sua

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antecessora. Deus tinha permitido ao homem comer todas as frutas do jardim, comapenas uma exceção: "Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela nãocomerás; porque no dia que dela comeres certamente morrerás" (Gênesis, 2,17). Éexatamente esta interdição que é rompida por Eva. A versão canônica é que amulher assim procedeu tentada pela serpente, sob a alegação de que o consumo dafruta proibida a tornaria tão poderosa como Deus. Acreditando na pérfidaserpente,Eva comeu do fruto proibido e convenceu o seu companheiro a fazer omesmo. A punição por este ato de desobediência original foi a perda daimortalidade, a partir de então os homens tornaram-se mortais. Existem outrasinterpretações para esta história. Os teólogos acreditam que a serpente foi a formatomada pelo demônio para tentar Eva. Existe também, caro leitor, a crença queLilith teria se transformado em serpente para tentar Eva e se vingar de Adão. Umaterceira interpretação é a que faz parte de uma tradição judaica: "a serpente bíblicaera um animal astucioso, que caminhava ereto sobre as duas pernas, falava ecomia os mesmos alimentos que o homem". Quando viu como os anjosprestigiavam Adão, teve ciúme dele, e a visão do primeiro casal tendo relaçãosexual despertou na serpente o desejo por Eva. Por instigação de Satã ou Samael,ou, segundo algumas versões, possuída por ele, a serpente persuadiu Eva a comero fruto proibido e seduziu-a. Como castigo, suas mãos e pernas foram cortadas eela teve de se arrastar sobre o seu ventre, todo alimento que comia sabia a pó, etornou-se eterna inimiga do homem. Quando teve relação sexual com Eva, injetousua peçonha nela e em todos os seus descendentes. Essa peçonha só foi removidado povo de Israel quando estavam no monte Sinai e receberam o "Torá".Expulsos do paraíso, Adão e Eva tiveram, segundo a versão canônica, dois filhos:Caím e Abel (Gênesis, 4, 1 e 2). As causas do fratricídio cometido por Caím sãobastante conhecidasque veremos maisadiante, por issopassamosdiretamente parauma outra versão:"num paroxismo deciúme pela nãoaceitação de suaoferenda e por umairmã gêmea que

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Abel desposara, Caím matou seu irmão".Chamamos a atenção para um elementonovo que surge neste momento, a existênciade uma irmã gêmea que fora desposada porAbel. Posteriormente, voltaremos a tratardeste assunto. No momento, interessa-nosmais a versão de que Caím, de fato, não era filho de Adão, mas da serpente quetinha seduzido Eva. E mais, quando foi banido para o leste do Éden, Deus lheatribuiu chifres, para afugentar os animais que lhe pudessem atacar. A sua puniçãoconsistia em perambular pela terra, sem descanso, sem que ninguém o pudessematar. Contudo, caro leitor, ele foi morto por um seu descendente, Lamech que oconfundiu com um animal selvagem. A versão atual não faz menção ao"parricídio" de Lamech, mas nos dá indício que neste ponto também agiram oseditores bíblicos. Vejamos o que diz os versículos 23 e 24 do capítulo 8 doGênesis: 23. "E disse Lamechas suas mulheres: Ada e Zillaouviram a minha voz; vós,mulheres de Lamech, escutai omeu dito; porque eu matei umvarão por minha ferida, e ummancebo por minhapisadura".24."Porque sete vezesCaím será castigado, masLamech setenta vezes sete". Porque este último versículoatribui uma maior punição aLamech? A resposta nos é dadapelo versículo l5 do mesmo capítulo: "O Senhor, porém disse-lhe: Portantoqualquer que matar a Caím sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal emCaím, para que não o ferisse qualquer que o achasse". Este versículo não deixadúvida sobre quem foi a vítima da flecha de Lamech, além disto refere-se a umsinal colocado por Deus em Caím, que pode ser os chifres mencionados natradição judaica.O versículo 25 do capítulo 8, também, é bastante significativo: "Etornou a Adão a conhecer a sua mulher; e ela pariu um filho, e chamou o seunome Seth; porque disse ela Deus me deu outra semente em lugar de Abel;porquanto Caím o matou". Esta frase de Eva ficaria melhor na boca de Adão (nãoteria sido ele que a proferiu?), porque Adão considera como a sua descendência ade Seth (desde que Abel não deixou descendentes).Contudo, os versículos 17 a 22do capítulo 8 referem-se a grande descendência de Caím. Para se ter uma idéia de

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sua dimensão basta registrar que Lamech era neto de Mehujael, bisneto de Caím;ou seja, cinco gerações o separavam de seu maldito ancestral. Resta, então,caroleitor, uma dúvida que nos permite formular duas hipóteses: a primeira, Adão teriarepudiado a linhagem de Caím em função do fratricídio; a segunda é que Adãonão considerava a descendência de Caím, sabedor da infidelidade de Eva. Em seuartigo "O Gênesis enquanto um mito", Leach demonstrou as característicasmíticas das estórias bíblicas. Repetindo os argumentos desse Autor, podemosanalisar o Velho Testamento somente como um mito porque existe umacomunidade de pessoas que acreditam no texto sagrado "quer correspondam aosfatos históricos ou não. Os disparates e contradições existentes no discurso bíblicoreforçam a sua definição como mito, porquanto” a não racionalidade do mito é asua verdadeira essência, pois a religião exige uma demonstração de fé que se fazsuspendendo-se a dúvida crítica". Utilizando-se da linguagem técnica dacomunicação, Leach demonstra que uma das características do mito é o daredundância, ou seja uma mesma mensagem deve ser repetida várias vezes paramelhor atingir os receptores. Assim, no discurso canônico, o homem é criado duasvezes: (Gên.1, 27) "E criou Deus o homem à sua imagem..." e (Gên. 2,7) "Eformou o Senhor Deus o homem do pó da terra...". Além disto, existe ainda umoutro momento da criação da humanidade a partir da descendência de Noé: (Gên.9, 1): "E abençoou Deus a Noée a seus filhos, e disse-lhes:Frutificai e multiplicai-vos, eenchei a terra". Asreincidências das redundânciasna criação elohista e a criaçãohiaveista visa a superação dosruídos das interferências quesurgem entre o transmissor ereceptores. Os adeptos daBíblia acreditam na naturezadivina do transmissor, mas amaioria deles ignoram asinterferências provocadas pelos chamados editores bíblicos. A Antropologia nãoestá interessada na discussão do caráter divino do transmissor. Os antropólogosacreditam mesmo na existência de diversos transmissores que foram, no decorrer

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do tempo, os responsáveis pela criação do mito. Neste trabalho, enfatizamos osruídos que se colocaram entre os emissores ancestrais e os receptores quecontinuam a existir. As distorções apontadas por teólogos ao invés de nosafugentarem serviram de estímulos para a análise que faremosa seguir.Do ponto de vista antropológico, o Gênesis é um mitode origem que busca explicar o surgimento do primeirohomem e como tal não difere muito de outros mitos,integrantes das diferentes cosmologias existentes,principalmente em dois pontos fundamentais: 1) O mito nãovisa a explicação do surgimento de toda a humanidade - comodepois foi sugerido pelos exegetas judaicos e cristãos , masapenas o surgimento de um povo específico, no caso oshebreus. Tal fato está confirmado pelo versículo 16 docapítulo 4º: "E saiu Caím de diante da face do Senhor, ehabitou na terra de Nod, da banda do oriente do Éden". Oversículo seguinte afirma que "Caím conheceu a sua mulher e ela concebeu, epariu Enoch..." Há duas interpretações possíveis para estes dois versículos: aprimeira é que o conheceu significa apenas ter relações sexuais e, portanto Caímteria chegado ao leste do Éden já com uma companheira, mas a interpretação maisplausível é que de fato tenha encontrado um outro povo. Isto é mais condizente,caro leitor, com o estilo dos mitos de origens, marcados fortemente peloetnocentrismo. 2) O mito narra a história do pecado original. É, portantosemelhante às narrativas que mostram que o homem perdeu a imortalidade emfunção de sua própria culpa. Uma escolha malfeita, um ato de desobediência(como no Gênesis) ou uma ofensa a um ser sobrenatural. Os Tupis-Guaranisseriam imortais se a primeira mulher não tivesse duvidado dos poderes deMahíra. O texto bíblico relata a dupla desobediência da mulher: Lilith não atendea convocação do Senhor para voltar para Adão; Eva come do fruto proibido econvence Adão a fazer o mesmo.O pecado original transforma os seres puros,criados por Deus, em seres impuros. A mulher, a principal responsável pela queda,expressa a sua impureza através da própria biologia. Assim o fluxo menstrual éconsiderado pelos hebreus como uma forma de poluição que exige rituais depurificação para aqueles que são contaminados. Ao se relacionar sexualmente coma serpente, Eva foi contaminada pela terrível peçonha da mesma. Talcontaminação é transmitida a toda sua descendência, tanto aos filhos de Seth comode Caím. Esta peçonha foi retirada do povo de Israel, no monte Sinai, quandoDeus estabeleceu um novo pacto com os Hebreus (Êxodo, 34, 10-28),conclamando-os a uma forte endogamia,onde a circuncisão espantaria a peçonhada serpente através do sangue derramado do pênis . O casamento com outrospovos possibilitaria a uma nova contaminação com a peçonha de Eva. O

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etnocentrismo da religião judaica contrasta, neste ponto, com o caráteruniversalista do cristianismo. Maria, a mãe de Jesus, torna-se a mãe de todahumanidade para com a sua pureza livrá-la da contaminação original. O sacrifíciode Cristo seria um novo pacto de Deus com os homens, mas desta vez uma aliançauniversal. Todos os mitos de origem defrontam-se com a questão do incesto. Écomum o caso de um casal de gêmeos que dão origem a espécie humana. Nestescasos, o mito estabelece uma relação de inversão com as práticas sociais de seusadeptos. A relação sexual consangüínea é permitida aos ancestrais, que vivemnaquele tempo, mas torna-se uma prática abominável para os mortais comuns. OGênesis não escapa desta característica. Mesmo se desprezarmos a poucaconhecida irmã gêmea de Abel, tão cobiçada por Caím, as práticas incestuosasaparecem no Gênesis. Primeiro com o próprio Adão e a Eva,filhos de um mesmo Criador, portanto tecnicamente irmãos, ecarne da mesma carne, conforme proclamou Adão. Segundo,com Seth que gerou a Enos, provavelmente com a parceria deuma mulher, filha de Adão.Em uma cultura fortementemarcada por oposições binárias, do tipo bem/mal, mulherespermitidas/mulheres proibidas, etc., temos que concordar,mais uma vez, com Leach que as personagens do Gênesispertencem a uma terceira categoria de seres, os anômalos ouos mediadores, que são capazes de praticar atos proibidos aorestante dahumanidade.Discordo, portanto, de Leach quando estabeleceque o consumo do fruto proibido levou o primeiro homem e àprimeira mulher ao conhecimento da sexualidade, quando dizque "Adão e Eva comem o fruto proibido e tornam-seconscientes da diferença sexual".Baseio a minha discordânciatanto na análise dos textos canônicos quantos os não canônicos.Quanto a estesúltimos, lembro que Lilith abandonou Adão porque queria ficar por cima no atosexual; a serpente desejou Eva estimulada pela visão da mulher tendo relaçõessexuais com o primeiro homem. Quanto aos primeiros, recordamos,caro leitor,que o versículo 28, do capítulo 1º, apontado anteriormente neste trabalho comoanterior à Eva, e conseqüentemente antes de sua desobediência, recomendava aocasal inicial "frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra..." O próprio versículo 27,quando diz "macho e fêmea os criou" já sugere a possibilidade do intercursosexual. Por outro lado, não existem nenhuma indicação de relacionamento com asexualidade nos trechos mais relacionados com a desobediência original como nosversículos 4 e 5, do terceiro capítulo: 4. "Então a serpente disse à mulher:Certamente não morrereis”. 5. "Porque Deus sabe que no dia em que delecomerdes se abrirão aos vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o

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mal". Foram, com certeza, editores bíblicos de um período mais recente,dominada por preconceitos, compara o fratricídio a uma forma homossexual deincesto, uma ética sexual do tipo que hoje chamamos judaica-cristã, que adaptou otexto tornando-o mais compatível com uma moral sexual mais rígida eestabelecendo uma nova dicotomia de categorias do bem e do mal ,como já vimosanteriormente. Foram eles que consideraram a prática sexual como pecaminosa,modificaram palavras es costumes hebraicos para uma moral mais ocidental ecompatível com a época da montagem bíblica.A principal mensagem do conjuntode mitos produzidos por uma sociedade de pastores e guerreiros nômades,fortemente patriarcal e patrilinear como demonstram as genealogias do Gênesis,imbuída de uma ideologia machista, refere-se exatamente a questão da mulhervista como um ser extremamente perigoso, necessitando portanto de serfortemente controlada indo na posição contraria das culturas do Mundo Antigo,onde a mulher era endeusada. Esta forma de perigo fica demonstrada, no mito,pelo comportamento das duas primeiras mulheres, as esposas de Adão. Lilithrecusou ser dominada pelo homem. "Por que devo deitar embaixo de você?" -pergunta ela - "Eu também sou feita do pó, e assim sendo somos iguais". E nemmesmo a tentativa de Adão de dominá-la pela força produz resultado; ela invoca onome de Deus e foge para o mar Vermelho, uma região abundante em demônioslascivos, com os quais ela reproduz diariamente uma centena de lilim (demônios,filhos de Lilith). A sua rebelião a transforma definitivamente em um serdemoníaco, perpétuo inimigo dos homens e de suas crianças. É muito significativoque Lilith não ataque as mulheres, com a exceção apenas das noivas. Eva,denominada por Adão "a mãe de todos os seres viventes", e mais fácil de sersubjugada porque não foi feita como ele do pó, mas de uma parte dele, devendoser inferior a ele, também demonstrou a sua capacidade de ser perigosa. Ao serseduzida pela serpente, desobedeceu a ordem de Deus de não comer do frutoproibido e convenceu ao homem a fazer o mesmo ("Então disse Adão: A mulherque me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi" - Gênesis 3, 12)condenando a toda humanidade a ser exilada do Éden. Estruturalmente, Lilith eEva cometeram o mesmo crime, o da desobediência ao Senhor e foram punidas damesma forma: Todos os dias, por toda a eternidade, Lilith, "a mãe dos demônios"tem que se conformar com a morte de 100 lilim; da mesma forma, Eva é a

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responsável pela morte de todos os seus descendentes que poderiam ser imortaisse continuassem a viver no Paraíso.Concluindo, a minha intenção neste texto foiuma reconstrução de um mito de origem de um grupo de pastores nômades quemais tarde foram identificados como Heberus ou Hebreus, pertencentes a umamesma área cultural, cujos maiores expoentes foram as culturas Babilônica eSumeriana.Religião PrimitivaA religião primitiva teve uma origem biológica, um desenvolvimentoevolucionário natural, independentemente das conjunções morais e de todas asinfluências espirituais. Os animais superiores têm medos,mas não têm ilusões e, conseqüentemente, nenhumareligião. O homem cria as suas religiões primitivas dospróprios temores e por meio das suas ilusões. Naevolução da espécie humana, a adoração, nas suasmanifestações primitivas, apareceu muito antes que a mentedo homem fosse capaz de formular os conceitos maiscomplexos de vida que agora, e futuramente, são dechamados de religião. A religião primitiva, caro leitor, tinhauma natureza baseada inteiramente em circunstâncias derelacionamento. Os objetos da adoração eram sempresugestivos; consistiam de coisas da natureza que estavam àmão, ou que ocupavam lugar bem comum na experiência dos urantianosprimitivos de mentes simples.Ao mesmo tempo em que a religião evoluiu além daadoração da natureza, ela adquiriu raízes de origem espiritual, entretanto, foi aindasempre condicionada pelo ambiente social. À medida que se desenvolveu aadoração da natureza, o homem imaginou conceitos de uma divisão do trabalhopara o mundo supramortal; havia espíritos da natureza para os lagos, as árvores, ascachoeiras, a chuva e centenas de outros fenômenos terrestres comuns.Em um momento ou em outro, caro leitor, o homem mortal adorou tudo sobre aface da Terra, incluindo a si próprio. Ele adorou também tudo o que fosseimaginável, no céu e sob a superfície da Terra. O homem primitivo temia todas asmanifestações de poder; e adorou a todos os fenômenos naturais que não podiacompreender. As forças naturais poderosas, taiscomo as tempestades, as enchentes, os terremotos,os deslizamentos de terra, os vulcões, o fogo, ocalor e o frio, e a sua observação, impressionaramem muito a mente em expansão do homem. Ascoisas inexplicáveis da vida ainda são chamadasde “atos de Deus” e de “dispensações misteriosas

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da Providência”. Podemos determinar, caroleitor, três fases na crença humana: A faseprimeira onde o homem começa a colocar nosobjetos à sua volta, sua própria essência, ou seja,o homem sugere uma vida, comparável à sua, paraobjetos e animais. Uma pedra passa a ter vida esentimentos humanos. Com a evolução daimaginação compassiva, adentramos à segunda fase, onde os desejos e anseioshumanos já não cabiam mais em seres e objetos reais, necessitou-se então dacriação de seres ultra-reais, ultra-humanos, para explicar os acontecimentos efenômenos que faziam parte da experiência sensível. Mesmo assim o homemcontinuou a expressar sua própria existência nos seres invisíveis. O homem passaa acreditar que através de palavras ele pode comandar a natureza que o limita.Através de um jogo de letras é possível trazer a chuva, ou parar o Sol. Iahwéhdisse; faça-se luz e se fez luz, numa simplicidade extremamente primitiva. Aterceira e ultima fase começa com a contemplação da natureza por parte dohomem, não mais para adora-la, mas sim, para aprender com ela. Não é muitofácil pregar a razão quando ainda temos resquícios das duas fases primeirasaprisionando o intelecto humano.1. A ADORAÇÃODE PEDRAS E MONTANHASO primeiro objeto a ser adorado pelo homem em evolução foi uma pedra. Hoje, opovo Kateri, do sul da Índia, ainda adora uma pedra, como o fazem numerosastribos no norte da Índia. Jacó dormiu sobre uma pedra porque ele a venerava; e atémesmo a ungiu. Raquel ocultava um bom número de pedras sagradas na sua tenda.As pedras primeiro impressionaramo homem primitivo, por seremextraordinárias, em vista do modo pelo qualtão subitamente apareciam na superfície deum campo cultivado ou de um pasto. Oshomens não levavam em conta a erosão,nem os resultados dos arados sobre o solo.As pedras também impressionaram muitoaos povos primitivos, pela sua freqüentesemelhança com animais.A atenção do homem civilizado detém-se em numerosas formações de pedras, nasmontanhas que tanto se assemelham às faces de animais e mesmo de homens.Contudo, a influência mais profunda foiexercida pelos meteoros que os humanosprimitivos viam entrar na atmosfera, emuma grandiosidade flamejante. A estrelacadente era atemorizante para o homemprimitivo, que acreditava facilmente queaqueles riscos flamejantes marcavam a

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passagem de um espírito a caminho daTerra.Não é de causar surpresa que os homensfossem levados a adorar tais fenômenos,especialmente quando descobriram subseqüentemente osmeteoros. E isso levou a uma reverência ainda maior atodas as outras pedras. Em Bengala muitos adoram ummeteoro que caiu na Terra em 1 880 d.C.Todos os clãs e tribos antigas tinham as suas pedrassagradas, e a maior parte dos povos modernos manifestauma certa veneração por alguns tipos de pedras ,as suasjóias. Um grupo de cinco pedras foi reverenciado na Índia;na Grécia, foi um agrup amento de trinta delas; em meioaos homens vermelhos, foi comum um círculo de pedras. Os romanos sempreatiravam uma pedra para o ar, quando invocavam Júpiter. Na Índia, até hoje, umapedra pode ser usada como testemunha. Em algumas regiões, uma pedra pode serempregada como um talismã da lei, e um transgressor pode ser levado ao tribunalpelo seu prestígio. Todavia, os simples mortais nem sempre identificam a Deidadecom um objeto de cerimônia reverente. Tais fetiches são, muitas vezes, merossímbolos do objeto real da adoração.Os antigos tinham uma consideração peculiar pelos orifícios nas pedras. Supunhaseque essas rochas porosas fossem inusitadamente eficazes para curar doenças.As orelhas não eram perfuradas para o porte de pedras, mas as pedras eramcolocadas ali para manter os furos das orelhas abertos. Mesmo nos temposmodernos, as pessoas supersticiosas fazem furos nas moedas. Na África, osnativos fazem grande alarde dos seus fetiches de pedras. De fato, em meio a todasas tribos e povos atrasados, as pedras são ainda mantidas em uma veneraçãosupersticiosa. A adoração das pedras ainda agora está muito disseminada por todoo mundo. A pedra tumular é um símbolo sobrevivente das imagens e dos ídolosesculpidos na pedra, em vista das crenças nos fantasmas e nos espíritos doscompanheiros que se foram.A adoração de colinas veio depois da adoração da pedra, e as primeiras colinas aserem veneradas foram grandes formações de rochas. Em seguida, caro leitor,tornou-se hábito acreditar que os deuses habitavam nas montanhas, de um talmodo que as altas elevações de terras eram adoradas por mais essa razão. Com opassar do tempo,certas montanhaseram associadasa certos deusese, portanto,tornavam-se

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sagradas.Osaboríginesignorantes esupersticiososacreditavam queas cavernaslevavam aosubmundo, com os seus espíritos e demônios malignos, em contraste com asmontanhas, que eram identificadas com os conceitos, de um desenvolvimentomais recente, das deidades e dos espíritos bons. Zeus o deus maior grego mora emuma montanha,Iahwéh se mostrou para Moises em uma montanha ,onde forneceuao seu povo os Dez Mandamentos,o Monte Sinai (Turi-sinnin), um destacadomonte no Deserto da Arábia, na península entre os dois braços do Mar Vermelho,onde monges da Idade Media o associaram ao mítico monte bíblico. Por isso éque se denomina de a Montanha de Moisés (Jabal Mussa). Os israelitasacamparam no seu sopé por cerca de um ano, adorando a montanha.Plantas e ÁrvoresAs plantas primeiro foram temidas e depois adoradas, porcausa dos líquidos intoxicantes que se derivavam delas. Ohomem primitivo acreditava que a intoxicação fazia comque alguém se tornasse divino. Supunham haver algo deinusitado e sagrado em tal experiência. Mesmo nos temposmodernos, o álcool é conhecido como “espírito”. Ohomem primitivo via a semente germinando com um temore um respeito supersticioso. O apóstolo Paulo não foi oprimeiro a retirar lições espirituais profundas da sementegerminando, e a pregar crenças religiosas sobre ela.Os cultos de adoração de árvore estão nos grupos das religiões mais antigas.Todos os casamentos primitivos eram feitos sob as árvores e, quando as mulheresdesejavam ter filhos, algumas vezes iam às florestas para abraçar afetuosamenteum robusto carvalho. Muitas plantas e árvores foram veneradas pelos seus poderesmedicinais, reais ou imaginários. O selvagem acreditava que todos os efeitosquímicos fossem devidos à atividade direta de forças sobrenaturais. As idéiassobre os espíritos das árvores variavammuito entre as tribos e raças diferentes.Algumas árvores eram habitadas porespíritos afáveis; outras abrigavam osespíritos cruéis e enganosos. Osfinlandeses acreditavam que a maiorparte das árvores era ocupada porespíritos bons. Os suíços há muitodesconfiavam das árvores, acreditandoque continham espíritos traiçoeiros. Oshabitantes da Índia e da Rússia Oriental

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consideravam os espíritos das árvorescomo sendo cruéis. Os patagônios aindaadoram as árvores, como o fizeram ossemitas primitivos. Muito depois que oshebreus cessaram de adorar as árvores,eles continuaram a venerar as suasvárias deidades nos bosques. Exceto naChina, houve um culto universal àárvore da vida. No gênesis bíblico temos grandes exemplos da adoração eveneração às árvores. A escada de anjos vista por Jacó, não passa de uma lendasumeriana onde essa relata que na cidade santa de Nipur existia uma arvoregigante e reluzente, com degraus, onde os anjos(keruabs) subiam e desciam entrea terra e o céu,morada do deus Enlil.A crença de que a água, bem como os metais preciosos, debaixo da superfície daTerra, podem ser detectados por um ramo de madeira adivinhatório é umalembrança dos antigos cultos às árvores. O mastro de Primeiro de maio, a árvorede Natal e a prática supersticiosa de bater na madeira perpetuam alguns dosantigos costumes de adoração das árvores e dos seus cultos mais recentes.O manátão aludido no livro do Êxodo como sendo um milagre de Deus ,é apenas umsubproduto de uma árvore. Maná – hebraico Man-hu, árabe Man-na. No Êxodo,16:14, é descrito como "uma coisa pequena e redonda, igual a geada espargidapelo chão". Se deixado para o dia seguinte, ele geralmente se deteriorava, derretiaseà soalheira; a quantidade necessária para alimentar um homem era deaproximadamente um ômer, medida hebraica de capacidade, igual a cerca de2,937 litros. Isto, segundo os hebreus, foi provavelmente distorcido, levados quesão pelo tradicional exagero. O maná verdadeiro, caro leitor, encontradopresentemente na região do Sinai, é uma secreção gomosa e sacarina, que seobtém de certas secreções da tamargueira. É produzida pela punctura de umaespécie de inseto, igual à cochonilha, assim como a laca é produzida pela puncturade um inseto em algumas árvores da Índia.3. A ADORAÇÃO DE ANIMAISO homem primitivo tinha um sentimento peculiar e fraternal para com os animaissuperiores. Os seus ancestrais haviam vivido com eles e haviam, até mesmo, seacasalado com eles. No sul da Ásia acreditou-se primitivamente que as almas doshomens voltavam à Terra, na forma animal. Essa crença era um remanescente daprática ainda mais primitiva de adorar os animais.

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Os homens primitivos reverenciavam os animais pelo seu poder e a sua astúcia.Eles julgavam que o apurado sentido do olfato e da visão de certas criaturas fosseum sinal de orientação espiritual. Os animais têm sido adorados por uma raça oupor outra, em um momento ou em outro. Entre esses objetos de adoração, estavamcriaturas que foram consideradas como meio humanas e meio animais, tais como ocentauro e a sereia.Os hebreus adoravam serpentes até osdias do rei Ezequias, e os indianos ainda mantêm relaçõesamigáveis com as suas cobras caseiras. A adoraçãochinesa ao dragão é um remanescente dos cultos dascobras. A sabedoria da serpente era um símbolo damedicina grega e é ainda empregado como um emblemapelos médicos modernos. A arte do encantamento dascobras tem sido transmitida desde a época das xamãsfemininas do culto do amor das cobras, as quais, comoresultado das picadas diárias das cobras, tornaram-seimunes; de fato, se tornaram verdadeiras dependentes doveneno sem o qual não podiam viver. A bíblia comoherdeira dessas crendices, esta cheia de cobras e serpentes mágicas ou falantes.Notem a semelhança entre o símbolo de Asclépio e a serpente dourada de Moises.A adoração dos insetos e de outros animais foi promovida por uma máinterpretação da regra dourada (que não foi absolutamente criada por Cristo, massim, quase mil anos antes por Confúcio) de fazer aos outros (toda a forma de vida)como gostaríeis que fosse feito a vós. Os antigos, certa vez, acreditaram que todosos ventos eram produzidos pelas asas depássaros e, por isso, tanto temiam comoadoravam todas as criaturas com asas. Osnórdicos primitivos julgavam que oseclipses eram causados por um lobo quedevorara um pedaço do sol ou da lua. Oshindus freqüentemente mostram Vishnucom uma cabeça de cavalo. Muitas vezes, osímbolo de um animal representa um deusesquecido ou um culto extinto.Primitivamente, na religião evolucionária, ocordeiro tornou-se o animal típico dosacrifício, e a pomba, o símbolo da paz e doamor(fertilidade). Os hebreus adoravamentre outros deuses, um deus com cabeça deasno, o próprio horóscopo chinês e ohoróscopo dito ocidental, tem como imagens sempre relacionadas aos animais.

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4. A ADORAÇÃO DOS ELEMENTOSA humanidade tem adorado a terra, o ar, a água e o fogo. As raças primitivasveneraram fontes e adoraram rios. E, ainda agora, na Mongólia, floresce o culto aum rio importante. O batismo tornou-se um cerimonial religioso na Babilônia, e osgregos praticavam o ritual anual do banho. Era fácil para os antigos imaginar queos espíritos residiam nas nascentes borbulhantes, nas fontes efusivas, nos riosfluentes e nas torrentes intensas. As águas em movimento impressionavamvividamente essas mentes simples, que acreditavam na animação dos espíritos eno poder sobrenatural. Algumas vezes, caroleitor, a um homem que se afogava eranegado o socorro, por medo de ofender algumdeus do rio.Muitas coisas e numerososacontecimentos têm funcionado comoestímulos religiosos para povos diferentes,em épocas diferentes. Um arco-íris ainda éadorado por muitas das tribos das montanhasna Índia. Tanto na Índia quanto na África, oarco-íris é considerado como sendo umacobra celestial gigantesca; os hebreus e oscristãos consideram-no o “arco da promessa”.Do mesmo modo, influências consideradascomo benéficas, em uma parte do mundo, podem ser consideradas malignas emoutras regiões. O vento oriental é um deus na América do Sul, pois traz a chuva;na Índia, é um demônio, porque traz a poeira e causa a seca.Os beduínos antigos acreditavam que um espírito da natureza produzia osredemoinhos de areia e, mesmo na época deMoisés, a crença em espíritos da natureza eraforte o suficiente a ponto de assegurar a suaperpetuação na teologia hebraica, como anjosdo fogo, da água e do ar.As nuvens, a chuva e o granizo têm sido todostemidos e adorados por numerosas tribosprimitivas e por muitos dos cultos primitivosda natureza. As tempestades de vento comtrovões e relâmpagos aterrorizavam o homem primitivo. Tão impressionado eleficava com as perturbações dos elementos, que o trovão era considerado a voz deum deus irado. A adoração do fogo e o temor dos relâmpagos eram ligados um aooutro e eram bem disseminados entre muitos grupos primitivos. O fogo esteveassociado à magia nas mentes dos mortais dominados pelo medo. Um devoto da

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magia lembrará vividamente de um resultado por acaso positivo, na prática dassuas fórmulas mágicas, ao mesmo tempo em que ele se esquece, indiferentemente,de uma série de resultados negativos, de fracassos absolutos. A reverência ao fogoatingiu o seu apogeu na Pérsia, onde perdurou por muito tempo. Algumas tribosadoravam o fogo como uma deidade em si; outras reverenciavam-no como osímbolo flamejante do espírito da purificação e da purgação das suas deidadesveneradas. As virgens vestais eram encarregadas do dever de vigiar os fogossagrados; e as velas, no século vinte, ainda queimam como uma parte do ritual demuitos serviços religiosos. Lembremos ainda que o deus bíblico sempre apareceem meio ao fogo, e que em quase todas as crenças pelo mundo a fora tem comoprofecia o fim da humanidade através do fogo.5. A ADORAÇÃO DOS CORPOS CELESTESA adoração de rochas, de montanhas, de árvores e de animais desenvolveu-senaturalmente por meio da veneração amedrontada dos elementos, até a deificaçãodo sol, da lua e das estrelas. Na Índia e em outros lugares, as estrelas eramconsideradas como as almas glorificadas degrandes homens que haviam partido da vidana carne. Os cultuadores caldeus das estrelasconsideravam-se como sendo os filhos do paicéue da mãe-terra.A adoração da lua precedeu a adoração do sol.A veneração da luaesteve no seu augedurante a era dacaça, enquanto aadoração do sol tornou-se a principal cerimônia religiosadas idades agriculturais subseqüentes. Lembremos aoleitor a primazia do poder matriarcal, depois substituídopelo patriarcal. A adoração solar primeiro arraigou-seextensivamente na Índia, e ali perdurou por mais tempo. Na Pérsia, a veneração dosol deu origem ao culto mitraico posterior. Entre muitos povos, o sol eraconsiderado o ancestral dos seus reis. Os caldeus colocavam o sol no centro dos“sete círculos do universo”. Mais tarde, as civilizações honraram o sol, dando oseu nome ao primeiro dia da semana.Supunha-se que o deus do sol fosse o pai místico dos filhos do destino, nascidosde uma virgem, os quais, de tempos em tempos, se outorgavam como salvadoresdas raças favorecidas. Esses infantes sobrenaturais eram sempre encontrados, à

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deriva, em algum rio sagrado, para serem resgatados de um modo extraordinário,depois do que eles cresceriam paratornar-se personalidadesmiraculosas e os libertadores dosseus povos. O conto do Gólgota éapenas mais uma das milhares deadaptações desse mito tão comum.6. A ADORAÇÃO DO HOMEMTendo adorado tudo o mais sobre aface da Terra, e nos céus acima, ohomem não hesitou em honrar a sipróprio com tal adoração. Oselvagem de mente simples não fazdistinção clara entre as bestas, oshomens e os deuses.O homem primitivo tinha como supra-humanas todas as pessoas inusitadas e,assim, ele temia tais seres, a ponto de ter por eles um respeito reverente; em umacerta medida, ele os adorava literalmente. Até o fato de dar irmãos gêmeos à luzera considerado ou de muita sorte ou de muita falta de sorte. Os lunáticos, osepiléticos e os de mente débil eram freqüentemente adorados pelos seussemelhantes de mentes normais, que acreditavam que tais seres anormais eramhabitados pelos deuses. Sacerdotes, reis e profetas foram adorados; os homenssagrados de outrora eram considerados como sendo inspirados pelas deidades.Os chefes tribais eram deificados quando mortos. Posteriormente, almas que sedistinguiram eram santificadas depois de falecidas. A evolução, sem ajuda, nuncaoriginou deuses mais elevados do que os espíritos glorificados, exaltados eevoluídos dos humanos mortos. Na evolução primitiva, a religião cria os seuspróprios deuses. No curso da revelação, os deuses formulam religiões. A religiãoevolutiva cria os seus deuses à imagem e à semelhança do homem mortal; areligião busca transformar o homem mortal à imagem e à semelhança de Deus.Considerações psicológicas sobre o GênesisOutros pontos sobre o Éden - A situação psicológica no Gênesis está bastanteconfusa no capitulo 2 versículo 9. Deusdeu uma ordem para Adão não comerda arvore do conhecimento, das outrastudo bem, mas da insólita arvore doconhecimento do bem e do mal, não!O fato não soa até aí estranho, pois oclero cristão sempre abominou queseus súditos tivessem curiosidades queviessem a atrapalhar todo um processo

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de proselitismo, mas como veremosadiante de onde veio a arvore da vida eterna? Adão poderia comer desseimportante fruto? Os eruditos do cristianismo tomam uma postura de mestres doconhecimento e afirmam que o gênesis é apenas para aqueles que o entendemcomo um mito, onde Deus nos fala através de sinais e simbolismos e não devemostoma-lo como literal, mas omitem o fato de que por incrível que pareça a fábulado pecado original não esta nos originaisjudeus,era totalmente desconhecidos por esses. Aepopéia do pecado original só foi implantada nostextos bíblicos por volta do século V d.C. porTomás de Aquino. Mas eu pergunto de maneiraenfática a esses lúdicos: Se o gênesis é apenas umamontoado de simbolismos, e que então nãoexistiram nem Adão, nem Eva ou a serpente, qualseria afinal o sentido ou o fator psicológico daredenção? Se não houve um pecado original, qualé o sentido da vinda do Jesus Cristo bíblico aTerra? Notemos, caro leitor, que o NovoTestamento depende totalmente do sentido literaldo Gênesis, se o mesmo não pode ser tomado como real, então o NovoTestamento inteiro desaba. É uma situação seriíssima para os estudiosos cristãos.Vamos a mais algumas respostas intrigantes sobre os simbolismos psicológicos doGênesis bíblico .Quando Deus assentou no centro do jardim a árvore do conhecimento do bem edo mal ele já conhecia o mal, como pode ser isso se o pecado ainda não havia seconsumado?Se Deus já conhecia o mal então Adão foi vítima de um plano maligno, pois omesmo era totalmente ingênuo e fez o mal sem saber o que era. Adão se escondeuquando ouviu a voz de Deus e ficou com vergonha porque estava nu. Que coisaestranha, um Deus que anda? Mas ele não era espírito? Se o nosso Adão estavanu, Deus também estava? Qual a razão de Cristo usar roupas, se o mesmo nãopecou, não poderia ter vergonha de seu corpo,pois também nascera sem o auxiliodo pecado carnal . Lemos no capítulo anterior que Deus tinha o conhecimento dobem e do mal e mesmo assim ele não tinha vergonha de estar nu perante seusfilhos? No capitulo 3 versículo 22 existe uma afirmação no mínimo curiosa queas exegeses cristãos não conseguem se encontrar até hoje; Que raios de árvore davida eterna é essa? Adão não precisava comer da árvore da vida, pois Deus lhe

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fez eterno, então qual o sentido da afirmação? Creio que essa tal imortalidade deAdão seria somente figurativa. Temos aí, caro leitor, a repetição das mesmasárvores sagradas espalhadas por váriasculturas, como já ditamos acima. A fábula daserpente é das mais engraçadas do modopsicológico cristão como é descrita na Bíblia,afirmo de modo engraçado porque comovimos essa fábula é muito conhecida entre ospovos da mesopotâmia e oriente próximo.Como já citamos a serpente é um símbolomístico cultuado por muitos povos e elarepresenta o poder da inteligência, da magia, eda cura. O deus Asclépio da mitologia grega praticava curas milagrosas usandocomo símbolo uma serpente enrolada em um cajado, símbolo esse usado ate osdias de hoje na medicina. Não confundir com o símbolo de Hermes (duas cobras)No Egito esse mesmo réptil foi bastante cultuado com o símbolo de inteligência epoder de cura, e também como um símbolo que pode trazer o mal, obviamentedevido ao poder de seu veneno. Em outras culturas essa é vista como um podermaligno, como nas culturas pré-incas da América central, no Japão e na China.Um outro ponto importante a se destacar é que a serpente também é umsímbolo fálico e erótico podendo o capitulo três de Gênesis ter denotaçõesextremamente sexuais.Deus matando animais para fazer roupas para Adãoe Eva realmente foi de um mau gosto extremo edenota um prazer quase que sexual. Parafinalizarmos este tópico só quero enfatizar que acriação dos querubins (Keuarobh), seres aladoshabitantes do céu não é um original bíblico, mas foiuma criação do Zoroastrismo, religião persa,ondeserpentes aladas transmitiam as vontades do deusTammuz para os homens. Podemos observar ateaqui a necessidade intrínseca dos copistas bíblicos oudos redatores judeus, de se comunicar com deu Deusà maneira pagã.Como vimos, nos primeiros capítulos do livro de Gênesis, o conto da criaçãono jardim do Éden é uma das mais difundidas idéias entre praticamente todos ospovos da Era do Bronze, não sendo primazia de El ou Iahwéh ou como queiram, oDeus bíblico.Os sumérios, babilônicos, hindus, fenícios etc... traziam em seu folclore essaestória que era passada de boca em boca durante muitos séculos, sofrendoconseqüentemente modificações ao longo do tempo. Notamos que a versãohebréia ou bíblica é especialmente pobre e com desconexões pertinentes à

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condição do povo hebreu, que subsistia com dificuldades, e à compilação tardia naescrita judaica.No capitulo quatro de Gênesisverificamos mais alguns desses absurdosque só podem ocorrer em estórias malcontadas e no qual se sabe muito poucosobre o que se escreve.Na descrição de Caím matando Abelverificamos que alem da teoria dos afinsjá demonstrada, tem-se a analogia entrevários contos de conflitos entre irmãosgêmeos como entre Esaú e Jacó, Rômuloe Remo, fundadores mitológicos de Roma, etc...Nessas narrativas que o primogênito(que nasce segundos antes) sempre entraem conflito com o irmão mais novo e sai perdendo, verificamos a nítidanecessidade do mais fraco vencer o mais forte,como era a condição do povohebreu. Caím sai da luta com o irmão como assassino, e conseqüentementeperdendo, pois vira um amaldiçoado. Esse fato pode também demonstrar que opovo hebreu tinha verdadeira aversão aos povos vizinhos (provavelmente oscaldeus) que tinham uma tecnologia maior e construíam , (como é dito na bíblia),cidades e plantavam para comer e fazer comércio. O povo hebreu a essa épocamorava em cavernas ou tendas e vivia do pastoreio de cabras e carneiros, sendomuitas vezes nômades.Esaú perde a benção do pai para o irmão mais novo e mais esperto, Jacó. Alenda da fundação de Roma é muito anterior aosmitos equivalentes bíblicos, Rômulo o mais novomata Remo e toma o poder em Roma,implicandoem uma explicação psicológica da passagem dopovo romano para um novo modo de vida oupensamento. Temos ainda várias narrações nomundo mítico antigo, onde o desfecho passional ésemelhante, e com análogo pensamento. Um outroconto que não acontece entre irmãos, mas tambémdenota o mesmo sentido, é o conto de Davi e Golias.O mais fraco derrotando miseravelmente o maisforte e poderoso.O engraçado é que na bíblia Golias morre umas trêsvezes. No AT (II Samuel) Davi mata Golias, depoismais tarde o irmão mais velho de Davi também mata o pobre coitado, e por fim oprimo de Davi vai lá e sacrifica mais uma vez o anatemático Golias.No desespero de arrumar desculpas e tentar arranjar as discrepâncias e faláciasbíblicas, alguns religiosos estão perdendo a compostura e o senso de burlesco.Nos é apresentado conclusões e interpretações estapafúrdias sobre as narrações

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da Bíblia, pelos clérigos de plantão, onde estes se esquecem que não estamos maisna idade média. Quando não conseguem explicar o inexplicável nos é ditoque são interpretações além do nosso vão conhecimento, são os mistérios, desentido psicológico, de Deus. Será que nos tomam por idiotas? Na Idade Média aalegoria serviu de instrumento de defesa de teólogos, que recorreram àsinterpretações alegóricas da Bíblia para superarem todas as dúvidas heréticas, poissegundo a exegese cristã, um mesmo fato descrito na bíblia pode ter infinitasinterpretações ou sentidos, depende do que se pretende ver.A própria Igreja foi muitas vezes referenciada na literatura teológica com nomesalegóricos como Cidade, Arca ou Aurora. Santo Agostinho ensinou que a Bíbliadevia ser lida de forma alegórica: "No Velho Testamento, o Novo Testamento estádissimulado; no Novo Testamento, o Velho Testamento é revelado”. Para o Autorde A Cidade de Deus, a alegoria não está nas palavras, mas deve ser encontradanos acontecimentos históricos, referindo –se à historicidade alegórica da bíblia.Ao homem não é permitido o conhecimento literal e imediato das Escrituras, poissó por um sentido segundo ohomem se poderá aproximar (masnunca chegar totalmente) daVerdade divina, ou seja, só os“escolhidos” sabem da verdade. S.Tomás de Aquino estabeleceu umadistinção importante entre aalegoria teológica, que não é vistacomo um artifício retórico, mascomo uma visão do Universo, e aalegoria secular ou literária, ou seja, não há simbolismos na bíblia e devemosentender o que está relatado ao pé da letra como fatos verdadeiros.Deste modo depois da escolástica, a teologia opta gradualmente por proceder ainterpretações bíblicas que privilegiem um sentido anacrônico e idiota da formaliteral das Escrituras, tomando por verdades reais descrições puramentemetafísicas e alegóricas, tornando assim as “fábulas”bíblicas totalmente semsentido.No próximo capítulo do livro de Gênesis, nos é apresentado as gerações a partir deAdão onde se nota a presença maciça de apenas nomes masculinos retratandomais uma vez, como já foi comentado,uma sociedade patriarcal. Em uma leiturasuperficial um leitor ficaria maravilhado e por certo exclamaria;Como devia ser bom o nível de vida na época de Adão, pois este conseguiuviver 930 anos. Realmente em uma leitura superficial e leiga ,um leitor

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desavisado, acharia maravilhosos os dias vividos não só por Adão, mas tambémpelos seus descendentes diretos. Mas nós não faremos uma leitura leiga, nosiremos mais a fundo no relato desses fantasiosos dias vividos e encontraremosvarias afinidades com outras culturas e mitos e também algumas contradições nãomuito bem explicadas pelos redatores bíblicos. Por exemplo, aceitar um intervalode 400 anos para a permanência e ao mesmo tempo constatar que já a quartageração, após a ida ao Egito, participou do Êxodo são duas afirmações tãoevidentemente incomparáveis uma com a outra, que somos obrigados a classificartal cálculo,caro leitor, como participante da estapafúrdia tradução literal literadapor São Tomás . O nosso afamado Adão ao contrario do que pressagiou Deus,não morreu quando comeu do fruto proibido, pois esse ainda viveu 930 anos, queconvenhamos é uma eternidade.Sabemos que Adão não viveu todo esse tempo, pois omesmo nem existiu. O tempo de vida descrito no livrode Gênesis para Adão nada mais é que uma alusão,análoga ao tempo de vida dos gigantes descritos noslivros hindus, e que tinham mais de 600 costelas eviviam em torno de 600 a 1000 anos. Note-se que areligião hindu é pelo menos 3000 anos anterior aqualquer registro bíblico ou judeu.Outra semelhança pode ser feita aos grandes reissumerianos descritos nas tabuinhas de barro encontradasrecentemente em escavações próximo de onde é hoje oIraque e que contribuíram muito para a, digamos,descoberta desse importante povo da antiguidade. Astabuinhas descrevem os nomes de grandes reis e seusreinos poderosos e divulga para o tempo de vida longa,semelhante aos gigantes hindus e aos patriarcas hebreus.Está muito claro que as idades atribuídas aos patriarcas bíblicos, aos giganteshindus e aos reis sumérios não passa de uma alusão ao tempo de reinado ouprimazia de um povo sobre uma região em questão. Temos então mais umaprova contra a leitura fundamentalista e literal da originalidade bíblica.É realmente ridículo se acreditar que em uma época quando os indivíduos queviviam em uma região desértica e extremamente árida, sem recursos naturais quepudessem ser coagulantes para um nível de vida aceitável, se pudesse viver pertode mil anos. Sabemos por meio de um estudo sério da antropologia que taisindivíduos não passavam dos 40 anos.Ciiirrrcccunccciiisssãããooo eee ooutttrrraaasss tttrrraadiiiçççõõõeeesssDentre muitas tradições copiadas pelos judeus temos a circuncisão, no qualse sabe ser egípcio. Ao narrar o que lhe disseram os bárbaros cujos países viajou,

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Heródoto, como a maioria dos autores mitológicos, não nos dizmais que tolices. Não devemos dar-lhe crédito, igualmente,quando fala da aventura de Giges e Candolo, de Árion montadonum delfim, do oráculo consultado para saber o que faziaCreso, o qual respondeu que ele estava cozendo uma tartaruganuma panela tampada, do cavalo de Dario que, tendo sido oprimeiro em relinchar, proclamou seu dono rei, e de cem outrasfábulas próprias para divertir crianças e ser compiladas porretóricos. Quando, porém, fala do que viu, dos costumes dospovos que estudou, das, antiguidades que submeteu a exame, aísim dirige-se a gente grande."Quero crer" - diz no livro Euterpe - "que os habitantes da Cólchida sejamoriginários do Egito. Julgo-o mais por mim mesmo que de outra, porque verifiqueiser mais viva a recordação dos antigos egípcios na Cólchida que no Egito alembrança dos velhos costumes de Colchos .” Pretendia esse povo praieiro do Ponto Euxino ser uma colônia fundada porSesostris. Quanto a mim, já o conjeturava, não somente por serem adustos e teremos cabelos frisados (crespos), mas porque os povos da Cólchida, Egito e Etiópiasão os únicos na terra que sempre praticaram a circuncisão. Quanto aos fenícios eaos habitantes da Palestina, confessam ter copiado tal prática aos egípcios.Da mesma forma os sírios, que hojeestanciam às abas do Termódon e da Parténia,e seus vizinhos mácrons reconhecem nãohaver muito tempo que se conformaram a essecostume egípcio. É esse até um dos principaisatestados de sua ascendência Egipcíaca” ."Quanto à Etiópia e ao Egito, como acircuncisão é antiqüíssima tanto num comonoutro, não sei qual dos dois tenha importadoessa cerimônia. O mais provável, contudo, éterem-na recebido os etíopes dos egípcios.Assim como, contrariamente, desterraram osfenícios o uso de circuncidar as criançasrecém nascidas desde que se intensificou seucomércio com os gregos."É evidente, de acordo com esse passo de Heródoto, que muitos foram os povosque receberam a circuncisão do Egito. Nenhum, porém, jamais pretendeu tê-laimportado dos judeus. A quem atribuir então a origem desta prática: a uma naçãode que confessam havê-la perfilhado cinco ou seis outras, ou a uma nação muitomenos poderosa, menos comerciante, menos guerreira, encafurnada num canto daArábia, que nunca comunicou a povo nenhum o mais insignificante de seuscostumes?Dizem os judeus ter sido outroracaridosamente acolhidos pelos egípcios,

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apesar da arqueologia moderna negar ofato do povo hebreu ter sido cativo noEgito, a não ser por pequenos grupossemitas que procuravam o Egito atrás decomida. Não é muito verossímil haveresse povo ínfimo imitado um uso dogrande povo? Não é natural terem osjudeus adotado um ou outro costume deseus senhores?Conta Clemente de Alexandria que,viajando o Egito, Pitágoras foi obrigado adeixar circuncidar-se para ser admitidoem seus mistérios. Quer dizer,caro leitor,que era absolutamente imprescindível ser circunciso para ingressar no sacerdócioegípcio. Antiqüíssimo era o governo, e as cerimônias se observavam com a maisescrupulosa exatidão.Confessam os judeus terem “ permanecidos” duzentos e cinco anos no Egito. Edizem não haver praticado a circuncisão nesse espaço de tempo. Claro é, porconseguinte que os egípcios não poderiam ter-lhes copiado essa prática enquantoos tiveram como hóspedes. Teriam feito posteriormente, depois de os judeus lheshaverem roubado todos os vasos que lhes tinham sido emprestados e se mandarempara o deserto levando consigo, caro leitor, o fruto do roubo, segundo seu própriotestemunho? Adotará um senhor o costume da religião de um escravo que oroubou e fincou pé no mundo? Não consigo sinceramente entender tal fato.Diz-se no livro de Josué que os judeus foram circuncidados nosdesertos: "Eu vos livrei do que constituía o vosso opróbrio entreos egípcios". Ora, qual podia ser essa maldição para uma naçãoencravada entre a Fenícia, Arábia e Egito, senão o que os tornavadesprezíveis aos olhos destes três povos? Como livrá-los desseopróbrio? Livrando-os de um pouco de prepúcio. Não é o sentidonatural do trecho a cima citado?Diz o Gênesis que o mitológico Abraão foi circunciso. Mas,segundo a bíblia, Abraão esteve no Egito, que era havia muito,reino florescente, governado por poderoso rei. Nada impede quenesse reino tão antigo fosse a circuncisão praticada desde muito tempo antes quese formasse a nação judaica. Demais a circuncisão de Abraão foi um caso isolado.Só depois de Josué foi que se divulgou entre seus descendentes esse sacramento.Ora, antes de Josué os israelitas aprenderam, como eles mesmos confessam,muitos costumes dos egípcios. Imitaram-nos em não poucos sacrifícios,cerimônias, como os jejuns às vésperas das festas de Isis, as expurgações, ocostume de rapar a cabeça dos padres, o incenso, o candelabro, o sacrifício da

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vaca ruça, a purificação com hissopo, a abstinência da carne de porco, a aversãoaos utensílios de cozinha dos estrangeiros, a própria celebração da páscoa não éoriginal dos hebreus, mas sim, egípcio, tudo atestando que o diminuto povohebreu, mal grado sua antipatia à grande nação egípcia, retivera infinidade de usosde seus vizinhos. O bode Hazazel, que enviavam ao deserto carregado dospecados do povo, era visível imitação de uma prática egípcia. Os próprios rabinosconvêm em que a palavra Hazazel (o bode expiatório) não é hebraica. Nadaimpede, portanto que os hebreus hajam imitado os egípcios na circuncisão, comoo fizeram seus vizinhos árabes. Os povos da mesopotâmia à esse tempo pagavamtributos aos egípcios que dominavam a região,nada mais normal que essespequenos povos copiassem costumes egípcios.Nada de extraordinário há em que Deus, que santificou o batismo, tão antigoentre os asiáticos, santificasse também a circuncisão, não menos antiga entre osafricanos. Já dissemos, caro leitor, ser senhor de conferir suas graças aos sinaisque se dignar eleger.Demais de tudo, desde que, sob Josué, os judeus foram circuncisos, mantiveramessa prática até nossos dias. O mesmo fizeram os árabes. Os egípcios, porém, quea princípio circuncidavam os jovens de ambos os sexos,com o tempo deixaram de submeter as moças a taloperação, terminando por restringi-la aos sacerdotes,astrólogos e profetas. É o que nos ensinam Clemente deAlexandria e Orígenes. Efetivamente, nunca se ouviudizer que os antigos Tolemeus tivessem sidocircuncidados.Hoje a circuncisão é de regra no Egito, mas por outrarazão: porque o islamismo adotou a antiga circuncisão daArábia.Foi essa circuncisão árabe que passou à Etiópia, ondeainda se circuncidam os jovens de ambos os sexos.Não há negar ser à primeira vista bem estranha acerimônia da circuncisão.Mas note,caro leitor, que em todos os tempos ossacerdotes do Oriente se consagraram às suas divindadespor marcas particulares. Entre os padres de Baco o sinalera uma folha de hera gravada a buril (instrumento de açopara gravar na pele). Diz Luciano que os devotos dadeusa Tais imprimiam sinais no pulso e pescoço. Os sacerdotes de Cybele faziamseeunucos.É muito provável que os egípcios, que veneravam o instrumento da geração(pênis) e carregavam-lhe a imagem em suas procissões, tivessem a idéia de

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oferecer a Isis e Osíris, deuses que presidiam a todos os fenômenos de reprodução,uma partícula doMembro por que quiseram essas divindades que o gênero humano se perpetuasse.São os antigos costumes orientais tão diferentes dos nossos que nada pareceráextraordinário a quem quer que tenha um pouco de leitura. Um brasileiro ficaadmirado ao saber que os hotentotes, povo africano, cortam aos filhos um dostestículos. Os hotentotes ficariam admiradíssimos se soubessem que os brasileirosconservam os dois.Até o nome de seu deus os judeus malograram, El é uma entidade persa como jáverificamos, foi corrupiada pelos israelitas ,Iahwéh aparece em uma Estelaegípcia e representa uma entidade com uma cabeça de asno,vale salientar que osantigos hebreus tinham um apreço enorme por asnos dentre outros animais.Qualquer animal considerado puro poderia ser usado em um sacrifício de sangue,menos o asno,e o nome hebreu vem de heberu que significa “ adoradores deasnos”. Os cristãos que copiaram aos judeus sua religião , foram bem menoscriativos ,pois o seu deus nem nome têm,é simplesmente Deus,um nome que temcomo origem fonética a mesma do nome DIA ou DIEUS e quer dizer emsânscrito(antiga escrita hindu) Sol ,Luz. O nome ZEUS também é uma translaçãofonética de mesma origem.O dilúvioVamos adentrar agora um dos pontos mais conflitantes da mitologia bíblica, odilúvio. Veremos o relato bíblico e também de outras fontes para que possamosfazer nossas considerações.Gênesis 61 E ACONTECEU que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a faceda terra, e lhes nasceram filhas,2 Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomarampara si mulheres de todas as que escolheram.3 Então disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com ohomem; porque ele também é carne; porém os seus dias serãocento e vinte anos.4 Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois,quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens edelas geraram filhos; estes eram os valentes que houve naantiguidade, os homens de fama.5 E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicarasobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seucoração era só má continuamente.6 Então arrependeu-se o SENHOR de haver feito o homem

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sobre a terra e pesou-lhe em seu coração.7 E disse o SENHOR: Destruirei o homem que criei de sobrea face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, eaté à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.8 Noé, porém, achou graça aos olhos do SENHOR.9 Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações;Noé andava com Deus.10 E gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé.11 A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terrade violência.12 E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne haviacorrompido o seu caminho sobre a terra.13 Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face;porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra.14 Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e abetumarás por dentro e por fora com betume.15 E desta maneira a farás: De trezentos côvados o comprimento da arca, e decinqüenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura.16 Farás na arca uma janela, e de um côvado a acabarás em cima; e a porta da arcaporás ao seu lado; far-lhe-ás andares, baixo, segundo e terceiro.17 Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda acarne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará.18 Mas contigo estabelecerei a minha aliança; e entrarás na arca, tu e os teusfilhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo.19 E de tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na arca,para os conservar vivos contigo; macho e fêmea serão.20 Das aves conforme a sua espécie, e dos animais conforme a sua espécie, detodo o réptil da terra conforme a sua espécie, dois de cada espécie virão a ti, paraos conservar em vida.21 E leva contigo de toda a comida que se come e ajunta-a para ti; e te será paramantimento, a ti e a eles.22 Assim fez Noé; conforme a tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.GÊNESIS 7Gênesis 71 DEPOIS disse o SENHOR a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porquetenho visto que és justo diante de mim nesta geração.2 De todos os animais limpos tomarás para ti sete e sete, o macho e sua fêmea;mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea.

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3 Também das aves dos céus sete e sete, macho e fêmea, para conservar em vidasua espécie sobre a face de toda a terra.4 Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias equarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz.5 E fez Noé conforme a tudo o que o SENHOR lhe ordenara.6 E era Noé da idade de seiscentos anos, quando o dilúvio das águas veio sobre aterra.7 Noé entrou na arca, e com ele seus filhos, sua mulher e as mulheres de seusfilhos, por causa das águas do dilúvio.8 Dos animais limpos e dos animais que não são limpos, e das aves, e de todo oréptil sobre a terra,9 Entraram de dois em dois para junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deusordenara a Noé.10 E aconteceu que passados sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio.11 No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês,naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelasdos céus se abriram,12 E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.13 E no mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cão e Jafé, sua mulhere as mulheres de seus filhos.14 Eles, e todo o animal conforme a sua espécie, e todo o gado conforme a suaespécie, e todo o réptil que se arrasta sobre a terra conforme a sua espécie, e toda aave conforme a sua espécie, pássaros de toda qualidade.15 E de toda a carne, em que havia espírito de vida, entraram de dois em dois parajunto de Noé na arca.16 E os que entraram eram macho e fêmea de toda a carne, como Deus lhe tinhaordenado; e o SENHOR o fechou dentro.17 E durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra, e cresceram as águas elevantaram a arca, e ela se elevou sobre a terra.18 E prevaleceram as águas e cresceram grandemente sobre a terra; e a arcaandava sobre as águas.19 E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montesque havia debaixo de todo o céu, foram cobertos.20 Quinze côvados acima prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos.21 E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado ede feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem.

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22 Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que haviaem terra seca, morreu.23 Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a face da terra, desde ohomem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra;e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca.24 E prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinqüenta dias.GÊNESIS 8Gênesis 81 E LEMBROU-SE Deus de Noé, e de todos os seres viventes, e de todo o gadoque estavam com ele na arca; e Deus fez passar um vento sobre a terra, eaquietaram-se as águas.2 Cerraram-se também as fontes do abismo e as janelas dos céus, e a chuva doscéus deteve-se.3 E as águas iam-se escoando continuamente de sobre a terra, e ao fim de cento ecinqüenta dias minguaram.4 E a arca repousou no sétimo mês, no dia dezessete do mês, sobre os montes deArarate.5 E foram as águas indo e minguando até ao décimo mês; no décimo mês, noprimeiro dia do mês, apareceram os cumes dos montes.6 E aconteceu que ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela da arca que tinhafeito.7 E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram desobre a terra.8 Depois soltou uma pomba, para ver se as águas tinham minguado de sobre aface da terra.9 A pomba, porém, não achou repouso para a planta do seu pé, e voltou a ele paraa arca; porque as águas estavam sobre a face de toda a terra; e ele estendeu a suamão, e tomou-a, e recolheu-a consigo na arca.10 E esperou ainda outros sete dias, e tornou a enviar a pomba fora da arca.11 E a pomba voltou a ele à tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seubico; e conheceu Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra.12 Então esperou ainda outros sete dias, e enviou fora a pomba; mas não tornoumais a ele.13 E aconteceu que no ano seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia domês, as águas se secaram de sobre a terra. Então Noé tirou a cobertura da arca, eolhou, e eis que a face da terra estava enxuta.14 E no segundo mês, aos vinte e sete dias do mês, a terra estava seca.

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15 Então falou Deus a Noé dizendo:16 Sai da arca, tu com tua mulher, e teus filhos e as mulheres de teus filhos.17 Todo o animal que está contigo, de toda a carne, de ave, e de gado, e de todo oréptil que se arrasta sobre a terra, traze fora contigo; e povoem abundantemente aterra e frutifiquem, e se multipliquem sobre a terra.18 Então saiu Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos comele.19 Todo o animal, todo o réptil, e toda a ave, e tudo o que se move sobre a terra,conforme as suas famílias, saiu da arca.20 E edificou Noé um altar ao SENHOR; e tomou de todo o animal limpo e detoda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar.21 E o SENHOR sentiu o suave cheiro de carne queimada, e o SENHOR disse emseu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque aimaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais aferir todo o vivente, como fiz.22 Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, edia e noite, não cessarão.Veremos agora a versão greco-romana, anterior à versão bíblicaEstando assim povoado o mundo, seus primeiros tempos constituíram uma era deinocência e ventura, chamada a Idade de Ouro. Reinavam a verdade e a justiça,embora não impostas pela lei, e não havia juízes para ameaçar ou punir. Asflorestas ainda não tinham sido despojadas de suas árvores para fornecer madeiraaos navios, nem os homens haviam construído fortificações em torno de suascidades. Espadas, lanças, ou elmos eram objetos desconhecidos. A terra produziatudo necessário para o homem, sem que este se desse ao trabalho de lavrar oucolher.Vicejava uma primavera perpétua, as flores cresciam sem sementes, astorrentes dos rios eram de leite e de vinho, o mel dourado escorria dos carvalhos.Seguiu-se a Idade da Prata, inferior à de Ouro, porém melhor do que a de Cobre.Júpiter reduziu a primavera e dividiu o ano em estações. Pela primeira vez ohomem teve de sofrer os rigores do calor e do frio, e tornaram-se necessárias àscasas. As primeiras moradas foram as cavernas, os abrigos das árvores frondosas ecabanas feitas de hastes. Tornou-se necessário plantar para colher. O agricultor

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teve de semear e de arar a terra, com a ajuda do boi. Veio, em seguida, a Idade deBronze, já mais agitada e sob a ameaça das armas, mas ainda não inteiramente má.A pior foi a Idade do Ferro. O crime irrompeu, como uma inundação; a modéstia,a verdade e a honra fugiram, deixando em seus lugares a fraude e a astúcia, aviolência e a insaciável cobiça. Os marinheiros estenderam as velas aos ventos eas árvores foram derrubadas nas montanhas para servir de quilhas dos navios eultrajar a face do oceano. A terra, que até então fora cultivada em comum,começou a ser dividida entre os possuidores. Os homens não se contentaram como que produzia a superfície; escavou-se então a terra e tirou-se do seu seio osminérios e metais. Produziu-se o danoso ferro e o ainda mais danoso ouro. Surgiua guerra, utilizando-se de um e de outro como armas; o hóspede não se sentia maisem segurança em casa de seu amigo; os genros e sogros, os irmãos e irmãs, osmaridos e mulheres não podiam confiaruns nos outros. Os filhos desejavam amorte dos pais, a fim de lhes herdarem ariqueza; o amor familiar caiu prostrado. Aterra ficou úmida de sangue, e os deuses aabandonaram, um a um, até que ficousomente Astréia, que, finalmente, acaboutambém partindo.Vendo aquele estado de coisas, Júpiterindignou-se e convocou os deuses paraum conselho. Todos obedeceram àconvocação e tomaram o caminho dopalácio do céu. Esse caminho pode servisto por qualquer um nas noites claras,atravessando o céu, e é chamado de ViaLáctea. Ao longo dele ficam os paláciosdos deuses ilustres; a plebe celestial vive à parte, um lado ou de outro. Dirigindoseà assembléia, Júpiter expôs as terríveis condições que reinavam na Terra eencerrou suas palavras anunciando a intenção de destruir todos os seus habitantese fazer surgir uma nova raça, diferente da primeira, que seria mais digna de viver esaberia melhor cultuar os deuses. Assim dizendo, apoderou-se de um raio e estavaprestes a atirá-lo contra o mundo, destruindo-o pelo fogo, quando atentou para operigo que o incêndio poderia acarretar para o próprio céu. Mudou, então, de idéia

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e resolveu inundar a terra. O vento norte, que espalha as nuvens, foi encadeado; ovento sul foi solto e em breve cobriu todo o céu com escuridão profunda. Asnuvens, empurradas em bloco, romperam-se com fragor; torrentes de chuvacaíram; as plantações inundaram-se; o trabalho de um ano do lavrador pereceunuma hora. Não satisfeito com suas próprias águas, Júpiter pediu a ajuda de seuirmão Netuno. Esse soltou os rios e lançou-os sobre a terra. Ao mesmo tempo,sacudiu-a com um terremoto e lançou o refluxo do oceano sobre as praias.Rebanhos, animais, homens e casas foram engolidos e os templos, com seusrecintos sacros, profanados. Todo edifício que permanecera de pé foi submerso esuas torres ficaram abaixo das águas. Tudo se transformou em mar, num mar sempraias. Aqui e ali, um indivíduo refugia-se num cume e alguns poucos, em barcos,apóiam o remo no mesmo solo que ainda há pouco o arado sulcara. Os peixesnadam sobre os galhos das árvores; a âncora se prende num jardim. Onderecentemente os cordeirinhos brincavam, as focas cabriolam desajeitadamente. Olobo nada entre as ovelhas, os fulvos leões e os tigres lutam nas águas. A força dojavali de nada lhe serve, nem a ligeireza do cervo. Os seres vivos que a águapoupara caem como presas da fome. De todas as montanhas, apenas o Parnasoultrapassa as águas. Ali, Deucalião (*filho de Prometeu*) e sua esposa Pirra(*filha de Epimeteu e Pandora*), da raça de Prometeu, encontram refúgio, ele éum homem justo, ela, uma devota fiel dos deuses. Vendo que não havia outrovivente além desse casal, e lembrando-se de sua vida inofensiva e de sua condutapiedosa, Júpiter ordenou aos ventos do norte que afastassem as nuvens emostrassem o céu à terra e a terra ao céu. Também Netuno ordenou a Tritão quesoasse sua concha determinando a retirada das águas. As águas obedeceram; o marvoltou às suas costas e os rios, aos seus leitos. Deucalião assim se dirigiu, então, àPirra: "Ó esposa, única mulher sobrevivente, unida a mim primeiramente peloslaços do parentesco e do casamento, e agora por um perigo comum, pudéssemosnós possuir o poder de nosso antepassado Prometeu e renovar a raça, como elefez, pela primeira vez! Como não podemos, porém, dirijamo-nos àquele templo eindaguemos dos deuses o que nos resta fazer." Entraram num templo coberto delama e aproximaram-se do altar, onde nenhum fogo crepitava. Prostraram-se naterra e rogaram à deusa que os esclarecesse sobre a maneira de se comportarnaquela situação miserável. "Saí do templo com a cabeça coberta e as vestes

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desatadas e atirai para trás os ossos de vossa mãe" - respondeu o oráculo. Estaspalavras foram ouvidas com assombro. Pirra foi a primeira a romper o silêncio:"Não podemos obedecer; não vamos nos atrever a profanar os restos de nossospais”.Seguiram pela fraca sombra do bosque, refletindo sobre o oráculo. Afinal,Deucalião falou: "Se minha sagacidade não me ilude, poderemos obedecer àordem sem cometermos qualquer impiedade. A terra é a mãe comum de todos nós;as pedras são seus ossos; poderemos lançá-las para trás de nós; e creio ser isto queo oráculo quis dizer. Pelo menos, não fará mal tentar." Os dois velaram o rosto,afrouxaram as vestes, apanharam as pedras e atiraram-nas para trás. As pedras(maravilha das maravilhas!) amoleceram e começaram a tomar forma. Pouco apouco, foram assumindo uma grosseira semelhança com a forma humana, comoum bloco ainda mal acabado nas mãos de um escultor. A umidade e o lodo quehavia sobre elas transformaram-se em carne; aparte pétrea transformou-se nos ossos; as veias ou veios de pedra continuaramveias, conservando seu nome e mudando apenas sua utilidade. As pedras lançadaspelas mãos do homem tornaram-se homens. as lançadas pela mulher tornaram-semulheres. Era uma raça forte e bem disposta para o trabalho como até hoje somos,mostrando bem a nossa origem."Pode parecer surpreendente a semelhança desta história com a lenda de Nóe (oDilúvio bíblico), mas saiba o leitor que o mito do dilúvio se repete em muitasculturas como a babilônica (Gilgamesh); a chinesa; a asteca; a hindu; a maia,etc,culturas essas bem mais antigas que a dos hebreus e por conseguinte,a bíblica.Em 1915 o erudito inglês Alan Millard, assistente interino do Departamento deAntiguidade da Ásia Ocidental no Museu Britânico, após salvar da destruição ,originais sumerianos que foram ditos como malditos e feitos pelo Diabo paraenganar os homens, pôde restaurar outros três quintos de texto dos fragmentosarmazenados no porão do museu, onde aparecena epopéia de Gilgamesh a narração do dilúviopersa.Enquanto analisava um texto que tinha sidodesenterrado mais de um século antes, ele notouque os escritos pareciam estranhamente com osdo livro de Gênesis. Esta história épica estavapreservada num tablete de mais de 1.200 linhas.O tablete em si provavelmente datava do séculoXVII a.C., mas a história que ele recontavaremonta a séculos do período babilônico maisantigo. A história, apesar de apresentada de uma

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perspectiva teológica dos babilônicos, contémmuitos detalhes que são semelhantes aos relatosbíblicos da criação e do dilúvio, provando assim que o conto bíblico é uma copiado mito babilônico . No conto babilônico os deuses governavam a terra (Gn 1.1).Eles fazem o homem do pó da terra misturado com sangue (. Gn 2.7; 3.19; Lv17.11). Para tomar dosdeuses inferiores aresponsabilidade de cuidarda terra (Gn 2.15). Quandoos homens se multiplicamsobre a terra e se tornamuito barulhento, umdilúvio é enviado (depois deuma série de pragas) paradestruir a humanidade (Gn2.15). Um homem chamadoAtrahasis é avisado sobre odilúvio e recebe ordens paraconstruir um barco (. Gn6.14). Ele constrói um barco e enche-o de comida, animais e pássaros. Poreste meio ele é salvo enquanto o resto do mundo perece (cf. Gn 6.122). Muito dotexto é destruído neste ponto, portanto não há registro da atracagem do barco.Contudo, como na conclusão do relato bíblico, a história termina com Atrahasisoferecendo um sacrifício aos deuses e o deus principal aceitando a continuação daexistência humana (cf. Gn 8.20-22) “. A epopéia de Gilgamesh, a semelhança como mito da criação é extremamente surpreendente. Vamos recordar ao caro leitorde que, a religião persa é muito anterior à aventura bíblica, e sabendo que muitoshebreus cumpriram uma estadia forçada na terra de Atrahasis, ficamuito claro a apropriação do mito pelos hebreus. Temos aindaoutros heróis fantásticos que passaram por um Dilúvio,comoUnaptashim,no conto sumeriano.A versão bíblica do dilúvio é sem duvida alguma de todas asversões, a mais improdutiva e incorre em erros notadamenteprevisíveis devido à falta de minudência que o relatorbíblico não possuía em mãos na hora de redigir o mito,que era repassado oralmente.A simplicidade e pobreza do folclore hebreu, quepoderíamos dizer, era como um pirata mitólogofalseando e copiando lendas e historias, foi piorado, pelas traduções mal feitas, dasescrituras bíblicas, por cristãos ofuscados pelo fanatismo . Pode ocorrer umaduvida ao leitor de o porque do conto bíblico ser tedioso e os contos pagãossemelhantes serem mais sucintos, se ambos cogitam sobre o mesmo assunto?

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Acontece, caro leitor, que os contos pagãos foram elaborados pelo povomesopotâmico para serm vistos apenas como pura lenda e folclore. O contobíblico foi elaborado para ser uma verdade, e engolido como uma concepçãohistórico real da humanidade.Akhenaton o pai do monoteísmo?Temosainda algumas dúvidas sobre a origem ecultura dos povos que viveram na Era doBronze, (hindus, sumérios, babilônios,fenícios, hebreus etc...), mas pouco a poucovamos iluminando com a luz forte da ciênciadeixando para traz a claridade parda da velaque representa a mitologia bíblica antesirretocável e sagrada. Vamos recordar, caroleitor, que é apregoado aos judeus (hebreus)como primeiro povo de cultura monoteísta,conotando um certo ar de autoridade everacidade na existência de Iahwéh. Sabemos hoje que isso não passa de um dosmaiores embustes da história, como eu já havia colocado anteriormente. Narealidade nunca houve no passado ou no presente tempo um povo monoteísta. Oque se temos por aí é uma monolatria enrustida, liderada por uma entidade maior( Deus) rodeada por um panteão de entidades menores ( Cristo,Espírito Santo,Anjos ,Demônios e Santos ) aos montes. Se algum dia alguém chegou perto deum monoteísmo puro, esse alguém não seria um judeu, mas um egípcio...Akhenaton.O faraó Akhenaton é responsável pelo cisma religioso mais profundo nos três milanos da civilização egípcia:Há mais de três mil anos, todas as divindadesegípcias foram substituídas por um deus único,Aton, o disco solar irradiante, símbolo da vida, doamor, da verdade, arruinando o clero todopoderosode Tebas. Na história do Egito antigo,não há casal mais sedutor do que o rei Akenaton esua esposa Nefertiti, no século XIV a.C. Por maisexcêntricas que fossem suas representações, asedução não se limita aos seus aspectos físicos.Ambos tornaram-se personagens simbólicos dacivilização egípcia por terem sido a origem doúnico cisma profundo conhecido pelo Egito nodecorrer de seus três mil anos de história.Destituindo o todo poderoso clero de Amon paraimpor um deus único, representado pelo discosolar Aton, Akenaton abria pela primeira vez nahistória da humanidade um caminho rumo a umquase monoteísmo.O reinado deste faraó, por muito tempo erroneamentequalificado como "herético", situa-se no fim da efervescente

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XVIII dinastia, por volta de 1358 a.C. A civilização se encontraem plena apoteose. O Egito jamais teve tamanha opulência erefinamento. Após as grandes conquistas de Tutmósis III, omomento é de paz. Amenófis III, pai de Akenaton, soubeestender pelo Oriente o poder e o brilho de Tebas, centro de umgrande império internacionalO deus Amon é venerado. O clero de Tebas está mais onipotentee mais onipresente do que nunca, constituindo um verdadeiroEstado dentro do Estado. Esta situação já havia preocupadodiversos soberanos que, em vão, haviam tentado reduzir asambições políticas dos chefes religiosos. Amenófis III temconsciência do perigo que este contra-poder representa para arealeza.Desde a descoberta de seu palácio, construído na margem oestedo Nilo, longe de Karnak, o que não era habitual, algunspesquisadores lançaram a hipótese de uma ruptura voluntária com o clero deAmon. De fato, o nome do palácio significa "A casa de BebMaât-Rá é o discoresplandecente", associando plenamente o soberano ao deus. Tiya, esposa deAmenófis III por trinta anos, já venerava o disco solar Aton mais do que Amon, odeus oficial.Na educação dada a seu filho, o futuro Akenaton, ela pregava com força o cultodeste deus cujo ideograma reflete a natureza: o olho de um deus celeste, cujocírculo evoca a íris e o ponto central a pupila. É ela quem, uma vez criada a cidadede Akenaton, preferiu permanecer em Tebas para manter o elo entre o clero deAton e o de Amon, a fim de evitar a invasão popular.Para o egiptólogo Alexandre Varille, "a revolução de Akenaton foi mais umareação contra o poder temporal de Amon do que uma modificação profunda dareligião. O famoso hino ao sol de Amarna exprime a mesma filosofia unitária demúltiplos textos do mais antigo Egito". Desde o início do período histórico, areligião já estava bastante instituída, refletida e ordenada pelos teólogos.Apresenta uma uniformidade encontrada durante três milênios.Esta harmonia intelectual se traduz por uma reflexão teológica jamaisinterrompida, cuja inspiração jorrava sem cessar de suas próprias fontes. Porexemplo, os textos religiosos gravados nas pirâmides da V e VI dinastia sãocopiadas nas tumbas do Médio Império e na época da XXVI dinastia, sendo aindautilizados. Este caráter ímpar pode surpreender tanto que se tem a impressão delidar com um quebra-pau de divindades provenientes de todas as regiões do Egito.Quando se vê o número impressionante de deuses locais, é preciso admitir que avelha religião era um politeísmo, que nos leva a uma grande confusão. Mas osegípcios sempre foram mais sensíveis à natureza divina latente sob a imagem deum deus do que às particularidades irredutíveis que este deus pudesse ter.De milênio em milênio, a religião vai evoluir tentando combinar em uma formaúnica os mais diferentes deuses. O deus do sol Rá, principalmente, constitui o

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núcleo de muitas combinações. Amon de Tebas, Hórus no Horizonte, Atoum deHeliópolis: todos, no Novo Império, identificam-se como Rá.O pensamento religioso foi progressivamente elevado dosdeuses locais a concepções metafísicas mais abstratas.Em um dado momento, caro leitor,os egípcios devem ter sidotentados a se livrar da multidão de representaçõesincômodas, que acabavam por mascarar a realidade mais doque traduzi-la. Esta tendência levaria à extinção gradual dopoliteísmo. Em alguns hinos ao Sol, o ser composto Amon-Rá-Harakhte-Atoum é invocado como deus único.Mas ao mesmo tempo em que Amon, Rá e Hórus possuíamcada um seu templo e seu clero, a fusão destes deuses emuma unidade real não poderia se completar, pois cada grupotentava monopolizar em benefício de seu deus os poderes eas qualidades de todos os outros,igual ao que ocorre com ocristianismo nos tempos de hoje. O que mais resistiu a estas tendênciasmonoteístas foi, logicamente, o colégio dos sacerdotes de Amon em Tebas: o maisrico e o mais poderoso do país, o que mais tinha a perder.Esta resistência explica a violência do combate que ainda se desenvolve quando,uma vez instalado ao trono, o jovem soberano que ainda se chamava Amenófis IVquer destruir o esotérico Amon, “O que está escondido”. Para impor Aton, odisco irradiante portador de "luminosidade, vida, amor, verdade". Esta divindadenão é certamente uma nova criação visto que Aton é um deus muito antigo."Era o deus celeste Hórus que, desde os tempos pré-históricos, encarnava no rei etransportava Aton, o disco solar diurno, ou seja, Rá, através do firmamento sobresuas asas de falcão gigante", explica o egiptólogo Alain Zivie. Akenaton se desfazdo falcãopara conservar apenas o disco, cujos raios terminam em uma mão humanaenviando sua força ao rei que, a exemplo de Rá, reina sobre o Horizonte. "Emalguns meses este símbolo de divindade solar foi transformado em abstração e emúnico deus", prossegue Alain Zivie."Embriagado de deus", o novo rei empenha-se de maneira enérgica fazendorespeitar sua vontade de uma"experiência única a revelar".Proclama a seus súditos que, desde ostempos mais antigos, os deusesexistem sob formas gravadas empedras, criados pelas especulações epelas mãos de artesãos. Seu deus nãoé desta espécie."Era um deus criado por si próprio,que se renovava a cada dia e

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permanecia gloriosamente vivo",escreve Cyril Aldred, grandeespecialista do período amarniano.Entretanto, era uma entidade abstrata,desconhecida do homem, masdesignada somente pelo símbolo daluz do dia irradiando a partir do discosolar. "Este deus único era porconseqüência supremo, era realmenteum deus, um rei celeste, cujo reinado tinha começado antes do reinado do própriorei, seu filho e co-regente, seguramente análogo ao posterior Cristo judeu”.Podemos achar igual pensamento na mitologia hindu onde Brahma também é umadivindade que não pode ser representada fisicamente, mais tarde também Iahwéh écriado pelos hebreus com as mesmas características.Mais do que qualquer outro faraó, Akenaton se considera o único intermediárioentre seu deus e seus súditos. Em todas as representações amarnianas do discoirradiante Aton, os raios luminosos dirigem-se ao rei (e à rainha, mas nunca paraoutra pessoa, nem mesmo aos filhos) dos "ankhs", sinais de vida semprerenovados.É através dessas forças oriundas de seu deus que Akenaton respira a própriaessência da vida. Desde então, Aton substitui o conjunto de divindades até entãoveneradas. O nome de Amon-Rá é difundido em todo lugar e o plural da palavrado deus é extinto. Depois disso, Akenaton decide deixar Tebas. A cidade, por suaescolha, permanece impregnada de emanações do deus banido por ele.Após ter transformado seu nome de Amenófis, que significa "Amon estásatisfeito", por Akenaton, "Aquele que agrada a Aton", introduzindo em suatitulatura a palavra "akh", dando a idéia de um encaminhamento do ser em direçãoà luz, ele parte para instalar a nova capital do Médio Egito em Amarna. Escolhesozinho o local, uma grande planície desértica ao leste do Nilo que forma umimenso semicírculo rodeado de altos penhascos de calcário. A forma circular dolocal lembra o astro levante.Ele batiza a nova cidade Akhetaton, - o horizonte de Aton -. Ela é delimitada porestelas, fronteiras fincadas no penhasco, representando o rei, a rainha e seus filhos,protegidos por Aton. Em uma das raras estelas que não foi inteiramente destruída,pode-se ler: "Eu construirei Akhetaton no Oriente, onde nasce o Sol, no lugar queele rodeouvoluntariamente por montanhas. O culto é celebrado então nos templos sem

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estátuas, a céu aberto. É uma verdadeira revolução no ritual. Não há maisprocissão, pois não há mais ídolos a expor. Mas oferendas são sempre trazidas ecantam-se hinos. Um deles, composto pelo próprio rei, é de um real lirismo.A revolução amarniana não poupou a arte em todas as suas formas. É uma arterevista e corrigida à luz da nova fé, dotada de um naturalismo e uma poesia àsvezes próximos do sublime. Ninguém podeesquecer a extraordinária beleza de Nefertiti,imortalizada por um busto assinado peloescultor Tutmés, atualmente exposta no museude Berlim. A pureza da expressão, a delicadezados traços, a espiritualidade do olhar mostram operturbador esplendor do rosto da rainha.Impossível também não notar as imensasestátuas representando um rei com formasfemininas, ventre pesado e peito opulento, rostoe crânio alongados ao máximo, efígies quesuscitam especulações.Alguns vêem nelas uma degeneração; outrosinterpretam suas representações como o símboloda bissexualidade de Aton, - pai e mãe dahumanidade. Mas o assunto é objeto de polêmica. Akenaton não pára de cativar ede desconcentrar a todos os que se interessam por sua história. Atualmente, osegiptólogos o consideram mais como déspota do que como revolucionárioapaixonado pela liberdade.Eles se baseiam nos baixos-relevos que decoram sepulturas amarnianas ondeaparecem atitudes não habituais na iconografia egípcia: pessoas se inclinamperante o Faraó ao invés de manterem-se eretos diante dele, como era habitual atéentão. O Faraó, desde então, não se contenta mais em garantir a ordem universal,ele a decide. "Eis a heresia amarniana", diz um especialista do Louvre. "Não é ainstauração de um culto solar ou de um suposto monoteísmo. Mas a submissão dagrandeza imanente que representa a ordem cósmica a um determinismo humano."Uma outra visão de Akenaton nos chega através de escritos, onde o mesmo éapresentado com uma feiúra notável para os nossos tempos. Parece,caro leitor,que o faraó tinha metro e meio e tinha qualquer problema com sua perna direita,dando a impressão de ter tido sofrido com paralisia.A própria Nefertiti é demonstrada com um nariz quebrado ou torto.Não se sabe direito qual a razão dessas imagens destocadas dos nobresegípcios,mas sem dúvida alguma, refere-se a algum dogma religioso.Haverá, então, neste reinado, uma exacerbação da função real e uma mudança na

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percepção que os egípcios tinham da natureza do rei. Isso havia começado comHatshepsout por volta de 1479 a.C. Esta rainha-faraó justificou seu reinado,enquanto mulher, afirmando-se da mesma essência de Amon: o deus que secolocaria no lugar de seu pai físico, para procriá-la. Amenófis III retomou estetema apresentando-se, em seu templo de Luxor, como um filho que reencontra seupai, o deus Aton.Foi este aspecto que desenvolveu Amenófis IV. O rei e a rainha se transmutavamna manifestação carnal, tangível, da essência solar na Terra. Desse parêntese únicoda história do Egito, surgiu a questão de saber se Akenaton não foi, no fundo, opai do suposto monoteísmo, um século antes de Moisés. A tentação é sempregrande de aproximar a religião instaurada por este rei egípcio de um monoteísmohebreu. Antes de Amenófis, o faraó era apenas uma representação do faraódivino que morava em outra dimensão. Amenófis se fez acreditar que ele era aencarnação do próprio deus, ou seja, o espírito se fez carne, como seria copiadomais tarde por todos os outros faraós subseqüentes. Namesopotâmia, devido a Akhenaton, também ocorre aelevação dos reis para um patamar divino. Mais tardeteremos no império romano, também, a divinação dosCésares.Moisés seria o continuador da religião amarniana?Entretanto, uma dúvida permanece quanto àtransmissão desta religião. A morte de Akenaton colocaimediatamente na sombra seus dezessete anos dereinado. A destruição de seus templos e de sua cidadefizeram desaparecer os indícios de sua passagem pelotrono do Egito. Os egípcios de então não suportavamesta intolerância religiosa que, desde sempre, lhes eraestranha.Um decreto restitui a Amon suas prerrogativas. O clero de Tebas recupera seupapel e se esforça, no seu desejo fanático de vingança, em fazer desaparecer onome de Akenaton das listas reais e de todos os edifícios. "Entretanto, e de umamaneira quase perversa” escreve Cyril Aldred “ as idéias pelas quais Akenatonhavia tanto se sacrificado não deixariam de existir completamente. Elas perduramnos descobrimentos arqueológicos,cujo os sinais são muito difíceis deapagar,reforçando ainda mais a teoria de que a bíblia relata apenas fábulas e nãofatos,pois apesar do clero de Amon tentar apagar o nome de Akhenaton dahistória,isto se tornou impossível porque o grande Faraó realmente existiu,aocontrario da grande maioria de personagens bíblicos que não deixaram nenhumamarca ou vestígio,simplesmente porque não existiram. Se a observamos de mais

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perto, entretanto, a religião de Akenaton e a de Moisés parecem dificilmenteredutíveis uma à outra. Antes de mais nada, seria Moisés egípcio? Em seu livroHomme Moïse et la religion monothéiste (Moisés, o homem e a religiãomonoteísta), Freud relata que dificilmente aconteceria que um egípcio de altoescalão, como poderia ter sido Moisés, se colocasse à frente de uma multidão deestrangeiros emigrados, atrasados no aspectoda civilização, para deixar seu país comeles.Se Moisés não era egípcio, por que razãoiria se apoderar da religião do povo que oescravizava? No culto solar de Aton há semdúvida um equivalente do exclusivismobíblico. Freud reconhece que Akenatonincluiu alguma coisa nova, pela qual adoutrina do deus universal torna-se quasemonoteísta: o fator da exclusividade. .Mas a semelhança entre Aton e Iahwéh nãofica por aqui. Nos Dez Mandamentos, éproibido adorar qualquer outra imagem que não seja a daquele que está no maisalto dos céus, sobre a terra ou nas profundezas do oceano. Aton encontra-serepresentado em todo lugar, adorado sob a forma de um disco solar, que nada maisé do que a própria imagem do Faraó concebida a cada manhã pelos raios do deus.Fica patente a semelhança de mandamentos entre Iahwéh e Aton para seremadorados sobre qualquer outro deus, sob pena de morte. O ato religioso-politico éclaro, Akenaton quer poder político e o suposto Moises idem. Iahwéh renasce acada dia, assim como Aton. Este renascimento sistemático reflete a vontadeprometeica de vencer a morte. Os egípcios fizeram de tudo para tornar possíveluma existência após a morte. A religião judaica, na qual a continuação da vidaapós a morte jamais é evocada, renunciou completamente à imortalidade .É muitodifícil,caro leitor, saber qual foi a perenidade da mensagem pós-morte. Semdúvida, esta vontade de unicidade a caminho de um possível monoteísmo marcouuma evolução fundamental na história religiosa da humanidade. Nota-se uma claraevidencia ímpar para se buscar no futuro pensamento mítico –cristão orenascimento de Aton.

Ficamos quase que impassíveis quando nos pegamos a perguntar o porque de todoesse panteão de deuses e entidades poderosas boas ou maldosas, renegadas ouvingativas. Qual a razão de todo esse poder oculto ministrado por síndicosocultos?O assunto que adentraremos agoraé de extrema importância, pois veremos o

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que de podre existe por detrás de certaslideranças fundamentalistas e o quãoperigosa pode ser uma mente perturbadapelo fanatismo religioso e conceitos demistérios e ocultismo.Existem sólidas evidências de que semprefoi assim: manipuladores e marionetes.Mas, quem está, invisível, no comando dostestas-de-ferro? Por trás das cortinas desseprocesso tido como irreversível, aglobalização, quem são os diretores decena? E se detém o controle dos nossoscordéis, como manipulam os mercados a partir de símbolos, tecem a teia dasreligiões e se encobrem em sociedades secretas? Não, caro leitor, parece quenão é apenas uma peça de ficção. É preciso recuar muito, muitíssimo, no tempo,na História e em certos conceitos para encontrarmos o fio da meada da nossa tese.O maior truque das fraternidades que ditam a evolução ou involução dosmovimentos e modelos globais é convencer a todos de que eles não existem.Vamos agora buscar as entranhas da verdadeira história, que não aparece naslinhas tímidas dos nossos improfícuos livros de escola. Com o amplo apoio dehistoriadores, antropólogos, etnólogos e geneticistas, podemos, de modo geral,aceitar que o núcleo primário da chamada raça branca seja originário dasmontanhas do Cáucaso, do Irã e do Curdistão. Tal princípio jáestaria tão consagrado que os homens e mulheres de pelebranca são, aberta e oficialmente, reconhecidos eidentificados, em documentos de países do Hemisfério Norte(em especial pelos formulários do Departamento deImigração dos Estados Unidos...), como caucasianos.Segundo princípios de antropologia defendidos porestudiosos dessa matéria específica, desenvolveram-se duasnovas linhagens terrenas, a partir do grupo caucasiano inicial:uma procurou manter-se íntegra, relacionando-se apenas entreseus membros e descendentes exclusivos, conservando apureza genética e a aparência original, definida aos nossos olhos pela pele muitoclara, cabelos louros e os olhos azuis. Seriam, nessa ótica arrogantemente racistada Elite Global, os membros excelsos ou sublimes da nossa civilização, os queexerceriam de fato o controle de todos os demais, conhecidos e identificadosapenas pelos seus pares do mais alto grau de iniciação da FraternidadeBabilônica. A outra vertente teria se formado caro leitor, pela interação do grupoinicial com os habitantes nativos das terras baixas, originalmente negros, amarelosou, dando início às novas correntes biológicas terrenas, como as conhecemos hoje.Ressalte-se, entretanto, que os integrantes dessa segunda vertente, a reprodutora,

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têm procurado manter-se tão puros quanto possível, relacionando-se quase sempreentre famílias de iguais, os descendentes do pequeno círculo formado por pessoasde antecedentes genéticos assemelhados. Estes seriam, na voz dos ‘especialistas’,“... os membros predominantes das famílias dos ‘Illuminati’ que têm manipuladoo curso da História desde os tempos da Antiga Suméria."O círculo mais restrito e particular desses alvos habitantes das terras altas teriaadquirido ou desenvolvido conhecimentos esotéricos, filosóficos e científicos tãoexclusivos e sofisticados para a época que passaram a se distinguir dos demais,não somente pela aparência, caro leitor, mas, em especial, pela avançada cultura,atraindo para si invejas, incompreensões e hostilidades. Isso fez com que seretraíssem e passassem a compartilhar esses conhecimentos de forma velada, emassociações formadas apenas entre seus iniciados, ou irmãos, daí o nome deFraternidade dado ao seu exclusivíssimo conjunto, hoje espalhado por todo oglobo terrestre.E esses núcleos de iniciados, caroleitor, constituíam o que hoje ospesquisadores denominam"Escolas de Mistérios" (MisterySchools). Entre as principais,pioneiras, estavam as Escolas deMistérios da Babilônia, do Egito eda Grécia, onde o conhecimentorestrito e esotérico era guardadosob o mais estreito sigilo: naverdade, a quebra ao juramento desilêncio era punida com a morte!Segundo o filósofo e autormaçônico Manly Hall,... "As Escolas de Mistérios foram criadas e estabelecidascomo sociedades secretas para evitar as interferências externas, enquanto nelas osiniciados tentavam estabelecer uma ponte que reduzisse as distâncias entre oconhecimento dos mundos material e espiritual”.O fato é que, independentemente de sua origem, visando a escapar de incômodosmaiores, membros dessa sofisticada elite branca alterosa teriam emigrado, hámilhares de anos para as terras mais baixas, correspondentes ao que hojechamamos de Iraque, Egito, Israel, Palestina, Jordânia, Síria, Irã e Turquia,misturando-se seletiva e cuidadosamente aos povos locais.Naquele tempo, como já vimos anteriormente, já existia nessas terras umacivilização chamada Suméria, estabelecida na região da Mesopotâmia, hoje

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Iraque, formada entre os rios Tigre e Eufrates. Estima-se que a Suméria possa terseformado cerca de 6.000 anos a.C. e sabemos que ela fez parte do ImpérioBabilônico, que tanto influenciou as crenças do judaísmo e, por este, ocristianismo, assim como também veio a ocorrer com a civilização egípcia.Alguns autores da arqueologia moderna afirmam que a Suméria foi o berçooriginal de grande parte do conhecimento que moldou a nossa existência e a nossacultura. Para eles, a crença cristã num Filho de Deus e num Cordeiro de Deusmorrendo para a remissão dos pecados da humanidade podia ser encontrada naBabilônia, na Suméria e no Egito. A idéia de um cordeiro morrendo para perdoaros pecados da humanidade também se origina da crença Suméria de que se umdesses animais fosse sacrificado num altar os pecados das pessoas envolvidas noritual seriam literalmente perdoados pelos deuses.... "Mães virgens de homens-deus ‘salvadores’abundaram no mundo antigo e ainda podem serencontrados nas crenças de povos nativos dasAméricas do Norte, do Sul e Central. Como jásabemos história bíblica dos Jardins do Éden éespelhada na história muito anterior do Jardim deEdinnu, e mesmo a idéia do Sabbat judaico podeser encontrada no dia de repouso Sumériobabilônico,o Sabattu. Os judeus que forammantidos no cativeiro da Babilônia levaram muitasdessas histórias consigo, de volta para a Palestina,quando foram libertados pelos persas. Elasencontraram seu caminho no Velho Testamento daBíblia e, daí, passaram ao Novo TestamentoCristão. Muitas idéias religiosas de hoje são merasreciclagens de antigas crenças e históriassimbólicas... e hoje, quando seu sentido original seperdeu, aparecem distorcidas, sob uma avalanche demitos e invenções como a de Jesus Cristo que é umaclara alusão ao mítico profeta Elias onde osmilagres são idênticos e as fabulas análogas...”Fecundando ou Influenciando alguns desseshabitantes dos baixos babilônicos, os homens brancos trouxeram-nos para o seiode sua linhagem genética, tornando-os partícipes do elevado conhecimento de quedesfrutavam e das ações que empreendiam às escondidas. Esses novos gruposétnicos expandiram-se e infiltraram-se pelo novo território e suas populações, sobdenominações distintas, entre as quais se pode destacar os povos hitita e fenício.

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Ambos, outrora creditados exclusivamente como semitas, acredita-se hoje tenhamsido definitivamente mesclados pela linhagem dos antigos árias, razão precípua demuitos ainda possuírem características físicas daquele grupo, levadas também nopassado, em suas incursões militares e comerciais, ao Norte da Europa e a outraspartes do mundo.Pesquisas conduzidas por Desborough garantem mesmo que os fenícios foram oprimeiro grande grupamento étnico caucasiano a ser formado como descendenteconsangüíneo da Fraternidade Babilônica. Eles seriam, nessa qualidade, tanto ospais de outros povos, seus contemporâneos, como, por exemplo, o cérebro por trásda avançada civilização egípcia.Após essa suposta miscigenação registra-se, coincidentemente, um súbitosurto de progresso cultural e tecnológico dos povos que habitavam a Suméria, aAssíria, o Egito e o Vale do Industão. Segundo a "historiografia oficial", foi a raçabranca "ariana" (eles se autodenominavam árias), das montanhas do Cáucaso, quese moveu em direção ao Vale do Industão, na Índia, pelo ano 1550 a.C., e criou oque se conhece hoje como religião (ou filosofia) hindu, o vedismo, sucedido pelobramanismo.E foi essa mesma raça "ariana" que introduziu na Índia a antiga língua sânscrita,bem como as estórias e mitos contidos no livro sagrado hindu, os Vedas, onde atrindade divinal chamada trimúrti, composta porBrahma-Chiva-Vishnu reproduz outros triunviratoshistórico-religiosos, como o babilônico Nemrod-Semiramis-Tammuz e o egípcio Osiris-Ísis-Hórus queprecederam, em muitos séculos, a Sacra Família cristã,Jesus-Maria-José! Um olhar mais recente e atento dosestudiosos dessas questões revela que a época estimadapara a fundação do império babilônico parece, agora,bem anterior ao que se estimou inicialmente,remontando à era pré-Era do Bronze. Segundo lendas,textos antigos e a própria Bíblia, um dos construtores doImpério Babilônico teria sido Nemrod, filho de Cush,neto de Noé ou Unap.Cush assumira a chefia do clã babilônico einstitucionalizara o sistema politeísta numa época emque os homens eram endeusados pelos próprios homens

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e Anu considerado o pai e chefe de todos os demais deuses. Por sua ação terrena eespiritual, Cush tomou o lugar de Anu (Annu ou An) no imaginário religioso eassumiu, ele próprio, o seu lugar divinal, tornando-se pai de todos os deuses edemônios e, nessa qualidade, foi adorado também com os nomes de Enlil, Bel,Jannus, Mercúrio, Hermes e Caos, nomes ou títulos transferidos, posteriormente, aseu filho Nemrod.Nemrod, sucessor do pai Cush, nomeara a cidade de Calneh em homenagem aodeus de outrora, destronado por seu pai (Calneh significa A Fortaleza de Anu,Gênesis, 10:9). Dessa forma, Nemrod inaugurou uma tradição de respeito e louvora Anu que, estranhamente, perpetuou-se até nossos dias, inclusive entre ocatolicismo. O símbolo de Anu, duas cruzes superpostas em forma de asterisco,aparece ornamentando o chapéu mitral do sumo pontífice. Nemrod, ao suceder aCush, ficou conhecido como um tirano poderoso, um dos gigantes ou titãs, quereinou com sua mulher, a rainha Semiramis, sendo ambos reconhecidos ouelevados a deuses da Religião Babilônica por seus contemporâneos, descendentese adeptos.Semiramis também é reverenciada como"Astarte" ou A Mulher que fez a Torre, umaprovável referência à Torre de Babel,supostamente construída por seu marido Nemrod.Entretanto, esse nome parece ter mesmo evoluídoa partir de uma antiga deidade originária da Índia,Semi-Rama-Isis ou Semi-Ramis. Como jávimos,caro leitor a união entre divindades eramuito comum.Uma ampla gama de nomes e expressõesidentificam a deusa da religião babilônicaSemiramis. Entre os vários encontrados ouidentificados por este autor, nas diversas fontescitadas nesta obra, destacam-se (em ordem alfabética):IDENTIDADES ALTERNATIVAS DE SEMIRAMISAfrodite, Angerona; Antu; Artemísia; Astarte; Astoreth; Astorga; Athena;Baali; Baphomet; Barati; "Cabeça 58m" (Head 58m ou Caput LVIIIm);Ceres; Cybele; Deméter; Diana; "Estátua da Liberdade"; "Grande MãeTerra" (A Gaia, da New Age); Hathor (ou Heather) Hera; Ishtar; Isis;Juno; Kali; Lilith; Lucifera; Mari; Maria; Minerva; "Mistério da Babilôniaé o seu nome" ("Mistery Babylon, her name..."); Mulher Escarlate; Mut;Ninkharsa; Noiva do Homem Verde; Nossa Querida Senhora (Our DearLady); Nossa Senhora da Luz; Ostara; Rainha do Céu (Rhea); Rainha doMar; Rainha do Mundo; Rainha do Submundo; "Semiramis, A Viúva";"Sobre a sua testa estava escrito um nome: Mistério, A Grande daBabilônia, A mãe de todas as Prostitutas e Abominações da Terra" (Uponher forehead was a name written: Mistery, Babylon The Great, TheMother of Harlots and Abominations of the Earth); Stella Maris; Sophia;

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Vênus; Virgem Celestial; Virgem do Lago; Virgem Mãe dos Deuses;Virgem Negra; Virgem Que Chora; Virgo.Já a Nemrod, celebrado como o "deus-sol" foi dado o título de Baal (Meu Senhor)e a Semiramis, consagrada como a deusa-lua, o de Baali (Minha Senhora). Nãopassa, por isso, despercebido a algunspesquisadores o fato da expressão Mea Dona,equivalente latino de Minha Senhora, títuloatribuído a Semiramis-Baali, ao ser transportadapara o italiano haver-se transformado emMadonna, expressão que designa, também, Maria,a mãe de Jesus.Nemrod era reverenciado num duplo papel: o deDeus-Pai-Senhor e também no de Ninus, o filhocarnal havido de Semiramis, supostamente atravésde um nascimento virginal,um dos significadosmísticos do ramo deoliveira, este também um símbolo dos cavaleirostemplários ao tempo das cruzadas. De Ninus, igualmentedenominado Tammuz, dizia-se haver sido crucificado,tendo um cordeiro aos pés, e seu cadáver sepultado emseguida numa caverna.Dias depois, quando a pedra que guardava a entrada dacaverna foi rolada, o corpo de Ninus-Tammuz haviadesaparecido, ascendido aos céus... Para pesquisadoresocidentais mais céticos, o enredo desta antiqüíssima tramababilônica é por demais conhecido entre nós, também apartir da era cristã, para ser considerado, apenas, mera coincidência entre tradiçõesreligiosas aparentemente tão distintas.Fica perfeitamente indistinguível a apropriação do conto babilônico pelos pais daigreja cristã primitiva. Hoje na realidade, caro leitor, adoramos Ninus-Tammuzcrucificado, apenas mudou-se o nome da divindade."Tammuz, filho de Ishtar, é provavelmente a mais antiga divindade a incorporar oprincípio da ressurreição para uma nova vida que se acreditava ocorresse naprimavera, e é celebrado hoje nos festivais populares do Dia da Primavera. Para osmaçons, Tammuz é uma figura de imenso significado, representando acorporificação da ressurreição espiritual para um estado superior de consciência egnose".IDENTIDADES ALTERNATIVAS DE NEMROD:Adad; Adonis; Alcides; Amen-Ra; Anu; Attis; Baal; Bacchus; Baco; Bali;Bell; Bremhillahm; Cadmos; Caos; Cronos; Deoius; Dionísio; Eannus;El-Khidir; Enlil; Eros; Hércules; Hermes; Hesus; Hórus; Indra; Iswara;Ixion; Jano; Jannus; Jao; Jesus; João Batista; Krishna; Krst; Mammon;Mercúrio; Mitra; Mitras; Moloch; Ninus; Odinio; Osiris; Quirinus; São

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Jorge; Salivahana; Saturno; "Senhor da Vida e da Morte"; Tammuz; Taut;Thor; Virisana; Zoar; Zoroastro.Segundo o livro do Gênesis, os primeiros centros do reino de Nemrod-Tammuzforam a Babilônia, Akkad e outros no reino de Shinar (Suméria). Diz-se, também,que ele governou a região onde hoje é o Líbano e os árabes crêem que foi Nemrodquem construiu ou reconstruiu, logo após o místico dilúvio, a assombrosaestrutura de Baalbek, com suas três formidáveispedras de 800 toneladas cada.Mais tarde, ele teria expandido o reino até a Assíriae construído Ninus-vel ou Nínive, sua capital, ondeforam recuperadas muitas tábuas de barro emlinguagem sumeriana. Essa civilização acredita-sehoje em dia, foi uma das mais antigas surgidas naera bíblica pós-diluviana. Foi precisamente entreseus membros mais seletos e competentes,especula-se, o foco de onde surgiram as correntes(escolas) de mistérios pagãos, de estudos esotéricose o grupo de iniciados que desenvolveu e guardouseus mais exclusivos segredos.Este teria sido, portanto, o verdadeiro embrião dasantigas e místicas sociedades secretas que seespalharam pelo mundo nos milênios subseqüentes.Muito significativamente, as terras descritascorrespondem, também, ao berço das três grandes religiões “monoteístas”prevalentes. Em decorrência, segundo muitos pesquisadores a cristandade e aIgreja Romana teriam sua fé baseada em muitas das tradições babilônicas,principalmente nas lendas do "deus-sol" conhecido por Nemrod, Baal ou Moloch,que possuíra um equivalente anterior, na Pérsia e na Índia, denominado Mitra.De Tammuz ou Adonis (O Senhor, The Lord, em inglês), que foi endeusado naBabilônia e na Síria, dizia-se que nascera à meia-noite de 24 dedezembro, devido ao solstício de inverno. E ele também erasaudado como o filho de deus. Portanto, além de Nemrod e deMitra (um deus romano-persa, pré-cristão), outrosreverenciados filhos de deus teriam sido Tammuz (Ninus ouAdonis) e Dionísio ou Baco, este cultuado em Roma, na Gréciae na Ásia Menor.Todos eram idolatrados, caro leitor, como filhos divinais quemorreram para que os nossos pecados ou crimes fossemperdoados, nascidos de mães virgens e seus aniversárioscelebrados, coincidentemente, em ... 25 de dezembro! Mitra foicrucificado, mas ressurgiu dos mortos no dia 25 de março, istoé, em plena Páscoa! As iniciações a ele eram feitas em cavernasadornadas com os signos de Capricórnio e de Câncer, símbolosdos solstícios de inverno e de verão, os pontos mais alto e maisbaixo do Sol em relação à Terra!Mitra era freqüentemente representado por um leão alado, o símbolo da cidade de

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Veneza, um ícone solar até hoje utilizado por sociedades secretas! Um outrosímbolo alternativo para ele é um leão com o corpoenvolvido por uma serpente, enquanto segura uma chaveque conduz ao céu. Os iniciados nos ritos de Mitra eramchamados de Leões (Lions) e tinham suas testas marcadascom a cruz egípcia! As referências ao leão e aos apertos demão do tipo pata do leão, do Grau Mestre Maçônico daFranco-Maçonaria, são originários da mesma onda desimbolismos das escolas de mistério.No primeiro grau, suas cabeças eram ornadas com uma coroa dourada comespigões, representando o seu interior espirituale idêntica coroa pode ser vista na Estátua daLiberdade, à entrada do porto de Nova York!Esta é uma das várias origens das coroas dasdinastias "reais" e da simbólica "coroa deespinhos" usada por Jesus, "O Sol".A grave eantiga confusão conceitual, hoje ressuscitada,entre mito e religião, paganismo e cristandade,tão dolorosa para os do Vaticano, vemsuscitando, tanto de autores contemporâneosmaterialistas, marxistas ou comunistas, quantodos pesquisadores com respeitável formaçãoreligiosa, alguma convergência acerca dessasvelhas e desconfortáveis interpretações. Aos olhos dos cristãos mais convictos,entretanto, elas mal passariam de simples blasfêmias ou de meras provocações decunho político. Eu tenho certeza que neste instante esse leitor Cristão estápensando em queimar este livro na santa fogueira, “ Como pode alguém provocar aira divina comparando as santas escrituras com lendas pagãs, só mesmo um insanorevoltado”. Eu lhe peço, caro leitor, tenha paciência e abra sua mente para oconhecimento, que nem sempre é indolor.Sendo ou não conveniente ao embate político-religioso, o fato objetivo, duro, éque, ao seu tempo, Mitra era tido como o filho do deus Sol que morreu parasalvar a humanidade e lhe dar a vida eterna. Após o culto de iniciação, osmembros participavam de uma refeição composta de pão e vinho, em que elesacreditavam estar ingerindo o seu corpo e oseu sangue. Este, como, ademais, uma longalista de outros deuses teria também recebido,ao nascer, a visita de três reis magos, naverdade sábios ou adivinhos babilônicos, quelhes trouxeram presentes de ouro, incenso emirra, idêntico ao conto do gólgota.O culto misterioso a Mitra espalhou-se daPérsia ao Império Romano e, em certa época,podia ser encontrado em qualquer parte daEuropa! O terreno onde assenta hoje o Vaticano foi um local sagrado para osseguidores de Mitra e sua imagem, esculpida em pedra, já foi encontrada emdiversas antigas províncias ocidentais do Império Romano, como a Alemanha, a

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França e a Grã-Bretanha.Esses rituais, simbolizando a ingestão do corpo e do sangue divinos, representadospelo pão e o vinho, já eram praticados há milhares de anos atrás na Babilônia, emcerimônias em honra de Nemrod, da Rainha Semiramis e de seu filho Ninus-Tammuz, sendo também reproduzidos, posteriormente, no antigo Egito.Lá, Hórus, filho de Osíris, nascido igualmente de um nascimentovirginal de Ísis (Semiramis), também era o filho de deus. Suahistória transcende às meras semelhanças acidentais, de praxe,com a trajetória de Jesus e, por isso, representa um grandeincômodo para a exclusividade de certas tradições cristãs:Jesus era a Luz doMundo. Hórus era aLuz do Mundo.Jesus afirmou ser oCaminho, a Verdade ea Vida. Hórus disseser o Caminho, aVerdade e a Vida.Jesus nasceu em Belém, o lugar do pão.Hórus nasceu em Annu, o lugar do pão.Jesus era o Bom Pastor. Hórus era oBom Pastor.Sete pescadores embarcaram com Jesus.Sete pescadores embarcaram com Hórus.Jesus era o cordeiro. Hórus era o cordeiro.Jesus foi identificado com a cruz. Hórus foi identificado com a cruz.Jesus foi batizado aos 30 anos. Hórus foi batizado aos 30 anos.Jesus era filho de uma virgem, Maria. Hórus era filho de uma virgem, Ísis(Semiramis).O nascimento de Jesus foi anunciado por uma estrela. O nascimento de Hórus foianunciado por uma estrela.Jesus foi o menino que pregou no Templo. Hórus foi o menino que pregou noTemplo.Jesus teve 12 discípulos. Hórus teve 12 discípulos.Jesus era a Estrela da Manhã. Hórus era a Estrela da Manhã.Jesus era o Cristo. Hórus era o Krst.Jesus foi tentado por Satanás numa montanha. Hórus foi tentado numa montanhapor Set.Três dos elementos principais da religião babilônicaeram o fogo, os répteis e o sol. O deus Nemrod, Baal, Osírise seu filho Ninus, Tammuz ou Hórus, entre muitas outrasdenominações, podiam ser confundidos ou representadostanto pelo astro-rei quanto por um serhíbrido, mistura de homem com cabeçae chifres de touro ou então meio-peixe,meio-homem.

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Sua consorte, a deusa Semiramis ouainda Isis, Baali, Ishtar, Afrodite, Vênusou Diana, pode aparecer na forma damulher pisando na Lua ou em um Dragão, (notem na figura deMaria pisando na lua); como uma linda e jovem mulher, raiosluminosos emergindo do alto da cabeça, tendo uma tochaluminosa na mão direita, e, alternativamente, na forma de umadoce mãe, sustentando seu filho Ninus -Tammuz-Horus ao colo. Ou, ainda, toutcourt, sob a aparência de uma cândida pomba branca.Ela, um Espírito Santificado, mas, também, a Deusa do Amor é, nessa últimaqualidade, figurada muitas vezes por um peixe com escamas, representaçãopictórica da genitália feminina e simbólica da intensa carga de energia sexual quecarrega e transmite, porquanto os babilônicosimaginavam que os peixes fossem afrodisíacos. Jáem seu simbolismo exclusivamente espiritual é vista,de preferência, como uma pomba, carregando nobico um ramo de oliveira.Como o nome Semiramis significa,etimologicamente, Ze (a, aquela que), emir (ramo,galho), amit (portadora), literalmente aquela quecarrega o ramo, fica implicitamente associado à pomba que sobrevoou a arca deNoé, com o ramo de oliveira no bico, depois de baixadas as águas do dilúvio.Para os teóricos da Fraternidade, um claro registro simbólico de que Elesestariam de volta ao poder, logo após umdesastre, sob a proteção de Semiramis, a que deuà luz o filho de deus num nascimento virginal...Nemrod também era Eannus, mais tardeconhecido entre os romanos como Janus(Janeiro), o rei de duas faces, uma contemplandoo passado outra o futuro. A águia de duascabeças, uma olhando para a esquerda outra paraa direita, ocidente e oriente, que aparece emtantas bandeiras e brasões, nada mais é do queum símbolo maçônico para Nemrod no papel deEannus.O leão, conhecido como rei dos animais eassíduo freqüentador de emblemas reaisbritânicos, também foi largamente usado no imaginário babilônico para encarnar odeus-sol, Nemrod, Baal ou Osíris, cujo remanescente mais conhecido e visitado éa esfinge egípcia, cabeça humana, corpo de leão... A própria águia seria, paraalguns, a representação encoberta de um sáurio alado, o conhecido dragão daslendas milenares, combatido e vencido por São Miguel Arcanjo, ao percebê-loencarnando Satanás, e por São Jorge, o bravo príncipe-guerreiro da Capadócia,martirizado ao tempo do imperador romanoDiocleciano, em 303 d.C.De São Jorge diz-se também haver sido Hércules, a

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encarnação grega de Tammuz ou, ainda, segundo atradição católica, um guerreiro que se recusou aobedecer as ordens de Diocleciano para perseguircristãos e que, em conseqüência, foi torturado e morto.Nessa antiga simbologia, o "Dragão" vencido por SãoJorge representava Roma,cujos exércitos lutavam sobuma flâmula ostentando afigura de um ícone pagão, odragão vermelho.Segundo o Papa Gelásio (494 da Era Cristã),” SãoJorge era um santo venerado pelo homem, mas cujosatos só eram conhecidos por Deus", aumentando oenigma de sua controvertida existência.A mais antiga personagem conhecida em que seacredita haver-se baseado São Jorge é Tammuz, cujasorigens lhe são muito anteriores. A maioria dasautoridades modernas acredita hoje que el Khidir, opadroeiro dos sofistas, Tammuz e São Jorge sejamsimplesmente uma mesma pessoa retratada emdiferentes trajes. Descreve-se Tammuz como o esposo, filho ou irmão da deusaIshtar (Isis ou Semiramis), e ele é conhecido como "O Senhor da Vida e daMorte", um título que tem profundos matizes maçônicos, mas antecede em váriosmilênios a reputada história desse movimento secreto. É interessante observar quetambém se descreve São Jorge em cima de uma tábua cor-de-rosa enfeitada comrosas e rosetas, estabelecendo uma explícita ligação com a deusa babilônica Ishtar,cujos templos eram tradicionalmente enfeitados com rosetas".Retornando ao dragão, esse animal mítico, sempre desperto e alerta, eraconsagrado, na simbologia greco-romana, a Atena ou Minerva, deusa dasabedoria, patrona das Escolas de Filosofia mundo afora e que, como sabemos, éapenas uma das muitas faces e denominações de Semiramis-Baali, a indicar que averdadeira sabedoria (a dos sábios e deuses babilônicos) nunca adormece,permanecendo sempre vigilante!O aparecimento, nas representações heráldicas, doleão e da águia, suas versões simbólicas maissofisticadas, não impediu, entretanto, que ospróprios dragões ou lagartos alados aparecessem,em pessoa, nos brasões imperiais, em coroas, cetrose outros emblemas da realeza, especialmente abritânica.Além da figuração tradicional nesses antigossímbolos, o dragão foi, no final do Século XX, também oficialmente incorporadoàs armas e brasões do Príncipe de Gales (Ele mesmo, Charles de Windsor, viúvo

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de Lady Di e namorado de Camila Parker-Bowles), herdeiro oficial do trono daGrã- Bretanha!Uma profusão de histórias, lendas e até mesmo teses científicas envolvendodeuses, homens, aves e répteis tem sido herança freqüente e usual em muitasculturas. Cientistas do mundo livre asseguram mesmo, por mais estranho que issopossa soar, que nossas ordinárias aves, inclusive as galinhas, descendem dosantigos dinossauros!Como já vimos anteriormente o símbolo da serpente, além de largamenteencontrado no lendário mesopotâmico, também está presente na antiga Bretanha,na Grécia, em Malta, no Egito, no Novo México, no Peru e em todas as Ilhas doPacífico. Antigas lendas da Assíria, Babilônia, China, Roma,América, África, Índia e arredores, até mesmo passagens doAntigo Testamento, trazem estórias sobre dragões e homensserpente.Existe uma semelhança irresistível, caro leitor, entre algunstipos de dinossauros e antigas descrições dos míticos dragões.Certas espécies de pequenos répteis indo-malaios, com asascobertas por membranas interdigitais, se parecem tanto com oanimal das lendas que vieram a receber o nome genérico dedragão.Porém, um dos mais interessantes desses animais é umlagarto alado e encouraçado, também semelhante à figuratradicional, conhecido por Moloch Horridus. Moloch, comosabemos, é a antiga deidade fenícia identificada comNemrod-Baal-Tammuz, em louvor da qual milhares decrianças foram e ainda são sacrificadas, em ritos satânicos.O próprio nome Tammuz significa aquele que aperfeiçoapelas chamas (Tam=aperfeiçoar e Muz=queimar), o quemelhor ainda se explica pelo antigo ritual de se queimaremcrianças vivas, em sua homenagem, até hoje barbaramente praticado. O próprioDeus cristão, caro leitor, tenciona acabar com este mundo com fogo,parafraseando Tammuz para criar um novo mais aperfeiçoado.Outra suposta divindade, à qual se oferecem sacrifícios de crianças em rituais desatanismo é Cronos, rei dos Ciclopes e um dos Gigantes ou Titãs da mitologiagrega. Ele era conhecido como o construtor da torre e, nessa qualidade, seriacertamente uma outra versão para Nemrod, que erigiu a bíblica Torre de Babel.O antigo festival celta de Beltane, na Bretanha, em 1º de maio (conhecido comoMay Day), quando os druidas homenageavam a primavera e a chegada do verão,envolvia cerimônias em que crianças eram queimadas no oco de enormes figurashumanas feitas em palha ou vime. Herança claramente babilônica, após aexpansão da Fraternidade, através do seu braço navegante fenício, pelo norte daEuropa. Teria havido, por acaso, nessas terríveis práticas, alguma origem comum

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ou inspiração para que a Igreja, através da Inquisição, tenha se fixado na fogueiracomo método favorito de expiação de crimes e de purificação da fé? Já a festaem honra de Ninus-Tammuz era celebrada no dia 23 de junho, comemorando suaascensão do mundo subterrâneo, dias depois de haver morrido. Uma vezressuscitado Tammuz passou a ser conhecido como Oannes, o deus-peixe, eOannes também é, como sabemos, uma versão latina do nome João.Por isso, o nome João tem sido sempre usado comoum símbolo para camuflar Tammuz-Nemrod empersonagens como, por exemplo, João, o Batista. Adata de 23 de junho, a Festa de Tammuz, tornou-seo dia em que a cristandade celebra o dia de... SãoJoão!”Dessa mesma forma dissimulada, Nemrod eSemiramis têm freqüentemente reaparecido, aolongo das idades, sob diversos outros simbolismosocultos, perceptíveis apenas aos olhos dosiniciados. O mais comum e impactante de todos,pois é contemplado diariamente por milhões depessoas em todo omundo, quase sem sernotado, é o Grande Selodos Estados Unidos, que abriga o misterioso olho vivo,representativo do deus egípcio Osíris (ou seuequivalente babilônico Nemrod-Baal), sobre umapirâmide inacabada, o símbolo máximo dos Illuminati,presente no verso de todas as notas de um dólar!Em 1945, o antigo presidente dos Estados UnidosFranklin Delano Roosevelt, um reconhecido maçom,rosa-cruz e membro da sociedade secreta Antiga OrdemArábica dos Nobres e Místicos, no Grau Cavaleiro dePythias (uma ramificação dos antigos Illuminati, queteve como membros de destaque Mirabeau, Frederico o Grande, Goethe, Spinoza,Kant, Francis Bacon e o nosso Garibaldi), decidiu introduzir tal símbolo na moedaamericana.A idéia lhe fora sugerida por Henry Wallace, seu secretário da Agricultura, umocultista praticante que achava haver chegado um momento de grande importânciana História americana, quando significativas transformações espirituais viriamfatalmente a ocorrer entre a sua população. Ele esposava essas crenças porinfluência de um mentor psíquico, o místico russo Nicholas Roerich, também gurude outros membros do Gabinete de Roosevelt.Roerich adquirira conhecimentos ocultos e supostas habilidades paranormaisatravés de estágios em mosteiros budistas doNepal e do Tibet. Ele buscava, nessas ocasiões,além do aperfeiçoamento religioso e da meditaçãoprofunda, indícios para localizar a cidade perdida

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de Shambala, mítica sede de uma legendáriafraternidade cujos desconhecidos adeptos (ouMestres), na crença de muitos, teriaminfluenciado todos os grandes acontecimentosmundiais ao longo da História.Estes adeptos eram referidos nos círculosocultistas por nomes tão diversos quanto ChefesSecretos, Mestres Ocultos ou Grande IrmandadeBranca. Roosevelt ficou entusiasmado com asugestão de Wallace e mostrou-se ansioso paraintroduzir no dinheiro a imagem maçônica doolho que tudo vê (segundo ele e outros daMaçonaria, um ícone para o Grande Arquiteto do Universo), mas, como temiaferir suscetibilidades dos católicos, decidiu sondar antes a opinião da Igreja.Pediu, então, a James Farley, outro membro proeminente do seu Gabinete, quefizesse a intermediação, obtendo como resposta um simpático e surpreendente"OK. Vá em frente, nada contra!"Ao adquirir a certeza de que a inserção desses símbolos babilônicos no dólaramericano não causaria desgostos, aflições, nem impediria que o Vaticanocontinuasse a receber seus óbolos, a transacionar ou a acumular poupançaentesourando as verdinhas pagãs, Roosevelt, aliviado, imediatamente instruiu oDepartamento do Tesouro a mandar rodar as novas notas dedólar!Para aqueles autores e intelectuais que conseguem enxergar,sem quaisquer dúvidas, símbolos do credo babilônico noscorpos das principais religiões ditas como monoteístas, elesseriam uma prova milenar de heranças da Fraternidade entreos seus primeiros crentes, sacerdotes ou teólogos,remanescendo e influenciando, em seu seio, até nossos dias.Nessa linha simbiôntica, o chapéu Mitral (mesma raiz de Mitra)em forma de peixe, ainda hoje usado pelos Papas, não passaria de um antigosímbolo de Nemrod. Este mesmo significado teria, igualmente, o anel dopescador, usado por Sua Santidade. De volta aos símbolos terrenos, portanto maissólidos e tangíveis: o trono de São Pedro, supostamente uma antiqüíssima relíquiado Vaticano, teve sua real idade avaliada por uma comissão de especialistas, em1968, que estabeleceu as suas origens como datando do Século IX.O que causa estranheza caro leitor, não é, propriamente, o fato dele ser bem maisrecente do que se imaginava antes, mas sim o da Enciclopédia Católica descrevêlocomo ornado por doze painéis, retratando os doze trabalhos de Hércules e, aomesmo tempo, registrar em suas páginas que Hércules era outro nome de Nemrod,antes dele se tornar, também, um deus grego.Teria essa decoração no trono papal recebido uma influência tão poderosa erecente da Fraternidade e de sua religião babilônica? Como

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se explica esse enigmático acontecimento?Em 1825, o Papa Leão XII autorizou o Vaticano a cunharuma medalha comemorativa, retratando uma mulher empose que reproduzia, de forma escandalosa, a tradicionalefígie da Rainha Semiramis. Ela segurava um crucifixo namão esquerda, uma taça na direita e trazia na cabeça umacoroa de sete raios, idêntica à da Estátua da Liberdade, umaoutra representação de Semiramis oferecida à cidade deNew York pela Maçonaria Francesa. Parece-me,caro leitor ,que não tem limitesa loucura desses insanos e suas crenças mais loucas ainda,é de se ficarreceoso,pelo que se pode fazer em nome de uma certeza no invisível.MAÇONARIATambém chamada Franco-maçonaria essa sociedade secreta, nem tão secretaassim nos dias de hoje, está presente em todos ospaíses ocidentais e em alguns países do Oriente.A Maçonaria não se considera uma religião,embora os maçons creiam num Ser Supremo,venerado como o "Grande Arquiteto doUniverso", ou simplesmente G.A.D.U. AMaçonaria teve origem nas associaçõesprofissionais dos pedreiros-livres da Inglaterra, naIdade Média. Esses pedreiros-livres(Free-Masons) eram arquitetos e construtores de igrejas,suntuosos palácios e prédios civis, que se unirampara preservar seu especializado ofício e defendersua classe profissional. A princípio, somente osartífices desse ofício eram aceitos como membrosdo Franco-maçonaria. Mais tarde, cerca dosséculos XVI e XVII, foram aceitos antiquários e nobres como membros daorganização, que enveredou pelos caminhos do ocultismo. Os cultos maçônicos,caro leitor, visam atingir "a corporação mundial da luz" para o exercício da "arteimperial", ou seja, do apurado "trabalho de pedreiro" realizado no próprio Eu, e daedificação do "templo da humanidade". A Maçonaria tem se destacado pelassuas atividades caritativas e sociais, e também por sua participação ativa nosmovimentos libertários dos últimos séculos, como a independência dos EstadosUnidos da América; a Revolução Francesa, cujo lema "Liberdade, Igualdade eFraternidade" é claramente extraído, caro leitor, do lema maçônico; e naInconfidência Mineira, que adotou a triângulo maçônico como símbolo que atéhoje consta na bandeira do Estado de Minas Gerais. Na bandeira nacionaltambém temos um exemplo dessas tendências escatológicas. A frase “Ordem eProgresso” era o principio de uma seita positivista muito parecida com amaçonaria, criada pelo filosofo francês August Conmte.Grandes vultos da história e da política mundial foram maçons notáveis comoVoltaire, Mozart, Göethe, Mark Twain, Benjamim Franklin, e George Washingtondentre outros. No Brasil, grandes nomes da nossa históriapertenciam à Maçonaria como Frei Caneca, Tiradentes,

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Aleijadinho, Castro Alves, Dom Pedro I, José Bonifácio,Padre Diogo Feijó, José Garibaldi, Duque de Caxias, BentoGonçalves, Marechal Deodoro da Fonseca, MarechalFloriano, Rui Barbosa, Campos Sales, o Senador Vergueiro eatualmente temos como maior exemplo, o ex-presidenteFernando Henrique Cardoso ou simplesmente F.H.C. e muitosoutros.Na história contemporânea recente, grandes personalidades do mundo, políticos deexpressão internacional e presidentes dos EUA foram e são membros daMaçonaria. Franklin Roosevelt, Harry Truman, Lyndon Johnson, Gerald Ford,Ronald Reagan e Geoge Bush são apenas alguns exemplos de maçons quechegaram ao topo da pirâmide.Dentro dos rituais maçônicos predominam os símbolos ocultistas e as coisasprofundas do misticismo. A numerologia está intimamente ligada à geometria que,por força da profissão dos antigos franco-maçons (pedreiros-livres) era utilizadana construção de catedrais, palácios e outros prédios. Na base dessa numerologiaesotérica estão os números 3 e 5 como pontos de partida para a construção defiguras geométricas como o triângulo e o pentágono.O triângulo é a figura geométrica que dá origem à pirâmide e ambos são partes dasimbologia maçônica. O triângulo é símbolo da luz. Como o vértice para cimarepresenta o fogo e a virilidade. Com o vértice para baixo representa a água e osexo feminino. O triângulo eqüilátero é usado como símbolo da divindademaçônica e representa os três atributos divinos: força, beleza e sabedoria, etambém os três reinos: mineral, vegetal e animal. O triângulo com um olho nocentro representa a onipotência, a onisciência e a onipresença divina; tambémconhecido como o olho que tudo vê de Hórus-Nemrod.(Veja na Ilustração).A pirâmide é o sólido derivado do triângulo e simboliza o homem em busca dadivindade e das energias cósmicas que seriam captadas pelo ápice e irradiadas atéa base. A pirâmide é o símbolo da hierarquia espiritual da Nova Era, e é no seuápice que se encontra o olho do deus da Maçonaria: Hórus-Nemrod, o originadordesse movimento sinistro.Agora observe a reprodução da nota de um dólar abaixo:Nela está impresso o Grande Selo dos Estados Unidos que contém o desenhodessa pirâmide ocultista da Maçonaria. Veja melhor esse detalhe ampliado:Acima do olho de Hórus-Nemrod está escrito em latim: ANNUIT COEPTIS, quesignifica: "Ele tem favorecido nossos empreendimentos". Aqui há dois pontos aconsiderar. "Ele" é um pronome pessoal indefinido, muito vago; podendo serqualquer pessoa. Como ao lado do GrandeSelo existe escrita a frase: IN GOD WETRUST ( Em Deus Nós Confiamos) podemosser levados a crer que "Ele" é o Deus bíblico.

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Mas como logo abaixo entre ANNUITCOEPTIS está o triângulocom o olho de Hórus-Nemrod (mais um dossímbolos Maçônicos), etambém sabemos que odeus da Maçonaria não e omesmo Deus descrito nabíblia, aquele é apenas para o populachoinculto. Não nos deixa dúvidas de que o sentido literal é: "Ele (Hórus-Nemrod)tem favorecido nossos empreendimentos". O segundo ponto a considerar aqui éque a grande maioria dos maçons crê que está associado a uma organização quelhe permitirá obter sucesso e vantagens financeiras em seus negócios eempreendimentos.Símbolo maçônico olho de HórusAnalisemos, agora, a outra frase escrita em latim abaixo da pirâmide maçônica.Ela diz: NOVUS ORDO SECLORUM, que significa NOVA ORDEMMUNDIAL.O que faz um símbolo maçônico no dinheiro da maior nação democrática domundo?Conforme afirmamos antes, nada menos do que treze ex-presidentes americanoseram destacados membros da Maçonaria. E foi um deles, como já vimos, FranklinRoosevelt, que, em 1933, mandou colocar o Grande Selo Maçônico nas notas dedólar.Porém, há ainda outros vestígios da presença da Maçonaria nesta mesma nota deum dólar. A outra fase do Grande Selo do Estados Unidos à direita traz o desenhode uma águia segurando um ramo de oliveira numa das garras e um feixe deflechas na outra garra. A águia é um símbolo da Maçonaria que representaaudácia, inteligência, perspicácia, conquista e vitória. O ramo de oliveirasimboliza paz e o feixe de flechas representa a guerra. Acima da cabeça da águiahá ainda treze estrelas de cinco pontas ou pentagramas que são também símbolosmaçônicos. Contudo, caro leitor, se virarmos esta nota de um dólar, veremos dooutro lado, ao centro, a figura do herói da independência americana e o primeiropresidente dos EUA, George Washington, um mestre-maçon do 33° grau. Além,disso, à direita há um brasão do Departamento do Tesouro logo abaixo do nomeda capital americana, Washington, D.C., impresso na cor verde-claro sob a palavra

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ONE. Esse brasão traz outros símbolos da Maçonaria: a balança que representa ajustiça (lembre-se de que este símbolo maçônico está presente nos tribunais ecortes de justiça de quase todo o mundo); um esquadro, que simboliza eqüidade eretidão; e uma chave, que representa os segredos da Maçonaria. (Veja nailustração).Reformas feita na Casa Branca, a sede do governo do EUA,revelaram que os tijolos originais da época da construçãoestão igualmente marcados com símbolosda Maçonaria.E mais: a capital dos Estado Unidos temcomo um de seus pontos turísticos oobelisco do Memorial de GeorgeWashington. Obeliscos são comuns emgrandes cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e outras em todo o mundo. Maisdo que uma escultura ou marco, o obelisco é um antigo símbolo fálico adotadopela Maçonaria. Tudo na Maçonaria está impregnado do simbolismo derivado asantigas religiões egípcias, babilônica, hindu, judaica e greco-romana, dentre outrasseitas ocultas dentro do próprio cristianismo. Quase todo ensino maçônico éapresentado através dessa simbologia. Símbolos sempre tem um significado, casocontrário não seriam utilizados.O outro ponto predominante na Maçonaria é o número cinco, que dá origem àfigura geométrica de cinco lados denominada pentágono, dentro do qual temorigem o pentagrama, a estrela de cinco pontas que é um dos símbolos maçônicos.Dentro do pentágono invertido (de cabeça para baixo) escreve-se o pentagramaigualmente invertido que se assemelha à cabeça de um bode. A cabeça de boderepresenta o deus celta Bafomé, que levou uma das maiores instituições da igrejacatólica, os Cavaleiros Templários, à morte na santa fogueira da Idade Media,numa historia muito mal contada.O prédio do Ministério da Defesa e do Comando das Forças Armadas dos EstadosUnidos da América, em Washington, tem a forma exata de um pentágono e, porisso, ficou conhecido pelo nome desse polígono. O edifício do comando militar damaior nação democrática do mundo os EUA tem o formato de um símbolo daMaçonaria. Será isso somente coincidência?Dentro dos rituais secretos dessa sociedade ocultista há ainda senhas e sinais quesó os iniciados têm conhecimento. São frases, sinais e posturas que, para uma

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pessoa de fora, nada representam, mas que um maçom identifica prontamente. Umdesses sinais ou senhas da Maçonaria é expresso com a mão aberta, espalmadapara frente com os cinco dedos estendidos é o aperto pata de leão,usado pelosprimitivos seguidores de Nemrod. A Maçonaria tem ainda uma versão "light"própria para iludir os incautos, como eles mesmos, os maçons, definem suasintenções: "Propagar o Evangelho cristão por meio da simbologia maçônica, ouinversamente, as verdades maçônicas revestidas das alegorias evangélicas" .OS ILUMINADOSEssa organização secreta ocultista foi fundada em 1776, na Baviera, Alemanha,por Adam Weishaupt. Seu nome original eraVidentes da Baviera, mas ficou conhecidaapenas como os ILUMINATI que significa OsAntigos e Iluminados Iluminados. Weishauptintroduziu a sua sociedade dos Iluminados naMaçonaria, formando uma elite de supermaçonstambém conhecida como Grande FraternidadeBranca, composta de mestres maçons de 33°grau (o grau máximo da Maçonaria). OsIluminados estão freqüentemente associados aosmovimentos conspiratórios revolucionários ecom a idéia de um grande poder que buscadominar o mundo. Weishaupt era iniciado noIslamismo e usuário da droga Haxixe (palavra que deu origem ao termo assassinoem português, porque os fumantes de haxixe ficavam em transe e cometiamcrimes de morte sob o efeito da droga). Weishaupt pretendia promover um caoscontrolado, necessário as mudanças que queria realizar. 0 Reino do Terror quesobreveio a França após a Revolução Francesa de 1789 foi resultado das idéias eações de Weishaupt. A Revolução Francesa foi um balão de ensaio, umaexperiência do caos induzido e controlado, promovida pelos Iluminados, cuja sedede poder não tem limite (por enquanto).Os Iluminados são provavelmente a mais poderosa organização secreta da Terrana promoção da Nova Ordem Mundial. Seu poder se evidencia na moeda damaior nação democrática do mundo. Voltemos a ilustração da nota de um dólar,criada pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, em 1933. Na base da pirâmideluciferina aparece uma data em algarismos romanos: MDCCLXXVI, ou seja,1776. Isto poderia nos levar a crer que esta data seja uma referencia a data daindependência dos EUA: 4 de julho de 1776, quando, na realidade, a data poderiaassinalar o ano da fundação da Ordem dos Iluminados: 1776,sabe-se lá qual é a

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paranóia desses fundamentalistas.A senha maçônica da mão aberta era característica dos ILUMINATI e foi tambémadotada por Giuseppi Mazzini, um franco-maçom da Itália que fundou umaorganização secreta terrorista que ficou famosa em todo mundo pelos seusmétodos violentos: a Máfia. 0 próprio nome daMáfia e na realidade um acróstico da frase:Mazzini Autorizza Furti, Incendi, Avvelenamenti,que significa Mazzini autoriza roubos, incêndios eenvenenamentos. Um dos símbolos da Máfia euma mão negra espalmada deixada impressa naparede nos locais dos atentados.Quando um maçom esta em perigo, caro leitor,basta que levante a mão espalmada e seráprontamente socorrido, caso haja nasproximidades outro membro da fraternidade. Naseleições de 1994, coincidência ou não, o símboloda campanha do candidato eleito para aPresidência do Brasil era exatamente uma mãoespalmada. Como dissemos antes, grande partedos senadores, deputados, governadores e políticos em geral são altos membros daMaçonaria ou de alguma outra seita cristã ou de mistérios. A trama dessa teia émuito maior do que se possa imaginar. A conspiração silenciosa prossegue no seucaminho em direção ao fim de todas as coisas. Enquanto isso engana e ilude osincautos com sua falsa luz. A mesma falsa luz das cruzes incendiadas dosfanáticos da Ku Klux Klan, a sociedade secreta fundada no Sul dos EUA após aGuerra Civil (1867) pelo líder da Maçonaria, o Iluminado Albert Pike, com oobjetivo de impedir que a abolição da escravatura resultasse em liberdade para osnegros. A KKK ficou conhecida pela violência que pregavae praticava contra os negros ate meados da década de 1960,assassinando e queimando suas vitimas em escaladasnoturnas de terror e extrema barbárie. Ainda hoje a KuKlux Klan dá sinais de vida, semeando o terror em atosdeclaradamente racistas.Para os Iluminados, Hórus-Nemrod é deus, e Jesus é osímbolo usado talvez para os leigos. 0 termo ILUMINATIrepresenta a denominação dos adoradores do olho de Hórus- Nemrod e isto eles não revelam , que engloba aMaçonaria, a Rosa-cruz, os Templários e muitas outrassociedades religiosas secretas.CAVEIRA E OSSOSCriada no século XIX, dentro da Universidade de Yale, a Caveira e Ossos e umasociedade ocultista altamente secreta formada por uma elite de Iluminados quetem como filosofia a formação de um governo mundialúnico e absoluto também conhecido como Nova Ordem

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Mundial. Seu nome e símbolo são demonstrativos dafonte originadora de seus propósitos: o crânio humanosobre dois ossos cruzados foi usado pelos piratas comosímbolo da morte e hoje e visto nos frascos que contemveneno mortal.Um dos líderes dessa sociedade secreta, que possuipoucos e seletos membros, é David Rockefeller, um dosbanqueiros mais ricos e poderosos do mundo. Em entrevista concedida ao jornalWashington Post de 10/2/88, Rockefeller fez uma declaração a favor de um outrohomem: "Esse homem tem oconhecimento, obteve o posto e,como presidente, estará emmelhor posição do que qualqueroutra pessoa da América paraunir o povo americano queacredita que estamos vivendoagora num só mundo e quetemos de agir em conjunto". 0nome desse homem e GeorgeBush, que durante o tempo emque esteve na vice-presidênciados EUA trabalhouincessantemente pela implantação da Nova Ordem Mundial. Temos nesse ponto,contra Bush, apenas suposições, mas é verdade que a sua ganância para invadir edominar o Iraque, que é a antiga cidade santa de Nemrod, Arac, é no mínimomuita coincidência ou muito petróleo.Rockefeller disse que Bush tem o conhecimento. Este termo é o equivalente aogrego GNOSIS e revela que a pessoa é um iniciado nas ciências ocultas quealcançou o mais elevado grau, isto e, o 33° grau da Maçonaria, o que faz de Bushum Iluminado,alcançar tal grau não significa que o membro em questão tenha umQ.I. elevado,só necessita ser um fanático incauto. Rockefeller afirmou ainda queBush obteve o posto. Nessa época, Bush ainda era vice-presidente, portanto oposto a que ele se referia certamente era o de membro da Caveira e Ossos. Podeser apenas outra simples coincidência,mas já que estamos embutidos no assunto,ébom lembrarmos que o laboratório químico que maisfatura com os suspeitos remédios ANTI-AIDS é oWELLCOME S/A,pertencente ao prezadíssimoRockefeller.Em setembro de 1990, discursando na ONU, opresidente George Bush afirmou que "estamospassando para uma Nova Ordem Mundial". E ele

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repetiu isso por cinco vezes. Quinze dias depois, noCongresso americano, o presidente Bush afirmou:"Estamos passando para uma Nova Era e uma NovaOrdem Mundial" 0 jornal Los Angeles Times de 18 defevereiro de 1991 publicou o discurso de Bush sobre oEstado da União: "É uma grande idéia: Uma NovaOrdem Mundial, em que diversas nações se unemnuma causa comum... Somente os Estados Unidos tema posição moral e os meios para respaldá-la e lidera-la”.Essa afirmação épreocupante por dois motivos principais ;o primeiro é o aplauso dosfundamentalistas cristãos que estariam aludindo e torcendo por um pretenso fimdo mundo o inicio do Armagedon,o que já é uma enorme insanidade. O segundo éo perigo de pessoas como o presidente americano, notoriamente umfundamentalista religioso, ter em suas mãos o poder de aniquilar com a nossasociedade, simplesmente por motivos místicos de um cérebro doentio.ROSA CRUZESFundada por Christian (Cristo) Rosenkreutz (Rosa-cruz), outro excêntricoreligioso, essa organização surge três séculos após aqueda dos Templários. Em 1614, surgiu um artigointitulado "Fama Fraternitatis, a Declaração daDigna Ordem da Rósea Cruz". O conteúdo desteartigo mostra como Christian Rosenkreutz fundou aFraternidade Rosa-cruz depois de ter viajado peloOriente Médio com oobjetivo de aprofundarseus estudos nas artesocultas. Logo após defundada a ordem, elemais seus quatrointegrantes de inícioconstruíram uma sedechamada "Casa doEspírito Santo", onde os membros reuniam - seanualmente.Ninguém sabe ao certo em que ano ChistianRosenkreutz morreu pois, alguns livros afirmam queele morreu com a idade madura de 150 anos. Noentanto, antes de falecer, ele moldou sua sociedade secreta para que elecontinuasse a existir por séculos com o objetivo de "salvar a humanidade" já quesegundo eles, esta sociedade tinha o poder de curar. Christian foi sepultado naCasa do Espírito Santo. O artigo afirma que um dos rosa-cruzes descobriu a tumbaem 1604 e encontrou inscrições estranhas e um manuscrito escrito com letrasdouradas. Sobre a porta da cripta havia uma inscrição, que foi interpretada como:"daqui a 120 anos eu voltarei". No interior da cripta, ele encontrou o corpo de

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Rosenkreutz perfeitamente preservado e vestido por trajes rosa-cruzes. A partir dadescoberta da cripta, surgiu uma onda de literatura rosa-cruz por toda a Europa,em 1616 surgiu um livro intitulado de "O Casamento Químico de ChristianRosenkreutz" O livro narra a estória de umcasamento em que um dos convidados é morto, mas,é trazido a vida por meios alquímicos, um dospersonagens principais do livro é uma misteriosamulher chamada Virgo Lucífera, o que significaVirgem de Lúcifer, que não tem nada a haver comLúcifer, o demônio bíblico. A palavra Lúcifer emlatim significa Caminho da Luz.O documento mostra a alquimia, que é vital para entender o achaque escondidopor traz da Maçonaria e das outras sociedades, pois a alquimia seria uma maneirade conseguir a imortalidade física que na verdade é uma paródia do mito da vidaeterna que o Jesus Cristo bíblico e o deus Aton oferecem. Apesar de hoje nãoexistir mais a febre rosa-cruz, os integrantes modernos afirmam que MichaelMaier, Sir Francis Bacon, John Dee, Mozart, Benjamin Franklin, ThomasJefferson e Isaac Newton eram membros, alias,este último, Isaac Newton era umaficionado por ciências ocultas,mas é bem melhor lembrarmos de Sir Newtonapenas pelas contribuições à ciência física,do que porseus problemas de personalidade. São evidentes, caroleitor, as ligações entre a Maçonaria e os rosa-cruzes,ambos possuem complicados rituais criado pelosalquimistas com o objetivo de que pessoas externas nãocompreendessem seu verdadeiro significado. Leia essaspalavras que aparecem em um poema de 1638 escritopor Henry Adamson, chamado A Trinórdia das Musas:"Pois somos irmãos da Rosa Cruz / Temos a palavramaçônica e a segunda visão / Coisas que vão ocorrerpredizemos corretamente."É um verdadeiro pandemônio o que esses lúdicos doalém com problemas neurológicos podem fazer tomadospela ânsia do misticismoQuem é ele?"Ele nasceu de uma Virgem, pela Concepção Imaculada de um Espírito Santo. Eisso confirmou uma antiga profecia. Quando nasceu, umtirano que estava no poder quis matá-lo. Seus pais tiveramque fugir em busca de segurança. Todas as crianças dosexo masculino, com menos de dois anos, foram mortaspelo tirano, que visava exterminar aquele menino.Anjos e pastores compareceram ao seu nascimento e eleganhou de presente ouro,incenso e mirra. Ele foisaudado como o Salvador e

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levou uma vida de elevadospadrões morais e dehumildade. Operou milagresque incluíram desde a cura dedoentes e o restauro da visão de cegos quanto oexorcismo de demônios e a ressurreição de mortos. Foidado à morte numa cruz, entre dois ladrões. Ele desceuaos infernos e, ressurgindo dos mortos, subiu aoscéus".Parece Jesus? Sim? Mas não é. Esta é uma exatadescrição da vida de Virishna, um deus salvadororiental, cultuado 1.200 anos antes do nascimento de Cristo ! Note,caro leitor,nasrepresentações maternais onde os deuses solares como Krishnna,Hórus,Tammuzentre outros, aparecem com sua mãe virgem. Repare que a virgem bíblica nuncaaparece amamentando seu filho,pois o Cristo jamais poderia tomar leitehumano,uma concepção que apareceu mais tarde na igreja alexandrina. De restoMaria com seu filho Jesus é uma cópia deslavada de varias outras mães virgensanteriores.Se quisermos encontrar um salvador que tenha morrido para que fossemperdoados todos os nossos pecados é só escolher um do mundo antigo, pois todosse originaram, igualmente, com os antigos árias e seus descendentesconsangüíneos da corrente gerada no Oriente Próximo e nas montanhas doCáucaso!E estes são alguns desses Filhos de Deus:Krishna do Industão; Buda da Índia; Salivahana da Bermuda; Osíris e Hórus doEgito; Odínio da Escandinávia; Zoroastro da Pérsia; Baal e Taut da Fenícia; Indrado Tibete; Bali do Afeganistão; Jao do Nepal; Tammuz da Síria e da Babilônia;Attis da Frigia; Xamolxis da Trácia; Zoar dos Bonzos; Adad da Assíria; Deva Tate Sammonocadam do Sião; Alcides deTebas; Micado dos Xintoístas; Beddru do Japão; Hesus ou Eros e Bremhillahmdos Druidas; Thor, filho de Odínio, daGália; Cadmus da Grécia; Gentaut eQuetzalcoatl do México; Ischi deFormosa; Fohi e Tien da China; Adonis,filho da virgem Io, da Grécia; Ixion eQuirinus de Roma; Prometeus doCáucaso e Maomé de Arábia.Todos esse filhos de deus ou profetas(com algumas poucas exceções) e suasrespectivas religiõesfeitas sob medida paracativar as mentes, vieram dos locais ocupados ou influenciadospelos povos do Cáucaso e do Oriente Próximo. Exatamente asterras dos membros da Fraternidade! Sutilezas e divergências

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religiosas ou pseudo-raciais à parte, excelentes pretextos paradividir e conquistar a todos nós. Voltemos, caro leitor, a nosconcentrar nas simbologias ocultistas da Fraternidade.O peixe e a pomba, antigos íconesbabilônicos, continuam largamenteusados em rituais religiosos e emsímbolos e cerimônias nacionais.Podemos ter uma idéia mais exatado uso destes símbolos quandoverificamos na bíblia o conto de Jonas e a baleia.Jonas em hebreu significa “pomba”, então temos aí aexata reprodução de dois símbolos míticos pagãos muito usados no mundoantigo,em uma versão bíblica. O Sinn Fein, braço armado do IRA (IrishRepublican Army, o Exército de Libertação Nacional da Irlanda do Norte), vistopor muito como terrorista, tem a pomba como escudo, também encontrada noscetros usados pela monarquia britânica. Ambas as instituições seriam frontsmodernos para a Fraternidade Babilônica!O batismo-O batismo usado até hoje não é original do cristianismo. Palavragrega que quer dizer imersão.Como sempre se guiam pelos sentidos, facilmente imaginaram os homens quequem lavasse o corpo também lavava a alma.Havia nos subterrâneos dos templos egípciosgrandes cubas para os sacerdotes e iniciados.Desde tempos imemoriais que os hindus sepurificaram nas águas do Ganges, e ainda hoje essacerimônia está muito em voga. Da Índia passou àJudéia. Era costume entre os hebreus batizar todosos estrangeiros que abraçassem a lei judaica e nãoquisessem submeter-se à circuncisão. Sobre tudose batizavam as mulheres, que não faziam essaoperação, salvo na Etiópia, onde a circuncisão erade lei. Tratava-se de uma regeneração. Criam oshebreus, como os egípcios, que o batismo davaalma nova. Consultem-se sobre o assunto Epifânio,Memonide e a Gemara. João batizou-se no rioJordão. Ali também ele batizou Jesus, que, conquanto nunca haja batizadoninguém, condescendeu, todavia em consagrar essa cerimônia. Em si, todos ossinais são indiferentes.Confere Deus sua graça ao sinal que lhe aprouver escolherBem cedo se tornou o batismo em primeiro rito e chancela da religião cristã.Contudo, embora fossem circuncidados, não se sabe ao certo se receberam obatismo os quinze primeiros bispos de JerusalémMuito se abusou desse sacramento nos primeiros séculos do cristianismo. Nadaera mais comum que aguardar a agonia para receber o batismo. É assaz ilustrativoo exemplo do imperador Constantino. Eis como raciocinava: O batismo de tudoexpurga; portanto posso matar minha mulher, meus filhos, todos os meus parentes;depois batizo-me e irei para o céu - O que efetivamente levou a prática. Oexemplo era perigosíssimo. Paulatinamente foi se abolindo o vezo de esperar a

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morte para tomar o banho sagrado. Sempre conservaram os gregos o batismo porimersão. Pelo fim do século VIII os latinos, havendo estendido sua religião àsGálias e à Germânia, receosos de que a imersão pudesse matar as crianças nospaíses frios, substituíram-na por simples aspersão, o que lhes custou numerososanátemas de parte da igreja grega.Perguntou-se a S. Cipriano se estavam realmentebatizadas as pessoas que, em vez de tomarem o banho,eram apenas borrifadas. Respondeu ele (septuagésimasexta carta) que "achavam muitas igrejas não seremcristãs tais pessoas; quanto a ele, era de parecer quesim, bem que sua graça fosse infinitamente menor quea das imersas três vezes conforme o uso". Entre oscristãos, desde que um indivíduo recebia a imersão estava iniciado. Antes dobatismo era simples catecúmeno. Para iniciar-se era de mister apresentar cauções,responsáveis, - a que se dava um nome correspondente a padrinho - a fim de que aigreja se certificasse da fidelidade dos novos cristãos e não fossem divulgados osmistérios. Essa a razão por que nos primeiros séculos fossem os gentiosgeralmente tão mal instruídos dos mistérios cristãos quanto o eram os cristãos dosmistérios de Isis e de Eleusina. Está explicado o porque da necessidade depadrinhos,no batismo católico. Assim se expressava Cirilo de Alexandria em seuescrito contra o imperador Juliano: "Falaria do batismo se não temesse que minhaspalavras chegassem aos não iniciados". Data do século II o costume de batizarcrianças. Era natural desejassem os cristãos que seus filhos, que sem essesacramento seriam condenados às penas eternas, dele fossem apercebidos.Concluiu-se enfim ser necessário ministrá-lo ao fim dos oito primeiros dias devida por ser essa entre os judeus a idade da circuncisão. Ainda conserva o costumea igreja grega, conquanto no século III o uso a tenha levado a subministrar obatismo à morte. Quem morria na primeira semana de existência estavacondenado, asseveravam os padres da igreja mais rigorosos. No século V, porém,criou Pedro Crisólogo o limbo, espécie de inferno suavizado, e propriamentelindes do inferno, pseudo-infernais, para onde iriam as criancinhas finadas sembatismo, e onde estariam os patriarcas antes da descensão de Jesus Cristo aosinfernos. De sorte que desde então prevaleceu a opinião de que Cristo desceu aolimbo e não ao inferno.Perguntou-se se, nos desertos da Arábia, poderia um cristão ser batizado comareia: respondeu-se que não. Se se poderia batizar com água impura: estabeleceuseser conveniente água limpa, mas que em última instância servia água barrenta.

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É fácil,caro leitor,ver que toda essadisciplina foi ditadapela prudência dosprimeiros pastores.Explicam-nos osteóricos que, noseventos pagãos,esses emblemas têmseu significadocomum revertido,para passaremdespercebidos aos olhos do público. Assim, nesses rituais ocultistas, a pomba,para todos nós, supostamente o símbolo da Paz, representaria, na realidade, amorte e a destruição.Essa reversão das simbologias permite que a Fraternidade possa dispor de seusícones em público, sem despertar atenções,justamente porque as pessoas comuns não têm amínima idéia do que representam para o círculoíntimo e mágico do poder.Como visto, todas as linhagens de sangue da realezaeuropéia descenderiam dessa dinastia babilônica, peloramo Merovíngio, e os belos símbolos que ostentamnas cabeças coroadas seriammeras representaçõesmodernas do barrete com chifres, visto nas representaçõespictóricas de Nemrod-Baal, o deus-sol, mais tarde,evoluíram para uma tiara metálica com três pequenoschifres estilizados, símbolo do poder real pela autoridadedivina, cujo moderno ícone é aflor-de-lis (belíssimo emblema datrindade babilônica: Nemrod-Semiramis-Tammuz),encontrada em todos os objetos de poder da modernarealeza.A flor-de-lis, uma espécie de lírio, que historiadoresortodoxos da arte eclesiástica dizem ser representação depureza, para os iniciados, entretanto, transmite também aintegridade consangüínea dos descendentes da Casa Realde Israel (David, Salomão e Jesus), unida por laços depureza genética às dinastias Merovíngias. Reparem nodetalhe acima da espada de D.Pedro I. Não é de seestranhar, portanto, diante de tantas possibilidades deestarmos convergindo para um sincretismo étnico e religioso que, pelo mundoafora e em todos os tempos, tenha sido possível encontrar-se os mesmos rituais ereligiões do Sol, tanto na Suméria, Babilônia, Assíria, Egito, quanto na Bretanha,Grécia e na Europa em geral, México e América Central, Austrália, enfim, emtodo lugar!

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A adoração ao fogo e ao astro-rei era o foco da religião na Índia, onde seusfestivais homenageavam, simbolicamente, o ciclo do Sol, durante todo o ano.Na história de Jesus é possível perceber-se constantes referências aos ciclossolares e aos simbolismos da astrologia e das escolas de mistérios.A coroa de espinhos nada mais seria que uma toscarepresentação dos raios solares, exatamente como acoroa de espigões em torno da cabeça da Estátua daLiberdade (Semiramis-Isis)!As cruzes e os círculosdesenhados sobre cabeçastambém identificam o Sol etêm papel intensamentesimbólico na astrologia. Narealidade a coroa de Cristovirou em espinhos somente noséculo V DC,em uma claraevidência de se ocultar umsímbolo pagão Leonardo da Vinci, grão-mestre doPriorado de Sion (Sion=Zion=Sol) usou desse mesmosimbolismo para pintar sua"Última Ceia", exposta emMilão. Ele dividiu os 12 discípulos (os doze símbolos doZodíaco) em quatro grupos de três com Jesus, o Sol, nomeio deles.É voz corrente,caro leitor, que Da Vincitambém pode ter pintado um dos doze discípulos de suaÚltima Ceia (hoje bastante danificada e um tanto diferentedo desenho original, por ter sofrido diversasrestaurações),(* a tela original está no final do livro)com feições femininas para que representasse, aos olhosiniciados, a deusa Semiramis, Ísis, Minerva,Barati,Madalena. Mas a obra prima de Da Vinci foi semdúvida alguma é a confecção do Santo Sudário. Tem-se hoje, através de estudos,quase a certeza de que foi Da Vinci quem confeccionou o Santo Sudário com asfeições de Nemrod,para desespero geral do mundocristão. Da Vinci ,um gnóstico declarado, sabia queseu trabalho seria adorado por milhares de fanáticos edesapercebidos cristãos, no que para ele deve ter sidomuito divertido e hilário. Da Vinci teria feitotambém Monalisa baseado em uma estátua deAsterat-Semirápis.Dizem os teóricos que a crença cristã de haver Jesusnascido em 25 de dezembro deve-se a uma dataemprestada ao culto religioso do Sol Invictus (o Solnunca vencido), pelas razões já aventadas. Ele teriamorrido na Páscoa, pregado na cruz, versão tomada à mesmíssima história antiga,pois os egípcios já representavam Osíris na cruz quando a bíblia nem sabia o que

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era esse símbolo, uma simbologia astrológica, e Orfeu também morreu de braçosabertos pregado à uma ancora muito semelhante à cruz cristã.Segundo os antigos, o Sol teria levado três dias para se recuperar de sua "morte",em 21 ou 22 de dezembro. Nos Evangelhos, quantos dias se passaram entre amorte e a ressurreição de Jesus? Três! O mesmo tempo que o filho do deusbabilônico, Ninus-Tammuz, demorou para se reerguer da morte!Assim o Evangelho de Lucas descreve comoaconteceu a morte de Jesus (o Sol) na cruz:"Por volta da hora sexta, as trevas cobriram toda aterra, até a horanona, por haver oSol se eclipsado."(Lucas, 23-44)O Filho/Sol(Son/Sun, em inglês,com a mesmapronúncia) morreu eentão se fizeram astrevas... E quantashoras se passaram na escuridão? Três!O dia universal do repouso semanal cristão, odomingo, nada mais é do que o mesmo dedicadoao deus-sol Nemrod-Baal (SUN-day, dia do Sol nalíngua inglesa), ao passo que o dia da semanadedicado a Semiramis é a segunda-feira (MON-day, em inglês) ou, ainda melhor,MOON-day (dia da Lua, na mesma língua).A tradição simbólica diz que Jesus foi crucificado na Páscoa certamente por ser oequinócio da primavera (no Hemisfério Norte), quando o Sol (Jesus) entra nosigno astrológico de Áries (o Carneiro), e o Sol(Jesus) triunfa sobre a escuridão!Não por acaso essa é a época em que, noHemisfério Norte, a vida animal e vegetal serecompõem (é otempo dorenascimento), porhaver nos dias maisclaridade queescuridão...Já as Igrejas Cristãsprimitivas, todas elas,são construídas nosentido leste-oeste,com os altaresvoltados para o leste. Isso simplesmente significa queos fiéis, sem exceção, e provavelmente sem nuncahaverem percebido, oram sempre em direção e reverência ao Sol nascente...

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Como podemos concluir, caro leitor, não existem somente coincidências, mastambém, fatos concretos ao qual devemos levar em consideração.Tomara que o texto possa estar ajudando ao leitor a discernir de maneira ativa ecompreender a farsa empregada pelos clérigos cristãos fundamentalistas e outrasseitas secretas com suas bobagens mitológicas conturbadas. A teoria sobre aexistência de uma suposta Fraternidade Babilônica e sua ligação com líderescristãos e comunidades secretas, é um pensamento que corre hoje entre váriosestudiosos sérios,e também entre os insanos. Dentre os vários estudos existentes,procurei apenas repassar as teorias pertinentes, algumas mais absurdas que opróprio cristianismo, incrível demais para se crer, porém,em um mundo onde asmentes ainda são regidas por crenças no invisível e razões ocultistas ,tudo épossível e passível de advir, tornando dessa forma arriscado não se considerar taisidéias e sagrarmos ou delegarmos poderes para líderes ,sem saber suas reaispretensões,pois uma coisa é certa;todo grande líder carismático e idealista quegeralmente arrebata uma nação inteira pelo dom da palavra,sempre tem algumproblema psíquico mal resolvido e que indubitavelmente levará essa pobre naçãoao caos total,em pouco tempo ou muito ,depende do calibre de sua loucura. Cabeao leitor analisar as informações fornecidas nesta obra e formar sua própriaopinião.OBTIVE, ALGUNS TEXTOS QUE APREGOAM AS CONTRADIÇÕES BÍBLICAS. TODASELAS FORAM EXTRAÍDAS DA REDE (WEB) E QUE ME AUXILIARAM BASTANTE,DENTRE OUTROS, NA COMPOSIÇÃO FINAL DO LIVRO. OS CLÉRIGOS SE DEFENDEMDE TAIS CONTRADIÇÕES INVOCANDO UM SUPOSTO RADICALISMO ATEU. ALEGAMQUE COMPARAR COSTUMES ANTIGOS COM CONCEPÇÕES ATUAIS É TOTALMENTEFORA DE CONTEXTO, OU ENTÃO A VELHA DESCULPA QUE NÃO PODEMOS TOMAR ABÍBLIA NO LITERAL, USANDO APENAS O RACIONALISMO RADICAL. ORA MEUSCAROS, COMO JÁ VIMOS, SE DEUS É ATEMPORAL SUAS LEIS E SÍMBOLOS MORAISDEVERIAM SERVIR A UM PROPÓSITO, A QUALQUER TEMPO,E UMA COISA QUE EUACHO MEIO QUE DESONESTA POR PARTE DOS DEÍSTAS É O FATO DE QUE, ATÉ OMOMENTO EM QUE O PRIMEIRO PENSADOR LIVRE CRITICOU O TEXTO BIBLICO,TUDO NA BIBLIA ERA LEVADO COMO LITERAL . ENTÃO SÓ PORQUE AGORA OSDEÍSTAS RESOLVERAM MUDAR O SENTIDO DO TEXTO? POIS BEM,SENHORES,TEXTO SEM CONTEXTO VIRA PRETEXTO.

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CONTRADIÇÕESO FATO DE A BÍBLIA APRESENTAR CONTRADIÇÕES É UMA DAS RAZÕES PELASQUAIS OS HUMANISTAS CONSIDERAM O LIVRO COMO SENDO DE AUTORIDADE NÃOCONFIÁVEL. OBVIAMENTE, SE DUAS AFIRMATIVAS NA BÍBLIA SE CONTRADIZEM,PELO MENOS UMA DAS AFIRMATIVAS DEVE SER FALSA. PELO FATO DE QUE EMNUMEROSAS PASSAGENS OCORREM VERSÍCULOS BÍBLICOS CONTRADITÓRIOS,DEDUZ-SE QUE A BÍBLIA CONTEM MUITAS AFIRMATIVAS FALSAS.AS CONTRADIÇÕES APARECEM JÁ NO INÍCIO, QUANDO RELATOS SOBRE A CRIAÇÃODO MUNDO SÃO APRESENTADOS. POR EXEMPLO, GÊNESIS, CAPÍTULO 1, DIZ QUE OPRIMEIRO HOMEM E A PRIMEIRA MULHER FORAM FEITOS AO MESMO TEMPO,DEPOIS DOS ANIMAIS ("DEUS CRIOU O HOMEM À SUA IMAGEM, À IMAGEM DE DEUSELE O CRIOU, HOMEM E MULHER ELE OS CRIOU" G 1,27). NO ENTANTO, GÊNESIS,CAPÍTULO 2, DIZ QUE A ORDEM DA CRIAÇÃO FOI A SEGUINTE: HOMEM, DEPOIS OSANIMAIS E DEPOIS A MULHER ("ENTÃO DEUS MODELOU O HOMEM COM A ARGILADO SOLO, INSUFLOU EM SUAS NARINAS UM HÁLITO DE VIDA E O HOMEM SETORNOU UM SER VIVENTE"G2,7 - "DEUS MODELOU DO SOLO TODAS AS FERASSELVAGENS E TODAS AS AVES DO CÉU E AS LEVOU AO HOMEM PARA VER COMOELE AS CHAMARIA" G2,19 - "DEPOIS DA COSTELA QUE TIRARA DO HOMEM, DEUSMODELOU UMA MULHER E A TROUXE AO HOMEM" G2,22).EM GÊNESIS 1, AS ÁRVORES FRUTÍFERAS FORAM CRIADAS ANTES DO HOMEM, MASNO CAPÍTULO 2 HÁ A INDICAÇÃO DE QUE AS ÁRVORES FRUTÍFERAS FORAMCRIADAS DEPOIS DO HOMEM. EM G 1:20 SE DIZ QUE AS AVES FORAM CRIADAS DASÁGUAS, MAS EM G:19 SE DIZ QUE AS AVES FORAM CRIADAS DO SOLO. TAMBÉM EMG 1:2-3 AFIRMA-SE QUE DEUS CRIOU A LUZ E A SEPAROU DA ESCURIDÃO NOPRIMEIRO DIA, MAS G1:14-19 DIZ QUE O SOL, A LUA E AS ESTRELAS SÓ FORAMFEITOS NO QUARTO DIA.CONTRADIÇÕES TAMBÉM ABUNDAM NOS RELATOS BÍBLICOS DE UM DILÚVIOUNIVERSAL. G 6:19-22 DIZ QUE DEUS ORDENOU A NOÉ PARA TRAZER PARA AARCA DOIS SERES DE CADA ESPÉCIE. NO ENTANTO, EM G 7:2-3 HÁ QUE "DE TODOSOS ANIMAIS PUROS E DAS AVES DOS CÉUS, TOMARÁS SETE PARES, O MACHO E SUAFÊMEA; DOS ANIMAIS QUE NÃO SÃO PUROS, TOMARÁS UM CASAL, O MACHO E SUAFÊMEA". G 7:17 DIZ QUE A INUNDAÇÃO DUROU QUARENTA DIAS, MAS G 8:3 DIZQUE DUROU CENTO E CINQÜENTA DIAS. G8:4 AFIRMA QUE, CONFORME AS ÁGUAS

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DESCERAM, A ARCA DE NOÉ REPOUSOU SOBRE AS MONTANHAS DE ARARAT NOSÉTIMO DIA MAS NO PRÓXIMO VERSÍCULO SE AFIRMA QUE O TOPO DASMONTANHAS NÃO PODIA SER VISTO ATÉ O DÉCIMO MÊS. G 8:13 AFIRMA QUE ATERRA ESTAVA SECA NO PRIMEIRO DIA DO PRIMEIRO MÊS, MAS EM G 8:14 SE DIZQUE A TERRA NÃO ESTAVA SECA ATÉ O 27º DIA DO SEGUNDO MÊS.O ANTIGO TESTAMENTO TAMBÉM APRESENTA SIGNIFICATIVAS CONTRADIÇÕES NAHISTÓRIA DO CENSO REALIZADO PELO REI DAVID E A SUBSEQUENTE PUNIÇÃO DOSISRAELITAS POR DEUS. DE ACORDO COM A HISTÓRIA, DEUS ESTAVA TÃOENRAIVECIDO PELO CENSO QUE ELE ENVIOU UMA PRAGA QUE MATOU SETENTAMIL HOMENS. SAMUEL II 24:1 DIZ QUE DEUS É QUE MANDOU DAVID REALIZAR OCENSO (VAI, DISSE DEUS, E FAZEI O RECENSEAMENTO DE ISRAEL E DE JUDÁ), MASNAS CRÔNICAS I 21:1 AFIRMA-SE QUE DAVID FOI INFLUENCIADO POR SATÃ PARAREALIZAR O CENSO (SATÃ LEVANTOU-SE CONTRA ISRAEL E INDUZIU DAVI AFAZER O RECENSEAMENTO DE ISRAEL).ALÉM DISSO, HÁ UMA CONTRADIÇÃO NO QUE DIZ RESPEITO À QUESTÃO SOBRE OCASTIGO DE DEUS ÀS CRIANÇAS PELOS CRIMES COMETIDOS POR SEUS PAIS. EMEZEQUIEL 18:20, O SENHOR DIZ: "SIM, A PESSOA QUE PECA É A QUE MORRE! OFILHO NÃO SOFRE O CASTIGO DA INIQUIDADE DO PAI, COMO O PAI NÃO SOFRE OCASTIGO DA INIQUIDADE DO FILHO". NO ENTANTO, EM ÊXODOS 20-5, DEUS DIZ:"SOU UM DEUS CIUMENTO, QUE PUNO A INIQUIDADE DOS PAIS SOBRE OS FILHOSATÉ A TERCEIRA E A QUARTA GERAÇÃO DOS QUE ME ODEIAM". O ANTIGOTESTAMENTO É CONTRADITÓRIO SOBRE O COMANDO DE DEUS PARA QUE OSISRAELITAS SACRIFICASSEM ANIMAIS EM SEU LOUVOR. EM JEREMIAS 7:22, DEUSDIZ QUE NÃO MANDOU OS ISRAELITAS FAZEREM QUALQUER SACRIFÍCIO DEANIMAIS. NO ENTANTO, EM ÊXODOS 29:38-42 E EM MUITAS OUTRAS PASSAGENSNO PENTATEUCO, DEUS É CLARO QUANTO AO PEDIDO PARA QUE OS ISRAELITASSACRIFIQUEM ANIMAIS.PASSANDO PARA O NOVO TESTAMENTO, HÁ CONTRADIÇÕES QUANTO ÀGENEALOGIA DE JESUS DA FORMA COMO É APRESENTADA NO PRIMEIRO CAPÍTULODE MATEUS E A GENEALOGIA DO TERCEIRO CAPÍTULO DE LUCAS. AMBASGENEALOGIAS APRESENTAM O PAI DE JESUS COMO SENDO JOSÉ (O QUE É CURIOSO,POSTO QUE MARIA TERIA SIDO FECUNDADA PELO ESPÍRITO SANTO), MAS MATEUS

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AFIRMA QUE O NOME DO PAI DE JOSÉ ERA JACÓ, ENQUANTO QUE LUCAS DIZ QUESEU NOME ERA HELI. TAMBÉM MATEUS DIZ QUE HOUVE VINTE E SEIS GERAÇÕESENTRE JESUS E O REI DAVID MAS LUCAS DIZ QUE O NÚMERO FOI DE QUARENTA EUMA GERAÇÕES. ALÉM DISSO, MATEUS ALEGA QUE JESUS ERA DESCENDENTE DESALOMÃO, FILHO DE DAVID, MAS LUCAS AFIRMA QUE ERA DE NATAN, OUTROFILHO DE DAVID.NA HISTÓRIA DO NASCIMENTO DE JESUS, MATEUS 2:13-15 DIZ QUE JOSÉ E MARIAPARTIRAM PARA O EGITO IMEDIATAMENTE APÓS A VINDA DOS MAGOS DO ORIENTECOM SEUS PRESENTES. NO ENTANTO, LUCAS 2:22-40 INDICA QUE, APÓS ONASCIMENTO DE JESUS, JOSÉ E MARIA PERMANECERAM EM BELÉM DURANTE OTEMPO DA PURIFICAÇÃO DE MARIA (QUE ERA DE QUARENTA DIAS, DE ACORDOCOM AS LEIS DA ÉPOCA) E QUE DEPOIS LEVARAM JESUS PARA JERUSALÉM PARAAPRESENTÁ-LO AO SENHOR E DEPOIS RETORNARAM PARA SUA CASA EM NAZARÉ.LUCAS NÃO MENCIONA A JORNADA PARA O EGITO OU A VISITA DOS SÁBIOS DOORIENTE.QUANTO À MORTE DE JUDAS, MATEUS 27:5 DIZ QUE JUDAS PEGOU O DINHEIROQUE TINHA OBTIDO PELA TRAIÇÃO, ATIROU-O NO TEMPLO, E DEPOIS FOI SEENFORCAR. NO ENTANTO, ATOS 1:18 RELATA QUE JUDAS USOU O DINHEIRO PARACOMPRAR UM TERRENO E QUE CAINDO DE CABEÇA PARA BAIXO, ARREBENTOUPELO MEIO, DERRAMANDO-SE TODAS AS SUAS ENTRANHAS. NAS DESCRIÇÕES DEJESUS SENDO LEVADO PARA A EXECUÇÃO, JOÃO 19:17 DIZ QUE JESUS CARREGOUSUA PRÓPRIA CRUZ. NO ENTANTO, MARCOS 15:21-23 DIZ QUE UM HOMEMCHAMADO SIMÃO CIRENEU, PAI DE ALEXANDRE E DE RUFO, CARREGOU A CRUZDE JESUS ATÉ O LOCAL DA CRUCIFICAÇÃO.QUANTA À PRÓPRIA CRUCIFICAÇÃO, MATEUS 27:44 NOS DIZ QUE JESUS FOIINSULTADO PELOS LADRÕES QUE ESTAVAM SENDO CRUCIFICADOS JUNTO DELE.NO ENTANTO, LUCAS 23:39-43 DIZ QUE SOMENTE UM DOS LADRÕES INSULTOUJESUS E QUE O OUTRO LADRÃO DEFENDEU JESUS A QUEM JESUS TERIA DITO:"HOJE AINDA ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO". QUANTO ÀS ÚLTIMAS PALAVRAS DEJESUS NA CRUZ, MATEUS 27:46 E MARCOS 15:34 AFIRMAM QUE JESUS GRITOU:"DEUS, MEU DEUS, POR QUE ME ABANDONASTES?". LUCAS 23:46 DIZ QUE ASÚLTIMAS PALAVRAS DE JESUS FORAM: "PAI, EM SUAS MÃOS EU ENTREGO MEUESPÍRITO". SEGUNDO JOÃO 19:30 AS ÚLTIMAS PALAVRAS DE JESUS, FORAM: "ESTÁTERMINADO" .HÁ CONTRADIÇÕES INCLUSIVE NOS RELATOS DA RESSURREIÇÃO - O EVENTO QUE É

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A BASE DA RELIGIÃO CRISTÃ. MARCOS 16:2 DIZ QUE NO DIA DA RESSURREIÇÃOCERTAS MULHERES CHEGARAM AO TÚMULO AO NASCER DO SOL, MAS JOÃO 20:1DIZ QUE QUANDO CHEGARAM JÁ ERA NOITE. LUCAS 24:2 NOS DIZ QUE O TÚMULOESTAVA ABERTO QUANDO AS MULHERES CHEGARAM, MAS MATEUS 28:1-2 DIZQUE ELE ESTAVA FECHADO. MARCOS 16:5 DIZ QUE AS MULHERES VIRAM UMJOVEM RAPAZ NO TÚMULO, LUCAS 24:4 DIZ QUE VIRAM DOIS HOMENS, MATEUS28:2 ALEGA QUE ELAS VIRAM UM ANJO, E JOÃO 20:11-12 AFIRMA QUE ELASVIRAM DOIS ANJOS.CRUELDADESOS HUMANISTAS TAMBÉM REJEITAM A BÍBLIA PORQUE ELA DESCREVE E APROVAOS MAIS ULTRAJANTES ATOS DE EXTREMA CRUELDADE E INJUSTIÇA JAMAISIMAGINADOS. UM DOS PRINCÍPIOS DO NOSSO SISTEMA LEGAL - E A BASE LEGAL DETODAS AS SOCIEDADES CIVILIZADAS - É A NOÇÃO DE QUE O SOFRIMENTO DOINOCENTE É A PRÓPRIA ESSÊNCIA DA INJUSTIÇA. NO ENTANTO, NA BÍBLIA, VEMOSQUE DEUS REPETIDAMENTE VIOLA ESTE FUNDAMENTO DE PRINCÍPIO MORALCAUSANDO SOFRIMENTO A NUMEROSAS PESSOAS E ANIMAIS INOCENTES.PASSAGENS DE CRUELDADE E INJUSTIÇA PRATICADOS PELO DEUS DA BÍBLIA SÃOVISTOS MESMO NOS PRINCÍPIOS BÁSICOS DOS ENSINAMENTOS CRISTÃOS. ALGUNSATOS BEM CONHECIDOS DO DEUS BÍBLICO SÃO DE FATO IMORAIS POR CAUSAREMO SOFRIMENTO DE INOCENTES, TAIS COMO: TER AMALDIÇOADO TODA AHUMANIDADE E A CRIAÇÃO DEVIDO AO ATO DE DUAS PESSOAS, ADÃO E EVA(GÊNESIS 3:16-23 E ROMANOS 5:18); TER AFOGADO MULHERES GRÁVIDAS,CRIANÇAS INOCENTES E ANIMAIS NA OCASIÃO DO DILÚVIO (PERECEU TODACARNE QUE SE MOVE SOBRE A TERRA - GÊNESIS 7:20-23); TER ATORMENTADO OSEGÍPCIOS E SEUS ANIMAIS COM PRAGAS E DOENÇAS POR TER O FARAÓ SERECUSADO A DEIXAR OS ISRAELITAS DEIXAR O EGITO (ÊXODOS 9:8-11,25); TERMATADO CRIANÇAS EGÍPCIAS NA ÉPOCA DA PÁSCOA (NO MEIO DA NOITE DEUSFERIU TODOS OS PRIMOGÊNITOS NA TERRA DO EGITO... E HOUVE GRANDE CLAMORNO EGITO POR NÃO HAVER CASA ONDE NÃO HOUVESSE UM MORTO); DEPOIS DOÊXODOS TER ORDENADO AOS ISRAELITAS ANIQUILAR SEM PIEDADE OS HOMENS,MULHERES E CRIANÇAS DE SETE NAÇÕES E ROUBAR SUAS TERRAS, DEMOLIR SEUSALTARES, DESPEDAÇAR SEUS POSTES SAGRADOS E QUEIMAR SEUS ÍDOLOS(DEUTERONOMIO 7:1-2); TER MATADO O FILHO DO REI DAVID POR CAUSA DO

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ADULTÉRIO DE DAVID COM BETSABÉIA (SAMUEL II 12:13-18); TER SOLICITADO ATORTURA E O ASSASSINATO DE SEU PRÓPRIO FILHO (ROMANOS 3:24-25) E TERPROMETIDO ENVIAR PARA O SOFRIMENTO ETERNO TODAS AS PESSOAS QUE NÃOACEITASSEM O CRISTIANISMO (REVELAÇÕES 21:8).ALÉM DAS INJUSTIÇAS E CRUELDADES CONTIDAS EM MUITOS DOS PRINCIPAISENSINAMENTOS DO CRISTIANISMO, A BÍBLIA APRESENTA NUMEROSAS OUTRASPASSAGENS DE VIOLÊNCIA QUE ESTÃO EM COMPLETA OPOSIÇÃO AOS PADRÕES DETODA A SOCIEDADE CIVILIZADA. DENTRE OS MAIS CHOCANTES E VIOLENTOSEPISÓDIOS ESTÃO AQUELES NOS QUAIS DEUS É DESCRITO COMO TENDO ORDENADOOU SANCIONADO A DECAPITAÇÃO DE VÁRIAS PESSOAS, INCLUINDO-SE CRIANÇAS EIDOSOS. ALGUNS EXEMPLOS: EM SAMUEL I 15:3, O PROFETA SAMUEL DÁ AO REISAUL ESTÁ ORDEM VINDA DO SENHOR: "VAI POIS AGORA E INVESTE CONTRAAMALEC CONDENA-O A EXPULSÃO COM TUDO O QUE LHE PERTENCE, NÃO TENHASPIEDADE DELE, MATA HOMENS, MULHERES, CRIANÇAS E RECÉM-NASCIDOS, BOIS EOVELHAS, CAMELOS E JUMENTOS." EZEQUIEL 9:4-7 APRESENTA A SEGUINTEMENSAGEM VINDA DE DEUS: "PERCORRE A CIDADE, A SABER JERUSALÉM EASSINALA COM UMA CRUZ A TESTA DOS HOMENS QUE ESTÃO GEMENDO ECHORANDO POR CAUSA DE TODAS AS ABOMINAÇÕES QUE SE FAZEM EM NOMEDELA". OUVI QUE DIZIA AOS OUTROS: "PERCORREI A CIDADE ATRÁS DELE E FERI.NÃO MOSTREIS OLHAR DE COMPAIXÃO NEM POUPEIS NINGUÉM. VELHOS, MOÇOS,VIRGENS, CRIANÇAS E MULHERES, MATAI-OS, ENTREGAI-OS AO EXTERMINADOR.MAS NÃO TOQUEIS NENHUM DAQUELES QUE TROUXER O SINAL DA CRUZ".OSÉIAS 14 APRESENTA A SEGUINTE PUNIÇÃO: "SAMÁRIA DEVERÁ EXPIAR, PORQUESE REVOLTOU CONTRA O SEU DEUS. CAIRÃO PELA ESPADA, SEUS FILHOS SERÃOESMAGADOS, ÀS SUAS MULHERES GRÁVIDAS SERÃO ABERTOS OS VENTRES."DEUTERONÔMIO 32:23-25 RELATA QUE DEPOIS QUE OS ISRAELITAS PROVOCARAMO CIÚME DE DEUS AO ADORAREM OUTROS DEUSES, O SENHOR DISSE: "...VOULANÇAR MALES SOBRE ELES, E CONTRA ELES ESGOTAR AS MINHAS FLECHAS! VÃOFICAR ENFRAQUECIDOS PELA FOME, CORROÍDOS POR FEBRES E PESTES VIOLENTAS;POREI O DENTE DAS FERAS CONTRA ELES, COM VENENO DE SERPENTES DODESERTO... PERECERÃO TODOS: O JOVEM E A DONZELA, A CRIANÇA DE PEITO E OVELHO ENCANECIDO."

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EM NÚMEROS CAPÍTULO 31, O SENHOR INDICA SUA APROVAÇÃO PARA A ORDEMDADA POR MOISÉS, NOS VERSÍCULOS 17 E 18, NO QUE DIZ RESPEITO A MANEIRAPELA QUAL OS SOLDADOS ISRAELITAS DEVERIAM TRATAR MULHERES E CRIANÇASCAPTURADAS NA GUERRA: "MATAI PORTANTO TODAS AS CRIANÇAS DO SEXOMASCULINO. MATAI TAMBÉM TODAS AS MULHERES QUE CONHECERAM VARÃO,COABITANDO COM ELE. NÃO CONSERVEIS COM VIDA SENÃO AS MENINAS QUE NÃOCOABITARAM COM HOMEM E ELAS SERÃO VOSSAS."ISAÍAS 13:9,15-18 CONTEM ESTA MENSAGEM DO SENHOR: "EIS O DIA DO SENHORQUE VEM IMPLACÁVEL E COM ELE O FUROR ARDENTE DA IRA... TODO AQUELE QUEFOR ENCONTRADO SERÁ TRESPASSADO... AS TUAS CRIANÇAS SERÃODESPEDAÇADAS SOB OS SEUS OLHOS, AS SUAS CASAS SERÃO SAQUEADAS E ASSUAS MULHERES VIOLENTADAS... OS ARCOS PROSTRARÃO OS MENINOS; ELES NÃOTERÃO PENA DAS CRIANCINHAS, OS SEUS OLHOS NÃO POUPARÃO OS FILHINHOS".ESTÁ CLARO QUE TAIS VERSÍCULOS APRESENTAM O DEUS BÍBLICO COMO TENDOOS MESMOS ESCRÚPULOS MORAIS DE UM ASSASSINO DE MASSAS SOCIOPATA...O DEUS DA BÍBLIA TAMBÉM APRESENTA OUTRAS TENDÊNCIAS SÁDICAS COMDIVERSOS OUTROS MÉTODOS PARA ATORMENTAR O INOCENTE. ELE ABRE A TERRAPARA SOTERRAR FAMÍLIAS INTEIRAS (NÚMEROS 16:27-32); LANÇA O FOGO PARA ADESTRUIÇÃO DAS PESSOAS (LEVITICUS 10:1-2; NÚMEROS 11:1-2); MANDAANIMAIS SELVAGENS TAIS COMO URSOS (REIS II 2:23-24), LEÕES (REIS II 17:24-25), E SERPENTES (NÚMEROS 21:6) SOBRE AS PESSOAS; AUTORIZA A ESCRAVIDÃO(LEVÍTICO 25:44-46); ORDENA A PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA (DEUTERONÔMIO13:12-16); CAUSA O CANIBALISMO ( EU FAREI QUE ELES DEVOREM A CARNE DESEUS FILHOS E A CARNE DE SUAS FILHAS - JEREMIAS 19:9); E EXIGE O SACRIFÍCIODE ANIMAIS COMO MEIO DE EXPIAÇÃO DOS PECADOS DE SEUS PROPRIETÁRIOS(ÊXODO 29-36).ALÉM DE CAUSAR O SOFRIMENTO DE INOCENTES, OUTRO TIPO DE CRUELDADE QUEA O DEUS BÍBLICO PRATICA É O DE INFLIGIR CASTIGOS TOTALMENTEDESPROPORCIONAIS AOS ATOS PELOS QUAIS TAIS CASTIGOS SÃO APLICADOS. EMNOSSO SISTEMA DE DIREITO ATUAL, EXTREMA DESPROPORÇÃO DENTRE CASTIGO EATO COMETIDO É CONSIDERADA UMA VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS.ALGUNS ATOS TRIVIAIS SÃO PUNIDOS COM A PENA DE MORTE:

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NO VELHO TESTAMENTO, O SENHOR PRESCREVE A EXECUÇÃO COMO PUNIÇÃOPARA O "CRIME" DE SE TRABALHAR NOS SÁBADOS (ÊXODO 31:15); PORPRAGUEJAR CONTRA OS PAIS (LEVÍTICO 20:9); POR ADORAR OUTROS DEUSES(DEUTERONÔMIO 17:2-5); POR SER UM BRUXO, MÉDIUM OU MAGO (ÊXODO 22:18,LEVÍTICO 20:27); POR ENVOLVER-SE EM ATOS HOMOSSEXUAIS (LEVÍTICO 13:6-10)E NÃO SER VIRGEM NO DIA DO CASAMENTO (DEUTERONÔMIO 22: 20-21).CERTAMENTE, PEDIR A PENA DE MORTE PARA TAIS ATOS É REJEITAR A NOÇÃO DEQUE A SEVERIDADE DE UM CASTIGO DEVE MANTER ALGUMA PROPORÇÃO COM AOFENSA PRATICADA .REFUTAÇÕES HUMANÍSTICASNo Novo Testamento, o Deus bíblicoem nada melhorou no que diz respeitoà aplicação de penas severas,aumentando inclusive a sua rigidez. Édifícil imaginar, caro leitor, algumacoisa mais cruel e desproporcional doque condenar os homens ao inferno eà tortura eterna pela simplesdescrença de que o filho de Deustenha nascido de uma virgem naPalestina há cerca de dois mil anosatrás, que tenha transformado águaem vinho, expulsado demônios daspessoas, andado sobre as águas, quetenha sido morto pela instigação do próprio povo escolhido de Deus e que depoisressuscitasse dos mortos. A recusa em acreditar nessa história faz com que o Deusbíblico prometa castigar os infiéis com os castigos mais horríveis que possam serimaginados .Um dos grandes problemas com a violência e a injustiça da Bíblia é quefreqüentemente o seu exemplo tem estimulado e tem sido usado para justificaratos de crueldade de seus seguidores. Muitos têm-se imaginado, caro leitor, que seDeus que é justo e bom, tenha cometido e permitido os mais brutais atos deviolência, os bons cristãos nada tem a temer caso ajam da mesma forma. Esteprocesso de raciocínio é que fez com que Thomas Paine dissesse que "A crençaem um deus cruel faz um homem cruel". Um exemplo desse tipo de raciocínio éapresentado pelo historiador Joseph McCabe em seu trabalho intitulado "AHistória da Tortura". McCabe diz que durante a Idade Média houve maiscrueldade e tortura na Europa Cristã do que em qualquer outra civilização nahistória. Ele demonstra que a doutrina cristã de castigo eterno foi uma dasprincipais causas da extraordinária ocorrência de tortura na Europa medieval.McCabe descreve que a justificativa lógica para a tortura era a de que "se era

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natural acreditar que Deus punia os homens com o tormento eterno, certamenteestaria certo se os homens punissem outros homens com doses menores dessetormento por uma causa justa." Se pratica uma violência gratuita contra o povojudeu por este ter sacrificado Jesus,mas eu pergunto ;não era esse o objetivo dacoisa? O pensamento cristão é totalmente confuso,pois,Abel sacrificou umcordeiro e foi abençoado,os judeus sacrificaram o seu Cristo e foramamaldiçoados??? Pelas leis do AT quem sacrifica quer prestar louvor ao seu Deuse conseguir suas bençãos;Ora quem foi que pediu o sacrifício de Jesus? Foi opróprio Deus;Para conseguir as bençãos de quem? Para prestar louvor a quem?Alguns exemplos históricos de violência e atos de injustiça incitados ou apoiadospela Bíblia seriam a Inquisição, as Cruzadas, a queima de "bruxas", as guerrasreligiosas na Europa, as perseguições aos Judeus, a perseguição aos homossexuais,a conversão forçada de pessoas na Europa e nas Américas, a escravidão de negros,índios e orientais, o castigo em crianças, o tratamento brutal aos mentalmenteperturbados, o extermínio de cientistas e pesquisadores, o uso da tortura nosinterrogatórios criminais,o chicoteamento, a mutilação e a execução violenta depessoas condenadas por algum crime. Tais atos foram parte integrante de ummundo cristão por centenas de anos. De acordo com Thomas Paine, "a Bíblia éuma história de perversidade que tem servido para corromper e brutalizar ahumanidade; e, no que me diz respeito, eu sinceramente a detesto assim comodetesto tudo que seja cruel".Ensinamentos conflitantes com as Leis da Natureza:Outras razões que nos levam a questionar a Bíblia é a de que ela contémnumerosas afirmativas que são incompatíveis com as leis da natureza. OsHumanistas acreditam que a propagação dessas afirmativas causaram muito mal atoda humanidade. Como resultado da observação e experiência humana, umprincípio fundamental da ciência é o de que as leis da natureza não se modificamnem podem ser violadas e que sempre assim se mantêm durante todo tempo. Deacordo com o paleontologista Stephen J. Gould, esta uniformidade ou constânciadas leis naturais é a "suposição metodológica" que faz com que a ciência sejaviável. O que Gould quer dizer de fato é que sem essa suposição não haveriabenefício em se estudar o mundo, fazer experimentos ou se aprender com aexperiência. Tais atividades não teriam sentido em um mundo que não agisse deacordo com as leis naturais. Em tal mundo, o conhecimento de situações passadasnão proporcionaria indicativo seguro sobre o que poderia acontecer em situaçõessemelhantes no futuro. Haveria sempre a possibilidade de ocorrência de forças

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arbitrárias sobrenaturais interferindo nos eventos para alterar o fluxo naturalprevisto pela experiência anterior.Em nosso mundo, caro leitor, a evidênciaé clara de que os fatos ocorrem de acordocom leis naturais que são imutáveis. Comoresultado, o conhecimento das leisoperacionais de funcionamento danatureza aumenta nossa capacidade depredizer eventos futuros e nos adaptarmosao curso de tais eventos. Os ensinamentosbíblicos são, entretanto, diametralmenteopostos aos princípios científicosfundamentais da uniformidade operacionaldas leis da natureza. Conseqüentemente, acrença na Bíblia é incompatível com avisão científica e tem servido como um fator de desencorajamento aodesenvolvimento de uma abordagem científica na solução de problemas.Na Bíblia, nas histórias fabulosas de cobras falantes (Gênesis 3:4-5); uma árvorecom frutos que quando comidos proporcionam o conhecimento do bem e do mal(Gênesis 2:17; 3:5-7); outra árvore cujos frutos dão a imortalidade (Gênesis 3:22);uma voz vinda de um arbusto em chamas (Êxodos 3:4); um jumento falante(Números 22:28); rodas que se transformam em serpentes (Êxodos 7:10-12); águase transformando em sangue (Êxodos 7:19-22); água nascendo da pedra (Números20:11); um defunto que renasce quando seu corpo toca os ossos de um profeta(Reis II 13:21); pessoas ressuscitando dos mortos (Reis I 17:21-22; Reis II 4:32-35; Atos 9:37-40).Há também relatos do Sol parando (Jó 10:13); a divisão do mar (Êxodos 14:21-22); ferro flutuando (Reis II 6:5-6); a sombra retrocedendo dez degraus (Reis II20:9-11); uma bruxa trazendo a alma de Samuel de volta do mundo dos mortos(Samuel I 28:3-15); dedos sem um corpo escrevendo num muro (Daniel 5:5); umhomem que viveu por três dias e três noites no estômago de um peixe (Jonas1:17); pessoas andando sobre as águas (Mateus 14:26-29); uma virgem fecundadapor Deus (Mateus 1:20); a cegueira curada por cuspe (Marcos 8:23-25); umapiscina que curava os que nela mergulhassem (João 5:2-4) e anjos e demôniosinterferindo nos assuntos terrestres (Atos 5:17-20; Lucas 11:24-26). Os defensores de taisabsurdos rebatem com a desculpa que eramoutros tempos e que Cristo veio justamentecorrigir a lei de Moises;mas me pergunto ,porque ele então falou:"Não penseis que vim destruir a lei ou osprofetas; não vim destruir, mas cumprir. "(Mateus 5:1),se ele veio cumprir todas essas

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atrocidades, o mundo está perdido...É claro, caro leitor, que tais histórias não estãode acordo com as leis da natureza. Estasfábulas bíblicas servem para manter a idéiaprimitiva de que freqüentemente forçassobrenaturais podem intervir em nosso mundo.Presumivelmente, os autores de tais históriasou mentiram ou foram desonestos quandorelataram essas narrativas. Quandoexaminados à luz da experiência e da razão,tais suspensões das leis da natureza carecemde credibilidade. Nossa experiência demonstraque o mundo se comporta de acordo comprincípios de regularidade que nunca sãoalterados. Uma terrível conseqüência nacrença de que forças sobrenaturais interferem nos afazeres terrestres tem sido a depessoas que freqüentemente desviam suas energias na tentativa de buscar nosobrenatural a solução de problemas de nosso mundo. Ao invés de estudar omundo natural para descobrir fatos que possam ser usados para o desenvolvimentode soluções científicas, tais pessoas se engajam em atividades religiosas noesforço de obter ajuda de forças sobrenaturais ou para impedir a influência deforças supostamente malignas em suas vidas.Um exemplo de tal desvio de energias pode ser visto na história das tentativas deprevenir a ocorrência e a disseminação de doenças na Europa. O historiadorAndrew White diz que, durante muitos séculos na Idade Média, a imundície dascidades européias sempre causou grandes pestilências que levaram multidões paraos túmulos. Baseado nos ensinamentos da Bíblia, os teólogos cristãos duranteséculos acreditavam que tais pestes eram causadas não por falta de higiene, maspela ira de Deus ou pelas maldades de Satã. Para um cristão lavar as mãos antesou depois das refeições era um pecado mortal.Devido a crença nas causas espirituais das doenças, os teólogos ensinavam aspessoas que as pragas poderiam ser evitadas ou aliviadas por atos religiosos, taiscom arrependimento dos pecados, doação de presentes para as igrejas emonastérios, participação em procissões religiosas e comparecimento aosencontros nas igrejas (o que certamente somente servia para espalhar ainda maisas doenças). A possibilidade de causas físicas para a existência e cura das doençassempre foi ignorada pelos religiosos.Andrew White diz que, a despeito de todas as rezas, rituais e outras atividadesreligiosas, a freqüência e o rigor das pragas não diminuiu até que a higienecientífica começasse a se tornar presente. Falando das melhorias higiênicas que

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ocorreram na metade do século XIX, White diz que"as autoridades sanitárias conseguiram em meioséculo fazer mais pela redução da doença do quetinha sido feito em 1500 anos por todas as feitiçariasque os religiosos tentaram realizar."A luta pelo poder nem sempre se travou em umcampo de batalha físico, mas muitas vezes no campode batalha psicológico, é ai que surge com umasalvação para o já decrépito império romano ocristianismo. Se apoderando de conceitos filosóficosjá amplamente difundidos por todo território romano,o cristianismo cresceu como um câncer benigno paraos detentores do poder romanos que não tinham maiscomo controlar o confuso império . É muito difícil escrever sobre as origens docristianismo, mas não impossível quando se tem conhecimento e boa vontade.O costume de se controlar um povo pelo credo é mais antigo que a própriareligião, mas que andava um pouco em desuso depois que os deuses começaram aperder seu prestigio com as invasões romanas. Imagine sócaro leitor, você tem um deus ao qual tem o maior respeitoe confiança. Você faz tudo o que se deve fazer para umdeus ficar satisfeito;Sacrifícios, oblações, cânticos, beberagens e tudo o mais,e de repente um exercito chega à porta de sua casa matasua família,rouba seus pertences ,cospe na cara de seu deuse o mesmo não faz nada! O que você faria? Continuaria aadorar tal deus assim com fez o pobre do Jó? Opensamento do povo, acredito eu, foi igual a resposta quevocê leitor,sem duvida, pensou.Era o fim dos deuses, eles estavam em descrédito com apopulação pressionada, pois não protegiam ninguém. Mas e os deuses romanosvocê pode estar se perguntando, não eram mais fortes então que os deuses dospovos conquistados? Não, os romanos nunca tiveram divindades fortes nosentido de serem levados a serio. Os romanos nunca foram bons em criar deuses,eles simplesmente aderiam aos deuses dos povos conquistados. Os deusesromanos, na sua maioria, eram deuses domésticos, e serviam assim como umaespécie de amuleto, e eram chamados de Lares. A mitologia grega foi muito usadana sociedade romana, mas não como um fanatismo doente, mais como se poderiacomparar hoje em dia, a ler o horóscopo, muita gente lê por ser misterioso ou porpuro passatempo. O cristianismo começou na Antioquia, segundo uma das teorias,mas logo alcançou Roma e obteve sucesso por ser uma seita de mistérios e que

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revelava vida após a morte, e um Deus mais amoroso de que aquele descrito noantigo testamento. Outro ponto importante no cristianismo, foi a inclusão dasmulheres em seus rituais, coisa que o mitraísmo não admitia, já que este era umareligião de soldados.O primeiro erro do fundamentalismo cristão é defender a coerência da Bíbliacomo um todo. Segundo os fundamentalistas, o Velho e o Novo Testamentoapresentam a lei e a graça de Deus, respectivamente, sem nunca entrarem emcontradição entre si. Debates entre fundamentalistas e ateus costumam enfocarcontradições pontuais entre os textos judaicos e cristãos, diante das quais osreligiosos invocam justificativas contextuais, no mais das vezes estabelecendocorrelações forçadas entre diferentes trechos.Estas contradições pontuais tornam-se menores quando observamos que o Velho eo Novo Testamento não apresentam, caro leitor, dois momentos do mesmo Deus esim dois Deuses de personalidades completamente distintas entre si como jáestudamos: o Senhor dos Exércitos e o Deus Pai.Enquanto o senhor dos exércitos é um deus guerreiro, que guia as armas de Israelpara a vitória, o Deus Pai é uma divindade sentimental, mais preocupado com asquestões do espírito do que da guerra. Indagado sobre o assunto, o PastorAlejandro Bullon, da IASD, bisonhamente meexplicou (ou tentou explicar), que a linguagemdo chicote era a única elocução entendida pelosrecém libertos hebreus, e se Deus falasse comeles através da mensagem do amor, os mesmosnão entenderiam. Ora caro pastor, até um cãosarnento entende a linguagem do afeto econfiança, a resposta sua é puramente um dosconceitos de Maquiavel-“ Se você quer serrespeitado como líder então trate o povo à Mãode Ferro,pois, é melhor ser temido ,que amado”.Seria semelhante então ao episódio dos afrobrasileirosque alcançaram a liberdade em 1888,então, segundo seu pensamento, deveriamcontinuar apanhando pelo menos mais uns 200 anos até começarem a entender alinguagem da liberdade? Lamentável Sr. Alejandro Bullon.Estas mudanças no perfil comportamentais de Deus podem ser explicadas, dentreoutras causas, pelo fato do Velho Testamento ter sido escrito numa época em queIsrael era uma nação em conflito permanente, lutando para sobreviver e se impornuma região disputada por vários povos e nações. Também devemos levar emconsideração o fato que Iahwéh não era apenas um ,como já vimos,mas eram

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varias facetas ou deuses com o mesmo nome, coisa datada no Velho Testamento,efaz parte de mitos de outros povos guerreiros, dos quais os escritores judeus doAT relatam como sendo também de memória do povo hebreu.Já o Novo Testamento é de um período histórico em que Israel é uma naçãosubjugada pelos romanos, reduzida à condição de protetorado sem poder militar.Os povos antigos costumavam ver a guerra não apenas como um confronto entrenações e exércitos rivais, mas também como um enfrentamento entre os deusesprotetores de cada povo. O lado vencedor não apenas teria provado suasupremacia no campo de batalha, como também mostrado que seu deus era maisforte que o deus do inimigo. Podemos excluir desse exemplo os romanos.Assim, era necessário à manutenção da confiança dos combatentes repetirinsistentemente que o deus deles era o mais poderoso de todos e que sob talproteção não havia o que se temer no campo de batalha, onde a vitória certahumilharia o deus do inimigo. O Salmo 91 é uma das mais belas expressões destaassociação entre a fé e a guerra:Salmos 91:5 Não temerás os terrores da noite, nem a seta que voe de dia,Salmos 91:6 nem peste que anda na escuridão, nem mortandade que assole aomeio-dia.Salmos 91:7 Mil poderão cair ao teulado, e dez mil à tua direita; mas tu nãoserás atingidoA interpretação de que o senhor dosexércitos é uma divindade criada emantida,caro leitor, para dar confiançaàs tropas de Israel e inspirar medo nasforças inimigas,como já estudamosanteriormente, prova a hipótese de queos judeus primitivos não eramtotalmente monoteístas, eles sempreteriam cultuado um único Deus eacreditado na supremacia dele sobre osdeuses dos povos vizinhos, sem,entretanto defender taxativamente a inexistência destes outros deuses.São ilustrativas as narrativas do Êxodo, em que Moisés exige que o faraó do Egitoliberte os hebreus. Podemos perceber que por trás do confronto entre os doishomens existe uma luta entre o Deus de Israel e os deuses egípcios, com a vitóriado primeiro, é claro.É interessante que a ação das divindades que defendiam o faraó não são citadasdiretamente (de certo porque não interessava aos judeus fazerem propaganda da

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concorrência), mas são claramente subentendidas, como na passagem em que ossacerdotes do Egito transformam seus cajados em cobras, exatamente como fezMoisés. No final a serpente de Moisés devora as serpentes egípcias sugerindo queo Deus dele era mais poderoso que as divindades estrangeiras, de onde se entendeque a existência destas divindades era aceita pelos israelitas. É neste ambientedesse falso monoteísmo judaico refinado e pseudopurista, do qual foi expurgadatoda reminiscência politeísta que surge o cristianismo. Naquela nova realidade, osenhor dos exércitos havia se tornado obsoleto, não apenas porque Israel não eramais uma nação combatente, mas também porque os judeus não mais acreditavamque existiam deuses inimigos a serem combatidos pelo poder de Adonai Elohin.Um Deus que evolui junto com a História permite muitas e ricas análises einterpretações, enquanto descarta por completo a interpretação fundamentalista deum único Deus bíblico eternamente imutável, deflagra a total incompreensãoreligiosa.

Eu fiquei pensando de como definir o cristianismo, e cheguei a uma frase quedigamos que quando me ocorreu eu achei simples, porem perfeita; quando meocorreu eu achei simples,porém perfeitaFOI A MAIOR INVEÇÃO SOCIAL DE TODOS OS TEMPOS!Como veremos mais adiante o aparecimento de messias e cristos é uma coisaextremamente comum na historia da nossa sociedade, a toda hora está aparecendoum maníaco se dizendo o salvador do mundo ou de uma nação em questão. Sejana área religiosa ou política o mundo está poluído demessias e cristos, mas devemos admitir que nenhum secompara com o mito do Jesus bíblico. Qual o motivo detanto sucesso? A explicação está na elaboração universaldo mito, sim, na universalidade, na reunião de todos osmitos em um só. Como poderíamos hoje criar um mitomaior do que Jesus Cristo, se o mesmo já possui todos osatributos que um deus salvador poderia ter. Ele cura osdoentes, promete a vida eterna, expulsa demônios,protege os humildes, fala por parábolas, lições de boaconduta, é belo, salvou a humanidade do mal, “morrendo”por esta, ama as criancinhas (mais do que ospadres),venceu a morte ressuscitando em gloria, trata bemas mulheres apesar de possuir um ar andrógino, vaicastigar com a morte quemofender seus protegidos,mora em um lugar maravilhoso

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com ruas e casas de ouro e pretende repartir com quemo adorar,sem contar que possui um pai do tipopoderoso-chefão,por fim entre outros atributos que nãome recordo agora,Jesus Cristo é uma personagemperfeita igual ao super-homem dos quadrinhos. Para oscegos Cristo é o Senhor da visão, para os pobres elepassa a ser o Senhor da fortuna, para os moribundos eleé o Senhor da vida,etc. Os pais do cristianismo foramextremamente vorazes e não deram nenhuma brechapara o aparecimento de um outro deus solar melhor.Temos alguns messias que nos vem à memória até osdias de hoje como Elias, com sua carruagem de fogo, idêntica à carruagem dodeus grego Hélios, notem a semelhança do nome, não é simples coincidência.Elias e Hélios, com suas carruagens de fogo. Temos também João o Batista, oexcêntrico do deserto, bancando o deus Jannus, que ao que parece foi traído porseu discípulo um tal de Yeshua Ish Kariot. Quando estava preso João Batistamandou dois discípulos seus para perguntar ao suposto Messias se ele realmenteera o ungido de Deus..Parece que não obteve resposta e logo em seguida foidecapitado. Seus discípulos revoltados com a traição fundaram uma nova seitajudaica chamada Mandeísmo, existente até os dias de hoje no Irã e Turquia. IshKariot significa em aramaico “Aquele que trai como um punhal”,o nome Yeshuaé a tradução para Jesus,denotando uma historia meio confusa sobre quem foirealmente o traidor de quem. Veja o seguinte, caro leitor, João Batista ao queparece ,realmente existiu,pois seu nome e vida estão relatados em vários relatos daépoca ,inclusive no Antiguidades Judaicas de FlavioJosefo,o grande historiador judeu,e lutou pela libertação dopovo judeu das mãos de Roma quando foi morto por essemotivo. Já Jesus Cristo é uma criação grega e romana,onde tudo à ele relatado éapenas de cunho gnóstico ecomposto na medida paraacalmar os ânimos dos judeusrevoltos. No ano 100 d.C.tivemos a revolta dos judeuscontra o domínioromano,liderada por outro Messias, Shimom BarKosib,onde houve,segundo a historia um verdadeiromassacre de judeus,sendo que sobraram poucossobreviventes.Após esse verdadeiro massacre é que omito do Cristo judeu começa a ganhar força.Devemosraciocinar então com muito cuidado... Quem traiu Joãobatista?O apóstolo e mercador de barracas, Paulo, que em suas supostas epístolas, eu digosupostas porque a maioria foi totalmente adulterada ou não pertence ao mítico

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apóstolo, sempre negou, mas na realidade se sentia como um verdadeiro enviadode Deus. Apolônio de Tiana viveusupostamente ao tempo de cristo Jesus, efazia milagres idênticos ao cristo judeu,arrastava consigo multidões e discípulos.Apolônio praticamente é um desconhecido damaioria das pessoas, mesmo daquelas quetêm uma boa formação religiosa.Aparentemente parece estranho que umafigura tão relevante não seja citado nos livrosque versam sobre religião, somenteaparecendo o seu nome em documentossecretos e em alguns poucos livros deocultismo. Quem foi e que é Apolônio? -Apolônio é uma misteriosa figura queapareceu neste ciclo de civilização no início da era cristã (no século I). Osdocumentos que falam dele geralmente nunca mencionam a palavra nasceu e simapareceu, isto porque Ele, quando esteve diretamente na terra, manifestavanatureza divina. Entre os atributos desta natureza, ele apenas tinha um corpoaparente, se apresentava na terra com corpo etéreo, tal como o de Jesus. Emmuitos pontos, caro leitor, a vida de Apolônio se assemelha à de Jesus. Até mesmoa sua vinda a terra foi anunciada pelo Espírito Santo. Alguns documentos antigoso afirmam. Ele, certo dia, surgiu na terra sem ascendentes, semelhante aMelquisedeque, mas também há documentos que dizem ser ele filho de umaVirgem. O sobrenome Tiana é mesmo nome da cidade onde ele primeiro seapresentou na terra, que ficava na Capadócia.Dotado de uma palavra fácil, eletrizante e convincente, logo depois se transformounum tribuno, ao mesmo tempo em que sua fama se popularizava, caminhando peloresto do mundo dando um exemplo justo, bom e perfeito. Foi um espontâneodefensor dos injustiçados, capaz de praticar os mais arrojados e difíceis atos debravura. Sua firmeza e energia de propósitos,mesmo diante do perigo, causavam a todosuma coragem estóica. "Ele fora um Deus emforma de Homem!". Foi morto porapedrejamento,mas ressuscitou 3 dias depoise está na Terra até os dias de hoje,esperandopelo Amargedon.Como poderíamos esquecer também dorabino Yeshua Ben Nasdrin (Nazireu) ou BenPandera, ele usava os dois sobrenomes, aoqual os judeus afirmam ser ao Cristo original, filho de um soldado romano comMiriam uma cabeleireira judia. Lembremos que o nome Miriam é o mesmo queMaria, e que Magdalena designa em aramaico, cabeleireira, uma transliteração

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muito curiosa,visto que o Cristo judeu,teve em seu mito, a companhia de duasMarias ,uma delas a Madalena bíblica. Ao tempo do famoso Cristo Jesus haviamuitos pretensos messias judeus e gentios, talvez daí se tenha tirado a concepçãodo mitológico Cristo Jesus. Concluindo, retornamos a Yeshua Ben Nasdrin, quefoi apedrejado até a morte em 8 d.C. por fazer uso da magia,que era abominávelentre os judeus à época,possuía um discípulo de nome Matteaus,muito singularcom o nome bíblico Mateus. A versão judia não é aceita pelos clérigos cristãospor motivos óbvios. O século XIII foi fertilíssimo de falsos Messias; contam-sesete ou oito, aparecidos na Arábia, na Pérsia, na Espanha e na Morávia. Um deles,que se fazia chamar David el Re, passou por ter sido um grande mártir, seduziu osjudeus, vendo-se à testa de um partido considerável; mas esse Messias foiassassinado.Jacques Zieglerne, da Morávia, que viveu em meados do século XVI, anuncioua próxima manifestação do Messias, nascido, segundo afirmava, havia catorzeanos. Ele o tinha visto, dizia, em Estrasburgo, e guardava com cuidado umaespada e um cetro para lhe entregar quando ele estivesse em idade de ensinar.No ano de 1624 outro Zieglerne confirmou a predição do primeiro.Em 1666a quantidade de jesuses e anticristos foiespantosa,acho que devido à data mística. Umdos mais famosos foi Sabatê Seví, nascido emAlepo, se apresentou como o Messias preditopelos Zieglerne. Principiou por pregar nasestradas reais e no meio dos campos; os turcosriram-se dele, apesar da grande admiração dosseus discípulos. Parece que não agradou àmaioria da nação hebraica, pois os chefes dasinagoga de Smirna lavraram contra ele umasentença de morte; mas livrou-se da pena,sofrendo somente o medo e o exílio.Contratou três casamentos que não chegoua realizar, segundo se diz. Associou-se a umcerto Natã Leví: este fez o papel do profeta Elias,que devia preceder o Messias. Dirigiram-se aJerusalém e Natã anunciou Sabatê Seví como o libertador das nações. Apopulação judaica declarou-se a seu favor; mas os que tinham alguma coisa aperder o excomungaram.Seví, para fugir à tempestade, retirou-se para Constantinopla, e de lá paraSmirna. Natã Leví enviou-lhe quatro embaixadores que o reconheceram esaudaram publicamente na qualidade de Messias; essa embaixada teve certainfluência no povo e mesmo em alguns doutores, que declararam Sabat Seví,Messias e rei dos hebreus. Mas a sinagoga de Smirna condenou seu rei a serempalado.Sabatê pôs-se sob a proteção do cadi de Smirna, e teve em breve ao seu favortodo o povo judeu. Fez erguer dois tronos, um para ele e outro para sua esposafavorita; tomou o nome de rei dos reis e deu a José Seví, seu irmão, o de rei de

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Judá. Prometeu aos judeus assegurar a conquista do império otomano. Chegoumesmo à insolência de fazer riscar da liturgia judaica o nome do imperador,substituindo-o pelo seu. Foi remetido à prisãodos Dardanelos. Os judeus tornaram públicoque: só se poupara a sua vida por que os turcossabiam muito bem que ele era imortal. Ogovernador dos Dardanelos enriqueceu-se àcusta dos presentes que os hebreus lheprodigalizaram para visitar o seu rei, o seuMessias, prisioneiro que, entre grades,conservava toda a sua dignidade, deixando quelhe beijassem os pés, coisa que os cristãos analfabetos liturgicamente falando, caroleitor, fazem até os dias de hoje com o seu amado Cristo. Voltando ao enredo, osultão, que tinha a sua corte em Andrinopla, resolveu acabar com essa comédia;mandou chamar Seví e disse-lhe que se ele fosse Messias deveria ser invulnerável;Seví concordou. O grão senhor mandou que o colocassem como alvo das flechasde seus págens; o Messias compreendeu logo nada ter de invulnerável e pretextouque Deus apenas o enviara para render testemunho à santa religião muçulmana.Fustigado pelos ministros da lei, tornou-se traidor emorreu desprezado igualmente por judeus emuçulmanos: o que desacreditou de tal forma aprofissão de falso Messias que Seví foi o último deles.Aqui no país do futebol também temos nossos Cristose Jesuses. Contando com ospadres que volta e meiaviram santos, vale a penaregistrar alguns não pelafama, mas, pelaexcentricidade. Tivemos Antonio Conselheiro, um líderreligioso que fundou um vilarejochamado Canudos lá pelos lados deSergipe, mas a aventura não acaboumuito bem para ele e seusseguidores, na maioria pessoastotalmente desprovidas de cultura,se por não dizer analfabetas e simples. O vilarejo foitotalmente destruído pela forças governamentais e seusmoradores todos mortos. Não poderíamos esquecer de relatar o Santo do nordestebrasileiro Padre Cícero, que não se intitulava Cristo, mas após sua morte, devido àcredulidade do povo sofrido, tornou-se uma espécie de entidade renata. IrmãDulce aparece também como uma forte candidata a santa, com um trabalho

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deveras idêntico a Madre Tereza de Calcutá. Para os ladosdo sul aparece os monges lapeanosou melhor,acreditava-se que eraapenas um ,mas na realidade foramtrês ermitões que moravam emuma gruta perto da cidade daLapa,sendo que o último foi líderde uma revolta de camponeses,transformado em santo após suamorte. O mais excêntrico e porque não dizer engraçado é o que seintitula INRI Cristo,e vive em Curitiba ,cidade do sul dopaís. Prega pela cidade e por que não dizer para o paístodo que é o Cristo judeu renato,andando com as roupasdo Cristo judeu,parece mais um maluco voltando à pé de Woodstock. A mídia lhedá um bom espaço por conta de sua pantomima, e por essa razão resolvi fazer omesmo,não para plagiar a mídia,mas para mostrar ao leitor com era fácil arrebatarseguidores a 2000 anos atrás. Por Quê? Ora é muito simples, mente vazia éuma pista de corrida para a fé. Não podemos nos esquecer da primeira Sta.brasileira que não é brasileira obviamente...Irmã Paulina, uma freira diabética que após sua morte supostamente curou umproblema menstrual de uma professora, por essa razão virou Santa Paulina.Os cultos afro-brasileiros são muitíssimos praticados no Brasil, mas o caminhojá passa por um quadro mais cultural e folclórico,assunto para uma outra obra literária talvez,pelaextenção de informações e que apresenta um amálgamamuito semelhante com a trajetória pensamentoHindu.Tudo nos leva a crer que no futuro, o conhecimentocientífico exigirá bases sólidas para todas as coisas,quando então as religiões não mais prevalecerão,porquanto, não poderão contribuir para a ciência ou paraa história, com qualquer argumento sólido e fiel.Ademais, não nos parece lógico que o homem atual, oqual já atingiu um tão elevado nível de desenvolvimento,o que se verifica em todos os setores do conhecimento,tais como científico, tecnológico e filosófico, permaneçapreso a crenças em deuses inexistentes, em mitos e tabus produzidos por mentesdoentes.O labirinto CristãoHá quem acredite, caro leitor, que o cristianismo éuma invenção de Cristo, pura falta de informação.Eu considero o “tio” do cristianismo o filosofoestóico Sêneca e o “pai”, sem dúvida alguma, foi ofilósofo judeu que residia em Alexandria(Egito) denome Fílon, e que também cultuava a filosofia

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estóica. Fílon de Alexandria, apesar de tercontribuído poderosamente para a formação docristianismo, seu testemunho é totalmente contrário aexistência de Cristo. Fílon havia escrito um tratadosobre o Bom Deus Serápis , tratado este que foi destruído pelos bispos católicos.Os evangelhos cristãos a ele muito se assemelham, e os falsificadores nãohesitaram em atribuir as referências feitas Uma das dúvidas mais pertinentes atéhoje se refere de como Poncio Pilatos teria se referido a Jesus Cristo junto aBarrabás. É sabido que o nome Barrabás, em aramaico(língua falada à época deCristo)traduzido para o latim ou português é filho do grande pai.Os judeus até hoje não pronunciam o nome de seu deus por medo ou respeito,imagine ao tempo do suposto Cristo! Os judeus jamais se intitulavam Filhos deIahwéh, pois era um crime hediondo contra o seu deus, então se referiam comoFilhos do grande pai (Bar Abbá). O único que tinha direito de pronunciar onome de Iahwéh era o sumo sacerdote, e somente no dia de Páscoa. Entãoimagine, caro leitor, Poncio Pilatos perguntando ao povo;Quem querem que eu liberte, Yesus Bar Abbá ou Yesus Bar Abbá! Issomesmo,o primeiro nome de Barrabás era Yesus( que foi oculto nas traduçõesmodernas e revisadas...). Jesus ou Yesus foi condenado por se dizer filho dogrande pai! Qual foi o crime que ele cometeu então, se todo judeu se dizia filhodo grande pai??Então temos Yesus Bar Abbá contra Yesus Bar Abbá... Que enorme confusão!Fílon que foi um dos judeus mais ilustres de seu tempo, e sempreesteve em dia com osacontecimentos jamaisomitiria qualquer notíciaacerca de Jesus, cujaexistência, se fosseverdadeira, teria abalado omundo de então. Impossíveladmitir-se tal hipótese,portanto. Por isso é que M.Dide fez ver que, diante dosilêncio de homensextraordinários como Fílon,os acontecimentos narradospelos evangelistas nãopassam de pura fantasiareligiosa. Seu silêncio é asentença de morte da existência de Jesus.O mesmo silêncio se estende aos apóstolos, assinala Emílio Bossi.Evidencia que tudo quanto está contido nos Evangelhos refere-se a personalidades

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irreais, ideais, sobrenaturais de inexistentes taumaturgos. O silêncio de Fílon e deoutros se estende não apenas a Jesus, mas, também aos seus pretensos apóstolos, aJosé, a Maria, seus filhos e toda a sua família Flávio Josefo tendo nascido no ano37 e escrevendo até 93 sobre judaísmo, cristianismo terapeuta, messias e Cristos,nada disse a respeito de Jesus Cristo.Justo de Tiberíades, igualmente não fala em Jesus Cristo, conquantohouvesse escrito uma história dos judeus, indo de Moisés ao ano 50. ErnestRenan em sua obra "Vie de Jesus" apesar de ter tentado biografar Jesus, reconheceo pesado silêncio que fizeram cair sobre o pretenso herói do cristianismo aSerápis, como sendo feitas a Cristo.Os Gregos, os romanos e os hindus dos séculos I e II, jamais ouviram falar naexistência física de Jesus Cristo. Nenhum dos historiadores ou escritores, judeusou romanos, os quais viveram ao tempo em que pretensamente teria vivido Jesus,ocupou-se dele expressamente. Nenhum dedicou-lhe atenção. Todos foramomissos quanto a qualquer movimento religioso ocorrido na Judéia, chefiado porJesus. Caro leitor, espero que você tenha refletido com consciência sobre talquestão.A história não só contesta a tudo o que vem nos Evangelhos, comoprova que os documentos em que a Igreja se baseou para formar o cristianismoforam todos inventados ou falsificados no todo ou parte, para esse fim. A Igrejasempre dispôs de uma equipe de falsários, os quais dedicaram-se afanosamente aadulterar e falsificar os documentos antigos com o fim de pô-los de acordo com osseus cânones.O piedoso e culto bispo de Cesaréia, Eusébio, como muitos outros tonsurados,recebeu ordens papais para realizar modificações emImportantes papéis da época, adulterando-os e emendandoossegundo suas conveniências. Graças a esses criminososarranjos, caro leitor, a Igreja terminaria autenticandoimpunemente, sua novela religiosa sobre Jesus Cristo, suafamília, seus discípulos e o seu tempo.Conan Doyle imortalizou o seu personagem,Sherlock Holmes, assim como Goethe ao seu Werther.Deram-lhes vida e movimento como se fossem pessoas reais,de carne e ossos. Muitos outros escritores imortalizaram-setambém através de suas obras, contudo, sempre ficou patenteserem elas pura ficção, sem qualquer elo que as ligue com avida real. Produzem um trabalho honesto e honrado aquelesque assim procedem, ao contrário daqueles que deturpam os trabalhos assinados

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por eminentes escritores, com o objetivo premeditado de iludir a boa fé dopróximo. E procedimento que além de criminoso, revela, caro leitor, aincapacidade intelectual daqueles que precisam de se valer de tais meios, paraalcançar seus escusos objetivos.Berson, citado por Jean Guitton em "Jesus", disse que a inigualável humildadede Jesus dispensaria a historicidade; entretanto, erigiu os Evangelhos comodocumento indiscutível como prova, o que aciência histórica de hoje rejeita. Só depoisde muito entrado em anos é que se tornariaindiferente para com a pirracenta crençareligiosa dos seus antepassados , comoaconteceu com mentes excepcionalmentecultas, tornada ilustres pelo saber e peloconhecimento e não apenas pelodinheiro. Diante da história, doconhecimento racional e científico quepresidem aos atos da vida humana, muitos jáse convenceram, caro leitor, da primária eirreal origem do cristianismo, o qual nadamais é do que uma síntese do judaísmo como paganismo e a idolatria greco-romana doséculo I Graças ao trabalho de notáveismestre de Filosofia e Teologia da Escola deTubíngen, na Alemanha, ficou provado que os Evangelhos e mesmo toda a Bíblia,não possuem valor histórico, pondo-se em dúvida conseqüentemente, tudo quantoa Igreja impôs como verdade sobre Jesus Cristo. Tudo o que consta dosEvangelhos e do Novo Testamento, São apenas arranjos, adaptações e ficções,como o próprio Jesus Cristo o foi.Através da pesquisa histórica e de exames grafotécnicos ficouevidenciado que os escritos acima referidos são apócrifos. De sorte que nãoservindo como documentos autênticos devem ser rejeitados pela ciência.Jean Guitton diz que o problema de Jesus. varia e acordo com oângulo sob o qual seja examinado: histórico, filosófico ou teológico.A história exige provas reais, segundo as quais se evidenciem osmovimentos da pessoa ou do herói no palco da vida humana, praticando todos osatos a ela referentes, em todos os seus altos e baixos.Pierre Couchoud, igualmente citado por Guitton, sendo médico efilósofo, considerou Jesus como tendo sido "a maior existência que já houve, omaior habitante da terra", entretanto. acrescentou: "não existiu no sentido histórico dapalavra: não nasceu. não sofreu sob Pôncio Pilatos, sendo tudo uma fabulação mítica".A passagem de Jesus pela terra, seria o milagre dos milagres: "ocontinente, embora fosse o menor, contivera oconteúdo, que era o maior!"A Filosofia quer fatos para examinar eexplicar à luz da razão, generalízando-o. No que se

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refere à existência de Jesus, é patente aimpossibilidade de generalização, porquanto, naqualidade de mito, como os milhares que oantecederam, sua personalidade é apenas fictícia, porconseguinte, caro leitor, nenhum material podeoferecer à Filosofia para ser sistematizado,aprofundado ou explicado.No tocante à Teologia cabe-lhe apenas a partedoutrinária acerca das coisas divinas A ela, interessaapenas incutir nas mentes os seus princípios, sem, contudo, procurar neles o quepossa existir de concreto, o que inclusive seria contrário aos interesses materiais,daqueles aos quais aproveita a religião.Os Enciclopedistas mostraram como eram tolos e irracionais os dogmas da Igreja,lembrando ainda que ela era um dos mais fortes pilares do feudalismoescravocrata. Citando Voltaire novamente, este mostrou as coincidências entre oEvangelho de João e os escritos de Fílon, lembrando ter sido ele um filósofo gregode ascendência judia, cujo pai, um outro judeu culto, teria sido contemporâneo deJesus, se ele tivesse realmente existido. Na imagem acima vemos como seria orosto do Cristo judeu se o mesmo tivesse existido,bem diferente do Cristodivulgado pela mídia de novela mexicana.A filosofia religiosa de Fílon, caro leitor, era a mesma do cristianismo, tanto queinicialmente foi cogitada sua inclusão entre os fundadores da nova crença.Contudo, como já estudamos, após exame rigoroso de sua obra, foram encontradasidéias opostas aos interesses materiais dos lideres cristãos da época. Devemos aosEnciclopedistas, bem como a Voltaire, o incentivo para que muitos pensadoresfuturos pudessem desenvolver um trabalho livre, na pesquisa da verdade. Asconvicções de Voltaire são o fruto de profundo estudo das obras de Fílon. Osracionalistas, posteriormente, servindo-se de seusescritos, concluíram que a Igreja criou seusdogmas de acordo com a lenda e o mito, impondoosa ferro e fogo.Bauer, aplicando os princípios hegelianos naUniversidade de Tubingen. concluiu que osEvangelhos haviam sido escritos sob a influênciajudia, de acordo com seu gosto. Posteriormente,interesses materiais e políticos motivaramalterações nos mesmos. Em vista de tais interessesé que Pedro, o pregador do cristianismo nascente,que era pró-judeu, teve de ser substituído porPaulo, favorável aos romanos. E Marcião teriasido o autor dos escritos atribuídos ao inexistentePaulo. A existência de Paulo é posta em xeque após uma lida nos escritos de

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Marcião. Se entendermos o significado do nome de Saulo ou Paulo para oportuguês talvez compreendamos o sentido literal de toda essa armaçãobíblica...Paollo é “o pequeno que fala ou aquele que prega”. Sem comentários...O mérito da Escola de Tubingen consiste em haver provado que os Evangelhossão apócrifos, e assim não servem como documentoaceitável pela história. Levando ao conhecimento domundo livre que os fundamentos do cristianismo sãomistificações puras, os mestres da referida Escolaabalaram os alicerces de uma empresa, que há séculosexplora a humanidade crente, vendendo o nome deDeus a grosso e a varejo.Diz-se que a Bíblia, o livro sagrado dos cristãos, doqual se valem eles para provar a existência de seu Deuse Jesus Cristo, seu filho unigênito, foi escrito sob ainspiração divina. O Próprio Deus a teria escrito,através de homens inspirados por ele, claro e como jádissemos seria atemporal. A doutrina cristã ensina queDeus, além de onipotente, é onipresente e onisciente. Sendo dotado de taisatributos, - onisciência e onipresença, - seria de se esperar que Deus ao ditar aoshomens inspirados o que deveriam escrever, não se restringisse apenas ao relatodas coisas, fatos ou lugares então conhecidos pelos homens de uma determinadaépoca.Sendo onipresente, deveria estar no universo inteiro. Conhecê-lo e levá-lo aoconhecimento dos homens, e não apenas limitar-se a falar dos povos ou lugaresque todos conheciam ou sabiam existir.Sendo onisciente, deveria saber de todas s coisas de modo certo,correto, exato e assim inspirar ou ensinar.Todavia, aconteceu justamente o contrário. A Bíblia escrita por homensinspirados por Deus onipresente e onisciente, como já vimos, está repleta de erros,os mais vulgares e incoerentes, revelando total ignorância acerca da verdade e detudo mais. Vejamos apenas o exemplo que já relatamos sobre o sol e as estrelas.Diz a Bíblia que o sol, a lua e as estrelas foram criadas em função da terra: parailuminá-la. Seria o centro do universo, então, o que é totalmente falso. Só issobastaria para reprovarmos a mesma.Hoje, ou melhor, há muito tempo todos sabemos que a terra é apenas umgrão de areia perdido na imensidão do universo,sendo mesmo uma das menores porções que ocompõe, inclusive dentro do sistema solar deque faz parte. Como teria Josué feito parar osol, a fim de prolongar o dia e ganhar suabatalha contra os canamitas, sem acarretar uma

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catástrofe universal? Decididamente, quemescreveu tais absurdos, sendo homem sujeito afalhas e erros, é perdoável. Entretanto, caroleitor, sendo um Deus onipresente e onisciente,ou por sua inspiração, é inconcebível. E maisinconcebível ainda, caro leitor, é que o homemmoderno permaneça escravo desta ou de qualquer outra religião. Dispondo demodernos meios de difusão e divulgação da cultura, o homem não pode ignorar aquanta é falsa a doutrina cristã, além de absurda, o mesmo estendendo-se aqualquer outra forma de culto ou religião. Como entender que sendo Deusonipresente e onisciente, não saberia que todos os corpos do universo possuemmovimento, e que este os mantém dentro de sua órbita, sem atropelos ouabalroamento?Quando Jeová resolveu disciplinar o comportamento dos hebreus,marcou encontro com Moisés, no Monte Sinai, para lhe entregar as tábuas da lei.Fato idêntico acontecera muito antes. quando Hamurabi teria recebido das mãosdo deus Schamash, a legislação dos babilônios no século XVII a.C.. A mesma foiencontrada em Susa, uma das grandes metrópoles do então poderoso impériobabilônio, encontrando-se atualmente guardada no Museu do Louvre, em Paris.Sem contar que os Dez Mandamentos que são apregoados em santinhos ecalendários hoje em dia estão errados.O verdadeiro decálogo apenas se manifesta no lado litúrgico,e não são apenasdez ,mas um amontoado de prescrições de ordem doutrinaria infindável. Ficoimaginando o quanto não rendeu ,em todos esses séculos, a ignorância do povo.No que concerne aos Evangelhos, sabemos que foram escritos em número de315, copiando-se sempre uns aos outros. No Concílio de Nicéia, tal número foireduzido, como já vimos, para 40 e destes foram sorteados os 4 que até hoje estãovigorando.A. Laterre, entre outros escritores, assinala ter sido o Evangelho de Marcos omais antigo, e haver servido de paradigma para os outros, os quais não guardaramsequer fidelidade ao original, dando margem a choques e entrechoques dedoutrina.Após o Evangelho de Marcos, começaram a surgir os demais quealcançando elevado número, foram reduzidos. A escolha não visou os melhores, oque seria lógico, mas baseou-se tão somente, como já vimos, no prestigio políticodos bispos das regiões onde haviam sido compostos.A. Laterre patenteou igualmente, em "Jesus e sua doutrina", que alenda composta pelos fundadores do cristianismo para ser admitida pelos homenscomo verdade, fora copiado de fontes mitológicas muito anteriores ao própriojudaísmo, remontando aos antigos deuses hindus, persas ou chineses.

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No século II, quando começou a aparecer a biografia de Jesus, haviaapenas o interesse político e material em semanter a sua santa personalidade idealizada.Constantino, no século IV, tendoverificado que suas legiões haviam-se tornadoreticentes no cumprimento de suas ordenscontra os cristãos, resolveu mudar de tática eaderir ao cristianismo. Percebendo que osbispos de Alexandria, Jerusalém, Edessa eRoma tinham a força necessária para fazer-lheoposição, sentiu-se na contingência de cederpoliticamente, com o objetivo de conseguirobediência total e unificar o império. De sorteque sua adesão ou conversão ao cristianismo,não se baseou em uma convicção intima,espiritual, porém, resultou de conveniênciaspolíticas.Embora não crendo na religião cristã, percebeu que a cruz dar-lhe-ia aforça que lhe faltava, para tornar-se o imperador único e obedecido cegamente.Daí, a história do sonho que tivera antes de uma batalha, segundo o qual vira acruz desenhada no céu e estas palavras escritas abaixo: "in hoc signo vincis", comeste sinal, vencerás. Não era cristão verdadeiro, apenas fingia sê-lo para conseguiros seus objetivos. Fica notório que a religião cristã teve objetivos simplesmentepolíticos,traindo assim a idéia estóica.Dujardin conta-nos que o cristianismo só surgiu a partir do ano 30,graças a um rito em que se via a morte e a ressurreição de Jesus, o qual seria umadivindade pré-cristã. Nesta seita, os seus adeptos denominavam-se apóstolos,significando missionários, os que traziam uma mensagem nova. Os apóstolosdesse Jesus, juravam terem-no visto, após sua morte, ressuscitar e ascender ao céu.Entretanto, não era este o Jesus dos cristãos.O Padre Aífred Loisy, diante do enorme descrédito que o mito docristianismo vinha sofrendo nos meios cultos de Paris, resolveu pesquisar-lhe asorigens, visando assim desfazer as objeções apresentadas de modo seguro e bemfundamentado. Buscava a verdade para mostrá-la aos demais. Entretanto, ao fazerseus estudos, o Padre Loisy constatou que, realmente a crítica havia se baseado emfatos incontestáveis. Por uma questão de honra, não poderia ocultar o resultado desuas pesquisas, publicando-o logo em seguida. Sendo tal resultado, contráriofundamentalmente aos cânones da Igreja, foi expulso de sua cátedra de Filosofia,na Universidade de Paris e excomungado pelo Papa, em 1908. É justamente o

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mesmo que nós devemos fazer quando nos empurram garganta abaixo rançosmitologicos,como se fossem a verdade suprema;sigamos então,caro leitor, oexemplo do Padre Loisy.O Pe. Loisy havia concluído que os documentos nos quais a Igrejafirmara-se para organizar sua doutrina, provieram dos rituais essênios. JesusCristo não tivera vida física.Era apenas oreaproveitamento da lendaessênia do Crestus, o seuMessias. Verificou-setambém, caro leitor, que asPaulinianas, de origeminsegura, haviam sidorefundidas em vários pontosfundamentais e por diversasvezes, antes de seremincluídas definitivamente nosEvangelhos. Do mesmomodo chegou à conclusão deque os Evangelhos não poderiam servir de base para a história, nem para provar avida de Jesus dada a sua inautenticidade. Ele concluiu que só foram aceitos comolivros sagrados aqueles cuja a possibilidade de alterações eram possíveis de serealizar de forma a se adequarem aos interesses clérigos da época.Por sorte sua já não mais existia a Santa Inquisição; do contrário, osábio Padre Loisy teria sido queimado vivo. Os documentos relativos aogoverno de Pilatos na Judéia, nada relatam a respeito de alguém que se intitulandode Jesus Cristo, o Messias ou o enviado de Deus, tenha sido preso, condenado ecrucificado com assentimento ou mesmo contra sua vontade, conforme narram osevangelhos. Não tomou conhecimento jamais de que um homem excepcionalpraticasse coisas maravilhosas e sobrenaturais, ressuscitando mortos e curandodoentes ao simples toque de suas mãos, ou com uma palavra, apenas..Se Pôncio Pilatos, cuja existência é real e historicamente provável, eque estava no centro dos acontecimentos da época como governador da Judéia,ignorou completamente a existência tumultuada de Jesus, é que de fato ele nãoexistiu. Alguém que pelos atos que lhe são atribuídos, chega mesmo ao cúmulo deser aclamado "Rei dos Judeus" por uma multidão exaltada, como ele o foi, nãopoderia passar despercebido pelo governador da região.O imperador Tibério, inclusive, jamais soube de taisocorrências na Judéia. Estranho que ninguém oinformasse de que um povo, que estava sob o seudomínio, aclamava um novo rei. Ilógico. A ele, Tibério,

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é que caberia nomear um rei, governador ou procurador.Prosper Alfaric, em L'Ecole de la Raison,assinala as invencíveis dificuldades do cristianismo emconciliar a fé com a razão. Por isso, a nova crença tevede apoderar-se das lendas e crenças dos deuses solares,tais como Osíris, Mitra, Ísis, Átis e Hórus, quando daelaboração de sua doutrina. Expôs, igualmente, que osdocumentos descobertos em Qumrã, em 1947, eram o elo que faltava parapatentear que Cristo é o Crestus dos essênios, uma outra seita judia.O cristianismo nada mais é, então, do que o sincretismo das diversasseitas judias, misturadas às crenças e religiões dos deusessolares, por serem as religiões que vinham predominandohá séculos. Volto a afirmar que os pais do cristianismo seapoderaram de todos os mitos e crenças possíveis àépoca,para,dessa forma , não deixar brechas para oaparecimento de outra crença qualquer.A palavra "evangelho",caro leitor, em gregosignifica "boa nova", já figura na Odisséia de Homero,Século XII, a.C.. Foi depois encontrada também rumainscrição em Priene, na Jônia, numa frase comemorativae de endeusamento de Augusto, no seu aniversário,significando a "boa nova" no trono. E isto ocorreu muitoantes de idealizarem Jesus Cristo.Conforme já mencionamos anteriormente, no inicio do cristianismo,os evangelhos eram em número de 315, sendo posteriormente reduzidos para 4, noConcílio de Nicéia. Tal número indica perfeitamente as várias formas deinterpretação local das crenças religiosas da orla mediterrânea, acerca da idéiamessiânica lançada pelos sacerdotes judeus. Sem dúvida, este fato deve ter levadoo santo dos falsificadores, Irineu, a escrever o seguinte: "Há apenas 4 Evangelhos,nem mais um, nem menos um, e que só pessoas de espírito leviano, os ignorantese os insolentes é que andam falseando a verdade". A verdade da Igreja, dizemosnós.Haviam então, os Evangelhos dos nazarenos, dos judeus, dos egípcios,dos ebionistas, o de Pedro, o de Barnabé, entre outros, 03 quais foram queimados,restando apenas os 4 sorteados e oficializados no Concílio de Nicéia.Celso, erudito romano, contemporâneo de Irineu, entre os anos 170 e180, disse: "Certos fiéis modificaram o primeiro texto dos Evangelhos, três, quatro e maisvezes, para poder assim subtrai-los às refutações".Foi necessária uma cuidadosa triagem de todos eles, visando retirar asdivergências mais acentuadas, sendo adotada a de Hesíquies, de Alexandria; e dePânfilo, de Cesaréía e a de Luciano, de Antióquia. Mesmo assim, só na deLuciano existem 3500 passagens redigidas diferentemente, isso mesmo caro

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leitor,3500 passagens adulteradas. Disso resulta que, mesmo para os Padres daIgreja, os Evangelhos não são fonte segura e original.Nós sabemos que os Evangelhos que trazem a palavra"segundo", que em grego é "cata", não vieramdiretamente dos pretensos evangelistas.A discutível origem dos Evangelhos, explica porqueos documentos mais antigos não fazem referência à vidaterrena de Jesus.Relembrando que nos Evangelhos, as contradiçõessão encontradas com muita freqüência. Em Marcos., porexemplo, em 1-1,17: "a linhagem de Jesus vem de Abraão,em 42 gerações"; ao passo que em Lucas. 2 - 23, 28 lê-seque proviera diretamente de Adão e Eva, sendo que deAbraão a Jesus teriam havido 43 gerações.Eusébio comentando o assunto e nãosabendo como responde à questão, disse: "Seja lá o quefor, só o Evangelho anuncia a verdade".(?)Tais divergências, entretanto, parecemindicar que os Evangelhos não se destinavaminicialmente à posteridade, visando tão somente acatequese imediata de povos isolados uns dos outros. Osescritos destinados a um povo dificilmente seriamconhecidos dos outros. O Evangelho de Mateus teriasido destinado aos judeus, arranjado para agradá-los.Por isso, não fala nos vaticínios nem no Messias. Porisso ainda é que puseram na boca de Jesus as palavrasseguintes: "Não vim para abolir as leis dos profetas, massim para cumpri-las". Tudo indica ter sido feito emAlexandria, porquanto, o original em hebraico jamaisexistiu. Baur provou, entretanto, que as Epístolas sãoanteriores aos Evangelhos e o Apocalipse, o maisantigo de todos, do ano 68. Todos os escritos docristianismo desse tempo,caro leitor, falam apenasno Logos, o Cordeiro Pascoal, imolado desde oprincípio dos tempos, referindo-se à personalidadeideal de Jesus Cristo. Lembrando que o termo Logosfoi criado por Platão em 300 aC. termo esteapropriado pelo cristianismo através de Sãoagostinho e São Aquino, quando da adaptação doneo-platonismo ao pensamento cristão.Justino, filósofo e apologista cristão,escrevendo em torno do ano 150 d.C., não emprega a palavra Evangelho nem umavez. Isto mostra que ele ainda nessa época, ignorava-a, não tendo conhecimento desua existência. Justino ignorava igualmente as paulinianas, Paulo e os Atos dosapóstolos, o que prova que foram inventados posteriormente, causando assim umvácuo histórico no texto cristão. Marcião no ano de 140, trouxe as Epístolas à

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Roma, as quais não foram inicialmente consideradas merecedoras de fé. Sofreurigorosa triagem, sendo cortada muita coisa que não convinha à Igreja. Marciãofora contemporâneo de Justino. As Epístolas trazidas por ele, eram endereçadasaos Romanos, aos Gálatas e aos Coríntios. Apresentavam Jesus como um Deusencarnado. Teria nascido de uma mulher e sofrera o martírio para resgatar ospecados da humanidade, isto é, dos ocidentais porque os orientais não tomaramconhecimento da personalidade de Jesus, seus milagres e sua pregação e do seuromance religioso.Engels constatou que as Epístolas são 60 anos mais novas do que o Apocalipse.E ainda, os cristãos contrários ao bispo de Roma, rejeitaram-nas durante séculos.Foi o que se deu com os ebionitas e os severianos, conforme Eusébio escreveu eJustino confirmou. O Apocalipse fala em um cordeiro com sete cornos e seteolhos, o qual foi imolado desde a fundação do mundo (13-8). O Apocalipse foicomposto apenas em 68, sendo o mais antigo de todos os escritos cristãos.Lutero e Swinglio disseram que o Apocalipse foi incluído nosEvangelhos por engano, tendo a Igreja de inventar, por isso a ordem cronológicados seus livros.Hoje se pode provar que o Apocalipse surgiu entre os anos 68 e 70; osEvangelhos, no século II e o Atos dos Apóstolos são os mais recentes de todos.O cúmplice de Irineu, Eusébio em sua "História Eclesiástica':, 4-23, diz:"Compus as Epistolas conforme a vontade do irmão: mas, os 'apóstolos do diabo' thaacramnasde inverídicas contando-lhes certas coisas e acrescentando outras".Irineu, ao mesmo tempo ordenava ao copista através de cartas:"Confronta toda cópia com este original utilizado por ti, e corrige-acuidadosamente". Não te esqueças de reproduzir em tua cópia o pedido que tefaço.Essas citações servem para medirmos que tipo de santidade haviaentre os bispos e seus calígrafos, na arte eusebiana de eméritos falsificadores dedocumentos importantes, como Eusébio e Irineu.Com isto,caro leitor, deram autenticidade a todas as invencionices docristianismo e legitimaram sua liderança na posse material do que pertencia aosoutros.Irineu ainda registrou o seguinte: "Ouvi dizer que não acreditam estejaisto nos Evangelhos, se não se encontrar nos arquivos", Ao que Eusébiorespondera: "É preciso demonstrá-lo e acrescenta-lo".Uma excelente prova da existência de Jesus, seria uma comunicaçãofeita por Pilatos a seu respeito. Entretanto, tal documento não existe.Justino, instado pelos falsificadores, referiu-se a Jesus, contudo, dadaa sua honradez pessoal, no caso do seu escrito ser autêntico, fê-lo de modo

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inseguro e hesitante na seguinte frase; “O que conta é a fé,não importa no que seacredita”Tertuliano que é mais seguro do que ele, afirmou que esse valiosodocumento deverá ser encontrado nos arquivos imperiais. Contudo, caro leitor, aIgreja apesar de haver se apoderado de Roma a partir do século IV, não teve acoragem de apresentar essa indispensável jóia documentária, a qual de certo seriarefutada pela ciência e pelo conhecimento.Mesmo assim, a partir do século IV, essa prova ilegítima foiproduzida, contudo, a Igreja não teve a petulância desubmetê-la à grafotécnica. Por que será?Daniel Rops, embora fosse um apaixonadocristão, reconheceu a veracidade dessa falsificaçãodizendo que: "a que arranjaram era uma carta enviada aCláudio, que reinou de 41 a 44, e não a Tibério, sobcujo governo Pilatos fora Procurador da Judéia".No Apocalipse João escreveu: "Se alguémacrescentar alguma coisa nisto, Deus castigará com aspenas descritas neste livro; se alguém cortar qualquercoisa, Deus cortará sua parte na árvore da vida e na cidade santa descrita nestelivro". Ai está mais uma prova de como as falsificações eram usuais na fase daIgreja nascente.O mais interessante é essa gente falar em Deus, como se fosse coisacuja existência já tivesse sido provada, não se justificando mais que oconhecimento e a razão estudassem as bases dessa existência. Na documentaçãoque eu encontrei para escrever este texto,percebi que a ciência tem um interessesincero de provar a autenticidade de tais documentos canônicos ou não. Seria umaenorme alegria ao povo e também à ciência que as provas da existência de umMessias fosse provada, mas a Igreja foge perante apossibilidade de qualquer acareação, demonstrandoassim, que tais documentos não passam de chulasfalsificações.Os padres mostravam-se estar de tal modofamiliarizados com Deus e sua vontade, que por issoachavam certo e justo julgar e queimar vivos a todos osque deles discordassem,temos hoje os pastoresmultimídia que falam de Deus como se ele tivesse umescritório na AvenidaPaulista e também Email...É pândego!.Entretanto, embora dessem a impressãode estar em contato com Deus, usavam de processoscriminosos, dos quais todos os ociosos usam parasacar contra o seu meio social. Assim é que hoje se

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pode provar que o cristianismo, foi construído sobreum terreno atapetado de mentiras, falsificações emistificações.O Novo Testamento atualmenteoficializado, é cópia de um texto grego do séculoIV,que como já vimos ,caro leitor, está totalmente deformado por interessesescusos.É exatamente o sinótico descoberto em 1859, em um convento doMonte Sinai, onde vem informada a origem grega. Os originais do mesmo estãoguardados nos museus do Vaticano e de Londres. Foram publicadas com asdevidas correções, feitas por Hesíquios, de Alexandria.Um papiro encontrado no Egito, em 1931, apresenta-nos uma ordemcronológica totalmente diferente da oficializada pela Igreja. Atualmente, asfontes testamentárias aceitáveis são as do século II em diante, provindas deJustino, Taciano, Atenágoras e Irineu e outros, os quais são considerados osverdadeiros criadores do cristianismo.Taciano foi o "bem amado" discípulo de Justino. Ele, entretanto, omitea genealogia de Jesus, dizendo apenas que ele descendia de reis judeus, de modomuito vago, divergindo assim da orientação oficializada.Irineu foi que sistematizou o cristianismo. Foi ele a fonte em queEusébio inspirou-se. Por isso é que daí em diante seria obrigatória a confrontaçãoentre os dois textos. O bispo de Cesaréia fora encarregado pelo todo poderosobispo de Roma, de falsificar tudo quanto prejudicasse os interesses materiais daIgreja de então. De modo que, por onde passou a mão de Eusébio, foi tudoconspurcado criminosamente contra a verdade.Eusébio foi realmente um bispo que cria apaixonadamente nadivindade de Jesus Cristo, contudo, já conhecia o poder que possuía o bispo deRoma.Graças a Eusébio e outros iguais a ele,tornou-se uma temeridade descrer-se na verdadeoficializada pela Igreja. Era crer ou morrer.Após tantas falsificações, todos ficaramrealmente inseguros quanto á verdadeira origem docristianismo, tal a tumultuação impressa por Eusébio eIrineu. Tertuliano e Clemente de Alexandria lutaram umpouco para sanar essas fontes, anulando boa parte doque restara das criminosas unhas de Eusébio.Em Qumrã, em 1947, como á vimos foram encontradosdocumentos com escrita em hebraico e não em grego,falando em Crestus não em Cristo. Ali, Habacuc refereseà perseguição sofrida por essa seita judia, assim comoa morte de Crestus, igualmente traído por um Judas, umsacerdote dissidente. A Igreja ao ter conhecimento da existência de taisdocumentos, pretendeu informar que Crestus era o Cristo de sua criação, contudo,verificou-se que eles datavam, caro leitor, de pelo menos um século antes do

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lançamento do romance do Gólgota. Além disso, continham revelações contráriasaos interesses da Igreja. Eles relatam as lutas de morte em que viviam as diversasseitas do judaísmo.A tal historia não pôde entrar nos Evangelhos, devendo silenciarcompletamente a respeito da pretensa passagem de Jesus pela terra.De qualquer forma, caro leitor, a lenda que existia em torno no nomede Crestus, foi aproveitada na época porque sendo uma seita comunista, suaspregações iriam servir para atrair ao cristianismo aatenção dos escravos, em luta contra os seus senhores,a eterna luta do pobre contra o rico, fato esteaproveitado mais tarde por Constantino. Notamostambém a semelhança fonética entre o nome Crestus eCristo (ungido) em grego ,também a semelhançafonética com Krishnna,que não passou despercebidopelos fomentadores do cristianismo. Era bom demaispara ser verdade.Escavações feitas em Jerusalémdesenterraram velhos cemitérios, onde foramencontradas muitas cruzes do século I e mesmoanteriores. Todavia, apesar de já ser usada nessaépoca, só a partir do século IV é que a Igreja iriaoficializá-la como seu emblema. Levantamentosarqueológicos posteriores provariam que a cruz já era um piedoso emblema usadodesde há milênios.Orígenes o inventor da figura do Diabo, polemizando contra Celso,um dos mais cultos escritores romanos de seu tempo, e que mais combateram asbases falsas da Igreja e de Jesus Cristo, acusa Flávio Josefo por não haveradmitido a existência de Jesus. Flávio não poderia referir-se a Jesus nem aocristianismo porque ambos foram arranjados depois de sua morte. Assim, os livrosde Flávio que falam de Jesus, foram compostos, ou melhor, falsificados muitotempo após sua morte, no decorrer do século III, conforme as conclusõesalcançadas pelos mestres da Escola de Tubingen.Como vimos anteriormente, Sêneca que foi preceptor de Nero,suicidando-se para não ser assassinado por ele, já pensava mais ou menos como oscristãos. Do que se conclui que as idéias de que se serviu o cristianismo para sefundamentar, são emprestadas das lendas que giravam em torno de outros CristosMessias, assim como de outros cultos. Nada tendo, portanto, de original. Sênecaacreditava em um Deus único e imaterializável, criado por Platão e os Pitagóricos.Por tudo isso, repito que os líderes do cristianismo, nada mais fizeram

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do que se apropriarem das idéias já existentes. Apenas tiveram o cuidado depromover as modificações necessárias, com vistas a melhorconsecução dos seus objetivos materiais.Sêneca, embora não fazendo em seus escritosqualquer alusão à existência de Jesus Cristo, teve muitos deseus escritos aproveitados pelo cristianismo nascente.Em Tácito, escritor do século II, encontram-sereferências a respeito de Jesus e seus adeptos.Contudo,caro leitor, exames grafotécnicos demonstraram que tais referências sãofalsas, e resultam de visível adulteração dos seus escritos.Suetônio que existiu quando Jesus teria vivido, escreveu a "História dos DozeCésares”,relatando os fatos de seu tempo. Referindo -se aos judeus e sua religião,apenas falou em "distúrbios de judeus exaltados em torno de Crestus". Por aí se vêque ele não se referia aos cristãos, porquanto, eles sempre se mostraram humildese obedientes à ordem constituída, evidentemente a fim de passar, tanto quantopossível, despercebidos. Desse modo, iriam solapando o poder imperial,manhosamente, como realmente aconteceu.Suetônio escreveu ainda que haviam supliciado alguns cristãos, queeram gente que se dedicava demasiado a tolas superstições, orientadas por umaidéia malfazeja. Disse mais que Nero tivera de mandar expulsar os judeus deRoma, porque eles estavam sempre se sublevando, instigados por um tal deCrestus.Irmãos PagãosOs cristãos estavam sempre organizados de modo a atrair aos escravos, sem,contudo, desagradar às autoridades. Assim sendo, jamais provocariam tumultos.Os cristãos aos quais Suetônio refere-se são os zilotas, os essênios ou osterapeutas, mas nunca os cristãos do mítico Jesus Cristo, porquanto, conforme jádissemos acima, os cristãos eram ensinados a não provocarem desordens. Oscristãos seguiam a filosofia estóica e dos mistérios pitagóricos, na qual apregoa asubmissão completa, alias muito ideal até os dias de hoje.Plínio, o Jovem, viveu entre os anos 62 e 113, tendo sido sub-pretor daBitínia. Na carta enviada ao imperador, perguntava como agir em relação aoscristãos, ao que Trajano teria respondido, que agisseapenas contra os que não renegassem à nova fé.Entretanto, não ficou evidenciado a quais cristãos,exatamente, eram feitas as referências: se aos crestõesou aos cristãos. De qualquer forma, a carta em questão,após ser submetida a exames grafotécnicos e métodosrádio-carbônicos, revelou-se haver sido falsificada.Justiniano, Imperador romano, mandouqueimar os escritos de Porfírio, através de um edito,

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em 448, alegando que: "impelido pela loucura,escrevera contra a santa fé cristã".Vespasiano ao morrer disse: "Quedesgraça! Acreditei que me havia tornado um deusimortal!". Suas palavras justificam-se pela credulidade supersticiosa, apesar deque a palavra imortal para os romanos não era exatamente viver para sempre, massim atingir a fama de um deus romano. Partindo do preceito ensinado os judeus,aliás, um falso preceito, de que Cristo havia subido ao céu com corpo e alma, nãoseria de estranhar, pois os próprios imperadores tornavam-se deuses, a fim deescapar ao inapelável destino dos que nascem. a morte.Calígula, por isso, fizera-se coroar como Deus-Sol, o Sol Invictus, oHélios. Nessa época o Império romano embora em declínio, ainda dominava umaporção de províncias afastadas de Roma. O homemespoliado pela força bruta, unificada em torno dasregiões sentindo não ser possível contar com a justiçahumana, passa a esperar pela justiça dos deuses. Mas,mesmo assim, teriam de apelar para os deuses dospobres e não dos ricos, privilegiados e poderosos.Conta a lenda que Osíris, o deus solar dos egípcios, foimorto por seu irmão Seth, o qual dividiu o corpo em14 pedaços e os espalhou pelo mundo afora. Ísis, suaesposa e irmã, saiu em busca dos pedaços, levando seufilho Hórus ao colo. Todos os anos o povo fazia a festa de Ísis, relembrando oacontecimento. Havendo conseguido juntar todas a partes do corpo, Osírisressuscitou passando a ser incensado como o deus da morte e da sombra. Forauma ressurreição conseguida pelo amor da esposa. Ísis separou a terra do céu,traçou a órbita dos astros, criou a navegação e destruiu todos os tiranos.Comandava os rios, as vagas e os ventos. Seu culto assemelhava-se muito ao dedeidades como Astartê, de Adônis e de Átis,religiões muito aparentadas entre si, dominandotoda a orla do Mediterrâneo. Seu culto era umareminiscência do culto de Tammuz,um deus babilônio, cuja a crença já doutrinamose já estudamos, ensinava que os deuses nasciam erenasciam, ressuscitando-se. O judaísmo, e maistarde o cristianismo beberam dessas fontes grandeparte da sua liturgia.No cristianismo, vamos relembrar queencontramos Ísis representada pela Virgem Mariae Hórus transformado em Jesus Cristo. Maria eJesus, fugindo de Herodes e indo para o Egito, é amesma lenda de Ísis e Hórus, fugindo deSeth,dentre outras lendas análogas.O Deus-Homem que morria e ressuscitava, já era uma velha "crençareligiosa" naqueles tempos. O cristianismo apenas deu novos nomes e novas

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roupagens aos deuses de velhas crenças.A revelação de Deus aos homens, é outra lenda cuja origem perde-sena noite dos tempos.OsírisMuitos séculos antes do surgimento do judaísmo, Zoroastro ou Zaratrusta haviacriado uma religião, segundo a qual havia uma eterna luta entre o bem e o mal.Aura Mazzda ou Ormuzd, o deus do fogo e da luz, representavam o bem em lutacontra Angra Maniú ou Iarina, o deus das trevas.Nessa luta, Ormuzd foi auxiliado por seu filho Mitra,o espírito do bem e da justiça, mediador entroOrmuzd e os homens. Ormuzd mandou seu filho àterra, o qual nasceu de uma virgem pura e bela, que oconcebeu através de um raio de sol. Morreu eressuscitou em seguida Essa, religião,caro leitor, foilevada para Sicília pelos marinheiros persas, nosúltimos séculos da era passada. Inventando ocristianismo, os judeus nada mais fizeram do quesincretizar o judaísmo ortodoxo com a religião deMitra, sem esquecer de Osíris e Átis, cujas religiõeseram também muito aceitas em Roma e Alexandria.Vestígios do mitraísmo foramencontrados em escavações recentes, feitas em Óstia, os quais datam do século I .O mitraísmo era praticado em catacumbas, em grutas e em subterrâneos. Ocristianismo copiou-lhe a prática. Daí porquedisseram que Jesus nascido em uma gruta e nosprimeiros tempos, o cristianismo foi praticadoem catacumbas. Isis também representava agrande vaca Hátor,que tinha como templo umagruta. Assim sendo os cristãos foram para ascatacumbas, não fugindo das autoridadesimperiais, mas tão somente para observar oritual mitraico.Os mitraicos também davam seusbanquetes subterrâneos eram os banquetespessoais comum nos ritos solares e nojudaísmo. Em ambos, havia o rito do pão e dovinho.Mitra, o Sol Invictos, era festejadoem dezembro, como Jesus. Outrasaproximações entre o culto de Mitra e o deJesus, no cristianismo: o uso da cruz do Sol Radiante, a cruz do Sol Invictus a qualexpandia raios; o uso da pia batismal com a água benta, as refeições comunais, adestinação do domingo para o descanso em homenagem ao Senhor; a águia e o

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touro do ritual mitraico, como já vimos, foram tomados para símbolos dosevangelistas Marcos e Lucas. Antigos quadros e painéis trazem a figura dosevangelistas com a cabeça desses animais.Do helenismo, copiaram a crença da imortalidade da alma, a vida noalém, o Inferno, o diabo, a ressurreição, o dia do juízo; práticas e crençasigualmente existentes no mitraísmo. Graças a esses espertos arranjos, durantemuito tempo, o crente freqüentou indiferentemente o templo cristão, de Mitra oude Ísis, crendo estar na Igreja antiga, onde iam consultar o oráculo.Por isso, Teófilo, em Alexandria, mandou construir um templo cristãoao lado de um templo de Ísis, onde se anunciava o oráculo, quando as profeciasvinham de uma revelação astral, mediante a camuflagem das vozes de antigosbispos ali enterrados.Uma das coisas que favoreceram o cristianismo, foi a abolição dosacrifício sangrento. Muitos correram a abraçar a nova crença para escapar demorte em um desses atos propiciatórios.Spinoza e Hobbes, no século XVIII. mostraram que o Pentateuco foicomposto no século II a.C. graças ao que o sacerdote judeu havia aprendido nocativeiro babilônio, fato que aconteceu no século IV a.C ,com já vimos. Levantamentosarqueológicos do começo doséculo XX, levados a efeitonos subsolos da Babilônia,provaram que o Deuteronômioresultou, em grande parte, doque os sacerdotes judeushaviam copiado da legislaçãoreligiosa, civil e criminal deHamurabi, a qual, caro leitor,por sua vez resultara do que sesabia da civilização acádia, eque naqueles tempos já eravetusta. Isaías ao profetizar acerca de diversos reis de várias épocas mostra queseu nome foi inventado séculos depois dos fatos haverem ocorrido. Um desses reisfoi Dario, o rei persa que governou em 538 a.C., que como sabemos libertou osjudeus do cativeiro. Herodes morreu no ano IV a.C., foi responsabilizado pelamatança dos inocentes, para compor o controvertido romance da fuga para oEgito.Tudo o que até agora temos relatado, constituí provas evidentes de quea Bíblia não tem a Antigüidade nem a veracidade que lhe pretendem imprimir.Os zilotas ou zelotas que seguiam a linha comunista dos essênioscombatiam tanto os judeus ricos como a ocupação romana. Os essênios aoprofessar, faziam votos de pobreza, quando juravam nada contar da seita para osestranhos e nada ocultar dos companheiros. Era um dos ramos do judaísmo emque não mais se oferecia sacrifício sangrento, o que foi copiado pelo cristianismo.

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Os Evangelhos foram compostos para enquadrar Jesus no que estáprevisto nos salmos 22,30 68 e 87,onde temos a narração explicita de um devotochamado de Nasdrin,com já foi visto anteriormente. Esse devoto era entregue aosacerdote através do sacrifício de duas pombinhas, análogo ao Cristo judeu. Apósisso, raspavam sua cabeça e largavam-no pelo deserto onde permanecia por 40dias (incertos), sem tomar banho, comer sem cortar o cabelo e a barba. Não podiaser tocado durante esses 40 dias,onde após o suplicio quem o tocasse era salvo oucurado de alguma enfermidade.Lembremos de Sansão que também foi um Nazdrim,não podiam cortar ocabelo por causa do voto feito. Ora, caro leitor está mais queobvio que o Jesus Cristo bíblico é uma alusão aos Nazdrins,misturados com uma infinidade de conceitos helênicos eegípcios, só não vê quem não pode ou não quer...De modo que, Jesus não passou de um atorarranjado para representar o drama do Gólgota. Cumpriu asEscritas como ator e não como sujeito de uma vida real.Reimarus, filósofo alemão que morreu em 1768,estudou a fundo a história de Jesus. Chegou a conclusõesirrefutáveis, que assombraram a Igreja muito mais do queCopérnico ou Darwin. Disseque se Jesus tivesse mesmoexistido, seria quando muito,um político ambicioso quefracassara completamenteem suas conspirações contra ogoverno. Emmanuel Kant foi o primeiro filósofoque conseguiu racional e inteligentemente,expulsar Jesus da história humana, através deuma impressionante e profunda exegese do heróido cristianismo.Volney, em "As Rumas dePalmira", após regressar de uma longa viagemde pesquisas sobre Antigüidade clássica peloOriente Médio, elaborou o trabalho acimareferido, no qual nega a existência física de JesusCristo.Arthur Drews, igualmente viveu muitos anos na Palestina, dedicandoseao estudo de sua história antiga, concluiu que Jesus Cristo jamais foi umacontecimento palestino. Examinou todos os lugares pelos quais os evangelistas,pretenderam tivesse Jesus passado. Constatou então, que o cristianismo foitotalmente estruturado em mitos, entretanto, organizado de modo a assumir oaspecto de verdade incontestável, a ser imposta pela Igreja. Todavia, para sorte

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nossa, homens estudiosos e inteligentes, contestam as falsas verdades elaboradaspelo cristianismo, com argumentos irretorquíveis.Dupuis disse que, aqueles que fizeram de Jesus um homem,conseguiram enganar tanto quanto os que o transformaram em um deus. Em suasobservações, deixa patente, caro leitor, que o romance de Jesus, nada mais é doque a repetição das velhas lendas dos deuses solares. Vejamos suas palavras:"Quando tivermos feito ver que a pretensa história de um deus que nasceu de uma virgem, nosolstício do inverno, depois de haver descido aos infernos (limbo), de um deus que arrastaconsigo um cortejo de doze apóstolos, - os doze signos solares - cujo chefe tem todos osatributos de Jano, um deus vencedor do deus das trevas, que faz transitar o homem impérioda luz e que repara os males da natureza, não passa de uma fábula solar... ser-lhe-á poucomenos indiferente examinar se houve algum príncipe chamado Hércules, visto haver-seprovado que o ser consagrado por um culto, sob o nome de Jesus Cristo é o Sol, e que omaravilhoso da lenda ou do poema tem por objeto este astro, então parecerá que os cristãostem a mesma religião que os índios do Peru, a quem os primeiros fizeram degolar".Albert Kalthoft diz que Jesus personifica o movimento sócioeconômico,que no século I sublevava o escravo, o pobre e o proletário. O seumessianismo foi espertamente aproveitado pelos líderes dosjudeus da diáspora.Aqueles que exploravam a desgraça dojudeu pobre em benefício próprio. Vimos essa mesmasituação na segunda guerra, quando da invasão dos alemãesnazistas na Polônia, e da formação dos guetos judaicos, comos judeus poloneses que são chamados de galicianos e sofremde um forte desprezo e preconceito por parte dos judeusasquinazins,que são os judeus alemães e norteamericanos.”Os judeus galicianos sofreram muito mais nasmãos de judeus asquinazins,do que na mão dos própriosnazistas” afirmou Alex Bilstein. Acrescenta que a divergênciaque existe entre os quatro evangelistas, resultam das váriastendências daquele movimento social revolucionário nascidoem Roma, do qual a versão palestina é apenas o reflexo.Salonmon Reinach, em "Orheus", salienta o completo silêncio dosautores contemporâneos de Jesus Cristo, acerca de sua pretensa existência. Talsilêncio verifica-se tanto entre os escritores judeus, como entre os não judeus.Examina em profundidade as "Acta Pilati" e constata que os acontecimentos que

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o cristianismo situou em seu governo, não foram do que ressuscitou no equinócioda primavera, de seu conhecimento, e assim sendo Pilatos jamais soube qualquercoisa a respeito de Jesus Cristo.Pierre Louis Couchoud afirma que a existência real de Jesus é indemonstrável,do ponto de vista histórico. E acrescenta que as referências feitas por FlávioJosefo a Jesus, não passam de falsificação de textos, sobejamente provada hojepelos peritos da crítica histórica.Contra os menos FavorecidosOs maiores movimentos históricos tiveram como origem os mitos,cujo papel social é dar forma aos anseios inconscientes do povo. Compara,inclusive, a lenda de Jesus com a de Guilherme Tell,na Suíça. Todos sabem tratar-se de uma lendanacional, todavia, Guilherme Tell é ali reverenciadocomo herói verdadeiro e real. Seu nome promove aunião política dos cantões, embora falem línguasdiferentes.É possível que o mesmo aconteça emrelação a Jesus e o cristianismo. Estando em jogointeresses de ordem social, política e, sobretudo,econômica, os líderes cristãos preferem deixar o mitode pé, pois enquanto houver cristãos, sua profissãoestará garantida e os lucros continuarão sendo por elesauferidos.O que se faz necessário é que o povo sejaesclarecido acerca dos assuntos de crenças e religiõesnos termos da verdade, da razão e da lógica, afim de que, se libertando dos velhospreconceitos e tabus, possa enfim ver o mundo e as coisas em sua realidadeobjetiva.O filosofo francês Laucan afirmou que vivemos em uma eterna busca pelafantasia e utopia e nos esquecemos de viver pela razão, mas sim pelo sonho. Enão ignoramos, caro leitor, qual a realidade objetiva que predomina nocristianismo: é a exploração dos menos favorecidos intelectual e economicamente.Quem mais contribui para as campanhas da Igreja, são aqueles que menospossuem, cuja mente encontra-se obstruída pelas idéias e crenças religiosas. Suapobreza material alia-se à pobreza intelectual. Uma boa dose de conhecimentoscientíficos, é certamente a melhor maneira de remover os obstáculos à libertaçãodo homem, criados pelos lideres religiosos, emsuas pregações. Entretanto, sabemos que nemsempre é possível a aquisição de taisconhecimentos. Muitos são os fatores que seinterpõem entre o homem pobre, o operário, otrabalhador e a cultura. Um desses fatores, porsinal, muito ponderável, é o econômicofinanceiro.

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Como fazer para ir à escola,comprar livros, etc, se tem que trabalhar duropela vida, e o que ganha mal dá parasobreviver?Bem poucos são os que conseguemreunir os conhecimentos necessários, que lhepermitam enxergar mais longe, e romper as invisíveis cadeias que os prendem aosdogmas e preconceitos ultrapassados pela razão e pela ciência. O mais cômodopara aqueles deserdados será esperar a recompensa das agruras da vida no céu,após a morte. Afinal de contas, os padres e os pastores estão aí para isto: venderDeus e o céu a grosso e no varejo.É possível que movido pela mesma razão, Proudhon tenha escrito: "Os que mefalam em religião, querem o meu dinheiro ou a minha liberdade". Desta forma em poucaspalavras, ficou bem claro o sentido e o objetivo da religião: subtrair ao indivíduo asua liberdade de pensamento e de ação, e com ela, o seu dinheiro. Note bem, caroleitor, você conhece algum padre ou pastor que veio falar-lhe sobre Deus, semtocar no assunto dinheiro para comprar Cds ou algum livrinho de auto-ajuda‘doação para a pregação do evangelho”? Vamos então reforçar com clareza ,eao contrario da bíblia ,que não traz prova nenhuma(pois é um objeto de fé) que aexistência de Jesus Cristo é um fato jamais registrado pela história. Osdocumentos históricos que o mencionam, foram falsificados por ordem da Igreja,num esforço para provar sua pretensa existência, apesar de possuir provas de queJesus é um mito. E assim agiu, movida pelo desejo de resguardar interessesmateriais. Eu não entendo um deus que é puro espírito, tendo necessidadesmateriais e ensinando ao seu povo tal filosofia.Irmãos Pagãos IIGaneval apontou a semelhança entre o culto de Jesus Cristo e o deSerápis. Ambos são uma reencarnação do deus "Phalus", que por sua vez, era umadas formas de representação do deus Sol. Irineuchegou a afirmar que o deus dos cristãos não erahomem nem mulher.Papias cita trechos dos Evangelhos, mostrando que sereferiam ao Cristo egípcio. Referindo-se, ao "logos",que seria Jesus Cristo, disse ter sido ele apenas umaemanação de Deus, produzida à semelhança do Sol. Ébom lembrar que essas opiniões divergentes entre si,são de três teólogos do cristianismo. Essas opiniõesforam emitidas, quando estava acesa a luta dedesmentidos recíprocos da Igreja, contra os seus

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numerosos opositores, ou seja, os que desmentiam aexistência física de Jesus. Então, criaram uma filosofiaabstrata, baseando-se nos escritos de Fílon. Ganeval,baseando-se em Fócio, disse que Eudosino, Agápio,Carino, Eulógio e outros teólogos do cristianismoprimitivo, não tiveram um conceito real nem físico deJesus Cristo. Disse mais que Epifânio falando sobre asseitas heréticas dos marcionítas, valentinianos,saturninos, simonianos e outros, que foram massacrados,falava que o redentor dos cristãos era Hórus, o filho deÍsis, um dos três deuses da trindade egípcia, que maistarde viria a ser Serápis. Paulo ou o suposto Paulo não tinha a menor idéia de umcristo terreno. O Cristo das epistolas esta em outra dimensão. Quando Paulo falaque cristo se fez carne para nos salvar, ele estava simplesmente copiando osmistérios gnosticos que eram muitos à sua época. Não foi a toa que os gregosriram dele quando da sua pregação em Atenas. A idéia “ inovadora” de Paulo jáestava pra lá de desgastada em Atenas. O cristianismo só tomou forca mais tardena Grécia através da força. Ganeval afirmou ainda que os docetistas negavam arealidade de Jesus, e para refutar a negação, o IV Evangelho põe em relevo a lançaque fez sair água e sangue do corpo de Jesus, com o intuito de provar suaexistência física, Segundo Jerônimo, esses docetistas teriam sido contemporâneosdos apóstolos. Lembra ainda, que o imperador Adriano viajando em 131 paraAlexandria, declara que "o deus dos cristãos era Serápis,e que os devotos de Serapis eram os mesmos que sechamavam os bispos de cristãos".Adriano, decerto estava com a verdade. Documentosdaquela época, informam que existiam os atuaisEvangelhos, assim como Tácito informa que os hebreuse os egípcios, formavam uma só superstição.Os escritos de Fílon, não se referem a Jesus Cristo,conforme pretenderam fazer crer os falsificadores, mas, aSerápis. Quando havia referências aos cristãosterapeutas, afirmavam que se falava dos cristãos deJesus.Por sua vez, Clemente de Alexandria e Orígenes escreveram negando Jesus efalando em Cristo, o qual seria Crestus. No entender de Fócio, tudo isso nãopassava de fabulação mítica, não tendo existido Jesus nem Cristo, de que a Igrejacriou o seu Jesus Cristo. Duquis e Volney, fazendo o estudo da mitologiacomparada, mostram de onde retiraram Jesus Cristo: do próprio mito. Filonescrevendo a respeito dos cristãos terapeutas, disse que o seu teor de vida erasemelhante ao dos cristãos e essênios. Abandonavam bens e família, para seguirapaixonadamente aos sacerdotes. Epifânio escreveu que os cristãos terapeutas

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viviam junto do lago Mareótides, tendo os seus Evangelhos e os seus apóstolos. Ésobre esses cristãos que Fílon escreveu. Se os cristãos seguidores de Jesus Cristojá existissem, Fílon não poderia deixar de falar deles. Quando do pretensonascimento de Cristo, Fílon contava apenas 25 anos de idade. Os Evangelhos,tendo surgido muito tempo após a morte de Fílon e de Jesus,não poderiam ser os do cristianismo por ele refe Clementede Alexandria e Orígenes, não criam na encarnação nem nareencarnação, motivo porque não creram na encarnação deJesus Cristo, embora fossem padres da Igreja. Orígenesmorreu em . Fócio escreveu sobre "Disputas", de Clemente,e afirmou que ele negara a doutrina do "Logos", dizendo queo "Verbo" jamais se encarnou, afirmação igualmente feitapor Ganeval. Analisando os quatro volumes de "Principia",de Orígenes, percebe-se que o "Logos" ou o "Verbo" era omesmo sopro de Jeová, referido por Moisés, copiado dePlatão. Fócio tendo-se escandalizado com isso, disse que PlatãoOrígenes era um blasfemo.Apenas analisando como se referia ao Verbo, a Crestus e ao Salvador, é quese pode excluir a possibilidade da existência física de Jesus. Tratariam-lhe,caroleitor, de modo bem diferente, se tivesse realmente existido.MazelasA existência de Paulo é fictícia? Paulo na realidade seria apenas um termolitúrgico? Se recordarmos sobre as idéias filosóficas do cristianismo primitivo,chegaremos em Fílon e Sêneca,os pais filosóficos do cristianismo,queinfluenciaram fortemente o mítico Paulo.Lucius Annaeus Sêneca , melhor conhecido como Sêneca, o moço, nasceu porvolta do ano 4 antes de Cristo em Córdoba, na altura pertencente ao ImpérioRomano, e morreu no ano 65 depois de Cristo.Com 48 anos de idade tornou-se o educador doimperador Nero, que o obrigou a suicidar-se porcausa da sua participação na conspiração de Piso.Era o segundo filho de Hélvia e de Marcus LuciusAnnaeus Sêneca (Sêneca o velho). O pai era umorador eloqüente e muito abastado. O irmão maisvelho de Lucius chamava-se Gallioe era procônsul(administrador público) em Acaia, onde em 53 d.C.se encontrou com o apóstolo Paulo. Sêneca ojovem foi tio do poeta Lucano. No ano 65 DC,Sêneca foi acusado de ter participado na conspiração de Piso, na qual oassassinato de Nero teria sido arquitetado. Sem qualquer julgamento, foi obrigadoa cometer o suicídio. Na presença dos seus amigos cortou os pulsos. Tácito relatoua morte de Sêneca e da mulher Pompéia Paulina, que se suicidou deseguida.Apesar de Sêneca ter sido contemporâneo de Cristo, não fez quaisquerrelatos significativos sobre os fenômenosmilagrosos que aparentemente anunciavam odespertar de uma poderosa nova religião. Um fato

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tanto mais curioso quanto Sêneca, como filósofoque era, se terá interessado por todos os fenômenosda Natureza, como observou Edward Gibbon,historiador representativo do iluminismo do séculoXVIII, perito na história do Império Romano eautor do aclamado livro A história do declínio equeda do império romano, uma referência aindahoje.Sêneca ocupava-se de questões sobre a formacorreta de viver a vida, ou seja, com a Ética. Ele viao sereno estoicismo como a maior virtude.Juntamente com Marco Aurélio e Cícero ele estáentre os mais importantes representantes da Stoaromana (Stoa significa literalmente pórtico). Sêneca via no cumprir dodever um serviço à Humanidade. Ele procurava aplicar a sua filosofia à prática.Deste modo, apesar de ser rico, ele vivia modestamente: bebia apenas água, comiapouco, dormia sobre um colchão duro. Sêneca não viu nenhuma contradição entrea sua filosofia estóica e a sua riqueza material: Ele dizia que o sábio não estavaobrigado à pobreza, desde que o seu dinheiro tenha sido ganho de forma honesta.No entanto, o sábio deve ser capaz de abdicar dele.Sêneca via-se como um sábioimperfeito: "Eu elogio a vida, não a que eu levo, mas aquela que eu sei que deveser vivida." Afetos (como relutância, vontade, cobiça, receio) devem serultrapassados. O objetivo não é a perda de sentimentos, mas a ultrapassagem dosafetos. Os bens podem ser adquiridos. Com a condição de não deixarmos que seestabeleça uma dependência deles.Para Sêneca, o destino encontra-sepredestinado. O homem pode apenas aceitar o seu destino ou rejeitá-lo. Se ele oaceita de vontade livre, então goza da sua liberdade. A morte é um dado natural. Osuicídio não é categoricamente excluído por Sêneca.Verificamos então,caro leitor, a forte influencia sofrida por Paulo de Tarsoadvinda do pensamento de Sêneca. A forte pregação de Paulo elevando nasalturas as virtudes do bom viver estóico misturado com costumes judaicos,resultou na filosofia paulina ,incorporada então ao cristianismo. Como jácitamos a base para o cristianismo se formoufortemente com o pensamento grego ,judeu e egípcio.Fílon torna-se creio eu o primeiro aglutinador dessasidéias. Este se tornou importante para o cristianismoporque popularizou a filosofia estóica de modo que umsimples escravo pudesse ao seu modo simples, entendela.O cristianismo foi basicamente isso, as concepçõesfilosóficas platônicas, aristoléticas, neo-pitagóricas(Pitágoras)e estóicas, misturadas com crendicesjudaicas e religião egípcia popular. Fílon com já

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vimos aparece como o pai do cristianismo, mas omesmo nunca foi cristão. Nos evangelhos foram colocados na boca de Cristovarias citações estóicas e cínicas, note caro leitor que Cristo é quem sempretermina com a palavra em qualquer discussão,e isso é uma característica dafilosofia cínica. Quando Cristo é indagado por comer com os publicanos, esteresponde em tom de sarcasmo;por acaso não é os doentes que precisam demedico? Uma perfeita copia do legado cínico onde o mestre cínico é perguntadoo porque dele freqüentar lugares indignos; este também responde com ar desarcasmo;por acaso não é nos lugares mais escuros que se necessita de luz?Mazelas e PrelúdiosO autor dos Atos dos Apóstolos apresenta-nos Paulo (então chamado Saulo), aorelatar a morte de Estevão por apedrejamento.Informa-nos que Paulo não só consentiu na mortedo apóstolo, como também "assolava a igreja,fazendo grandes estragos". E conta-nos depois(capítulo 9) a sua conversão. A caminho deDamasco sofre uma experiência traumática(relatada por Lucas; embora Paulo, por estranhoque pareça, não a confirme plenamente). Uma luz,vinda do céu, derruba-o do cavalo. E ouve dizer:"Saulo, Saulo, porque me persegues?" Recuperado,descobre ter ficado cego. Recupera a visão emDamasco e faz-se batizar.Durante o seu ministério, Paulo volta-sedecididamente para os gentios. É desconcertanteverificar que, nas suas cartas, não há qualquer vislumbre de palavras, gestos ouatitudes de Jesus , talvez por não os julgar adequados ao público gentio, querdizer, aos não-judeus. O conteúdo da sua obra missionária em Antioquia é postoem causa. Os chefes da comunidade de Jerusalém, que advogam o estritocumprimento da Lei, acusam Paulo de arrogância, de desvio do ensinamentooriginal, puro. Ele mesmo o reconhece. E surge, com o tempo, um clima de atritoque levou Paulo a sustentar violentas querelas com os primeiros apóstolos –particularmente com Pedro. Porque teria alimentado esse conflito,inesperadamente violento, com Pedro, discípulo de Jesus, (Gal., 2, 11-21),chegando a repreendê-lo severamente, a chamar-lhe hipócrita (Gál. 2, 13) e acusálode "não andar retamente segundo a verdade" (Gál. 2, 14)?Este incidente só pode ser entendido pela análise da influência essência na "igrejaprimitiva". De fato, o estudo crítico revela, surpreendentemente, que entre osessênios e os primeiros cristãos há muito mais do que o simples uso de palavrascomuns: há uma autêntica e profunda comunhão de espírito que se revela naorganização das primeiras comunidades e na função dos seus membros. Osconceitos filosóficos essênios, bem como a sua linguagem, são particularmente

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visíveis nos Atos dos Apóstolos, na Epístola de S. Tiago e nas abundantes cartasde Paulo. Vamos ver apenas dois exemplos:O paqid, inspector ou administrador da comunidade de Qumrã, é equivalente aepískopos, de onde vem, por intermédio do latim, a palavra "bispo". E a palavra"multidão", que nos Atos dos Apóstolos designa o conjunto de fiéis, corresponde arabbim, termo hebraico que exprime a ideia de grandeza pelo número – ou a dedignidade. É esta a origem do título "Rabino", dado aos doutores da Lei judaica.Para compreendermos esta fase histórica do cristianismo, anterior à fusão do"magistério" com o "império", estudemos, em primeiro lugar, caro leitor, aimportante função de Pedro, o primeiro apóstolo.A Organização da Comunidade EssênciaSe nos debruçarmos sobre a análise de um dos manuscritos essênios, chamado "ARegra", ficamos a saber como se fazia a admissão de membros na comunidade.Todos tinham de passar por um exame à sua inteligência e às suas aptidões para adisciplina.Este exame era feito por um supervisor, inspetor, inquiridor, ou aindaprognosticador, como lhe quisermos chamar, que tem um título: Kephãs.Esta palavra aramaica equivale ao qualificativo grego Cephãs, aplicado a Simão.O significado da palavra é hoje um tanto complexo, embora perfeitamentedefinido para os essênios. Designava aquele que, como Simão, era capaz, entreoutras coisas, de "ler os pensamentos e o rosto das pessoas", ou seja, que eraclarividente e dotado da capacidade de profetizar. Aliás, este é o único nome peloqual Paulo parece conhecer o chefe da Comunidade de Jerusalém (a rara aparição,nas epístolas, do nome Pedro, é geralmente considerada uma intrusão tardia).Essênios, Curadores e ProfetasÉ conhecida a reputação dosessênios como terapeutas oucuradores, capazes de curar: ocorpo, das doenças; e o espírito,das obsessões. Esta capacidade devisão especial, que permitedesmascarar o espírito obsessor eexpulsá-lo do corpo do doente, éconstantemente relatado no NovoTestamento. Não ordenou Jesus aoespírito obsessor que deixasse a suavítima, perguntando-lhe "Quenome é o teu?" (Marcos, V). Asatividade curativas também são

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comuns na vida de Pedro. Nahistória da cura dum aleijado (At.3, 4-5) e na do incidente comAnanias (At. 5, 1-4) há alusõesclaras à sua capacidade de visãoespiritual.O Sinal do Profeta JonasNo evangelho de Mateus, Simão é mencionado pelo seu patronímico "filho deJonas". Em aramaico, a frase seria bar-yonah (bar = filho de). Mas os estudiososadmitem há muito que o sobrenome não seria um patronímico, mas um título. Defato, esta palavra, diz John Allegro, deve ser lida baryona, que significa "ovidente". Por isso, a frase "bem-aventurado és tu Simão, filho de Jonas..." terá umsentido diferente: "bem-aventurado és tu, Simão, o vidente..." (Mat. 16, 17-18).Não se compreende melhor, assim, o resto do versículo?Ficamos também, caro leitor, a saber, agora, a origem e o sentido autêntico dopasso do Evangelho de S. Mateus, em que Jesus interroga os discípulos10: "Evocês, quem acham que eu sou?" Unicamente Simão, olhando-o, reconheceu,clarividentemente, a sua tarefa messiânica!Foi ele quem, tendo preparado já a sua "pedra filosofal", como diz Max Heindel11,por meio da alquimia espiritual, conquistou o direito de possuir "as chaves doreino espiritual", quer dizer, tinha acesso aos mundos do espírito.Petros e a PedraO jogo com as palavras gregas Petros (Pedro) e petra (Pedra), é óbvio e estárelacionado com o percurso iniciático. Max Heindelanalisa-o em pormenor e esclarece que, no caminho daevolução, há três passos fundamentais. Ao primeirocorresponde a Petra, a rocha firme e dura, sinônimode insensibilidade. Com o segundo se relaciona a litos,a pedra cúbica, polida pelo serviço. E o terceiro estáassociado a psêphos leukê, a "pedra branca" a que serefere o Apocalipse (2, 17).É, pois, pelo fato de o apóstolo Simão já ter a funçãode "rocha" (cefas), de selecionador, de ser vidente eprofeta, que se lhe dá o nome de Pedro e não ocontrário, dando a entender também que Pedro,comonome próprio dado a uma pessoa que realmente existiu,pode ser apenas umaalusão ao título de cefas,ou seja,para ser tornar um cefas teria-se que ser comouma rocha ou pedra.O PapismoO papa, sucessor de Pedro, ora ganhou, ora perdeu; mas ainda lhe restam maisde cinqüenta milhões de homens mais oumenos sobre a terra, submissos em muitospontos às suas leis, além de seus súditosimediatos.O papel do Papa hoje está meio que

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alquebrado, mas sempre tem uma conspiraçãoromana por detrás de qualquer assunto queinteresse à mesma.Quantos desmandos e interesses escusos emtodo esse tempo de existência da dita igreja?Será que a sociedade estaria passando por essesproblemas sociais convulsivos se à muito tempotivéssemos expulsado de nossas cabeças essevírus papal?Há alguns outros povos, caro leitor, quelevam ainda mais longe sua submissão. Vimosem nossos dias um ministro solicitar ao papa apermissão de fazer julgar pelo seu tribunalalguns padres acusados de pedofilia, não obtertal permissão e não ousar cumprir o julgamento.Sabe-se perfeitamente que outrora os direitosdos papas iam mais longe; estavam colocadosmuito acima dos deuses da Antigüidade; poisesses deuses passavam por dispor dos impérios,e os papas dispunham deles de fato. Ë um verdadeiro absurdo trazer clérigospara soluções de contendas que os mesmos não tem conhecimento algum.Temos entre os Papas, pessoas que assustariam o próprio Diabo, se esseexistisse. Como se pode acreditar na confiabilidade papal se sabemos que; :Que Estevão VII, filho de um padre, desenterrou o corpo de Formoso, seupredecessor, e fez cortar a cabeça do cadáver;Que Sérgio III, réu convicto de assassinato, teve um filho de Marózia, o qualherdou do papado;Que João X, amante de Teodora, foi estrangulado em seu leito;Que João XI, filho de Sérgio III, foi célebre pela sua devassidão e sodomia;Que João XII foi assassinado em casa da amante;Que Benedito IX, comprou e revendeu o pontificado;Que Gregório VII foi o autor de quinhentos anos de guerras civis sustentadaspor seus sucessores;Que João Paulo II já Beatificou e santificoumais de 1200 defuntos,sendo que esse numeroé maior do que todos os outros papas anterioresjuntos,em uma clara evidencia de termos umaS/A de compra e venda de beatificações.Que enfim, entre tantos papas ambiciosos,sanguinários e devassos, houve um, AlexandreVI, cujo nome é pronunciado com o mesmohorror que os de Nero e Calígula.A palavra "papa" quer dizer "pai". A principioaplicava-se a todos os Bispos. Por volta de 500d.C. começou a restringir-se ao Bispo deRoma, e logo veio a significar no uso comum"pai universal". A lista Católica Romana dospapas apresenta os Bispos de Roma a partir do primeiro século, mas durante 500anos, os Bispos de Roma não foram papas, isto é, bispos universais. A tradição

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Católica de ter sido Pedro o primeiro papa é pura ficção. Veja alguns motivos:O papa é visto, caro leitor, com extrema simpatia e respeito por todos oscatólicos. Isso chega ao extremo de considerá-lo como o "supremo pontífice", ouseja, a ponte de ligação entre Deus e o homem (Jó 14:6; At 4:12; II Ts 2:4).Entretanto a história papal é mais negra do que qualquer pessoa possa imaginar, epara mostrar isso bastaria recorrer a alguns feitos históricos desses "santos"homens. Leão I (445) - Afirmou que, por disposição divina era o primaz de todosos bispos, e obteve do imperador Valentiano III o reconhecimento imperial dessapretensão. Proclamou-se Senhor de toda a igreja,advogou para si só o papado universal e decretouque desobedecer a suas ordens era ir direto para oinferno. Com isso fez de si mesmo o "pontífice".Gregório I (590-604) - É geralmente considerado oprimeiro papa. Tentou restaurar a igreja repelindovendas de cargos, depondo bispos corruptos, etc.Depois dele a igreja só se afundoudesenfreadamente na corrupção e imoralidade.Bonifácio VII (948-985) - Assassinou o papa JoãoXIV e manteve-se no trono papal através dedistribuição de dinheiro roubado. João XIX (1024-1033) - Era leigo e recebeu, num só dia, todas asordens do clero; comprou o pontificado. Bento IX (1033-1045) - Tinha 12 anosquando foi feito papa, mediante uma negociata feita com as famílias poderosasque governavam Roma. Cometeu assassinatos e adultérios à luz do dia. InocêncioIII (1198-1216) - Instituiu a inquisição, ou "santo oficio". Era um tribunaleclesiástico que julgava e punia os hereges.Os condenados eram encerrados pelo resto davida, ou queimados vivos. Detalhe: seus benseram divididos entre a igreja e o Estado. Ainquisição é o fato mais infame da história.Foi inventada pelos papas e usada por elesdurante 500 anos, para manter seu poder. Sóno período de 30 anos, entre os anos de 1540a 1570, foram mortos aproximadamente900.000 protestantes. Bonifácio VIII (1294-1303) - Em sua famosa bula UNAMSANCTAM, disse: "Declaramos, afirmamos,definimos e pronunciamos que é,absolutamente, necessário para a salvação quetoda criatura humana se sujeite ao romanopontífice". É óbvio que isso agride todo oplano bíblico de salvação unicamente atravésde Jesus. João XXIII ( 1410-1415) -Chamado, por alguns, do mais depravadocriminoso que já se sentou no trono papal, réu

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de quase todos os crimes, entre eles comprouo cargo de papa, violou várias virgens, freirase mulheres casadas, viveu em adultério com a mulher de seu irmão. Clemente XI(1700-1721) - Expediu uma bula proibindo a leitura da Bíblia. Pio IX (1846-1878)- Decretou a infalibilidade papal, declarou a imaculada conceição e deificouMaria. Leão XIII (1878-1903) - Declarou-se designado cabeça de todos osgovernos, e que, na terra, ocupava o lugar do Deus Todo Poderoso. É uma prova,diz-se, da divindade de seus caracteres, o terem colocado a tantos crimes; mas seos califas, ao tempo das cruzadas, tivessem tido uma conduta ainda maismesquinha, teriam sido ainda assim, mais divinos.Mazelas e Prelúdios IIAntagonista de Pedro, talvez por representarem correntes diferentes docristianismo ,Paulo já no fim do seu apostolado, afirma que o imperador Agripaera um fariseu convicto, e que sua religião era a melhor que então existia. Eraassim, um divulgador do cristianismo, afirmando a excelência do farisaísmo.Falando de Jesus,caro leitor, Paulo descreve apenas um personagem teológico enão histórico,como já interpolamos. Não se refere,caro leitor, ao pai nem à mãe deJesus, sendo um ser fantástico, uma encarnação da divindade que viera cumprirum sacrifício expiatório, tão comum entre as varias seitas de mistérios à suaépoca, não se reporta ao modo como teria sido possível a encarnação. Não dizsequer a data em que Jesus teria nascido. Não relata como nem quando foicrucificado. No entanto, estes dados tem muita importância para definir Jesuscomo homem ou como um ser sobrenatural. Está patente,penso eu ,que dessemodo, Paulo é uma figura tão mitológica quanto o próprio Jesus.Em Atos dos Apóstolos, 28-15 e em 45, Paulo diz que quando chegoua Pozzuoli, ele e os seus companheiros foram ali bem recebidos, havendo muitagente à beira da estrada, esperando-os. Entretanto, chegando a Roma, teve dedefender-se das acusações de haver ofendido em Jerusalém, ao povo e aos ritosromanos. É realmente muito estranha essa afirmação de Paulo,o mesmo parece serum embaixador romano, pregando a não rebelião do povo contra Roma edivulgando costumes romanos(Gentios) entre o povo judeu.Na Epístola aos Romanos, 1-8, Paulo diz que a fé dos cristãos deRoma alcançara todo e mundo, razão porque encerraria sua missão, tão logoregressasse da Espanha, onde saudaria um grande número de fiéis. Mas, se assimfosse, por que Paulo teve de se defenderperante os cristãos de Roma, contra o seupróprio judaísmo?Com pouco tempo, Paulo já pensavaencerrar sua missão porque o cristianismo

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já se universalizara. Entretanto, elecontinuava considerando como melhorreligião, o farisaísmo. O cristianismo aque Paulo referia-se deveria ser anterior aJesus Cristo, que era o seguido peloscristãos de Roma, e não pelos cristãos doslugares por onde Paulo havia passadopregando. O cristianismo de Paulo já erauma idéia totalmente arcaica e ultrapassada para a sua época,tanto que só foirenascer 200 anos depois,com os evangelhos em meio a uma competiçãodesenfreada de um povo entupido de misticismos e varias correntes estranhas àsconcepções paulinas anacrônicas.Paralelos e DesviosEusébio percebendo que Paulo não falava nada de novo,muito pelo contrariodisse que o cristianismo de Paulo era o terapeuta, do Egito, e Tácito disse que oshebreus e os egípcios, formavam uma só superstição. Como já vimosanteriormente Cristo não passa de um conceito filosófico criado pormanipuladores clérigos do século II com a clara intenção de obter poder. Opróprio Constantino imperador romano que oficializou o cristianismo percebeu amina de ouro que era tal criação. Como já vimos, caro leitor, é praticamenteimpossível mostrar e detalhar cada deus que contribuiu à formação do caráter doJesus judaico; é suficiente repetir que há uma abundante documentação paramostrar de que este assunto não se trata de "fé" ou de "crença”.A verdade é quedurante a era em que este personagem supostamente viveu, havia uma bibliotecaextensiva em Alexandria e uma rede da fraternidade incrivelmente ágil que seesticava de Europa a China, e esta rede de informação tinha o acesso aosmanuscritos numerosos que disseram a mesma narrativa descrita no NovoTestamento, com nomes de lugar e entidades diferentespara os personagens. Na realidade, a lenda de Jesusparaleliza próximo identicamente a história de Krishna,mesmo em detalhe, como foi apresentado pelomitólogo e erudito notável Gerald Massey há mais de100 anos, também pelo Rev. Robert Taylor há 160anos, entre outros. O conto de Krishna como dito nosVedas indianos foi datado ao menos a 1400 "aC."O conto de Jesus incorporou elementos dos contos deoutros deuses registrados nesta área difundida, talcomo muitos dos seguintes salvadores do mundo e"filhos de Deus," a maioria ou todos de quemprecedem o mito cristão, e um número que foi crucificado ou executado:BudaBuda teria maravilhado os doutores da lei com a sua sabedoria. Com poucos anos

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de idade, teria começado sua pregação. Teria ficado durante 49 dias sob a Árvorede Bó, e sido tentado várias vezes pelo demônio. Pregando em Benares,convertera muita gente. O mais célebre de seusdiscursos recebeu o nome de “Sermão da Montanha”.Após sua morte apareceria também aos seusdiscípulos, trazendo a cabeça aureolada. Um de seusdiscípulos chamadoDavadatta o teria traído.Nada tendo escrito, os seusdiscípulos escolheriam osseus ensinamentos orais.Buda também,igual a Cristotivera os seus discípulosprediletos, e seria umrevoltado contra o poderabusivo dos sacerdotes brahmânicos.O caráter de Buda tem o seguinte em comumcom a figura de Cristo:Buda nasceu da virgem MayaExecutava milagres e maravilhasEsmagou a cabeça de uma serpenteAboliu a idolatriaSubiu à Nirvana ou ao "céu."Era considerado "o bom pastor."Hórus do EgitoOs contos de Jesus e de Hórus são muito similares, com Hórusainda contribuindo o nome de Jesus Cristo. As lendas de Hórusdatam de milhares de anos, e Hórus compartilha do seguinte emcomum com Jesus:+ Hórus nasceu de uma virgem em 25 de dezembro.+ Teve 12 discípulos+ Foi enterrado em um túmulo e ressuscitado.+ Era também o "Caminho, a Verdade, a Luz, o Messias, FilhoUngido de Deus, o Pastor Bom, etc.".+ Executava milagres e ressuscitou um homem, El-Azar-us,dentre os mortos.+ O epíteto pessoal de Hórusera "Iusa”, “o” Filho sempretornando-se" de "Ptah, o "Pai.+ Hórus era chamado "oKRST," ou "Ungido," pormuito tempo antes que oscristãos duplicaram a história.Nas catacumbas em Romaestão os retratos do bebêHórus que está sendo presopela mãe virgem Isis - a"Madonna e criança" originais - e o Vaticano próprio é construído em cima do

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papado de Mitra, que compartilha de muitas qualidades com Jesus e quem existiucomo um deus por muito tempo antes que o caráter de Jesus foi formalizado.MitraA hierarquia cristã é quase idêntica à versão de Mitra que substituiu. Mitra, Deus-Sol da Pérsia .O conto de Mitra precede a fábula cristã aomenos por 600 anos. Mitra tem o seguinteem comum com o personagem Cristo:+ Mitra nasceu de uma virgem em 25 dedezembro.+ Era considerado um professor e ummestre viajando grandes.+ Era chamado "o Pastor Bom”. .+ Era considerado "o Caminho, a Verdadee a Luz." .+ Era considerado "o Redentor, o Salvador,o Messias.".+ Era identificado com o leão e o cordeiro.+ Seu dia sacro era domingo ("Sunday"), "Dia do Senhor”, centenas dos anosantes da aparência de Cristo.+ Tinha sua festa principal durante o período que se transformou mais tardePáscoa.+ Teve 12 companheiros ou discípulos.+ Executava milagres.+ Foi enterrado em um túmulo.+ Após três dias levantou-se outra vez.+ Sua ressurreição era comemorada cada ano.Apolônio de Tiana.Apolônio de Tiana Grande milagreiro, como já relatamos.Vejamos mais alguns desses milagres:+ Apolônio teria nascido também de mãe virgem;+ Diversos reis enviaram presentes e cartas à parturiente;+ Ainda criança, ele discutiu com os doutores do templo deEsculápio e os derrotou;+ Os cisnes cantaram no seu nascimento e um raio caiu docéu (adoração dos pastores e a estrela de Belém);+ Ressuscitava mortos, curava cegos e aparecia na frente deamigos distantes;+ Entendia a linguagem dos pássaros;+ Convocava o demônio, que lhe aparecia sob a forma de um olmo;+ Tinha poder sobre os demônios inferiores que atormentavam os possuídos,expulsando-os ao capricho dos seus desejos. Se realmente fosse existir um cristohistórico que andou sobre a terra, esse sem dúvida só poderia ser Apolônio deTiana, onde alguns historiadores relatam suas peripécias,ao contrario do Cristobíblico. Existe a crença ainda, que Apolônio está vivendo entre nós humanos e seprepara para criar um reino de gloria aqui na terra, a exemplo do Cristo bíblico.

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A história do "Evangelho" de Jesus não é uma descrição factual de um "mestre"histórico quem andou em cima da terra há 2.000 anos. É um mito construído emcima de outros mitos e deuses-homens, que eram por sua vez personificações domito ubíquo do deus sol.Dentre as semelhanças entre outros cristos a que eu considero mais incrível écom Krishna. Krishna nasceu, viveu emorreu pelo menos 14 séculos antes deYeshua (Jesus). As estimativas da data deseu nascimento variam. Algumas são 1477,3112, 3600, 5150, e 5771 aC.Os Hindus acreditam que quando o malse espalha profundamente sobre a terra, oSer Supremo vem à terra na forma de um serhumano "para extirpar a imoralidade eestabelecer a virtude, para que a terra fiquelivre dos pecadores". O Senhor Krishna foiuma de tais encarnações.Krishna é a nona e completa encarnação deVishnu, a Divindade da Trindade Hindu. Detodos os avatares de Vishnu ele é o maispopular, e talvez entre todos os deusesHindus seja o que mais esteja próximo docoração das massas... Krishna era negro eextremamente formoso. A palavra Krishna significa literalmente "negro", e onegro também tem conotação de mistério... Quer ele tenha sido um ser humano ouum Deus encarnado, não há dúvida no fato de que ele tem ocupado o coração demilhões por mais de três milênios. Nas palavras de Swami Harshananda, "Se umapessoa pode ter um impacto tão profundo na raça Hindu afetando sua psique eética em todos os aspectos de sua vida por séculos, ele não é menos que Deus” ·Acredita-se,caro leitor, que ele tenha morrido aos 125 anos de idade. "Em seusdias finais na terra, ele ensinou sabedoria espiritual a Uddhava, seu amigo ediscípulo, e ascendeu à seu lar depois de se liberar de seu corpo, que foi atingidopor um caçador chamado Jara. Pelas razões vistas acima, muitos levantam apossibilidade que a descrição da vida de Jesus nos Evangelhos foi copiada, aomenos parcialmente, da história da vida de Krishna, e dos mitos de outroshomens-deuses. Stephen Van Eck escreveu: "Então temos o épico Hindu, oBhagavad-Gita, uma história da segunda pessoa da Trindade Hindu, que tomouforma humana como Krishna. Alguns o têm considerado com um modelo para oCristo, e é difícil argumentar contra isso quando ele diz coisas como:'Eu sou o início, o meio, e o fim ('BG 10:20 xApocalipse 1:8)Seu advento foi proclamado por um homempio chamado Asita, que poderia morrer feliz

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sabendo de sua chegada, uma história comparalelo na de Simeão em Lucas 2:25A missão de Krishna era trazer o caminhopara o "reino de Deus" (BG 2:72), e ele avisoudos 'obstáculos em que se tropeça' durante ocaminho (BG 3:34, 1 Cor. 1:23, Rev. 2:14).A motivação principal dos ensinos deKrishna, revelados a um discípulo favorito, àsvezes parecem coincidir com Jesus ou a Bíblia.Compare: 'os sábios não se lamentam nem pelos vivos nem pelos mortos'B G(2:11) com o sentido do conselho de Jesus para 'deixar que os mortos enterrem seuspróprios mortos' (Mateus 8:22).Quando Krishna diz, 'Eu não invejo nenhum homem, nem sou parcial comninguém; Eu sou igual para com todos' (BG 9:29) assemelha-se muito à idéia deque o Deus bíblico não tem preferências individuais (Romanos 2:11, veja tambémMateus 5:45) E aquele que considera igualmente seus amigos e inimigos... me émuito querido' (BG 12:18) é remanescente de' amar seus inimigos ('Mateus 5:44)Krishna também disse que 'pelos cálculosh umanos, mil anos juntos tem aduração de um dia de Brahma' (BG 8:17), o que é muito semelhante a 2 Pedro 3:8e escrito pelo menos uns 1500 anos antes.O autor Kersey Graves escreveu um livro em 1875 no qual ele lista 346"analogias notáveis entre Cristo e Chrishna”.Abaixo temos uma lista dascoincidências exatas entre as vidas de Yeshua (Jesus) e KrishnaSeu autor, Kersey Graves (1813-1833), um Quaker de Indiana, comparou as vidasde Yeshua e Krishna. Ele encontrou 346 elementos comuns entres os escritosCristãos e Hindus.Alguns dos eventos selecionados sâo:- 6 & 45: Tanto Yeshua quando Krishna foram chamados de Deus e de Filhode Deus.- 7: Ambos foram mandados do céu à terra na forma de um homem- 8 & 46: Ambos foram chamados de Salvador, e a segunda pessoa datrindade.- 13, 15, 16 & 23: Suas mães forma virgenssantas, e tinham nomes parecidos: Miriam (Maria) eMaia,onde ambas representam a deusa das águasMahya. Seu pai humano adotivo era um carpinteiro.- 18: Um espírito era seu pai verdadeiro.- 21: Krishna e Jesus tinham ascendência real.- 27 & 28: Ambos foram visitados ao nascer porhomens sábios e pastores, guiados por uma estrela- 30 a 34: Um anjo avisou que o ditador localplanejava matar o bebê e assinou um decreto para seu assassínio. Os pais fugiram.

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Maria e José ficaram em Muturea; os pais de Krishna ficaram em Madura.- 41 & 42: Yeshua e Krishna se retiraram aodeserto quando adultos, e jejuaram.- 56: Ambos foram identificados como "asemente da mulher esmagando a cabeça daserpente”.Vanaloga também a deusa Semiramis- 58: Jesus foi chamado de "o leão da tribo deJudá”.Krishna foi chamado de "o leão da tribo deSaki."- 60: Ambos declararam: "Eu sou aRessurreição."- 64: Ambos diziam sobre si mesmos, que tinhamexistindo antes de seu nascimento na Terra.- 66: Ambos eram"sem pecado".- 72: Ambos eramdeus-homem:considerados tanto como homens, como divinos.- 76, 77 & 78: Ambos foram consideradosoniscientes, onipotentes, e onipresentes .- 83, 84 & 85: Ambos fizeram vários milagres,incluindo a cura de doentes. Um dos primeirosmilagres executados por ambos foi a cura de umleproso. Cada um curou "todos os tipos de doenças."- 86 & 87: Ambos expulsaram demônios de possessos, e levantaram mortos.- 101: Ambos escolheram discípulos para divulgar seus ensinamentos.- 109 a 112: Ambos eram humildes, e misericordiosos. Ambos foramcriticados por se associarem a pecadores.- 115: Ambos encontraram uma mulher pagã num poço.- 121 a 127: Ambos celebraram uma última ceia. Ambos perdoaram seusinimigos.- 128 a 131: Ambos desceram ao Inferno, e depois ressuscitaram. Muitaspessoas testemunharam suas ascensões ao céu.Graves declara que tanto Krishna quanto Yeshua nasceram em 25 deDezembro. Aqui ele se engana: a tradição atribui o nascimento de Krishna emAgosto. O festival Janmashtami é celebrado em honra de seu nascimento. O dia donascimento de Jesus é desconhecido, embora os cristãos primitivos comemoravamo seu nascimento em Agosto. O 25 de Dezembro foi escolhido para o Natal porcausa de uma festa Pagã Romana antiga, a Saturnália. O 25 de Dezembro tambémera conhecido em tempos antigos como o dia de nascimento de vários homensdivinos como Attis e Mithra.Além destes, há outros pontos de semelhança entre Krishna e Yeshua:- "O objetivo do nascimento de Krishna foi trazer a vitória do bem sobre omal."- Krishna "veio à terra para limpar os pecados dos seres humanos."- "Krishna nasceu quando seu pai Nanda estava na cidade para pagar osimpostos para o rei."

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- Yeshua nasceu enquanto seu pai, José, estava na cidade para o censo quehouve para "que todo mundo pudesse pagar impostos."- Jesus é lembrado por ter dito: "se você tiver a fé do tamanho de uma sementede mostarda você dirá para a montanha se eleva e lançar-se ao oceano". Krishna élembrado por ter erguido uma pequena montanha.Além dos pontos de semelhança acima entre Yeshua e Krishna, pode terexistido mais uma similaridade: ambos podem ter sido crucificados .Em seu livro, Graves declara quetanto Yeshua quanto Krishna foramcrucificados entre dois ladrões, com aidade aproximada de 30 a 36 anos por"mãos perversas.". A "descriçãoortodoxa comum da morte de Krishnarelata que ele foi atingido no pé poruma flecha, debaixo de umaárvore”. Mas o autor Jacolliot,referindo-se ao "Bhagavad-Gita e astradições Brâmanes", diz que o corpode Krishna "foi suspenso nos galhosde uma árvore por seu assassino, paraque ele se tornasse presa dos abutres...(Posteriormente) a forma mortal doRedentor desapareceu , sem dúvida ele retornou às moradias celestiais...” ·A Religion de l'Antiquité de M. Guigniaut relata: "A morte de Krishna écontada de modo muito diferente. Uma tradição notável e convincente diz que elefaleceu numa árvore, na qual ele tinha sido fixado ao ser atingido por uma flecha."Há outras referencias à Krishna sendo crucificado, e sendo exibido com furosem suas mãos, pés e partes laterais do corpo. Na cultura hindu as mãos e pés dodeus são perfurados, pois esses representam os quatro ventos e elementos oucantos da terra.Nas Escrituras Cristãs (Novo Testamento) a crucificação de Yeshua numa cruzou estaca foi traduzida erroneamente ou propositalmente por monges do século V.A verdadeira tradução é mencionada como tendo sido "pendurado numa árvore:"Atos 5:30: "O Deus de nossos pais elevou Jesus... pendurando-o numaárvore."(por que nessas passagens a tradução da palavra “árvore” é “ madeiro” enão “ cruz”? Em Jeremias Deus fala para os judeus pararem de adorar as pedras eos madeiros,seriam “Cruzes”???).Atos 10:39: "... suspendendo-o numa árvore."Atos 13:29: "... eles o desceram da árvore..."Gálatas 3:13: "Cristo nos redimiu da maldição da lei, tendo se tornado umamaldição por nós; pois está escrito, maldito é qualquer um suspenso numa árvore."

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Madeiro ,caro leitor era uma estaca ou um esteio feito com um tronco deárvore e era usado para enforcamentos e não crucificações.No antigo testamentoestá bastante claro sobre o uso do madeiro.Se no Novo Testamento é relatado queo Cristo judeu foi pendurado em um madeiro,fica óbvio que o Cristo não foicrucificado, mas sim, enforcado,o que nos leva também a uma similidade com amorte de Judas,onde eu já questionei de quem foi realmente o traídor da causajudaica. Yeshua Ben Nasdrim o rabino que lidava com ocultismos à época doCristo bíblico foi apedrejado e depois pendurado em um madeiro;Não é muitacoincidência?1 Pedro 2:24: “... levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre aárvore... " Deuteronômio 21.22Josué 8.29 [2]Josué 10.26 [2]Esdras 6.11Jeremias 10.3Ezequiel 20.32Veja,caro leitor o conflito que ocorre neste ponto sobre a mortedo Cristo judeu;Cristo não foi crucificado,mas simenforcado,isto fica bastante claro para nós; O simbolismo daCruz só aparece com Justino no século II sobre a influenciadireta do Hinduísmo,pois Krishna foi pendurado em uma árvore ou madeiro debraços abertos ,em uma clara alusão ao conceito egípcio da Cruz Ansata.Temos então a seguinte situação; O misticismo do Hinduísmo é repassado para oCristianismo de forma escancarada e metódica, não deixando meios para refutaçãodo corpo clérico.- Uma recompensa futura no paraíso ou punição no inferno.- O Hinduísmo e o Catolicismo compartilham o conceito do Purgatório.- Um dia de julgamento.- Uma ressurreição geral.- A necessidade do arrependimento pelos pecados.- A salvação requer a fé no Salvador.- Uma crença em anjos e espíritos maus.- Uma crença que doenças e enfermidades sãocausadas por maus espíritos.- Uma guerra no passado entre maus e bons anjos noparaíso.- Livre-arbítrio.- Deus é considerado como a "Palavra de Logos."- Seus textos religiosos falam de "cegos guiandocegos", "um novo céu e uma nova terra", "água viva","todas as escrituras são dadas por inspiração de Deus", "todas escrituras servempara a doutrina", "morrer é o maior ganho", etc.- As duas religiões discutem o jejum, e orenascimento.

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Símbolos: O tridente - tradicionalmente empunhadopela Divindade Hindu Shiva, assemelha-se muito, caroleitor, com a cruz Cristã. Acrescentando um chifre emambas extremidades da barra horizontal de uma cruz,ela se transforma num tridente com três pontas. Isso foirealmente feito numa cruz CristãErguida numa comunidade Batista de 1200 pessoas emRanalia, na Índia. Por décadas, os Batistas lavaram osímbolo de uma cruz numa grande pedra numa colinada cidade. Em 1999, alguém acrescentou dois chifres,transformado a cruz num tridente. Quando a fumaçaabaixou (literalmente) mais de 150 cabanas de taipa dosCristãos tinham sido destruídas. Alguns culparam oPartido nacionalista Hindu Bharatiya Janata. Contudo,isso foi negado pelo chefe local do partido. Este foi umevento muito incomum, pois os Hindus da Índia sãoconhecidos pelo seu nível incomumente alto detolerância religiosa. Muitos Hindus acreditam que todasas religiões podem levar seus seguidores a Deus.O papel da água: Como já comentamos a maioriados Cristãos batisa os membros de sua congregação,crianças ou adultos. Às vezes isso se faz pela imersão total em água; outras vezespela aspersão de água sobre a cabeça da pessoa. Com já observamos, na IgrejaCatólica Romana, o batismo é o sacramento que limpa as pessoas do pecadooriginal. A imersão na água pelos Hindus também é um ritual importante. "NoHinduísmo a água tem um lugar especial, pois se acredita que ela tem poderesespiritualmente purificadores... Supõe-se que nas águas sagradas as distinções decasta não contam em nada, e todos os pecados se vão... Todo templo tem umreservatório próximo para que os devotos banhem-se antes de entrarem notemplo."Muitos teólogos Cristãos primitivos observaram a extrema semelhança entre oCristianismo e as religiões Pagãs como o Hinduísmo, Mitraísmo, etc. Tanto que onosso grande falsário, Eusébio de Cesária (aprox. 283-371) escreveu: "A religiãode Jesus Cristo não é nova nem estranha."S. Agostinho de Hipólito (354-430) escreveu: "Esta, nos dias atuais, é areligião Cristã, que não era desconhecida em tempos anteriores, mas apenasrecentemente recebeu este nome."Alguns líderes Cristãos primitivos atribuíam as semelhanças a um truque deSatã. Eles sentiam que Satã tinha criado diversos salvadores crucificados, nascidosde virgens, antes de Jesus para desacreditar asingularidade do Cristianismo. Outros atribuemas semelhanças a meras coincidências. Éimpossível não se questionar o cristianismodepois de observarmos tamanha analogia com

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seitas e mitos muito anteriores ao conto dogólgota. Somente um fundamentalista muitocego na sua doença é que não enxerga a fraudeque é o cristianismo. Dizer que é apenascoincidências é ser irresponsável com a própriainteligência.Para muitos Cristãos conservadores, o títulodeste estudo está na beira de uma blasfêmia. Osevangelhos, e o restante da Bíblia, não são livroscomuns. Eles são a palavra infalível e inspiradade Deus.Os evangelhos descrevem a vida de Jesus, de sua concepção à ascensão,precisamente como ocorreu por volta de 5 a.C. até aproximadamente 30 d.C.Certamente existiam crenças Hindus circulando na Palestina do primeiro século.Contudo, o material dos evangelhos não poderia ter vindo destas fontes. Deusevitaria que Mateus, Marcos, Lucas e João cometessem erros em seus escritos.Não existiria a incorporação de lendas Pagãs da vida de Krishna. Os pontos desemelhança devem ter sido o resultado de outras influências. Nada nos evangelhosteria vindo dos Hindus nem de outras fontes Pagãs, que nem são citadas nosevangelhos, não se sabe porque razão,já que a religião hindu ,como já foi dito ,eramuito conhecida à época de Cristo. A questão é ridícula, e nem mesmo merece serinvestigada, esse ‘são os comentários que consegui, quando da investigação.Porem muitos Cristãos liberais sentem que vale a pena estudar, caro leitor, otópico de uma fonte hindu para os eventos na vida de Jesus. Vários sistemas decrença pagãos, inclusive o Hinduísmo, permearam a região do Mediterrâneo noséculo I. Existiam vários heróis homens nos panteões de deuses pagãos dosEgípcios, Gregos, Indianos, Romanos e de outros povos, cujo papel era o de seremsalvadores da humanidade - de modo muito semelhante ao de Jesus. Para podercompetir com essas religiões, com já salientei o Cristianismo teve que descreverJesus em termos que igualassem ou superassem as lendas pagãs,não reunindoapenas atributos de uma entidade apenas mas deveria suplantartodas as entidades juntas,um plano simples e brilhante. Osautores dos evangelhos podem muito bem ter escolhido eescolheram temas de outras fontes e acrescentado-os caro leitor,à seus escritos para tornar o Cristianismo mais digno de créditopara um mundo pagão. A coisa mais comum em religiões nopassado é tirar vidas paraagradar aos deuses. Hoje isso éraro, mas ainda existe. OCristianismo tem como base da salvação a mortedo próprio Cristo. Mas parece que poucos sabemque os precursores do Cristianismo faziamsacrifícios humanos ao seu deus, que é o mesmo

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deus dos cristãos. A idéia de um pai “ bondoso”enviar seu próprio filho para ser morto emsacrifício, que ele ,como pai todo poderoso poderiater evitado,é totalmente semelhante às seitas muitomais antigas e pagas,e se são pagas porque Deuscopiou costumes pagãos? Ao contrario do quepregam os missionários cristãos, o sacrifício de umfilho através da morte, está longe de ser um ato deamor, mas sim,de masoquismo doentio e repugnante.Alguns cristãos da nova geração esta divulgando a idéia de que os atos de deussão todos simbólicos,que a morte de Cristo é pura simbologia que não pode sercompreendida por céticos cegos. Eu discordo totalmente dessa idéia, pois se nãohouve o pecado original, se Cristo realmente não morreu na cruz, então para quetoda essa parafernália espiritual? Para que serve o cristianismo? Eu respondo,caro leitor...Para nada, a não ser o enriquecimento de seitas e igrejas que senutrem da ignorância de pessoas de boa fé! Doutores do cristianismo, não hácomo resistir às provas que são apresentadas. Infelizmente, para aqueles quenecessitam da muleta psicológica e que necessitam de alguém pensando por elas,como um deus pai,as provas são inquestionáveis e o mundo cristão começa a ruirpor terra.Os mochicas, que dominaram a costa norte do Peru entre os séculos I e VIII”,eram pródigos em sacrifícios humanos.”Se os mochicas tivessem escrita, seusbest-sellers falariam das propriedades milagrosas do sangue humano para resolverqualquer tipo de problema. Havia sacrifícios para comemorar boas colheitas, paralamentar desastres naturais, para controlar secas e chuvas e, acima de tudo, paramanter o poder sobre a sociedade.Na América antiga,caro leitor, sacrificar gente era tão comum quanto matar umalhama. Os maias, que habitaram o México e a América Central no século X danossa era, tinham verbos específicos para ‘arrancar o coração’ e ‘ rolar do alto dapirâmide... Nos Andes, o assassinato ritual foi instrumento de expansão doimpério Inca (1450-1532). Os incas tinham predileção pelo sacrifício de criançasnobres no alto de montanhas... No livro The Highest Altar - The Story of HumanSacrifice (O Altar Maior – A História do Sacrifício Humano), o antropólogoamericano Patrick Tierney relata a história de uma menina chamada Tanta Carhua,que, segundo cronistas espanhóis, afirmou sentir-se ‘muito honrada’ com o seupróprio sacrifício. Os imolados caro leitor, atingiam um status de divindade,

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afirma Tierney. Ele pesquisou registros de execuções rituais em diversas culturasdurante seis anos e descobriu que, em algumas regiões dosAndes, o sacrifício continua a acontecer, até hoje. Oúltimo caso registrado foi em abril de 1999, em uma vilapróxima ao Lago Titicaca, no Peru.Os deuses dos povos do Oriente Médio recebiamsacrifício humanos. E seus adoradores lhes ofereciam ospróprios filhos, como se vê na proibição bíblica: “Nãofarás assim para com o Senhor teu Deus; porque tudo oque é abominável ao Senhor, e que ele detesta, fizeramelas para com os seus deuses; pois até seus filhos e suasfilhas queimam no fogo aos seus deuses.” (Deuteronômio,12:31). “Não oferecerás a Moloque nenhum dos teusfilhos, fazendo-o passar pelo fogo; nem profanarás o nomede teu Deus. Eu sou o Senhor”. (Levítico, 18: 21).Mas o que nunca se ouve nas pregações dos cristãos é queo seu deus, que dizem ser o mesmo deus de Israel, não era, pelo menos naquelestempos, diferente dos deuses daqueles povos nesse pormenor. Ele também recebiasacrifícios humanos: “Ninguém que dentre os homens for dedicadoirremissivelmente ao Senhor, se poderá resgatar: será morto”. (Levítico, 27: 29).Como se vê, sacrifícios humanos eram proibidos quando oferecidos aos outrosdeuses; mas ao deus de Israel era permitido.E ao final, o próprio Deus, segundo o Cristianismo, ofereceu em sacrifício o seupróprio filho, pela salvação do homem: “Porque Deus amou o mundo de talmaneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê nãopereça, mas tenha a vida eterna.” (João, 3: 16). O Deus cristão anda meioesquecido ultimamente, cômodo não é?Felizmente, o Cristianismo atual está mais civilizado, afastado dos rigores divinosdo passado, e chegou à conclusão de que não precisa mais tirar vidassimplesmente para agradar ao todo-poderoso como era feito nos tempos mosaicos.Hoje no Maximo se apresentam testemunhas que eram paralíticas e hoje graças aoDeus cristão estão curadas... O mitológico Paulo, ou seja lá quem for ,mudourapidamente as absurdas leis judaicas para que o cristianismo não sufragasse,edeterminou uma nova aliança ou sentido de religião baseada nos conceitosEstóicos de Sêneca;Gálatas 1519 Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição,impureza, lascívia,20 Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões,heresias,21 Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas,

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acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem taiscoisas não herdarão o reino de Deus.22 Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade,bondade, fé, mansidão, temperança.23 Contra estas coisas não há lei.Mandou literalmente Moises e seusMandamentos procurarem outra turma ;Efésios 213 Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antesestáveis longe, já pelo sangue de Cristochegastes perto.14 Porque ele é a nossa paz, o qual de ambosos povos fez um; e, derrubando a parede deseparação que estava no meio,15 Na sua carne desfez a inimizade, isto é, alei dos mandamentos, que consistia emordenanças, para criar em si mesmo dos doisum novo homem, fazendo a paz,16 E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela asinimizades.17 E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavamperto;18 Porque por ele ambos têm acesso ao Pai em um mesmo Espírito.19 Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dossantos, e da família de Deus;20 Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que JesusCristo é a principal pedra da esquina;21 No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor.22 No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus emEspírito.O sssiiimboollliiisssmoo CrrriiissstttãããoooO simbolismo do cristianismo também é muito interessante e também foidescaradamente copiado de outras religiões e culturas, como já pudemos observaraté aqui. A cruz é um dos símbolos mais vulgares em todoo mundo e em todos os tempos. Podemos encontrá-la nosmonumentos do Egito, nas esculturas da Babilônia e nasruínas da Pérsia e da Índia – muito antes da era cristã.Nesses desenhos, o que chama a atenção é a cruz ou,melhor, os sinais cruciformes. Algumas vezes estãoinscritas em quadrados, outras estão associadas aocírculo. Assim, as cruzes, como estilização esquemáticada figura humana com os braços abertos, teriam, nessesmonumentos antigos, o significado de homens a adorar adivindade, ou a representar simbolicamente cenas rituais,quer propiciatórias, quer gratulatórias.Homem de braços abertos, orante ou dançante homem mortal ou deus imortal,vivo ou espírito de antepassado, ficou com o corpo reduzido ao traço vertical e

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com os braços representados pelo traço perpendicular, que formam, em conjunto,os braços da cruz. Cruz immissa ( + ); cruz commissa ou tau ( T ); cruz de SantoAndré ou decussata ( x ); cruz latina ( † ), que é a cruz immissa com o braçosdesiguais, sendo o vertical mais comprido que o transversal; cruz egípcia, usadapelos cristãos coptas no Egipto, a qual decalca o hieróglifo faraônico ankh;cruzgamada ou suástica, usada com abundância na decoração da "casa da cruzsuástica" das ruínas de Conímbriga, próximo de Coimbra . A cruz é sempre usadacomo símbolo associado à vida e à renovação da vida. Não foi por acaso que ocristianismo a adotou.Se é relativamente fácil identificar a presença da cruz em todas as culturas, aorigem do significado esotérico é mais difícil de esclarecer. Vamos então levantarum pouco do véu que encobre a sua mensagem oculta.A Dimensão Simbólica da CruzComeçando por investigar os mitos mais primitivos que chegaram até nós vemosque os quatro braços da cruz se relacionam com os quatro pontos cardeais: Norte,Sul, Leste e Oeste.Quando o homem primitivo começou a olhar para cima, para o céu, contemplandoo Sol e a Lua, teve início o desenvolvimento do simbolismo da cruz. Tiveramrazão os homens de ciência que viam nela um sinal de movimento e de radiação,mais importante do que o significado simples que se lhe dava como resultado daevolução pictográfica da forma humana: um homem de braços abertos.A observação continuada do firmamento levou a que os antigos percebessem aexistência de um movimento circular das constelações em torno de um pontocentral: a estrela polar. Perto dela viam mais sete estrelas, as da Ursa Maior.Através desta constelação marcaram-se os quatro pontos cardeais e foi esta, semdúvida, a origem do Zodíaco dos tempos primordiais. A sua importância é tãogrande que teve a honra de ser uma das poucas mencionada no AntigoTestamento, em Jó 9,9.A cruz tem, portanto, logo de início, um significado cósmico: ao indicar os quatropontos cardeais simboliza a totalidade do cosmo. E a sua correspondênciaquaternária ilustra a repartição dos quatro elementos: ar, terra, fogo e água e dassuas qualidades tradicionais.Já estudamos anteriormente, caro leitor, a origem astronômica religiosa docristianismo e o respectivo significado esotérico. A relação entre os solstícios, osequinócios e as mais importantes festividades cristãs e a sua mensagem alegórica

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e simbólica também já foi analisada. Os cabalistas, os místicos judeus,representaram as suas quatroordens angélicas por três figurasde animais e uma humana.Vamos ver agora como estasfiguras se relacionam com osquatro evangelistas.Mateus, o primeiro dosevangelhos, é representado poruma figura humana, que não émais do que o signo, o emblemado Aquário, um dos signos doInverno. Este evangelho contauma genealogia de Jesus em quedescreve minuciosamente osacontecimentos que precederamo nascimento. Os cálculosgenealógicos de Mateus visamum objetivo bem determinado e naturalmente simbólico. A sua relação com osigno do Aquário é muito adequada pela vizinhança do solstício de Inverno,quando nasceu o Salvador judeu. O período festivo que tem início em Dezembrojá era importante para os Egípcios, que celebravam uma importante festa religiosaem Sais, quarenta dias depois do solstício de Inverno. Os cristãos seguiram-lhes oexemplo. Por meio de um fenômeno de osmose cultural e antitético, os cristãospassaram a celebrar o Natal em Roma, no século III-IV, a 25 de Dezembro,exatamente quando os romanos celebravam o Natalis Solis Invicti. E quarentadias depois do Natal realizavam a procissão das Candelárias integrada na festa dapurificação da Virgem (candela=círio). Aliás vamos recordar que todas as festaspagãs não foram propriamente banidas ,mas apenas mudaram de nome.Toda essa parafernália de santos que habitam o folclore católico,nada mais éque a apropriação litúrgica de antigas entidades pagãs. Um fato muito curioso éque o cristianismo não foi uma unaniminidade completa no final do século IV. Aárea rural de Roma só veio a saber o que era Cristo muito tempo depois daoficialização da seita cristã. Percebemos hoje que o movimento cristão foipuramente urbano onde as condições de vida estavam em total ruína, nãoatingindo a área rural, onde a vida ainda transcorria de maneira tranqüila. Não foia toa que ao tempo de Nero,este teve de proibir a debandada dos nobres romanospara o campo,ameaçando por fogo na cidade,poisRoma estava entregue ao caos. Calígula teve denomear, em forma de protesto um tanto absurdo, seucavalo, como senador porque já não havia algum

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patrício que quisesse permanecer em Roma.O segundo evangelho, na ordem da sua relação com asestações do ano, é Lucas. O seu elemento emblemáticoé o Touro, um dos signos da Primavera, dos primeirosmeses do ano. Lucas dá-nos mais pormenores do queMateus em relação ao nascimento e à infância deJesus. Relata-nos a sua apresentação no Templo ecomo foi encontrado entre os doutores na Primavera davida quando, à semelhança da Natureza, despontam osindícios da missão futura. Touro o mais antigo dos zodíacos era festejado pelosegípcios, caldeus, e judeus em novembro, com a festa dos mortos. Está também,relacionado com o deus egípcio Osíris o Senhor dos mortos. O nome Tourosignifica Chover ou Chuva.O terceiro evangelho, Marcos, é representado por um Leão, que é um dos signosdo Verão. O evangelho é o mais antigo e nada diz acerca da genealogia de Jesus,sobre o nascimento e a infância. Inicia o seu relato com os primeiros milagres deJesus, ocupando-se, assim, da sua atividade na idade adulta e dá primazia às açõestaumatúrgicas em vez de salientar o êxito da sua pregação. Na teologia de Marcospodemos sublinhar a doutrina do "Segredo Messiânico". O signo de Leão estárelacionado com o Sol. Era um dos mais importantes signos para os egípcios ebabilônios,pois esse representava a magnitude do astro no Verão.Temos finalmente o quarto evangelho, João, que é representado por uma águiaque se relaciona com o signo zodiacal do Escorpião. Os Antigos recordavam osseus defuntos durante a passagem do Sol por este signo, que astrologicamente estáassociado à morte e à regeneração, celebrando uma cerimônia lúgubre, asEleutérias, que deram lugar à comemoração da festividade de Todos os Santosinstituída por João XIX no século XI. O signo de Escorpião está relacionado comas secas no Egito e Mesopotâmia.Realidade e a Simbólica ReligiosaTambém encontramos estas figuras alegóricas dos poderes corporificados dasletras do fiat criador da linguagem divina associadas aos evangelistas na visão deEzequiel. Foi a suposta força dinâmica que elas representam e que teria ressoadainicialmente na matéria existente no espaço denominada Caos, que a transformouna substância física, tal como o calor transforma os líquidos viscosos de um ovona solidez do esqueleto e outros tecidos de uma ave. Essa visão é muito comumentre varias culturas místicas.Há duas poderosas lendas sobre a energia vital dignas de consideração no estudo

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do simbolismo da cruz. É bem elucidativo e a titulodidático apreciarmos aqui algumas linhas do que nosdiz Max Heindel acerca destas mitológicas correntesque dão vida a todas as criaturas da Terra. Diz ele que"os raios ou linhas de força dos espíritos-de-grupo doreino vegetal irradiam do centro da Terra para aperiferia em todas as direções. As árvores (e asplantas em geral) absorvem essas forças da vida pelaraiz, as quais circulam pelo tronco até à copa".E acrescenta, noutro passo: "as correntes dosespíritos-de-grupo animais circulam à volta da Terra.São mais intensas dos que as geradas pelos espíritosde-grupo dos vegetais".Vemos assim, caro leitor, a lenda de como a cruzassinala claramente as relações das plantas, dosanimais e do homem com as correntes de vida na atmosfera terrestre. O reinomineral não está representado. O braço inferior da cruz indica a planta, que tem asraízes na terra; a parte superior representa o homem. O animal está representadopelo braço horizontal. Notamos então caro leitor o pensamento fetichista no qualesta apoiado o símbolo da cruzAté aqui falamos apenas da cruz, que o povo colocanos santuários, traz consigo como portadora de valormágico e propiciatório, como sinal místico oufetichista, polarizador de energias, consagrando comela pessoas e coisas. Os conhecedores da dinâmicasabem que a cruz latina, construída com proporçõesnormais baseadas no número 9, ela,segundo a lendaegípcia, seria símbolo que supostamente irradiabeneficamente pelo centro, funcionando como umdispositivo transmissor de forças.Vimos também,caro leitor, que o simbolismo da cruzé anterior à sua apresentação plástica no mundocristão e que esta simbologia é absorvida pelateologia cristã do mistério da cruz depois do século II com Justino estabelecendoparalelismo entre a cruz cósmica e a sua idéia de totalidade e a cruz de Jesus comoautêntico símbolo falante dos mistérios iniciáticos solares,tão comuns à era cristãprimitiva. Nas ruas, nos caminhos, nas estradas, a cruz é o cruzeiro ou oCalvário, simples ou com inscrições. Constrói-se ao ar livre ou debaixo de umcoberto, com finalidade devocional, ligada a atos de piedade, ou memorial, paracomemorar fatos históricos ou acontecimentos dolorosos (acidentes, mortes).Tudo isso que se vê ate os dias de hoje não seria nada de novo paraegípcios,babilônios e iniciantes em seitas de mistérios de 3000 ou 4000 anos atrás.

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A Representação da Cruz de JesusVeremos agora o que se passa com o crucifixo. De sinal humano, representaçãode um homem com os braços abertos, as diversas confissões religiosas, que nãoentenderam claramente o significado zodiacal da cruz, e ainda menos o sentidoesotérico, associaram-na apenas ao suplício de um Cristo no Calvário. Narealidade o que não se entendeu foi a concepção paulina sobre a cruz de JesusCristo ,que era uma concepção inteiramente mística e serestringia a um mundo abstrato. Correram séculos atéque se vencesse a resistência no Ocidente europeu contraessa novidade proveniente do Levante que é a cruz comum corpo pregado e que não nos é apresentado antes doséculo VII.A vida interna do cristianismo reflete a divisão política,social e cultural do Império Romano. A sua divisãopolítica e cultural em Ocidente e Oriente, no século IIIIV,conduziu gradualmente à separação da IgrejaOcidental e da Igreja Oriental. A maioria dos cristãos nãosabem ,mas era representado como Cristo,um jovempastor segurando uma ovelha na mão esquerda ,na direita,à vezes, segurando um cajado. O engraçado é que essadescrição ou símbolo, nadamais é que a descrição do deusgrego Apolo e do deusHermes,onde restam ainda em museus,estatuas epinturas bem anteriores ao cristianismo. No inicio docristianismo Cristo erarepresentado como um deusjovem sem barba. Aimagem de Jesus com barbaveio do oriente em uma claraalusão então ao deusSerápis. No ocidentesomente em meados doséculo VII é que apareceuCristo crucificado,emdecorrência de uma forteinfluencia da cultura oriental e por ser um símbolomais apelativo. As primeiras representações da mortede Jesus na cruz vêm do Oriente: é numa das versõessiríacas do evangelho (ano de 586 D.C.) que se vê umadas primeiras imagens de Jesus crucificado entre dois ladrões,análogo à Krishnnae a cultos de recurreição advindos do oriente e Egito.Depois do século VII o lado de cá mantinha-se o simbolismo tradicional da cruz.Do lado de lá, no cristianismo oriental, nasceu uma reação teológica que associounitidamente a cruz ao instrumento patibular incluído no arsenal repressivo comque os romanos castigavam os escravos e malfeitores

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que não fossem romanos,onde ocorre mais um erro deconcepção por parte dos inventores de mitos ,pois acruz romana usada para castigo de criminosos era emforma de X ou de um T,e não tinha nada a ver com acruz mística usada em rituais de magia oriental.Umaanalogia curiosa é que Cristo em grego se escreveXT,ou seja as duas formas de cruzes romanas.Do lado de cá passou a usar-se a figura de Jesusdesnudada; no Oriente mantinha-se o uso do colobiumde púrpura e apenas os braços ficaram nus.Com a "invenção da Santa Cruz" pela ImperatrizHelena, mãedeConstantino o Grande, no século IV,espalhou-se o culto da cruz que, a partirdo século V, passa a associar àrepresentação o corpo de Jesus. Outroponto interessante é o caráter com queJesus carrega sua cruz,ela é muitoparecida com a maneira com queHércules carrega as colunas dosfirmamento, em configuração demartírio,em um de seus famosos 12trabalhos. Essa similidades foramencontradas em entalhes edesenhos,achados em ruínas de váriostemplos dedicados à esse semi-deusdatados de 300 a . C.,comparadas com imagens dos século VII da nossa Era. Meperdoem os deístas mais apaixonados,mas é muita semelhança para serem apenasacidentes. Se o cristianismo tivesse criado pelo menos algo de novo,mas verificaseque somente se apoderou de figuras já consagradas pelo populacho. Assim ficamuito fácil...No Ocidente, devido à decadência e, depois, à supressão do poder do imperador eà desagregação do Império (cerca de 476), aumentou extraordinariamente aautoridade do chefe da Igreja, o bispo romano, que recebeu o nome de Papa. NoOriente, onde o império se conservou, os patriarcas não tinham esse poder. Foimuito fácil, por isso, que o concílio de Constantinopla, no ano de 692,determinasse no cânone XI que o "Cristo... fosse representado sob a formahumana". E assim deixou de se usar o cordeiro e outros símbolos para representaro sacrifício do Calvário.No século VII terminou o período de transição do simbolismo da cruz para o docrucifixo. Os pontífices determinaram que o crucifixo fosse colocado nosoratórios, pintado nas paredes e depois invadiu os templos, sendo colocado em

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lugar de honra.Deste modo, a cruz passou de imagem-signo simbólico a imagemrepresentativa historicizante. É a consagração do crucifixo. É realmente hilariantever nas igrejas catolicas e protestantes o uso de um simbolo tão pagão como a cruzmística,sem que os adeptos dessas seitas desconhecam por completo seusignificado. Eu fico imaginado ,caro leitor,admitindo-se que Jesus realmenteexista e se este retorna-se para à Terra afím de satisfazer seus partidários ,e semostrasse imberbe ,ou seja ,sem barba. Seria uma tremenda confuso e portentorde desconfianca por grande parte de seus seguidores, e eu tenho certeza que o deusSerápis seria muito melhor recepcionado. Vejam só a importancia, nos cultosreligiosos,da simbologia.Os cristãos estudiosos da apologética consideravamque os símbolos tinham mensagens importantes:mostravam o sagrado por intermédio dos ritmoscósmicos. Admitiam até que a revelação eracompatível com as significações pré-cristãs dossímbolos, embora aceitassem que ela acrescentasseum valor novo, mais actual.As revelações da sacralidade cósmica associadasaos evangelistas e às estações do ano, que seresumem no símbolo da cruz, são revelaçõesprimordiais que tiveram lugar no mais longínquopassado religioso da humanidade e que foramactualizadas pelo cristianismo.Teófilo de Antioquia chamava a atenção,caro leitor,para os indícios do renascimento do espírito anunciados nos grandes cicloscósmicos: as estações do ano, os dias e as noites. Mas certos padres da Igrejaprimitiva quiseram moderar o interesse pela correspondência entre os símbolospropostos pelo cristianismo e os símbolos que são património da humanidade e,com o tempo, esta linguagem do sagrado ficou esquecida. Devemos relembrar aoleitor da barulho por poder e fortuna ,dentro do Cristianismo,redigida pelas quatrocorrentes mais importantes do mesmo; a Romana,a Bizantina, a Egipcia e por fima Nestoriana. Uma aceitava a Cruz outra não,uma aceitava a divindade de Cristo,outra nem questionava tal processo. O que temos hoje como Cristianismo,apesarda corrente Romana ser a mais forte,é uma mistura de todas essasconcepções,delineando uma tremenda confusão clériga que ficou pior ainda com aprofusão do Protestantismo.A psicologia do medo

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Não se pode ter alguma desculpa plausível para os absurdos que se comete emnome de alguma crença qualquer,mais especificadamente o cristianismo.O mundo em que vivemos poderia estar bem melhor se não fosse esse cancromístico. A igreja faz com que o crente seja dependente fisicamente epsicologicamente para controlar ao seu bel prazer ,maligno a conduta humana.Esse controle pode ser por meio do medointeriorizado nas entranhas do nossosubconsiente .Um exemplo clássico disto foi a criacãodo Diabo ou Satanás ou Demônio e suafunesta morada o inferno. Desde que oshomens começaram a viver em sociedadedevem ter percebido que não poucos oscriminosos que escapavam á severidade dasleis. Puniam-se os crimes públicos: restavaestabelecer um freio para os crimessecretos. Só a religião poderia ser essefreio. Persas, caldeus, egípcios, gregos,imaginaram castigos depois da morte. Detodos os povos antigos que conhecemosforam os judeus os únicos que nãoadmitiam senão castigos temporais.Ridículo é crer ou fingir crer, baseando-seem passos obscuríssimos, que as antigasleis judaicas aceitavam a existência do inferno, no Levítico como no Decálogo,quando o autor de tais leis não diz uma única palavra que possa ter a menorrelação com os castigos da vida futura. Ter-se-ia direito de dizer ao redator doPentateuco: "Sois um homem inconseqüente, sem probidade e falto de senso,inteiramente indigno do nome de legislador que vos arrogais. Como conheceis umdogma tão altamente refreador, tão necessário ao povo como é o do inferno, enão o anunciastes expressamente? Enquanto o admitem todas as nações que voscercam, contentai-vos em deixar adivinhar este dogma por comentaristas quevirão quatro mil anos depois de vós e que torcerão vossas palavras paraencontrar o que não dissestes? Se, conhecendo esse dogma, dele não fizestes abase da vossa religião, ou sois um ignorante que não sabia ser essa crençauniversal no Egito, Caldéia e Pérsia, ou sois um homem pessimamente avisado".Percebeis porem para nos da igreja crista única e verdadeira,a utilidade doinferno? Sem inferno e maldade não há utilidade para o nosso conhecido Deus.Usemos então o inferno ,a utilidade salvadora do cristianismo.Não que devamos levar a Bíblia em consideração ,mas note ,caro leitor, emnenhum momento do Velho ou Novo testamentos é referido o diabo com chifres epés de bode espelindo fogo pelas ventas,a não ser em Apocalipse ,onde secompara o Diabo com uma serpente ou um dragão. Essa é mais um dos embustes

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literário feito nas traduções do texto judeu . O que se tem reteatado no textoFilon-Zoroastrico;é a figura de Moloch ao qual teria sido morto por Baal ao tempodo deus El. Em Jó temos uma passagem interessante onde temos Deusaprisionando esse mesmo dragão Moloch,semelhantemente à Baal ,nada tendo a haver como Diabo ou Satanás.Toda essa mitologia fantasmagórica foi criada naidade média com o intuído de infringir o pavor naspessoas mais desavisadas. A descrição aferida aodemônio nada mais é que uma descrição do deusgrego Pã. O nome demônio é apenas uma analogiafilológica do termo Demon da mitologia gregaonde se acreditava que cada um tinha umaentidade nos dando conselhos. Os pais docristianismo querendo terminar com esse costume,associaram -no com um espírito mal, chamado emlatim, Demônio. A designação Satanás é um termousado na Índia oriental na forma Sath- annáts esignificava “contrario” ,idéia esta indo parar nacultura babilônica e posteriormente judaica, na forma Satanás que possui omesmo sentido do hindu. Satanás não é um ser , um deusdo mal,mas apenas um verbo ,uma ação. Se eu sou contrauma idéia em que todos concordam e apenas eu fui contra,então eu pratiquei um Saht-annáts.Não se pode confundir com Satã que vem da culturaegípcia, mais precisamente para representar o deus Set.Set passou para a mitologiaegípcia como um deus do mal,pois o mesmo era o deuspreferido dos hicsos,povosemita que invadiu o Egito em1290 AC. Em seguida a suaespulsao,200anos depois, o coitado do deus Set ficoumal falado por lá, indo parar no limbo como um deusmalvado. Diabo a exemplo anterior, provem do gregoe indica a aversão a alguma coisa, Diabolós seria otermo correto. “Eu tenho asco a alguma coisa ,eu tenho diabolós a alguma coisa”.A designação Lúcifer foi primeiramente usado por um dos pais daigreja,Orígenes ,que se referia em uma tradução totalmente equivocada de Isaias14:12. Lúcifer é uma palavra latina e significa “ portador da luz” e era o nomeusado para se indicar o Planeta Vênus. Nessa mesma passagem de Isaías onde oprofeta estaria relatando a queda de Lúcifer, após a batalha no Céu, nada tem a vercom o famoso Capeta e sim, com Labonite o último rei cananeu da Babilôniatido como um verdadeiro tirano.Devo relatar que Orígenes tido como um dos pais

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da igreja, e um dos pensadores cristãos mais brilhantes, repetiu o exemplo domítico Apóstolo Paulo e se castrou,para ficar mais perto de Deus; em tempo ,eleguardou seu pênis como sinal de sua fidelidade para com Jeová...O livro dos advogadosPodemos encontrar na bíblia um apoio para qualquer tipo de atitude oupensamento. Sem dúvida alguma podemos debater qualquer assunto e encontrarapoio logístico na bíblia, desde roubo, vingança, assassinato, bondade, respeito,incesto e mentira entre vários outros assuntos. Não é à toa que em muitostribunais se jura sobre a bíblia, pois os advogados encontram nela apoio paraqualquer defesa ou ataque. Uma das leituras que mais me assusta é a leiturafundamentalista das catástrofes. Encontramos no livro sagrado muitas passagensque profetizam grandes desgraças e morticínios como em Lucas 21:11 “ e haveráem vários lugares grandes terremotos, e pestes e fomes; haverá também coisasespantosas, e grandes sinais do céu.”Lucas 21:26 “ os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas quesobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados.”Lucas 21:27 “ Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder egrande glória.”Apocalipse 6:8 “E olhei, e eis umcavalo amarelo, e o que estavamontado nele chamava-se morte; e ohades seguia com ele; e foi-lhe dadaautoridade sobre a quarta parte daterra, para matar com a espada, ecom a fome, e com a peste, e com asferas da terra.”Apocalipse 9:6 “Naqueles dias oshomens buscarão a morte, e demodo algum a acharão; e desejarãomorrer, e a morte fugirá deles.”Apocalipse 21:4 “ Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá maismorte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeirascoisas são passadas.”Um dos engodos dos fundamentalistas cristãos é vender exaustivamente a idéia deque o final dos tempos se aproxima, dado vivermos numa época de grandescatástrofes, que corresponde às descrições bíblicas que profetizavam taisdesgraças como o anúncio da iminência do segundo advento de Cristo, “ em glóriae majestade”, como os fundamentalistas gostam de lembrar .A estratégia é sob certos aspectos engenhosapor explorar uma tendência inconsciente damaioria das pessoas de dar mais atenção aos

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fatos e acontecimentos negativos do que aospositivos. Veja,caro leitor, as manchetes daimprensa, notícia boa não vende jornal.Assim, toda vez que os arautos do Apocalipseapontam as mazelas de nosso tempo, exercitama mesma técnica de exploração da tragédia quevemos cada vez que cai um avião por exemplo.Milhões de pessoas ficam consternadas com amagnitude do desastre e as centenas de vidasperdidas e se esquecem por um momento queno mesmo dia da queda os aeroportos domundo realizaram milhares de pousos edecolagens sem incidentes e que a aviação continua sendo o modo de transportemais seguro que existe.De modo análogo, os fundamentalistas apontam para as estatísticas sobre a AIDSe gritam “PESTE!”, citam os conflitos do Oriente Médio e sentenciam“GUERRA!”, exibem fotos de refugiados africanos e proclamam “FOME!” eentão, se sentido vitoriosos e satisfeitos finalizam triunfantes, resumindo osagouros antecedentes com “MORTE!”.Os quatro cavaleiros do Apocalipse estão alinhados e prontos para deceparemnossas cabeças, anunciando a volta do senhor Jesus.Nossos tempos não são piores que épocas anteriores em nenhum sentido, pormais que os fundamentalistas, tais quais abutres, sintam um prazer mórbido emenxergar nas abundantes tragédias dos noticiários a proximidade do fim dostempos. Antes muito pelo contrário.Não vou perder tempo apresentando e refutando aqui as estatísticas que osfundamentalistas utilizam para “ provar” que determinado mal aumentou tantos porcento desde o ano tal ou que aquela calamidade vem avançando continuamentedesde não sei quando. Estes números apresentam o mesmo vício dos dadospseudo-científicos exibidos para validar a doutrina da criação, ou seja, selecionamnum determinado universo as amostras que correspondem ao seu interesse edescartam arbitrariamente todas as que o contrariam.A realidade de nosso tempo,caro leitor, aponta para um desmentido veemente deque vivemos os tempos da peste, fome, guerra e morte em proporções nunca vistasem tempos passados, a ponto de “os homens desejarem morrer e a morte fugirdeles”, como dita o Apocalipse. Não há sequer evidências consistentes de quecaminhamos para isto.Analisando o cenário global, para que as estatísticas dessem veracidade àsafirmações dos catastrofistas que afirmam estarmos todos vendo os trailers doJuízo Final, alguns índices teriam que necessariamente confirmar isto de formaexplícita, como por exemplo:a) redução na expectativa de vida;

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b) declínio da população;c) diminuição da produção agrícola;d) multiplicação do número de alertasda Organização Mundial de Saúde.Nos últimos cinqüenta anos osnúmeros acima vêm apresentandomelhoria contínua e sistemática empraticamente todo o mundo, com exceções localizadas temporal e regionalmente,mas numa média positiva e de veracidade aplicável à maioria dos países domundo.Se a primeira metade do século XX registrou eventos que devem ter feito osfundamentalistas de então lamberem os beiços, como a depressão econômicamundial, a gripe espanhola, as duas guerras mundiais e a bomba atômica, asegunda metade foi marcada mais por uma ameaça que nunca se cumpriu, a doholocausto nuclear, do que por tragédias comparáveis às dos dois primeirosquartis.Na contra mão do que dizem, de lá pra cá a economia mundial cresceu, a produçãoagrícola aumentou, a vacinação e o saneamento básico erradicaram doençasepidêmicas e endêmicas e a terceira guerra mundial foi adiada por tempoindeterminadoOs que falam da AIDS,caro leitor, se esquecem de dizer que não existem mais avaríola e a poliomielite, os que mostram cartazes de crianças africanas famintasomitem que a inanição epidêmica retrocedeu para milhões de pessoas na Índia ena China. Mesmo questões mais cotidianas, como o aumento da violência urbana,tem mais de um aspecto a ser explorado. Se a criminalidade aumentou no Rio deJaneiro e em Bogotá nas últimas décadas, ela diminui, e muito, em New York eem Roma.Comparados,caro leitor, com tempos passados, quando a Peste Negra ceifou avida de um em cada três europeus ou quando Genghis Khan só deixava cinzasatrás do longo rastro de suas passagens, não temos tido tantos motivos para nosespantar, relativamente falando, como querem alguns.O que mais me irrita na posturados fundamentalistas é que serepresentarmos a Humanidadecomo um time, eles parecem estarsempre torcendo para osadversários, como se cada vez quemarcássemos um gol elesdissessem que é só questão detempo para perdermos o jogo.Na torcida fundamentalista, a

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coisa funciona mais ou menosassim:- Seca deixa milhões de famintos em Ruanda, prepare-se Jesus está voltando;- Epidemia de SARS se alastra pela Ásia, glória a Deus, Aleluia;- Terremoto mata centenas no México, vinde Senhor!Agora antes de eu completar a minha obra literária pude presenciar através doscanais de televisão a maior tragédia natural de todos os tempos,a onda giganteTsunami,ocorrida nas ilhas asiaticas e que matou pelo menos 200.000 pessoas.Troco de canal e vejo os Pastores do Apocalipse comemorando e agradecendo aoseu Deus de amor por mais um sinal de sua existencia. Foi profundamente umato de extremo mau gosto. A onda gigante que ocorreu em 2004 foi uma dasmenores já ocorridas naquela região. O que contribuiu para tantas mortes foijustamente a quantidade de pessoas em um mesmo local,fato naturalmentefatídico.Enquanto tem gente trabalhando para minorar os efeitos destes desastres (já que osenhor Jesus não ajuda em absolutamente nada) os fundamentalistas ficam lá,contando os mortos e catando versículos no Apocalipse na esperança de que acoisa toda esteja suficientemente ruim para justificar suas esperanças.Qualquer um,caro leitor, que precise que as coisas fiquem muito ruins para tersuas esperanças justificadas, precisa urgentemente rever seus conceitos.Seitas fundamentalistasDentre as seitas ditas cristãs fundamentalistas, uma das mais importantes é semduvida a Igreja Adventista do Sétimo Dia,que faz uma leitura bíblicafundamentalista diferenciada das outras seitas protestantes, baseada em tradiçõesjudaicas do adventismo,ou seja a volta do Deussalvador que nesse caso seria a vinda de um redentorque para os adventistas seria o retorno de JesusCristo, idéia essa não compartilhada então pelosjudeus que ainda aguardam a prima vinda domessias.Várias datas foram marcadas, caro leitor,para a volta de Cristo.Esse retorno nunca foitão esperado quanto em1843 e 1844, e 1877época em que surgiu aIgreja Adventista doSétimo Dia, liderados porum fazendeiro de nomeWillian Miller e por Ellen G. White ,uma excêntrica,que tinha “visões” e conversava com Deus,de modoque esse estimulava uma aversão a qualquer inovaçãoe liderando os cristãos às suas origens do AntigoTestamento,refletindo claramente a antipatia quepequenos agricultores e artesãos falidos ,do interior

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dos EUA, tinham ,devido ao industrialismo europeu,em relação aos novos tempos.Qualquer sinal de modernidade era encarado como trabalho do Diabo, onde nãorestou mais nada a fazer, para esses grupos desajustados com o despontar de umnovo modo de vida, a não ser apertar mais ainda o seu já anacrônicofundamentalismo calvínico. A sociedade do século XIX estava passando por umacrise de adaptação de fim de século, onde ocorreram várias revoltas erevoluções,tanto na área social como principalmente na industrial,com osurgimento de novos idealismos, sociedades e novos países. A situação ficoudeveras difícil para quem não conseguiu se adaptar às novas concepções, e um doslugares onde ocorreu uma maior insatisfação foi justamente o interior da regiãocentral do EUA,na qual a cultura dos habitantes dessa região era extremamenteexecrável , além de serem herdeiros de um calvinismo racista.Como quem não pondera,reza, o caminho para a formação de novas seitasradicais de cunho messiânico foi apenas um estalo. Temos entre essas seitasmessiânicas ainda os Batistas,Testemunhas de Jeová(que nasceu de dentro daigreja Adventista),a Igreja dos Mórmons fundada por Josehp Smith , outroexcêntrico que diz ter recebido as mensagens de ouro e da palavra da verdadeiraigreja de um Xamã, no alto de uma montanha,realmente bem estranho.Voltando ao conflito adventista, Cristo não veio, e oPastor fazendeiro ficou com o dinheiro dos ingênuosfazendeiros, que venderam suas terras e bens para iremmorar no céu. O dito cujo Jesus Cristo não veio entre asnuvens, mas continua sendo aguardado e rendendo aindamuitos dividendos para os lideres da igreja.Depois do ano mil, e suas decepções religiosas, pareceque a data da volta de Cristo foi esquecida por bomtempo.O poder do Catolicismo era tal, que qualquer divergênciaera severamente punida. Muitos dissidentes foramexecutados na fogueira. Não obstante as durasperseguições executadas em nome de Deus pela Igreja, protestantes surgiam emvários lugares, até que, no SéculoXVI, ocorreu a famosa ReformaProtestante.No decorrer dos anos, dissidênciaseram freqüentes, mesmo no seio doProtestantismo, multiplicando-se onúmero de novas igrejas. Osmensageiros divinos não admitemestarem errados. Basta que alguémencontre indício de que algo na

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igreja esteja errado, para ter quefundar uma nova igreja, se quiserdefender o seu princípio de fé.No Século XIX, interpretando o Profeta Daniel, nova data foi fixada para oretorno do Salvador.Calculando as "duas mil e trezentas tardes e manhãs" (Daniel, 8: 14), que teriaminício com a "ordem para restaurar e para edificar Jerusalém" (Dan. 9: 25), umgrupo de religiosos encontrou o ano 1843 como a data da purificação doSantuário, que seria a volta de Cristo. Passado aquele ano, chegaram à conclusãode que haviam errado nos cálculos, considerando 1844 como o ano domaravilhoso evento. Novamente, pessoas doavam seus bens para os pobres(quenesse caso era o Pastor Fazendeiro Willan Smith)e só pensavam na preparaçãopara a entrada no reino celeste. Outra tremenda decepção! Muitos se tornaramateus, outros retornaram a suas igrejas, admitindo o erro e confirmando que nem opróprio Cristo sabia quando voltaria (Mateus, 24: 36).Havia um grupo mais persistente, que teria que trazer uma solução que justificasseseus cálculos. Criou-se a doutrina de que naquele ano Cristo apenas passou dolugar Santo para o lugar Santíssimo do Santuário Celestial. O presságio não era desua volta, mas da purificação do santuário celeste, que era figurado pelo terrestre(Hebreus, 4: 5).A doutrina do SANTUÅRIO, assim como a guarda do sábado e outras inovações,recebeu logo muitas críticas. A principal se baseia emque o entendimento cristão primitivoera de que Cristo efetuou o seusacrifício,"entrou no Santo dos Santosuma vez por todas, tendo obtido eternaredenção" (Hebreus, 9: 12), e fez a"expiação dos pecados" (Hebreus, 1:3). Assim seria errôneo afirmar queEle veio a entrar no Santo dos Santossomente em 1844.Não podiam mais fixar uma data para avolta do Salvador. Contudo, todas asinterpretações indicavam que elaestava muito próxima.Criou-se então a igreja fundamentalista dos Adventistas, cujo nome provém daguarda do sábado como o principal ponto doutrinário da igreja. O sábado é paraeles o "selo de Deus" (Apocalipse, 7: 2), enquanto o domingo é o "sinal da besta"(Apocalipse, 13: 16 e 17).Embora o profeta Daniel tenha especificado oTEMPO DE ANGÚSTIA causado pelo

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assolador, que é o mesmo de Apocalipse 13, paratrinta dias depois da tirada do sacrifício contínuo(Daniel, 12: 11), os adventistas o colocaramcomo tendo início no ano 538 e terminando em1798.Para explicar Daniel 12:11, criou-se ainterpretação de que o "sacrifício contínuo" eraRoma pagã, que foi substituída pelo Papado.O texto bíblico,caro leitor, é muito claro, onde o próprio Cristo fala do assolador ea grande tribulação referindo-se ao cerco e destruição de Jerusalém (Mateus 24:15a 21; ucas 21: 20 a 24). E no Apocalipse, fala que "por quarenta e dois mesescalcarão aos pés a cidade santa" (Apocalipse, 11:2).Todavia, como a “ besta” tem que ser o Papado e a “ Babilônia” a Igreja católica (otexto bíblico mostra claramente ser a cidade de Roma - Apoc. 17: 18) e o “ sinal dabesta” deve ser a guarda do domingo, os mil duzentos e sessenta dias sãocolocados a partir de 538 dC.Mesmo com a alteração da cronologia profética, parece já estarmos ultrapassandomuito as expectativas das previsões do fim do mundo. Pois "logo em seguida àtribulação daqueles dias", foi a indicação do Cristo judeu "o sol escurecerá, a luanão dará a sua claridade, as estrelas cairão dofirmamento e os poderes dos céus serão abalados...Verão o filho do homem vindo sobre as nuvens do céucom poder e muita glória." (Mateus, 24: 29 e 30).Há anos, já se dizia estar o sinal da besta muitopróximo, devido à proibição de trabalho aos domingos.Alguns entendidos diziam que breve iriam determinarque todos trabalhassem aos sábados. O engano foigrande; pois como se tratava, não de tal imposiçãobestial, mas de conquistas de direitos trabalhistas, atendência é o repouso se estender aos dois dias (sábadoe domingo). A predita besta do "decreto dominical"falhou. Todavia,caro leitor, continua sendo esperada, com "tempo de angústia"(Daniel 12: 1), que "nem haverá jamais", segundo o evangelho (Mateus, 2 4: 21).Um pregador chegou a dizer que o "decreto dominical" (imposição da guarda dodomingo e trabalho aos sábados) deveria ocorrer por volta de 1979.Posteriormente, um pastor afirmou que havia previsões científicas da parada deum grande astro entre o Sol e a Terra. Deveria ser o escurecimento do Solapocalíptico. (Apocalipse,6: 12; Mateus, 24:29).Há a interpretação de que, ainda no Século 18, houve o cumprimento destaprofecia, quando houve um escurecimento do sol,devido aos gases de um vulcão

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no qual escondeu a luz do sol em Londres por quase um dia; e em 1833, teriaocorrido a queda das estrelas,se é que elas podem cair sobre a terra,o maisprovável é ocorrer o contrario. Já se passou mais de um século e meio. Assim sófalta a volta do ditoso Cristo para a alegria dasseitas que estão seploriferando;Adventístas do Oitavo dia,Cristãos do Israél Mítico,Igreja doEvangelho Quadrangular,Testemunhas de Jesus menino, Católicoscarismáticos,Espíritas da Nova Ciência,Igreja Renovadora do Deus Pai próximo,.E o fim continua próximo...Aceitando a clareza do texto bíblico, teríamos que admitir que o fim previstodeveria ocorrer muito tempo atrás. Assim as mirabolantes interpretações atuaisparecem trabalhar apenas para se manter melhor a fé e não perder adeptos.IslamismoDevemos refletir que o Deus dos fundamentalistas foi formado a partir de variosdogmas que a uma primeira leitura fica evidente que não se trata de pensamentoscristao primitivos,mas ,sim, vemos a inclusaode pensamentos dogmatico judeu e islamico.No islamismo ,temos a presenca de um Deusselvagem e guerreiro ,como alisa só poderia ser,pois foi criado por povos selvagens do deserto.Certo ou errado, o Islamismo é a religião sobrea qual mais se fala nestes dias em que édesencadeada uma grande luta de caça às“ bruxas” do terrorismo. Será que o islamismotem algo a ver com isso? Vejamos algo sobre sua história e doutrina."SUBMISSÃO A DEUS"Fundada pelo profeta Maomé (578-632 DC.), em Meca, na atual Arábia Saudita,no ano de 622 DC., a religião islâmica tem como base os preceitos do Alcorão,cujo conteúdo teria sido revelado por Deus (Alá) a Maomé. O termo “ islam”vem de “ aslama” (submeter), enquanto a palavra “ muslin” (daí derivamuçulmano) quer dizer “submisso”. Assim, quem segue o islamismo é chamadode muçulmano. Mas nem todo árabe, como freqüentemente se pensa, émuçulmano e nem todo muçulmano é árabe.Os muçulmanos consideram Maomé o último e o mais importante de uma série deprofetas (Adão, Abraão, Moisés, Jesus, etc.). Afirmam também que somente amensagem a ele transmitida por Deus se conserva intacta, sem deteriorações emutilações, como aconteceu com outros livros sagrados.O preceito “Alá é o único Deus e Maomé é seu profeta” é um dos cinco pilares doislamismo, ao lado da oração, da esmola, do jejum e da peregrinação à Meca. Ecomo todas as grandes religiões do mundo, também o islamismo prega a paz e oamor ao próximo.HISTÓRIA Islâmica

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Surgido no século 7º, como a última das três religiões chamadas monoteístas, oislamismo viveu um período de expansão que durou 800 anos, ultrapassando asfronteiras da península Arábica.Vários fatores contribuíram,caro leitor, paraessa rápida propagação. Entre eles asdisputas que levaram o fundador dareligião, o profeta Maomé, a ser expulso deMeca, na Arábia Saudita, hoje centro deperegrinação devido a seu santuário, aCaaba - o local mais sagrado do islamismo.Refugiado na cidade de Medina, Maoméorganizou seus seguidores num exército queno ano de sua morte, 632, já dominava amaior parte da península Arábica. Os califasque o sucederam continuaram a conquista,aproveitando-se do enfraquecimento, aoeste, do Império Romano e, a leste, do Império Persa.No ano 711, os chefes muçulmanos atravessaram o estreito de Gibraltar edominaram boa parte da Espanha. No Oriente, ao lado da atuação de guerreiros emissionários, a atividade de comerciantes muçulmanos ajudou a propagar oislamismo na Índia e até as regiões das atuais Indonésia e Malásia.Atualmente, dos 6 bilhões de habitantes do planeta, cerca de 1,3 bilhão sãomuçulmanos, divididos em diversas correntes e presentes em quase todos ospaíses. No Brasil, há mais de um milhão de muçulmanos. 20 milhões estão naEuropa. A maioria, porém, se encontra naÁsia e no Oriente Médio. A Indonésia é opaís com o maior número de muçulmanos:cerca de 200 milhões.Segundo estimativas, um em cada quatrohabitantes do planeta será muçulmano porvolta de 2020.PACÍFICOS E EXTREMISTASEmbora a religião esteja historicamenteligada aos árabes, a maioria dosmuçulmanos é de povos não-árabes.Donos das maiores reservas de petróleo doplaneta, os árabes também são, em suamaioria, moderados, embora estejamconcentrados no Oriente Médio, onde o radicalismo religioso tem seu braço maisforte e tem Israel o maior ponto de conflito. Cercado por estados islâmicos, Israelvem recebendo apoio militar e econômico dos EUA desde sua fundação e éconsiderado, pelos vizinhos, um país hostil e invasor.As diferenças internas, aliadas à miséria e à carência de educação, contribuírampara o surgimento de grupos fundamentalistas religiosos no seio do islamismo.

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Movidos pelo fanatismo e interpretação ao pé da letra de textos sagrados, elesvêem Israel e o Ocidente como o “grande satã”. Dentro desta minoria radical, umaoutra minoria estaria disposta até a matar e morrer, convicta de que um “fielsuicida” garante um lugar de honra no paraíso.CHOQUE COM O OCIDENTEDepois dos embates das Cruzadas, o segundo choque dos muçulmanos com aEuropa veio com a expansão colonial sobre a África, a Ásia e o Oriente Médio. Aforça militar, econômica e cultural das potências européias lançou os países, demaioria islâmica, numa onda de choque.Hoje, também, é em relação aoOcidente que se definem muitosgovernos e movimentos islâmicos.Recentemente, o ensaísta de origempalestina Edward Said, professor daUniversidade de Columbia (EUA),fez uma crítica dura às nações árabes,berço do islamismo, afirmando: “Háuma ausência de democracia. Acultura está regredindo para umaespécie de nacionalismo oufundamentalismo religioso. Diria quesomos o único grupo importante quenão passou, nos últimos anos, poruma renovação.” No entanto, não é possível falar em um só mundo islâmico,assim como não existe um mundo cristãohomogêneo. Associar os supostos autores dosatentados ao World Trade Center a todos osmuçulmanos é o mesmo que relacionar radicaisprotestantes que atacam crianças na Irlanda doNorte a todo o cristianismo.JIHAD: GUERRA SANTA?A palavra árabe Jihad é traduzidafreqüentemente como “guerra santa”, mas atradução mais literal seria “lutar” ou “esforçar -se” pelo benefício da comunidade ou para evitaros pecados pessoais.A Jihad é uma obrigação religiosa. Se a Jihad éconvocada para proteger a fé contra terceiros,podem-se usar meios legais, diplomáticos, econômicos ou políticos. Se aalternativa pacífica não for possível, o islamismo permite o uso da força, mas háregras rígidas: inocentes, como mulheres, crianças ou inválidos, não devem serferidos e qualquer iniciativa de paz do inimigo deve ser aceita. Dessa forma, aação militar é apenas um dos modos de levar adiante a Jihad, e é o modo mais rarode fazê-lo.O conceito de Jihad foi desvirtuado por grupos políticos e religiosos ao longo dahistória a fim de justificar várias formas de violência.

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A Jihad não é um termo que remete à violência ou declaração de guerra contraoutras religiões. Vale notar que o Alcorão refere-se especificamente a judeus e acristãos como “pessoas do livro” e que adoram o mesmo Deus. Portanto, elesdevem ser protegidos e respeitados. Al-FátihaAl-FátihaBessmel'Láh Arrahmán Arrahím.Al-hamdu lel'Láhe Rabb'el Álamin.Arrahmán Arrahím.Máleki yaom'eddin.Iyyáka naabudú ua Iyáka nastaín.Ihdena çiráta'l mustaqím.çirátal'lazína anaamta alaihem ghair'el maghdúbe alaihemm ualád'dállin.Tradução:Em Nome de Deus Clemente Misericordioso.Louvado seja Deus, Senhor do Universo.O Clemente Misericordioso.Soberano do Dia do Juizo Final.A Ti adoramos e a Tua ajuda buscamos.Guia-nos à senda reta.A senda daqueles que os agraciaste,não a dos abominados nem a dos extraviados.A Biblia e a CiênciaEu não consigo entender ,caro leitor, o porque do desespero de algumas seitasquererem dar um contexto cientifico para a biblia,pois a mesma não passa de umlivro sobre ideias e conceitos metafisicos. É realmente engracado algunsdefensores do livro santo irem contra o conceito de Fé e denotando a elaexperimentos reais.Caros ilusionistas cléricos ,a Fé está em posicao totalmente contraria a qualquertipo de “prova”pois com isso ela deixaria de existir. Ora, a base do cristianismoé a Fé,sendo assim,a partir do momento que se encontrar provas de um Jesushistórico,provas cientificas de seusmilagres e ressureicao,qual sentidoteria então a Fé? O cristianismoestaria totalmente falido pois o crentenão mais acreditaria ,elesaberia,ficando assim anulada oprincipio vital de qualquer seita cristã.Erroneamente temos hoje Pastoresevangelicos e Padres debatendo comcientistas e estudiosos defendendo umponto de vista idiota a favor de uma realidade que eles,Pastores ePadres,deveriam saber que só é valida no mundo metafísico e que suas crencas sóterão sentido se a biblia não conter justamente provas contra a fé.Vemos,caro leitor, absurdos gritantes desses clericos do absurdo defenfendo ideias

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religiosas sem sentido.Recentemente, após a nova onda de crescimento dasreligiões, especialmente as pentecostalistas, têm ocorrido cada vez com maisfrequência tentativas desesperadas por parte de religiosos de salvar a veracidadebíblica a qualquer custo, apelando para argumentos desenvolvidos há décadas eque há muito foram refutados.Essas pessoas crêem que a evidência de falhas na Bíblia com relação a assuntoscientíficos seria um golpe duro na fé Cristã, pois deixaria claro que o seu autorque se alega ser Deus não poderia cometer tais erros. Nem sequer consideram apossibilidade de que no contexto temporal no qual a Bíblia foi escrita seria talvezimpraticável, mesmo para uma inteligência superior, revelar conceitos físicosimpossíveis de serem compreendidos pelos povos antigos, a não ser que sequisesse transformar tal livro num tratado científico.E então,caro leitor, através de falaciosas afirmações, de sofismas e valendo-seantes de tudo da ignorância alheia, distorcem totalmente a verdade científica e aspróprias interpretações das escrituras, forçando uma harmonia completamenteforjada e vazia entre a Revelação Bíblica e a Ciência Acadêmica.Seria mais lógico dizer que a Ciência é que está errada!Qualquer tentativa de se adaptar a Gênese Bíblica ao pensamento científico colocaa escritura num plano tão simbólico, hermético e abstrato, que é impossível de serentendido por alguém sem conhecimentos avançados de hermenêutica, física,simbologia e psicologia, afastando o "Livro Sagrado"do entendimento da maioria das pessoas e tornando suacompreensão possível apenas na contemporaneidade.Teria o autor da Bíblia escrito passagens que sópoderiam ser parcialmente compreendidas milêniosmais tarde?Para exemplificar a atitude daqueles que ainda tentamsalvar a validade científica da Bíblia, passemos a trêsquestões no campo da Física, baseadas na Bíbliaprotestante na versão de João Ferreira de Almeida. Eembora seja válido lembrar que o ideal seria umaabordagem no texto original em Aramaico, Hebráico eGrego, com amplos recursos de linguística,hermenêutica e exegese, é proveitoso observar entretanto que os apologistascristãos que defendem a acurácia científica da Bíblia também não o fazem, usandoos versículos em qualquer linguagem.Sendo assim, adentrando o próprio campo de abordagem usado por tais defensoresda inerrância Bíblica, procedo minha refutação da alguns dos mais famososargumentos em prol da sapiência científica atemporal do Livro Sagrado.Alguns estusiastas afirmam que a Bíblia:

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1 - Nunca declarou o Geocentrismo.2 - Apresenta o conceito de uma Terra esferóide.3 - E chegaria ao ponto de subentender a Força Gravitacional .Vejamos,caro leitor, o primeiro ponto.A BÍBLIA É GEOCÊNTRICA!De fato a Bíblia não declara explicitamente queo Sol gire em torno da Terra, tal afirmação erafeita principalmente por alguns filósofos gregose alexandrinos e sendo assim a Igreja Católica,influenciada por tais visões, e ignorandopropostas Heliocentristas que já existiam antesda própria fundação da Igreja de Roma, assumiutal postura intransigente, declarando oHeliocentrismo como uma heresia.O erro teria sido então apenas da Igreja e não da Bíblia? NÃO!Não se pode eximir a Bíblia de responsabilidade a esse respeito. Por mais que sedifame a Igreja Católica,caro leitor, não se pode negar que houveram sábios emsuas fileiras, cientistas e filósofos trabalharam era convicta ao Geocentrismo.A tentativa de conciliar Fé e Razão é muito por mais de mil anos, dentro de umavisão científica e bíblica da realidade e é graças as interpretações destes,especialmente dos teólogos, que a Igreja mais antiga do que muitos atuaisentusiastas bíblicos afirmam, e, no entanto tal parceria jamais foi bem sucedida nocaso da religião cristã tradicional. A postura geocêntrista da Igreja é baseada emexautisvas interpretações exegéticas e hermenêuticasda Bíblia, e não seria justo dizer que em mais de ummilênio os teólogos tiveram uma interpretação tãoerrônea.Sendo assim, a postura da Igreja deve-seprincipalmente ao fato de que a Bíblia, embora nãodeclare explicitamente o Geocentrismo, baseia-seexatamente nele! Como muitas passagensevidenciam.Obs: Será usada a Bíblia Evangélica nesta análise, pois são os Protestantes que emgeral, têm assumido a postura de defender a validade científica Bíblica. OsCatólicos não têm apresentado tal preocupação, mas se observarmos as mesmaspassagens na Bíblia Católica, o resultado final tende a ser ainda mais desastrosoquando tais passagens são colocadas como miméticas.JOSUÉ [10]"12 Então Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor entregou os amorreus namão dos filhos de Israel, e disse na presença de Israel: Sol, detém-se sobre

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Gibeom, e tu, lua, sobre o vale de Aijalom. 13 E o sol se deteve, e a lua parou, atéque o povo se vingou de seus inimigos. Não está isto escrito no livro de Jasar? Osol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um diainteiro."JÓ [9]"5 Ele é o que remove os montes, sem que o saibam, e os transtorna no seu furor;6 o que sacode a terra do seu lugar, de modo que as suas colunas estremecem; quedá ordens ao sol, e ele não nasce; o que sela as estrelas;" 7 oECLESIASTES [1:5]"O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce."Como é possível alguém retirar da leitura de trechos como esse, a idéia de que éTerra e não o Sol que se move?Todas essas idéias levavam em conta o senso comum que garantia que o Sol éque se movia em torno da Terra, não havia como interpretar de outro modo. Sevoltarmos a Gênese, veremos que tendo sido oSol criado após a Terra, seria muito maislógico entender que ele é que gira em tornodesta, caso contrário Deus teria feito a Terragirando em torno de um vazio, para sóposteriormente colocar o Sol em seu lugar.Há várias referências relativas ao movimentodo Sol e da Lua na Bíblia, masABSOLUTAMENTE nenhuma em relação aTerra. A própria Lua é tratada de formasemelhante ao Sol no que se refere a suamovimentação, e esta sim gira em torno daTerra.Para a Bíblia, Lua e Sol são astros quase iguais em tamanho. Tanto que napassagem de Josué o Sol se deteve SOBRE a cidade de Gibeom, e a Lua se deteveSOBRE o vale de Aijalom. Para a Lua isso até poderia fazer sentido, pois ela 8 évezes menor que a Terra, mas o Sol é mais de 100 vezes maior! Ele não pode estarsobre uma cidade e não sobre outra. A Bíblia considera o movimento e o tamanhoaparente dos astros como se eles fossem de fato Luminares que se movem no céu,como diz a:GÊNESE [1]"14 E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para fazerem separaçãoentre o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos; 15 esirvam de luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi. 16

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Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, eo luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas. 17 E Deus os pôsno firmamento do céu para alumiar a terra,"É estranho que seja dito que o luminar menor, a Lua, seja feito para governar anoite, uma vez que a Lua também aparece de dia e nem sempre aparece a noite. Erepare que o luminar maior, Sol, é visto como um objeto bem menor que a Terra, aponto de ser "colocado" num firmamento.A própria inversão de raciocínio entre o quê gira em torno do quê é malinterpretada. A visão geocêntrica declarava que o Sol executava um movimento deTranslação em torno da Terra, e hoje sabemos que é ao contrário. Mas na verdadetal ilusão se deve ao movimento de Rotação da Terra.Em ABSOLUTAMENTE NENHUMA passagem bíblica há qualquer referênciaao fato de que a Terra se mova, quer em torno do Sol ou que gire em torno de simesma. Antes temos o contrário:SALMOS [96]10 Dizei entre as nações: O Senhor reina; ele firmou o mundo, de modo que nãopode ser abalado. Ele julgará os povos com retidão.I CRÔNICAS [16]30 Trema diante dele toda a terra; o mundo se acha firmado, de modo que se nãopode abalar.JÓ [38] 4 Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Faze-mosaber, se tens entendimento. 5 Quem lhe fixou as medidas, se é que o sabes? ouquem a mediu com o cordel? 6 Sobre que foram firmadas as suas bases, ou quemlhe assentou a pedra de esquina,Entretanto como se pode ver claramente em várias passagens, fala-se sobremovimentos da Lua e do Sol, porque são óbvios!No episódio de Josué detendo o Sol, é evidente que para tal possuir qualquercredibilidade não seria o Sol que deveria ser parado, mas sim o movimento derotação da Terra, fato que nem de longe é sequer suposto pela Bíblia. Além disso aciência sabe que tal evento resultaria em inumeráveis catástrofes climáticas egeológicas no planeta, que também não são sugeridos na escritura sagrada.Tal período de paralisação da Terra, quase um "dia" inteiro ou seja, pelo menos 12horas, seria sem dúvida devastador, resultando inclusive em aumento dagravidade, além de incontestável e óbvio aumento de temperatura, fatostotalmente ausentes na escritura, e teria deixado evidências geológicas.Seria mais coerente afirmar que a

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Ciência é que está errada do quedizer que ela concorda com talpossibilidade.NA BÍBLIA A TERRA ÉPLANA!O mais famoso e usado argumentodos defensores da legitimidadecientífica da Bíblia é sem dúvida omais falacioso, o de que a Bíblia jáafirmava a "redondeza", comoalguns gostam de dizer, de nossoplaneta.Baseiam-se principalmente na seguinte passagem:ISAÍAS [40:22]"E ele o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para elecomo gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e o desenrola comotenda para nela habitar."O argumento tenta,caro leitor, convencer de que o termo hebráico original podeser traduzido também por Esfera ou Globo, como algumas traduções menosrigorosas já tem apresentado. Para início de conversa a Terra não é redonda! ÉEsferóide, por não ser uma esfera perfeita, Geóide seria o termo mais correto.Afirmar que a Terra é Redonda é bem típico de alguém com pouca rigorosidade arespeito de geometria, baixo rigor este totalmente necessário para aceitar a idéiade que um Círculo pode ser interpretado como uma Esfera.Círculo é uma figura bidimensional, um polígono de infinitos vértices e infinitoslados.Esfera é uma figura tridimensional,um poliedro de infinitos vértices einfinitas faces.Considerando então o restante doversículo, quase sempre omitidopelos apologistas bíblicos, o quecombina mais com a idéia de"estender os céus como cortina edesenrolar como tenda"? Faz sentidofazer isso sobre um esfera? Porqueentão não foi usada uma alegoriasimilar à que é usada no mesmo livroem ISAÍAS [22:18] "Certamente te enrolará como uma bola, e te lançará para umpaís espaçoso. Ali morrerás, e ali irão os teus magníficos carros, ó tu, opróbrio dacasa do teu senhor."?Mas vamos aceitar a hipótese de que tal passagem poderia mesmo se referir a um

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globo, e nessa suposição, vejamos como as outras passagens da Bíblia que sereferem a Círculo poderiam ficar contextualizadas.PROVÉRBIOS [8]1 Não clama porventura a sabedoria, e não faz o entendimento soar a sua voz?...22 O Senhor me criou como a primeira das suas obras, o princípio dos seus feitosmais antigos.23 Desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes de existir a terra.24 Antes de haver abismos, fui gerada, e antes ainda de haver fontes cheiasd'água .25 Antes que os montes fossem firmados, antes dos outeiros eu nasci,26 quando ele ainda não tinha feito a terra com seus campos, nem sequer oprincípio do pó do mundo.27 Quando ele preparava os céus, aí estava eu; quando traçava um círculo sobre aface do abismo,28 quando estabelecia o firmamento em cima, quando se firmavam as fontes doabismo,29 quando ele fixava ao mar o seu termo, para que as águas não traspassassem oseu mando, quando traçava os fundamentos da terra,30 então eu estava ao seu lado como arquiteto; e era cada dia as suas delícias,alegrando-me perante ele em todo o tempo;JÓ [26]7 Ele estende o norte sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada.8 Prende as águas em suas densas nuvens, e a nuvem não se rasga debaixo delas.9 Encobre a face do seu trono, e sobre ele estende a sua nuvem.10 Marcou um limite circular sobre a superfície das águas, onde a luz e as trevasse confinam.11 As colunas do céu tremem, e se espantam da sua ameaça.Como podemos ver em Provérbios a Sabedoria narra que já existia enquanto Deustraçava um Círculo sobre a face do abismo, iniciando a construção da Terraevidentemente. Se eu pretendo desenhar um círculo bidimensional num papel, euposso traça-lo, mas é muito estranho que alguém o faça para construir uma Esfera!Uma forma tridimensional!Os defensores dessa idéia de que a Bíblia presupunha a esfericidade do planetaomitem uma coisa, a de que a noção primitiva era exatamente de que a Terra eraum círculo, plano!A idéia de uma Terra chata e circular, talcomo uma pizza, é muito mais condizente

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com as passagens anteriores do que a deuma Esfera.No versículo 29 do Provérbios e no 10 de Jóvemos claramente que havia um Limite paraas águas. Por quê?Por que sem tal limite as águasprovavelmente cairiam! No abismo!? Issoprecisaria ser sequer cogitado com a idéia de uma Terra esférica? E quenaturalmente exigiria uma explicação só fornecida pela força gravitacional?Há também a clara idéia de que conceitos como cima e sobre, se aplicariam noespaço. Afinal a Terra está sobre o abismo.Além disso vemos também em Jó e em Amós a palavra Abóbada.JÓ [22:14]"Grossas nuvens o encobrem, de modo que não pode ver; e ele passeia em volta daabóbada do céu."AMÓS [9:6]"Ele é o que edifica as suas câmaras no céu, e funda sobre a terra a sua abóbada;que chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra; o Senhor é o seu nome."Uma abóbada é uma cúpula, um hemisfério, perfeita para cobrir uma superfíciecircular tal como a bandeja de uma pizza. O céu seria uma abóbada sobre a Terra,tal como uma tampa hemisférica sobre um círculo plano.A idéia de tal abóbada, cúpula celeste, não faz o menor sentido numa Terraesférica!Claro que podemos desconsiderar a abôboda e a substituir por uma "esferaceleste" salpicada de astros, que gira em torno da Terra, como se faziam oseruditos até a Idade Moderna. Isso explicaria o movimento das estrelas, fixas nofirmamento, uma vez que a Bíblia nem desconfia de que é a Terra que gira. Issoporém não melhora muito a situação.JÓ [37:18]"Acaso podes, como Ele, estender o firmamento, que é sólido como um espelhofundido?"APOCALIPSE [6:13]"e as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira, sacudida porum vento forte, deixa cair os seus figos verdes."Creio que não seja necessário comentários.Ainda que os defensores de uma Bíblia condizente com a esfericidade da Terraconsigam ignorar tais argumentos, vejamos duas passagens nas quais a idéia deuma terra plana circular é perfeitamente harmônica com a Bíblia.DANIEL [4]"10 Eram assim as visões da minha cabeça, estando eu na minha cama: eu olhava,

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e eis uma árvore no meio da terra, e grande era a sua altura; 11 crescia a árvore, ese fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até o céu, e era vista até osconfins da terra....20 A árvore que viste, que cresceu, e se fezforte, cuja altura chegava até o céu, e queera vista por toda a terra;"Esse é o sonho do rei da BabilôniaNabucodonosor, cuja simbologia forainterpretada perfeitamente pelo perspicazDaniel. Uma Terra plana circular semdúvida tem um centro, um meio, equalquer coisa que possua altura suficientepoderia ser vista de todos os pontos destecírculo. Mas faria sentido tal coisa numa Terra esférica?!Mesmo tal árvore se estendendo ao infinito, quem estivesse na parte oposta doglobo terrestre não poderia vê-la!É claro,caro leitor, que tal argumento pode ser sofismado com a alegação que porse tratar de uma profecia baseada num sonho, tal visão não precisaria representar arealidade fisica do mundo. É estranho que um Deus envie uma mensagemutilizando símbolos tão errôneos. Mas se isso não for suficiente veremos que omesmo erro é cometido novamente numa situação "real", e o pior, dessa vez noNovo Testamento, escrito séculos após Aristóteles deduzir racionalmente aesfericidade do planeta e o próprio princípio da Força Gravitacional.MATEUS [4:8]"Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos osreinos do mundo, e a glória deles;"LUCAS [4:5]"Então o Diabo, levando-o a um lugar elevado, mostrou-lhe num relance todos osreinos do mundo."Esses são os relatos dos evangelistas a respeito da tentativa de Satanás decorromper Jesus no deserto.Voltando ao raciocínio anterior, tal idéiafaz sentido numa Terra esférica? Não!Mas numa Terra plana sim.Por mais alta que fosse a montanha,ainda que maior que o Everest, devido acurvatura do planeta não seria possívelver sequer os reinos próximos ao OrienteMédio como a Pérsia, Egito ou Grécia,que dizer de todos do mundo.A única saída contra tal argumento é abstrair e apelar para um simbolismoexagerado, aniquilando a originalidade do texto e ferindo mesmo a integridade da

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Bíblia.Para completar voltemos a passagem de Eclesiastes.ECLESIASTES [1]"5 O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce."O Sol "nasce", e depois "se põe", fazendo um movimento em arco sobre a"abóbada" celeste. Mas por que o versículo não complementa dizendo apenas queo Sol volta ao seu ponto de origem, o do "nascer", completando um movimentocircular em torno do planeta? Por que precisou usar o termo "corre de volta". Aidéia que isso sugere é de que ao invés de ele se deslocar de volta ao local denascimento da mesma forma que se deslocou ao do poente, e no mesmo tempo, oque seria até bastante óbvio, precisa dizer que "corre".Simples! Por que após se por atrás do horizonte percorrendo a curvatura daabóbada, o sol "corre" por baixo da terra, provavelmente em linha reta! Casocontrário por que deveria se diferenciar o modo de dizer como ele se move de diaou de noite?Não há escapatória, quer gostem o não os crédulos, a visão da Bíblia,caro leitor, éde uma Terra Plana!O que mais me entristece é a desonestidade de quem usa a passagem de Isaías paraimpressionar os leigos sem mencionar as outras únicas duas passagens que sereferem também a forma da Terra como círculo, mas que deixam claro que não sepoderia entender tal círculo por esfera.Outros chegam a apelar para a idéia de que uma Terra em círculo é superior pelomenos a idéia de uma Terra quadrada. Entretanto nunca houve em qualquer escalanotável, uma crença que declarasse uma Terra plana não circular ou no máximocilíndrica como diziam alguns filósofos gregos.Tal atitude só pode ser explicada pela ignorância ou pela falsidade!A visão de mundo da Bíblia é condizente com uma época onde as aparênciasinduziam todos a crer num mundo plano, apesar de que já haviam sábios,contemporâneos da Bíblia por sinal, que sabiam sobre a esfericidade.A BÍBLIA JAMAIS DESCONFIOU DA FORÇA GRAVITACIONAL!Os argumentos dos enganadores que tentam empurrar uma Bíblia científicista sebaseiam também em afirmar que ninguém, apenas Deus, poderia saber que a Terraera esférica, ignorando ou desprezando sábios como Aristóteles que no terceiroséculo antes de Cristo, mesma época dos registros arqueológicos confiáveis maisantigos da Bíblia, deduziu por raciocínio lógico a esfericidade do planeta, apenasobservando que no limite do horizonte marítimo os navios desapareciam"descendo" a curvatura global, e que a sombra da Terra na Lua era sempre

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circular, o que numa Terra plana nemsempre seria possível. Ou seja, enquantoafirmam os entusiastas da cientificidadeBíblica que esta demonstravaconhecimento do mundo superior a suaépoca, os VERDADEIROS FATOS sãoque ela na verdade tinha uma visão jádefasada!Embora tenha concebido um sistemasolar geocêntrico, Aristóteles fez mais,ele solucionou um enigma que para amentalidade da época era impossível deser explicado, e do qual a Bíblia evidentemente nem passa perto. Explicou por quêas coisas que estivessem do outro lado do mundo não "caiam" no vazio, que é oque a Bíblia julga que aconteceria com a água se não sofresse um limiteestabelecido por Deus. Aristóteles deduziu no terceiro século AC, que todos osobjetos eram atraídos para o centro da Terra! Foi o precursor da gravitação .E mais! Apesar de dizerem que ele errou ao afirmar que a massa dos corpos oslevava a cair mais rapidamente, não verdade não houve tal erro, pois comofilósofo ele não fazia experiências! Ela apenas deduziu racionalmente que a forçade atração da Terra sobre um objeto de maior massa era mais intensa do que sobreuma de massa menor. A Lei da Gravitação Universal é: "Dois Corpos se atraem narazão direta de suas massas e no quadrado do inverso de suas distâncias."É claro que entre uma folha de papel e um bola de chumbo não somos capazes deperceber essa diferença mesmo no vácuo, afinal em relação à massa da Terra, amassa destes dois corpos é desprezível.E é sobre essa questão, a da Força Gravitacional, que ocorre o mais débilargumento em defesa da sapiência científica do livro sagrado. Voltando ao mesmotrecho de Jó.JÓ [26:7]"Ele estende o norte sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada."Há quem chegue ao ponto de dizer que tal passagem se refira ao campogravitacional devido a argumentos como o seguinte, apresentado por "teólogos" daSociedade Torre de Vigília, também conhecidos por Testemunhas de Jeová."...Na antiguidade, quando se escreveu a Bíblia, havia muita especulação sobrecomo a Terra era sustentada no espaço. Alguns acreditavam que a Terra erasustentada por quatro elefantes em pé sobre uma grande tartaruga-do-mar... (recuso-me a transcrever aqui o raciocínio deturpado que desenvolveram sobreAristóteles)10 A Bíblia, porém, em vez de refletir os conceitos fantasiosos, anticientíficos,

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prevalecentes na época em que foi escrita, simplesmente declarara (por volta doano 1473 AEC): "[Deus] suspende a terra sobre o nada." (Jó 26:7)No hebraico original, a palavra para "nada" usada aqui significa "nenhuma coisa",e esta é a única vez em que ela ocorre na Bíblia. O quadro que ela apresenta, daTerra cercada por espaço vazio..."Comparo esse argumento a alguém que ao comprar um carro usado, desvia o olharde um pedaço destruído da lataria e insiste em dizer que o carro está em perfeitoestado. Pior, quando de repente vê o estrago, diz que isso é exatamente a prova deque o carro está em perfeito estado, pois caso contrário o carro estaria totalmentedestruído!Ele pode até parecer convincente para um leigo ou um racionalmente acomodado,mas não sobrevive a um silogismo. Garante que o fato da Bíblia declarar a Terrasuspensa sobre o nada é superior ao da Terra suspensa sobre 4 elefantes e umatartaruga gigantes. No entando a Terra é suspensa por Deus, da mesma forma quepara a mitologia Hindu era suspensa por 4 elefantes e uma tartaruga, e para amitologia grega era suspensa por Atlas.E agora a melhor parte, Deus suspende a Terra sobre o Nada! E a tartaruga? Estásobre o quê? Nada! E Atlas? Nada! Não há qualquer vantagem nisso! Se para osHindus eram precisos animais gigantes oupara os gregos era preciso um titã, para aBíblia é preciso um Deus! Caso contrário aTerra cairia!Por quê a Terra precisaria ser suspensa? Eainda mais sobre o nada?Um garçom precisa suspender uma pizzasobre a mesa, caso contrário ela irá cair. É omesmo raciocínio da Bíblia.Os defensores de tal argumento falaciosotentam usar a própria fragilidade do versículoa seu favor, e ainda dizem que o fato de aTerra estar suspensa sobre o nada subentendeque essa suspensão se dá devido a força gravitacional!Se a Terra precisa ser "suspensa", é em relação ao Sol! Para que não "desabe"rumo a ele devido a força de atração, mas o que "suspende", evita tal colisão, éapenas o movimento de translação em torno do Sol, do qual a Bíblia sequerdesconfia.

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Sendo assim não é a força gravitacional que "suspende" a Terra e sim a energiacinética do movimento de translação, mas é claro que não é sobre isso que a Bíbliafala pois sua concepção de mundo é antiga, de que a Terra era um disco planosustentada por um Deus sobre um abismo ou um nada, coberta por uma abóbadaceleste, com um limite demarcado por Deus para que as águas não vazassem parao abismo!Se tal abismo fosse o espaço em torno da Terra como alguns querem fazer crer,por que se usa "cair" nesse abismo se o mais lógico seria "subir"? Evidentemente aTerra é cercada de Nada por todos os lados, mas na visão bíblica, abaixo destenada existe um abismo.DEUTERONÔMIO [33:13]"De José disse: Abençoada pelo Senhor seja a sua terra, com os mais excelentesdons do céu, com o orvalho, e com as águas do abismo que jaz abaixo;"Além disso, a maioria dos eruditos na linguagem Hebraica entendem o termo"Abismo" como sendo o Mar, o que torna a interpretação ainda mais absurda,como pode-se ver na idéia de um Universo Aquático, em oposição ao conceito deAbismo como Espaço.CONCLUINDOSobre o que afirmam os pseudoracionalistas que defendem a cientificidadeda Bíblia:1 - Nunca declarou o Geocentrismo?Explicitamente não. Mas toda a concepçãoda Terra na Bíblia É Geocentrista!2 - Apresenta o conceito de uma Terraesferóide?Não! A Bíblia Apresenta o Conceito deuma Terra Plana!3 - E chegaria a ponto de subentender aForça Gravitacional?Sem comentários!Escolhi estas 3 questões por que estão interligadas, mas há inúmeros outraspassagem na Bíblia que interpretadas literalmente soam como grosseiros "erroscientíficos", que da mesma forma só podem,caro leitor, ser acobertados através dedistorções interpretativas. Eis alguns exemplos do que a Bíblia teria a nos ensinarse insistíssemos em vê-la como cientificamente inerrante:Biologia:- Manchas e listras no pelo de animais são diretamente determinados porornamentos no ambiente. GÊNESE [30:35-42]

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- Lebres ruminam.- Há Insetos Alados que andam sobre 4 patas.- Morcegos são aves.LEVÍTICO [11]- O grão de trigo tem que morrer para germinar, se não morrer não germina!JOÃO [12:24]- O grão de mostarda é a menor de todas as sementes, mas cresce e se torna amaior de todas as hortaliças, e depois se transforma em ávore! MATEUS [13:31-32]Matemática:- O valor de PI é 3 exato! I REIS [7:23] II CRÔNICAS [4:2]Química:- Ouro enferruja! TIAGO [5:3] E pode ser transparente como vidro!APOCALIPSE [21:21]Saúde:- Nascendo um menino, a mãe é considerada imunda por 40 dias, se for menina,imunda por 80 dias. LEVÍTICO [12]- Sangue de animais sacrificados esterilizam doenças. LEVÍTICO [14]- A mulher menstruada é tratada como leprosa, tendo que ficar isolada por 7 dias.LEVÍTICO [15]E isso tudo sem falar em Criacionismo, Dilúvio, Homens Gigantes, Dragões e etc.Em minha opinião, não necessariamente. Mesmo uma inteligência superior utilizatermos e linguagem de uma inferior ao se comunicar com ela. Utilizar conceitoscomo Heliocentrismo, Esfericidade planetária e Gravidade para explicar a umpovo ignorante conceitos éticos, morais e religiosos seria extremamente insensato.Além disso interpretando o texto poética e alegoricamente, todas essasincoerências científicas são esvaziadas, juntamente com qualquer interpretaçãoliteral e fundamentalista.Quem daria importância ao conteúdo moral de uma mensagem que pareceriatrazer um absurdo físico?A não ser que se acrescentasse a Bíblia centenas de outros textos para explicarconceitos científicos revolucionários para a época, que sem dúvida poderiam geraruma reação de ridicularização ou uma precipitação no desenvolvimento científicode um povo que provavelmente não seria maduro para lidar com tal conhecimento.É por isso,caro leitor, que acredito que a Bíblia não necessita dessas tentativas vãsque tentam lhe atribuir exatidão científica,pois ao contrario essa deixaria de serreligiao. Minha intenção aqui não foi de forma alguma combater a Bíblia, ela é

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uma obra literária que merece todo o nosso respeito como patrimônio cultural dahumanidade, mas sim a atitude desonesta e covarde daqueles que se valem daignorância alheia para impressionar e seduzir outras pessoas a uma fé que talveznão lhe seja vocativa.Meu compromisso,caro leitor, é contra a Mentira e a Ignorância!Pessoalmente acredito que possa haver passagens da Bíblia que tenham um certocunho de moralidade dentro de uma certa racionalidade , não são todas, e acho quenem sequer a maioria.O Salmos é de uma poética impressionante, traz passagens belíssimas, assim comoos Provérbios e outros dos livros poéticos,apesar de os mesmos serem copias deconceitos mesopotâmicos e árabes.A Gênese,como já comentamos, é riquíssima em símbolos preciosos sobre apsique humana, com um conteúdo que sem dúvida ajuda a compreender nuancesculturais históricas e psicológicas,o que não se pode é tomar o gênesis como umafato literal como o fazem os fundamentalistas.E agora me desculpem os crédulos, mas Êxodo, Deuteronômio, Josué, Juízes ealguns outros apresentam um Deus simplesmente psicótico e perverso, além deque o programa de saúde do Levítico é de uma ignorância digna de seu tempo.Podemos dizer que apesar de alguns pontos discordantes ,a bíblia não passa de umlivro de receitas religiosas e morais onde não podemos levar em conta muitosconceitos que encontramos no texto bíblico, da mesma forma que no Corão, noMahabarata, no Zend Avesta, no Rig Veda, no Tao Te King, no Pistis Sophia, naCabala e etc,todos advindos da mesma veia da crendice fundamentalista..Se alguém recebesse uma mensagememanada de um plano superior não creioque tal mensagem seria literal e explícita,mas sim viria intuitivamente, o conteúdoprincipal desta mensagem no caso de umcaráter Ético fica intacto apesar de suaforma variar, mas todos os demais detalhessimbólicos podem ser adaptados a culturado local e época.Eu não acredito mais na inspiração divinana Bíblia, como pode-se ver em meu texto,mas como pensador não posso negar tal possibilidade lógica remotíssima, poismeditar se faz necessário. Porém para aqueles que acreditam, tentar usarargumentos da cientificidade inerrante destrói a própria possibilidade.A falta de criatividade dos defensores da cientificidade da Bíblia parece impedílosde construir argumentos que poderiam eliminar a discussão, sem prejuízo

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significativo tanto um livro sagrado, para as religiões que nele se baseiam e para aCiência.Se eu fosse um teólogo cristão convicto criaria argumentos mais perspicazes,como por exemplo: No caso da passagem da Isaías 40:22, de que talvez o que oprofeta tenha intuido, captado do plano superior, fosse a imagem ou a idéia doglobo terrestre, mas sua mentalidade marcada pela concepção de uma Terra planacircular o fez descrevê-la desse modo. Ou talvez sua essência, alma, ou seja, lá oque for tivesse sido elevada as alturas do espaço onde ele pode ver a Terra"redonda", mas esta evidentemente lhe pareceu um círculo. Isso não prejudicaria odemais conteúdo moral e doutrinário. Quanto aos campos biológico eantropológico,existe hoje uma corrente cristã que se intitula Novos Cristãos,queprocura dar uma conotação cientifica para as bárbaridades existentes noGênesis,mas de uma maneira totalmente atabalhoada,analoga a um cegoexplicando sobre teoria da cor. Mas o pensamento mais forte é realmente acorrente Criacionista Cristã,que prega a veracidade de que o Mundo foi feito em 7dias e todas aquelas birutices mais. É uma ala poderosa do pensamento cristãoonde figuram auroridades diversas que pretendem inclusive proíbir o ensino deCiências e Biologia nas escolas. Eu considero que a Ciência não tem respostaspara todas as indagações humanas e nem sei se algum dia terá,mas isso nãosignifica que irei jogar de maneira simplista e covarde minhas dúvidas num deusimaginativo que vive no invisível. Seria uma enorme traíção para com a minhanatureza humana. Qualquer animal doméstico como cães e gatos,por exemplo,sónos são fiéis e convivem conosco,por causa do alimento e proteção que lhescedemos,e os mesmos nos vêem como seus pais. Animais domésticos são eternosfilhotes,e assim é como eu vejo a relação humana com seus deuses.Mas prefiro,caro leitor, aplicar minha inteligência em algo mais construtivo, econfiante não em minha habilidade argumentativa, mas sim na simples autoevidência da "Errância" Bíblica quando forçada em questões científicas, desafiohumildemente a qualquer clérico a me refutar sobre o que foi apresentado emminha Obra.Um dos livros mais confusos e gnóticos da bíblia é sem dúvida o de Daniel ,comsuas previsões sobre o fim do mundo e a queda de impérios, como o de ferro.Como o Império de Ferro durou até o ano 476, e até hoje não veio a “PEDRA”,para termos melhor noção do tempo em que essaprofecia deveria cumprir-se, analisemos a visãode Daniel sobre os quatro animais:“Então tive desejo de conhecer a verdade arespeito do quarto animal, que era diferente detodos os outros, sobremodo terrível, com dentes

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de ferro e unhas de bronze; o qual devorava, faziaem pedaços, e pisava aos pés o que sobrava; etambém a respeito dos dez chifres que ele tinhana cabeça, e do outro que subiu e diante do qualcaíram três, isto é, daquele chifre que tinha olhos,e uma boca que falava grandes coisas, e parecia ser mais robusto do que os seuscompanheiros .“ Enquanto eu olhava, eis que o mesmo chifre fazia guerra contra os santos, eprevalecia contra eles, até que veio o ancião de dias, e foi executado o juízo afavor dos santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram oreino.Assim me disse ele: O quarto animal será um quarto reino na terra,o qual será diferente de todos os reinos; devorará toda a terra, e apisará aos pés, e a fará em pedaços.Quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dezreis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dosprimeiros, e abaterá a três reis .Proferirá palavras contra o Altíssimo, e consumirá os santos doAltíssimo; cuidará em mudar os tempos e a lei; os santos lhe serãoentregues na mão por um tempo, e tempos, e metade de um tempo.Mas o tribunal se assentará em juízo, e lhe tirará o domínio, para odestruir e para o desfazer até o fim. O reino, e o domínio, e agrandeza dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povodos santos do Altíssimo. O seu reino será um reino eterno, e todosos domínios o servirão, e lhe obedecerão(Daniel, 7: 21-27).O livro de Daniel gira quase que exclusivamente em torno desses quatro reinos.No capítulo 9 fala-se o seguinte: “Setenta semanas estão decretadas sobre o teupovo, e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aospecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e aprofecia, e para ungir o santíssimo.Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalématé o ungido, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; compraças e tranqueiras se reedificará, mas em tempos angustiosos. E depois desessenta e duas semanas será cortado oungido, e nada lhe subsistirá; e o povodo príncipe que há de vir destruirá acidade e o santuário, e o seu fim serácom uma inundação; e até o fim haveráguerra; estão determinadas assolações.E ele fará um pacto firme com muitospor uma semana; e na metade da semanafará cessar o sacrifício e a oblação; esobre a asa das abominações virá o

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assolador; e até a destruiçãodeterminada, a qual será derramadasobre o assolador” (versículos 24 -27).No capítulo 12, diz também: “Naquele tempo se levantará Miguel, o grandepríncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo detribulação, qual nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo (Versículo1).“E perguntei ao homem vestido de linho, que estava por cimadas águas do rio: Quanto tempo haverá até o fim destasmaravilhas?E ouvi o homem vestido de linho, que estava por cima daságuas do rio, quando levantou ao céu a mão direita e a mãoesquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que issoseria para um tempo, dois tempos, e metade de um tempo. Equando tiverem acabado de despedaçar o poder do povo santo,cumprir-se-ão todas estas coisas” (versículos 6 e 7).Mais adiante esclarece mais: “E desde o tempo em que oholocausto contínuo for tirado, e estabelecida a abominaçãodesoladora, haverá mil duzentos e noventa dias. (Versículo11).Partindo da ordem para restaurar Jerusalém, que dizem ter ocorrido em 463 ou464 a.C., contando um ano para cada dia, essas setenta semanas chegam atéaproximadamente o ano em que Jesus de Nazaré supostamente foi crucificado.Como está escrito que “ desde o tempo em que o holocausto contínuo for tirado, eestabelecida a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias”, temosque contar esses mil duzentos e noventa dias (profeticamente anos, como afirmamos intérpretes) a partir da morte do Cristo, que seriaa tirada do sacrifício contínuo.Se o assolador deveria atuar por “ um tempo, doistempos e metade de um tempo”, 1260 dias, e datirada do sacrifício contínuo para frente se contam1290, teríamos o início do “ tempo de tribulação”cerca de 30 dias (anos) após a morte do Jesus deNazaré. Isso é o tempo aproximado da crucifixãodele até o início do cerco de Jerusalém.O livro de Mateus completa, espantando qualquerdúvida de que o tempo de tribulação seja o cerco(ano 64) e destruição de Jerusalém (ano 70)ocorrendo a “Diáspora” (dispersão dos judeus pelosromanos). Vejam o que está escrito:“Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, preditapelo profeta Daniel (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujampara os montes; quem estiver no eirado não desça para tirar as coisas de sua casa,e quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a sua capa. ... porque haverá

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então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundoaté agora, nem jamais haverá (Mateus, 24: 15-21).E, no mesmo sentido, Lucas: “Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então, os que estiverem na Judéiafujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade, saiam; e os queestiverem nos campos não entrem nela. Porque dias de vingança são estes, paraque se cumpram todas as coisas que estão escritas.” (Lucas, 21: 20 -22).Conjugando os textos de Mateus e Lucas com Daniel, não há como negar que agrande tribulação tenha sido a destruição de Jerusalém e a diáspora. Em Mateusestá escrito que é uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípiodo mundo até agora, nem jamais haverá. Assim,caro leitor, não poderia ocorrernovo tempo de tribulação como muitas igrejas pregam atualmente.O RESTANTE DA HISTÓRIAContando os mil duzentos e sessenta anos a partir do início do cerco (ano 64),chegaríamos ao ano 1324.Em Mateus está escrito: “Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá osol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serãoabalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos daterra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, compoder e grande glória. E ele enviará os seus anjos comgrande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão osescolhidos desde os quatro ventos, de uma à outraextremidade dos céus” (Mateus, 24: 29 -31).Assim sendo, no século XIV (“logo após a tribulação”(que deveria durar 1260 anos – Dan. 12: 7), deveriamcomeçar os incríveis fenômenos cósmicos,fenômenos(esses copiados de maneira simplista da religião persa):escurecimento do Sol e da Lua, a queda da Estrelas, echegaria o “ filho do homem”, ele, Jesus”, com poder emuita glória, para ajuntar os “escolhidos”, “de uma àoutra extremidade dos céus” (se é que os céus têmextremidades) a começar.Os DEZ REINOS aparecem pela primeira vez no sonho de Nabucodonozor,quando ele viu uma estátua, que representava seu próprio reino e outrosvindouros, sendo os últimos reinos humanos representados pelos dedos dos pés daestátua (Daniel, 2: 31 a 44).Na visão dos quatro animais, Daniel vê o quarto reino como um animal com "dezchifres", que representariam "dez reinos" (Daniel, 7: 7 e 24).

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João, que já vivia no período chamado "tempo dos gentios", "tempo de angústia"ou "grande tribulação" (Lucas, 21: 20 a 24; Mateus, 24: 15; Daniel, 12: 1 e 11;Apocalipse, 11: 2), viu o Império Romano como uma fera com “dez chifres"(Apocalipse, 13: 1), que deveriam ser "dezreinos" (Apocalipse, 17: 12).Esses dez reinos têm sido considerados comoexistindo em tempos bastante diferentespelosintérpretesUm dosestudiososda profeciaos considerou como os reinos bárbaros quedominaram a Europa antes da Idade Média: "Osgermanos, os francos, os burgundos, os suevos,os anglo-saxões, os visigodos, os lombardos, oshérulos, os vândalos e os ostrogodos" (AlfonsBalbach, em Os Grandes Fatos e Problemas doMundo, pág. 239).Combatendo essa teoria, outro disse: "O Império Romano (do Ocidente) não sedividiu em apenas dez reinos, após o ano 476, mas em dezenas de reinos. Algumaslistas chegam a relacionar 65 reinos diferentes, resultantes das invasões bárbarasdo lado ocidental do império" (Abraão de Almeida, em Deus Revela o Futuro,pág. 50).Esse último intérprete considerou que os dez reinos seriam a ComunidadeEconômica Européia, que, nos dias em que ele escrevia, 1982, contava exatamentecom dez países. Disse: "Portanto, a união da Europa é um seguro sinal dostempos. Sinal que se tornou mais evidente quando a Grécia foi escolhida paracompletar o número de dez países membros do Mercado Comum Europeu. Jesusvem breve!" (Idem, página, 29).Tão seguro estava Abraão de que sua interpretação era a verdadeira! Masbastaram apenas mais quatro anos, para que a Espanha e Portugal quebrassem aharmonia do seu cumprimento profético.Esta é a história da COMUNIDADE ECONÔMICA EUROPÉIA (EuropeanEconomic Community) - "Criada em 1957 (Tratado de Roma) pela Alemanha,Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Holanda; em 1973, aderiram a Dinamarca,a Grâ-Bretanha e a Irlanda; em 198l, a Grécia foi admitida, seguida de Portugal eEspanha em 1986" (Almanaque Abril, 1990, página 637). Em 1986, já não eramais dez o número de países componente da comunidade, mas DOZE. O reino da"ponta pequena", que abateria "três reinos" (Daniel, 7: 7, 8 e 24) não apareceu.

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Outros anunciadores do fim, no início da década de 1990, esperaram também,caroleitor, os tais dez reinos, que deveriamse definir e auxiliar o décimo primeiroreino até 1997. Bom... 1997 passou enada aconteceu.Diante de tantas e conflitantesinterpretações, colocando ocumprimento das profecias em tempostão variados, dificilmente se sabe serealmente as profecias estão secumprindo. Cada um as adapta àquiloque favorece sua doutrina. E, pelomenos quanto ao passado, cadaintérprete encontra fatos que seenquadra bem em suas interpretações. Quanto ao futuro, sempre têm tropeçado.No entanto, não se cansam de prever o futuro.Considerando tudo isso, imagino: Qual deverá ser o novo argumento a partir deagora, quando já estamos no Século XXI? Todas previsões religiosas colocaram ofim antes do ano 2000. O que dirão os próximos profetas?Os fatos: Os judeus ficaram espalhados pelo mundo sem pátria até o século XX,muito além do tempo determinado. O Sol não se escureceu, e hoje todos sabemosser impossível as estrelas caírem sobre a Terra. Mas, não obstante essasincongruências proféticas, há bilhões de pessoasacreditando que esse Jesus chegará por esses dias poraqui para arrebatar os crentes e levar para o céu. Isso éque é hilariante!Mas algumas pessoas podem ficar perguntando: Por queaté o primeiro século da era cristã tudo se cumpriuexatamente como Daniel havia predito, e daí para frenteos rumos da história divergiram da predição e incorreramem erros assombrosos?A resposta para esta dúvida,caro leitor,é muito simples. Olivro de Daniel é um livro diferente de todos os outros doVelho Testamento. Na lei mosaica e em todos os outrosprofetas, não há qualquer promessa de recompensa após amorte; nunca se prometeu ressurreição ao povo de Israel.Apesar de alguns livros do Velho Testamento falar em pessoas levantando dotúmulo,isso era pura magia e a alma já não estava com o propenso renascido. Aalma para os antigos judeus não era imortal. A imortalidade da alma era ,para osjudeus, uma idéia totalmente desconhecida nos tempos da Babilônia ,mas o livrode Daniel trás essa doutrina, que só teve origem com a divulgação do helenismo,

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em Jesus de Nazaré.Totalmente fora da ideologia do Velho Testamento, em Daniel está escrito: “Emuitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, eoutros para vergonha e desprezo eterno” (Daniel, 12: 2). “Tu, porém, vai-te, atéque chegue o fim; pois descansarás, e estarás no teu quinhão ao fim dos dias”(Daniel, 12: 13).Essa promessa de ressurreição, que não existe entre as promessas de Iavé na leimosaica, nem na previsão da Nova Jerusalém de Isaías, é um indício de que hádedo cristão nessas escrituras. Portanto, nada tão misterioso essas prediçõesterem-se cumprido fielmente até o primeiro século da nossa era. Na bíblia sabesehoje que todas as “milagrosas”profecias que se confirmaram (o resto furoudesgraçadamente) foram escritas apos o acontecimento do fato falsamenteprofetizado.Depois de Daniel o livro mais polemizado,e por que não dizer ,também confuso, éo livro de Apocalipse.Justino o Mártir, que escreveu pelo ano de 170 da nossa era, é quem primeiro falano Apocalipse. É apontada a autoria do mesmo ao apóstolo João o Evangelista.Perguntando-lhe o judeu Trifão se não cria que Jerusalém devesse ser algum diarestaurada, respondeu Justino que sim, como o acreditavam todos os cristãos quepensavam com acerto. "Houve entre nós" - diz - "uma personagem de nome João,um dos doze apóstolos de Jesus, o qualpredisse passarão os fiéis mil anos emJerusalém". Foi opinião por muito tempoaceita pelos cristãos a de um reinado de milanos. Esse período desfrutava de grandecrédito entre os gentios. Passados mil anosretomavam os corpos as almas entre osegípcios. O mesmo espaço de tempo, et milleper annos, penavam as almas no purgatório deVirgílio,mito antes do Apocalipse. A novaJerusalém de mil anos teria doze portas, emmemória dos doze apóstolos. A forma seriaquadrada. Comprimento, largura e alturaseriam de doze mil estádios - quinhentasléguas - de maneira que as casas teriamtambém quinhentas léguas de alto. Haveria deser bem desagradável morar no último andar.Mas enfim é o que diz o Apocalipse, capítulo 21.Se foi Justino o primeiro em atribuir o Apocalipse a S. João, personalidadeshouve que lhe refugaram o testemunho, atendendo a que no mesmo diálogo com o

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judeu Trifão diz ele que, consoante o relato dos apóstolos, Jesus Cristo, descendoao Jordão, ferveu-lhe e inflamou-lhe as águas. O que não consta,caro leitor, emnenhum dos escritos dos apóstolos.O mesmo S. Justino não hesita em citar os oráculos das sibilas. E pretende tervisto restos das celas em que, no tempo de Herodes, foram encerrados no farol deAlexandria os setenta e dois intérpretes. O testemunho de um homem que teve amá fortuna de ver tais celas parece indicar mais é que devia ser metido nelas .Posteriormente Ireneu, que também acreditava no reinado de mil anos, diz tersabido de um velho que o Apocalipse era de autoria de S. João. Mas já se sensuroua. Ireneu o haver escrito não deverem existir senão quatro Evangelhos pela sórazão de ter o mundo apenas quatro partes, quatro serem os ventos cardeais e nãoter Ezequiel visto mais que quatro animais. Chama ele a isso demonstração. Emsingularidade, a demonstração do ar. Ireneu não fica atrás da visão do sr. Justino.Clemente de Alexandria, nas Electa, só se refere a um Apocalipse de S.Pedro, a que se reportava extraordinária monta. Tertuliano, partidário ferrenho doreinado de mil anos, não se contenta em afirmar que S. João predisse aressurreição e o reinado milenário na cidade de Jerusalém: quer também que estaJerusalém já se começava a formar no ar; que todos os cristãos da Palestina, e atéos pagãos, a tinham visto durante quarenta dias sucessivos às últimas horas danoite. Infelizmente, porém, mal despontava o dia a cidade se esvaecia. É caroleitor , e são esses os pais do cristianismo,tão renitente...Em seu prefácio sobre o Evangelho de S. João e nas Homilias, cita Orígenes osoráculos do Apocalipse, mas igualmente cita os oráculos das sibilas. Já S. Dinis deAlexandria, que escreveu por meados doséculo III, diz em um de seus fragmentosconservados por Eusébio que a quasetotalidade dos eruditos rejeitava por umaboca o Apocalipse como livro destituído derazão. Que esse livro não o escreveu S.João, e sim um tal Cerinto, que se servirade um grande nome para dar mais peso asuas fantasias. Coitado de Fílon deAlexandria que foi currupiado e bemrecebeu os direitos autorais pelo trabalhono Apocalipse.O concílio de Laodicéia (360) nãorecenseou o Apocalipse entre os livroscanônicos. Singular é haver Laodicéia

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repulsado um tesouro que lhe fora enviadoexpressamente, e que também o refutasse obispo de Éfeso, cidade em que sedescobrira, “ enterrado”, esse livro de S . João.Para todos S. João ainda padejava na sepultura, fazendo a terra levantar ebaixar continuamente. Entanto esses mesmos senhores certos de que S. João nãoestava de todo morto, também estavam certos de que ele não escrevera oApocalipse. Os advogados do reinado de mil anos, não obstante, mantiveram-seirremovíveis em sua opinião. Sulpício Severo (História Sagrada, livro 9) chamainsensatos e ímpios aos que não acatavam o Apocalipse. Afinal, depois de muitadúvida, muita oposição de concílio a concílio prevaleceu o parecer de SulpícioSevero. Desmistificado o mistério, decidiu a igreja ser o Apocalipseincontestavelmente de S. João. Não há, pois, apelar,e fecha a conta.Atribuíram as comunhões religiosas cada qual a si as profecias desse livro.Nele viram os ingleses as revoluções da Grã Bretanha. Os luteranos, as convulsõesda Alemanha. Os reformados da França, o reinado de Carlos IX e a regência deCatarina de Médicis. Todos tiveram igualmente razão.Bossuet e Newton comentaram o Apocalipse. As declamações eloqüentes deum e as sublimes descobertas cientificas de outro foram-lhes, todavia, totalmenteinúteis,pois não conseguiram associar qualquer conhecimento apocaliptico aosconhecimentos científicos descobertos.. Quando foi escrito o livro de Apocalipse? Eu não acreditoque,caro leitor, tenhamos de saber a data exata em que oalegado João escreveu para entender a mensagem básica deApocalipse. Mas, achamos algumas coisas no livro, caroleitor, que nos dão uma idéia de quando foi escrito. Hápelo menos três pontos de vista populares quanto à data doescrito.Durante o reinado de Domiciano (cerca de 95 d.C.).Baseado em referências exteriores ao livro, especialmenteum comentário por Irineu (escrevendo cerca do ano 180d.C.), que o Apocalipse foi escrito próximo do fim do reinado de Domiciano,muitos comentários datam o livro de cerca de 95 ou 96 d.C.Durante o reinado de Nero (cerca de 68 d.C.). Baseadoespecialmente na história da perseguição por Nero e referênciasdentro do livro, como a menção do templo e seu mobiliário(11:1), e a cidade santa (11:2), algumas pessoas acreditam queo livro foi escrito perto do fim do reinado de Nero, e que elefala especialmente da destruição de Jerusalém, que ocorreu noano 70 d.C.Inclusive a mítica sobre o número 666refere-se claramente ao numero cabalístico para onome Nero.Durante o reinado de Vespasiano (69-79 d.C.).Baseado em evidência interna, especialmenteApocalipse 17:10, alguns estudantes da Bíblia

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acreditam que o livro foi escrito entre as duas "bestas"perseguidoras. Identificando estas bestas como Nero eDomiciano, "o que existe" é Vespasiano. Esta pareceser a mais específica referência a data no livro, e esteponto de vista é mais consistente com a abordagemgeral de colocar o texto bíblico acima dos argumentos históricos. Destaperspectiva, as punições discutidas no livro seriam dirigidas especialmente para opoder do mal comandado pelo imperador romano Domiciano. Enquanto eureconheço alguns argumentos razoáveis em minhas pesquisas para sugerir outrasdatas, pessoalmente favoreço esta posição, preferindo apoiar-me mais firmementena evidência interna do que nos argumentos históricos.O que as bestas do capítulo 13 representam? Depois de encontrar o próprio diabono capítulo 12, encontramosdois de seus maiores servosno capítulo 13: a besta do mare a besta da terra. A besta domar é uma figura de poder,especificamente um poderreal ou de governo, querecebeu adoração doshomens. Uma comparaçãodestas bestas com os quatroanimais de Daniel 7 ajuda-nosa identificar o reino apontado.Daniel(atribuído a ele),escrevendo à época dosMacabeus ou ao tempo daformação do cristianismo.,viu quatro animais querepresentavam sucessivosreinos emergindo do mar.Podemos identificar estesreinos como Babilônia,Medo-Pérsia, Grécia e Roma.João, escrevendo cerca de 200ou 100 anos mais tarde, vê apenas uma besta, mas esta terrível besta temcaracterísticas das três primeiras que Daniel tinha visto (leão, urso e leopardo). Écomo se cada animal fosse consumido por seu sucessor, até que a besta finalmostre características de cada um dos anteriores. A besta do mar evidentementerepresenta o governo romano ou, mais especificamente, um imperador perseguidortal como Domiciano. A besta da terra encorajava o povo a adorar a besta do mar.

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Ela representaria, então, a força religiosa que procurava reverenciar o imperadoracima do próprio Iahwéh.Os reinos das profecias de Daniel:A profecia corresponden Qual é o significado de Apocalipse 17:8-11? Aqui, umanjo disse a João sobre a besta com 7 cabeças e 10 chifres, que é a mesma que abesta do mar de 13:1-10. Nesta descrição,ele diz que a besta"era e não é, está paraemergir do abismo ecaminha para adestruição". Elecontinua, dizendo queas sete cabeçasrepresentam 7 reis,"dos quais caíramcinco, um existe, e ooutro ainda nãochegou; e quando chegar, tem de durar pouco. E a besta, que era e não é, tambémé ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição" (17:10-11).te,de Daniel 7, fala de 10 reis e então o 11º rei pomposo, que se levantaria eremoveria 3 reis anteriores. Estas profecias parecem indicar os mesmosacontecimentos da era romana. Daniel, escrevendo 200ou 100 anos antes de João,falou de 11 imperadores que viriam de Roma. João, vendo mais claramente que 3deles nunca estabeleceram claramente seu poder, vê somente 8. A tabela noapêndice relaciona estas duas profecias com os nomes dos imperadores romanosaté Domiciano. Independentemente de identificação específica de figurashistóricas, este texto torna claro que João escreveu durante um intervalo entre doisperíodos de grande perseguição. Tinha havido perseguição (veja 2:13; 6:9) ehaveria mais perseguição no futuro (veja 2:10; 3:10; 6:11). Ele alertava para asprivações que os judeus teriam pela frente. Erroneamente se pensa,caro leitor, queo suposto João estava se referindo aos cristãos. As profecias colocadas por umfictício João na realidade já haviam acontecido. Hoje se sabe que o números decristãos mortos pelo império romano é bem aquém daquele numeral dado pelospais da igreja. Se formos computar um numero quase exato teríamos cerca demenos 1200 cristãos mortos, não por uma suposta intransigência romana para comos cristãos,mas sim por desordens politicas provocadas por estes ou pelos crestõeszilotas.

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Daniel 2 Daniel 7 Daniel 8IdentificaçãoOuro Leão Babilônia(2:37-38)Prata Urso Carneiro Medo-Pérsia(8:20)Bronze Leopardo Bode Grécia (8:21)Ferro/Barro Terrível/Diferente [Roma]Qual é a marca da besta? "Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhefoi dado executar diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam umaimagem à besta, àquela que, ferida à espada, sobreviveu . .. Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimentocalcule o número da besta, pois é número de homem. Ora,esse número é seiscentos e sessenta e seis" (Apocalipse13:14,18). Autores e pregadores sensacionalistasfazem fortunas mascateando suas incríveisinterpretações da marca da besta. Quando nosrecordamos,caro leitor, que o Apocalipse é um livrode símbolos, não há razão para interpretar esta marcacomo uma marca literal de um número literal mau. Num livro de coisas queaconteceram no tempo de João, não há razão para temermos hoje que alguma"marca da besta" específicaesteja por vir. Estes versículosnos dizem que o númerosimboliza o poder da besta sobreos homens, até o ponto de evitarque aqueles que não adoram abesta do mar façam negócios decompra e venda.Uma explicação razoável damarca da besta tem relação comos imperadores romanosrelacionados na tabela noapêndice. Depois da morte deNero, correram rumores durante décadas de que ele estava voltando. Historiadorescomo Tácito e Suetônio se referem a estas idéias de que Nero ressurgiria de algummodo. Isto é muito semelhante às tendências modernas de pensar que qualquermau ditador seja um outro Adolfo Hitler. Em conexão com isto, algunscomentadores e léxicos sugerem que o número 666 é baseado num sistema denumerologia em que cada letra recebeu um valor numérico, e que em hebraico onome de Nero César seria 666.Uma explicação mais simples é baseada na idéia de que 7 é umnúmero de perfeição, e 6, portanto, de imperfeição, fracasso emal. Portanto, 666 seria a descrição do extremo fracasso do

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intenso mal. O rei assim descrito seria um homem muito mau.Por contraste, aqueles que servem o Cristo perfeito que nãofalha, recebem a marca de Deus ou selo de perfeição (7:1-8;14:1).Lembremos que a historia desse João parece muito com ade Sêneca,que também foi perseguido por Nero. Me parece caro leitor é que esseJoão não passa de algum dicipulo judeu do estoicismo reinante à época .O que é a batalha de Armagedom? "Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rioEufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do ladodo nascimento do sol. Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falsoprofeta três espíritos imundos semelhantes a rãs; porque eles são espíritos de demônios,operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para apeleja do grande Dia do Deus Todo-poderoso. (Eis que venho como vem o ladrão. Bemaventuradoaquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja asua vergonha.) Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom"(Apocalipse 16:12-16).Sensacionalistas, especialmente premilenaristas (pessoas que acreditam queum Jesus vai estabelecer um reino físico e reinar aqui na terra durante 1.000 anos),falam constantemente da batalha de Armagedom. Eles a retratam como algumagrande batalha futura que mudará o mundo que conhecemos. Muitos falam damoderna tecnologia de guerra e de holocausto nuclear. Eles pintam,caro leitor, umquadro amedrontador, e acrescentam persuasivamente a autoridade da Bíblia para"provar" seu caso. Mas quandoremovemos as interpretaçõesimaginativas daqueles queatiram a mensagem deste livrono futuro, podemos estarcertos,caro leitor, de duas coisas:Esta batalha, qualquer que tenhasido, aconteceu há muito tempo.Colocar a batalha deArmagedom no futuro éclaramente a filosofia do caostão difundida pelosfundamentalistas cristãosirresponsaveis, apregoam aosquatro ventos que o tempo estapróximo. Eu pergunto, próximo do que? Nem eles mesmos sabem, pois o

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apocalipse foi escrito a quase 2000 mil anos atrás.Este cenário de batalha é típicodas cenas de batalhas proféticas descrevendo o julgamento de Deus sobre nações,em vários pontos da História (veja, por exemplo, as cenas similares de Ezequiel38-39 e Joel 3.)O próprio nome Armagedom é, provavelmente, uma referência ao campo debatalha de Megido, paraevocar imagens de umaconfrontação decisivaentre forças do bem e domal. Foi encontradarecentemente uma placaem argila(Museu delondres) descrevendo abatalha no céu onde odeus marduk mata odragão Tiamat e seusexércitos,analogo ao texto bíblico.Satanás reuniu seus mais poderosos servos. O versículo 13 fala do dragão(Satanás), a besta (besta do mar ou poder governamental) e o falso profeta (oubesta da terra). Mas aquele que está comandando as forças do bem é descritocomo "Deus Todo-poderoso" (versículo 14). Pode haver alguma questão quantoao resultado desta batalha? Toda dúvida é removida nos capítulos 19 e 20, onde asduas bestas são derrotadas (19:19-21) e o próprio Satanás é atirado no lago defogo (20:7-10). O relato bíblico é totalmente desprovido, nesse ponto ,de contatocom a realidade e consiencia . As imagens apolcalipticas nos fornecem umadescrição fortemente gnostica e enraizada em uma pseudo-realidadefantasmagórica.O que é o reino de 1000 anos do capítulo 20? Apocalipse 20 é o único texto naBíblia que menciona um reino de 1000 anos. "Então, vi descer do céu um anjo;tinha na mão a chave doabismo e uma grandecorrente. Ele segurou odragão, a antiga serpente,que é o diabo, Satanás, e oprendeu por mil anos;lançou-o no abismo, fechouoe pôs selo sobre ele, paraque não mais enganasse asnações até se completaremos mil anos. Depois disto, énecessário que ele seja soltopouco tempo. Vi tambémtronos, e nestes sentaram-seaqueles aos quais foi dadaautoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho

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de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adorarama besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e namão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortosnão reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeiraressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeiraressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário,serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos" (Apocalipse20:1-6).Nestes versículos repousa todo ocaso do premilenarismo, umadoutrina muito popular em nossaidade moderna. Exigindo umcumprimento literal de profeciascomo esta, os premilenaristasdesenvolveram seu próprioesquema de interpretação Bíblicano qual as passagens são isoladasde seus contextos. O problemadeste sistema não é limitado aApocalipse 20, mas é claramenteilustrado aqui.O leitor cuidadoso provavelmenteachará difícil este texto. Elepoderá ter que dizer que nãotem certeza dos cumprimentosprecisos dos vários pormenores.Mas pode ter absoluta confiançaque, o que quer que este períodode 1000 anos possa representar,seu ponto de início não pode estarno futuro. Mais uma vez, temosque nos lembrar dos limites divinos tresloucados colocados neste livro. João ouFílon não escreveu de coisas no futuro distante, mas de coisas que estavam muitopróximas quando ele escreveu o livro. Precisamos também nos lembrar que estapassagem é dada como compromisso de um Deus aos judeus martirizados. Maisuma vez aparece um numeral místico que neste caso é o 1000. Curioso que paraos judeus o numero 1000 representa a eternidade, teríamos então o dragão presopara sempre,uma guerra eterna e os mortos estariam nesseestado também para sempre. Creio eu que houve erros deinterpretação nas diversas traduções. Se pegarmos aepopéia de Zoroastro (profeta persa) teremos uma analogia

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impressionante com essa mesma passagem,lembrando aoleitor que no Museu do Louvre em Paris esta exposta umaplaca sumeriana datada de 2000 AC,onde está retratada abatalha entre o Bem eo Mal ,no céu.Conquanto possamos sempre ter algumas dúvidas sobrecomo explicar melhor este texto, algumas mensagens sãomuitas claras. Temos no Apocalipse uma fusão de idéias e conceitos de variastradições antigas. Deus terminando o mundo com fogo é visivelmente umaconcepção brahmânica. A guerra no céu é corrupiado do zoroastrismo. O profetadeclarando as suas visões de destruição, aprisionado em uma ilha me lembramuito as seitas de mistérios (na qual o cristianismo é uma das mais importantes) eanjos e demônios povoando o pensamento e o medo humanos,me causampreocupação. Vamos desde já, caro leitor, dar um basta em toda essa mazelaconstituída de bobagens e vamos nos ater urgentemente à realidade, esta sim, mãede toda existência e parceira da sabedoria que nos liberta dos grilhões dacredulidade insana.Podemos terminar nossa analise desse livro tão perturbado, quanto o livro em queele esta inserido,jogando fora,caro leitor,toda essa parafernália mitológica querende tantos dividendos para os espertalhões do caos,onde a cada desastremundial, seja ele natural ou causal,é comemorado por esses clarividentes da morteAnjosO Apocalipse é recheado com as figuras dos anjos, seres mitológicos,como jávimos anteriormente, provindos da mitologia persa. “Enviado ” em grego.Devemos acrescentar que os persas tinham peris, os hebreu malakhs, os gregosseus daimones. Mas talvez nos esclareça mais saber que uma das primeiras idéiasdo homem foi interpor seres intermediáriosentre a Divindade e nós. São os demônios, osgênios ideados pela antigüidade. O homemsempre criou os deuses à sua imagem. Viamseos príncipes transmitir suas ordens pormensageiros: então a Divindade tambémtinha seus correios. Mercúrio, Isis,(entidadesgreco –romanas) eram mensageiros, arautos .Os hebreus, povo conduzido pela própriaDivindade, a princípio não deram nomes aosanjos que por fim Deus assentia em enviarlhes.Tomaram de empréstimo os nomes que lhes davam os caldeus, quando a naçãojudaica esteve cativa em Babilônia. Miguel e Gabriel são referidos pela primeiravez por Daniel, escravo entre aqueles povos. O judeu Tobias, que vivia em Nínive,conheceu o anjo Rafael, que viajou com seu filho paraajudá-lo a reaver certa soma que lhe devia o judeu

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Gabael.Não aparece nas leis dos judeus, isto é, o Levítico eo Deuteronômio, a menor menção à existência dosanjos. Muito menos ao seu culto. Tão pouco criam emanjos os saduceus.Nas histórias judaicas, porém, os anjos são muitofalados. Eram corporais e tinham asas nas costas, comoimaginaram os antigos que tivesse Mercúrio noscalcanhares - Às vezes escondiam-nas sob as vestes.Como não teriam corpo se bebiam e comiam? Se oshabitantes de Sodoma quiseram cometer o pecado dapederastia com os anjos que foram à casa de Ló?Segundo Ben Memon, admitia a antiga tradição judaica dez graus, dez ordensde anjos - Primeira: cheios acodesh - puros, santos. Segunda: ofamim - rápidosTerceira: oralim - fortes. Quarta: chasmalim - flamas. Quinta: seraphim -centelhas. Sexta: malakhim - mensageiros, deputados. Sétima: eloim - deuses oujuizes. Oitava: ben eloim - filhos dos deuses. Nona: cherubim - imagens. Décima:ychim - animados.Não consta nos livros de Moisés a história daqueda dos anjos. Como já citamos anteriormente ,seuprimeiro testemunho quem nos dá é o profeta Isaías,que, apostrofando o rei, exclama: "Que é feito doexator das tribos? Os pinheiros e cedros regozijamsecom sua queda. Como caíste do céu, ó Helel,estrela da manhã? Traduziu-se Helel pela palavralatina Lúcifer,erro esse cometido,como já sabemos,por Orígenes, um dos pais da igreja,. Depois, emsentido alegórico, deu-se o nome de Lúcifer aopríncipe dos anjos que atiçaram a guerra no céu.Finalmente o termo, que significa fósforo e aurora,oumelhor o planeta Vênus tornou-se nome do Diabo.A religião cristã funda-se na queda dos anjos. Os que se revoltaram foramprecipitados das esferas que habitavam ao inferno, no centro da terra, etransmudaram-se em diabos. Um diabo transfigurado em serpente tentou Eva edesgraçou o gênero humano. Jesus veio resgatar os homens e vencer o diabo, queainda nos tenta. Essa tradição fundamental, contudo, oengraçado desta historia insólita é de que só aencontramos no livro apócrifo de Enoque,livro esserecusado pela igreja cristã. É sem duvida uma balburdiaevangélica sem nenum conexo.Não teme Santo Agostinho (carta centésima nona)em reportar tanto aos anjos bons como aos anjos mauscorpos livres e ágeis. Reduziu o papa Gregório II anove coros, nove hierarquias ou ordens os dez coros deanjos admitidos pelos judeus. São eles: serafins,

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querubins, tronos, dominações, virtudes, potências, arcanjos e finalmente os anjos,que emprestam o nome às oito outras hierarquias.Tinham os judeus no templo dois querubins, cada um com duas cabeças - umade boi e outra de águia - e seis asas. Representamo-los hoje sob a forma de umacabeça solta com duas asinhas abaixo das orelhas.Pintamos os anjos e os arcanjos sob a figura de jovens com um par de asas nascostas. Quanto a tronos e dominações, ainda ninguém se lembrou de retratá-los.Diz Sto. Tomás (questão centésima oitava, artigo 2o.) estarem os tronos tãopróximos de Deus quanto os serafins, pois é sobre eles que se acha sentada aDivindade. Scot contou um bilhão de anjos. Tendo o antigo mito dos gênios bonse maus passado do Oriente à Grécia e Roma, consagramo-lo admitindo para cadapessoa um anjo bom e outro mau. Um ajuda-a e o outro molesta-a do nascimento,à morte. Ainda não se estabeleceu, contudo, se esses anjos bons e maus mudamcontinuamente de posto ou são rendidos por outros. Consulte-se sobre o ponto aSuma de Sto. TomásOutro ponto que tem dado pano a muita controvérsia é o lugar onde seconjuntariam, os anjos - no ar, no vácuo ou nos astros? Não agradou a Deus pôrnosa par dessas questões.Como detectamos, caro leitor,a bíblia não passa de um amontoado de mitos efábulas que são bombardeadas desde o nosso nascimento como um memenmaldito. Coisas absurdas parecem fazer sentido simplesmente pelo fato deestarem presentes em nosso subconsciente. Eu sei que é muito difícil vocêexplicar para uma pessoa ,que já esta com seu cérebro impregnado pelo vírus doabsurdo , que não há razão na fé,mas faco a minha parte ante minha conciencia.RazãoOutro dia estava conversando com um amigo meu que é um cristão ativo, e fuiquestionado sobre a construção de minha obra literária. “ Veja como Deus é amor,pois você só esta escrevendo esse livro de injurias sobre Deus graças ao livrearbítrio que o Criador da à todas as pessoas...” Meu caro amigo esse livrearbítrio é de uma arrogância antidemocrática incrível. Veja só o amor que é esseDeus cristão; Você pode fazer o que você quiser meu filho ,só que se você nãoestá comigo esta contra mim então você vai morrer queimado no inferno,note caroleitor ,o leque de opções que você tem nesse livre arbítrio,duas para sermosexatos. Ou você faz o que Deus estabelece e vive ou você não faz o que Deusestabelece e morre...Realmente muito bom! Decidi então repassar ao leitor 12

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argumentos que definem a impossibildade de Deus ou qualquer outro ser supremo1º argumento: O gesto criador é inadmissívelQue se entende por criar?É tomar materiais diferentes, separados, mas que existem, e, valendo-se deprincípios experimentados e aplicando-lhes certasregras conhecidas, aproximá-los, agrupá-los,associá-los, ajustá-los, para fazer qualquer coisadeles?Não! Isso não é criar. Exemplos: podemosdizer que uma casa foi criada? Não, foi construída;podemos dizer que um móvel foi criado? Não, foifabricado; podemos dizer que um livro foi criado?Não, foi composto e depois impresso.Assim, pegar materiais que já existem e fazer qualquer coisa com eles não écriar.Que é, pois, criar?Criar... com franqueza, encontro-me indeciso,caro leitor, para poderexplicar o inexplicável, definir o indefinível. Procurei, contudo, fazer-mecompreender,como diria Kant.Criar é tirar qualquer coisa do nada; é, com nada, fazer qualquer coisa dotodo; é formar o existente do não-existente.Ora, eu imagino que é impossível encontrar-se uma única pessoa dotada derazão que conceba e admita que do nada se possa tirar e fazer qualquer coisa.Suponhamos um matemático. Procure o calculador mais autorizado; coloque-odiante de uma lousa e peça que escreva zero sobre zeros. Terminada a operação,solicite-lhe que os multiplique da forma que entender, que os divida até se cansar,que faça enfim toda a sorte de operações matemáticas, e há de ver como ele nãoextrairá, desta acumulação de zeros, uma única unidade.Com nada, nada se pode fazer; de nada, nada se obtém. É por isso que ofamoso aforismo de Lucrécio ex nihilo nihil é de uma certeza e de uma evidênciamanifesta. O gesto criador é um gesto impossível de admitir, é um absurdo.Criar é, pois, uma expressão místico-religiosa, que pode ter algum valor aosolhos das pessoas a que agrada crer naquilo que não compreendem e a quem a féque se impõe tanto mais quanto menos o percebem. Mas devemos convir que apalavra criar é uma expressão vazia de sentido para todos os homens cultos esensatos, para quem uma palavra só tem valor quando representa uma realidade ouuma possibilidade.Conseqüentemente, a hipótese de um ser verdadeiramente criador é umahipótese que a razão repudia.O ser criador não existe, não pode existir. Mas como para o ingênuo tudo épossível...2º argumento: O “puro espírito” não podia determinar o Universo

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Aos crentes que, a despeito de todo o raciocínio, se obstinam em admitir apossibilidade da criação, direi que, em todo o caso, é impossível atribuir estacriação ao seu Deus. O Deus deles é puro espírito. Portanto, é inteiramenteimpossível sustentar-se que o puro espírito, o imaterial, tenha podido determinar oUniverso, o Material.Eis o porquê:O puro espírito não está separadodo universo por uma diferença de grau,de quantidade, mas sim por umadiferença de natureza,de qualidade. Demaneira que o puro espírito não é, nempode ser, uma ampliação do Universo,assim como o Universo não é, nem podeser, uma redução do puro espírito. Aquia diferença não é somente uma distinção;é uma oposição: oposição de natureza – essencial, fundamental, irredutível,absoluta.Entre o puro espírito e o Universo não há somente um fosso mais ou menoslargo e profundo, fosso que possa, a rigor, encher-se ou franquear-se. Não. Entre opuro espírito e o Universo há um verdadeiro abismo, duma profundidade e de umaextensão tão imensos, que por colossais que sejam os esforços que se empreguem,caro leitor, não há nada nem ninguém que consiga enchê-lo ou franqueá-lo.Reportando-me ao meu raciocínio, desafio o filósofo mais sutil, bem comoo matemático mais perito, a estabelecer uma relação, qualquer que ela seja (e, coma mais forte razão, uma relação tão direta quanto estreita, como a que liga a causaao efeito) entre o puro espírito e o universo.O puro espírito não suporta,caro leitor, nenhuma aliança material. O puroespírito não tem forma nem corpo, nem linha, nem matéria, nem proporções, nemextensão, nem dureza, nem profundidade, nem superfície, nem volume, nem cor,nem som, nem densidade. Ora, no Universo, tudo é forma, corpo, linho, matéria,proporção, extensão, dureza, profundidade, superfície, volume, cor, som,densidade.Como admitir que isto tenha sido determinado por aquilo? Impossível.Chegando a este ponto da minha demonstração, a conclusão seguinte:Vimos que a hipótese de um Deus verdadeiramente criador é inadmissível;que persistindo mesmo na crença desse poder, não pode admitir-se que oUniverso, essencialmente material, tenha sidodeterminado por um puro espírito,essencialmente imaterial.Mas se os crentes se obstinam em afirmarque foi o seu Deus o criador do Universo, nos

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impõe-se o dever de lhes fazer esta pergunta:segundo a hipótese Deus, onde se encontrava aMatéria, na sua origem, no seu princípio?De duas, uma: ou a matéria estava fora deDeus, ou era o próprio Deus (a não ser que lhequeiram dar um terceiro lugar). No primeirocaso, se a matéria estava fora de Deus, Deus nãoteve necessidade de criá-la, visto que ela jáexistia; e, se ela coexistia com Deus, estavarespectivamente com ele, do que se entende queDeus não é o criador.No segundo caso, se a matéria não estava fora de Deus, encontrava-se nopróprio Deus.E, daqui, tiro a conclusão seguinte:1º Que Deus não era puro espírito, porque encerrava em si uma partícula dematéria – e que partícula! A totalidade dos mundos materiais!2º Que Deus, encerrando em si próprio a matéria, não teve a necessidade decriá-la, porque ela já existia. Assim, existindo a matéria, Deus não fez mais do queretirá-la de onde estava; e, neste caso, a criação deixa de ser um ato de verdadeiracriação para se reduzir a um ato de exteriorização.Nos dois casos não existe, pois, criação.3º argumento: O perfeito não pode produzir o imperfeitoEstou plenamente convencido de que se eu fizer a um religioso a pergunta:“ Pode o imperfeito produzir o perfeito?”, ele responderia sem vacilar: – Não, oimperfeito não pode produzir o perfeito!Pelas mesmas razões, e com a mesma força de exatidão, eu posso afirmar –O perfeito não pode produzir o imperfeito!Mais: como já vimos, entre o perfeito e oimperfeito não há somente uma diferença de grau, dequantidade, mas uma diferença de qualidade, denatureza, uma oposição essencial, fundamental,irredutível, absoluta.E mais ainda: entre o perfeito e o imperfeitonão há somente um fosso, mais ou menos largo eprofundo, mas um abismo tão vasto e tãoestonteante, que ninguém o pode dispensar ouentulhar. O perfeito é o absoluto, o imperfeito orelativo. Em presença do perfeito que é tudo, orelativo, o contingente não é nada; em presença doperfeito, o relativo não tem valor, não existe. E nemo talento de um matemático e nem o gênio de um filósofo serão capazes deestabelecer uma relação entre o relativo e o absoluto: a priori sustentamos aimpossibilidade de evidenciar, neste caso, a rigorosa concomitância que devenecessariamente unir a Causa ao Efeito.É, portanto, impossível que o perfeito haja determinando o imperfeito.Além disso, há uma relação direta, fatal e até matemática entre uma obra eseu autor: tanto vale a obra quanto vale o autor, tanto vale o autor quanto vale a

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obra. E pela obra que se conhece o autor, comoé pelo fruto que se conhece a árvore.Se eu examino um texto mal redigido,em que se abundam os erros de ortografa e asfrases são mal construídas, o estilo é pobre efrouxo, as idéias raras e banais, e osconhecimentos inexatos, eu sou incapaz deatribuir este péssimo escrito a um construtor defrases, a um dos mestres da literatura.Se observo um desenho malfeito, em queas linhas estão mal traçadas, violadas as regrasdo perspectiva e da proporção, jamais meacorrerá o pensamento de atribuir este esboçorudimentar a um professor, a um grandemestre, a um grande artista. Sem à menor hesitação direi: isto é obra de umaprendiz, de uma criança, certo de que pela obra se conhece o artista.Ora,caro leitor, a natureza é bela, o Universo é grandioso. E eu admiroapaixonadamente , tanto o que mais admiro , os esplendores e as grandezas quenos oferecem estes espetáculos incessantes. Mas, por muito entusiasmado que euseja das belezas naturais, e por grande que seja a homenagem que eu dedique, nãome atrevo o afirmar que o Universo é uma obra sem defeitos, irrepreensível,perfeita. E não acredito que haja alguém que me desminta.Sim, o Universo é uma obra imperfeita.Conseqüentemente, digo: há sempre, entre uma obra e seu autor, umarelação rigorosa, íntima, matemática. Ora, se o Universo é uma obra imperfeita, oautor desta obra não pode ser senão imperfeito.Esse silogismo leva-me a admitir a imperfeição de Deus, e porconseqüência a negá-lo.Mas eu posso ainda raciocinar assim: ou não é Deus o autor do Universo(exprimo desta forma a minha convicção), ou o é, na suposição dos religiosos.Neste caso, sendo o universo uma obra imperfeita, seu Deus, ó crédulo, é tambémimperfeito.Silogismo ou dilema, a conclusão do raciocínio é esta: o perfeito não podedeterminar o imperfeito.4º argumento: O ser eterno, ativo, necessário, não pode, em nenhum momento, terestado inativo ou ter estado inútil.Se Deus existe é eterno, ativo e necessário.Eterno? – É, por definição. É a sua razãode ser. Não se pode conceber que ele estejaenclausurado nos limites do tempo. Não se podeimaginar como tendo tido começo e venha a terfim. Não pode haver aparição e desaparição. É desempre.Ativo? – É, e não pode deixar de ser.

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Segundo os religiosos, foi sua atividade queengendrou tudo quanto existe, como foi a suaatividade que se afirmou pelo gesto mais colossale majestoso que imaginar se pode: a criação dosmundos.Necessário? – É, e não pode deixar de ser, visto que sem a sua vontade,nada existiria: ele é o autor de todas as coisas, o ponto inicial de onde saiu tudo, afonte única e primeira de onde tudo emanou. Bastando-se a si próprio, dependeude sua vontade que tudo fosse tudo ou que fosse nada.Ele é, portanto: eterno, ativo e necessário.Mas eu pretendo e vou demonstrar, caro leitor, que se Deus é eterno, ativo enecessário, também deve ser eternamente ativo, e eternamente necessário. E que,por conseqüência, ele não pôde, em nenhum momento, ter sido inativo ou inútil, eque enfim, ele jamais criou.Negar que Deus seja eternamente ativo equivale o dizer que nem sempre ofoi, que chegou a sê-lo, que começou a ser ativo, que antes de o ser não o era.Dizer que foi pela criação que ele manifestou a sua atividade é admitir, ao mesmotempo, que por milhares e milhares de séculos que antecederam a ação criadora,Deus esteve inativo.Negar que Deus seja eternamente necessário equivale a admitir que ele nemsempre o foi, que chegou a sê-lo, que começou o ser necessário e que antes de oser não o era. Dizer que a criação proclama e testemunha a necessidade de Deusequivale a admitir, ao mesmo tempo, que, durante milhares e milhares de séculos,que seguramente precedeu a ação criadora, Deus era inútil.Deus ocioso e preguiçoso! Deus inútil e supérfluo! Que triste postura paraum ser essencialmente necessário.É preciso, pois, confessar que Deus é de todo o tempo ativo e de todo otempo necessário.Mas então Deus não pôde criar, porque a idéia de criação implica, demaneira absoluta, a idéia de começo, de origem. Uma coisa que começou é porquenem sempre existiu. Existiu necessariamente num tempo em que, antes de o ser,não o era. E, curto ou longo, este tempo foi que precedeu a coisa criada; éimpossível suprimi-lo, visto que, de todos os modos, ele existe.Assim, temos de concluir:a) Ou Deus foi eternamente ativo eeternamente necessário, e só chegou a sê-lo porcausa da criação (e, se é assim, antes da criaçãofaltavam a este Deus dois atributos: a atividade ea necessidade; este Deus era um Deus incompleto;

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era só um pedaço de Deus e mais nada, que tevenecessidade de criar para chegar a ser ativo enecessário, e completar-se).b) Ou Deus é eternamente ativo eeternamente necessário, e neste caso tem criadoeternamente. A criação é eterna, e o Universojamais começou – existiu em todos os tempos, éeterno como Deus, é o próprio Deus, com o qual se confunde. E, sendo assim, oUniverso não teve princípio – não foi criado.Em conclusão: No primeiro caso, Deus antes da criação não era ativo nemera necessário: era um Deus incompleto, quer dizer, imperfeito, e, portanto, nãoexistia. No segundo caso, sendo Deus eternamente ativo e eternamente necessário,não pôde chegar a sê-lo, como não pôde criar.É impossível sair daqui.5º argumento: O ser imutável não criouSe Deus existe, é imutável, não se desfigura e nem se pode desfigurar.Enquanto que, na natureza, tudo se modifica, se metamorfoseia, se transforma;que nada é definitivo, mas que chega a sê-lo Deus, ponto fixo, imóvel no tempo eno espaço, não está sujeito a nenhuma modificação, não se transforma, nem podetransformar-se. É hoje o que era ontem, seráamanhã o que é hoje. E tanto faz procurá-lonos séculos passados, como nos séculosfuturos: ele é, e será constantemente idênticoem si. Deus é imutável.No entanto, eu sustento que, se elecriou, não é imutável, porque, neste caso,transmudou-se duas vezes.Determinar-se a querer é mudar deposição. Ora, é evidente que há mudançaentre o ser que quer uma coisa e o que,querendo-a, a põe em execução.Se eu desejo e quero o que eu nãodesejava e nem queria a quarenta e oito horas,é porque se produziu em mim, ou a minhavolta, uma ou várias circunstâncias que melevaram a querê-lo. Este novo desejo ouquerer constitui uma modificação que não sepode por em dúvida, que é indiscutível.Paralelamente: agir, ou determinar-se a agir, é modificar-se.Esta dupla modificação ,querer e agir , é tanto mais considerável e salientequando é certo que se trata de uma resolução grave, de uma ação importante.Deus criou, dizem os clérigos. Então modificou-se duas vezes: a primeiro,quando se determinou a criar; a segunda, quando resolveu por em prática suadeterminação, completando o gesto criador.

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Se ele se modificou duas vezes, não é imutável. E, se não é imutável, não éDeus , não existe.O ser imutável não criou.6º argumento: Deus não criou sem motivo; mas é impossível encontrar um únicomotivo que o levasse a criarDe qualquer forma que se pretende examiná-la, a criação é inexplicável,enigmática, falha de sentido.Há uma coisa,caro leitor, que salta à vista de todos: se Deus criou, comodizem, não pôde ter realizado este ato grandioso , cujas conseqüências deviam ser,fatalmente, proporcionais ao próprio ato, e por conseguinte incalculáveis , semque fossem determinado por uma razão de primeiro ordem.Pois muito bem. Qual foi esta razão? Porque motivo tomou Deus aresolução de criar? Que pretexto o impulsionaria a isto? Que desejo germinaria emseu cérebro? Qual seria o seu intuito? Que idéia operseguiria? Que fim perseguiria ele?Multiplique, nesta ordem de idéias, as perguntas;respondo, como quiser, em torno deste problema;examine em todos os seus aspectos e em todos ossentidos, e eu desafio seja quem for a que o resolva emoutro sentido que não seja o das incoerências.Por exemplo: Eis uma criança educada na religiãocristã. O seu catecismo afirmou-lhe, e os seus mestresconfirmam, que foi Deus que a criou e a colocou nomundo. Suponhamos que a criança faz a si própria apergunta: porque é que Deus me criou e me lançou nomundo?, e que quer obter uma resposta sensata, racional. Nunca obterá.Suponhamos ainda que a criança, confiando na experiência e no saber deseus educadores, persuadida do caráter sagrado de que eles – padres ou pastores –estão revestidos, possuindo luzes especiais e graças particulares; convencido deque, pela sua santidade, estão mais próximos de Deus e, portanto, melhoresiniciados que elas nas verdades reveladas; suponhamos que esta criança tem acuriosidade de perguntar aos seus mestres por que e para que Deus a criou e a pôsno mundo, e eu afirmo que os catedráticos do absurdo são incapazes de contestar aessa simples interrogação com uma resposta plausível, sensata. Não lhe poderãodar,caro leitor, porque, na verdade, ela não existe.Mas, rodeemos bem a questão e aprofundemos o problema. Com o pensamento,examinaremos Deus antes da criação. Tomemo-lo mesmo no seu sentido absoluto.Está completamente só; bastando-se a si próprio. E perfeitamente sábio,perfeitamente feliz, perfeitamente poderoso. Ninguém lhe pode acrescentar

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sabedoria, ninguém lhe pode aumentar a felicidade, ninguém lhe pode fortificar opoderio.Este Deus não experimenta nenhum desejo, visto que a sua felicidade éinfinita. Não pode perseguir nenhum fim, visto que nada falta à sua perfeição. Nãopode ter nenhum intuito,caro leitor, visto que nada falta ao seu poder. Não podedeterminar-se a fazer seja o que for, visto que não tem nenhuma necessidade.Vamos! Filósofos profundos, pensadores sutis, teólogos prestigiosos,respondam a esta criança que os interroga e digam por que é que Deus a criou elançou no mundo!Sabe onde nos conduzem as conseqüências de tal conclusão? Vamosvê-las.O que diferencia os atos de um homem dotado de razão dos atos de umlouco, o que determina que um seja responsável e o outro irresponsável, é que umhomem dotado de razão sabe sempre, ou pode chegar o saber, quando procede,quais são os agentes que o impulsionam, quais são os motivos que o levam apraticar aquilo que pensava. Quando se trata de uma ação importante, cujasconseqüências podem hipotecar gravemente as suas responsabilidades, é precisoque o homem entre na posse de sua razão, se concentre, se entregue a um sérioexame de consciência, persistente e imparcial, exame que, pelas suas recordações,reconstitua o quadro dos acontecimentos de que ele foi agente. Em resumo, épreciso que ele procure reviver as horas passadas para que possa discernir quaisforam as causas e o mecanismo dos movimentos que o determinaram a funcionar.Freqüentemente, não pode vangloriar-se das causas que o impulsionaram, e que,amiúde, o levam a corar de vergonha. Mas, quaisquer que sejam os motivos,caroleitor, nobres ou vis, generosos ou grosseiros, ele chega sempre o descobri-los semser necessariamente empirico.Um louco, pelo contrário, precede sem saber por que; e, uma vez realizadoo ato, por grandes que sejam as responsabilidades que dele possam derivar-se,interrogue-o, prenda-o, se quiser, numa prisão, e encha-o com perguntas: o pobredemente não balbuciará senão coisas vagas, verdadeiras incoerências.Portanto,caro leitor, o que diferencia os atos de um homem sensato de umhomem insensato, é que os atos dos primeiros podem explicar-se, tem uma razãode ser, distinguem-se neles a causa e o efeito, a origem e o fim, enquanto que os

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atos do segundo não se podem explicar, porque um louco é incapaz de discernir acausa e o que o levam a realizá-los.Pois bem! Se Deus criou sem motivo, sem fim, procedeu como um louco. E,neste caso, a criação aparece-nos como um ato de demência.Duas objeções capitaisPara terminar com o Deus da criação, parece-me indispensável examinarduas objeções.Os leitores sabem muito bem, sobreeste assunto, sobram objeções. Por issoquando falo em duas objeções, refiro-mea duas objeções capitais clássicas.Estas duas objeções têm tanto maisimportância quanto é certo que, com abeldade da discussão, se podem englobartodas as outras nestas duas.1ª objeção: “Deus fujão!”Falaram-me dias desses, quandomostrei o rascunho a alguns clérigos porE-mail:“O senhor não tem o direito de falar de Deus segundo a forma que o faz. Osenhor não nos apresenta senão um Deus caricaturado, sistematicamentereduzido a proporções que seu cérebro abrange. Esse Deus não é nosso Deus. Onosso Deus não o pode o senhor concebê-lo, visto que lhe é superior, escapandopor isso à suas faculdades intelectuais. Fique sabendo que o que é fabuloso,gigantesco para o homem mais forte e mais inteligente, é para Deus um simplesjogo de crianças. Não se esqueça que a Humanidade não pode mover-se nomesmo plano que a Divindade. Não perca de vista que é tão impossível ao homemcompreender a maneira como Deus procede,como os minerais imaginar comovivem os vegetais, como os vegetais conceber o desenvolvimento dos animais, ecomo os animais saber como vivem e operam os homens.Deus paira a umas alturas que o senhor é incapaz de atingir ocupamontanhas inacessíveis ao senhor. Qualquer que seja o grau de desenvolvimentode uma inteligência humana; por muito importante que seja o esforço realizadopor essa inteligência; seja qual for a persistência deste esforço, jamais poderáelevar-se até Deus. Lembre-se, enfim, que, por muito vasto que seja o cérebro dohomem, ele é finito, não podendo, por conseqüência, conceber Deus, que éinfinito. Tenha pois a lealdade e a modéstia de confessar que não lhe é possívelcompreender nem explicar, não o cabe o direito de negar”.Eu respondo aos nossos caros pastores da web:Dêem-me conselhos de humildade que estou disposto a aceitar. Façam-melembrar que sou um simples mortal, o que

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legitimamente reconheço e não procuro fugir.Digam-me que Deus me ultrapassa e que odesconheço. Aceito em reconhecê-lo; afirmomesmo que o finito não pode compreender oinfinito, porque é uma verdade tão certa e tãoevidente, que não está em meu ânimo fazerqualquer oposição. Veja, pois, até aqui estamos deacordo, com o que espero, fiquem muito contentes.Somente, senhores deístas, permitam queeudê os mesmos conselhos de humildade, para ter afranqueza de me responder estas perguntas: Vocêsnão são homens iguais a mim? Com vocês Deusnão se apresenta como para mim? Esse Deus nãolhes escapa como a mim? Terão vocês a pretensãode se moverem no mesmo plano da divindade? Terão igualmente a mania depensar e a loucura de crer que, de um vôo, puderam chegar às alturas que Deusocupa? Serão orgulhosos ao extremo de afirmar que os seus cérebros, o seuspensamentos, que são finitos, possam compreender o infiníto?Não faço acusações, senhores deístas, de acreditar que sustentam umaextravagância corruptível. Assim, pois, tenham a modéstia e a lealdade deconfessar que, se me é impossível compreender e explicar Deus, vocês tropeçamno mesmo obstáculo. Tenham, enfim, a integridade de reconhecer que, se eu nãoposso conceber nem explicar Deus, não podendo, portanto, negar, a vocês, como amim, não é permitido concebê-lo e não ter, por conseqüência, o direito de afirmálo.A velha desculpa de que Deus só fala para quem quer escutá-lo,é infantil,poiseu me deixo levar por aquilo que satisfaça meus anseios mal resolvidosNão julguem, no entanto, que, por causa disto, ficamos na mesma situaçãoque antes. Foram vocês que, primeiramente, afirmaram a existência de Deus;devem, pois, serem os primeiros a pôr de parte suas afirmações. Sonharia eu,alguma vez, com negar a existência de Deus, se vocês não tivessem começado aafirmá-la? E se, quando eu era criança, não me tivessem imposto a necessidade deacreditar nele? E se, quando adulto, não tivesse ouvido afirmações nesse sentido?E se, quando homem, os meus olhos não tivessem constantemente contemplado ostemplos elevados a esse Deus? Foram as suas afirmações que provocaram asminhas negações.Parem de afirmar que eu paro de negar, muito simples, e obrigado pelosconselhos.2ª objeção: “Não há efeito sem causa”A segunda objeção parece-nos mais invulnerável. Muitos indivíduosconsideram-na, caro leitor, ainda sem réplica. Esta objeção provém dos filósofos

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espiritualistas: Não há efeito sem causa. Ora, o Universo é um efeito; e, como nãohá efeito sem causa, esta causa é Deus.O argumento é bem apresentado; parece, mesmo, bem construído e bemidealizado. O que resto saber é se tudo quanto ele conclui é verdadeiro.Em boa lógica, este raciocínio chama-se silogismo. Um silogismo é umargumento composto por três proposições: a maior, a menor e a conseqüência, ecompreende duas partes: as premissas, constituídas pelas duas primeirasproposições e a conclusão, representada pela terceira. Para que um silogismo sejainatacável, é preciso:1º que a maior e a menor sejam exatas;2º que a terceira proposição derive logicamente das duas primeiras.Se o silogismo dos filósofos espiritualistas reúne estas duas condições, éirrefutável e nada mais me resta senão aceitar; mas, se falta uma só dessascondições, então o silogismo é nulo, sem valor, e o argumento destrói-se por simesmo.A fim de conhecer o seu valor,examinemos as três proposições que ocompõe.1ª proposição (maior): “Não háefeito sem causa”.Filósofos, tens razão. Não háefeito sem causa: nada mais exato. Nãohá, não pode haver, efeito sem causa. Oefeito não é mais do que a continuação,o prolongamento, o limite da causa.Quem diz efeito diz causa. A idéia deefeito provoca, necessariamente eimediatamente a idéia de causa. Se, aocontrário, se concebe um efeito semcausa, isto seria o efeito do nada, o que equivaleria a crer no absurdo.Sobre esta primeira proposição, estamos, pois, de acordo.2ª proposição (menor): “Ora, o Universo é um efeito”.Antes de continuar, peço explicações:Sobre o que se apóia esta afirmação tão franca e tão categórica? Qual ofenômeno, ou conjunto de fenômenos, na qual a verificação, ou conjunto deverificações, que permitem uma afirmação tão categórica?Em primeiro lugar, comecemos suficientemente o Universo? Temosestudado profundamente, temos examinado, investigado, compreendido, para quenos seja permitido fazer afirmações desta natureza? Temos penetrado nas suasentranhas e explorado os seus espaços incomensuráveis? Já descemos aprofundeza do oceano?Conhecemos todos os domínios do Universo? O Universo já nos declarou todos osseus segredos? Já lhe arrancamos todos os véus, penetramos todos os seusmistérios, descobrimos todos os seus enigmas? Já vimos tudo, apalpamos tudo,

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sentimos tudo, entendemos tudo, observamos tudo, afrontamos tudo? Não temosnada mais que aprender? Não nos resta nada mais que descobrir? Em resumo,estamos em condições de fazer uma apreciação formal do Universo?Supomos que ninguém ousará responder afirmativamente a todas estasquestões; e seria digno de lástima todo aquele que tivesse a idiotice e a insensatezde afirmar que conhece o Universo.O Universo! – quer dizer não somente este ínfimo planeta que habitamos esobre o qual se arrastam as nossas carcaças; não somente os milhões de astros queconhecemos e que fazem parte do nosso sistema solar, ou que descobrimos com odecorrer dos tempos, mas ainda, esses mundos, aos quais, por hipótese,conhecemos a existência, mas cuja distancia e o número são incalculáveis!Se eu dissesse “ o universo é uma causa”, tenho a certeza que viriamimediatamente contra mim as vaias e os protestos de todos os religiososfundamentalistas; e, todavia, a minha afirmação não era mais descabelada que adeles. Eis tudo,caro leitor.Se me inclino sobre o Universo, se o observo quanto me permitir o homemcontemporâneo, os conhecimentos adquiridos, verificarei que é um conjuntoinacreditavelmente complexo e denso, umaconfusão impenetrável e colossal de causas ede efeitos que se determinam, se encadeiam,se sucedem, se repetem e se interpenetram.Observarei que o todo leva uma cadeia semfim, cujos elos estão infinitamente ligados.Me certificarei de que cada um desteselos é, por sua vez, causa e efeito: efeito dacausa que o determinou, causa do efeito que selhe segue.Quem poderá dizer: “Aqui está oprimeiro elo, o elo causa?” Quem poderáafirmar: “ Eis o último elo, elo efeito”? E quem poderá ainda dizer: “ Hánecessariamente uma causa número um e um efeito número... último”?À segunda proposição, “ ora, o Universo é um efeito”, falta -lhe umacondição indispensável: a exatidão. Por conseqüência, o famoso silogismo nãovale nada.Acrescento mesmo que, no caso em que esta segunda proposição fosseexata, faltaria estabelecer, para que a conclusão fosse aceitável, se o Universo é opróprio efeito de uma Causa única, de uma Causa primeira, da Causa das Causas,de uma Causa sem Causa, da Causa eterna.Espero, sem me incomodar, esta demonstração, porque é uma demonstraçãoque se tem desejado muitas vezes, sem que ninguém nos desse; é também umademonstração, da qual se pode afirmar, sem receio de desmentido, que jamaispoderá se estabelecer de uma forma séria, positiva e científica.

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Por último: admitindo que o silogismo fosse irrepreensível, ele poderiavoltar-se facilmente contra a tese do Deus-Criador, colocando-se a favor da minhademonstração.Expliquemos: “ não há efeito sem causa!” – Seja! – “o Universo é umefeito!” – De acordo! – “ Logo este efeito tem uma causa e é esta causa quechamamos de Deus! - Pois seja!Mas não se entusiasmem, defensores do absurdo; escutem, porque ainda nãoganharam.Se é evidente que não há efeito sem causa, é também rigorosamente exatoque não há causa sem efeito. Não há, nãopode haver, causa sem efeito. Que diz causa,diz efeito. A idéia de causa implicanecessariamente e chama a idéia de efeito.Porque uma causa sem efeito seria umacausa do nada, o que seria tão absurdoquanto o efeito do nada. Que fique, pois,bem entendido: não há causa sem efeito.Os fundamentalistas afirmam, enfim, que oDeus-Causa é eterno. Desta afirmaçãoconcluo que o Universo-Efeito é igualmenteeterno, visto que a uma causa eterna, corresponde, decisivamente, a um efeitoeterno. Se pudesse ser de outro modo, quer dizer, se o Universo tivesse começado,durante os milhares e milhares de séculos que, talvez, precederam a criação doUniverso, Deus teria sido uma causa sem efeito, o que é impossível; uma causa denada, o que seria absurdo.Em conclusão: se Deus é eterno, o Universo também o é: e, se o Universotambém é eterno, é porque ele nunca principiou, é que jamais foi criado. Secolocarmos um chaleira para ferver ao fogo, sabemos por experiência que a causada fervura da água é o fogo. Quando os niilistas afirmam que a causa douniverso é um ser metafísico invisível, não podem afirmar com totalesclarecimento ,pois esse ser metafísico não pertence ao plano material,não segueas mesmas regras do universo material ,seu suposto efeito.Se os fundamentalistas acreditam em um Deus sem causa primeira, por queentão eu não posso crer em um universo sem causa também?É clara a demonstração?Segunda série de argumentos: Contra o Deus-governador7º argumento: O governador nega o criadorSão muitíssimos e formam legiões e os indivíduos que, apesar de tudo, seobstinam em crer. Creio que, a rigor, caro leitor, se possa crer na existência de umcriador perfeito, como também creio que se possa crer na existência de umgovernador necessário. Mas, o que me parece impossível é que, ao mesmo tempo,

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se possa crer racionalmente num e no outro, porque estes dois seres perfeitos seexcluem categoricamente: afirmar um é negar o outro; proclamar a perfeição doprimeiro é confessar a inutilidade do segundo; sustentar a necessidade do segundoé negar a perfeição do primeiro.Por outras palavras: pode-se crer na perfeição ou na necessidade do outro;mas o que não tem a menor sombra de lógica é crer naperfeição dos dois. É preciso, pois, escolher qualquer deles.Se o Universo criado por Deus tivesse sido uma obraperfeita; se, no seu conjunto, como nos seus pormenores,esta obra não apresentasse nenhum defeito; se o mecanismodesta criação gigantesca fosse irrepreensível; se a suaperfeição fosse de modo que a ninguém despertasse a menorsuspeita de qualquer destempero ou de qualquer estrago; se,enfim, a obra fosse digna deste operário genial, deste artistaincomparável, desse construtor fantástico a que chamamDeus, a necessidade de um governador nunca se teriasentido.É que é lógico supor que, uma vez a formidável máquina fosse posta emmovimento, nada mais haveria a fazer do que abandoná-la a si própria, visto queos acidentes seriam impossíveis. Não seria preciso este engenheiro, este mecânico,para vigiar a máquina, para a dirigir, para a reparar, para a afinar, enfim. Não, esteengenheiro seria inútil, este mecânico não teria razão de ser.E, neste caso, o Deus-Governador era também inútil. Se o Governadorexiste, é porque a sua intervenção, a sua vigilância são indispensáveis. Anecessidade do Governador é como que um insulto, como um desafio lançado aoCriador; a sua intervenção corrobora o desconhecimento, a incapacidade, aimpotência desse criador.O Deus-Governador nega a perfeição do Deus-Criador.8º argumento: A multiplicidade dos deuses prova que não existe nenhum delesO Deus-Governador é, e não pode deixar de ser, poderoso e justo,infinitamente poderoso e infinitamente justo.Ora, caro leitor, eu afirmo que a multiplicidade das religiões atesta que faltaa este Deus poder ou justiça, se não, ambas as coisas. Não falemos dos deusesmortos, dos cultos abolidos, das religiões esquecidas, que se contam por milharese milhares. Falemos somente das religiões de nossos dias. Segundo os cálculosmais bem fundados. Ninguém pode duvidar que cada uma destas religiões reclamapara si privilégio de que só o seu Deus é que é o verdadeiro, autêntico, oindiscutível, o único, e que todos os outros Deuses são imaginários, Deuses falsos,Deuses de contrabando e de pacotilha, e que, portanto, é uma obra piedosacombatê-los e pulverizá-los.

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A isto, ajunta: Se em vez de várias religiões, não houvesse senão cem oudez, ou duas, o meu argumento teria o mesmo valor.Pois bem, afirmo novamente que a multiplicidade destes Deuses atesta quenão existe nenhum, certificando, ao mesmo tempo, que Deus não é todo-poderosonem sumamente justo. Se fosse poderoso teria podido falar a todos osindivíduos com a mesma facilidade com que falou isoladamente a alguns. Teria semostrado, teria se revelado a todos sem empregar mais esforços do que o queempregou para se apresentar a poucos.Um homem, qualquer que seja, não pode mostrar-se nem falar senão a umnúmero reduzido de indivíduos: os seus órgãos vocais têm uma persistência quenão pode exceder certos limites. Mas Deus...Deus pode falar a todos os indivíduos, pormuito grande que seja o número, com a mesmafacilidade que falaria a uns poucos. Quando seeleva, a voz de Deus pode e deve perpetuar-senos quatro pontos cardeais! O verbo divino nãoconhece distâncias nem obstáculos. Atravessaos oceanos, escala as alturas, franqueia osespaços, sem a menor dificuldade.E visto que ele quis, é a religião que oafirma, falar com os homens, revelar-se,econfiar-lhes os seus desejos, indicar-lhes a suavontade, fazer-lhes conhecer a sua lei, bemteria podido fazê-lo a todos e não a umpunhado de privilegiados.Mas Deus não fez assim, visto que uns onegam, outros o ignoram, e outros, enfim, opõe tal Deus a tal outro Deus dos seusconcorrentes.Nestas condições não será mais sensato pensar que ele não falou a ninguém,e que as múltiplas revelações que me atribuem, não são, senão, múltiplasimposturas, ou arma que, se ele falou a uns poucos, é porque era incapaz de falarcom todos?Sendo assim, eu acuso-o de impotência. E se não quiser que o acuse deimpotência, acuso-o de injustiça. Que pensar, com efeito, de um Deus que semostra a um reduzido número e que se esconde das outras? Que pensar de umDeus que fala para uns e que, para outros, guarda o mais profundo silêncio?Não esqueça, caro leitor, que os representantes desse Deus afirmam que eleé o pai de todos: e que todos, qualquer que seja o seu título ou grau, são os filhosbem amados desse Pai que reina lá no céu! Pois, muito bem, o que você pensadesse pai que, exuberante da ternura para alguns privilegiados, os desperta,revelando-se a eles evitando angustias da dúvida, arrancando-os das torturas dahesitação, enquanto que, violentamente, condena a maioria de seus filhos aos

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tormentos da incerteza? Que pensar desse pai que, no meio de seu esplendor deMajestade, se mostra a uma parte de seus filhos, enquanto que, para a outra, ficaenvolto nas mais profundas trevas? Que pensar desse pai que, exigindo de seusfilhos a prática de um culto, com o seu contingente de respeitos e adorações,chama só alguns deles para escutarem a sua palavra de Verdade, enquanto que,com um propósito deliberado, nega aos demais esta distinção, este incomparávelfavor?Se você julgou que este pai é justo e bom, não se surpreenda com a minhaanálise, que é muito diferente:A multiplicidade de religiões proclama que a Deus faltou poder ou justiça.Ora, Deus deve ser infinitamente poderoso e infinitamente justo, são os religiososque o afirmam. E se lhe falta um destes dois atributos , poder ou justiça , não éperfeito: não sendo perfeito, não tem razão de ser, não existe.A multiplicidade dos Deuses e das religiões demonstra que não existenenhum deles.9º argumento: Deus não é infinitamente bom: é o inferno que o provaO Deus-Governador ou Providência é, deve ser, infinitamente bom,infinitamente misericordioso. Mas a existência do Inferno demonstra-nos que nãoé assim. Atentem bem ao meu raciocínio: Deus podia, porque é livre,não nos tercriado; mas criou-nos. Deus podia, porque é todo poderoso, ter-nos criado todosbons; mas criou-nos bons e maus. Deus podia, porque é bom , admitir-nos todos,após a morte, no seu Paraíso, contentando-se, como castigo, com o tempo desofrimento e atribulações que passamos na Terra.Deus podia, em suma, porque é justo, não admitirem seu Paraíso senão os bons, recusando ali lugaraos perversos; mas, neste caso, deveria destruirtotalmente os maus com a morte, e jamaiscondená-lo aos sofrimentos do Inferno. E istoporque quem pode criar, pode destruir; quem tempoder para dar a vida, também tem o poder paratirá-la, para aniquilá-la.Vejamos:vocês não são deuses. voces nãosão infinitamente bons, nem infinitamentemisericordiosos. Sem lhes atribuir qualidades quenão possuem, eu tenho a certeza de que, seestivesse em suas mãos , sem que isso lhes exigisse um grande esforço, e sem que,de aí, resultasse para nós algum prejuízo moral ou material , evitar a um serhumano uma lágrima, uma dor, um sofrimento, eu tenho a certeza, repito, quefaria imediatamente, sem vacilar nem titubear. E, todavia, voces não são

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infinitamente misericordiosos.Serão, por acaso, melhores e mais misericordiosos que o Deus dos cristãos?Porque, enfim, o Inferno existe. A Igreja faz alarde dele: é a horrível visão,com a ajuda da qual semeia o pavor no cérebro das crianças e dos velhos, e entreos pobres de espírito e os medrosos; é o espectro que se estala na cabeceira dosmoribundos, na hora em que a morte os arrebata toda a coragem, toda a energia,toda a lucidez.Pois bem,caro leitor, o Deus dos cristãos, esse Deus que dizem cheio depiedade, de perdão, de indulgência, de bondade e de misericórdia, precipita paratodo o sempre, uma parte dos seus filhos, num antro de torturas as mais cruéis, ede suplicias as mais horrendas.Oh! Como ele é bom! Como ele é misericordioso!Vocês conhecem certamente estas palavras das escrituras: “Mui tos serão oschamados, mas poucos os eleitos”. Sem abuso do seu valor, estas palavrassignificam que o número de salvos será ínfimo, enquanto que o número decondenados há de ser considerável. Esta afirmação é de uma crueldade tãomonstruosa que os fundamentalistas têm procurado dar-lhe um outro sentido.Mas pouco importa: o Inferno existe, e é evidente que os condenados ,muitos ou poucos , aí sofrerão os mais dolorosos tormentos.Agora, pergunto eu: a quem podem beneficiar os tormentos doscondenados? Aos eleitos? , Evidente que não. Por definição, os eleitos serão osjustos, os virtuosos, os fraternais, os compassivos: e seria absurdo supor que a suafelicidade, já incomparável, pudesse ser aumentada com o espetáculo de seusirmãos torturados. Aos próprios condenados? , também não, porque a igrejaafirma que o suplicio desses desgraçados jamais acabará; e que, pelos séculos dosséculos, os seus sofrimentos serão tão horripilantes como no primeiro dia.Então?... Então, aparte os eleitos e aparte os condenados, não há senãoDeus, não pode haver senão ele. É, pois, Deus, quem obtém benefícios aossofrimentos dos condenados? É, pois, ele, esse pai infinitamente bom,infinitamente misericordioso, que se regozija sadicamente com as dores e quevoluntariamente condena os seus filhos e adora a vingança?Ah! Se isto é assim, esse Deus aparece-nos como carrasco mais feroz, comoo inquisidor mais implacável que imaginar se pode.O inferno prova,caro leitor, que Deus nãoé bom nem misericordioso , a existência de umDeus de bondade é incompatível com aexistência do inferno.E de duas uma: ou o inferno não existe, ouDeus não é infinitamente bom.10º argumento: O problema do malÉ o problema do mal que me fornecematerial para o meu último argumento contra oDeus-Governador, e, simultaneamente, para o

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meu primeiro argumento contra o Deus-justiceiro.Eu não digo,caro leitor, que a existência do mal , mal físico e mal moral ,seja incompatível com a existência de Deus; o que digo é que é incompatível como mal a existência de um Deus infinitamente poderoso e infinitamente bom.O argumento é conhecido, ainda que o não seja senão pelas múltiplasrefutações, sempre impotentes, que se tem apresentado. Remontam a Epicuro.Tem, portanto, mais de vinte séculos de existência: mas, por velho que seja,conserva ainda todo o seu vigor. Esse argumento é o seguinte:O mal existe. Todos os seres sensíveis conhecem o sofrimento. Deus, quetudo sabe, não pode ignorá-lo. Pois bem, de duas, uma: Ou Deus quer suprimir omal e não pode; ou Deus pode suprimir o mal e não quer.No primeiro caso, Deus pretendia suprimir o mal, porque era bom, porquecompartilhava das dores que nos aniquilam, porque participava dos sofrimentosque suportamos. Ah! Se isso dependesse dele! O mal seria suprimido e afelicidade reinaria sobre a Terra...(seja lá o que significa felicidade para umfundamentalista)Mais uma vez Deus é bom, mas não pode suprimir o mal, não é todopoderoso.No segundo caso, Deus podia suprimir o mal. Bastava que o quisesse paraque o mal fosse abolido. Ele é todo poderoso e não quer suprimir o mal; portanto,não é infinitamente bom.Aqui, Deus é todo poderoso, mas não é bom; antes Deus é bom, mas não étodo poderoso. Para admitir a existência de Deus, caro leitor, não basta que elepossua uma destas perfeições: poder ou bondade. É indispensável que possua asduas.Este argumento nunca foi refutado. Entendamos: ao dizer nunca foi refutadoquero dizer que, racionalmente, ninguém a pode ainda refutar, embora tenhamensaiado isso muitas vezes. O ensaio de refutação mais conhecido é este:Vós apresentais em termos errôneos oproblema do mal. É um equivoco atirar para cimade Deus toda a responsabilidade. Bem, é certo queo mal existe, é inegável; mas só o homem éresponsável por ele. Deus não quis que o homemfosse um autômato, uma máquina, que obedececega e fatalmente. Ao criá-lo, Deus deu-lhecompleta liberdade, fez dele um ser inteiramentelivre; e, conforme com essa liberdade, quegenerosamente lhe outorgou, concedeu-lhe afaculdade de fazer dela, em todas ascircunstâncias, o uso que quisesse. E se o homem,em vez de fazer uso nobre e justiceiro deste beminestimável, faz dele um uso criminoso, porqueseria injusto: devemos acusar mais é o homem, oque é razoável.Eis a clássica objeção. Que é que ela vale? Eu creio que Nada!

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Eu explico-me: façamos distinção entre o mal físico e o mal moral. O malfísico é a doença, o sofrimento, o acidente, a velhice, com o seu cortejo de vícios eenfermidades; é a morte, que implica perda de seres que amamos. Há crianças quenascem e que morrem, dias depois de seu nascimento, e cuja vida foi umsofrimento permanente. Há uma enorme multidão de seres humanos para quem avida não é mais do que uma longa série de dores e aflições: seria preferível quenão tivessem nascido. E, na ordem natural, as epidemias, os cataclismos, osincêndios, as secas, as inundações, as tempestades, a fome, constituem uma somade trágicas fatalidades que originam a dor e a morte.Quem ousará dizer que o homem é o responsável por este mal físico? Quemnão compreende que se Deus criou o Universo, dotando-o com as formidáveis leisque o regem, o mal físico não é senão uma destas fatalidades que resultam de umjogo normal das forças da natureza? Quem não compreende que o autorresponsável destas calamidades é, com toda a certeza, quem criou o Universo equem o governa?Suponho que, sobre este ponto, não há contestação possível. Deus quegoverna o Universo, é o responsável pelo mal físico. Esta resposta seria suficiente,e, no entanto, vou continuar.Eu entendo que o mal moral é tão imputável a Deus quanto o mal físico. SeDeus existe, foi ele que presidiu à organização do mundo físico. Por conseqüência,o homem, vítima do mal moral, como do mal físico, não pode ser responsável porum nem por outro ,com eu já enfatizei no texto sobre a psicologia da criação.Vamos, pois, ver agora na terceira e última série de argumento, o que tenhoa dizer sobre o mal moral.11º argumento: Irresponsável, o homem não pode ser castigado nemrecompensadoQue somos nós? Presidimos às condições de nosso nascimento? Fomosconsultados sobre se queríamos nascer? Fomos chamados a traçar o nossodestino? Tivemos, sobre qualquer destasquestões, voz ou voto?Se cada um de nós tivesse voz e votopara escolher, desde o nascimento, a saúde, aforça, a beleza, a inteligência, a coragem, abondade, etc..., seguramente que todos estesbenefícios nos teríamos outorgado. Cada um denós seria, então, em resumo de todas asperfeições, uma espécie de Deus em miniatura.Mas, afinal, que somos nós? Somosaquilo que queríamos ser? Não,

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indubitavelmente.Na hipótese Deus, somos, visto que foiele que nos criou , aquilo que ele quis quefôssemos. Deus é livre, não podia nos tercriado. Ou podia ter-nos criado menos perversos, porque é bom. Ou, então, podiater-nos criado virtuosos, bem comportados, excelentes, enchendo-nos de todos osdotes físicos, intelectuais e morais, porque é todo poderoso.Pela terceira vez: Que somos nós? Somos o que Deus quis que fôssemos,visto que ele criou-nos segundo o seucapricho e o seu gosto? Ou Deus também temuma natureza que o limita a seguir regras?.Se quando se admite que Deus existe eque foi ele que nos criou, não se pode daroutra resposta a pergunta “ quem somosnós?”. Com efeito, foi Deus que nos deu ossentidos, as faculdades de compreensão, asensibilidade, os meios de perceber, de sentir,de raciocinar, de agir. Ele previu, quisdeterminar as nossas condições de vida;coordenou as nossas necessidades, os nossosdesejos, as nossas paixões, as nossas crenças,as nossas esperanças, os nossos ódios, asnossas ternuras, as nossas aspirações. Toda amáquina humana corresponde àquilo que elequis. Ele arranjou e concebeu todas as peçasdo meio em que vivemos, preparando todasas circunstâncias que, a cada momento, dãoum assalto a nossa vontade, determinando asnossas ações.Perante este Deus formidavelmente armado, o homem é, portanto,irresponsável.O que não está sob a dependência de ninguém é inteiramente livre; o queestá um pouco sob dependência de um outro é um pouco escravo, e livre só para adiferença; o que está muito sob a dependência de um outro é muito escravo, e nãoé livre senão para o resto; enfim, o que esta em absoluto sob a dependência deoutro, é totalmente escravo, não gozando de nenhuma liberdade.Se Deus existe, é nesta última postura, a do escravo, que o homem seencontra em relação a Deus; e sua escravidão é tanto maior quanto maior for oespaço entre o Senhor e ele.Se Deus existe, só ele é que sabe, pode, quer, só ele é livre. O homem nadasabe, nada pode, nada quer, a sua dependência é completa. Se Deus existe, ele étudo , o homem, nada.O homem, submetido a esta escravidão, aniquilado sob a dependência, plenae inteira de Deus, não pode ter nenhuma responsabilidade. E, se o homem éirresponsável, não pode ser julgado. Todo o julgamento implica um castigo ou

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uma recompensa; mas os atos de um irresponsável, não possuindo nenhum valormoral, estão isentos de qualquer responsabilidade. Os atos de um irresponsávelpodem ser úteis ou prejudiciais. Moralmente não são bons nem maus, como nãosão meritórios nem repreensíveis; julgados eqüitativamente, não podem serrecompensados nem castigados.Portanto,caro leitor, Deus, erigindo-se em justiceiro, castigando erecompensando o homem irresponsável, não é mais do que um usurpador, que searroga um direito arbitrário, usando dele contra toda a justiça.Do que fica escrito, concluo:a) Que a responsabilidade do mal moral é imputável a Deus, comoigualmente lhe é imputável a responsabilidade do mal físico;b) Que Deus é um juiz indigno, porque, sendo o homem irresponsável, nãopode ser castigado nem recompensado.12º argumento: Deus viola as regras fundamentais de equidadeAdmitamos por um instante que o homem é responsável, e veremos como,dentro desta hipótese, a justiça divina viola constantemente as regras maiselementares da eqüidade.Se por vez se admite que a prática de justiça não pode ser exercida sem umasanção; que o magistrado tem, por mandato, fixá-la; e que há uma regra, segundoo qual o sentimento deve pronunciar-se unanimemente, é evidente que, da mesmaforma, tem de haver uma escala de méritoe culpabilidade, assim como uma escala derecompensas e de castigos.Admitindo este princípio, omagistrado que melhor pratica a justiça éaquele que proporciona o mais exatamentepossível a recompensa ao mérito e ocastigo a culpabilidade. E o magistradoideal, impecável, perfeito, seria aquele queestabelece uma relação rigorosamentematemática entre o ato e a sanção.Eu penso que esta regra elementar dejustiça é acerta por todos. Pois bem, Deus, distribuindo o Céu e o Inferno, fingeconhecer esta regra e viola-a. Qualquer que seja o mérito do homem, esse mérito élimitado (como o próprio homem); e, no entanto, a sanção da recompensa não o é:o Céu não tem limites, ainda que não seja senão pelo seu caráter de perpetuidade.Qualquer que seja a culpabilidade do homem, esta culpabilidade é limitada (comoo próprio homem); e, no entanto, o castigo não o é: o Inferno o é: o Inferno éilimitado, ainda que não seja senão pelo seu caráter de perpetuidade.Há, pois, uma grande desproporção entre o mérito e a recompensa, entre a

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falta e a punição: o mérito e a falta são limitados, enquanto que a recompensa e ocastigo são ilimitados.Deus viola, pois, as regras fundamentais da equidade.RecapitulaçãoPrometi uma demonstração terminante, substancial, decisiva, dainexistência de Deus. Creio poder afirmar que cumpri esta promessa.Não perca de vista,caro leitor,que eu não me propus a dar um sistema doUniverso que tornasse inútil todo o recurso à hipótese de uma Força sobrenatural,de uma Energia ou de uma Potênciaextra mundial, de um Princípiosuperior ou anterior do Universo.Tive a lealdade, como era o meudever, de dizer com toda afranqueza: apresentado assim, oproblema não admite, dentro dosconhecimentos humanos, nenhumasolução definitiva; e que a únicaatitude que convém aos princípiosrefletidos e razoáveis é aexpectativa.O Deus que eu quis negar e do qual posso dizer que neguei a possibilidade éo Deus, é o Deus das religiões, o Deus Criador, Governador e Justiceiro, o Deusinfinitamente sábio, poderoso, justo e bom, que os padres e os pastores seorgulham de representar na Terra e que tentam impor a sua adoração.Toda a discussão sobre outro terreno , e previno disto, , será apenasuma diversão, e, ainda mais: a prova demonstrada de que o Deus das religiões nãopode ser defendido nem justificado. UmDeus que vive sob a natureza do Bem edo Mal é totalmente impossível,um Deus todo poderoso não pode jamais dependerde qualquer natureza.Provei, caro leitor, que Deus, como criador, é inadmissível, imperfeito,inexplicável; estabeleci que Deus, como governador, é inútil, impotente, cruel,odioso, despótico; demonstrei que Deus, como justiceiro, é um magistradoindigno, pois que viola as regras essenciais da mais elementar eqüidade. Medesculpem os crédulos.ConclusãoTal é, portanto, o Deus que, desde tempos imemoriais, nos tem ensinado eque ainda hoje se ensina às crianças, tanto nas escolas como nos lares. E que decrimes se tem cometido em nome dele! Que de ódios, guerras, calamidades temsido furiosamente desencadeados pelos seus representantes! Esse Deus de tantosofrimento não tem sido a causa! E quantos males provoca ainda hoje!Há quantos séculos a religião traz a humanidade curvada sob a crença,espojada na superstição, prostradaresignadamente!

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Não chegará jamais o dia em que,deixando de crer na justiça eterna, nas suassentenças imaginárias, nas suas recompensasproblemáticas, os seres humanos começam atrabalhar com um ardor infatigável pelo ventode uma justiça imediata, positiva e fraternalsobre a Terra? Não soará jamais a hora em que,desiludidos das consolações e das esperançasfalazes que lhes sugere a crença de um paraísocompensador, os seres humanos comecem afazer do nosso planeta do Éden de abundância, de paz e de liberdade, cujas portasestejam fraternalmente abertas para todos?Há muito tempo que o contrato social é inspirado num Deus(que acabamosde provar que é impossível existir) sem justiça, como há muito tempo que ele seinspira numa justiça sem Deus. Há muito tempo que as relações entre os países eos indivíduos dimanam nesse Deus sem filosofia, como há muito tempo que elasdimanam uma filosofia sem Deus. Há muitos séculos que monarcas, governos,castas, padres, condutores do povo e diretores de consciências, tratam ahumanidade como um vil rebanho decordeiros, para, em último lugar, seremesfolados, devorados, atirados ao matadouro.Há séculos que os deserdadossuportam passivamente a miséria e aservidão, graças ao milagre procedente doCéu e à visão horrorosa do inferno. Épreciso acabar com este odioso sortilégio,com esta burla abominável.Caro leitor, que me lê, abra os olhos,examine, observe, compreenda. O Céu deque te falam sem cessar; o Céu com a ajudado qual procuram insensibilizar a tuamiséria, anestesiar os teus sofrimentos eafogar os gemidos que, apesar de tudo, saemdo teu peito, é um Céu irracional, um Céudeserto. Só o seu inferno é que é povoado,que é positivo.Basta aos lamentos: os lamentos são vãos! Basta de prosternações: asprosternações são inférteis! Basta de preces: as preces são impotentes!Hoje é um erro pensar de que apenas os seres sem uma educação própria caemnas garras da religião desenfreada, não ,mas também e principalmente osdesesperados,e quando eu falo de desesperados não me refiro apenas aos que nãotem o que comer ou onde morar,mas principalmente me refiro aos que possuemalgum problema interno a resolver ,aos inseguros e covardes heterônomos.

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O comerciante que tem medo de falir se apega a esse Deus comerciante, a esposaque teme por seu marido e filhos, procura também esse Deus dos lares felizes, oadoentado procura insanamente esse Deus farmacêutico,,ou seja todos oscovardes procuram esse Deus das mil faces,por um motivo óbvio ; Não suportamo sofrimento ou a perda,coisas comuns e inerentes ao ser humano,aquele que nãotem resolvido dentro de si o problema do sofrimento vai procurar ,sem dúvida ,uma resposta e eliminação sintética de sua dor,pois não tem a capacidadesuficiente para encará-la em frente a uma dura e penosa realidade.Não esqueça de que de nada servirá quebrar as cadeias que os deusesimaginários, celestes e eternos, tem forjado contra você, se não quebrarigualmente as cadeias que, contra você, tem forjado os deuses passageiros daTerra.Esses deuses giram em torno de nós, procurando confundir-nos com suasrespostas sintéticas. Estes Deuses, caro leitor, são homens como nós.Ricos e governantes com suas esquisitices e seitas secretas do absurdo,esses deuses da Terra tem povoado o nosso planeta de inúmeras vítimas, detormentos inexplicáveis.Possam, enfim, um dia, caro leitor, os condenados da Terra revoltarem-secontra os seus carrascos, para fundarem uma Cidade na qual não possa haver maisdesses monstros.Quando nos tivermos emancipado dos Deuses do Céu e da Terra, quandotivermos desembaraçado dos chefes de cima e dos chefes debaixo, quandotivermos levado à pratica este duplo gesto de libertação, então, mas entãosomente, caro leitor, sairemos do Inferno em que nos encontramos para entrar noCéu real! Deixaremos as trevas da ignorância, para abraçarmos as puras claridadesda nossa verdadeira inteligência, vamos então nos libertar já, das influênciasletárgicas das religiões!Fanatismo e fundamentalismoQuando comecei a escrever o livro fui atentado para qual finalidade de escrevelo,alem do prazer pessoal. Pensei um pouco e resolvi enumerar o porque deescrever sobre este assunto. O primeiro motivo foi pelo receio e repudio pelofanatismo, seja ele em qualquer área. Em nossa época, supostamente dominadapela ciência e pela tecnologia, o fanatismo parece ser uma reação made inrecalcado do inconsciente da humanidade. Fanatismo vem do latim fanaticus, querdizer "o que pertence a um templo", fanum. O indivíduo fanático ocupa o lugar deescravo diante do senhor absoluto, que, pode ser uma divindade, um lídercarismático, uma causa suprema ou uma fé cega. O fanatismo, caro leitor,éalimentado por um sistema de crenças absolutas e irracionais que visa servirà um

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ser poderoso empenhado na luta contra o Mal. Ou seja, o fanático acha, caroleitor, que pode exorcizar pessoas e coisas supostamente possuídas pelodemônio”, "combater as forças do Mal" ou "salvar a humanidade" do caos.Tendo origem no dogma religioso, o fanatismo não se restringe a esse campoúnico; existe fanatismo por uma raça, um time de futebol, por um partido político,sobretudo por ideologias revolucionárias quando extrapolam a dimensão racional,sentindo-se guiada pela "fantasia da escolhadivina".Foi fanatismo religioso que fez muitosseguirem Jim Jones (Templo do Povo), ondecentenas de crentes ,entre elas criançasinocentes,participaram de um suicídiocoletivo horroroso, Asahara (Verdadesuprema), David Koresh (Ramo davidiano),Jo Dimambro (Templo Solar) e tantos outrosmísticos ou charlatões que terminaramcausando tragédias coletivas, noticiadas nomundo todo.A história conheceu também os histerismoscoletivos da "caça as bruxas", a perseguiçãoaos negros, índios, comunistas,homossexuais, prostitutas. O movimento daJihad islâmica contra os "infiéis doocidente" e a "guerra aos terroristas" doocidente cristão, demonstram que ofanatismo está vivo e atuante em nossaépoca supostamente "científica" e "tecnológica". Precisamos, caro leitor, admitirque, a história da humanidade é também a história dos vários fanatismosdominando grupos humanos, sempre com conseqüências trágicas. Esse pedaço dahistória renegado nos causa vergonha, medo e sinalizam alertas para possíveisefeitos negativos no rumo da civilização.Como dissemos, o fanatismo atua para além do efeito religioso, mas não extrapolaao campo ideológico como um todo. Há fanatismo entre crentes de todo o tipo, domenos ao mais irracional. Mas, não existe fanatismo racional, em que pese o fatode um certo tipo de razão (instrumental, cínica, etc) também ter cometido os seusdesatinos e crimes. Assim, para o fanático religioso, não basta adorar um Deus ouum Baal,visto como Senhorabsoluto, é necessário ser soldadodele na terra, lutar pela causasuperior, pregar, exorcizar, forçaros "infiéis" ou "divergentes" à

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conversão absoluta, à qualquerpreço. O fanático está sempredisposto a dar provas do quantosua causa suprema vale mais doque as próprias vidas: dele, de suafamília ou mesmo de toda ahumanidade. Ele mata por umaidéia e igualmente morre por ela. Os sintomas do fanatismo, em grupo, são:orações, privações, peregrinações, jejum, discursos monológicos e martírios quepodem terminar com o sacrifício da própria vida visando salvar o mundo das"trevas" ou do que ele entende ser "o mal. Você vai em uma igreja e um oradorcomeça a falar sem parar e a geaticular de forma hipnótica levando a todos alipresentes a uma cooprensao catatônica.O fanático não fala, faz discursos; é portador de discursos prontos cujo efeito é apregação de fundo religioso ou a mesmice política de idéias que poderá vir a setornar ato agressivo ou violento, tomado sempre como revelação da "ira de Deus"ou "a inevitável marcha da história" ou, ainda, a suposta "superioridade de unssobre os demais". Faz discursos e não fala, porque enquanto a fala é assumida pelosujeito disposto ao exercício do diálogo, da dialética, do discernimento daverdade, os discursos - especialmenteo discurso fanático - fazem sumir ossujeitos para que todos virem merosobjetos de um desejo divinizado;servir ao desejo divino e à produçãoda repetição de algo já pronto, onde oretorno do recalcado do sujeito faz doEu (ego) um porta-voz de um sistemade crenças moralistas carregado deódio em relação ao suposto inimigoou adversário que precisa serdestruído para reinar o Bem.Os textos sagrados, tomadosliteralmente, fornecem a sustentação"teórica" do discurso fundamentalista religioso; com ele, o indivíduo acredita, apriori, estar de posse de toda a verdade e por isso não se dá ao trabalho de levantarpossíveis dúvidas, como confrontar com outro ponto de vista, ou desvelar outrosentido de interpretação, ou ainda, contextualizá-lo, etc. O fanático tem certezaque o texto que ele lê na bíblia é certo porque lhe falaram desde criança , e isso lhebasta. Creio porque é absurdo, já dizia Tertuliano. Certeza para ele é igual averdade. (Segundo Popper, no campo científico, a certeza nada vale porque é"raramente objetiva: geralmente não passa de um forte sentimento de confiança,

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ou convicção, embora baseada em conhecimento insuficiente", já a verdade temestatuto de objetividade, na medida em que "consiste na correspondência aosfatos", na possibilidade da discussão racional com sentido de comprovação.(Popper, 1988, p. 48).O problema da religião não é a paixão na boa e infalível"fé", mas ainquestionalidade de seu método. O método de qualquer religião traz uma certezadivulgada em forma de monólogo, jamais de diálogo ou debate de idéias. Opastor, padre, rabino, ou qualquer pregador de rua, vivem o circuito repetitivo domonólogo da pregação; acreditam que "vale tudo" para difundir a "verdade única"que o tocou e o transformou para sempre! O estilo fanático usa e abusa dodiscurso monológico delirante, declarações, comunicados, que jamais se voltampara escuta ou o diálogo, exercício esse que faria emergir a verdade e não a"certeza . Do ponto de vista psicopatológico, todo fanatismo parece terrelação com a fuga da realidade. A crença cega ou irracional parece loucuraquando se manifesta em momentos ou situações específicas, como já vimos,porém se sua inteligência não está afetada, o fanático aparentemente é um sujeitonormal. No entanto,caro leitor, torna-se um ser potencialmente explosivo,sobretudo se o fanatismo se combinar com umainteligência tecnologicamente preparada.Fanático inteligente é um perigo para acivilização. O terrorismo, por exemplo, queatua com a única meta de destruir inimigosaleatórios é realizado por indivíduos fanáticoscuja inteligência é instrumentada apenas paraessa finalidade. No terrorismo é uma dasexpressões do fanatismo combinado com umainteligência tecnológico, mas totalmenteincapaz de exercitá-la por meios maisracionais, políticos e legais. Para o terrorismosustentado no fanatismo, os inocentes devempagar pelos inimigos; a destruição deve ser aúnica linguagem possível e a construção de umnovo projeto político-econômico, não está emquestão, porque a realidade no seu todo é distorcida.O fanatismo parece surgir de uma estrutura psicótica. O fato do sujeito se vercomo o único que está no lugar de certeza absoluta, de "ter sido escolhido porDeus para uma missão "x", já constitui sintoma suficiente para muitos psiquiatrasdiagnosticarem aí uma loucura ou psicose. Mas, seguindo o raciocínio de Freud,vemos que "aquilo que o psicótico paranóico vivencia na própria pele, oparafrênico experiência na pele do outro", ou seja, somos levados a supor que ofanatismo está mais para a parafrenia que para a paranóia. Hitler, antes

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considerado um paranóico, hoje é mais aceito enquanto parafrênico, pois seus atosindicam sua idéia fixa pela supremacia da raça ariana e a eliminação dos"impuros"; mais ainda, o gozo psíquico do parafrênico não se limita "ser olhado"ou "ser perseguido", tal como acontece com paranóicos, mas sim se desenvolve"uma ação inteligente de perseguição e extermínio de milhares de seres humanos",donde extrai um quantum de gozo sádico. Portanto, deve existir membros de umgrupo de fanáticos paranóicos, mas certamente o pior fanático é o determinadopela parafrenia, pois visa de fato destruir em atos calculados "os impuros", "osinfiéis", enfim, todos os que não concordam com ele.Agora ,devemos diferenciar os verdadeiros fanaticos dos profissionais dareligião ,que sabem muito bem o que fazem,apenas sobrevivem,como verdadeirosabutres, às custas dos pobres doentes mentais. Hitler e seus comparsas usaramde inteligência para inventar e administrar a chamada "solução final" contra osjudeus, porém, antes de ser este um fato criminoso era uma exigência interna deseu próprio psiquismo. Na parafrenia vigora a compulsão de observar e atuar o serdo Outro como alimentador de seu delírio interno. O parafrênico "faz acting outem nome de..." e jamais assume seu ato criminoso, pondo a responsabilidade emalguém que para ele encarna o "mal". Para sua "lógica", as vítimas são os únicosresponsáveis. É curioso observar que ontem os judeus se agarravam ao sacrifíciodo holocausto como modo de explicação da tragédia em que eram vítimas, mashoje a ultra direita israelense, no poder, parece resgatar dos nazistas essa terrívelidéia da "solução final" contra os palestinos. "Quem lutou muito contra dragão,também vira dragão", diz um antigo provérbio chinês. Alias notem nopensamento de Hitler a respeito do povo;O modo de sentir do povo simples é elementar,O esquema de interpretação do mundo só temDois pólos: Positivo e negativo, bem ou mal"."As massas tem uma inteligência modesta.A propaganda deve basear-se sobre pouquíssimosPontos, repetidos incessantemente"."É muito fácil envolver o povo numa grande mentira.Do que numa pequena"."Se a mentira tiver proporções exageradas,Nem passará pela cabeça das pessoas ser possívelArquitetar tão profunda falsificação da verdade"

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"É dever do líder mostrar que os inimigos pertencema uma categoria: individualiza-los pode provocarnas massas dúvidas sobre a justeza e seu direito"Os fanáticos pela "solução final" dos judeus, no Julgamento de Nuremberg, não seconsideravam culpados ou com remorsos pelo extermínio coletivo. Goering,considerado o segundo homem depoisde Hitler, tentou se defender segundoo princípio de sua lealdade efidelidade para com o Führer;"cumprira ordens" e "nenhuma vez elese considerou um criminoso” . Eis a"razão cínica": a culpa pelo genocídioera dos próprios judeus gananciosospor dinheiro, não de seus carrascosnazistas. Os israelenses da "eraSharon" também não seresponsabilizam pelos atos criminososde Israel contra os palestinosgeneralizados como terroristas.Se no fanatismo o sujeito inexiste para dar lugar ao Senhor absoluto emaravilhoso, então faz sentido,caro leitor, não assumir a sua própriaresponsabilidade, porque ela é "obra do Senhor" , "o Senhor quer que eu faça","foi a mão de Allah" , etc. São mais do que frases, são efeitos de uma poderosa"fantasia da eleição divina" onde o sujeito é nidificado para dar lugar ao discursodelirante da salvação messiânica. O mundo fanático foi dividido entre "os eleitos"e os que continuam nas trevas e que precisam ser salvos ou serem combatidos portodos os meios, pois "são forças do mal".O famoso caso Schreber, analisado por Freud, que acreditava ter recebido umchamado de Deus para salvar o mundo, que lhe era transmitido por umalinguagem particular - só entre ele e Deus - , tornou-se o modelo psicanalítico parase pensar a relação loucura efanatismo.Como já dissemos, o fanatismoé sustentado por sistema decrença delirante, psicótico,dominado por uma autoridadeabsoluta e invisível (Deus ou acausa da "supremacia da raçaariana", ou a "missão do povojudeu", ou "a Jihad islâmica","ou salvar o mundo do diabo",enfim, um significante posto nolugar "absoluto" que comanda aação do grupo fanático,etc).Segundo a psicanálise, isso

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poderia apontar para a hipótese de um "complexo paterno" de origem.A leitura lacaniana fala de "um buraco no Nome-do-Pai, que produz no sujeito umburaco correspondente, no lugar da significação fálica, o que provoca nele,quando é confrontado com essa significação fálica, a mais completa confusão. Éisso que desencadeia a psicose de Schreber, no momento em que ele próprio échamado a ocupar uma função simbólica de autoridade, situação à qual só teriapodido reagir com manifestações alucinatórias agudas, às quais a construção deseu delírio iria pouco a pouco fornecer uma solução, constituindo, no lugar dametáfora paterna fracassada, uma "metáfora delirante", destinada a dar um sentidoàquilo que, para ele, era totalmente desprovido desentido".Os primeiros sintomas de fanatismo e suas estratégiasde seduçãoO início de qualquer fanatismo consiste, em primeiro,reconhecermos um sujeito ou grupo estaremconvictos, quando julgam de posse de uma certeza querecusa o teste da realidade. Nietzsche dizia que "asconvicções são piores inimigas da verdade do que asmentiras", porque quem mente sabe que estámentindo, mas quem está convicto não se dá conta doseu engano. "O convicto sempre pensa que suabobeira é sabedoria". Até no campo científico, hácientistas correndo o perigo de tornar-se convictos desuas teses. Edgar Morin analisa que quando algumasidéias se tornam supervalorizadas e adquirem umcaráter de grandiosidade e absolutismo tendem alevar os seus sujeitos a abdicarem de seu raciocínio crítico e se tornarem merosobjetos dessas idéias. Indivíduos assim submetidos a tão grandes idéias, fazemqualquer coisa para "salva-las" de um possível furo de morte; elas funcionamcomo muleta existencial. Isso acontece principalmente no meio religioso, mastambém pode ocorrer nos meios político, filosófico e científico.O segundo sinal do fanatismo, caro leitor, é quando alguém quer impor a todos demodo tirânico a "verdade" única, segundo Nietzsch, extraída de sua inspiração oucrença absoluta. Pretende assim a uniformização vialinguagem, através de aparência física, ritual eslogans do tipo: "O único Deus é Allah", "só Cristosalva", "Jesus Cristo é o Senhor", "somos o Bemcontra o Mal", "Em nome do Senhor Jesus euordeno..." São expressões de caráter estereotipado,sustentado por uma "estrutura de alienação dosaber", onde o discurso passa a falar sozinho, é umaresposta que está no gatilho, pronta para qualquer

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emergência que o sujeito não quer pensar. Observemo caráter tirânico, narcisista e excludente dessasafirmativas. Todos possuem uma visão que nega outros modos de crer e pensar. Omesmo acontece nos auto-elogios das pessoas de raça branca e o desprezo pelasoutras como proclamam os fanáticos da extrema direita, nas ações violentas deuma torcida sobre a outra, todos, sinalizam que o indivíduo se rende ao grupo eeste "a causa".Os recém convertidos de qualquer seita religiosa ou política estão sempreconvictos que, finalmente, contemplam a verdade e essa tem que ser imposta atodos, custe o que custar.O terceiro indicativo de fanatismo, já dissemos, é quando uma pessoa passa acolocar uma causa suprema (podendo esta ser justa ou delirante) acima da vidadela e dos outros.Quarto, quando um indivíduo e/ou grupo seisolam da convivência familiar e social e adotamum modo de vida narcíseo (no igual modo devestir, de cortar ou não cortar o cabelo, no jeito defalar, nas regras de comer, na ritualística, etc),enfim, quando uniformizam seu discurso, gestos,postura, atitudes em geral e punem os que serecusam a seguir as regras impostas. Entrar paraum grupo de fanáticos implica em renunciar: pai,mãe, os filhos, os amigos, o lugar onde viveu, otrabalho, enfim, os membros são persuadidos amatarem os vestígios simbólicos da vida anteriorpara fazer renascer a vida em outra base moral ede fé.Quinto, quando o indivíduo e/ou grupo perdem obom-senso na lógica da comunicação e nas ações do cotidiano. O discurso passa aser repetitivo e estranho à vida comum.O sexto indício de fanatismo é quando se perde osentido de respeito e humanidade para com osdiferentes, em nome de uma causa transcendente.O psicólogo francês, J-M. Abgrael resume o métodode doutrinação fanática em 3 etapas: 1o) sedução daspessoas para a "causa"; 2o) destruição da antigapersonalidade, eliminação dos elos familiares, sociaise profissionais e 3o) construção de uma novapersonalidade "renascida" ou "renovada", de acordocom o modelo e as regras da seita. Geralmente essapassagem da vida normal para a vida "renovada", háum ritual, algum tipo de batismo, onde se inicia aadoção de um novo nome, novos hábitos,

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apresentação de novas "famílias". Sentir-se inclusonum grupo "de irmãos" ou "de luta pela causa" "é como estar apaixonado; surgeuma sensação maravilhosa, tudo passa a fazer sentido na vida, a pessoa se senteacolhida e imensamente alegre". O indivíduo passa a se ver se modo especial,diferente dos demais para realizar a missão elevada; se vê inundado por umsentimento grandioso que Freud chama de "sentimento oceânico". Imagine umindivíduo desesperado, desgarrado de seu grupo social, sem uma forte identidadepsicossocial cuja vida perdeu o sentido, ao ser acolhido em um grupo fanático,recebe mensagens confortadoras, do tipo: "nós amamos você", "você é muitoimportante para o projeto de Deus", "você faz parte de nossa vida", "Deus te ama",etc Diz P. Demo (2001) "o sentimento de ser amado, move o entusiasmo mais dode qualquer coisa". Faz parte da estratégia para atrair pessoas para novas seitase igrejas, investir em programas produzidos para solitários que sofrem insônia edepressão nas madrugadas. Os desesperados sentem-se acolhidos com taispalavras mágicas e facilmente se sentem inclusos e maravilhados pela ilusão denova vida e sentimento extremo de felicidade, numa igreja em que o fanatismo é oseu ponto cego.Todo fanático é intolerante.O fanatismo é a intolerância extrema para com os diferentes. Um evangélicofanático é incapaz de diálogo e respeito para com um católico ou um budista. Umfanático de direita não quer diálogo com os de esquerda. Organizações como a KuKlux Klan são intolerantes igualmente com negros adultos, mulheres e crianças.Por isso se diz que há em cada fanático um fascista camuflado, pronto paraemergir em atos de exclusão e eliminação.O escritor e filósofo italiano, Umberto Eco, reconhece que o protofascismo estápresente nos movimentos fanáticos. No campo político, não importa autodenominar-se de "esquerda" ou de "direita" pode existirum protofascismo. No fundo os atos terroristas sãoproduzidos e sustentados por fanatismos de inspiraçãomístico-fascista incapazes de diálogo ou argumentoracional que esclarece sua causa objetiva. Não é semsentido que os atos terroristas deixaram de dizer algopela palavra e passaram a ser apenas o ato, o acting out.S. P. Rouanet diz que "os terroristas são agentes de umaideologia religiosa extrema direita ... que funcionacomo ópio do povo..." (A coroa e a estrela, FSP, Mais!,18/11/01)O fascismo, tanto o de Estado ou dos fundamentalistas

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religiosos, como o que está pulverizado nos atos docotidiano das relações humanas, é fanático porquedesrespeita, desconsidera, é intolerante quanto ao modode ser, pensar e agir do outro, é tradicionalista-fundamentalista e extremamentenacionalista. Enquanto o fascista "quer o poder pelo poder", há o fanático"autêntico" que anseia dominar o mundo com sua crença, e o "fanático terrorista"que "deseja apenas destruir a estrutura de sustentação do inimigo". Mas, ambos, ofascismo e o fanatismo não são compatíveis com a democracia. Ambos pregamintolerância multirreligiosa, a intolerância multicultural e multirracial e usam oespaço de liberdade democrática para espalhar o seu ódio e sua crença.O sentimento que no fundo sustenta o fanatismo e o fascismo não é a fé, nem oamor (Eros), mas o ódio (Thanatos) e a intolerância. O desejo do fanático"autêntico" é dominar o mundo com seu sistema de crença cheio de certeza. Noplano psíquico, o lugar do recalque torna-se depósito de ódio e desejo de eliminartodos os que atrapalham o seu ideal de sociedade. Certa dose de paciênciadoutrinada o faz esperar,agindo para que a "idadede ouro puro" possa um dia acontecer.São tão fanáticos os terroristas-suicidasmuçulmanos como os fundamentalistas cristãosnorte-americanos que atacam clínicas de abortos,perseguem homossexuais, proíbem o ensino dateoria evolucionista de Darwin, obrigando aosprofessores ensinarem a doutrina criacionista talcomo está na Bíblia, ou ainda, os protestantes daIrlanda do Norte que atacam crianças católicas ouos bascos que querem ser um país independente aqualquer preço, por meio do terror.Quando eu era criança dos meus doze anos, erainformado a não me misturar com outras crianças que não fossem da minhareligião (Adventista do sétimo dia) ,pois as mesmas poderiam me passar umdemônio qualquer! Minha filha foi ferozmente atacada verbalmente por umprofessor de religião, dentro da sala de aula,na frente dos colegas,apos essedescobrir que ela não acreditava em Deus. Esse fato me demonstrou o quanto éperigoso você,de repente, dizer a um fanático que sua verdade pode ser umafantasia insólita.Alguns personagens "messiânicos" de nosso tempo, como Hitler, Idi Amin,Reagan, G. W. Bush, Sharon, os grupos dos martírios suicidas do Oriente Médio,entre outros, tem algo em comum: cadaum se sente o escolhido para cumpriruma especial missão1. Hitler discursouque "as lágrimas da guerra preparariamas colheitas do mundo futuro". G. Bush,na sua ânsia de guerra contra o ditador

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S. Hussein, não estaria delirando namesma linha ? Não é sem sentido que osEUA, tem sido o solo fértil de seitascristãs fanáticas. Uma delas, A Casa dosFilhos de Jeová, torce para o mundo seacabar logo, porque seus membrosacreditam que depois surgirá uma nova civilização do Bem.Fanáticos e suicidas carecem de humorO fanatismo parece ser uma doença contagiosa, pois tem o poder de atrair adeptosgeralmente em crise profunda de vida pessoal.Fanáticos e suicidas tem em comum a falta de humore o desapego pela própria vida. A certeza cega tiralheso humor e os colocam no caminho do sacrifíciomístico.O escritor e pacifista israelense, Amós Oz, numa cartaao escritor japonês Kenzaburo Oe, Prêmio Nobel de1994, escreve ter encontrado a "cura para ofanatismo": o bom humor. Diz que: "nunca vi umfanático bem-humorado, nem alguém bem-humoradose tornar fanático". Oz imagina uma forma mágica deprevenir o fanatismo: um novo tipo de messias que"chegará rindo e contando piadas".Emil Cioran, um filósofo amargo e pessimista, vê nasatitudes dos céticos, dos preguiçosos e dos risonhos, os únicos queverdadeiramente estão a salvo do fanatismo. Já os religiosos bitolados, os políticoscorreligionários, os dogmáticos que habitam em todas as áreas do conhecimento,tendem ao fanatismo com seus instrumentos próprios.O fanático jamais se pensa ser fanático. Agora,também não podemos sair por aí rotulando pessoascomo um Torquemada moderno.Enfim, é preciso estarmos atentos e preparados pararesistir os apelos do fanatismo que como erva daninhanão escolhe lugar para germinar e se alastrar. Osgrupos fanáticos exercem um atrativo para osindivíduos que possuem uma estrutura psíquicavulnerável, os desesperados, os desgarrados, osavessos ao espírito crítico ou predispostos à crendice,ao desejo de encontrar uma certeza e a se "contentarsecom pouco" na terra, porque ele tem certeza de queganhará na suposta vida após a morte. Tanto o fanatismo como as guerras estãoentre as situações que seencontram na contramão dasabedoria.Para prevenção do fanatismoFreud, como pensadorevolucionista, refletia que só

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quando a civilização ascendesseà maturidade psíquica é quedescartaria os mecanismosinfantis ou alienantes cuja matriz é a religião. Segundo o fundador da psicanálise,a religião infantiliza as pessoas e as arrasta ao delírio de massa. O homem nãopoderia viver nesse estado de infantilismo para sempre, daí a urgente necessidadede um projeto de uma "educação para a realidade", que fortaleceria a vidaintelectual, facilitando o acesso de todos ao conhecimento científico, por ser esteverdadeiro. Ademais, a religião não fez e nem faz as pessoas felizes, mas, dá-lhesuma ilusão de felicidade; sem dúvida, ela tem o poder de controlar os impulsosprimitivos psicossexuais e proporciona alguma direção moral, que costuma ir alémdo necessário, ou seja, reprimindo o potencial criativo ou de prazer genuíno daspessoas.Amós Oz , o escritor pacifista, sugere a criação de escolas em todo o mundo dadisciplina "fanatismo comparado". Tal disciplina não apenas serviria paraentender os fanatismos: religioso, nacionalista,racial, político, desportivo, mas também outrosque passam desapercebidos, como o"antitabagista" que poderia queimar os quefumam, o "vegetariano" que comeria vivo quemcome carne, "o ecologista" que prefere salvar asbaleias às pessoas famintas, etc. Uma disciplinacomo essa, teria uma função mais queeducativa, teria uma preocupação preventivaquanto a possibilidade de "contágio" social dofanatismo, já que pode-se pegá-lo ao tentarcurar alguém desse mal. "Conheço o perigo dese tornar um fanático antifanatismo", alerta oescritor.Concluindo, resumimos que, previne-se ofanatismo com uma educação de boa qualidade, que saiba promover a culturageral e mais do que a fé , e o sentido de grupo, de criatividade e humor. Quandoolhamos a nossa sociedade recheada de liturgias estapafúrdias, como oespiritismo,por exemplo,fundado por um médico maluco que se auto chamavaAllan Kardec,a reencarnação de um profeta celta,fazendo uma alusão ao romanceO medico eo monstro,ficamos meio que desanimados com o caminho que estatomando o pensamento do século XXI.Todas as Eras históricas parece que semprese baseia em uma outra anterior,assim como foi na renasccencia ,onde opensamento ocidental redescobriu a Era Clássica. Partece-me a meu ver que a EraXXI está retornando,ou tomando como alicerce, o pensamento do século

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XIX,onde ocorreram certos momentos de fanatismo no absurdo ,devido ao temordo progresso ,que então batia à porta.Final:Quando me revelo, em um grupo de amigos ou pessoas, como ateu, sou logoencarado como um ser anormal ou como que vindo das profundezas do Tártaro.A pergunta mais comum é; Por que você escolheu ser ateu? Ser ateu não seescolhe ,se alcança ,sim, uma maturidade de pensamento. Mas onde está aquestão da fé? Deus não é razão é fé. Mas meu caro leitor (é meu chisteliterário) como posso ter fé se essa representa a confusão de pensamento? Possosim possuir a certeza ou talvez a esperança de ter certeza, mas, me perdoemaqueles que não concordaram com o que foi colocado no livro até aqui, fé é umaquestão de credulidade e ingenuidade simplória e acéfala. Se Deus realmenteexistisse, como já foi discutido, ele não teria a necessidade de criar uma igreja queficasse o tempo todo gritando “ Acredite,! Acredite!Qual é a razão para Deus se esconder e ficar brincando com suas pobrescriaturas de esconde-esconde; que lição moral isso pode nos passar?Quando somos ingênuos e votamos em um político corrupto, que nos fez ter fé emsua suposta honestidade, nós erramos, pois oferecemos nosso voto sem investigare conhecer as ações do mesmo ; votamos simplesmentepela fé!Na próxima vez que formos votarestaremos mais preparados, pois nãovamos simplesmente consagrar naboa e infalível fé,vamos sim atrás doconhecimento sobre os candidatospara fazermos agora um bomtrabalho, a isso chamamosamadurecimento psicossocial.O conteúdo deste livro fazjustamente o papel de catalisarconhecimento para que você,caro leitor ,amadureça .Dentre as varias idéias malignas e estranhas defendidas pela bíblia,existem muitasque são conselhos de bom cunho moral,não sei se é possível dizer o que é certo ouerrado, pois muitas vezes existe sim pontos de vista.Mas tomemos por base a moral e costume ocidentais,que nos é mais familiar,nãomelhor nem pior,só familiar. As igrejas e os deístas, hoje fazem alarde sobre osserviços sociais importantes que realizam, como a manutenção de asilos ,crechesou hospitais,e como de costume usam muito a mídia para alardear tal proeza.É lógico que eu não posso ter uma opinião

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contraria á ajuda que às vezes é tão importantepara um carente, já que os governos pecam muitopela falta de apoio aos necessitados, mas vejamospor outro prisma. Se não fosse pelairresponsabilidade do pensamento clérigomaldoso em todos esses anos de pirraça religiosao mundo e a sociedade, talvez não precisassemhoje da esmola da igreja. O que seria daapostolado se não fossem os necessitados e osdesesperados? Se prega a ajuda aos pobres e emcontra partida apregoam o não uso depreservativos ,principalmente entre os maismiseráveis,qual é o sentido de tudo isso? O caroleitor pode perguntar; Se a igrjase diz auxiliarmoralmente e fisicamente a recuperação dedrogados e alcoolistas,por que então, criticar esse trabalho? Não posso criticaresse trabalho, pois criticar é extremamente fácil quando não se apresenta soluções,mas posso definir uma falha na concepção final. Madre Tereza entulhava em seushospitais doentes terminais de AIDS e mães solteiras ,geralmente crianças, usavade métodos inadequados para a pratica da medicina,o número de miseráveisaumentando e a mídia católica fazendo o maior alarde sobre o poder debenevolência da caritosa freira. Ao mesmo tempo em que era feita ,as boasações,esta combatia ferozmente o uso de qualquer método anticoncepcional,pois éextremamente pecado e condenado pela igreja. Onde está o racionalismo em tudoisso? Onde está, pergunto-lhe, caro leitor, aclareza e o pensamento inteligível em toda essapantomima clerical?O drogado faz uso de entorpecentes para fugirda realidade e por não conseguir resolver por sipróprio problemas impostos a ele na luta do diaa dia da realidade, e a religião perpetra omesmo, ou seja, induz o pobre dependente parao mesmo caminho, pois quem não consegueresolver seus conflitos sozinho necessita dealguém ou alguma coisa que pense por ele,nesseponto entra então o entorpecente,a religião e oidealismo,em forma de busca pelo prazerimediato,em forma do pastor ou do padre,dopolítico carismático ou até do patrão em umaempresa,time de,futebol,no qual o mal resolvidose lança em um abismo quase sempre semvolta.. Como já comentei anteriormente, meditação é extremamente salutar, desdeque não nos desliguemos do prumo da justiça. O homem necessita fugir ao real

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esporadicamente, pois enfrentar a realidade 24 horas no dia não parece ser muitorelaxante. Usamos então da meditação,do humor e da fantasia através das artes,eeu estou incluindo a Filosofia neste contexto como uma arte ,a arte dopensamento.Não devemos, porém confundir e usar as drogas e a religião como rota de fugapara se escapar à realidade seria extremamente desonesto para com nossa razão einteligência.Não fique alto com drogas, mas vá para o céu em uma carruagem de fogo juntocom Elias, qual é a diferença? Para se entorpecer não é necessariamente precisofazer o uso de drogas,pode –se conseguir igual resultado hipnoticamente.Os fundamentalistas islâmicos não se drogam para se sacrificarem enrolando emseu próprio corpo 100 Kg de dinamite, somente o efeito da palavra distorcida ehipnótica de um líder carismático é o bastante .Escrevi esta obra literária, sim; para desvendar os mitos da bíblia e pregar operigo que é a idéia religiosa, o quanto é fácil, apartir de um pequeno costume inofensivo, como lero horóscopo todos os dias, e aos poucos adentrarpara degraus mais perigosos do místico e doabsurdo. Quando se vê uma apresentação religiosana TV ou radio,uma inocente musica gospelincitando na cabeça de jovens um fundamentalismodo absurdo que sempre aparece como uma coisainofensiva e boa, há de se ter cuidado,poispoderemos logo, logo, estarmos amarrados com100 Kgs de dinamite aos nossos corpos,prontospara morrermos por Iahwéh .Na política vemos hoje em qualquer espaço,vereadores, prefeitos deputados etc... a presença delideres religiosos de cunho fundamentalista,e atendência é de piorar, se não tomarmos uma atitudee ficarmos atentos. É claro que não quero aquiincentivar uma caça às bruxas, de forma alguma pois não prego o pensamentointegralista, muito pelo contrario, prego por um pensamento livre. Não vai seratravés de leis que se poderá acabar com ofanatismo ou com as drogas, não se podesair por aí gritando igual aos fanáticosreligiosos da Idade Média ”É proibido ler ohoróscopo ou É proibido se acreditar emalguma coisa”,não ,está errado,seria tãoridículo como nas cruzadas da idademedia,cristão e islâmicos ,ambos seagredindo cada qual chamando seu portentorde fanático. Não se combate o fanatismo com mais fanatismo,devemos sim

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ajudar as pessoas a terem uma chance de nomear a confiança . Nós vemos hojepessoas inocentes morrendo por causa de balas perdidas no combate ao tráfico dedrogas do que dependentes morrendo por overdose. Traficantes matando jovensque não podem pagar o que consumiram,assaltos e seqüestros para se comprarmais entorpecentes,será que não devemos rever nossas ações?Outro dia eu via na televisão um pai lutando no congresso para que se libere asexperiências com células tronco, única opção para salvar avida de suas duas filhasque possuem uma doençacongênita. Qual o motivodesse pai estar lá emBrasília brigando por umestudo que é vital para avida,e implorando paranão deixarem suas filhasmorrerem em vão? Aresposta é fácil e direta...Religião,Igreja,Fundamentalismo.Esse pensamento arcaico dos pensadores deístas é oprincipal empecilho para a evolução da ciência em plenoséculo XXI. Sabe quando esse pai vai conseguir a liberação dos estudos parasalvar suas filhas? A maior bancada no Senado é composta por políticos ligadosà Igrejas...Minha obra literária é justamente para as mentes queestão presas à droga inebriante do pensamentoreligioso, é para pessoas que estão buscando umaopcao concreta, sem partidos, tendências ougrupos,sem esquerda nem direita, apenas a verdade(quenunca será completa ,visto que o universo semovimenta) que ajudara a desfrutar a vida comdignidade sem ter que fazer parte deste grupo oudaquele,você pode ser simplesmente você . Se todomundo se veste de amarelo porque está na moda, euposso querer usar Azul, e daí?Não é necessário ser integrante de uma igrejaqualquer para se fazer o bem ao nosso próximo. Nãoé necessário ser cristão ou outra seita qualquer, paraseguir as normas de não matar ou roubar, que sãoconceitos básicos em qualquer sociedade, pois docontrario não conseguiríamos viver em coletividade,e o homem é um animal político e social. Ninguémvai punir você em outro mundo, você vai ser punidoneste mundo mesmo, se você roubar, também serároubado, se trair ou matar, correrá o risco de lheacontecer o mesmo. Se você quer viver em umasociedade, terá que saber que; o direito de um termina

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quando começa o do outro. É uma pena que a nossasociedade atual esta se tornando egoísta e cada vezmais esquece as normas do bem viver em grupo,respeitando as individualidades de cada um. O que está faltando, caro leitor, éuma educação diferente do que é apresentada hoje, não é necessário pedir socorropara deuses fictícios ou criar seitas secretas, mas devemos encarar os problemasde frente, pois estes fazem parte da nossa realidade. Fica passivo, caro leitor,queenfrentemos de peito aberto hoje qualquer problema, apenas com nossa coragem enão a de um deus imaginário qualquer. Um par de mãos trabalhando faz muitomais pelasociedade do que mil pares rezando. Para finalizar eu apenas reitero; Quemmorre por uma causa ou um deus qualquer, também mata por eles.Procuro sempre fazer o que penso ser correto sem esperar qualquer recompensaem troca, é lógico que como um ser normal nem sempre acerto,mas é com os errosque o ser inteligente aprende; “Errar é humano ,persistir no erro é divindade”.Não precisam me dizer “ Fique quietinho que depois você ganha um doce” ou“ Siga as regras da nossa seita que depois Deus te dá a vida eterna”.Não tenho avida eterna, nem um deus para me perdoar pelos meus pecados, mas sabem deuma coisa? Como eu consigo dormir sossegado...Sei que parece meio ridículo, mas vou terminar o opúsculo com uma parábola dareligião hindu,(que eu também entendo como uma bobagem),o povo indiano estáem uma situação de penumbra e fome, por causa dos mais de Dois milhões dedeuses e deusas que não permitem o amadurecimento intelectual e social daquelesofrido país ., Mas apesar de tudo,eu encontrei uma parábola conveniente pararepresentar a síntese do texto.A parábola demonstra que qualquer deus é apenas um heterônomo do homem.Quem é maior que Deus?(O Poder da Devoção)Shiva perguntou a Narada, seu discípulo:- Em toda a sua busca, você foi capaz de descobrir o principal segredo douniverso?- Em todo lugar você vê os ?Narada pensou e respondeu:- Senhor Shiva, de todos os elementos, o mais denso, o maior e mais importante,certamente é a terra.Shiva respondeu:

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- Como pode o elemento terra ser o maior, quando 3/4 do mundo é formado porágua que engolfa 1/4 de terra.Narada compreendeu que a água era maior porque engolfava a terra.Shiva então perguntou:- mas nós temos a antiga lenda que antigamente os demônios habitavam osoceanos, e para os encontrar um grande homem santo engoliu toda a água dosoceanos num só gole. Quem você pensa que é maior, o oceano, ou o homemsanto?Narada teve que concordar que o homem santo era maior que o oceano.Shiva:- Mas foi dito que quando este homem santo deixou seu corpo, sua alma setransformou numa estrela no céu. Tal homem santo é visto agora como umapequena estrela na vasta imensidão do céu. Qual então é o maior o homemsanto ou o céu?Narada respondeu:- certamente o céu é maior que o homem santo.Então Shiva perguntou:- Ainda nós sabemos que quando Deus veio a terra como avatar no corpo de umanão, ele de tal maneira se expandiu que conseguiu cobrir o céu e a terra comapenas um passo. O que você acha que é maior, um passo de Deus ou o céu?Narada respondeu:- um passo de Deus certamente é maior.Shiva perguntou:- Se um passo de Deus é grande, então quão maior é seu ser infinito?Narada sentiu que era chegada a conclusão final:- Sim (disse exultado), Deus é maior que tudo, ele é infinito, imensurável, nãohá nada maior que ele.Mas Shiva tinha ainda mais uma pergunta:- O que você acha do devoto que é capaz de conter o Deus infinito dentro de seucoração?- Agora me responda quem é maior o devoto que tem Deus contido em seucoração, ou Deus que é contido dentro do coração do devoto?Narada teve que admitir que o devoto era mesmo maior que Deus, e por isso odevoto deve ser o primeiro em importância sobre todas as coisas, mesmo sobre

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Deus,isso mesmo,o homem é maior que Deus.Contador da História: Sathya Sai Baba.__________________________ Até uma outra oportunidade, caro leitor.MariaMadalena éSemirámisJesus é oSol eNemrodOs discípulosestão divididosde tres em tres,erepresentam osmeses e asestações do anoNota-se no teto umagrade onde essa estádividida em 6x6,umantigo artfício usado porocultistas daantiguidade,para seprever o futuro.Emqualquer cálculo que sefaça sempre dar 666.AdendoTradução de Jerônimo sobre os nomes hebraicos bíblicosJerônimo e os nomes bíblicosJerônimo (347-419) é conhecido como o responsável pela edição latina da Bíbliachamada Vulgata [1] e como o famoso mestre e comentarista da Sagrada Escritura.O Livro da interpretação dos nomes bíblicos [2] é uma fusão de antigos Onomastica -referentes ao Antigo Testamento e atribuídos no século IV a Filão - com os trabalhos deOrígines para o Novo Testamento. Jerônimo dá em seu livro o significado em latim decerca de 2.000 nomes próprios que aparecem na Bíblia.Em suas análises, segue o que o próprio texto bíblico diz sobre o significado deste oudaquele nome, ou vale-se de seus conhecimentos do hebraico [3] e do siríaco paraescrever seus verbetes. Jerônimo, tradutor nato, não foge, porém, à regra dos estudosetimológicos medievais: diversas de suas interpretações são inexatas, dando a impressãode que, para a interpretação do Antigo Testamento, o latim é mais determinante do que opróprio hebraico...

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No entanto, devemos acrescentar, repito, que autores antigos tão geniais como Agostinhoou Jerônimo estivessem destituídos de espírito crítico, mas sim que, entre outras razões,neles prevalecia a mentalidade alegórica (a busca do sentido espiritual e místico) sobre osnossos critérios atuais de rigor [4] . Seria impensável que um pregador moderno fizesseum comentário como este, de Agostinho: "Deus julgará todo o orbe (...), pois tambémAdão (Adam) significa em grego o orbe da terra. Quatro pontos cardeais, quatro letras: A,D, A e M. Em grego, as quatro partes do orbe começam por essas letras: A de anatolen(oriente); D de dysin (ocidente); A de arkton (norte); M de mesembrian (sul)" (En. 95,15).Mais do que a presunção de que a palavra de um deus teria estado condicionada pelofuturo aparecimento das línguas grega e latina, Agostinho valeu-se aqui de um engenhosorecurso de pregação, nada chocante para uma mentalidade em que predominavafortemente o colorido e a sugestividade da interpretação alegórica da Bíblia e do mundo.O mesmo se diga de certos verbetes do Livro da interpretação dos nomes bíblicos. Umdos critérios usados pelo autor parece-nos, hoje, no mínimo curioso: para Jerônimo, adiversidade entre duas ou mais interpretações que ele deu ao nome de um personagembíblico se devia, não a uma equivocidade da língua original, mas sim à coincidência detransliteração que ocorre em latim! "Esta profunda divergência entre as interpretações dosnomes - diz Jerônimo a propósito de um de seus verbetes - advém da diversidade dasletras e acentuações" [5] , isto é, da confusão que se produziria ao identificar, em latim,distintas letras semitas.Pois, como se sabe, as línguas semitas possuem uma variedade de sons guturais eenfáticos sem correspondência no latim ou nas línguas latinas. Esta é a razão pela qualJerônimo reduziu, por exemplo, à transliteração por C letras hebraicas como Qof (Q) eKaf (K).Tal fato, em si, não apresentaria maiores dificuldades; problemático é - assim parece àprimeira vista - que Jerônimo tenha desrespeitado a real diversidade original a partir da

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transliteração-versão latina. Nesse sentido, é freqüente nas gramáticas de línguas semitasdirigidas a leitores ocidentais encontrarmos a advertência sobre certas "sutilezas" [6]fonéticas que podem causar-lhes sérios problemas numa viagem ao Oriente. Um erroclássico registrado nas gramáticas árabes: o ocidental quer dirigir-se à amada orientaldizendo "meu coração" (qalby), mas na realidade o que diz é "meu cão" (kalby). Omesmo exemplo em hebraico - próximo ao árabe acima -, faz com que Jerônimointerprete o nome bíblico Caleb (Núm 13,6) como "coração, coração todo, ou cão"(17,12).Na verdade, no caso da Bíblia, o procedimento de Jerônimo não pode ser consideradopura e simplesmente abusivo e acrítico, na medida em que a própria Bíblia, em diversaspassagens, aproxima - para efeitos de trocadilho e de jogos de linguagem - letras (e,portanto, palavras) diversas.Procuremos compreender e avaliar melhor o procedimento por vezes utilizado porJerônimo no Livro da interpretação...Suponhamos um Jerônimo árabe, interpretando para leitores árabes textos brasileiros deHistória Pátria, e suponhamos também que esses textos contenham, no original, jogos delinguagem, como ocorre na Bíblia.Ora, na língua árabe não existe a nossa letra P (que ao ouvido árabe soa e é transliteradacomo B); como não existe V, que se reduz a F; e, do mesmo modo, confundem-se em U:o O e o U; em I, o E e o I. Tal como na piada do "Salim saieu" [7] , esse Jerônimo árabeconfundiria então Deodoro com deu duro; fila com vila etc.Tais confusões, porém, acabam por dar certo, pois o próprio original bíblico associa seusrelatos a jogos de palavras (permutações de letras, metáteses etc.) e, nesses jogos verbais,muitas vezes a permutação para trocadilho em língua oriental [8] se dá entre letras que ofalante ocidental não distingue e identifica na transliteração.Assim, por vezes encontraremos na Bíblia ritmos e jogos fonético-semânticos que tornamlegítima a liberdade com que Jerônimo fez diversas de suas interpretações. É freqüenteque o relato bíblico, em sua língua original, seja formalmente semelhante aos nossos

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conhecidos versos:- "Sou caipira, Pirapora, Nossa Senhora de Aparecida; ilumina a mina escura e funda otrem da minha vida" (Romaria, de Renato Teixeira).- "O povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas" (Sampa, de Caetano Veloso).E, assim, o Jerônimo árabe não erraria quando identificasse filas e vilas: sinais deopressão no texto acima.E, quanto aos nomes próprios, lembremos duas canções de Chico Buarque nas quais orelato está, por assim dizer, concatenado com o nome (note-se também o efeito fonéticoda imitação do ruído do trem):- "Toda a gente homenageia Januária na janela".- "Pedro pedreiro, penseiro, esperando o trem (...) que já vem, que já vem, que já vem,que já vem, que já vem".Ora, também costuma ocorrer na Bíblia essa vinculação do significado do nome (literalou por aproximação fonética) ao papel da personagem, tal como acontece com freqüêncianas historietas infantis, piadas ou programas humorísticos: Cinderela, como seu próprionome indica, lida com o borralho (em inglês, cinder); o loquaz enrolador do programahumorísitico da TV era Rolando Lero; o marido traído, Cornélio etc.Casos como esses são comuns no Antigo Testamento: de Nabal, por exemplo, diz suamulher Abigail: "Não dê o meu senhor atenção àquele homem groseiro que é Nabal,nome que lhe vai bem [9] . Ele se chama o bruto, e realmente é grosseiro" (I Sam. 25,25);a casta Susana (Dn 13) é julgada por Deus através de Daniel (Dan juiz; el, Deus).E quando nosso Jerônimo árabe explicasse aos leitores orientais da História do Brasil queo nome Deodoro não significa apenas "presente de Deus", mas também aquele quetrabalhou arduamente, "deu duro" - porque constaria dos anais da História: "Deodoro deuduro para implantar duradoura República" -, embora estivesse cometendo um erro doponto de vista do rigor estrito da etimologia, estaria acertando do ponto de vista docolorido original do relato bíblico.É neste sentido que, após oferecer significados díspares de um mesmo nome bíblico,Jerônimo podia afirmar que tais diferenças advinham da diversidade de acentos e de letrasque produzem significados tão contrários".

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As metáteses nas línguas semitasPara exemplificar um aspecto da complexa estrutura de significação das línguas orientaise dos jogos de linguagem na Bíblia, examinemos um traço típico da "magia semântica"semita, e particularmente da língua árabe: a metátese.O ocidental costuma ficar perplexo com a (para ele) indeterminação semântica daspalavras orientais. Como se sabe, cada radical semita tri-consonantal atinge um camposemântico infinitamente fluido para os padrões ocidentais.Assim, em torno da raiz, S-L-M, da palavra árabe SaLaM (ou da hebraica ShaLoM),confundem-se, entre muitos outros, os significados de: integridade [10] no sentido físico[11] e moral (SaLyM é o íntegro); saúde (fórmula universal de saudação), normalidade (oplural SáLiM na gramática é o plural regular); salvação ("sair-se são e salvo", mastambém salvação no sentido religioso); submissão, aceitação (de boa ou má vontade), daíiSLaM e muSLiM (muçulmano); acolhimento; conclusão de um assunto; paz etc.A questão complica-se ao infinito, para o ocidental, quando ele descobre que ainda hámais: não só o radical trilítere é difuso, mas não é raro que, por metátese, se lhe associem(ainda mais difusamente) outros campos semânticos.É comum que a metátese, isto é, a mudança de ordem das três consoantes, faça surgir umanova raiz de significado relacionado com a original, como, em português, seria o caso deterno/tenro.Entre nós, a metátese é casual; no Oriente, é constante [12] e, muitas vezes, dotada de real(e encantadora) conexão de sentido. É o que se pode ver na relação abaixo, dentro dalíngua árabe:S F R (viajar) F R S (cavalo) [13]K B R (fazer crescer) B R K (abençoar) [14] B K R (primogênito)Q M R (lua) R Q M (numerar, regrar)X R B (beber, brindar) B X R (alegrar-se, anunciar boa nova)B H R (mar) R H B (amplo, espaçoso, ser bem-vindo)T F L (criança pequena)L T F (delicado, gracioso)Assim, metatética e realmente, a primogenitura (BKR) é na Bíblia associada à bênção(BKR) e ao engrandecimento (KBR). E, como faz notar Strus, há na Bíblia recursos àmetátese: a forma sonora de SaRaY, mulher de Abraão, liga-se assim a herança, herdeiro

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(YRSh); Israel é também chamado Jeshurum (Jeshurum engordou e, como um touro -shor - deu coices, Dt 32,15); etc.Outros jogos de linguagem/significação serão objeto de notas aos verbetes de Jerônimo;mas antes de concluir este tópico vejamos ainda um par de exemplos:- A raiz Sh-L-M (ou, em árabe, S-L-M) significa paz, integridade. Dela deriva o nomeSalomão. Assim, a Davi, que foi um homem de guerra, Deus diz: "Este teu filho será umhomem de paz, pois Salomão é o seu nome" (ICrn 22,9). E Deus mantém a integridade doreino de Salomão (cujo nome significa integridade); só após sua morte vem o cisma.- É tal a presença de semitismos nos evangelhos, que um estudioso como Jean Carmignacchega a supor que os originais não foram escritos em grego. Quando, entre outros casos,Zacarias diz: "Fez misericórdia a nossos pais, lembrando-se de Sua santa aliança, dojuramento que fez a Abraão" (Lc 1, 71 e ss.), há no original semita um jogo de linguagemreferente aos três personagens envolvidos na cena: João (hanan= fazer misericórdia),Zacarias (zakar, lembrar) e Isabel (shaba, jurar).O livro de Jerônimo e a exegese medievalPara a cartesiana mente ocidental, todos estes recursos podem parecer mera fantasia eetimologia popularesca, mas a Bíblia não é cartesiana, e tampouco a Idade Média.Tomás de Aquino, por exemplo, no tratado da vida de Cristo, apóia-se nas interpretaçõesde Jerônimo. Ao argumentar que o Jordão era o lugar adequado para que Cristo recebesseo Batismo (III, 39, 4), afirma que a ascensão produzida pela graça no Batismo pressupõeum descenso de humildade "e a tal descenso refere-se o nome Jordão" [15] (III, 39, 4ad2).E uma das razões que aponta para o fato de Cristo ter querido nascer em Belém é queBelém significa "casa do pão" e Cristo diz de si mesmo "Eu sou o pão vivo que desci doscéus" (III, 35, 7). No mesmo artigo, diz que Nazaré [16] significa "flor" e Cristo quiscriar-se - florere - lá (III, 35, 7 ad2).Discutindo a conveniência de que a anunciação a Maria tivesse sido feita por um anjo e,precisamente por Gabriel, explica: "Como diz Gregório, o nome corresponde à missão:

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pois Gabriel significa <<força de Deus>>. E, assim, pela força de Deus devia seranunciado o Senhor da força e do poder na luta que veio para desbaratar os espíritosmaus" (III, 30, 2 ad4).De Maria, diz ainda o Aquinate: "Só ela conjurou a maldição, trouxe a bênção e abriu aporta do Paraíso. Por esta razão lhe convém o nome de Maria, que significa <<estrela domar>>. Como a estrela do mar orienta para o porto os navegantes, Maria conduz oscristãos para a glória" (De salutatione angelica).O Livro da interpretação dos nomes bíblicos teve uma influência ainda maior sobre aIdade Média pelo fato de ter sido recolhido, de modo condensado, por Isidoro de Sevilhana "enciclopédia" de maior difusão na época: Etimologias. Isidoro antecede esses verbetespelas seguintes considerações sobre o nome: "A maior parte dos nomes dos primeiroshomens têm na sua origem razões próprias. Alguns são nomes dados profeticamente, quese ajustam a fatos futuros ou passados. Embora permaneça neles seu mistério espiritual,aqui trataremos apenas do seu significado literal. Quando não pudermos interpretar suaetimologia, limitar-nos-emos a tratá-la em latim: pois um mesmo nome hebraico pode-seinterpretar de diversos modos de significados diferentes de acordo com a diversidade detransliteração. Como diz Jerônimo: Adão etc." (VII, 6, 1-4).A seguir, apresento verbetes selecionados do Livro da interpretação dos nomes bíblicosde Jerônimo, seguidos em alguns casos de breves comentários.Livro das Interpretações dos Nomes BíblicosSão Jerônimo(seleção, notas e tradução dos verbetes: J. Lauand)Abel= dor, sopro, vento, digno de compaixão (2,17; Gên 4,2). [Comentário de Isidoro deSevilha (VII,6,8): "Pranto, porque o nome já prefigurava sua morte; vento, porque logo sedissiparia". BJ [17] anota: 'ebel, luto] .Abraão= pai que olha a multidão, pai que olha o povo (3,3; Gên 17,5).["Em verdade estáescrito: <<Eu te constituí pai de muitas nações>> (Gên 17,5) aos olhos daquele em queacreditou" (Rom 4,17). O nome Abraham é evocado pelo texto citado, 'Ab hamon, pai damultidão (BJ)].Abrão= pai elevado ou deus da lua (2,28; Gên 11,26).

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Adão= homem, isto é terreno; natural do lugar; terra vermelha (2,17; Gên 2,7). [Note-seque, para a etimologia medieval, homo relaciona-se com terra, barro, humus. "O SenhorDeus formou, pois, o homem do barro da terra..." Do mesmo modo que no hebraicobíblico: 'adam (homem) - 'adamah (terra). Daí o efeito sonoro em Gên 9,6, que fala dosangue do homem sobre a terra: dam ha"adam ba"adam damaw (Strus)].Ana= graça (64,3; Lc 2,36).Ananias= graça do Senhor (66,31; At 5,1).Barnabé= filho de profeta; filho que vem; ou, como julgam muitos, filho da consolação(67,23; At 4,36).Bartolomeu= filho que levanta as águas (é aramaico não hebraico. Bar, em aramaico, éfilho) (60,20; Mt 10,3).Benjamim= filho da direita (3,24; Gên 35,18). [Na Bíblia, e em geral, a direita, yamin,representa o poder, a mão boa e forte, o que dá certo, o bom augúrio (ao contrário daesquerda, à qual se associam sinistro e canhestro)].Caim= possessão ou aquisição (4,2; Gên 4,1). ["Eva concebeu e deu à luz Caim e disse:<<Possuí um homem com a ajuda do Senhor>> (Gên 4,1). BJ anota: "Por um jogo depalavras, Qayn se aproxima de qanah, <<adquirir>>"].Daniel= juízo de Deus ou Deus me julga (61,10; Mt 24,15). [Gên 49,16 joga com Danyadin(juiz-julgar): "Dan julgará o seu povo", assim como há uma seqüência dealiterações em Gên 49,19: "Gad, guerreiros lhe farão guerra e ele os fustigará", Gadgedud yegudennu... yagud (BJ)].David= mão forte ou amado (35,11; ISam 16,13).Débora= abelha; eloqüência ou loquaz (5,9; Gên 35,8). [Comentário de Isidoro(VII,6,53): "Abelha porque sempre esteve em extremo disposta para a guerra e, quandolutando contra Sisara, após matá-lo, entoou um cântico: daí a eloquência"].Dina= julgamento (5,8; Gên 30,21).Elias= Senhor Deus ou o Senhor é Deus (72,14; Tg 5,17). [Comentário de Isidoro(VII,8,4): "Foi assim chamado por presságio do futuro. Pois quando disputava com ossacerdotes de Baal, tendo invocado o nome do Senhor, desceu fogo do céu sobre oholocausto: <<E o povo, vendo isto, prostrou-se com o rosto em terra, e exclamou: OSenhor é Deus!>> (I Re 18,39)"].Eliazar= (12,29; Ex 6,23) vide Eliezer.Eliezer= auxílio de Deus (6,3; Gên 15,1).

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Elisabete= juramento de meu Deus; plenitude do meu Deus ou sétimo de meu Deus (13,2;Ex 6,23).Eliseu= salvação de Deus (64,20) , salvação do meu Deus (42,4; IRe 19,19)Ester= a escondida (Isidoro VII, 8,29).Eva= vida; calamidade ou Ai! (5,17; Gên 3,20). [Hayy, vida: "Adão pôs à sua mulher onome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes" (Gên 3,20). Comentário deIsidoro (VII,6,6): "Mulher, tantas vezes salvação, mas, também, tantas vezes calamidadepara o homem"].Gabriel= força de Deus; Deus me deu força (64,24; Lc 1,19). [Comentário de Isidoro(VII,5,10-11): "O nome hebraico <<Gabriel>> se traduz em nossa língua por <<força deDeus>>. Assim, quando o poder e a força de Deus se manifestam, Gabriel é enviado. Daíque quando chegou o tempo em que Deus deveria nascer e triunfar sobre o mundo, foiGabriel enviado a Maria para anunciar aquele que se dignou vir em humildade paravencer a luta contra os poderes invisíveis"].Todos os nomes terminados em “el” são deorigem babilônicaGérson= banimento deles (13,4; Ex 2,22). [Gersh, "expulsar", "exilar"; sham, "lá" (terraestrangeira). "Chamou-o Gersam pois disse: <<Sou um imigrante em terra estrangeir>>"].Isaac= riso ou alegria (7,15; Gên 17,19). Abraão ri quando lhe é anunciado que Sara lhedará um filho na velhice; Sara também ri ante esse anúncio (Gên 17,17 e ss.; 18, 12-15).[Tshaq, "rir", entre outros significados. Daí que haja, também em Gên 26,8, outro jogo depalavras: Isaac acariciava, Yitshaq metshheq... (BJ)]Isabel= outra forma para Elisabete.Isaías= salvação do Senhor (69,3; At 8,28).Ismael= audição de Deus (7,15; Gên 16,11). [Ouvir, Shm`. Ante Agar aflita, o Anjo deDeus diz: "Vais dar à luz um filho, dar-lhe-ás o nome de Ismael porque o Senhor te ouviuem tua aflição" (Gên 16,11). E, em outro momento de aflição, ante o temor de que o filhomorresse no deserto: "O Anjo de Deus chamou Agar, do céu, dizendo-lhe: "Que tensAgar? Nada temas, porque Deus ouviu a voz do menino (Ismael)" Gên 21,17. Pois Deustinha prometido a Abraão: "Eu te ouvirei também acerca de Ismael" (Gên 17,20)].

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Jacó= o que suplanta (7,19; Gên 26,34). ["Será por que ele se chama Jacó que já mesuplantou duas vezes?"(Gên 26,34): 'aqeb, "suplantou"] .Jair= iluminador (19,2; Núm 32,41).Jairo= o que ilumina; o iluminado (65,2; Lc 8,41).Jeremias= excelso do Senhor (62,6; Mt 2,17).Jesus= salvador ou o que salvará, ungido(61,24; Mt 1,1).Jó= o que sofre,do babilônico Yob (59,24; Jó 1,1).Joaquim= preparação ou preparação do Senhor (56,11; Dn 13,1); ressurreição do Senhorou o Senhor suscita (62,3).João= nele está a graça (69,16); ou graça do Senhor (62,6; Mt 3,1); ou misericordiosoDeus (65,1) do latim Iannus.Joel= Deus é, ou é de Deus; o que começa (52,5; Jl 1,1). ["O que começa para Deus"(Isidoro VII, 8,11)].Jonas= pomba ou o que se lamenta (52,10; Jn 1,1).José= aumento, o que acrescenta, o que aumenta (7,20; Gên 30,24). ["E deu-lhe o nomede José dizendo: <<Dê-me o Senhor ainda outro filho>>" (Gên 30,24)].Josué= salvador (vide Jesus) (35,29; ISam 6,14).Judas= louvor (7,19; Gên 29,35).Judite= a que louva; judia (7,18; Gên 26,34).Madalena= torre; da torre , em alusão à deusa Semirámis(a mulher da torre) ouMagdalena- a cabelereira(62,21; Mt 27,56).Manuel (ou Emanuel)= Deus conosco (49,30; Is 7,14).Mara= amargor (14,9; Ex 15,23).Maria= Miriam- A que ilumina ou estrela do mar [(Isidoro VII,10,1). Note-se tambémque em siríaco e aramaico Maria significa senhora (62,16; Mt 1,16)].Marta= a que provoca, instiga, irrita. Já em siríaco e aramaico significa senhora oudominadora (65,11; Lc 10,38)Mateus= o que foi dado (62,20; Mt 9,9).Miguel= Quem como Deus? (19,7; Núm 13,12). [Comentário de Isidoro (VII,5,12):"Quando se faz no mundo algo de um poder assombroso este arcanjo é enviado. Daí seunome, porque ninguém é capaz de fazer o que Deus pode fazer"].Moisés= o que toca; o que apalpa; ou melhor (65,8): tomado da água (14,1; Ex 2,10). [BJaponta esta última como etimologia popular para Amon-sés-Filho de Amon].Natanael= meu Deus ou dom de Deus (19,4 Núm 1,8).Noé= repouso (9,4; Gên 5,29). O pai de Noé, ao dar-lhe este nome, disse: "Este nos trarádescanso" (Gên 5,29). Etimologia poética que procura aproximar noh do verbo naham(Strus)].

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Paulo= O pequeno que prega ou falaRafael= significa cura ou remédio de Deus. Assim, onde quer que seja necessária cura eremédio, este arcanjo é enviado por Deus (Isidoro VII,5,13).Raquel= ovelha; a que vê o princípio; a que vê a Deus ou a que vê o mal. Essas diferençasadvêm da diversidade de acentos e de letras que produzem significados tão contrários(9,25; Gên 29,6). [Comentário de Isidoro (VII,6,37): "Raquel, ovelha, porque por ela Jacóapascentou as ovelhas de Labão"].Rubem= filho da visão ou filho que vê (9,28; Gên 29,32). [Chamou-o Rubem "porque,dizia ela, o Senhor olhou a minha aflição" (Gên 29,32)].Salomão= pacífico da montanha (63,5; Mt 1,6).Samuel= nome do seu Deus (36,20; ISam 1,20).Sansão= sol deles; força do sol (33,23; Jz 13,24).Sara= princesa (10,28; Gên 17,15). ["Ela será mãe de nações e dela sairão reis" (Gên17,16)].Simão= Kefás Ou Cefás o que ouve, o que presta atenção (73,7; IIPe 1,1).Simeão= ouvir ou nome do habitáculo (11,30; Gên 29,33).Susana= lírio ou a sua graça (56,19; Dn 13,2).Tiago= outra forma para Jacó.Tomás= gêmeo ou abismo (63,10; Mt 10,3).Tomé= vide Tomás.Zacarias= memória do Senhor ou o Senhor se lembra (63,16; Mt 23,35).--------------------------------------------------------------------------------[1] . Jerônimo fez revisões (de antigas versões latinas) e traduções dos livros da SagradaEscritura, sendo o principal responsável pela consolidação em latim do texto dasEscrituras, que viria a ser conhecido pelo nome de Vulgata. Essa edição era já usadafaticamente em quase todo o Ocidente no século VI e logo depois foi adotada pela Igreja.Somente em 1979, uma nova versão latina, a Nova Vulgata (apoiada na de Jerônimo),veio a ser oficializada para a Liturgia.[2] . Seguimos para a tradução do Livro da interpretação dos nomes bíblicos a edição deP. de Lagarde (Onomastica Sacra, Gottingae, 1887), recolhida em Corpus ChristianorumSeries Latina LXXII, 57-161. As citações indicam a página e a linha respectivamente;assim, (7,10) é a décima linha da sétima página da edição de Lagarde.[3] . Ao longo deste texto, haverá exemplos do árabe, outra língua semita, muitosemelhante ao hebraico e ao aramaico.

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[4] . Aliás, os nossos critérios ocidentais contemporâneos de "rigor" não se aplicamimediatamente à realidade oriental de ontem e de hoje.[5] . Livro da interpretação..., 9,26 e ss.[6] . "Sutilezas" para o ocidental; K e Q, por exemplo, são para os falantes nativos sonsclaramente distintos, que só se confundem para efeitos de trocadilho.[7] . Batem à porta do Salim. - Quem-i-é? - O seu Salim está? - Salim saiyu: é brá bagá ubrá ricibê? - Para pagar! - Entra: Salim sou-i-eu![8] . Para as "regras" de mudança de letra nos jogos verbais, veja-se STRUS, Andrzej,Nomen-omen, Roma, Biblical Institute Press, 1978, especialmente o cap. II.[9] . Encontramos o mesmo tipo de recurso lingüístico numa conhecida canção dosBeatles: "Michelle, ma belle, these are words that go together well". E, num antigosamba: "essa paixão que me devora; ôpa, quase que eu disse agora o nome daquelamulher (Débora)".[10] . Neste sentido primário de Salam/Shalom, como união, integração, remoção debarreiras, entende-se melhor a sentença - um dos tantos semitismos no grego neotestamentário- do apóstolo Paulo: "Cristo, nossa paz, que de dois fez um, derrubando omuro que os separava" (Ef 2,14). Se, para um ocidental, esta sentença é enigmática, paraum semita ela é clara: nossa paz é o mesmo que "nosso integrador".[11] . Assim se compreende que sullum signifique "escada", a que faz a união.[12] . O que, para usar uma casual metátese brasileira, desorienta/desnorteia o ocidental.[13] . É evidente a relação entre viagem e cavalo. Esses radicais geraram duas palavrasconhecidas nossas: certo tipo de excursão, SaFaRi, e certa patente antiga do exército, al-FeReS.[14] . Já Q L L, ser pouco, é também desprezar e, no hebraico bíblico, amaldiçoar![15] . Jordão, diz Jerônimo (7,20), significa descensio ou descer a montanha.[16] . Nazaré, diz Jerônimo (62,24), significa flor do deserto,que vem do termo Nasdrin.[17] . Bíblia de Jerusalém.Os nomes do Deus bíblico;SENHOR - O mais comum de todos é o título "SENHOR", escrito com todas as letrasmaiúsculas, no Antigo Testamento, ou "Senhor", escrito apenas com a primeira maiúsculano Novo Testamento. Ora, a palavra "senhor", seja escrita da forma que for, é a tradução

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literal do hebraico "baal", que é o nome do ídolo com o qual o povo judaico mais seindentificava para problemas domésticos. Por meio dos tradutores corruptos, "baal"substituiu todas as ocorrências do nome “Senhor” nas escrituras traduzidas, de modo aque as pessoas passaram a invocar "Senhor" continuamente, em vez de invocar o NomeYAOHUH (IÁORRU). Se você tem em casa a Bíblia de Almeida ou a Bíblia de Genebra,é fácil verificar que o Nome do Deus hebreu simplesmente foi extirpado de lá, sendosubstituído pela palavra "SENHOR" com todas as letras maiúsculas. Para alguém queminimamente conheça um pouquinho de hebraico, perceberá que em hebraico não hádiferenciação de maiúsculas e minúsculas, além de saber também que "baal" é o nome deum ídolo muito cultuado pelo povo judaico e cananeu.EL ou ELOHIM - Os cultos mitológicos primitivos possuíam um ídolo chamado "EL",que também origina a forma "ELOHIM". Afirmam os relatos mitológicos que EL vinha aser pai de BAAL. Para os que já são de alguma forma faliliarizados com as escrituras, iráperceber que o nome "Belzebu", um dos nomes malignos referidos nas escrituras, tem, naverdade, origem em "Baal zebub" cujo significado é "senhor das moscas".YEHOVAH ou JEOVÁ - O real significado dessa palavra, em hebraico, é "destruição.Esta forma decorre apenas da concatenação do Tetragrama (quatro consoantes quecompõem o Nome do deus judaico) com os sinais massoréticos (vogais) da palavra"adonay". Note que a própria palavra "adonay" é idolátrica, uma vez que se origina noídolo "adonis", que é o ídolo da beleza e virilidade masculina.YAHWEH - Esta forma nada mais é do que a concatenação do Tetragrama com as vogais(massoréticos) da expressão "ha-shem". Aqui nota-se a presença tanto do ídolo"shemiramis" como uma invocação ao ídolo "YAH". Perceba a sutil, mas importante,diferença entre "YAH" e o verdadeiro "YAOHUH (IÁORRU)". Alguns tentam explicareste falso nome recorrendo ao verso 14 de Êxodo 3, onde o Criador diz: "Eu Sou o QueSou", ou mais precisamente pela ortografia hebraica, "Eu Serei o Que Serei". Como onome, YAOHUH (IÁORRU) foi removido do verso 15, muitos passam a interpretar

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erroneamente que esta expressão seria o Nome do deus hebraico, quando, de fato, à luz dacorreta leitura e interpretação, o deus hebraico está apenas apresentando o seu maisimportante atributo, antes de apresentar o seu Nome, no verso seguinte, o verso 15. Vocênão encontrará o Nome do deus hebraico em Êxodo 3:15 a menos que procure numaBíblia Hebraica e consiga perceber o engano ao qual os tradutores têm submetido até odia de hoje. "Eu Sou o Que Sou" é um atributo do deus. YAOHUH (IÁORRU) é o Nomedo deus hebraico.DEUS - Este título é o mais usado de todos, sem dúvida, contudo, poucos se preocupamcom seu significado ou origem, sendo assim enganados e iludidos pelo erro. Esta palavrana língua portuguesa é proveniente direta do ídolo "Zeus" da mitologia grega. Oslinguístas afirmam que é das evidências mais rudimentares a origem desta palavra em"Zeus", sendo "Zeus", "Théos" e "Deus", foneticamente, uma única palavra e um úniconome. As três começam com consoantes de mesma forma fonética, são seguidas deditongos idênticos e terminam pela mesma letra. Em termos espirituais, invocar "Deus" éo mesmo que invocar "Zeus.GOD - Em inglês. A palavra GOD, em inglês, nada mais é do que a presença do o ídolo"caveira". Sua origem é de GOT, do nome relatado nas escrituras como "Gólgota".Gólgota, em hebraico, é "Gol-got-ha", ou, como as próprias escrituras relatam, "O lugarda caveira". Desta palavra "got" é que se originou a palavra "GOD" em inglês, tambémmuito popular para os que a pronunciam, sem nem ao menos terem a menor noção do queestão invocando sobre si mesmos, sobre suas famílias e sobre seus amigos,reealmentemuito engraçado.A ORIGEM DO NOME DOS MESESMARÇO. MARS= Marte, deus da guerra e da vegetação. ABRIL: há duas versões: 1-Homenagem a Afrodite, deusa do amor, a quem era consagrado este mês; 2- Derivação dolatim aperire, referência à abertura das flores (primavera). MAIO. MAIUS= Maia, antigadeusa romana, mãe do deus Mercúrio JUNHO. JUNIUS = deusa Juno, protetora das

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mulheres. No mundo romano antigo, todas as mulheres tinham a sua Juno, espécie de anjo daguarda. JULHO era Quintilis, por ser o 5° mês (Homenagem ao imperador Julio Cesar - 100a.C a 44 a.C). AGOSTO era Sextilis, por ser o 6° mês (Homenagem ao imperador CesarAugusto - 63 a.C. a 14 d.C.). SETEMBRO do latim Septem, que era o 7° mês. OUTUBRO.do latim octo, que era o 8° mês. NOVEMBRO. do latim nove, que era o 9° mês.DEZEMBRO. do latim decem, que era o 10° mês. JANEIRO – Janus ou Eannus, um dosprincipais deuses romanos. Deus da primeira hora, deus dos inícios, guardião do universo.Seria um antigo rei da Itália, divinizado após a morte. FEVEREIRO - das FEBRUAS ouFEBRUALIA = festa da purificação dos mortos; eram oferecidos sacrifícios aos mortos paraapaziguá-los.BibliografiaDicionário Filosófico- VoltaireKing James Bible-1969Versão Almeida revisada e atualizadaBíbli Sagrada- Versão dos Monges de Maredsous-BélgicaMax Heindel, Conceito Rosacruz do Cosmo, 3ª ed., F.R.P., 1998, p. 71-72.Marcus Valerio XRFREE MIND!!!Dobzhansky, T. 1973. Genética do processo evolutivo e"História da Igreja"ASSAFIN, M. SALDANHA, A. Calendários. Observatório Nacional, Rio de Janeiro, 1989.DONATO, H. História do calendário. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1976.KAUSE, A. Astronomia para todos. Iberia, 1944.LOBO, A. M. Ciência atraente e recreativa. volume 5, Rio de Janeiro.ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo / Rio de Janeiro, 1983.A Bíblia de Jerusalém, Paulus EditoraO Evangelho de Tomé,Ed. ImagoJesus Cristo Libertador, de Leonardo Boff, Ed.VozesA Imagem de Jesus ao Longo dos Séculos, de Jaroslav Pelikan, Ed. Cosac & NaifyIn Quest of the Hero, de Alan Dundes, Princeton University PressLa Sagesse des Prophètes, de Muhyiddin Ibn Árabi, Ed. Albin MichelJesus, montagem de Vera G. Lerner sobre foto Art ResourceConsultores Fernando Altemeyer Jr., PUC - SP; José Bortolini, Instituto Teológico SãoPaulo; Herminio Andrés Torices, PUC - Campinas; Carlos Eduardo Barbosa, SociedadeTeosófica no Brasil; Vitório Cipriani, Centro Universitário Assunção - SP; FranciscoMarshall, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Rômulo Cândido de Souza, ex-

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Instituto Teológico São Paulo; Ivo Storniolo, Paulus EditoraRegulamento eclesiástico do Papa Giulio III [1550-Guerra dos Judeus-Flavius Josephus-Antigüidades JudaicasContradicoes da bíblia – Don baker 1989A grande Farsa Cristã- Francisco SaizALVES, R. Entre a ciência e a sapiência. São Paulo: Loyola, 2001BECKER, S. A fantasia da eleição divina; Deus e o homem. Rio de Janeiro: C. deFreud, 1999.CHEMAMA, R. Dicionário de psicanálise. Porte Alegre: Artes Médicas, 1995.CIORAN, E. Genealogia do fanatismo. In: Breviário da decomposição. Rio de Janeiro:Rocco, 1989, p.11-100.DEMO, P. Dialética da felicidade; felicidade possível. V. 3. Petrópolis: Vozes, 2001.ECO, U. A nebulosa fascista. In: Folha de S. Paulo – Mais!, 14/05/95.ENZENSBERGER, H. M. Paranóia da autodestruição. Folha de S. Paulo - Cad. Mais!11/11/2001, 5-7.FREUD, S. [1911] Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso deparanóia (dementia paranoides). Rio de Janeiro: Imago, 1974, v. XII, p. 15 -105.. [1917] O futuro de uma ilusão. Rio: Imago, 1974, v. XX1.GARCIA-ROZA, L.A. O Mal radical em Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.JAPIASSU, H. Desistir de pensar? Nem pensar! São Paulo: Letras & Letras, 2001.JURANVILLE, A. Lacan e a filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987.KILLER CULTS. Documentário dirigido por Catherine Berthillier e Bernard Vaillot.France 3 - canal Vie, 1998.KURZ, R. A síndrome do obscurantismo. Folha de S.Paulo - Mais! 05/11/1995, p. 12.LALANDE, A. Vocabulário técnico e crítico de filosofia. São Paulo: Martins Fontes,1993.MANVELL, R. & FRAENKEL, H. Göering. Rio de Janeiro: 1962.MORIN. E. Entrevista ao programa Roda Viva. São Paulo: TV-Cultura, 2000.MRECH, L. Psicanálise e educação: novos operadores de leitura. São Paulo: Pioneira,1999.NASIO, J.-D. Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan. Rio de Janeiro: JorgeZahar, 1993.NIETZSCHE, F. Além do bem e do mal. São Paulo: Hemus, s.d e Assim FalavaZaratrusta e ainda O Anti-Cristo.ROUANET, S. P. Os três fundamentalismos. Folha de S.Paulo- Mais! 21/10/2001.ZUSMAN, W. Terrorismo: um bolo em camadas. Vértice-revista virtual de psicanálise.out/ 2001.Os verdadeiros pensadores do nosso tempo- Guy SomamO Pendulo de Focault- Umberto EcoJesus Cristo nunca existiu- La SagesseSite “Terra Redonda.com.br”Site “Ateusnet.com.br”

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Site “Adventistasnet.com.br”Site “Historyofworld”.comSite “Vaticannus”.comSite “Pensadores.com.br”NT. Como eu já relatei no inicio da obra,esta trás a minha opinião sobre obras deoutros pensadores,sendo assim em dado momento o texto de algum autor é quase querepassado para a obra em questão afim de que se consiga adequar e me fazer entenderem meu proprio ideário,não sendo por fim outro motivo.*Alguns textos e imagens que estão presentes nesta obra,não foi possível contato comos respectivos autores ficando assim em aberto para posterior contato.Queria agradecer ao Portal Terra Redonda ,no qual me inspirei para a execução daobra.