algumas culturas ceramistas, do noroeste do pantanal do guaporé à encosta e altiplano sudoeste do...

49
335 Algumas Culturas Ceramistas, do Noroeste do Pantanal do Guaporé à Encosta e Altiplano Sudoeste do Chapadão dos Parecis. Origem, Difusão/Migração e Adaptação – do Noroeste da América do Sul ao Brasil Eurico eofilo Miller 1 Resumo Nossa pesquisa por vínculos culturais materiais à Fase Bacabal, conduziu-nos até o Período Formativo Antigo da Costa do Equador: às Fases Valdívia e Machalilla. A Fase Valdívia que evoluiu no Óptimum Climáticum resultado de transgressão marinha, findou com ele devido a recessão marinha, que reduziu em muito o alimento dos brejos e mangues, mas não antes da Fase Machalilla se infiltrar e permanecer até 3.000 a.P. As datações Bacabal apontam para uma difusão/migração de Valdívia desde o litoral do Equador até o Pantanal do Guaporé-Brasil. Dos vínculos cerâmicos entre Valdívia e Bacabal o tipo Exciso em Zona Ampla, ou Diminuta, é a diferença entre Bacabal e Valdívia. Nas Fases Aguapé e Galera- Brasil, o tipo Exciso em Zona Ampla é uma das semelhanças entre a Bacabal e a Aguapé. O tipo Inciso em Linha Escalonada ocorre na Valdívia e na Galera. O tipo Inciso em Arco Raiado ocorre na Machalilla e na Galera. Com origem nas difusões, outras fases, surgiram ao longo do Chapadão dos Parecis. Os estímulos das difusões foram: (1) o Óptimum Climáticum, que avolumou a cadeia alimentar e a conseqüente pressão populacional; oposta à (2) regressão marinha com a semi-aridez severa, reduzindo a alimentação e a população, provocando entre os sobreviventes, dispersões e adaptações, por espaços com alimentos. Palavras-chave: Arqueologia. Origem. Difusão. Evolução. Adaptação. Abstract Our search for material cultural links to the Bacabal Phase led us to the Early Formative Period of Coastal Ecuador: the Valdívia and Machalilla Phases. e Valdívia Phase which evolved to the Óptimum Climáticum as a result of marine transgression ended with it due to the marine recession, which greatly reduced food supply in swamps and mangroves, but not before Machalilla Phase infiltrated and lasted until 3.000 a.P. Bacabal radiocarbon datings point out to the diffusion of Valdívia from Ecuador coastline to the Pantanal do Guaporé-Brazil. Among the ceramic links between Valdívia and Bacabal the type Exciso em Zona Ampla, or Diminuta, is the difference between Bacabal and Valdívia. As to, Aguapé and Galera-Brazil: the type Exciso em Zona Ampla is one of the similarities between Bacabal and Aguapé. e type Inciso em Linha Escalonada occurs in Valdívia and in Galera; the type Inciso em Arco Raiado takes place in Machalilla and Galera. Originating 1 Doutor h. c. SAB Centro-Oeste.

Upload: samara-dyva

Post on 10-Nov-2015

8 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Texto acadêmico do Prof. Eurico Miller

TRANSCRIPT

  • 335

    Algumas Culturas Ceramistas, do Noroeste do Pantanal do Guapor Encosta e

    Altiplano Sudoeste do Chapado dos Parecis. Origem, Difuso/Migrao e Adaptao do Noroeste da Amrica do Sul ao Brasil

    Eurico Theofilo Miller1

    ResumoNossa pesquisa por vnculos culturais materiais Fase Bacabal, conduziu-nos at o Perodo Formativo Antigo da Costa do Equador: s Fases Valdvia e Machalilla. A Fase Valdvia que evoluiu no ptimum Climticum resultado de transgresso marinha, findou com ele devido a recesso marinha, que reduziu em muito o alimento dos brejos e mangues, mas no antes da Fase Machalilla se infiltrar e permanecer at 3.000 a.P. As dataes Bacabal apontam para uma difuso/migrao de Valdvia desde o litoral do Equador at o Pantanal do Guapor-Brasil. Dos vnculos cermicos entre Valdvia e Bacabal o tipo Exciso em Zona Ampla, ou Diminuta, a diferena entre Bacabal e Valdvia. Nas Fases Aguap e Galera-Brasil, o tipo Exciso em Zona Ampla uma das semelhanas entre a Bacabal e a Aguap. O tipo Inciso em Linha Escalonada ocorre na Valdvia e na Galera. O tipo Inciso em Arco Raiado ocorre na Machalilla e na Galera. Com origem nas difuses, outras fases, surgiram ao longo do Chapado dos Parecis. Os estmulos das difuses foram: (1) o ptimum Climticum, que avolumou a cadeia alimentar e a conseqente presso populacional; oposta (2) regresso marinha com a semi-aridez severa, reduzindo a alimentao e a populao, provocando entre os sobreviventes, disperses e adaptaes, por espaos com alimentos.

    Palavras-chave: Arqueologia. Origem. Difuso. Evoluo. Adaptao.

    AbstractOur search for material cultural links to the Bacabal Phase led us to the Early Formative Period of Coastal Ecuador: the Valdvia and Machalilla Phases. The Valdvia Phase which evolved to the ptimum Climticum as a result of marine transgression ended with it due to the marine recession, which greatly reduced food supply in swamps and mangroves, but not before Machalilla Phase infiltrated and lasted until 3.000 a.P. Bacabal radiocarbon datings point out to the diffusion of Valdvia from Ecuador coastline to the Pantanal do Guapor-Brazil. Among the ceramic links between Valdvia and Bacabal the type Exciso em Zona Ampla, or Diminuta, is the difference between Bacabal and Valdvia. As to, Aguap and Galera-Brazil: the type Exciso em Zona Ampla is one of the similarities between Bacabal and Aguap. The type Inciso em Linha Escalonada occurs in Valdvia and in Galera; the type Inciso em Arco Raiado takes place in Machalilla and Galera. Originating

    1 Doutor h. c. SAB Centro-Oeste.

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica336

    Algumas Culturas Ceramistas...

    in the diffusion others from Ecuador/Colombia coastline, other phases appeared around Pantanal do Guapor and along Chapado dos Parecis. Diffusions were stimulated by: (1) ptimum Climticum, which increased the food chain and consequent population pressure, unlike (2) marine regression with severe semidryness, thus reducing food supply and the population, leading survivors to scatter in search for food sites and to adapt.

    Keywords: Archaeology. Origin. Diffusion. Evolution. Adaptation.

    Retrospectiva IntrodutriaH mais de 67 anos, ento com 13 anos (1945) minha experincia contava

    com alguns cortes-testes executados em stios arqueolgicos no Nordeste do Rio Grande do Sul (Echeverria-Almeida 2012). Meu primeiro encontro memorizado deu-se numa fazenda de Carlos Steigleder em Rodeio Bonito-TQR, ca. 500m (a.n.m.m.), provocado pelos meus tios Felipe e Valdomiro; aparentemente no dei importncia, pois tinha ento ao redor de 3-4 anos, mas deve ter-me impressionado. Nos anos seguintes, a atrao foi crescendo e l encontramos um grande complexo de pequenos stios, com lticos lascados de pr-ceramistas, cunhado no Pronapa como Fase Camboat; lticos e cermica da Fase Taquara (nessa altitude no raro com cermica de oleiras Tupiguaran incorporadas ao povo Kaingang). Um grande buraco de bugre, raro nessa altitude, servia de depsito para as ossadas do matadouro da fazenda. E foi assim que em 1960 ultrapassamos os 400 stios, 101 sem cermica e 299 com cermica, cartografados no mapa que elaborei em 1952 e batizado de Herman Von Ihering. As colees eram depositadas em caixas de sapato catalogadas, na sapataria do IPANORGS como pitorescamente era conhecido, envolvendo colaboradores escoteiros. E mais adiante (1962) aos alunos e professores do CIMOL onde lecionei. Revisitando a fazenda em 2004 encontramos a rea dos stios arqueolgicos, desmatada e ocupada por um grande complexo budista.

    Os livros sobre arqueologia, cincias da terra, ecologia e meio ambiente, etc. eram os da Biblioteca Pblica e da UFRGS-Porto Alegre, que foram copiados e traduzidos; os cursos de extenso do gnero foram freqentados, e resultou que puseram lenha na fogueira. Em 1949 (17) meu salrio como desenhista passou a me permitir a aquisio sem limite de livros principalmente de arquelogos europeus.

    Do porqu deste trabalhoO normal a evoluo, da campnula, onde o comeo ou princpio

    prossegue com o meio ou desenvolvimento e atinge a discusso e/ou concluso. Tudo tem um comeo cujo comeo do comeo incipiente, um desenvolvimento e um final. Aplicando essa mxima cermica dos 299 stios oriundos de trs culturas: a Guaran agora Tradio Tupiguaran; a Kaingang, depois Tradio Taquara e por fim Taquara-Itarar, agora nessa

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    337

    segunda proposta, como Subtradio Taquara da Tradio Taquara-Itarar. E Tradio Neobrasileira, Fase Monjolo no RS (Miller 1967), Fase Gama no D.F.,(Engea 1991a-c, 1992a-b) e Fase Jar (Miller 1987b) cuja decorao plstica apresenta alguns traos assemelhados cermicas afro-indgenas, de fases da Subtradio Taquara, e da Colonizao Ibrica. As teorias e mtodos da poca usados individualmente ou por grupos de brasileiros formando escolas at ca. 1964, tiveram disponibilizado avanos na teoria e no mtodo Ford (Ford 1957, UNIN Panamericana-OEA 1966, 1969), na terminologia (Chmiz 1966, 1969 e 1976) e na interpretao das seqencias seriadas (Meggers y Evans 1970, 1985). Mais especificamente, sem o conhecimento ou uso do mtodo Ford, que possibilita perceber variaes e sutilezas nfimas tipolgicas, no era e continua no sendo possvel captar e seriar variaes quase imperceptveis, provocadas por oscilaes climticas e suas conseqncias. Pior, se no eram mensurveis sem o mtodo continuam no sendo, se no existiam por falta do mtodo, ou depreciado por desconhecimento continuam no existindo. Ento no podiam ser levados em conta; ento em todo o territrio nacional a cermica continuava mostrando-se sem o estgio insipiente do princpio original sem origem no Brasil ou de origem desconhecida ou de outras paragens; ou pior, no fazia parte do rol de interesses. No entanto j desde 1948, no Brasil, em parte em dependncias do Museu Goeldi, o casal de arquelogos Clifford Evans Jr. e Betty J. Meggers que aperfeioaram o mtodo Ford, preparavam seus doutorados sobre culturas do Amap e da Ilha do Maraj, cujo desenvolvimento resultou na obra monumental de: Meggers, Betty J.; Evans, Clifford. Archeological Investigations at The Mouth of The Amazon. Washington, D.C., Bur. Amer. Ethnol. Bull. 167, 1957.

    Nela, na parte referente Ilha de Maraj, apresentada a Fase Ananatuba da Tradio Hachurada-Zonada assentada entre ca. 3.411 (TL) e 2.930200 a. P. (SI-385) (Prous 1992). O tipo de decorao Hachurado Zonado apresentado como atributo da Fase Valdvia na segunda obra monumental de: Meggers, Betty J.; Evans, Clifford & Estrada, Emilio. 1965. Early Formative Period Of Coastal Ecuador: The Valdivia And Machalilla Phases. Washington, D.C., Smithsonian Contributions To Anthropology, V.1, 234p. Il.

    Esta, resultante de pesquisas conjuntas, entre Emlio Estrada do Equador, Betty J. Meggers e Clifford Evans da Smithsonian Institution, desde 1954 (Echeveria-Almeida, 2012; Muoz, 2012).

    A busca pela origem e rotas de difuses, das cermicas, da agricultura e aldeamentos; dos Formativos Antigos de Valdvia e Puerto Hormiga

    O espao fsico desde a Costa Pacfica do Equador, com a cermica da Tradio Valdvia ca. 5870 [5620250 (ISGC)] a.P. em Real Alto (Marcos y

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica338

    Algumas Culturas Ceramistas...

    Obelic 1998) Costa Caribenha da Colmbia, com a cermica da Tradio Puerto Hormiga ca. 6130 (5700430) a.P. em San Jacinto 1 [(Oyuela-Caycedo y Bonzani (2005); Reichel-Dolmatoff (1965)], considerado como a origem do Perodo Formativo Antigo, desde onde se originaram e difundiram as cermicas que se dispersaram pelo Continente Pan-americano desde ao menos 6130 anos a.P. Na verdade a Tradio Valdvia aportou, com as etapas Insipiente e Formativo prontas, evoludas, com seus atributos muito bem elaborados nos assentamentos. De onde chegou? Quando? Por qu? Como? As pesquisas sobre os indcios levaram Ilha japonesa de Kyushu com a cermica Jomon Mdio cujo estgio Incipiente, aconteceu desde ca. 14.000 - 13.000 anos atrs. Em ca. 6.300 a.P. Jomon Mdio estava florescendo, quando a Ilha de Kyushu foi impactada pela erupo de propores catastrfica do vulco Kikai que a tornou inabitvel por sculos, levando a populao s migraes, que no litoral do Equador deu origem ao Perodo Formativo Antigo com a Tradio Valdvia, com as etapas Incipiente e Formativo plenamente desenvolvido quando ainda alctone, e assim aportaram na costa ocidental americana (Machida y Arai 1983; Meggers, 2008). Estes foram os acontecimentos, pelo menos em parte, que deram condies de surgir no litoral pelo menos do Equador cermica Jomon onde foi cunhada como Tradio Valdvia. Quanto cermica da Tradio Puerto Hormiga, em San Jacinto 1 algo mais antiga, sobre outras cermicas pelo litoral Caribenho da Colmbia para oriente, antes de traar maiores conjecturas, penso que ainda falta o apoio de mais escavaes extensas e intensas, dataes e anlises focando a decorao a serem apresentadas por publicaes profundamente informativas e ilustradas como a de Meggers, Evans e Estrada (1965), e sem o que, no teremos as referncias qualitativas e quantitativas suficientes. A Tradio Valdvia representa a cultura alctone de Jomon Mdio plenamente desenvolvida na poca de sua migrao para a Amrica Ocidental, sendo o que a distingue dos demais formativos antigos autctones j reconhecidos.

    A economia na divulgao econmica no ajuda, na verdade pode ser at antieconmica porque no atinge o objetivo, antes prejudica a informao principalmente visual. Publicaes recheadas com mais imagens fotogrficas cores e detalhadas, em quantidade, alm de desenhos, alm dos textos, a linguagem universal que todos entendemos. Lembremos, apesar de alguns discordarem, uma tima imagem vale por mil palavras; a descrio de um animal desconhecido, passada para vrias pessoas, para que o desenhassem, resultou em animais diferentes, que nunca existiram.

    Como dito, informaes que realmente informem, com base em amostragens no selecionadas s centenas, aos milhares, vo dar muito trabalho, mas ser um trabalho com informaes mais prximas da realidade. desse tipo de apoio que a concluso de todos ns precisa; levar as inferncias para mais alm do especulativo. Preocupam-me os trabalhos pouco documentados

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    339

    frente aos empreendimentos, ao PAC, etc. ex.: em 2009 estive frente frente com o Sambaqui Taperinha, que ostentava ento parcos 3m de altura sobre um corpo conicide cuja base dispersa exageradamente ainda teria 250m2 (aps aguardar desde 1992, autorizao que sequer nos foi respondida pelo IBPC-Rio, para executar projeto de pesquisa arqueolgica com Celso Perota da UFES no Baixo Rio Amazonas [Miller 1992] ). Na poca minha inteno, por convite meu Ana C. Roosevelt, fora um corte-teste 5x5 m (pela pouca cermica) at 2m abaixo do sambaqui, em conjunto, ela e eu, cujo resultado fosse qual fosse, seria aceito incondicionalmente por Betty J. Meggers (parece que o convite, em mos desde Braslia, no lhe chegou). Essa pesquisa ainda necessria e vivel fundamental para determinar a cultura material daqueles sambaquianos: eram de incio pr-ceramistas seguidos por ceramistas? Ou somente ceramistas? As informaes ilustradas fotograficamente sobre o material arqueolgico que Roosevelt extraiu no so tantas como gostaramos que cientificamente fossem. Essa superficialidade se repete noutros stios congneres, por outros autores (inclusive os meus), como na Ponta do Jauar (afora o trabalho de Peter P. Hilbert 1968) sejam marinhos ou dulce-aqcolas, cuja estimativa cronologia, ao redor de 4200 a.P., o coloca no evento da semi-aridez severa, sobressaindo ao rio Amazonas. Como no h preservao h a necessidade da recuperao de mais evidncias cermicas (e outras), antes da perda total dos testemunhos que se encontram, em Taperinha e Jauar antes que se tornem apenas mitos. E, a continuidade dos importantssimos estudos fsicos das mars (Goulding, Barthem e Ferreira 2003) e das paleomars, que atingiram o rio Amazonas e regio do Sambaqu da Taperinha ao longo e no auge do ptimum Climticum Ca. 7.500 - 4.300 a.P.; e do Pssimo Climtico ca. 4300 - 4.050 a.P., evento caracterizado e representado pelo semi-rido entre as Fases Umbu e Itapu pr-cermicas em abrigo sob rocha, e Fases Sinimbu e Bacabal pr-cermica e cermica em sambaquis (Miller 1969, 2009); constatamos de 1974 para c a presena em rios da Amaznia, com destaque para o Madeira, de petroglifos que permanecem mergulhados mesmo nas secas mais severas, sugerindo que teriam sido elaborados por ocasio do pssimo climtico. Betty Meggers e Ruth Shady nos informaram que esse mesmo evento, o Pssimo Climtico seria o responsvel tambm pelas falncias das culturas Valdvia e Caral. Quer nos parecer que o Pssimo Climtico teria sido um semirido ao menos de propores hemisfrica.

    Pesquisas e dataes, em todas as direes, mesmo com amostragens que na maioria no ultrapassam algumas dezenas, centenas de fragmentos, revelaram o quanto, o quando, o para onde, o por onde e o porqu ocorreram difuses de culturas cermicas portadoras de vnculos com mais ou menos semelhanas nos atributos da Tradio Valdvia, da Tradio Puerto Hormiga; depois Machalilla e Chorrera desde Ocs de Guatemala (Coe 1960), etc. As inovaes chegando ao norte at Mogolon e stallings Island; para o sul at Tafi e Fase

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica340

    Algumas Culturas Ceramistas...

    Guatambu da Subtradio Taquara; e para o leste at Ananatuba. Mina e Una, estando a mais antiga, segundo Roosevelt (1995, 1996) no sambaqui Taperinha de gua doce. As cermicas difundidas seus nomes, rotas e assentamentos foram cartografadas por Meggers (1970, p.10-11, 1972 e 1979, p. 54-61), e neste trabalho com meus acrscimos de outras culturas em nota prvia, por detalhar noutro trabalho (Fig. 18).

    Partindo desses resultados de difuso e desenvolvimento cultural com base no Formativo Antigo com as Tradies Valdvia, Puerto Hormiga ensaiamos o encontro da origem e da difuso da Fase Bacabal com ca. 4.055 700 a.P. no Pantanal do Guapor, Rondnia (Fig. 17), que revelou ter uma expressiva parcela de ligaes temticas com tcnicas e motivos decorativos incisos, raspados, semelhantes e evoludos da Tradio Valdvia (Miller 2009a, Figs. 2-5); bem como formas de vasilhame com a poro superior em perfil horizontal ovalado, em forma de bote (Raymond, Oyuela-Caycedo and Carmichael, 1998, Oyuela-Caycedo and Bonzani 2005), uma das formas do stio Puerto Chaco, prximo a Puerto Hormiga, Colmbia, rarssima mas presente em Valdvia-Equador. Em Bacabal-Brasil o percentual da forma crescente da meia altura para o topo da seriao Bacabal (Miller 2009b, Fig. 8); os recipientes de planta esferide at meia altura, assumem da para a borda a forma elptica alongada, sugerindo a forma de bote; coincide com a introduo da mandioca e o princpio do aldeamento.

    Foram localizadas vrias outras cermicas, que tenho pesquisado desde 1974 ao longo dos rios Madeira, Mamor, Guapor, encosta superior ocidental do Chapado dos Parecis e sobre o altiplano, ao longo das nascentes de afluentes do rio Juruena (Fig. 1). Essas cermicas apresentam tcnicas e motivos decorativos de quatro culturas reunidas na costa do Equador: Tradio Valdvia, (Estrada 1961, Meggers, Evans and Estrada 1965), Machalilla originria das terras altas (Meggers and Evans 1962) Chorrera, migrada da Guatemala (Coe 1960) e Jambeli (Estrada, Meggers and Evans 1964), atravs de adaptaes de alguns atributos resultando em tipos com tcnicas e motivos de decorao surpreendentes das quais nos ocuparemos, nvel de nota prvia, da decorao de duas: da Fase Aguap e da Fase Galera, neste trabalho.

    Do contedo dos sambaquis gerados pelo nativoNormalmente todo sambaqui pr-cermico ou tem uma etapa primeira

    pr-cermica; e a seguinte, acima, ceramista. Os sambaquis com uma etapa pr-ceramista, discreta ou destacada, o que predomina em ambiente fluviolacustre em gua doce no Pantanal do Guapor, Rondnia, com pr-cermico discreto ou pouco diferenciado sotoposto a uma ocupao ceramista tambm discreta, e dispersa. Nestes, todo o cuidado pouco porque toda experincia pouca perante desacertos quanto posio original da cultura e

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    341

    da amostra para, exames, datao e outros fins. Abrindo um entre parntesis: num assentamento de coletores, pescadores e caadores, sobre solo no consolidado, a disposio das atividades e seus restos, ser desfeita, misturada, irreconhecvel pelo acampamento sazonal seguinte, ou antes pelo vento, seca e/ou chuva, por animais e insetos de galeria (tatu, ratos, formigas, larvas de colepteros e lepidpteros; a sava, para seu ninho subterrneo, remove e sobrepe ao solo dezenas de m3 onde, pela ao do intemperismo aquirem a forma progressivamente abaulada. A estratigrafia quando protegida dos fenmenos naturais, registra todas essas atividades, inclusive a humana. J num assentamento cu aberto tipo aldeia de agricultores pr-cermicos da Fase Massangana cermicos da Fase Urucur da Tradio Jamari (Miller, 1992, 2009b) (Subtradio Jamari da Tradio Tupiarikm; em re-edio aguardando recursos), pela atividade bem mais intensa, ir gerar espontnea e conseqentemente a terra preta, segundo seus padres de semi-sedentarismo e recursos de subsistncia, demografia, disperso e reocupao, ocorre o oposto. Ai o volume de terra preta gerada, se torna um s estrato cultural, sem evidncia clara de estratigrafia; exceo para o Proto-Tupiguaran (Miller 2009b). Se ocupado por mais de uma cultura de ceramistas, resultar mais ou menos misturada contaminando para mais ou para menos as amostras para anlises e dataes, e as amostras materiais culturais, para caracterizao de cada cultura presente no stio, no espao e no tempo, formar um quadro que as vezes nunca existiu.

    Esse processo tambm est presente nos sambaquis, muitos deles com sobreposio de culturas, em todos os sentidos, como descrito acima, uma pode contaminar outra, ou umas s outras. Quando a sobreposio de stios envolve uma cultura ceramista, exemplificando com um caso real: no assentamento em sambaqui RO-PN-8: Monte Castelo, no Pantanal do Guapor, Rondnia (Miller 2009a): a Fase Bacabal ceramista ca. 4055 700 a.P.; que est sobre a Fase Sinimbu pr-ceramista entre 7100 4350 a.P.; que est sobre a Fase Cupim pr-ceramista, transio seco/frio com mido/quente (Optimum Climaticum incipiente) ca. 7400 a 8400 a.P. A subsistncia do bando ainda no deixara de ser de um coletor de flora e fauna de ambiente em savana semi-rida, e a alternncia climtica o torna anual e ciclicamente, um coletor sazonal de flora e fauna em ambiente ora alagado ora seco a semi-rido (Miller 2009a). Com base no corte-4, nesse stio-sambaqui temos duas sobreposies culturais: de acima da cultura Cupim, a base da ocupao Sinimbu que se estende ca. 4,7 m acima at a base do extrato-Guia Sinimbu Bacabal, estril, com ca. 10 - 30 cm.; sobre esse estrato-Guia assenta a base da ocupao da Fase Bacabal que se estende ca. 2,0 m acima at o topo do sambaqui. Os espaos entre as duas sobreposies constitudo por estratos naturais que foram sendo misturados com as bases e topos das fases, pelas reocupaes. Entre Cupim e Sinimbu ocorreu mistura de solos com restos de alimentao bem diferencivel, mas

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica342

    Algumas Culturas Ceramistas...

    no quanto s poucas lascas lticas, distinguveis pelo solo original aderido. Os sedimentos Sinimbu e Bacabal so formados pelas conchas das mesmas espcies de gastrpodes fluviolacustres mais os sedimentos arenosos dos lagos. O estrato natural que est preservado nos solo lacustre areno-humoso turfoso, entre Sinimbu e Bacabal, foi originado por um episdio semi-rido severo, entre 4.350 e 4100 a.P. cunhado como Estrato Guia Sinimbu Bacabal, atingido pela mistura dos sedimentos culturais de transio das duas culturas at 30 cm de espessura. Penetrando a camada pr-cermica Sinimbu. Ainda percebe-se nos perfis, tnues traos de esteios da Fase Bacabal e fragmentos cermicos at 80 cm nos sedimentos pr-cermicos da Fase Sinimbu e fragmentos de cermica intrusivos, mas sem indcios do deslocamento, mas identificveis como fora de contexto. A avaliao do quanto esses fragmentos cermicos estavam deslocados no tempo, para mais, (para dentro da camada pr-cermica Sinimbu) chegou-se a at 1.133 anos, ou seja de 4.050 anos a.P. a Fase Bacabal seria estimada em ca. 5.183 anos a.P. E parte do sambaqui pr-ceramista aparentemente faria parte do sambaqui ceramista (Miller 2009a, Fig. 2).

    Pesquiso sambaquis desde 1950 na orla marinha do Rio Grande do Sul, mas foi com o Pronapa (Miller 1967) que as pesquisas tiveram os recursos necessrios para seu avano junto ao mar, mangue e em canais de intercomunicao marinha e lagos de gua doce. Os grandes banhadais do interior do Rio Grande do Sul ao contrrio de Rondnia no lugar de sambaquis ostentam grandes conjuntos de aterros, os maiores com base elptica 86 x 12 com altura de 7m acima das guas, em forma assimtrica: lados em declive acentuado envolvendo uma extensa rampa suave; que saibamos nunca foram escavados e, para quem tentar, prepare-se para um solo tipo concreto no topo da rampa. Em Rondnia no centro Sul-americano, pesquisei desde 1978 (Miller 1978a,b, 1980, 1983b, 1986a,b) sambaquis fluviolacustres no Pantanal do Guapor (Miller 2009a). Tanto no Rio Grande do Sul com sambaquis marinhos como em Rondnia com sambaquis, fluviolacustres, todos os sambaquis so o resultado do assentamento inicial de pr-ceramistas (sem ponta de projtil lticas, mas com as pontas sseas mais antigas na Fase Cupim e Sinimbu); no Rio Grande do Sul, com ocupao final pela Tradio Humait, Fase Camboat, Subtradio Taquara Fases Taquara e Guatambu (Miller, 1967 e 1971), e pela Tradio Tupiguaran Fases Maquin e Paranhana (Miller 1967); no ltimo milnio e meio. Os patamares areno argilosos litorneos, poucas centenas de metros do mar, eram ocupados pela Tradio Umbu Fases Umbu e Itapu (Miller 1967, 1974a). Os sambaquis do Pantanal do Guapor, resultado inicial dos pr-ceramistas da Fase Sinimbu, aps 250 anos de semiaridez, so reocupados pelos ceramistas da Fase Bacabal durante 3.300 anos contnuos, gerando uma ocupao com 200 cm de espessura com muita cermica que lembra a Tradio Valdvia e a Tradio Puerto Hormiga Fase Puerto Chacho com cermica em

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    343

    forma de bote. No conheo sambaqui resultante somente do assentamento de ceramistas, se houver, uma experincia que me faz falta.

    Roosevelt (1995), Roosevelt et al. (1991, 1996) apresenta algumas dataes da cermica da Caverna da Pedra Pintada, e do Sambaqui da Taperinha com 383 cacos cermicos, mas s trs foram divulgados primeiramente em forma de desenho e depois em foto, entre 7080+/-90 a 6300+/-90 a. P. sendo o nico stio a ter datas bem mais antigas que as obtidas para as demais tradies formativas como San Jacinto 1 da Costa Caribenha. No entanto, essa cermica Taperinha apresentada, no coerente com as dataes antigas apresentadas, lembram e assemelham-se contraditoriamente cermica Barlovento, entre 3500+/-100 e 2800+/-80 a.P. da costa norte colombiana (Meggers 1997), e com a cermica Manacapuru, com 1425+/-58 a.P. (Hilbert 1968; Meggers 1997), bem mais recentes. Entre as tcnicas e os motivos da decorao e as dataes, a linguagem das imagens fotogrficas fala mais alto que as dataes, portanto a questo permanece em aberto. The ceramic sequence on the Caribbean coast of Colombia is the best documented in South America as a result of detailed investigations and publications by Geraldo Reichel-Dolmatoff (1985) and Carlos Angulo Valdez (1981) and the chronology of change in decoration is well defined. (...) (Meggers 2010). E como a Tradio Valdvia equatoriana, com apoio em Real Alto, que possuem dezenas de stios ancorando claramente suas posies cronolgicas; com dezenas de milhares de fragmentos cermicos, e todo um rol diversificado e evoludo do material de expediente; publicaes bem ilustradas que falam por si com excelncia, na obra. no entanto, no suporta as dataes apresentadas; lembram e assemelham-se contraditoriamente cermica Barlovento, entre 3500 e 2800 a.P. da costa norte colombiana (Meggers 1997), e com a cermica Manacapuru (Hilbert 1968; Meggers 1997) Entre as tcnicas e os motivos da decorao e as dataes, a linguagem das imagens fotogrficas fala mais alto, portanto a questo permanece em aberto.

    Nessa relao contraditria entre imagem fotogrfica e dataes h um flagrante desacerto; e pende a favor da imagem fotogrfica semelhante a cermica Barlovento e Manacapuru com datas a elas creditadas. Creditar as datas antigas de Taperinha a estas cermicas Barlovento e Manacapuru uma flagrante comprovao de que elas estavam infiltradas em meio pr-cermico que explica essa contradio. At que uma equipe seja designada para comprovar em campo a existncia ou no de ocupao pr-cermica no sambaqui da taperinha, a questo da validade das dataes para o material cermico fica em aberto. interessante que as datas iniciais do sambaqui da taperinha ceramista 7080+/-90 a.P. e do sambaqui Monte Castelo pr-ceramista e ceramista 7010+/-80 a.P. sejam muito prximas.

    Em: Meggers, Betty J.; Evans, Clifford & Estrada, Emilio. 1965. Early Formative Period of Coastal Ecuador: the Valdivia and Machalilla Phases. Washington, D.C., Smithsonian Contributions to Anthropology, V.1, 234p. Il.

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica344

    Algumas Culturas Ceramistas...

    detalhado cientfica, tcnica e tipolgicamente, toda a diversidade cultural, com analogias comparativas, ilustrando a mesma cultura: como Jomon no Japo e como uma variante, Valdvia no Equador. Uma idia consistente da origem de Valdvia com 5.800 anos no Equador aps 7,200 anos no Japo, e 14.000-13.000 anos desde o Jomon incipiente que no deixa dvidas quanto ao seu lugar e papel no cenrio cultural cermico Panamericano; coexistindo e interagindo com outros complexos antigos autctones que, devido sua semelhana com Barlovento na Colmbia e Manacapur na Amaznia central, fundamental comprovar se Taperinha tem ou no assentamento inicial pr-cermico; ser estratgico como apoio existncia de outros stios com resultados que apiem complexos como o Formativo Antigo da Tradio Proto-Tupiguaran apoiado por vrios stios entre 5.100 e 4.000 anos na rea do Alto Ji-Paran-Rondnia com uma primeira publicao (Miller 2009b), apoiada pela lingstica Tupi (Rodrigues 1958, 1964, 1986, 1988, 2007 e 2010) e pela arqueologia preventiva (Scientia 2008; Cruz 2008; Zimpel Neto 2009; Miller 1987).

    Origem do Formativo Pacatuba/Massangana/TupiarikmDa origem do Perodo Formativo Antigo da agricultura e aldeamentos de

    pr-ceramistas ceramistas no Jamar. J em 5.300 a.P. macro-bandos compostos por pr-ceramistas coletores caadores, evoludos de uma horticultura insipiente, simultaneamente dominaram a agricultura da mandioca, a construo de aldeias e se tornaram semi-sedentrios. a interpretao da terra preta intensiva de longa durao dos stios da cultura Massangana. Que se estendeu de 5280 a 2810 (521070 a 275060) a.P. Um perodo com 2460 anos. Massangana a evoluo da Fase Pacatuba pr-cermica como caador coletor com horticultura incipiente. Pacatuba se estendeu de ca. 6.220 (6,090130) 5.300 (521070) a.P. Um perodo com 920 anos (Miller 2009b).

    Origem do Formativo Antigo da Tradio Proto-TupiguaranDa Tradio Tupiguaran da Faixa Costeira (PRONAPA, 1968), ao centro de

    origem do Formativo Antigo da Tradio Proto-Tupiguaran, na rea do Alto Ji-Paran desde o estgio insipiente final do princpio original. Em 1969, foi reconhecido o vnculo etno-histrico e lingustico dos falantes Tupi-Guarani com a cermica arqueolgica correlata da Faixa Costeira, a qual foi denominada de Tupiguarani (Brochado et. al. 1969; PRONAPA 1968, 1969, 1970). Desde 1958, a terra natal do Tronco Tup foi proposta como tendo sido na mesopotmia Guapor-Madeira e Aripuan (Rodrigues 1958a, 1964), por conter seis das suas dez famlias lingsticas (Rodrigues, 1986). Em 1913 a Misso Rondon encontrou falantes de lnguas Tup-Guaran (Kawahib) e suas malocas no alto J-Paran-RO (Misso Rondon 2003). Desde 1974 temos estado in loco, testando terica e empiricamente essa hiptese, com o PROPPA,1974-7/MT-

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    345

    RO, o PRONAPABA,1978-83/RO-AM, o GERO a Eletronorte e o CNEC. Alm das cermicas mais diagnsticas com as decoraes Corrugada Complicada e Pintada e de urnas funerrias to antigas quanto a terra natal, h l outros atributos do tipo Tupiguaran. O mesmo vnculo entre dados arqueolgicos, etno-histricos e lingusticos encontrado, na Faixa Costeira foi testado na terra natal do Proto-Tup e do Proto-Tup-Guaran, tendo resultado na mesma correlao. A busca emprica pela terra Natal do tronco tup chegou at ao seu miolo, atravs da correlao entre os dados da arqueologia de campo, dataes 14C, lingstica histrica e fontes etno-histricas.

    A descoberta do centro de origem do Proto-Tupiguaran, antecessor do Tupiguaran, sob pesquisa centripeta no Sudoeste Amaznico, deu-se na rea do Alto J-Paran tendo o stio RO-JI-15: Urup com 5.100 a.P. e outros entre 5000 e 4000 a.P. (Scientia 2008; Cruz 2008; Zimpel 2009) e de 4000 a 500 a.P. como apoio cronolgico e demais atributos,foi apresentado no II Encontro Linguas e Culturas Tup. UNB-DF, 2007 (Miller 2009b). Com base nos dados levantados, possvel calcular que o principio do insipiente princpio original esteja entre 5,5 e 6 mil anos atrs, e chegar l exigir a pesquisa de muitos stios Proto-Tupiguaran, probabilisticamente junto de guas rpidas na bacia do Alto Ji-Paran. Com relao ao Formativo do Tupiguaran penso que houve um bom e diversificado progresso atravs do estgio arqueolgico evolutivo de origem e difuso porque os tipos Pintado e Corrugado do insipiente final do Proto-Tupiguaran foram localizados junto ao Alto rio Ji-Paran com falantes Kawahib, concluses essas que nos ocuparam por 33 anos, de 1974 2009 (Miller 2009b), e continuam ocupando.

    O intrigante que no Formativo Antigo do Equador, na Tradio Valdvia, s ocorre o Corrugado Simples e o Pseudo Corrugado que lembra vagamente o Corrugado Complicado mal feito, mas no possui o Corrugado Complicado (Chmiz 1966:12; 1976:126-127) nem o Pintado (mono tricolor), sobre superfcie simples ou, sobre engobo branco e/ou vermelho que o tipo principal do Proto-Tupiguaran (Miller 1969: 33-54, Est.11-12) e do Tupiguaran (Miller 1969: 33-54, Est.11-12) Esse contexto aponta o Alto J-Paran como o bero do Perodo Formativo Antigo Independente do Proto-Tupiguarani. Com esse resultado, o que antes se pensava ser um fato, de que todas as tradies cermicas derivavam necessria e unicamente do Formativo Antigo Tradio Valdvia, j no tem sustentabilidade; e com o transcorrer das pesquisas outros centro formativos independentes surgiro, pois entre os grandes complexos cermicos ocorrem cermicas classificadas simplesmente como Tradies Regionais. O Proto-Tupiguaran uma cultura ceramista relativamente antiga, que progrediu com o timo Climtico e graas ao aqufero Parecis, sobreviveu uma semi-aridez severa, alcanando ambientes ecologicamente menos desconfortveis na Faixa Costeira Atlntica, a qual lhe propiciou sobrevivncia sustentvel. Outros detalhes em Miller (2009b).

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica346

    Algumas Culturas Ceramistas...

    Da Origem do Formativo Antigo da Tradio PolicromaNa busca pelas origens e rotas de difuses da Tradio Polcroma e

    respectivas Subtradies. A descoberta da Subtradio Jatuarana deu-se em RO-JP-01; Teotnio e RO-JP-03: Porto Seguro em 1978, nas cabeceiras da Cachoeira Teotonio (Miller 1978c, 1979a, 1980b, 1985a, 1985b, 1986c, 1992b), e o local, com um grande complexo de stios-habitao e oficinas, logo foi considerado como o centro formativo tanto da Subtradio Jatuarana como da Tradio Polcroma, com terra preta desde 3.000 a.P. [2.73075 a.P. 2.920 a.P. = 1950 + 970 BC correo 930 BC + 1950 = 2.880 a.P. (SI-3950)] a.P. e seus atributos cermicos plenamente evoludos (Fig. 6), sem o menor indcio de cermica incipiente, (um paradoxo: quanto mais antiga mais elaborada, mais diversificada, no significando isso um princpio de decadncia). Este complexo cultural retrata o rio Madeira em toda a sua extenso, rio Madeira abaixo e rio Madeira acima, ultrapassando a confluncia do rio Beni e galgando as corredeiras de montante j no baixo Mamor at a cidade de Guajar-Mirim, m.d. com o stio polcromo RO-GM-10, tambm nas ilhas algumas tambm com arte rupestre e cemitrios. Nesse panorama a hiptese que atenta sugere a rea de origem, a terra natal, para alm do Mamor ecologicamente muito inferior ao Madeira. Especulativamente na bacia do alto Beni, ou do Madre de Dios nos contra-fortes andinos, cujos tributrios mais extensos so de gua-branca-andina. Em termos de subsistncia estes so os que se aproximam do Rio Madeira, contudo em escala reduzida, suportando um episdio cultural incipiente at um princpio de evoluo e desenvolvimento com populao crescente cujos recursos ripcolas, aquticos e hortcolas, em maior demanda, j no sustentavam aquela sociedade em crescimento e foi quando o rio Madeira, j conhecido, comeou a ser ocupado com o resultado que a arqueologia est revelando. Mas as referncias sobre o Beni no so animadoras quanto indcios de policromia; se assim se confirmar, com os reservatrios das UHEs no rio Madeira, pouco haver para pesquisar no alto Madeira, quanto origem da Subtradio Jatuarana e Tradio Polcroma.

    A Subtradio Jatuarana foi a cultura nativa que em melhores condies sobreviveu com sedimentos de solo vulcnico andino, rico em nutrientes canalizados para o Madeira pode assegurar uma sobrevivncia sustentvel, como foi por ao menos 3.000 anos contnuos. Os antigos polcromos devem ter abandonado o local de origem por j no suportar o desenvolvimento ps etapa insipiente ingressando na etapa evolutiva quando por motivos ecolgicos tiveram que e conseguiram descobrir o rio Madeira para se tornarem na Subtradio Jatuarana que encontramos, e pelo Amazonas e afluentes afora, dar origem s demais subtradies Fig. 6).

    Os petrglifos do stio RO-GM-02: Pederneiras-1 nunca totalmente descoberto das guas sugerem que foram elaborados num perodo de semi-

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    347

    aridez severa, no Pssimo Climaticum entre 4.300 e 4.100 a.P.; a Subtradio Jatuarana, um milnio aps, se instalou e sobreviveu no Rio Madeira, numa faixa ecolgica de conforto (Miller 1992b), pela gua do degelo andino nas intensas estiagens do Madeira, at o impacto da presena ibrica.

    A reviso em 1986 das colees de campo efetuadas em 1980, estenderam a Tradio Polcroma at as pores inferiores dos seus formadores os rios Mamor e Beni, como domnio da Subtradio Jatuarana que tambm surge pronta em toda essa extenso, desde Ca. 3.000 anos a.P. Sendo o mdio Mamor acima e o Guapor domnio de culturas outras que no a Tradio Polcroma (Miller 1980, 1983a, 1987c,d).

    Surge o PRONAPA, com o Mtodo Ford-Meggers (1964)Com base nos princpios tericos, metodolgicos, terminolgicos,

    etc., que o norteiam (Echeverria-Almeida 2012) tudo se torna perceptvel e mensurvel pelas anlises seriadas quantitativas, em complexos, tradies, subtradies, fases e subfases adotadas desde 1964. A tipologia e a quantificao atravs do tempo e do espao, e consideraes ecolgicas e ambiental, com mudanas climticas, sejam favorveis ou danosas, j so perceptveis na seqncias seriadas. Os nomes das culturas e sua posio comeam a serem ajustadas; ento a Cultura Morro da Formiga assentada em TQR-61: Morro da Formiga, assume o nome de RS-S-61: Morro da Formiga, Fase Formiga e por ltimo RS-S-61: Morro da Formiga da Fase Taquara (Miller 1966), em considerao Fase Formiga na Ilha de Maraj). Bem, nem tudo tipolgica, qualitativa e quantitativamente acerca dos atributos passou desapercebidamente ao longo dessa jornada. Algumas reconsideraes foram surgindo atravs de anlises globalizantes: a reavaliao percentual e tipolgica das cermicas das fases das tradies Taquara e Itarar, em 1968-69, revelou um panorama com o mximo de decorao para os stios de vrzea, ao sul, da Tradio Taquara: Fase Taquara ca. 85% decorada, 15% simples e Fase Guatambu ca. 70% decorada, 15% simples (Miller 1968, 1971) e ao longo de uma transio gradativa, mais do Sul para o Norte do que de Leste para Oeste, foi atingido um mnimo de decorao mas com formas gradativamente mais elaboradas, para o norte, para a Tradio Itarar. Esse resultado dinmico nos levou a propor a unio de As Tradies Taquara e Itarar como uma s tradio. No XXXIX Congresso Internacional de Americanistas. Lima, Peru, 1970. 12 p., il. (indito) (Miller 1970), indito. Prope-se agora que cada uma passe a representar uma Subtradio Regional, ou seja: Subtradio Taquara com suas fases, e Sutradio Itarar com suas fases.

    Mas, quanto s etapas dos respectivos Formativos (Lumbreras 1974; Meggers 1999) desde as origens s difuses, houve avano? No tocante a Fase Guatambu, foi possvel reconhecer traos decorativos com tcnicas e motivo

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica348

    Algumas Culturas Ceramistas...

    assemelhados com os correspondentes da cermica Valdvia e Jomon Mdio (Figs, 15 e 16).

    O que mais nos ocupou, foi a cultura Bacabal pr-histrica que tomou posse do Pantanal do Guapor originou assentamentos sambaqui, agricultura incipiente da mandioca e aldeias em campo aberto nas ilhas florestadas, e acampamentos de estiagem na plancie de inundao. O rastreamento de similaridades cultura Bacabal, nos conduziu ao Formativo Valdvia situado no litoral equatoriano (Miller 1978a-c, 1979, 1980a-b, 1983a-b, 1985a-b, 1986a-b, 2009a), com base na excelente publicao Early Formative Period of Coastal Ecuador: the Valdivia and Machalilla Phases de Meggers, Betty J Meggers, Clifford Evans e Emlio Estrada (1965). A quantidade de analogias tal que este encontro passa a ser um dos exemplos-tipo de difuso cultural material de longo alcance temporal e espacial, hoje com pelo menos uma dezena de culturas ceramistas nas duas regies, respectivamente no litoral do Equador como doador de origem e o Pantanal do Guapor com a Chapada dos Parecis, como receptor. Estes dois complexos cermicos so portadores de exemplares com tipos facilmente confundveis tal a semelhana entre ambas como constatei em Guayaquil, por ocasio do Simpsio Internacional de Arqueologia Sulamericana, Cuenca Equador. 1992. (Miller 1986a-b, 1999, 2009a) (Figs. 1-5). Esse fato com incio desde 1978, desviou parte de minha dedicao integral ao Brasil, para os demais pases da Amrica do Sul, a procura de analogias cermicas. Foi assim que dentre alguns artigos sobre o Formativo Antigo da costa Colombiana, um portador de uma imagem me chamou a ateno por apresentar um vaso em forma de bote no stio Puerto Chacho (uma Fase, da Tradio ou Complexo San Jacinto?), forma que na cermica Bacabal vai aumentando de popularidade atravs do tempo. Se bem que a decorao no seja a mesma, ela aparentemente mais Valdvia, a forma do recipiente a de Puerto Chacho, e Bacabal propriamente. Ento, estamos frente a um segundo Formativo Antigo, doador para a mesma fase cermica que tem aparentemente maior doao de Valdvia. Haver um terceiro doador? Como dito pginas atrs, nos faltam artigos com abundncia de boas imagens (fotogrficas ou digitais, antes de desenhos), e correspondncia com arquelogos desses pases, para reconhecermos quem quem o doador e o recebedor e o quanto e quando, porque, etc.. Apesar da forma em bote no ser relatada para Valdvia, quando examinei as colees em Guayaquil me pareceu existir fragmentos como em Bacabal que sugerem vasilhame em forma de bote, em freqncia muito baixa o que dificulta seu reconhecimento. Bacabal conta com 4.055 [3945110 (SI-6845)] em RO-PN-8, corte 4, prof. 160-170cm, sem data em 190-200cm que deve levar no mximo 4.450 a.P. Puerto Chacho conta com 5.22090 a.P (Beta-26200) em The Earliest Ceramic technologies of the Northern Andes: a Comparative Analysis. (Raymond, Oyuela-Caycedo and Carmichael 1998).

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    349

    AntecedentesPassados 250 anos de semi-aridez severa, entre ca. 4.350 e 4.100 a.P.

    ressurge o Pantanal do Guapor com a Fase Bacabal ceramista entre 4.050-700 a.P, com transio de pr-agrcola para agrcola de ca. 2.500 a 700 a.P. Assentou-se no mesmo ecossistema da Fase Guatambu pr-ceramista: nos sambaquis, stios abertos nas ilhas florestadas, e na plancie de inundao fluviolacustre com acampamentos de estiagem. Nossa busca, em espiral centrfuga, por semelhanas e diferenas culturais materiais Fase Bacabal, sua origem, difuso e causas, conduziu-nos at o Formativo Antigo da Costa do Equador: Fases Valdvia e Machalilla, com ca. 5.870 a.P. (Marcos, 1988), com motivos e tcnicas tanto comuns como particulares entre si, o suficiente para consider-las como, derivadas de um Centro Formativo comum mais antigo originrio do Japo (Estrada & Meggers 1962, 1966; Estrada & Meggers and Evans 1964; Meggers and Evans and Estrada 1965; Meggers and Evans 1957, 1965, 1966; Meggers, 1962, 1964, 1970, 1971, 1979, 1980, 1985, 1987, 1992, 1995 1997, 2005, 2008, 2010). O impacto climtico com hiato cultural de ca. 250 anos, produziu um estrato cunhado como Estrato tipo Sinimbu-Bacabal. A Fase Valdvia que evoluiu no ptimum Climticum como resultado de transgresso marinha, findou com ele devido a recesso marinha, que reduziu em muito o alimento dos brejos e mangues com incio ca. 4500 a.P. e colapso entre ca.4.300 e 4.000 a.P. mas, no antes da Fase Machalilla, oriunda da Guatemala (Coe 1960), se infiltrar e ficar at ca. 3.000 a. P. (Meggers & Evans 1962; info. pes. Meggers, 2011). A difuso Valdvia se espande primeiramente pelo litoral do Pacfico para o norte da America do Sul e pela costa do Caribe at a Fase Mina; depois segue pela costa do Pacfico sul e norte; pelo golfo do Mxico chega a Stallings-Flrida; para o leste na Amaznia pelo Ucayalli chega no Pantanal do Guapor com a Bacabal (Miller 2009a) pelo Amazonas abaixo origina a Ananatuba. Com datas mais recentes proliferam fases em todas as direes: Baixo Xingu, a Fase Guar (Perota e Botelho 1986, 1992); seguindo at a Ponta do Jauar com a Fase Castlia e Fase Jauari (Hilbert, 1959, 1968); concluindo na Ilha do Maraj, com as Fases Ananatuba, ca. 3400 a.P. e Mangueiras, ca. 3.100 a.P. da Tradio Borda Incisa (Meggers and Evans 1957, Meggers 1997) (Fig. 18).

    A datao Bacabal com 4.055 a.P. apia o incio da falncia e confirma a difuso/migrao de Valdvia desde o litoral do Equador, se expande pelo litoral da Colmbia, da Venezuela para sudeste, pelos Llanos de Bolvia at o Pantanal do Guapor, com as Fases Pirizal, Tradio Borda Incisa, Fase Tarioba e Fase Muiratinga no entorno noroeste do Pantanal do Guapor (Miller 1987a), da para o sudeste [a leste esto os Tup dominando toda a terra natal (Miller 2009b)] e prossegue pela mata da encosta e pelo cerrado da borda e altiplano do Chapado dos Parecis com as Fases Aguap, Galera, Caj (Miller 1974b, 1975, 1977, 1987c; Puttkamer 1979) e outras (Lima 2010); reaparecendo no

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica350

    Algumas Culturas Ceramistas...

    planalto gacho e catarinense em meio aos falantes Xocleng, espao fsico da Fase Guatambu ca. 2.000 a.P. [1810185 (SI-813) Subtradio Taquara, Tradio Taquara-Itarar, avanando e desdobrando adiante de minha proposio, no XXXIX Congresso Internacional de Americanistas, em Lima, Peru, 1970: As Tradies Taquara e Itarar como uma s tradio (Taquara-Itarar) (Miller 1970a).

    Alguns paralelos cermicos entre Valdvia e Bacabal (Miller 2009a), so reapresentados nas Figs. 3 a 5 neste artigo. As Zonas Excisas Amplas so a diferena entre a Bacabal (Zonas Excisas Amplas) e Valdvia (Zonas Excisas Diminutas). Nas Fases inditas: Aguap e Galera (Simes & Arajo-Costa 1978), esta uma das semelhanas entre Bacabal (Zonas Excisas Amplas) e Aguap (Zonas Excisas Amplas), e entre Valdvia, Machalilla, (Meggers, Evans and Estrada 1965), Jambeli, (Estrada, Meggers and Evans, 1964), entre Jambel-Equador e Galera-Brasil (Zonas Excisas Diminutas) (Estrada, Meggers and Evans 1964). O Inciso em Linha Escalonada ocorre na Valdvia, Jambel (raras) e na Galera (abundante); Inciso em Arco Raiado ocorre na Machalilla e na Galera. (Figs. 9, 10, 14, 15, 16). Com origens nas difuses de Machalilla, outras fases alm da Bacabal, surgiram adaptadas ao entorno e ilhas do Pantanal do Guapor e ao longo da encosta e borda do Chapado dos Parecis (no inclusas nesta comunicao). As causas das difuses foram o Optimum Climticum, que avolumou a cadeia alimentar com conseqente presso populacional, seguida pela regresso marinha, que reduziu a alimentao e a populao, provocando, entre os sobreviventes, as disperses/migraes por espaos com alimentos, que levaram s difuses e adaptaes.

    Do Objetivo a ser alcanadoEm primeiro: dar a conhecer (a quem interessar possa), um pouco de

    histria do que movia a nossa pesquisa arqueolgica nos idos de 1945 at 1980 no Rio Grande do Sul; no Sudoeste da Amaznia de 1974 ao Presente.

    Em segundo: representando quase todas as culturas que descobri e conheci menos duas que a nvel de Nota Prvia daro a conhecer a CAUSA que moveu e move a minha arqueologia, e ser melhor entendida (se houver interesse) e sem que eu o declare, atravs de dois trabalhos (a nvel de nota prvia), porque sempre retornamos eles; pela experincia que sempre resulta em algo mais a agregar). Um dos trabalhos versa sobre a cultura Bacabal (Miller, 2009a), um povo ceramista, pr-colonizao europia, com subsistncia principalmente nos gastrpodes fluviolacustres, que meio caminho incluiu uma agricultura incipiente de Mandioca, ocupando e concluindo os sambaquis do Pantanal do Guapor (retornaremos para apresent-lo mais a fundo, juntamente com outros dois povos pr-ceramistas, no mesmo bitopo, apesar das mudanas climticas, outra que viu o Pantanal surgir e iniciou os

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    351

    sambaquis, pela subsistncia principalmente nos gastrpodes fluviolacustres; e uma cultura pioneira (Fase Cupim), pr-colonizao europia, que nesse local acampava quando no lugar do Pantanal havia s a Depresso do Guapor com uma savana inspita, nem sempre seca, pelos restos de alimentao, uma vez o outra uma chuva inesperada enchia a depresso de lagunas e peixes). Esse trabalho brindou-me com as duas respostas s duas perguntas, sem as quais penso que pouco teria esclarecido em termos de arqueologia. Mas so duas respostas que geram muitas outras perguntas a espera de respostas, longe estando o trabalho conclusivo.

    O segundo trabalho, quase uma odissia amaznica (Miller 2009b), com o qual todo arquelogo no s Sul-americano se sentiria realizado: tambm o a nvel de nota prvia; tambm brindou-me com perguntas, e respostas tidas como impossveis, no por este aprendiz, mas por arquelogos de renome planetrio (Meggers, 1979: 57). Desde Humbold, houve muitas tentativas, sem sucesso; meus princpios e metodologia, ora centrpeta, ora centrfuga deram resultado positivo, mas para aceit-los, os questionei por dezenas de anos at que as dvidas se dissiparam com a ajuda de um punhado de dataes C-14 dando-me a certeza suficiente para credit-las e no refut-las, e lev-las adiante at divulg-las em simpsio sobre a cultura Tupi na UNB em 2007. O ento trilema, hoje est voltado para a Subtradio Jatuarana da Tradio Policroma.

    Das Fontes ArqueolgicasA Etapa PROPPA/SI foi efetuada no Rio Grande do Sul de 1972 a 1977,

    e no Mato Grosso e Rondnia de 1974-75 e 1977. A ttulo de nota prvia, os resultados que seguem foram obtidos de partes das pesquisas de campo sobre 23 stios (p. 353, desta), efetuadas no Sudoeste Amaznico, ao longo de 1974-75 e 77, e mais 3 stios em 1994 na rea da ento futura PCH Guapor (Miller 1974b, 1974c, 1975, 1977).

    Etapa PRONAPABA/SI (1978-80 e 1983-1986). Os cinco anos de pesquisas de campo foram cumpridos em duas etapas, intermediadas pelo mestrado. Na primeira etapa nos desdobramos com o Paleondio do Rio Grande do Sul e os sambaquis do Pantanal do Guapor-Rondnia com o reconhecimento arqueolgico dos rios Mamor e Guapor-Rondnia (Miller 1978a, 1978b, 1978c, 1979, 1980a, 1980b, 1983a). Na segunda parte, alm dos sambaquis, nos ocupamos com o rio Madeira, o rio Ji-Paran e a Br-429 a noroeste e lindante ao Pantanal do Guapor (1985a, 1985b, 1986a, 1986b, 1986c, 1987a, 1987b).

    Na poca (1977) o propsito primeiro foi dar cincia ao menos das Fases Aguap e Galera ceramistas descobertas (1974) no PROPPA, pelo seu ineditismo quanto decorao cermica. Mas, com a descoberta no PRONAPABA da Fase Bacabal (1978), com uma seqncia cermica de 0-200 cm no sambaqui

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica352

    Algumas Culturas Ceramistas...

    RO-PN-8: Monte Castelo e o elevado percentual de analogias com a cermica decorada da Tradio Valdvia, da qual em menor percentual a Fase Aguap compartilha, priorizou o estudo da Fase Bacabal.

    A Fase Bacabal ceramista. Ecossistema, Pantanal do Guapor (Fig 1 e 18) seus resduos culturais esto assentados sobre os da Fase Sinimbu, pr-ceramista e pr-agrcola, bem mais coletora de gastrpodes aquticos (96%) do que caadora, entre 7.100 e 4.300 a.P. A segunda etapa dos resduos dos sambaquis, foi assentada pela Fase Bacabal ceramista e pr-agrcola, com a mesma subsistncia da Fase Sinimbu, entre 4.055 e 2.500 a.P., e de 2.500 700 a.P. tambm em stios com terra preta em ilhas com fragmentos de alguns assadores de beij pequenos, que sugerem uma agricultura insipiente de mandioca anexa subsistncia tradicional, como uma evoluo da difuso desde a Fase Pirizal (Miller 2009a), ocorrente na periferia e ilhas do Pantanal do Guapor, com traos nos atributos que tambm sugerem difuses ainda no identificadas. A Fase Bacabal nos ps em contato com nosso primeiro caso marcante pela difuso da Tradio Valdvia do litoral do Equador dando origem cultura Bacabal ceramista no Pantanal do Guapor. Em Miller (2009a) o resumo do resultado geral, e os atributos cermicos (tipos, formas) a nvel de seriao quantitativa, por ora, que serve de guia para as avaliaes de outras fases ceramistas com paralelismos cermicos Tradio Valdvia, e Fase Bacabal. Alguns paralelos cermicos entre Valdvia e Bacabal (Miller 2009a), so revistos nas Figuras 2-5. Se real como parece comprovado, com base nos pr e contra atuais, Jomon teria percorrido uma rota assemelhada da Fig. 17. A rota da difuso da cermica que originou a cultura Bacabal partindo de Valdvia A-B sugerida entre Guayas e Pantanal do Guapor, com base no tipo de subsistncia, acompanhando o sistema fluviolacustre at o assentamento do Pantanal do Guapor (Fig. 1 e 18).

    Enquanto entre a Bacabal (amplas) e Valdvia (diminutas), as zonas excisas amplas so uma das diferena, entre Bacabal (ampla) e Aguap (ampla), as zonas excisas amplas so uma das semelhanas.

    Entre Valdvia (diminutas), Machalilla (diminuta) e Galera (diminuta), as zonas excisas diminutas so a semelhana. Com origens nas difuses de Valdvia e Machalilla e Chorrera, outras fases alm da Bacabal, surgiram no entorno do Pantanal do Guapor RO e ao longo da encosta e borda do Chapado dos Parecis, MT (no inclusas nesta comunicao). As causas das difuses foram o ptimum Climticum, que avolumou a cadeia alimentar com conseqente presso populacional. A regresso marinha, que seguiu, reduziu a alimentao e a populao, provocou as disperses por espaos com alimentos, que levou s adaptaes e difuses.

    A Fase Aguap: 14C ca. 2000 a.P. [194555 (SI-3744) 20-30 cm em MT-GU-8: Waioco] Ocupou o ecossistema florestal entre o patamar superior do Chapado dos Parecis desde o Rio Guaritire (ou Piolho) m.d. do Rio Guapor

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    353

    e o sistema de cerrado/mata de galeria das nascentes do Rio Camamarezinho m.e. do Rio Juruena no altiplano at o alto rio Jaur do Paraguai, e as nascentes do Rio Buriti do Rio Juruena no altiplano (Fig. 1). Foi descoberta e registrada pelos integrantes (Simes e Araujo-Costa, 1978). A ocorrncia de cermica no stio MT-GU-1: Abrigo do Sol em 1974, foi a primeira da Fase Aguap; em 1977 eram 36 em 1993 (Figs. 7 a 11 e 14). Os stios ocorrem em campo aberto e abrigo-sob-rocha, mas s na condio primeira so stios-habitao com terra preta, evidncia de agricultura engloba a mandioca, beijuzeiros ou assadores e semissedentarismo em aldeamentos. Nesta apresentao, nos dedicamos ao tratamento de superfcie, da decorao tipos e motivos da cermica Aguap, por serem estas variveis as mais diagnsticas para a avaliao de traos culturais entre culturas doadoras e receptoras, como j ocorreu entre Bacabal e Valdvia (Miller 2009a). Agora, o resultado das anlises circularo entre Valdvia, Machalilla, Chorrera e Jambeli, e Bacabal versus Aguap (Figs. 1 a 18). A decorao emprega a tcnica do Inciso Lavrado ou Raspado e do Raspado em Baixo Relevo executado entre ps-perda da plasticidade ou desidratado e pr-queima; e a grande variedade de setores combinando motivos em losangos, tringulos e retngulos, simples, ponteados, excisos, quadriculados; dos mais simples em Tringulos Ladeados por Linhas Duplas, aos mais complexos. Um Ponto Exciso a Uma Crista Excisa acrescido no Interior do Losango Central. (Fig. 7). Com as mesmas tcnicas e processos de feitura: Decorao Reticulada; Antropomrfica Esquemtica e Naturalista, com Apliques, pernas e braos; com o Hachurado representando o perfil do corpo de r encrustado num Campo Reticulado, parte em Tabuleiro de Dama (Fig. 8). Os dois principais tipos decorados da Fase Aguap, apresentados graficamente: (1) faixa composta pela variedade de geomtricos losangulares e meio-losangos, desdobrados diagonal e transversalmente, em zonas triangulares hachuradas, e ou exciso-raspado. (2) faixa contendo zonas micro reticuladas onde se encaixa a imagem esquemtica do corpo perfilado de uma r (decbito ventral), ladeada pelo reticulado em tabuleiro-de-dama (Fig. 9). Comparao da (1) decorao hachurada cruzada da Fase Valdvia (em baixo), da Fase Bacabal (ao meio) e da Fase Aguap (em cima) bandas ou zonas triangulares hachuradas esto separadas por bandas de largura varivel simples na Fase Bacabal, com uma ou mais linhas incisas incises retas e paralelas na Fase Valdvia e na Fase Aguap ou, o inciso hachurado estende-se sobre toda a superfcie. (2) comparao da decorao em tabuleiro-de-damas da Fase Machalilla (no meio a direita) e da Fase Aguap (em cima a direita) Fig. 10). Em MT-GU-17: Abrigo do Paj. Grafismo escultrico da Fase Aguap, representando um xam, executado em baixo relevo (exciso e inciso, contrastando a cor escura natural do arenito com musgo seco, com a cor clara das reas em exciso (Fig. 10). Sobre a parede arentica do patamar superior da encosta do chapado. Em 1975 a poro direita do conjunto estava se desfazendo e irreconhecvel em funo da vertente que foi reativada por

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica354

    Algumas Culturas Ceramistas...

    presso do aqfero, com perda da coeso arentica. O corpo foi construdo com linhas incisas paralelas verticais, retas e curvilneas acompanhando a forma corprea. O lado esquerdo do painel, formado por outros menores cada qual com seus motivos e tcnicas, os mesmos que decoram as cermicas. A forma do painel retangular com ca. 4,5 m de extenso por 1,50-1,30 m de altura (Fig. 11). Encontramos outros dois Grafismo Escultrico na dolina do stio MT-GU-13: Abrigo da Chamin.

    A Fase Galera: 14C ca. 1.160 a.P. [1060100 (SI-3748) 60-70 cm em MT-GU-7: Galera 1] Ocupou o ecossistema do Rio Galera e afluentes desde o patamar superior at meia encosta do Chapado dos Parecis (Fig. 1) ampliado at o sop por Erig Lima (2011). Foi descoberta e registrada pelos integrantes (Simes e Araujo-Costa, 1978). No segundo ms de pesquisas descobrimos o primeiro stio da Fase Galera registrado como MT-GU-07: Galera-1; em 1977 j eram seis (6) (Figs. 12 a 14). Das anlises na Fase Galera, resultaram alguns traos culturais originrios de Valdvia, Machalilla e Jambeli. Os stios ocorrem em campo aberto com cemitrios em abrigo-sob-rocha e canais ou tneis, mas s na condio primeira so stios-habitao com terra preta, evidncia de agricultura engloba a mandioca, beijuzeiros ou assadores e semi-sedentarismo em aldeamentos. Como na Fase Aguap nesta apresentao, nos dedicamos ao tratamento de superfcie, da decorao tipos e motivos da cermica Galera, por serem estas variveis a mais diagnsticas para a avaliao de traos culturais entre culturas doadoras e receptoras, como j ocorreu entre Bacabal e Valdvia (Miller 2009a). Agora, o resultado das anlises circularo entre Valdvia, Machalilla, Chorrera e Jambeli, e Bacabal versus Galera (Figs. 12 a 14 e 18). A decorao da Fase Galera elaborada com Linhas Incisas Finas, as horizontais e verticais so retas e as inclinadas so escalonadas. Os motivos: (1) renem paralelamente vrias linhas retas e escalonadas em conjuntos espaados entre si com gravados de aves, arco raiado (que na nossa cultura representa o sol nascente e/ou poente), etc.; ou (2) losangos e meio-losangos alternados e contnuos, cujos centros contm respectivamente uma pequena cruzeta puntiforme. cruzetas simples encorpada, complexa, e cristas trs pontas excisas nos ngulos internos identificando essa comunidade ou metade dentre outras que co-habitavam a regio (Fig. 12). Em exemplares dos dois tipos mais abundantes da Fase Galera, ocorrem exemplares polidos enegrecidos destacando o retoque branco sobre o inciso e os emblemas. Esto presentes vasos antropomorfos, pesos-de-fuso e pendentes (Fig. 13). Vnculo tipolgico entre a Fase Machalilla e a Fase Galera: tipo linha inciso fino, motivo em arco raiado; vnculo tipolgico entre a Fase Valdvia e a Fase Galera com: tipo linha inciso largo e profundo, e fino, motivo escalonado; vnculo temtico entre a Fase Aguap e a Fase Galera: zoo-gravuras. Ocorrem apliques antropomorfos (Fig. 14).

    As Fases Taquara 14C ca. 1.630 a.P. [1520110 (SI-414) 15-20 cm] e Guatambu, 14C ca. 2.000 a.P. [1810185 (SI-813) 20-30 cm] ou a cermica dos bugres

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    355

    para uns, dos Kaingang/Shokleng para outros. Era conhecida desde o incio da colonizao europia do sudeste do Planalto Meridional, pelos colonos alemes, italianos, fazendeiros portugueses, aorianos, etc. Com as pesquisas arqueolgicas do PRONAPA em 1965-66 foi cunhado o nome de Fase Taquara para essa cultura (Miller, 1967). As anlises e o estudo comparativo foram revelando: dentre o tempero da argila, das formas e propores do vasilhame, do tratamento de superfcie, das tcnicas e dos motivos de decorao, a semelhana de alguns desses atributos com alguns similares dentro da Tradio Valdvia, que poderiam ser conseqncias de difuses, evolues e adaptaes. Assim a Fase Taquara resistiu ao exame e passou a fazer parte da malha de culturas com origem parcial em Valdvia (Meggers, Fig. 16: 1972, 1979). Os mesmos da Fase Valdvia como vinha acontecendo entre Valdvia e muitas outras culturas envolvendo no s a cermica mas os artefatos lticos, sseos, conchferos, e suas funes. Em 1970, ento com o nome abrangente de Fase Taquara, e com o mesmo propsito de revelar at onde chegaram, no espao e no tempo, as difuses de traos culturais de Valdvia presentes na decorao da ento Fase Taquara, nas formas de vaso, tcnicas e motivos.

    A Fase Guatambu foi descoberta e cunhada em 1968, durante o quarto ano do PRONAPA entre 1968-69 com as pesquisas arqueolgicas efetuadas no Planalto Meridional (Miller, 1971). Se as anlises e os estudo comparativo entre a Fase Taquara e a Tradio Valdvia revelaram algumas semelhanas quanto algumas formas entre o vasilhame de ambas, no tratamento de superfcie, das tcnicas e motivos de decorao, as semelhanas entre a Fase Guatambu e a Fase Valdvia em alguns desses atributos no deixa dvida alguma quanto a difuso entre vrios atributos anlogos dentro da cermica Jomon, Tradio Valdvia e da Fase Guatambu (Figs. 15, 16 e 17) que possui tipolgica e quantitativamente os atributos mais assemelhados e preservados em relao aos traos da Fase Taquara. Elas poderiam ser conseqncias de difuses, adaptaes alteradas pela variao geomorfolgica, climtica e ecolgica, do Pacfico com correntes marinhas frias, perpassando uma imensa continentalidade em diagonal, do noroeste para o sudeste at o Atlntico com correntes marinhas tanto quentes como frias. Assim, a Fase Guatambu com ca. 70% decorada-15% simples como a Fase Taquara, com ca. 85% decorada-15% simples, passou a fazer parte da malha de culturas com origem em Valdvia (Meggers, 1970,1972, 1979; Miller 1968, 1971) (Figs. 15 e 16). As mesmas doaes da Fase Valdvia como vinha ocorrendo entre Valdvia e outras culturas recebedoras envolvendo no s a cermica mas os artefatos lticos, concha e chifre, em colees maiores.

    Discusses e ConclusesA minha busca pelo estgio insipiente das cermicas, com as quais me fui

    deparando, teve como primeiro resultado a cermica Bacabal dos sambaquis

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica356

    Algumas Culturas Ceramistas...

    de gua doce do Pantanal do Guapor, RO-BR, com analogias na cermica da Tradio Valdvia da Costa do Equador, com baixa subsistncia de molucos marinhos, no resultando em sambaquis. Aportaram com cermica j evoluda h ca. 5.800 anos atrs, derivada da cermica Jomon Mdio da ilha japonesa de Kiushu, cujo estgio Insipiente ocorreu ca. 13.000 a. P. Na Amrica se difundiu amplamente por ambos os hemisfrios at latitudes subtropicais.

    Vrias outras culturas cermicas originrias de sambaquis de guas marinhas, salobras e doce tem revelado uma antiguidade ao redor de 4.000 a 7.500 a.P. e teria a cermica Taperinha como a mais antiga, com base em dataes, segundo Roosevelt, mas com tipos cermicos de decorao Barlovento e Manacapuru (que no atingem os 4.000 a.P. na Amaznia Central que contam com menos da meia idade da antigidade obtida (3500+/-100-2800+/-80a.P.) na Colmbia. E temos ainda o nvel das guas do Amazonas que no mximo do ptimum Climticum (5.500 anos a.P.), mais quente e mais chuvoso, com o nvel fluvial e das mars de ento, bem maiores que as atuais, que deveria chegar at quase a confluncia do Amazonas com o Negro. Para Taperinha, deveria ser um problema pela posio altimtrica em que ele se encontra. E enquanto no for esclarecida essa srie de obstculos para o aceite ou no da antiguidade de Taperinha, ela permanece uma questo em aberto.

    A quantidade das colees cermicas antigas, afora as da Colmbia e Equador so muito pequenas; e com problemas dificilmente solucionveis; enquanto assim for, a nica candidata com possibilidades de ser a cultura formativa autctone mais antiga a San Jacinto 1. Contudo foi a segunda a Valdvia que claramente se dispersou, colonizou e se difundiu pelas trs Amricas. A antiguidade das cermicas em sambaquis de gua doce, so abundantes mas no ultrapassam a 4.050 a.P. com referncia ao sambaqui Monte Castelo da cultura Bacabal, cujo Corte-4, 2x2x2m (8m3) produziu 3.312 fragmentos de vasilhame com decorados entre 13,04 e 23,86% (Miller 2009a), e Taperinha problemtica como visto acima. Como as regies so muito grandes e muito pouco pesquisadas, toda a afirmao sempre se refere ao conhecimento pontual do momento.

    A continuidade das pesquisas, sobre a origem das cermicas: da Tupiguaran da Faixa Costeira do Brasil, resultou na descoberta da sua origem do seu estgio insipiente em desenvolvimento na regio do alto Ji-Paran, RO, Brasil; a primeira tradio com origem em territrio brasileiro donde se expandiu pelas terras baixas da America do Sul: o tipo Pintado para o Oriente e o tipo Corrugado Complicado para o Ocidente.

    A anlise do acervo arqueolgico aponta para vrias outras Tradies cujos princpios incipientes so desconhecidos cobrindo vastas regies como a Tradio Policroma com vrias subtradies mas que resiste em revelar

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    357

    sua origem, que para o leste no , e com resultados como o da Subtradio Jatuarana a mais antiga apontando para fora do Brasil, talvez para oeste, para o alto Beni. Entre essas tradies maiores ocorrem nos afluentes menores o que comumente se nomeia de Tradies Regionais; cuja diversidade grande como a Amaznia; no rio Marmelo afluente do Madeira com datas at 7300 anos a.P. por serem creditadas.

    Parte dos Stios e Fases Arqueolgicos das Pesquisas Arqueolgicas. Mato Grosso e Rondnia. PROPPA-Programa Paleondio e Paleoambiente. MARSUL, SI e NGS. 1974-1977MT-AJ-1: Camararzinho, Camarar, 150x80m, mata ciliar-Ig. Camararzinho-1977- 20 km BR-364,1974; S/A-C 1978.MT-AJ-2: Posto Fritz, Aguap, 300x190m, mata ciliar-Ig. Juina-Posto da FUNAI,20 km BR-364,1975; S/A-C 1978.MT-AJ-3: Cerro Azul, Aguap, 180x110m, mata ciliar-Ig. Juina-Posto da FUNAI Cerro Azul-1974- 20 km BR-364,1974; S/A-C 1978. MT-AJ-4: Formiga-1, pr-cermico, Jatob, 1977; S/A-C 1978.MT-AJ-5: Formiga-2, Aguap, 100x60m,cerrado-rio formiga afl. juruena-5km da faz. Formiga/montedam-1977;S/A-C 1978.MT-GU-1: Abrigo do Sol, Aguap (2.500 a.P.), Poaia, Dourado,180x110m,Rio Gal.-Faz.Aguap-mata-Ig. Dourado-20km BR-364-1974; S/A-C 1978.MT-GU-2: Aldeia Velha-1, Aguap, 130x70m,cerrado,ig,4km de MT-GU-1, faz.aguap, 1974-5; S/A-C 1978.MT-GU-3: Montedam-1, Aguap, 180x70m, km560BR-364, 16km da faz. Montedam, 1975; S/A-C 1978.MT-GU-4: Montedam-2, Aguap, 250x100m, km560BR-364, 13km da faz. Montedam, 1974-75; S/A-C 1978.MT-GU-5: Montedam-3, Aguap, 200x80m, km560BR-364, 10km da faz. Montedam, prox. PCA-Uirapuru,1974-75; S/A-C 1978.MT-GU-6: Sorana, Caju, 140x90m, 40 km da faz. Montedam km560BR-364,1975; S/A-C 1978.MT-GU-7: Galera-1, Galera, 160x80m, 25km da BR364 e da faz. Aguap,km550,1975; S/A-C 1978.MT-GU-8: Waioco, Aguap, abrigo cerimonial e acampamento a 200m ao sul de MT-GU-1, 20km da BR-364, da faz. aguap,1974-75; S/A-C 978 MT-GU-9: Aldeia Velha-2, Aguap, mata 200m de ig. Entre MT-GU-1 e MT-GU-2, faz. Aguap, a 20 km da BR-364, 1974; S/A-C 978.

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica358

    Algumas Culturas Ceramistas...

    MT-GU-10: Abrigo do Igarap, Aguap, cerim./acamp. 19km da BR-364, 2 abrigos geminados a 1km de MT-GU-2, faz.aguap, 1974; S/A-C 1978.MT-GU-11: Abrigo da Ona, Aguap Acamp./cerim.,entre MT-GU-6 e MT-GU-8, 20km da BR-364, km620, 1974; S/A-C 1978MT-GU-12: Abrigo do Lago, Galera, Acamp./cerim.,em caverna, 15km da BR-364, km 580, faz.aguap, 1974; S/A-C 1978.MT-GU-13: Abrigo da chamin, Aguap, Acamp./cerim.,em caverna, 15km da BR-364, km580, faz.aguap, 1974; S/A-C 1978.MT-GU-14: Aguap-1, Aguap 250x100m, km560BR-364, 13km da faz. Montedam, 1974-75; S/A-C 1978.MT-GU-15: Aguap-2, Aguap 170x90m prox, sede faz. Aguap, mata, 36km BR-364, km 610,1974; S/A-C 1978.MT-GU-16: Duas Moas, Aguap, 190x100m prox, sede faz. Santa Terezinha, mata, 50km BR-364, km 690,1974-75; S/A-C 1978.MT-GU-17: Abrigo do Paj, Aguap 15km BR-364, km 615,1974-75; S/A-C 1978.MT-GU-18: Rio Novo, Aguap, 350x300m, floresta, afl. galera m.e.1977; S/A-C 1978.MT-GU-19: Galera-2, Aguap, 150x80m, ca. 3km ao norte deMT-GU-7: Galera I,floresta c. roa nambiquara, 1977; S/A-C 1978.MT-GU-20: Usina-1, Jatob, 200x100m, stio oficina pr-cer., na flor./cerr. Entre 2 ig. PCH da Montedam BR-364, km 690,1977; S/A-C 1978 .MT-GU-21: Aguap-3, Aguap, 300x200m, mata/pasto, faz.Aguap, 38km da BR-364, km620, 1977; S/A-C 1978.MT-GU-22: Rio Verde-1, Tracaj, 150x100m, Faz. Guapor,1977; S/A-C 1978.MT-GU-23: Rio Verde-2, Tracaj, 120x80m, , Faz. Guapor,1977; S/A-C 1978.MT-GU-24: Rio Verde-3, Neobrasileiro, 100x100m, , Faz. Guapor,1977; S/A-C 1978.MT-GU-25: Betnia-1, Sucur, 300x160m, 1977; S/A-C 1978.MT-GU-26: Betnia-2, Sucur, 100x70m, 1977; S/A-C 1978.MT-GU-27: Tamandu, Proto-Tupiguaran, 110x70, 2km NWde MT-GU-1, Faz.Aguap- mata/cerr.Ig. Dourado-22km BR-364,1974-77;.MT-GU-28: Usina-2, Galera, 260x120m, stio na mata/cerr., entre 2 ig. 1,5km da PCH da Montedam50km BR-364, km 688,1977;.MT-GU-29: Usina-3, Galera, abrigo funerrio na mata/cerr., entre 2 ig. 1,5km da PCH da Montedam 50km BR-364, km 688,1977;.MT-GU-30: Usina-4, Galera, canal abrigo funerrio na mata/cerr., a leste da PCH 300m Montedam,1977;.MT-GU-51: Guapor-1, Aguap (Miller 1994); ou Guap 1, resgate por Wst-IGPA/

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    359

    UCG-1999, m.e. Rio Guapor sob eixo barragem da PCH Guapor;.MT-GU-52: Guapor-2, Aguap (Miller 1994); ainda no resgatado por por Wst-IGPA/UCG. Na m.e. Rio Guapor 4 kn acima de Guap 2;.MT-GU-53: Guapor-3, Aguap (Miller 1994); ou Guap 2, resgate por Wst-IGPA/UCG-1999, m.d. Rio Guapor, a ser inundada, lago PCH Guapor; ).CULTURAS: AGUAP 19 stios (AJ-2 e 3, 5; GU-1 a 5; 8 a 10 e 11, 51 a 53); CAMARAR 1 stio (AJ-1); JATOB 1 stio (GU-20); TRACAJ 2 stios (GU-22 e 23); GALERA 4 stios (GU-7 e 28 a 30); CAJU 1 stio (GU-6); PROTO-TUPIGUARANI - 1 stio (GU-27); SUCURI 2 stios (GU 25 e 26); NEOBRASILEIRO 1 stio GU 24) = 36 stios.BIBLIOGRAFIA: Miller 1974b, 1975, 1977, 1986a-c, 1987a-b, 1994; Simes 1972; Araujo-Costa 1978.

    LegendasFig. 01 reas mnimas de ocupao. Da Fase Bacabal no Pantanal do Guapor, Rondnia-Brasil representada por 12 stios, sendo 2 sambaquis, 9 acampamentos sazonais e 1 em ilha com terra preta. Da Fase Aguap com 22 stios no patamar superior do Chapado dos Parecis desde o Rio Guaritire (ou Piolho) m.d. do Rio Guapor e as nascentes do Rio Camamarezinho m.e. do Rio Juruena no altiplano at o alto rio Jaur do Pantanal do Mato Grosso, e as nascentes do Rio Buriti do Rio Juruena no altiplano. Da Fase Galera, com 07 stios-habitao com terra preta, do patamar superior meia encosta do Chapado dos Parecis, entre o Rio Novo e um afluente do Crrego Banhado, ambos afluentes do Rio Galera. Pesquisas de Erig Lima (2011) encontra a Fase Galera junto de outras fases no sop do chapado, que parecem ter ligao com cermicas da Costa do Equador.Fig. 02 Fase Bacabal: variedade dos tipos com tcnicas incisas e excisas, em vasta gama de motivos, empregadas na decorao plstica, mista ou plstica com engobo ou banho, em extensa gama do vermelho (alaranjado vinho nesta cermica, ao longo de 3.350 anos de 4.050 at 700 anos atrs.Fig. 03 Comparao da decorao incisa em zigue-zague da Fase Bacabal (em cima) com a da Fase Valdvia (em baixo). Uma banda horizontal zigue-zague define zonas triangulares com incises paralelas (Fase Bacabal) ou cruzadas (Fase Valdvia) adjacentes borda, ou bandas intersectadas definem zonas em forma de diamante com o mesmo tratamento.Fig. 04 Comparao da decorao incisa da Fase Bacabal (em cima) e da Fase Valdvia (em baixo). Zonas de incises paralelas retas ou ligeiramente curvadas tm interseces angulares que tendem a transpassarem-se.Fig. 05 Comparao da decorao Hachurada Cruzada da Fase Bacabal (em cima) e da Fase Valdvia (em baixo) Bandas ou Zonas Triangulares Hachuradas

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica360

    Algumas Culturas Ceramistas...

    esto separadas por bandas de largura varivel simples na Fase Bacabal e com uma ou duas incises retas paralelas na Fase Valdvia, ou a decorao Incisa Hachurada estende-se sobre toda a superfcie.Fig. 06 Subtradio Jatuarana, Tradio Policroma com cermica altamente desenvolvida e elaborada j h 3.000 a.P. Desde o baixo rio Mamor (Guajar Mirim-RO) regio de entorno desembocadura do rio Madeira com o rio Amazonas-AM. Nessa extenso, variaes e combinaes inclusive com Tradies Regionais, sugerem o desdobramento das subtradies em fases, tarefa esta que demandar o domnio de conhecimentos ainda no existente. Entre os fragmentos com decorao plstica e pintada multicor com bordas trabalhadas em recortes escalonados e sinuosos, se destaca uma urna funerria antropomorfa, cuja forma comum e predominante nesta subtradio.Fig. 07 Fase Aguap decorao com tcnica do inciso lavrado ou raspado e do raspado em baixo relevo executado entre ps perda da plasticidade ou desidratado e pr-queima; e a grande variedade de setores combinando motivos em losangos, tringulos e retngulos, simples, ponteados, excisos, quadriculados; dos mais simples em tringulos ladeados por linhas duplas, aos mais complexos. Um ponto exiso a uma crista excisa acrescido no interior do losango central.Fig. 08 Fase Aguap: mesmas tcnicas e processos de feitura. Decorao reticulada; antropomrfica esquemtica e naturalista, com apliques, pernas e braos; com o hachurado representando o perfil do corpo de r encrustado num campo reticulado, parte em tabuleiro de dama.Fig. 09 Os dois principais tipos decorados da Fase Aguap, apresentados graficamente so: (1) faixas compostas pela variedade de geomtricos losangulares e meio-losangos, desdobrados diagonal e transversalmente, em zonas triangulares hachuradas, e ou exciso-raspado. (2) faixa contendo zonas micro reticuladas onde se encaixa a imagem esquemtica do corpo perfilado de uma r (decbito ventral), ladeada pelo reticulado em tabuleiro-de-dama.Fig. 10 Comparao da (1) decorao hachurada cruzada da Fase Valdvia (em baixo), da Fase Bacabal (ao meio) e da Fase Aguap (em cima) bandas ou zonas triangulares hachuradas esto separadas por bandas de largura varivel simples na Fase Bacabal, com uma ou mais linhas incisas incises retas e paralelas na Fase Valdvia e na Fase Aguap ou, o inciso hachurado estende-se sobre toda a superfcie. (2) comparao da decorao em tabuleiro-de-damas da Fase Machalilla (no meio a direita) e da Fase Aguap (em cima a direita).Fig. 11 MT-GU-17: Abrigo do Paj. Grafismo escultrico da Fase Aguap, representando um xam, executado em baixo relevo (exciso e inciso, contrastando a cor escura natural do arenito, com a cor clara das reas em exciso) sobre a parede arentica do patamar superior da encosta do chapado. Em 1975 a poro direita do conjunto estava se desfazendo e irreconhecvel em

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    361

    funo do musgo da vertente que foi reativada por presso de aqfero, com perda da coeso arentica. O corpo foi construdo com linhas incisas paralelas verticais, retas e curvilneas acompanhando a forma corprea. O lado esquerdo do painel formado por outros menores cada qual com seus motivos e tcnicas, os mesmos que decoram a cermica Aguap. A forma do painel retangular com ca. 4,5 m de extenso por 1,50-1,30 m de altura. Encontramos outros dois Grafismo Escultrico na dolina do stio MT-GU-13: Abrigo da Chamin; foi elaborado luz de fogueira no fundo escuro da dolina; os grafismos a carvo esto concentrados na poro frontal e clara da abertura do abrigo.Fig 12 A decorao da Fase Galera elaborada com linhas incisas finas. As horizontais e verticais so retas e as inclinadas so escalonadas. Os motivos: (1) renem paralelamente vrias linhas retas e escalonadas em conjuntos espaados entre si com gravados de aves, arco raiado (que na nossa cultura representa o sol nascente e/ou poente), etc.; ou (2) losangos e meio-losangos alternados e contnuos, cujos centros contm respectivamente uma pequena cruzeta puntiforme. cruzetas simples encorpada complexa, e cristas trs pontas excisas nos ngulos internos identificando essa comunidade ou metade dentre outras que co-habitavam a regio.Fig. 13 Em exemplares dos dois tipos mais abundantes da Fase Galera, ocorrem exemplares polidos enegrecidos destacando o retoque branco sobre o inciso e os emblemas. Esto presentes vasos antropomorfos, pesos-de-fuso e pendentes.ig. 14 Vnculo tipolgico entre a Fase Machalilla e a Fase Galera: tipo linha inciso fino, motivo em arco raiado; vnculo tipolgico entre a Fase Valdvia (?) e a Fase Galera com: linha tipo inciso largo e profundo, e fino, motivo escalonado; vnculo temtico entre a Fase Aguap e a Fase Galera: zoo-gravuras. Ocorrem apliques antropomorfos.Fig. 15 Alguns traos culturais similares entre Jomon, Valdvia (Estrada, Meggers and Evans 1965) e Guatambu, atravs de alguns tipos Cermicos (Miller 1971, Est. 9 e 10; esta Fig. e Fig. 16).Fig. 16 Vasilhame Guatambu e Valdvia; formas distintas mas tipo de decorao similar Guatambu a difuso mais longnqua da origem Valdvia que o doador principal dessa longa srie de doaes e recepes culturais cermicas e em alguns exemplos, tambm do material de expediente, cujo exemplo o receptor Bacabal.Fig. 17 Acima: Sentido da corrente marinha facilitando migraes para a Amrica por ocasio de impactos ambientais, devido a erupes vulcnicas como a ocorrida em 6300 a.P., com possveis arrastes de barcos em eventos migratrios ps desastres ecolgicos ocorridos, dificultando a sobrevivncia e desencadeando por repasse a cultura Jomon renomeada de Valdvia em territrio da Costa do Equador. Abaixo: Valdvia nos episdios A B, do

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica362

    Algumas Culturas Ceramistas...

    incio a 4000 a.P. entre as ocorrncias arqueolgicas com traos culturais derivados da Fase Valdvia-c e outras culturas ceramistas posteriores ao longo do Caminho Andino-Amaznico Pastaza ~ Guapor (fontes: Athens 1984; Lathrap 1975; Meggers 1972, 1979; Meggers, Evans, Estrada 1965; Miller 1978, 1980, 1983, 2009; Porras 1975; Weber 1975). Complexos com nomes em parntesis so mais recentes, mas, incorporam tratamentos de decorao mais remanescentes. Na plancie do Rio Guapor mdio, entre a m. d. do Rio e Pantanal do Guapor, ocorrem fases mais recentes ocorrendo nesse trabalho as primeiras investigaes sobre vnculos com as Fase Valdvia e Bacabal, como: Limeira, Mategu; Corumbiara e Pimenteira (Miller 1980, 1983). j as Fases recentes: Pirizal, Tarioba e Muiratinga (entorno do Pantanal do Guapor), Aguap, Galera e Caju, nos patamares do Chapado dos Parecis, apresentam traos que sugerem relaes remanescentes com as fases Valdivia, Machalilla, Pastaza,Chorrera e Bacabal (Miller 1974-1980, 1994, 2009a). As fases prximas ao Rio Guapor ocorrem em ambas s margens.Fig. 18 Alguns acrscimos no mapa da difuso de manufatura cermica no Novo Mundo, de Meggers (1979), com novas descobertas de fases portadoras de difuso de traos de tipos cermicos de Valdvia, Machalilla, Correra e Jambeli, distribudas no centro da Amrica do Sul, junto ao Pantanal do Guapor e Chapado dos Parecis.

    Figuras

    FIGURA 1

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    363

    FIGURA 2

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica364

    Algumas Culturas Ceramistas...

    FIGURA 3

    BACABAL

    VALDVIA

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    365

    FIGURA 4

    BACABAL

    VALDVIA

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica366

    Algumas Culturas Ceramistas...

    FIGURA 5

    BACABAL

    VALDVIA

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    367

    FIGURA 6

    FIGURA 7

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica368

    Algumas Culturas Ceramistas...

    FIGURA 8

    FIGURA 9

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    369

    FIGURA 10

    VALDVIA

    BACABALMACHALILLA

    AGUAP AGUAP

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica370

    Algumas Culturas Ceramistas...

    FIGURA 11

    FIGURA 12

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    371

    FIGURA 13

    FIGURA 14 VNCULOS CULTURAIS TIPOLGICOS E TEMTICOS

    VNCULO TIPOLGICO ENTRE MACHALILLA E GALERA: LINHA TIPO INCISO FINO, MOTIVO EM ARCO RAIADO;VNCULO TIPOLGICO ENTRE VALDVIA (?) E GALERA: LINHA TIPO INCISO GROSSO, E FINO, MOTIVO ESCALONADO OU ZIGUE-ZAGUE; VNCULO TEMTICO ENTRE AGUAP E GALERA: ZOOGRAVURAS.

    GALERA GALERA GALERA-AVE

    MACHALILLA VALDVIA AGUAP-R

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica372

    Algumas Culturas Ceramistas...

    FIGURA 15 Alguns traos culturais similares entre Jomon, Valdvia (Estrada,Meggers and Evans 1965) e Guatambu, atravs de alguns tipos

    Cermicos (Miller 1971, Est. 9 e 10; esta Fig. e Fig. 16)

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    373

    FIGURA 16

    a

    b

    c

    d

    e

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica374

    Algumas Culturas Ceramistas...

    FIGURA 17

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    375

    FIGURA 18

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica376

    Algumas Culturas Ceramistas...

    Refernciasngulo-Valdz, Carlos. 1981. La tradicin Malambo: um complejo temprano em El NW

    de Suramrica. Fundacin de Investigaciones Nacionales, Banco de La Repblica, Bogot.

    Brochado, Jos P. et al.. 1969. Arqueologia brasileira em 1968. Um relatrio preliminar.Chmyz, Igor (Ed.). 1966. Terminologia arqueolgica brasileira para a cermica. Parte

    I. Manuais de Arqueologia 1:1-10. Centro de Estudos e Pesquisas Arqueolgicas.______. 1969. Terminologia arqueolgica brasileira para a cermica. Parte II. Manuais

    de Arqueologia 2:1-10. Centro de Estudos e Pesquisas Arqueolgicas.______. 1976. Terminologia arqueolgica brasileira para a cermica (revista e

    ampliada). Cadernos de Arqueologia 1:119-148.Coe, Michael, D. 1960. Archeological Linkages with North and South America at La

    Victria, Guatemala. American Anthropologist 62:363-93. Menasha.Cruz, Daniel G. da. 2008. Lar, Doce Lar? Arqueologia Tupi na Bacia do Ji-Paran (RO).

    Dissertao de Mestrado em Arqueologia. MAE/USP, So Paulo.Echeverria, Jos A. (Ed.). 2012. Introduccin. In: Jos A. Echeverria (Ed.). Betty J.

    Meggers: setenta y cinco aos de trayectoria exitosa en la arqueologia sudamericana. Kirugraphics Cia. Ltda, Quito, Equador, pp. 21-84.

    Engea. 1991a. Companhia Imobiliria de Braslia, Diretoria Tcnica. Estudo de Impacto Ambiental - EIA.

    ______. 1991b. Estudo de Impacto Ambiental - EIA, Zona de Expanso Urbana 1, 2-ZEU-1, RA-II, Gama: Verso definitiva. Braslia.

    ______. 1991c. ENGEA-Relatrio de Impacto Ambiental - RIMA, Zona de Expanso Urbana da Cidade Satlite de Brazlndia - Verso definitiva. Braslia.

    ______. 1991d. ENGEA-Relatrio de Impacto Ambiental - RIMA, Zona de Expanso Urbana 1, 2-ZEU-1, RA-II, Gama: Verso definitiva. Braslia.

    ______. 1992a. Estudo de Impacto Ambiental - EIA, Setores Habitacionais Recanto das Emas, Catetinho e Ip, RA-VIII, Ncleo Bandeirante: Verso final. Braslia.

    ______. 1992b. ENGEA - Relatrio de Impacto Ambiental - RIMA, Setores Habitacionais Recanto das Emas, Catetinho e Ip, RA-III, Ncleo Bandeirante: verso final. Braslia.

    Estrada, Emilio. 1961. Nuevos Elementos en la Cultura Valdivia: sus Posibles Contactos Transpacificos. Guayaquil, Publicacin del Sub-Comite Ecuatoriano de Antropologa. 14p. Il.

    Estrada, Emilio & Meggers, Betty J. 1962. Possible Transpacific Pacific Contact on the Coast of Ecuador. Washington, D.C., Science, 135(3501):371-2, Il.

    ______. 1966. Transpacific Origin of Valdivia Phase Pottery on Coastal Ecuador. In: XXXVI Congreso Internacional de Americanistas. Espaa. Actas Y Memorias. Sevilla, V.1,63-7. Il.

    Estrada, Emilio, Meggers, Betty J. and Clifford Evans. 1964. The Jambel Culture of

  • Volume 5, Nmero 2, Dezembro de 2013

    Eurico Theofilo Miller

    377

    South Coastal Ecuador. Smithsonian Institution, U.S. National Museum. Proceedings 115(3492). Washington [S.N.]

    Ford, James A. 1957. Mtodo Cuantitativo para Determinar la Cronologia Arqueolgica. Instituto de Investigacin Etnolgica, Universidad del Atlntico. Barranquilla. Divulgaciones Etnolgicas 6:09-44. Unin Panamericana, OEA, 122p. Il.

    ______. 1966. Early Formative Cultures In Georgia and Florida. Salt Lake Sity, American Antiquity 31(6):781-99. Il.

    ______. 1969. A Compararison of Formative Cultures In the Americas. Diffusion or Psychic Unity of Man? Washington, D.C., Smithsonian Contrib. Anthrop. 11. 211p. Il.

    Goulding, Michael; Ronaldo Barthem e Efrem Ferreira. 2003. The Smithsonian Atlas of the Amazon. Cartography by Roy Duenas. Smithsonian Books. Washington and London 253p.

    Hilbert, Peter P. 1959. Achados Arqueolgicos num Sambaqui do Baixo Amazonas. Belm, Museu Goeldi, Inst. Antrop. Etnol.,(10). 22p. Il.

    ______. 1968. Archaeologische Untersuchungen am mittler Amazonas. In: Beitrge zur vorgeschichte des sdamerikanischen Tieflandes. Berlin, Dietrich Reiner, 337 p. il. (Marburger Studien zur Vlkerkunde, 1.)

    Lima Erig. 2011. A Ocupao pr-colonial na fronteira ocidental: Adaptabilidade humana, territorialidade e aspectos geomorfolgicos na microrregio do alto Guapor, Mato Grosso. Tese de Doutorado. Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de So Paulo, So Paulo, Brasil.

    Machida, Hirochi y Fuso Arai. 1983. Widespread late quaternary tephras in Japan with special reference to archaeology. Quaternary Rechearch 22 (3):133-146.

    Marcos, Jorge. G. y Bogomil Obelic. 1998. 14C and TL chronology for the Ecuadorian Formative. El rea Septentrional Andina, pp. 342-359. Quito, AbyaYala.

    Meggers, Betty J. 1962. The Machallila Culture: An Early Formative Complex on the Ecuadorian Coast. American Antiquity 28(2):186-192.

    ______. 1964. North and South American Cultural Connections and Convergences. In: jennings, J. & Norbeck, E., Eds. Pr-Historic Man In The New World, Chicago, Chicago Univ. Press, P.511-26. Il.

    ______. 1970. Prehistoric New World Cultural Development. History of the Manking: Cultural and Scientific Development. Vol. 3. part 3. UNESCO (Greek Edition). Pp. 5-70. Multilithe.

    ______. 1971. Contacts From Asia. In: ASHE, G. Et Al., Eds., The Quest For America. London. Pall Mall Press, 1971a. P.239-59. Il.

    ______. 1979. Amrica Pr-Histrica. Traduo de Eliana Teixeira de Carvalho. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1979c. 242p. [Translation of Prehistoric America, 1972] [2nd printing 1985].

    ______. 1980. Did Japanese Fisherman Really Reach Ecuador 5,000 Years Ago? Early Man 2(4):15-9. Il.

  • Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica378

    Algumas Culturas Ceramistas...

    ______. 1985a. El Significado de la Difusin como Factor de Evolucin. Arica-Chile. Univ. Tarapac, Chungar, 14:81-90. Il.

    ______. 1985b. A Utilizao de Seqncias Cermicas Seriadas para Inferir Comportamento Social IAB. Boletim Srie Ensaios 1-48. I1.

    ______. 1987. El Origen Transpacifico de la Cermica Valdivia: una Revaluacin. Santiago de Chile. Bol. Mus. Chileno de Arte Pre-Colombino 2:9-31. Il.

    ______. 1992. Jomon-Valdivia Similarities: Convergence or Contact ? New England Antiquities Research Association. NEARA Journal 27(1/2):22-32, Sum. Il.

    ______. 1992c. Projeto de Investigaes Arqueolgicas em Sambaquis de gua Doce ao Longo do Baixo Amazonas Estado do Par/Brasil. Uma avaliao do potencial crono-arqueolgico do stio PA-ST-27: Cernanbi de Taperinha, e outros nos municpios de Santarm, Alenquer e Monte Alegre. Braslia, 10p. Indito.

    ______. 1995. Impact of environmental fluctuation on pre-Columbian Amazonian populations. Abstracts, 94th Annual Meeting.

    ______. 1996. Transpacific voyages from Japan to America. Report on visit to Japan sponsored by the John Manjiro-Whitfield Commemorative Center for International Exchange, East Historical Society, and JAOMON Culture Research Group. Kochi Prefecture Cultural Properties Survey Report, 1995: Japonese pp. 106-112; English pp. 131-136. Shimizu city Committee for Education.

    ______. 1997. La Cermica Temprana en Amrica del Sur.? Invencin Independiente o Difusin? Revista de Arqueologia Americana 13, jul.-dic.

    ______. 1999. El contexto ecolgico Del Formativo. In Paulina Ledergerber-Crespo, Ed., Formativo sudamericano: una revaluacin, pp. 383-393. Abya-Yala.

    ______. 2005. The subversive significance of transpacific contact. NEARA Journal 39:22-29.

    ______. 2008. Las culturas formatives de la costa del Equador: nuevas perspectives. Miscelnea Antropolgica Equatoriana, Segunda poca 1(1):16-39. Guayaquil.

    ______. 2010. Review of Handbook of South American Archaeology, edited by Helaine Silverman and William H. Isbell. International Journal of South American Archaeology 7:72-82.

    Meggers, Betty J.; Evans, Clifford. 1957. Archeological Investigations at the Mouth of The Amazon. Washington, D.C., Bur. Amer. Ethnol. Bull. 167. 664p, 206 figs. 112 plates, 52 appendix tables.

    _