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88 Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005 Entrevista com Einstein A noite estava animada ao redor do açude velho de Campina Grande. Camello, Stanley e Jobson, todos professores de Física do Ensino Médio, discutiam as dificul- dades da introdução da física moderna em suas aulas. João Tertuliano, nosso anfitrião da UFCG, ouvia atentamente as ponderações dos colegas e refletia com eles sobre o seu trabalho de capa- citação de professores naquela área e a sua colaboração comigo e com a Auta Stella. Ao seu lado, o Carlos Ruiz, nosso amigo cubano de Mossoró, explicava ao Jenner e ao Piolho as suas reservas quanto ao conceito de massa relativística. Eu, a Cleide e o Henrique, apenas ouvíamos aquelas duas con- versas paralelas. Foi quando o Luis Augusto, ainda preocupado com a conclusão do seu doutorado em ensi- no de Física na USP, me perguntou se eu já havia escrito aquela entrevista com o Einstein que prometera ao Nel- son Studart. Ale xandr e: Nem me fale nisso, cara! O Einstein é um personagem muito rico e complexo. Eu acho que entrei em uma fria, ao prometer isso. Ainda tenho que ler muito sobre o as- sunto. Cleide: E além disso, você vai pre- cisar ser bastante seletivo, pois uma entrevista que tente abarcar toda a obra do Einstein, a riqueza da sua bio- grafia e da sua personalidade, ficará, certamente, muito longa. Talvez você tenha que dividir a entrevista em vá- rias outras. E quando quiser escrever a parte de Educação me peça que eu ajudo. Ale xandr e: Eu acho que seria inte- ressante começar expondo a obra geral do Einstein, a sua contribuição geral para o nascimento da física mo- derna, ainda que de forma muito breve, para depois me concentrar nas origens mais específicas da relativi- dade restrita. Como a Cleide sugeriu, eu poderia desenvolver os outros temas depois em outras entrevistas. L ula: Quais seriam esses outros temas? Ale xandr e: Tem tantos, que eu até fico confuso. Por exemplo: o papel do Einstein na criação da teoria quântica, a sua educação na escola e na Univer- sidade, a relatividade geral, a sua discordância em relação à interpreta- ção de Copenhague para a mecânica quântica e a sua proposição do para- doxo EPR, polêmica essa que prosse- gue, após a sua morte, com as desi- gualdades de Bell, nos anos sessenta. A sua tentativa, sem sucesso, de cons- truir uma teoria unificada de cam- pos e a sua idéia das variáveis ocultas. Isso, além de temas mais gerais, como o seu humanismo, a sua religiosidade cósmica, o seu pacifismo, a sua visão de produção do conhecimento e a sua concepção de Educação. É mole ou quer mais? L ula: Pode parar por ai, você está frito, mesmo. Piolho: Meu amigo, por que você em lugar de se preocupar com tudo isso, simplesmente não entrevista o homem e deixa-o falar livremente? Ale xandr e: Mas, como? Piolho: Sei lá! Você já não entre- vistou outros personagens ilustres que já subiram há muito tempo para o primeiro andar? Henrique: Alexandre! Sabe quem me telefonou agora mesmo e está vin- do para cá? Ale xandr e: Não me diga que foi o Prosseguindo com a série de bem humoradas entrevistas com celebridades da Física, nosso autor-reporter e seus companheiros batem um rápido papinho com Albert Einstein. Alexandre Medeiros SCIENCO e-mail: [email protected]

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88 Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005Entrevista com Einstein

A noite estava animada ao redordo açude velho de CampinaGrande. Camello, Stanley e

Jobson, todos professores de Física doEnsino Médio, discutiam as dificul-dades da introdução da física modernaem suas aulas. João Tertuliano, nossoanfitrião da UFCG, ouvia atentamenteas ponderações dos colegas e refletiacom eles sobre o seu trabalho de capa-citação de professores naquela área ea sua colaboração comigo e com aAuta Stella. Ao seu lado, o Carlos Ruiz,nosso amigo cubano de Mossoró,explicava ao Jenner e ao Piolho as suasreservas quanto ao conceito de massarelativística. Eu, a Cleide e o Henrique,apenas ouvíamos aquelas duas con-versas paralelas. Foi quando o LuisAugusto, ainda preocupado com aconclusão do seu doutorado em ensi-no de Física na USP, me perguntou seeu já havia escrito aquela entrevistacom o Einstein que prometera ao Nel-son Studart.

Alexandre: Nem me fale nisso,cara! O Einstein é um personagemmuito rico e complexo. Eu acho queentrei em uma fria, ao prometer isso.Ainda tenho que ler muito sobre o as-sunto.

Cleide: E além disso, você vai pre-cisar ser bastante seletivo, pois umaentrevista que tente abarcar toda aobra do Einstein, a riqueza da sua bio-grafia e da sua personalidade, ficará,certamente, muito longa. Talvez vocêtenha que dividir a entrevista em vá-rias outras. E quando quiser escrevera parte de Educação me peça que euajudo.

Alexandre: Eu acho que seria inte-ressante começar expondo a obrageral do Einstein, a sua contribuição

geral para o nascimento da física mo-derna, ainda que de forma muitobreve, para depois me concentrar nasorigens mais específicas da relativi-dade restrita. Como a Cleide sugeriu,eu poderia desenvolver os outrostemas depois em outras entrevistas.

Lula: Quais seriam esses outrostemas?

Alexandre: Tem tantos, que eu atéfico confuso. Por exemplo: o papel doEinstein na criação da teoria quântica,a sua educação na escola e na Univer-sidade, a relatividade geral, a suadiscordância em relação à interpreta-ção de Copenhague para a mecânicaquântica e a sua proposição do para-doxo EPR, polêmica essa que prosse-gue, após a sua morte, com as desi-gualdades de Bell, nos anos sessenta.A sua tentativa, sem sucesso, de cons-truir uma teoria unificada de cam-pos e a sua idéia das variáveis ocultas.Isso, além de temas mais gerais, comoo seu humanismo, a sua religiosidadecósmica, o seu pacifismo, a sua visãode produção do conhecimento e a suaconcepção de Educação. É mole ouquer mais?

Lula: Pode parar por ai, você estáfrito, mesmo.

Piolho: Meu amigo, por que vocêem lugar de se preocupar com tudoisso, simplesmente não entrevista ohomem e deixa-o falar livremente?

Alexandre: Mas, como?Piolho: Sei lá! Você já não entre-

vistou outros personagens ilustresque já subiram há muito tempo parao primeiro andar?

Henrique: Alexandre! Sabe quemme telefonou agora mesmo e está vin-do para cá?

Alexandre: Não me diga que foi o

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Prosseguindo com a série de bem humoradasentrevistas com celebridades da Física, nossoautor-reporter e seus companheiros batem umrápido papinho com Albert Einstein.

Alexandre MedeirosSCIENCOe-mail: [email protected]

89Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005

Einstein?Henrique: Que nada! Foi o Nelson

Studart, que está de passagem para oCeará e resolveu dar uma parada emCampina Grande. Eu disse que vocêestava aqui e ele falou que vem buscara tal entrevista que você prometeu aele.

Alexandre: E agora? Já sei! Quan-do o Nelson chegar, o Henrique fingeque é o Einstein e nós entrevistamosele.

Henrique: Está louco, cara? Estoufora! O que é que eu vou dizer?

João: Olhe aí, gente! Temos umanova visita chegando.

Nelson: Boa noite, gente. E então,Alexandre, a entrevista já está prontaou ainda vai começar?

Alexandre: Vai começar agoramesmo, o Henrique vai nos ajudar.

Henrique: Eu vou é pedir empres-tado o skate daquele garoto e sair des-sa.

Alexandre: Lembre-se do tomboque você levou no Rio de Janeiro aodar uma de skatista. Você quase que-brou a cabeça.

Cleide: Como assim?Alexandre: Pois é! O Henrique

também engoliu um bocado de águaao tentar surfar na praia do Recreio epara completar ficou completamentezonzo ao experimentar aquele brin-quedo em forma de giroscópio naExposição Ciência para Todos do Rio-Centro.

Henrique: Não foi tanto assim,mas eu ainda estou meio enjoado.

Nelson: O Henrique sempre foimetido a surfista e skatista, desde quefoi meu aluno em São Carlos, ou mes-mo antes no Ceará, e já levou muitasquedas e engoliu muita água. É me-lhor não deixar ele cometer suicídio.

Auta: Lá vai ele! É maluquinho,mesmo. Meu Deus! Olhem o tomboque ele levou! Vamos lá, gente.

Todos se levantam e correm emdireção ao Henrique que se encontracaído no chão e desacordado com umenorme galo na cabeça.

Cleide: Henrique, Henrique, vocêestá bem?

Auta: Ele não está falando, gente.Vai ver que foi coisa séria.

Jenner: Henrique, acorde cara,você está bem?

Einstein: Certa-mente, Herr Bastos! Eo senhor, tem idomuito a Zurique?

Piolho: O Henri-que pirou! O que éque ele está falando?

Einstein: HerrBastos, quem é estesenhor, que me fala deum modo tão vulgar?Explique a ele que nósdois fomos estudantesna ETH de Zurique.Eu no final do séculoXIX e o senhor, certa-mente, muito depois.

Jenner: Bem, eunão estou compre-endendo. Eu fiz meudoutorado na ETH,mas você ...

Einstein: CaroHerr Bastos, não mediga que não se lem-bra de mim. Albert, Albert Einstein,seu colega de profissão.

Piolho: Virgem Maria, o Henriqueendoidou mesmo. Vamos dar umaágua gelada para ele beber, para verse melhora.

Alexandre: Nada disso! Se elepensa que é o Einstein, tudo bem. Me-lhor assim! Vamos sentar aqui eentrevistá-lo, agora mesmo.

Nelson: Pode ser uma boa idéia;vamos ver no que dá. De todo modo,a revista já está quase pronta.

João: Pois então vamos testar essenosso Einstein do Paraguai.

Einstein: O que?João: Nada! Mas, me diga a sua

ficha: onde e quando nasceu, onde es-tudou, coisas assim. Eu quero checara sua identidade.

Einstein: Eu nasci em Ulm, naAlemanha, em 1879. Ainda muitojovem a minha família mudou-se pa-ra Munique, onde recebi a minhasofrida educação básica. Eu detestavaaquele rígido padrão educacionalgermânico. Aos dezesseis anos, meuspais foram para Milão e me deixaramnaquele maldito colégio, o LuitpoldGimnasium. Eu, então, inventei umadesculpa, consegui um atestado mé-dico e fui encontrar os meus pais naItália. Passei um ano inteiro passeando

por aquele belo país. Depois disso,meu pai me convenceu a estudar emZurique, na Escola Politécnica, a ETH.Como eu não havia completado aeducação secundária eu precisaria fa-zer um teste de admissão. Aliás, a ETHera uma das poucas instituições deensino superior que aceitavam estu-dantes nessas condições.

Piolho: O Henrique não me enga-na. Ele leu isso tudo e está fingindo.Vamos perguntar algumas coisasmais difíceis.

Auta: Pois ele está me parecendoreal. Deixe o bichinho falar.

Einstein: Obrigado, Frau Stella.Pois bem, eu fui estudar Engenharia,segundo o desejo dos meus pais, masmudei de idéia comecei a estudar Físicae resolvi ser professor. Fiz o tal testede admissão, mas não passei. Mas mesai muito bem nos exames de Mate-mática e de Física, a ponto de impres-sionar tanto o professor dessa discipli-na, o Weber, quanto o próprio diretorda Escola.

Camello: Isso eu já sabia. E então?Einstein: Então, eu fui estudar na

escola cantonal de Aarau durante umano. Lá concluí os estudos interrom-pidos em Munique. Voltei para a ETHe finalmente pude entrar, como dese-java, no curso de Física.

Entrevista com Einstein

Estátua em homenagem a Einstein em Washington.

90 Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005

Cleide: Eu gostaria muito de lheperguntar sobre a sua educação, tantoem Munique quanto em Zurique. Asimpressões que guardou dos seus pro-fessores e como isso veio a influenciara sua visão posterior da Educação emgeral. Temo, entretanto, que tenha-mos de ser seletivos e que os meusamigos aqui queiram lhe perguntaroutras coisas.

Einstein: Certamente, Frau Medei-ros. Eu terei o maior prazer de conver-sar sobre esses temas educacionais emesmo sobre a minha postura huma-nista. Eles sempre foram muito im-portantes para mim. Entretanto, creioque preciso antes conversar sobrealguns temas científicos com os meuscolegas físicos aqui presentes para queeles parem de duvidar da minha iden-tidade.

Cleide: Tudo bem, depois, então,faremos uma outra entrevista com osenhor.

Auta: E sobre os outros detalhesbiográficos?

Einstein: Eu creio que os colegasestão querendo começar pelos temascientíficos, mas, de todo modo, paratratar dos mesmos, eu farei algumaspoucas incursões biográficas. Depoisdiscutiremos essas questões biográ-ficas em maiores detalhes.

Stanly: Senhor Einstein, eu ensinoFísica em alguns colégios de CampinaGrande e de Caruaru e estou muitopreocupado em ter de lecionar física

moderna. Para ser sincero, eu acho arelatividade algo muito abstrato,muito diferente de tudo que eu estouacostumado a ensinar. Eu não com-preendo de onde aquelas idéias esqui-sitas podem ter surgido. Será que davapara o senhor explicar como tudo issocomeçou?

Einstein: Certamente! Eu tentareidiscutir isso dentro do cenário maisamplo do que foi a minha contribui-ção para o advento da física moderna.

Jobson: Eu sei que a coisa todacomeçou com o tal experimento deMichelson-Morley, certo? Foi doresultado negativo desse experimentoque a sua teoria da relatividade surgiu,certo?

Einstein: Não foi exatamente as-sim. Para ser sincero, foi de um modobem diferente. Deixe-me começarfalando de um modo geral do nasci-mento da física moderna, para depoisnos concentrarmos no surgimento daTeoria da Relatividade.

Stanly: Pois, então, como é que afísica moderna surgiu? Eu já ouvifalar em uma história de duas nuvensnegras do Kelvin. Como é mesmo isso?

Einstein: Isso é um conto da caro-chinha. Realmente o Kelvin, que eraum excelente físico, deu uma palestrano final do século XIX na qual falou,alegoricamente, nessas tais duasnuvens negras e propôs as suas solu-ções para as mesmas que, em verdade,não deram certo. Há, na verdade,muito mito e exagero em torno dessahistória.

Nelson: Estou de pleno acordo, eudigo isso freqüentemente em minhasaulas de física moderna. Isso de dizerque todos achavam que a Física estavaacabada é mesmo um mito. Entretan-to, havia alguns problemas centraisque nortearam o desenvolvimento dafísica moderna.

Einstein: Certamente, Herr Stu-dart. O senhor, certamente, se refereaos problemas advindos do estudo daradiação eletromagnética. Foi aí quea polêmica começou. Na verdade, onascimento da física moderna é decor-rente do estudo dos mistérios envol-vidos na radiação eletromagnética;dos mistérios da sua natureza e da suapropagação. Quando olhamos para osproblemas da propagação da radiação

eletromagnética, e a luz está aí incluí-da, tomamos um caminho que nosleva diretamente à relatividade. Poroutro lado, se nos debruçamos sobreos problemas da natureza da radiaçãoeletromagnética, ou mais especifica-mente, sobre os problemas da intera-ção da radiação com a matéria, a nos-sa rota conduz à teoria quântica.

Camello: Espera aí! Eu sempresoube que a teoria quântica surgiu doestudo da radiação de corpo negro.Não foi esse o trabalho do Planck? Nãofoi ele o criador da teoria quântica?

Einstein: Bem, a coisa é mais com-plexa. Na verdade, o problema daradiação de corpo negro, ou seja, oproblema de encontrar uma funçãode distribuição da densidade de energiaemitida por um corpo negro, doestudo da sua radiância, surgiu muitoantes, com o Kirchhoff. Foi o Kirchhoffquem lançou o célebre problema deencontrar uma função matemáticapara a radiância que dependesse ape-nas da freqüência e da temperaturaabsoluta. Esse problema foi parcial-mente abordado pelo Stefan, que foiprofessor do Boltzmann. O Stefanencontrou uma função para a energiatotal emitida, aquela coisa de ser dire-tamente proporcional à quarta potên-cia da temperatura absoluta. Depoisveio o próprio Boltzmann que comuma abordagem baseada na mecânicaestatística, conseguiu demonstrar afunção encontrada pelo Stefan. Essahistória é muito longa e merece umestudo mais detalhado. Ela prosseguecom a descoberta, pelo Wien, de umalei para o deslocamento das raias es-pectrais da radiação do corpo negro,seguida por uma verdadeira funçãopara a radiância. E como vocês sabem,os estudos experimentais mostraramque a lei de Wien não valia na faixadas baixas freqüências. É nesse pontoque se insere a contribuição do Planck.

Camello: Eu acho que o senhorpulou a questão da equação deRayleigh-Jeans, da catástrofe ultra-violeta, não? Que eu saiba, o Planckintroduziu a sua hipótese da quanti-zação da energia para resolver a talcatástrofe ultravioleta.

Einstein: Isso é um outro mito,uma outra história da carochinha.

Nelson: Concordo! Eu até escrevi

Entrevista com Einstein

Einstein lecionando em Princeton.

91Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005

sobre isso um dia desses.Einstein: Eu sei, eu li o seu artigo,

mas eu já conhecia essa história an-tes.

Nelson: Certamente, Herr Eins-tein!

Jobson: Eu não estou entendendomais nada! Afinal, o Planck resolveuou não a tal catástrofe ultravioleta?

Einstein: Nunca houve isso deproblema de catástrofe ultravioleta.Esse nome foi inventado bem poste-riormente pelo meu amigo PaulEhrenfest. Além disso, há algunsdetalhes importantes a serem consi-derados nessa história. Em primeirolugar: a tal equação de Rayleigh-Jeans, como os livros didáticos de vo-cês costumam chamar, é posterior aotrabalho do Planck, de 1900. O Jeanscorrigiu em 1902 um expoente erradona equação do Rayleigh e assim sendoa denominada equação de Rayleigh-Jeans nem existia em 1900.

Jenner: Mas, Herr Einstein, se nãoformos tão exigentes, a equação doLord Rayleigh já existia na época dotrabalho do Planck.

Einstein: Certamente, Herr Bas-tos, mas o senhor sabe muito bem queela não se constituía em nenhum pro-blema para o Planck, pois o trabalhodo Lord Rayleigh estava todo funda-mentado na mecânica estatística deBoltzmann, na versão estatística daSegunda Lei da Termodinâmica, naconcepção probabilística do conceitode entropia. E isso o Planck não acei-tava de modo nenhum. Eu não deveriaestar falando dessas coisas, mas é pre-ciso salientar que o trabalho do meugrande e estimado amigo Planck foiexcessivamente parcial. Ele não disse,como afirmam muitos livros didáti-cos de vocês, que a energia era quan-tizada.

João: Como, não? Se não foi ele opai da teoria quântica, quem foientão?

Einstein: Olhe! O Planck certamen-te conhecia o trabalho do Rayleigh enós podemos até admitir que ele tenhade fato feito uma interpolação mate-mática entre duas equações: a deRayleigh e a de Wien, que valiam emfaixas opostas do espectro emitido pelocorpo negro. Entretanto, a fórmulaassim obtida por ele em outubro de

1900, embora desse conta matemati-camente do problema da radiação decorpo negro, não tinha ainda umafundamentação física consistente. Foiapenas nesse intervalo até dezembro de1900 que o Planck, em desespero,ousou apelar para a mecânica estatís-tica do Boltzmann e conseguiu assimencontrar uma justificativa aceitávelpara a sua lei da radiação.

Piolho: Isso nós sabemos, HerrEinstein. Mas, assim fazendo, ele nãose viu forçado a introduzir a hipóteseda quantização da energia? Foi assimque eu aprendi nos livros de estruturada matéria.

Einstein: Mas, Herr Piolho. Des-culpe, é esse mesmo o seu nome?

Piolho: É! Prossiga!Einstein: Pois bem, o que o meu

caríssimo amigo Planck supôs, e aindaassim em desespero de causa, foi ape-nas que as energias dos osciladores dasparedes da cavidade eram quantiza-das. Ele não afirmou, como você fa-lou, de um modo geral, que a energiaera quantizada. A simples idéia de quea energia se propagasse de forma dis-creta lhe causava horror. E aindaassim, ele durante muito tempo ten-tou livrar-se daquela hipótese que lheparecia incômoda, que lhe pareciauma mera hipótese heurística. Várioslivros de vocês dizem que a hipótesedo Planck não foi, de início, bemaceita. Isso é verdade. Entretanto, nemo próprio Planck pareceu apreciaraquilo que lhe parecia um mero arti-fício de cálculo a ser posteriormenteremovido.

Auta: Mas, se não foi o Planckquem introduziu de fato a hipóteseda quantização da energia, de umaforma geral, de uma forma abran-gente, que incluísse a sua propagação,quem foi que fez isso?

Einstein: senhorita, por favor, nãome pergunte isso. A modéstia me im-pede...

Nelson: Eu estou de pleno acordocom o senhor. A hipótese da quanti-zação da energia em sua forma maisabrangente é realmente sua.

Alexandre: Eu diria que o senhoré o verdadeiro pai da teoria quântica,que o Boltzmann é provavelmente oavô e o Planck é, quando muito, o tio.O Planck, inclusive, não gostou muito

dessa sua hipótese, não foi?Einstein: Isso! Ele ficou terminan-

temente contra a minha idéia dosquanta de luz, que depois seriam de-nominados de fótons, já nos anos 20.

João: Ele e toda a torcida do Fla-mengo.

Nelson: Não apenas a torcida doFlamengo, a do Corinthians, a do Vas-co, a do Santos, a do Palmeiras... Achoque só a turma do Canto do Rio ou ado Íbis concordou com o Einstein.

Risos...Einstein: É, de início foi mesmo

assim. Em 1909, quando eu apresen-tei a minha teoria das flutuações, queantecipava em muitos pontos as idéiasdo De Broglie, em um Congresso naÁustria, o Planck colocou-se vigoro-samente contra a minha idéia dosquanta de luz. Ele achava a idéia daquantização geral da energia, senãoabsurda, no mínimo completamentedesnecessária. Ele parece só ter come-çado a mudar a sua atitude após oprimeiro Congresso Solvay, em 1911.Não sei, entretanto, se ele de fato pas-sou a aceitar a idéia da quantizaçãoda energia como algo incorporadofirmemente à sua estrutura de pensa-mento ou teve de resignar-se comuma aceitação cada vez mais ampladessa idéia.

Jenner: Entretanto, em suas me-mórias, escritas já nos anos 30, o

Entrevista com Einstein

Planck e Einstein.

92 Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005

Planck se reporta a uma conversa como filho dele, o Erwin, logo após otrabalho que ele havia apresentado emdezembro de 1900, na qual ele teriase referido à hipótese da quantizaçãopor ele introduzida, como algo revo-lucionário e bastante promissor.

Alexandre: Eu também já li isso,mas não me convenci de sua exatidão.Eu acho que ele reescreveu a sua pró-pria história. Os seus depoimentos até1911 depõem contra essa sua versãoposterior constante em sua autobio-grafia.

Piolho: Quem sabe ele fez issopara aparecer melhor na fotografia.

Einstein: Não concordo! O Planckfoi uma das personalidades mais éticasque eu conheci em toda a minha vida,um verdadeiro exemplo de pessoa hu-mana digna. Se ele cometeu esse tipode falha em suas memórias, a expli-cação deve ser outra.

Nelson: Não se aborreça HerrEinstein, o nosso amigo Piolho estavabrincando. Todos nós admiramosmuito o senhor e o Planck. Mas, mediga uma coisa, só para satisfazer aminha curiosidade. O senhor, nas suasviagens, conheceu a Dona Fifi? ADona Fifi foi uma brasileira que viajoupela Europa no início do século XX econheceu muitos físicos importantes.Ela era um tanto namoradeira e nãoera um tipo fácil de esquecer.

João (sussurrando): Eu nuncaouvi falar dessa tal Dona Fifi.

Nelson (sussurrando): Fala baixo,a Dona Fifi é um personagem inventa-do por um amigo meu da Univer-sidade Federal do Ceará, o Evangelista.

Einstein: Bem, quando eu me se-parei da minha primeira esposa, aMileva e antes de me casar com a Elza,minha segunda esposa, você sabe...Bem, eu conheci algumas senhorasem Berlim, mas eu não me lembrobem dessa tal Dona Fifi. Acho que vocêdeveria fazer essa sua pergunta aoSchroedinger. Ele provavelmente deveter conhecido.

Stanly: Não entendi porque.João: Deixa para lá, Stanley.Lula: Mas, me diga uma coisa, o

senhor não falou que ia dizer como afísica moderna surgiu e logo emseguida iria entrar na questão maisespecífica de como a relatividade

surgiu?Einstein: Foi, mas tudo isso se

deveu a que vocês me perguntaramsobre o papel desempenhado peloestudo da radiação de corpo negro nosurgimento da física moderna.

João: Pois bem, isso nós já enten-demos. Já está bem claro que foi desseestudo que surgiu a teoria quântica eque a explicação mais completa foisua e não exatamente do Planck.

Einstein: Espere um pouco, eu nãodisse exatamente isso. Eu estava fa-lando no início que a teoria quânticasurgiu do estudo dos mistérios dainteração da radiação eletromagnéticacom a matéria.

Ruiz: Mas o estudo da radiaçãode corpo negro se insere, exatamente,nessa questão do mistério da interaçãoda radiação eletromagnética com amatéria.

Einstein: Certo, certíssimo, masnão se resume a isso. Havia, também,o mistério do efeito fotoelétrico, des-coberto pelo Hertz em 1887. O efeitofotoelétrico também é um exemploimportante de um fenômeno miste-rioso envolvendo a interação da radia-ção eletromagnética com a matéria.E nesta mesma linha havia ainda omistério da variação dos calores espe-cíficos atômicos, que não obedecia àlei de Dulong-Petit, e também o mis-tério da luminescência, aí incluídas afosforescência e a fluorescência. Essesquatro mistérios, entretanto, apesarde estarem todos relacionados àsformas de interação entre a radiaçãoe a matéria, eram tratados, até então,de modos diversos. Cada um tinha asua forma específica de ser abordado.O que faltava não era apenas umaexplicação isolada e bem sucedida paracada um deles, mas, sobretudo a com-preensão de que todos eles eram fa-cetas diferentes de um mesmo tipo demistério. Esse foi um dos meus traba-lhos de 1905, justamente aquele quedepois me valeria o premio Nobel.

Jenner: Mas, Herr Einstein, o se-nhor não ganhou o prêmio Nobeljustamente pela explicação do efeitofotoelétrico?

Einstein: É verdade, Herr Bastos,mas o trabalho premiado era bemmais geral, não era apenas sobre oefeito fotoelétrico. Com a minha hipó-

tese geral da quantização da energia,eu reconstruí de forma mais rigorosao caminho para a solução do proble-ma da radiação de corpo negro, domistério da luminescência, da varia-ção dos calores específicos atômicos efinalmente do efeito fotoelétrico.

João: Poderíamos, então, dizer,que você colocou quatro bolas na ca-çapa com uma só tacada.

Einstein: Se você quiser entenderassim, foi. Mas eu não me vanglorieijamais desse feito. Eu sempre acheique a grandiosidade da inteligênciahumana está justamente no fato delaser suficiente para percebermos oquão pequena ela é para dar conta dosmistérios do Universo. O maior exem-plo de inteligência está na humildade.A humildade, para mim, sempre foiuma ponte entre a minha religiosidadecósmica e a minha visão de produçãodo conhecimento. Para mim, o grandemistério sempre foi que o mundopudesse ser compreendido.

Cleide: Vamos aprofundar essestemas em uma outra entrevista.

Einstein: Com muito prazer FrauMedeiros. Mas, vamos ver logo se essanossa primeira entrevista vai serpublicada.

Ruiz: Herr Einstein, o senhor nosapresentou, brilhantemente, um elen-co de quatro mistérios, todos eles rela-cionados com a interação da radiaçãoeletromagnética com a matéria e nospresenteou com a informação precio-sa de que o seu trabalho laureado como prêmio Nobel envolveu a soluçãosimultânea desses quatro problemas,solução esta que nasceu da hipóteseda quantização geral da energia. Semquerer entrar já nos problemas dapropagação da radiação, que o senhorbem disse, nos levam ao desenvol-vimento da relatividade, ainda existiaalgum outro grande problema no fi-nal do século XIX de que a Física esti-vesse ocupada?

Einstein: Existia, por exemplo, aferrenha disputa entre os atomistas eos energeticistas. Apesar de bem suce-dida, em vários aspectos, a teoria atô-mica estava ainda longe de ser aceitacomo uma unanimidade. Faltavamevidências convincentes e argumen-tações mais poderosas. A mecânicaestatística, filha da teoria atômica,

Entrevista com Einstein

93Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005

tinha muitos adversários, dentre elesnomes de peso, como Ostwald, ErnestMach e mesmo o Planck. O Planck atébem próximo dos 1900 era ainda umferrenho adversário da teoria atômica.

Auta: Meu Deus! Mas, afinal,quando é que essa situação mudou?A partir de quando a teoria atômicase impôs de forma paradigmática aosfísicos? Quem foi o principal respon-sável por isso?

Einstein: Desculpe-me, Frau Stel-la, mas a senhora me faz perguntasrealmente embaraçosas para a minhamodéstia.

Jenner: O que o senhor quer dizer,com essa sua modesta argumentação,que foi também o senhor que deu con-ta desse problema?

Einstein: Isso mesmo, Herr Bas-tos, fui eu, novamente, com a graçade Deus. A minha tese de doutorado,juntamente com o meu trabalho sobreo movimento Browniano, foramcomo que uma lápide para os oposi-tores da teoria atômica. Após aquelesmeus dois trabalhos, também de1905, a teoria atômica passou a serdefinitivamente paradigmática comoperguntou Frau Stella.

João: Mas, havia, também, o pro-blema das raias espectrais. Graças àsua descoberta, no século XIX, desen-volveu-se a análise espectral e novoselementos químicos foram encontra-dos, mas ninguém sabia a razão deser daquelas raias, de onde elas pro-vinham. Certamente elas estavamrelacionadas com a própria estruturada matéria, mas não havia ainda umateoria que desse conta das mesmas.

Ruiz: Mesmo se levando em contaque já se sabia descrever e calcular asfreqüências de parte daquelas raiascom a fórmula empírica de Balmer ea fórmula mais geral de Rydberg. Asolução para esse problema só veiomuito depois, já em 1913, com ostrabalhos do Bohr.

Camello: Mas qual a gênese dotrabalho do Bohr? Eu sei que ele de-senvolveu um modelo atômico seme-lhante ao modelo do tipo planetáriode Rutherford, mas que tentava esca-par da contradição da instabilidadeeletromagnética daquele modelo.

Stanly: Como assim?Nelson: É que o átomo de Ruther-

ford previa cargas orbitando em tornodo núcleo, estando, portanto acelera-das. Assim, como uma conseqüência,pela teoria eletromagnética de Max-well, elas deveriam emitir radiação eespiralarem em direção ao núcleo. Foio Bohr que resolveu esse problemacom a introdução do conceito de níveisestacionários de energia.

Auta: Mas quer dizer que final-mente alguém além de Herr Einsteinresolveu algo realmente grandiosodentre os grandes mistérios da físicaclássica? A questão de mérito, paramim, entretanto, é saber em que oBohr se fundamentou para contornaresse problema da instabilidade eletro-magnética dos átomos.

Camello: Isso! De onde o Bohrtirou essa idéia?

Einstein: Perdoe-me, Frau Stella,mas o Bohr se baseou exatamente naminha concepção mais geral daquantização da energia. Ele a aplicoubrilhantemente ao seu modelo atômi-co.

Auta: Meu Deus, quer dizer, queainda quando não foi o senhor quemresolveu o problema diretamente...

João: Pois é, ele estava por detrásdaquela nova explicação.

Stanly: Por favor, chega de falardo nascimento da teoria quântica.Vamos voltar ao outro grande misté-rio. O mistério da propagação da ra-diação eletromagnética.

Camello: E que levará, ao finalpara onde?

Jenner: Para a teoria da relativi-dade.

Auta: De quem?Jenner: Do Einstein.Auta: Essa eu já sabia.Camello: Deixe eu me situar um

pouco. O senhor falou de sete misté-rios ao todo, não foi? Um deles era aquestão da validade ou não da teoriaatômica, quatro outros estavam liga-dos à interação da radiação eletromag-nética com a matéria, certo?

Einstein: Certo! A radiação de cor-po negro, a luminescência, os caloresespecíficos atômicos e o efeito fotoe-létrico.

Camello: Isso já dá um total decinco mistérios. E tem mais o mistériodas raias espectrais que o João faloue que o Bohr resolveu baseado em sua

Entrevista com Einstein

idéia da quantização geral da energia.E está faltando, ainda, o tal mistérioda propagação da luz, ok?

Einstein: Isso!João: Traduzindo, Camello, dos

sete mistérios que deram origem àfísica moderna, ele matou seis e deu aarma para o Bohr matar o sétimo.

Lula: Agora sou eu que digo: émole ou quer mais?

Jobson: Pois bem, Herr Einstein,como é que esse mistério da propaga-ção da luz começou? Não é ele sobreo qual está faltando o senhor falar eque levará à relatividade?

Einstein: Por favor, posso beberum pouco de água e descansar umpouquinho? O assunto que vem aseguir é muito longo e merece serdiscutido com todo o carinho. Temosde falar do desenvolvimento da óptica,do eletromagnetismo, da construçãoe da desconstrução do conceito de éter,temos também de discutir direitinhoa contribuição de cada um dos perso-nagens envolvidos nessa história doéter, das suas propriedades exóticas,do mistério da aberração estelar, decomo e porque o éter veio a ser to-mado como um referencial absoluto.Há de se discutir os papéis de Maxwel,Hertz, Voight, Fitzgerald, Lorentz,Larmor e Poincaré. Só assim, por con-traste e por comparação, a minhacontribuição poderá ser apreciada.

Alexandre: Desculpe, sem quererimportunar, Herr Einstein, mas osenhor pretende falar também emOlinto De Pretto?

Einstein: Eu sei ao que você estáse referindo. São aquelas acusações deplágio lançadas contra mim. Terei omaior prazer em discutir isso tam-bém.

Alexandre: Concordo com o se-nhor, há muita gente que só conquistaos seus míseros quinze minutos defama jogando lama em quem brilha,mas mesmo assim essa questão me-rece um esclarecimento.

Nelson: Eu acho que nós podería-mos interromper a entrevista por aquie retomar depois com as origens darelatividade. Além disso, se a entre-vista ficar muito longa vamos ter pro-blemas de espaço na revista e o Carlãovai querer cortar algumas partes.

João: Podem deixar. Enquanto

94 Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005Entrevista com Einstein

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isso, o velho fica hospedado na minhacasa comendo carne de Sol com feijãoverde, farofa, inhame e manteiga degarrafa. SE essa entrevista for publi-

cada, nós entrevistaremos o velho so-bre os outros assuntos que o Alexan-dre falou.

Alexandre: Tudo bem, mas se o

Henrique acordar coloque ele de novono skate. O importante é não deixaro Einstein ir embora.

Risos...