alexandre de castro gomes - cortezeditora.com · – acontece com todos nós, amigo. ... colorido....

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Page 1: ALEXANDRE DE CASTRO GOMES - cortezeditora.com · – Acontece com todos nós, amigo. ... colorido. Ainda usava o uniforme escolar, e sua mochila estava largada no chão, próxima

ISBN 978-85-249-2496-5

Em vez de ser lido, um livro velho e roto aprende a ler pessoas, numa estranha inversão de papéis. Depois de ser colocado longe do alcance dos leitores, no alto de uma estante, ele faz amizade com outro livro antigo que o ensina a enxergar a diversidade e a riqueza da vida humana ao observar os frequentadores de uma biblioteca. Juntos, procuram pistas e descobrem histórias e personagens da vida real incríveis.

ALEX

AN

DRE D

E CA

STRO G

OM

ESO

LIVRO

QU

E LÊ GEN

TE

Alexandre de Castro Gomes é escritor infantojuvenil e lançou 23 livros desde sua estreia, em 2008. Estudou em escolas norte-americanas no Rio de Janeiro e formou-se em Direito pela Universidade Candido Mendes Campos (Ucam).

É presidente da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEILIJ) para a gestão 2015-2017, integran-do a diretoria dessa associação desde 2011. 

Recebeu alguns prêmios literários, como o Prêmio Cidade de Manaus de Teatro Infan-til e o Prêmio Nacional de Literatura Infantil de Ponta Grossa (PR). 

Alguns de seus títulos foram seleciona-dos para os programas  Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), Pro-grama Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), Minha Biblioteca de São Paulo, Minha Primeira Biblioteca do Rio de Janeiro, Mais Cultura de Fortaleza, Ler e Escrever da Fun-dação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) de São Paulo, entre outros.

Foi o organizador das obras Filhos de pei-xe, com contos de filhos e netos de autores de literatura infantil e juvenil, e Trem de histórias, com textos e imagens de associados da AEILIJ. 

Viaja o Brasil com as ofi cinas literá-rias Quero Ser Autor: Expectativas Literá-rias; Quero Ser Autor: Leituras Criativas; e Quero Ser Autor: Livro Publicado. E tam-bém ministra palestras. Mantém um blog no endereço:  www.blogao.com.br.

Cris Alhadeff é formada em Dese-nho Industrial pela Escola de Belas Artes (UFRJ) e atuou por muitos anos como designer.

Ilustrou seu primeiro livro em 2010 e hoje são mais de trinta obras com seus traços e cores. Possui publicação no prestigiado Catá-logo de Bolonha e teve obras selecionadas para os programas PNBE e PNAIC.

Foi a idealizadora e uma das fundado-ras, no Brasil, do movimento Nós, Ilustra-dores, Somos Autores!, que tem por objetivo informar sobre a importância e o peso da ilus-tração na Literatura Infantil e Juvenil.

Cris participou como convidada de al-guns dos eventos literários mais importantes do Brasil: Fliporto, Feira do Livro de Porto Alegre, Salão FNLIJ para Crianças e Jovens, Projeto Literatura Viva, entre outros.

Atualmente a artista divide-se entre a prancheta, as palestras e as ofi cinas de ilustra-ção que ministra. www.crisalhadeff .com

Page 2: ALEXANDRE DE CASTRO GOMES - cortezeditora.com · – Acontece com todos nós, amigo. ... colorido. Ainda usava o uniforme escolar, e sua mochila estava largada no chão, próxima

– Puxa vida!– O que foi?– Desculpe-me. Só estava pensando alto.Os dois livros repousavam na mais alta prateleira da maior estante da biblioteca

pública de um bairro suburbano. Um era bem usado. A capa estava quase solta. Furos de traças atravessavam o miolo e as bordas das páginas amarelaram. Parecia estar ali há muito tempo. O outro, que tinha acabado de chegar, apesar de não ser tão velho, também não era novo. Ao longo da prateleira, outros livros pareciam cochilar, alheios à conversa.

– Não pensei que fosse terminar aqui, na última prateleira, tão cedo. Sinto que aindatenho histórias para contar – resmungou o recém-chegado.

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– Puxa vida!– O que foi?– Desculpe-me. Só estava pensando alto.Os dois livros repousavam na mais alta prateleira da maior estante da biblioteca

pública de um bairro suburbano. Um era bem usado. A capa estava quase solta. Furos de traças atravessavam o miolo e as bordas das páginas amarelaram. Parecia estar ali há muito tempo. O outro, que tinha acabado de chegar, apesar de não ser tão velho, também não era novo. Ao longo da prateleira, outros livros pareciam cochilar, alheios à conversa.

– Não pensei que fosse terminar aqui, na última prateleira, tão cedo. Sinto que ainda tenho histórias para contar – resmungou o recém-chegado.

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Page 4: ALEXANDRE DE CASTRO GOMES - cortezeditora.com · – Acontece com todos nós, amigo. ... colorido. Ainda usava o uniforme escolar, e sua mochila estava largada no chão, próxima

– Acontece com todos nós, amigo. Começamos com cheirinho de novo, as páginas sem dobras e a tinta da impressão ainda brilhando. Saímos da gráfi ca direto para a primeira prateleira da estante, onde todos nos veem e nos alcançam. Com o tempo, novos livros surgem, e somos empurrados para cima, até chegarmos à última prateleira.

– Mas e depois, para onde vamos? O que acontece conosco?

– Bem, segundo um velho dicionário que conheci, fi camos um tempo por aqui até sermos levados para reciclagem. Novas histórias são impressas, e voltamos como livros novos.

O novo morador da prateleira mais alta pareceu aliviado. Uma vez lhe disseram que livros já foram queimados em fogueiras. Ora essa! As pessoas não seriam mais tão estúpidas, não é?

Ambos se apresentaram. O mais velho chamava-se Aladim e o mais novo, Pinóquio.6 7

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– Acontece com todos nós, amigo. Começamos com cheirinho de novo, as páginas sem dobras e a tinta da impressão ainda brilhando. Saímos da gráfi ca direto para a primeira prateleira da estante, onde todos nos veem e nos alcançam. Com o tempo, novos livros surgem, e somos empurrados para cima, até chegarmos à última prateleira.

– Mas e depois, para onde vamos? O que acontece conosco?

– Bem, segundo um velho dicionário que conheci, fi camos um tempo por aqui até sermos levados para reciclagem. Novas histórias são impressas, e voltamos como livros novos.

O novo morador da prateleira mais alta pareceu aliviado. Uma vez lhe disseram que livros já foram queimados em fogueiras. Ora essa! As pessoas não seriam mais tão estúpidas, não é?

Ambos se apresentaram. O mais velho chamava-se Aladim e o mais novo, Pinóquio.6 7

Page 6: ALEXANDRE DE CASTRO GOMES - cortezeditora.com · – Acontece com todos nós, amigo. ... colorido. Ainda usava o uniforme escolar, e sua mochila estava largada no chão, próxima

– Mas e agora? O que a gente faz? – perguntou.– Bem, nós aqui não saímos muito. Eu e meus colegas – apontou Aladim com o

olhar para os livros que cochilavam – contamos nossas histórias uns para os outros antes de dormir. Aliás, tenho certeza de que todos gostarão de ouvir a sua hoje à noite, quando a biblioteca fechar. Já estávamos mesmo um pouco cansados das histórias de sempre.

– Ah, tá. Será um prazer. Mas e durante o dia? O que há para fazer? – Eles cochilam. Eu gosto de ler.– Livros?– Não. Eu gosto de ler gente. Cada um que entra nesta biblioteca. E daqui de cima

podemos ler todo mundo. – Ler pessoas? Como? Não dá! Elas não têm palavras escritas nem páginas para virar.

– Dá, sim. Quer ver? É até bem divertido. Só precisamos usar um pouco a imaginação – respondeu o veterano, dando uma olhada nas pessoas que circulavam embaixo. – Está vendo aquele menino ali?

Apontou para uma criança, de seus dez anos, que lia sobre futebol em um almanaque colorido. Ainda usava o uniforme escolar, e sua mochila estava largada no chão, próxima à poltrona onde estava sentado.

– Ele está lendo quietinho. Como quase todos aqui na biblioteca. E daí?– Daí que, se você prestar bem atenção, poderá, só de olhar para ele, conhecer um

pouco de sua história. Repare só nas manchas da camisa – sugeriu Aladim.

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– Mas e agora? O que a gente faz? – perguntou.– Bem, nós aqui não saímos muito. Eu e meus colegas – apontou Aladim com o

olhar para os livros que cochilavam – contamos nossas histórias uns para os outros antes de dormir. Aliás, tenho certeza de que todos gostarão de ouvir a sua hoje à noite, quando a biblioteca fechar. Já estávamos mesmo um pouco cansados das histórias de sempre.

– Ah, tá. Será um prazer. Mas e durante o dia? O que há para fazer? – Eles cochilam. Eu gosto de ler.– Livros?– Não. Eu gosto de ler gente. Cada um que entra nesta biblioteca. E daqui de cima

podemos ler todo mundo. – Ler pessoas? Como? Não dá! Elas não têm palavras escritas nem páginas para virar.

– Dá, sim. Quer ver? É até bem divertido. Só precisamos usar um pouco a imaginação – respondeu o veterano, dando uma olhada nas pessoas que circulavam embaixo. – Está vendo aquele menino ali?

Apontou para uma criança, de seus dez anos, que lia sobre futebol em um almanaque colorido. Ainda usava o uniforme escolar, e sua mochila estava largada no chão, próxima à poltrona onde estava sentado.

– Ele está lendo quietinho. Como quase todos aqui na biblioteca. E daí?– Daí que, se você prestar bem atenção, poderá, só de olhar para ele, conhecer um

pouco de sua história. Repare só nas manchas da camisa – sugeriu Aladim.

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Page 8: ALEXANDRE DE CASTRO GOMES - cortezeditora.com · – Acontece com todos nós, amigo. ... colorido. Ainda usava o uniforme escolar, e sua mochila estava largada no chão, próxima

ISBN 978-85-249-2496-5

Em vez de ser lido, um livro velho e roto aprende a ler pessoas, numa estranha inversão de papéis. Depois de ser colocado longe do alcance dos leitores, no alto de uma estante, ele faz amizade com outro livro antigo que o ensina a enxergar a diversidade e a riqueza da vida humana ao observar os frequentadores de uma biblioteca. Juntos, procuram pistas e descobrem histórias e personagens da vida real incríveis.

ALEX

AN

DRE D

E CA

STRO G

OM

ESO

LIVRO

QU

E LÊ GEN

TE

Alexandre de Castro Gomes é escritor infantojuvenil e lançou 23 livros desde sua estreia, em 2008. Estudou em escolas norte-americanas no Rio de Janeiro e formou-se em Direito pela Universidade Candido Mendes Campos (Ucam).

É presidente da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEILIJ) para a gestão 2015-2017, integran-do a diretoria dessa associação desde 2011. 

Recebeu alguns prêmios literários, como o Prêmio Cidade de Manaus de Teatro Infan-til e o Prêmio Nacional de Literatura Infantilde Ponta Grossa (PR).

Alguns de seus títulos foram seleciona-dos para os programas  Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), Pro-grama Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), Minha Biblioteca de São Paulo, Minha Primeira Biblioteca do Rio de Janeiro, Mais Cultura de Fortaleza, Ler e Escrever da Fun-dação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) de São Paulo, entre outros.

Foi o organizador das obras Filhos de pei-xe, com contos de filhos e netos de autores de literatura infantil e juvenil, e Trem de histórias, com textos e imagens de associados da AEILIJ. 

Viaja o Brasil com as ofi cinas literá-rias Quero Ser Autor: Expectativas Literá-rias; Quero Ser Autor: Leituras Criativas; e Quero Ser Autor: Livro Publicado. E tam-bém ministra palestras. Mantém um blog no endereço:  www.blogao.com.br.

Cris Alhadeff é formada em Dese-nho Industrial pela Escola de Belas Artes (UFRJ) e atuou por muitos anos como designer.

Ilustrou seu primeiro livro em 2010 e hoje são mais de trinta obras com seus traços e cores. Possui publicação no prestigiado Catá-logo de Bolonha e teve obras selecionadas para os programas PNBE e PNAIC.

Foi a idealizadora e uma das fundado-ras, no Brasil, do movimento Nós, Ilustra-dores, Somos Autores!, que tem por objetivo informar sobre a importância e o peso da ilus-tração na Literatura Infantil e Juvenil.

Cris participou como convidada de al-guns dos eventos literários mais importantes do Brasil: Fliporto, Feira do Livro de Porto Alegre, Salão FNLIJ para Crianças e Jovens, Projeto Literatura Viva, entre outros.

Atualmente a artista divide-se entre a prancheta, as palestras e as ofi cinas de ilustra-ção que ministra. www.crisalhadeff .com