alexandre 2010

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SOLDABILIDADE DOS AÇOS DE EXTRA ELEVADA RESISTÊNCIA DO TIPO 690 MPa José António da Silva Alexandre Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia da Soldadura Presidente: Professora Doutora Rosa Maria Miranda Orientador: Professora Doutora Rosa Maria Miranda Vogais: Professora Doutora Maria Luísa Coutinho Gomes Almeida Professor Doutor Francisco Manuel Brás Fernandes Outubro de 2010

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  • SOLDABILIDADE DOS AOS DE EXTRA ELEVADA

    RESISTNCIA DO TIPO 690 MPa

    Jos Antnio da Silva Alexandre

    Dissertao apresentada Faculdade de Cincias e Tecnologia da

    Universidade Nova de Lisboa para obteno do Grau de Mestre em

    Engenharia da Soldadura

    Presidente: Professora Doutora Rosa Maria Miranda

    Orientador: Professora Doutora Rosa Maria Miranda

    Vogais: Professora Doutora Maria Lusa Coutinho Gomes Almeida

    Professor Doutor Francisco Manuel Brs Fernandes

    Outubro de 2010

  • minha mulher e filhas

  • i

    AGRADECIMENTOS

    Embora saiba que me impossvel agradecer a todos os que me ajudaram a realizar este

    trabalho, quero deixar aqui um agradecimento especial aos que de mais perto me apoiaram.

    professora Rosa Miranda agradece a possibilidade da realizao desta dissertao e de

    me ter orientado atravs dos seus conhecimentos, ao longo destes meses de trabalho,

    demonstrando sempre apoio incentivo e disponibilidade.

    Agradeo tambm todo o conhecimento transmitido nos domnios da engenharia da

    soldadura e simpatia sempre demonstrada ao longo deste trabalho.

    Ao Eng.. Caceres Alves e a toda a Administrao da Lisnave que me possibilitaram e

    facilitaram a elaborao deste projecto.

    Aos meus colegas Eng.. Po Mole e Eng.. Anbal Matos a ajuda e disponibilidade na

    preparao dos provetes para os ensaios mecnicos e metalogrficos.

    Ao tcnico de soldadura Sr. Alcino Cardoso que realizou todas as soldaduras nas diversas

    experincias levadas a cabo para a realizao dos provetes de ensaio.

    Ao Eng.. Rui Almeida e Sr. Garcia da Alstom pelas facilidades concedidas na utilizao

    do laboratrio e fornecimento de todo o material necessrio para a execuo dos ensaios

    mecnicos e das anlises metalogrficas.

    A todas as pessoas que embora no mencionadas contriburam para a realizao deste

    trabalho, o meu maior obrigado.

  • ii

    RESUMO

    As melhorias introduzidas nas tecnologias de produo dos ao nos ltimos anos,

    conduziram a aos com maior resistncia traco adequados a aplicaes em que

    referido um elevado limite de elasticidade e baixa densidade de material, ou seja, estruturas

    mais leves em menores espessuras, e consequentemente, com custos de energia reduzidos.

    Este trabalho apresenta um estudo experimental sobre a soldabilidade dos aos de Extra

    Alta Resistncia (EHS) para construo naval, com um limite de elasticidade at 690 MPa,

    para aplicaes em embarcaes rpidas em monocasco, gruas e comportas, em chapa de 4

    a 15 mm de espessura, usando processos de soldadura por arco elctrico.

    Com os elevados valores de limite elstico deste ao, necessrio um cuidado extra

    durante a produo e soldadura. A fim de garantir uma capacidade de carga adequada,

    necessrio soldar de modo a que as juntas no tenham defeitos inadmissveis e as

    propriedades mecnicas do metal de adio e da zona trmicamente afectada sejam

    suficientes para as tenses de projecto. A fissurao a frio um dos principais problemas

    na soldabilidade destes aos. Realizaram-se ensaios de fissurao a frio CTS e Tekken,

    tenacidade fractura e fadiga. Na gama de espessuras usadas as deformaes provocadas

    pela soldadura so tambm pertinentes. Foram realizados ensaios de sequncia de

    soldadura e usados reforos temporrios durante a soldadura para evitar os empenos.

    Foram realizadas soldaduras por fio fluxado e por elctrodo revestido isentas de defeitos

    em conformidade com as normas internacionais.

    Foram realizados ensaios de fissurao a frio usando os processos de soldadura com fio

    fluxado tubular e elctrodo revestido, com e sem pr-aquecimento. Os ensaios CTS no

    apresentaram problemas de fissurao a frio com os dois processos de soldadura usados.

    Os resultados dos ensaios Tekken realizados pelo processo elctrodo revestido

    temperatura ambiente o cordo de ensaio fissurou na totalidade em todo o comprimento e

    em todos os provetes usados no ensaio, com 75 C de temperatura de pr-aquecimento os

    resultados obtidos, analisados ao microscpio apresentaram-se isentos de defeitos. Os

    resultados dos ensaios Tekken realizados pelo processo fio fluxado tambm no

    apresentaram qualquer tipo de defeitos.

    Uma vez que a fadiga de grande importncia, foram investigados dois mtodos de

    soldadura; soldadura de topo a topo com cobrejunta cermica e topo a topo com chanfro

    em V e cordo de confirmao. O comportamento fadiga dos provetes soldados variou

    consideravelmente para cada processo testado. A vida fadiga maior para os provetes

  • iii

    soldados pelo mtodo de soldadura de topo a topo com cobrejunta cermica e a disperso

    do tempo de vida consideravelmente menor comparada com os resultados dos provetes

    soldados topo a topo em V com cordo de confirmao.

    Os ensaios de tenacidade fractura foram realizados em amostras soldadas pelos processos

    SMAW e FCAW, em provetes de dimenses reduzidas (10x2,5 mm) com o entalhe

    localizado no metal de adio e na linha de fuso, os resultados dos ensaios Charpy

    apresentaram uma boa tenacidade com valores de 16 e 26 J a -40 C para o processo

    SMAW e 18 e 24 J a -40 C para o processo FCAW. Estes valores esto acima dos

    critrios de aceitao para estes aos (15 J a -40 C).

    PALAVRAS-CHAVE

    Aos de Extra Alta Resistncia

    Soldabilidade

    Fissurao a Frio

    Tenacidade

    Fadiga

  • iv

    ABSTRACT

    The last years improvements in steel making technologies have resulted in steel grades

    with higher tensile strength adequate for application in what is referred to a high yield

    strength and low material density, that is, lighter and smaller sized structures, and

    consequently, with energy cost savings.

    This study presents an experimental study on the weldability of Extra High Strength (EHS)

    shipbuilding steels with a yield Strength of up to 690 MPa; for applications in fast sailing

    monohull ships, crane booms and flood gates, in plate thickness in the range of 4-15 mm

    using arc welding fusion welding processes.

    When rising minimum yield strength values of steels, extra care is necessary during

    production and welding. In order to guarantee an adequate load-bearing capacity, it is

    necessary to weld in such a way that the joints have no inadmissible defects and the

    mechanical properties of the weld metal and heat affected zone are sufficient for stresses to

    be expected. Cold cracking is a major weldability problem so tests were performed as the

    CTS and the Tekken tests and fracture toughness and fatigue were investigated. In this

    range of thicknesses welding distortions are also a major concern.

    Under adequate welding procedures sound welds free of defects complying with

    international standards were obtained.

    Cold cracking tests were performed using welding procedures with coated electrodes and

    cored wire, with and without preheating. The CTS tests showed no problems of cold

    cracking with two welding processes used. The results of Tekken tests performed by

    coated electrode process at room temperature the welding full failed throughout the entire

    length and for all samples used in testing, with preheat temperature of 75C the results,

    analyzed under a microscope showed up no defects. The results of Tekken tests by cored

    wire process did not show any defects.

    Since fatigue is of major importance, two welding methods were investigated; one-sided

    butt weld on ceramic backing and a V-butt weld with sealed run weld. The fatigue

    behaviour of the welded specimens varies considerably for each tested method. The fatigue

    life is longer for the specimen welded one-sided butt weld on ceramic backing and the

    scatter of life time is considerably lower compared with the results of the V-butt weld with

    sealed run weld due to the shape of butt weld. The flatter the weld toe angle, the better the

    fatigue life.

  • v

    The fracture toughness tests were performed on welded specimens by SMAW and FCAW

    processes, with subsize specimens (10x2.5 mm) with the notch localized on weld metal

    and fusion line, the Charpy impact results exhibited a good toughness levels with values of

    16 and 26 J at -40C for SMAW and 18 and 24 J at -40C for FCAW processes, these

    values are above of acceptance criteria for these steels (15 J at -40C).

    KEY-WORDS

    Extra High Strength Steels

    Weldability

    Cold Cracking

    Toughness

    Fatigue Improvement

  • vi

    NDICE

    Agradecimentos ................................................................................................................ i

    Resumo ...................................................................................................................... ........ ii

    Palavras-Chave ................................................................................................................ iii

    Abstract............................................................................................................................. iv

    Key-Words ....................................................................................................................... v

    ndice ................................................................................................................... ............. vi

    ndice de Figuras ............................................................................................................. viii

    ndice de Tabelas ............................................................................................................. xi

    Lista de Abreviaturas ...................................................................................................... xii

    1. Objectivo e Estrutura da Dissertao ...................................................................... 1 1.1. Objectivos ............................................................................................................ 1 1.2. Estrutura da Dissertao ................................................................................... 3

    2. Os Aos de EHS ......................................................................................................... 4 2.1. Produo dos Aos EHS ...................................................................................... 5 2.2. Propriedades Mecnicas ....................................................................................... 7

    2.2.1. Resistncia e Tenacidade ........................................................................... 7 2.2.2. Resistncia a Alta Temperatura ................................................................. 8 2.2.3. Comportamento Fluncia ........................................................................ 9

    2.3. Propriedades de Fabricao dos Aos EHS 690 .................................................. 9 2.3.1. Deformao a Quente ................................................................................ 12

    2.4. Corte Trmico dos Aos EHS 690 ...................................................................... 12 2.4.1. Oxi-corte .................................................................................................... 13 2.4.2. Corte por Plasma ....................................................................................... 14 2.4.3. Corte por Laser ......................................................................................... 14

    2.5. Soldadura dos Aos EHS 690 ............................................................................. 15 2.5.1. Soldadura Elctrica Manual na Soldadura dos Aos EHS 690 ................ 15 2.5.2. Soldadura MIG/MAG ............................................................................... 16

    2.5.2.1. Descrio do Processo ................................................................ 16 2.5.2.2. Os Gases Usados na Soldadura MIG/MAG dos Aos EHS 690. 17

    2.5.3. Soldadura Elctrica por Arco com Fio Fluxado ....................................... 17 2.5.3.1. Descrio do Processo ................................................................ 17 2.5.3.2. Soldadura Elctrica por Arco com Fio Fluxado dos Ao EHS... 18

    2.5.4. Consumveis de Soldadura para os Aos EHS 690................................... 19 2.5.5. Qualificao de Processos de Soldadura e Soldadores ............................. 21

    2.6. Melhoria das Juntas Soldadas Fadiga................................................................ 21 2.6.1 Tratamento Trmico de Alvio de Tenses ............................................... 25

    3. Problemas de Soldabilidade dos Aos EHS ........................................................... 26 3.1. Fissurao a Frio .................................................................................................. 26

    3.1.1. Teor de Hidrognio.................................................................................... 28 3.1.1.1. Determinao do teor de hidrognio ............................................ 29

    3.1.2. Nvel de Tenses ....................................................................................... 31 3.1.3. Pr-Aquecimento ...................................................................................... 32 3.1.4. Propriedades Mecnicas das Juntas Soldadas............................................ 33 3.1.5. Preveno da Fissurao a Frio ................................................................. 37

    3.2. Ensaios de Fissurao a Frio ............................................................................... 38 4. Procedimento Experimental ................................................................................... 41

    4.1. Materiais ............................................................................................................. 41 4.2. Corte Trmico ............................................................................................ ......... 42

  • vii

    4.2.1. Preparao das Amostras .......................................................................... 42 4.2.2. Ensaios de Corte ........................................................................................ 42

    4.3. Procedimento de Soldadura ................................................................................. 43 4.3.1. Preparao de Soldadura para os Ensaios Mecnicos e Fadiga ................ 43

    4.3.1.1. Determinao da Temperatura de Pr-Aquecimento .................... 44 4.3.1.2. Execuo da Soldadura ................................................................. 46 4.3.1.3. Parmetros de Soldadura ............................................................... 47

    4.4. Ensaios de Fissurao a Frio ................................................................................ 48 4.4.1. Preparao de Soldadura para os Ensaios de Fissurao a Frio ................ 48

    4.4.1.1. Execuo da Soldadura ................................................................ 48 4.4.1.2. Parmetros de Soldadura............................................................... 49 4.4.1.3. Preparao das Amostras para Anlise Metalogrfica ................. 49 4.4.1.4. Preparao e Medio .................................................................. 50 4.4.1.5. Ensaios de Durezas ....................................................................... 51

    4.5. Ensaios Mecnicos e Metalogrficos ................................................................... 52 4.6. Ensaios de Traco .............................................................................................. 52 4.7. Ensaios de Impacto Charpy-V ............................................................................. 52 4.6. Ensaios de Fadiga ................................................................................................ 52

    5. Resultados e Discusso ............................................................................................. 54 5.1. Corte Trmico ...................................................................................................... 54

    5.1.1. Medio da Rugosidade ............................................................................. 54 5.1.2. Medio da Dureza .................................................................................... 55

    5.2. Soldadura do Ao EHS 690 ................................................................................. 57 5.2.1. Comparao de Custos das Preparaes de Soldadura .............................. 57 5.2.2. Anlise Visual e Ensaios No Destrutivos ................................................. 60 5.2.3. Anlise Qumica ......................................................................................... 60

    5.3. Anlise Metalogrfica .......................................................................................... 61 5.4. Resultados dos Ensaios de Fissurao a Frio ....................................................... 66

    5.4.1. Examinao Visual..................................................................................... 66 5.4.2. Observao Metalogrficos ....................................................................... 69 5.4.3. Anlise Metalogrfica dos Ensaios de Fissurao a Frio .......................... 70 5.4.4. Durezas dos Ensaios de Fissurao a Frio ................................................. 70

    5.5. Ensaios Mecnicos................................................................................................ 72 5.5.1. Ensaios de Traco ................................................................................... 72 5.5.2. Ensaios de Dobragem ................................................................................ 72 5.5.3. Ensaios de Impacto Charpy-V ................................................................... 73

    5.6. Ensaios de Fadiga ................................................................................................ 74 5.6.1. Avaliao dos Resultados dos Ensaios ...................................................... 74

    5.6.1.1. Ensaio de Fadiga Provetes Obtidos pelos Diferentes Processos de Corte .............................................................................................. 75

    5.6.1.2. Ensaios de Fadiga aos Provetes Obtidos das Soldaduras de Topo 77 5.6.1.3. Soldadura de Topo com Pr-carga ............................................... 80

    6. Concluses e Sugestes ............................................................................................. 82 7. Referncias Bibliogrficas ........................................................................................ 85 A. Anexos ........................................................................................................................ 1

    A1. Tabela A Corte Trmico ................................................................................... 1 A2. Tabela B Soldadura de Topo ............................................................................ 3 A3. Tabela C Soldadura de Topo com Pr-carga (0.8 Rp0.2) .................................. 6

  • viii

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 2.1 Fraco de um anel em tubo de ao EHS 690. Central hidroelctrica de

    Cleuson-Dixene na Sua [3] 4 Figura 2.2 Custos de material e fabricao: Graus de alta resistncia comparados

    o ao convencional S355 [3] 5 Figura 2.3 Microestrutura tpica dos aos 690 ampliada 500 vezes[3] . 7 Figura 2.4 Efeito da temperatura nas propriedades mecnicas dos aos 690 (espes- suras acima de 50 mm) [3] ... 8 Figura 2.5 Raio mnimo de dobragem para deformao a frio, dependendo do alon- gamento e reduo de rea [3] .............. 9 Figura 2.6 Curvas tpicas de transio dos aos 690T e graus subsequentes para de-

    formao e envelhecimento artificial [3] ...... 11 Figura 2.7 Dureza tpica do ao EHS 690 durante o oxi-corte 20-30 mm espessura [3] 14 Figura 2.8 O efeito tpico dos vrios processos de corte no ao EHS 690 [3] ........... 15 Figura 2.9 Fio fluxado [16] ........ 17 Figura 2.10 Descrio esquemtica dos detalhes de uma soldadura que influenciam a fadiga ...... 22 Figura 2.11 Martelo pneumtico a) e orientao da ponteira b) [25] ........ 23 Figura 2.12 Aspecto do cordo de soldadura antes da martelagem a) e aps a martelagem [25] ........ 23 Figura 2.13 Profundidade das indentaes provocadas pela martelagem [25] ...... 23 Figura 2.14 Macros de juntas soldadas a) como soldado b) TIG dressed [26] ...... 24 Figura 2.15 UIT equipamento [27] ......... 25 Figura 2.16 Pinos do UIT equipamento [27] ...... 25 Figura 3.1 Fendas induzidas pelo hidrognio na ZAC do cordo de ngulo e na Junta topo a topo [29] ................. 26 Figura 3.2 Tipos de fissurao a frio ............................................................................. 27 Figura 3.3 Solubilidade do H2 no ferro .......................................................................... 28 Figura 3.4 Mecanismo de difuso do hidrognio do material fundido para a ZAC ...... 29 Figura 3.5 Deposio do cordo de soldadura para determinao do hidrognio Difusvel ............................................................................................................................ 30

    Figura 3.6 Dispositivo de aperto em cobre ..................................................................... 30 Figura 3.7 Bureta para recolha do hidrognio difusvel ................................................. 31 Figura 3.8 Tenses residuais desenvolvidas durante a soldadura .................................. 31 Figura 3.9 Efeito da entrega trmica e da temperatura inicial da pea no escoamento de calor ................................................................................................................................... 33

    Figura 3.10 Relao t8/5 com a espessura da chapa ..................................................... 34 Figura 3.11 Exemplos para a determinao da espessura combinada [9;11;13] ....... 37 Figura 3.12 Ilustrao esquemtica do Teste CTS: A) Vista Frontal, B) Vista Superior, C)Vista Lateral ................................................................................................................... 39

    Figura 3.13 Ilustrao esquemtica do Ensaio Tekken; A) Vista da Pea; B) Preparao de soldadura de teste e soldadura de travamento ............................................................... 40

    Figura 4.1 Preparao do provete para corte .................................................................. 42 Figura 4.2 Detalhes da geometria das juntas utilizadas nos ensaios ............................... 43 Figura 4.3 Reforos temporrios para evitar a deformao durante a soldadura ............ 44 Figura 4.4 Temperaturas de pr-aquecimento recomendadas para os aos Dillimax 690 em relao espessura da chapa ........................................................................................ 45

    Figura 4.5 Soldadura elctrica manual com elctrodo revestido .................................... 46

  • ix

    Figura 4.6 Soldadura com arame fluxado automatizada................................................. 46 Figura 4.7 Corpos de prova para os ensaios CTS e Tekken ........................................... 48 Figura 4.8 Posio de soldadura do corpo de prova ....................................................... 48 Figura 4.9 Seccionamento das amostras para o ensaio CTS .......................................... 49 Figura 4.10 Medio do comprimento (Leg length) ....................................................... 50 Figura 4.11 Posio das amostras para examinao ........ .............................................. 50 Figura 4.12 Procedimento de medio ........................................................................... 51 Figura 4.13 Posio das impresses do teste de dureza ................................................. 51 Figura 4.14 Provete para ensaio de fadiga sem as arestas vivas do corte trmico ......... 53 Figura 4.15 Dimenses dos provetes soldados para ensaio de fadiga ............................ 53 Figura 5.1 Medies da rugosidade na face cortada dos diferentes processos de corte. 54 Figura 5.2 Exame macrogrfico dos trs processos de corte ......................................... 55 Figura 5.3 Dureza Vickers HV3 na superficie cortada .................................................. 56 Figura 5.4 Tempos de arco na Soldadura dos Processos A e B .............................. 57 Figura 5.5 Distribuio dos tempos gastos pelos diversos parmetros da execuo das soldaduras .......................................................................................................................... 58

    Figura 5.6 Custos de cada tipo de preparao usados para este estudo .......................... 59 Figura 5.7 Comparao dos dois tipos de preparaes em termos de tempos e custos .. 59 Figura 5.8 Soldadura com elctrodo revestido e soldadura com fio fluxado................... 60 Figura 5.9 Aspecto macrogrfico das juntas soldadas .................................................... 61 Figura 5.10 Aspecto microestrutural da soldadura SMAW observado por microscopia ptica. Aumento 500x. Ataque: Nital 2 % ......................................................................... 62

    Figura 5.11 Perfil de dureza para a soldadura com elctrodo revestido (SMAW) ......... 63 Figura 5.12 - Aspecto microestrutural da soldadura FCAW observado por microscopia

    ptica. Aumento 500x. Ataque: Nital 2 % ......................................................................... 64

    Figura 5.13 Perfil de dureza para a soldadura com arame tubular (FCAW) .................. 65 Figura 5.14 Comparao dos valores da dureza entre os dois processos ....................... 66 Figura 5.15 Soldadura elctrica manual temperatura ambiente para os ensaios Tekken ...................... ......................................................................................................... 66

    Figura 5.16 Soldadura elctrica manual temperatura de 75C para os ensaios Tekken 67 Figura 5.17 Soldadura semi-automtica com arame tubular ........................................... 67 Figura 5.18 Macrografias das soldaduras dos ensaios CTS e Tekken ............................ 69 Figura 5.19 Microestruturas tpicas da regio soldada com elctrodo revestido ............ 70 Figura 5.20 Microestruturas tpicas da regio soldada com arame tubular ..................... 70 Figura 5.21 Perfil das durezas do ensaio Tekken pelos processos, elctrodo revestido e arame tubular ................................................................................................................... 71

    Figura 5.22 Perfil das durezas dos ensaios CTS pelos processos, elctrodo revestido e arame tubular ..................................................................................................................... 71

    Figura 5.23 Ensaios de dobragem aos provetes obtidos pelos processos SMAW e FCAW .... 72 Figura 5.24 Energia absorvida no ensaio de impacto Charpy-V com provetes reduzidos ............................................................................................................................ 73

    Figura 5.25 Consideraes de segurana de acordo com IIW-Recomendation ............. 74 Figura 5.26 Provete para ensaio de fadiga sem arestas vivas do corte trmico .............. 75 Figura 5.27 Comparao da vida de fadiga para os cortes com e sem arestas quebradas 76 Figura 5.28 Avaliao do corte (t=4mm) com mquina de corte e pelos processos (oxi-corte e corte laser), sem quebra das arestas ....................................................................... 77

    Figura 5.29 Avaliao do corte (t=4mm) com mquina de corte e pelos processos (oxi-corte e corte laser) com as arestas quebradas .................................................................... 77

  • x

    Figura 5.30 Os resultados de fadiga das soldaduras de topo com t=4mm soldadas pelos Estaleiros de FSB e LISNAVE ........................................................................................ .. 78

    Figura 5.31 A forma dos cordes na soldadura de topo (t=4mm) feitos pela Lisnave e FSG .................................................................................................................................... 78

    Figura 5.32 Influncia da forma do cordo de soldadura na vida fadiga ..................... 79 Figura 5.33 Influncia da suavidade do cordo feito por limagem para a vida de fadiga do provete soldado pela Lisnave ........................................................................................ 80

    Figura 5.34- A vida de fadiga das soldaduras de topo (FSG) com pr-carga (0.8 Rp0.2) e

    sem pr-carga ...................................................................................................................... 80

    Figura 5.35 A vida de fadiga das soldaduras de topo (LISNAVE) com pr-carga (0,8 Rp02) e sem pr-carga ............................................................................................. 81

  • xi

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 2.1 Anlise qumica tpica dos aos 690,890 e 965 [3].... 6 Tabela 2.2 Valores mnimos de limite elstico, dependendo da espessura da chapa [3]. 7 Tabela 2.3 Valores mnimos da resistncia traco e alongamento, dependendo da espessura da chapa [3] .... 8 Tabela 2.4 Valores mnimos de resilincia (charpy-V-notch samples) [3] ..... 8 Tabela 2.5 Valores tpicos da resistncia ruptura de fluncia do ao 690E [3] .... 9 Tabela 2.6 Raio mnimo e abertura para deformao a frio [3] ..... 10 Tabela 2.7 Temperaturas mnimas de pr-aquecimento para oxi-corte EHS 690 [2] .... 13 Tabela 2.8 Consumveis para a soldadura dos aos EHS 690 [9;11;13] ........ 20 Tabela 3.1 Entrega trmica efectiva recomendada (KJ/mm) e temperatura de pr-aquecimento [37] ....... 34 Tabela 3.2 Factor de eficincia ....................................................................................... 35 Tabela 3.3 Testes de Fissurao ..................................................................................... 38 Tabela 4.1 Composio qumica do metal depositado conforme dados do fabricante (%

    em peso) [3] ...................................................................................................................... 41 Tabela 4.2 Propriedades mecnicas do ao Dillimax 690 conforme dados do fabricante41 Tabela 4.3 Composio qumica do metal depositado conforme dados do fabricante (% em peso) ............................................................................................................................. 41

    Tabela 4.4 Propriedades mecnicas do metal depositado dados do fabricante [3] ......... 41 Tabela 4.5 Resultados do clculo da temperatura de pr-aquecimento para soldadura do ao em estudo ............................................................................................................ .... 45

    Tabela 4.6 Parmetros de soldadura usados na chapa com chanfro................................ 47 Tabela 4.7 Parmetros de soldadura usados na chapa sem chanfro com cobrejunta....... 47 Tabela 4.8 Parmetros de soldadura usados nos ensaios CTS ........................................ 49 Tabela 4.9 Parmetros de soldadura usados nos ensaios Tekken ................................... 49 Tabela 5.1 Composio qumica do metal base e dos metais de soldadura (% em peso) 60 Tabela 5.2 Avaliao dos ensaios Tekken e CTS dos processos de soldadura SMAW e FCAW ............................................................................................................................... 68

    Tabela 5.3 Resultados dos ensaios de traco ................................................................. 72 Tabela 5.4 Resultados dos ensaios de impacto (Provetes reduzidos 2,5x10 mm) .......... 73

  • xii

    LISTA DE ABREVIATURAS

    AWS American Welding Society

    ANSI American National Standards Institute

    ASTM American Society for Testing Materials

    ASW Arc Stud Welding

    B+V Blohm + Voss

    CE Carbon Equivalente (IIW International Instituto of Welding) Pcm Carbon Equivalente (formula de Ito-Bessyo)

    CET Carbon Equivalente ( formula de Dren)

    CA Corrente Alterna

    CC Corrente Contnua

    CTS Controlled Thermal Severity

    DIBT German Institute of Structural Engineering

    EHS Extra High Strength

    FSG Flensburger Schiffbau Gesellschaft

    FCAW Flux Cored Arc Welding

    GPL Gas de Petroleo Liquifeito

    GMAW Gas Metal Arc Welding

    GTAW Gas Tungsten Arc Welding

    HD Humidity Dissolved

    ISO International Organization for Standardization

    IIW International Institute of Welding

    JIS Japanese Industrial Standards

    MIG Metal Inert Gas

    MAG Metal Active Gas

    OSW One Side Welding

    PA Posio de Soldadura ao Baixo

    PF Posio de Soldadura Vertical Ascendente

    PWHT Post Weld Heat Treatment

    Q Entrega Trmica

    SA 2 Blast-cleaning, SA Grau de acabamento de superfcie, norma ISO 8501-1 SER Soldadura Elctrodo Revestido

    SAW Submerged Arc Welding

    SMAW Shielded Metal Arc Welding

    STP Standard Temperature and Pressure

    t 8/5 Tempo de arrefecimento entre os 800-500 C

    TW Tack Welding

    TIG Tungsten Inert Gas

    UIT Ultrasonic Impact Treatment

    WPS Welding Procedure Specification

    YAG Yttriun Aluminum Garnet

    ZAC Zona Afectada pelo Calor

  • 1

    1. Objectivos e Estrutura da Dissertao

    1.1. Objectivos

    Este trabalho visa estudar a soldabilidade de um ao de Extra Alta Resistncia EHS 690

    (Extra High Strength). Por razes econmicas e de construo, o aspecto moderno e leve

    que as estruturas de ao apresentam so devidos reduo de espessura e, portanto, de ao

    estrutural de baixa liga e alta resistncia com limites elsticos at 1100 MPa so cada vez

    mais aplicados na construo naval, industria offshore e, especialmente, na fabricao de

    guindastes.

    A necessidade do desenvolvimento tecnolgico para processos tanto de fabricao quanto

    de recuperao por soldadura em componentes de uso naval, leva investigao que venha

    trazer fundamentos tcnico-cientficos consistentes para estes processos. Neste contexto,

    apresenta-se o desenvolvimento e aplicao dos aos temperados e revenidos com limite

    elstico mnimo de 690 MPa. Em paralelo, tambm foram desenvolvidos consumveis para

    soldadura, destacando-se os elctrodos revestidos da classe AWS A5.5: E 11018M [1] e os

    arames tubulares da classe AWS A5.28: E110C-G.

    Para se atingirem, nestes aos, valores mnimos de resistncia necessrio ter um cuidado

    extra durante a execuo da soldadura. De modo a garantir uma adequada resistncia,

    necessrio soldar de modo a que as juntas no apresentem defeitos inadmissveis e que as

    propriedades mecnicas do metal depositado na (ZAC) zona afectada pelo calor sejam

    suficientes para resistir s tenses de servio.

    Neste trabalho apresentam-se os mtodos de fabrico dos aos EHS, como so produzidos, as

    suas propriedades mecnicas, propriedades de fabricao, corte trmico e soldadura.

    As propriedades de deformao a frio e a quente destes aos so discutidas em comparao

    com os aos convencionais usados na construo naval.

    Para os mtodos de soldadura mais comuns usados na construo naval, dada ateno ao

    que mais importante para a soldadura destes aos. Tambm so dadas orientaes para a

    preparao das juntas, pingagem durante a montagem, seleco dos consumveis de

    soldadura e pr-aquecimento.

    Para que as juntas apresentem boas caractersticas de resistncia fadiga, o perfil e o

    acabamento das soldaduras so muito importantes. Soldaduras irregulares com

    concordncias deficientes reduzem a resistncia fadiga. Este documento discute algumas

    condies.

  • 2

    Um dos efeitos negativos da soldadura, especialmente quando a espessura da chapa

    reduzida usando aos EHS a deformao e algumas vezes o desempeno a calor

    necessrio.

    Quando soldamos aos EHS pela primeira vez, necessrio fazer novos procedimentos de

    soldadura e qualificao de soldadores.

    Foi feita uma avaliao quantitativa sobre a influncia dos custos de construo na aplicao

    dos aos EHS690 comparados com os aos de mdio carbono usados na construo naval.

    O presente trabalho enquadra-se num projecto internacional High Tensile Steel 690 in Fast

    Ship Structures (FASDHTS) CEC BRITE/EURAM Programme (2000-2004), parcialmente

    financiado pela Unio Europeia atravs do contracto n. GRD1-1999-10558, em que

    participaram as seguintes Instituies: TNO Building and Construction, Centre for

    Mechanical Engineering (NL), AF Industriteknik AB (S), AG der Dillinger

    Httenwerke(D), Alstom Chantiers de lAtlantique (F), Bureau Veritas (F), Chalmers

    University of Technology AB (S), Flensburger Schiffbau mbH&Co. KG (D), Germanischer

    Lioyd AG (D), Instituto Superior Tcnico (P), Lisnave Estaleiros Navais (P), Royal Schelde

    group BV (NL), Technische Universitt Hamburg-Harburg (D), and Van der Giessen-De

    Noord shipbuilding division BV (NL). Este projecto teve como objectivo conceber um

    navio de pequena/mdia envergadura (cerca de 160 m) para navegar no Mediterrneo para

    transporte de viaturas e pessoas.

    O material constituinte era um ao de alta resistncia, que permitia reduzir o peso do navio e

    consequentemente o consumo de energia. Apesar destes aos serem aplicados

    industrialmente desde os anos 60, em particular na industria metalomecnica e de extraco

    de petrleo, pesada, a sua aplicao neste caso sucinto de construo naval colocam

    algumas questes de estudo interessantes como sejam os aspectos ligados ao corte e

    soldadura da chapa, e o efeito que estas operaes tm no comportamento fadiga dos

    navios.

    Os aspectos relacionados com o corte e fadiga foram estudados pelos Estaleiros Navais de

    Flensburger Schiffbau-Gesellschaft e Blohm + Voss e pela Technische Universitt

    Hamburg-Hamburg e os ensaios de soldadura na Lisnave e Flensburger Schiffbau-

    Gesellschaft. Tendo sido realizado pela Lisnave no mbito desta dissertao os ensaios de

    soldabilidade em chapa de 4 mm de espessura pelos processos SMAW e FCAW, um estudo

    metalogrfico e de durezas, a determinao das propriedades mecnicas e qumicas, um

    estudo econmico da soldadura e o estudo sobre os problemas de fissurao a frio que estes

    aos colocam soldadura.

  • 3

    1.2. Estrutura da Dissertao

    A dissertao est organizada da seguinte forma:

    No Capitulo 1: faz-se uma breve descrio dos objectivos da estrutura da dissertao.

    No Capitulo 2: apresenta-se uma breve introduo, que serviu de base e enquadramento ao

    trabalho realizado, descrevem-se os mtodos de produo e as propriedades mecnicas do

    ao em estudo e, os diversos processos de corte e de soldadura, uma breve descrio sobre a

    seleco das condies de soldadura, apresenta-se uma descrio sobre os ensaios de

    fissurao a frio, o comportamento do revestimento primrio de fabricao na soldadura,

    caracterizao dos mtodos de preparao das juntas de soldadura, consideraes sobre a

    seleco, armazenamento e manuseamento dos consumveis de soldadura, procedimento de

    pingagem e o uso de reforos temporrios durante a montagem e soldadura, factores e

    procedimentos a ter em conta na preparao e durante a soldadura para melhoria das juntas

    fadiga, a influncia do tratamento trmico de alivio de tenses, consideraes sobre a

    qualificao de processos de soldadura e soldadores para a soldadura deste material.

    No Captulo 3: Problemas de Soldabilidade dos Aos EHS faz-se uma breve descrio da

    susceptibilidade fissurao a frio pelo hidrognio dos aos EHS. Apresenta-se o mtodo

    para a determinao do teor de hidrognio difusvel, tenses residuais desenvolvidas durante

    a soldadura, exemplos para a determinao da espessura combinada das juntas para

    soldadura, como prevenir a fissurao a frio e, uma breve descrio dos ensaios de

    fissurao a frio especialmente para os ensaios CTS e Tekken.

    No Captulo 4: Procedimento Experimental, descrevem-se os procedimentos de soldadura

    utilizados experimentalmente, realizados na Lisnave Estaleiros Navais S.A., e as

    caractersticas dos materiais e mtodos usados os equipamentos e a metodologia empregue

    na parte experimental, os ensaios no destrutivos e os procedimentos para os ensaios

    mecnicos, metalogrficos e a preparao para os ensaios de fissurao a frio.

    No Captulo 5: Resultados e Discusses so apresentados e analisados os principais

    resultados dos casos estudados, obtidos atravs dos procedimentos experimentais,

    nomeadamente ensaios mecnicos, anlises qumicas, ensaios charpy, ensaios de fadiga,

    metalogrficos e de fissurao a frio.

    No Captulo 6: Concluses e Sugestes so apresentadas as concluses do trabalho, assim

    como sugestes para trabalhos futuros a ser realizados nesta rea de estudo.

  • 4

    2. Os Aos de EHS

    A resistncia requerida para estruturas de ao tais como lanas de gruas, para a construo

    de chassis de veculos pesados, construes naval, offshore, comportas contra inundaes,

    ou pontes so considerveis.

    Os aos de alta resistncia EHS690 (Extra High Srength 690MPa), desenvolvidos nos anos

    60 do sculo XX permitem construir estruturas de elevada resistncia e mxima segurana

    e, ao mesmo tempo reduzir os custos com o material e a fabricao uma vez que as

    espessuras so bastante inferiores [2].

    So usados na construo de mquinas de terraplanagem, na construo de estruturas de

    ao. Um exemplo de nota a central hidroelctrica de Cleuson-Dixene na Sua, onde foram

    utilizadas 7.500 toneladas de ao 690 e 890 para construir as tubulaes, com espessuras

    mnimas como se pode ver na Figura 2.1 [3].

    Figura 2.1: Fraco de um anel em tubo de ao EHS 690. Central hidroelctrica de Cleuson-Dixene na Sua.

    Estes exemplos demonstram os dois aspectos mais importantes na aplicao dos aos 690: o

    peso intrnseco da construo pode ser drasticamente reduzido e, os consumos de energia

    so menores.

    Estes aos esto disponveis numa ampla gama de graus de resistncia, permitindo a

    cobertura de todo o espectro de aplicao: graus 460, 500, 550, 620, 690, 890 e 965 [3]

    A figura 2.2 compara os custos de material e de fabricao com o ao convencional de

    qualidade S355 [4] e indicando a poupana permitida com estes aos.

  • 5

    Figura 2.2: Custos de material e fabricao: Graus de alta resistncia comparados com o ao convencional S355.

    A norma europeia EN 10137-2:1996 estabelece os requisitos destes aos, em componentes

    soldados (por exemplo construo de guindastes, pontes, comportas) temperatura

    ambiente e a baixas temperaturas. Na gama de espessuras de 6 a 50 mm, o ao 690E

    (S690QL1) aprovado para uso em construes pelo DIBT (German Institute of Structutal

    Engineering).

    2.1. Produo dos Aos EHS

    O elevado grau de resistncia e tenacidade exibida por estes aos conseguido pela adio

    de elementos de liga, mas tambm por um processo especial de fabrico. Aps laminagem, as

    chapas de grandes espessuras so temperadas. Em todos os processos de produo do ao, a

    formao das chapas grossas e a tmpera em gua, so exactamente combinados para cada

    fabricao [3].

    Depois de uma cuidada desulfurizao do metal quente, estes aos so produzidos por fuso

    num processo top-blowing [5] de oxignio, ento tratados metalurgicamente e, para

    chapas de espessuras acima de 100 mm, vazados por um processo de vazamento contnuo.

    O teor mximo de fsforo de 0,02 % e o teor mximo de enxofre de 0,01 %, ambos

    requisitos para alta tenacidade [3].

    O teor dos elementos de liga pode ser ajustado durante a fuso do metal, para que os valores

    mximos de resistncia mecnica e boa maquinabilidade sejam garantidos. dada especial

    S355

    460

    550

    690

    890

    965

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    65 mm* 50 mm 40 mm 33 mm 25 mm 23 mm

    Custo

    tota

    l re

    lative e

    m %

    %

    Material base Metal adio Soldadura * Espessura chapa

  • 6

    ateno ao carbono equivalente (CE, PCM ou CET), uma vez que este dependente do teor

    de elementos de liga. Valores de baixo carbono equivalente indicam boa soldabilidade. Um

    aumento do teor em elementos de liga, faz aumentar o carbono equivalente. No entanto,

    com o aumento da espessura da chapa necessrio um mnimo de elementos de liga, para

    que num subsequente processo de tmpera e revenido se atinjam os valores de resistncia

    destes graus ao longo de toda a espessura da chapa.

    Na tabela 2.1 apresentam-se as anlises qumicas dos aos 690, 890 e 965.

    Tabela 2.1: Anlise qumica tpica dos aos 690, 890 e 965 [3]

    Aos 690 B 690 T1)

    ,E 890 B,T,E 965B,T

    Espessura (mm) 20 20-50 50-100 100-150 20 20-50 50-80 80-110 110-150 50 50-100 50

    C 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,17 0,18 0,17

    Si 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,3 0,30 0,30

    Mn 1,20 1,45 1,45 1,45 1,35 1,45 1,45 1,45 1,45 0,9 1,00 0,90

    Mo 0,12 0,27 0,37 0,47 0,22 0,37 0,37 0,42 0,52 0,52 0,50 0,52

    Ni --- --- 0,27 0,75 --- 0,12 0,30 0,75 1,35 0,97 1,00 0,97

    Cr --- 0,60 0,80 0,90 0,55 0,55 0,80 0,90 0,90 0,47 0,60 0,47

    B 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,0022) 0,002 0,002

    2)

    CE 0,38 0,58 0,65 0,73 0,54 0,59 0,66 0,72 0,78 0,58 0,63 0,58

    PCM 0,25 0,29 0,32 0,33 0,29 0,31 0,32 0,34 0,35 0,31 0,33 0,31

    CET 0,29 0,36 0,39 0,42 0,34 0,37 0,39 0,41 0,44 0,36 0,38 0,36

    Estes aos podem ser ligados com niobio e/ou vanadio Carbon equivalente

    1)Para os graus T, a espessura mxima para determinados CE=C+Mn/6+(Cr+Mo+V)/5+(Cu+Ni)/15

    tipos de composies qumicas so ligeiramente deslocadas PCM=C+Si/30+(Mn+Cu+Cr)/20+Mo/15+Ni/60+5B

    para chapas de maior espessura. Os elementos de liga Mn, CET=C+(Mn+Mo)/10+(Cr+Cu)/20+Ni/40

    Mo e Cr so baixos e os teores de V e B so um pouco

    superiores aos da variante E

    2)As chapas de menor espessura so ligadas sem boro

    As chapas de ao produzidas so laminadas, e devido s elevadas presses exercidas pelos

    rolos (acima dos 108.000 kN), a deformao suficiente para atingir o ncleo da chapa,

    mesmo para grandes espessuras. A microestrutura , portanto, adaptada para posterior

    tmpera e revenido de modo a conferir alta resistncia e tenacidade a estes aos [3].

    Aps laminagem, as chapas so aquecidas temperatura de austenitizao e em seguida

    arrefecidas em gua [6;7], com uma velocidade de arrefecimento elevada de modo a formar

    martensite. O endurecimento ocorre em toda a espessura da chapa. A tmpera seguida de

    um revenido a aproximadamente 650 C. Este processo de revenido aumenta a tenacidade.

  • 7

    A Figura 2.3 mostra a microestrutura de gro fino tpica destes aos depois de temperados e

    revenidos [3;6;7].

    2.2. Propriedades Mecnicas

    2.2.1. Resistncia e Tenacidade

    A Tabela 2.2 mostra os valores mnimos do limite elstico para diversas gamas de espessura

    e a Tabela 2.3 os valores mnimos de resistncia traco e alongamento. Apesar do seu

    elevado grau de resistncia, estes aos apresentam excelentes propriedades de tenacidade

    (ver Tabela 2.4). Comercialmente so fornecidos em trs graus de dureza: [3]

    Grau bsico (B), com valores mnimos de tenacidade a -20 C,

    Grau resistente (T), com valores mnimos de tenacidade a -40 C,

    Grau extra resistente (E) com valores mnimos de tenacidade a -60C.

    Os valores mnimos de tenacidade destes trs graus s temperaturas indicadas so

    apresentados na tabela 2.4.

    Tabela 2.2: Valores mnimos de limite elstico, dependendo da espessura da chapa [3]

    Limite elstico em N/mm2

    t 50 mm 50 < t 100 mm 100 < t 120 mm 120 < t 150 mm

    Tipo 460 460 440 400 440 4)

    Tipo 500 500 480 440 ----

    Tipo 550 550 530 ---- ----

    Tipo 620 620 600 1)

    560 1)

    560 1)

    Tipo 690 690 690/670 2)

    630 1)

    630 1)

    Tipo 890 890 850/830 3)

    ---- ----

    Tipo 965 960 ---- ---- ----

    1) Maiores valores mnimos podem ser definidos no pedido

    2) Limite elstico mnimo 690 N/mm2

    at aos 65 mm, 670 N/mm2

    para grandes espessuras.

    Valores mnimos superiores a 690 N/mm2

    podem ser definidos no pedido.

    3) Limite elstico mnimo 850 N/mm2

    at aos 80 mm, 830 N/mm2

    para chapas de maior espessura.

    4) A gama de espessuras s se aplica aos graus B e T.

    Figura 2.3: Microestrutura tpica

    dos aos 690 (ampliada 500 X)

  • 8

    Tabela 2.3: Valores mnimos da resistncia traco e alongamento, dependendo da

    espessura da chapa[3]

    Resistncia traco (U.T.S.) em N/mm2

    Alongamento

    A5 em % 4)

    t 50 mm 50 < t 100 mm 100 < t 120 mm 120 < t 150 mm todas espessuras

    Tipo 460 550 - 720 550 - 720 500 - 670 500 - 6702) 17

    Tipo 500 590 - 770 590 - 770 540 - 720 ------ 17

    Tipo 550 640 - 820 640 - 820 ------- ------ 16

    Tipo 620 700 - 890 700 - 890 650 - 8301)

    650 - 8301) 15

    Tipo 690 770 - 940 770 - 940 720 - 9001)

    720 - 9001) 14

    Tipo 890 940 - 1100 880 - 11003) ------ ------ 12

    Tipo 965 980 - 1150 ------ ------ ------ 12

    1) Valores mnimos os mais elevados podem ser definidos no pedido

    2) Intervalo de espessuras s se aplica aos graus B e T.

    3) Resistncia traco mnima 900 N/mm2

    at aos 80 mm, 880 N/mm2

    .

    4) Mnimo alongamento.

    Tabela 2.4: Valores mnimos de resilincia (Charpy-V-notch samples) [3]

    Temperatura de teste energia em joules

    0 C -20 C -40 C -60 C

    Grau bsico (B) longitudinal/transversal 40/30 30/27 --- ----

    Grau resistente (T) longitudinal/transversal 50/35 40/30 30/27 ----

    Grau extra resistente ('E) longitudinal/transversal 60/40 50/35 40/30 30/27

    Tipos 460 - 965 direco da laminagem

    2.2.2. Resistncia a Alta Temperatura

    Com a adio de molibdnio e crmio, os aos 690 e superiores possuem uma boa

    resistncia a temperaturas at 500 C (ver Figura 2.4) [3].

    900

    800

    700

    600

    500

    400

    300

    200

    0 100 200 300 400 500

    Temperature [ C]

    T.S. (Typical value) Y.S. (typical value) Y.S. (minimum value)

    T.S

    . an

    d Y

    .S.

    [N/m

    m2]

    Figura: 2.4 Efeito da temperatura nas propriedades mecnicas dos aos 690 (espessuras acima de 50 mm)

  • 9

    2.2.3. Comportamento Fluncia

    A Tabela 2.5 [3] mostra os valores tpicos da resistncia fluncia do ao 690 grau E,

    conferido pelo molibdnio e crmio.

    Essas propriedades so de interesse para as construes e componentes sujeitos a

    temperaturas elevadas, por exemplo, grandes ventiladores industriais.

    Tabela 2.5: Valores tpicos da resistncia a ruptura por fluncia do ao 690E

    Ruptura depois 100.000h [N/mm2] Alongamento

    =1% aps 100,000h[N/mm2]

    Temperature 450 C 500 C 450 C 500 C

    Espessura chapa 20 mm 240 100 170 80

    20 > t 50 mm 270 120 180 90

    2.3. Propriedades de Fabricao dos Aos EHS 690

    Os aos de alta resistncia so to fceis de trabalhar como os aos estruturais

    convencionais nos graus de baixa resistncia e, em alguns casos, so mesmo mais fceis de

    manusear [3].

    A deformao a frio destes aos pode ser facilmente realizada por dobragem. Deve-se

    considerar que, com o aumento do limite elstico, a fora necessria para deformar a mesma

    espessura de chapa aumenta.

    A fim de evitar o perigo de ocorrncia de fissurao na direco do bordo, as arestas devem

    ser rebarbadas nos locais onde se pretende executar as dobragens. O raio mnimo de

    dobragem depende da deformabilidade do ao e pode ser estimada a partir do alongamento e

    a reduo de rea, como ilustrado na Figura 2.5 [3].

    8

    12

    16

    20

    32

    10 30 40 50 60

    1

    0,5

    0,2520

    16

    8

    4

    2 2428

    Min

    imu

    m b

    end

    ing

    rad

    ius/

    pla

    te t

    hic

    kn

    ess

    Reduction of area Z [%]

    Figura 2 5: Raio mnimo de dobragem para deformao a frio, dependendo do alongamento e reduo de rea

  • 10

    Quando o alongamento do ao diminui, o seu limite elstico aumenta. Se se assumir um

    determinado limite mximo da taxa de deformao (alongamento inferior a 10 % por

    segundo na fibra externa) o raio mnimo de curvatura e aberturas podem ser usados como

    valores de referncia para os graus indicados na tabela 2.6 [3].

    Tabela 2.6: Raio mnimo e abertura para deformao a frio

    Aos, graus

    Posio dobragem perp. paralelo perp. paralelo perp. paralelo perp. paralelo

    direco laminagem

    Raio de dobragen 1t 1,5t 1,5t 2,5t 2t 3t 3t 4t

    Abertura 6t 7t 6t 7t 7t 8t 9t 10t

    t = espessura da chapa, taxa de deformao > 2 s para um ngulo de dobragem 90

    F

    t

    w

    t

    w

    460 ; 500 550 ; 620 690 890 ; 965

    r

    F

    A fora necessria pode ser estimada atravs das seguintes equaes: 1 e 2,

    Deformao a frio:

    w

    RbtP m

    27,0 (N) (1)

    Presso de flexo:

    w

    Rbt

    w

    tn m2))

    4(1( (N) (2)

    Em que:

    b comprimento a ser enformado (mm)

    t espessura da chapa (mm)

    Rm carga de rotura (MPa)

    w espaamento dos rolos (mm)

  • 11

    O raio mnimo de curvatura dado pela Norma Europeia EN 10137, Part 2, em vigor. Para

    espessuras de chapas inferiores a 6 mm o raio de curvatura de 2,5 vezes a espessura da

    chapa. Se a deformao transversal direco de laminagem, possvel reduzir o raio de

    curvatura em 2 vezes a espessura da chapa.

    A deformao a frio introduz mudanas na resistncia e ductilidade e diminui a tenacidade.

    A extenso da alterao destas propriedades depende da temperatura e grau de deformao.

    Por vezes, o tratamento trmico necessrio para reduzir a tenso de endurecimento e

    melhorar as propriedades de tenacidade prejudicadas pela deformao [8], o tratamento

    trmico de alvio de tenses geralmente suficiente. Isto no significa, no entanto, reverter

    completamente o efeito da deformao a frio [9].

    Como mostrado na Figura 2.6, com base nas curvas de transio, os aos 690T no so

    susceptveis perda de resistncia acima da mdia como resultado da deformao a frio e do

    envelhecimento.

    Dependendo da aplicao final destes aos, os cdigos de fabricao, estabelecem o limite

    mximo admissvel de deformao a frio e estipulam o tratamento trmico correspondente.

    Se o componente soldado vai ser sujeito a um tratamento de recozimento de alvio de

    tenses, o recozimento depois da deformao a frio pode ser dispensado [3].

    -20 -10 0 10-60 -50 -40 -30-80 -70-90

    60

    40

    20

    0

    140

    120

    100

    80

    220

    200

    180

    160

    27 Joules

    Impac

    t en

    ergy [

    Joule

    ]

    Temperature [C]

    Initial condition

    10% + aged

    10% + aged + 580 C / 60 min.

    5% + aged

    Figura 2.6: Curvas tpicas de transio dos aos 690T e graus subsequentes para deformao e envelhecimento artificial

  • 12

    2.3.1. Deformao a Quente

    Quando esto em causa pequenos raios de curvatura e grandes espessuras, a deformao a

    altas temperaturas pode ser vantajosa porque requer foras de deformao menores. No

    entanto este mtodo tem srias desvantagens: a deformao a quente ocorre, em regra,

    acima da temperatura mxima admissvel para o alvio de tenses

    Consequentemente, a deformao a quente destes aos no admissvel se no for renovada

    a tmpera e revenido posterior deformao a quente.

    Mesmo com um novo tratamento de tmpera e revenido deve-se verificar se as propriedades

    mecnicas no se deterioraram. Os fabricantes no garantem resultados satisfatrios mesmo

    com um novo tratamento de tmpera e revenido. Em primeiro lugar, a eficincia do

    equipamento de tratamentos trmicos que os fabricantes tm sua disposio varia muito e,

    por outro, os resultados satisfatrios deste tratamento so mais difceis de alcanar devido a

    geometria do componente, em comparao com o processamento da chapa.

    Consequentemente, a composio qumica do ao deve ser ajustada antes da consulta ao

    fabricante para os componentes que vo ser temperados e revenidos durante a fabricao.

    Na medida do possvel, a deformao a quente destes aos dever ter lugar a temperaturas

    entre 880 C e 950 C, se este ao se destinar a um novo processo de tratamento de tmpera

    e revenido. Durante o endurecimento subsequente deve ser assegurada, uma elevada taxa de

    dissipao de calor de forma a prever o endurecimento total em toda a espessura da chapa.

    O processo de revenido subsequente depende da composio qumica, dimenses e

    propriedades mecnicas necessrias e devem tambm ser decididas na consulta ao fabricante

    [3].

    2.4. Corte Trmico dos Aos EHS 690

    Estes tipos de aos adquirem as suas propriedades atravs de processos especficos de

    tratamento trmico, e a entrega trmica causada pelo mtodo de corte trmico utilizado deve

    ser tida em conta. A largura da zona afectada pelo calor (ZAC) e seu efeito sobre a dureza

    dependem de vrios factores, dos quais o mais relevante o calor posto em jogo.

    O mtodo de corte e a velocidade de corte determinam a entrega trmica. Quanto maior for

    a entrega trmica, maior ser a ZAC. A dimenso da chapa, quando esta cortada em

    pequenas peas, o volume de metal no suficiente para agir como um dissipador de calor

    do calor fornecido. A temperatura da chapa pode ento ser to elevada que a dureza da parte

    cortada seja reduzida.

  • 13

    A quebra das arestas da chapa, aps o corte melhora a vida fadiga de uma construo. A

    rugosidade das superfcies do corte tambm tem influncia na vida fadiga. Uma elevada

    rugosidade da superfcie diminui a vida fadiga. A rugosidade depende do mtodo de corte,

    superfcie da chapa, e dos parmetros de corte, principalmente da velocidade de corte.

    As seguintes tcnicas so adequadas para o corte de EHS 690

    Por Oxi-corte

    Corte por Plasma

    Corte a laser

    Em comparao com o ao naval normais os parmetros de corte EHS 690 so os mesmos e

    no h nenhuma preparao especial exigida antes do corte [3].

    2.4.1. Oxi-corte

    O oxi-corte com gs combustvel , basicamente, aplicvel para o corte dos aos macios e

    temperados com os melhores resultados. Os gases combustveis so acetileno, propano, gs

    natural ou a mistura de gases. A utilizao de sistemas de corte simples e mltiplas cabeas

    tocha permite o corte econmico e preciso de diversas espessuras de chapa [9].

    Tanto o GPL (gs de petrleo liquefeito) como o acetileno podem ser usados para o corte

    dos aos EHS 690. So os mtodos mais utilizados e tm um amplo campo de aplicao.

    Podem ser usados para todas as espessuras da chapa. A largura de corte de 2 a 5 mm e a

    ZAC de 4 a 10 mm de largura, sendo que ambos dependem da espessura da chapa e da

    velocidade de corte.

    O risco das fendas de corte aumenta com a espessura da chapa e dureza. Para evitar isso,

    pode ser aconselhvel pr-aquecer a chapa ou diminuir a velocidade de corte.

    A Tabela 2.7 mostra, as temperaturas de pr-aquecimento recomendadas para o oxi-corte e a

    Figura 2.7 mostra, as curvas tpicas de dureza na superfcie da zona cortada [3].

    Tabela 2.7: Temperaturas mnimas de pr-aquecimento para oxi-corte

    EHS 690 [3]

    Espessura da chapa [mm] < 20 < 30 < 50 < 100 > 100

    EHS 690 N.A. * 25 C 50 C 100 C 150 C

    * No aplicavel

  • 14

    0.0

    Distncia da chama de corte ao bordo [mm]

    4.0 4.5 5.02.0 2.5 3.0 3.5200

    0.5 1.0 1.5

    280

    260

    240

    220

    360

    340

    320

    300

    440

    420

    400

    380

    Du

    reza

    [H

    V5

    ]

    Meia espessura

    3 mm subsuperficie

    Figura 2.7: Dureza tpica do ao EHS 690 durante o oxi-corte 20-30 mm espessura [3]

    O pr-aquecimento deve ser realizado pelo menos, 100 mm de cada lado do corte planeado.

    A temperatura recomendada da pea deve ser atingido antes do corte ser iniciado. A

    temperatura deve ser verificada por medio no lado debaixo da chapa [3].

    2.4.2. Corte por Plasma

    Este processo utiliza um arco elctrico concentrado que funde o material atravs de um

    feixe de plasma de alta temperatura. Todos os materiais condutores podem ser cortados. Os

    sistemas de corte por plasma com correntes de 20-1000 amperes para chapas de espessuras

    entre 5-160 mm. Os gases de plasma so o ar comprimido, azoto, oxignio ou rgon /

    hidrognio para corte de aos de liga leve e elevada, alumnio, cobre e outros metais e ligas

    [10]. As principais vantagens do corte por plasma encontram-se no maior desempenho de

    corte e na zona afectada pelo calor estreita, com uma entrega trmica do corte mnima.

    A vantagem sobre o Oxi-corte a maior velocidade de corte. A largura do corte menor, 2

    a 4 mm, e a superfcie de corte de melhor qualidade.

    2.4.3. Corte por Laser

    Tal como no corte por plasma, o corte por laser tambm mais rpido e produz uma zona

    afectada pelo calor estreita, com uma entrega trmica de corte mnima. Com este processo

    possvel cortar espessuras menores, e tiras de chapa estreitas sem distoro. At 10 mm de

    espessura as chapas podem ser cortadas com os lasers de CO2 disponveis hoje em dia.

  • 15

    conseguem-se elevadas velocidades de corte, a largura do corte menor que 1 mm e a ZAC

    varia entre 0,4 a 3 mm largura, dependendo da espessura e das condies de corte.

    O corte por laser um mtodo, sensvel superfcie da chapa, que pode, portanto, afectar a

    produtividade. Uma superfcie regular das chapas uma condio fundamental para o corte

    laser, porque o feixe deve ser focado na superfcie da chapa.

    A velocidade de corte atingvel depende, em grande medida, da potncia do laser e da

    espessura da chapa a ser cortada.

    Com uma chapa de espessura de 10 mm e um laser de 2-3 kW, so possveis velocidades de

    corte de at 2000 mm / min [3].

    A Figura 2.8 mostra o efeito dos diferentes mtodos de corte na zona afectada pelo calor.

    Sendo o processo por oxi-corte o que apresenta maior largura da ZAC e o laser o que

    apresenta a menor.

    0 7

    Distncia ao bordo do corte [mm]

    500

    450

    400

    350

    300

    250

    2001 62 3 4 5

    Laser Plasma

    Oxi-corte

    Du

    reza

    [H

    V1

    0]

    Figura 2.8: O efeito tpico dos vrios processos de corte no ao EHS 690

    2.5. Soldadura dos Aos EHS 690

    2.5.1. Soldadura Elctrica Manual na Soldadura dos Aos EHS 690

    Na construo naval o processo de soldadura elctrica manual um processo de soldadura

    muito comum, tambm aplicvel na soldadura dos aos EHS.

    Para soldadura do ao EHS690 [9;11;13] devem ser usados elctrodos revestidos bsicos de

    baixo hidrognio. Estes elctrodos tm uma forte aco fundente, juntamente com a

    proteco do dixido de carbono, depositam elevada qualidade do metal de adio com boa

    tenacidade e baixo hidrognio, geralmente menor que 5ml/100g de metal depositado. Para

  • 16

    limitar o risco de fissurao a frio, os elctrodos devem estar bem secos antes de serem

    usados. Os elctrodos devem ser armazenados em condies de temperatura e humidade

    relativa controlada, porque o revestimento muito higroscpico. Se os elctrodos estiverem

    expostos atmosfera rapidamente absorvem humidade. Por vezes necessrio a secagem

    dos elctrodos antes de serem usados. Os fabricantes definem a temperatura correcta e o

    tempo de secagem dos elctrodos. Estes parmetros tambm podem ser consultados na

    norma ANSI/AWS D1.1-98 Captulo 5 [14]. Depois da secagem os elctrodos devem ser

    mantidos em estufa a temperaturas entre os 70C e 120C.

    Para soldadura de ngulo e soldadura topo a topo na posio ao baixo, elctrodos de baixo

    hidrognio com adies de p de ferro de alto rendimento; 120-150% pode ser usado.

    2.5.2. Soldadura MIG-MAG

    2.5.2.1. Descrio do Processo

    A soldadura MIG/ MAG (Metal Inert Gas/ Metal Active Gas) tambm designada por

    GMAW (Gs Metal Arc Welding) um processo de soldadura por arco elctrico no qual se

    utiliza um fio elctrodo consumvel de alimentao contnua, na ponta do qual se estabelece

    o arco elctrico sob uma proteco gasosa. O elctrodo, o arco, a zona fundida e a pea so

    protegidos da contaminao atmosfrica por um fluxo de gs inerte, ou activo, que passa

    atravs da tocha de soldadura [15].

    O modo de transferncia do metal do elctrodo para o banho de fuso determina, em grande

    parte, as caractersticas de funcionamento do processo. H trs modos principais de

    transferncia de metal:

    por curto-circuito

    por spray ou pulverizao

    por corrente pulsada

    O MAG Sinrgico pulsado refere-se a um tipo especial de controlador que permite que a

    fonte de energia seja ajustada para o tipo de metal de adio e dimetro do fio, e a

    frequncia do pulso seja definida de acordo com a velocidade de sada do fio.

    As transferncias por curto-circuito e pulsada so utilizadas em baixa corrente de soldadura

    e em posio, em passes de raiz e de vista feita por um s lado (OSW-one side welding) e a

    entrega trmica de calor muito baixa. As caractersticas de baixa entrega trmica no

    processo tornam-no ideal para a soldadura de estruturas, onde a forma importante por

    razes estticas.

  • 17

    Figura: 2.9: Fio Fluxado

    A transferncia por spray usada com elevadas intensidades de corrente de soldadura na

    posio ao baixo.

    2.5.2.2. Os Gases Usados na Soldadura MIG/MAG dos Aos EHS 690

    Os gases que so normalmente utilizados na soldadura dos aos EHS 690 so [9;11;13]:

    CO2

    rgon + 2 a 5 % oxignio

    rgon + 5 a 25 % CO2

    O rgon e as misturas base de rgon, em comparao com o CO2, so geralmente mais

    tolerantes definio de parmetros e geram nveis mais baixos de salpicos. O CO2 origina

    maior penetrao em comparao com o rgon ou misturas base de rgon e a proteco do

    banho de fuso melhor. No caso de soldadura de chapa com primrio, a sensibilidade

    porosidade menor quando se usa CO2. No caso de soldadura MAG de materiais com

    primrio, para evitar a porosidade melhor remover o primrio localmente.

    2.5.3. Soldadura Elctrica por Arco com Fio Fluxado

    2.5.3.1. Descrio do Processo

    A soldadura por arco elctrico com fios fluxados

    (FCAW-Fluxo Cored Arc Welding) semelhante

    soldadura MIG/MAG no que diz respeito aos aspectos

    relacionados com a operao e com o equipamento.

    Contudo, o fio elctrico utilizado neste processo um

    tubo contendo um fluxo [16]. Um fio fluxado nasce a

    nvel de produo como uma fita de metal plana que

    dobrada em forma de U. O fluxo e os materiais de

    liga so depositados dentro desta fita em U que

    fechada em forma de tubo e trefilada para as dimenses finais (ver Figura 2.9).

    Tal como na soldadura MIG/MAG, o processo com fios fluxados tambm utiliza um gs

    que protege a zona de soldadura da contaminao atmosfrica. O gs de proteco tanto

    pode ser aplicado em separado, caso em que o fio referido como um fio fluxado com

    proteco gasosa, como pode ser gerado pela decomposio dos elementos que constituem o

    fluxo, caso em que o fio referido como um fio fluxado auto-protegido. Os fios fluxados

  • 18

    produzem tambm uma escria que permite uma proteco adicional do metal depositado

    durante o perodo de arrefecimento aps o qual removida.

    2.5.3.2. Soldadura Elctrica por Arco com Fio Fluxado dos Aos EHS 690

    Este processo muito adequado para a soldadura dos aos EHS 690 [9;11;13]. facilmente

    mecanizado ou automatizado montados em calhas que transportam a tocha de soldadura.

    Fundamentalmente, o processo utiliza o mesmo equipamento que o do fio slido MAG

    embora em alguns casos de maior capacidade. A diferena importante entre a soldadura

    MAG com arame slido e com arame fluxado a maior produtividade, as caractersticas de

    soldadura e a integridade do metal de adio. Os fios tubulares so agrupados normalmente

    em: rutlicos, rutlicos micro ligados, bsicos, e fios metlicos fluxados que no contm

    adies de fluxo significativas.

    Os fios rutlicos podem ser designados para diferentes aplicaes. Tm uma certa limitao

    quando se trata de boas propriedades mecnicas, especialmente resistncia ao impacto a

    temperaturas abaixo de zero. Durante os ltimos anos os fios rutlicos foram melhorados no

    que diz respeito adio de elementos na sua composio. Para fios rutlicos, mesmo o

    contedo de hidrognio do metal depositado pode ser garantido abaixo dos 5ml/100g de

    metal depositado. Isto tem expandido o uso deste tipo de fios incluindo para os aos EHS, e

    podem ser adoptados para temperaturas de servio inferiores a -50 C.

    Os fios rutlicos so de uso fcil, o arco suave, d soldadura uma excelente aparncia

    com fcil destacamento da escria. A taxa de deposio muito alta, especialmente quando

    se solda em posio. Contudo, a soldadura de ngulo com uma garganta menor que 3,5 mm

    na posio vertical (PF) difcil.

    Os fios bsicos tm sido sempre caracterizados por um muito bom e consistente nvel de

    propriedades mecnicas, praticamente as mesmas que para elctrodos bsicos. Estes

    tambm produzem depsitos com boa qualidade radiogrfica quando comparados com os

    rutlicos e os fios fluxados de alma metlica.

    A maioria do tipo de muito baixo hidrognio (2-3 ml/100g) no entanto, a soldabilidade

    no to boa como a dos rutlicos. A soldadura em posio muito mais difcil e o passe

    final apresenta uma maior convexidade. O modo de transferncia de metal mais globular,

    originando mais salpicos.

    Os fios tubulares de fluxo bsico apresentam uma excelente penetrao da raiz em soldadura

    topo a topo, com ou sem cobre junta de cermica. Estes fios so menos sensveis

    porosidade em chapas oxidadas ou pintadas com primrio.

  • 19

    Os fios fluxados metlicos contm p de ferro como substituto para a maioria dos elementos

    que formam a escria. Por este motivo, o metal depositado quase no apresenta escria.

    Passos mltiplos podem ser depositados, sem ser necessrio remover a escria, aps cada

    passe. No caso de soldadura em posio necessrio usar o modo de transferncia de arco

    curto. Estes fios oferecem vantagens nas posies ao baixo e horizontal, devido s altas

    taxas de depsito, boas caractersticas e alta velocidade de soldadura. Este tipo de fio

    deposita um metal de adio, com um teor de hidrognio muito baixo e pode ser usado para

    temperaturas de servio abaixo de -50 C.

    Os fios fluxados com p de ferro apresentam excelentes penetrao na raiz em soldaduras

    topo a topo, com ou sem cobre junta cermica.

    Os gases mais usados para proteco dos fios fluxados tubulares so, o CO2, ou

    combinaes de rgon com CO2.

    O gs CO2 o mais econmico e pode ser usado com muitos fios fluxados. Este gs d uma

    boa proteco, devido sua alta densidade. O arco mais concentrado, isso vantajoso para

    a soldadura vertical ascendente, usando a transferncia por curto-circuito a baixas

    intensidades de corrente, e tambm para os passos de raiz, onde obtida uma boa

    penetrao.

    A mistura de gases produz uma soldadura suave e mais regular. Os salpicos diminuem,

    devido ao arco ser mais estvel e formado por muito finas gotculas. O risco de porosidade

    , porm, maior do que com o CO2.

    2.5.4. Consumveis de Soldadura para os Aos EHS 690

    Os consumveis devem ser seleccionados com base em requisitos de resistncia e tenacidade

    na junta soldada, bem como sobre as condies de restrio prevalecentes. Deve ser dada

    ateno que, como resultado da diluio do metal de adio com o metal base as

    propriedades do metal depositado podem diferir dos valores normalizados do metal de

    adio ou daqueles especificados nos catlogos dos fabricantes de consumveis de

    soldadura.

    A fim de alcanar uma combinao ptima de resistncia e tenacidade na junta soldada,

    selecciona-se um consumvel com uma resistncia to baixo quanto possvel, mas que

    continua a reunir os requisitos de resistncia para a junta [17]. As propriedades do metal de

    adio tambm so influenciadas pelas condies de soldadura. A regra geral que um

  • 20

    aumento na entrega trmica conduz a uma diminuio do limite de elasticidade, resistncia

    traco e energia de impacto do metal depositado.

    No caso dos passes raiz e soldadura de ngulo com um s passe, o metal depositado sofre

    uma perda nos elementos de liga atravs da diluio com o material de base. Como

    resultado, o limite elstico e a resistncia traco do metal depositado aumentam quando

    comparados com os do material base. Por este motivo, geralmente, o material de menor

    resistncia mais usado para os passes de raiz e soldadura de ngulo de um s passe, do que

    para o enchimento e cordes de vista.

    Quando se usa metal de adio de menor resistncia, a soldadura normalmente mais

    resistente fissurao na fabricao. O aumento da ductilidade a baixa resistncia do metal

    de adio e a reduo de tenses residuais podem reduzir tambm as tendncias ao

    arrancamento lamelar. Algumas recomendaes gerais para a seleco dos consumveis so:

    Fluxos bsicos devem ser sempre utilizados nos processos de soldadura SAW,

    FCAW e SMAW.

    A resistncia ao impacto do metal de adio deve ser, pelo menos, a mesma que a do

    material base.

    Usar sempre um material de enchimento com baixo teor de hidrognio

    (HD5ml/100g).

    A Tabela 2.8 mostra os cdigos AWS e Europeu para os consumveis adequados

    soldadura dos aos EHS 690. Para uma combinao de EHS 690 e ao carbono, deve ser

    utilizado o consumvel para a soldadura do ao carbono. Na verdade, pode ser uma

    vantagem usar o metal de soldadura de menor resistncia possvel para minimizar as tenses

    em ambas as ZAC e metal depositado [9;11;13].

    Tabela 2.8: Consumveis para a soldadura dos aos EHS 690

    AWS A 5.5 EN 757Passe de raiz e passe

    simples em soldadura de

    ngulo

    E9018-M/E110-ME55 4 1NiMo B/

    E 69 5 Mn2NiMo B

    Enchimento e passes de

    vista

    E11018-M E 69 5 Mn2NiMo B

    AWS A5.29 EN12535

    Passe de raiz e passe

    simples em soldadura de

    ngulo

    Enchimento e passes de

    vista

    Soldadura Semi-Automtica

    com Fio Fluxado

    (FCAW)

    E111T-G

    E111T5-K4 MH4

    T 69 5Mn2NiCrMo

    B M2 H5

    Tipo de ConsumvelProcesso de Soldadura Aplicao

    Soldadura Elctrico Manual

    (SMAW)

  • 21

    2.5.5. Qualificao de Processos de Soldadura e Soldadores

    Os procedimentos de soldadura para aos de alta resistncia e novas qualificaes de

    soldadores tm de ser aprovados. As orientaes para realizar as qualificaes podem ser

    encontradas nas Regras e Regulamentos das Sociedades Classificadoras e nas normas

    europeias. Para soldadura por arco, EN 288-3 [18] e EN 287-1 [19] e para a soldadura de

    pernos por arco EN-ISO 14555:2006 [20].

    O cliente tem de redigir por escrito uma Especificao de Soldadura (WPS-Welding

    Procedure Specification) para cada teste de qualificao do procedimento. As principais

    variveis que precisam ser includas no WPS so especificados nas Regras e Normas.

    Quando se solda ao EHS 690, a entrega trmica, pr-aquecimento e temperatura

    interpasses, largura mxima do cordo de soldadura e espessura da camada so variveis

    importantes.

    O material de origem para os provetes deve ser do mesmo grau que o previsto para a

    construo do trabalho. Este material deve ser acompanhado do certificado de fabrico com

    registros mostrando a composio qumica e os resultados dos testes mecnicos para

    garantir a conformidade do material com a especificao de materiais aplicveis.

    Antes de comear com as qualificaes cada soldador dever ter a possibilidade de aprender

    a manter o intervalo recomendado de entrega trmica, espessura da camada, largura do

    cordo e o controle do pr-aquecimento e temperatura interpasses.

    O armazenamento e manuseio do material de soldadura deve ser o mesmo que durante a

    produo.

    2.6. Melhoria das Juntas Soldadas Fadiga

    A fadiga em estruturas soldadas quase exclusivamente restrita soldadura das diversas

    partes de uma estrutura [21].

    As soldaduras inevitavelmente contm defeitos. Estes defeitos podem ser divididos em dois

    tipos:

    1. Concentradores de tenses

    2. Ncleos potenciais de iniciao de fendas (Crack nuclei)

    Os defeitos mais importantes como concentradores de tenses so os ngulos dos cordes

    formado entre este e a base, bordos queimados e defeitos de raiz, ver Figura 2.10.

    Um ncleo de fenda um defeito em forma de fenda, que depois de sujeito a um pequeno

    nmero de ciclos de carga comea a propagar-se em fenda [22].

  • 22

    Os ncleos mais importantes de fendas so:

    1. Falta de fuso/penetrao

    2. Incluses microscpicas de escria e entalhes

    As incluses de escria tm uma profundidade tpica e mxima de aproximadamente 0,05

    mm e 0,2 mm, respectivamente. Eles esto situados na transio do material base/ metal

    depositado na parte inferior do bordo queimado ver Figura 2.10. Estes ncleos

    microscpicos de fendas esto presentes no ngulo formado entre o cordo e o material

    base. A qualidade da soldadura influencia a concentrao de tenses e a quantidade de

    outros ncleos de micro fendas presentes.

    Para aumentar a resistncia fadiga da junta soldada, existem duas opes.

    1. Melhorar a geometria da junta de modo a obter um raio maior e uma transio suave

    entre o cordo de soldadura e o material base. Suavizar o ngulo do cordo de

    soldadura, melhora a vida fadiga.

    2. Introduzir tenses de compresso na regio dos defeitos; uma fenda s se propaga

    sob o efeito de tenses de traco.

    H uma srie de mtodos de ps-tratamento, onde esses mecanismos esto envolvidos

    isoladamente ou em combinao. O mais prtico , esmerilagem, martelagem e a fuso pelo

    processo TIG (TIG-dressing) [23;24] da transio entre o cordo e o material base.

    Figura 2.10: Descrio esquemtica dos detalhes de uma soldadura que influenciam a fadiga

    Esmerilagem o mtodo mais utilizado actualmente. Uma correcta esmerilagem envolve a

    limagem da transio entre a soldadura e o material base (weld toe) tal que as micro-fissuras

  • 23

    e incluses de escria so removidas. Ao mesmo tempo criada, uma transio mais suave,

    com um maior raio.

    Os bordos queimados devem ser esmerilados at cerca de 0,5 mm de profundidade a chapa,

    a fim de garantir que todas as origens de tenses foram removidas.

    Martelagem um processo de trabalho a frio em que uma ferramenta como um martelo

    pneumtico com uma ponta arredondada usado para encalcar a zona de transio entre o

    metal depositado e o material base ver (Fig. 2.11). Desta maneira, so introduzidas tenses

    de compresso e a iniciao de fendas retardada. Isto funciona muito bem at que a junta

    soldada seja sobrecarregada, onde o estado das tenses de compresso eliminado. Os

    resultados do processo de martelagem so quase impossveis de verificar e existem

    problemas ambientais associados martelagem como o rudo. (2.12 e 2.13)

    a) b)

    Figura 2.11: Martelo pneumtico a) e orientao da ponteira b)

    Para se garantir a correcta aplicao da martelagem necessrio realizar uma primeira

    inspeco visual [25].

    Figura 2.12: Aspecto do cordo de soldadura antes da Figura 2.13: Profundidade das indentaes martelagem a) e aps a martelagem b) provocadas pela martelagem

  • 24

    TIG dressing um mtodo relativamente novo. A tocha TIG usada para refuso do metal

    depositado na concordncia do cordo de soldadura sem o uso de material de adio (Fig.

    2.14) [26].

    Figura 2.14: Macros de juntas soldadas a) como soldado b) TIG dressed

    Desta forma, obtida uma transio muito lisa e fina entre o metal depositado e o metal de

    base, ao mesmo tempo, as incluses de escria presas so libertadas e podem flutuar at a

    superfcie.

    O processo TIG mtodo prefervel dos trs no que diz respeito higiene ambiental e

    facilidade de execuo e inspeco. As vantagens ambientais da soldadura TIG sobre

    esmerilagem so bvias.

    A acessibilidade muito boa. Em princpio, a soldadura TIG pode ser feita em qualquer

    local onde for possvel soldar. Os resultados so muito fceis de verificar, atravs de

    inspeco visual.

    Tratamento de Impacte por Ultra-sons (UIT-Ultrasonic Impact Treatment) uma tcnica

    de tratamento de alvio de tenses [27] que modifica as propriedades fsicas e metalrgicas

    da soldadura. Esta tecnologia baseada na utilizao de um transdutor ultra-snico para a

    converso de oscilaes harmnicas de energia elctrica em impulsos fsicos na mesma

    frequncia. Estes impulsos transferem a energia da superfcie tratada atravs dos pinos de

    ao que so livres e movem-se axialmente entre o transdutor e a superfcie. O objectivo do

    tratamento introduzir tenses residuais de compresso benficas nas zonas da

    concordncia da soldadura para reduzir as tenses induzidas pela soldadura, melhorando o

    perfil da mesma (Fig. 2.15 e 2.16).

    a) b)

  • 25

    Figura 2.15: UIT equipamento Figura 2.16: Pinos do UIT equipamento

    Vrios investigadores tm demonstrado a tecnologia do UIT e os resultados dos testes de

    fadiga indicam que o desempenho fadiga de juntas soldadas melhora substancialmente

    aps o tratamento UIT.

    O equipamento composto por uma ferramenta manual que contm os pinos e uma caixa

    electrnica de controlo (fig. 2.15). A frequncia do movimento da cabea cerca de 27kHz.

    O rudo insignificante comparado com a de outros dispositivos de martelagem.

    2.6.1. Tratamento Trmico de Alivio de Tenses

    Os aos EHS e juntas soldadas apresentam um grau de dureza suficiente para serem

    utilizados em componentes altamente carregados, em geral, sem necessidade da realizao

    de tratamento de alvio de tenses [3].

    Em geral, a temperatura do alvio de tenses mais elevada deve ser de 40 Kelvin abaixo da

    temperatura de tmpera. Esta temperatura de tmpera parte integrante do certificado de

    fabrico emitido pelo fabricante. O tempo de patamar quando recozido no deve exceder 60

    minutos. Se forem prescritos longos tempos de patamar, a temperatura de alvio de tenses

    deve ser ainda mais reduzida em relao temperatura de tmpera. Em especial, quando o

    nvel de tenses residuais dos componentes alto e a espessura elevada, devem ser

    tomados cuidados para evitar diferenas de temperatura muito pronunciadas no componente,

    a quando do aquecimento para o recozimento [28].

  • 26

    3. Problemas de Soldabilidade dos Aos EHS

    3.1. Fissurao a Frio

    Como com todos os aos de alta resistncia, temperado e revenido ou aos estruturais de

    gro fino, os aos EHS 690 so tambm susceptveis fissurao pelo hidrognio na zona

    da soldadura.

    A fissurao pelo hidrognio tambm conhecida como fissurao a frio [29]. Ambos os

    nomes se referem s caractersticas do fenmeno. Fissurao a frio indica que a fissurao

    ocorre normalmente quando a soldadura arrefeceu, ou, s vezes, durante o arrefecimento at

    temperatura ambiente. Fissurao pelo hidrognio refere-se presena de hidrognio

    envolvido no processo, tem incio no metal depositado (especialmente para consumveis

    com um limite elstico acima dos 600N/mm2), bem como na zona afectada pelo calor

    (ZAC), ver figura 3.1, para os tipos mais comuns de fissuras.

    As fendas de hidrognio so orientadas transversalmente s tenses de traco mximas.

    Da, elas serem geralmente orientadas transversalmente ou longitudinalmente junta

    soldada. Quanto maior a resistncia do material, o mais comum a orientao transversal.

    Este tipo de fendas normalmente ocorre no prazo de 48 horas aps a soldadura e isso deve

    ser levado em conta quando da inspeco de fendas.

    Figura 3.1: Fendas induzidas pelo hidrognio na ZAC do cordo de ngulo e na junta topo a topo

    A Fissurao a frio constitui, sem dvida, uma das maiores dificuldades sob o ponto de vista

    de soldabilidade metalrgica, surgidas na soldadura dos aos ao carbono, carbono-mangans

    e baixa liga.

    A fissurao a frio ocorre essencialmente de trs formas, como se ilustra na figura 3.2 sendo

    uma orientao longitudinal e aparecendo geralmente na ZAC

  • 27

    Figura: 3.2 Tipos de fissurao a frio

    A fissurao a frio ocorre quando coexistem em simultneo os seguintes factores:

    Hidrognio no material depositado

    Elevado nvel de tenses na junta

    Microestruturas duras e frgeis, como sejam martensites

    Um aumento do teor dos elementos de liga, a espessura da chapa e o teor de hidrognio,

    aumenta o risco de fissurao a frio. Um aumento da entrega trmica, pelo contrrio, reduz

    o risco de fissurao a frio [30;31] uma vez que a velocidade de arrefecimento menor.

    O hidrognio introduzido durante o processo pode ter vrias fontes:

    Produtos de combusto na soldadura

    Produtos de decomposio de revestimento celulsicos de elctrodos em soldadura

    por arco elctrico

    xidos hidratados

    Humidade ou gorduras na superfcie das peas ou dos elctrodos

    Humidade nos fluxos

    Presena de hidrognio no material base ou nos gases de proteco.

    Normalmente, a influncia da composio qumica na susceptibilidade ao endurecimento ou

    ao comportamento da fissurao a frio dos aos caracterizada por meio do carbono

    equivalente "Ceq" [32]. A equao do Ceq baseada na experincia e dados que so,

    principalmente, mas no exclusivamente, para aos de baixo liga e de alta resistncia como

    os aos EHS 690. Um valor elevado indica um aumento da susceptibilidade fissurao

    pelo hidrognio. Um aumento da espessura da chapa aumenta o risco de fissurao a frio.

    Ceq=1556

    NiCuVMoCrMnC

    (3)

    Tipos de