alexander fleming e sua obstinação pela cura de milhões

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MUNDO Alexander Fleming e sua obstinação pela cura de milhões www.graacc.org.br O GRAACC - Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, é uma institui- ção sem fins lucrativos, que garante à crianças e adolescentes com câncer, o direito de alcançar todas as chances de cura com qualidade de vida, dentro do mais avançado padrão científico. de Londres. Ao graduar-se, tornou-se professor de bacteriologia e assumiu um posto de pesquisa na Escola Médica do Hospital Saint Mary. Passava a maior parte de seu tempo no laboratório e conseguiu prosseguir com seus estudos mesmo durante a I Grande Guerra, atuando como membro do Cor- po Médico do Exército Real. Inconfor- mado com o alto índice de soldados mortos por ferimentos infeccionados, Fleming começou a questionar a efetivi- dade do tratamento de tecidos doentes ou danificados, com os anti-sépticos que estavam sendo usados. Realizou testes brilhantes onde demonstrou que os anti-sépticos mais prejudicavam do que ajudavam, já que matavam células do sistema imunológico, facilitando ainda mais o aumento da infecção. Com o fim da guerra, voltou ao seu emprego na Escola Médica do Hospital Saint Mary e continuou estudando bac- teriologia. Seus principais objetivos, eram identificar algumas substâncias que pudessem combater as bactérias, sem danificar tecidos saudáveis ou en- fraquecer os mecanismos de auto- defesa do corpo. Em 1921, ele obteve um progresso importante: descobriu que as lágrimas humanas e o muco nasal, assim como as claras de ovos, conti- nham uma substância química seme- lhante, que dissolvia algumas bactérias. Ele chamou este novo antibiótico de lisozima e publicou diversos artigos sobre sua efetividade. Contudo, a maio- ria dos cientistas não deu muita atenção para estas descobertas. Fleming prosseguiu com suas pesqui- sas, mesmo com a falta de entusiasmo atribuída à sua descoberta. Certo dia, em 1928, ele estava em seu laboratório checando algumas culturas de bactérias, quando uma cultura em particular cha- mou sua atenção: ela permaneceu des- coberta, acidentalmente, por diversos dias e havia sido contaminada por um esporo de fungo, que penetrou através da única janela do laboratório. Fleming estava a ponto de lavar o prato quando percebeu algo incomum: na região ao No dia 6 de agosto de 1881, na pequena Lochfield, na Escócia, nascia Alexander Fleming. Filho de um pequeno fazen- deiro, foi criado na pequena proprieda- de da família, juntamente com seus sete irmãos. Era um aluno brilhante e perce- beu muito cedo, que seu país oferecia oportunidades limitadas para a sua car- reira. Mudou-se para Londres, na Ingla- terra, quando tinha treze anos, onde freqüentou uma escola politécnica e trabalhou como office-boy. Quando decidiu se tornar médico, ma- triculou-se na Escola de Medicina de Saint Mary, que, posteriormente, tor- nou-se parte da renomada Universidade 38 Alexander Fleming e a descoberta da penicilina. Divulgação Responsabilidade

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Matéria da revista “Meu sonho não tem fim” sobre o “grande sonhador” Alexander Fleming.

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Page 1: Alexander Fleming e sua obstinação pela cura de milhões

MUNDO

Alexander Fleming e sua obstinação pela cura de milhões

www.graacc.org.br

O GRAACC - Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, é uma institui-ção sem fins lucrativos, que garante à crianças e adolescentes com câncer, o direito de alcançar todas as chances de cura com qualidade de vida, dentro do mais avançado padrão científico.

de Londres. Ao graduar-se, tornou-se professor de bacteriologia e assumiu um posto de pesquisa na Escola Médica do Hospital Saint Mary.

Passava a maior parte de seu tempo no laboratório e conseguiu prosseguir com seus estudos mesmo durante a I Grande Guerra, atuando como membro do Cor-po Médico do Exército Real. Inconfor-mado com o alto índice de soldados mortos por ferimentos infeccionados, Fleming começou a questionar a efetivi-dade do tratamento de tecidos doentes ou danificados, com os anti-sépticos que estavam sendo usados. Realizou testes brilhantes onde demonstrou que os anti-sépticos mais prejudicavam do que ajudavam, já que matavam células do sistema imunológico, facilitando ainda mais o aumento da infecção.

Com o fim da guerra, voltou ao seu emprego na Escola Médica do Hospital Saint Mary e continuou estudando bac-teriologia. Seus principais objetivos, eram identificar algumas substâncias que pudessem combater as bactérias,

sem danificar tecidos saudáveis ou en-fraquecer os mecanismos de auto-defesa do corpo. Em 1921, ele obteve um progresso importante: descobriu que as lágrimas humanas e o muco nasal, assim como as claras de ovos, conti-nham uma substância química seme-lhante, que dissolvia algumas bactérias. Ele chamou este novo antibiótico de lisozima e publicou diversos artigos sobre sua efetividade. Contudo, a maio-ria dos cientistas não deu muita atenção para estas descobertas.

Fleming prosseguiu com suas pesqui-sas, mesmo com a falta de entusiasmo atribuída à sua descoberta. Certo dia, em 1928, ele estava em seu laboratório checando algumas culturas de bactérias, quando uma cultura em particular cha-mou sua atenção: ela permaneceu des-coberta, acidentalmente, por diversos dias e havia sido contaminada por um esporo de fungo, que penetrou através da única janela do laboratório. Fleming estava a ponto de lavar o prato quando percebeu algo incomum: na região ao

No dia 6 de agosto de 1881, na pequena Lochfield, na Escócia, nascia Alexander Fleming. Filho de um pequeno fazen-deiro, foi criado na pequena proprieda-de da família, juntamente com seus sete irmãos. Era um aluno brilhante e perce-beu muito cedo, que seu país oferecia oportunidades limitadas para a sua car-reira. Mudou-se para Londres, na Ingla-terra, quando tinha treze anos, onde freqüentou uma escola politécnica e trabalhou como office-boy.

Quando decidiu se tornar médico, ma-triculou-se na Escola de Medicina de Saint Mary, que, posteriormente, tor-nou-se parte da renomada Universidade

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Alexander Fleming e a descoberta da penicilina.

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Responsabilidade

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“As atitudes são muito mais importantes do que os fatos”.

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redor do fungo, as bactérias haviam desaparecido por completo. Nas outras partes do recipiente, porém, continua-vam crescendo.

Fleming ficou intrigado – talvez tivesse chegado a uma maravilhosa descoberta. Ele, imediatamente, começou a produ-zir mais fungos para que pudesse con-firmar sua descoberta acidental. Após oito meses ele concluiu que, o fungo continha uma substância poderosa, à qual denominou “penicilina”, devido ao fungo Penicillium Chrysogenum Nota-tum, do qual as bactérias se originaram.

Após conduzir novos testes, ele desco-briu que a penicilina não era tóxica. No entanto, o fungo era extremamente difí-cil de ser cultivado em laboratório e sem grandes investimentos para novas pesquisas, apenas pequenas quantidades da substância poderiam ser produzidas. Fleming precisava de grandes quantida-des para conseguir tratar alguém que estivesse, realmente, doente e demons-trar que era eficaz como antibiótico.

Alguns anos mais tarde, durante a II Grande Guerra, vítimas e doenças resul-tantes deste conflito, exigiam novos remédios para o combate de infecções por ferimentos. Em 1938, na Universi-dade de Oxford, Howard W. Florey, patologista australiano, pesquisava re-gistros médicos relacionados a infec-ções, quando leu um artigo de Fleming sobre a penicilina e foi visitar o esco-cês, que lhe entregou uma amostra que havia conservado em seu laboratório.

Florey iniciou um projeto com Ernest Chain, um químico fugitivo da Alema-nha nazista, verificando as observações de Alexander Fleming, porém, assim como ele anos antes, não conseguiram arrecadar fundos da Universidade de Oxford para pesquisas adicionais e re-correram aos Estados Unidos, onde obtiveram apoio técnico e financeiro. Em um laboratório, no Estado america-no de Illinois, cientistas britânicos e americanos descobriram um novo méto-do de crescimento do fungo, que produ-zia 200 vezes mais penicilina por litro que o antigo. Em 1940, fábricas ingle-sas e americanas já produziam bilhões

de unidades de penicilina.

Apesar da produção inicial ter sido re-servada para militares, a penicilina tor-nou-se disponível para a população civil em 1944. Fleming e Florey foram cele-brados pela descoberta e em 1945, jun-tamente com Chain, receberam o Prê-mio Nobel de Medicina, porém, jamais beneficiaram-se financeiramente com a venda da substância.

Alexander Fleming doou todo dinheiro que recebia para patrocinar estudos médicos. Por ter sido o primeiro a des-cobrir a penicilina, tornou-se uma cele-bridade internacional, porém, foi sem-pre muito modesto, admitindo que ou-tros cientistas haviam tido papel essen-cial na descoberta. Apesar de sua cres-cente fama, continuou conduzindo o

O nobre e o granjeiro

Era uma vez, um granjeiro escocês muito pobre que se chamava Fleming. Certo dia, quando estava trabalhando na lavoura, ouviu gritos que vinham de um pânta-no ali perto, largou tudo e correu para lá. Encontrou um rapaz enterrado num charco, lutando desesperadamente para não afundar. O granjeiro pegou a mão do rapaz, salvando-o assim, do que poderia ter sido uma morte lenta e dolorosa.

No dia seguinte, parou na porta de sua pequena casa uma carruagem, de onde saiu um homem elegante, que se apresentou como pai do rapaz salvo.

- Quero recompensá-lo, disse o nobre. O senhor salvou a vida do meu filho.

- Não, não posso aceitar pagamento pelo que fiz, discordou o escocês.

Neste momento o filho do granjeiro veio até a porta da casa e o nobre perguntou:

- É seu filho?

- Sim, disse o granjeiro orgulhosamente.

- Então proponho um trato. Permita-me proporcionar à seu filho o mesmo nível de educação do meu próprio filho. Se o rapaz se parecer com o pai, não tenho dúvi-das de que crescerá e se tornará um homem do qual nos orgulharemos muito.

O granjeiro aceitou.

Fleming freqüentou as melhores escolas e se graduou na “Saint Mary’s Hospital Medical School”, em Londres. Nas suas pesquisas, em 1928, descobriu a Penici-lina. Foi professor da Saint. Mary’s Medicine School, sendo reconhecido como Professor Emérito da instituição. Tornou-se Sir Alexander Fleming, bacteriologista escocês e vencedor do prêmio Nobel de 1945, em fisiologia e medicina.

Anos depois, o filho do mesmo nobre esteve doente, com pneumonia e o que salvou sua vida foi a Penicilina. O nome do nobre senhor, era Lord Randolph Churchill e seu filho, salvo pelo granjeiro Fleming, se chamava Sir Winston Chur-chill, primeiro-ministro do Reino Unido e maior líder britânico do século XX.

maior número de estudos possível em seu laboratório. Seus esforços eram no intuito de descobrir a capacidade de combater bactérias por outros métodos.

Alexander Fleming morreu de ataque cardíaco em 11 de março de 1955, na cidade de Londres, deixando-nos um legado de simplicidade, desprendimento e uma das mais importantes descobertas em toda a história humana, que trouxe um benefício, incalculável, para toda a humanidade e foi a responsável direta pela cura de milhões de pessoas com infecções bacterianas.