alcoforado, o instituto da responsabilidad e a exploração de petroleo em Águas profundas

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 E CONOMIC A NALYSIS ISSN 1022-4057 Português English Español www.ealr.com.br L  A W R EVIEW  OF

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ISSN 1022-40

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ECONOMIC A NALYSIS OF L AW REVIEW 

EALR , V. 1, nº 2, p. 305-323, Jul-Dez, 2010

Resumo:

Este trabalho discute novos condicionantes da gestãoempresarial ambiental das atividades estabelecidasna fronteira da inovação científico-tecnológica,com base no acidente da British Petroleum (2010).

 Aponta-se a lacuna institucional que incentivou aBP a distanciar-se e descuidar-se de obrigações legaisrelativas à responsabilidade civil, bem como novos

elementos para o preenchimento desta lacuna. Porfim, chama-se atenção para outras possíveis estratégiasde enfrentamento dos problemas institucionaise organizacionais a partir dos novos regimes depropriedade comum; de financiamento a pesquisas &desenvolvimento e das novas formas de organizaçãoda produção estabelecidas a partir dos conceitosextraídos da echno-Economic Paradigms.

Palavras-chave: Incerteza, Responsabilidade,Fronteira ecnológica.dos Santos1

 Abstract:

Tis paper discusses new constraints of corporaenvironmental management established on tfrontier of scientific and technological innovatibased on the British Petroleum accident (2010Te institutional gap that encouraged BP to adoppipeline of uncertainty, moving away and neglectilegal obligations related to liability is discussed,

well as the elements to fill this gap. Finally, will called attention to other possible coping strategies institutional and organizational problems as from tnew common property regimes; for funding resear& development and new forms of organization production from the established concepts from techno-Economic Paradigms.

Keywords: Uncertainty, Liability, Frontechnology.

O Instituto da Responsabilidade e aExploração de Petróleo em Águas Profundas

Ihering Guedes AlcoforadoFaculdade de Ciências Econômicas – UFBA

 Ju liana Freitas de Cerqueira GuedesEscola Politécnica – UFBA

Rafael Sales RiosFaculdade de Ciências Econômicas – UFBA

Filipe Nunes Sena Sotero de MenezesInstituto de Geociências – UFBA

 JEL: K23, K32, P48

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O Instituto da Responsabilidade e a Exploração de

Petróleo em Águas Profundas

Te BP oil spill in the Gulf of Mexico is the latest of

several recent disastrous events for which the country,

or the world, was unprepared […] Why are we so ill Why are we so ill prepared for these disasters? 

Richard A. Posner (2010)

1. Introdução

Este trabalho introduz um conjunto de novos

condicionantes da gestão empresarial ambiental dasatividades estabelecidas na fronteira da inovaçãocientífico-tecnológica, onde se constrói não só ascondições de possibilidades de obtenção de lucrosacima do normal, mas também de ampliaçãoda participação em um mercado cada vez maiscompetitivo e exigente. A referência empírica é a criseinstitucional detonada com o acidente da BritishPetroleum - BP no Golfo do México de 20 de abril de

2010, a partir da qual se evidenciou uma grave lacuna jurídica que impedia o enquadramento legal dos seusefeitos, tanto na jurisdição norte-americana como na

 jurisdição internacional. O objetivo é extrair algumasvirtualidades das mudanças institucionais em cursonos Estados Unidos da América – EUA de maneiraa permitir traçar os contornos do novo quadronormativo que redefinirá as novas condições depossibilidades não só da gestão empresarial ambiental,mas principalmente da política ambiental. Com este

propósito o trabalho consta desta introdução maisduas partes e uma conclusão.

Na segunda parte, introduzimos a distinçãoentre risco e incerteza, para mostrar que a estruturainstitucional na qual se aninha a BP incentiva osagentes a operar em situações dominadas por riscose incertezas crescentes, ao mesmo tempo em que

configura uma lacuna jurídica.Na terceira parte, apresentamos as estratég

de enfrentamento dos desastres ambientais a partir experiência inglesa e americana, tendo como pano fundo as implicações do ponto de vista institucione organizacional.

Na conclusão, chamamos atenção para aspectos econômicos e políticos envolvidos tanna problemática como no seu equacionamentoterminamos chamando atenção que estamos diande uma questão que deve ser nacionalizada ao lon

da nossa discussão sobre o Pré-Sal.

2. Os riscos e as incertezas na frontei

tecnológica: o caso da exploração

petróleo nas águas profundas

2.1. A Superposição dos riscos e incertezas n

fronteira tecnológica 

Dos primórdios da industrialização arecentemente os riscos ficavam restritos ao âmbidas plantas (unidade de transformação) e das firm(unidade de controle), enquanto que as externalidadnegativas inerentes aos processos de produção eratransferidas para a sociedade, que, carente dos direitde propriedade sobre o meio ambiente assumiaos ditos custos externos, embora a resistênciaassumir tais danos tenha-se configurado no âmbi

 jurídico na esfera do direito da responsabilidasubjetiva e do direito de vizinhança. Neste contexo enfrentamento dos riscos era definido pela ciêncdos seguros, transferindo a exposição dos riscinternos ao negócio para agentes especializados.

Este quadro se alterou por meio de duinovações: uma deu-se a partir do momento eque a sociedade conquistou direitos coletivos sob

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o meio ambiente e a outra se revelou quandoPigou evidenciou que as externalidade eram uma

falha de mercado que precisava ser corrigida pormeio de uma ação estatal. Com o novo quadro seestabeleceu as condições para internalização dasexternalidades, tanto para os economistas por meiodos instrumentos econômicos, como para os juristasatravés da responsabilidade objetiva. No primeirocaso aninhado na regulação e política ambiental e nosegundo no âmbito do direito ambiental.

O novo campo das políticas ambientais

na sua primeira fase assumiu a forma de comandoe controle, para logo em seguida se estruturar pormeio de instrumentos econômicos baseados nomercado, quer de forma direta via a tributação para-fiscal pigouviana, aquela que é concebida tendo emmente não o financiamento das atividades estatais,mas principalmente o condicionamento da condutaambiental dos agentes econômicos; quer de formaindireta por meio da criação de novos mercados paraas externalidades negativas, a partir de mudançasinstitucionais materializadas no redesenho dosdireitos de propriedade e da responsabilidade, pormeio do que se pretende alinhar os interesses dosagentes econômicos com a sustentabilidade ambientaldos processos econômicos.

Mas a despeito destes avanços, estabeleceu-se a hegemonia da responsabilidade civil limitada,a partir do qual se instituiu um mecanismo deincentivo às firmas expostas as incertezas manifestas

na fronteira tecnológica, a exemplo do que eacontece com a indústria de prospecção e exploraçãode petróleo que opera em águas profundas, e quetem sua justificativa econômica estabelecida porFranz Knight, ao justificar os lucros externos pormeio dos riscos e das incertezas assumidas pelosagentes econômicos seu argumento é desenvolvido

em duas etapas: a primeira consiste na diferenciaçdo risco da incerteza, a partir da associação do ris

a aleatoriedade mensurável dos eventos futuros, seja, pode ser usada alguma função de distribuição probabilidade capaz de descrever o valor dos eventfuturos, já a incerteza, é vinculada a aleatoriedanão mensurável dos eventos futuros. Na segunetapa, busca fundamentar que as situações de riscasseguram apenas os lucros normais, enquanque as situações de incerteza criam as condições possibilidades de obtenção de lucro acima do norm

e estabelece a justificativa econômica canônida operação em situações perigosas e, portantvulneráveis aos desastres (resultados de eventadversos, naturais ou provocados pelo homemsobre um ecossistema vulnerável, causando danhumanos, materiais e/ou ambientais e consequentprejuízos econômicos e sociais.) e catástrofes (é udesastre de grandes proporções, envolvendo alnúmero de vítimas e/ou danos severo) intrínsecosoperações em tais situações (Brasil, 2009), a exempdo que ocorreu com a British Petroleum.

 A relevância econômica do acidente Golfo do México encontra-se não só no montandos prejuízos, mas principalmente por evidenciar causas e conseqüências dos mecanismos institucionque incentivam a operação em uma situação certeza gerada pela capacidade de operar na frontetecnológica, situação esta almejada por muitas dgrandes organizações inovadoras que se orgulham

estruturarem seus processos na fronteira tecnológicna busca de lucros excepcionais por meio exploração das possibilidades em latência na frontetecnológica. Sendo a indústria de prospecção e exploração de petróleo um exemplo emblemátide um setor que adota tal posicionamento e qual se sobressai a própria Bristish Petroleum  e

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PEROBRAS.Em função do exposto acima, a análise a seguir

pode ser considerada como parte de uma reflexãomais ampla sobre as implicações das mudançasinstitucionais em curso na definição das estratégiasdas empresas e do governo diante das atividadesposicionadas na fronteira tecnológica, e visa chamaratenção para a interdependência entre a política deregulação ambiental e a estratégia empresarial, já queé por meio do ambiente institucional que materializaa política ambiental que se cria as condições de

possibilidades de obtenção de lucros explorando aspossibilidades em latência na fronteira tecnológica.É necessário ter em conta que a revelação da

lacuna institucional que até então funcionava comoum mecanismo de incentivo à exposição às situaçõesde incertezas tecnológicas que contribuíram nacriação das condições para o desastre aludido provocauma reação emocional que estimula o recurso adeterminadas heurísticas no processo decisóriocujo resultado não é necessariamente o melhor paraa sociedade. E, se levarmos em conta a história dapolítica ambiental norte-americana, temos que ficaratentos as implicações não intencionais das mudançasem curso (Sunstein, 2006).

2.2. A Crise e as Lacunas Jurídicas

Como já nos referimos acima, o ambienteinstitucional das firmas que exploram possibilidades

em latência na fronteira tecnológica na buscade lucros extras revelou-se portador de “lacunas

 jurídicas”, as quais podem ser justificadas a partirde diferentes perspectivas todas elas dependentesdo aumento dos riscos e incertezas. Esta tendência ébem sinalizada por meio da sociologia dos riscos que,por meio de Ulrich Beck, um dos seus representantes

emblemático, considera que a própria etapa modernidade em curso, a modernidade reflexiv

caracteriza-se pelo aumento das situações de risce incertezas manufaturadas em velocidade crescen(Beck, 2006).

No âmbito jurídico, Richard Posner, udos lideres da Análise Econômica do Direito, tendcomo pano de fundo a problemática dos riscosincerteza generalizada, mas focado no acidente Golfo do México, sistematiza alguns insights qnos permite argumentar que a paralisia políti

resultante do que chamamos de lacuna jurídica deve a três circunstâncias institucionais. A primecircunstância é que a responsabilidade limitaagregada a um teto, a exemplo do que acontecia nEUA, incentiva os executivos das firmas assumireos improváveis gastos no futuro com a indenizaçdos danos ambientais, em vez dos gastos certos coa prevenção no momento presente, em função disse expõe as situações de incerteza já que o beneficliquido no curto prazo da empresa tende a smaior e, com ele, a remuneração dos executivos. segunda circunstância é que o horizonte tempodos tomadores de decisão tanto no âmbito Estado como da firma é curto, donde não exisnenhum incentivo em se assumir os ônus de umpolítica preventiva, sabendo-se que os bônus serapropriados por outros. A terceira circunstância édificuldade quando não a impossibilidade do atracional decidir e implementar políticas, diante

incertezas, isto é, quando nenhuma probabilidapode ser associada ao evento (Posner, 2010).

Ou seja, para Richard Posner, o ambieninstitucional diante da situação em tela induzoperar com incertezas em função de um conjunde “lacunas jurídicas” no ambiente legal nortamericano. Lacunas que no nosso entendimen

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se manifestam tanto no âmbito dos direitos depropriedade como na esfera da responsabilidade

civil, as quais são naturalmente imbricadas. A falhana proteção adequada dos direitos de propriedade,no caso os “direitos difusos ou coletivos” – cuja tutela

 jurisdicional é invocada contra violações de caráteressencialmente coletivo, envolvendo grupo, classee coletividades – se revela diante de uma lacuna noinstituto da responsabilidade pelas externalidadesnegativas da ação empresarial, já que é, como nosreferimos acima, restrita a pessoa jurídica da firma e

limitada por um teto.Mas não se deve desconsiderar que estamosdiante de um regime que potencializa a inclinaçãonatural do sistema de mercado que, como bemdestacou Knight (2006), incita as empresas aoperarem não só em situações de risco, mas tambémde incerteza, se querem obter lucros acima do normal.Incentivo este que no caso em tela, é ampliado quandonão se responsabiliza tais empresas da totalidadedos danos causados pelos acidentes e catástrofes, aoestabelecer uma responsabilidade limitada (limitaa responsabilidade dos sócios-proprietários comas dividas de suas empresas ao atual valor da suaparticipação) a partir de um teto irrisório.

Em função disto, estamos diante de modeloinstitucional de prospecção e exploração de petróleoque incentiva as empresas a se exporem as situações deincertezas, já que os improváveis custos decorrentesde conseqüências não desejáveis (externalidades

negativas) são possíveis de ser transferidos à sociedade,em função da sua responsabilidade limitada erestrita.

Este ambiente institucional que incita agestão ambientalmente irresponsável será detalhadaa seguir por meio de uma apresentação dosmecanismos que estimulou a exposição ao risco

e à incerteza e que induziu os agentes a operarenuma situação que favoreceu o acidente do Gol

do México. Inicialmente, mostrando como esambiente institucional é vinculado a um arranorganizacional que incentiva os agentes operarecom alta exposição aos riscos e incertezas, na busca altos lucros, como inviabiliza, por meio da assimetdas informações, a ação estatal via a regulação epolítica ambiental especifica. Em seguida, faz-se uparalelo entre a estratégia adotada pela Inglaterrapelos Estados diante dos desafios postos pelo aciden

com a Plataforma Piper Alpha no Mar do Nortepelo acidente do Golfo do México.

3. As estratégias de enfrentamento dos desastr

ambientais

Nesta parte, vamos tratar da demanda

mudanças organizacionais e institucionais necessárà mobilização de recursos para o avanço da P & no campo, tendo em conta a eliminação das falhde mercado vinculadas às externalidades e tambéaquelas outras falhas associadas às assimetrias informações. Assim sendo, e tendo como pano fundo a representação da problemática ambienda indústria de prospecção e exploração de petrólcomo um conjunto de falhas de mercado provocadpelas externalidades e pelas assimetrias de informaçõ

tomamos como foco empírico deste trabalho iniciativas que se seguiram ao desastre no Goldo México quando durante a reação do goveramericano se anunciou um novo regime regulatórda indústria de prospecção e de exploração petróleo. E, para tanto, a reação política do governamericano será cotejada com a reação britâni

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que seguiu ao desastre da Plataforma Piper Alpha ,e tem como objetivo marcar suas especificidades e

apresentar diferentes alternativas de enfrentamentoao problema ambiental do setor.

3.1. A problemática ambiental como falhas de

mercado

3.1.1. O ambiente institucional

 A seguir vamos mostrar de forma estilizada

o ambiente institucional e o arranjo organizacionalcom que opera o negócio de prospecção e exploraçãode petróleo em águas profundas, mostrando comoele incitou a produção de externalidades negativas,ou seja, de transferência de partes de seus custos paraa sociedade via o meio ambiente por meio de umalacuna jurídica que se expressa tanto no âmbito dos i)direitos de propriedade como da ii) responsabilidadecivil ambiental para tornar plausível a hipótese que as

atividades de prospecção e de exploração se inseremem um ambiente institucional que desestimulaa internalização das externalidades, em funçãoda ausência dos direitos coletivos plenos e da sualimitação por meio de uma responsabilidade limitadaque estabelecem as indenizações. Eliminando assim,as condições institucionais necessárias à indenização,ao mesmo tempo em que institui um incentivo paraque as empresas operem orientadas por um conceitode eficiência privada que se revela ineficiente do

ponto de vista social.Nesta direção retomamos o argumento

segundo o qual as externalidade desde sempre atraiuas atenções dos juristas que a tratavam no âmbito dodireito da vizinhança e da responsabilidade subjetiva,e que só recentemente com o reconhecimento danatureza perigosa dos sistemas sócio-técnicos e

com a ampliação da escala espacial e temporal dexternalidades, os juristas renovaram suas reflexõ

sobre a questão.Um exemplo deste esforço no âmbito jurídi

é o que considera a ação econômica transformadoda natureza como uma ação sobre um microbeque visa à produção de mercadorias valorizadas pemercado (no caso o petróleo) com implicações nmacrobem. Nesta ótica quando se diz que toser humano tem o direito a um meio ambienecologicamente equilibrado é o macrobem ambien

que se tem em mente como condição de primeordem. Os microbens podem ser apropriadosendo a forma de internalização do recurso naturcomo um fator de produção, pela firma e nafetar a vida de nenhum outro agente caso não haexternalidades. O macrobem é um direito coletivodifuso, não cabendo a ele a rivalidade e exclusividade um bem privado – quando isso ocorre, configurse um dano ambiental, associado à externalização algum custo externo. A partir destas delimitaçõpodemos caracterizar, de forma extrema, que as açõempresariais de transformação da natureza, ou seas realizadas no âmbito da planta, com seus risce incertezas configura uma ameaça ao macrobeambiental, por meio da sua interferência no equilíbrexistente, quando exploram da natureza os microbeessenciais para a manutenção do equilíbrio ecológicEm outras palavras, do ponto de vista do direito dano ambiental no caso é associado aos risc

ambientais que expõe a integridade do macrobeambiental, atingindo direitos coletivos ou difusos.

Isto posto, neste caso admite-se que catástrofe pode ser representada como uma ruptudo equilíbrio do macrobem ambiental por medas ações humanas sobre os microbens ambientaIsto porque, quando uma firma exerce seu direi

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de propriedade sobre um microbem ambiental,como o poço de petróleo, por exemplo, ela possui

o direito de prospectar, explorar e vender nomercado, restringidos por determinadas normase leis estabelecidas pelo Estado, como qualquerfator de produção. Desta forma, a ação empresarialestabelecida sobre o microbem pode ser aninhada emregimes privatísticos ou publicísticos de propriedade,induzindo ou não à internalização das extenalidadesgeradas por sua produção.

Enquanto que para os economistas só na

primeira metade do século passado as externalidadespassaram a ser consideradas como um objetoeconômico, a partir do que se passou a considerara externalidade como uma interdependênciaestabelecida fora do mercado. Com Pigou, e suaescola da economia do bem estar, passou-se aconsiderar as externalidades como uma falha demercado que configura uma situação na qual se

 justifica a intervenção do Estado. Este interesse pelasexternalidades foi ampliado com aleitura RonaldCoase de Pigou, quando desvela as inconsistênciasdo argumento pigouviano que justificavam aintervenção exclusiva do Estado na internalizaçãodas externalidades, fundamentando todo umnovo universo de possibilidades de intervençõesprivadas formuladas no âmbito do estado, já queenvolve mudanças no regime de propriedade e daresponsabilidade, mas operada no âmbito privado(Coase, 1960).

Do ponto de vista econômico, asexternalidades sinalizam baixa produtividade porrefletir um desperdício de recursos e, do ponto devista social, uma ineficiência já que opera levandoo preço de equilíbrio estabelecido a partir do customarginal privado, desconsiderando o custo marginalexterno, configurando um desequilíbrio econômico

do ponto de vista do bem-estar social. As dificuldades de obtenção deste equilíbr

são de naturezas múltiplas. De um lado, temas empresas que, ancoradas no “capital soccorporativo” interage com o ambiente institucion(sobre o qual em algumas situações exerce influêncdefinindo, a partir do regime de propriedade e responsabilidade sua fronteira de possibilidades produção e em decorrência o nível mais eficiente dsuas operações. Neste tipo de ação é central o “capisocial corporativo” composto i) do capital corporati

competitivo vinculado à localização estrutuda firma no mercado imperfeito, ii) do capicorporativo político vinculado à institucionalizaçdas responsabilidades e obrigações das empresasiii) do capital corporativo cognitivo vinculado amodelos mentais e ao conhecimento tácito qdistribuído entre várias empresas são protegidos pmeio dos “segredos industriais” e mobilizados atravde redes atadas por meio dos contratos relacionais, quais sempre trazem as cláusulas de confidencialidae o estímulo à proteção do conhecimento. Atente-que o capital social corporativo da rede em conjuncom os recursos institucionais e conhecimentdetidos pela agência reguladora determina o ambieninstitucional e com ele a responsabilidade da indústpor suas ações (almud, 1999).

 A determinação deste ambiente passa de ulado, pelo direito de propriedade que uma firmpode possuir sobre um microbem ambiental, e,

outro, pelas responsabilidades que restringe o udeste direito de propriedade. E a compreensão dpossibilidades em latência neste universo institucionnão será obtida se não considerarmos que este direideve ser alterado em função de mudança no ambienexterno, tanto tecnológico como institucional, pmeio do que se demanda, de um lado, a ampliação

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a restrição de proteção sobre o macrobem ambiental,e, do outro lado, a redução ou ampliação do escopo

do exercício do direito sobre o microbem.Em função do exposto acima, entende-se

que a política ambiental pode avançar explorando aspossibilidades das mudanças institucionais que criamas condições de possibilidades para a ação empresarial,quer inibindo as ações de irresponsabilidade por meioda responsabilização das empresas que operam nafronteira tecnológica sobre os danos provocados aosdireitos de propriedade privados e coletivos, querem

incentivando essas mesmas empresas em P & Dfocada na redução e mitigação do impacto ambientalde suas atividades.

Ou seja, o problema atual com as atividadesrealizadas na fronteira tecnológica é que, quandona busca pela máxima eficiência produtiva, afirma ameaça a segurança do macrobem ambientalaproveitando-se de uma “lacuna institucional” eopera com ineficiência do ponto de vista social e quea solução para este problema técnico é de naturezainstitucional.

É neste contexto que após o evento noGolfo do México, a discussão sobre a exploraçãodos recursos naturais acendeu os sinais vermelhosem diversos países, tanto no âmbito dos efeitos dasatividades operadas na fronteira tecnológica, comoda necessidade de se repensar seu agasalhmentoinstitucional, de forma a enfrentar estas novasexternalidades. O fato é que, mais do que nunca,

precisamos de uma maior reflexão sobre a naturezadas nossas instituições, a exemplo do mercado, dogoverno e das empresas, tendo em vista revisitar as

 justificativas dos seus direitos e obrigações, os quaisestão longe de ser naturais, já que resultam de umaluta política movidas por valores e interesses quepermeiam a sociedade.

Neste sentido, o primeiro passo é revisitos argumentos que justificam que o Estado e su

agências devem operar baseado numa “obrigaçfiduciária”, da mesma natureza institucional, mcom conteúdo distinto da estabelecida entre acionistas e os administradores, só que no caso etela a delegação é feita pelo povo soberano para sgoverno (Eastrebrook & Fischel, 1991). Em funçdisto, o envolvimento das agências ambientais comsegurança ambiental e a qualidade de vida, não poser atropelado pelo simples discurso de crescimen

econômico, sem consideração com as novdemandas éticas muito conectadas com a defesa meio ambiente e da igualdade social materializanos novos direitos difusos.

Outro eixo desta reflexão dá-se em torno dfundamentos das obrigações fiduciárias das empresdiante dos riscos e das incertezas, problematizandovínculo exclusivo dessas obrigações com os acionistde forma a induzir que as empresas passem a considero risco ambiental como um dano para a sociedade,assim, tornando sua redução uma obrigação comsociedade, e que deve ser cumprida por meio das suestratégias empresariais.

Isto porque a mitigação deste tipo de danrespeitando as condições de equidade socioambiene eficiência econômica, é essencial para a melhora bem-estar social e da preservação do nosso planepara as futuras gerações, mas principalmente porqusociedade avança seus direitos sobre o meio ambien

orientada pela busca da dita equidade inter-geracionque é, em parte, protegida e implementada por medos direitos difusos.

Diante desta nova realidade, tornse necessário uma revisão dos fundamentos ação empresarial passando a levar em conta: i)responsabilidade jurídica como um mecanismo

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internalização das externalidades negativas e, ii) oprincípio da precaução, como os novos condicionantes

das estratégias empresariais. Mas, para tanto se tornanecessário assimilar este novo ambiente institucionale desenvolver novos arranjos organizacionais e novasestruturas de governança, o que não deve ser feitosem uma compreensão dos seus impactos a nívelmicro e macro, no que pode ser de grande utilidadeuma análise custo-beneficio, o que será objeto de umtrabalho futuro

Enfim, a verdade é que se os riscos e as

incertezas que envolviam a exploração de petróleopor parte da BP no Golfo do México tivessemsido inseridos num ambiente institucional quedeterminasse a internalização dos danos por meio daresponsabilidade ilimitada pro rata , esta organizaçãoteria agido no sentido de maximizar seu retornonuma posição de menor exposição às incertezas,adotando uma estratégia de reduzir a vulnerabilidadee aumentar sua resiliência.

3.1.2. O arranjo organizacional

Outra dimensão da problemática ambientalassociada ao acidente do Golfo do México se revelano arranjo organizacional padrão do setor. E é como propósito de desvelar os mecanismos econômicosinternos do arranjo organizacional adotado pelaindústria de prospecção e exploração de petróleoque recorremos às teorias da corporação, as quais

se revelam ao longo do tempo por meio de quatroversões: i) a teoria agregada (aggregate theory ) concebea corporação como um agregado de seus membros eacionistas, ii) a teoria da entidade artificial (artificialentity theory ) considera a corporação como umcriatura do Estado, iii) a teoria da entidade real(real entity theory ) considera a corporação não como

um somatório dos seus membros, nem como uuma extensão do Estado, mas como uma entida

autônoma controlada por seus gestores e iv) a teodos nexus de contratos (Avi-Yonah, 2005).

Estas quatro versões sempre vêm à tona nmomentos de mudanças intensas, que, em funçde novas demandas se problematiza as formas organização até então existente, a exemplo do qfaremos a seguir tendo como referência a indústde prospecção e exploração de petróleo que mostpublicamente como uma entidade real, na verda

se articula como uma entidade virtual, já que caracteriza por apresentar um arranjo organizacionancorado num nexo de contratos. Com este propósia seguir revisitamos a dinâmica histórica apresentapelas formas de organização referidas acima, tencomo pano de fundo as diferentes alternativas configuração da responsabilidade.

Neste contexto, chamamos atenção pauma espécie de trade off entre as diferentes visões corporação: a) entidade real, b) entidade artificial,entidade agregada, d) entidade contratual diante responsabilidade.

Nosso ponto de partida é que com consolidação da responsabilidade limitada fortalecese a visão da corporação como uma entidade real, mesmo tempo em que se enfraqueceu as visões corporação como i) uma entidade artificial e como entidade agregada. Enfraqueceu a visão da corporaçcomo uma entidade artificial em decorrência

processo de desregulamentação estatal e da retomada Lex mercatoria   que assegura as empresas muitdireitos vis-a-vis ao Estado. Enquanto que a visão corporação como uma entidade agregada enfraquecese como uma decorrência da sua indistinção entrecorporação e seus membros e acionistas, ou melhotornou-se implausível em função do aprofundamen

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e institucionalização da distinção entre a corporaçãoe seus entes componentes, de um lado, por meio da

separação entre a gestão e a propriedade que blindaa gestão cotidiana dos acionistas, e, do outro, via aresponsabilidade limitada, que blinda o patrimônio edireitos dos acionistas da responsabilidade corporativa(Avi-Yonah, 2005).

O recente declínio da visão da corporaçãocomo uma entidade real deve-se ao fato dascorporações cada vez mais se revelarem como entidadesvirtuais, ou seja, passam a se manifestarem como

entes resultantes de um nexu de contratos, um termolegal por assim dizer, para uma série de unidades decustos/lucros (a exemplo das sociedades de propósitosespecíficos estabelecidas a nível dos Project finance ).em-se assim a virtualização da entidade corporativapor meio de um conjunto de nexus de contratos, aexemplo do que se observa na indústria de exploraçãoe prospecção de petróleo, onde cada plataforma podee tende a ser concebida como um projeto articuladopor meio de um nexus de contratos que estrutura umProject finance  (Easterbrook & Fischel, 1999).

3.2. A problemática ambiental como um

conjunto de falhas técnicas

 A despeito das evidencias teóricas e empíricasapresentadas acima, quando nos voltamos para aexperiência tal com exposta por ombs e Whyte, noseu trabalho sobre as implicações do acidente com a

plataformaPiper Alpha  no Mar do Norte, nos chamamatenção seu contexto político, o qual é caracterizadopor pressão de redução de custos e aumento daprodução, em um setor com uma força de trabalhodesmobilizada e marginalizada do processo de gestãoda segurança, além de inserirem-se num  framework  regulatório subserviente as exigências da “ political

economy of speed .” E, como sua análise tem ummaior espessura histórica, apresenta como implicaç

a criação de um novo “offshore safety regime ”,qapenas se anuncia no caso norte-americano (om& White, 1998).

 A conclusão é que estamos diante de “sitestruggle ” e, que foi a partir da correlação das forçem confronto que se definiu os padrões de seguranlegal (legal safety Standards ) que, segundo elpriorizou os critérios econômicos. A mecânica interdo processo é caracterizado por um sistema de aut

regulação organizado em torno de metas ( goal-settine dos princípios da ALARP, i..e, “as low as reasona

 practicable ”. Os critérios ainda segundo os autoraludidos acima, expressam os interesses da indústorganizados em torno da “UK OffshoreOperato

 Association (UKOOA) e são operados no contexda CRINE (Cost Reduction Initiative for the New Ere busca explorar as brechas abertas pelo regime auto-regulação na construção de um novo regimregulatório conveniente não só para o setor etela, mas para todos setores da Inglaterra (ombs

 White, 1998).Esta alternativa é ilustrativa da políti

concebida e implementada privadamente tencomo base um processo de despolitização da polítide segurança ambiental, a qual passa a ser concebie implementada como uma questão técnica (Struet al, 2006). Esta alternativa se legitima em funçdas assimetrias de informações e conheciment

disponíveis pelos agentes regulados e não acessívas agencias reguladoras.

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3.3. A problemática ambiental como um

conjunto de problema institucional

 A estratégia norte-americana parte de umasituação que não se diferencia do ponto de vistaestrutural da britânica, embora adote uma estratégiapolítica bem diferente e, disto que passamos a tratar.

Como vimos acima no tópico 2.2, o acidentedo Golfo do Mexido desvelou as lacunas jurídicas queagasalhavam a indústria de prospecção e exploraçãodo petróleo, a qual se revela de forma emblemática

por meio da Responsabilidade Limitada, que limitaa responsabilização dos sócios-proprietários pelosmais diversos atos das suas empresas ao atual valor desua participação, configurando assim a problemáticaambiental como de natureza estritamente institucional,daí a mudanças institucionais sinalizadas pelos EUAtendo em mira a introdução da responsabilidade prorata  e da responsabilidade ilimitada (Blankenburg etal, 2010).

Em outras palavras, não nos surpreende queas inovações em processo de introdução pelo governodos EUA em resposta ao acidente do Golfo doMéxico, mesmo recorrendo aos recursos embutidosno Princípio da Precaução - o que se expressa na suaDeclaração de Moratória, traz como grande novidadeinovações no âmbito do instituto com os quaisnorte-americanos estão acostumados a enquadrarseus agentes - o instituto da responsabilidadecivil (ambiental), o qual é radicalizado com a

institucionalização da responsabilidade pro rata  e daresponsabilidade ilimitada.

Mas, vale ressaltar que os norte-americanos aoradicalizarem o instituto da Responsabilidade alteramos parâmetros ambientais nos quais se sustentavam aestratégia das petroleiras. Começa, a partir da açãodo Estado por meio da política ambiental focada

na internalização destas externalidades nas funçõde custos das empresas, via a institucionalização

responsabilidade  pro rata   e da irresponsabilidailimitada, referidas acima, e, que dado suimplicações no equilíbrio econômico e de podinternacional deverá ter rebatimentos no âmbida fábrica de normatividade (convenções, tratadoresoluções) estabelecida envolvendo as organizaçõmultilateriais.

Com a proposta de introdução responsabilidade ilimitada e a responsabilidade  p

rata  no direito americano se cria as condições paranormatização da responsabilidade por parte dos sócie acionistas. Assim, as vítimas de futuros desastrambientais poderão acionar os sócios e acionistas msolventes para reaverem seus direitos. Esta inovaçtrará mudanças nas estratégias empresariais que nestarão mais priorizando atender aos interesses voláteis acionistas, mas buscarão atrair acionistmais comprometidos com a formulação de estratégempresariais ambientais que atendam as medidas segurança mais rígidas.

Com esta nova realidade, a empresa ao optem operar não numa mera situação de risco qoferecem lucros normais, mas em uma situação qincorpora incertezas, quer por meio de processo inovação acelerado, quer por meio da negligência dmedidas de segurança, têm que levar em conta nsuas estratégias de gestão empresarial as externalidadnegativas, as ineficiências econômicas e as iniquidad

socioambientais decorrentes, dado a nova realidainstitucional em devir marcada pela existência de usuporte legal às reivindicações das vítimas dos danfundados na responsabilidade ilimitada pro rata .

Em outras palavras, as inovações ensaiadpelos norte-americanos no âmbito da responsabilidaapresentam grande chance de estender-se numa esca

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planetária e constituir os fundamentos de um novoquadro normativo para o setor. Na busca de explicitar

esta tese sugerimos que se parte de uma avaliaçãodas inovações institucionais, tendo como pano defundo os documentos elaborados pelas organizaçõesmultilaterais, a partir dos quais acreditamos serpossível identificar os pontos de fuga que apontamna direção de um novo quadro normativo ambientalplanetário que passará a enquadrar as condições depossibilidades das estratégias empresariais.

3.3.1. Os desafios da responsabilidadeilimitada e pro rata 

endo como pano de fundo o exposto acima,torna-se necessário uma avaliação preliminar dasiniciativas do governo americano tendo em menteconsiderar as possibilidades e os limites em latência noinstituto da responsabilidade como um instrumentode política.

O ponto de partida é reconhecer que com aemergência de uma nova forma de institucionalizaçãoe organização da produção nos colocamos diantede desafios políticos e analíticos que precisam serexplicitados para que possamos avaliar a tarefa.

O primeiro passo é considerar que osdesafios políticos têm seus contornos delineadosquando tomamos consciência que estamos diantede uma situação na qual por as empresas operamna fronteira tecnológica, a exemplo das que atuam

na prospecção e exploração de petróleo, ao mesmotempo em que magnífica os riscos tecnológicos gerabenefícios sociais (Starr, 1990). O segundo passo éadmitir que os desafios analíticos se revelam quandoconstatamos que a solução passa por uma nova formade institucionalização e a organização da produção.

O desafio político começa a ser delineado

e enfrentado a partir das inovações em processde implementação pelo governo norte-american

como se constitui o apoio político a tais inovaçõtendo em vista a natureza estratégica do setoenquanto que o desafio analítico que se coloca édesenvolvimento de um frame que nos permavaliar os impactos das inovações institucionais etela nas estratégias de gestão empresarial de gestdo meio ambiente, tanto interno, como externo.por isto que se torna necessário ampliarmos nosentendimento da problemática levando em con

as múltiplas dimensões nas inovações institucionnorte-americana: a responsabilidade  pro rata   eresponsabilidade ilimitada, já que isto se torna uinsumo necessário à avaliação pretendida.

Neste sentido, é necessário entender que implicações da responsabilidade ilimitada  pro racomo mecanismo de incentivo se manifestam longo do tempo. Num primeiro momento ela cas condições de possibilidades para a integração âmbito da responsabilidade a precaução e a prevençãe, num segundo momento incentiva a inovaçtecnológica necessária a operação do negócio no noambiente institucional. O estimulo à precaução poser instituído por meio da responsabilidade estritano segundo, o estimulo a prevenção é obtido viaresponsabilidade por negligência (Enders & Frieh2010).

 Já as limitações dos recursos da responsabilidacivil precisam ser levadas em conta, já que é um tem

de interesse crescente e podem ser associadas a trconjuntos de estratégias: i) “secured debt strategies ”, “ownership strategies ” e ii) “exemption strategies ” qvisam evitar as exigências da responsabilidade cique se expressa por meio i) indenização da vítimii) distribuição dos danos entre os membros sociedade e iii) prevenção de comportamentos an

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sociais (Lopucki, 1996; Püschel, 2004).Flavia Püschel assinala com pertinência que a

função preventiva de determinados comportamentosé comprometida com o “estabelecimento de segurosde responsabilidade civil obrigatórios”, por meio doqual se assegura a função de indenização da vitima,facilitando “a indenização das vítimas, pois distribuios danos entre todos os segurados, diminuindo orisco de o prejudicado ficar sem indenização porinsolvência do responsável, mas, por outro lado,compromete a função preventiva da responsabilidade

(Püschel, 2004).Em adição ao exposto acima, vale ressaltar

que, para um sistema de responsabilidade ambientalser eficiente e eficaz ele deve ser vinculada a umapolítica que englobe não só a responsabilidade, mastambém a regulação ambiental, e deve ser avaliadopor sua contribuição na criação das condições depossibilidade de instrumentalização dos principioda precaução e da prevenção, e de implantação daparticipação publica na estruturação da referidapolítica (Ashfor, 2009). Nesta direção uma linha detrabalho a ser considerado é a proposta pela Profa.ereza Ancona Lopez, na sua tese de livre de docente,onde propõe a integração do principio da precaução eda prevenção no âmbito da responsabilidade (Lopez,2010).

3.3.2. Os desafios da construção de novos

arranjos organizacionais

Outra dimensão da problemática das empresasque operam na fronteira é que se estruturam nãomais como uma entidade real, e sim como uma redecomplexa de firmas, isto é, como uma entidade virtual,cada uma das firmas da rede detendo um conjuntode conhecimentos específicos que estabelece uma

interdependência entre seus pares. Mas como exisde fato a possibilidade das parceiras apropriarem-

dos ativos intangíveis das outras, a prática usual nestorganizações complexas é proteger este tipo de atipor meio dos “segredos industriais”. E, é apoiana dominância desta estratégia de proteção propriedade intelectual que consideramos a hipóteque esta forma de organização da indústria pode sem parte responsável pela situação de vulnerabilidaambiental com a qual opera a indústria; isto porqao proteger seu patrimônio intelectual por meio d

“segredos industriais” impede o acesso não só aseus conhecimentos tácitos, mas principalmenaos seus conhecimentos codificáveis, impedindoavanço não só da pesquisa, mas também da regulaçambiental. De maneira que, em função de umestratégia cognitiva própria da indústria em teadota um arranjo organizacional que configura umproblemática institucional própria do setor.

Para uma mudança institucional qestimule a disponibilização do conhecimencom que opera o setor, pelo menos no caso conhecimento codificável, o instituto recomendaé a patente - direito de propriedade que se legitimpor tornar público todo o conhecimento necessárà sua reprodução, em troca de uma proteção à sexploração exclusiva e, em decorrência, aos retorndos seus investimentos. Mas, como as patentes qpoderia corrigir em parte estas falhas não foraadotadas de forma espontânea pela indústria e

tela, torna-se necessário uma mudança do atumarco institucional para estabelecer um incentivodisponibilização desses conhecimentos, ampliandocondições de possibilidades da P & D e das atividadreguladoras.

Com a intenção de superar este problemsugerimos o exame da adoção de um mecanismo

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financiamento que produza novos conhecimentosprotegidos por um direito de propriedade comum,

algo como um “pool de patentes”. Isto porque seentende que o pool de patentes para o setor poderánão só aumentar a cooperação na área de P & D, mastambém diminuir as assimetrias de informação entreas empresas e a Agência Reguladora, favorecendo oenfrentamento institucional dos riscos e incertezasdas empresas que operam na fronteira tecnológicaameaçando o meio ambiente e a sua própria reputação.Nesta direção entendemos que um bom ponto de

partida é a qualificação do commons através de suadiferenciação, de um lado como um recurso ou umsistema de recursos e, e do outro como um regimede direito de propriedade, isto é, um regime legalque assegura uma propriedade sobre um conjunto dedireitos (Bromley, 1986; Ciriacy-Wantrup & Bishop,1975; Hess & Ostron, 2006).

Um passo subsequente é que como este poolde patentes pode-se considerar como o embrião dabase legal não só para uma nova institucionalizaçãodos direitos de propriedade do setor, mas tambémpara uma nova institucionalização e organização dasatividades estabelecidas na fronteira tecnológica.E no desenvolvimento desta nova forma deinstitucionalização e organização da produçãopode-se recorrer aos insights embutidos na amplateorização em torno das novas institucionalizações,mas também aqueles que estruturam as novasformas de organização da produção, tendo em conta

a apreensão dos vínculos do “econômico” com o“social” por meios intermediários materiais (expressona infra-estrutura física) e intermediários imateriais(manifesto nas instituições, a exemplo dos direitos depropriedade, dos contratos e da responsabilidade queestruturam as relações entre os atores).

Esta alternativa de enfrentamento do

problema em tela aponta, para a possibilidade adoção de um novo arranjo organizacional a par

da mobilização dos recursos analíticos desenvolvidode um lado, i) no âmbito das echno-EconomNetworks - EN que, se apóia as relações simétricentre os vários atores e intermediários materiaisimateriais necessários a inovação, mesmo quanenvolve atores humanos e não-humanos para explica emergência e estabilização de inovações específic(Calon, 1992; Freeman, 1987; Perez, 1983; Greeal, 1998) e, do outro lado, os recursos embutido

na esfera da echno-Economic Paradigms  - EPs, qual o foco se desloca para a difusão da tecnologiapor fim, iii) avançar e explorar também os recursoinsights disponibilizados pelo Green echno-EconomParadigm  (Freeman, 1987 e 1992; Perez, 198

 Andersen, 2009; Green et al, 1998).

4. Conclusão

O conjunto de mudanças institucionaisorganizacionais sugeridos acima deve configurar ummudança nos mecanismos de incentivos que informàs redes que viabilizam a prospecção e exploraçde petróleo em águas profundas, estimulando-aoperarem numa situação instável do ponto de visdo capital competitivo, ineficiente do ponto de visdo uso do capital cognitivo, e, ilegítima do ponto vista do capital político. Este giro, no entanto, precser antecipado de uma problematização da doutri

brasileira, que, no rastro do direito ambienda comunidade europeia enfatiza o Principio Precaução no enfrentamento dos danos potencicausados pelas atividades posicionadas na frontetecnológica, e, passar a explorar as possibilidadem latência no instituto da responsabilidade, qem suas variantes de responsabilidade  pro rata

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responsabilidade ilimitada, tal como adotado pelosEUA no enfrentamento da lacuna institucional

evidenciada pelo Desastre no Golfo do México.E nesta direção, um bom ponto de partida

é considerarmos a experiência norte-americanacom o acidente do Golfo do México na sua duplatemporalidade: ex ante e ex post. Numa aproximaçãoex ante  do desastre constata-se a que a BP ao operarna fronteira tecnológica expondo-se aos riscos eincertezas potencialmente geradoras de danos aomeio ambiente, adotava esta estratégia porque

entendia que o ambiente institucional não ofereciaos institutos e instrumentos que assegurasse àspessoas (direitos individuais) e as coletividades(direitos difusos) a indenização pelos danos causadospelas externalidades negativas das suas atividades, ouseja, no caso em tela os mecanismos de incentivosprivilegiaram a eficiência econômica privada emdetrimento a eficiência social, aqui entendida comosinônimo de equidade ambiental.

 Já numa aproximação ex post   ao desastre e,tendo em consideração às reações do governo norte-americano por meio das suas iniciativas de mudançasem curso do ambiente institucional norte-americano,impõe-se como um item da agenda o exame se,diante destes fatos, estamos vivenciando um giroradical da política ambiental com implicações noâmbito empresarial, já que altera os parâmetros quebalizam a definição das estratégias empresarias domeio ambiente que prioriza a equidade ambiental

em detrimento de uma eficiência econômica.Em resumo, estamos diante de uma decisão de

natureza política de grandes implicações e, portanto,torna-se necessário compreendermos os fundamentos

 jurídico-econômicos das mudanças institucionais(responsabilidade  pro rata   e responsabilidadeilimitada) em processo de introdução no direito

ambiental americano, de um lado, como resposaos danos causados pelo acidentes, e, do out

como enfrentamento das lacunas institucionevidenciadas por meio do acidente em consideraçãcontrapondo-os aos fundamentos econômicos dcríticas focadas tanto nos impactos econômicossociais previsíveis, como nos impactos institucionaa exemplo da impossibilidade de cálculo do prêmdo seguro.

Em paralelo às mudanças institucionimplementadas por meio de alterações do institu

da responsabilidade, em curso nos EUA, sugerimque se considerem, também, as possibilidadem latência de um novo regime de propriedaintelectual comum, de forma a criar um ambieninstitucional e organizacional compatível com desafio em tela configurado como um conjunto mecanismos de incentivo que, de um lado, reduas assimetrias de informações e, do outro, induza empresas à eficiência social e à equidade ambiennas suas estratégias.

Baseado no acima exposto chama-se atençque esta problemática da prospecção e exploraçde Petróleo em água profunda é do setor e tendese tornar uma questão global e, portanto, encontrse subjacente na discussão do Pré-Sal brasileirum programa que consolida a Petrobras como umempresa que opera na fronteira tecnológica do setocom o agravante de ser uma estatal considerada uorgulho nacional.

Este último fato potencializa seu “capital soccorporativo” com destaque para sua componenpolítica, aquela vinculada à institucionalização dsuas responsabilidades e obrigações não apencom seus acionistas, mas com um meio ambienmarítimo submetidos a regimes legais específicosinternacionalizados. Como também potenciali

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o viés cognitivo da empresa vinculado à criação,mobilização e uso do conhecimento técnico, em

especial na sua forma tácita, distribuídos entrevárias empresas que operam tanto aqui como noGolfo México e no Mar do Norte, estabelecendo láe cá, um arranjo organizacional que favorece não sóexternalização dos custos mas também as assimetriasinformacionais.

Resumindo: estamos diante de umaproblemática de extrema relevância não apenas nodireito nacional, mas também no direito internacional

 já que se pode vislumbrar os contornos de um novoquadro normativo que estabelece um novo conjuntode condicionante da gestão empresarial ambiental,não só da indústria de prospecção e exploração depetróleo, mas também do universo de indústriasque na busca de lucros acima do normal operam nafronteira tecnológica posicionando as incertezas nonúcleo duro de suas estratégias.

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