albert einstein, a humildade e humanidade de um gênio

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www.direitoshumanos.usp.br A Biblioteca Virtual de Direi- tos Humanos da Universidade de São Paulo disponibiliza textos completos de documentos, leis e princi- pais tratados relacionados à questão dos direitos humanos. padrões se tornaram ainda mais singula- res. Na época, vivendo na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, seus suéteres amassados e sapatos calçados sem meias, fizeram dele uma figura folclórica no campus da universidade. Desde muito novo Einstein sempre teve a consciência de ser diferente de seus colegas de profissão, certa vez escreveu à seus pais sobre sua "falta de talento para ficar triste muito tempo" e afirma- va ser "sempre o mesmo bobo alegre, desde que não tenha um problema no estômago ou algo assim". Jamais demonstrou interesse em ocupar cargos de chefia nas instituições cientí- ficas onde desenvolvia seus projetos, mesmo que, em alguns momentos e contra a sua vontade, tenha os desempe- nhado. Era tão avesso a cargos de lide- rança, que chegou ao ponto, de em 1952, recusar uma oferta oficial para tornar-se presidente de Israel. Era exemplo único de simpatia, simpli- cidade e humildade, vivendo junto a elite científica mundial de sua época. Um ambiente cercado de homens de grande talento, mas, por muitas vezes, ostentando egos ainda maiores. Quando em 1919, confirmou-se a sua Teoria da Relatividade, sentiu-se inco- modado com o impressionante culto à sua personalidade, alimentado princi- palmente pela imprensa, definindo-o como “injusto e desagradável”. Sua natureza pacífica era tão aflorada que evitava atividades competitivas. Aos 16 anos solicitou a cidadania suíça, para evitar, desta forma, o serviço mili- tar na Alemanha. Mesmo assim, era consciente dos pro- blemas do seu tempo. Aproveitou de sua fama para defender duas grandes causas, o pacifismo e o judaísmo. Seu envolvimento com o sionismo, o fez descobrir o que era a vida como inte- grante de uma comunidade segregada, aproximando-se ainda mais do judaís- mo, aumentando muito a sua simpatia natural e defesa pelos grupos oprimi- dos. Já sua militância pacifista, denun- ciando o patriotismo, como elemento de manipulação das massas, fez com que ficasse caracterizado como um corpo estranho na vida política alemã, sofren- do grandes ameaças anos mais tarde, com a ascensão nazi-fascista. Foi implacavelmente perseguido pelo Terceiro Reich (1933-1945), de Adolph Hitler, tendo a sua ca- beça colocada a Desde as primeiras menções a Albert Einstein, dadas pela mídia em 1902, em jornais da Suíça, Tchecoslováquia e Alemanha - países onde exerceu cargos acadêmicos, antes de imigrar para os Estados Unidos - sempre ficou muito clara a sua preocupação com temas hu- manistas como o pacifismo, os riscos do supra-nacionalismo, os direitos huma- nos, as liberdades civis e os direitos e obrigações de judeus e árabes, visando uma vida harmônica e digna no Oriente Médio. Problemas seculares e opiniões, incrivelmente atuais, até hoje, mais de cinqüenta anos após sua morte. Albert Einstein, nasceu em 1879, na Alemanha e iniciou sua carreira como professor universitário vinte anos de- pois, já na Suíça. Ao contrário do que se faz pensar de pessoas com seu nível intelectual, ele era bem-humorado, mui- to simples e gostava de paz, música e mulheres. Sempre se vestiu aquém de seu cargo e importância, com a morte de sua segunda mulher, em 1936, seus MUNDO Albert Einstein, a humildade e humanidade de um gênio 6 Humildade Albert Einstein, o exemplo de vida do gênio humilde. Divulgação Divulgação

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Matéria da revista “Meu sonho não tem fim” sobre o “grande sonhador” Albert Einstein.

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Page 1: Albert Einstein, a humildade e humanidade de um gênio

www.direitoshumanos.usp.br

A Biblioteca Virtual de Direi-tos Humanos da Universidade de São Paulo disponibiliza textos completos de documentos, leis e princi-pais tratados relacionados à questão dos direitos humanos.

padrões se tornaram ainda mais singula-res. Na época, vivendo na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, seus suéteres amassados e sapatos calçados sem meias, fizeram dele uma figura folclórica no campus da universidade.

Desde muito novo Einstein sempre teve a consciência de ser diferente de seus colegas de profissão, certa vez escreveu à seus pais sobre sua "falta de talento para ficar triste muito tempo" e afirma-va ser "sempre o mesmo bobo alegre, desde que não tenha um problema no estômago ou algo assim".

Jamais demonstrou interesse em ocupar cargos de chefia nas instituições cientí-ficas onde desenvolvia seus projetos, mesmo que, em alguns momentos e contra a sua vontade, tenha os desempe-nhado. Era tão avesso a cargos de lide-rança, que chegou ao ponto, de em 1952, recusar uma oferta oficial para tornar-se presidente de Israel.

Era exemplo único de simpatia, simpli-cidade e humildade, vivendo junto a elite científica mundial de sua época. Um ambiente cercado de homens de grande talento, mas, por muitas vezes, ostentando egos ainda maiores.

Quando em 1919, confirmou-se a sua Teoria da Relatividade, sentiu-se inco-modado com o impressionante culto à

sua personalidade, alimentado princi-palmente pela imprensa, definindo-o como “injusto e desagradável”.

Sua natureza pacífica era tão aflorada que evitava atividades competitivas. Aos 16 anos solicitou a cidadania suíça, para evitar, desta forma, o serviço mili-tar na Alemanha.

Mesmo assim, era consciente dos pro-blemas do seu tempo. Aproveitou de sua fama para defender duas grandes causas, o pacifismo e o judaísmo. Seu envolvimento com o sionismo, o fez descobrir o que era a vida como inte-grante de uma comunidade segregada, aproximando-se ainda mais do judaís-mo, aumentando muito a sua simpatia natural e defesa pelos grupos oprimi-dos. Já sua militância pacifista, denun-ciando o patriotismo, como elemento de manipulação das massas, fez com que ficasse caracterizado como um corpo estranho na vida política alemã, sofren-do grandes ameaças anos mais tarde, com a ascensão nazi-fascista. Foi implacavelmente perseguido pelo Terceiro Reich (1933-1945), de Adolph Hitler, tendo a sua ca-beça colocada a

Desde as primeiras menções a Albert Einstein, dadas pela mídia em 1902, em jornais da Suíça, Tchecoslováquia e Alemanha - países onde exerceu cargos acadêmicos, antes de imigrar para os Estados Unidos - sempre ficou muito clara a sua preocupação com temas hu-manistas como o pacifismo, os riscos do supra-nacionalismo, os direitos huma-nos, as liberdades civis e os direitos e obrigações de judeus e árabes, visando uma vida harmônica e digna no Oriente Médio. Problemas seculares e opiniões, incrivelmente atuais, até hoje, mais de cinqüenta anos após sua morte.

Albert Einstein, nasceu em 1879, na Alemanha e iniciou sua carreira como professor universitário vinte anos de-pois, já na Suíça. Ao contrário do que se faz pensar de pessoas com seu nível intelectual, ele era bem-humorado, mui-to simples e gostava de paz, música e mulheres. Sempre se vestiu aquém de seu cargo e importância, com a morte de sua segunda mulher, em 1936, seus

MUNDO

Albert Einstein, a humildade e humanidade de um gênio

6

Humildade

Albert Einstein, o exemplo de vida do gênio humilde.

Div

ulga

ção

Divulgação

Page 2: Albert Einstein, a humildade e humanidade de um gênio

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O último dos mortais

Um homem triste morava na parte superior de uma velha casa em ruínas. Pardi-eiro sem dono. Paredões sem ninguém. Supunha-se o último dos mortais.

Contudo, era firme na fé e orava, quase com orgulho, todas as noites:

“Deus de bondade, Deus dos aflitos, da Terra sois o maior. Deus de bondade, graças te dou por ainda me alimentar com algumas batatas por dia”.

Creio mesmo ser o último dos mortais...

Mais dois anos se passaram, quando, ao sentir-se mais aflito e mais infeliz, resol-veu partir ao rumo de outras terras...

Quem sabe seria um pouco menos infeliz...

Ele, que sempre saía na direção do quintal à procura das raízes que o sustenta-vam, desta vez saiu do lado oposto, no propósito de partir.

Nunca havia saído por lá...

Ao descer o último aclive, ouviu um barulho.

Alguém gemia... voltou para ver...

Só então, pôde verificar que um aleijado, em chagas, morava embaixo, sobre um leito de palha vivendo somente das cascas de batatas que ele atirava fora...

Naquele momento entendeu que, geralmente, o ser humano sempre se considera o mais infeliz, sem sequer, pelo menos, olhar para seu lado...

“O homem que sofre antes de ser necessário, sofre mais que o necessário”.

prêmio pelos nazistas.

Obviamente, que seu espírito rebelde e enorme estima pela liberdade de pensa-mento, assim como Charles Chaplin, o fez ser perseguido pela histeria anti-comunista do Macartismo, que assolava a sociedade norte-americana no final da década de 40, época em que os Estados Unidos viveu, talvez, o seu período mais retrógrado na era moderna.

Desempenhou papel significativo nesta época, sugerindo à todos os seus cola-boradores e companheiros o caminho da não-cooperação, adotado por Gandhi, na Índia, contra os britânicos, denomi-nada como desobediência civil e que deu origem ao principio da “não violên-cia”, da qual posteriormente, Martin Luther King, tornaria-se um de seus maiores discípulos.

Einstein teve uma relação interessante com o Brasil. A comprovação da relati-vidade geral veio com a observação de um eclipse solar em maio de 1919, feita no Brasil, em Sobral, no Ceará e na África, na ilha de Príncipe. Ao visitar o país, em 1925, Einstein reconheceu o papel do país na confirmação de sua principal teoria. “O problema que mi-nha mente formulou foi respondido pelo luminoso céu do Brasil”, disse à um jornalista.

Albert Einstein é um exemplo concreto de que a humildade pode não ser a mai-or, mas certamente, é uma das mais belas de todas as virtudes.

“Não é preciso se drogar para ser gênio, nem ser gênio para ser humano.

Mas precisamos de sorrisos, uns dos outros, para sermos felizes”.

Albert Einstein

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A Fundação Victor Civita contribui para a melhoria da qualidade do ensino fundamental com foco na qualificação do professor, prioritariamente em escolas públicas e pobres.

A panela de sopa

Uma antiga lenda Judaica, diz que certo dia, Deus convidou um rabino para co-nhecer o céu e o inferno.

Ao abrirem a porta do inferno, viram uma sala em cujo centro havia um caldeirão, no qual se cozinhava uma suculenta sopa.

Em volta dele, estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas. Cada uma delas segurava uma colher de cabo tão comprido que lhe permitia alcançar o caldeirão, mas não suas próprias bocas. O sofrimento era imenso.

Em seguida, Deus levou o rabino para conhecer o céu.

Entraram em uma sala idêntica à primeira, onde havia o mesmo caldeirão com as pessoas à sua volta e colheres de cabo comprido. A diferença é que neste recinto todos estavam saciados.

Eu não compreendo Senhor, disse o rabino, por que aqui as pessoas estão feli-zes e satisfeitas, enquanto na outra sala todas morrem de tristeza e aflição, se na verdade tudo é igual?

Deus sorriu e respondeu:

É por que aqui meu filho elas aprenderam a dar comida umas às outras.

“A felicidade é o subproduto do esforço de fazer o próximo feliz”.