al da terra · orgão de divulgação da doutrina espírita ... revoltas e vos ensina o objetivo...

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S AL DA T ERRA Edição Nº 54 | Abril | 2015 Orgão de divulgação da doutrina Espírita: Fundador: Nacip Gômez Lagoa Santa, Vespasiano, Pedro Leopoldo, São José da Lapa, Matozinhos, Sete Lagoas, Belo Horizonte, Sabará, Santa Luzia, Betim e Conceição do Mato Dentro “DEUS - CRISTO - CARIDADE” Semeando o Bem! EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Obras Póstumas – “Minha iniciação no Espiritismo” ESPÍRITO DE VERDADE Paris, 1860 5 – Venho, como outrora, entre os filhos desgar- rados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora a minha pala- vra, deve lembrar os incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. Eu revelei a doutrina divina; e, como um segador, liguei em feixes o bem esparso pela humanidade, e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis!” Mas os homens ingratos se desviaram da estrada lar- ga e reta que conduz ao Reino de meu Pai, perdendo-se nas ásperas veredas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana. Ele quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, ou seja, mortos segundo a carne, porque a morte não existe, sejais socorridos, e que não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a voz dos que se foram, faça-se ouvir para vos gritar: Crede e orai! Porque a morte é a ressurreição, e a vida é a prova escolhida, durante a qual vossas virtudes cul- tivadas devem crescer e desenvolver-se como o cedro. Homens fracos, que vos limitais às trevas de vossa inteligência, não afasteis a tocha que a clemência divina vos coloca nas mãos, para iluminar vossa rota e vos Senhor! Se vos dignastes lançar os olhos sobre mim para o cumprimento de vossos desígnios, que seja feita a vossa vontade. A minha vida está em vossas mãos, disponde do vosso servidor. Em presen- ça de uma tão grande tarefa, reconheço a minha fraqueza; minha boa vontade não faltará, mas, tal- vez, as minhas forças me trairão. Supre a minha insuficiência; dai-me as forças físicas e morais que me forem necessárias. Sustentai-me nos momentos difíceis, e com a vossa ajuda, e a de vossos celestes mensageiros, esforçar-me-ei para corresponder aos vossos objetivos. PRECE DE KARDEC reconduzir, crianças perdidas, ao regaço de vosso Pai. Estou demasiado tocado de compaixão pelas vos- sas misérias, por vossa imensa fraqueza, para não es- tender a mão em socorro aos infelizes extraviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai todas as coisas que vos são reveladas; não mis- turem o joio ao bom grão, as utopias com as verdades. Espíritas; amai-vos, eis o primeiro ensinamento; ins- truí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encon- tram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana; e eis que, de além túmulo, que acreditáveis vazios, vozes vos clamam: Irmãos! Nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal; sede os vencedores da impiedade! * ESPÍRITO DE VERDADE Paris, 1861 6 – Venho ensinar e consolar os pobres deserda- dos. Venho dizer-lhes que elevem sua resignação ao nível de suas provas; que chorem, porque a dor no Jar- dim das Oliveiras, mas que esperem, porque os anjos consoladores virão enxugar as suas lágrimas. Trabalhadores, traçai o vosso sulco. Recomeçai no dia seguinte a rude jornada da véspera. O trabalho de vossas mãos fornece o pão terreno aos vossos corpos, mas vossas almas não estão esquecidas: eu, o divino jardineiro, as cultivo no silêncio dos vossos pensamen- tos. Quando soar a hora do repouso, quando a trama escapar de vossas mãos, e vossos olhos se fecharem para a luz, sentireis surgir e germinar em vós a minha preciosa semente. Nada se perde no Reino de nos- so Pai. Vossos suores e vossas misérias formam um tesouro, que vos tornará ricos nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas, e onde o mais desnudo entre vós será talvez o mais resplandecente. Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são os meus bem-amados. Instrui-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos ensina o objetivo sublime da prova hu- mana. Como o vento varre a poeira, que o sopro dos Espíritos dissipe a vossa inveja dos ricos do mundo, que são freqüentemente os mais miseráveis, porque suas provas são mais perigosas que as vossas. Estou convosco, e meu apóstolo vos ensina. Bebei na fonte viva do amor, e preparai-vos, cativos da vida, para vos lançardes um dia, livres e alegres, no seio daquele que vos criou fracos para vos tornar perfeitos, e deseja que modeleis vós mesmos a vossa dócil argila, para serdes os artífices da vossa imortalidade. * ESPÍRITO DE VERDADE Bordeaux, 1861 7 – Eu sou o grande médico das almas, e venho trazer-vos o remédio que vos deve curar. Os débeis, os sofredores e os enfermos são os meus filhos predi- letos, e venho salvá-los. Vinde, pois, a mim, todos vós que sofreis e que estais carregados, e sereis aliviados e consolados. Não procureis alhures a força e a conso- lação, porque o mundo é impotente para dá-las. Deus dirige aos vossos corações um apelo supremo através do Espiritismo: escutai-o. Que a impiedade, a menti- ra, o erro, a incredulidade, sejam extirpados de vossas almas doloridas. São esses os monstros que sugam o mais puro do vosso sangue, e vos produzem cha- gas quase sempre mortais. Que no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis sua divina lei. Amai e orai. Sede dócil aos Espíritos do Senhor. Invocai-o do fundo do coração. Então, Ele vos enviará o seu Filho bem-amado, para vos instruir e vos dizer estas boas palavras: “Eis-me aqui; venho a vós, porque me cha- mastes! * ESPÍRITO DE VERDADE Havre, 1863 8 – Deus consola os humildes e dá força aos afli- tos que a suplicam. Seu poder cobre a Terra, e por toda parte, ao lado de cada lágrima, põe o bálsamo que consola. O devotamento e a abnegação são uma prece contínua e encerram profundo ensinamento: a sabedoria humana reside nessas duas palavras. Pos- sam todos os Espíritos sofredores compreender estas verdades, em vez de reclamar contra as dores, os sofri- mentos mortais, que são aqui na Terra o vosso quinhão. Tomai, pois, por divisa, essas duas palavras: devota- mento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resu- mem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõe. O sentimento do dever cumprido vos dará a tranqüilidade de espírito e a resignação. O coração bate melhor, a alma se acalma, e o corpo já não sen- te desfalecimentos, porque o corpo sofre tanto mais, quanto mais profundamente abalado estiver o espírito. Advento do Espírito da Verdade

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SAL DA TERRAEdição Nº 54 | Abril | 2015

Orgão de divulgação da doutrina Espírita:

Fundador: Nacip GômezLagoa Santa, Vespasiano, Pedro Leopoldo, São José da Lapa, Matozinhos, Sete Lagoas, Belo Horizonte, Sabará, Santa Luzia, Betim e Conceição do Mato Dentro

“DEUS - CRISTO - CARIDADE”

Semeando o Bem!

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Obras Póstumas – “Minha iniciação no Espiritismo”

ESPÍRITO DE VERDADEParis, 18605 – Venho, como outrora, entre os filhos desgar-

rados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora a minha pala-vra, deve lembrar os incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. Eu revelei a doutrina divina; e, como um segador, liguei em feixes o bem esparso pela humanidade, e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis!”

Mas os homens ingratos se desviaram da estrada lar-ga e reta que conduz ao Reino de meu Pai, perdendo-se nas ásperas veredas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana. Ele quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, ou seja, mortos segundo a carne, porque a morte não existe, sejais socorridos, e que não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a voz dos que se foram, faça-se ouvir para vos gritar: Crede e orai! Porque a morte é a ressurreição, e a vida é a prova escolhida, durante a qual vossas virtudes cul-tivadas devem crescer e desenvolver-se como o cedro.

Homens fracos, que vos limitais às trevas de vossa inteligência, não afasteis a tocha que a clemência divina vos coloca nas mãos, para iluminar vossa rota e vos

Senhor!Se vos dignastes lançar os olhos sobre mim para o cumprimento de vossos desígnios, que seja

feita a vossa vontade. A minha vida está em vossas mãos, disponde do vosso servidor. Em presen-ça de uma tão grande tarefa, reconheço a minha fraqueza; minha boa vontade não faltará, mas, tal-vez, as minhas forças me trairão. Supre a minha insuficiência; dai-me as forças físicas e morais que me forem necessárias. Sustentai-me nos momentos difíceis, e com a vossa ajuda, e a de vossos celestes mensageiros, esforçar-me-ei para corresponder aos vossos objetivos.

PRECE DE KARDEC

reconduzir, crianças perdidas, ao regaço de vosso Pai.Estou demasiado tocado de compaixão pelas vos-

sas misérias, por vossa imensa fraqueza, para não es-tender a mão em socorro aos infelizes extraviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai todas as coisas que vos são reveladas; não mis-turem o joio ao bom grão, as utopias com as verdades.

Espíritas; amai-vos, eis o primeiro ensinamento; ins-truí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encon-tram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana; e eis que, de além túmulo, que acreditáveis vazios, vozes vos clamam: Irmãos! Nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal; sede os vencedores da impiedade!

*ESPÍRITO DE VERDADEParis, 18616 – Venho ensinar e consolar os pobres deserda-

dos. Venho dizer-lhes que elevem sua resignação ao nível de suas provas; que chorem, porque a dor no Jar-dim das Oliveiras, mas que esperem, porque os anjos consoladores virão enxugar as suas lágrimas.

Trabalhadores, traçai o vosso sulco. Recomeçai no dia seguinte a rude jornada da véspera. O trabalho de vossas mãos fornece o pão terreno aos vossos corpos, mas vossas almas não estão esquecidas: eu, o divino jardineiro, as cultivo no silêncio dos vossos pensamen-tos. Quando soar a hora do repouso, quando a trama escapar de vossas mãos, e vossos olhos se fecharem para a luz, sentireis surgir e germinar em vós a minha preciosa semente. Nada se perde no Reino de nos-so Pai. Vossos suores e vossas misérias formam um tesouro, que vos tornará ricos nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas, e onde o mais desnudo entre vós será talvez o mais resplandecente.

Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são os meus bem-amados. Instrui-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos ensina o objetivo sublime da prova hu-

mana. Como o vento varre a poeira, que o sopro dos Espíritos dissipe a vossa inveja dos ricos do mundo, que são freqüentemente os mais miseráveis, porque suas provas são mais perigosas que as vossas. Estou convosco, e meu apóstolo vos ensina. Bebei na fonte viva do amor, e preparai-vos, cativos da vida, para vos lançardes um dia, livres e alegres, no seio daquele que vos criou fracos para vos tornar perfeitos, e deseja que modeleis vós mesmos a vossa dócil argila, para serdes os artífices da vossa imortalidade.

*ESPÍRITO DE VERDADEBordeaux, 18617 – Eu sou o grande médico das almas, e venho

trazer-vos o remédio que vos deve curar. Os débeis, os sofredores e os enfermos são os meus filhos predi-letos, e venho salvá-los. Vinde, pois, a mim, todos vós que sofreis e que estais carregados, e sereis aliviados e consolados. Não procureis alhures a força e a conso-lação, porque o mundo é impotente para dá-las. Deus dirige aos vossos corações um apelo supremo através do Espiritismo: escutai-o. Que a impiedade, a menti-ra, o erro, a incredulidade, sejam extirpados de vossas almas doloridas. São esses os monstros que sugam o mais puro do vosso sangue, e vos produzem cha-gas quase sempre mortais. Que no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis sua divina lei. Amai e orai. Sede dócil aos Espíritos do Senhor. Invocai-o do fundo do coração. Então, Ele vos enviará o seu Filho bem-amado, para vos instruir e vos dizer estas boas palavras: “Eis-me aqui; venho a vós, porque me cha-mastes!

*ESPÍRITO DE VERDADEHavre, 18638 – Deus consola os humildes e dá força aos afli-

tos que a suplicam. Seu poder cobre a Terra, e por toda parte, ao lado de cada lágrima, põe o bálsamo que consola. O devotamento e a abnegação são uma prece contínua e encerram profundo ensinamento: a sabedoria humana reside nessas duas palavras. Pos-sam todos os Espíritos sofredores compreender estas verdades, em vez de reclamar contra as dores, os sofri-mentos mortais, que são aqui na Terra o vosso quinhão. Tomai, pois, por divisa, essas duas palavras: devota-mento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resu-mem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõe. O sentimento do dever cumprido vos dará a tranqüilidade de espírito e a resignação. O coração bate melhor, a alma se acalma, e o corpo já não sen-te desfalecimentos, porque o corpo sofre tanto mais, quanto mais profundamente abalado estiver o espírito.

Advento do Espírito da Verdade

2 SAL DA TERRAEdição Nº 54 | Abril | 2015

EXPEDIENTEEditor Responsável: Nacip Gomez - www.facebook.com/nacip.gomezE-mail: [email protected]ção: Rafael MendesCorreção Ortográfica: Marina Marinho O Editor e os colaboradores deste Órgão nada recebem, direta ou indiretamente, uma vez que o SAL DA TERRA, jornal de distribuição gratuita, tem por finalidade a difusão do Espiritis-mo e do Evangelho de Jesus, realizada em bases de cooperação fraterna e de amor ao ideal, características inerentes à própria Doutrina Espírita. Textos e imagens exibidos nesse jornal são de total responsabilidade do editor.

Meus filhos:Que Jesus nos abençoe.A sociedade terrena vive, na atualidade, um grave mo-

mento mediúnico no qual, de forma inconsciente, dá-se o intercâmbio entre as duas esferas da vida. Entidades assinaladas pelo ódio, pelo ressentimento, e tomadas de amargura cobram daqueles algozes de ontem o pesado ônus da aflição que lhes tenham proporcionado. Espíritos nobres, voltados ao ideal de elevação humana sincronizam com as potências espirituais na edificação de um mundo melhor. As obsessões campeiam de forma pandêmica, confundindo-se com os transtornos psicopatológicos que trazem os processos afligentes e degenerativos.

Sucede que a Terra vivencia, neste período, a grande transição de mundo de provas e de expiações para mun-do de regeneração.

Nunca houve tanta conquista da ciência e da tecno-logia, e tanta hediondez do sentimento e das emoções. As glórias das conquistas do intelecto esmaecem diante do abismo da crueldade, da dissolução dos costumes, da perda da ética, e da decadência das conquistas da civilização e da cultura…

Não seja, pois, de estranhar que a dor, sob vários as-pectos, espraia-se no planeta terrestre não apenas como látego mas, sobretudo, como convite à reflexão, como análise à transitoriedade do corpo, com o propósito de convocar as mentes e os corações para o ser espiritual que todos somos.

Fala-se sobre a tragédia do cotidiano com razão.As ameaças de natureza sísmica, a cada momento

tornam-se realidade tanto de um lado como de outro do planeta. O crime campeia a solta e a floração da juventude entrega-se, com exceções compreensíveis, ao abastar-damento do caráter, às licenças morais e à agressividade.

Sucede, meus filhos, que as regiões de sofrimento profundo estão liberando seus hóspedes que ali ficaram, em cárcere privado, por muitos séculos e agora, na gran-de transição, recebem a oportunidade de voltarem-se para o bem ou de optar pela loucura a que se têm entre-gado. E esses, que teimosamente permanecem no mal, a benefício próprio e do planeta, irão ao exílio em orbes inferiores onde lapidarão a alma auxiliando os seus irmãos de natureza primitiva, como nos aconteceu no passado.

Por outro lado, os nobres promotores do progresso de todos os tempos passados também se reencarnam nesta hora para acelerar as conquistas, não só da inteligência e da tecnologia de ponta, mas também dos valores morais e espirituais. Ao lado deles, benfeitores de outra dimensão emboscam-se na matéria para se tornarem os grandes líderes e sensibilizarem esses verdugos da sociedade.

Aos médiuns cabe a grande tarefa de ser ponte en-tre as dores e as consolações. Aos dialogadores cabe a honrosa tarefa de ser, cada um deles, psicoterapeutas de desencarnados, contribuindo para a saúde geral. En-

Transição Planetária por Bezerra de Menezes

Mensagem psicografada por Divaldo P. Franco – 13\11\2010 Folha Espírita – Fevereiro - 2015

quanto os médiuns se entregam ao benefício caridoso com os irmãos em agonia, também têm as suas dores diminuídas, o seu fardo de provas amenizados, as suas aflições contornadas, porque o amor é o grande mensa-geiro da misericórdia que dilui todos os impedimentos ao progresso – é o sol da vida, meus filhos, que dissolve a névoa da ignorância e que apaga a noite da impiedade.

Reencarnastes para contribuir em favor da Nova Era.As vossas existências não aconteceram ao acaso, fo-

ram programadas.Antes de mergulhardes na neblina carnal, lestes o

programa que vos dizia respeito e o firmastes, dando o assentimento para as provas e as glórias estelares.

O Espiritismo é Jesus que volta de braços abertos, descrucificado, ressurreto e vivo, cantando a sinfonia glo-riosa da solidariedade.

Dai-vos as mãos!Que as diferenças opinativas sejam limadas e os ide-

ais de concordância sejam praticados. Que, quaisquer pontos de objeção tornem?se secundários diante das metas a alcançar.

Sabemos das vossas dores, porque também passa-mos pela Terra e compreendemos que a névoa da ma-téria empana o discernimento e, muitas vezes, dificulta a lógica necessária para a ação correta. Mas ficais atentos: tendes compromissos com Jesus…

Não é a primeira vez que vos comprometestes enga-nando, enganado-vos. Mas esta é a oportunidade final, optativa para a glória da imortalidade ou para a anestesia da ilusão.

Ser espírita é encontrar o tesouro da sabedoria.Reconhecemos que na luta cotidiana, na disputa so-

cial e econômica, financeira e humana do ganha-pão, esvai-se o entusiasmo, diminui a alegria do serviço, mas se permanecerdes fiéis, orando com as antenas direcio-nadas ao Pai Todo-Amor, não vos faltarão a inspiração, o apoio, as forças morais para vos defenderdes das agres-sões do mal que muitas vezes vos alcança.

Tende coragem, meus filhos, unidos, porque somos os trabalhadores da última hora, e o nosso será o salário igual ao do jornaleiro do primeiro momento.

Cantemos a alegria de servir e, ao sairmos daqui, leve-mos impresso no relicário da alma tudo aquilo que ocor-reu em nossa reunião de santas intenções: as dores mais variadas, os rebeldes, os ignorantes, os aflitos, os infelizes, e também a palavra gentil dos amigos que velam por to-dos nós.

Confiando em nosso Senhor Jesus Cristo, que nos delegou a honra de falar em Seu nome, e em Seu nome ensinar, curar, levantar o ânimo e construir um mundo novo, rogamos a Ele, nosso divino Benfeitor, que a todos nos abençoe e nos dê a Sua paz.

São os votos do servidor humílimo e paternal de sem-pre, Bezerra.

Quando nos ocupamos com o passado, ele se torna presen-te, foi o que constatei ao rever meu passado, lembrar a convivên-cia em família e o trabalho desenvolvido com minha irmã, Marlene Nobre, na seara espírita.

As imagens foram ganhando vida própria em minhas lem-branças, que agora vou procurar transmitir em palavras, os acon-tecimentos que recordamos de sua vida.

Nossos pais, Pedro e Ida, se conheceram na militância espí-rita, e dedicaram suas vidas à família e à Doutrina Espírita. Tiveram oito filhos, sendo Marlene a única menina, daí ser paparicada por todos.

Ela possuía uma vivacidade admirável, e acalentou desde criança o desejo de ser médica.

Durante a fase estudantil, destacou-se pela inteligência e pela disciplina.

Como a família não contava com facilidades financeiras, teve sempre de trabalhar e estudar.

Em 1956 prestou exames na Faculdade de Medicina de Ube-raba, obteve promoção, e concluiu o curso em 1962.

Chico Xavier a convidou para trabalhar com ele, quando trans-feriu residência de Pedro Leopoldo para Uberaba, em 1959.

Nos quatros anos de convivência com o médium, Marlene tece nele o professor, que deixaria marcas profundas em sua for-mação espiritual.

Em 1963, de volta à cidade de São Paulo, ela já estava total-mente integrada em nossas atividades espirituais e nosso grupo espírita ganhou uma dimensão maior.

Marlene adquiriu o sobrenome Nobre depois do casamen-to, em 1964, com o político Freitas Nobre, um dos expoentes do MDB autêntico durante o regime militar. O casal teve três filhos: Marcos, Marcelo, e a filha do coração, Marília.

Foi uma das fundadoras da Associação Médico-Espírita de São Paulo, do Brasil e Internacional.

Marlene foi uma das principais conferencistas do Movimento Espírita no Brasil e no mundo, e seus livros são referência para estudo nas casas espíritas.

Fundou com o esposo, em 1974, a Folha Espírita, e sema-nalmente divulgava a Doutrina em programas de rádio e televisão.

Possuía uma força de vontade e um ideal contagiantes, e as pessoas nos perguntavam onde ela encontrava tanta energia.

Era muito procurada para orientar pessoas com problemas, e sempre atendia todos com atenção.

Ela teve uma trajetória existencial comprometida com os pro-pósitos de servir à causa espírita.

Estão registrados nesta edição os dados de uma vida que demonstram a sua dedicação extrema ao ideal que abraçou.

Como explicar a sua visão vanguardeira, que abriu muitas frentes de trabalho, não só nos estudos espíritas, na assistência social, mas, sobretudo, no Movimento Médico-Espírita, criando ramificações no Brasil e no mundo?

Diante do trabalho realizado por Marlene Nobre, uma pergunta nos foi formulada por uma jornalista:

– Qual foi o maior legado que Marlene Nobre deixou?Creio que foi o exemplo do trabalho abnegado e perseveran-

te, desenvolvido nos seus 77 anos de existência, para construir um mundo melhor, onde nós pudéssemos viver em paz.

Ela nos ensinou que quando colocamos o amor à frente das dificuldades, dos desafios, nunca nos faltam a força e a coragem para servir com Jesus.

Agradecemos a Deus pela nossa convivência ao seu lado, trabalhando juntos, por mais de 60 anos!

Uma vida pela causa espírita

3SAL DA TERRAEdição Nº 54 | Abril | 2015

Com autorização ao autor, publicamos abaixo um importante tema desenvolvido pelo nosso companhei-ro JORGE HESSEN(*), analisando um modismo que se intensificou mais ainda nos últimos anos. Tirem as suas conclusões, divulgue e mande comentários.

“ Alguém nos questionou se se usar uma tatuagem na pele teria influência sobre o perispírito. Há dirigentes de casas espíritas advertindo que todas as pessoas que fizeram ou pensam em gravar tatuagens ou usar piercin-gs, automaticamente estarão em processo de obses-são. Alguns cristãos baseiam-se nas Antigas Escrituras, onde encontramos advertência aos israelitas de “que não deveriam marcar o corpo, fazer cicatrizes com açoi-tes como autoflagelo, por nenhum motivo.”.(1)

Referências bibliográficas:(1) Levítico 19.28; Deuteronômio 14.1-2.(2) Xavier, Francisco Cândido e Vieira , Waldo. Evo-

lução em dois mundos, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro, Ed. FEB, 1959

(3) Xavier, Francisco Cândido. Nosso Lar, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1955

Conhecemos líderes espíritas convictos de que pes-soas que tatuam o corpo inteiro ou o enchem de pier-cings são espíritos primários que ainda carregam lem-branças intensas de experiências pretéritas, sobretudo dos tempos dos bárbaros, quando belicosos e cruéis serviam-se dessas marcas na pele para se impor ante os adversários.

Positivamente não identificamos pontos de caráter prático no uso de tatuagens, especialmente se a lesão imposta ao próprio corpo for por mero capricho. Isso sim, refletirá invariavelmente no perispírito, já que, sendo o corpo físico (templo da alma) um consentimento divi-no para nossas provas e expiações, devemos mantê-lo dignamente protegido e saudável. Entretanto, será que o uso de piercings e tatuagens sobrepujam qualidades morais? Quem pode penetrar na intimidade do seme-lhante e saber o que aí ocorre?

Sob a percepção histórica, a tatuagem é uma téc-nica ancestral que se esvai na memória cultural das ci-vilizações. Antigamente eram aplicadas para marcar o corpo de um escravo com o símbolo do proprietário. Gravavam-se os corpos das prostitutas com o emblema de um reino, governo ou estado. Servia também para estigmatizar o corpo da mulher adúltera. Ainda hoje é tra-dição o seu uso no corpo de príncipes de tribos beduí-nas, africanas e das ilhas do pacífico.

Presentemente, servem para marcar o corpo de membros de gangues, grupos de atletas esportistas (surfe, motociclismo), “beatniks” (movimento sociocul-tural nos anos 50 e princípios dos anos 60 que subs-creveram um estilo de vida antimaterialista, na sequência da 2.ª Guerra Mundial.), hippies, roqueiros e alastrados principalmente entre jovens comuns dos dias de hoje.

Os que se tatuam devem procurar identificar seus motivos íntimos. Recordemos que o corpo é o templo do Espírito e não nos pertence, portanto, é importante preservá-lo contra agressões que possam mutilar a sua composição natural. Há os que usam vários brincos, piercings e outros adereços. Haveria a mutilação espi-ritual por causa desses apetrechos? Talvez sim, prova-velmente não! O certo é que o perispírito é efetivamente lesado pela defecção moral, desequilíbrio emocional que leva a suicídios diretos e indiretos; vícios físicos e mentais, rancores, pessimismos, ambição, vaidade desmesurada, luxúria.

Esfola-se o corpo espiritual todas as vezes que se prejudica o semelhante através da maledicência, da agressividade, da violência de todos os níveis, da per-fídia. Destarte, analisado por esse prisma, os adereços afetam menos o corpo perispirítico. Principalmente por-que na atualidade muitos desses adornos que ferem o corpo físico podem ser revertidos, já na atual encanação, e naturalmente não repercutirá no tecido perispiritual

André Luiz elucida que o perispírito não é reflexo do corpo físico; este é que reflete a alma. “As lesões do cor-po físico só terão, pois, repercussão no corpo espiritual se houver fixação mental do indivíduo diante do aconte-cido ou se o ato praticado estiver em desacordo com as leis que regem a vida.”.(2) As tatuagens e as pequenas mutilações que alguns indivíduos elaboram como forma de demonstrar amor a exemplo de alguém que grava o nome do pai ou da mãe no corpo de modo discreto não trariam, logicamente, os mesmos efeitos que ocorreriam com aqueles que se tatuam de modo resoluto, movi-mentados por anseios mais grosseiros.

Curiosamente, muitas pessoas, retornando ao pla-no espiritual, podem optar pelo uso dos adornos aqui discutidos. Segundo o autor do livro Nosso Lar, “os de-sencarnados podem, sob o ponto de vista fluídico, mol-dar mentalmente e de maneira automática, no mundo dos Espíritos, roupas e objetos de uso e gosto pessoal. Destarte, é perfeitamente possível, embora lamentemos, que um ser no além-túmulo permaneça condicionado aos vícios, modismos e tantas outras coisas frívolas da sociedade terrena.”.(3)

No que concerne às tatuagens especificamente, por ser um tipo de insígnia permanente, pode, sem dúvida, ocasionar conflitos mentais. A começar na atual encar-nação, quando chega a ocasião em que o tatuado se arrepende, após ter mudado de idéia, em relação à fina-lidade da tatuagem. Concebamos que seja o apelido, sobrenome, o desenho ou algum emblema de alguma pessoa que já não estima, não ama ou qualquer outra silueta que já não aceita em seu corpo. Então, o que era um mero enfeite, culmina cansando a estética e torna-se um problema particular de complexa solução.

Então, por que a pessoa se permite tatuar? Nas cul-turas primitivas se usavam tatuagens com finalidades mágicas, para evocar a interferência de divindades, para o bem ou o mal. Hoje é, para muitos indivíduos, uma espécie de ritual de passagem, envolvendo a integração num grupo. Pode ser também de identificação. Pela tatu-agem a pessoa está dizendo algo de si mesma.

Nas estruturas dos códigos espíritas não há espaços para proibições. Não obstante, a Doutrina dos Espíritos oferece-nos subsídios para ponderação a fim de que decidamos racionalmente sobre o que, como, quando, onde fazer ou deixar de fazer (livre-arbítrio). Evidentemen-te que não é o uso de tatuagens que retratará a índole e o caráter de alguém. Todavia, não podemos perder de vista que alguns modelos de tatuagens, com pretex-tos sinistros, podem ser classificados (sem anátemas) como censuráveis e inadequados para um cristão de qualquer linhagem.

Nesse contexto, é importante compreender a pes-soa de forma integral. As características anunciadas no corpo são resultados de seus estados mentais, reflexos das experiências culturais, aprendizados e interpretação de mundo. Como dissemos, o Espiritismo não proíbe nada e fornece-nos as explicações para os fenômenos psíquicos. Assim sendo, as recomendações doutriná-

Tatuagens e piercings na visão Espírita

rias não combatem, porém conscientizam! Não são in-diferentes aos dramas existenciais e demonstram como edificar e marchar no mais acautelado caminho.

Dissemos que o uso piercings e outros adereços e da própria tatuagem por si só não caracteriza alguém com ou sem moralidade. Investiguemos porém as causas dessas atitudes. Quais sãos os anseios, os sonhos, as crenças dos que cobrem seus corpos com tais marcas? Tatuagens, piercings, são estágios transitórios. Importa al-cançar, porém, se tais indivíduos estão mutilados psíqui-ca, emocional e espiritualmente. O que os conduz muitas vezes a despedaçar a barreira da ponderação e do juízo? Por que atentam contra si submetendo-se a dores e so-frimentos incompreensíveis? Para uns o motivo é o mo-dismo. Outros, todavia, ainda se acham atrelados a cos-tumes de outras existências físicas e trafegam do mundo inconsciente para o consciente, derivando na transfigura-ção do corpo biológico.

Perante questões controversas, as mensagens karde-cianas buscam na intimidade do ser o seu real problema. Convidam-nos ao autoconhecimento e ao estágio do auto-aprimoramento. Sugere-nos sensatez, autoestima, altivez, comedimento e a busca incessante de Deus, o Exclusivo Ente, que facultara-nos completar de contenta-mento e paz de consciência.”

Jorge Hessen - nascido no Rio de Janeiro a 18/08/1951, aposentado, residente em Brasília desde 1972. Formado em Estudos Sociais com ênfase em Geografia e Bacharel e Licenciado em História pela UnB. Escritor livros publi-cados: Luz na Mente publicada pela Edicel, Praeiro, um Peregrino nas Terras do Pantanal publicado pela Ed do Jornal Diário de Cuiabá/MT, Anuário Histórico Espírita 2002, uma coletânea de diversos autores e trabalhos históricos de todo o Brasil, coordenado pelo Centro de Documen-tação Histórica da União das Sociedades Espíritas de São Paulo - USE. Articulista com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O Imortal, Re-vista Internacional do Espiritismo, O Médium de Juiz de Fora, Brasília Espírita, Mato Grosso Espírita, Jornal União da Federação Espírita do DF. Artigos publicados na WEB da Federação Espírita Espanhola, l’Encyclopédie Spirite. Revista eletrônica O Consolador, da Espiritismogi.com.br, Panorama Espírita, Garanhuns Espírita e outros portais.

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PERQUIRI A VOSSA INTIMIDADE E ANALISAI COM FIDELIDADE

A MENSAGEM ASSIMILADA PELO VOSSO OLHAR!

O OLHAR É A EXPRESSÃO PROFUNDA DA ALMA QUE AMA OU ODEIA, QUE VALORIZA OU DEPRE-CIA, QUE ENALTECE OU REPUDIA...

E O VOSSO OLHAR? ESPELHO DE SENTIMEN-TOS INTRÍNSECOS, O OLHAR EXTERIORIZA VER-DADES. POR ONDE PASSEAIS O VOSSO OLHAR, BUSCANDO ALIMENTO PARA VOSSAS EMOÇÕES?

CRISTO CUROU COM SEU OLHAR MEIGO E FRATERNO. MAS QÃO POUCOS SÃO ASSIM! MUI-TAS SÃO AS EXPRESSÕES QUE FEREM, MAGOAM.

BUSCAI NA VOSSA INTIMIDADE VOSSA VER-DADEIRA IDENTIDADE E, IDENTIFICANDO-A, ORAI, ORAI POR VOSSA ILUMINAÇÃO, VIGIANDO A BUS-CA NO MUNDO PELO ALIMENTO, PARA QUE ESTE SEJA SAUDÁVEL, NA MAIS PURA EXPRESSÃO DA MANIFESTAÇÃO DO BEM!

QUE O VOSSO OLHAR RETRATE A PRESENÇA DO MESTRE EM VOSSO CORAÇÃO!

Quando se fala em criatividade, pensamos logo na-queles que se colocaram como gênios em suas áreas de atuação, pessoas que se destacaram muito da média das pessoas.

Seja no futebol, como aquele que faz passes e dribles que ninguém imagina, ou na ciência e nas artes, como aqueles que descobriram meios de melhorar a qualidade de vida das pessoas, ou mesmo de embelezá-la através da estética, são meios variados que encontramos, de se aplicar a criatividade.

Mas o que é ser criativo? Todos podem ser? Será que já somos?

Se buscarmos nos dicionários, encontraremos de for-ma geral, as seguintes definições:

Criar – Dar existência a; tirar do nada. Dar origem a; gerar, formar. Dar princípio a, produzir, inventar, imaginar.

Criador – Inventivo, fecundo.Criatividade – Qualidade do criador.Para que haja criatividade, é necessário também que

haja um sujeito criador, alguém capaz de ser inventivo, que seja fecundo naquilo que se propõe a realizar.

Quando Jesus nos ensinou que éramos deuses, nos lembrava desta potencialidade que temos de forma inata, mas que talvez, ainda seja pouco explorada e vivida na maioria das vezes, já que muitos ainda vivem presos aos automatismos da vida, sem muita reflexão, logo criando muito pouco de novo em suas vidas.

Quantos de nós, estamos repetindo diariamente comportamentos, caminhos, escolhas e respostas, sem se dar conta, de que existe uma infinidade de possibilida-des diferentes daquelas que temos optado?

Ora, a maioria de nós, talvez não tenha a habilidade de um Pelé no futebol, a de um Einstein na ciência, ou de um Magrite nas artes. Mas todos nós podemos ser criativos no nosso espaço vivencial, fazendo do ambiente onde transitamos, um lugar melhor.

Fomos criados, não para repetir, mas para nos tornar-

Então, um doutor da lei, tendo se levantado, disse-lhe para o tentar: Mestre, o que é preciso que eu faça para possuir a vida eterna? Jesus lhe respondeu: Que é o que está escrito na lei? Que ledes nela? Ele lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda vossa alma, de todas as vos-sas forças e de todo o vosso espírito, e vosso próximo como a vós mesmos. Jesus lhe disse: Respondestes muito bem; fazei isso e vivereis (E.S.E. , cap. XV – ítem 2) Ainda hoje encontramos dificuldades para compre-ender as palavras de Jesus. Buscamos respostas dis-tantes, quando na realidade a misericórdia Divina nos permite o exercício do amor e da caridade, no próprio convívio familiar, junto daqueles que nos cercam. So-mente a Doutrina dos Espíritos consegue nos explicar as verdadeiras necessidades de aprendizado que fa-zem parte da nossa bagagem espiritual, e que, pela reencarnação, nos é permitido esse exercício através do relacionamento familiar. Quantas reencarnações teriam sido melhor aproveitadas por nós, pelo simples cumprimento do planejamento que acreditávamos po-der realizar enquanto encarnados. Se ainda habitamos um mundo de Provas e Expiações, é porque grandes são as nossas dificuldades de trabalharmos as nos-sas relações com os nossos desafetos; pendências muitas vezes seculares, que somente próximos e no

RODRIGO FERRETTI - PORTANTO, SE ALGUÉM ESTÁ EM CRISTO, NOVA CRIATURA É.2 CORÍNTIOS 5: 17PSICOGRAFIA: ALDA MARIA

LIVRO: O PERFUME DA ROSA

ESPÍRITO SHEILA

CARLOS CRISTINI

E O VOSSO OLHAR?

CRIATIVIDADE EM UM MUNDO DE POSSIBILIDADES

A família na visão espírita

mos melhores e mais criativos, co-criando na busca do melhor, tornando a vida melhor, através de um jeito melhor de ser e de um sentir mais maduro.

Todos nós que estabelecemos laços com a Doutrina Espírita, já fomos agraciados por um conhecimento no-bre, que é o da vivencia moral das Leis Divinas.

Mas por que ainda assim, com a capacidade de re-flexões, muitas vezes belas e elaboradas, sobre temas evangélicos e doutrinários, quando nos chegam no dia--a-dia, as situações-limite, de estresse, aquelas que nos põe o aprendizado à prova, muitas vezes continuamos agindo como se não conhecêssemos essas novas al-ternativas?

Será que não compreendemos verdadeiramente o conteúdo? Será que não queremos realmente mudar?

Devemos sempre lembrar que, conhecer o mapa é bem diferente de trilhar pelo território que foi visto! Conhe-cer os caminhos que levam a determinado lugar, é sem-pre diferente de ir até ele.

Mas vamos lá!É tarefa para cada um de nós, usar da sua criatividade

e inteligência, na busca da aplicação dos conceitos tão valiosos que nos tem sido oferecidos pelo Mestre Jesus, e pelos benfeitores maiores, através de tantas obras me-diúnicas.

O ato cri-ativo como o próprio nome diz, é um ato ativo.Criar é fazer o novo. Permanecer nos condicionamen-

tos antigos, é uma possibilidade passiva, repetindo cau-sas, com consequências que já conhecemos.

Por que então, não buscar o novo, de forma cons-ciente, ativa e dinâmica?

Deus nos deu a vida e nos oferece diariamente um laboratório com todos os ingredientes, de que neces-sitamos para que possamos criar uma nova vida e nos tornarmos melhores.

A receita? Ora, a receita é essa, que na vida, tudo é uma questão de escolha!

meio familiar, poderemos avançar no nosso aprendiza-do. Somente o exercício do amor e da caridade, em substituição ao ódio, ao orgulho, poderá fazer de nós, criaturas melhores. De extrema importância e respon-sabilidade a presença dos pais na educação dos filhos, espíritos que dependem da qualidade dos ensinamen-tos recebidos desde seus “nascimentos”, para que as virtudes recebidas, possam transformar as dificuldades por eles trazidas. Infelizmente nem sempre isso ocor-re. Dificuldades recíprocas entre familiares impedem muitas vezes que um equilíbrio seja mantido no rela-cionamento, quando não temos forças suficientes para controle e domínio do mal que ainda trazemos em nós. Nesses casos, não conseguimos compreender que a dificuldade que “o outro” apresenta, na realidade, é a ferramenta que “precisamos” para corrigir nossas próprias imperfeições e fraquezas. Nossos benfeito-res espirituais aguardam de nós aquele “sinal verde” que permite recebermos as inspirações e os eflúvios benéficos que nos auxiliariam nos momentos difíceis, mas nada conseguem se mantivermos uma “muralha” em nossos corações. Somos seres milenares e ainda vivenciaremos muitas outras encarnações nessa jorna-da redentora para a nossa transformação moral. Mas alguns poderão perguntar: de quantas encarnações ainda precisaremos? A resposta se encontra em cada

um de nós, pois somos os únicos responsáveis pelos nossos próprios atos e pensamentos, definindo dessa forma a velocidade da nossa trajetória de crescimento espiritual. Para os que perseveram no erro, a dor e o so-frimento são os antídotos que recebemos para a cura do mal gerado. Deus jamais abandona nenhuma de Suas criaturas pois, Sua obra é perfeita, e, por maiores que possam ser as nossas dificuldades, um dia nos tornaremos espíritos puros; quanto ao tempo, ele é irre-levante, pois somos imortais e temos toda a eternidade disponível. Paz e muita luz a todos!

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O acidente aéreo com o Airbus A320 da Germanwin-gs, que fazia a rota entre Barcelona e Düsseldorf e caiu, no mês passado, cerca de 45 minutos após a decola-gem, quando sobrevoava os Alpes franceses, causou forte comoção mundial. Como era de se esperar, vários questionamentos surgiram sobre a razão dessa catás-trofe.

Na Doutrina Espírita encontramos explicações sobre os resgates coletivos de um determinado grupo de espí-ritos que, comprometidos com um mesmo débito ou até mesmo semelhante, em outras experiências terrenas, se unem na espiritualidade e programam um resgate cole-tivo. Benfeitores espirituais auxiliam para que esses rea-justes com a Contabilidade Divina possam ser quitados com todos os personagens envolvidos.

Em um episódio como esse imediatamente surgem os relatos daqueles que escaparam do evento trágico, aqueles que estavam com passagens compradas e na última hora perderam o voo. Não há dúvida que nesses casos também há o trabalho da espiritualidade para que esses passageiros não embarquem.

Sabemos que não cai uma folha de uma árvore sem que o Pai não saiba. Dessa forma, não podemos cre-ditar ao acaso as questões de mortes coletivas. André Luiz, no livro Ação e Reação, afirma esses fatos: “Nós mesmos é que criamos o carma e este gera o determi-nismo.” Essa afirmação fica muito clara na descrição do capítulo 18, no qual o atendimento aos desencarnados de acidente aéreo remonta a um compromisso coleti-vo de espíritos que, em outra época, se compraziam jogando pessoas do topo de torres altíssimas, ou que cometeram crimes hediondos atirando ao mar vidas preciosas, ou ainda suicidas que também ceifaram suas existências lançando-se do alto de arranha-céus.

Com essa e tantas outras referências já citadas na literatura espírita, não seria difícil consolar-nos com mais uma expressão da perfeição da Lei de Causa e Efeito atuando sobre nossa trajetória na eternidade, na qual é preciso reaver-nos com a Justiça Divina. Entretanto, dois dias depois do trágico acidente, as notícias haveriam de chocar ainda mais a opinião pública mundial: o Ministé-rio Público de Düsseldorf confirmou que um dos pilotos do Airbus A320 da Germanwings estava fora do cockpit quando a aeronave começou a perder altitude. De acor-do com especialistas em Aeronáutica, há três hipóteses para explicar por que o piloto auxiliar que ficou na cabine não tentou impedir a queda do avião. Ele poderia estar inconsciente, morto ou queria se suicidar. Os especia-listas falam com cautela, mas não é possível excluir a hipótese de atentado suicida.

A terceira hipótese ganha força quando também aparecem informações sobre a saúde mental do piloto auxiliar Andreas Lubitz e sua incapacidade para conduzir

Folha Espírita – Edição de Abril

EDITORIAL

Desencarnaremos somente no momento certo

aeronaves. Certamente, essa instabilidade psíquica po-deria ter sido a causa de sua atitude contra a própria vida, levando também à morte outras 150 pessoas.

Esse ingrediente do copiloto suicida intensifica ainda mais a comoção geral, e os questionamentos sobre a possibilidade do resgate coletivo ficam em cheque dian-te de um ato deliberado capaz de ceifar a vida de tantos outros. Seria Andreas Lubitz um instrumento da espiri-tualidade para promover a desencarnação coletiva? Se assim pensarmos, podemos então dizer que ele teria re-nascido com o compromisso de praticar tal ato para que fosse possível o reajuste dessas almas errantes? Teria ele renascido para cometer o homicídio daquelas pessoas? As dúvidas aumentam e, por alguns instantes,

parece que realmente poderíamos acreditar que es-tamos entregues ao descaso de toda ordem sem que atuassem sobre nós as leis imutáveis do Pai.

A questão 853 de O Livro dos Espíritos nos ensina que nós morreremos somente no momento certo, exce-to quando a causa da morte for o suicídio, como o caso da hipótese levantada para Andreas Lubitz, que teria derrubado de forma deliberada o avião da Germanwings nos Alpes franceses com esse fim. Não há desencarna-ção casual, produzida por falha de terceiros ou mau uso do livre-arbítrio alheio. Ou seja, mesmo o mau uso do livre-arbítrio do copiloto não teria causado a desencarna-ção prematura de 150 inocentes.

Nossa reflexão sobre uma morte violenta, no caso

dos passageiros e tripulantes, deve estar pautada em que ela é fruto de uma expiação, na qual as vítimas atuais foram outrora autoras de violências que lesaram outros espíritos, e como ainda não haviam se libertado desse comprometimento através de outras sanções regenera-doras como o amor, sofrem as consequências na atual existência.

Por isso, podemos dizer que quando reencarnamos com o compromisso de um resgate por meio de morte violenta, não contamos com algozes que também reen-carnem para ser instrumento de nosso resgate. No en-tanto, é preciso lembrar que em nosso orbe contamos com diversos espíritos atrasados, que, ao deixar eclodir suas inferioridades (violência e até mesmo imprudência), ceifarão vidas das vítimas que necessitam dos resgates traumáticos. Todavia, não podemos esquecer que tal fei-to jamais os isentará das consequências de seus atos.

Assim, podemos dizer que o copiloto jamais estaria predestinado a agir como cobrador das dívidas preté-ritas dos passageiros e sua escolha poderia ter sido outra, mas, agora, ele deverá responder pelas escolhas que fez, inclusive por tirar a própria vida. Quanto aos passageiros, esses retornam à Pátria do Espírito com a quitação de uma etapa nefasta de suas existências e caminham para novos aprendizados e oportunidades regeneradoras. Oremos para que a Providência Divina possa amparar todos os envolvidos nesse doloroso, po-rém necessário, resgate coletivo.

6 SAL DA TERRAEdição Nº 54 | Abril | 2015

Joseana estava gravemente enferma, pro blema nos rins. Os médicos davam-lhe poucos meses. Espírita convicta, participava ativamente de um Centro Espírita, dedicando-se par ticularmente aos trabalhos de evan-gelização infan til. Adorava crianças.

A doença impusera-lhe o afastamento da ta refa. Sentia-se deprimida, desanimada, quase acei tando o fato de que, em breve, partiria para o Além, não obs-tante sua ânsia por viver. Afinal, tinha três filhos para criar e um abençoado compromisso de orientação à alma infantil.

Então, começaram os sonhos. Via-se em hospitais onde a submetiam a cuidadoso tratamen to, com a utili-zação de aparelhagem desconhecida, que funcionava, aparentemente, em bases de mag netismo. Eram lem-branças fragmentárias. Pouco registrava. Um detalhe, porém, fixou-se em sua memória: diziam-lhe que seria curada por seu filho Mauro.

Os resultados não demoraram. Joseana animou--se com aqueles sonhos. A fraqueza diminuiu sensivel-mente. Voltou o apetite, favorecendo nova disposi ção. Retomou a tarefa no Centro. Em alguns meses, recupe-rou-se totalmente.

Ficaram apenas as recordações de uma ex periência difícil e da curiosa revelação onírica: o filho fora o agen-te da recuperação. Por quê? Mauro não era nenhum

Salva pelo filhoRichard Simonetti - [email protected]

médico ou taumaturgo. Apenas um filho muito que rido de seis anos, assim como Júnior, da mesma idade, e Magali, de cinco. Os meninos não eram gêmeos, nem chegavam a ter a mesma idade. Havia uma diferença de três meses entre ambos, prodígio facilmente expli-cável: Mauro fora adotado. Criança abandonada, viera ter em seu lar quando Joseana estava no sexto mês de uma gestação complicada, marca da por dores e constantes ameaças de aborto. Não obstante, tomara--se de amores pelo bebê. O mari do, homem generoso e sensível, também se emo cionou com o enjeitadinho. Assim, em poucos me ses, o lar fora enriquecido com dois garotões.

Desejando definir o que tinha Mauro a ver com sua cura, Joseana aproveitou o ensejo de uma conversa com Juvêncio, mentor espiritual do gru po de trabalhos mediúnicos que frequentava, e perguntou-lhe a respei-to do assunto. Ele a ouviu atentamente e respondeu, carinho so:

– Realmente, minha filha, foi graças ao me nino que você curou-se. Fazia parte de suas provações um re-torno mais cedo à Espiritualidade, com a frustração de seus sonhos e ideais relacionados com a jornada ter-restre. Ocorre que, ao acolhê-lo com carinho, embora enfrentando gravidez difícil, nossa irmã “queimou” parte de seu carma, beneficiando-se com a dilação de al-gumas décadas no seu progra ma reencarnatório. Terá,

portanto, a ventura de ver seus filhos criados e enca-minhados na Vida, além de muito serviço pela frente, no abençoado ideal da evangelização infantil. Ante a emoção da jovem senhora, que cho rava discretamen-te, Juvêncio concluiu, sorrindo:

– Rejubile-se! Muita gente retorna ao Pla no Espiritual antes do tempo, após comprometer irremediavelmen-te a vestimenta carnal com indisci plinas mentais e in-temperanças físicas. Você é dessas raras criaturas cuja permanência na Terra situa-se por investimento promis-sor de Deus.

Então, Joseana compreendeu que, amparan do uma criança, na verdade ajudara a si mesma.

As experiências cármicas não obedecem a cego determinismo, nem é o sofrimento o único re curso de resgate de nossas dívidas do pretérito. Podemos me-lhorar consideravelmente nos sas chances de felicidade no Mundo, amenizando os rigores da Lei de Causa e Efeito com o exercício do Bem, até mesmo em favor de uma existência mais longa e produtiva.

Isso não é novidade. Simão Pedro, interpre tando o pensamento de Jesus, proclama, na sua primeira epís-tola à comunidade cristã, que o Amor cobre uma multi-dão dos pecados.

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Matéria de capa da edição de Dezembro/2014 do Jornal ‘CORREIO ESPÍRITA’, o jornal espírita de maior circulação do Rio de Janeiro:

Acreditamos que bastaria o reconhecimento de que os animais SOFREM, aliado à INFORMAÇÃO de que comer animais é algo totalmente DESNECESSÁRIO à nossa nutrição, para que cada um de nós deixasse de enxergar nossos irmãos animais como comida, e assim parássemos de gerar sofrimentos desnecessários.

Não bastasse isso, muito embora esse assunto infe-lizmente ainda seja ignorado na maioria das Casas Es-píritas, a Doutrina Espírita tem uma orientação bem clara quanto ao assunto, conforme muito bem nos esclarece o artigo a seguir, o qual convidamos todos a lerem:

-------------------------“ATÉ QUANDO EXISTIRÃO MATADOUROS E FRI-

GORÍFICOS NA TERRA?A cada dia que passa, recebemos mais notícias a

respeito de movimentos em defesa dos animais. Mui-tos, inclusive, contrários ao antigo hábito da humanida-de de fazer uso deles na alimentação, como o Vegeta-rianismo, e também às demais formas de sua utilização por nós, como o Veganismo.

O Vegetarianismo é uma prática alimentar que faz uso, exclusivamente, de alimentos de origem vegetal, sem incluir os de origem animal.

O Veganismo é uma ideologia cuja base é a convic-ção de que os animais, como os humanos, têm direitos fundamentais e que, devido a isso, nenhum deles deve ser vítima de exploração por parte da humanidade. Ba-seado nesse modo de pensar, o vegano evita produtos e atividades em que os animais são explorados e/ou mor-tos. Sendo assim, ele adota, como regime alimentar, o Vegetarianismo estrito (sem nada que venha de animais, nem mesmo leite e ovos), não usa roupas de origem animal, se abstém de produtos que foram testados em animais - no limite de suas possibilidades - e também boicota circos com animais, rodeios, zoológicos, etc.

O crescimento desses movimentos sociais nos leva às seguintes curiosidades: o que nos ensina o Espiritis-mo a respeito de como devemos nos relacionar com os animais? É correto nos alimentarmos deles?

Para respondermos a essas perguntas, vamos co-meçar pelas primeiras orientações dos Espíritos sobre esse tema, seguindo uma ordem cronológica, que - ve-remos - será importante para compreendê-las adequa-damente:

Em 1857, “O Livro dos Espíritos” dizia, na questão 723, que “a carne nutre a carne, do contrário o homem perece” e, na 734, que “o homem tem direito de des-truição sobre os animais, porém limitado e regulado pela necessidade de prover à sua alimentação e segurança”.

Na questão 888 do mesmo livro, recebemos a se-guinte recomendação: “sede dóceis e benevolentes para com todos (...), assim como em relação aos seres mais ínfimos da Criação, e tereis obedecido à Lei de Deus”. Na 963, nos é comunicado: “Deus se ocupa de todos os seres que criou, por menores que sejam; nada é demasiado pequeno para a sua bondade”.

Percebemos, assim, já pelos ensinamentos do “Li-vro dos Espíritos” (1857), que devemos ser afáveis e bondosos com os animais, e fazer uso deles como ali-mento apenas quando realmente necessário.

Mas, desde a publicação deste livro, a Ciência da Nutrição evoluiu muito e, como Allan Kardec havia escla-recido que “o Espiritismo é uma revelação progressiva, que assimila as descobertas da Ciência” (“A Gênese”, cap. I, ítem 55), o conteúdo das mensagens espirituais foi se desenvolvendo, de acordo com a capacidade da humanidade de recebê-lo, acompanhem:

O benfeitor Emmanuel, mentor espiritual de Chico Xavier, nos diz em 1938: “Os animais têm a sua lingua-gem, os seus afetos, a sua inteligência rudimentar, com atributos inumeráveis. São eles os irmãos mais próximos do homem, merecendo, por isso, a sua proteção e am-paro.” (...) “Recebei como obrigação sagrada o dever de amparar os animais. (...) Estendei até eles a vossa

Espiritualidade dos animaisEduardo Ohana

dar a proteção dos superiores.” (Livro “Missionários da Luz”, psicografia de Chico Xavier, cap. 4: “Vampirismo”).

Podemos encontrar ainda, entre as obras psicogra-fadas por Chico Xavier, este alerta, em 1958, do Espírito Humberto de Campos (o Irmão X): “Os homens que se julgam distantes da harmonia orgânica sem o sacrifício de animais, são defrontados por gênios invisíveis que se acreditam incapazes de viver sem o concurso de-les. (...) Quem devora os animais, incorporando-lhes as propriedades ao patrimônio orgânico, deve ser apetito-sa presa dos seres que se animalizam. Os semelhantes procuram os semelhantes. Esta é a Lei.” (Livro “Contos e Apólogos”, psicografia de Chico Xavier, cap. 15: “O Enigma da Obsessão”).

Neste trecho de outra obra, Humberto de Campos também nos estimula à renovação dos hábitos alimen-tares, em 1967: “Comece a renovação de seus costu-mes pelo prato de cada dia. Diminua, gradativamente, a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devo-ravam uns aos outros.” (Livro “Cartas e Crônicas”, psi-cografia de Chico Xavier, cap. 4: “Treino para a Morte”).

Hoje, a Ciência já constatou que os nutrientes conti-dos nas carnes, e mesmo no leite ou em ovos, podem ser substituídos pelos de origem vegetal. Esta é a decla-ração, sobre o tema, da principal organização científica mundial especializada em Nutrição - a Academy of Nutri-tion and Dietetics: “Dietas vegetarianas apropriadamen-te planejadas - incluindo dietas vegetarianas estritas ou veganas - são saudáveis, nutricionalmente adequadas e podem prover benefícios à saúde, na prevenção e tra-tamento de certas doenças. São apropriadas para indi-víduos durante todos os estágios da vida, incluindo gra-videz, lactação, infância e adolescência, e para atletas.”

Diante destas tão claras manifestações de nobres espíritos, por meio da confiável mediunidade de Chico Xavier, e da evolução da Ciência da Nutrição, cabe o questionamento: por que nós, espíritas, não iniciamos essa nova era a que se referem os mentores? Não é hora de modificarmos nossos hábitos diários para que deixemos de causar sofrimentos desnecessários aos nossos irmãos animais?

As informações sobre como substituir os alimen-tos vindos de animais pelos de origem vegetal já estão disponíveis para todos, seja em livros, revistas espe-cializadas, internet ou com nutricionistas e nutrólogos atualizados. Compete a cada um de nós assumirmos a responsabilidade que temos perante nossos irmãos de outras espécies, nos informarmos e modificarmos essas práticas que já não condizem com os conheci-mentos adquiridos. Só assim os matadouros e frigorí-ficos poderão se tornar “página virada” na história da humanidade.”

concepção de solidariedade e o vosso coração com-preenderá, mais profundamente, os grandes segredos da evolução, entendendo os maravilhosos e doces mis-térios da vida.” (Livro “Emmanuel”, psicografia de Chico Xavier, cap. XVII: “Sobre os animais”).

Emmanuel, ainda, quando questionado se é um erro nos alimentarmos com a carne dos animais, responde, em 1941: “É um erro de enormes consequências. (...) É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos po-dem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta de matadouros e frigorífi-cos.” (Livro “O Consolador”, psicografia de Chico Xavier, resposta à pergunta 129).

Aniceto, instrutor de André Luiz, orienta-nos contra a matança de animais, em 1944: “Cooperemos no des-pertar dos homens, nossos irmãos, relativamente ao nosso débito para com a Natureza maternal. (...) Ajude-mo-los a compreender, para que se organize uma era nova. Auxiliemo-los a amar a terra, antes de explorá-la no sentido inferior; a valer-se da cooperação dos ani-mais, sem os recursos do extermínio! Nessa época, o matadouro será convertido em local de cooperação...” (Livro “Os Mensageiros”, psicografia de Chico Xavier, cap. 42: “Evangelho no Ambiente Rural”).

Outro instrutor de André Luiz que nos adverte quanto ao equívoco de nos alimentarmos de animais é Alexan-dre. Ele, em 1945, chama a atenção para nossa capa-cidade de encontrar nutrientes para nossos corpos sem recorrer às “indústrias da morte”, vejam: “A pretexto de buscar recursos proteicos, exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis. (...) Encarecía-mos, com toda a responsabilidade da Ciência, a neces-sidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecía-mos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos proteicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte.” (...) “Tempos virão, para a humanidade terrestre, em que o estábulo, como o lar, será também sagrado.”

Continuando com suas sábias palavras, Alexandre nos mostra a incoerência de rogarmos proteção aos superiores benevolentes e, ao mesmo tempo, perma-necermos infringindo a lei divina de auxílios mútuos: “Se não protegemos, nem educamos, aqueles que o Pai nos confiou, como gérmens frágeis de racionalidade nos pesados vasos do instinto; se abusamos larga-mente de sua incapacidade de defesa e conservação, como exigir o amparo de superiores benevolentes e sá-bios, cujas instruções mais simples são para nós difíceis de suportar, pela nossa lastimável condição de infrato-res da lei de auxílios mútuos?” (...) “Devemos prosseguir no trabalho educativo, acordando os companheiros en-carnados, mais experientes e esclarecidos.” (...) “Sem amor para com nossos inferiores, não podemos aguar-

8 SAL DA TERRAEdição Nº 54 | Abril | 2015

VIEMOS de longos e obscuros caminhos.HOJE, sob os holofotes dos ensinamentos es-

píritas, sabemos que nossas raízes se assentam no pântano de sombrias experiências. Volvendo os olhos da consciência, que o avanço da intelectualidade nos acrescenta a acuidade, percebemos, boquiaber-tos, os horrendos arquétipos da maldade repontando aqui e ali em contingências sociais e culturais distri-buídas por todo o globo. Semelham lições valiosas, embora encobertas por tanta dor, com que os di-ferentes níveis de maturidade espiritual dos homens produzem e assimilam aprendizagens imprescindíveis ao progresso de todos os internos deste imenso e abençoado educandário terreno.

AS DIVERSAS escolas religiosas receberam, orga-nizaram e velam pelos tesouros dos ensinos divinos de todas as épocas. E a elas se achegam as mul-tidões instintivamente atraídas por difusos ideais de felicidade, cuja plenitude se sobreponha às velhas chagas do sofrimento.

AS LUZES espirituais estão acesas sobre os altares do sacrifício de tantos mártires, líderes e mis-sionários; a palavra humana, dinamizada pelo calor de verdades imorredouras, esparge forças e bendita renovação, buscando elevar os corações e revestí--los com as armaduras da fé e da esperança.

CONTUDO, as batalhas interiores, únicas ações produtivas de real aprimoramento, parecem, para quase a maioria, impossíveis empreitadas despo-

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem dessas mesmas relações.

Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciên-cia que trata da natureza, origem e destino dos Espíri-tos, bem como de suas relações com o mundo corpo-ral. (Allan Kardec, O que é o Espiritismo, Preâmbulo.)

*** O Espiritismo é, sem dúvida, uma ciência de ob-

servação, mas é, talvez mais ainda, uma ciência de raciocínio, e o raciocínio é o único meio de fazê-lo pro-gredir e triunfar de certas resistências. Este fato só é contestado porque não é compreendido. A explicação lhe tira todo o caráter maravilhoso, fazendo-o entrar nas leis gerais da Natureza. Eis por que vemos diariamente criaturas que nada viram e creem, apenas porque com-preendem, enquanto outras viram e não creem, porque não compreendem. Fazendo entrar o Espiritismo na tri-lha do raciocínio, tornamo-lo aceitável para aqueles que querem conhecer o porquê e o como de todas as coi-sas, e o número deles é grande neste século, porque a crença cega já não está mais nos nossos costumes. Ora, se tivéssemos apenas indicado a rota, teríamos a consciência de haver contribuído para o progresso desta Ciência nova, objeto de nossos estudos cons-tantes. (Allan Kardec, Revista Espírita, agosto de 1859, Mobiliário de Além-túmulo).

***O Espiritismo é uma doutrina moral que fortifica os

sentimentos religiosos em geral e se aplica a todas as religiões. Ele é de todas, e não é de nenhuma em par-ticular. Por isso não diz a ninguém que a troque. Deixa

MARINA M.J.GUIMARÃES

POR QUE AS PESSOAS SE REUNEM EM NOME DO CRISTOE PRATICAM A MALDADE?

Segundo Kardec e os Espíritos

jadas de valor. Não há porfia nos procedimentos suaves nascidos da verdadeira reverência a Jesus.

COMO acomodar a doçura do sacrifício com a impetuosidade do orgulho e a rigidez do egoísmo? Parecemos tão estranhos em qualquer grupo, quan-do reclinamos a cabeça, pontuando nosso proceder pelos ditames da humildade!

MESMO nos redutos religiosos, o desalento de nos reconhecermos sozinhos, faz-nos lento e pe-sado o caminhar pelas sendas da caridade!

AS CONTINUADAS horas de doação no trabalho e serviço ao próximo, frio e indiferente, apontam para um longo espaço, no tempo, sem o calor do acolhimento e da gratidão, estes nutrientes indecli-náveis de todo e qualquer idealismo transformador, pautado, ainda, por nossa fragilidade humana.

E sentimo-nos, então, inclinados ao desvio da perseverança no bem. E nos envolvemos com a venenosa atitude maledicente, abrigando a crítica in-tolerante, destruindo preciosos brotos da fraternidade e do fortalecimento do trabalho de equipe.

TOLERÂNCIA, perdão? Simplesmente, perde-mos o foco....

ESQUECENDO-NOS do revigorante da prece, que faz luzir em nossas mentes a vigilância preco-nizada por Jesus, nosso Divino Mestre, acolhemo--nos, inadvertidamente, aos conselhos perniciosos do melindre, que nos coloca, de improviso, diante do artifício infeliz da calúnia e de todo o seu séquito

de maldades.AH, COMO retornar deste emaranhado em que

a maldade recolhe-nos numa cuidadosa teia, senão com o auxílio do tempo em numerosos ciclos de dores renovadas? Só então divisaremos uma estreita senda de retorno ao equilíbrio da vivência no Bem!

SIM, é preciso nos reclinarmos sobre o Evan-gelho de Jesus e desde os primeiros passos desta aceitação, oferecermos ao Divino Condutor, a sim-plicidade de uma proposta em que nos dispomos a pequenos e firmes movimentos de mudança, exercitando o Bem em nosso próprio ambiente de formação espiritual, nossas casas religiosas, nossos lares.

NÃO SENDO assim, sob a inspiração da boa vontade e da humildade, que nos compele a reconhecer-nos frágeis crianças espirituais, teremos que arrostar com os amargos frutos do fracasso, porque “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.

NÃO NOS desviemos do dever inconteste de reconhecermos em nosso(a) companheiro(a) de ideal religioso, um coração que palpita jun-to ao nosso para ensinar-nos, ainda por imensa concessão do Altíssimo, que estendendo sobre ele a bênção do respeito, do carinho, da afeição despojada, da caridade dissimulada pela cortesia, iluminamos, naturalmente, nossos caminhos do presente e do futuro.

a cada um a liberdade de adorar Deus à sua maneira e de observar as práticas ditadas pela consciência, pois Deus leva mais em conta a intenção do que o fato. Ide, pois, cada um ao templo do vosso culto, e assim provai que vos caluniam, quando vos taxam de impiedade. (Allan Kardec, Revista Espírita, janeiro de 1862, Respos-ta à mensagem de Ano Novo dos Espíritas lioneses.)

***O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos

homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje in-compreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou fal-samente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil. (Allan Kar-dec, O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, item 5.)

***O Espiritismo está chamado a esclarecer o mundo,

mas ne cessita de um certo tempo para progredir. Existiu desde a Cria ção, mas só era reconhecido por algumas pessoas, porque, em geral, a massa pouco se ocupa em meditar sobre questões espíritas. Hoje, com o auxí-lio desta pura doutrina, haverá uma luz nova. Deus, que não quer deixar a criatura na ignorância, permite que os Espíritos mais elevados nos venham em auxílio, para contrabalançarem o Espírito das trevas, que tende a en-volver o mundo. O orgulho humano obscurece a razão e a faz cometer muitos erros. São necessários Espíritos

simples e dóceis, para comunicarem a luz e atenuarem todos os males. Coragem! Per sisti nesta obra, que é agradável a Deus, porque ela é útil para a sua maior glória, e dela resultarão grandes bens para a salva ção das almas. (Francisco de Sales, Revista Espírita, abril de 1860.)

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A intenção de Zanenhof era criar uma língua de fácil aprendizado que servisse como língua franca internacio-nal. (Foto:Divulgação)

ESPERANTO E ESPIRITISMOComo língua internacional neutra, o Esperanto

não é patrimônio exclusivo de ninguém. Pelo contrá-rio, é patrimônio comum da humanidade, sendo utilizado como meio de propagação de muitas filosofias, religiões e ideologias políticas.

Grande afinidade encontram no Esperanto as idéias de caráter universalista, como a Doutrina Espírita. Deze-nas de obras espíritas já estão vertidas para o Esperanto, entre elas as Obras Básicas da Codificação e muitos dos livros psicografados por Chico Xavier. Através do Esperanto essas obras têm chegado a países cujas lín-guas nacionais nos são totalmente estranhas e incom-preensíveis.

Na literatura espírita deparamo-nos frequentemente com referências ao Esperanto. Em Memórias de um Sui-cida, o autor espiritual fala da existência de uma universi-dade de Esperanto no além; Bezerra de Menezes narra, em A Tragédia de Santa Maria, a história de uma jovem e de um rapaz que se conheceram através do Esperanto; e nas páginas de Esperanto Como Revelação (Esperan-to Kiel Revelacio) nos émostrada a outra face da língua internacional e do seu criador, ainda desconhecida da maioria dos homens. Nesse livro, Francisco Valdomiro Lorenz, o notável poliglota e espiritualista, nos fala, atra-vés da mediunidade de Chico Xavier, das origens do Esperanto ainda na pátria espiritual, da missão de Zame-nhof, seu genial criador, e do futuro glorioso destinado, na história da humanidade, àlíngua “dos que esperam”.

A Sociedade Espírita Bezerra de Menezes – Sebem – Lagoa Santa mantém cursos permanentes de Esperan-to aos sábados ( rua Allan Kardec – 500 – Santa Cecília)

1 – Qual o significado do título Contra os Príncipes e as Potestades, de seu romance que está sendo lançado?

Ele nos remete a uma observação de Paulo, na epístola aos Efésios (6:12), advertindo os cristãos de que deveriam enfrentar forças poderosas do mundo fí-sico e do mundo espiritual, devotadas ao mal.

2 – O Espiritismo também enfrenta essas forças?Qualquer movimento social ou religioso voltado para

o Bem enfrentará sempre pressões dessa natureza, da parte de Espíritos que se comprazem em estabelecer domínio sobre os homens.

3 – Não são filhos de Deus os Espíritos voltados ao mal?Somos todos filhos de Deus. Espíritos dessa natu-

reza, que a teologia tradicional situa como seres de-moníacos, são apenas filhos transviados de Deus, que mais cedo ou mais tarde retornarão aos roteiros do Bem, porquanto essa é a vontade do Criador, que não falha jamais em seus objetivos.

Esperanto e comunicação mundial

OS PRÍNCIPES E AS POTESTADES

José Mauro Progiante

Richard Simonetti - [email protected]

4 – Por que na Terra parecem prevalecer os maus?É mera impressão. Multidões, não obstante suas

fraquezas, estão cuidando de suas vidas, respeitan-do as leis e a ordem. Uma minoria, por imaturidade, vincula-se ao mal. Faz barulho, chama atenção, como músicos desafinados de uma orquestra.

5 – O livro descreve os processos usados por es-ses Espíritos para perturbar os movimentos religiosos?

Exatamente. O romance reporta-se a um grupo que quer acabar com uma reunião mediúnica, num Centro Espírita, considerando que ela contraria seus interes-ses. Ressalte-se, porém, que essa temática interessa a qualquer pessoa que deseja compreender como atu-am os “demônios”, mais exatamente, nossos irmãos comprometidos com o mal.

6 – Essas entidades movem agressões e desajus-tes perturbadores?

Isso é ação para entidades de pouca habilidade na arte de perseguir as criaturas humanas. Espíritos que desejam afastar os servidores do Bem simplesmente os analisam durante meses, identificam seus pontos fracos e literalmente “dão o bote”. Fica difícil resistir.

7 – Poderia dar um exemplo?É muito comum que nos círculos religiosos ocor-

ram envolvimentos passionais entre participantes com compromissos familiares. Incorrem em adultério, com-prometem-se moralmente e perdem a condição para continuar atendendo aos ideais religiosos. Há sempre um dedinho de Espíritos perturbadores, estimulando fantasias nos envolvidos. Casos graves envolvem até mesmo líderes religiosos, em casos graves de pedofi-lia, como se têm observado.

8 – Podemos considerar, assim sendo, que qual-quer pessoa, de qualquer religião, que busque uma conduta reta e digna, estará sujeita a essa influência?

Sim e não é novidade. Desde as culturas mais an-tigas temos notícia de seres demoníacos buscando perturbar e transviar as criaturas humanas.

09 – Contra os Príncipes e as Potestades seria, por-tanto, um livro de caráter universal, capaz de interessar ao adepto de qualquer religião?

Sem dúvida, considerando que somos rodeados por uma nuvem de testemunhas, como dizia o após-tolo Paulo, reportando-se a multidões de Espíritos que

convivem conosco no plano físico, em grande maioria interessados em nos perturbar e dominar.

10 – Como evitar essas influências?Aprendemos com o Espiritismo que praticando o

Bem e confiando em Deus estaremos seguros, afas-tando entidades mal intencionadas e fazendo por me-recer a proteção dos Espíritos bons, ou dos anjos da guarda, como muitos os denominam.

SERVIÇO:O romance Contra os Príncipes e as Potestades é

publicação da CEAC Editora, de Bauru, fone 14 3227 0618Loja virtual: www.ceac.org.br/editora/lojaE-mail [email protected]

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O sinal do profeta Jonas, por José Márcio de Almeida.

Nínive, capital da antiga Assíria, situada à margem rio Tigre, era uma cidade muito importante, na qual vivia mais de 120 mil habitantes.

No livro do profeta Jonas é descrita como uma cidade excessivamente grande. Era uma junção importante para as rotas comerciais que cruzavam o rio Tigre. Ocupando uma posição central na grande estrada entre o mar Me-diterrâneo e o oceano Índico, assim unindo o oriente e o ocidente, recebia a riqueza que fluía de várias fontes, tornando-se logo uma das maiores cidades da região àquela época.

Társis foi uma cidade cuja localização não é bem deter-minada. É provável que se situasse numa região do sul da Espanha e que se tratasse de um porto fenício avançado.

O Livro de Jonas é um pequeno livro do Antigo Tes-tamento, onde o profeta narra sua própria história. É um livro simbólico, mas de grande profundidade pelos ensi-namentos que traz.

Neste livro, Jonas recebe do Pai a missão de tomar um navio e ir a Nínive converter todo o seu povo que se encon-trava perdido, cheio de injustiças e totalmente descrente. Se esquivando da incumbência, Jonas toma um caminho contrário e opta por ir a Társis. Durante a viagem de navio a Társis, ocorre grande tempestade no mar enquanto o profeta escolhe ir dormir no porão da embarcação. Em meio à fúria das águas, o capitão pede que todos orem a seus deuses e vai ao encontro de Jonas sacudindo-o e se indignando, com sua atitude omissa. Ordena que o profeta se levante e responda a vários questionamentos como: quem é? qual sua profissão? qual a sua gente? Ao que Jonas responde ser judeu (de passagem, peregri-no), e estar fugindo da presença do Senhor. Todos enten-dem que Jonas deve ser lançado ao mar para aplacar a ira divina, assim sendo feito. O mesmo é engolido por um

O sinal do profeta Jonaspeixe bem grande, ficando em seu ventre por três dias e três noites, quando na solidão, dirige a Deus belíssima prece de fé, esperança e louvor, sendo depois vomitado pelo peixe em terra firme, próximo a Nínive, onde conse-gue cumprir sua missão.

O nome Jonas vem de Iona, que significa pomba das asas aparadas, e representa toda a humanidade coberta de seres que sabem voar, mas ficam a ciscar no chão. É o arquétipo do que renasce com uma missão e escolhe errado. Nem sempre a tarefa do Senhor é um passeio e um deleite em festas e ações que não exigem esforço. O navio é nossa travessia e só os ratos ficam em seu porão. Jonas era uma consciência adormecida nos porões do navio, até que o capitão (cabeça; consciência) o acorda.

No momento da tomada de consciência pergunta-mos quem somos nós? a que viemos? e entramos em crise existencial. Todos somos peregrinos e estamos de passagem nesta Terra, mas a sacudida da consciência nos lança às consequências da falta de nosso compro-metimento e a “mergulhar na barriga de um grande peixe”, num mar profundo (nosso mergulho dentro de nós mes-mos), onde na solidão e na escuridão nos conectamos ao Criador, oramos e pedimos misericórdia. Neste mo-mento perdemos os mapas de nossas vidas, mas não a bússola, que é a centelha de Deus em todos nós.

A alegoria de Jonas é um convite especial para este momento planetário e, sendo os discípulos mais jovens de Jesus, não devemos fugir de nossas missões e dei-xarmos lacunas no Universo.

É assim que Jesus, quando procurado por um grupo de fariseus, que lhe pediram um sinal dos céus, para que vissem e acreditassem, enfaticamente responde: “Malig-na é esta geração; ela pede um sinal e não lhe será dado outro sinal senão o de Jonas” (Lucas, 11: 29). E, peremp-

toriamente, diz: “Nenhum sinal será dado a esta geração maligna e infiel” (Lucas, 11: 29). O Mestre assim os res-ponde ante a incompreensão e a dureza dos corações humanos, que simplesmente ignoravam todos os sinais que Ele já houvera dado: curara os leprosos, restaurara a visão dos cegos, levantara os paralíticos e anunciara a boa nova.

Quando asseverou que nenhum sinal seria dado àquela geração adúltera senão o sinal de Jonas, Ele que-ria dizer que, se o povo fosse mais dócil, mais humilde, mais razoável, teria recebido e acatado as suas advertên-cias, assim como fizera o povo de Nínive.

O fato é que os fariseus não aceitavam os sinais de Jonas e tampouco os de Jesus, conforme se depreende no Evangelho de João: “E, ainda que tinha feito tantos si-nais diante deles, não criam nele; Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? (João, 12: 37-38). O pedido dos fariseus para que Jesus lhes desse um “sinal miraculoso dos céus”, desprezando todos os demais que Ele já os havia dado, representa o desejo de permanecermos em nossa zona de conforto, adiando, sempre que possível e com argu-mentos inconsistentes, o mergulho em nós mesmos para processarmos a reforma íntima necessária e fazer prevale-cer as verdades espirituais sobre a matéria.

Jesus, nos leva a melhor compreender a misericórdia divina. O Pai está sempre à espera de nossa “tomada de consciência”, quando decidimos trocar nossos equívocos por acertos, optando pela “porta estreita” ao abraçarmos com coragem e persistência nossas missões e arcarmos com as consequências de nossos erros.

Acreditemos, pois, nos sinais e ensinamentos transmi-tidos por Jesus, o Divino Mestre e Amigo.

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ma, interrogados sobre sua natureza, declararam ser Es-píritos e pertencer ao mundo invisível. Como se tratava de efeitos produzidos em um grande número de localidades, pela intervenção de pessoas diferentes, e observados por homens muito sérios e esclarecidos, não era possível que fossem joguete de uma ilusão.

Da América, esse fenômeno passou para a França e o resto da Europa onde, durante alguns anos, as mesas girantes e falantes foram a moda e se tornaram o diverti-mento dos salões; depois, quando as pessoas se cansa-ram, deixaram-nas de lado para passar a outra distração.

O fenômeno não tardou a se apresentar sob um novo aspecto, que o fez sair do domínio da simples curiosida-de. Os limites deste resumo, não nos permitindo segui-lo em todas as suas fases; nós passamos, sem transição, ao que ele oferece de mais característico, ao que fixa so-bretudo a atenção das pessoas sérias.

Dizemos, inicialmente, que a realidade do fenômeno encontrou numerosos contraditores; uns, sem levar em conta o desinteresse e a honradez dos experimentadores, não viram mais que hábil jogo de escamoteação. Os que não admitem nada fora da matéria, que só acreditam no mundo visível, que acham que tudo morre com o corpo, os materialistas, em uma palavra; os que se qualificam de espíritos fortes, rejeitaram a existência dos Espíritos invisí-veis para o campo das fábulas absurdas; tacharam de loucos os que levavam a coisa a sério, e os cumularam de sarcasmos e zombarias. Outros, não podendo negar os fatos, e sob o império de certas idéias, atribuíram esses fenômenos à influência exclusiva do diabo e procuraram, por esse meio, assustar os tímidos. Mas hoje o medo do diabo perdeu singularmente seu prestígio; falaram tan-to dele, pintaram-no de tantos modos, que as pessoas se familiarizaram com essa idéia e muitos acharam que era preciso aproveitar a ocasião para ver o que ele é re-almente. Resultou que, à parte um pequeno número de mulheres timoratas, o anúncio da chegada do verdadeiro diabo tinha algo de picante para aqueles que só o tinham visto em quadros ou no teatro; ele foi para muita gente um poderoso estimulante, de modo que os que quise-ram levantar, por esse meio, uma barreira às novas idéias, agiram contra seu próprio objetivo e tornaram-se, sem o querer, agentes propagadores tanto mais eficazes quanto mais forte gritavam. Os outros críticos não tiveram suces-so maior porque, aos fatos constatados, com raciocínios categóricos, só puderam opor denegações. Lede o que

eles publicaram e em toda parte encontrareis prova de ig-norância e de falta de observação séria dos fatos, e em nenhuma parte uma demonstração peremptória de sua impossibilidade. Toda a sua argumentação resume-se assim: “Eu não acredito, então não existe; todos os que acreditam são loucos e somente nós temos o privilégio da razão e do bom senso.” O número dos adeptos feitos pela crítica séria ou burlesca é incalculável, porque em to-das elas apenas se encontram opiniões pessoais, vazias de provas contrárias. Continuemos nossa exposição.

As comunicações por batidas eram lentas e incom-pletas; reconheceu-se que adaptando um lápis a um ob-jeto móvel: cesta, prancheta ou um outro, sobre os quais se colocavam os dedos, esse objeto se colocava em mo-vimento e traçava caracteres. Mais tarde reconheceu-se que esses objetos eram tão-somente acessórios que po-diam ser dispensados; a experiência demonstrou que o Espírito, que agia sobre um corpo inerte dirigindo-o à von-tade, podia agir da mesma forma sobre o braço ou a mão, para conduzir o lápis. Tivemos então médiuns escritores, ou seja, pessoas que escreviam de modo involuntário, sob a impulsão dos Espíritos, dos quais poderiam ser instrumentos e intérpretes. A partir daí, as comunicações não tiveram mais limites, e a troca de pensamentos pode--se fazer com tanta rapidez e desenvolvimento quanto entre os vivos. Era um vasto campo aberto à exploração, a descoberta de um mundo novo: o mundo dos invisíveis, como o microscópio havia feito descobrir o mundo dos infinitamente pequenos.

Que são esses Espíritos? Que papel desempenham no universo? Com que objetivo se comunicam com os mortais? Tais as primeiras questões que se teria a resol-ver. Soube-se logo, por eles mesmos, que não são se-res à parte na criação, mas as próprias almas daqueles que viveram na terra ou em outros mundos; que essas almas, depois de terem despojado de seu envoltório cor-poral, povoam e percorrem o espaço. Não houve mais possibilidade de dúvidas quando se reconheceram, entre eles, parentes e amigos, com os quais se pôde conver-sar; quando estes vieram dar prova de sua existência, de-monstrar que a morte para eles foi somente a do corpo, que sua alma ou Espírito continua a viver, que estão ali jun-to de nós, vendo-nos e observando-nos como quando eram vivos, cercando de solicitude aqueles que amaram, e cuja lembrança é para eles uma doce satisfação. (A.K., O Espiritismo em sua mais simples expressão)

Por volta de 1848, chamou-se a atenção, nos Estados Unidos da América, para diversos fenômenos estranhos que consistiam em ruídos, batidas e movimento de obje-tos sem causa conhecida. Esses fenômenos aconteciam com freqüência, espontaneamente, com uma intensida-de e persistência singulares; mas notou-se também que ocorriam particularmente sob a influência de certas pesso-as, às quais se deu o nome de médiuns, que podiam de certa forma provocá-los à vontade, o que permitiu repetir as experiências. Para isso, usaram-se sobretudo mesas; não que este objeto seja mais favorável que um outro, mas somente porque ele é móvel é mais cômodo, e porque é mais fácil e natural sentar-se em volta de uma mesa que de qualquer outro móvel. Obteve-se dessa forma a rota-ção da mesa, depois movimentos em todos os sentidos, saltos, reversões, flutuações, golpes dados com violência, etc. O fenômeno foi designado, a princípio, com o nome de mesas girantes ou dança das mesas.

Até então, o fenômeno podia explicar-se perfeitamente por uma corrente elétrica ou magnética, ou pela ação de um fluído desconhecido, e esta foi aliás a primeira opinião formada. Mas não se demorou a reconhecer, nesses fenô-menos, efeitos inteligentes; assim, o movimento obedecia à vontade; a mesa ia para a direita ou para a esquerda, em direção a uma pessoa designada, ficava sobre um ou dois pés sob comando, batia no chão o número de vezes pedido, batia regularmente, etc. Ficou então evidente que a causa não era puramente física e, a partir do axioma: Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente, concluiu-se que a causa desse fenômeno devia ser uma inteligência.

Qual era a natureza dessa inteligência? Essa era a questão. A primeira idéia foi que podia ser um reflexo da inteligência do médium ou dos assistentes, mas a expe-riência demonstrou logo a impossibilidade disso, porque se obtiveram coisas completamente fora do pensamen-to e dos conhecimentos das pessoas presentes, e até em contradição com suas idéias, vontade e desejo; ela só podia, então, pertencer a um ser invisível. O meio de certificar-se era bem simples: bastava iniciar uma con-versa com essa entidade, o que foi feito por meio de um número convencional de batidas significando sim ou não, ou designando as letras do alfabeto; obtiveram-se, dessa forma, respostas para as diversas questões que se lhe di-rigiam. O fenômeno foi designado pelo nome de mesas falantes. Todos os seres que se comunicaram dessa for-

Histórico do Espiritismo

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