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AJES- INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL RECICLAGEM: UMA NOVA APOSTA DE NEGÓCIO NO MUNICÍPIO DE JUINA MT Anair Luzia Rescarolli Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo JUÍNA/2013

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AJES- INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

RECICLAGEM: UMA NOVA APOSTA DE NEGÓCIO NO MUNICÍPIO DE JUINA

MT

Anair Luzia Rescarolli

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

JUÍNA/2013

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AJES- INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

RECICLAGEM: UMA NOVA APOSTA DE NEGÓCIO NO MUNICÍPIO DE JUINA

MT

Anair Luzia Rescarolli

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

“Trabalho apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Especialização em Educação Ambiental.”

JUÍNA/2013

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DEDICATÓRIA

Primeiramente a Deus, o grande criador do universo pelo dom da vida;

Ao meu namorado Anderson pelo companheirismo;

A toda minha família pelo apoio e compreensão.

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RESUMO

Atualmente há várias cidades brasileiras que vem implantando programas de coleta

seletiva de lixo, pois sabe-se que o destino final do mesmo é um dos agravantes

mais comuns e mais sérios da degradação do meio ambiente. Em geral, muito se

fala em coleta seletiva e reciclagem como alternativa para redução do volume

de lixo a ser disposto em aterros ou lixões. Mas, só a reciclagem permite a

diminuição da quantidade de lixo produzido e o reaproveitamento de diversos

materiais, podendo ajudar a preservar alguns elementos da natureza no processo de

reaproveitamento de materiais já transformados. As campanhas educativas também

são de extrema importância para contribuição e mobilização da sociedade, para que

elas possam participar efetivamente e ativamente na implantação da coleta seletiva

desses resíduos sólidos, separando os materiais recicláveis e/ou reutilizáveis

diretamente em suas próprias residências. Cabe ressaltar também, que o papel da

sociedade no desenvolvimento de projetos de Educação Ambiental envolve a todos

nós, levando a idéia de que a reciclagem por si só não pode ser considerada a

solução, mas que a mudança de hábitos e atitudes pode levar a sociedade a tomar

medidas mais abrangentes, com ações que minimizem a quantidade de resíduos na

própria fonte geradora, consumindo menos e reutilizando embalagens descartáveis,

por exemplo.

O tratamento metodológico da pesquisa terá por ênfase a fundamentação teórica

mediante as revisões bibliográficas. Também será realizado um questionário com

perguntas abertas a alguns dos catadores, em especifico a pessoa que se encontra

a frente do grupo. E por fim, a visita com registros fotográficos do local onde é

realizada a separação do material coletado.

Desta forma, acreditando na Educação Ambiental como processo educativo com a

sociedade, teve por interesse o estudo exemplificado visando obter uma real

conscientização dos valores ao meio ambiente.

A pesquisa in loco pode mostrar exatamente a importância que a Educação

Ambiental tem com a coleta seletiva de lixo e o que ela traz de vantagem para a

população, podendo ajudar a melhorar na conscientização das pessoas em geral,

garantir vida para o meio ambiente e o mais gratificante, gerar renda para as

pessoas que ali desempenha o seu trabalho como um grupo sem fins lucrativos.

Palavras-chave: coleta-seletiva, Reciclagem, lixo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................05

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................07

1.1. A coleta seletiva de lixo no Brasil............................................................................. 07

1.2. A coleta seletiva de lixo e suas vantagens................................................................09

1.2.1. Conceituando os termos coleta seletiva, reciclagem e minimização de

resíduos............................................................................................................................12

2. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................16

2.1. Procedimentos Metodológicos..................................................................................16

2.2. Saída de Campo.......................................................................................................16

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................17

3.1. Juina e sua história: surge a reciclagem como nova aposta de

negócio.............................................................................................................................17

3.2. Implantação do barracão de reciclagem...................................................................18

3.3. Grupo Nova Conquista em convênio com a câmera municipal................................22

CONCLUSÃO..................................................................................................................25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................26

ANEXOS..........................................................................................................................28

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INTRODUÇÃO

Sabe-se que a questão ambiental, no Brasil e no mundo, vem se tornando um tema

amplamente debatido em todos os meios, em virtude da crescente degradação ambiental

existente atualmente e pelo fato de que um ambiente em equilíbrio reflete na qualidade de

vida dos povos. Toneladas de matérias-prima, provenientes dos mais diferentes

lugares do planeta, são industrializadas e consumidas gerando rejeitos e resíduos,

que são comumente chamados de lixo.

Nesse contexto, surge a questão dos resíduos sólidos (lixo) como uma das

mais sérias ameaças ao planeta. Nossa população cresce em níveis geométricos e,

juntamente com ela, cresce a produção do lixo. A maior parte desses resíduos é

lançada céu aberto (vazadouros), o que representa um enorme desperdício de

matéria-prima e de energia, resultando numa grave degradação ambiental. Essa

degradação ambiental ainda é agravada, na maioria das vezes, pela falta de

planejamento ambiental.

Paralelamente, as estratégias de enfrentamento da problemática ambiental,

para surtirem o efeito desejável na construção de sociedades sustentáveis,

passaram a envolver uma articulação coordenada entre todos os tipos de

intervenção ambiental direta, incluindo nesse contexto as ações em educação

ambiental. Dessa forma, assim como as medidas políticas, jurídicas institucionais e

econômicas voltadas à proteção, recuperação e melhoria socioambiental, acabam

por despontar também das atividades no âmbito educativo.

Portanto, diante da constatação da necessidade de edificação dos pilares

das sociedades sustentáveis, os sistemas sociais atualizam-se para incorporar a

dimensão ambiental em suas respectivas especificidades, assumindo assim, uma

posição de destaque para construir os fundamentos da sociedade sustentável e

apresentando uma dupla função a essa transição societária: propiciar os processos

de mudanças culturais em direção a instauração de uma ética ecológica e de

mudanças sociais em direção ao controle dos indivíduos, grupos e sociedades que

se encontram em condições de vulnerabilidade aos desafios da contemporaneidade.

Tal questão, embora conflitante, precisa ser tratada com muita seriedade

porque o caso merece, pois todos nós somos responsáveis pela preservação do

meio ambiente. Por isso, a reciclagem é a melhor saída para amenizar a quantidade

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de lixo produzido por cada pessoa, pois ela consiste na separação (seleção) e

recuperação dos diferentes tipos de materiais orgânicos e inorgânicos (vidros, papel,

plástico, metal, etc.).

No primeiro capítulo será apresntado uma fundamentação teórica sobre

coleta seletica. A seguir será apresentado os materiais e métodos da pesquisa de

campo e, por último, apressentará os dados e a sua discussão.

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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Não há como não produzir lixo. Podemos, no entanto, reduzir essa

produção, reutilizando sempre que possível, os materiais recicláveis. Mas ainda

hoje, grande parte reutilizável do lixo é desperdiçada por um descuido com a coleta

seletiva de materiais diferentes. A coleta seletiva pode ser considerada uma das

alternativas politicamente mais corretas, que desviam dos aterros sanitários os

resíduos sólidos que poderiam ser reaproveitados.

1.1 A COLETA SELETIVA DE LIXO NO BRASIL

Segundo LIEBERT (2011), ao longo de 2010, o montante chegou a 60,8

milhões de toneladas de lixo. Dessas, 6,5 milhões de toneladas não foram coletadas

e acabaram em rios, córregos e terrenos baldios. Do total de resíduos produzidos,

42,4%, ou 22,9 milhões de toneladas/ano, não receberam destinação adequada:

foram parar em lixões ou aterros controlados (que não têm tratamento de gases e

chorume).

Os programas de coleta seletiva também não avançaram na mesma medida:

dos 5.565 municípios brasileiros, 3.205 possuem alguma iniciativa de coleta seletiva.

Em 2009, era 3.152 - uma alta de apenas 1,6%, aquém do crescimento da geração

de resíduos.

Os dados citados acima fazem parte do Panorama dos Resíduos Sólidos no

Brasil 2010, levantamento anual realizado pela Associação Brasileira das Empresas

de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), entidade que reúne as

empresas de coleta e destinação de resíduos.

De acordo com LIEBERT (2011):

“Os dados mostram que o País está em uma trajetória ascendente na geração de resíduos, o que já havia sido verificado nos anos anteriores. No entanto, a destinação adequada não avança no mesmo ritmo", afirma Carlos Roberto Vieira da Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe. Segundo ele, esse crescimento é um efeito colateral do bom momento econômico e da melhoria do poder aquisitivo dos brasileiros, que passaram a consumir mais produtos e mais embalagens.

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"O fato de existirem 6,5 milhões de toneladas por ano de resíduos que

sequer são coletados mostra que é preciso reforçar as políticas de gestão do lixo no

Brasil", ressalta.

O estudo acrescenta que o padrão de geração de lixo no País já equivale à

média dos países europeus - tendência que havia sido verificada no estudo anterior,

de 2009. O brasileiro, em média, produz 1,213 kg de resíduos por dia. Na Região

Sudeste, o montante chega a 1,298 kg por habitante/dia. O europeu produz, em

média, 1,2 kg por dia, e o americano, 2,8 kg.

Para Silvano Silvério Costa (2011), secretário de Recursos Hídricos e

Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, o prazo para adequação dos

municípios é factível. "O Brasil precisa trabalhar para cumprir a lei. Se depender do

governo federal, a PNRS será feita no prazo estipulado", diz.

Ainda segundo a ABRELPE (2011), São Paulo é o Estado que mais avançou

na gestão do lixo: é o que destina menos resíduos para lixões - 8,7%, ou 4.776

toneladas/dia. Desde 1997, o governo estadual vem implementando ações para

interditar lixões e regularizar aterros, explica Maria Heloisa de Assumpção,

engenheira da Cetesb, a agência ambiental paulista. "Em 1997, 77,8% dos

municípios paulistas dispunham o lixo de forma inadequada. Hoje, são apenas

3,7%", diz.

Precisamos então, é só de jogar o lixo no seu devido lugar para não poluir o

ambiente, proporcionando assim, a reciclagem. Porque segundo LOPES (2012), o

país perde cerca de R$ 8 bilhões por ano por deixar de reciclar os resíduos que

poderiam ter outro fim, mas que são encaminhados aos aterros e lixões das cidades.

Este foi o valor estimado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) por

encomenda do Ministério do Meio Ambiente. Ainda assim, o volume do lixo urbano

reciclado aumentou nos últimos anos.

Segundo o Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE, 2012),

passou de 5 milhões de toneladas em 2003 para 7,1 milhões de toneladas em 2008,

o que corresponde a 13% dos resíduos gerados nas cidades. Se considerada

apenas a fração seca (plástico, vidro, metais, papel e borracha), o índice de

reciclagem subiu de 17% em 2004 para 25% em 2008. O retorno financeiro é visível:

o setor já movimenta R$ 12 bilhões por ano.

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Entre 2000 e 2008, houve um aumento de 120% no número de municípios

com coleta seletiva, chegando a 994. A maioria está localizada nas regiões Sul e

Sudeste do país. O número, embora importante, ainda não ultrapassa 18% dos

municípios brasileiros. LOPES (2012).

E o mais importante, a conscientização da população para com sua

responsabilidade social.

1.2 A COLETA SELETIVA DE LIXO E SUAS VANTAGENS

A Coleta seletiva de lixo nada mais é segundo GUS (2012), do que um

processo que consiste na separação e no recolhimento dos resíduos descartados

por empresas e pessoas. Desta forma, os materiais que podem ser reciclados são

separados do lixo considerado orgânico, molhado, que são descartados em aterros

sanitários.

No sistema de coleta seletiva, segundo GUS (2012), os materiais são

separados em papeis, plásticos, metais e vidros. Existem também as indústrias que

reutilizam esses materiais para a fabricação de outros produtos. Pilhas e baterias

também são separadas, pois quando descartados no meio ambiente provoca

contaminação no solo. Embora se esses materiais não possam ser reutilizados eles

passam a ganhar um destino apropriado.

A coleta seletiva de lixo, segundo GUS (2012), é de extrema importância

para a sociedade. Além de gerar renda para milhares de pessoas e economia para

as empresas, também garante uma grande vantagem para o meio ambiente, uma

vez que diminui a poluição em geral, trazendo um desenvolvimento sustentável de

ótima qualidade para nosso planeta.

Em questão, a coleta seletiva de lixo está implantada em 443 municípios

brasileiros – apenas 8% dos 5.565 - e em muitas cidades a população ainda não

colabora. “O erro é do planejamento. Não se implementa a coleta seletiva sem um

programa de educação ambiental antes. A pessoa tem que ser informada sobre o

porquê de fazer a coleta e como aquilo se reverterá em benefícios, não só para a

família dela e seus descendentes”, explica o coordenador do núcleo de Educação

Ambiental do Previ fogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

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Naturais Renováveis (IBAMA), Genebaldo Freire (2011), explica ainda que o Plano

Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), prevê que todos os municípios do País

tenham coleta seletiva em quatro anos e os lixões estarão proibidos.

Segundo GIOVANNI (2010), o lixo que um bairro, uma cidade ou nação

produz está intimamente ligado ao modo de vida de sua população. Por exemplo,

cidades e países industrializados produzem grande quantidade de lixo inorgânico. Já

nas nações em desenvolvimento, nas pequenas cidades do interior, nos povoados,

assentamentos rurais e nas fazendas, grande parte do lixo produzido é de origem

orgânica.

Para quem não se recorda vale lembrar que o lixo orgânico é aquele

originado de quaisquer seres vivos, animais e vegetais, que são facilmente

decompostos pela natureza. Restos de comida, restos de frutas e verduras, restos

de plantas (folhas, galhos, pedaços de madeira, serragem etc.) são alguns exemplos

de lixo orgânico. Por outro lado, o lixo inorgânico é aquele que resulta de produtos

industrializados (plásticos, vidros, metais etc.), que, em geral, são de difícil

decomposição pela natureza, mas que podem ser reciclado pelo homem.

O lixo que produzimos segundo GIOVANNI (2010), pode ser classificado em

quatro grupos (1) lixo domiciliar, produzido nas residências, tais como restos de

alimentos e sacolas plásticas; (2) lixo comercial, produzido nos estabelecimentos

comerciais como lojas, butiques, mercearias etc.; (3) lixo industrial, produzido nas

indústrias, como por exemplo, restos de matérias-primas e subprodutos da

produção; e (4) lixo hospitalar, produzido nos hospitais, postos de saúde, clínicas,

laboratórios e farmácias.O entendimento dos tipos de lixo e suas classificações é

importante, pois à cada um deles deve ser dado uma coleta e destinação

diferenciadas.Existem muitas formas de tratamento do lixo, entre as quais: (a) aterro

sanitário, (b) incineração, (c) reciclagem e (d) compostagem.

Para GIOVANNI (2010), O “aterro sanitário” é a forma mais comum usada

para destinar o lixo no solo. Ele consiste em espalhar e dispor o lixo em camadas

cobertas com material inerte (em geral, terra e cascalho). Junto com essas medidas

são construídos sistemas de drenagem para os gases (metano etc.) e líquidos

(conhecido como chorume), de forma que não ocorra a poluição do meio ambiente.

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De acordo com GIOVANNI (2010), a “incineração”, consiste na queima

controlada do lixo em fornos especialmente projetados para transformá-lo em cinzas.

É um processo de desinfecção pelo calor, pelo vapor e pela água em elevadas

temperaturas, sem a intervenção do trabalho manual. A incineração possui algumas

desvantagens, tais como: alto custo de instalação e manutenção da usina de

incineração; os gases emanados da queima do lixo são altamente poluentes; e para

esse tipo de tratamento há a necessidade de mão-de-obra qualificada.

A “reciclagem” é a transformação do lixo em matéria-prima. As vantagens

econômicas, sociais, sanitárias e ambientais da reciclagem são amplamente

reconhecidas, sendo algumas delas: diminuição da quantidade de lixo a ser

aterrado; economia de energia; e geração de empregos, através da criação de

indústrias recicladoras.

Por vez, segundo GIOVANNI (2010), a “compostagem” é o método de

tratamento da parcela orgânica existente no lixo. O processo de compostagem

consiste na transformação de restos de origem vegetal ou animal em adubo a ser

utilizado na agricultura e jardinagem, sem ocasionar riscos ao meio ambiente. A

compostagem possui várias vantagens, como por exemplo: aumento da vida útil do

aterro sanitário; aproveitamento agrícola da matéria orgânica, a usina de

compostagem pode ser artesanal, utilizando mão-de-obra e instalações de baixo

custo; além de ser um processo ambientalmente seguro.

GIOVANNI (2010) afirma;

Nenhuma dessas quatro formas de tratamento deve ser vista como algo milagroso, capaz de solucionar todos os problemas relacionados ao lixo. Na escolha do modelo de gestão do lixo, todos os setores da sociedade devem participar. Nós não devemos deixar só a cargo da Prefeitura ou do Governo Estadual decidir qual será o destino do lixo que produzimos, pois a má gestão da coleta e destinação final do lixo afeta a todos indistintamente. A participação coletiva nas ações e trabalhos que envolvam políticas públicas como o tratamento do lixo é fundamental, mas, além disso, cada um de nós deve também estar disposto a contribuir individualmente através de pequenos gestos diários, tais como: não jogar lixo nas ruas, praças, praias e demais áreas públicas; não pichar monumentos, muros ou fachadas de residências e estabelecimentos comerciais; depositar o lixo somente nos locais indicados pela prefeitura. Essas são algumas pequenas ações que podem fazer grandes diferenças para nossa vida e para o meio ambiente.

Segundo FERREIRA (2008), a coleta seletiva vem sendo considerada uma

solução no problema do Lixo, pois através da Coleta Seletiva podemos separar os

materiais recicláveis dos não recicláveis. Isso quer dizer que uma parte do lixo pode

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ser reaproveitada, deixando de se tornar uma fonte de degradação para o meio

ambiente e tornando-se uma solução econômica e social, passando a gerar

empregos e lucro.

São muitas as vantagens da reciclagem do lixo. Como:

• A diminuição do consumo de matérias primas virgens (muitas delas não são

renováveis e podem apresentar ainda exploração dispendiosa);

• Contribui para diminuir a poluição do solo, água e ar; Melhora a limpeza da

cidade e a qualidade de vida da população;

• Prolonga a vida útil de aterros sanitários;

• Melhora a produção de compostos orgânicos;

• Gera empregos para a população não qualificada e receita para os pequeno e

micro empresários;

• Gera receita com a comercialização dos recicláveis;

• Estimula a concorrência, uma vez que os produtos gerados a partir dos reciclados

são comercializados em paralelo àqueles gerados a partir de matérias-primas

virgens;

• Contribui para a valorização da limpeza pública e para formar uma consciência

ecológica.

Em geral, segundo FERREIRA (2008), só é possível reciclar papéis, vidros,

plásticos e metais. O Lixo Orgânico, ou seja, restos de comida, cascas de legumes,

frutas, cascas de ovos, etc não se recicla. Os chamados Rejeitos, que seriam

lenços, papel higiênico, absorventes e guardanapos de papel sujos, fotografias, bem

como espuma, acrílico, espelhos, cerâmicas, porcelanas, tijolos, etc. Resíduos

específicos, ou seja, pilhas e baterias. Resíduos hospitalares, algodão, seringas,

agulhas, gazes, ataduras, etc. Lixo químico ou tóxico, como por exemplo,

embalagens de agrotóxicos, latas de verniz, solventes, inseticidas, etc.

1.2.1 CONCEITUANDO OS TERMOS COLETA SELETIVA, RECICLAGEM E

MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS

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De acordo com FERREIRA (2008), o lixo é um problema relativamente

recente, já que, há algumas décadas, era constituído basicamente por materiais

orgânicos - facilmente decompostos pela natureza. Mas com a mudança nos

hábitos, o aumento de produtos industrializados e o advento das embalagens

descartáveis, o lixo tomou outra dimensão e sua "composição" também mudou.

Hoje, em vez de restos de alimentos, as lixeiras transbordam de embalagens

plásticas (mais de 100 anos para decompor), papéis (de 3 a 6 meses) e vidro (mais

de 4.000 anos). Mas o problema não é, propriamente, a característica do lixo

produzido, hoje, nos grandes centros urbanos, mas o destino dado a ele. Muitos

desses materiais podem ser reaproveitados ou reciclados, diminuindo, assim, as

enormes montanhas formadas nos lixões da cidade e, conseqüentemente, a

degradação do meio ambiente. Outro aspecto importante da reciclagem, além da

consciência ecológica, é o fator social. A coleta de material reciclável é, muitas

vezes, a única fonte de renda dos catadores.

FERREIRA (2008), ainda afirma, que muitas organizações não-

governamentais, entidades sem fins lucrativos, empresas e a própria população têm

se mobilizado para, na medida do possível, dar um tratamento adequado ao lixo

produzido na cidade. Pois, normalmente, a população tem uma enorme vontade de

participar porque está preocupada com a questão do lixo, mas não sabe que não é

tão fácil assim. Tem gente que acha que implantar coleta seletiva é só comprar

lixeiras coloridas e colocar ao acesso da população. Mas aí é que está o problema,

só depois de amontoarem os recicláveis, desordenadamente, é que descobrem que

têm de organizar um lugar e juntar uma quantidade equivalente muito grande para

que possa ter alguém disponível que possa vir recolher esses resíduos.

Segundo FERREIRA (2008), algumas associações sem fins lucrativos

mantida por empresas privadas, também se dedicam à promoção da reciclagem,

seguindo o conceito de gerenciamento integrado do lixo.

Essas associações têm como objetivo conscientizar a sociedade sobre a

importância dos chamados "Três Rs": redução, reutilização e reciclagem de lixo,

utilizando publicações, pesquisas técnicas e seminários. A mudança de hábito é a

parte mais difícil. Requer um esforço, cujo tempo necessário varia bastante.

Para implantar um programa de coleta seletiva é preciso ter bastante dedicação e

empenho. Todo o programa é compreendido em, pelo menos, três etapas: o

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planejamento, a implantação e a manutenção. E para que a coleta funcione o

programa nunca pode ser tocado por apenas uma pessoa, para o sucesso dos

programas depende da participação e do envolvimento de mais pessoas - três ou

quatro no mínimo. “A única coisa que é indispensável é a vontade de fazer”. Se não

existe um grupo que quer levar o trabalho adiante, não tem como, a idéia morre.

Coleta seletiva - É a atividade de separar o lixo, para que ele seja enviado para

reciclagem. Separar o lixo é não misturar os materiais passíveis de serem

reaproveitados ou reciclados (usualmente plásticos, vidros, papéis, metais) com o

resto do lixo (restos de alimentos, papéis sujos, lixo do banheiro). A coleta seletiva

tanto pode ser realizada por uma pessoa sozinha, que esteja preocupada com o

montante de lixo que estamos gerando (desde que ela planeje com antecedência

para onde vai encaminhar o material separado), quanto por um grupo de pessoas

(condomínio, escola, cidade, etc.). Organizar um programa de coleta seletiva não é

tão complicado, MAS EXIGE PLANEJAMENTO CUIDADOSO.

Reciclagem - É uma atividade - na maior parte dos casos, industrial - que

transforma os materiais já usados em outros produtos que podem ser

comercializados. Através da reciclagem, papéis velhos transformam-se em novas

folhas ou caixas de papelão; os vidros se transformam em novas garrafas ou

frascos; os plásticos podem se transformar em vassouras, potes, camisetas; os

metais transformam-se em novas latas ou recipientes.

Minimização de resíduos - É um conceito que abrange mais do que a simples

coleta seletiva e envio do lixo para reciclagem. Pressupões três regrinhas básicas

que devem ser seguidas: primeiro pensar em todas as maneiras de REDUZIR o lixo,

depois, REAPROVEITAR tudo o que for possível, e só depois pensar em enviar

materiais para RECICLAR. Essa forma de atuação é chamada de 3 R, que é a letra

inicial de cada uma das palavras-chave.

Reduzir; Podemos reduzir significativamente a quantidade de lixo quando se

consome menos, mas de maneira eficiente, sempre racionalizando o uso de

materiais e de produtos no nosso dia a dia.

Reutilizar: O desperdício é uma forma irracional de utilizar os recursos e diversos

produtos podem ser reutilizados antes de serem descartados, podendo ser usados

na função original ou criando novas formas de utilização. Exemplificando: podemos

utilizar os dois lados do papel, confeccionar blocos para rascunhos com papel

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escritos ou impressos em apenas um dos lados; reutilizar envelopes e clipes;

reutilizar latas, sacos e embalagens plásticas para vasilhames, produção de mudas

e até mesmo brinquedos; triturar restos de materiais e entulhos de construção para

reutilizá-los em construções simples.

Reciclar: é o termo usado quando é re-feito, por indústrias especializadas, o produto

de origem industrial, artesanal e agrícola, que foi usado e descartado ao fim de seu

ciclo de produção e utilização.

De acordo com ZIEGLER (2010), os primeiros programas de coleta seletiva e

reciclagem dos resíduos sólidos no Brasil começaram na década de 80. Segundo o

estudo do IBGE, desde então, comunidades organizadas, indústrias, empresas e

governos locais têm sido mobilizados e induzidos à separação e classificação dos

resíduos nas suas fontes produtoras.

O avanço se deu principalmente nas regiões Sul e Sudeste, onde em 2008,

46% e 32,4%, dos municípios, respectivamente, informaram ter programas de coleta

seletiva que cobriam todo o município. “A situação está avançando muito e deve ser

impulsionada com a nova Política Nacional dos Resíduos Sólidos”, disse André

Vilhena (2010), diretor do CEMPRE. Mas ele ainda aponta gargalos como o alto

imposto sobre a reciclagem e a falta de participação da população. Por isso, é

importante ressaltar que as empresas se convençam de que não é mais possível

desperdiçar e acumular de forma poluente materiais potencialmente recicláveis.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A execução do trabalho foi fundamentada no embasamento teórico mediante

revisões bibliográficas para suporte as questões levantadas.

Será realizado um questionário com perguntas abertas a alguns dos

catadores, em específico, a pessoa que ali se encontra a frente do grupo.

2.2 SAÍDA DE CAMPO

Para análise e melhor identificação do local, foi realizada a saída de campo

até o barracão onde é realizada a separação do material coletado. O mesmo se

localiza ao lado da chácara da Pastoral da Saúde sentido ao Pesque Pague,

perímetro urbano.

Num primeiro momento foi possível entrevistar a pessoa que se encontra a

frente do grupo e a funcionária mais antiga no grupo, onde a mesma pode colaborar

com informações muito importantes.

Em outro momento, foi levada até essa pessoa que se encontra a frente do

trabalho, uma carta de aceitação fotográfica pelo fato do local agregar entidades

como cooperativa.

Por final, foi feito os registros fotográficos dos resíduos que ali são

destinados.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 JUÍNA E SUA HISTÓRIA: SURGE A RECICLAGEM COMO NOVA APOSTA

DE NEGÓCIO

No ano de 1976, foram descobertas ricas jazidas diamantíferas na região

noroeste, através de pesquisas identificadas pela SOPEMI sociedade de pesquisa mineral e

pelo projeto RADAMBRASIL (IBGE 2009).

Sendo assim, a garimpagem de diamantes acabou contribuindo na história do

município de Juína, ocorrendo de forma aleatória, à colonização efetiva no município. Apartir

daí, inúmeras famílias oriundas, especialmente do centro-sul do país, começaram a se

migrarem para esta região, trazendo com elas suas diversas manifestacões culturais.

A cidade de Juina está localizada no Noroeste do Estado de Mato Grosso, a

732 km da capital, Cuiabá, entre as coordenadas latitude 11º22’42” sul e a uma

longitude 58º44’28” oeste, estando a uma altitude de 442 metros e abrangendo uma

area de expansão territorial de 26.250 km². A população atual é de

aproximadamente 39.000 habitantes, sendo elas distríbuidas tanto pela área rural

quanto na área urbana.

O munícipio foi criado a partir de um projeto implementado pela Companhia

de Desenvolvimento de Mato Grosso, CODEMAT, no ano de 1976. A Rainha da

Floresta, apelido carinhoso dado a Juína foi oficializada pela Lei Estadual nº 4.456,

de 09 de maio de 1982, desmembrando-a do munícipio de Aripuanã (IBGE, 2009).

Entre todos esses anos e com tanto desperdício de lixo nada se tinha sido

feito. Só em março de 2010, que houve a criação de uma cooperativa chamada

“Grupo de Recicladores Nova Conquista”, onde as pessoas que faziam parte

começaram a se organizar contando com o apoio da Cáritas Diocesana.

O grupo visava com o objetivo de gerar trabalho digno e renda às famílias

envolvidas, partindo dos princípios da economia solidária, e logo passou a contar

outros órgãos como, o IBAMA, Instituto Chico Mendes (ICMBio), Coletivo Jovem

pelo Meio Ambiente, os quais que se juntaram à Equipe de apoio.

A primeira atividade do grupo foi uma visita a Tangará da Serra que possui o

sistema de coleta, de forma estruturada e planejada, o que vem gerando ótimos

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resultados inclusive na educação para a responsabilidade cidadã de cuidar do

ambiente do quais todos dependemos para viver.

3.2 IMPLANTAÇÃO DO BARRACÃO DE RECICLAGEM

O próximo passo dado foi em direção a construção do ambiente de trabalho,

o terreno foi cedido pela Pastoral da Saúde e o barracão foi construído, conforme a

figura 1, com muito esforço partindo do conjunto das pessoas e organizações

envolvidas.

Figura 1: Implantação do barracão Fonte: RESCAROLLI, Anair Luzia (2012).

O grupo hoje trabalha apenas com os seguintes materiais: papelão, plástico

(sacos, bacias, baldes, embalagens de amaciante, iogurte, etc.), e metais (latas,

panelas, panelões, etc.), conforme as figuras 2, 3, 4. Vale lembrar que para ter um

controle estatístico dos resíduos coletados diariamente, é feito um registro no

caderno com o número aproximado desses resíduos.

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Figura 2: Papelão Fonte: RESCAROLLI, Anair Luzia (2012).

Figura 3: Plásticos Fonte: RESCAROLLI, Anair Luzia (2012).

Figura 4: Sacolas plásticas Fonte: RESCAROLLI, Anair Luzia (2012).

De acordo com a figura 5, os resíduos que são separados poderão ser levado

até o barracão, localizado ao lado da Chácara da Pastoral da Saúde em direção ao

Pesque & Pague, onde irá servir de produto para o trabalho diário do “Grupo Nova

Conquista”. Dessa forma haverá a certeza de que será agregado um valor ainda

maior ao lixo que iria ser jogado em locais até mesmo inadequado, e onde poderá

fazer a diferença na vida destes catadores, renovando assim, o nosso compromisso

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enquanto população, governo, classe empresarial, com a cidadania e com o desafio

da sustentabilidade.

Figura 5: Lixo coletado Fonte: RESCAROLLI, Anair Luzia (2012).

Pelo fato do grupo contar com apenas 8 catadores (oito) a coleta diária é

realizada por bairros da cidade. Sendo que na segunda-feira recolhe nos módulos

01 e 02, na terça-feira no módulo 03, na quarta-feira no módulo 05 setor G e H, na

quinta-feira também no módulo 05, mas no setor D e E, e na sexta-feira no módulo

04.

Nos demais bairros da cidade a população pode levar o material reciclável

nos pontos de coleta existentes em todas as escolas, postos de Saúde e Igrejas.

Vale lembrar que entre os catadores existe todo um planejamento, onde 04 desses

catadores trabalham na parte da manhã e os outros 04 ficam no barracão separando

os resíduos. E na parte da tarde existe uma troca, os que cataram de manhã ficam

separando e os outros quatro que estavam separando vão catar os resíduos na

cidade. Isso para facilitar a coleta tanto para o grupo, tanto para os moradores. Além

do mais existe também a colaboração dos coletores municipais que são avisados de

não recolher esse lixo, quando estiver separado.

É importante ressaltar que, as embalagens que conter restos de alimentos

precisam ser lavadas pela pessoa, para que não haja proliferação de

microorganismos.

Segundo o grupo, são coletados mensalmente cerca de 12 a 16 toneladas

de resíduos, onde os mesmos são levados até o local, meramente separados, e

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depois prensados, feitos blocos, conforme as figuras 6, 7e 8, e quando há uma

grande quantidade disponível é vendido para uma empresa em Cuiabá, MT. Com o

dinheiro adquirido, é pago todas as despesas feitas pelo grupo e o restante

separado igualmente entre os catadores. Por isso, vale lembrar que o grupo não

conta com nenhuns fins lucrativos.

Figura 6: Máquina que prensa os resíduos Fonte: RESCAROLLI, Anair Luzia (2012).

Figura 7: Blocos de sacolas plásticas Fonte: RESCAROLLI, Anair Luzia (2012).

Figura 8: Blocos de garrafa pet Fonte: RESCAROLLI, Anair Luzia (2012).

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O grupo explica também que existem sim algumas empresas comerciais da

cidade que ajudam eles, mas com apenas resíduos e não com dinheiro. Essas

empresas separam caixas de papelão, restos de plásticos e latinhas e fazem o

trabalho de conscientização para com o meio ambiente.

Através da doação de resíduos para os recicladores, as pessoas passam, a

saber, o é Educação Ambiental, aprendem a ser mais solidários, e o mais

importante, passa a colaborar com o meio em que vive de maneira conscientizadora

e saudável.

3.3 GRUPO NOVA CONQUISTA EM CONVÊNIO FINANCEIRO COM A

CÂMARA MUNICIPAL

Segundo SILVA (2012), aconteceu na Câmara Municipal uma reunião com

os vereadores e as pessoas que estão à frente oferecendo apoio sem fins lucrativos

aos catadores de lixo reciclável membros do “Grupo Nova Conquista”. Em sessões

extraordinárias no dias 21 e 22/03/2012, foi colocado em pauta o Projeto de Lei

021/2012 do Poder Executivo Municipal que celebra um convênio com a Diocese de

Juína sobre abertura de crédito especial.

O referido convênio consiste no repasse de recursos financeiros, no valor de

R$ 18.000,00 (dezoito mil reais) para ser utilizado na Usina de Reciclagem de Lixo

que a Diocese de Juína - Associação Cáritas apóia. O mesmo seria usado para

melhorias na estrutura física da usina como: construção de banheiros, cozinha, área

de serviço, bebedouros, portões, equipamentos de segurança, assessória técnica na

área de formação e treinamentos dos trabalhadores, na reciclagem do material e

manutenção dos veículos e equipamentos.

Durante a reunião na sala da Presidência, se fizeram presentes a convite do

Presidente da Casa (com intuito de tirar dúvidas dos vereadores), os membros da

Cáritas: Irmã Maria da Penha Andreon Presidente do CMDCA de Juína, Geraldo

Batista Vieira Sócio Proprietário da Gráfica Gerdan e Judite Aguiar, Coordenadores

e apoiadores do Projeto. Irmã Penha pediu que todos formulassem as suas

perguntas para depois começarem a responder.

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Os vereadores Alexandre e Geraldo tinham dúvidas sobre a ligação da

Pastoral com esse Projeto, de quem estaria à frente e como seria administrado esse

repasse. Alexandre quer homenagear os trabalhadores. Nádia disse que já conhece

o trabalho dos cooperados e o apoio por parte da Cáritas. João Batista sugeriu que,

numa outra oportunidade poderia reunir os cooperados e dialogar sobre as

necessidades dos mesmos. Antonio Munhoz (Tuna) disse que sabe da importância

do trabalho dessas pessoas, e o benefício que o mesmo pode trazer no futuro. Por

isso, é que temos que destacar os nomes de todos os que fazem parte desse

projeto. Robson questiona se vai ser acrescentado mais algum valor pela Cáritas,

porque ao ler trechos do projeto verificou que R$ 18.000,00 (dezoito mil reais) vai ser

pouco para suprir as necessidades atuais do grupo.

A Irmã Penha agradeceu o tempo disponibilizado pelos vereadores para a

troca de idéias e acrescentou que o trabalho assumido pela Coordenação da Cáritas

é voluntário. Mas ela está à frente desse projeto há quase dois anos, e que contou

com o apoio de Rogério do Projeto Chico Mendes porque a iniciativa da

coordenação tem uma preocupação inicial com o meio ambiente e qualidade de vida

das pessoas envolvidas. Segundo Irmã Penha, a Cáritas não atua como “patrão”, o

intuito é formar uma cooperativa, mas para começar é necessário ter acima de 20

membros e no momento são apenas 15.

O grupo ainda está em formação, e cada comunidade tem um coordenador

representante disse Judite, que tentou explicar para o vereador Alexandre que

cobrou apoio para o combate às drogas no bairro onde mora (São José Operário).

Disse que o bairro necessita de mais atenção por parte da Igreja Católica e da

Cáritas, através de trabalhos de apoio para o combate as drogas, levando total

conscientização para esses jovens e adolescentes do bairro.

Irmã Penha comentou que por ser um processo lento e de muitas

dificuldades, no começo o grupo chegou a pensar que não daria muito certo a

abertura da cooperativa, porque as pessoas tinham muitos problemas de relações

humanas. Mas dai foi eleita uma nova direção e recomeçamos o processo,

acrescenta. Hoje temos cerca de 15 famílias da comunidade (módulo 04, 05,

Palmiteira e outros bairros), as quais conta com pessoas totalmente comprometidas

com esse processo, e que formam o Grupo Nova Conquista, acrescentou Irmã

Penha.

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Geraldo Batista Vieira disse que foram feitas parcerias com o Sicredi, que

doou as telhas retiradas do antigo prédio para cobrir o barracão; As madeiras

apreendidas pelo IBAMA, parte foi doada para a cooperativa e a Diocese doou a

primeira moto, que deu início aos trabalhos. Sua preocupação é que, ainda não tem

o mínimo de proteção (segurança), não tem banheiros e a estrutura ainda é precário.

O frete também para levar lá fora os recicláveis é muito caro, vender aqui é a

solução, disse que todos estão trabalhando para que muito em breve esse trabalho

alavanque como verdadeira cooperativa e que as pessoas envolvidas possam se

emancipar e andar sozinhos.

O Presidente Zulmar Curzel (Carequinha) agradeceu pela vinda e pelas

explicações dadas pela equipe, e colocou a Casa de Leis à disposição para qualquer

declaração. Por fim, todos os vereadores agradeceram e pediram para a Diocese

continuar com essa importante parceria mesmo após a efetivação da cooperativa.

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CONCLUSÃO

Pode se concluir que não há como as pessoas não produzir lixo. Mas uma

grande parte desses resíduos sólidos ainda é desperdiçada por um descuido com a

coleta seletiva, sendo ela, uma das alternativas politicamente mais corretas.

A coleta seletiva de lixo é de extrema importância para a sociedade, pois em

geral, o lixo é bastante caro, leva tempo para decompor e além de tudo, necessita

de muito espaço. Mas o lixo só permanecerá um problema se não dermos a ele um

tratamento adequado.

Na pesquisa in loco ficou claramente concluído que o grupo realiza uma

economia solidária. Podendo proporcionar as pessoas a realizar a coleta seletiva

como forma de reaproveitamento com novos produtos que poderiam ser descartados

em lugares inadequados, e que posteriormente pudesse prejudicar a qualidade do

nosso ambiente e da saúde pública.

Outra vantagem de realizar a coleta seletiva é que, o lixo considerado seco é

destinado somente a parte de reciclagem, sendo que o lixo considerado orgânico

que muitas das vezes acabam sendo descartados em lugares a céu aberto pode se

encontrar outra maneira de tratamento, destino esse ao aterro sanitário, um lugar

viável que ajuda na diminuição do gás metano provocado pelo acúmulo de lixo na

atmosfera.

Por final, um dos motivos para implantação da cooperativa no município de

Juína seria a preocupação com o meio ambiente que se encontra, com a saúde

publica, e paralelamente uma forma de garantir melhor qualidade de vida aos

cooperados que fazem parte do grupo.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2009 - Características gerais da população: Resultados de amostra. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibegeteen/datas/religiao/home/html>. Acesso em: 07 jun. 2012. LIEBERT, Paulo/AE. Brasil aumenta em 6,8% geração do lixo, mas coleta seletiva cresce só 1,6%, 2011. Disponível em: <http://www.impresso,brasil-aumenta-em-68-geracao-do-lixo-mas-coleta-seletiva-cresce-so-16,710666,0.htm>. Acesso em: 29 jun 2012. LOPES, Laura. Os números da reciclagem no Brasil, 2012. Disponível em: <http://www.os-numeros-da-reciclagem-no-brasil.htm>. Acesso em: 30 jun 2012. O QUE É COLETA seletiva, reciclagem e minimização de resíduos, 2012. Disponível em: <http://www.institutogea.org.br>. Acesso em: 28 maio. 2012. PROJETO coleta seletiva, 2008. Disponível em: <http://www.trt21.jus.br/html/gest_ambiental/pdfs/projeto_coleta_seletiva.pdf>. Acesso em: 29 maio. 2012. SILVA, Maria. C. F. O futuro promete com a reciclagem do “Grupo Nova Conquista”, 2012. Disponível em: <http://www.camarajuina.mt.gov.br/noticias_ver.php?id=17>. Acesso em: 02 jun. 2012. VILHENA, André. No sul e sudeste, coleta seletiva está chegando, 2010. Disponível em: <http://www.ultimosegundo.ig.com.br/ciência/meioambiente/.../n1237737062361>.Acesso em: 03 jun.2012. ZIEGLER, Maria.Fernanda. Só 994 municípios do País têm coleta seletiva, aponta IBGE, 2010. Disponível em: <http://www.n1237754000724.htm>. Acesso em: 01 jun 2012.

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ANEXOS

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

QUESTIONÁRIO

NOME=__________________ DATA=___/___/___

1-Como funciona o trabalho dos catadores? Existe alguma regra que precisa ser

cumprida diariamente?

2-O grupo hoje conta com quantos catadores?

3-No momento, a coleta é feita por bairros (diária). Existe algum desses bairros que

a conscientização é maior, ou todos estão num mesmo nível?

4-Qual a média mensal de resíduos coletados?

5-Como é feito o processo de reciclagem dos resíduos?

6-Existe alguma empresa ou entidade envolvida com o grupo?

7-O grupo conta com fins lucrativos? Para que?

8-Na sua visão, que esta a frente do grupo, como as pessoas vejam seu trabalho?