ajes - instituto superior de educaÇÃo do vale do...
TRANSCRIPT
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO
8.5
A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NA ALFABETIZAÇÃO
ROSE ALVES BISPO
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
COLÍDER/2013
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO
A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NA ALFABETIZAÇÃO
ROSE ALVES BISPO
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Educação Infantil e Alfabetização.”
COLÍDER/2013
AGRADECIMENTOS
A DEUS, Pelo dom da vida e por me conduzir
através do seu Espírito Santo.
Aos meus pais Anísia e Gumercindo, que sempre
foram o meu porto seguro.
Aos meus irmãos que sempre me incentivaram a
estudar.
Ao meu esposo pela compreensão da minha
ausência em finais de semana e nos momentos de
elaboração de trabalhos.
Aos meus colegas de turma que direto ou
indiretamente me ajudaram no decorrer do curso.
A AJES e seus professores que nos ofereceram a
oportunidade desse curso de especialização.
"O Lúdico é eminentemente educativo no sentido em que constitui a força impulsora de nossa curiosidade a respeito do mundo e da vida, o princípio de toda descoberta e toda criação." (Santo Agostinho).
RESUMO
Esta pesquisa bibliográfica tem como tema a importância da ludicidade na
alfabetização, tendo em vista que a mesma é de suma importância no processo de
alfabetização das crianças e no seu desenvolvimento emocional /social, físico e
cognitivo. A partir disso, refletir a importância da ludicidade como elemento
facilitador no processo de alfabetização, analisar a importância do lúdico no ensino-
aprendizagem das crianças no processo de alfabetização, pesquisar referenciais
que abordam a ludicidade e demonstrar a importância da ludicidade no
desenvolvimento integral da criança. Esta pesquisa bibliográfica respaldada por
expressivos referenciais teóricos demonstra a importância das atividades lúdicas na
alfabetização, visto que jogos, brinquedos e brincadeiras são, conforme os
estudiosos, experiências afetivas que se correlacionam ao ambiente e devem ser
aplicadas nas crianças em fase escolar, principalmente no processo de
alfabetização. Através das atividades lúdicas a criança se expressa, assimila
conhecimentos e constrói a sua realidade. A relevância do lúdico no
desenvolvimento da criança tem sido demonstrada por diversos autores, como
Froebel, Piaget, Kishimoto, Santos, entre outros que priorizam a importância do
lúdico no processo de alfabetização, pois proporciona muitas maneiras de levar a
criança a aprender de forma motivada e significativa, pois o lúdico é um instrumento
que pode ser usado para facilitar o processo de aprendizagem. Por meio dessas
atividades a criança recria aquilo que sabe de forma espontânea e imaginativa e
nessa perspectiva as mesmas tem importância significativa no processo de ensino e
aprendizagem. Portanto, é em meio às atividades lúdicas, que a criança comunica-
se consigo mesma e com o mundo, aceitando a existência dos outros,
estabelecendo relações sociais, construindo conhecimentos e desenvolvendo-se
integralmente.
Palavras-chave: Ludicidade. Ensino-aprendizagem. Alfabetização.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................06
1. CAPÍTULO I...........................................................................................................10
UM BREVE RELATO DO CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO LÚDICA.....10
2. CAPÍTULO II..........................................................................................................16
CONCEITUANDO JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA.....................................16
2.1 Conceitos de Jogo................................................................................................16
2.2 Conceitos de Brinquedo.......................................................................................20
2.3 Conceitos de Brincadeira.....................................................................................25
3. CAPÍTULO III.........................................................................................................30
A LUDICIDADE COMO AUXÍLIO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO............30
CONCLUSÃO........................................................................................................ ....40
REFERÊNCIAS.........................................................................................................43
INTRODUÇÃO
Pensar a infância e a educação no momento atual requer um grande esforço
e uma profunda reflexão por parte da escola e da sociedade, pois ao longo dos
séculos, a criança vem assumindo diferentes papéis de acordo com a época e a
sociedade em que está inserida.
A criança desenvolve-se pela experiência social, nas interações que
estabelece, desde cedo, com a experiência sócia histórica dos adultos e do mundo
por eles criado. Dessa forma, a brincadeira é uma atividade humana, na qual as
crianças são introduzidas constituindo-se em um modo de assimilar e recriar a
experiência sociocultural dos adultos.
Brincar é uma importante forma de comunicação, é por meio deste ato que a
criança pode reproduzir o seu cotidiano. O ato de brincar possibilita o processo de
aprendizagem da criança, pois facilita a construção da reflexão, da autonomia e da
criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita entre jogo e
aprendizagem. Para definir a brincadeira infantil, ressaltamos a importância do
brincar para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social,
cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Para tanto, se faz necessário conscientizar
os pais, educadores e sociedade em geral sobre a ludicidade que deve estar sendo
vivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem
prazerosa não sendo somente lazer.
Independentemente de época, cultura e classe social, os jogos, brincadeiras
e brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem em um mundo de
fantasia, de encantamento, de alegria, de sonhos onde a realidade e o faz-de-conta
se confundem. Apesar de a história de antigas civilizações mostrarem o contrário,
fazendo o brincar se transformar em supérfluo ou em pecado.
A ludicidade é assunto que tem conquistado espaço no panorama nacional,
principalmente na educação de crianças, por ser os jogos, brincadeiras e brinquedos
a essência da infância e seu uso permitirem um trabalho pedagógico que possibilita
a produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento.
Nas sociedades de mudanças aceleradas em que vivemos, somos sempre
levados a adquirir competências novas, pois é o individuo a unidade básica de
mudança. A utilização de atividades lúdicas no processo pedagógico faz despertar o
gosto pela vida e leva as crianças a enfrentarem os desafios que lhe surgirem.
O lúdico é a forma agradável e eficaz de aprendizagem, pois o mesmo
proporciona velocidade no processo de mudança de comportamento e aquisição de
novos conhecimentos. Aprender brincando é a maneira mais prazerosa, segura e
atualizada de ensinar.
O brincar é sem dúvida um meio pelo qual os seres humanos,
principalmente as crianças, exploram uma grande variedade de experiências em
diferentes situações e com diversos objetivos. A criança envolve-se com o brincar
em vários ambientes: em casa, na rua, no clube e na escola...
A ludicidade no ambiente escolar tem como base a promoção da
socialização, a integração e principalmente a promoção de um aprendizado
prazeroso. A brincadeira é a melhor maneira que a criança tem para comunicar-se,
relacionar-se com outras crianças. Brincando, ela aprende sobre o mundo que a
cerca e procura integrar-se a ele.
Ao vivenciar o lúdico a criança está desenvolvendo o lado físico, afetivo,
intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, ela forma conceitos,
relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e
corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade
e constrói seu próprio conhecimento.
No que se refere ao processo de alfabetização, há uma expectativa muito
grande tanto dos professores quanto dos pais em relação à obrigatoriedade de que
ao término do ano letivo as crianças estarão lendo e escrevendo. Tais convicções
decorrem da concepção de alfabetização que tem sido produzida historicamente.
Quando se fala em processo de alfabetização entende-se que ela não
acontece em um ano ou em uma série, sendo construída a partir do momento que a
criança entra em contato com o mundo letrado.
É na fase de alfabetização que o potencial afetivo, social, cognitivo,
emocional e motor da criança serão mais estimulados, através disso, a criança irá
07
realizar atividades cada vez mais complexas, inclusive para aquelas em que irá
aprender a ler, escrever e contar.
Tendo em vista que a ludicidade é de suma importância no processo de
alfabetização das crianças e no seu desenvolvimento emocional /social, físico e
cognitivo, optei como tema para esta pesquisa: A importância da ludicidade na
alfabetização e com delimitação do mesmo o Lúdico como auxílio no processo de
alfabetização, pois acredito ser necessário ir além de lápis e papel no processo
ensino-aprendizagem.
A escolha do tema foi motivada pelas discussões realizadas no decorrer do
curso de pós- graduação de Educação Infantil e Alfabetização, que provocou em
mim grande interesse pela alfabetização através das atividades lúdicas. Pois qual o
papel da ludicidade no processo de alfabetização?
Para desenvolver a pesquisa buscarei respaldo através de pesquisa
bibliográfica, bem como em revistas, artigos e sites especializadas em educação. No
desenvolvimento desta pesquisa poder-se-á perceber que com o uso de atividades
lúdicas na sala de aula, a escola garante um clima de prazer fundamental, tanto para
a criança quanto para o educador. O brincar e o jogar na escola são ferramentas
que o educador deve utilizar para a aprendizagem e desenvolvimento de uma
criança no processo de alfabetização.
A pesquisa bibliográfica será desenvolvida com o objetivo geral de refletir a
importância da ludicidade como elemento facilitador no processo de alfabetização e
com os objetivos específicos de analisar a importância do lúdico no ensino-
aprendizagem das crianças e demonstrar a importância da ludicidade no
desenvolvimento integral da mesma.
Essa pesquisa está estruturada em três capítulos. No primeiro capítulo um
breve relato do contexto histórico da educação lúdica, fazendo uma retrospectiva do
tempo e analisando o ato de brincar, presente em todas as épocas, desde os
tempos mais remotos até a atualidade, ficando evidente que a utilização dos jogos,
brinquedos e brincadeiras infantis ao longo do tempo sofreu muitas transformações
e que as concepções e ações que temos, hoje, frente à utilização de práticas lúdicas
para o desenvolvimento das crianças são permeadas pela nossa cultura e por
diferentes concepções e estudos realizados até então.
08
Já o segundo capítulo abordará os conceitos de jogo, brinquedo e
brincadeira. Neste capítulo em termos gerais, interpretaremos o jogo, o brinquedo e
a brincadeira como subcategorias de uma categoria geral, à qual podemos designar
de lúdico, onde alguns autores apresentam pensamentos coincidentes sugerindo a
atividade lúdica como um conceito ampliado do jogo, brinquedo e brincadeira. E no
terceiro capítulo com o tema, a ludicidade como auxílio no processo de
alfabetização, demonstrará a importância do lúdico no desenvolvimento e
aprendizagem da criança. Neste capítulo como também nos anteriores contarei com
o respaldo de vários autores que defendem a ludicidade como auxílio no
desenvolvimento da criança não apenas no processo do ensino-aprendizagem, mas
no desenvolvimento e numa aprendizagem integral da criança. O mesmo mostrará o
quanto o lúdico pode ser um instrumento indispensável na aprendizagem, no
desenvolvimento e na vida das crianças, torna evidente que os professores e futuros
professores devem e precisam tomar consciência que o brincar e a aprendizagem
caminham juntos.
Na conclusão exporei minhas considerações em relação à ludicidade no
ensino-aprendizagem no processo de alfabetização da criança e também a minha
expectativa de que este trabalho sirva de base para uma reflexão sobre a
importância das atividades lúdicas no espaço escolar, não apenas como diversão ou
recurso pedagógico, mas como espaço de liberdade e criação, onde as crianças
possam representar o mundo concreto com a finalidade de entendê-lo. E finalizando
apresentarei as referências bibliográficas que embasarão esta pesquisa.
09
CAPÍTULO I
UM BREVE RELATO DO CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO LÚDICA
Ao analisar a história da educação é possível perceber que a aprendizagem
por meio de jogos e brincadeiras foi incentivada por inúmeros teóricos que desde os
tempos da Grécia antiga já ressaltavam sobre a importância da atividade lúdica no
processo de formação da criança. Embora a utilização de brinquedos e jogos como
recursos para o ensino tenha sido empregado somente séculos depois, desde a
antiguidade havia quem defendesse a ideia da brincadeira como instrumento de
crescimento intelectual da criança.
Fazendo uma retrospectiva do tempo e analisando o ato de brincar,
podemos verificar que o ―brincar‖ está presente em todas as épocas, desde os
tempos mais remotos até a atualidade.
Na Pré-história o brincar é algo natural para o ser humano. No Egito e na
Grécia, até mesmo os adultos brincavam, isto é, toda a família fazia parte desse ato
de brincar, na educação, no fato de ensinar os ofícios e as artes para as crianças. O
primeiro a demonstrar interesse pelo estudo do lúdico na Grécia antiga foi Platão,
que aponta a importância dos jogos no desenvolvimento da aprendizagem das
crianças, principalmente nas áreas exatas (matemática). Segundo ALMEIDA (2003),
Platão afirmava que os primeiros anos de vida da criança deveriam ser ocupados
por jogos.
Mas a história das práticas lúdicas no decorrer dos tempos é permeada pela
história da humanidade e, principalmente, pela história da infância e dos conceitos
que a sociedade carrega desta. Visto que a concepção frente à criança foi diferente
e a infância teve variadas interpretações dependendo do tempo histórico e da cultura
de cada sociedade.
De acordo com ÁRIES (1978), na Idade Média não se conhecia a infância,
pelo fato de que não existia lugar para a criança naquele período. As crianças não
tinham sua própria identidade e tudo que faziam era viver a vida de um adulto, não
existiam brinquedos nem brincadeiras, a elas atribuídas.
Na idade média, no início dos tempos modernos, e por muito tempo ainda nas classes populares, as crianças misturavam-se com os adultos assim que eram consideradas capazes de dispensar a ajuda das mães ou das amas, pouco depois de um desmame tardio – ou seja, aproximadamente, os sete anos de idade. (ARIÈS, 1978, p.275).
Nessa época, a família tinha uma função de transmitir os hábitos, costumes
e a cultura, sem a transmissão de aspectos sensíveis à educação. A criança era
percebida como um ―pequeno adulto‖ e a infância como uma fase transitória de
comportamentos espontâneos, mas que precisava ser apressada.
Dessa forma, as crianças eram submetidas e preparadas para suas funções
dentro da organização social, o desenvolvimento das suas capacidades se dava a
partir das relações que mantinham com os mais velhos.
No que se refere à ludicidade também houve transformações. Nem sempre
os jogos, os brinquedos e as brincadeiras tiveram a mesma importância para o
desenvolvimento infantil.
Na idade média com o crescimento do Cristianismo, a igreja considerava o
jogo como algo profano e por esse motivo na educação aconteceu um retrocesso,
em relação ao lúdico. Percebemos que a concepção de jogos e brincadeiras nesse
período, partiu de uma valorização na Grécia antiga para algo insignificante com o
cristianismo.
A utilização dos jogos, brinquedos e brincadeiras infantis ao longo do tempo
sofreu muitas transformações. É importante entendermos que as concepções e
ações que temos, hoje, frente à utilização de práticas lúdicas para o
desenvolvimento das crianças são permeadas pela nossa cultura e por diferentes
concepções e estudos realizados até então.
Segundo BROUGERE (1998), todas as pessoas têm uma cultura lúdica, que
é um conjunto de significações sobre o lúdico. A cultura lúdica é produzida pelos
indivíduos, se constrói a todo tempo, se constrói brincando, começa desde o inicio
com as brincadeiras do bebê com a mãe. Está ligada a cultura geral, pois é produto
de interação social e se constrói em qualquer ambiente, em casa, na escola, na rua.
Muitas vezes, sofre influências da mídia e do consumismo e também modificações
de meios sociais, sexo, idade.
Independente de época, cultura e classe social, os jogos, os brinquedos e as
brincadeiras fazem parte da vida da criança.
11
De acordo com ALMEIDA (2003), a concepção da cultura lúdica é uma
noção historicamente construída ao longo do tempo e consequentemente foi
mudando conforme as sociedades, não se mantendo da mesma forma dentro das
sociedades e épocas.
O lúdico é inerente ao ser humano e se expressa desde os primitivos nas
atividades de dança, caça, pesca e lutas. Isso nos faz afirmar as palavras de
ALMEIDA (2003) que a cultura lúdica é historicamente construída.
Conforme ALMEIDA (2003), a partir do século XVI, os humanistas começam a
valorizar novamente o jogo educativo, percebendo a importância do processo lúdico
na formação da criança e os colégios jesuítas foram os primeiros a recolocá-los em
prática. Aos poucos, as pessoas de bem e os amantes da ordem formaram uma
opinião menos radical com relação aos jogos.
Segundo o mesmo autor ainda no século XVI outros teóricos, percussores
dos novos métodos ativos da educação deram a importância ao lúdico na educação
da criança. ―Ensina-lhes por meio de jogos‖, proclamava Rabelais. Montaigne (1533-
1592) já partia para o campo da observação, fazendo a criança adquirir curiosidade
por todas as coisas que visse ao redor.
Jean-Jacques Rosseau (1712-1778) de acordo com ALMEIDA (2003),
demonstrou que a criança tem maneiras de ver, de pensar e de sentir que lhes são
próprias; demonstrou que não se aprende nada senão por meio de uma conquista
ativa. Já Pestalozzi (1746-1827), segundo ALMEIDA (2003), abriu um novo rumo
para a educação moderna graças a seu espírito de observação sobre o processo do
desenvolvimento psicológico dos alunos e sobre o êxito ou o fracasso das técnicas
pedagógicas empregadas. Segundo ele, a escola é uma verdadeira sociedade, na
qual o senso de responsabilidade e as normas de cooperação são suficientes para
educar as crianças, e o jogo é um fator decisivo que enriquece o senso de
responsabilidade e fortifica as normas de cooperação.
Segundo ALMEIDA (2003), Froebel (1782-1852), discípulo de Pestalozzi,
estabelece que a pedagogia deva considerar a criança como atividade criadora, e
ação produtiva. Na verdade, com Froebel se fortalecem os métodos lúdicos na
educação. O grande educador faz do jogo uma arte, um admirável instrumento para
promover a educação para as crianças.
12
09
Com Dewey (1859-1952), um pensador norte-americano a evolução foi
ainda maior. Para ele, conforme ALMEIDA (2003), o jogo faz o ambiente natural da
criança, partindo de que a verdadeira educação é aquela que cria na criança o
melhor comportamento para satisfazer suas múltiplas necessidades orgânicas e
intelectuais, necessidade de saber, explorar, de observar, de trabalhar, de jogar, de
viver, a educação não tem outro caminho senão organizar seus conhecimentos,
partindo das necessidades e interesses da criança.
ALMEIDA (2003), diz ainda que Maria Montessori (1870-1952) constitui
referência obrigatória de toda a reflexão pedagógica, tendo encontrado em Froebel a
ideia dos jogos educativos, ela remonta à necessidade desses jogos para a
educação de cada um dos seus sentidos. Analisando as pesquisas da educadora,
percebe-se que foram muito valorizadas as atividades lúdicas como forma de
motivar e desenvolver as crianças, tanto no que se refere ao desenvolvimento, à
maturidade e a aprendizagem.
Decroly (1871-1932), outro teórico citado por ALMEIDA (2003), também
valorizou na sua pedagogia, a atividade lúdica, transformando os jogos sensoriais e
motores em jogos cognitivos, ou de iniciação às atividades intelectuais propriamente
ditas. Nele, a ideia-chave é o desenvolvimento da relação nas necessidades da
criança, no trabalho e, sobretudo, na reflexão.
Claparède (1873-1940), segundo ALMEIDA (2003), via no jogo um modelo
educativo. Para ele a criança é um ser feito para brincar e que o jogo é um artifício
que a natureza encontrou para envolver a criança numa atividade útil ao seu
desenvolvimento físico e mental. De acordo com o mesmo autor citado acima
Cousinet (1881-1973), defendia o jogo e a brincadeira como atividades naturais da
criança e que a ação educativa precisa fundamentar-se sobre elas: seu método
pedagógico tem por base o jogo.
Conforme citado por ALMEIDA (2003), Roger (1902-1987), pai da educação
não diretiva, defendia, entre seus princípios teóricos, que o processo educativo
deveria ser agradável e não ameaçador e Chateau (1908), não dissocia, em nenhum
momento, o jogo e a criança. O exercício do brincar é o laboratório do espírito e do
intelecto.
13
09
Para ALMEIDA (2003), Piaget (1896-1980), foi o que mais estudou, até
empiricamente, o jogo como elemento coadjuvante do processo evolutivo da criança
e sua capacidade socializadora. Para ele a atividade lúdica é o berço obrigatório das
atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou
entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e
enriquecem o desenvolvimento intelectual. Ele afirma:
O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (PIAGET 1976, p.160).
Quanto à prática educativa, o lúdico toma sua verdadeira forma, segundo
ALMEIDA (2003), com o enfoque apresentado por Celestin Freinet (1896-1966) na
primeira metade do século XX. Ele adaptou sua prática pedagógica mediante
inúmeras atividades manuais e intelectuais onde os limites da sala de aula eram
extrapolados dando a criança à oportunidade de viver experiências no meio social.
As atividades manuais e intelectuais permitem a formação de uma disciplina pessoal
e a criação do trabalho-jogo, que associa atividade e prazer. Ainda no século XX,
ALMEIDA (2003), destaca VYGOTSKY um dos principais educadores que defendem
o lúdico no processo de ensino aprendizagem. Segundo o teórico por meio do
lúdico, a criança se relaciona com o mundo real, testando comportamentos que
poderão ser colocados em prática ou não quando esta atingir a idade adulta.
De acordo com MIRANDA (2001) nas últimas três décadas do século XX,
pode-se destacar o trabalho de três pesquisadores. ROSAMILHA (1979), que
estudou as relações entre o jogo e a aprendizagem infantil, à luz da psicologia;
BOMTEMPO (1986) coordenou diversos estudos acerca da psicologia do brinquedo
e, contemporaneamente KISHIMOTO (1988, 1993 e 1996), que tem entre suas
linhas de pesquisa os jogos tradicionais infantis inseridos na educação e
paralelamente, o mesmo autor, destaca CUNHA (1994), que se dedicou a busca de
recursos educacionais voltados ao exercício das potencialidades das crianças, por
meio das brinquedotecas.
14
09
De acordo com vários autores torna-se evidente que a atividade lúdica é
obrigatória nas atividades intelectuais e sociais, portanto indispensável à prática
educativa.
A educação lúdica esteve presente em todas as épocas, povos e contextos e
forma hoje uma vasta rede de conhecimento no campo da educação.
A educação lúdica integra uma teoria profunda e uma prática atuante. Seus objetivos, além de explicar as relações múltiplas do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural, psicológico, enfatizam a libertação das relações pessoais passivas, técnicas para as relações reflexivas, criadoras, inteligentes, socializadoras, fazendo do ato de educar um compromisso consciente intencional, de esforço, sem perder o caráter de prazer, de satisfação individual e modificador da sociedade. (ALMEIDA, 2003: 31-32).
No entanto, o sentido verdadeiro da educação lúdica, ou da cultura lúdica no
ambiente escolar só estará garantido se o professor estiver preparado para realizá-lo
e tiver um profundo conhecimento sobre os fundamentos da mesma.
15
CAPÍTULO II
2.0 CONCEITUANDO JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA.
Os jogos, brinquedos e brincadeiras são manifestações lúdicas que
acompanham o homem desde os seus primórdios, devendo por esse mesmo motivo
serem consideradas e interpretadas como a forma mais simples de ocupação dos
tempos livres. Atualmente, com a evolução progressiva da sociedade, é notória a
criação e desenvolvimento de novas manifestações lúdicas, demonstrando a
adaptação do homem no tempo e espaço. Todavia, é unânime a sua interpretação
como um elemento de socialização e difusor cultural.
Em termos gerais, podemos interpretar o jogo, o brinquedo e a brincadeira
como subcategorias de uma categoria geral, à qual podemos designar de lúdico. No
mesmo sentido MICHAELIS (1998) e ROCHA (1995), citado por MACHADO (2004)
e FRIEDMANN (1996), apresentam pensamentos coincidentes sugerindo a atividade
lúdica como um conceito ampliado do jogo, brinquedo, brincadeira, acrescentando
este último o imaginário da criança. Por outro lado HUIZINGA (1996), demonstra
estar de acordo com os autores anteriormente referidos, mas numa perspectiva mais
abrangente, sugerindo que o lúdico está presente em todas as formas de expressão
da sociedade. Mas qual a diferença entre jogo, brinquedo e brincadeira?
2.1 CONCEITOS DE JOGO
O jogo acompanha de forma paralela a evolução do Homem, desde os
primórdios até à atualidade, estando presente em todas as civilizações. Podemos
considerar o jogo como a forma primária de ocupação do tempo livre, permitindo
deste modo tornar possíveis os mesmos momentos como formas de recreação e
divertimento. Neste sentido HUIZINGA (1996), acrescenta que o jogo para além
desta utilização, era utilizado como forma de culto dos povos.
O jogo na sua essência é uma atividade ou ocupação voluntária e, exercida dentro de determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente concedida, mas absolutamente obrigatórias, dotadas de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. (HUIZINGA, 1996: 33).
Assim, a alegria é a finalidade do jogo, em que, quando esta finalidade é
atingida, a estrutura de como se pode jogar assume uma qualidade muito específica
de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida; torna-se uma ferramenta
de aprendizagem que mantém uma constância de forma a dar prazer e de continuar
sendo eterno.
Segundo RUBINSTEIN (1977), o jogo é como um elemento essencial do
homem, uma vez que reflete os usos, costumes, ou seja, a história social de um
povo, permitindo através deste a sua transmissão e perpetuação nas gerações
futuras, manifestando-se desta forma a característica de expressividade do homem.
O jogo é um fenômeno antropológico que se deve considerar no estudo do
ser humano. É uma constante em todas as civilizações, esteve sempre unido á
cultura dos povos, a sua história, ao mágico, ao sagrado, ao amor, a arte, a língua, a
literatura, aos costumes, a guerra. O jogo serviu de vínculo entre povos, é um
facilitador da aprendizagem entre os seres humanos.
Nesse sentido, o jogo passa a ter a capacidade de desenvolver, por meio
dele, formas e contribuições para gerar talentos, aperfeiçoar potencialidade e criar
novas habilidades de conviver.
Tentar definir o jogo não é tarefa fácil. Quando se pronuncia a palavra jogo
cada um pode entendê-la de modo diferente, pois não existe uma definição
universal, mas sim várias versões, as quais vão desde a interpretação do jogo como
uma atividade na qual o jogador entrega-se pelo prazer que esta proporciona, como
meio de recreio e distração, uma brincadeira infantil e mesmo um passatempo
sujeito a regras onde em geral se arrisca dinheiro.
Em seus estudos que discutem a natureza do jogo KISHIMOTO (1999), cita
alguns autores que têm estudado sobre o mesmo, quer ao nível das suas mais
variadas e diferentes classificações, teorias e funções. Dentre eles PIAGET (1978),
FÉRRAN (1979), FROMBERG (1987), HENRIOT (1989), CHRISTIE (1991),
CAILLOIS (1990) e HUIZINGA (1996), todos estes autores, elaboraram
características na sua tentativa de definirem o jogo, não sendo obstante a normal
inclusão de semelhantes características da definição do mesmo fenômeno entre
estes autores. Para HUIZINGA (1996) e CAILLOIS (1990), o jogo é uma atividade
voluntária, livre, delimitada, regulamentada e fictícia. CHRISTIE (1991), também
17
09
citado por BROUGÉRE (1998), apresenta consonância com algumas destas
características de jogo enunciadas, expresso no seu efeito positivo (prazer), na
flexibilidade, na livre escolha e ELKONIN (1998), citado por KISHIMOTO (1999),
caracterizando o mesmo como uma atividade simbólica, com significação. Por sua
vez FÉRRAN et al (1979), acrescenta também a sua vertente enquanto ficção,
exploração e a presença da regra. PIAGET (1978) encontra semelhanças nestas
características referindo-se ao jogo como uma atividade espontânea, com liberdade,
de certa forma desorganizada e como fonte de prazer.
Por outro lado CAILLOIS (1990), acrescenta às características anteriormente
mencionadas o caráter improdutivo do jogo, quando se refere à prioridade do efeito
de brincar. Para HENRIOT (1983, 1989), citado por KISHIMOTO (1999), sugere num
dos três níveis de diferenciação presentes no jogo, como sendo resultado de um
sistema de regras.
Pela variedade de autores, os quais propõem critérios que permitem
circunscrever e delimitar o jogo enquanto atividade lúdica, podemos assim referir a
existência de pontos comuns entre as diversas versões, tais como o caráter
voluntário ou livre da ação, a existência de regras, a livre escolha, o seu caráter
improdutivo e naturalmente a sua contextualização no tempo e espaço.
Deste modo, depois de uma interpretação geral das características referidas
que o caráter principal do jogo advém do prazer da sua atividade, podemos concluir
que o jogo tem sentido de prazer, de algo que se realiza sem conflitos, contribuindo
para que as atividades não se desenvolvam num processo rígido. O jogo canaliza os
ensinamentos sérios e importantes através do dinamismo, do prazer e da alegria
proporcionando convivência agradável e educativa.
O jogo é um dos mais antigos e nobres processos de aprendizagem e na
educação escolar sua utilização decorreu de um longo processo de evolução.
Sabemos que o jogo faz parte do mundo infantil, pois a criança adquire a
aprendizagem jogando, através do jogo a criança tem a possibilidade de construir
uma identidade autônoma, cooperativa e criativa. Os jogos fazem parte do ato de
educar, um compromisso consciente, intencional e modificador da sociedade.
O jogo como promotor da aprendizagem e do desenvolvimento passa a ser considerado nas práticas escolares como importante aliado para o ensino, já que colocar o aluno diante de situações lúdicas como jogo pode ser uma
18
09
boa estratégia para aproximá-lo dos conteúdos culturais a serem veiculados na escola. (KISHIMOTO: 1994, p. 13).
A escola utilizando-se do jogo de forma sustentada pode auxiliar a criança a
desenvolver a sua curiosidade, a imaginação, a criatividade, construindo a
inteligência ajudando a mesma a socializar-se, ou seja, promovendo o
desenvolvimento físico, cognitivo e social da criança. PIAGET (1976), ao conceituar
o jogo como uma atividade que desenvolve o intelecto da criança constatou no
decorrer dos seus estudos, que através dos jogos a criança muda seu
comportamento e exercita a sua autonomia, pois aprendem a julgar argumentar, a
pensar, a chegar a um consenso.
O mesmo autor afirma que o jogo proporciona à criança viver momentos de
colaboração, competição e também de oposição, ensinando-as a conhecer regras,
respeitar o companheiro e aumentar os contatos sociais, ajuda ainda na superação
do egocentrismo. O jogo oportuniza o desenvolvimento motor da criança, permitindo
que ela crie e monte seus próprios jogos melhorando as suas habilidades, motiva-a
também a ultrapassar seus limites.
Para ALVES (1994)
O jogo traz a visão do futuro. O jogo tem a visão do futuro em primeiro lugar por que seu espírito criativo está nas origens da humanização. Em segundo lugar porque está vinculado à criança e ao espírito infantil. (p. 26).
O jogo é considerado um dos elementos fundamentais para que o processo
de ensino-aprendizagem possa superar os indesejáveis métodos da descoberta, do
conteúdo pronto, acabado e repetitivo, que tornam a educação tão maçante, sem
vida e sem alegria. O jogo supõe relação social. Por isso, a participação em jogos
contribui para a formação de atitudes sociais, respeito mútuo, solidariedade,
cooperação, obediência às regras, senso de responsabilidade, iniciativa pessoal e
grupal. “Vemos no jogo a possibilidade de solidariedade, da participação grupal,
cooperação, atuação individual, de percepção de si e do outro e, ao mesmo tempo,
a importância de cada um para a realização do jogo.” (KAMMI, 1991: 38)
Os jogos devem ser utilizados de maneira que a criança possa tomar
decisões, agir de maneira transformadora. Os jogos devem ser usados para fazer
com que a criança reflita, ordene, desorganize, destrua e reconstrua o mundo a sua
maneira.
19
09
O poder do jogo, de criar situações imaginárias permite à criança ir além do
real, o que colabora para o seu desenvolvimento. No jogo a criança não é mais do
que é na realidade, permitindo-lhe o aproveitamento de todo o seu potencial. Nele a
criança toma iniciativa, planeja, executa, avalia. Enfim, ela aprende a tomar
decisões, a internalizar o seu contexto social na temática do faz de conta. Ela
aprende e se desenvolve. “O poder simbólico do jogo do faz-de-conta abre um
espaço para a apreensão de significados de seu contexto e oferece alternativas para
novas conquistas no seu mundo imaginário.” (KISHIMOTO, 1993: 26).
As atividades realizadas em forma de jogos, utilizadas na hora certa e de
maneira correta, proporcionam à criança condições para desenvolverem as relações
sociais, aprendendo a se conhecerem melhor e a conhecerem e aceitarem a
existência dos outros.
o jogo somente tem validade se usado na hora certa e essa hora é determinada pelo seu caráter desafiador, pelo interesse do aluno e pelo objetivo proposto. Jamais deve ser introduzido antes que o aluno revele maturidade para superar seu desafio e nunca quando o aluno revelar cansaço pela atividade ou tédio por seus resultados. (ANTUNES, 1998: 40).
Devemos interpretar o jogo como um aliado na educação da criança,
devendo a escola preocupar-se com a formação da mesma e não em estabelecer
barreiras, pois o jogo é a mais importante das atividades da infância, a criança
necessita jogar, criar e inventar para manter seu equilíbrio com o mundo. Na prática
pedagógica, o jogo ajuda na aprendizagem da criança, possibilitando ao educador
tornar suas aulas mais ricas e prazerosas.
2.2 CONCEITOS DE BRINQUEDO
O brinquedo também possui uma dimensão histórica e cultural cuja
apresentação torna-se primordial para sua compreensão. A história do brinquedo é
vasta e multiforme, estando sempre associada à criança, contrapondo com o adulto
onde prevalece a lógica do trabalho. Podemos considerar o brinquedo como um
importante transmissor de crenças, valores e atitudes. Ao contrário do jogo e da
brincadeira, os quais se baseiam essencialmente na ação, o brinquedo necessita de
um suporte material, de um elemento físico, devendo-se assim considerar-se como
indispensável à presença de um objeto.
20
09
O brinquedo entendido, como suporte da brincadeira, supõe relação íntima com a criança, seu nível de desenvolvimento e indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organize sua utilização. (SANTOS, 1999:23)
O brinquedo como suporte da brincadeira tem papel estimulante para a
criança no momento da ação lúdica, permitindo a exploração do seu potencial
criativo numa sequência de ações libertas e naturais em que a imaginação se
apresenta como atração principal. Sobre isso, KISHIMOTO (1999), traz que
por meio do brinquedo a criança reinventa o mundo e libera suas atividades e fantasias. Por meio da magia do faz-de-conta explora os limites e, parte para aventura que a leva ao encontro do Outro-Eu. (p. 90).
KISHIMOTO (1999), ainda afirma que o brinquedo estimula a representação,
a expressão de imagens que evocam aspectos da realidade. Com o brinquedo a
criança experimenta, descobre, inventa, ele estimula a curiosidade e desenvolve o
pensamento e a linguagem, a criança interage com o brinquedo e este lhe
proporciona muitas aprendizagens. O brinquedo deve ser o suporte da brincadeira e
o mesmo só adquire o status de brinquedo quando assume a função lúdica. Através
do brinquedo a criança aprende utilizando objetos que lhe são interessantes.
VYGOTSKI (1987), afirma que é enorme a influencia do brinquedo no
desenvolvimento de uma criança. Ainda diz que o brinquedo estimula e abre a
possibilidade da representação do seu meio social. A criança espelha no mundo
para brincar mostrando ao máximo o seu entendimento de sua realidade.
Através do brinquedo a criança cria uma nova forma de desejos. O mesmo ensina-a a desejar, relacionando seus desejos a um ―eu‖ fictício, ao seu papel no jogo e suas regras. ―Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade. (VYGOTSKI, 1991: 114).
Em termos da origem dos brinquedos BANDET (1975), OLIVIER (1976) e
FRIEDMANN (1996), apresentam semelhante opinião ao referirem que o nosso
primeiro brinquedo é o corpo humano. Sucedendo numa ordem cronológica a origem
dos brinquedos terá surgido do espírito de emulação das crianças, através dos quais
imitariam as atitudes dos mais adultos, transpondo-as para uma escala menor.
Tomamos como exemplos o caso do cavalo de pau, antes um dos principais meios
de transporte, o chocalho e o pássaro amarrado a um cordel, com origem em ritos
indígenas e festas sazonais respectivamente. Com a sucessão dos tempos os
brinquedos são também associados a objetos ligados a atividades sacras e ao
21
09
trabalho. Do mesmo modo que também alguns brinquedos teriam sido impostos às
crianças como objetos de culto e apenas mais tarde, transformados pelas mesmas
em verdadeiros brinquedos.
Segundo BENJAMIN (1984), que fez valiosas reflexões sobre o lúdico, em
seus estudos fica evidente que desde a sua origem o brinquedo sempre foi um
objeto produzido pelo adulto para a criança, ou seja, carrega em si a cultura
produzida pelo homem. “O brinquedo sempre foi e sempre será um objeto criado
pelo adulto para a criança.” (BENJAMIM 1984:42).
O brinquedo, ainda de acordo com BENJAMIN (1984), é um artefato
histórico e cultural. Assim, o mesmo é um excelente recorte da realidade, no
momento em que materializa o real diante da criança e possibilita à mesma uma
inferência sobre o que este brinquedo simboliza. O mesmo autor ainda conclui que a
origem e evolução do brinquedo e o seu significado, evoluiu ao longo dos séculos,
uma vez que durante longos séculos foram interpretados primeiramente como
objetos fúteis e frívolos, mais tarde como uma autêntica bugiganga, sendo a palavra
mais aproximada do final do século XIX, quinquilharia.
Estando o brinquedo vinculado a fatores históricos e culturais, segundo
BENJAMIN (1984), o mesmo é representativo de certa ordem social, nomeadamente
quando o adaptamos a cada sexo, tomando como exemplo a boneca para as
meninas, o pião para os rapazes, considerando-se deste modo um importante
veículo de transmissão cultural.
Enquanto objeto, VYGOTSKY (1991), afirma que o brinquedo auxilia o
desenvolvimento, fazendo com que pouco a pouco, a criança comece a distinguir os
significados dos objetos, reais com os devidos limites ao nível das suas formas e
tamanho. Perante este artefato infantil é permitido à criança de acordo com o seu
mundo imaginário a sua manipulação. Pelo simples fato de imaginar a criança é
assim considerada como estando brincando, estando diretamente associado a uma
variedade de possibilidades de utilização, uma vez que na mão de uma criança todo
e qualquer objeto pode-se transformar em brinquedo, bastando a sua imaginação e
fantasia florescerem. Deste modo a imaginação será tanto maior quanto maior for à
possibilidade de o brinquedo produzir mistérios, sugerir múltiplas recriações por
parte da criança, bastando uma circunstância para fazê-lo. “No brinquedo, o
22
09
pensamento está separado dos objetos e a ação surge das ideias, e não das coisas:
um pedaço de madeira torna-se um boneco e um cabo de vassoura torna-se um
cavalo...” (VYGOTSKY, 1991:111).
O brinquedo segundo o autor é o mundo ilusório e imaginário em que os
desejos não realizáveis podem ser realizados. É no brinquedo que a criança
aprende a agir numa esfera cognitiva, e não numa esfera visual externa,
dependendo das motivações e tendências internas, não dos incentivos fornecidos
pelos objetos externos. Assim, o brinquedo é desta forma uma criação continua e
espontânea, pelo qual a criança conquista a sua primeira relação com o mundo
exterior e entra em contato com os objetos. No brinquedo, espontaneamente, a
criança usa sua capacidade de separar significado do objeto sem saber que o está
fazendo. Por meio do brinquedo, a criança atinge uma definição funcional de
conceitos ou de objetos e as palavras passam a se tornar parte de algo concreto.
O brinquedo pode ser analisado, conforme VYGOTSKY (1991), sob dois
aspectos importantes, e que na maioria das vezes estão associados: aspecto
material e o aspecto simbólico, além disso, torna-se um objeto dotado de
originalidade e significação, justamente pela possibilidade que oferece de expressar-
se pelo seu volume, pelo seu aspecto material e também pelo incentivo que propicia
a manipulação lúdica.
O brinquedo representa certas realidades, isto é, algo presente no lugar de algo. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais para que possa manipulá-los. O vocábulo ―brinquedo‖ não pode ser reproduzido à pluralidade de sentido do jogo, pois conota criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica. (KISHIMOTO, 1999:16)
Os brinquedos surgiram das mãos dos entalhadores de madeira, dos
produtores de vela, dos caldeireiros e artesãos entre outros. Por isso eram
secundários, pois surgiam das diversas indústrias manufatureiras. Como afirma
PORTO (2005:172): “Eram objetos de culto doméstico ou funerário, ex-votos de
devotos e de peregrinos. Objetos familiares eram reduzidos e depositados nos
túmulos.” Então, é importante ressaltar que não era só as crianças que os
utilizavam.
Todavia, tais brinquedos não foram em seus primórdios invenções de fabricantes especializados; eles nasceram, sobretudo nas oficinas de entalhadores em madeira, fundidores de estanho etc. Antes do século XIX a produção de brinquedos não era função de uma única indústria. O estilo e a beleza das peças mais antigas explicam-se pela circunstância de que o
23
09
brinquedo representava antigamente um produto secundário das diversas indústrias manufatureiras, as quais, restringidas pelos estatutos corporativos, só podiam fabricar aquilo que competia a seu ramo. (BENJAMIN 1984:67).
O autor citado acima ainda diz que: "os animais de madeira entalhada
podiam ser encontrados no carpinteiro, os soldadinhos de chumbo no caldeireiro, as
figuras de doce nos confeiteiros, as bonecas de cera no fabricante de velas."
(BENJAMIN 1984: 245).
Essa forma de produção começou a desaparecer, principalmente com o
inicio da especialização dos brinquedos, que passou a ocorrer no século XVIII. Com
o desenvolvimento do capitalismo, o brinquedo passou a ser comercializado com
fins lucrativos. A partir daí, os objetivos do brinquedo começa de certa forma se
afastar da sua origem.
Na segunda metade do século XIX, como afirma BENJAMIN (1984), à
industrialização de brinquedos se expandiu e a madeira começa a perder o lugar
para outros tipos de materiais como: metais, vidros, papel e alabastro.
Com o início do Renascimento, segundo KISHIMOTO (1997), o brinquedo
então passou a se tornar um mediador entre a criança e o mundo. A criança passa a
ter um espaço para brincar junto ao brinquedo que torna possível sua inserção no
mundo lúdico. Conforme a mesma autora o brinquedo educativo, surge também no
período do Renascimento, mas só ganha força com a expansão da educação
infantil. Entendido como recurso que ensina, desenvolve e educa de forma
prazerosa. Simboliza, portanto, uma intervenção deliberada no lazer infantil no
sentido de oferecer conteúdo pedagógico ao entretenimento da criança. Trata-se,
enfim, de imprimir à situação de brinquedo, vista como algo gratuito e sem finalidade
imediata, um determinado tipo de aprendizado, que o brinquedo educativo traz
intrinsecamente.
De acordo com KISHIMOTO (1997), ainda que ao se permitir a ação
intencional (afetividade), a construção de representações mentais (cognição), a
manipulação de objetos e o desempenho de ações sensório-motoras (físico) e as
trocas nas interações (social), o brinquedo educativo contempla várias formas de
representação da criança contribuindo para sua aprendizagem e desenvolvimento. A
mesma acrescenta que o brinquedo educativo pode ser analisado quanto à sua
função sob a perspectiva lúdica ou educativa. Quanto à função lúdica, o brinquedo
24
09
propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente. Pela
função educativa, o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em
seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.
Portanto, o brinquedo é fundamental no desenvolvimento infantil, como uma
prática pedagógica na escola, pois avança em prol tanto do desenvolvimento motor,
cognitivo e afetivo da criança quanto no que diz respeito ao seu desenvolvimento
social, pois o brinquedo para a criança, na maioria das vezes, não é considerado
como algo imposto ou ―sério‖, ao contrário, lhe traz prazer e possibilidade de fantasia
e imaginação. Justamente por não ser ―sério‖ e ser do interesse de toda a criança é
que ele se torna tão importante, um elemento enriquecedor no processo de ensino
aprendizagem.
Segundo LEONTIEV (1994), o brinquedo é a atividade principal da criança,
aquela em conexão com a qual ocorrem as mais significativas mudanças no
desenvolvimento psíquico do sujeito e na qual se desenvolvem os processos
psicológicos que preparam o caminho da transição da criança em direção a um novo
e mais elevado nível de desenvolvimento.
2.3 CONCEITOS DE BRINCADEIRA
A brincadeira pode ser interpretada como a forma mais primitiva de
expressão infantil, sendo por isso considerada a atividade mais típica e deste modo
a fase mais importante da infância. É por meio da brincadeira que a criança realiza
as primeiras descobertas, tornando-se este espaço lúdico um meio fundamental
para a criança desenvolver-se, e expressar-se.
Falarmos em brincadeira é interpretarmos esta atividade como um ato de
espontâneo e voluntário de brincar, de divertimento, de prazer. No que diz respeito à
brincadeira, apenas as formas de brincar evoluíram, LEONTIEV (1988), citado por
VOLPATO (2002) sugere que a brincadeira evolui porque o mundo objetivo que a
criança conhece está continuamente a expandir-se, mas a mesma é a melhor forma
de a criança comunicar-se, de relacionar-se com outras crianças, uma vez que
brincando, a criança adquire experiência, ao contrário da criança que não brinca,
não desenvolvendo naturalmente todo o processo de crescimento físico e cognitivo.
25
09
O único fracasso da brincadeira é quando o prazer e o divertimento, interpretados
como o principal alimento da criança termina e é a partir deste momento que a
criança não encontra mais interesse e motivo em brincar.
Devemos compreender a brincadeira como um processo de relações, as
quais se estabelecem com as outras crianças e adultos, mas também com o
brinquedo e com os jogos. Diante disso VOLPATO (2002) salienta que pelas
brincadeiras em grupo “as relações sociais são reproduzidas nas relações das
crianças entre si” (2002: 53), apresentando-se deste modo dependente de uma dada
cultura, um determinado espaço e tempo, refletindo papéis sociais, nomeadamente
comprovadas nas brincadeiras de faz de conta, pois as mesmas estimulam a
capacidade da criança respeitar regras que valerá não só para a brincadeira, mas
também para a vida. Elas também ativam a criatividade, pois através da escolha dos
papeis terá que reproduzir e criar a representação na brincadeira.
Ao brincar a criança recria e representa acontecimentos que lhe deram
origem sabendo que está brincando. O principal indicador da brincadeira entre as
crianças é o papel que assumem enquanto brincam.
No Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil (BRASIL,1998),
fica claro que a brincadeira, favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a
superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Na brincadeira, as
crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em
conceitos gerais com os quais brincam.
É no ato de brincar que a criança estabelece diferentes vínculos entre as
características de papel assumido, suas competências e as relações que possuem
com outros papeis, tomando consciência disto e generalizando para outras
situações. Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da
realidade imediata de tal forma a atribuir-lhe novos significados. Essa peculiaridade
da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e imitação da
realidade.
Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva a sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes tais como a atenção, a imitação, a memória, imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da
26
09
interação, da utilização e da experimentação de regras e papeis sociais. (LOPES, 2006:110).
A brincadeira, portanto, não é o brinquedo, o objeto, e também não é a
técnica, mas o conjunto de procedimentos e habilidades. A brincadeira possibilita
sempre uma experiência original, reveladora, única, mesmo que as crianças estejam
repetindo a brincadeira pela milésima vez. A brincadeira é a plena realização da
imprevisibilidade.
A brincadeira para ser brincadeira não precisa necessariamente da presença
de objeto. Neste sentido pode-se afirmar que há brincadeira sem brinquedo. A
mesma, Conforme VIGOTSKY (1991), não se limita apenas ao objeto ela também
pode estar na imaginação da criança. É na brincadeira que a criança começa a
seguir regras de comportamentos sociais e imaginar seu próprio mundo conforme
seus anseios. Assim esta atividade faz com que, através do imaginário, a criança
vivencie experiências e comportamentos nunca experimentados anteriormente.
O brincar ajuda os participantes a desenvolver confiança em si mesmo e em
suas capacidades. As oportunidades de explorar conceitos como liberdade existem
implicitamente em situações lúdicas, levando assim ao desenvolvimento da
autonomia. Para isso a criança precisa estar envolvida no ato de brincar para poder
organizar suas ideias e assim, exteriorizar seus sentimentos mais profundos que
permitam colocá-la sempre em desafios e situações que a façam aprimorar a própria
condição do seu aprendizado. Brincar é essencial à saúde física, emocional e
intelectual do ser humano. “Brincar é coisa séria, porque na brincadeira, a criança se
reequilibra, recicla suas emoções e sacia sua necessidade de conhecer e reinventar
a realidade.” (LIMA, 2004: 2).
Nos aspectos educativos, tal como anteriormente referido no jogo e no
brinquedo, no passado o brincar era visto como contrassenso aos objetivos e
finalidades pedagógicas da escola, sendo a partir do Renascimento que a
brincadeira é interpretada como uma conduta livre favorecendo o desenvolvimento
da inteligência e facilitando o estudo na criança.
Dada a importância da atividade de brincadeira para o desenvolvimento
global dos processos psíquicos da criança, entendemos que ela deve fazer parte
das práticas pedagógicas com crianças nos anos iniciais da educação básica. O
27
70
9
papel desempenhado pelo adulto na mediação dessa atividade social da criança é
imprescindível.
Não há como negar o potencial formativo da brincadeira de faz-de-conta.
Portanto, cabe aos educadores compreenderem o significado que essa atividade
tem para o desenvolvimento da criança, a brincadeira é parte constituinte do
processo de construção da escrita da criança.
Brincar é também um grande canal para o aprendizado, senão o único canal para verdadeiros processos cognitivos. Para aprender precisamos adquirir certo distanciamento de nós mesmos, e é isso o que a criança pratica desde as primeiras brincadeiras transicionais, distanciando-se da mãe. Através do filtro do distanciamento podem surgir novas maneiras de pensar e de aprender sobre o mundo. Ao brincar, a criança pensa, reflete e organiza-se internamente para aprender aquilo que ela quer, precisa, necessita, está no seu momento de aprender; isso pode não ter a ver com o que o pai, o professor ou o fabricante de brinquedos propõem que ela aprenda. (MACHADO, 2003:37):
Para MOYLES (2001:181):
Na escola, o brincar pode ser dirigido, livre ou exploratório: o essencial é que ele faça a criança avançar do ponto em que está no momento em sua aprendizagem, criando condições para a ampliação e revisão de seus conhecimentos.
Dessa maneira, o lúdico torna-se essencial no desenvolvimento da criança,
pois no brincar não se aprende somente conteúdos, mas se aprende para a vida.
Os recentes estudos têm mostrado que as atividades lúdicas são ferramentas indispensáveis no desenvolvimento infantil, porque para a criança não há atividade mais completa do que o brincar. Pela brincadeira, a criança é introduzida no meio sociocultural do adulto, constituindo-se num modelo de assimilação e recriação da realidade. (SANTOS, 1999:7).
É importante salientar que, acima de tudo, o brincar motiva e dá prazer. E é
por isso que ele proporciona um clima especial para a aprendizagem das crianças
de todas as faixas etárias. O brincar na escola estimula uma aprendizagem diferente
e interessante. O papel do professor é de garantir que, no contexto escolar, a
aprendizagem seja contínua e inclua fatores além dos puramente intelectuais: social,
o emocional, o físico, o estético, o ético e o moral devem se combinar com o
intelectual para tornar a aprendizagem mais abrangente e formadora.
De acordo com VOLPATO (2002), as brincadeiras estão presentes na escola
nas mais variadas situações e sob as mais diversas formas e nesse caso podem e
devem ser introduzidas como recursos didáticos importantes, pois, brincando a
criança aprende.
28
09
Assim o lúdico em situações educacionais, proporciona não só um meio real
de aprendizagem como permite também que adultos perceptivos e competentes
aprendam sobre crianças e suas necessidades. No contexto escolar isso significa
professores capazes de compreender onde as crianças estão em sua aprendizagem
e desenvolvimento geral, o que por sua vez, dá aos educadores um ponto de partida
para promover novas aprendizagens nos domínios cognitivo e afetivo, para a
construção de saberes significativo.
As brincadeiras e jogos são estratégias motivacionais da aprendizagem.
Não constituem a aprendizagem em si, mas são excelentes meios que permite o
diagnóstico, a intervenção e até mesmo a transmissão de conteúdos conceituais,
procedimentais e atitudinais sem que a criança perceba.
MALUF (2003: 29), afirma que, “... as brincadeiras enriquecem o currículo,
podendo ser propostas na própria disciplina, trabalhando assim o conteúdo de forma
prática e no concreto.”
Sendo assim, possibilitar à criança que brinque, se expresse, crie, imagine, é
fundamental para que elas tenham acesso a uma aprendizagem mais prazerosa,
eficaz e de acordo com as necessidades que possuem, aumentando, dessa forma, a
autoestima, o bom humor e o prazer pelo ato educativo.
29
09
CAPÍTULO III
A LUDICIDADE COMO AUXÍLIO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
Sem dúvida, a ludicidade é uma prática muito importante no processo de
ensino aprendizagem, seja no campo intelectual, psicossocial, motor. Há anos
discutem-se os benefícios que a ludicidade proporciona na aprendizagem e a cada
dia o seu potencial modificador na vida das crianças, sobretudo, surpreende mais os
estudiosos e os profissionais da educação. Mas é possível alguém aprender algo
brincando? Até que ponto a ludicidade realmente é necessária? Ela deve ser uma
prática constante no ensino-aprendizagem?
A prática de atividades lúdicas é uma proposta que permeia a Educação,
desde a Antiguidade Clássica, mas atualmente a ludicidade vem ganhando maior
destaque no setor educacional e também na sociedade, pois as condições de
diversão, lazer, entretenimento são consideradas muito importantes para o
desenvolvimento da criança e para qualidade de vida das pessoas.
Segundo BROUGÈRE (2001), nos últimos anos tem sido notável a mudança
na cultura lúdica da criança. Atualmente, a mesma está sendo direcionada
constantemente para o domínio de objetos. De certa forma a cultura lúdica evoluiu,
devido à chegada de novos brinquedos. Dentro desta evolução chegaram os jogos
eletrônicos, TV e outros meios tecnológicos.
BROUGÈRE (2001), enfatiza que as brincadeiras que são desenvolvidas
nas ruas em coletividade praticadas por adultos e crianças e geralmente,
transmitidas de geração para geração, como: roda, ciranda, amarelinha, pular
elástico, cabo de guerra, passa anel, cabra-cega, boca-de-forno, o pique e suas
variações estão sendo deixadas de lado, ou seja, sendo substituídas por novos
brinquedos como citado no parágrafo acima. Essas transformações têm provocado
mudança no comportamento das crianças de várias formas: inibindo sua capacidade
de interação com o outro, diminuindo o poder de concentração, estimulando o
consumo e a agressividade, dentre outras.
Diante disso a importância de resgatar as brincadeiras no cotidiano escolar,
pois segundo SANTOS (1997), elas favorecem o desenvolvimento pessoal e
cultural, contribuindo para socialização e aprendizagem das crianças.
O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. (SANTOS, 1997, p. 12).
Já sabemos que o lúdico é inerente ao ser humano e que a ludicidade é
essencial na vida da criança. Pois brincar de boneca, de carrinho, de faz-de-conta,
de mamãe, de super-herói é para a criança um momento de refletir sobre as suas
concepções de mundo. Por esse motivo hoje, em muitos contextos escolares há
acentuada referência da ludicidade como um elemento motivador de aprendizagem.
Com base na Psicologia da Educação, segundo MOREIRA e SCHWARTZ
(2009), autoras do artigo Conteúdos Lúdicos, Expressivos e Artísticos na Educação
Formal, acredita-se que, por meio do lúdico, a criança pode elaborar anseios e
fantasias, aprender a lidar com o ganhar e o perder, aprender a administrar sua
angústia, diminuir sua ansiedade diante dos conflitos, de situações complexas e
confusas, além de gerar prazer, motivação e experimentação. É possível, ainda, por
intermédio da atividade lúdica, compreender a coincidência entre o espaço de
aprendizagem e o espaço de jogar, além da constituição dos processos que
compõem a aprendizagem.
Podemos destacar que ao contrário do que muitos pensam o lúdico não é
uma simples recreação e passatempo, mas a forma mais completa que a criança
tem de se comunicar consigo mesma e com o mundo desenvolvendo assim, sua
autoestima, imaginação, controle, confiança, criatividade e relacionamento com as
outras crianças. “As brincadeiras são o primeiro recurso no caminho da
aprendizagem. Não é apenas diversão, mas um modo da criança criar
representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo.” (FROEBEL,
1826).
Alguns autores da atualidade defendem e apontam o lúdico voltado aos
jogos, brincadeiras e brinquedos como atividades importantíssimas, as quais
contribuem imensamente para o desenvolvimento das crianças tanto no cognitivo,
quanto motor e afetivo, principalmente se estas forem incorporadas nas instituições
31
09
educativas. “Os jogos, as brincadeiras e os brinquedos são essenciais para as
crianças, e cada educador deve descobrir o seu jeito de trabalhar e desempenhar
esse papel tão importante na vida delas.” (ANTUNES 2002:100). O lúdico
proporciona à criança a relação com o ambiente em que vive, considerando como
meio de expressão e aprendizado. As atividades lúdicas possibilitam o
desenvolvimento cultural, a assimilação de novos conhecimentos, o
desenvolvimento da sociabilidade e da criatividade. Assim, a criança encontra o
equilíbrio entre o real e o imaginário e tem a oportunidade de se desenvolver de
maneira prazerosa.
As atividades lúdicas criam um clima agradável, é este aspecto de
desenvolvimento emocional que torna a ludicidade um ato motivador, capaz de gerar
um estado de euforia.
(...) no contexto cultural e biológico as atividades são livres, alegres e envolve uma significação. É de grande valor social, oferecendo possibilidades educacionais, pois, favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo preparando para viver em sociedade, participando e questionando os pressupostos das relações sociais. (KISHIMOTO, 1994:13).
De acordo com MUNIZ e FONSECA (2000), ampliar as possibilidades do
brincar da criança é um aspecto primordial na infância, pois ela não está em uma
fase de especialização, pelo contrário, está em um momento de vivenciar formas
diversificadas e democráticas de atividades corporais lúdicas. Ainda segundo as
autoras, a brincadeira essencial que chega à escola com todas as suas
características, fim em si mesma, descanso, livre organização, espontaneidade e
prazer, perde sua identidade. Assim passa a ser utilizada no processo ensino-
aprendizagem, como um meio, ou seja, os componentes da grade curricular passam
a se apropriar da brincadeira como estratégia pedagógica.
Desta forma é importante ressaltar que o educador precisa reconhecer que
exerce um importante papel como mediador do processo de ensino-aprendizagem.
É importante que o educador aja como mediador durante a brincadeira proposta
pelas crianças reconhecendo nas brincadeiras e jogos um espaço de investigação e
construção de conhecimento acerca de vários aspectos do meio social e cultural em
que vivem, resgatando os espaços da brincadeira na vida das crianças, oferecendo-
lhes oportunidades para que estas possam exercer o direito de brincar. A melhor
32
09
forma de conduzir a criança à atividade, a auto expressão e a socialização é através
do método lúdico.
O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas. (BRASIL, 1998:30).
Segundo PORTO (1995), quando a criança tem a oportunidade de aprender
brincando com todo o seu corpo (pensando e agindo) sentirá muito mais prazer e,
consequentemente, sua vontade de aprender aumentará cada vez mais,
favorecendo significativamente seu desenvolvimento.
AYOUB (2001), afirma que o ato de brincar, no olhar da aprendizagem, é
mais complexo do que se imagina, uma vez que:
... Brincar com a linguagem corporal significa criar situações nas quais a criança entre em contato com diferentes manifestações da cultura corporal (entendida como as diferentes práticas corporais elaboradas pelos seres humanos ao longo da história, cujos significados foram sendo tecidos nos diversos contextos socioculturais), sobretudo aquelas relacionadas aos jogos e brincadeiras (...). Sempre tendo em vista a dimensão lúdica como elemento essencial para a ação educativa na infância. Ação que se constrói na relação criança/ adulto e criança/ criança e que não pode prescindir da orientação do (a) professor (a) ... (p. 57).
Para WINNICOTT (1975), o brincar e o criar para a criança é muito
importante principalmente nos primeiros anos de vida na construção da identidade
pessoal. Para ele a escola tem por obrigação ajudar a criança completar a transição
do modo mais agradável possível, respeitando o direito de devanear, imaginar,
brincar.
O lúdico é uma linguagem natural da criança, por isso torna-se importante
sua presença na escola, portanto todas as atividades lúdicas podem ser aplicadas
em qualquer faixa etária, pois as mesmas aumentam a construção do conhecimento,
a capacidade e ação ativa motora, levando a criança a vários tipos de
conhecimentos e habilidades. "É o brinquedo, como, todo material didático da
escola, que proporciona condições favoráveis ao desenvolvimento sócio emocional,
cognitivo e afetivo das crianças." (PEREIRA, 2002:108).
33
09
O ensino utilizando o lúdico cria ambientes prazerosos servindo como
estimulo para o desenvolvimento da criança. Um ambiente onde existe a ludicidade
proporciona a criança à liberdade de expressar-se, onde a confiança e as tentativas
de acertar caminham juntas. A ludicidade na educação possibilita situações de
aprendizagem que contribuem para o desenvolvimento integral da criança.
COLL et al (1997), afirma que, a análise de qualquer processo de
aprendizagem precisa levar em conta os fatores e as possíveis interações que
podem ser estabelecidas entre eles, fatores que são atividades, características e
natureza. Segundo ele costuma-se limitar o conceito de aprendizagem somente a
ações que ocorrem nas escolas como produto do ensino. No entanto, a
aprendizagem envolve os hábitos, aspectos de nossa vida afetiva, assimilação de
valores culturais, funcionais e procede de toda estimulação ambiental recebida pelo
indivíduo no decorrer da vida e, também, ao sofrer interferências intelectuais,
psicomotoras, físicos e sociais.
Para que a aprendizagem seja significativa, é necessário que o indivíduo
perceba a relação entre o que está aprendendo e o seu cotidiano. Isso envolve seu
raciocínio, análise, imaginação, relacionamento entre ideias, coisas e
acontecimentos.
A ludicidade pode ser utilizada como forma de sondar, introduzir e reforçar
os conteúdos, fundamentados nos interesses que podem levar o aluno a sentir
satisfação em descobrir um caminho interessante no aprendizado. De acordo com
BROUGÈRE (2010), sob o olhar de um educador atencioso, as brincadeiras infantis
revelam um conteúdo riquíssimo, que pode ser usado para estimular o aprendizado.
Segundo o filosofo ninguém nasce sabendo brincar. É preciso aprender. E o
professor pode enriquecer essa experiência. Que esta interação entre a atividade
lúdica e a prática educativa resgate o interesse, o prazer, o entusiasmo pelo ato de
aprender.
O ato de brincar é fundamental para o desenvolvimento social, físico, e psíquico da criança. Hoje cabe ao professor se empenhar e trabalhar esse papel junto ao aluno, já que na grande maioria das vezes seus pais se encontram atarefados e não suprem essa necessidade. Além de que trabalhar com o lúdico faz com que a criança sinta se mais empenhada e com maior prazer em aprender, tendo assim maior interesse na escola. (DIDONET, 2001: 121)
34
09
Para FROEBEL (1826), o jogo é o espelho da vida e o suporte da
aprendizagem e a escola deve considerar a criança como atividade criadora e
despertar mediante estímulos, as suas faculdades próprias para a criação produtiva.
Sendo assim, o educador deve fazer do lúdico uma arte, um instrumento para
promover e facilitar a educação da criança.
As atividades lúdicas têm como intuito de promover uma educação
diferenciada, uma educação capaz de encarar a ludicidade como um fator
motivador, facilitador da aprendizagem cognitiva, afetiva e psicomotora dos
educandos, tornando-se seres pensantes, dotados de emoções e sentimentos
interagindo todo o tempo com o social. Desta forma, entendemos que a verdadeira
aprendizagem não se faz apenas copiando do quadro ou prestando atenção ao
professor, mas sim no brincar, muitas vezes, acrescenta ao currículo escolar uma
maior vivacidade de situações que ampliam as possibilidades de a criança aprender
e construir o conhecimento. O brincar permite que o aluno tenha mais liberdade de
pensar e de criar para desenvolver-se plenamente. Diante disso, percebemos a
importância do lúdico para a criança, bem como sua importância para com a
alfabetização e aprendizagem.
A alfabetização é um processo, e nesse processo, a criança necessita de
atividades significativas e prazerosas, que propiciem desafios para que a mesma
sinta-se estimulada a construir seu conhecimento. Entretanto, para que a construção
do conhecimento na criança seja significativa, temos que ajudá-la, estimulando-a
com atividades lúdicas. A proposta do lúdico é promover uma alfabetização
significativa, é incorporar o conhecimento e além desse conhecimento, a oralidade, o
pensamento e o sentido. Porém, muitas vezes, percebe-se que a escola acaba
deixando de lado estas características e reafirmando habilidades que considera mais
importantes para a criança, como a leitura e a escrita.·.
Na época do ingresso na escola, as crianças vivem geralmente sob-rígidas e austeras condições de ensino, onde as atividades são as menos variadas possíveis, por que tudo o mais é interrompido e suspenso em prol do ensino da leitura e da escrita como uma complicada habilidade motora a ser desenvolvida, e as preocupações se encontram voltadas para os pré – requisitos da alfabetização... (SMOLKA, 2001, p. 17).
Neste sentido, a alfabetização pode ser vista de modo restrito, como um
processo mecânico, sendo uma codificação e decodificação das linguagens oral ou
escrita, ou ainda, pode ser analisada de modo amplo, onde há ligação à realidade,
35
09
apreensão e compreensão de significados. Tendo como base o modo amplo, a
alfabetização é vista como uma atividade interessante e motivadora, assim, ela não
se resume a um ato mecânico.
Para NICOLAU (1997), a alfabetização não seria somente assimilar o código
escrito decifrando-o, mas saber utilizá-lo de maneira compreensiva e criativa. Pois a
mesma é um processo contínuo que ocorre durante o curso da vida do indivíduo.
RODRIGUES (1996), ainda enfatiza que a alfabetização dá-se a partir da vivência
da realidade, neste sentido, um indivíduo recebe influências externas em sua
formação e desta forma contrapõe-se a alfabetização mecânica, onde a relevância
está no momento em que a criança descobre que alguns sinais gráficos juntos
formam nomes, qualidades e ações dos seres, pois a alfabetização não está restrita
somente ao ler e escrever, mas sim, a uma série de requisitos estimuladores que
influem na aprendizagem. Tais estímulos devem propiciar aos alunos situações de
exploração, questionamentos e acima de tudo de construção de seu próprio
conhecimento.
Ao inserir a ludicidade no ambiente escolar é promover uma alfabetização
diferenciada na prática educacional, é promover o rendimento escolar. A utilização
de atividades lúdicas no processo pedagógico faz despertar o gosto pela vida e leva
as crianças a enfrentarem os desafios que surgirem.
Dessa forma a alfabetização torna-se cada vez mais motivante, mais
presente, quando desperta o interesse no aluno. Pois é pela criatividade que
buscaremos uma interação com a criança através dos métodos de ensino que serão
usados na sala de aula, como exemplo, buscar o novo através de objetos de estudo
que chamem a atenção da criança, fazendo com que ela sinta vontade de aprender,
demonstrando o desenvolvimento e o gosto pelo aprendizado, para que seja capaz
de compreender, interpretar e produzir conhecimento através dos símbolos e
códigos.
Conforme FREIRE (2001) nos relata,
a alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral. Esta montagem não pode ser feita pelo educador para ou sobre o alfabetizando. Aí tem ele um momento de sua tarefa criadora. (p. 19).
36
09
Ainda de acordo com FREIRE em seus escritos nos mostra um exemplo em
que tanto o alfabetizador quanto o alfabetizando, ao pegarem um objeto, são
capazes de não apenas sentir o objeto, mas também de percebê-lo, dizer o seu
nome, escrevê-lo e consequentemente de lê-lo. Afirma ainda que o fato de o
alfabetizando necessitar da ajuda do educador, não significa que a ajuda do
educador deva anular a sua criatividade e a sua responsabilidade na construção de
sua linguagem escrita e na leitura desta linguagem. "Ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção." (FREIRE, 1996:47). Assim o professor pode ter um meio através do
lúdico de proporcionar essa construção e a produção do conhecimento pelas
crianças.
Percebe-se com isso que as atividades lúdicas possibilitam a sensação de
alegria, divertimento e prazer e ao mesmo tempo ensina, educa e repassa
conhecimentos. A atividade lúdica desenvolve a criatividade, portanto, durante uma
atividade escolar lúdica, a criança consegue ser mais participativa, criativa e crítica.
De acordo com o Referencial curricular para a educação infantil
(BRASIL,1998):
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (p. 23).
Pode-se dizer que a dimensão lúdica propicia uma forma mais agradável de
aprender e compreender as coisas a sua volta. Ser alfabetizado de forma lúdica traz
significado para este conhecimento e o professor deve utilizar o lúdico como uma
―ferramenta‖ que propicia as crianças uma forma mais significativa de compreender
o que está a sua volta, os acontecimentos, assim tornando prazerosa sua
aprendizagem. RIZZI e HAYDT (1987:15), afirmam que:
Brincando e jogando, a criança aplica seus esquemas mentais à realidade que a cerca, aprendendo-a e assimilando-a. Brincando e jogando, a criança reproduz as suas vivências, transformando o real de acordo com seus desejos e interesses. Por isso, pode-se dizer que, através do brinquedo e do jogo, a criança expressa, assimila e constrói a sua realidade.
Diante da citação de RIZZI e HAYDT (1987), Pode-se dizer que o lúdico
fornece uma ―mudança‖ no ser humano, tanto no físico, mental e intelectual e com
isso favorece a aprendizagem, o vínculo e desenvolve esta ―ligação‖ do imaginário
37
09
com o real, sendo assim tornando as atividades lúdicas um instrumento riquíssimo e
atraente aos olhos da criança, criando-se vínculo, um fator essencial para tornar a
aprendizagem mais produtiva. “O brincar corresponde a um impulso da criança, e
este sentido, satisfaz uma necessidade interior, pois, o ser humano apresenta uma
tendência lúdica”. (RIZZI e HAYDT, 1987, p. 14). O lúdico aplicado à prática
pedagógica não apenas contribui para a aprendizagem da criança, como possibilita
ao educador tornar suas aulas mais dinâmicas e prazerosas.
Podemos dizer que a escola é um dos lugares onde as crianças passam o
maior tempo do dia, portanto é muito importante que ela tenha atividades lúdicas
envolvendo conteúdos da matéria e também atividades livres. Com isso o brincar
torna-se uma ―ferramenta‖ no processo de ensino aprendizagem no
desenvolvimento integral do ser. Sendo assim, as atividades lúdicas proporcionam
às crianças o desenvolvimento motor, o da linguagem, da percepção, da
representação, da memória, do equilíbrio afetivo, da apropriação de signos sociais e
das transformações significativas da consciência infantil. Diante disso, a presença do
lúdico no processo de alfabetização é de suma importância para o desenvolvimento
da criança, pois de forma significativa, torna as aulas mais dinâmicas e atrativas.
NEGRINE (1994), em estudos realizados sobre aprendizagem e
desenvolvimento infantil afirma que quando a criança chega à escola traz consigo
toda uma pré-história, construída a partir de suas vivências e grande parte delas
através da atividade lúdica, diante desta afirmativa podemos concluir que o processo
de alfabetização envolve não somente a criança, mas o meio social em que está
inserida, considerando-a um ser social ativo, que já traz consigo um conhecimento
prévio, conhecimento este que diz respeito à realidade em que vive pessoas com
quem convive, etc. A interação da criança com o meio social, tanto família, bairro ou
escola, possibilita que ela crie hipóteses, conceitos, tenha seus pontos de vista e tire
suas próprias conclusões. Entretanto, muitas vezes, esta criança ao chegar à
escola, não tem esses conhecimentos reconhecidos como válidos, passando então
a ser analisada tendo como parâmetro uma série de pré-requisitos, tais como as
habilidades motoras, perceptíveis e visuais. Com relação a estes aspectos BOLZAN
(2007), argumenta:
Os pré-requisitos não podem ser entendidos como habilidades que a criança deve ter desenvolvido para ingressar em certo nível na escola. Precisam ser entendidos, sim, como aquelas hipóteses, conceitos, relações,
38
09
que a criança já construiu antes de ingressar em uma instituição formal de ensino. (p.25).
Nessa perspectiva, as hipóteses infantis necessitam ser consideradas pelo
professor, pois este conhecimento que a criança já traz consigo, somado ao
conhecimento que o professor traz na sala de aula, possibilitará que a criança
confronte os conhecimentos e tire suas conclusões. Desta forma, ela estará
construindo seu conhecimento.
Conforme FERREIRO e TEBEROSKY (1997), a alfabetização é um
processo contínuo, que se dá mediante a possibilidade de interagir com a escrita em
todas as suas possibilidades, é importante que as crianças vivenciem atividades que
possibilitem a elas espaços para a reflexão sobre o que a escrita representa e como
ela pode ser representada, ou seja, que possibilite a elaboração e o confronto das
hipóteses infantis acerca da linguagem escrita, pois é assim que estas aprenderão.
Portanto, mudar a metodologia para a apropriação da leitura e da escrita é
essencial, pois, não podemos continuar com uma simples repetição e memorização
de letras. Construir um conhecimento a respeito da escrita implica a compreensão
sobre a organização deste sistema de representação.
Dessa forma, é possível dizer que as brincadeiras são fundamentais à
apropriação da leitura e da escrita, uma vez que possibilita à criança a reflexão
sobre as diferentes possibilidades de representação e expressão de ideias.
... Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade. (FREIRE, 2001:54).
Evidentemente que o milagre do aprendizado através da ludicidade não está
na brincadeira, aliás, não existe um milagre para o aprendizado. A ludicidade aqui
discutida é apenas um canal o qual através dele a criança consegue realizar
assimilações entre a brincadeira e o mundo concreto. E essa assimilação acontece
de forma suave, de modo que a criança não precisará de métodos e normas do
mundo real.
As atividades lúdicas preparam a alfabetização bem como toda a
aprendizagem e o desenvolvimento integral nos aspectos físico, social, cultural,
afetivo e cognitivo. Enfim, desenvolve o indivíduo (criança) como um todo.
39
09
CONCLUSÃO
Esta pesquisa tinha como objetivo refletir a importância da ludicidade como
elemento facilitador no processo de alfabetização. Conforme a pesquisa
desenvolvida, verificou-se que o lúdico sempre esteve presente desde os primórdios
da humanidade, pois se trata de uma atividade necessária e que sua importância se
define de acordo com seu contexto cultural, onde em determinadas épocas sendo
muito valorizada, já em outras foi vista como atividade inútil ou até mesmo
pecaminosa. Infelizmente ainda hoje, depois de muitas pesquisas afirmando que a
ludicidade é essencial na vida do ser humano principalmente para as crianças, a
mesma é vista para alguns como inútil considerando uma banalidade, pura diversão
ou perda de tempo.
Para desenvolver essa pesquisa muitos autores, como ARIÈS, PIAGET,
VYGOTSKY, KISHIMOTO, BROUGÉRE, entre outros foram de suma importância
comprovando através de seus estudos que os jogos, brinquedos e brincadeiras
fazem parte do processo de formação do ser humano. Tal evidência justifica as
raízes das atividades lúdicas e sua consistência no trabalho do processo de
alfabetização da criança porque a ludicidade é de extrema relevância para o
desenvolvimento integral da mesma, pois para ela, brincar é viver. Analisando as
concepções desses autores, pode-se observar que o lúdico, desde cedo, está
presente nas atividades da criança. Através do jogo, do brinquedo é da brincadeira a
criança de uma maneira ilusória, imaginária pode realizar desejos impossíveis de
serem concretizados na prática e tanto se apresenta como uma atividade que
satisfaz necessidades referentes àquilo que a motiva para agir, como uma atividade
que lhe proporciona prazer.
As atividades lúdicas precisam ser encaradas como um instrumento que
colabora para a aprendizagem, deixando de ser utilizada apenas nos intervalos das
ações pedagógicas ou como forma de preencher o planejamento diário e completar
a carga horária.
Ao concluir esta pesquisa é importante destacar que a aprendizagem
proporcionada pelo lúdico não acontece somente nos momentos em que este está
aliado a atividades educacionais, no momento em que a crianças brinca de forma
livre e natural, sem a influência ou direcionamento do profissional de educação ou
de um adulto também existem inúmeras aprendizagens proporcionadas pela
brincadeira.
O intuito dessa pesquisa, ao demonstrar um universo onde o lúdico se faz
presente nas ações dos educadores e dos educandos, não é que os profissionais de
educação abandonem o livro didático e/ou as aulas expositivas. Este também não é
o objetivo dos estudiosos quando propõem a aplicação da ludicidade no contexto da
educação. A intenção é apontar a ludicidade como um instrumento facilitador no
ensino-aprendizagem da criança num processo de alfabetização, não como um
recurso único, mas como uma estratégia que não impossibilita utilização simultânea
de outros recursos e estratégias metodológicas. O que se espera é que os
educadores compreendam a importância da ludicidade, que percebam como ela
pode ser uma grande aliada no seu trabalho e que a partir disso possam utilizá-la
em seu cotidiano, podendo assim obter juntamente com seus alunos os resultados
positivos provenientes da utilização deste recurso. Vale ressaltar, porém, que o
lúdico não é e não será a única alternativa para a melhoria no intercambio ensino-
aprendizagem, mas é uma ponte que auxilia na melhoria dos resultados por parte
dos educadores interessados em promover mudanças.
Deste modo, acredita-se que a utilização de atividades lúdicas na
alfabetização possa vir a melhorar a forma de ensinar e aprender. Assim, o lúdico,
deverá encontrar maior espaço para ser entendido como importante instrumento de
alfabetização, na medida em que os professores compreenderem melhor toda sua
capacidade potencial de contribuir para com o desenvolvimento da criança.
Portanto a ludicidade na alfabetização não deve ser encarado como mero
lazer ou simplesmente uma forma de distração e sim como uma aula muito
importante que deve ser encarada com credibilidade. Podemos considerar
importante a inclusão dos jogos, e brincadeiras como parte integrante dos métodos e
procedimentos educativos de um programa de alfabetização em atividades infantis,
principalmente quando envolvem a construção, a manifestação expressiva e lúdica
de imagens, sons, falas, gestos e movimentos. Com o emprego de atividades
lúdicas na sala de aula, a escola garante um clima de prazer tão fundamental para
aquele que ensina e para aquele que aprende, pois, a sala de aula é um espaço de
41
09
encontro, de inclusão, de trabalho mútuo e somente assim ela pode ser significativa
para o aluno e para o professor.
Neste sentido, entende-se que o brincar e o aprender são processos
valiosos e significativos para construção de saberes e conhecimentos, visto que a
ação lúdica na vida da criança traz em si a plenitude de experiências sociais e
culturais, que constituirão na formação de indivíduos capazes de interagir com o
meio e produzir conhecimentos, pois a criança se desenvolve com mais facilidade,
quando em seu processo de alfabetização ela tem o contato com o lúdico.
As atividades lúdicas desempenham um papel fundamental na
aprendizagem, e negar o seu papel na escola é talvez renegar a nossa própria
história de aprendizagem. É através dessas atividades que a criança se expressa e
consequentemente aprende, investiga e se comunica com o mundo que a cerca,
fincando claro que o lúdico é parte integrante do desenvolvimento cognitivo, social e
afetivo da criança, onde ela tem oportunidade através do imaginário, expressar suas
angústias, sentimentos e emoções.
Após esta pesquisa bibliográfica, pude refletir e ampliar os conhecimentos já
adquiridos anteriormente sobre a importância de se trabalhar a ludicidade não
somente no processo de alfabetização da criança, mas na formação do ser humano.
Com o respaldo teórico que tive acesso no decorrer desta pesquisa concluo
que o prazer que provem das atividades lúdicas guarda o sentido do prazer pelo
viver, ser, investigar, sentir, tocar, viver com o outro, vibrar com vitórias e enfrentar
derrotas, com isso a criança desenvolve a imaginação, confiança, autoestima e a
cooperação.
Cabe à escola oportunizar situações destinadas a essas atividades para que
a criança possa conhecer e explorá-las com o seu próprio corpo, com a imaginação
e criatividade.
Esta pesquisa não se esgota, pois a mesma procurou apenas responder a
problematização e os objetivos propostos pelo tema, sugerindo assim que outras
pesquisas sejam realizadas no campo da alfabetização.
42
09
REFERÊNCIAS ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: prazer de estudar: técnicas e jogos pedagógicos. 11. ed. São Paulo: Loyola, 2003. ALVES, Rubem. Alegria de ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1994. ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978. AYOUB, E. Reflexões sobre a educação física na educação infantil. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, V.15, nº 3. Supl.14, p.53-60, 2001. BANDET, J. A criança e os brinquedos. 2.ed. Editorial Estampa, 1975. BARBOSA, Laura Monte Serrat. A educação de crianças pequenas. Pulso Editorial. São José dos Campos, 2006. BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Ponto de Vista. In. : FERNANDES, Francisco das Chagas. O ensino Obrigatório aos 6 anos e sua ampliação para 9 anos trará vantagens ou não para os alunos?, Grupo A: Revista Pátio. Porto Alegre, p.1-12, fev., 2006. BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Summus, 1984. BOLZAN. D. P. V. Leitura e Escrita: ensaios sobre alfabetização. Santa Maria: Ed. da UFSM, 2007. BRASIL. Guia de livros didáticos: PNLD2010: letramento e alfabetização/ língua portuguesa. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação, 2010. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC, 1997. BROUGÈRE, Gilles. A criança e a cultura lúdica. In: KISHIMOTO (org). O brincar e suas teorias. São Paulo: pioneira, 1998.
BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001. BROUGÉRE, Gilles. Jogo e educação. Porto Alegre: Editora Artes Médicas. 1991. BROUGÈRE, Gilles. Jogo e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. BROUGÈRE, Gilles. Ninguém nasce sabendo brincar. É preciso aprender. Revista Nova Escola. São Paulo: ano XXV n. 230, p. 32-35, Março, 2010. CAILLOIS, Roger. Os jogos e os homens. Lisboa: Portugal, 1990. COLL, César. COLL, C. et. al. Desenvolvimento psicológico e educação: Necessidades especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, DIDONET. Vital. Creche: A que veio. Para onde vai... Em aberto. Educação Infantil: A creche, um bom começo. Brasília, Vol.18, nº 73, 2001. FÉRRAN et al. Na escola do jogo. Lisboa: Editorial Estampa, 1979. FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 41. ed. São Paulo: Cortez editora, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 34. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FRIEDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996. FROEBEL, Friedrick. A educação do homem. 1826. Disponível em: http://revistaescola.abril.ig.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/criancas-muito aprender-creche-educacao-infantil-aprendizagem-brincadeiras-linguagem-5467. Acesso em 13 ago. 2012. http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/6086/brinquedo-jogo-e brinquedo-reflexoes-a-partir-da-teoria-critica. Acesso 03 set. 2012. http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0358.pdf. Acesso em 20 ago. 2012. http://www.webartigos.com/artigos/jogos-e-brincadeiras-de-faz-de-conta-no- processo-pedagogico/. Acesso em 16 out. 2012. http://www.webartigos.com/artigos/jogos-e-brincadeiras-na-educacao-infantil. Acesso em 04 set. 2012. http://www.webartigos.com/artigos/ludico-na-alfabetizacao. Acesso em 16 out. 2012. http://www.webartigos.com/artigos/porque-trabalhar-o-ludico-na-educacao infantil/. Acesso em 15 ago. 2012.
44
09
HUIZINGA, R. Homo ludens: o jogo como elemento de cultura. 4. ed. São Paulo: Perspectiva S.A, 1996. KAMMI, Constance; DEVRIES, Retha. Jogos em grupos na educação infantil: implicações da teoria de Piaget. São Paulo: Trajetória Cultural, 1991. KISHIMOTO, M. Tizuko. O brincar e suas teorias. Editora Pioneira São Paulo. 1998. KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. Editora Pioneira. São Paulo. 1994. KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. In: Kishimoto, T. M. (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1999. KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1997. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a Educação Infantil. In: Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação–São Paulo. Cortez, 5° ed., 2001. LEBOVIVI & DIATKINE. Significado e função do brinquedo na criança. Porto Alegre: Artimed Editora LTDA, 1985. LEONTIEV, A. N. Os Princípios Psicológicos da Brincadeira Pré-Escolar. In VYGOTSKY et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1988. LEONTIEV, Alexei Nikolaevich. Uma contribuição à teoria do desenvolvimento da psique infantil. In: LEONTIEV, Alexei Nikolaevich, VYGOTSKY, Lev Semenovich, LURIA, Alexander Romanovich. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1994. LOPES, Vanessa Gomes. Linguagem do corpo e movimento. Curitiba: FAEL, 2006. MACHADO, F. M. O lúdico como um diferencial no despertar da criatividade. In: SHWARTZ, G. M. (org). Dinâmica lúdica: novos olhares. Barueri: Manole, 2004. MACHADO, Marina Marcondes. O brinquedo-sucata e a criança. São Paulo: Edições Loyola, 2003. MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Petrópolis: Vozes, 2003. MANSON, M. História do brinquedo e dos jogos. Brincar através dos tempos. Lisboa: Editorial Teorema, 2002. MAUGOULIS, M. Jeux et jouets. L´´ecole des parents. Paris: Editions Gallimard, 1961.
45
09
MIRANDA, Simão de. Do fascínio do jogo à alegria do poder nas séries iniciais. Campinas SP: Papirus, 2001. MOREIRA, Jaqueline C. Castilho; SCHWARTZII, Gisele Maria. IMestra em Ciências da Motricidade/ Unesp Rio Claro - SP. Pesquisadora do Laboratório de Estudos do Lazer - LEL - DEF/I.B/Unesp. Rio Claro – SP. IILivre Docente/Unesp, Rio Claro - SP. Coordenadora do Laboratório de Estudos do Lazer - LEL - DEF/I.B/Unesp Rio Claro – SP. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php/Educar em Revista Print version ISSN 0104-4060/Educ. rev. Nº.33 Curitiba, 2009. Acesso em 18 mar. 2013. MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na Educação Infantil. Trad. Maria Veronese Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artmed, 2001. MUNIZ, Neyse e FONSECA, Ingrid. O brincar na educação física escolar: em busca da valorização das diferentes perspectivas. Revista Brasileira Ciências do Esporte, Editora LESEF/CEFD-UFES, Campinas. v. 21, nº 2 e 3, jan.-maio 2000. NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Prodil, 1994. NICOLAU, Marieta Lúcia Machado. A educação pré – escolar: fundamentos e didática. 9. ed. São Paulo: Ática, 1997. OLIVEIRA, Paulo Salles. O que é brinquedo. 2.ed. São Paulo: Brasiliense. 1989. OLIVIER, C. A criança e os tempos livres. Publicações Europa-América: 1976. PEREIRA, Mary Sue Carvalho. A descoberta da criança: introdução à educação infantil. Rio de Janeiro: Walk, 2002. PIAGET, J. A formação do símbolo na criança, imitação, jogo, sonho, imagem e representação de jogo. São Paulo: Zanhar, 1976. PIAGET, Jean. A Formação do Símbolo na Criança: Imitação, Jogo e Sonho, Imagem e Representação. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978. PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia. 4.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,1976. PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. 20.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994. PORTO, C. L. Brinquedo e brincadeira na brinquedoteca. In: KRAMER, S. e LEITE, M. I. F. P. (orgs.). Infância e produção cultural. 4. ed. Campinas: Papirus, 2005. PORTO, E. T. R. Mensagens corporais na pré-escola: um discurso não compreendido. In: MOREIRA, W. W. Corpo presente. Campinas: Papirus, 1995.
46
09
RIZZI, Leonor; HAYDT, Regina Célia. Atividades lúdicas na educação da criança. 2. ed. São Paulo: Ática, 1987. RODRIGUES, Neidson. Da mistificação da escola a escola necessária. 7.ed. São Paulo: Cortez, 1996. RUBINSTEIN, S. Princípios de psicologia geral.. Lisboa: Editorial Estampa. 1977. v. 7. SANTOS, P.S.M. Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis: Vozes, 2000. SANTOS, Santa Marli dos. O lúdico na formação de educador. Petrópolis, Rio de Janeiro, 1997. SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedo e infância: um guia para pais e educadores em creches. Petrópolis: Vozes, 1999. SANTOS, Santa Marli Pires. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A criança na fase inicial da escrita. A alfabetização como processo discursivo. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2001. VOLPATO, G. Jogo, brincadeira e brinquedo. Usos e significados no contexto escolar e familiar. Florianópolis: Cidade futura, 2002. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987. WARSCHAUER, Cecília. A roda e o registro. São Paulo: Paz e Terra, 1993. WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
47
09