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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTO A LITERATURA COMO MEDIADORA NA PRÁTICA DA LEITURA Roseli da Silva Alves Neto Orientador: Eliana Walker ALTA FLORESTA/2010

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE

TEXTO

A LITERATURA COMO MEDIADORA NA PRÁTICA DA LEITURA

Roseli da Silva Alves Neto

Orientador: Eliana Walker

ALTA FLORESTA/2010

1

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE

TEXTO

A LITERATURA COMO MEDIADORA NA PRÁTICA DA LEITURA

Roseli da Silva Alves Neto

Orientador: Eliana Walker

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Leitura, Literatura e Produção de Texto”.

ALTA FLORESTA/2010

2

Dedico a Deus, que iluminou a minha

caminhada.

3

AGRADECIMENTO

Agradeço a todos colaboraram na execução deste trabalho.

4

RESUMO

A literatura estimula a imaginação, abre novos horizontes para os alunos, transmite valores culturais, permite saber sobre o presente e também experiências e fatos do passado, sendo que a mesma propõe fantasia e distração, Assim, nesta abordagem intenciona-se refletir e encontrar possibilidades de novas alternativas, visando apresentar orientações metodológicas que possam garantir momentos prazerosos para o aluno no contato com os textos literários, pois é inegável a importância da literatura na formação completa do ser humano. Nesse processo, busca-se equilíbrio entre o desenvolvimento da inteligência e a afetividade, entre a ação e a emoção, entre o útil e o agradável. Este trabalho tem como intuito colaborar com o ensino da Literatura no Ensino Fundamental, considerando a relevância do papel do professor como mediador entre o aluno e a obra literária.

Palavras-chave: Literatura. Ensino. Educação.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................... 6

1 LEITURA................................................................................................................. 8

1.1 DESENVOLVENDO AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DE LEITURRA .. 9

1.1 TEXTO.................................................................................... ........................ 11

1.3 AS RELAÇÕES LEITOR, TEXTO E MUNDO............................................... 12

1.4 GÊNEROS LITERÁRIOS E FIGURAS DE LINGUAGEM...................... ....... 14

1.5 A NATUREZA DO TEXTO LITERÁRIO........................... ............................. 16

2 LITERATURA ........................................................................................................ 18

2.1 IMPORTÂNCIA DA LITERATURA .................................................................. 20

2.2 O INCENTIVO A LEITURA DE OBRAS LITERÁRIAS .................................... 22

3 LITERATURA COMO MEDIADORA DA LEITURA .............................................. 24

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 31

6

INTRODUÇÃO

Diante da importância que a educação exerce na sociedade, um dos grandes

desafios do professor é desvelar com pertinência, como seus alunos aprenderão

aquilo que será proposto em suas aulas. Não basta apenas definir estratégias, aderir

métodos é preciso comprometer-se em desenvolver com competência as

capacidades cognitivas, motoras, afetivas, de relação interpessoal e de inserção

social dos alunos.

Sabe-se que a escola é um espaço ideal para se desenvolver o gosto pela

Literatura Infantil. Ela tem como principal função favorecer este encontro entre o livro

e o aluno de maneira que esta possa utilizar-se da Literatura para a compreensão de

si, das coisas que a cercam e das relações entre ambas, porém cabe ao professor

educador saber aproveitar esse espaço. Eles precisam encher-se de instrumentos

apropriados para o cumprimento das suas funções didáticas, sabendo escolher

obras adequadas a sua clientela, empregando recursos eficazes que estimulem as

mesmas à leitura.

Em uma sociedade letrada como esta em que vive o ser humano, a leitura é

as condições primeiras, indispensáveis para o exercício da cidadania, e a literatura é

a chave mágica que abre a porta de entrada principal, dá acesso ao mundo da

leitura e tudo o que ela pode proporcionar.

Este trabalho será desenvolvido na área da educação, tendo como subárea

fundamentos da educação, no qual levantou-se a seguinte problemática: a literatura

pode ser utilizada como metodologia pra a prática da leitura, sendo que as hipóteses

7

levantadas para tal problemática foram que a leitura literária é de suma importância

na formação intelectual do aluno e também que existem diversos fatores que

determinam a deficiência na interpretação de textos literários

A pesquisa tem sua fundamentação teórica em referências bibliográficas, com

base em vários autores, a exemplo de Penteado, Saviani, Oliveira e outros. O

objetivo é de contribuir com o ensino da Literatura no Ensino Fundamental,

considerando a relevância do papel do professor como mediador entre o aluno e a

obra literária. Considera-se ainda de grande relevância apresentar, propostas

pedagógicas que abram caminhos aos docentes para viabilizar trabalhos que

permitiam a decodificação de metáforas contidas no texto e de seus significados

para a vida e experiência dos alunos, impulsionando neles o imaginário e a

criatividade.

Para o desenvolvimento do trabalho buscou-se fundamentação teórica sobre

leitura, texto, as relações leitor, texto e mundo, gêneros literários e figuras de

linguagem, a natureza do texto literário, textos literários e os PCNs, literatura, a

importância da literatura, e a literatura como mediadora da leitura.

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1 LEITURA

A leitura é uma fonte de conhecimentos que servem de grande estímulo e

motivação para que o aluno goste da escola e de estudar. Além da satisfação

pessoal ela, contribui para a construção de modelos relacionados às formas de

escrita, e tem como finalidade a formação de leitores competentes, com função de

escritores. O espaço de construção da leitura é um processo no qual o leitor realiza

um trabalho ativo, a partir dos seus conhecimentos.

Não se trata apenas de extrair informações da escrita, decodificando-a, letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam a ser constituído antes da leitura propriamente dita. Qualquer leitor que conseguir analisar sua própria leitura constatará que a decodificação é apenas um dos procedimentos que utiliza quando lê (BRASIL, 2001).

A língua é um sistema de signos histórico e social que possibilita ao homem

dar significados ao mundo e à realidade. Não é aprender apenas as palavras, mas

também os seus significados culturais para que, com eles, as pessoas do meio

social entendam e interpretem a realidade. A leitura fluente envolve uma série de

estratégias como seleção, inferência e verificação, sem as quais não é possível

rapidez e competência.

O leitor só se forma através de uma prática constante de leitura organizada

em torno da diversidade de gêneros textuais que circulam socialmente. A partir da

idéia de que a leitura é uma prática social, concebe-se o leitor não como um mero

decodificador, mas como alguém que assume um papel atuante na busca de

significações.

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Para Freire (1982), “a leitura de mundo precede a leitura da palavra”. Assim, a

leitura de um texto começa antes do seu contato que possa ler também o que não

está escrito identificando os elementos implícitos, estabelecendo relação entre o

texto que está lendo e outros textos já lidos. O leitor deverá ser capaz de selecionar

estratégias de leitura para construir significados enquanto lê.

Compreende-se assim, que a capacidade do leitor não está vinculada apenas

à decifração de sinais, mas, sobretudo à capacidade de dar sentido a esses sinais e

compreendê-los. Esse diálogo com o leitor e o objeto lido é determinado por

situações concretas e desenvolvido de acordo com os desafios e as respostas que o

objeto lido apresenta.

Nos ciclos iniciais, as leituras deverão ser extraídas a partir da superfície do

texto. Apesar de sua relevância para a formação integral percebe-se que existe uma

crise de leitura. Tal crise resulta na ausência de leitura na escola, principalmente de

livros já que poucos têm acesso à leitura mais abrangente.

A leitura na escola tem sido fundamentalmente, um objeto de ensino. Para que possa construir também objeto de aprendizagem, é necessário que faça sentido para o aluno, isto é, a atividade de leitura deve responder do seu ponto de vista, a objetivos de realizações imediatas (BRASIL, 2001).

Como se trata de uma prática social, complexa, se a escola pretende

transformar a leitura em um objeto de aprendizagem, deve preservar sua natureza e

complexidade, sem descaracterizá-la. Assim deve-se trabalhar com as diversidades

que caracterizam a leitura.

Portanto, a leitura é um processo que envolve uma série de estratégias e que,

nesse processo, a pessoa vai enriquecendo o seu vocabulário para ter um melhor

desempenho social da linguagem. Mas para que a aprendizagem aconteça, é

preciso ter vontade e desejo para buscar, descobrir e aperfeiçoar-se, entender a

essência do aprender.

1.1 DESENVOLVENDO AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DE LEITURA

Sabe-se que o rendimento escolar está diretamente ligado à leitura, uma vez

que ela é uma habilidade fundamental no processo de construção do conhecimento,

qualquer que seja a disciplina que compõe o currículo pedagógico. Contudo, a

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prática de ensino tem indicado que os alunos que concluem o ensino fundamental e

o ensino médio, e mesmo aqueles que ingressam nas universidades, têm

demonstrado dificuldades na compreensão de textos.

Segundo Cagliari (1993), “a grande maioria dos problemas que os alunos

encontram ao longo dos anos de estudo, chegando até a pós-graduação, é

decorrente de problemas de leitura” Logo, entende-se que a leitura é um processo

de construção de sentido: ler é interagir com o autor, procurar e produzir sentidos,

vivenciar experiências. É ser competente para compreender e decifrar a realidade.

A leitura é a possibilidade de diálogo para além do tempo e do espaço; é o alargamento do mundo para além dos limites de nosso quarto, mesmo sem sairmos de casa; é a exploração de experiências as mais variadas, quando não podemos viver realmente (MARIA, apud BARBOSA, 2004).

No entanto, precisa-se compreender que a leitura é a extensão da escola na

vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser

conseguido através da leitura fora da escola. Cabe a escola preparar o aluno para a

vivência da leitura como forma de fazê-lo leitor do mundo.

a escola é um momento da formação do leitor. Mas se essa formação for abandonada mais tarde, ou seja, se as estâncias educativas não se dedicarem sempre a ela, teremos pessoas que, por motivos sociais e culturais, continuarão sendo leitores e progredirão em suas leituras, e outras que retrocederão e abandonarão qualquer processo de leitura. (FOUCAMBERT, 1995).

Para os Parâmetros Curriculares Nacionais a escola deverá:

Formar leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê; que possa prender a ler o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursos. (BRASIL, 2001)

Dentre os questionamentos é necessário compreender o papel da escola,

precisa-se de pensar e formular práticas de ensino e de aprendizagem da leitura,

tendo em vista a realidade concreta dos alunos.

E um dos caminhos a ser seguido pela escola é, ajudar o aluno a tornar-se

leitor dos textos que circulam no social e não limitá-la à leitura de textos

pedagógicos, destinados apenas a ensiná-lo a ler.

A leitura é, pois, uma decifração e uma decodificação. O leitor deverá em primeiro lugar decifrar a escrita, depois entender a linguagem encontrada, em seguida decodificar todas as implicações que o texto tem e, finalmente, refletir sobre isso e formar o próprio conhecimento e opinião a respeito do que leu (CAGLIARI, 1993).

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Ler, principalmente nos primeiros anos de escola, parece uma atividade tão

importante quanto escrever, ou talvez mais importante. No mundo atual é muito mais

importante ler do que escrever, sobretudo para as pessoas que vivem em grandes

cidades: precisam ler diariamente placas, números, etiquetas, nomes, documentos,

etc.

Para Cagliari (1993), “dados os problemas sérios de repetência e evasão,

seria bom que a escola se preocupasse menos com a escrita, especialmente com a

ortografia, e desse maior ênfase à leitura, desde a alfabetização”.

Neste sentido pode-se observar que a leitura é um problema não só da

escola, mas também social, já que, para vivenciar seus deveres e direitos de

cidadão é preciso estar de posse da leitura e do seu entendimento.

As atividades sempre devem colocar os alunos em situações mais próximas

da realidade do ato de ler, nas diversas circunstâncias, utilizando as diferentes

estratégias para a leitura, em busca do sentido dos textos. Nesta perspectiva,

Barbosa (2004) conclui:

Assim, o professor pode variar os materiais e atividades de leitura, criando a cada dia situações novas, atraentes, afirmando o uso social da escrita, evitando o tradicional e não-significativo uso escolar da escrita, como: textos decifratórios, cópias e ditados sem objetivo ou sem sentido para as crianças.

Acredita-se que o professor não pode e não deve confiar em uma

metodologia especial, milagrosa, mas na sua experiência, fundamentada por sua

competência pedagógica. É ele quem, observando seus alunos, refletindo sobre sua

prática e aprofundando seus conhecimentos sobre leitura e aprendizagem, pode

compreender e entender as necessidades, dificuldades e os interesses, de cada

aluno num dado momento.

1.2 TEXTO

Texto não é um amontoado de palavras. O fato de se escreverem palavras

existentes na língua, em uma seqüência, não significa que se construiu um texto.

Para que haja texto é necessário que exista coerência e coesão textual.

O texto é considerado por como um exemplo de linguagem em uso, que tem papéis específicos em contextos de situações específicas. É uma

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realização lingüística essencialmente semântica que deve ser abordada sob duas perspectivas: a de produto e a de processo. É um produto quanto à realização lingüística dos indivíduos, e é um processo quanto às escolhas semânticas conforme o contexto da situação (HALLIDAY ; HASAN, 1976, apud KOCH, 1989).

Para Koch (1989), a coerência e a coesão colaboraram para conferir

textualidade a um conjunto de enunciados. A coerência está ligada à compreensão,

à possibilidade de interpretação daquilo que se diz ou escreve. A coesão é o

encadeamento dos parágrafos, que faz com que eles se liguem entre si. Porém um

texto pode muito bem ser coeso e no entanto incoerente. A coesão ajuda a

estabelecer a coerência na interpretação dos textos, porque surge como uma

manifestação superficial da coerência no processo de produção desses mesmos

textos.

Cabe salientar que a coerência (conectividade conceitual) e a coesão

(conectividade seqüencial), são requisitos fundamentais para a elaboração de

qualquer tipo de texto. Enquanto a coerência se fundamenta na continuidade de

sentidos, a coesão pode se apresentar por meio de marcas lingüísticas, observadas

na gramática ou no léxico.

1.3 AS RELAÇÕES LEITOR, TEXTO E MUNDO

A partir do que ensina Freire (1982), vê-se quê a leitura do mundo se faz na

vivência, no dia a dia. Pode-se, porém, viver diferentes experiências sem que se

consiga apreender seus diversos significados, a abrangência de suas implicações,

ou seja, sem que se estabeleçam as relações entre as experiências de vida do leitor

e o todo maior de que essas fazem parte. Dessa forma, a leitura de mundo fica

prejudicada. A limitação da visão de mundo do sujeito impede, também, um

desempenho mais satisfatório nas suas relações interpessoais, bem como uma

atuação mais significativa na transformação social.

Por outro lado, aprende-se também que a partir da leitura da palavra pode-se

ampliar e aprofundar a leitura de mundo. É essa dialética entre palavra e mundo que

se deve preocupar enquanto educadores. Dentro dessa perspectiva a leitura assume

um papel relevante à medida que pode se tomar a principal intermediária entre o

leitor e o mundo.

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Todo texto possui uma intenção e através dele o autor, segundo Flores apud

Frantz (2001) “busca atingir determinados objetivos, sendo esse o instrumento

mediante o qual atua sobre a realidade, criando e modificando situações”.

Ao dizer a sua palavra o escritor escolhe a forma que julga mais adequada

para dizer o que quer e atingir o seu leitor de maneira mais eficaz. Segundo Flores

(1988 apud Frantz, 2001), "o tipo de interação estabelecida se traduz na seleção de

um registro, com marcas típicas em todos os níveis estruturais de análise fonética,

sintática, semântica e pragmática”.

Conseqüentemente, a partir da determinação do seu autor tem-se diferentes

tipos de textos, com diferentes intenções, e que precisam ser conhecidos a fim de

que fique mais clara a relação leitor, texto e mundo de que se fala. Assim, a partir do

desvelamento das intenções escondidas (ou manifestas) nas diferentes formas de

texto, estará proporcionando ao leitor um instrumento valioso para ampliar e

aprofundar a sua leitura de mundo por meio da leitura da palavra.

Os especialistas da língua têm se utilizado das mais variadas formas para

classificar os diferentes tipos de texto. Bastante interessante é a tipologia

apresentada, que divide os textos em: informativos, persuasivos e literários. Essa

tipologia tem como referência a relação autor, texto e leitor e se define a partir dos

objetivos perseguidos pelo seu autor, objetivos esses que, por sua vez, irão definir a

escolha de determinado tipo de texto.

Acredita-se que é muito importante para o aluno a convivência com os mais

variados tipos de texto, pois cada um revelará ao leitor uma faceta diferente da

relação texto - mundo. Entretanto, é a leitura do texto literário que deve predominar

sobre as demais, por ser esse o texto que envolve o leitor por inteiro, apelando para

as suas emoções, a sua fantasia, o seu intelecto, e por apresentar o mundo a partir

de uma perspectiva lúdico estética, aspecto esse que não se pode desconsiderar.

Isso é possível graças à natureza da literatura e de sua linguagem ambígua,

simbólica, carregada de sentidos, aberta o suficiente para permitir ao seu leitor o

máximo de liberdade para fazer a sua leitura.

Assim, torna-se indispensável o reconhecimento, por parte do professor, da

realidade e dos interesses dos alunos e a adoção de métodos didático-pedagógicos

que favoreçam o alcance desses objetivos propostos pelos PCNs (BRASIL,2001):

a) substituir os exercícios mecânicos e puramente estruturais de abordagem textual; preferindo a utilização de textos completos, que manifestem situações discursivas reais, abolindo, assim, fragmentos ou frases soltas,

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que, na maioria das vezes, só servem de pretexto para o ensino de normas gramaticais; b) limitar os trabalhos com a gramática normativa, principalmente aqueles que valorizam mais as exceções que as regras; e c) utilizar os textos literários, concebendo-os como aprendizados em si mesmos, e não como meios para ensinar valores morais e/ou gramaticais o que acaba por inibir as descobertas, pelos alunos, do prazer da leitura e dos valores concernentes à cultura e à arte.

Ante o exposto, fica claro que as práticas pedagógicas de língua materna

não pode estar desvinculadas das de literatura, uma vez que o texto literário nada

mais é que uma forma de uso da língua com funcionalidade específica do mesmo

modo que outros gêneros textuais.

Cabe ao professor impulsionar a ativação e o aprofundamento das

capacidades e motivações discursivas, de modo que elas evoluam para formas de

fruição e percepção mais avançadas, em especial no tratamento do texto literário,

que exigem do aluno, seja na recepção, seja na produção, habilidades criativas, ao

até artísticas, para o alcance, por exemplo, da expressividade.

1.4 GÊNEROS LITERÁRIOS E FIGURAS DE LINGUAGEM

Segundo Mazzarotto (2002), a forma de escrever um texto literário não

possuiu regras fixas, o autor escreve as palavras de um modo em que explore o

pensamento dos leitores, que fazem diferentes interpretações, dependendo de seu

conhecimento. Dependendo de seu tipo de texto, o escritor pode variar o gênero.

Esses gêneros também se subdividem em três, dependendo também de seu texto:

lírico, épico e dramático conforme ensina Mazzarotto (2002),

a) Lírico: Caracteriza-se por uma manifestação do eu do artista. Expressa, portanto, a sua subjetividade, os seus sentimentos e emoções, o seu mundo interior. A musicalidade é uma característica importante do texto lírico (o que mais explora as sonoridades). A palavra lírico deriva de lira (instrumento musical de cordas). Forma: Verso e, as vezes, a prosa. Conteúdo: Subjetivo particularmente poético. Composição: Expositiva. b) Épico: Defini-se pelo aspecto narrativo e pela sua vinculação aos fatos históricos ou as realizações humanas, revelados pelo artista como observador que transfigura em sua obra o mundo do exterior. Forma: Prosa ou verso; Na prosa: Romance, Canção, Balada, Epopéia, Poema Heróico, Poema Herói - Cômico, Poema Burlesco e Poema Alegórico; Em verso: Romance, Epopéia, Novela, Conto, Anedota, Fábula, Apólogo e Parábola. Conteúdo: Objetivo ou objetivo – subjetivo. Composição: Expositivo representativa (mista). c) Dramático: Tem sua manifestação mais viva no trágico e no cômico, procura representar o conflito dos homens e seu mundo. Ora apresenta heróis , seus feitos e a fatalidade que os conduz à queda; ora

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personalidades medíocres, tolas, mesquinhas, ambiciosas, cômicas ou ridículas: as manifestações da miséria humana. Forma: Prosa ou verso. Conteúdo: Objetivo ou objetivo – subjetivo. Composição: Representativa (para encenação em palco)

Segundo Mazzarotto (2002), o conhecimento dos conceitos das principais

figuras de linguagem é um importante instrumento auxiliar para a análise dos textos

literários. A linguagem figurada ou simbólica, surge da necessidade que se tem de

dar maior expressividade ao texto, que geralmente apresenta intenções literárias ou

artísticas. Assim, o texto literário quer sensibilizar o leitor e para isso cria efeitos

especiais com as palavras para que possam sugerir imagens ou focos diferenciados

da linguagem comum do cotidiano.

As figuras de linguagem, portanto, surgem do trabalho artístico da forma de

escolha e combinação das palavras na frase, de modo a provocar a possibilidade

de associações de idéias pela aproximação de sentidos múltiplos, conotativos

(opostos e/ou semelhantes), e de sonoridade (especialmente na poesia) das

palavras.

Com as figuras de linguagem não se busca uma expressão racional, lógica e

única do pensamento. Pelo contrário, tornam o texto subjetivo, aberto a inúmeras

interpretações dos leitores, de acordo com suas experiências e visão de mundo. “Por

isso não se pode fazer uma leitura denotativa do texto literário, ao contrário deve ser

simbólica, conotativa, a palavra figurada deve variar de significado conforme o

contexto, nem sempre pode ser tomada ao pé da letra” (MAZZAROTTO, 2002).

Pode-se citar algumas das principais figuras de linguagem:

a) Metáfora – É a imagem criada a partir de uma comparação entre dois

elementos, sem a utilização do termo de comparação;

b) Metonímia - É a designação de uma coisa com o nome de outra em virtude

de uma afinidade existente entre ambas;

c) Elipse - É a omissão de um termo que pode ser subentendido com

facilidade;

d) Antítese - Constitui-se no emprego de palavras ou expressões opostas;

e) Hipérbole - São exageros da linguagem com a intenção de enfatizar a

mensagem;

f) Prosopopéia ou personificação - È a atribuição de características próprias

dos seres humanos a seres inanimados, irracionais ou abstratos;

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g) Catacrese - Aplicação de um termo figurado por falta de termo próprio;

h) Eufemismo - Figura de retórica pela qual se suavizam expressões tristes ou

desagradáveis empregando outras mais suaves e delicadas;

i) Assonância - Semelhança de sons em vogais tônicas ou postônicas, em

versos ou frases;

j) Aliteração - Repetição das mesmas sílabas, no mesmo verso ou em versos

seguidos;

k) Ironia - Figura com que se diz o contrário do que as palavras significam,

para satirizar ou ridicularizar a pessoa;

l) Sinestesia - Construção sintática, em que se atende mais ao sentido do que

o rigor da forma.

1.5 A NATUREZA DO TEXTO LITERÁRIO

Enquanto, teoricamente, o texto informativo se identifica por seu caráter

monossêmico – alcançado principalmente pela utilização da linguagem denotativa –

o texto literário pode ser identificado a partir da plurissignificação, do caráter

conotativo da sua linguagem. A literatura define-se, portanto, a partir da utilização

especial que se faz da linguagem, o que a distancia do uso cotidiano desta.

A dimensão conotativa da linguagem é definida como “os valores afetivos,

sociais que lhe são atribuídos, no contexto em que empregada” (MELLO, 1998). A

denotação por sua vez, é definida como “a parte da significação lingüística ligada à

função representativa ou referencial da linguagem” (PROENÇA, 1986), que é a

essência do texto informativo.

A linguagem literária não se limita, simplesmente, a referir ou reproduzir uma

realidade pré-existente, mas tem o poder de criar outras realidades simbólicas e

sugerir novos sentidos à existente, a partir da plurissignificação e da ambigüidade da

sua linguagem. O fenômeno literário está inserido num contexto social mais amplo e

estabelece relações peculiares com o real. Ao mesmo tempo em que é

representação deste, a literatura é também interrogação do real, assumindo então

uma função crítica muito importante.

Outra característica da literatura é o fato de não imitar o real mas

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transfigurá-lo de maneira crítica e emocionada. Trata-se de uma recriação da realidade num plano que não é propriamente o de copiar o real, mas apresenta sempre um elo referente o que faz identificar uma determinada realidade. Mesmo na mais aparente fantasia, podemos encontrar elementos subjacentes de nossa realidade, expressos numa linguagem simbólica, transformada (YUNES, 1988).

Assim, a literatura permite ao leitor descobrir novos sentidos para a

realidade, ampliando e enriquecendo a sua percepção do ser humano, do mundo e

de si mesmo, porque de maneira específica proporciona a vivência intensa e ao

mesmo tempo a contemplação crítica das condições e possibilidades da existência

humana, pois condensa a realidade, selecionando aquilo que de mais significativo

ela apresenta.

A realidade concreta apresenta-se, muitas vezes, aos nossos olhos, de

forma mascarada, mistificada, distorcida. Sua aparência é muito diferente da sua

essência. Segundo Samuel (1985), “a arte tem seu próprio mundo e ilumina o

mundo da realidade a partir de uma desrealização, pretendendo ser mais real do

que a própria realidade”.

Quando se fala de literatura não pode-se esquecer de destacar seu caráter

lúdico-estético. Toda arte é, antes de mais nada, instrumento de prazer cultural. A

literatura, enquanto atividade artística, caracteriza-se portanto, por essa mesma

capacidade de proporcionar prazer lúdico-estético ao seu leitor. Segundo Aguiar

(1988), “A literatura pode suscitar prazer, porque tem seu fim em si mesma, isto é,

funciona como um jogo em torno da linguagem, das idéias e das formas, sem estar

subordinada a um objeto prático imediato”.

No momento em que o leitor, usando sua liberdade, decide entrar no jogo da

leitura, ele terá necessariamente de seguir as regras desse jogo, descobrindo e

interpretando as pistas que o criador do texto lhe dá para levar a bom termo o jogo

da leitura. Ele participa desse jogo de descobertas de novas idéias, novas formas,

antes de tudo por ser essa uma atividade que lhe dá prazer.

Essa experiência prazerosa e lúdica tende a se transformar em hábito, pois

todo hábito entra na vida como um jogo que, por mobilizar emoções, inspirar prazer,

exige repetição contínua e renovada.

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2 LITERATURA

Há muitos conceitos para definir o que é literatura. A literatura é considerada

a arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa e versos. A literatura tem

como parte fundamental a palavra escrita, mas nem tudo que é escrito é sempre

literatura. Para a arte literária, a principal importância é a elaboração especial das

palavras num texto.

A literatura tem sido ao longo da história, uma das formas mais importantes de que dispõe o homem, não só para o conhecimento do mundo, mas também para a expressão, criação e re-criação desse conhecimento. Lidando com o imaginário, trabalhando a emoção, a literatura satisfaz sua necessidade de ficção, de busca de prazer. Conhecimento e prazer fundem-se na literatura, e na arte em geral, impelindo o homem ao equilíbrio psicológico, e faz reunir as necessidades primordiais da humanidade: a aprendizagem da vida, a busca incessante, a grande aventura humana. (VIEIRA, 1988)

A literatura no decorrer da historia ganhou papel extremamente importante.

Hoje se pode notar o quanto ela faz parte da vida da humanidade. Um escrito com

uma sensibilidade é capaz de captar um mundo novo como se estivesse sempre

com antenas ligadas, o autor entra nesse mundo e se apodera como se o mundo

fosse seu. Ele pode não ter vivenciado determinada experiência, amor, ódio, fome,

morte, mas ele sente como se isso fizesse parte de sua vida.

A matéria prima da arte é a própria vida, transmitida por meio das palavras; em

pintura, por meio das cores e dos traços; no cinema é vista através das imagens,

dos ritmos e principalmente das palavras. Sendo assim a obra literária é resultado

das relações dinâmicas entre escritor, público e sociedade. Às vezes, a literatura

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assume formas de denúncia social, ou seja, recebe críticas das pessoas. Ela pode,

também, ser uma literatura superficial que serve a uma causa político ideológica ou

uma luta social. Qualquer assunto pode inspirar uma obra de arte, desde que o

autor consiga transmitir a emoção e estética.

Segundo Pound (1987), a “Literatura é linguagem carregada de significado.

Grande literatura é simplesmente carregada de significado até o máximo grau

possível”. O autor ainda define a literatura como uma linguagem extremamente

carregada de significados, uma pessoa sem conhecimentos literários e uma pessoa

completamente perdida no mundo moderno, hoje se busca pelo conhecimento

literário mais amplo de conhecimentos novos, pois a cultura atual resulta da soma de

todos os movimentos artísticos, bem como busca conhecimentos os quais

prescindem dessa base para haver a adequada apropriação.

A literatura é a imaginação de uma transcrição da realidade, a literatura não

precisa necessariamente estar presa a imaginação. Tanto o leitor como o escritor

fazem uso da imaginação e tanto o artista recria livremente a realidade, assim como

o leitor recria livremente o texto literário que lê.

Para os gregos, a arte tinha uma função de causar prazer, beleza retratando o

belo. E, para eles, o belo na arte consistia na obra que precisam ser semelhante a

verdade e a natureza. A literatura abrange um mundo de palavras, ritmos, sons, e

imagens e a sensibilidade do homem para captar os verdadeiros sentidos da

realidade. Para Vieitez (1988), “a literatura é o retrato vivo da alma humana; é a

presença do espírito na carne. Para quem, às vezes, se desespera,ela

consola,mostrando que todo ser humano é igual, e que toda dor parece ser a única”.

Para a autora a literatura toca na alma do ser humano, inspirando o homem ir além

dos seus limites, e transformando o lugar em que vive.

Os textos literários se organizam em gêneros. Os primeiros se organizam em

gêneros, isto é, em tipos de textos que apresentam determinada estrutura, estilo

(procedimentos de linguagens) os textos são divididos em dois grandes grupos: os

textos em verso e os textos em prosa. Textos em verso são poemas, isto é, aqueles

construídos em extrema qualidade, correspondendo a uma ordem do poema. Textos

em prosa são aqueles construídos em linha reta, ocupando todo o espaço da folha

de papel, e organizando geralmente em frases e parágrafos.

A literatura, como diz Pound (1987) precisa ter uma definição para expandir

sua competência dentro de uma sociedade. “A literatura não existe no vácuo. Os

20

escritores, como tais, têm uma função social definida, proporcional a sua

competência como os escritores”.

Existem várias possibilidades de leitura de um texto literário. Usa-se também

a imaginação para ler um texto. Estudar literatura é, basicamente, ampliar nossas

habilidades dentro de um texto literário, é acompanhar a evolução cronológica da

literatura de determinado povo e observar entre suas transformações os diversos

momentos históricos.

O processo de leitura apresenta-se como atividade que possibilita a participação do homem na vida em sociedade, em termos de compreensão do presente e passado e em termos de possibilidade de transformação cultural futura. E, por ser um instrumento de aquisição e transformação de conhecimento, a leitura, se levado a efeito critica e reflexivamente, levante-se como um trabalho de combate á alienação (não racionalidade), capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (liberdade). (SILVA, 1988)

A leitura é a principal fonte de aprendizagem, a literatura possibilita o leitor

adquirir mais conhecimento de forma mais simples e mais ampla, pois possui uma

finalidade pedagógica e educativa.

A relação da leitura e a escrita é muito importante para a aprendizagem, pois

muitos alunos ainda estão no processo de conhecimento. Tanto os leitores como os

escritores procuram adaptar livros com leituras de mais fácil compreensão, para

incentivar os alunos á leitura de qualquer texto. Para os leitores, é necessário não

somente livros interessantes, mas também deve considerar os níveis de linguagem,

que pode variar de acordo com o lugar em que vivem.

2.1 IMPORTÂNCIA DA LITERATURA

Segundo Villardi (2010), sabe-se que o professor deve procurar oferecer ao

aluno os mais variados textos, a fim de que ele tenha contato com discursos de

características e registros de linguagem diversos. No entanto, como a compreensão

é tanto mais facilitada quanto mais denotativa for a linguagem, crê-se que cabe ao

trabalho com o livro de literatura, na escola, um papel fundamental e privilegiado na

formação de leitores proficientes, em função do caráter específico de sua estrutura

de sua linguagem. Três justificativas fundamentais alicerçam esta idéia.

21

Para Villardi (2010), inicialmente a literatura, uma vez que não tem

comprometimento com a realidade, mas com o real que ela mesma cria, é ficção e,

por natureza, da ordem da fantasia. Assim, fomenta no leitor a curiosidade e o

interesse pela descoberta; permite que ele vivencie situações pelas quais jamais

passou, alargando seus horizontes e tornando-o mais capaz de enfrentar situações

novas. Ou seja, ao romper com as barreiras da realidade, possibilita ao leitor o

acúmulo de experiências só vividas imaginariamente, o que o torna mais crítico e

mais criativo, além de ensiná-lo a reagir a situações desagradáveis e de ajudá-lo a

resolver seus próprios conflitos.

Em segundo lugar, a literatura possibilita a internalização, além do registro

padrão da língua, de estruturas lingüísticas mais complexas, desenvolvendo de

modo globalizado o desempenho lingüístico do falante. Desta forma, por meio da

leitura é possível dominar, de acordo com o que a norma culta preconiza, a

acentuação gráfica, a colocação de pronomes, o emprego dos verbos impessoais,

das conjunções subordinativas, além da regência e da concordância. Tudo isso sem

a necessidade de obrigar o aluno à árdua e infrutífera memorização de regras

gramaticais, nunca utilizadas a não ser no momento em que "faz a prova", e com a

imensa vantagem de que a assimilação deste aspecto funcional da linguagem terá

repercussões não só na escrita, mas também na fala e na própria leitura.

Ainda segundo a autora, o último dos aspectos diz respeito à importância da

leitura no desenvolvimento de estruturas de pensamento, com evidentes

repercussões no desenvolvimento do raciocínio lógico do aluno. Embora as relações

de interdependência entre linguagem e pensamento, ou entre pensamento e

linguagem, há décadas venham originando polêmicas entre lingüistas, psicólogos e

pedagogos de diversas correntes teóricas, que privilegiam, neste processo, ora o

pensamento ora a linguagem.

Dentro deste contexto, acredita-se que uma educação transformadora e

humanizante passa necessariamente pela prática da leitura e tem nela seu objetivo

maior. Acredita-se ainda que, por sua natureza, é a literatura que tem a mais rica,

eficaz e gratificante contribuição a dar na busca desse objetivo.

Os textos literários, conforme explica Bordini (1985), "adquirem no cenário

educacional, uma função única, singular: aliam à informação o prazer do jogo,

envolvem razão e emoções numa atividade integrativa, conquistando o leitor por

inteiro e não apenas na sua esfera cognitiva".

22

A obra literária é um objeto social, o que equivale dizer que sua existência

supõe no mínimo um autor e um leitor, onde o processo de inteiração se constitui o

sentido do texto, onde é de fundamental importância a participação do leitor.

Por sua natureza, é a literatura que tem a mais rica, eficaz e gratificante

contribuição a dar na busca do objetivo da formação do sujeito. Os textos adquirem

uma função única, aliando-se à informação e ao prazer do jogo, envolvem a razão e

emoções numa atividade integrativa, conquistando o leitor.

O campo da literatura é o mais amplo possível, pois está voltada para o conhecimento do mundo e do ser, por meio da ficção e da realidade. O que pode ser observado é que quanto maior for o valor literário de um texto, menores serão as delimitações de faixa etária. (PROENÇA, 1986).

Segundo Azevedo (2010), o texto literário por definição, pode e deve ser

subjetivo; pode inventar palavras; pode transgredir as normas oficiais da Língua;

pode criar ritmos inesperados e explorar sonoridades entre palavras; pode brincar

com trocadilhos e duplos sentidos; pode recorrer a metáforas, metonímias,

sinédoques e ironias; pode ser simbólico; pode ser propositalmente ambíguo e até

mesmo obscuro. Tal tipo de discurso tende à plurissignificação, à conotação, almeja

que diferentes leitores possam chegar a diferentes interpretações.

Assim, percebe-se que é o texto literário que desenvolve habilidades que

agem como facilitadores dos processos de aprendizagem, sendo estas, observadas

no aumento do vocabulário e na interpretação de textos.

Para Martins (1994), a função do educador não é apenas a de ensinar a ler,

mas a de dar condições para o aluno realizar a sua própria aprendizagem, conforme

seus interesses, fantasias e dúvidas. O professor estimula seu aluno através de

diversos recursos ou técnicas.

Portanto, o aluno trará a chave da aprendizagem, porém o segredo é

ensinado pelo professor que procurará criar situações de aprendizagens,

estabelecendo relações entre diferentes textos, texto do mesmo autor em

diferentes momentos históricos , gêneros de diversas épocas e outros. Acredita-se

que é dessa forma, que se aprende a ler e a interpretar literatura e se adquire o

prazer pelo texto literário.

23

2.2 O INCENTIVO A LEITURA DE OBRAS LITERÁRIAS

A leitura, técnica intrinsecamente ligada à escrita, faz parte do

desenvolvimento humano. Além disso, acumula aspectos ideológicos, culturais e

filosóficos que irão compor o pensamento humano determinando, portanto, uma

posição crítica do “ser” leitor.

Segundo Moro (2008), o aluno, por sua vez, considera a leitura das obras

literárias como uma atividade penosa. Portanto, é papel essencial da instituição

escolar e da biblioteca reverter este pensamento juvenil e seduzir o jovem a

descobrir o sentido da leitura. Um dos desafios dos dias atuais nas escolas é

desenvolver no aluno o gosto pela literatura, ou uma leitura extensiva.

Todos os educadores reclamam o crescente desinteresse dos estudantes de

todos os graus pela leitura. Muitas e diferentes razões são apontadas para o fato:

descuido familiar, decadência do ensino, excesso de facilidade na vida escolar,

apelos sociais com muitas formas de diversão, entre outros. Segundo Cunha (1998),

“o quadro relativo ao hábito de leitura no Brasil só poderá melhorar quando toda a

postura do adulto relativa ao livro e à função dele na educação se modificar”.

Isso surgirá com o melhor conhecimento do fenômeno literário e do leitor

infantil, e certamente trará como consequência a produção de obras literárias mais

adequadas para a infância, a facilitação do acesso ao livro e melhores opções de

leitura e de atividades em torno dela.

Um dos pontos cruciais a ser superado é a leitura com cobrança. Pense! Por que o aluno prefere a televisão, o vídeo-game, a internet e outras diversões em vez da leitura? Será que é por que não tem que relatar nada, não tem que fazer prova sobre o assunto, não vai ser cobrado de alguma outra forma. (ANDALO, 2000)

Sem dúvida, o desinteresse dos alunos tem como uma das causas esse

condicionamento, essa tranquilidade que vai, ano após ano, levando aos alunos os

mesmos livros, as mesmas histórias, supondo atividades iguais para todos os alunos

como se eles fossem iguais.

Cabe ao educador refletir e mudar sua prática pedagógica. A leitura precisa

ser vista como uma possibilidade de indagar, pesquisar, criar, recriar, de maneira

que a literatura venha a ter uma função atual, verdadeiramente recreativa e estética,

e por isso social e renovadora, entre atividades da criança e do adolescente. Isso

ocorrerá com facilidade quando a literatura for um valor para o próprio estudante.

24

3 LITERATURA COMO MEDIADORA DA LEITURA

Uma das dificuldades, neste início do século XXI, é necessária articulação da

Literatura (para crianças e adolescentes) com os projetos e métodos de ensino. “Por

que Literatura? Em que ela é importante para a formação das crianças e jovens,

visando a adultos conscientes e atuantes? São interrogações necessárias e com

respostas em constante elaboração” (PENTEADO, 2002).

No Brasil, vê-se que no âmbito do Ensino Fundamental, de algum modo,

ainda que não trabalhada enquanto obra literária, a Literatura sempre esteve

presente. No final do séc. XIX, com o processo de solidificação do sistema social

consagrado pelo II Império (Dom Pedro II), a Literatura Infantil era considerada como

caminho de mudança e, por isso foi inserida no contexto escolar.

por causa da aliança entre literatura infantil e escola, foram os pedagogos os primeiros a se preocupar como aparecimento e valor dos livros para crianças. Carlos Jansen, professor do Colégio D.Pedro II, foi tradutor e adaptador de histórias européias. (ZILBERMAN; LAJOLO, 1988).

O racional superou o literário e, no âmbito escolar, a Literatura servia

principalmente para o estudo da língua, das normas gramaticais ou de simples

instrumento moralista. Todavia, a transformação cultural é um fato histórico. Esse

fato nos permite recuperar a evidência, freqüentemente obscurecida por atuações

culturais conservadoras e autoritárias, de que o homem é o autor da cultura e, como

tal, é também o seu agente transformador. Tudo depende da qualidade das relações

que com ela estabelece. Isto nos alerta para a importância do papel da Literatura

25

Infantil no ensino transformador e emancipador e do papel do professor, como

mediador entre a criança e a literatura.

Diante da importância que a educação exerce na sociedade, um dos grandes

desafios do professor é desvelar com pertinência, como seus alunos aprenderão

aquilo que será proposto em suas aulas. Não basta apenas definir estratégias, aderir

métodos é preciso comprometer-se em desenvolver com competência as

capacidades cognitivas, motoras, afetivas, de relação interpessoal e de inserção

social dos alunos.

Isso será possível em uma pedagogia que contemple a cultura do aluno,

usando métodos eficazes de ensino como afirma Saviani (1983):

serão métodos que estimularão a atividade e iniciativa dos alunos, sem abrir mão, porém, da iniciativa do professor; favorecerão o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, dos conteúdos

Então, propõe-se investigar uma das maiores problemáticas vivenciadas

pelos docentes desde os primórdios da atividade educativa, como se processa a

aprendizagem e quais são os conhecimentos necessários que o professor aproprie-

se, para que saiba lidar com a aprendizagem de forma inteligente e eficaz,

proporcionando aquilo que os alunos necessitam para obterem a real aprendizagem,

em uma abordagem construtivista.

Para a concretização de tais propostas, faz-se necessário que o professor

tenha uma formação sólida, consistente, reflexivo-crítica como apresenta Penteado

(1998):

é preciso atuar como um propiciador/agilizador da comunicação de saberes para que ocorra em fluxo contínuo entre as relações professor/aluno, aluno/aluno, resultando em reelaborações de qualidade. Qualidade esta a ser garantida pelo agir comunicacional e pelas ciências de referência das disciplinas escolares postas a serviço da compreensão de questões da realidade trazidas por professores e alunos e significativas para eles. Será, portanto, com uma bagagem de formação que inclua a Pedagogia da Comunicação que o professor poderá contribuir para que a L.I., além de enriquecer o imaginário e a fantasia da criança, possa levá-la a se encantar e emocionar diante de uma história e possa se identificar, re-conhecer e enriquecer a realidade por ela vivida.

A prática docente que encaminha tal interação do aluno com a obra constitui-

se simultaneamente em recurso que permite ao professor ampliar seu conhecimento

sobre o universo de vida de seus alunos e os valores que por ele transitam,

Dessa forma, segundo Saviani (1983), a metodologia comunicacional do

ensino utilizada no trabalho com a Literatura permite que o professor esteja atento

26

às possibilidades de cognição dos alunos, decorrentes de seu estágio de

compreensão e desenvolva estratégias que os levem a interagir com a leitura para:

a) a construção de sentido da trama e compreensão do tema, através de um

exercício de intracomunicação a partir do texto que resultará no

discernimento dos valores aí encontrados;

b) a contextualização dos valores do conteúdo da obra e de suas qualidades

literárias que possibilitem uma escolha condizente com os propósitos de

uma educação emancipadora, cidadã e democrática.

Um exercício de alteridade na intercomunicação que exponha a polissemia do

texto, decorrente das diferentes decodificações possíveis, decorrentes das

experiências de vida que referenciam a leitura de cada leitor, bem como das

possibilidades de cognição decorrentes das diferentes faixas etárias dos leitores

(bem distintas, no caso do professor e do aluno do Ensino Fundamental.

Em suma, com tal estratégia de leitura os alunos familiarizar-se-ão com as

características da qualidade literária e dos valores humanos contidos no conteúdo

da obra literária. E o professor estará vivendo, deste modo, um processo de

formação contínua, uma vez que alargará, a cada experiência de leitura, assim

orientada, a compreensão do universo dos alunos, das obras literárias e da

articulação do trabalho com Literatura e os objetivos de sua docência.

Assim, o professor deve descobrir a natureza específica do literário presente

no livro a ser escolhido para o seu trabalho docente, e a partir daí poder ter

condições de atrair o aluno para a sua leitura e para as inúmeras descobertas,

invenções, discussões, que a interação leitor/livro poderá provocar. É na escolha

consciente das obras, a serem lidas pelos alunos, que começa o trabalho do

professor.

O discurso sobre a formação do educador é bastante contundente. A

formação profissional, de maneira geral, está hoje sendo questionada: estará ela

adequada à realidade de hoje? Estará ela buscando novos fundamentos

epistemológicos? A indagação/reflexão sobre a prática ou ação docente inclui-se

nos saberes do professor?

Entre avanços e recuos, o sistema educacional no Brasil está ainda buscando

soluções para responder às necessidades formativas, exigidas pelo mundo atual, em

acelerada mudança. Sob a influência dos multimeios de comunicação, impõe-se em

27

nos dias atuais o sistema da Imagem e da velocidade, que não abre espaço para a

leitura e para a Literatura.

Segundo Saviani (1983), uma agravante expressiva desse fenômeno é a

precária qualidade de formação dos professores, que, por sua vez, têm a seu cargo

a formação de novas gerações. Tal lacuna pode ser minimizada com processos de

“formação contínua”, mas esses não são ainda suficientes, quer porque os órgãos

governamentais da área educacional não investem de maneira adequada na

importância do aprender contínuo, quer porque os empresários da escola nem

sempre promovem o aperfeiçoamento e atualização do seu quadro docente.

Ou ainda porque o próprio professor não cogita da necessidade de um

aprimoramento contínuo, posto que em questão de ensinar, a formação está sempre

inacabada, sempre em construção.

Segundo Oliveira (2006), um dos grandes meios para a necessária formação

profissional do professor do Ensino Básico (e do aluno) é a Literatura Infantil que

hoje vem ganhando espaço no cenário editorial.

Faz-se urgente que ela seja divulgada, valorizada e explorada em seu

potencial propiciador do crescimento intelectual, cultural e social dos leitores. A

Literatura Infantil é uma semente fecunda, carregada de vida, pronta para

desabrochar na mente e nos corações dos leitores a esperança de um futuro mais

humano. Como toda semente, necessita de cultivo.

A mediação do educador, nesse processo de trabalho didático com

decodificação da leitura feita pelo aluno, propiciará a este um novo olhar sobre a

realidade, desvelando as múltiplas possibilidades que o cerca e o modo de lidar com

essa realidade. Segundo Oliveira (2006),

sensibilizados para o alcance do ensino da Literatura junto aos alunos, os professores devem necessariamente desenvolver um processo formador e emancipatório que envolve: a) decodificação por parte deles, professores, do simbolismo e da fantasia contidos nos textos de Literatura a serem trabalhados a partir da cultura docente; b) das no texto de Literatura a serem trabalhados a partir da cultura docente; c) a compreensão de seu papel docente de mediador na relação da cultura da criança com a obra literária, encaminhando o pequeno leitor para experiências de re-elaboração cultural, através do jogo, brincadeira, implementadores do sonho, do desejo, móveis da capacidade humana de criar cultura e desenvolver ações transformadoras.

Em outras palavras, esse processo envolve compreensão, por parte dos

professores, do sentido emancipador da mediação didática que pode desenvolver a

28

captação sensório/cognitiva do ser humano enquanto sujeito produtor/produto da

cultura.

A Literatura, explorada em suas propriedades formativas, constitui fértil

possibilidade para esse intercâmbio. Enquanto produto cultural, ela interfere na

cultura do aluno, reforçando-a, negando-a ou provocando-a, de diferentes formas,

propiciando novos conhecimentos e uma re-elaboração de sua visão de mundo.

[...] a autêntica literatura infantil oferece, mediante um diálogo cultural específico, a abertura de uma nova forma de entender o universo e uma fértil multiplicação das experiências vitais, contribuindo, deste modo, para superar e complementar as limitações naturais, sobretudo na idade escolar (CORRAL, 1995).

É, portanto, fundamental que o professor esteja capacitado para usar as

dinâmicas de leitura e levar o aluno para além da compreensão linear das histórias,

a descobrir seus múltiplos significados.

Ao considerar o educando um sujeito concreto, inserido em um contexto

sócio-político-econômico-cultural, mergulhado no mundo da tecnologia mediática da

imagem, do som e da informática, não se pode deixar de pensar a educação, hoje,

senão como um Processo de Comunicação que Penteado (1998):

: [...] considera o amplo e diversificado leque de linguagens presentes na sociedade atual, por meio das quais se abordam os objetivos do conhecimento e se realiza a comunicação humana, o que nos encaminha a lidar com a multiplicidade delas no ensino. E, além de refinar o uso da linguagem oral e escrita tradicionalmente presentes na escola, procura garantir dentro dela o uso de linguagens alternativas, que se apresentam como recurso nas sociedades contemporâneas, entre elas a pictórica, a musical, a literária, a corporal etc.

Falar em educação, enquanto processo de comunicação, significa avançar

em uma nova direção pedagógica. Se por um lado sente-se a urgência de organizar

o ensino de maneira compatível com as novas exigências da sociedade, por outro

lado, fortes marcas de formação tradicional e autoritária se impõem como resistência

ao novo. Defronta-se com um impasse a ser superado através do diálogo e do

intercâmbio com a cultura e com o conhecimento dos sujeitos cognocentes, alunos e

professores. A Literatura tem a força de romper com esse impasse, conforme

Cândido (2001):

A literatura estimula vários sentidos: seu estilo singular pode mostrar à criança uma nova gramática da comunicação sem regras muito fixas, unindo, dessa forma, o verbal, o imagético e o sensorial. O acesso a diferentes linguagens pode proporcionar um conhecimento da própria identidade. A consciência de nós mesmos depende não só da percepção das nossas sensações e da observação de nossas experiências pessoais, mas, principalmente, da percepção do outro.

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É importante lembrar, como afirma Penteado (1998):

As novas tecnologias comunicacionais são apenas e tão somente prolongamentos refinados, recursos sofisticados, aptos a potencializar a capacidade comunicacional inerente ao ser humano, que o caracteriza como animal social por excelência e produtor de cultura. Através da identificação do leitor com a obra e as trocas culturais em sala de aula, intensificadas pela mediação do professor, as visões de mundo do aluno de frontam-se com visões de mundo, da obra e de outras leituras de seus colegas. Não se detêm necessariamente em uma ou em outra, nem necessariamente ser contrapõem, mas propiciam o tecido de novas tramas, possíveis embriões de novas compreensões

O mesmo autor, ao tratar da Pedagogia da Comunicação, postula a

aprendizagem como um fenômeno que só acontece em um real processo de

comunicação entre os interlocutores postos um em presença do outro; começa antes

do encontro na escola e continua para muito além dela; tem na escola um tempo e

um espaço para ser cuidada, fecundada, cultivada. Compete à formação do

educador capacitá-lo para viabilizar, através da escola, esse processo de

comunicação por meio de sua prática pedagógica, tendo presente o educando como

um sujeito em formação, em processo de construção de sua identidade e do seu

próprio conhecimento. Esse processo de comunicação, segundo Penteado (1998),

não é linear e ocorre no intercâmbio das culturas:

[...] interferências culturais, que ocorrem na intertextualidade, ou seja, no entrecruzamento de diferentes textos (o televisual, o literário, o cinematográfico, o radiofônico etc.), dentre os quais a própria leitura de realidade, ou meio ambiente, feita pelos agentes sociais, se constitui em um deles, uma vez que os processos comunicacionais não ocorrem no vácuo e muito menos incidem em sujeitos vazios.

Ao lidar com a Literatura em sala de aula, o professor pode propiciar a relação

dialógica com o aluno e o aluno com sua cultura, com seus colegas, com sua

realidade e consigo próprio, pois ao professor compete criar condições para que ele

lide com a história a partir de seus pontos de vista, trocando impressões, brincando

e jogando com ela, assumindo posições ante os fatos narrados, defendendo

posições e personagens, criando novas situações pelas quais ele vai desdobrando a

história original.

Uma história literária, por mais simples que pareça, traz em seu bojo um leque

de possibilidades formativas para o processo de ensino-aprendizagem do educando.

Entre essas possibilidades estão: as qualidades literárias do texto, os valores neles

contidos, as situações focalizadas, as personagens descritas.

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CONCLUSÃO

A literatura como qualquer outra forma de expressão artística se relaciona

com o contexto social, em seu sentido mais abrangente. Relação que pode se

estabelecer no confronto ou na consonância, mas que sempre existirá, mesmo

quando o escritor inventa um texto introspectivo, de caráter subjetivo.

Uma obra literária influencia em todos os aspectos da educação da criança

tendo como finalidade educar, instruir e distrair. A mesma atua em três áreas que

seriam a afetividade, desperta a sensibilidade e o amor a literatura; compreensão

desenvolve a leitura e compreensão do texto; inteligência desenvolve a

aprendizagem de termos e conceitos, e principalmente a aprendizagem intelectual. A

literatura estimula a imaginação, abre novos horizontes para os alunos, transmite

valores culturais, permite saber sobre o presente e também experiências e fatos do

passado, sendo que a mesma propõe fantasia e distração.

Assim, a comunicação do aluno com a história deve ocorrer de tal forma que

aquela se envolva plenamente com esta, de modo a avançar para além da história e

de modo que o professor possa conhecer a visão de mundo de cada aluno.

Essa intimidade com a obra precisa ser proporcionada, captada pelo

professor, para que as situações de ensino organizadas favoreçam o

desenvolvimento das propriedades formativas do texto, apresentadas pelas múltiplas

leituras de alunos e professores. Isto exige do trabalho docente e disponibilidade

para propiciar e dinamizar a intimidade do aluno com a obra de modo que ele possa

vivenciar a história a partir de seu contexto cultural de origem.

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Portanto, a contribuição do presente trabalho ao ensino da Literatura é

apresentar critérios de escolha de obras adequadas aos trabalhos docentes e

estimular o professor para a elaboração de propostas pedagógicas que resultam em

gosto pela leitura e exploração da realidade de vida do leitor.

Espera-se que o professor possa perceber a relação entre Literatura e a vida,

captar desse modo a propriedade formativa da Literatura, sentir a necessidade e

importância de estabelecer essa relação na escolha de livros para o trabalho

docente que pretenda realizar com os alunos.

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