aikidô dokuritsu - manual

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1 Carlos Humberto Barboza Gomes AIKIDÔ MANUAL DE ORIENTAÇÃO BÁSICA MACEIÓ/AL

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AIKIDÔ DOKURITSUMANUAL DE ORIENTAÇÃO BÁSICA.Introdução: O-Sensei (Grande Mestre) nasceu em 14 de Dezembro de 1883, em Tanabe, no Japão Ocidental. Depois de ter estudado várias artes marciais retirando o que lhe pareceu mais eficaz em cada uma delas, criou a sua própria arte, inicialmente denominada AIKIJUTSU, que mais tarde elevou ao nível da mestria interior (Senda Espiritual), passando a denominar-se tal como hoje a conhecemos: AIKIDO (Ai = Harmonia – Amor, Ki = Energia, Espírito, Dô = Caminho, Senda).

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Carlos Humberto Barboza Gomes

AIKIDÔ

MANUAL DE ORIENTAÇÃO BÁSICA

MACEIÓ/AL

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AIKIDÔ DOKURITSU

MANUAL DE ORIENTAÇÃO BÁSICA

INTRODUÇÃO

O-Sensei Morihei Ueshiba – O Pai do Aikidô

O-Sensei (Grande Mestre) nasceu em 14 de Dezembro de 1883, em Tanabe, no Japão Ocidental. Depois de ter estudado várias artes marciais retirando o que lhe pareceu mais eficaz em cada uma delas, criou a sua própria arte, inicialmente denominada AIKIJUTSU, que mais tarde elevou ao nível da mestria interior (Senda Espiritual), passando a denominar-se tal como hoje a conhecemos: AIKIDO (Ai = Harmonia – Amor, Ki = Energia, Espírito, Dô = Caminho, Senda).

Após a 2ª Grande Guerra O-Sensei estabeleceu a Aikikai Foundation, em Tóquio, para promover a expansão do Aikidô através do mundo. Morreu em 26 de Abril de 1969.

O-Sensei é justamente reconhecido como um dos maiores mestres das artes marciais pela sua criação do Aikidô.

O Aikidô não é uma arte marcial vulgar, é muito mais do que isso. O-Sensei descreveu-o como "Um caminho divino inspirado por Deus e que conduz à verdade, à bondade e à beleza".

Ueshiba disse certa vez aos seus discípulos:

"Não façais do Aikidô um estúpido teste de força".

“O Budô1 não consiste em derrotar o adversário por meio de nossa força, tampouco é uma

ferramenta para provocar a destruição do mundo. O verdadeiro Budô consiste em aceitar o Espírito do Universo, salvaguardar a paz no mundo, proteger e favorecer o crescimento de todos

1 Caminho do Guerreiro. No sentido compreendido pelos Grandes Mestres, o Guerreiro é o ser que age, que está

inteiramente presente em cada momento, e luta para harmonizar as diferenças existentes entre os seres humanos e

os seus próprios conflitos e limitações internos.

AI – Harmonia Amor Princípios universais

KI – Energia Espírito

DÔ – Senda Opção Condição humana, terrenal

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os seres”. Estas foram as palavras que Morihei Ueshiba pronunciou para os seus alunos dois dias antes de morrer. Na cama, onde se achava repousando, olhou afetuosamente os alunos que estavam ao seu redor e lhes disse: Não vos inquieteis por este velho. Toda vida física é limitada. O corpo se transforma, mas o espírito nunca morre. Logo estarei no mundo espiritual, mas ainda desejo proteger este mundo. Agora deixo também esta tarefa em suas mãos. Depois ficou em silêncio durante algum tempo e, em seguida, continuou: Todos os meus alunos devem recordar que eu não criei o Aikidô. O Aiki é a sabedoria de Deus e o Aikidô é a Via das Leis que Ele criou.

As noções de vencer ou perder, de triunfar ou ser derrotado, não

são senão manchas que sujam o espelho do Budô. E um espelho sujo não reflete o oponente como ele realmente é, e assim nunca

encontrarás teu verdadeiro caminho, tua senda. Por isto, o espírito do Aikidoísta deve ser como a superfície de um espelho limpo, pois

assim refletirá toda ação que contra ele possa acontecer, devolvendo-lhe a energia ao seu agressor.

(Fernando Cartofiel)

DOJÔ

O dojô é um local onde, através da prática de artes marciais, o Homem pode exercitar a transcendência de estágios de desenvolvimento bio-psico-sócio-axiológicos

2.

O exercício da transcendência refere-se a um sentido desenvolvimentista: ir rumo ao que, ainda não sendo atual, já é virtual e pode vir a ser atual com ensino e treino adequado.

Para o praticante experiente, o "dojô físico" estende-se à própria natureza, ao universo, enfim, ao cosmos. É também comum o conceito de ―dojô da vida‖ para o mundo em que vivemos e onde utilizamos os conhecimentos filosóficos apreendidos na prática do Aikidô. No dojô, o objetivo não é o de vencer os outros, ou provar suas habilidades; muito mais do que isso, a preocupação geral é de auto-aperfeiçoamento - há uma busca incessante pela perfeição da execução da arte do relacionamento. Todos estão treinando para aprender, e não para satisfazer o ego, logo esta postura só pode trazer resultados positivos. É através da prática, da repetição das técnicas, que se procura atingir o plano espiritual que é o verdadeiro objetivo do treino de Aikidô.

2 Axiológico – É o que está baseado em valores intrínsecos ou fundamentais.

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TREINAMENTO

CUMPRIMENTO SAUDAÇÃO

AIKI-TAISO (EXERCÍCIOS AIKI) Junan kenko taiso

Manter o corpo curvo para frente enquanto conta: 1 – 2 – 3 – 4 – 5 (repetir duas vezes)

PERNAS AFASTADAS

À esqueda: 1 – 2 – 3 – 4 – 5

À direita: 1 – 2 – 3 – 4 – 5

Inspirar Expirar

Aluno mais novo

Aluno mais antigo

Sensei

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(repetir duas vezes)

Para frente: 1 – 2 – 3 – 4 – 5 (repetir duas vezes)

1. Plantas dos pés juntas, balance os joelhos para cima e para baixo. 2. Curve-se para frente e conte: 1 – 2 – 3 – 4 – 5 (repita duas vezes)

Estirar para trás: estirar para esquerda (1-2-3), para a direita (1-2-3) e para o centro (1-2-3).

Rolar para trás e para frente: 1 – 2, 1 – 2, 1 – 2, 3 – 4

POSTURAS BÁSICAS Hamni Seiza

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Tachi waza: Uke (quem ataca) e Nage (quem recebe o ataque) em hamni.

Hanmi hantachi waza : Uke em pé e Nage ajoelhado.

Suwari waza: ambos ajoelhados.

MOVIMENTOS BÁSICOS Tai-no-henko

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TAI-SABAKI (DESLOCAMENTOS) Movimentos harmônicos dos pés com o corpo

No Aikidô, se você estiver em movimento ou parado, o seu corpo deverá sentir-se forte e elástico, sem tensões ou rigidez.

Suas mãos deverão estar estendidas para frente com os dedos levemente estendidos — a postura é muito similar à de segurar uma espada japonesa (katana). Imagine sua energia (ki) projetando-se

através dos seus dedos, como se fossem mangueiras de regar jardim.

A mão principal (no mesmo lado do pé que está na frente) protege a cabeça e a parte superior do corpo, enquanto a outra protege a parte baixa (estômago e coxas).

Em todo o movimento de Aikidô, mantenha seu peso baixo e o seu movimento fluido e plano, sem oscilações para cima e para baixo. Pode ajudar se você visualizar todo o seu movimento como estando centrado ao redor de um ponto três dedos abaixo do seu umbigo - este ponto é chamado hara.

Seus quadris e ombros devem permanecer no mesmo nível ao se mover e sua coluna deverá permanecer vertical.

Se você precisar se abaixar, mantenha as suas costas na vertical e as pernas - não se agache arqueando os quadris. Deste modo você pode manter seu equilíbrio e você não se arrisca ficar ―travado".

PÉ ESQUERDO (Posição Final)

PÉ DIREITO (Posição Final)

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PÉ ESQUERDO

(Posição Inicial)

PÉ DIREITO

(Posição Inicial)

HANMI

(Postura Básica)

Seus pés deverão estar na mesma largura dos ombros, com os joelhos um pouco flexionados,

com o peso do corpo sobre a perna da frente.

MIGI HANMI

Perna direita à frente

HIDARI HANMI

Perna esquerda à frente

Suri-Ashi

Deslize diagonalmente para frente o seu pé dianteiro, para fora da linha de ataque. Traga o seu pé de trás para uma posição similar a de início.

Os pés não deixam contato com o chão, mas desliza pela superfície do tatame.

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Issoku Irimi (Passo à frente)

Avance com o pé de trás, diagonalmente, fora da linha de ataque. Traga o outro pé para retomar a sua posição original. Quando completar o movimento, a sua posição deverá ter mudado de migi hanmi para hidari hanmi (ou

vice-versa).

Tenkai ashi

Gire 180 graus com a parte da frente de cada pé, simultaneamente, até ficar na direção oposta à inicial, sem que os pés saiam da posição original, isto é, não avance nem recue os pés.

Lembre-se de transferir o peso do seu corpo de maneira equilibrada quando mudar de posição.

Go-Ho Tenkan

Dê um pequeno passo para frente e para fora da linha de ataque com o pé dianteiro.

Gire (pelas costas) 180 graus, trazendo o outro pé para trás.

Você deverá estar agora na direção oposta, mas na mesma posição como quando você começou.

Irimi Tenkan

(Passo à frente e giro)

Dê um passo à frente com o pé de trás.

Então, gire 180 graus pelas costas, levando o pé que está na frente para a parte de trás.

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Você deverá estar agora na direção oposta, porém na posição inicial. O movimento continua.

Hantai Tenkan

(Passo à frente e meia-volta)

Dê um passo à frente com o pé de trás.

Gire como em go-ho tenkan, mas em lugar de fazer o giro completo pare em 90 graus.

Você deverá estar agora virado para o lado de sua direção original, numa posição diferente da inicial.

QUEDAS (UKEMI)

A técnica UKEMI é de especial importância para o aikidoísta, pois o ensina a cair ao receber as técnicas, sem se machucar. Cada aluno, depois de aprender as formas básicas, desenvolve a sua própria arte do ukemi. As principais formas de ukemi são as seguintes: 1. Mae Kaiten Ukemi (Queda girando para frente)

2. Ushiro Kaiten Ukemi (Queda girando para tras)

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AGARRES (TORI ou DORI)

Fazem parte das técnicas que UKE utiliza para atacar NAGE, portanto, cada agarre leva em si uma

intenção. Agarra-se para: imobilizar, derrubar, empurrar, arrastar ou prender para golpear. Os agarres são feitos em distintas partes do corpo ou do Gi (quimono). Veja a terminologia: Te = Braço. Kubi = Pescoço. Kata = Ombro. Hiji = Cotovelo. Sode = Manga. Eri = gola, pescoço Katate = Uma mão. Ryote = Ambas as mãos. Tekubi = pulso. Ryote Kubi = Ambos os pulsos. Katate Tori = Agarre de uma

mão com a mão do mesmo lado. Ryote Tori = Agarre de ambas

as mãos. Morote Tori = Agarre de um braço com ambas as mãos.

Sode Tori = Agarre de uma manga na altura do cotovelo. Eri Tori = Agarre do pescoço ou gola do Gi. Ushiro = Por trás.

Ushiro Hagai Shimé =

Abraço do tronco o braços por trás. Ushiro Ryo Kata Tori =

Agarre dos ombros por trás. Ushiro Ryo Tekubi Tori =

Agarre de ambos os pulsos por trás. Ushiro Kubi Shimé =

Estrangulamento por trás. Ushiro Katate Tori Kubi Shimé = Estrangulamento

e agarre de uma mão por detrás. Ushito Ryo Hiji Tori =

Agarre de ambos os

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Kata Tori = Agarre de um ombro com a mão do mesmo lado. Kata Tori Men Uchi = Agarre de um ombro com uma mão, enquanto se aplica com a outra um golpe na cabeça.

cotovelos por trás. Ushiro Sode Tori = Agarre das mangas do Gi por trás. Ushiro Eri Tori = Agarre na gola do Gi por trás.

AGARRES BÁSICOS

Ai Hamni Katatetori

Gyaku Hamni Katatetori CONTANDO EM JAPONÊS

1 ichi 11

juichi 21

nijuichi

2 ni 12 juni 22 Nijuni

3 san 13 jusan

.

.

.

.

4 shi 14 jushi

5 go 15 jugo

6 roku 16 juroku

7 shichi 17 jushichi

8 hachi 18 juhachi

9 ku 19 juku

10 ju 20 niju

KIAI

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Kiai significa 'encontro dos espíritos' ou 'Ki em harmonia'. U tipo de Kiai é um grito com Ki, um penetrante brado ou berro originado no hara (ventre). O som é intrinsecamente poderoso, e tem como objetivo curar quem o emite e também aumentar o kime (potência) durante as práticas das artes marciais. Há quatro

formas básicas de Kiai (como sons) praticados no Aikidô.

RESPIRAÇÃO AIKI Todos os praticantes de Aikidô conhecem a grande importância que se dá à respiração em todas as suas formas, porém, são muito poucos os que sabem porque é considerada fundamental na prática. Morihei Ueshiba falava da respiração como Via e Fonte de contato do homem com o sopro Divino e dizia o seguinte: "Por meio da respiração se alcança a sincronização com a arte do Ki, a fonte da criação universal. Quando esta arte do Ki, ―Ky no myo yo‖, se expressa através do corpo chama-se: Takemussu Aiki (o sopro), é o laço entre o fogo e a água, a circulação da matéria no Cosmos. Na expressão do tempo e do espaço, de um pulsar eterno, de uma realidade na qual não existe separação entre espírito e matéria.‖ O Ki é a força nuclear que reside no coração de todas as coisas. Mas é o Ying e o Yang da respiração o que diversifica e limpa o corpo e a mente, favorecendo a harmonização espiritual. A respiração é a energia impulsionadora da vida. É na respiração que reside o poder do Kokyu.

SHIN KOKYU

Shinju Chinkon no Ho

O-Sensei realizava este exercício antes de começar as aulas. Disse que era muito importante e que todos devem praticá-lo. Aqui transcrevemos as explicações dadas por Hikitsuchi Michio Sensei.

1º) Os pés devem estar com a largura dos ombros (na posição das 10:10 horas). Olhar para baixo, enquanto inspira o ar profundamente, imaginar que está inspirando o ki do Universo, com as mãos

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apontando para o solo, começa elevando-as para o centro (hara). Depois girar as mãos para cima e elevá-las lateralmente sobre a cabeça, acompanhando com o olhar, até que as pontas dos dedos apontem para o céu. Quando as mãos começarem a subir, concentrar-se e imaginar que está captando o Ki do céu com os dedos maiores, fazendo a energia descer pela espinha dorsal. Repetir duas vezes:

Shin Kokyu:

2º) Ao finalizar a primeira execução batemos quatro palmas acima da cabeça (água, fogo, terra e ar), depois levamos as mãos lentamente sobre o Seika-tanden (hara) com a mão esquerda sobre a direita, os polegares se tocam nas pontas (posição de zazen), concentrar-se nas sílabas: I, KIU, MU, SU, BI (expirar sobre o I, inspirar no KIU, expirar no MU, e assim sucessivamente, até unir o BI com o I. Em seguida

reinicia o segundo movimento).

Na emissão final, o Bi deve transformar-se naturalmente em I, e seguir de novo com o exercício (sempre

inspirar com o nariz e expirar pela boca; captar o ki saudável do universo e eliminar o ki desvitalizado do corpo e da mente). Ao expirar imagine que o seu ki corporal e mental se expande para ser vitalizado pelas energias universais, e quando inspirar imagine que inspiras todo o universo (os olhos devem estar semifechados).

Ame no Nagefune:

3º) Bater de novo quatro palmas sobre a cabeça, avançar o pé esquerdo e estender os braços fechando os punhos, como se estivesse segurando dois remos. Com o Kiai "Hei", traga energicamente as mãos para trás, até os quadris; as mãos não devem passar distante do corpo. Em seguida, com o Kiai "Hoo",

empurrar as mãos para frente. Ao puxar as mãos imagine-se atraindo a força da terra inteira para você e quando estender as mãos imagine que está empurrando essa mesma força de volta para a terra. O movimento completo deve ser realizado energicamente e de uma forma uniforme, como se estivesse remando em mar revolto (funakogi undo).

Futurama no Gvo (Furidama):

4º) Fique em pé novamente e eleve as mãos lateralmente, juntando-as sobre a cabeça. Baixe as mãos postas diretamente para frente do seika-tanden (hara), girando a mão esquerda sobre a direita, enquanto desce as mãos, imaginando que conduz o ki do universo inteiro, como se fosse uma bola entre as duas mãos juntas. Comece a sacudi-las rapidamente, a fim de que o corpo inteiro aspire e se encha do ki universal, concentrando-o no abdômen, tendo o cuidado para que o corpo não se mova, e depois se expanda por todo o corpo. Este exercício se faz com os olhos fechados e durante este tempo, visualize uma bola de cristal de cor azul no ponto situado entre os dois olhos, uma vez que a vejas mentalmente, transforme-a naturalmente na cor vermelha.

O BRAÇO INDOBRÁVEL (PROJEÇÃO DO KI)

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TREINAMENTO

Ao iniciarmos o aprendizado do Aikidô é recomendável compreender bem sobre a linha de ataque (para o Uke) ou do respeito (para o Nage), a fim de não pensar que o objetivo é controlar o companheiro.

Conhecendo a linha de ataque, saberemos como começa e como termina o movimento, para depois, pouco a pouco, aperfeiçoar a nossa própria técnica com o passar do tempo e com a experiência.

Segundo a forma de realizar as técnicas, podemos classificá-las em:

Omote: Quando a técnica é realizada na frente do oponente, mas nunca se chocando contra ele. Tende-se a utilizar o 1º Tai Sabaki (Irimi).

Urá: Quando a técnica é realizada ao redor e para trás do uke, absorvendo o seu ataque, tende-se a utilizar o 2º e o 3º Tai sabaki (Tenkan, Irimi-Tenkan).

OPÇÕES INICIAIS PARA O TREINO

Como vimos anteriormente, há várias maneiras do Uke iniciar a ação durante o treino, para que o Nage aplique a técnica adequada, segundo veremos adiante. Todos esses ―ataques‖ devem ser feitos sem agressividade, porém é necessário que sejam aplicados com seriedade e serenidade, sem evidenciar a competitividade. As principais formas de começar esses ―ataques‖ são as seguintes:

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OS CINCO GRANDES PRINCÍPIOS

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PRINCIPAIS PROJEÇÕES

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CONCLUSÃO DO TREINO kokiu dosa haishin-undo

A B

COMO VESTIR O HAKAMA

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se entendermos o Aikidô tão somente como um conjunto mental e físico de seqüências de defesas e ataques, cairemos no erro de limitar conceitualmente algo que é, em sua essência, todo um universo.

Todo sistema técnico de defesa e ataque que o Aikidô possui não é mais que uma estrela, jovem, enérgica, mas, acima de tudo, finita, limitada. O restante desse universo é infinitamente superior.

Uma forma de andar, de respirar, de falar, de pensar, de atuar, de reagir, de olhar, de beber, de viver!

Imaginemos de novo uma situação em que, depois de 60 anos aprendendo somente técnicas de defesa e de ataque no Aikidô, a sorte nos sorriu e não tivemos nenhuma luta física. A decepção ao ver que tantos anos de aprendizagem e sacrifício desperdiçados seria imensa, pois não serviram para nada em seu principal objetivo, já que não utilizamos os conhecimentos adquiridos com essa finalidade.

Imaginemos agora que a vida nos faz travar lutas pelas realizações de cada dia...

O professor de Aikidô que apenas se dedicou física e mentalmente para ensinar os seus alunos tão somente o sistema de defesas e de ataques, quando as suas forças físicas se diluírem restará a ele

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apenas falar sobre suas aventuras passadas, seus certificados e títulos, o que fará com que seus alunos tenham que procurar outro Dojô, onde possam realmente aprender o que buscam.

Porém, se tanto o mestre como seus alunos, durante 60 anos, tiverem aprendido a conexão física e mental com o seu ambiente e com o universo, sentirão uma forma de vida fluida, contínua, suave, controlada, pois aprenderam que o Mar, para vencer a pedra primeiro a absorve para depois ir fazendo o trabalho de erosão e ajustes, assim garante a sua vitória eterna. Por essa compreensão, poderemos comungar conhecimentos que transcendem à mera atuação física, pois o nosso ser interior é, essencialmente, superior ao mundo comum e parte integrante do Universo.

É na simplicidade que se encontra a dificuldade do Aikidô.

Numa demonstração de Aikidô feita por dois mestres em tatames diferentes, um efetuava as técnicas fluidas e rápidas, projetando facilmente cada um dos alunos que o atacavam. No outro tatame, o outro mestre, efetuava agarres, golpes bruscos e sonoros, fazendo gritar a cada golpe cada um dos seus alunos, deixando-os no solo. Ao finalizar a demonstração, um grupo de assistentes, leigo em Aikidô, comentava sobre quão decepcionante havia sido a atuação do primeiro mestre, pois era impossível que alguém pudesse cair com tanta facilidade sem que o outro permitisse. O outro mestre impressionou muito, na opinião dessas pessoas, pois demonstrara grande capacidade técnica.

Entretanto, na verdade, a efetividade tanto esteve nas mãos de um mestre como nas do outro. A dificuldade, a etiqueta, a elegância e o bom relacionamento somente estiveram nas mãos do primeiro.

Tornar as coisas complexas em simples é verdadeiramente difícil. Explicar com frases e ações simples a essência do Aikidô é realmente difícil, mas talvez seja por isto que alguns professores-atletas a evitem.

Para que tenhamos uma idéia da essência do Aikidô, em 1948, (na segunda guerra mundial), os aliados fecharam todas as escolas de Artes Marciais do Japão, a primeira que deixaram reativar suas aulas, por sua ideologia pacifista, foi o Aikidô.

O Aikidô é uma disciplina fundamentalmente conceitual. Só podemos realmente ser considerados aikidoístas se compreendermos os seus princípios. E a maior dádiva advinda dessa compreensão é a Harmonia Espiritual (AIKI), isto é, o contentamento interior.

Em respeito àquele que nos doou um dos maiores benefícios para as nossas vidas, procuremos ao menos nos esforçar para não desvirtuarmos a sua Arte, utilizando-a para objetivos mesquinhos e pouco meritórios. Façamos do Aikidô o Caminho que Morihei Ueshiba sonhou para a humanidade e não tenhamos como desculpas as nossas próprias limitações para justificar a nossa falta de dedicação ao exercício do bom relacionamento com os seres humanos e com a Vida.

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Organizado por:

Carlos H. B. Gomes [email protected]