agricultura orgÂnica e agroecologia · 2017. 12. 9. · no momento em que as mudas vão ser...

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AGRICULTURA ORGÂNICA E AGROECOLOGIA A agricultura orgânica é uma das agriculturas denominadas como alternativas ao modelo que denominamos atualmente como convencional, dependente de agroquímicos. Considera-se que a agricultura orgânica tenha sido formulada como um sistema agrícola no início do século XX por Albert Howard (Ehlers, 1999) a partir de suas experiências com agricultores tradicionais da Índia. Entretanto, essa inspiração para a formulação do sistema deixa claro que Howard não formulou nada, apenas sistematizou a experiências de agricultores tradicionais e seu manejo da terra através das experiências seculares acumuladas. Acontece que o século anterior foi acossado pela teoria de Liebig de que, como as plantas poderiam se desenvolver na terra ou na água sem a presença de matéria orgânica, os aspectos positivos de sua presença no solo foram totalmente negados. Concluiu-se então que, se fossem acrescentados os elementos minerais necessários para o desenvolvimento das plantas a fertilidade do solo poderia ser mantida eternamente. As práticas agrícolas tradicionais reconheciam a importância da presença da matéria orgânica, independente de ter conhecimento de explicações científicas para esse fato. Tratava-se então de reconhecer esse conhecimento secular dos camponeses e buscar seus fundamentos científicos ou simplesmente desclassifica-lo como um conhecimento obsoleto e arcaico. A produção agrícola em larga escala para um mercado em expansão absorveu rapidamente as propostas de Liebig e, claro, com a adição dos elementos minerais em solos secularmente tratados com a adição de matéria orgânica, os resultados passaram a ser exuberantes em termos de produtividade. Além do mais o novo sistema permitiu uma simplificação impressionante das práticas agrícolas pois a partir desse método, não existia mais a necessidade de integração com a pecuária, os pousios de terras e a rotação de culturas. O produtor agrícola poderia plantar somente aquilo que ele queria vender. Os resultados dessa radicalidade não se fizeram esperar com a perda da produtividade e as consequências em termos de erosão e infestação de pragas. Os avanços da ciência, particularmente da biologia e a pesquisa agronômica, claro, vieram em socorro desse modelo agrícola voltado para as grandes produções monoculturais. Ao mesmo tempo, porém, que a agricultura convencional se moderniza para manter e aperfeiçoar suas bases produtivas, os problemas causados por esse método foram levando à formulação de outros modelos, esses sim declaradamente tributários da acumulação de conhecimento de séculos de produção agrícola pelos camponeses. Nessa trilha tivemos a formulação da proposta de agriculturas alternativas começando pela biodinâmica por Rudolf Steiner e a orgânica por Howard na década de 1920, seguidos por Okada com a agricultura biológica e Muller com a biológica na década de 30. Apesar de “apenas” ter observado e relatado a prática de agricultores tradicionais, a afirmação da importância da rotação de culturas e da integração com a pecuária tornou-se um dos elementos fundamentais na caracterização das agriculturas alternativas. (Ehlers, 1999)

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Page 1: AGRICULTURA ORGÂNICA E AGROECOLOGIA · 2017. 12. 9. · No momento em que as mudas vão ser transplantadas no campo, elas são pulverizadas com uma solução composta por um bioestimulante

AGRICULTURA ORGÂNICA E AGROECOLOGIA

A agricultura orgânica é uma das agriculturas denominadas como alternativas ao

modelo que denominamos atualmente como convencional, dependente de agroquímicos. Considera-se que a agricultura orgânica tenha sido formulada como um sistema

agrícola no início do século XX por Albert Howard (Ehlers, 1999) a partir de suas experiências com agricultores tradicionais da Índia. Entretanto, essa inspiração para a formulação do sistema deixa claro que Howard não formulou nada, apenas sistematizou a experiências de agricultores tradicionais e seu manejo da terra através das experiências seculares acumuladas.

Acontece que o século anterior foi acossado pela teoria de Liebig de que, como as plantas poderiam se desenvolver na terra ou na água sem a presença de matéria orgânica, os aspectos positivos de sua presença no solo foram totalmente negados. Concluiu-se então que, se fossem acrescentados os elementos minerais necessários para o desenvolvimento das plantas a fertilidade do solo poderia ser mantida eternamente.

As práticas agrícolas tradicionais reconheciam a importância da presença da matéria orgânica, independente de ter conhecimento de explicações científicas para esse fato. Tratava-se então de reconhecer esse conhecimento secular dos camponeses e buscar seus fundamentos científicos ou simplesmente desclassifica-lo como um conhecimento obsoleto e arcaico.

A produção agrícola em larga escala para um mercado em expansão absorveu rapidamente as propostas de Liebig e, claro, com a adição dos elementos minerais em solos secularmente tratados com a adição de matéria orgânica, os resultados passaram a ser exuberantes em termos de produtividade. Além do mais o novo sistema permitiu uma simplificação impressionante das práticas agrícolas pois a partir desse método, não existia mais a necessidade de integração com a pecuária, os pousios de terras e a rotação de culturas. O produtor agrícola poderia plantar somente aquilo que ele queria vender.

Os resultados dessa radicalidade não se fizeram esperar com a perda da produtividade e as consequências em termos de erosão e infestação de pragas. Os avanços da ciência, particularmente da biologia e a pesquisa agronômica, claro, vieram em socorro desse modelo agrícola voltado para as grandes produções monoculturais.

Ao mesmo tempo, porém, que a agricultura convencional se moderniza para manter e aperfeiçoar suas bases produtivas, os problemas causados por esse método foram levando à formulação de outros modelos, esses sim declaradamente tributários da acumulação de conhecimento de séculos de produção agrícola pelos camponeses. Nessa trilha tivemos a formulação da proposta de agriculturas alternativas começando pela biodinâmica por Rudolf Steiner e a orgânica por Howard na década de 1920, seguidos por Okada com a agricultura biológica e Muller com a biológica na década de 30.

Apesar de “apenas” ter observado e relatado a prática de agricultores tradicionais, a afirmação da importância da rotação de culturas e da integração com a pecuária tornou-se um dos elementos fundamentais na caracterização das agriculturas alternativas. (Ehlers, 1999)

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A difusão dessas práticas agrícolas alternativas aliada ao crescente impacto ambiental da agricultura convencional e à ampliação da discussão a respeito da dimensão ambiental nos contextos de desenvolvimento levaram a constituição de uma vertente mais dedicada a discutir as atividades agrícolas a partir de outros parâmetros. Surge então na década de 1980 a agroecologia com base em um “enfoque teórico e metodológico que, lançando mão de diversas disciplinas científicas, pretende estudar a atividade agrária sob uma perspectiva ecológica”. (Costabeber & Caporal, 2004)

Para além das perspectivas ecológicas, vários autores ampliam o escopo da agroecologia no sentido de abranger as dimensões socioeconômicas, culturais e políticas necessárias para compreensão da constituição e evolução dos agroecossistemas (Sevilla Guzmán 2001)

A agricultura orgânica na atualidade é tributária portanto de todo esse processo de evolução do conhecimento e das práticas agrícolas, apesar de alguns autores considerarem que ela não se constituiria no melhor exemplo de agricultura fundada dos princípios da agroecologia pois sua ênfase seria a de uma produção isenta de contaminantes e sua prática a substituição de insumos. Discutiremos essas questões mais adiante.

A produção orgânica no Brasil foi institucionalizada e regulamentada a partir de 1999 através de legislação federal, estabelecendo as condições para a produção e a comercialização de seus produtos e as normas técnicas para certificação da produção vegetal e animal, estabelecendo os procedimentos e insumos que passaram a ser permitidos e os proibidos.

Apresentando como referência as normas da IFOAM (International Foundation for Organic Agriculture) no Brasil, a regulamentação da agricultura orgânica apresenta uma conotação mais abrangente, englobando não só os aspectos específicos da produção agrícola, mas vários outros elementos tais como “o respeito à integridade cultural das comunidades rurais (...) maximização dos benefícios sociais (...) empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos” (BRASIL. Presidência da República 2003).

Apesar dessa legislação apresentar como objetivos, por exemplo, “a preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais o incremento da atividade biológica do solo, a promoção do uso saudável do solo, da água e do ar, e (...) manter ou incrementar a fertilidade do solo a longo prazo (BRASIL. Presidência da República 2003), a regulamentação -, ou seja, os textos que definem com detalhes o que é permitido e o que é proibido apresentam um enfoque eminentemente técnico.

Estabelece uma diversidade mínima referente ao manejo da produção através da associação e rotação das culturas e estabelecimento de consórcios, descendo a detalhes como o de que a “irrigação e a aplicação de insumos devem ser feitas evitando desperdícios e a poluição da água e do lençol freático” (Brasil. Presidência da República, 2008), recomendando ainda a reciclagem da água e dos resíduos.

Define que o solo deve ter sua fertilidade recomposta através de insumos constituídos por substâncias autorizadas como, por exemplo, compostos orgânicos, biofertilizantes, adubos verdes, pós de rocha, entre outros. Em relação à sanidade vegetal, esta só pode ser obtida com a utilização de práticas como as armadilhas para insetos, agentes de controle

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biológico, ou elementos químicos primários como as caldas bordalesa e sulfocálcica, entre outras (Brasil. Presidência da República, 2008).

As normas técnicas são extensas e definem os procedimentos e insumos aprovados e os proibidos, como já afirmamos. É justamente a essas listas que os produtores e certificadores se apegam para definir o que estaria de acordo com a regulamentação e pode ser considerado como um produto orgânico e são muito menos considerados os objetivos gerais estabelecidos e através deles com os princípios mais gerais da agroecologia.

Entretanto, vários autores apresentam diversas objeções às práticas comuns dos produtores orgânicos argumentando que sua opção por dar importância às demandas de mercado e sobretudo por atender especificamente a norma de produção isenta de contaminantes, os afastaria de uma agricultura que seria “mais sustentável”.

Afirma-se, por outro lado que os produtores orgânicos que seguem o modelo de substituição de insumos são minoria e sobretudo grandes proprietários capitalizados e que a maioria, os pequenos produtores, continua realizando uma agricultura baseada nos princípios agroecológicos. (Altieri e Nichols, 2003).

AGRICULTURA NO ALTO TIETÊ (REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO) A manutenção de um estabelecimento agrícola em atividade coloca o produtor sob um

dilema. A opção de manutenção da pequena propriedade com base, sobretudo no trabalho familiar permite o escape da escassez e alto custo da mão de obra, mas coloca a questão da escala da produção, além de não poder prescindir da adoção de implementos e insumos que garantam a produtividade.

A outra opção consiste em produzir em grande escala, perseguir ganhos de produtividade, agregar de valor à produção e buscar maior controle das operações em sua totalidade, tanto no que diz respeito à produção, quanto ao seu beneficiamento e destinação.

Esse ambiente afeta a produção em geral independente da forma de condução das atividades agrícolas. A forma predominante de condução na olericultura da região do Alto Tietê é a convencional baseada na utilização de agroquímicos, independente da forma de organização social da produção agrícola.

A demanda identificada por produtos que não apresentem resíduos de agrotóxicos e que apresentem impacto ambiental reduzido em seus sistemas produtivos tem feito muitos agricultores adotarem a produção orgânica. De outro lado, o movimento ambientalista e a crescente sensibilização da sociedade em relação a essa temática tem ampliado a discussão a respeito do impacto ambiental da agricultura convencional e o aumento da inserção social da discussão a respeito das alternativas agroecológicas ao modelo dominante.

A Agroecologia em si tem se caracterizado sobretudo por ser uma área de estudo e não especificamente uma prática agrícola. Dentre seus elementos chave, destaca-se a pretensão do resgate do conhecimento secular da agricultura tradicional agora potencializado pelo conhecimento e pesquisa cientifica. Além dessa questão de princípio colocam-se outros elementos como importantes no sentido de se buscar uma agricultura mais sustentável, tais como a redução da utilização de insumos externos à propriedade, a otimização da utilização

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dos insumos localmente disponíveis, o uso racional desses insumos e a conservação e ampliação da biodiversidade.

Evidentemente esses elementos merecem uma discussão sobretudo porque em grande parte se inspiram em práticas tradicionais da agricultura de séculos passados sem necessariamente refletir sobre os avanços na divisão social e técnica do trabalho, assim como na sua especialização.

A seguir procederemos à descrição dos procedimentos produtivos de duas propriedades com condução e perfis diferenciados para podermos discutir a questão da relação entre a produção orgânica e os princípios da agroecologia, ou melhor, da relação da agricultura com o meio ambiente.

GRANDE PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS (O1) Apresentamos agora a descrição de uma propriedade com caráter empresarial e

produção e comercialização de hortaliças orgânicas em larga escala. Apresenta uma área total que podemos considerar grande para a região com 53 hectares (ha), 17 ha de área produtiva organizados em talhões e glebas. Uma boa parte apresenta cobertura plástico (estufa aberta) como forma de proteção das plantas do impacto direto da chuva e do excesso de humidade em função do clima excessivamente chuvoso da região. Como a umidade é controlada em grande parte, a incidência de doenças sobretudo fúngicas é muito restrita.

Possui certificação como produtora de hortaliças orgânicas, caracterizando-se pelo grande poder de investimento e controle administrativo e organizacional. Todas as atividades contábeis, transações comerciais, técnicas e operações de cultivo são registradas através de um sistema de monitoramento terceirizado. Esse serviço foi contratado como exigência para o credenciamento como fornecedora de uma grande rede varejista e apresenta como objetivo a rastreabilidade, ou seja, a possibilidade de identificação do ponto da cadeia produtiva onde eventualmente tenha ocorrido um problema de qualidade ou contaminação.

Apesar do registro das informações, tais dados não têm sido utilizados no processo gerencial, por exemplo em relação a custos de produção e mesmo de distribuição dos plantios pelas quadras da propriedade que apresenta elevado nível aleatório não sendo distribuido territorialmente de acordo com o princípio da rotação de culturas e do pousio. Entre os meses de março e julho de 2015, por exemplo, ocorreram 350 plantios com a repetição de plantio em 53 quadras em intervalos muito diferenciados, o que denota a falta de um critério específico.

Tem produção própria de mudas e compra de terceiros quando necessário. As sementes utilizadas são convencionais e o substrato utilizado para germinação é composto por uma mistura de coco moído, extrato de mamona (fertilizante orgânico simples), farinha de osso (fertilizante orgânico simples), sulfato de potássio (fertilizante mineral simples), Magmaton (fertilizante orgânico simples), Agrosilício (fertilizante mineral simples), Compost-Aid (aditivo com enzimas e bactérias) e Yoorin (fertilizante mineral composto).

No momento em que as mudas vão ser transplantadas no campo, elas são pulverizadas com uma solução composta por um bioestimulante foliar composto e fertilizante foliar mineral simples. O plantio é feito manualmente e o maquinário é utilizado no preparo do solo (trator e tobata) e na capina (roçadeiras).

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O preparo do solo consiste basicamente na aplicação de enxada rotativa acoplada ao trator ou tobata com o objetivo de incorporar ao solo toda a vegetação espontânea existente nos canteiros bem como os restos culturais, procedendo uma espécie de adubação verde suplementada por esterco de aves..

Após o plantio é feita uma adubação de cobertura com uma mistura composta por farinha de osso, torta de mamona, esterco de codorna, sulfato de potássio, Magmaton e Agrosilício.

Os canteiros são “limpos” por meio de capinas com roçadeiras, sendo o “mato” deixado entre eles, como cobertura morta. As plantas invasoras são mantidas nos canteiros por pouco tempo, pois o trabalho de capina é constante na propriedade.

O controle de pragas e doenças é feito apenas em casos pontuais de infestação, utilizando-se o bokashi (composto orgânico fermentado, rico em microrganismos) ou uma fórmula composta por Foliarcal (fertilizante foliar mineral simples), sulfato de cobre (fertilizante foliar mineral simples), Brexil (fertilizante foliar mineral composto), Boroplus (fertilizante foliar mineral simples) e Calbit (fertilizante foliar mineral simples).

A produção é constituída basicamente de hortaliças onde se destacam diversas variedades de alface, rúcula, couve e temperos. Não notamos rotação de culturas e nem plantio em consórcio. As variedades não plantadas, por exemplo, tomate e cebola, são adquiridos de terceiros. A colheita ocorre diariamente, evidenciando o grande volume de produção e escoamento. Por fim, estes produtos colhidos e os adquiridos de terceiros são encaminhados para a unidade de beneficiamento da empresa, onde são selecionados, higienizados, embalados, rotulados e preparados para comercialização.

A empresa comercializa grande parte da sua produção diretamente para grandes redes varejistas por intermédio de contratos fixos de fornecimento e uma pequena parte para restaurantes industriais. As relações de trabalho nesta propriedade se dão exclusivamente a partir de mão de obra assalariada permanente e registrada. Grande parte dos trabalhadores reside no próprio local em casas cedidas pela empresa. Como a propriedade situa-se em área relativamente afastada de áreas urbanas, a estratégia de proporcionar esse tipo de habitação para os trabalhadores tem conseguido proporcionar o suprimento adequado de mão de obra, um dos principais problemas para a produção agrícola próxima de grandes cidades e áreas metropolitanas.

PEQUENA PRODUÇÃO COM COMERCIALIZAÇÃO DIRETA Embora não seja efetivamente uma classificada oficialmente como familiar pois

mantém funcionários registrados, os membros da família estão envolvidos diretamente em todos os aspectos do processo produtivo, da comercialização e da gestão.

A produção orgânica teve início na propriedade em 1999, quando passou a ser fornecedor da empresa Korin que se vincula aos princípios da agricultura natural propostos por Mokiti Okada.

Em 2011, com o fim da parceria, a propriedade adequou-se às normas da agricultura orgânica e através da mediação da Associação dos Produtores Orgânicos do Alto Tietê

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(APROATE), da qual faz parte, foi certificada como produtora orgânica de hortaliças até os dias de hoje.

Todos os processos e práticas realizados no campo são registrados em cadernos, para posteriormente serem checados, caso necessário, pela certificadora ou órgão responsável. Entretanto, assim como na outra propriedade, esses registros não são utilizados como um efetivo instrumento de gerenciamento das atividades produtivas. O plantio das mudas e o transplantio para o campo é feito manualmente, sem o uso de máquinas, que são utilizadas apenas no preparo do solo (trator). Também apresenta uma estufa de germinação para produção de suas próprias mudas, porém esta não se encontra em bom estado de conservação. Todas as mudas utilizadas são produzidas na propriedade e o substrato utilizado para produção é composto por húmus de minhoca, terra comum e casca de arroz carbonizado. Apesar das sementes utilizadas ainda não serem orgânicas, o produtor procura utilizar as sementes convencionais sem tratamento e em alguns casos utiliza sementes orgânicas produzidas por ele mesmo (salsa, brócolis, agrião e cebolinha.

O preparo do solo para o plantio é feito com trator, incorporando ao solo toda a vegetação espontânea que foi deixada crescer no período de pousio. Antes dessa incorporação, essa vegetação é pulverizada com um produto chamado Embiotic (produto biológico acelerador de compostagem), realizando portanto a adubação verde. Após essa incorporação, efetua a adubação orgânica do solo com base no substrato exaurido da produção de shimeji (pobre em nutrientes, mas rico em matéria orgânica benéfica para o condicionamento físico do solo e para os microrganismos), complementado com esterco de codorna e torta de mamona. Além disso, realiza adubação foliar, em casos pontuais, para reposição de micronutrientes utilizando produtos como sulfato de magnésio (fertilizante mineral simples), sulfato de manganês (fertilizante mineral simples), sulfato de zinco (fertilizante mineral simples) e boro (fertilizante mineral simples).

O manejo da área plantada reduz-se à retirada do mato que é feita manualmente ou com o uso de enxadas, sendo as plantas invasoras deixadas entre os próprios canteiros, como cobertura morta.

Após a colheita a área é deixada em pousio para, posteriormente, ser realizado o cultivo de uma espécie diferente da anterior, realizando, assim, a rotação de culturas. No período monitorado, não foi observada nenhuma repetição de espécies cultivadas sucessivamente no mesmo local.

Já o uso de insumos para o controle de pragas e doenças é praticamente nulo, não sendo apresentado, durante o monitoramento, nenhum uso pelo produtor, embora ele mesmo tenha afirmado que utiliza eventualmente a calda bordalesa (antifúngico autorizado para a agricultura orgânica). Além disso, apresenta áreas com quebra-ventos, reserva legal e área de preservação permanente. A propriedade apresenta uma variedade muito maior de produção, tendo sido plantadas ao longo de um ano 44 espécies e/ou variedade diferentes, também sem a realização de consórcios entre os cultivos. A colheita é realizada 3 vezes por semana, de acordo com a dinâmica de comercialização, demonstrando o menor volume de produção. Após a colheita as hortaliças

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são higienizadas, embaladas e prontas para a comercialização em um galpão de processamento. A propriedade comercializa diretamente 80% de sua produção no varejo, em três dias da semana, tanto no Ceagesp quanto na feira do Produtor Orgânico do Parque da Água Branca. Já os outros 20% são comercializados com pequenos varejistas (quitandas, pequenos estabelecimentos) de várias regiões.

Anteriormente, quando produzia em uma área bem maior, com 12 funcionários contratados, a propriedade enfrentava dificuldades para o escoamento de toda produção. Com isso, o produtor decidiu adequar o tamanho da produção às características do seu canal de comercialização e à mão de obra familiar que realiza atualmente todo o trabalho de comercialização.

Além de sua produção própria, compra de outros produtores aquilo que não dispõe no momento para garantir uma oferta mais diversificada no seu canal de comercialização.

Atualmente a propriedade contrata cinco funcionários permanentes, encarregados pelo trabalho no campo e da higienização e embalagem. Entre o final de 2014 e os primeiros meses de 2015 a propriedade enfrentou forte escassez de mão de obra chegando a ficar com a penas um trabalhador além do encarregado da produção, o que prejudicou enormemente o processo produtivo, tanto para as tarefas de plantio quanto para as de condução da área plantada quando grandes quantidades de produtos não conseguiram se desenvolver por não ter sido efetuada a tarefa de capina de forma regular. Já a mão de obra para comercialização é exclusivamente familiar, com quatro membros da família sem contar o proprietário/produtor que faz a gestão da unidade, mas também participa no campo/lavoura e na comercialização, juntamente com sua esposa.

AS DIFERENTES FORMAS DE CONDUÇÃO

De uma forma geral, na primeira propriedade descrita (O1), temos a presença de gestão empresarial com grande escala de produção, comercialização por meio de contratos de fornecimento com grandes redes varejistas e alto poder de investimento. Já a Propriedade O2 apresentou gestão familiar da unidade produtiva, com pequena escala de produção, grande parte da produção (80%) comercializada de forma direta, baixo poder de investimento e adequação da produção à mão de obra familiar. No entanto, estas diferenças na condução geral das propriedades resultaram também em diferenças nas práticas e processos produtivos? Para tentarmos responder esta questão, precisamos primeiramente analisar comparativamente os dois métodos de produção observados e monitorados, para, posteriormente, entendermos a relação destes com os aspectos socioeconômicos sob a luz dos princípios e fundamentos da agroecologia. Para facilitar nossa comparação, a análise será feita em tópicos, envolvendo as principais etapas da produção orgânica de hortaliças, como a produção de mudas, a conservação e fertilidade do solo, o controle de pragas e doenças, o manejo de plantas espontâneas e a biodiversidade.

PRODUÇÃO DE MUDAS Uma das principais dificuldades da produção orgânica atual é a obtenção de sementes orgânicas, pois não há produção suficiente para atender a demanda. Desta forma, as duas

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propriedades analisadas, assim como a maioria dos produtores orgânicos de hortaliças, utilizam sementes convencionais, dando prioridade para as sementes sem tratamento químico. A alternativa é a produção própria de sementes como faz a propriedade O2 com algumas culturas. A composição dos substratos utilizados é bem diferente quando comparamos as propriedades O1 e O2. Na primeira entram na composição casca de coco moído, extrato de mamona, farinha de osso, sulfato de potássio, Magmaton, Agrosilício, Compost-Aid e Yoorin. Alem disso, ainda temos a aplicação de adubação foliar antes das mudas serem transplantadas. Na segunda, temos a presença de material orgânico constituído por húmus de minhoca, casca de arroz carbonizada e terra comum.

PREPARO DO SOLO Para a agricultura orgânica, assim como para agroecologia, o solo é entendido como um organismo vivo, constituído por uma “comunidade organicamente entrelaçada de plantas, animais e microrganismos” (Souza, 2005). Para que esse organismo continue vivendo em equilíbrio se faz necessário garantir a sua conservação e fertilidade. Segundo (Khatounian, 2001), a conservação se refere à proteção do solo em relação aos impactos da incidência direta do sol, da chuva e dos ventos, para manutenção das condições de umidade, temperatura e porosidade que favorecem o desenvolvimento dos cultivos, da fauna e dos microrganismos do solo e proporciona menor erosão.

Como principais práticas recomendadas para conservação do solo estão o uso de coberturas vivas e mortas e um menor revolvimento do solo. Nas propriedades analisadas, entretanto, é realizado o revolvimento do solo com enxadas rotativas, não é efetuado o cultivo de cobertura viva e a única cobertura morta utilizada é a vegetação espontânea capinada que é deixada entre os canteiros. Na Propriedade O2, devido ao uso menos intensivo da área produtiva, a vegetação espontânea permanece por mais tempo no solo, funcionando como cobertura viva que se converte em adubação verde no momento do preparo do solo para um novo plantio. Para garantir a fertilidade do solo sob os princípios da agroecolologia e da agricultura orgânica, não se trata apenas de fornecer elementos minerais para as culturas mas realizar práticas que estimulem a dinâmica biológica do solo, além de favorecer processos complementares que proporcionem a ciclagem e uma exploração mais equilibrada dos nutrientes, evitando o esgotamento do solo (Khatounian, 2001) A adubação orgânica garante a fertilidade do solo e o fornecimento de nutrientes para as plantas, além de atuarem também no condicionamento físico e na manutenção da vida no solo.

A adubação orgânica das propriedades analisadas apresenta algumas diferenças importantes. Na propriedade O2 a adubação é realizada sempre na hora do preparo do solo um pouco antes do plantio, incorporando completamente uma mistura rica em matéria orgânica, além de realizar, em casos esporádicos, uma adubação foliar para reposição de micronutrientes. Na propriedade O1, por realizar a adubação foliar nas mudas, observamos apenas uma adubação de cobertura realizada após o plantio. Quando se trata de espécies

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que apresentam um ciclo produtivo maior, como é o caso da couve, por exemplo, é necessária a adubação de cobertura ao longo do período. Outro processo realizado em ambas as propriedades é a rotação de culturas, muito importante para a economia e o uso equilibrado dos nutrientes do solo, pois promove a alternância sucessiva de culturas que exploram de forma diferente o solo, devido aos distintos sistemas radiculares e exigências nutricionais (Henz, et al., 2007). Apesar das duas realizarem este processo, observamos que não há, em toda área produtiva, um planejamento efetivo sobre a sucessão de espécies e variedades com sistemas radiculares diferentes, além de constatarmos casos de mesmas espécies sendo plantadas sucessivamente no mesmo local na propriedade O1.

CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS Na lógica da agricultura orgânica as pragas e doenças são entendidas como um desequilíbrio dos agroecossistemas. Para recompor ou preservar esse equilíbrio deve se considerar o agroecossistema como um todo começando com o fornecimento equilibrado de nutrientes para as plantas e outros procedimentos visando garantir a diversidade biológica e complexidade do agroecossistema. Mantendo o sistema bem nutrido e equilibrado, a ocorrência de pragas e doenças será minimizada e quando ocorrerem procede-se com base na metodologia do manejo integrado de pragas e doenças. Na propriedade O2 utiliza-se apenas a calda bordalesa já preparada, embora não tenha sido observado nenhum uso no período em que houve o monitoramento. Na propriedade O1 foi informado que se utiliza o bokashi e uma fórmula composta por Foliarcal, sulfato de cobre, Brexil, Boroplus e Calbit, além do investimento na construção de estufas que já citamos inibindo assim a proliferação de fungos sobretudo durante o verão. Além disso, as duas propriedades apresentam área de vegetação nativa que desempenha um papel fundamental no controle biológico de pragas com a consequente diminuição da pressão sobre as lavouras, na regulação do microclima, na contenção da erosão do solo e na proteção aos insumos químicos utilizados nas propriedades vizinhas (Khatounian, 2001).

MANEJO DA VEGETAÇÃO ADVENTÍCIA Esse tipo de vegetação pode ser considerado como um importante recurso no processo produtivo, na medida em que seja manejado corretamente. Nas duas propriedades, somente existe a preocupação com a retirada desse “mato” na medida em que ele cresça dentro dos canteiros e envolva os cultivos procedendo ao sombreamento da área produtiva. Nas margens, essa vegetação é administrada com a atualização de roçadeiras na propriedade O1 e não é manejada na O2.

A visão empresarial da agricultura orgânica exemplificada na O1 exerce pressão sobre o processo produtivo. A partir do objetivo de aumentar a produtividade, a propriedade estabeleceu uma produção em larga escala utilizando como metodologia um processo de simplificação do processo produtivo.

Podemos afirmar que os condicionantes que envolvem a comercialização com grandes redes de varejo foram determinantes na configuração de seu processo produtivo, na medida em que o fornecedor deve entregar diariamente um lote de produtos variados, independentemente do que possa ter ocorrido na produção, como, por exemplo, a quebra

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de safra devido à ocorrência de pragas ou más condições climáticas. Desta maneira, este contrato se torna mais um elemento de pressão sobre a condução do agroecossistema, pois, além de forçar os preços para baixo, estimula um processo produtivo baseado em produtos para obtenção de ganhos em escala (Carvalho, et al., 2005).

Portanto, se de um lado a comercialização direta com a rede varejista possibilita o escoamento de um maior volume de produtos, de outro pressiona o produtor com a imposição de preços, demanda por variedade de produtos em quantidade e periodicidade determinadas e padronização da qualidade, dando maior importância para a qualidade visual do produto e considerando a produção ecológica apenas como uma estratégia de marketing (Nierdele, et al., 2013).

Na O2 evidenciou-se a influência da forma de gestão da propriedade, da escala de produção e do canal de comercialização. Embora a sua área total seja relativamente grande, o produtor optou por uma menor escala de produção, a fim de adequá-la à força de trabalho familiar e à comercialização direta no varejo.

Como a comercialização é exclusivamente realizada pela mão de obra familiar, um volume produtivo maior sobrecarregaria o trabalho, tornando-o inviável.

Nas duas propriedades há um predomínio do enfoque baseado nas normas mínimas de produção e a busca pelo “produto limpo”, já que esta é basicamente a principal demanda do mercado. Vemos assim a valorização do produto em si, “livre de venenos”, sem maiores questionamentos sobre como este foi produzido.

Como possível causa disso está o fato de que a grande parte dos produtores orgânicos tem se desenvolvido mais pelo conhecimento empírico do que através da pesquisa formal. É nessa hora que evidenciamos a importância da agroecologia para a agricultura orgânica, como forma de potencializar os bons exemplos existentes e criar outros novos, em busca de soluções para “os problemas alimentares e ambientais com que se defronta a humanidade” (Khatounian, 2001).

AGROECOLOGIA E AGRICULTURA ORGÂNICA

Vimos os argumentos de que o modelo de substituição de insumos levaria ao aumento dos custos de produção e perpetuaria a lógica de dependência da agricultura à indústria que, havendo demanda, converte-se rapidamente em fornecedora dos insumos orgânicos (Altieri e Nichols, 2003). Argumenta-se que esses sistemas, apesar de serem considerados legalmente orgânicos, estariam “distantes de uma agricultura ecologicamente correta e sustentável” (Khatounian, 2001). É enfatizado ainda que agricultura com base na substituição de insumos “não necessariamente será uma agricultura ecológica em sentido mais amplo” Caporal e Costabeber (2004) e que alguns dos insumos permitidos podem levar à contaminação do solo e à eliminação de insetos benéficos para a agricultura. Afirmam ainda que existe o risco de se desenvolverem produções orgânicas que não respeitem “os princípios ecológicos definidos pela agroecologia para garantir a sustentabilidade no longo prazo” (Assis e Romeiro, 2002).

Alguns desses argumentos merecem um aprofundamento um pouco maior. Pergunto qual seria o problema da dependência da agricultura em relação à produção industrial de equipamentos e insumos? Se essa produção industrial representar uma possibilidade de

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aumento da produtividade a baixo custo e sem grandes impactos ambientais e ainda contribuir para o aumento da atividade biológica do solo, como ocorre na propriedade O1, só poderemos considerar essa dependência como positiva.

Outro argumento cita que a dependência de insumos externos à propriedade caracterizaria uma fuga de um dos princípios básicos da agroecologia e comprometeria a sustentabilidade das produções agrícolas. Nesse caso, considero que se repetem afirmações feitas há mais de um século atrás sem considera os imensos passos dados pelas diversas economias no sentido da complexificação da divisão social e técnica do trabalho. Afinal se as propriedades precisam adquirir estrume de frango ou de codorna e base de plantio de cogumelo, apesar de produzidos em propriedades diferentes, não estará sendo implementada a complementaridade com a reciclagem de insumos e nutrientes?

É claro que a aplicação incorreta de alguns insumos pode provocar contaminações e perdas na biodiversidade e no equilíbrio dos agroecossistemas. Mas isso pode acontecer com qualquer manejo inadequado, independente se estejamos ou não lidando com produtos industriais ou elementos químicos

No texto “controle biológico de pragas e seu uso em cultivos protegido” o autor aborda especificamente essas duas últimas questões levantadas ao informar primeiramente que “podemos encontrar poucas empresas constituídas com o fim de produção de agentes de controle biológico” apesar da demanda existir. Comenta ainda que “efeitos indesejáveis no controle de pragas podem resultar da interferência de um inimigo natural no comportamento de outro, (...) ou da modificação do comportamento de uma das pragas devido à presença de um dos inimigos naturais.” (Pallini, 2009)

Veja-se portanto que a oposição à utilização de insumos produzidos industrialmente pode ter efeitos negativos e que a questão a ser colocada não reside no insumo que no caso é orgânico ou biológico, mas no seu manejo.

O contrário disso é a recusa à utilização dos avanços da ciência e das técnicas que poderiam ser utilizadas para conseguirmos melhores resultados na produção de alimentos sem provocar danos ao ambiente, ao contrário, preservando-o e recuperando-o, mas sem ficarmos presos apenas às técnicas da agricultura tradicional herdadas da primeira revolução agrícola.

Afinal, um dos princípios da agroecologia não é justamente partir do conhecimento tradicional dos agricultores acumulado secularmente e potencializa-lo com a agregação do conhecimento científico atual? Não foi isso que aconteceu, por exemplo com o avanço do conhecimento da biologia no século XIX que permitiu o desmonte da teoria da fertilização química do solo e da ilusão de essa fertilidade poderia ser mantida para sempre apenas agregando ingredientes químicos na medida das necessidades das plantas?

Isso aconteceu no passado e devemos manter as nossas mentes abertas para que po9ssa acontecer novamente na atualidade e para isso não podemos nos apegar a princípios dogmáticos que não apresentam mais conexão com a realidade atual.

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BIBLIOGRAFIA

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