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Universidade de Brasília – UnB Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros UnB Cerrado Chamada MCTI/Ação Transversal–LEI/CNPq Nº 82/2013 - Segurança Alimentar e Nutricional no Âmbito da UNASUL e ÁFRICA PROJETO Agricultores protagonistas de Segurança Alimentar e Nutricional: produção e abastecimento de alimentos PROPONENTE Profa. Dra. Nina Paula Laranjeira INSTITUIÇÃO EXECUTORA Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros - UnB Cerrado/UnB 0

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Chamada MCTI/Ação Transversal–LEI/CNPq Nº 82/2013 - Segurança Alimentar e Nutricional no Âmbito da UNASUL e ÁFRICA

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Universidade de Brasília – UnBCentro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros

UnB Cerrado

Chamada MCTI/Ação Transversal–LEI/CNPq Nº 82/2013 -Segurança Alimentar e Nutricional no Âmbito da UNASUL e ÁFRICA

PROJETO

Agricultores protagonistas de Segurança Alimentar e Nutricional: produção e abastecimento de alimentos

PROPONENTE

Profa. Dra. Nina Paula Laranjeira

INSTITUIÇÃO EXECUTORA

Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros - UnB Cerrado/UnB

BRASÍLIA – NOVEMBRO/2013

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UnB Cerrado

RESUMO

A proposta integrada de pesquisa, ensino e extensão intitulada “Agricultores protagonistas de Segurança Alimentar e Nutricional: produção e abastecimento de alimentos”, do Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros - Centro UnB Cerrado, da Universidade de Brasília (UnB), constituido em Alto Paraíso de Goiás, foi construida com base em sua atuação prioritária na área de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e pretende criar núcleo de pesquisa na área de SAN, com reflexos para toda a Chapada dos Veadeiros, que é constituída por 8 municípios, com um total de cerca de 60 mil habitantes.

Após três anos atuando no município de Alto Paraíso com projetos de SAN, educação ambiental e nutricional e a agroecologia, avaliou-se ser o momento de criar o presente grupo de ensino, pesquisa e extensão, formalizando parcerias, trazendo visibilidade e consolidando o Centro UnB Cerrado. As principais dificuldades enfrentadas hoje, pelo Centro UnB Cerrado, se referem a seu corpo de pesquisadores, que precisa ser reforçado e neste sentido, estamos ampliando a equipe de pesquisa, com um foco maior para esta temática, procurando inclusive estabelecer novas parcerias que nos permitam um salto qualitativo em nosso trabalho. Assim, juntamente com o Instituto de Estudos Ecuatorianos (IEE) do Equador, a Comunidade de Estudos JAINA da Bolivia e parte do grupo de desenvolvimento rural do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais  (CLACSO), estamos compondo uma equipe ampliada que viabilizará a SAN na região, a partir do repensar produtivo local e regional e com a troca de saberes com as Instituições parceiras.

Nas ultimas décadas o meio rural vem passando por uma intensa transformação sócio cultural onde o conflito entre o agronegócio e a agricultura tradicional gerou novos modos de vida permeados por situações constantes de insegurança alimentar. As informações sobre a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) em sociedades rurais são dispersas. Nessas sociedades não só as crises de abastecimento alimentar e o uso inadequado dos alimentos disponíveis devem ser considerados, mas também outros fatores, mais profundos, determinantes da insegurança alimentar que são de ordem histórica, social, econômica e ambiental. Os recursos alimentares tradicionais, tanto os disponíveis na natureza, quanto os originários de sistemas de produção para a subsistência equilibrada, foram direcionados às novas necessidades de geração de renda. Assim a SAN estabelecida ao longo de séculos, em pouco tempo, foi afetada, gerando constantes crises alimentares. O enfrentamento dessas crises exige uma forte mudança de paradgimas de produção e acesso a alimentos com base nos princípios da Agroecologia, uma vez que os sistemas convencionais mantiveram e agravaram a Insegurança Alimentar e Nutricional no meio rural.

Pesquisa sobre SAN realizada pela UnB em Alto Paraíso de Goiás, por membros desta equipe, mostrou que em 44% dos domicílios houve garantia de acesso aos alimentos em quantidade e qualidade adequados, estando tais famílias em segurança alimentar, mas em 32% das residências, detectou-se insegurança alimentar leve e em 24% dos domicílios, insegurança alimentar de moderada a grave, refletindo o estado de pobreza da região, conforme estabelecido pelo CONSEA – Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional, que ressalta a correlação entre extrema pobreza e insegurança alimentar e nutricional grave e moderada.

A proposta “Agricultores protagonistas de Segurança Alimentar e Nutricional: produção e distribuição de alimentos agroecológicos”, do Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros – Centro UnB Cerrado, da Universidade de Brasília (UnB), constituido em Alto Paraíso de Goiás, foi construida com base em sua atuação prioritária na área de Segurança Alimentar e Nutricional. Trata-se, portanto, de proposta

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integrada de pesquisa, ensino e extensão, a ser executada no município de Alto Paraíso de Goiás com reflexos para toda a Chapada dos Veadeiros que é constituída por oito municípios, com um total de cerca de 60 mil habitantes.

As principais dificuldades enfrentadas hoje pelo Centro UnB Cerrado se referem a seu corpo de pesquiadores que precisa ser reforçado, e neste sentido estamos ampliando a equipe de pesquisa, procurando inclusive estabelecer novas parcerias que nos permitam um salto de qualidade em nossos trabalhos. Assim, juntamente com o Instituto de Estudos Equatorianos (IEE) do Equador, a Comunidade de Estudos JAINA da Bolívia e parte do grupo de desenvolvimento rural do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais  

(CLACSO), estamos compondo uma equipe ampliada que viabilizará o repensar produtivo local e regional.

A integração da investigação científica em Segurança Alimentar e Nutricional - SAN às políticas institucionais do governo federal, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e a introdução do programa Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) realizado em Parceria com a Fundação Banco do Brasil e SEBRAE, viabilizaram um aumento, escoamento e absorção da produção agrícola de base agroecológica no município, estimulando a promoção do desenvolvimento social, a segurança alimentar e nutricional e a inclusão social.

Os resultados da produção de base agrecológica, ainda incipiente, e o acesso ao mercado local, vem requerendo uma melhor organização da produção, a comercialização mais eficiente e principalmente a melhoria qualitativa e quantitativa da produção agroecológica, estabilizando uma oferta permanente de produtos orgânicos, com vistas a implantação de um sistema de certificação de produtos orgânicos regional. Neste contexto nossa proposta é trabalhar com a venda direta valorizando e viabilizando a produção familiar de base agroecológica já existente.

As ações nas áreas rurais priorizam os jovens e suas famílias com o planejamento e início da transição agroecológica e sustentabilidade dos sítios de produção, com a ampliação da biodiversidade agroalimentar e a produção orgânica de base agroecológica. Em outra dimensão, no eixo urbano, através da ação nos quintais e cozinha/escola trabalhamos com a divulgação/sensibilização/educação da população da cidade para que valorizem e recebam a produção orgânica. Em todas as etapas, há participação de jovens bolsistas (Programa de Bolsas de Estudo para o Ensino Básico), integrando e agregando diversos processos formativos em torno de projeto político local, quiçá regional, para produção e acesso aos alimentos da agricultura de base agroecológicos.

Priorizamos a segurança alimentar e a valorização do agricultor como um dos protagonistas da saúde da população e do serviço prestado na conservação do cerrado e das águas, contribuindo com a sustentabilidade ambiental regional. Assim, a valorização do campo como base para a qualidade de vida e saúde e a harmonização da relação campo-cidade são afirmados com eixos de nossa proposta requerendo um trabalho educativo contínuo, em diversos níveis da sociedade.

Desta forma, dentro da linha temática: educação e sistemas sustentáveis e descentralizados de produção, processamento, distribuição e abastecimento de alimentos, considerando extração, pesca e aquicultura e tecnologias de base agroecológica, do presente edital, estaremos abordando as seguintes linhas de pesquisa: a) Produção, abastecimento e comercialização com foco em frutas, legumes e verduras em especial para compras institucionais; k) Formação profissional e educação popular de agricultores familiares e camponeses; r) Circuitos curtos de produção, abastecimento, distribuição e consumo de alimentos, e

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equipamentos públicos e comunitários de preparo e distribuição de alimentos (restaurantes populares, cozinhas, feiras, bancos de alimentos, etc).

A proposta integrada de pesquisa, ensino e extensão intitulada “Agricultores protagonistas de Segurança Alimentar e Nutricional: produção e abastecimento de alimentos”, do Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros - UnB Cerrado, da Universidade de Brasília, constituido em Alto Paraíso de Goiás, foi construida com base em sua atuação prioritária na área de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e pretende criar um Núcleo de Excelência na área de SAN, com reflexos para toda a Chapada dos Veadeiros, que é constituída por 8 municípios, com um total de cerca de 60 mil habitantes.

Já existem na região da Chapada dos Veadeiros políticas públicas destinadas a superar essas questões, como os programas institucionais PAA- Programa de Aquisição de Alimentos e o PNAE - Programa Nacional de Alimentação do Escolar. A e introdução do kit PAIS- Programa Produção Agroecológica Integrada e Sustentável , em parceria com a Fundação Banco do Brasil e o SEBRAE, viabilizou um aumento da produção agrícola de base agroecológica no município, que embora incipiente, requer a organização da produção, a comercialização mais eficiente e principalmente a melhoria qualitativa e quantitativa da produção agroecológica, estabilizando uma oferta permanente de produtos orgânicos, com vistas a implantação de um sistema de certificação de produtos orgânicos regional.

Considerando-se as questões expostas, este projeto tem como objetivo fortalecer a SAN na Chapada dos Veadeiros, valorizando e ampliando a produção agrícola de base agroecológica de alimentos, capilarizando sua distribuição de forma a permitir o acesso dos consumidores a produtos de custo adequado ao poder aquisitivo da população regional e trabalhar com a venda direta, valorizando e viabilizando a produção familiar de base agroecológica já existente. Isso requer várias vertentes de atuação, desde a formação de jovens e agricultores para produção e venda de produtos das agriculturas de base agroecológica, nos mercados locais e institucionais; como a sensibilização e informação da população sobre a importância do fortalecimento da agricultura familiar de base agroecológica, o valor nutricional e preparação desses alimentos.

Pretende-se também ampliar a pesquisa sobre SAN na região, atuando nos Projetos de Assentamento de Colinas do Sul, com aplicação de questionários e coleta de amostrar de unha.

Esta proposta prioriza as ações de informação, educação e sensibilização das populações locais nas áreas urbanas e rurais. A formação de jovens no contexto urbano, para participação em diversas etapas e temas deste trabalho no município sede do Centro UnB Cerrado, Alto Paraíso; a parceria com o Projeto Cozinha Escola de Alto Paraíso, na realização de oficinas de educação alimentar e ambiental e os projetos de extensão, realizados nos quintais dos domicílios urbanos, visam preparar a população para a valorização, produção e consumo dos alimentos de origem agroecológica. Nas áreas rurais serão apoiados os planejamento para transição agroecológica e sustentabilidade dos sítios de produção de base agroecológica, com a ampliação da biodiversidade agroalimentar e a produção orgânica de base agroecológica, envolvendo os jovens e suas famílias. Prioriza-se a valorização do campo e do agricultor como um dos protagonistas da SAN e da saúde da população e pelo serviço prestado na conservação do cerrado e das águas, contribuindo com a sustentabilidade ambiental, e também a busca pela harmonização da relação campo – cidade: afirmados como eixos desta proposta e requerendo um trabalho educativo contínuo, em diversos níveis da sociedade. Esta região poderá vir a ser exemplo para outras do país.

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Desta forma, dentro da linha temática: educação e sistemas sustentáveis e descentralizados de produção, processamento, distribuição e abastecimento de alimentos, considerando extração, pesca e aquicultura e tecnologias de base agroecológica do presente edital, estaremos abordando as seguintes linhas de pesquisa: a) Produção, abastecimento e comercialização com foco em frutas, legumes e verduras em especial para compras institucionais; k) Formação profissional e educação popular de agricultores familiares e camponeses; r) Circuitos curtos de produção, abastecimento, distribuição e consumo de alimentos, e equipamentos públicos e comunitários de preparo e distribuição de alimentos (restaurantes populares, cozinhas, feiras, bancos de alimentos, etc).

Para a realização dessas ações conta-se com o apoio do poder público local e pretende-se, simultaneamente, estabelecer um diálogo com as Instituições parceiras, permitindo promoção de pesquisa, extensão e o intercâmbio de informação científica na área. Entende-se que ao final de dois anos de atuação estaremos aptos a estabelecer um Núcleo de Pesquisa, Extensão e Ensino em Segurança Alimentar e Nutricional, que seja um dos Núcleos da futura Rede Nacional de Núcleos de Pesquisa, Extensão e Ensino que atuem em Segurança Alimentar e Nutricional em articulação aos países da Unasul e África.

PALAVRAS-CHAVE: Segurança alimentar e nutricional, agroecologia, sustentabilidade, agricultura familiar, mercados institucionais, mercados locais e regional.

I. APRESENTAÇÃO

Seguindo as diretrizes da Chamada MCTI/Ação Transversal-LEI/CNPq Nº 82/2013 - Segurança Alimentar e Nutricional no Âmbito da UNASUL e ÁFRICA foi elaborada essa proposta. A União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) é formada pelos doze países da América do Sul. O tratado constitutivo da organização já foi ratificado por dez de seus membros, entrando em vigor no dia 11 de março de 2011. A UNASUL tem como objetivo construir, de maneira participativa e consensual, um espaço de articulação no âmbito cultural, social, econômico e político entre seus povos. A proposta do Centro UnB Cerrado abarca as linhas específicas a, k e r, descritas nas páginas 8 e 9 do edital, a saber:

a) Produção, abastecimento e comercialização com foco em frutas, legumes e verduras em especial para compras institucionais;

k) Formação profissional e educação popular de agricultores familiares e camponeses;

r) Circuitos curtos de produção, abastecimento, distribuição e consumo de alimentos, e equipamentos públicos e comunitários de preparo e distribuição de alimentos (restaurantes populares, cozinhas, feiras, bancos de alimentos, etc).

Trata-se de proposta integrada de pesquisa, ensino e extensão, desenvolvida no âmbito do Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros – UnB Cerrado, a ser executada em sua região de abrangência, mais especificamente nos municípios de Colinas do Sul e Alto Paraíso de Goiás.

O Centro UnB Cerrado foi criado pela Universidade de Brasília em dezembro de 2010 e desde abril de 2011 funciona em caráter permanente com sede na cidade de Alto Paraíso de Goiás. Após três anos atuando neste município com projetos de educação ambiental e nutricional, agroecologia e segurança alimentar, avaliou-se ser o momento de ampliar o seu grupo de pesquisa, formalizando parcerias, trazendo visibilidade e consolidando o Centro UnB Cerrado, por meio da criação de núcleo de SAN.

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II. JUSTIFICATIVA

Encravada no ponto culminante do Planalto Central está localizada a Chapada dos Veadeiros, uma das microrregiões de Goiás, pertencente à mesorregião Norte Goiano. Integram a Chapada dos Veadeiros os municípios de: Alto Paraíso de Goiás, Campos Belos, Cavalcante, Colinas do Sul, Monte Alegre de Goiás, Nova Roma, São João D’Aliança e Teresina de Goiás, totalizando uma área de 21.475,60 Km² de campos de altitude com belezas cênicas exuberantes e paisagens características, entre planaltos, vales, veredas de buritis, canyons, centenas de cachoeiras e nascentes, que valeram à Chapada dos Veadeiros o título de “Berço das águas do Brasil Central”.

Pelas limitações do próprio relevo a região permanece parcialmente intacta com pouca ação antrópica. As formações vegetais presentes são de grande importância ecológica para o Bioma Cerrado, ocorrendo grandes endemismos representados nas diversas fitofisionomias ocorrentes como: campos limpos, campos sujos, campos ruprestes, campos úmidos, cerrado “sensu stricto”, cerradão, carrascos, matas mesofíticas e matas ciliares. Esta biodiversidade vegetal propiciou uma igualmente preciosa fauna interespecífica também endêmica à região que tem sido objeto de diversos estudos mais aprofundados.

No coração da Chapada se localiza o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Criado em 1961, é ladeado por imensas áreas de Cerrado intactas, representando o maior bloco de Cerrado contínuo do Estado de Goiás. Reconhecida a importância ambiental da região, foram criadas várias categorias de unidades de conservação. Além do Parque Nacional, estas unidades foram reconhecidas como Patrimônio Natural da Humanidade e conferido à região o título de Reserva da Biosfera do Cerrado, reconhecida e apoiada pela UNESCO, no ano 2000.

Todas estas Unidades de Conservação têm como objetivo a preservação e o estudo científico do imenso e pouco conhecido patrimônio genético do Cerrado. Por outro lado, os municípios da região apresentam dificuldades para lidar com este potencial para gerar riqueza e qualidade de vida para a população. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio dos municípios da Chapada dos Veadeiros é 0,68. Alguns dos problemas na região justificam esse índice, a saber: baixo nível de escolaridade, educação de baixa qualidade, alto desemprego, pouca oportunidade para jovens, flutuações sazonais de postos de trabalho em função do turismo (em alguns municípios).

A população total da Chapada dos Veadeiros é de 60.267 habitantes, dos quais 21.398 vivem na área rural, o que corresponde a 35,51% do total1. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Chapada dos Veadeiros possui 3.347 agricultores familiares, 1.412 famílias assentadas, 06 comunidades quilombolas e 01 terra indígena. Assim, não obstante os baixos índices socioeconômicos, a Chapada dos Veadeiros guarda, além de patrimônio natural, significativa diversidade cultural, decorrente de diferentes ondas históricas de ocupação da região.

No entanto, grande parte da população local não tem oportunidades de formação adequada para associar aos seus saberes e fazeres tradicionais, os conhecimentos técnico-científicos necessários para a melhoria de suas iniciativas de trabalho, geração de renda e alimentação saudável, com base no aproveitamento sustentável das riquezas naturais da Chapada dos Veadeiros.

1( Fonte: http://www.territoriosdacidadania.gov.br/)

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Considerando a necessidade de conservação da região, é evidente então o papel da agricultura familiar, sobretudo com ênfase na produção agropecuária de base agroecológica, o que irá contribuir diretamente com a melhoria da qualidade de vida de sua população, ainda mantenedora de uma cultura rural fortemente adaptada às condições produtivas locais.

A conservação desta sociodiversidade associada às riquezas naturais, em uma das últimas áreas remanescentes do Bioma Cerrado no Estado de Goiás, com foco no bem estar social, geração de renda, segurança alimentar e qualidade de vida é o objetivo maior do Centro UnB Cerrado, criado e instalado na cidade de Alto Paraíso de Goiás no início de 2011.

A criação do UnB Cerrado resultou de um processo de diálogo da UnB com a sociedade de Alto Paraíso desde o ano de 2007, quando seus representantes conquistaram a destinação de emenda parlamentar para construção do espaço físico, agora em fase de conclusão das edificações.

Reuniões periódicas desde junho de 2008 (após a confirmação da destinação da emenda parlamentar) resultaram no planejamento do espaço físico e do regimento que atualmente regula as atividades deste Centro. Representantes de OnGs e de grupos de produtores de áreas rurais, além de cidadãos de Alto Paraíso interessados na presença da universidade, e representantes do poder público local, participaram ativamente do planejamento.

Além disso, a proponente deste projeto começou a atuar efetivamente na cidade de Alto Paraíso em 2009, com projeto de extensão de educação ambiental em escolas, para em 2010 agregar a educação nutricional, com a participação da Profa Lívia Rodrigues na UnB. Somente em 2011, com a criação formal deste Centro pelo conselho superior da UnB (CONSUNI), as atividades passaram a ser mais contínuas e permanentes.

A experiência nesses quase três anos de atuação formal, além dos anos anteriores de prospecção das demandas e potencialidades locais e regionais, mostra que a vocação da região é ainda rural e que há real potencial para que sua população diminua a condição de pobreza em que se encontra, sobretudo pela possibilidade de ampliação da produção com base agroecológica e melhoria da alimentação.

Para uma atuação mais contínua, o Centro precisa trazer pesquisadores que permitam ampliar a massa crítica de suporte à pesquisas e à extensão, o que motiva a criação deste grupo, que catalisaria novos pesquisadores parceiros e consolidaria ações que já vem sendo realizadas pela maior parte da equipe aqui nominada. Ênfase especial à parceria com a UFG, com pesquisadores compondo esta equipe, e aproximação formal com grupos de pesquisadores.

Além disso, as carências observadas, sobretudo em coletivos de assentamentos da reforma agrária, motivam e orientam pragmaticamente esta proposta.

III. CONTEXTO E PROBLEMA A SER ABORDADO

A identificação e caracterização do problema aqui abordado emergem da experiência de alguns dos pesquisadores envolvidos nesta proposta, sobretudo a proponente, iniciada no ano de 2011 com o funcionamento do Centro UnB Cerrado.

Essas atividades visavam à execução do PROJETO “Estruturação e Implantação de Centros de Pesquisa e Extensão na Universidade de Brasília e no Distrito Federal”, cuja Meta 4, intitulada “Estruturação e Implantação do Centro de Estudos Avançados do Cerrado da UnB, na Chapada dos Veadeiros”, contempla

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este Centro de Estudos. Tal projeto disponibilizou 80 bolsas de iniciação científica e extensão juniores, pelo período de dois anos. Em 2013, executadas essas metas, a Meta 3 do mesmo Projeto, cedeu novas bolsas, que ainda estão em fase de execução. Para os anos de 2014 e 2015, há ainda 50 bolsas de 12 meses, por ano.

Em 2011 foi criado o Programa de Bolsas de Estudo para o Ensino Básico, a fim de oferecer atividades de pesquisa e extensão para bolsistas juniores e ainda formação complementar, sob a forma de cursos de extensão, considerando a baixa qualidade do ensino local e a falta de preparo dos bolsistas para realizar as atividades propostas pelos projetos dos professores.

Naquele ano de 2011, foram então ofertados os Cursos de Extensão, listados abaixo, na cidade e em áreas rurais, além da participação dos bolsistas nos projetos de pesquisa e extensão coordenados pelos professores da UnB.

CURSOS DE EXTENSÃO - 2011Curso Local ofertado Carga horária

Agroecologia e Jardinagem Cidade de Alto Paraíso de Goiás 280 horas/aulaComunicação e Informação Cidade de Alto Paraíso de Goiás 280 horas/aulaMontagem e Recuperação

de EletrônicosCidade de Alto Paraíso de Goiás 280 horas/aula

Agroecologia PA Sílvio Rodrigues – área rural do Município de Alto Paraíso de Goiás

200 horas/aula

Agroecologia Comunidade do Sertão - área rural do Município de Alto Paraíso de Goiás

200 horas/aula

OBS: Todos os cursos contaram com carga horária específica para disciplinas referentes aos temas: meio ambiente, cidadania, sustentabilidade, cerrado, água, promoção da saúde, alimentação sustentável e segurança alimentar e nutricional.

A experiência de 2011 mostrou que os cursos de formação ofertados na cidade não eram ideais para o público pretendido, em função de sua imaturidade e falta de base escolar, conseqüência não só da idade como também da precariedade do ensino público na cidade. Entretanto, nas áreas rurais, apesar de algumas resistências iniciais dos jovens, os cursos tiveram sucesso.

A experiência das disciplinas dos cursos de 2011 que trataram dos temas transversais (saúde e meio ambiente) mostrou que o trabalho com projetos era bastante promissor. E assim, o Programa de Bolsas de Estudo para o Ensino Básico passou, a partir de 2012, a consistir em trabalho com projetos de cidadania na cidade e, nas áreas rurais, projetos de agricultura com base agroecológica e segurança alimentar, voltados para a realidade de cada comunidade. Os trabalhos foram acompanhados por oficinas sobre diversos temas relacionados à sustentabilidade e cidadania, além de estudos teóricos.

No caso das áreas rurais, havia e há total integração entre os projetos por eles criados e desenvolvidos e as pesquisas e estudos coordenados pela proponente deste projeto. Os estudos realizados nessas áreas rurais, iniciados em 2011, resultaram na publicação de cartilhas, para cada uma das localidades. Cada cartilha consistiu do levantamento, pelos próprios bolsistas, de diversos aspectos das comunidades envolvidas, como forma de valorização e consolidação da identidade de cada uma, afirmando um processo ontológico de manifestação e aprendizado, colocando o homem como sujeito dos agroecossistemas. Sendo que em 2012

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no Povoado do Moinho foi criada nova turma de bolsistas e também realizado trabalho de projeto, associado à pesquisa sobre a comunidade. (Cartilhas - Laranjeira et al (org.), 2012 a, b e c)2.

Em 2013, nas áreas rurais, passamos a trabalhar com projetos individuais. Cada jovem começou uma atividade produtiva de base agroecológica na propriedade de sua família, com a participação de todos os familiares nos projetos, recebendo orientações sobre segurança alimentar e diversificação da produção, além da grande troca de experiências ocorrida entre membros da equipe e os agricultores sobre diversas questões práticas do uso de bases agroecológicas na agropecuária desenvolvida em suas unidades de produção familiar. A exceção foi no Povoado do Moinho, que manteve projetos coletivos, pelo próprio caráter da comunidade, povoado tradicional, com cultura de trabalho conjunto.

Na cidade, um grupo de bolsistas realizou pesquisa em quintais dos principais bairros, concluindo que o cultivo de frutas, hortaliças e outros alimentos ainda é uma realidade bastante comum na cidade.

Além disso, o trabalho na cidade desenvolvido pelos demais grupos, por escolha dos bolsistas, acabou abordando a temática de Agroecologia e segurança alimentar. Atualmente, as duas escolas municipais da cidade, uma creche, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), e uma escola estadual (há somente duas na cidade) estão realizando projetos com hortas, jardins e pomares com base em tecnologias agroecológicas. Todas as instituições já registram mudanças na alimentação escolar, com a orientação das merendeiras, e direções, e também pela participação direta de algumas turmas (professores e alunos) nos trabalhos com a implantação, manutenção e manejo preconizados pelos projetos. Gradativamente as escolas estão inserindo estes projetos em sua rotina e planejamentos pedagógicos, demonstrando uma apropriação gradativa dos conhecimentos ofertados pelo Centro UnB Cerrado.

O Programa de Bolsas para o Ensino Básico do Centro UnB Cerrado tem apresentado excelentes resultados. Entretanto, o recurso para manter a formação esgota-se neste ano de 2013, apesar de ainda haver a disponibilidade de cerca de 100 bolsas de estudo de 12 meses. Pretende-se dar continuidade a este importante Programa, por meio desta proposta que aqui apresentamos, com mudanças metodológicas, de acordo com os conhecimentos adquiridos por esta equipe, sobretudo no ano de 2013, trabalhando diretamente com os agricultores e suas organizações, o que trouxe novas perspectivas para este trabalho.

Além do Programa de Bolsas, foi também realizado pelo Centro UnB Cerrado e outros parceiros, como a Cooper Frutos do Paraíso3, e as secretarias de educação municipal e estadual, um encontro de merendeiras, com objetivo de valorização dos produtos orgânicos da agricultura familiar. A sensibilização, divulgação e valorização da produção de base agroecológica para a SAN (todos os cooperados são produtores agroecológicos) assim como a criação de receitas e diversificação da alimentação escolar, foram foco do

2 LARANJEIRA, N.P.; GASPARINI, C.B.; Câmara, C.B. (org.). Assentamento Sílvio Rodrigues & Cidade da Fraternidade, Alto Paraíso de Goiás. Brasília:UnB, 2012. Coleção Riquezas da Chapada dos Veadeiros. V. 1. 31 p. (Cartilha)LARANJEIRA, N.P.; GASPARINI, C.B.;BERNARDES, S.; (org.). Comunidade do Sertão, Alto Paraíso de Goiás. Brasília:UnB, 2012. Coleção Riquezas da Chapada dos Veadeiros. V. 2. 36 p. (Cartilha)LARANJEIRA, N.P.; MEIRELES, C. da C.; GASPARINI, C.B. (org.). Povoado do Moinho, Alto Paraíso de Goiás. Brasília:UnB, 2012. Coleção Riquezas da Chapada dos Veadeiros. V.3. 23 p. (Cartilha)3 A Cooper Frutos do Paraíso é uma cooperativa de abrangência regional, responsável pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em toda a Chapada dos Veadeiros, que repassa alimentos adquiridos pelo PAA e destinados ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

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encontro. A principal reivindicação das merendeiras é a disponibilização de receitas para melhor aproveitar os alimentos repassados pela Cooperativa.

Está também em execução o Projeto de Extensão e Ação Continuada (PEAC) intitulado Alimentação Sustentável: Nutrição e Educação que desde 2011 tem atuado com atividades integradas de Educação Ambiental e Nutricional, e que realizou inúmeras oficinas, com a comunidade e com os jovens bolsistas, nas áreas urbanas e rurais. Nessas oficinas foi enfocada a importância do consumo de hortaliças e seu preparo, com ênfase nos alimentos regionais, bem como o destino adequado dos resíduos produzidos . Utiliza metodologias inovadoras, planejamento participativo, privilegiando a prática e a ação-reflexão-ação, e possibilitando aos participantes desenvolver ações que contribuam para o fortalecimento da cidadania pró-ativa. Este projeto produziu um Guia de Alimentação Saudável e Sustentável para Escolas (RODRIGUES, 2011)4, que foi distribuído no Encontro de Merendeiras e também nas escolas locais, com o objetivo de difundir técnicas pedagógicas para a prática da educação alimentar e propor a utilização de receitas de fácil execução e de boa aceitação.

Uma das pesquisas realizadas por membros do Centro UnB Cerrado e que se encontra em andamento é a "Segurança Alimentar e Nutricional na Chapada dos Veadeiros", e tem como principal objetivo analisar a segurança alimentar e nutricional (SAN) no município de Alto Paraíso de Goiás, em uma primeira fase, e posteriormente, abranger os outros municípios. Foram analisados os hábitos alimentares de 36 famílias residentes na cidade de Alto Paraíso, por meio de aplicação de questionário de freqüência alimentar e recordatório de 24 horas (FISBERG, 2005)5; aplicada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) nos domicílios, conforme metodologia desenvolvida por Correa (2007)6, e feita a análise do estado nutricional por meio da análise isotópica de unhas. Este é um método de amostragem não-invasivo e a queratina presente na unha é capaz de integrar a dieta dos últimos seis meses (O’CONNELL, 2001)7. As informações obtidas ao analisar os hábitos alimentares, juntamente com a identificação das fontes e freqüência dos itens que constituem as dietas alimentares, permitem a comparação com os padrões alimentares identificados através das análises isotópicas (NARDOTO et al. 2006)8. Os resultados da análise isotópica das unhas e da freqüência de consumo dos alimentos mostraram que o consumo de alimentos origem C3 (grãos e vegetais) continua fazendo parte da dieta destes moradores, mas houve uma tendência de alto consumo de plantas do tipo fotossintético C4, indicando uma alta incorporação de itens que fazem parte da “dieta do supermercado”, baseada principalmente em produtos industrializados (MACIEL et al, 2012)9.

4 RODRIGUES, L.P.F. Guia de Promoção da Alimentação Saudável e Sustentável para Escolas. Brasília: Universidade de Brasília, Decanato de Extensão, 2011. 44p.5 FISBERG, R.M., VILLAR,B.S., MARCHIONI, D.M.L,MARTINI, L.A. Inquéritos alimentares: métodos e bases científicos. Barueri; Manole; 2005. 334 p.6 CORREA, A.M.S. Insegurança Alimentar medida a partir da percepção das pessoas. Estudos Avançados 21 (60), 2007, p.143-154.7 O'CONNEL, T.C.; HEDGES, R.E.M.; HEALEY, M.A.; SIMPSON, A.H.R.W. 2001. Isotopic Comparison of Hair, Nail and Bone: Modern Analyses. Journal of Archaeological Science 28: 1247-1255.8 NARDOTO, G.B.; SILVA, S.; KENDALL, C.; EHLERINGER, J.R.; CHESSON, L.A.; FERRAZ, E.S.B.; MOREIRA, M.Z.; OMETTO, J.P.H.B.; MARTINELLI, L.A. 2006a. Documenting Geographical Patterns of Human Diet Through Stable Isotope Analysis of Fingernails. American Journal of Physical Anthropology 131:137-146.9 MACIEL, A.N.; OTANÁSIO, P. N.; CARVALHO, R.C.; ROQUE-SPECHT, V.F.; NARDOTO, G.B.; RODRIGUES, L.P.F. Levantamento dos hábitos alimentares nas famílias dos estudantes do Centro de Estudos UnB Cerrado. In: 18o Congresso de Iniciação Científica da UnB - UnB 50 anos: Pesquisa e Inovação, 2012, Brasília. Programação de 18o Congresso de Iniciação Científica da UnB - UnB 50 anos: Pesquisa e Inovação. Brasília: UnB, 2012. v. 1. p. 92-92.

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A partir das análises feitas após a aplicação da EBIA, pode-se verificar que em 44% dos domicílios houve garantia de acesso aos alimentos em quantidade e qualidade adequados, estando tais famílias em Segurança Alimentar, mas em 32% das residências, detectou-se Insegurança Alimentar Leve e em 24% dos domicílios, insegurança alimentar de moderada a grave. Os resultados encontrados mostram que os graus de Segurança e Insegurança Alimentar estão abaixo da média estadual (Goiás) e da nacional, o que pode estar relacionado às condições sócio econômicas do município. Outro aspecto relevante encontrado foi que, embora grande parte das famílias possua horta e quintal, os moradores não consomem regularmente o que é produzido, o que reforça o padrão de consumo do tipo urbano (CARVALHO et al, 2012)10.

Todo esse contexto apresentado motivou a elaboração do projeto intitulado Cozinha-Escola em Alto Paraíso, GO: Espaço de Reflexão e Práticas em Segurança Alimentar e Nutricional, como estratégia de superação da pobreza, que concorreu ao Edital Projeto Proex 2014, na Linha 7: Redução das desigualdades sociais e combate a extrema pobreza, item 4.7.3: Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), tendo sido aprovada sua execução para 2014. Trata-se de proposta de Cozinha-Escola comunitária, a ser desenvolvida nas instalações do Centro UnB Cerrado, como uma estratégia de fortalecimento da SAN na região, desenvolvendo valores ligados à cidadania, sustentabilidade, solidariedade, e cooperação. Prevê a formação de agentes multiplicadoras de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) e SAN; o desenvolvimento, a criação de espaços populares de comercialização de alimentos, entre outras ações. Ao formar lideranças comunitárias em SAN, esse projeto de Cozinha Escola Comunitária estará empoderando mulheres da comunidade e merendeiras para serem multiplicadoras de práticas que beneficiarão a SAN, estimulando o consumo de produtos produzidos localmente, testando novas receitas e valorizando a cultura tradicional alimentar local. As feiras, a serem realizadas nas dependências do UnB Cerrado, permitirão que outras pessoas da comunidade tenham acesso ao que foi preparado na cozinha, repassem o excedente da produção local de hortas e quintais, por meio de venda ou troca, desenvolvendo economia solidária. Essas ações poderão contribuir para a diminuição da pobreza local e, conseqüentemente, da melhora da SAN do município de Alto Paraíso de Goiás.

A parceria UnB Cerrado e a Cooper Frutos do Paraíso vem se estreitando, sobretudo a partir de 2012, com o objetivo de valorizar a agricultura familiar de base agroecológica e incentivar a reprodução de sementes de variedades crioulas da região. Neste mês de novembro, realizaremos a III Feira de Mudas e Sementes da Chapada dos Veadeiros, onde são mostradas, comercializadas, doadas e/ou trocadas sementes e mudas do cerrado e agroecológicas, abrindo o diálogo sobre os métodos e a necessidade de conservação das mesmas para as práticas de uma agropecuária de base agroecológica na região.

A integração da investigação científica em Segurança Alimentar e Nutricional - SAN às políticas institucionais do governo federal, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e a introdução do programa Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) realizado em Parceria com a Fundação Banco do Brasil e SEBRAE, viabilizaram um aumento, escoamento e absorção da produção agrícola de base agroecológica no município, estimulando a promoção do desenvolvimento social, a segurança alimentar e nutricional e a inclusão social. Esse quadro traz a necessidade de iniciarmos nova

10 CARVALHO, R.C.; OTANÁSIO, P. N.; MACIEL,  A.N.; ROQUE-SPECHT, V.F.; NARDOTO, G.B.; RODRIGUES, L.P.F. Levantamento do grau de insegurança alimentar e dos recursos alimentares disponíveis no município de Alto Paraíso de Goiás.  In: 18o Congresso de Iniciação Científica da UnB - UnB 50 anos: Pesquisa e Inovação, 2012, Brasília. Programação de 18o Congresso de Iniciação Científica da UnB - UnB 50 anos: Pesquisa e Inovação. Brasília: UnB, 2012. v. 1. p. 92-92.

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etapa, foco deste projeto: trabalhar pela venda direta com a valorização da produção de base agroecológica familiar junto à população como um todo, e não só mais nas instituições de ensino.

O acesso ao mercado local vem requerendo, tanto a organização da produção, quanto o foco em uma comercialização eficiente e mesmo, a ampliação da produção agroecológica. Ampliando a produção se estabiliza uma oferta constante e permanente de produtos orgânicos, e este é um passo fundamental para que possamos debater a implantação de um sistema de certificação de produtos orgânicos regional.

Mais importante, a manutenção da população jovem no campo tem sido o foco das atenções deste Centro nas áreas rurais em várias de suas ações. Essa permanência passa pelo protagonismo dos produtores jovens, pela revalorização da cultura rural e pela geração de renda suficiente para mudar a realidade das áreas rurais, sobretudo pela geração e adoção de tecnologias sociais apropriadas, que é parte do universo do jovem camponês.

A busca constante pela autonomia da propriedade rural nos tem levado a orientar a inserção dos projetos no sítio de produção como um todo, procurando estabelecer sinergia entre os processos agroecológicos preexistentes e entre esses e os novos processos preconizados pelos produtores jovens do Programa de Bolsas. Dessa forma estabelece-se também maior interatividade entre os familiares, que se descobrem como parte de uma atividade única, o “sitio de produção”, onde o projeto relacionado com a bolsa oferecida pelo Centro UnB Cerrado é apenas o foco inicial da prática extensionista. Daí por diante o espaço doméstico e peridoméstico se confundem e se integram com o restante do sítio de produção, ampliando as possibilidades de relacionamento dos universos de vida feminino e masculino em um processo de ajustamento, resultando relações de gênero mais equânimes.

Alguns temas têm sido e continuarão a ser trabalhados com esses jovens e suas famílias: planejamento para transição agroecológica e sustentabilidade dos sítios de produção de base agroecológica, ampliação da biodiversidade agroalimentar, manejo, uso e conservação de frutos do cerrado, produção orgânica de base agroecológica, com foco primeiro na segurança alimentar e a valorização do agricultor como um dos protagonistas da saúde da população e pelo serviço prestado na conservação do cerrado e das águas, contribuindo com a sustentabilidade ambiental regional.

A revitalização e resgate da cultura rural, que vem se perdendo de forma acelerada, embora há pouco tempo nesta região, é o objetivo mais geral desta proposta. A valorização do campo como base para a qualidade de vida e saúde e a harmonização da relação campo-cidade são eixos importantes. Por isso, requerem trabalho educativo contínuo, em diversos níveis da sociedade, e esta região poderá vir a ser exemplo para outras do país.

Segundo Caporal e Costabeber (2007)11 a Agroecologia pode ser a base para a mudança socioambiental gradativa. Deve ser compreendida como uma ciência que estabelece as bases para a construção de estilos de agriculturas sustentáveis e de estratégias de desenvolvimento rural sustentável. Pode ser entendida como um enfoque científico destinado a apoiar a transição dos atuais modelos de desenvolvimento rural e de agricultura convencionais para estilos de desenvolvimento rural e agriculturas sustentáveis. A partir de um enfoque sistêmico, adota o agroecossistema como unidade de análise, proporcinando as bases científicas para a transição das agriculturas.

11 CAPORAL, F. R. Agroecologia: alguns conceitos e princípios / por Francisco Roberto Caporal e José Antônio Costabeber; 24p. Brasília:MDA/SAF/DATER-IICA, 2007.

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Na Agroecologia é central o conceito de transição agroecológica que ocorre através do tempo nas formas de manejo dos agroecossistemas. O enfoque da transição agroecológica é complexo, tanto sob o ponto de vista tecnológico, como metodológico e organizacional. Segundo Gliessman (2000), apud Caporal e Costabeber (2007)12, podemos distinguir três níveis fundamentais no processo de transição ou conversão para agroecossistemas sustentáveis. O primeiro diz respeito ao incremento das práticas convencionais para reduzir o uso e consumo de insumos externos caros, escassos e daninhos ao meio ambiente. O segundo nível de transição se refere à substituição de insumos e práticas convencionais por práticas e insumos alternativos. O terceiro e mais complexo nível da transição é representado pelo redesenho dos agroecossistemas, para que estes funcionem com base em novos conjuntos de processos ecológicos.

A maior justificativa do desenvolvimento dessa proposta é o binômio fome/desnutrição e estas podem ser enfrentadas com soluções paliativas. Mas para atuar efetivamente com as causas geradoras da fome, com a escassez de alimentos, com a qualidade alimentar, com sua erradicação futura, faz-se necessária uma preparação técnica agroecológica paradigmática dos atuais e futuros produtores. Portanto, torná-los capazes de enfrentar barreiras vencendo-as em certo espaço de tempo. Ampliar a capacidade interna de pesquisa, geradora de tecnologias sociais, e a capacidade de se manifestar como ser ontológico.

Juntamente com a mudança do paradigma tecnológico relativo à melhoria e manutenção permanente dos sítios de produção de alimentos, com sua conversão para agroecossistemas de base agroecológica é preciso ampliar a capacidade de suporte ambiental.

Esse direcionamento se faz necessário pelo constante crescimento da população e mesmo pelo enfrentamento das questões ambientais mais sérias: em uma dimensão externa a chegada da fronteira agrícola da soja e das estradas com seus impactos e riscos ambientais; e em uma dimensão interna tanto a prática descontrolada de se colocar fogo na chapada todos os anos sem o uso dos conhecimentos tradicionais de seu manejo, quanto a perda da fertilidade dos sítios de produção de alimentos cultivados e mesmo a criação extensiva de gado sem critérios técnicos de sustentabilidade. Principalmente as últimas têm contribuído fortemente com a exaustão dos recursos ambientais disponíveis e perda da segurança alimentar tradicional.

A necessidade de refertilização dos locais de plantio com metodologias e princípios agroecológicos de recuperação de solos degradados se faz necessária e urgente para que possamos conduzir a agricultura para patamares mais sustentáveis com a manutenção dos sítios de produção por mais tempo. No meio rural, a mudança parcial do sistema de produção tradicional familiar solidária, espontânea, para uma forma comunitária, induzida, ampliou a erosão genética das plantas cultivadas com o abandono de sementes e técnicas ancestrais de manejo agrícola. Alguns velhos sábios possuem esses conhecimentos sobre as particularidades dos ecossistemas presentes no Cerrado, o que os levou a criarem um forte movimento de resistência pela manutenção de sua cultura. Algumas práticas culturais são mais fortes e constantes em uma parcela pequena de comunidades que ainda mantêm suas raízes vigorosas sustentando a cultura rural.

O permanente e insustentável estado de insegurança alimentar e nutricional que permeia a vida em assentamentos recentes da reforma agrária (como são os casos no município de Colinas) prioriza, portanto, a

12 Conforme ainda Caporal e Costabeber, 2007, agroecossistema é a unidade fundamental de estudo, nos qual os ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos biológicos e as relações sócio-econômicas são vistas e analisadas em seu conjunto. Nesta perspectiva, parece evidente a necessidade de adotar-se um enfoque holístico e sistêmico em todas as intervenções que visem transformar ecossistemas em agroecossistemas.

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construção de estratégias de sobrevivência física e cultural baseadas em novos conhecimentos agroecológicos facilmente amalgamados aos tradicionais, em soluções sustentáveis de sobrevivência.

Realizar a presente proposta significa estar contribuindo com a formação de uma consciência crítica sobre procedimentos de base agroecológica de produção de alimentos, demonstrando a viabilidade prática de se permanecer em um mesmo sítio de produção.

O bem estar social exige uma ética de solidariedade para buscar soluções vencedoras. A transição agroecológica é um exemplo de como se parte para um campo sustentável onde natureza e cultura são constituídas como variáveis notadamente necessitadas de preservação, cuidado e significação, para o contato com a sociedade envolvente, processo que se dá com intensa participação e parcerias com diversas entidades e intuições.

A organização do conhecimento, do saber/fazer, da epistemologia, da ontologia e da cultura no meio rural, esboça a categorização, conceitualização e organização sócio-cultural a partir de tipologias intrinsecamente vinculadas à biodiversidade. Essa diferenciação ontológica cria a possibilidade de referência como seres que possuem outra cognição, linguagem e simbolismo, a partir de interações com a natureza, extremamente intensas e próximas.

Essa proximidade e cognição sobre a natureza conferiram um aporte de resistência para estas comunidades, tendo mantido-as em suas terras de onde ainda podem utilizar os recursos naturais para sua manutenção, ao mesmo tempo essa atitude os mantêm preservados, por isso necessitam que a biodiversidade se encontre e seja mantida em boas condições.

O meio rural vivia de forma autônoma possuindo mecanismos próprios de manter a subsistência e a saúde. A lógica de seus conhecimentos, expressa no jeito de ver a realidade, dando ordenamento a seu mundo, sempre se fez através de uma visão cosmológica integrada e em condições naturais garantiam a sua sobrevivência e autonomia.

A busca de alternativas para a geração de renda implica em dificuldades na manutenção do equilíbrio do agroecossistema estabelecido. Antigos e preciosos recursos genéticos podem ser abandonados comprometendo a biodiversidade agroalimentar com reflexos diretos para a desestruturação da segurança alimentar e nutricional rural.

A extensão rural praticada nas comunidades possui alguns equívocos filosóficos, as tecnologias induzidas perpetuam modelos insustentáveis de sobrevivência. A extensão na área de planejamento, execução e monitoramento de projetos direcionados a segurança alimentar e nutricional e a geração de renda estará iniciando a construção de metodologias e geração de conhecimentos que com o tempo se transformam em tecnologias sociais de largo uso com autonomia e sustentabilidade.

Contemporaneamente, vem crescendo a busca de recursos para a realização de projetos que auxiliem as comunidades rurais na recuperação, reconstituição e transformação de seus sistemas de segurança alimentar e nutricional e mesmo para a geração de renda que faça frente às sempre crescentes demandas por bens de manufatura externa.

Diversas políticas públicas se relacionam com questões econômicas, cabendo lembrar a importância dessas políticas no desenvolvimento de uma economia regional forte e soberana. A realização de bons projetos e a

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estruturação dos órgãos responsáveis por essas políticas são fundamentais para a mudança dos atuais paradigmas.

Tradicionalmente o meio rural sempre teve fazendeiros criadores de gado, principalmente para o fornecimento de carne e couro, além de outros animais de carga (jumentos, mulas e burros). Garantindo assim parte da subsistência e alguma mobilidade no território. Assim a economia regional tem como um de seus esteios a agropecuária, onde muitos trabalhadores têm essa habilidade de vaqueiro.

A atividade, embora ancestral, provoca hoje um grande impacto, pois os pastos são permanentemente roçados para privilegiar o capim e parte razoável das poucas madeiras ocorrentes nos cerrados acabam sucumbindo diante da grande necessidade de cercas e currais. Há, portanto, neste caso um grande interesse desta proposta disponibilizar tecnologias de base agroecológica de criação de animais, que permitam a fácil apropriação trabalhando basicamente com o redimensionamento e adequação dos sistemas tradicionais.

Com relação a mercado local, Alto Paraíso de Goiás, apesar de ser município com cerca de 7.000 mil habitantes, difere de muitas cidades deste porte no Estado de Goiás, por contar com grande população vinda de grandes centros em busca de qualidade de vida e valorização da pureza ambiental e da alimentação saudável. Conta hoje com a Feira do Produtor, com espaço próprio, realizando feiras às terças feiras e sábados, com público crescente. Entretanto, o público consumidor dessa produção é constituído principalmente por pessoas vindas de fora. O desafio que nos é colocado neste momento é fazer com que a produção local chegue às pessoas originárias e radicadas do local, mais carentes, e ao comércio local. A caracterização deste mercado, suas potencialidades e a forma de acessá-lo precisam ser mais conhecidos, necessitando pesquisar e ouvir diversas pessoas e grupos locais.

É certo que a valorização dos alimentos da agricultura familiar de base agroecológica, sua riqueza e a importância da alimentação saudável e sustentável formam o eixo norteador desse trabalho de ampliação do mercado local e venda direta, sendo também o grande desafio que está posto.

A primeira sondagem realizada junto a restaurantes da cidade mostrou grande abertura desses estabelecimentos comerciais para compra direta. A reunião realizada com os presidentes das associações da Feira e do Projeto de Assentamento (PA) Sílvio Rodrigues, além de representante da Cooperativa Frutos do Paraíso, selou a parceria destes com o Centro UnB Cerrado para realização de pesquisa detalhada sobre o mercado local, organização da produção e enfrentamento do desafio da venda direta.

Por meio do Território da Cidadania Chapada dos Veadeiros, foi encaminhado projeto para criação da infraestrutura para implantação do SIM (Selo de Inspeção Municipal), tendo como proponente o consórcio regional CISBAN. Por ser criado via consórcio regional, o SIM vai permitir a circulação de mercadorias regionalmente, ou seja, em todos os municípios do consórcio, o que criará novos espaços de comercialização. O diálogo com os coletivos que compõe este Território é chave para a questão da distribuição de alimentos.

O caso do município de Colinas do Sul é ainda pouco conhecido dessa equipe. A proponente realizou visita ao PA Boa Esperança (34 lotes), no qual estava reunidas pessoas de mais dois PA: Córrego do Bonito (68 lotes) e Terra Mãe (99 lotes). Os três mostram muita semelhança em sua história e condições atuais: estão nos lotes há cerca de um ano, mas estes não foram oficialmente demarcados, ainda não receberam o

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recurso para a construção das casas, e se encontram em palhoças e barracos, não têm acesso a energia elétrica e a maioria tem grande dificuldade de acesso a água.

A visita foi demandada por liderança do PA Boa Esperança, que é membro do colegiado regional do Território da Cidadania da Chapada dos Veadeiros, e teve como objetivo realizar levantamento de demandas para o PRONATEC Campo de 2014. O levantamento foi realizado, mas constatou-se que as necessidades são muitas e um trabalho de extensão rural mais sistemático deveria ser realizado nestas comunidades de assentados, paralelamente à oferta de cursos. Opta-se então por iniciar um trabalho com estes grupos, com a aplicação da pesquisa de avaliação da SAN, realizando aproximação que permita planejar ações futuras com essas comunidades. Assim, o problema que se coloca neste contexto é diverso daquele colocado para Alto Paraíso. O apoio ao PRONATEC Campo ofertado nos assentamentos é também um objetivo deste projeto, o que permitirá conhecer melhor essas comunidades, ainda que não seja momento para aprofundamentos.

Parceiros como SEBRAE e PRONATEC (este último por meio do programa Territórios da Cidadania) serão chave neste processo de formação dos agricultores para a transição agroecológica, organização e planejamento da produção e comercialização. A proponente desta proposta é hoje primeira secretária do colegiado territorial do Território da Cidadania Chapada dos Veadeiros (TCCV) e apresentou demandas para o PRONATEC Campo para Alto Paraíso e Colinas do Sul. Fez proposta ao MDA para trabalhar conjuntamente com a equipe deste programa, mobilizando pessoas, discutindo e elaborando programas de cursos e mantendo mobilização após a finalização das aulas. Os participantes destes cursos que estejam matriculados no ensino básico poderão participar do Programa de Bolsas de Estudo para o Ensino Básico, recebendo bolsa da UnB e se comprometendo com a continuidade de sua ação na terra por um ano.

Por isso, esta proposta conta com bolsas de extensão (ATP e EXP), a fim de manter supervisão e alinhamento entre as pessoas que participarão dos cursos de formação, mantendo atividades contínuas. A disponibilidade de bolsas juniores para os próximos anos garante público jovem em todas as etapas deste trabalho: pesquisas, divulgação, campanhas educativas, trabalho com os quintais, diversificação da produção, agregação de valores e comercialização.

A experiência do Centro UnB Cerrado durante esses quase três anos, nas áreas rurais e na cidade de Alto Paraíso, mostrou o grande potencial do município para produção e consumo de alimentos gerados com base agroecológica e para atingir uma alimentação mais sustentável e saudável. Entretanto, esse potencial só poderá ser atingido com ações sistemáticas, planejadas e executadas com os diversos parceiros locais.

IV. OBJETIVOS

IV.1. OBJETIVOGERAL

Fortalecer a segurança alimentar e nutricional na Chapada dos Veadeiros, a partir da valorização e ampliação da produção agrícola de base agroecológica de alimentos, capilarizando sua distribuição de forma a permitir o acesso dos consumidores a produtos de custo adequado ao poder aquisitivo da população regional.

IV.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

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1. Valorizar o consumo da produção da agricultura familiar de base agroecológica, reforçando a segurança alimentar em Alto Paraíso de Goiás;

2. Formar jovens e agricultores para produção e venda de produtos das agriculturas de base agroecológica, nos mercados locais e institucionais;

3. Conhecer o mercado local e suas potencialidades, incentivando novos espaços de venda direta da produção da agricultura familiar de base agroecológica em Alto Paraíso;

4. Sensibilizar e informar a população sobre a importância do fortalecimento da agricultura familiar de base agroecológica, o valor nutricional e preparação desses alimentos;

5. Formar jovens no contexto urbano, pela participação em diversas etapas e temas deste trabalho em Alto Paraíso;

6. Fortalecer o acesso e a organização de espaços de comercialização já existentes (Feira do Produtor, Programas Institucionais);

7. Fomentar a ampliação da produção com o incentivo ao processo de transição agroecológica viabilizando a estabilidade de sistemas com redução nos custos de produção;

8. Iniciar aproximação com os Projetos de Assentamento de Colinas do Sul, elaborando proposta para desenvolvimento da produção de base agroecológica e SAN, com base em indicadores nutricionais locais;

9. Conhecer a SAN e padrões de consumo nos projetos de assentamento de Colinas do Sul;10. Realizar um serviço de extensão rural que seja base para a transição dos sítios de produção

convencional em agroecossistemas de base agroecológica;11. Fomentar a criação de um banco de sementes crioulas e tecnologias sociais associadas, como forma

de ampliar a sustentabilidade e autonomia dos sistemas de base agroecológica implementados;12. Elaborar e iniciar a execução de plano de ação para cooperação com as instituições parceiras da

UNASUL.

V. METAS: Trabalhar com 50 jovens da cidade e do campo, em processo formativo com base em Agroecologia,

SAN, conservação do ambiente (cerrado e água), sustentabilidade, ética e cidadania; Realizar pesquisa com 100 famílias sobre Segurança Alimentar e Nutricional - SAN em Colinas do Sul; Trabalhar diretamente com 20 famílias em projetos de sustentabilidade de suas propriedades; Inserir 10 novas famílias no mercado local e nas compras institucionais; Trabalhar com 10 famílias urbanas na melhoria da alimentação e produção em quintais em Alto

Paraíso; Realizar 20 oficinas de Educação Alimentar e Nutricional com merendeiras e comunidades

envolvidas, em parceria com o projeto Cozinha-Escola em Alto Paraíso.

VI. INDICADORES DE ACOMPANHAMENTO

Feiras realizadas com produtos locais; Nº de famílias envolvidas nas diversas ações;

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Aumento do consumo de hortaliças e frutas na merenda escolar e na alimentação de famílias carentes;

Outros indicadores a serem construídos junto com os diversos grupos envolvidos e também pela equipe de pesquisadores.

Resultados da pesquisa sobre SAN em Colinas do Sul;

VII. METODOLOGIA

A proposta que estamos apresentando está estruturalmente concebida em duas dimensões de ação que se complementam: uma que se preocupa com a preparação do indivíduo durante as pesquisas para fazer, orientando suas próprias escolhas de projetos; e outra que considera a ontologia, o processo autônomo de produção da informação.

A abordagem do projeto é transversal e busca identificar e gerar tecnologias sociais de base agroecológica que possam melhorar a qualidade de vida e assim deve trabalhar integralmente com atividades relacionadas ao resgate cultural, segurança alimentar e manejo ambiental.

Busca utilizar metodologias amparadas nos seguintes pilares:

Promoção da melhoria rural de forma participativa, multidisciplinar e interdisciplinar;

Respeito às especificidades e particularidades culturais, promovendo a equidade de gênero, idade, raça, etnia e religião;

Baseia-se nos fundamentos da agroecologia com focos na segurança alimentar e nutricional, com garantia da subsistência;

Contribuir para a geração de renda com a agregação de valor na geração de produtos para o mercado regional;

Fazer com que as políticas públicas cheguem onde a pobreza está, com acompanhamento continuado e individualizado, para a introdução e/ou resgate tecnologias apropriadas para cada família.

O Centro UnB Cerrado considera e valoriza a perspectiva de gênero, em todas suas instâncias técnicas e administrativas, circunscrevendo as atividades das mulheres, em que são reveladas as formas ancestrais de colheita e beneficiamento tradicional dos produtos oriundos da flora, com o estudo da relação trabalho/produto/matéria-prima juntamente com a produção do conhecimento etnobotânico e a circulação dos recursos genéticos.

A metodologia participativa na abordagem interdisciplinar não abre espaço para verdades absolutas, únicas e singulares. Possibilita ver a pluralidade, as diferenças e particularidades de cada realidade, dos diferentes olhares, por meio dos quais o debate é possível, o processo de trocas é certo, e a busca do consenso, o motivo do diálogo na construção coletiva – participativa.

Desta forma, empreender projetos socioambientais com intencionalidades que partem de uma perspectiva coletiva/participativa possibilita o exercício da autonomia e o reconhecimento da alteridade, premissas que

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conduzem a uma responsabilidade, a um compromisso ético e de governança entre todos os envolvidos em alcançar determinados objetivos.

Acreditamos na importância de construir uma metodologia com base no contexto sociocultural em que estão imersas as comunidades da região onde serão realizadas as atividades de formação e extensão rural. O contexto cultural a que se faz referência aqui pode ser observado pelas práticas específicas de trabalho; pelas formas peculiares de organização e interação social; pelas sociabilidades; pelas relações de parentesco; pelas práticas espirituais; pelas relações com o meio ambiente, incluindo as práticas de manejo dos recursos naturais e os sistemas produtivos tradicionais, entre outros, que compõem um meio onde se dá a prática do modo de vida rural.

Uma vez que, estas comunidades constroem seu “modo de vida” com base numa relação íntima, de dependência da natureza e conhecimento profundo sobre os seus ciclos naturais, elas desenvolvem estratégias de manejo dos recursos naturais, sendo todo esse conhecimento transferido de geração em geração, com as pessoas mais velhas exercendo papel central na transmissão de valores e práticas.

Diante disso, propõe-se uma metodologia de abordagem para a realização formação e extensão rural que possibilite conhecer o contexto local; construir e manter espaços de diálogos entre os produtores e destes com a equipe de extensão; compreender a linguagem/visão sobre a própria realidade; realizar o exercício da escuta acerca das mais diversas questões ligadas a tal realidade; estimular reflexões destes sobre seus modos de vida no contexto produtivo e, sobretudo, trabalhar no fortalecimento dos grupos, por meio do aporte de informações sobre os objetivos que se pretende alcançar, motivando-os para o desenvolvimento de suas potencialidades.

Considerando o exposto, a proposta está embasada em um processo de construção, tanto da extensão rural agroecológica como da própria metodologia, principalmente, por ser impossível prever todos os ajustes metodológicos e/ou de logística, que só a prática irá indicar.

A seguir serão apresentados alguns dos caminhos dessa proposta metodológica:

Visitas e reuniões comunitárias e individuais em toda área urbana e de assentamentos selecionados, utilizando ferramentas metodológicas interativas condizentes com a realidade local, buscando realizar um processo de aproximação, mobilização, motivação, comunicação, confiança e troca de práticas e saberes entre técnicos e os produtores;

Diagnóstico socioeconômico e produtivo das famílias incluindo uma ampla variedade de questões em áreas como produção, saúde, água potável, esgotamento sanitário, preservação ambiental, educação, cultura, consumo, entre outras.

Caracterização das Unidades de Produção Familiar de base agroecológica, por meio de registros fotográficos, relatórios de campo e registro das coordenadas com uso de GPS;

Interação com os moradores em circunstâncias especiais: festas religiosas; festas ligadas ao calendário produtivo e outros eventos organizados pelas comunidades;

Mobilização e organização social e comunitária, fortalecendo as redes sociais existentes, propiciando equilíbrio, desenvolvimento, confiança social, tendo como ponto de partida a realização de oficinas educativas, onde o “aprender fazendo” seja um elemento facilitador para desenvolver potencialidades, atitudes cooperativas e fortalecimento do capital social;

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Mapeamento Ambiental participativo, por intermédio de mapa falado, visando a investigação, monitoramento, avaliação e planejamento de ações, em processo de construção participativa onde um mapa temático e as discussões agregadas a ele fornecerão dados sobre a qualidade ambiental da área, auxiliando na identificação e localização de elementos naturais e/ou antrópicos;

Trabalhar maior visibilidade do patrimônio cultural e imaterial rural regional, com atividades para “os mais velhos”, jovens, mulheres e crianças para que estes produzam, recriem os saberes e ações que são transmitidos de geração a geração; Tais atividades podem ser realizadas através de múltiplas linguagens, tais como, música, teatro, dança, poesia, artes e comunicação audiovisual.

Especificamente para os jovens, acontecerão vivências e discussões sobre as formas de se relacionar com o meio onde vivem, e sobre os problemas enfrentados no cotidiano, favorecendo a busca de alternativas construídas coletivamente. Atuando no sentido de transformação de um ser humano sujeitado, alienado, em um ser humano ativo, sujeito de sua história e de seu processo, para o embasamento de uma geração de jovens autônomos e críticos, com capacidade de intervir na vida cotidiana em todos os seus âmbitos.

A metodologia desenvolvida será dinâmica, se renovando constantemente, conforme são realizadas novas atividades e percorridos novos tempos. Assim, expressa contornos dos princípios de autoria. Conforme aumenta a apropriação dos participantes, novas formas metodológicas surgirão da prática e interatividade das tecnologias com a cultura, tudo relacionado ao processo livre de aprendizado. O caráter multidisciplinar e interdisciplinar é visto na abordagem transversal da metodologia preconizada para o trabalho. Por outro lado a proposta está formatada com base no protagonismo da ontologia rural, mas prepara os próprios produtores e jovens bolsistas para a realização de pesquisas. Além da pesquisa e ontologia são contempladas a Segurança Alimentar e Nutricional tudo sempre levando em conta os aspectos regionais e locais.

A percepção ontológica será desenvolvida a partir dos resultados da pesquisa agroecológica nas unidades de produção dos assentamentos, nos quintais urbanos e da pesquisa de observação dos ambientes na região das comunidades. O trabalho de pesquisa agroecológica mais aprofundado será realizado em cada unidade de produção por ocasião das atividades de extensão que estão previstas. Ainda neste sentido ontológico, é importante que possamos valorizar os projetos que estão em desenvolvimento, principalmente os que estão sendo gestados por suas associações.

Durante todas as atividades na área de produção serão propostas para o debate temas sobre diferentes tipos de adubação utilizados e possíveis, sobre a relação existente entre os tipos de solos e os ambientes ali ocorrentes, uma prospecção sobre os recursos da agrobiodiversidade e mesmo da biodiversidade existente relacionada ao extrativismo e por fim uma pesquisa sobre energia solar em seus aspectos de bombeamento de água para irrigação na implantação de uma agrofloresta ou de uma unidade de processamento de frutos do cerrado e por fim uma análise crítica sobre a prática agropecuária vigente.

Como base científica e prática para a percepção ontológica, o projeto utilizará a metodologia da Pesquisa-ação.

Serão estimulados debates entre os produtores sobre seus sistemas produtivos desde a chegada por estas terras vendo assim o que melhorou no desenvolvimento e ganhos temporais. Eles são os protagonistas da pesquisa, pesquisadores e beneficiários dos resultados tanto com a construção de seus próprios projetos individuais, quanto com os ganhos socioambientais estabelecidos durante o desenvolvimento da proposta.

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A pesquisa-ação foi desenvolvida por Michel Thiollent (2002)13, que supõe uma forma de ação planejada de caráter social, educacional, dentre outros, podendo o pesquisador responder com maior eficiência aos problemas e situações abordadas. Conferindo um caráter transformador às situações, facilita a busca de soluções, pois permite ao pesquisador ficar atento às exigências teóricas e práticas para equacionar os problemas relevantes, dentro de uma situação social.

Entre as diversas definições possíveis, daremos a seguinte: a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual, os pesquisadores e os participantes representativos, da situação ou do problema, estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2002, p.14).

A pesquisa-ação permite o acompanhamento e avaliação dos problemas encontrados investigando uma iniciativa participativa de forma participativa.

Ainda como forma de documentação, estaremos gerando permanentemente arquivos audiovisuais que permitirão uma melhor compreensão das atividades realizadas e mesmo uma memória de tudo que aconteceu.

Essas atividades servirão para dar início à pesquisa espontânea que será realizada pelos diversos participantes, em suas comunidades quando a oportunidade surgir.

VII.1. EIXOS DE AÇÃO

O projeto pretende atuar em dois eixos de ação, a saber:

Eixo 1 - Alto Paraíso de Goiás (onde a atuação do Centro UnB Cerrado começou em 2011)

Neste município, o projeto será executado em parceria com o projeto Cozinha-Escola em Alto Paraíso aprovado pelo edital MEC/PROEXT-2014 e com o PEAC Alimentação Sustentável: Nutrição e Educação.

1.1. Com famílias carentes – orientação para produção agroecológica nos quintais e apoio à formação em alimentação sustentável e segurança alimentar junto ao projeto Cozinha Escola. As famílias, ao aceitarem a fazer parte deste projeto, responderão o questionário de freqüência alimentar e recordatório de 24 horas (FISBERG, 2005) e será aplicada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Essas informações iniciais servirão de referência para, ao final do projeto, serem confrontadas com nova avaliação da situação das famílias.

1.2. Com agricultores de três comunidades – Povoado do Moinho, Comunidade do Sertão e PA Sílvio Rodrigues - ampliação e diversificação da produção e segurança alimentar, por meio de oficinas realizadas nas comunidades e mobilização para participação

1.3. Com Associações e Cooperativa de agricultores e comércio local – organização e planejamento da produção, caracterização e acesso a mercados locais (venda direta).

1.4. Junto à população em geral – sensibilização para compra direta, valorização da agricultura familiar e melhoria da qualidade da alimentação.

13 THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2002, 107p.

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Eixo 2 - Colinas do Sul (ação de sondagem e caracterização das comunidades)

Aproximação com as comunidades dos três Projetos de Assentamento interessados – Boa Esperança, Córrego do Bonito e Terra Mãe – apoiando a formação de jovens e agricultores, por meio de parceiras com instituições formadoras. E também aplicando a pesquisa de caracterização da SAN, conforme Nardotto et al (2006).

VII.2. PESQUISAS E LEVANTAMENTOS SISTEMÁTICOS

Alguns levantamentos devem ser realizadas com o objetivo de caracterizar: situação das comunidades e organizações, potencial de produção, mercados locais e institucionais.

Eixo 1 – Alto Paraíso

1) Estudo sobre produção e mercado:a) Realização de reunião com grupos de agricultores de cada comunidade, para colher subsídios

para elaboração de instrumento de pesquisa, aplicação de questionários sobre produção e levantamento de demandas e interesses sobre a venda direta.

b) Caracterização precisa da situação do PAA e PNAE junto à Cooperativa e secretaria de educação (números, desafios e conquistas dos respectivos programas).

c) Reuniões com associações e Cooperativa fornecerão elementos qualitativos e orientação para elaboração de novos instrumentos de pesquisa e de avaliação, sempre que necessário.

d) Aplicação junto aos agricultores, comércio e outros espaços sociais, de instrumentos desenvolvidos.

e) Levantamento de demandas junto ao mercado local.

Estas pesquisas fornecerão subsídios para que as associações e a Cooperativa possam se organizar para fornecer alimentos para o mercado local, com a colaboração de parceiros, sobretudo os formadores, ofertantes de cursos.

2) Levantamento sobre a produção nos quintais da cidade de Alto Paraíso;

Eixo 2 – Colinas do Sul

1) Pesquisa sobre SAN no município de Colinas do Sul.2) Caracterização precisa da situação do PAA e PNAE no município junto à Cooperativa e secretaria de

educação. 3) Elaboração de planejamento para continuidade do trabalho com esses grupos: projeto a ser enviado

a outras fontes financiadoras.

VII.3. ENVOLVIMENTO DE PARCEIROS E PROCESSOS FORMATIVOS E EDUCADORES

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As ações formativas sob a forma de cursos, em ambos os municípios, serão realizadas, sempre que possível, junto a parceiros que ofertam cursos aos agricultores, como pro exemplo, o Sistema S (principalmente SENAR e SEBRAE, que atuam bastante na região) e Pronatec Campo – de forma a potencializar as ações deste projeto e a formação recebida.

Outra importante parceria regional é com o Programa Territórios da Cidadania (MDA), considerando que novos financiamentos podem vir com a aprovação deste projeto, que será levado à plenária do colegiado territorial. Além disso, é por meio do Território da Cidadania Chapada dos Veadeiros (TCCV) que será construída a parceria com o PRONATEC Campo do Estado de Goiás.

Também via Programa dos Territórios, têm chegado capacitações para organizações sociais e o Centro UnB Cerrado tem realizado importantes parcerias capazes de promover o fortalecimento de atores e organizações-chave para o desenvolvimento da agricultura familiar.

Além das parcerias com as instituições para oferta de cursos, a maior parte das ações propostas neste projeto é educativa, na medida em que a elaboração de estratégias é realizada de forma coletiva e os conhecimentos vão sendo construídos e aportados de forma processual e contínua, na medida da identificação das necessidades. A metodologia desta pedagogia, como foi abordado no início deste item, é a pesquisa-ação, na qual são formados grupos de diferentes atores, que juntos trabalham na construção de soluções para questões identificadas como importantes, assim como os conhecimentos necessários. Desta forma, tanto os membros da equipe como as demais pessoas envolvidas, constroem conhecimentos e crescem dentro de seus objetivos, quer sejam eles profissionais ou pessoais.

Instrumentos como diagnósticos participativos, elaboração de planos de gestão de agroecossistemas sustentáveis, reuniões de planejamento e definição de estratégias, entre outros, criam espaços educadores de convivência, escuta sensível e canalização de esforços para benefício comum.

Eixo 1 - Alto Paraíso

Em todas as frentes de ação neste município haverá participação de bolsistas do ensino básico, por meio de processo formativo junto à equipe de professores e demais profissionais.

Os princípios, valores e fundamentos envolvidos nesta formação são aqueles do Programa de Bolsas de Estudo para o Ensino Básico: observação e compreensão dos ciclos da natureza; respeito ao funcionamento dos sistemas vivos e das relações entre os seres – visão sistêmica; compreensão do ser humano como parte da teia da vida; relações sociais cooperativas e solidárias; compromisso e cuidado com a vida e com o outro; corresponsabilidade, cooperação, solidariedade; compartilhamento de saberes; diálogo e transparência para resolver problemas.

Distinguiremos duas vertentes formativas: i) com bolsistas da cidade; ii) com bolsistas das áreas rurais.

Na cidade, os bolsistas são envolvidos no planejamento e na avaliação de todas as ações e metas, o que possibilita a formação destes na elaboração e execução de projetos, o desenvolvimento do raciocínio sistêmico e a autonomia para buscar informações. Participam ativamente na elaboração de textos e informativos para a divulgação e produção de materiais educativos. Nas áreas rurais, envolvem-se com projetos de produção agroecológica e planejamento para a sustentabilidade de suas propriedades e/ou nos estudos e planejamentos para a venda direta. Receberão também formação por meio das parcerias com instituições formadoras citadas acima.

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Campanhas de rádio e outras campanhas educativas, com produção de material adequado, serão realizadas para sensibilização da população para uma alimentação mais saudável e comprada diretamente da agricultura familiar. Os restaurantes e mercados que comprarem esses produtos ganharão banners sobre o tema, que informem ao consumidor sobre os benefícios deste consumo diferenciado.

Eixo 2 - Colinas do Sul

Nos PAs deste município, a realidade pouco conhecida não permite a elaboração de proposta neste momento. Entretanto, como os cursos do Pronatec Campo estão previstos para acontecer nestas comunidades (demandas levantadas em reunião realizada com eles) e na cidade, para os filhos de agricultores que lá se encontram, este projeto propõe-se a apoiar este Programa, realizando aproximação inicial, realizando levantamento sistemático e preparando subprojeto

A previsão é que esses jovens, filhos de agricultores, sejam inseridos nos cursos do Pronatec Campo com apoio do Centro UnB Cerrado, quando serão também levantados subsídios para elaboração de planejamento para novo financiamento.

VII.4. REUNIÕES DE TRABALHO COM PARCEIROS – GRUPOS E NÚCLEOS DE PESQUISA

Duas vezes por ano serão realizadas, em parceria, reuniões ou pequenos workshops para troca de experiências com núcleos e grupos parceiros do Brasil e da UNASUL. Para isso são previstas diárias que custearão essas viagens. Visitas técnicas também podem ser realizadas.

A parceria com parceiros da UNASUL, conforme carta de anuência apresentada está em fase de discussões iniciais, e será apresentado, como produto deste projeto, a elaboração de plano de ação conjunta, ao final do primeiro ano de trabalho. As equipes deverão se encontrar pelo menos anualmente.

VIII. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Todo o processo de avaliação e monitoramento das atividades está no bojo do processo participativo de envolvimento das famílias e da equipe (avaliação processual), seguindo algumas das diretrizes a seguir:

a) Será realizado o monitoramento regularmente após as visitas às famílias, além das reuniões comunitárias, que ajudarão no acompanhamento da execução das atividades. Desta forma, por meio do diálogo com os moradores, a equipe poderá contribuir com o processo de avaliação e monitoramento das ações;

b) Serão elaborados coletivamente alguns indicadores de monitoramento, possibilitando aos próprios moradores acompanhar, avaliar e monitorar as atividades;

d) Por fim, a equipe envolvida no processo de monitoramento e avaliação mais diretamente produzirá relatórios concernentes ao acompanhamento das atividades, que serão discutidas em reuniões periódicas e regulares com toda a equipe técnica, de avaliação e adequação de ações. Novos indicadores devem ser construídos pela equipe.

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IX. RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que com a execução desta proposta a vida rural melhore num contexto geral, considerando principalmente a subsistência, a saúde e a geração de produtos que possam ser comercializados, gerando renda, da seguinte forma:

Cadeias e arranjos produtivos locais estruturados, que permitam o uso eficiente dos recursos naturais e a agregação de valor, com a geração de emprego, renda e outros benefícios socioeconômicos;

Entidades comunitárias locais fortalecidas, capacitadas e operantes, no uso de ferramentas de administração e gestão financeira, fortalecimento de seu capital social, articulação comunitária;

Geração e uso de tecnologias inovadoras, adaptadas às características da região dos Cerrados e que atendam as demandas potenciais de indução do desenvolvimento local sustentável;

Acesso aos mercados institucionais e diferenciados, a partir do fortalecimento da comercialização da produção familiar e coletiva, para o PAA e para a merenda escolar no âmbito do PNAE;

Valorização da biodiversidade e difusão dos conhecimentos tradicionais associados, principalmente sobre a sua utilização sustentável;

Iniciativas de economia popular e solidária estimuladas e apoiadas;

Economias locais e regionais dinamizadas (dinheiro circulando no meio rural);

Grupos comunitários cooperativos, com maior protagonismo na elaboração de projetos,

O projeto terá como resultados diretos esperados: o fortalecimento da capacidade de gestão local; o aprimoramento e aumento da inserção econômica da produção nos mercados locais e regionais; a valorização dos serviços ambientais associados aos territórios e ao modo de vida de suas populações, incremento da SAN em instituições de ensino e na população em geral. Desta forma, compreende-se que o projeto deverá contribuir para melhorar a qualidade de vida das populações locais com a melhoria da SAN, a garantia da conservação dos recursos naturais nos seus territórios, em especial da cobertura florestal, da biodiversidade e dos recursos hídricos.

X. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS E DE INOVAÇÃO DA PROPOSTA

Espera-se como legado científico da proposta, podendo ser replicadas em outros municípios da Chapada dos Veadeiros, técnicas, métodos e outros importantes conhecimentos, como: geração de metodologias de caracterização de mercados locais, levantamento de potenciais de produção agropecuária de base agroecológica, planejamento para sustentabilidade das propriedades rurais, divulgação e valorização da agricultura familiar de base agroecológica e de atenção e fortalecimento da segurança alimentar e nutricional e conversão agroecológica de propriedades convencionais. Ainda, entre as contribuições científicas podemos elencar a formação de um banco de sementes crioulas e tecnologias sociais associadas, adequadas à agricultura familiar, que permitirá o intercâmbio regional de tecnologias de base agroecológica ampliando as possibilidades de sustentabilidade dos sistemas de produção de alimentos planejados.

A Cooper Frutos do Paraíso, que tem atuação em todos os municípios da região é importante parceira e beneficiária. Através dela, que possui articulação em toda a Chapada dos Veadeiros, poderemos estar potencializando os resultados com a divulgação e disponibilização para replicação de tecnologias geradas no

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âmbito das ações desta proposta para todos os municípios e uma parcela considerável de produtores assentados pelos programas de reforma agrária do governo na região.

Podemos elencar como inovador parte considerável das tecnologias de conversão agroecológica dos sítios de produção, uma vez que estarão utilizando tecnologias de base agroecológica externas, que amalgamadas às tecnologias tradicionais presentes na cultura rural, servirão como base para a construção de novas tecnologias sociais, métodos e procedimentos para uma produção agroecológica que se baseia em uma visão local.

Assim, o efeito regional que este trabalho pode gerar é inovador e necessário.

XI. ORÇAMENTO DETALHADO

Item Quantidade/unidade Valor (R$) Valor total (R$)Bolsa EXP B *1 24 meses 3.000,00/mês 72.000,00Bolsa EXP C *2 24 meses 1.100,00/mês 26.400,00Bolsa Iniciação Científica *3 18 meses 400,00/mês 7.200,00Bolsa ATP A *4 18 meses 550,00/mês 9.900,00Total em Bolsas: 5.050,00/mês 115.500,00Computador para montar ilha de edição (CPU, monitor, teclado, mouse

1 unidade 3.000,00 3.000,00

Impressora laser 1 unidade 2.000,00 2.000,00Fogão 6 bocas (cozinha experimental)

1 unidade 1.500,00 1.500,00

Total Equipamentos 6.500,00Materiais de consumo tinta para impressoras, toner, flips

chats (2) e respectivo papel, pen drives, HD externo, materiais de expediente.

Diversos 3.000,00

Utensílios para equipar a cozinha

Diversos 800,00

Diárias para deslocamento da equipe e parceiros

120 diárias 187,83 22.539,60

Diárias internacionais para deslocamento da equipe e de parceiros

48 diárias 350,00(U$ 150)

16.800,00

Pessoa Jurídica – serviços de gráficas e reprografia

Folders, banners, fotocópias simples, impressões de mapas, cartilhas, outros

diversos 10.000,00

Pessoa Jurídica – serviços especializados de informática

artes gráficas, web designer, manutenção de equipamentos

diversos 10.000,00

Passagens aéreas 12.000,00Total de Custeio 75.139,60Total Geral 197.139,60

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*1 – coordenação geral de todas as ações de extensão em agroecologia e SAN*2 – orientação e acompanhamento dos bolsistas na cidade, sobretudo trabalho nos quintais e pesquisas de mercado.*3 – bolsista de curso da UAB ou UFG * 4 – extensionista que acompanhará os trabalhos em Colinas do Sul, após avaliações iniciais

XII. CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO

Ano 2014 2015Trimestres Jan-mar. Abril-jun. Jul-set. Out.- dez. Jan-mar. Abril-jun. Jul-set. Out.- dez. Totais

Bolsas 12.300,00 12.300,00 15.150,00 15.150,00 15.150,00 15.150,00 15.150,00 15.150,00 115.500,00Compras

equipamentos

Computa-dor e impressora

Fogão

equipamento VALORES - R$

5.000,00 1.500,00 6.500,00

Compras Materiais

Diversos (expedi-ente)

Diversos (expedi-ente)

Diversos (expedi-ente)

Materiais VALORES - R$

1.000,00 1.000,00 1.000,00 3.000,00

Compras Utensílios de

cozinhaUtensílios

VALORES - R$800,00 800,00

Viagens para elaboração

de termos de parceria - UNASUL

Passagem aérea –

VALORES – R$

4.500,00 3.000,00 4.500,00 12.000,00

Diária InternacionalVALORES– R$

6.300,00 4.200,00 6.300,00 16.800,00

Diária Nacional

VALORES – R$

3.756,60 3.756,60 3.756,60 3.756,60 3.756,60 3.756,60 22.539,60

Contratações – PJ

informática Informática Informáti-ca

Informáti-ca

Informáti-ca

Serviços Gráficos

Serviços Gráficos

Serviços Gráficos

Serviços Gráficos

Pessoa Jurídica

VALORES– R$

1.000,00 2.000,00 4.000,00 2.000,00 2.000,00 7.000,00 2.000,00 20.000,00

XIII. IDENTIFICAÇÃO DE TODOS OS PARTICIPANTES DO PROJETO

Nome Relação Institucional Função no Projeto/ área de atuação

Currículo Lattes

CPF

Nina Paula Laranjeira

Professora Adjunta da UnB - Centro UnB Cerrado

Coordenadora, extensionista, pesquisadora/ educação ambiental

SIM 732.800.467-34

Lívia Penna Firme Professora Adjunta da Extensionista, pesquisadora/ SIM 230.970.784- 87

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UnB Cerrado

Rodrigues UnB - Centro UnB Cerrado e Faculdade de Planaltina

educação nutricional, SAN.

Gabriela Bielefeld Nardotto

Professora Adjunta da UnB - Faculdade de Planaltina

Pesquisadora/ SAN. SIM 666.168.241-87

Carlos Salgado Membro Colaborador – Centro UnB Cerrado

Extensionista, pesquisador/ agroecologia e SAN

SIM 113.210.594-34

Cláudia Lulkin ColaboradoraSecretaria Municipal de Educação de Alto Paraíso

Extensionista/ educação nutricional, SAN.

SIM 448 409 850 - 49

Claudia Souza Colaboradora – doutoranda CDS/UnB

Extensionista, pesquisadora/ agroecologia

SIM 01173079718

Tamiel Khan Baiocchi Jacobson

Professora Adjunta UnB – Centro UnB Cerrado

Extensionista/ Ecologia SIM 841.540.041-15

Gislene Auxiliadora Ferreira

Professor Adjunto UFG – Escola de Agronomia

Extensionista, pesquisadora/ agroecologia

SIM 520.898.351-68

Dinalva Ribeiro Professor Adjunto UFG – IESA

Pesquisadora/ SAN SIM

Antonio de Almeida Nobre Júnior

Professor Adjunto da UnB - Faculdade de Planaltina

Extensionista, pesquisador/ agroecologia

SIM 186.470.901-44

XIV. PARCEIROS

XIV.1. PARCERIA COM PAÍSES DA UNASUL

Com este projeto, pretende-se criar um Núcleo de Excelência na área de SAN, com reflexos para toda a Chapada dos Veadeiros, que é constituída por 8 municípios, com um total de cerca de 60 mil habitantes . Esse Núcleo contará com o apoio do Instituto de Estudos Equatorianos (IEE) do Equador, da Comunidade de Estudos JAINA da Bolívia e parte do Grupo de Trabalho em Desenvolvimento Rural do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais  (CLACSO), a fim de compor uma equipe ampliada que viabilizará a SAN na região, a partir do repensar produtivo local e regional e da troca de saberes com as Instituições parceiras.

O Instituto de Estudios Ecuatorianos (IEE) é uma das organizações não governamentais mais antigas do Equador, formada por um grupo multidisciplinar de pesquisadores e técnicos, voltados para o desenvolvimento rural. O IEE tem um perfil consolidado como organização de pesquisa, de formação e de assistência técnica em desenvolvimento local, movimentos sociais rurais, de gênero e de ambiente. A estratégia de trabalho da Comunidade de Estudos JAINA consiste em se articular aos processos de desenvolvimento de movimentos campesinos, buscando apoiá-los no desenvolvimento rural, articulando suas propostas com as instituições de desenvolvimento da região. O Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO) é uma instituição internacional não governamental, criada em 1967 por iniciativa da UNESCO. No presente, reúne 320 centros de pesquisa e mais de 600 programas de pós-graduação em Ciências Sociais e Humanas (mestrado e doutorado) localizados em 25 países da América Latina e do Caribe, Estados Unidos e Europa. O Conselho tem como objetivo promover e desenvolver a pesquisa e formação em Ciências Sociais, bem como fortalecer o intercâmbio e a cooperação entre as organizações e pesquisadores de dentro e fora da região.

Essas Instituições, ao estabelecerem uma parceria com o Centro de Estudos UnB Cerrado, poderão contribuir significativamente com o este Projeto, pois estão voltadas para o desenvolvimento rural e fortalecimento de

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pequenos agricultores, além de contribuir na formação de novos pesquisadores. Por outro lado, a experiência do Centro UnB Cerrado na área de agroecologia e no desenvolvimento sustentável da Chapada dos Veadeiros, poderá contribuir para que novas frentes de ação e pesquisa possam ser consolidados na busca pela SAN dos povos latino americanos.

Conforme explicitado nos respectivos sites dessas instituições:

COMUNIDADE DE ESTUDIOS JAINA - http://jaina.webs.com/

“La comunidad de estudios JAINA es una organización privada sin fines de lucro fundado en 1998, cuyo objetivo central es aportar a los procesos de desarrollo en el sur de Bolivia mediante trabajos de investigación y experimentación.

La Comunidad busca consolidar un equipo técnico de trabajo en base a las líneas estratégicas de Gestión de Recursos Naturales; Gobernancia, Participación y Empoderamiento de los actores sociales.

La estrategia de trabajo de la Comunidad de Estudios JAINA consiste en articularse a los procesos de desarrollo en los que se encuentra el movimiento campesino tarijeño, para apoyarlo en el logro de sus objetivos de desarrollo rural, buscando articular sus propuestas con las instancias e instituciones de desarrollo de la región.

JAINA ha desarrollado trabajos de investigación - acción en la línea de gestión de los recursos naturales en la zona de las selvas de montaña y valle central de Tarija, realizando trabajos de investigación sobre sistemas campesinos de producción en áreas de montaña, enfocado especialmente a la lógica de articulación territorial que genera el manejo ganadero campesino mediante la trashumancia ganadera.

Por otro lado se ha apoyado a la Federación de Campesinos a elaborar su Plan de Desarrollo Rural para el departamento de Tarija, enfocando especialmente el componente Económico Productivo, donde se ha profundizado en el Plan de Desarrollo ganadero, la Estrategia de Gestión del Agua y el Programa de Mejoramiento Semillero.”

CONSELHO LATINO-AMERICANO DE CIÊNCIAS SOCIAIS ( CLACSO ) - http://www.clacso.org.ar/

“O Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais ( CLACSO ) é uma instituição internacional não-governamental criada em 1967 por iniciativa da UNESCO, instituição com a qual detém o estatuto associativo. No presente, que reúne 320 centros de pesquisa e mais de 600 programas de pós-graduação em Ciências Sociais e Humanas (mestre e doutorado) localizados em 25 países da América Latina e do Caribe, Estados Unidos e Europa. O Conselho tem como objetivo promover e desenvolver a investigação e formação em Ciências Sociais, bem como fortalecer o intercâmbio ea cooperação entre as organizações e pesquisadores de dentro e fora da região.Ela incentiva ainda mais divulgação activa do conhecimento produzido por cientistas sociais entre movimentos sociais, organizações populares e entidades da sociedade civil. Através de tais atividades CLACSO ajuda a repensar as questões relacionadas com as sociedades da América Latina e, a partir de uma abordagem crítica e pluralista.”

INSTITUTO DE ESTUDIOS ECUATORIANOS (IEE) - http://www. iee .org.ec/  

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“El Instituto de Estudios Ecuatorianos (IEE) es una de las organizaciones no gubernamentales más antiguas del Ecuador. Aunque su personería jurídica fue otorgada el 27 de mayo de 1985 (Acuerdo No. 467 del Ministerio de Inclusión Económica y Social, antes Ministerio de Bienestar Social), sus antecedentes se remontan a la creación del Centro de Investigaciones y Estudios Socio – Económicos (CIESE) en el año 1976. Está formada por un grupo multidisciplinario de científicos sociales y técnicos en el desarrollo rural. Sus objetivos centrales han sido a lo largo de su vida institucional la investigación socio-económica, sociocultural, socio ambiental, agraria, género y mujeres, demográfica, política y tecnológica de la realidad nacional; la difusión de los aportes en estos campos; la capacitación y formación en distintas áreas sociales y técnicas; y, el apoyo al desarrollo de los diversos sectores sociales del país. El IEEtiene un perfil consolidado como organización de investigación, de formación y de asistencia técnica en desarrollo local, movimientos sociales rurales, género y ambiente.

A nivel internacional, el IEE es miembro del Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales - CLACSO. A nivel nacional, el Instituto forma parte del Consorcio para la Capacitación en manejo de Recursos Naturales Renovables - CAMAREN que agrupa a organizaciones no gubernamentales que trabajan en medio ambiente, y del Colectivo Agrario, que agrupa a organizaciones que vienen reflexionando y presentando propuestas en torno a temas vinculados con el desarrollo rural: agrario, soberanía alimentaria, política pública, con enfoque de género e intercultural.”

Os pesquisadores responsáveis pela construção dessa parceria são:

Professora MSc Pilar Lizarraga tem reconhecida experiência de atuação no âmbito das relações Agrário, Soberania alimentar e Estado. Graduada em Economia pela Universidad Mayor de San Simón (UMSS) de Cochabamba, mestra em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Brasil; e atualmente doutoranda em Geografia na Universidade Federal Fluminense (UFF). Trabalhou com povos indígenas na Amazônia e no Chaco bolivianos, com aspectos de gestão do território e sistemas alimentares (1990-2006). Pesquisadora nas linhas de sistemas alimentares e gestão do território da Comunidade de Estudos JAINA (1998-2010), da qual é atualmente dietora (2010-2013). Publicou livros sobre educação e gestão territorial, transformação institucional do Estado e movimento campesino.

Professor MSc Statin Herrera tem reconhecida experiência de trabalho e investigação no âmbito de Estudos Rurais, Soberania Alimentar, Política Pública e Movimentos Sociais. Sociólogo pela Universidad Central del Ecuador (UCE), MSc em Estudos Latinoamericanos pela Universidade Simón Bolívar de Quito (UASB). Atualmente, participa como coordenador do Grupo de Trabalho da CLACSO, "Desarrollo Rural: Disputas Territoriales, Campesinos, y Decolonialidat”, como Coordinador do Observatório de Cambio Rural no Equador; é pesquisador sobre conflitos e novos cenários campesinos no Instituto de Estudios Ecuatorianos; colabora a Campaña Por la Tierra Plántate. Como resultado de seu trabalho de pesquisa, publicou livros sobre Movimento Indígena e Campesinato no Equador, Desenvolvimento Local y Gênero, Política Pública e inversão no campo, Conflitos Rurais e Soberania Alimentar.

XIV.2. PARCERIA COM NÚCLEOS BRASILEIROS

XIV. 2. 1. NEPEAS/FUP/UnB – Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Agroecologia e Sustentabilidade – coordenador Flávio Costa.

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Objetivos do Núcleo:

Desenvolver ações educativas, de pesquisa e extensão voltadas para o fortalecimento da transição agroecológica nas comunidades do Entorno do DF e Nordeste Goiano.

Construir estratégias que possibilitem a consolidação institucional do NEPEAS/FUP enquanto espaço acadêmico estratégico no desenvolvimento de pesquisas e atividades de ensino e extensão especialmente para capacitação de assentados e agricultores familiares.

Articular sinergias entre os trabalhos de pesquisa, ensino extensão agroecológica e desenvolvimento sustentável em andamento na FUP.

Ações a serem realizadas em parceria:

Gestão participativa de propriedades da agricultura familiar da Chapada dos Veadeiros e planejamento e gestão de agroecossistemas sustentáveis.

XIV. 2. 2. NUPEAT/IESA/UFG – Núcleo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental e Transdisciplinaridade - coordenadora Profa. Dra. Sandra de Fátima Oliveira.

Objetivos do Núcleo:

Promover estudos e pesquisas que envolvam diversas disciplinas e áreas do saber, bem como o conhecimento popular para lidar com temas que estejam entre, através e além das disciplinas, sobretudo o ambiental.

Solucionar problemas abrangentes que afetam a sociedade, estimulando diálogos científicos e a realização de redes de pesquisas, tanto em âmbito local quando nacional.

Servir de apoio à pesquisa especializando-se em títulos na área da Educação Ambiental e da Transdisciplinaridade.

Ações a serem realizadas em parceria:

Encontros para troca de experiências e estudos sobre transdisciplinaridade e educação ambiental.

XIV. 2. 3. GEMAS-EA-UFG - Grupo de Estudos em Manejo Agroecológico dos Solos – coordenador Prof. Dr. Wilson Mozena Leandro.

Objetivo do Grupo:

O Grupo de Estudos atua desde 2000 envolvendo alunos de graduação e pós-graduação da Escola de Agronomia, com foco no manejo agroecológicos dos solos.

Ações a serem realizadas em parceria:

O grupo receberá os participantes deste projeto (bolsistas, estudantes de graduação e agricultores) em visitas técnicas orientadas e minicursos sobre técnicas específicas. Participam também das reuniões e eventos de troca de experiências entre os parceiros.

XIV.3. PARCERIA COM DEMAIS INSTITUIÇÕES

XIV. 3. 1. Cooperativa de Serviços e Idéias Ambientais (ECOOIDEIA)

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Participação de planejamento e execução de encontros, palestras e cursos de formação agroecológica. Intercâmbio nas temáticas de prospecção e análise de mercado, produção familiar de base agroecológica, comercialização em mercados locais, formação agroecológica de base.

XIV. 3. 2. Associação de Agricultura Ecológica (AGE)

Seleção e articulação de visitas a produtores rurais que praticam agriculturas de base agroecológica como: orgânica; ecológica; natural e biodinâmica existentes em sítios de produção no Distrito Federal.

Intercâmbio nas temáticas de prospecção e análise de mercado, produção familiar de base agroecológica, comercialização em mercados locais, formação agroecológica de base.

XIV. 3. 3. Cooper Frutos do Paraíso

Prospecção e análise de mercado com vistas a verificar o potencial de absorção de produtos orgânicos originários de unidades de produção familiar de base agroecológica.

Orientar e viabilizar a interrelação de produtores com os programas governamentais de compras institucionais (PAA e PNAE) e com os mercados locais.

XV. INFRA-ESTRUTURA DO CENTRO UNB CERRADO

O Centro UnB Cerrado conta hoje com pequena sede provisória, alugada na cidade de Alto Paraíso, entretanto as obras da sede definitiva estão em fase de conclusão e dentro de 4 a 6 meses estaremos instalados no novo espaço.

Este espaço é constituído por cerca de 1200 m2 de área construída e 47.000 m2 de área total, onde poderão ser implantadas atividades de base agroecológicas correlacionadas às atividades da cozinha escola, montada em espaço do Centro UnB Cerrado especialmente planejado para esta função. O espaço conta ainda com laboratório de informática, salas de aula, auditório e biblioteca. Também um laboratório de biologia onde ocorrerão as aulas do curso de licenciatura a distância em ciências biológicas da UAB.

Estagiários de graduação dos cursos de biologia e pedagogia da Universidade Aberta do Brasil – Polo de Alto Paraíso de Goiás contratados pela UnB com carga horária de 20 horas semanais, participarão das atividades do projeto, além de bolsista de graduação aqui solicitado.

Contamos ainda com duas caminhonetes e um motorista para realização de atividades de campo.

O Centro UnB Cerrado admite membros colaboradores: pesquisadores e extensionistas de outras instituições ou autônomos que queiram desenvolver seus trabalhos junto ao Centro. Assim, todos os participantes que não sejam servidores da UnB poderão fazer parte formalmente deste projeto, de forma a facilitar o acesso a esta estrutura.

XVI. ESTIMATIVA DOS RECURSOS FINANCEIROS DE OUTRAS FONTES

PROEXT/MEC 2014 – Projeto Cozinha Escola – voltado para formação de mulheres da cidade de Alto Paraíso, incluindo pessoas da comunidade, merendeiras e outros interessados. Valor total do Projeto – R$ 47.000,00

PROGRAMA DE BOLSAS DE ESTUDO PARA O ENSINO BÁSICO – (PROJETO “Estruturação e Implantação de Centros de Pesquisa e Extensão na Universidade de Brasília e no Distrito Federal”, Meta 4, “Estruturação e

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Implantação do Centro de Estudos Avançados do Cerrado da UnB, na Chapada dos Veadeiros” e parceria com a Meta 3) – 100 bolsas de estudos por 12 meses, valor de R$ 250,00/mês.

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