agricultores familiares ecológicos e mercados associativos - padilha, 2009

Upload: douglas

Post on 27-Feb-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    1/21

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    2/21

    2

    AGRICULTORES FAMILIARES ECOLGICOS E MERCADOS ASSOCIATIVOS1

    Douglas Ochiai Padilha2

    Resumo

    Este artigo investiga o movimento agroecolgico em Rio Branco do Sul/PR (RBS) seguindo seuspassos na construo de um paradigma ecolgico para a produo e comercializao alimentar.Desde a dcada de 1990, agricultores familiares de RBS tm convertido suas unidades de produo

    para bases ecolgicas. Atravs de entrevistas semi-estruturadas, questionrio de administraoindireta e dados acumulados pela UFPR, verifica-se que ao longo da histria desses agricultoresecolgicos a principal dificuldade no foi relativa produo, mas sim comercializao. Diantedos obstculos comerciais, agricultores, tcnicos e consumidores, organizados em grupos eassociaes, buscam construir um mercado para seus produtos ecolgicos ao mesmo tempo em que

    assumem novos modos de produzir, consumir e viver.

    Introduo

    O universo rural e a questo ambiental, por sua inerente complexidade, demandam

    abordagens interdisciplinares na construo do conhecimento. com esta disposio que os

    pesquisadores da linha Ruralidades e Meio Ambiente do Programa de Ps-Graduao em

    Sociologia da UFPR mantm intenso dilogo com os pesquisadores do Programa de Doutorado em

    Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR (MADE). Um dos produtos dessa construo coletiva

    o presente texto sobre as respostas de agricultores ecolgicos de Rio Branco do Sul aos obstculos

    nas formas de alimentao, produo e comercializao. Nesta pesquisa foram essenciais os dados e

    anlises desenvolvidas pelos integrantes do Projeto Iguatu, principalmente os dados sobre os

    agricultores ecolgicos de Rio Branco do Sul coletados pela Turma VI (linha de pesquisa

    Ruralidades, Ambiente e Sociedade) do Doutorado MADE.

    O municpio de Rio Branco do Sul (RBS) foi definido como local de pesquisa em funo da

    localizao de seus mananciais hdricos e da acentuada excluso social da agricultura familiar. Essa

    escolha tambm considerou o fato de que nas comunidades (Campina dos Pinto, Pinhal, Capiru Boa

    Vista e Capiru do Epifnio) de RBS os agricultores e agricultoras familiares esto inseridos em um

    processo diferenciado de resistncia e construo de um racionalidade produtiva ecolgica,

    fundamentados na agroecologia e na agricultura orgnica. Estes agricultores familiares construram

    estratgias diferenciadas na produo e na reproduo social e econmica em um ambiente de

    severas restries e constrangimentos aos pequenos agricultores (FLORIANI, 2007; RUSZCZYK,

    2007, ZONIN, 2007).

    As restries e constrangimentos que passam estes agricultores ecolgicos de RBS so de

    1Agradeo o apoio financeiro da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) durante apesquisa.

    2Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Paran.

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    3/21

    3

    diversas ordens, desde a presso fundiria pelo avano da indstria mineradora e madeireira na

    regio, passando pelas regulaes quanto ao uso e ocupao do solo por parte do Estado e deorganizaes civis at os obstculos na produo e comercializao. Neste artigo se apresenta

    historicamente os obstculos, em especial os relacionados a comercializao dos produtos agrcolas

    orgnicos ou ecolgicos, para focar os tipos de respostas ou estratgias construdas por estes atores

    sociais.

    A coleta de informaes sobre estes agricultores ecolgicos abrangeu fontes secundrias e

    primrias. As fontes primrias resultaram de inqurito por questionrio de administrao indireta,

    entrevista semidiretiva ou semidirigida e observao direta no participante (QUIVY e

    CAMPENHOUDT, 1992) aplicados nas referidas comunidades entre julho de 2007 e fevereiro de

    2008. As secundrias foram provenientes de dados coletados no Programa de Doutorado MADE,

    bem como de estudos, projetos, relatrios, censos e afins de instituies governamentais de

    planejamento e extenso rural, de entidades no-governamentais, de assessoria, entre outras.

    Entre os agricultores ecolgicos(as) das comunidades Campina dos Pinto, Pinhal e Capiru

    Boa Vista, verifica-se a formao histrica de dois grupos: um grupo ligado empresa Fruto da

    Terra e ao Instituto Biodinmico; e um outro grupo associado a Rede Ecovida de Agroecologia

    (PADILHA, 2008). Doze famlias de agricultores ecolgicos vivem nestas comunidades, onde treze

    agricultores e agricultoras foram entrevistados: Adyr Fioreze, Oromar Fioreze, Mrio ngelo

    Gasparin, Alrio Gasparin, Mario Gabriel Gasparin, Elizete do Rocio Gasparin, Gilmar dos Santos

    Farias, Agostinho Valter Gasparin, Grimaldo Gasparin, Cleber Cristiano Gasparin, Natair Cavassin,

    Vera Lcia Cavassin e Sidnei Cavassin. Todos foram entrevistados em suas residncias e em meio

    s reas de cultivo. Foram observados, tambm, locais de comercializao: a empresa Fruto da

    Terra e a banca de produtos ecolgicos na Escola Tcnica da UFPR.

    O incio da agricultura ecolgica nas comunidades Campina dos Pinto, Pinhal e Capiru Boa

    Vista

    Em Rio Branco do Sul, na dcada de 1980, a ao de padres da Igreja Catlica estimulou no

    municpio a organizao de comunidades de base. Em paralelo a esta iniciativa, o governo doEstado do Paran incentivou a criao de associaes visando a melhoria das condies de

    produo e comercializao do feijo, surgindo nesse contexto a Associao de Pequenos

    Produtores Rurais de Rio Branco do Sul (Associao RIOSUL), sob superviso da EMATER/PR e

    da Companhia de Desenvolvimento Agropecurio do Paran (CODAPAR).

    A Associao RIOSUL existe desde 1982, mas no incio da Associao RIOSUL, os

    grandes agricultores e comerciantes se apropriaram de suas estruturas (veculos, armazns,

    mquinas, etc.) e passaram a utiliz-las para uso prprio. (PERACI, 2002, p. 7). Somente em 1992

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    4/21

    4

    alguns agricultores familiares, estimulados pela Igreja Catlica, disputaram e ganharam a direo da

    Associao RIOSUL. Sob a direo destes agricultores familiares, a Associao RIOSUL,juntamente com a Universidade Federal do Paran (UFPR) e a Fundao F & Alegria3, apresentou

    um projeto Fundao Kellogg em 1993, intitulado Alternativas econmicas para a diversificao

    do balano alimentar das comunidades rurais de Rio Branco do Sul com o objetivo de melhorar,

    atravs de assessoria, formao e capacitao organizativa, a qualidade nutricional dos agricultores

    familiares da regio. A proposta tambm expressava um novo objetivo da Associao RIOSUL:

    promover o desenvolvimento sustentvel da agricultura familiar na regio do Vale do Ribeira,

    melhorando a qualidade de vida das pessoas e reduzindo os nveis de pobreza, por meio da

    organizao, formao, articulao, comercializao e divulgao, que envolvesse agricultores,

    populaes urbanas e consumidores, buscando um desenvolvimento social, econmico e poltico

    mais justo (PERACI, 2002, p. 8). O projeto Alternativas econmicas... envolveu mais de 500

    famlias em um processo de capacitao e formao que influenciou profundamente a organizao e

    a mobilizao na vida de 12 comunidades do municpio. O agricultor Adyr Antnio Fioreze

    participou intensamente deste projeto e relata sua experincia:

    Eu comecei a participar da Associao RIOSUL, associao de produtores de RioBranco do Sul, na poca no existia o municpio de Itaperuu, isso foi em... 89, 90,e a, 92, 93 surgiu, foi fundado o municpio de Itaperuu, emendado em RioBranco. Um pessoal de l tava junto na associao e da ns continuamos junto.

    Ns trabalhamos um projeto com a associao que foi bem interessante tambm, eeu acho que esse projeto ajudou bastante inclusive no fortalecimento dos grupos de

    produtores orgnicos. E a, na poca, esse projeto ele era voltado pra autogesto,ento eu acabei aprendendo muito com o projeto. No incio era participante comoagricultor dentro, formamos um conselho do projeto pra fazer umacompanhamento mensal no projeto, e tinha os coordenadores, coordenadores darea mais poltica do projeto, que trabalhava toda essa questo da autogesto etinha mais uma coordenadora nessa rea de sade alternativa. Foi a que eu fiz essecurso de bioenergia depois quando eu tava no... Mas bom, passado um tempo eutambm entrei na coordenao do projeto, fiquei 6 meses, foi muito interessante,aprendi bastante no projeto. Inclusive tinha participao do pessoal daUniversidade Federal tambm ali, que participava conosco, ajudava (ADYRFIOREZE, 2007).

    O projeto Alternativas econmicas... demandou intensos debates, envolvendo no somente

    as comunidades locais mas tambm a UFPR e rgos do governo do Estado e do Municpio. A

    implementao do projeto previa trs reas especficas agricultura, sade e poltica de

    comunicao que passaram por um processo de avaliao da direo, dos parceiros e em

    3A Fundao F e Alegria do Brasil foi criada em 1981, filiada Federao Internacional F e Alegria. De acordo coma prpria Fundao, a F e Alegria um Movimento de Educao Popular Integral e Promoo Social cuja ao,impulsionada pela f crist, se dirige de forma co-participativa aos setores empobrecidos, principalmente crianas e

    jovens, privilegiando os grupos discriminados por razes tnicas, culturais, de gnero ou por necessidades especiais (FY ALEGRIA, 2008).

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    5/21

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    6/21

    6

    de Curitiba.Com a inconstncia na produo, porm, essa possibilidade logo se esgotou. Em maro

    de 1997 a AOPA constituiu um parceria com a Associao de Produtores Agrcolas de Colombo(APAC)4 e a Prefeitura de Colombo. Com uma melhor infra-estrutura para o recebimento e

    embalagem dos produtos orgnicos, um dos pr-requisitos dos supermercados, a AOPA ampliou a

    comercializao dos seus produtos. No ano de 1997 houve tambm o crescimento no nmero de

    famlias de agricultores associados passando de 180 em 1996, para 219 em 1997; e aumento do

    nmero de grupos de agricultores filiados, de 9 para 13 grupos; tambm o volume de toneladas

    comercializadas, de 97 toneladas/ano passou para 235 toneladas/ano (BALESTRIN, 2002). De

    acordo com Peraci (2002), 72 famlias de Rio Branco do Sul haviam aderido a agricultura

    alternativa contribuindo para os nmeros acima.

    Em 1996 a AOPA havia iniciado as negociaes com os supermercados para

    comercializao (em circuito longo) de produtos orgnicos na RMC e em 1997 comearam a serem

    vendidos os produtos em quatro lojas da rede Mercadorama de Curitiba. O supermercado se

    responsabilizava pelas possveis perdas de produtos, o que era uma vantagem para a associao. Em

    1998 a relao comercial ampliou-se para 12 lojas, e em 1999 este nmero cresceu para 16 lojas de

    supermercados que ofertavam produtos orgnicos em Curitiba, sendo a maioria da rede

    Mercadorama. Quando a Rede de supermercados Mercadorama foi adquirida pelo grupo portugus

    Sonae5, em 1998, ocorreram mudanas que afetaram a parceria com a AOPA. Surgiram obstculos

    na comercializao entre a AOPA e os supermercados que se resumiam na dificuldade em efetivar o

    planejamento da produo, a garantia da produo demandada pelas lojas e em arcar com o

    processo de devoluo dos produtos no comercializados pelos supermercados.

    4A Associao de Produtores Agrcolas de Colombo (APAC) foi criada em 1984 em uma comunidade do interior domunicpio de Colombo/PR. No seu processo organizacional contou com a participao da EMATER. A princpio osagricultores (todos convencionais) reuniam-se no barraco da Igreja da comunidade de Boicininga e preparavam sacolascom produtos de suas propriedades (como feijo, alface, couve-flor, etc) com o intuito de comercializ-los em Curitiba.Em 1988 a APAC instalou-se e construiu sua sede do municpio de Colombo num terreno doado pela prefeitura. At

    meados dos anos 90 a associao permaneceu com pouca atividade ou quase desativada, como foi o caso de muitasassociaes da RMC. A partir deste perodo a entidade retomou a sua finalidade inicial: a comercializao da produoagrcola dos seus associados. Passou ento a ser um elo entre o produtor e o mercado (BALESTRIN, 2002). Com srios

    problemas financeiros a APAC cessou suas atividades comerciais em 2005. Atualmente alguns associados estoprocurando reativar a Associao que ainda mantm uma estrutura material importante (O ESTADO DO PARAN,2008).5A partir dos anos noventa, em Curitiba, assim como no restante das grandes cidades brasileiras, ocorreu um processode concentrao do setor varejista, juntamente com uma maior participao do capital estrangeiro. Em 1994 as vintemaiores redes de supermercados do pas representavam 56% do faturamento total dos supermercados. Em 2001, asvinte maiores j dominavam 75% das vendas do setor e o capital estrangeiro avanou de 16% em 1994 para 57% em2001. As trs maiores redes de supermercados so, em primeiro lugar o Grupo Po de Acar, que possui as bandeirasExtra e Po de Acar; em seguida o Carrefour, e em terceiro o Wal-Mart com as bandeiras SAMs Club, Big eMercadorama. A compra da Rede Sonae pelo Wal-Mart aumentou a concentrao fazendo com que 37% do varejoficasse nas mos das trs redes citadas (SILVA, 2007, p.83).

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    7/21

    7

    Crises no circuito longo de comercializao dos produtos orgnicos

    No final de 1999 a AOPA transferiu sua sede para a cidade de Curitiba. Mas a transferncia

    no aconteceu sem que houvessem desgastes, especialmente na relao com a APAC. Este processo

    culminou, no incio de 2000, com o rompimento e a desassociao deste grupo de associados da

    AOPA. Sem um consenso, uma parte dos agricultores permaneceu na AOPA, integrando-se em

    grupos de municpios vizinhos. Contudo, aqueles agricultores que eram a maioria (cerca de 32)

    criaram um setor de produtos orgnicos com certo grau de independncia dentro da APAC,

    certificados pelo IBD, que passou a competir pelos mesmos canais de comercializao da AOPA. A

    APAC acaba retomando sua finalidade inicial: a comercializao da produo agrcola dos seus

    associados e passando a ser um elo entre o produtor e o mercado (BALESTRIN, 2002).A viso crtica do mercado foi um dos motivos, dentre outros, que teriam levado ruptura

    entre AOPA e APAC. De acordo com Balestrin (2002), estavam em jogo duas vises distintas de

    associativismo: a AOPA estava mais identificada com um projeto ideolgico-poltico do que

    comercial e a APAC era uma entidade que servia de suporte comercial para os seus associados.

    Entre os anos 1997 e 2000 a AOPA tornou-se comercialmente dependente das grandes redes

    de supermercados de Curitiba, relao que chegou a representar 90% do faturamento da associao.

    Algumas condies deixaram a AOPA em dificuldades para cumprir seus compromissos com os

    supermercados: ineficincia no planejamento da produo, a sada do grupo de agricultores de

    Colombo, altos padres exigidos pelos supermercados e agravantes climticos (KARAM, 2001;BALESTRIN, 2002). Para Rogrio Suniga Rosa, presidente da AOPA em 2001:

    O mercado transforma tudo em nmeros. Os valores que a gente quer construir e aque h uma distncia, porque os agricultores que esto l produzindo eles no tmessa perspectiva ideolgica da construo de uma nova sociedade, de valoresdiferentes. Eles esto querendo estar inserido no mercado. Agora a gente muitasvezes se sente assim: estar inserido no mercado estar virando carne moda. E a estratgico fortalecer o pequeno varejo. mais complicado, d mais trabalho, mas muito mais seguro e muito mais eficiente do que as grandes redes porque elesfazem absurdos com a gente. Um produto todo correto, todo certinho eles norecebem e volta pra trs. Volta pra associao e perde todo o produto (ROSA, 2001apud BALESTRIN, 2002, p.105).

    Est claro que as grandes redes de supermercado no passaram, repentinamente, a ter

    simpatia pelas idias e prticas (agro)ecolgicas. Suas motivaes so bem mais simples: a vontade

    de melhorar e consolidar sua imagem de marca e a presso do mercado ou dos concorrentes. O

    supermercadista est interessado em reforar junto ao consumidor a percepo de uma oferta

    comercial diferente daquela dos seus concorrentespercepo capaz de atrair novos clientese em

    harmonia com as aspiraes que o consumidor tem percepo capaz de fidelizar a clientela. Ou

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    8/21

    8

    seja, o produto ecolgico transformado em um instrumento de promoo (SCHMIDT, 2000).6

    As condies comerciais que o supermercado imps AOPA so claramente fundamentadasno clculo de rentabilidade, em outras palavras, numa racionalidade econmica onde tudo se

    fundamenta no clculo em capital. As aes do grupo Sonae na esfera econmica estavam

    orientadas principalmente por uma racionalidade capitalista no importando o quanto isso pudesse

    violar racionalidades substantivas ticas. Nessa perspectiva, o processo de crise econmica

    vivenciado pelos associados a AOPA e APAC no ocorreu simplesmente por problemas internos a

    associao mas , antes, fruto da imposio de condies e regras do mercado capitalista que se

    constituem a partir da racionalidade econmico-instrumental.

    As tenses entre a AOPA e os supermercados culminam em 2001 quando os associados, em

    assemblia, decidem desistir de se relacionar por meio da AOPA com os supermercados. As razes

    que levaram deciso eram relativas aos problemas administrativos e s novas relaes comerciais

    impostas pelo grupo Sonae, como aquisio do espao, devoluo integral, taxa sobre cada produto

    cadastrado, e o pagamento feito mensalmente AOPA chegando a ocorrer 120 dias aps a entrega

    dos produtos (IPARDES, 2007). Com dificuldades na comercializao e nos pagamentos dos

    associados, a AOPA encerrou suas atividades comerciais em 2001.7

    Com os entraves na comercializao atravs da AOPA, o grupo da Campina dos Pinto,

    Pinhal e Capiru Boa Vista foi se desestruturando, e parte dos agricultores retornou produo

    convencional de hortifrutigranjeiros, o que representou um grande refluxo no trabalho com a

    agricultura ecolgica, permanecendo na atividade (at o momento desta pesquisa) somente doze

    famlias.

    A gente teve problema com a AOPA ali. At no sei qual a condio da AOPAhoje, mas na poca dum lado a AOPA... O pessoal tava na agricultura por causa daAOPA. De outro lado a AOPA trouxe at bastante inspeo aqui pros agricultores.Porque comeou com venda de produto e tudo, eles comearam com essa parte devenda sabe, e a comeou muita, tinha um pessoal l dirigindo, comeou com muitafilosofia e conversar e no se agia. E a gente comeou a se decepcionar comaquilo, porque a gente produzia e precisava viver daquilo, e l jogando fora e novendia. E foi at que fechou as portas l (OROMAR FIOREZE, 2007).

    6 Conforme Leff (2002), os problemas sociais e ambientais causados pelo processo de crescimento e globalizaoeconmica so mascaradas hoje em dia pelo propsito de um desarrollo sostenible. Alm dos dissensos em torno dodiscurso do desenvolvimento sustentado/sustentvel e os diferentes sentidos que este conceito adota em relao aosinteresses contrapostos pela apropriao da natureza, gera-se um mimetismo retrico onde em nome de sostenibilidad

    justifica-se at mesmo a manuteno da mesma racionalidade macroeconmica de produo e consumo de bens eservios, apontados, pela crtica ambientalista e pelo diagnstico cientfico, como aquela que deu forma aos atuais

    problemas desustentabilidaddo modelo de crescimento econmico.7 Em janeiro de 2002 um grupo de consumidores e agricultores ligados a AOPA e a empresa INCOFIN ParanParticipaes S.A. criaram a empresa Armazm Agroecolgico a fim de operacionalizar as vendas de produtosorgnicosa experincia durou at 2003. A partir da a AOPA trilhou um caminho mais prximo das atividades de umaorganizao no governamental, com uma representao mais pronunciada diante de outras entidades e do governo,alm de organizar a produo e tentar abrir novos canais de comercializao.

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    9/21

    9

    (...) e da a AOPA parou e ns ia desistir da orgnica de novo, porque no tinhaonde comercializar, a surgiu essa Fruto da Terra a n, a ela fez uma proposta pra

    gente entregar pra eles l, a comecemos e at hoje ns tamo aqui, tamo indo a(GRIMALDO GASPARIN, 2007).

    Se, como afirmam Karam (2001) e Balestrin (2002), entre os dirigentes da AOPA muitas

    vezes falava-se na linguagem das lutas ideolgicas, o que parecia ser primordial entre muitos(as)

    agricultores era a sobrevivncia e a insero num mercado de orgnicos. Devido a sua forte insero

    neste mercado, estes agricultores sofreram profundamente os impactos da crise na AOPA e APAC.

    Para Adyr Fioreze, foi uma poca difcil quando o pessoal comeou a sair do orgnico, porque se

    percebeu tambm que o pessoal tava muito pelo econmico na produo orgnica. Quem entendeu

    o todo da produo orgnica? (2007).

    Alguns dos entrevistados nesta pesquisa declararam que na poca em que tiveram

    dificuldades na comercializao da produo ecolgica mal tinham dinheiro para comprar comida,

    algumas vezes tendo que utilizar o dinheiro de emprstimos bancrios agrcolas na alimentao da

    famlia. A explicao, ento, para o abandono das prticas ecolgicas entre alguns agricultores

    familiares de Rio Branco do Sul no se sustenta na afirmao de que eles agiram orientados pelo

    lucro como uma empresa permanente, capitalista e racional, mas como agricultores com uma lgica

    familiar caracterstica (WANDERLEY, 1999, 2008) que ao serem pressionados pelas condies do

    mercado buscaram melhores condies de vida. Trata-se de uma situao de crise no sistema

    comercial imposto a estes agricultores que, nestas circunstncias, agem orientados sobrevivncia

    do mundo da vida deles.

    Novos canais de comercializao na produo agrcola ecolgica

    A partir do rompimento entre AOPA e APAC e o fim da comercializao pela AOPA, os

    agricultores de Rio Branco do Sul que permaneceram na produo ecolgica se aproximaram da

    APAC visando um canal de comercializao:

    Da comeou com a APAC aqui, a APAC era Associao dos ProdutoresOrgnicos de Colombo, uma coisa assim sabe. E da eu comecei, que o pessoal da

    APAC que era da AOPA, se dividiram e formaram uma associao pra c. Da l[na AOPA] pararam com essa parte de comercializao, no sei qual a funodeles hoje, mas da o pessoal veio pra c e a gente comeou a ter ligao aquitambm. E a at que tava bom, foi, tava bom tudo, mas era uma outra associao(OROMAR FIOREZE, 2007).

    A partir do momento em que se separou da AOPA, a APAC retomou sua finalidade inicial: a

    comercializao da produo agrcola dos seus associados. Ela passou ento a ser um elo entre o

    produtor e o mercado (BALESTRIN, 2002). Com a comercializao, quase que exclusiva em redes

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    10/21

    10

    de supermercados, tanto de orgnicos quanto convencionais, a relao bastante desgastante com os

    supermercados se manteve em razo da grande escala de vendas e com esta a possibilidade deincluso de cada vez mais agricultores.

    Neste perodo de instabilidades na comercializao dos orgnicos de Rio Branco do Sul uma

    das pessoas, (...) a Clia que tambm era uma que entregava pra AOPA, acabou montando uma

    empresa, que o Fruto da Terra que acho que voc conhece. E hoje o pessoal acaba entregando

    tudo ali pra prpria Clia, ali pra empresa dela os produtos orgnicos (ADYR FIOREZE, 2007).

    Clia Lazarotto havia participado das reunies no processo de converso do grupo da

    Campina dos Pinto e investiu na produo ecolgica. Com esta proximidade, sua empresa

    processadora de alimentos orgnicos e convencionais se fortaleceu a partir da estrutura trabalhada

    pela AOPA. Embora a indstria processadora no tenha exclusividade na comercializao com os

    agricultores, ocorrem relaes que extrapolam as questes puramente comerciais. De acordo com

    esses agricultores, foi se estabelecendo uma relao de pertencimento na histria da empresa Fruto

    da Terra, fato reconhecido pela empresa, a qual abre espao para os agricultores escolherem as

    espcies e os cultivos que melhor se adaptam s suas trajetrias e estruturas produtivas

    (RUSZCZYK, 2007, p.160).

    A empresa Fruto da Terra compra os produtos in naturados agricultores da regio de Rio

    Branco do Sul e Colombo, limpa e embala para negociar com os grandes supermercados de Curitiba

    sob o selo de certificao do Instituto Biodinmico (IBD). No incio das entregas para a Fruto da

    Terra o preo das hortalias era pr-combinado para o ano todo no acompanhando as variaes do

    mercado. Mas estas condies foram logo modificadas e os preos pr-combinados passaram a

    serem variveis, sem um (re)acordo com os agricultores, conforme os interesses da empresa Frutos

    da Terra e dos supermercados que se fundamentam principalmente na oferta e preo dos produtos

    no mercado:

    Ento, o que acontece que ele [o produto orgnico] encarece muito, o Fruto daTerra tem que jogar uma margem de lucro pra eles, despesas e margem de lucro, edepois os mercado sem fazer nada eles jogam 150% em cima, ento quem come,vai achar que ns produtor orgnico est ficando rico, e no bem assim. [...] O

    preo pra voc ter uma idia, do brcolis normal ns ganhamos setenta centavos acabea, na couve-flor oitenta centavos, repolho sessenta centavos, direto. A essesdias [a Fruto da Terra] fizeram uma promoo de brcolis, como tinha bastante

    pagaram vinte e cinco centavos. Ento, que nem voc falou, do preo de quemcompra, que vai mais caro do que o outro. Eu acho que ns ganhamos at menosdo que o convencional, no sempre n, mas . O preo pra quem planta orgnicono assim to bom. S que ns temos preo fixo, aquele preo o ano inteiro(GRIMALDO GASPARIN, 2007).

    Na comercializao no tem muito o que dizer, porque a gente sempre entrega promesmo, ns entregamos s pra um, tudo que ns produzimos ns entregamos s

    pra Clia, pra empresa dela, ento o que a gente t produzindo ta entregando tudo

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    11/21

    11

    pra ela. (...) Faz anos que o que a gente produz entrega ali, tudo que t produzindo,no sobra nada. No caso, t sobrando agora o brcolis, eles no to nem

    conseguindo vender, to jogando l no mercado a qualquer preo s pra noperder, diz que t difcil de vender mesmo, a concorrncia muito grande n.Agora no caso tamo s empatando. Semana passada cortamos mil cabeas [de

    brcolis] por viagem, trs vezes na semana que ns entregamos, d trs milcabeas por semana s de brcolis. E ainda que a maioria ta a ainda. Esse

    prejuzo pra ns. C corta o melhor, da fica algum pouco l, da tem que jogar opreo l em baixo pra poder vender, dar uma controlada e poder pagar as mudas(VALTER GASPARIN, 2007).

    Ento uma vez aqui era o preo fixo, que ns tinha. Podia subir ou baixar que nsficava nessa. E agora quando eles abaixam muito o nosso abaixa um poucotambm. E os mercado eles cobram muito em cima. Os mercado jogam o preo atdemais (MRIO GABRIEL GASPARIN, 2007).

    Como a AOPA j no estava mais comercializando a produo de orgnicos desde 2001, os

    mercados acessados por esses agricultores ecolgicos se limitou a Fruto da Terra e a APAC.

    Considerando que a APAC e a Fruto da Terra comercializam quase toda a produo com grandes

    redes de supermercados, ou seja, fazendo parte de um ciclo longo de comercializao, ambas agem

    de acordo com a racionalidade e a viso do mercado capitalista, comercializando em condies de:

    padronizao, constncia na entrega independente das condies climticas ou de safras, devoluo

    das sobras, altos preos repassados ao consumidor com a conseqente elitizao da clientela e

    maior sobra de produtos, pagamento de taxas para utilizao das gndolas ou ponto, planejamento

    de entrega (talvez o nico elemento positivo). Meirelles (2002, p.2-3) afirma que vrios fatores tm

    levado muitos produtores a utilizarem "tcnicas alternativas" mas optarem por um "mercado

    convencional": o acentuado crescimento do mercado de produtos limpos ou orgnicos atraiu para o

    setor uma parcela de empresrios, rurais e urbanos, a maioria no identificada com o que se

    denomina iderio agroecolgico; a necessidade premente de reproduo econmica da agricultura

    familiar tambm obriga esse setor e seus aliados a buscarem alguma forma de insero no mercado,

    muitas vezes no acompanhada de reflexo sobre o papel desse mercado na construo de um

    desenvolvimento rural sustentvel; a falta de apoio pblico para o redesenho das redes de comrcio

    hoje estabelecidas - centralizadas e oligopolizadas - seguramente tambm contribui para esse

    quadro.

    A comercializao com a APAC e a Fruto da Terra continuou at 2005 quando, por uma

    conjugao de problemas administrativos, de descontos exigidos pelas redes de supermercados e de

    falta de acompanhamento dos associados, a APAC cessou suas atividades comerciais fechando as

    portas. Com este canal de comercializao fechado a maioria dos agricultores ecolgicos da

    Campina dos Pinto, Pinhal e Capiru Boa Vista mantiveram a comercializao apenas com a

    empresa Fruto da Terra:

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    12/21

    12

    At inclusive hoje, a administrao da APAC, sei l o que aconteceu, se foi muitoruim, ou o que, ela arrecadava bastante e tal, mas foi um processo complicado esse

    negcio de venda a, e foi at que fechou as portas a APAC tambm. (...) foi umP na cara, porque, ali fechou a gente. At porque era um concorrente do Fruto daTerra, a APAC, e a Clia comeou l e eu comecei entregar l e na APAC, nos doislugares. Ento era um meio da gente conseguir um preo melhor. Ento a APACcaiu fora e ficou s ela l (OROMAR FIOREZE, 2007).

    Hoje s no Fruto da Terra, mas um tempo atrs ns tinha na APAC, mas a APACchegou num ponto l que, no sei o que aconteceu l, pegou e fechou as portas,ficou devendo pro pessoal. Faliu n (MARIO GABRIEL GASPARIN, 2007).

    Entre as doze famlias que permaneceram na agricultura ecolgica depois da crise na AOPA

    e APAC, sete passaram a entregar suas produes apenas para a empresa Fruto da Terra, o que os

    levou a trabalhar quase que de forma integrada indstria de processamento, mantendo-se umasituao onde a renda e sobrevivncia familiar depende apenas de um canal de comercializao:

    A gente entrega pra Clia Lazarotto, ali na Serrinha. Eles embalam e levam promercado. Ento, plantamos j pra ela, direto pra ela, j toda semana com uma cotade plantao pra entrega pra ela. (...) Se hoje a Fruto da Terra parasse decomercializar ns tinha parado de produzir. Ns no temos outro canal decomercializao, a no ser que surgisse de repente. Porque a gente no temestrutura de t embalando e entregando nos mercado e outros lugar. A nossaestrutura pra plantar e entregar no Fruto da Terra (GRIMALDO GASPARIN,2007).

    (...) que tem meses que ela paga R$ 1,20 por kg de tomate para o agricultor,enquanto o consumidor paga R$ 9,00 pelo kg do mesmo tomate da Fruto daTerra l no supermercado (...) E a o tal negcio, a empresa vai trabalhar com oque d lucro, e os agricultores queiram ou no so funcionrios da empresa, comoa empresa visa lucro ela vai pagar pouco para o produtor. Mas os agricultores, queesto produzindo no orgnico, a maioria tem ainda uma viso mais econmica do

    processo, eles no tem ainda uma viso ambiental (ADYR FIOREZE, 2006 apudZONIN, 2007, p.53).

    Na comercializao de orgnicos em circuito longo, Darolt (2000) constatou que na Regio

    Metropolitana de Curitiba o agricultor ainda o mais prejudicado em termos de retorno econmico.

    Do valor total (100%) deixado no caixa do supermercado pelo consumidor, em mdia 30% so

    destinados ao agricultor, 33 % so para cobrir os custos dos intermedirios com embalagem,

    transporte e pessoal, e o restante (37%) corresponde margem dos varejistas. Ressalta-se que desdea dcada de 1990 o capital internacional tem aumentado sua participao no mercado varejista por

    todo o Brasil, em 2001 j detinha 57% dos supermercados e hipermercados. Em Curitiba as redes

    estrangeiras Carrefour e Sonae (que comprou o Wal-Mart, SAMs Club, Big e Mercadorama)

    detinham, no mesmo, ano 37% do varejo (SILVA, 2007, p.83).

    Para concorrer nesse mercado os produtos ecolgicos necessitam serem certificados, ter alta

    qualidade e seguir normas de apresentao de embalagens, alm de seguir um sistema de

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    13/21

    13

    distribuio impessoal que possa competir com as formas convencionais de comercializao. Para

    Brandenburg (2002), isso tudo faz com que a agricultura ecolgica siga padres de um mercado deconsumo massificado. Para competir em preo, qualidade e apresentao, a razo instrumental se

    impe sobre a produo ecolgica. Visando a dinamizao da produo e comercializao, alguns

    princpios da agricultura ecolgica parecem diluir-se a medida que ajustam-se s estruturas do

    sistema agroalimentar convencional. O processo de institucionalizao da agricultura ecolgica

    parece, ento, se realizar segundo a forma e padres da produo convencional. Embora isso, em

    certa medida, dinamize a produo e permita que um maior nmero de consumidores tenha acesso a

    produtos de qualidade superior, a produo ecolgica em algumas situaes (como no circuito

    industrial e supermercadista) cede diante da lgica organizadora do sistema hegemnico ou do

    capital.

    Preocupados justamente com uma filosofia mais ecolgica e social, os associados da

    AOPA buscaram, depois do fim de suas atividades comerciais em 2001, uma nova misso voltando-

    se ao fomento da agroecologia, cursos e execuo de projetos (como o Iguatu, o Florestando a

    Agricultura Familiar do Paran, o PISO e as Feiras de Orgnicos). Ao mudar seu foco, a AOPA

    abandonou a certificao por auditagem atravs do IBD e se associou em 2002 a Rede Ecovida de

    Agroecologia8e seu sistema de Certificao Participativa em Rede.

    Com a entrada da AOPA na Rede Ecovida de Agroecologia em 14 de novembro de 2002,

    quando se realizou na sede da AOPA em Curitiba a reunio de fundao do Ncleo Regional

    Maurcio Burmester do Amaral (MBA) criaram-se novas possibilidades para os agricultores

    ecolgicos de Rio Branco do Sul. A adeso Rede Ecovida marca a mudana no apenas para uma

    outra forma de certificao da produo mas para uma perspectiva agroecolgica que procura aliar a

    mudana da base tecnolgica da agricultura transformao e construo de uma tica

    fundamentada em valores e princpios de respeito ao meio ambiente, solidariedade, cooperao,

    respeito s diferenas, resgate da cultura local e valorizao da vida (ZONIN, 2007; RUSZCZYK,

    2007; REDE ECOVIDA, 2008).

    O Ncleo MBA composto por 25 grupos integrados por 302 famlias, abrangendo 23

    municpios no entorno de Curitiba, dentre eles o Grupo Sabugueiro que aglutina 12 famlias de

    agricultores dos municpios Bocaiva do Sul, Colombo e Rio Branco do Sul. O grupo Sabugueiro,

    ao qual integrou-se Alrio Gasparin, j vinha produzindo ecologicamente desde 1997.

    8A Rede Ecovida define a agroecologia como todo o processo de produo de alimentos e produtos em conjunto com anatureza, onde os agricultores desenvolvem suas atividades protegendo o ambiente e sem depender dos pacotestecnolgicos modernizadores com seus caros e degradantes insumos industriais. A agroecologia visa qualidade de vidae no somente as sobras financeiras, a base para o desenvolvimento sustentvel que inclui os aspectos sociais,ambientais e econmicos, envolvendo as dimenses polticas, tcnicas e culturais, em processos educativos adequados,onde os trabalhadores(as) assumem o papel principal e aumentam seu poder de interveno na sociedade, de formaorganizada.

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    14/21

    14

    Depois da AOPA parando a comercializao, foi montada a Rede Ecovida, a aAOPA at tava meio junto e a gente conseguiu entrar. Aqui no deu grupo, no

    nosso lugar, a eu peguei e fui pro Grupo [Sabugueiro] l de Bocaiva. Toparticipando l, j faz trs ou quatro anos que eu to l! (...) Eu entrego nosupermercado, embalo e da entrego direto. Eu mesmo fao a entrega. aqui naregio, Rio Branco e Itaperuu, s nessa regio aqui. (...) Porque aqui no nossolugar, ns somos em trs produtores. Porque os dois que moram a, eles entregam

    para uma empresa em Colombo [a Fruto da Terra] e a empresa certifica eles.Agora, como eu entrego, eu mesmo particular, eu precisava de uma certificao. Eo IBD para voc pagar s pra voc fica muito caro, a eu optei pela Rede Ecovida.Sai mais barato e melhor a certificao! E sempre tem acompanhamento. A IBDvem uma vez por ano s, no acompanha nada. (...) Comercializei com a APAC,associao que tinha em Colombo, que acabou fechando tambm. Mas para Frutoda Terra eu nunca entreguei. Eu fao entregas pro mercado mesmo. Depende demim mesmo n, o certificado sai no meu nome, enquanto eles entregam mas ocertificado da empresa. A hora que fechar a empresa eles ficam sem certificado

    (ALRIO GASPARIN, 2007).

    Depois que a APAC fechou eu comecei a trabalhar com o Alrio. Nessa hora todomundo foi desanimando e caindo fora. Por que era muito raro mesmo, no tinhacondio na venda. Era muita gente e pouca venda. Mas como o Alrio entregavanos mercado ele continuou e eu continuei com ele. Da pra entregar nos mercadode Rio Branco e Itaperuu ficou ele s. Hoje o mercado at t bom, as pessoas toconhecendo mais o qu que orgnico. At porque o convencional t mais caroque a orgnica agora l no mercado, mas porque a geada acabou com as verdura

    por a (GILMAR DOS SANTOS FARIAS, 2007).

    Alrio Gasparin comercializa diretamente com seis mini e supermercados de Rio Branco do

    Sul e Itaperuu desde 2002, realizando junto com sua esposa o processamento das verduras que

    produz. Desta forma ele no depende das empresas processadoras de alimentos para comercializarseus produtos e se mantm de acordo com os objetivos da Ecovida: o estabelecimento de relaes

    mais prximas entre agricultores e consumidores atravs de formas de comercializao que

    priorizem a venda direta e/ou que reduzam ao mximo as intermediaes e a valorizao e

    priorizao no atendimento ao mercado interno (SANTOS, 2002, p.16).

    J participei [de feira], s que era convencional, quando ns fazia. Eu gostaria defazer do orgnico, mas o problema tempo. Porque pra produzir e vender na feira,

    precisa de tempo. Ficar ali meio dia, um dia vendendo, pra mim complicado. Daeu prefiro entregar em supermercado que eu chego ali entrego e volto embora. (...)Olhe, eu acho que se a gente conhecesse [os consumidores] era melhor, podia estar

    explicando como funciona tudo. Mas difcil voc conhecer todos que compram.Bom seria se pudesse, at aonde eu entrego em Itaperuu vai vir uma escola aqui,

    pra conhecer como que produz. O mercado onde eu entrego j me pediu se podia.Tranqilo porque isso bom, porque as crianas j conhecendo como funciona

    pode passar pros pais que s vezes no conhece. E o futuro vai ser melhor se todomundo conseguir consumir orgnico (ALRIO GASPARIN, 2007).

    Essa organizao a jusante da produo beneficiamento, transformao e comercializao

    permite a reduo das margens aplicadas ao longo do circuito de comercializao e uma baixa no

    preo ao consumidor, observvel na comparao entre preos dos supermercados de Rio Branco do

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    15/21

    15

    Sul e Curitiba, ao mesmo tempo que favorece a adoo da agricultura ecolgica por um nmero

    maior de produtores. E nestas condies os(as) agricultores ecolgicos(as) acabam podendo seinserir nos circuitos de comercializao j estabelecidos. Alrio Gasparin foi capaz de estabelecer

    relaes comerciais diretamente com os mini e supermercados da regio, evitando que, de novo,

    ocorra uma fuga do valor gerado para os beneficiadores e os distribuidores.

    At o ano de 2007 quase todos os agricultores que no participavam diretamente da Rede

    Ecovida manifestaram interesse pela certificao participativa. Dentre estes Adyr Fioreze e Mario

    ngelo Gasparin, no por coincidncia pioneiros da agricultura ecolgica em Rio Branco do Sul,

    interessaram-se pela proposta agroecolgica da Rede. Eram freqentes as conversas entre os

    agricultores e tambm com a empresa Fruto da Terra sobre a criao de uma grupo da Rede

    Ecovida na Campina dos Pinto e Pinhal. Quando a AOPA entrou para a Rede Ecovida os

    agricultores destas comunidades conversaram sobre a possibilidade de formar um grupo, mas os

    esforos iniciais no tiveram continuidade e o grupo no se formou na regio o que levou Alrio a

    se integrar ao grupo Sabugueiro de Bocaiva. Em entrevista, Alrio afirmou que participar no grupo

    Sabugueiro muito bom mas h a dificuldade de ter que se deslocar para outros municpios todos

    os meses para as reunies e visitas s unidades de produo.

    Desde a metade do ano de 2007, Mario ngelo e Adyr comercializam produtos ecolgicos

    produzidos por eles e outros agricultores da regio em uma banca que ocorre uma vez por semana

    na Escola Tcnica da UFPR. Como ainda no possuam um selo de certificao para seus produtos

    a entrada na Rede Ecovida era muito desejada tambm por seu Sistema de Certificao

    Participativa. Percebia-se poca o crescimento dos interesses em constituir um grupo da Rede

    Ecovida na comunidade Campina dos Pinto:

    E a ns vamos fazer um grupo agora, eu tenho um pessoal a que so ligado aRede Ecovida. ramos um grupo da AOPA n, ento a gente t buscando a fazerum grupo agora da Rede Ecovida. E eu vou necessita porque daqui um... esse

    prximo ano eu j tenho, espero ter ameixa pra vender, caqui, tudo orgnico(ADYR FIOREZE, 2007).

    (...) aqui no existia, no funcionava a Ecovida, foi uns anos depois de comear.At ns tinha falado com o Adyr a de montar um grupo e trabalhar com a Ecovidatambm, mesmo estando com a IBD. Fazer um grupo da Ecovida nunca demaisn! Uma reunio, conversar sobre orgnico e certificar com outro selo, no tinha

    problema n! O meu primo l [Alrio Gasparin], trabalha com a Ecovida(GRIMALDO GASPARIN, 2007).

    Eles [Grimaldo e Agostinho Gasparin] tambm to pensando em comear aparticipar da Ecovida, no sei se eles comentaram. parece que eles to falandoque to querendo fazer um grupo pra c tambm, da Ecovida (ELIZETEGASPARIN, 2007).

    Foi ento que Adyr Fioreze, Alrio Gasparin, Elizete Gasparin, Gilmar dos Santos, Lauro

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    16/21

    16

    Silva e Mario ngelo Gasparin decidiram formar um grupo da Rede Ecovida. Para que uma

    organizao (grupo, associao ou cooperativa) se integre Rede Ecovida necessria a indicaode dois membros do ncleo regional mais prximo. Mario ngelo (04/09/2008) afirmou que a

    participao de Alrio neste novo grupo, chamado Dois Pinheiros, muito importante. Como Alrio

    conhecido por agricultores de outros grupos, o pedido de criao do grupo Dois Pinheiros foi

    prontamente aceito na reunio de janeiro de 2008. O grupo Dois Pinheiros nasceu oficialmente em

    janeiro de 2008, mas j acumula muita experincia na produo ecolgica associando agricultores

    bastante atentos s questes relativas sade da famlia, ao ambientais, valorizao da agricultura

    familiar e ao associativismo.

    Consideraes Finais

    Os obstculos na formao de um grupo da Rede Ecovida em Rio Branco do Sul podem ser

    vistos como um indicativo da fragilidade no associativismo da regio, j apontado por Karam

    (2001), Balestrin (2002) e Cidade Jr. (2008). Porm, um crescente fortalecimento de processos

    organizativos ligados ao movimento agroecolgico9vem modificando o baixo associativismo, so

    exemplos o grupo Dois Pinheiros e a Rede Ecovida. De acordo com Mayer (2006, p.16), esto se

    criando e dinamizando na regio do Vale do Ribeira, onde se inclui Rio Branco do Sul,

    organizaes de base voltadas para o desenvolvimento local. O Frum das Organizaes da

    Agricultura Familiar do Vale do Ribeira , para o autor, um importante espao de articulaoregional que modifica a idia de baixo associativismo na regio.

    Alm do baixo associativismo na regio, identificado por Karam (2001) e Balestrin (2002),

    um outro obstculo histrico expanso da agricultura ecolgica se imps: as dificuldades na

    comercializao. Para Darolt (2000), Apesar de existir uma demanda crescente por alimentos

    orgnicos, a pesquisa mostrou que o processo de comercializao ainda bastante complexo, sendo

    considerado como um dos principais entraves (DAROLT, 2000). Tal gargalo no processo de

    expanso da produo e consumo de produtos ecolgicos reconhecido pelo prprio movimento

    agroecolgico.

    Se antes a comercializao atravs do CEASA-PR e dos grandes intermedirios nofavoreciam o associativismo, hoje os agricultores de Rio Branco do Sul esto criando alternativas

    9De acordo com Brandenburg (2002), diversas associaes entorno da agricultura alternativa ou ecolgica se formaramno Paran e em outros Estados brasileiros. Elas formaram um movimento que se articula nacionalmente em busca deuma via alternativa modernizao conservadora da agricultura. O encontro de 1983 que ocorreu em Campinas/SP um indicador deste movimento agroecolgico; neste encontro participaram mais de 100 lideranas nacionais entretcnicos e agricultores representantes de diversos brasileiros. Naquele momento foram formuladas as bases para aorganizao de uma rede nacional de fomento s tecnologias alternativas, surgindo, ento, o Projeto TecnologiasAlternativas que articulou os estados do Maranho, Cear, Paraba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, So Paulo,Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

    [Aline Fon1] Comentrio: Quais? Vcdisse acaba o item anterior dizendojustamente que um grupo de agricultoresformou um grupo da Rede Ecovida, e mais,que ele j tm muito experincia.

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    17/21

    17

    solidrias para comercializao e certificao de seus produtos atravs do associativismo. H um

    processo significativo que aponta para a emergncia de iniciativas que buscam caminhosassociativos e agroecolgicos face aos obstculos da comercializao e certificao dos produtos

    ecolgicos.

    A reao destes agricultores familiares s diferentes presses e rupturas nos processos

    produtivos e comerciais levou muitos deles adoo de estratgias de diversificao dos canais de

    comercializao. Esses canais passam pelos mercados da indstria processadora de alimentos (Fruto

    da Terra), da venda direta em programas governamentais (Compra Direta Local da Agricultura

    Familiar), da venda direta ao consumidor (banca de ecolgicos na Escola Tcnica da UFPR e

    entrega de cestas em domicilio), da venda a intermedirios ou a pequenos mercados prximos. So

    relaes que conferem atividade econmica destes atores agroecolgicos a possibilidades de se

    inserir tanto nos mercados agrcolas convencionais, como em outros atravs de processos solidrios

    de interao e troca; relativizando, assim, as concepes fechadas do mercado e abrindo-o aos

    mltiplos mercados e relaes econmicas que a racionalidade ambiental tem procurado construir

    (LEFF, 2006).

    Nas relaes sociais que se estabelecem na banca de produtos ecolgicos de Mario ngelo,

    Adyr e Lauro, certamente a racionalidade ambiental est presente, ali estes atores do movimento

    agroecolgico agem a partir de valores ticos ligados a sade humana, a conservao ambiental e o

    comrcio. A comercializao na banca de produtos ecolgicos no apenas uma busca do lucro

    mas um momento de encontro e socializao (PADILHA, 2008). Desta forma, tanto agricultores

    quanto consumidores ecolgicos tm perseguido objetivos baseados em outros valores, inclusive

    no-materiais, mesmo pondo em risco seus ganhos econmicos. No caso do movimento

    agroecolgico em Rio Branco do Sul, no incio da produo ecolgica muitos deles seguiram a

    converso da unidade de produo mesmo vendo seus ganhos econmicos serem reduzidos. A

    agricultura ecolgica, ento, ajuda a abrir a economia de mercado pluralidade de atores e prticas.

    A resistncia destes agricultores familiares s diferentes presses e rupturas nos processos

    produtivos e comerciais levou muitos deles adoo de estratgias de diversificao dos canais de

    comercializao: venda para indstrias, venda para outros agricultores familiares, programas

    governamentais, venda direta ao consumidor e para pequenos varejistas.

    Entre os 200 grupos hoje integrados Rede Ecovida de Agroecologia possvel constatar

    grande diversidade de situaes do ponto de vista de suas relaes com o mercado. Alguns grupos

    comercializam seus produtos em circuitos convencionais sem os diferenciarem como orgnicos ou

    ecolgicos, contradizendo a tese de que os preos atrativos pagos por um mercado diferenciado so

    o principal elemento (seno o nico) capaz de motivar a incorporao de princpios ecolgicos ao

    manejo dos sistemas produtivos. Outros circulam grande parte de sua produo diretamente ao

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    18/21

    18

    consumidor em feiras (tal como na Feira de Orgnicos do Passeio Pblico de Curitiba), pontos de

    oferta, entregas em domiclio ou cooperativas de consumidores (caso da Associao deConsumidores Orgnicos do Paran). Alguns deles trabalhando com volumes maiores de produo

    comercializam parte de seus produtos em grandes lojas e supermercados. O elemento fundamental

    nesses diferentes processos a existncia de uma construo ativa de mercados para os produtos e

    produtores ecolgicos em que se busca evitar ou minimizar a presena de intermedirios na

    comercializao de produtos agrcolas, encurtando a distncia entre produtores e consumidores,

    fortalecendo sistemas participativos de gerao de credibilidade de seus produtos e fomentando

    redes locais de abastecimento.

    Reagindo s imposies de um mercado pautado pela racionalidade econmica, atores do

    mundo rural tm lutado para construir relaes econmicas fundamentadas em outros valores, mais

    solidrios, que distribuam a renda de forma a possibilitar a reproduo dos agricultores em longo

    prazo e facilitar o acesso dos consumidores com menos poder econmico aos produtos com

    qualidade superior. Fica clara a necessidade no apenas de uma produo, mas tambm de uma

    comercializao sustentvel. O agricultor necessita receber uma remunerao mais justa pelo seu

    trabalho que lhe permita, da mesma forma que o consumidor de alimentos ecolgicos, melhorar sua

    qualidade de vida.

    Embora o processo de ecologizao (BUTTEL, 1995) se encontre distante de uma

    generalizao, certamente, nos encontramos diante da emergncia de formas diferenciadas de

    produo e de condutas de consumidores. Pesquisas como esta e outras do Programa de Ps-

    graduao em Sociologia e do Doutorado MADE constatam que vivemos um estgio de

    modernidade em que ocorre um questionamento universalizao de prticas industriais de

    produo bem como ao consumismo inconseqente. Assim, na relao produo-consumo de

    alimentos emergem modelos de produzir e consumir que reconstroem as relaes da sociedade com

    a natureza segundo princpios socioambientais.

    Os movimentos sociais em defesa da sustentabilidade na agricultura cumprem um

    importante papel tanto na ecologizao da agricultura como nos debates polticos envolvendo o

    desenvolvimento rural (Buttel, 1995). A agroecologia, portanto, apresenta-se como uma alternativa

    ao modelo de produo e desenvolvimento modernizador do rural muitas vezes seguido no Brasil.

    A agroecologia no se coloca apenas como tcnica de produo ecolgica, ela busca tambm a

    sustentabilidade social e econmica como forma de independncia em relao autonomizao dos

    mercados. Significa a reconstruo de uma relao socioambiental cuja raiz tem origem no modo de

    vida campons representando uma opo de sobrevivncia para o agricultor familiar que

    pavimenta o caminho de outras ruralidades.

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    19/21

    19

    Bibliografia

    BALESTRIN, Ndia Luzia. Associao da Agricultura Orgnica no Paran: uma proposta em(re)construo. Dissertao de mestrado em Sociologia, Universidade Federal do Paran. Curitiba,2002.

    BRANDENBURG, Alfio. Movimento agroecolgico: trajetria, contradies e perspectivas.Desenvolvimento e meio ambiente, n 6, p.11-28, jul/dez. Curitiba, Editora da UFPR, 2002.

    BUTTEL, Frederick H. Transiciones agroecolgicas en el siglo XX: anlisis preliminar.Agricultura y Sociedad, n 74, Jan./mar, 1995, pag. 9-38.

    CIDADE JUNIOR, Homero Amaral. Agricultura orgnica na Regio Metropolitana de Curitiba:fatores que afetam seu desenvolvimento. Dissertao de mestrado em Agronomia, UniversidadeFederal do Paran. Curitiba, 2008.

    DAROLT, Moacir Roberto. As dimenses da sustentabilidade: um estudo da agricultura orgnicana regio metropolitana de Curitiba-PR. Tese de doutorado Interdisciplinar em Meio Ambiente eDesenvolvimento, Universidade Federal do Paran/ParisVII. Curitiba, 2000.

    FE Y ALEGRA. Quem somos. Disponvel em: < http://www.feyalegria.org/default.asp?fya=1>Acesso em: 07/11/2008.

    FLORIANI, Nicolas. Avaliao das terras pelos agricultores ecolgicos de Rio Branco do Sul: umaabordagem geo-scio-agronmica da paisagem rural. Tese de doutorado Interdisciplinar em MeioAmbiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Paran. Curitiba, 2007.

    IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econmico e Social. O mercado deorgnicos no Paran: caracterizao e tendncias. Curitiba: IPARDES, 2007. Disponvel em: Acesso em: 02/08/2009.

    KARAM, Karen F. Agricultura orgnica: estratgia para uma nova ruralidade. Tese de doutoradoInterdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Paran. Curitiba,2001.

    LEFF, Enrique. Agroecologia e saber ambiental. Agroecologia e Desenvolvimento RuralSustentvel. Porto Alegre: EMATER/RS, vol.3, n 1, jan./mar, 2002.

    MAYER, Paulo Henrique. Transio agroecolgica na Regio Metropolitana de Curitiba.Agriculturas, n 3, outubro de 2006. Disponvel em:Acesso em: 20/08/2008.

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    20/21

    20

    MEIRELLES, Larcio Ramos. Comercializao e certificao de produtos agroecolgicos.Encontro Nacional de Agroecologia, Rio de Janeiro, 2002. Disponvel em: Acesso em:07/03/2009.

    PADILHA, Douglas Ochiai. A construo da racionalidade ambiental no movimento agroecolgicoem Rio Branco do Sul-PR. Dissertao de mestrado em Sociologia, Universidade Federal doParan. Curitiba, 2008.

    PERACI, Adoniram Sanches. Construyendo nuevos caminos: sitematizacin de la experincia denutricin humana y microfinanciamiento rural de los agricultores y agricultores familiares Del Valledel Ribeira Estado de Paran, Brasil. Curitiba, 2002. Disponvel em: Acesso em: 09/04/2008.

    QUIVY, Raymond; CAMPENHOUDT, Luc Van. Manual de investigao em cincias sociais.Lisboa: Gradiva, 1992.

    REDE ECOVIDA DE AGROECOLOGIA. Stio Digital Ecovida: Ncleos/Membros, 2008.Disponvel em: Acesso em: 22/08/2008.

    RUSZCZYK, Joo Carlos. A agricultura familiar e de base ecolgica, transies e estratgias dereproduo: redefinies e permanncias nos olericultores de Rio Branco do Sul. Tese de doutoradoInterdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Paran. Curitiba,2007.

    SANTOS, Luiz Carlos R. et al. Caderno de Normas para Certificao de Produtos Ecolgicos.Rede Ecovida de Agroecologia, 2002.

    SCHMIDT, W. Agricultura orgnica: entre a tica e o mercado? In: Agroecologia eDesenvolvimento Rural Sustentvel.Porto Alegre, v. 1, n 4, out/dez, 2000.

    SILVA, Pedro Junior da. Um passeio pelas gndolas: escolhas e influncias dos consumidores dealimentos em supermercados. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.

    WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. Razes histricas do campesinato brasileiro. In:Agricultura familiar: realidades e perspectivas. TEDESCO, Joo Carlos (Org). Passo Fundo:EDIUPF, 1999.

    _______. A emergncia de uma nova ruralidade nas sociedades modernas avanadas - o ruralcomo espao singular e ator coletivo.Estudos Sociedade e Agricultura, n15, outubro 2000: 87-145.Disponvel em: Acesso em:06/04/2008.

  • 7/25/2019 Agricultores Familiares Ecolgicos e Mercados Associativos - PADILHA, 2009

    21/21

    21

    ZONIN, Wilson. Transio agroecolgica: modalidades e estgios na RMC. Tese de doutoradoInterdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Paran. Curitiba,2007.