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AGRI PRO AMBIENTE

RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DA ÁREA MINEIRA DA URGEIRIÇA

PLANO DIRECTOR DE INTERVENÇÃO E PROJECTO DE SELAGEM E RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DA BARRAGEM VELHA

PROJECTO DE EXECUÇÃO

ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL

VOLUME I – RESUMO NÃO TÉCNICO

ÍNDICE DE PORMENOR 1. INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS...............................................................................................1

2. JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO .............................................................................................3

3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO E ALTERNATIVAS ..................................................................4

3.1 Enquadramento Geral..........................................................................................................4

3.2 Alternativas Estudadas ........................................................................................................5

3.3 Descrição do Projecto de Selagem da Barragem Velha .....................................................6

4. DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO ACTUAL DO AMBIENTE ..........................................................9

5. AVALIAÇÃO DE IMPACTES, MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO E MONITORIZAÇÃO............. 12

6. AVALIAÇÃO GLOBAL DE ALTERNATIVAS ......................................................................... 14

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................... 15

Lisboa, Abril de 2004 Visto, ____________________ ____________________ Eng.º Rui Coelho Dr.º Jorge Inácio Chefe de Projecto Coordenação

Recuperação Ambiental da Área Mineira da Urgeiriça Projecto de Selagem e Recuperação Ambiental da Barragem Velha Estudo de Impacte Ambiental Abril 2004 RESUMO NÃO TÉCNICO

AGRI PRO AMBIENTE

RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DA ÁREA MINEIRA DA URGEIRIÇA

PLANO DIRECTOR DE INTERVENÇÃO E PROJECTO DE SELAGEM E RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DA BARRAGEM VELHA

PROJECTO DE EXECUÇÃO

ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL

VOLUME I – RESUMO NÃO TÉCNICO 1. INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS

O presente documento constitui o Resumo Não Técnico do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do Plano Director de Intervenção e Projecto de Selagem e Recuperação Ambiental da Barragem Velha da Área Mineira da Urgeiriça. Este projecto faz parte da Recuperação Ambiental da Área Mineira da Urgeiriça para a qual estão previstas outras intervenções em áreas afectadas pela exploração e que serão concretizadas posteriormente. Está enquadrado no programa de recuperação de áreas mineiras degradadas para a qual foi atribuída uma concessão do exercício de actividade pelo Decreto-Lei n.º 198-A/2001. A Mina da Urgeiriça localiza-se na Região Centro, na freguesia de Canas de Senhorim pertencente ao concelho de Nelas. Na FIG. 1 apresenta-se o enquadramento nacional, regional e local do projecto em estudo. O proponente do projecto é a EXMIN, Companhia de Indústria e Serviços Mineiros e Ambientais, S.A., cujo capital social é detida pela EDM – Empresa de Desenvolvimento Mineiro, SGPS, à qual foi atribuído o exercício da actividade de Recuperação Ambiental de Áreas Mineiras Degradadas pela Resolução do Concelho de Ministros n.º 93/2001, nos termos do regime jurídico de concessão do exercício desta actividade definida pelo Decreto-Lei n.º 198-A/2001. Os estudos desenvolvidos no âmbito do Estudo de Impacte Ambiental tiveram início em Dezembro de 2003, tendo sido concluídos em Março de 2004 e foram realizados pela empresa AGRI-PRO AMBIENTE, Consultores S.A.. O presente Resumo Não Técnico pretende de uma forma simples e concisa apresentar as informações, conclusões e medidas de maior relevo indicadas no EIA.

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2. JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO

A análise da evolução da indústria de produção de concentrados de urânio em Portugal permitiu concluir que ao longo de quase um século, foram produzidas cerca de 4 370 toneladas de concentrado de urânio, para além dos sais de rádio da produção inicial até 1945, e cerca de 13 milhões de resíduos. As minas de urânio foram exploradas em Portugal desde 1907 até 2001, sendo a Empresa Nacional de Urânio, S.A. (ENU) a última responsável (1990 – 2001). As diferentes formas de exploração devido às características das mineralizações, deram origem a diferentes métodos, havendo minas subterrâneas, a céu aberto e ainda outras onde os dois métodos coexistiram. A aplicação de diversos métodos de desmonte e recuperação originam no meio ambiente impactes diferenciados, quer no que respeita aos solos, recursos hídricos, ar, paisagem, quer no respeitante à intensidade do impacte radiológico, resultante da natureza dos minérios explorados. Em resultado desta actividade, permanecem ainda em muitas minas, escombreiras de minério pobre e de estéreis, bacias de rejeitados e lamas resultantes da decantação de efluentes. Estas explorações de urânio, tendo muito de comum com os impactes resultantes da exploração de outros minérios, necessitam de uma abordagem adicional, devido ao facto dos resíduos produzidos possuírem radioactividade residual. Esta complexidade deu origem à realização de estudos integrados sobre as minas de urânio de que resultou o Plano Director de Intervenção para a Recuperação da Área Mineira da Urgeiriça e como acção prioritária a selagem da escombreira da Barragem Velha.

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3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO E ALTERNATIVAS

3.1 Enquadramento Geral

a) Área de Intervenção O Plano Director da Recuperação Ambiental da Área Mineira da Urgeiriça prevê uma intervenção faseada, sendo prioritária a selagem da escombreira da Barragem Velha. As outras intervenções que dependem desta correspondem ao fecho da mina subterrânea e a selagem e recuperação da Barragem Nova. A área de intervenção prioritária a confinar e recuperar ambientalmente corresponde assim a cerca de 78 000 metros quadrados de depósitos de rejeitados designado por Barragem Velha, a que acrescem a remoção e descontaminação do depósito de rejeitados de Santa Bárbara e o depósito de minério pobre localizado na área industrial da Urgeiriça. b) Situação Actual da Área a Intervencionar Prioritariamente Na Barragem Velha encontram-se depositados cerca de 1,4 milhões de metros cúbicos de rejeitados que correspondem a uma altura média de deposição de cerca de 20 metros no conjunto da área a intervencionar. Os materiais depositados apresentam dimensões variáveis e estão colocados sobre granitos. A sua deposição fez-se ao longo da exploração mineira em bacias de rejeitados, durante a qual foram transportados na forma líquida através de condutas. Ao longo de muitos anos de exploração, estas barragens foram aumentando, convertendo-se em escombreiras que se dispõem formando aterros, com vertentes muitas vezes altas e instáveis e sujeitas à erosão. Actualmente toda a zona está coberta de vegetação relativamente densa, escondendo algumas irregularidades e situações de instabilidade dos taludes. Na escombreira produzem-se águas ácidas, que vertem na envolvente, sendo grande parte conduzida para lagoas depois de tratamento e para a ribeira da Pantanha. A escombreira de Santa Bárbara encontra-se a Noroeste da Barragem Velha, próxima da Urgeiriça e corresponde a um depósito de escombros de significativas dimensões onde se estimam estarem depositadas cerca de 90 000 metros cúbicos de materiais inertes, embora com radioactividade residual. Está situada junto ao Poço da Mina de Santa Bárbara e está parcialmente coberta de vegetação. Também a Noroeste da Barragem Velha na zona mais a Norte e dentro da área industrial existe ainda um depósito de minério pobre, onde se estimam estarem cerca de 20 000 metros cúbicos de minério.

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3.2 Alternativas Estudadas

Neste estudo foram consideradas três alternativas de intervenção (FIG. 2), para a selagem da escombreira da Barragem Velha, tendo em conta a sua articulação com a escombreira de Santa Bárbara e o depósito de minério da área industrial

• a primeira, designada como Solução Base corresponde à selagem de todo o depósito de rejeitados da Barragem Velha, integrando nesta área a selar todos os materiais existentes na escombreira de Santa Bárbara, que correspondem a cerca de 90 000 metros cúbicos, e os minérios depositados na área industrial que corresponde a cerca de 20 000 metros cúbicos.

• a segunda, designada por Solução A envolve apenas a integração na selagem da Barragem Velha dos 20 000 metros cúbicos do minério da área industrial, descontaminando-se esta área, enquanto a escombreira de Santa Bárbara só será intervencionada no âmbito da futura recuperação ambiental da Barragem Nova.

• a terceira, designada de Solução B não considera qualquer transferência de minério ou escombros para a Barragem Velha, ficando assim no mesmo local até ser possível a sua transferência no futuro para a Barragem Nova.

FIG. 2 – Solução Alternativa para o Projecto de Recuperação da Barragem Velha

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3.3 Descrição do Projecto de Selagem da Barragem Velha

A intervenção na Barragem Velha visa o confinamento e selagem do depósito de resíduos de maior impacte radiológico-ambiental da Área Mineira da Urgeiriça e envolverá as seguintes intervenções principais: a) Modelação do Terreno As elevadas quantidades de materiais depositados não permitem outra solução do que o seu tratamento no local. Por outro lado, a vasta área intervencionada recomenda que nesta intervenção seja feito o máximo de aproveitamento do projecto no sentido de resolver outras situações próximas, concentrando num único local as acções as desenvolver. Nesse sentido, e tendo em conta os volumes mais reduzidos dos materiais depositados na escombreira de Santa Bárbara e do minério pobre na área industrial da Urgeiriça, propõe-se, na Solução Base, a remoção destes materiais para a Barragem Velha. Deste modo, os materiais removidos serão sujeitos ao mesmo tratamento das escombreiras da Barragem Velha, procedendo-se à descontaminação dos dois locais onde se encontravam que serão assim renaturalizados ou aproveitados para outros usos. A escombreira da Barragem Velha, incluindo os materiais transferidos será assim modelada, de modo a eliminar irregularidades e suavizando os taludes, eliminando os riscos de erosão. Esta modelação terá em conta a inserção morfológica no relevo local. b) Selagem Toda a área onde existem materiais de risco será devidamente revestida e coberta, de modo a assegurar-se dois objectivos. O primeiro será evitar que as águas da chuva se infiltrem no aterro, dando origem a contaminações. Deste modo evitar-se-á a produção de águas ácidas e contaminadas, reduzindo-se, de forma significativa a contaminação de solos, águas subterrâneas e superficiais. O segundo será reduzir drasticamente o fluxo de emissão de radão e os níveis de radiações (em particular a radiação gama), o que se reforçou a impermeabilização do aterro com uma espessa camada de argila que associada à tela sintética constituirá uma barreira segura a estas emissões. A espessura das camadas foi devidamente calculada para assegurar este fim. A cobertura do aterro foi assim concebida para ser constituída por multicamadas, incluindo solo vegetal, camadas drenantes, argilas compactadas e tela sintética que associadas constituirão a selagem de toda a área intervencionada Todo o aterro será dotado de dois sistemas de drenagem separativos para as águas contaminadas (águas ácidas) emergentes do fundo do aterro e para as águas pluviais (águas limpas) que serão desviadas pela cobertura isolante para o exterior de área recuperada. Recuperação Ambiental da Área Mineira da Urgeiriça Projecto de Selagem e Recuperação Ambiental da Barragem Velha Estudo de Impacte Ambiental Abril 2004 RESUMO NÃO TÉCNICO

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c) Integração Paisagística Toda a área intervencionada será sujeita a uma recuperação paisagística com a plantação de espécies arbóreas e arbustivas, de forma adequada, de modo a evitar danos na camada de impermeabilização, mas a assegurar o melhor comportamento de resistência à erosão, inserção ecológica e valorização paisagística. Será devidamente vedada, evitando a intrusão de pessoas não autorizadas e será instalado um sistema de vigilância e monitorização que assegurará o controle dos aspectos sensíveis, fornecendo os dados necessários ao acompanhamento de recuperação ou à definição de outras intervenções futuras. Na FIG. 3 apresenta-se um corte do aterro com a modelação final prevista.

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4. DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO ACTUAL DO AMBIENTE

O estudo e análise da situação actual do ambiente na zona do projecto considerou as componentes físicas, de qualidade, ecológicas e humanas mais relevantes, tendo em conta as características locais e regionais da área. Foi previamente analisada a vasta documentação de base existente, feitos levantamentos de campo e contactadas entidades locais, de modo a caracterizar detalhadamente a zona. Em termos geológicos a área em estudo é de natureza granítica e é marcada por declives suaves, apenas surgindo declives superiores na parte final da ribeira da Pantanha, onde apresenta um entalhe mais vigoroso, e nas vertentes do rio Mondego. Do ponto de vista hidrogeológico identificam-se dois tipos de aquíferos. Um fissurado correspondendo à base granítica e o outro à própria escombreira constituída essencialmente por materiais finos. Entre estes aquíferos não existe praticamente ligação originando a escorrência de águas ácidas na base de aterro que actualmente drenam em direcção à ribeira da Pantanha, sendo aí captadas e encaminhadas para uma estação de tratamento. Concluiu-se assim que os principais impactes da exploração mineira da Urgeiriça na zona a intervencionar se relacionam, com a modelação do aterro existente e com os riscos de erosão. Geomorfologicamente, o impacte não é muito elevado, pois a inserção do aterro na topografia aplanada da região, onde predominam as pequenas elevações, é relativamente fácil. O escoamento da Barragem de rejeitados constitui um impacte significativo, bem expresso nas ressurgências que surgem em vários pontos da base dos taludes com implicações na contaminação de solos e linhas e águas superficiais. A ocupação do solo está associada em parte à tipologia e qualidade dos solos. Deste modo, a Norte da área de incidência do projecto, e com extensão para Este, a ocupação é essencialmente florestal, com predomínio do pinheiro bravo. A Sul o predomínio é agrícola com algumas áreas residuais de mato / floresta. Esta ocupação torna a área sensível a contaminações que podem ter origem na dispersão de poeiras contaminadas ou pelo vento ou pela água das chuvas. O clima da região é chuvoso, onde os valores mais elevados de precipitação ocorrem durante o inverno, predominando os ventos do quadrante Nordeste e Sudoeste. Do ponto de vista hidrológico, a área em estudo encontra-se localizada na bacia Hidrográfica da ribeira da Pantanha, a qual apresenta uma área de sensivelmente de 6 quilómetros quadrados sendo afluente directo do rio Mondego.

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Nas margens direita e esquerda desta ribeira afluem algumas linhas de água de carácter não permanente. O escoamento superficial da área em estudo, incluindo a zona industrial, escombreira de Santa Bárbara e Barragem Velha, bem como a água proveniente da estação de tratamento da mina, drena para a ribeira da Pantanha. Esta ribeira tem um troço de cerca de 300 metros artificializado à passagem entre as Barragens Velha e Nova, de forma a limitar o contacto com as águas ácidas da Barragem Velha. Estas águas contaminadas são recolhidas e encaminhadas para a estação de tratamento de águas ácidas. Do ponto de vista dos usos, e com base nos elementos recolhidos no levantamento de campo, a água da ribeira é apenas utilizada pontualmente para rega. Em termos de qualidade do ar, a área do projecto apresenta uma boa qualidade face à ausência de fontes poluidoras importantes. Relativamente à qualidade da água identificaram-se alguns focos de contaminação ao longo da ribeira da Pantanha (para Sul da Barragem Velha), assim como nalguns poços. Os níveis de ruído no local são relativamente reduzidos, sendo a principal fonte de poluição sonora associada à circulação de veículos. A contaminação detectada tem essencialmente origem nas áreas mineiras e verifica-se a Sul da Barragem Velha, nas águas de superfície e subterrâneas e nos solos. As características torrenciais de ribeira permitem admitir que eliminando a origem da contaminação a recuperação dos sedimentos da ribeira será efectiva a médio prazo. Em termos de flora e vegetação, a área em estudo não apresenta uma sensibilidade ecológica significativa. No geral, a área em estudo apresenta uma fauna relativamente reduzida e pouco variada onde ocorrem apenas espécies generalistas. A paisagem da área em estudo insere-se num relevo caracterizado por apresentar cotas relativamente baixas. A área a intervencionar é muito humanizada e localiza-se entre três unidades de paisagem distintas: Área Social, Área Florestal e Área Agrícola. Sob o ponto de vista da ocupação do solo, a área a recuperar localiza-se no limite da povoação e apresenta-se muito degradada, pelo que o projecto de integração paisagística proposto contribuirá para a naturalização da envolvente.

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Em termos socioeconómicos, a região tem verificado uma perda de população significativa desde a década de 60, por motivo de migração, apresentando nas últimas décadas uma certa estabilidade na evolução populacional. O sector primário ainda representa uma percentagem muito significativa de absorção de mão-de-obra. No entanto, na freguesia de Canas de Senhorim esse valor é residual, sendo os sectores secundário e terciário os mais representativos. As actividades mineiras ligadas à exploração de urânio nas minas da Urgeiriça, com grande historial na área em estudo, cessaram as suas actividades, tendo suportado até ao início dos anos 90 um número significativo de trabalhadores. Do ponto de vista dos planos de ordenamento existentes para a região, verifica-se uma preocupação em recuperar este espaço degradado, o que o actual projecto se propõe. Em termos patrimoniais não foram identificados quaisquer valores de interesse na área a intervencionar.

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5. AVALIAÇÃO DE IMPACTES, MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO E MONITORIZAÇÃO

Foram analisados e avaliados os efeitos ambientais decorrentes do Plano e Projecto de Selagem e Recuperação Ambiental da Barragem Velha para a fase de construção e para a fase de pós-implementação do aterro. Pelas suas características, os impactes negativos em termos globais far-se-ão apenas sentir na fase de construção, enquanto na fase de pós-implementação da selagem do aterro e da concretização do Plano todos os impactes serão significativamente positivos. Na fase de construção, os impactes negativos na geomorfologia, geologia, hidrogeologia, solos e usos do solo, clima, flora, fauna são reduzidos. Os impactes na hidrologia, ar, água, ambiente sonoro e contaminações específicas (ar, solos e água) são moderados. Os impactes na paisagem são considerados elevados. Todos estes impactes negativos são, no entanto, de carácter temporário. Os impactes no património, ordenamento e condicionantes são nulos. Nesta fase apenas as actividades económicas apresentam impactes positivos, induzidos pelos trabalhos a desenvolver, mas serão também reduzidos e temporários. Os impactes referidos como sendo negativos devem-se essencialmente às acções de modelação do aterro, transporte de escombros e circulação de máquinas, equipamentos e pessoas. Os transportes de escombros e minério pobre serão feitos pela via de ligação (EM1473) entre a área Industrial e a Barragem Velha, num máximo de 6 camiões / hora durante quatro meses. Os restantes transportes de materiais para a selagem chegarão à Barragem Velha pela EN234, sem atravessarem Urgeiriça com um máximo de 4 camiões / hora. Na FIG. 1 apresentam-se esses trajectos locais e regionais. Para a redução dos impactes negativos na fase de construção estão previstas medidas de minimização, que se prendem essencialmente com o planeamento adequado dos trabalhos de construção e com procedimentos de gestão da obra. Para a fase de construção foram também definidos planos de monitorização da qualidade do ar, qualidade da água, ambiente acústico e radiológico. A obra terá um acompanhamento e gestão ambiental adequados, no sentido de verificar o cumprimento das medidas de minimização previstas e as boas normas de gestão ambiental. Na fase de pós-implementação da selagem da Barragem Velha, todos os impactes se revelam claramente positivos, sendo alguns deles muito elevados. De facto, a intervenção permitirá uma nova modelação do actual aterro da Barragem Velha que passará a ter declives suaves, inserindo-se harmoniosamente na paisagem.

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Após o processo de recuperação do coberto vegetal previsto no projecto de integração paisagística prevê-se que o aterro fique bem integrado na paisagem local apenas ficando marcado pelo facto do local estar condicionado ao uso e vedado. Constituirá um impacte muito elevado a redução, abaixo dos níveis recomendados pela União Europeia, da dose efectiva de radiação emitida no local, sendo inclusivamente possível que estes valores fiquem abaixo dos níveis ocorrentes a nível de natureza local. Existirá assim uma redução muito significativa dos riscos associados à antiga exploração mineira a que acrescem a eliminação dos dois locais onde também existem actualmente materiais, o depósito de minério pobre e a escombreira de Santa Bárbara. A eliminação destes dois locais, por se encontrarem em área urbana, representa um impacte muito positivo. As emissões de radão que constituem um elemento de poluição na zona serão fortemente reduzidas com a selagem, o mesmo ocorrendo com a redução de águas superficiais contaminadas. Desta situação beneficiará não só o local, mas toda a sub-bacia da ribeira da Pantanha e o próprio rio Mondego. A eliminação das escorrências ácidas afectadas com contaminações radiológicas, permitirá que o processo natural de recuperação, originado por águas limpas, se desenvolva em toda a ribeira da Pantanha reduzindo as contaminações nos sedimentos e nos solos a jusante da Barragem Velha. As implicações nos aquíferos serão previsivelmente muito positivas, contribuindo assim para a melhoria da saúde pública em toda a área e para a qualidade dos produtos agrícolas produzidos. Do ponto de vista socioeconómico e de ordenamento, os impactes serão igualmente positivos, libertando áreas degradadas para outros usos (nos casos de Santa Bárbara e do depósito de minério) e melhorando a qualidade de vida das populações na envolvente próxima. A todos estes impactes acresce a recuperação que se fará na Barragem Nova e outros elementos da mina que se prevêem sejam feitos imediatamente a seguir recuperando e requalificando toda a zona. Esta recuperação será significativamente mais simples com reduzidos impactes na fase de construção e com elevados impactes positivos quando concluída.

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6. AVALIAÇÃO GLOBAL DE ALTERNATIVAS

Os factores fundamentais que distinguem as alternativas correspondem, por um lado e de um ponto de vista positivo, à eliminação mais rápida possível de dois pontos de degradação ambiental na proximidade urbana da Urgeiriça que são o depósito de minério da área industrial e a escombreira de Santa Bárbara. O adiamento da sua eliminação para uma segunda fase de recuperação da área mineira da Urgeiriça corresponderá à manutenção dos impactes negativos destes dois locais por um período mais ou menos longo. Esse período prevê-se que não seja inferior a 3 anos, o que corresponderá à manutenção dos impactes negativos e aos riscos associados. Por sua vez, verifica-se que o aumento de volume da selagem da Barragem Velha com a integração destes materiais corresponde no máximo a cerca 1 metro de altura do aterro. Esta altura será praticamente imperceptível na área intervencionada, pelo que o seu impacte será reduzido. Não sendo previsível qualquer outra alteração significativa na configuração do aterro ou nos declives, as vantagens desta solução sem remoção apresentam-se assim pouco vantajosas ambientalmente. Por sua vez também não tem qualquer vantagem efectiva o aditamento da remoção destes dois depósitos para a Barragem Velha, pois esta remoção é sempre necessária numa fase posterior. Deste modo, os impactes seriam apenas adiados e seriam de facto superiores pois representariam dois períodos de intervenção dentro da povoação, o que com a adopção da solução base ocorrerá apenas uma vez. Refira-se que os trajectos de transporte para a Barragem Nova serão os mesmos que os actualmente previstos sendo, no entanto, agravados por o local de deposição se encontrar mais longe, pois teria que ser feita para a Barragem Nova, o que originará um maior tempo de exposição ao transporte com o acréscimo dos riscos associados. A sobreposição da recuperação da Barragem Velha com a remoção dos resíduos (Solução Base) reduzirá assim de forma evidente o período de exposição da população local aos factores de risco.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos desenvolvidos e utilizados permitiram caracterizar, de forma detalhada, todos os factores de interesse ambiental para a selagem de áreas degradadas que constitui o objecto do projecto e do Plano Director de Intervenção. As conclusões dos estudos directores das áreas de minérios radioactivos foram desenvolvidas adequadamente no projecto, utilizando-se as melhores técnicas recomendadas pelas organizações internacionais para a selagem de aterros deste tipo. Os níveis de controle e confinamento, que constituem o objectivo da intervenção, revelam-se adequados nos níveis de protecção de saúde pública e do ambiente. Globalmente, conclui-se que a intervenção constituirá um assinalável benefício para a zona reduzindo de forma muito significativa os riscos associados à área degradada. Os impactes negativos da fase de construção identificam-se como reduzidos a moderados sendo as medidas de minimização e prevenção previstas suficientes para o seu controle sem riscos significativos. A conjugação da intervenção de selagem na Barragem Velha com a remoção das escombreiras e minérios depositados na escombreira de Santa Bárbara e na Área Industrial da Urgeiriça, resolverão também esta situação de degradação eliminando os riscos para a saúde pública e para o ambiente aí presentes. O mesmo ocorrerá futuramente com a inundação da mina subterrânea e a selagem da Barragem Nova. Constitui assim conclusão do estudo que será um impacte positivo muito significativo a integração desta intervenção de remoção na selagem da Barragem Velha como acção prioritária. O adiamento desta acção será um impacte negativo significativo, prolongando por um número de anos não inferior a 3, os riscos associados. A Solução Base apresenta-se assim como a alternativa mais favorável ambientalmente sobrepondo-se claramente os impactes positivos aos negativos. O projecto apresenta-se viável ambientalmente e terá um impacte positivo muito elevado não se identificando qualquer impacte negativo que lhe esteja associado.

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