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AGRAVO DE. PETIÇÃO Nr 34.293 - SP

Recurso Extraordinário

Recorrentes - Colégio Piratininga Ltda. e Instituto Nacional de Pre­vidência Social

Recorridos - Os mesmos

Por não haver o Colégio Pirati~ ninga Ltda. cumprido o contrato de parcdamento de débito referente a contribuições previdenciárias, moveu~ lhe o INPS ação executiva fiscal com fundamento em termo de confissão de dívida, no valor total de Cr$ 286.292,38.

Sentença de primeiro grau repeliu os embargos e julgou procedente o executivo, condenando o executado ao pagamento da importância cobrada com os acréscimos legais, as custas e os honorários de advogado, que arbitrou em Cr$ 3.000,00.

Ambas as partes agravaram: o INPS, pretendendo que a verba hono~ rária fosse fixada em 20% sobre o valor da condenação; o executado, sustentando que, ao assinar o termo de confissão de dívida, o valor das con~ tribuições já havia sido acrescido das cominações legais (ju,ros, correção monetária e multas), importando, as~ sim, a nova condenação nas mesmas parceIas ( os «acréscimos legais» de que fala a sentença) em verdadeiro bis in idem.

Apreciando esses recursos, Turma deste Tribunal deu provimento ao agravo do INPS e desacolheu o do executado, pelas razões expostas na ementa do acórdão, lJerbis:

Previdência Social. Contri~ buições. Honorários de advog'ldo.

A inclusão no débito 1C0nfes~ sado de parcelas referentes a multa, juros e correção monetária não impede o acréscimo de novas

importâncias a estes títulos, pois os juros e correção monetária continuam a incidir, no período posterior e a multa acompanha a variação do débito.

O compromisso de pagamento assumido por terceiro, e que cons~ titui res inter alios em relação ao INPS, não impede o executivo fiscal, como não o impede a escri~ tura de venda de imóvel, com interveniência da autarquia, que afirma não importar em nova~ ção a autorização dada ao adqui~ rente para saldar o débito utili~ zando crédito do outorgante.

Os honorários de advogado, de acordo com o ajustado na con~ fissão de dívida, são elevados a 20%».

A parte do acórdão que deu pro~ vimento ao agravo do Instituto, o executado opôs embargos de nulidade e, contra o desprovimento do seu recurso, interpôs recurso extraordiná~ rio fundado nas letras a e d, da autori~ zação constitucional, alegando negativa de vigência do art. 49, do Decreto n9 22.626-33, e trazendo a confronto a Súmula nQ 120 e os arestos que lhe serviram de respaldo.

Recebidos os embargos pelo Ple~ nário desta Corte para que os honorá~ rios advocatícios, no percentual de 20%, incidissem, apenas, no «principal da dívida, assim entendido o total da taxa única que recai sobre os salários de contribuição, excluídas do cálculo

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as parcelas aceSSOrIas da dívida, a saber, multa, juros e correção mone~ tária», recorre extraordinariamente a autarquia, alegando, apenas, negativa de vigência dos arts. 14, do Decreto n Q 60. 368~67, e 20, § 39 , do atual Código de Processo Civil.

Quanto ao recurso do executado, data venia dos votos vencedores, enten~ do que lhe assiste razão. Isso porque, ao firmar o termo de confissão de dívida para pagamento parcelado de contribuições previdenciárias em at>:-:lSO, são incluídas no débito consolidado as parcelas referentes aos juros, multa e correção monetária. Assim sendo, injusto será, no meu entender, fazer incidir novos acréscimos, sob os mesmos fundamentos, sobre o débito global. Em abono desse entendimento, dlém dos arestos que serviram de base à edição da Súmula n9 120, na qual se condena o anatocismo, existe julgado recente do Pretório Excelso, que pro~ clamou:

«Contribuições previdellciá~ rias. Confissão de dívida e seu parcelamento. Rescisão do acordo e cobrança executiva do saldo devedor. Cálculo de juros mora~ tórios e correção monetária subse~ qüentes à consolidação da dívida. Ilegalidade do art. 39 , do Decreto n 9 64.278, de 21~8~69, no tocante à imposição de nova multa sobre a totalidade do saldo devedor.

Recurso extraordinário não conhe~ cido» (RE 75.519, publicado no DJ de 11~5~73, p. 3.122).

Já o apelo do Instituto não merece prosperar, pois o aresto recorrido, ao estabelecer os termos em que deveria ser calculada a verba honorária, nada mais fez do que interpretar o item 14, do pacto de confissão de dívida, ajus~ tando~o à norma regulamentar do Anexo IX - item 14 do Dec. 60.368 de 1967, que dispõe; verbis:

«14 - Custas e Honorários de Advogado. O contribuinte se obriga, outrossim, a pagar, junta~ mente com a dívida, as custas ju~ diciais, honorários de advogado à razão de 20% (vinte por cento) sobre o valor do principal cobrado e as percentagens devidas aos serventuários da Justiça».

Assim, o recebimento do iria contrariar a Súmula 454.

Resumindo, diante das expostas, admito o apelo do Piratininga Ltda. (fls. 116) firo o do INPS (fls. 142).

Prossiga~se .

recurso

razões Colégio e inde~

Publique~se, inclusive para os efeitos do art. 545, do CPC.

Brasília, 19 de novembro de 1974. - Márcio Ribeiro, Ministro Presi~ dente.

AGRA VO DE. INSTRUMENTO N9 37 .035 - se Recurso Extraordinário

Recorrente - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

Recorrida - Maria Helena Zwoelfer Pões

Em cumprimento de precatória expedida pelo Juiz Federal de Santa Catarina, nos autos de ação executiva ajuizada pelo BNDE para excussão de dívida garantida por penhor cedular,

o Juiz da Comarca de Itajaí, no mesmo Estado, ordenou a penhora de oem imóvel, o que motivou a oposição de embargos de terceiro senhor e possui~ dor, oferecidos por Maria Helena

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Zwoelfer Fóes ao mesmo Juiz depre~ cado.

Citado, o exeqüente argüiu a in~ competência do Juiz estadual para apreciar os embargos. Rejeitada a ex~ ceção, interpôs agravo de instrumento, que o Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina, a quem foi dirigido o apelo, determinou fosse encaminhado a este Tribunal Federal de Recursos.

Seu Relator nesta Instância, o ilus~ tre Ministro Armando Rollemberg, proferiu voto que foi acolhido pela Egrégia Turma, no qual, depois de transcrever comentário de Pontes de Miranda ao art. 71 L do Código de Processo Civil, de 1939, vigente ao tempo em que foram opC'stos os em~ bargos, assim dirimiu a .controvérsia:

«O princípio enunciado na lição transcrita de Pontes de Mi~ randa não é afastado pelo fato da embargada ter como foro o da Justiça Federal pois, como escreve Hugo Simas «o embar~ gante, que vê seus bens executados por obrigações de terceiros, não poderia ser privado do direito de defendê~los, no seu foro natural, o da situação da coisa, para sofrer o ônus do transporte ao juízo de~ precante, quando já sofre de mo~ léstia injusta ao gozo pacífico de bens, em seu próprio domiclílio, na justa crítica do Prof. Filadelfo

Azevedo ao Projeto Com. ao Cód. de Proc., Civil- pág 199)>>.

Dizendo apoiar~se, apenas, na letra a, do preceito constitucional pró~ prio, recorre extraordinariamente o Banco, apontando .como ofendidos pela decisão recorrida os arts. 125, 1, da CF~69, 42, da Lei n9 5. O 1O~66, e 1.049 e 1.213, do CPC ora vigente.

Essa decisão admitiu a competên~ cia do Juiz Estadual, para ato decisório, fora das exceções autorizadas nos ar~ tigos 125, § § 3· e 49 e 126 da CF.

Ora a competência determinada pela lei da organização judiciária e pela própria Constituição equivale a competência ratione materiae, que é de natureza absoluta.

Assim, entendo que a decisão te~ corrida negou vigência ao artigo 125, I da Constituição e aos demais dispo~ sitivos legais invocados pelo recorrente.

De toda conveniência, aliás, sub~ meter~se ao Eg. Supremo Tribunal Federal a tese sugerida no recurso, a qual não está superada, pois, se aceita, deverá ter larga aplicação à hipótese do art. 747, do novo CPC.

• Admito o recurso. Publique~se, inclusive para os

efeitos do art. 545, do CPC.

Brasília, 10 de dezembro de 1974. - Márcio R.ibeiro, Ministro Presi~ dente.

AGRAVO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nv 67.565 - SP

Recurso Extraordinário

Recorrentes - Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, Hermes Paulo Milan e Hélio Soares de Oliveira

Recorridos - Os mesmos

Servidores do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, num total de sete, requereram

mandado de segurança contra ato do Presidente da entidade, consubstancia~ do na Portaria 44~69, pela qual terIam

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sido eles transferidos para o regime da CLT.

O writ, concedido em primeiro grau, com exclusão de um dos impe~ trantes, Hermes Paulo Milan, que aceitara sua demissão antes da impe~ tração, foi cassado, neste Tribunal, ao fundamento de que Os impetrantes nunca chegaram a adquirir a condição de funcionário autárquico regido pela Lei n9 1. 711 ~52, e, .conseqüentemente, não se poderia impedir lhes fosse apli~ cado o regime da CLT, pelo qual, de resto, sempre foram regidos.

A ementa do acórdão resume a decisão nos termos seguintes:

«Conselho Regional de Con~ tabilidade do Estado de São Paulo.

Até o advento do Decreto~lei n 9 877, de 16~9~69, os servidores do referido Conselho estavam su~ jeitos ao regime jurídico estabele~ cido por disposições autonômÍcas do órgão de disciplina profissional em apreço.

As disposições do Estatuto do Funcionário Público Civil da União somente lhes eram aplicá~ veis, subsidiariamente.

A Resolução n9 44, de 22~9~69, não é ilegal, nem fere direitos dos servidores do Conselho em alusão.

Provimento ao recurso, para cassar a segurança.»

Depois de terem manifestado re~ curso extraordinário, o Conselho e todos os impetrantes, cinco destes e, em relação a eles, também o órgão, pediram desistência, por haverem esses servidores optado pelo Fundo de Ga~ rantia por Tempo de Serviço e pelas normas da CLT.

Homologada a desistência, perma~ neceram, como reciprocamente recor~

rentes e recorridos, o Conselho impe~

trado e dois impetrantes, Hermes Paulo Mílan e Hélio Soares de Oliveira.

Assim, passo a examinar esses recursos, isoladamente.

Diz~se o Conselho inconformado com a parte do acórdão que «deu os recorridos como estáveis, face ao pre~ ceito constitucional do § 29 do art .. 177 da Constituição de 1967» e considerou que «o recorrido Hermes Paulo lVlílan pode pedir sua readmissão». Pretende, por isso, amparar seu apelo nas letras a e d da autorização constitucional.

A estabilidade dos impetrantes, porém, não foi por eles pleiteada na inicial; dela não cogitou a sentença concessiva da segurança; nada sobre ela disse o parecer da Subprocuradoria~ Geral; nenhuma referência se fez, no concernente, nem no Relatório, nem no voto vencido do Sr. Ministro Relator. Nada, absolutamente nada, a respeito, foi decidido. O Sr. Ministro Vogal, no seu voto, que predominou no jul~ gamento, apenas ponderou, aludindo ao receio manifestado pelos funcioná~ rios de serem despedidos logo após sua transferência para a CLT, que isso não se justificava porque decisão judi~ cial anterior lhes havia assegurado estabilidade. E isso está claro, desau~ torizando qualquer dúvida, no seguinte parágrafo do referido voto (fls. 272):

«De outra parte, mais uma razão decorre do decisório comen~ tado, quanto à estabilidade garan~ tida aos demais impetrantes. Seu receio de o Conselho vir a des­pedi~los não logra qualquer pro­cedência, pois sua estabilidade é inequívoca, na espécie.» Nada se decidiu, portanto, sobre

estabilidade e nenhuma referência a ela se fez na ementa do acórdão. Obviamente, nem se poderia decidir sobre matéria não apreciada em pri~ meiro grau, sob pena de ficar suprimida uma instância.

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Quanto à ressalva feita para que Hermes Paulo Mílan possa pedir sua readmissão, fundou~se ela na estabili~ dade funcional que a esse servidor fora reconhecida judicialmente. Se o recorrente entender que o direito ine~ xiste e indeferir o pedido, caso seja feito, estará desobedecendo a decisão judicial anterior, e não o aresto recor~ rido.

o certo é que não houve sucum~ bência, de nenhuma forma, a ensejar o recurso do Conselho, que é absoluta~ mente inviável.

Passando à apreciação do apelo dos dois impetrantes remanescentes, interposto apenas pela alínea a do pre~ ceito constitucional pertinente, faço~o primeiro em relação a Hermes Paulo Mílan, que se apoia na garantia da coisa julgada, assegurada no parágrafo 3°, do art. 153, da Constituição e art. 69 da anterior Lei de Introdução ao Código Civil, a cujos dispositivos se teria negado vigência, porque a de~ cisão proferida no Agravo em Manda~ do de Segurança n9 63.954 transitada em julgado, lhe havia assegurado a qualidade de funcionário público está~ vel, sujeito à disciplina da Lei n9 1.711 de 1952.

Tem razão.

O acórdão referido veio aos autos por cópia, verificando~se, pelo voto de

fls. 346~7, acolhido à unanimidade, que o argumento é procedente. Houve recurso extraordinário, indeferido, e agravo de instrumento (n9 55.399), arquivado.

O apelo, assim, nessa parte, atende ao pressuposto para ser processado.

Já em relação ao outro recorrente, Hélio Soares de Oliveira, não se apre~ senta ele em condições de prosperar. Invoca~se, aí, o princípio do direito adquirido.

Ocorre, entretanto, que a decisão atacada, para concluir que esse recor~ rente nunca adquiriu a qualidade de funcionário público sujeito ao regime estatutário, se baseou em minucioso exame dos documentos dos autos e das normas autonômicas da autarquia.

O reexame dessas provas é obs~ tado pela Súmula 279.

Por tais razões, indefiro o recurso do Conselho Regional de Contabili~ da de do Estado de São Paulo e deter~ mino o processamento do apelo dos impetrantes tão~somente em relação a Hermes Paulo Mílan, ficando indefe~ rido, também, quanto ao recorrente Hélio Soares de Oliveira.

,Publique~se .

Brasília, 12 de novembro de 1974. Márcio Ribeiro, Ministro Presi~

dente.

AGRAVO EM MANDADO DE SEGURANÇA Np 68.090 - SP

Recurso Extraordinário

Recorrente - União Federal

Recorridas - Alice de Almeida Raposo e outras

Herdeiras de antigos servidores do Ministério da Fazenda, que pas~ saram a integrar o quadro de pensio~

nistasdo Montepio Civil, pleitearam, por meio de mandado de segurança, reajustamento de suas pensões, na

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forma determinada pelo art. 1 Q da Lei n9 5.057, de 1966.

A sentença que deferiu o pedido foi confirmada neste Tribunal por acórdão assim ementado:

«Pensão. Reajuste por força de lei. Deve ser sempre reajus~

tada a pensão aos vencimentos dos funcionários em atividade e cor~

respondente à situação do servidor falecido, desde que lei expressa determina permanente atualização em tal base.»

Recorre extraordinariamente a

União, alegando negativa de vigência da Lei n Q 5. 291~67, a qual, sustenta, só poderia beneficiar os que, à data em que entrou em vigor, se encontra~

vam na situação de aposentado, não alcançando os servidores falecidos an~ teriormente, de cuja pensão são bene~ ficiárias as recorridas.

O argumento é improcedente.

A Lei n 9 5.057, de 1966, anterior ao diploma legal que se afirma afron~ tado, diz expressamente, no seu art. 19 :

«A pensão paga pelo Tesouro Nacional, a herdeiros de contri~

buinte do Montepio Civil será rea~ justa da, a partir de r~I~66, de acordo com os níveis dos atuais vencimentos dos funcionários civis

da União.»

E no § 1 Q determina que

«A pensão reajustada na for~ ma deste artigo será sempre atua~ lizada de acordo com os valores dos vencimentos que forem fixados para aqueles funcionários.»

E não é só. Vai além, esse di~

ploma, assegurando o direito a reajus~ tamento, da forma prevista, mesmo no caso de extinção do cargo.

Reza o seu art. 29, § 19:

«Quando, por extinção do cargo, não for possível fixar o atual nível de seus vencimentos, o Ministério o estabelecerá tendo em vista a correlação de atribui~

ções entre ele e outro cargo exis~ tente. »

Quanto à Lei n Q 5. 291~67, do ano seguinte, o que fez foi, corrigindo de~ sigualdade de situação dos funcionários aduaneiros, determinar a apostila dos títulos dos aposentados antes da Lei n? 3. 780~60, para beneficiá~los com a reclassificação por esta última estabele~ cida. Contribuintes que eram do Mon~ tepio Civil, não poderia o fato de terem falecido antes afastar o direito de rea~ justamento das pensões dos seus de~

pendentes, assegurado, com tanta c1a~ reza e veemência, no ano anterior, pela Lei nQ 5.057.

Por isso, conclusão que não a da decisão recorrida importaria, aí sim, em manifesta negativa de vigência de lei.

Essas, as razões que, a meu ver, impõem o indeferimento do apelo der~ radeiro, a que nego seguimento.

Publique~se .

Brasília, 12 de novembro de 1974. Márcio R.ibeiro, Ministro Presi~

dente.

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AGRAVO EM MANDADO DE. SEGURANÇA N9 b9.409 - SP

Recurso Extraordinário

Recorrentes - A. Bulle S. A. - Comercial e Exportadora e outras

Recorrida - União Federal

Firmas exportadoras de café im~ petraram mandado de segurança contra o Chefe do Serviço de Exportação da Alfândega de Santos a fim de compelir essa autoridade a que se abstivesse de, «por si e seus subordinados, de interferir na fiscalização da exporta~

ção e embarques de café e de eXIgIr a comissão constante da Tabela a que se refere a Ordem de Serviço nQ 3, a pretexto de serviço extraordinário a ser prestado pelos conferentes» .

Confirmando sentença indeferitó~

ria do writ, Turma deste Tribunal acolheu o voto do eminente Ministro Armando Rollemberg, com as seguintes razões de decidir:

«Ajuizado que foi o mandado de segurança em 23 de março de 1966, quanto ao pagamento de serviço extraordinário aos confe~ rentes teria que ser tido como pre~ judicado, pois, como acentuou a sentença, perdera objeto com a solução do problema pela Portaria n Q 79, de 8 do mesmo mês e ano, que determinara a sustação da mesma cobrança, desde que a limi~ nar ou a sentença concessiva de segurança somente poderia operar para o futuro.

Quanto à impugnação da fis~ calização dos embarques de café pela Alfândega é de todo impro~ cedente desde que não assiste direito líquido e certo ao expor~ tador à não verificação de confe~

rência d·a mercadoria despachada com a efetivamente embarcada.»

Contra essa decisão, com funda~ mento no art. 119, I1I, a, da CF~69, insurgem~se as impetrantes, sustentan~ do que «assim decidindo, a Colenda Turma violou dispositivos de lei fe~ dera}, ensejando recurso extraordiná~ rios», sem, todavia, indicar expres~ samente quais os preceitos legais ofendidos, motivando a aplicação da Súmula 284.

Tenho como incensuráveis os ter~ mos em que foi posta a controvérsia no voto vencedor, cujas sólidas razões não foram sequer abaladas pelos argu~ mentos das recorrentes. E assim faço por entender que a fiscalização exer~ cida pelo IBC nada tem a ver com a da autoridade aduaneira: uma verifica se a exportação obedece à disciplina traçada pelo Governo tendo em vista a política cafeeira, especialmente, com relação à qualidade e à quantidade do produto exportado; a outra examina o aspecto legal da operação, isto é, se ela foi devidamente autorizada, se foram pagos os tributos devidos, etc. Assim, uma fiscalização não exclui ne~ cessariamente a outra. Ao contrário, elas se completam e, portanto, podem e devem coexistir.

À falta do fundamento único em que se apoia o recurso, nego~Ihe segui~ mento.

Publique~se .

Brasília, 20 de novembro de 1974. - Márcio Ribeiro, Ministro Presidente.

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AGRAVO EM MANDADO DE SEGURANÇA N9 69.5J4 - PR

Recurso Extraordinário

Recorrente - Estado do Paraná

Recorriào - Banco Central do Brasil

Trata~se da debatidíssima questão da cobrança de imposto de renda sobre a remessa de juros decorrentes de con~ trato de financiamento de bens impor~ tados, com a peculiaridade de serem tais juros remetidos pelo Estado do Paraná.

Tendo Turma deste Tribunal, em face de precedentes desta e da Supre~ ma Corte, repelido a argüição da inconstitucionalidade do art. 11, pará~ grafo único, do Decreto~lei nQ 401~68 e considerado legítima a cobrança, o Estado do Paraná opôs embargos de~ claratórios, alegando que a controvérsia tinha sido apreciada sem atentar para a qualidade do Estado impetrante, aco~ bertado pela imunidade outorgada pelo art. 19, lU, letra a, da Carta Magna.

Os embargos foram conhecidos mas rejeitados, pelas razões constantes da ementa do acórdão, verbis:

«Agravo em Mandado de Se~ gurança. Embargos de Declara~ ção. Descabimento.

Discutindo~se na matéria a exigibilidade do imposto de renda sobre remessas de juros para o exterior e havendo a Turma deci~ dido pelo pagamento do tributo, é manifesto que ultrapassou e repeliu a preliminar de imunidade do re~ me tente, um Estado da Federação, sobretudo sendo titular do rendi~ mento o credor estrangeiro. Dessa forma, os embargos não cabem, vez que lhes faltam qualquer dos pressupostos legais.»

Amparado na letra a, do art. 119, IH, da CF~69, recorre extraordinaria~ mente o Estado do Paraná, alegando ofensa ao princípio constitucional da imunidade recíproca, de que gozam as entidades de direito público interno.

Data venia dos votos vencedores, entendo que assiste razão ao recor~ rente. Se não, vejamos: o próprio citado Decreto~lei nQ 401~68 estabele~ ceu, por uma ficção jurídica, que, nos casos de remessas de juros para o ex~ terior, o contribuinte é o remetente e não o credor da' disponibilidade.

Ora, se o remetente, que aquele diploma legal considera contribuinte, está ao abrigo da incidência tributária, mercê do art. 19, lII, a, da Lei Maior, ilegítima será a cobrança pretendida.

Outro motivo está a recomendar a admissão do apelo extremo. É que, em caso idêntico, entre as mesmas par~ tes, indeferi o recurso extraordinário da União, mas, interposto o cabível agravo de instrumento, que tomou no STF o n Q 59.676, foi ele provido por despacho publicado no DJ de 26~3~74, pág. 1.746. Assim sendo, para que a Suprema Corte dê a palavra final sobre a hipótese, admito o recurso e mando processá~lo.

Prossiga~se .

Publique~se .

Br'asília, 4 de novembro de 1974. Márcio Ribeiro, Ministro Presi~

dente.

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AGRAVO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nv 71.230 - SP

Recurso Extraordinário

Recorrente - Açucareira Corona S. A.

Recorrido - Instituto Nacional de Previdência Social

Açucareira Corona S. A. impetrou mandado de segurança a fim de ser reconhecido legítimo o enquadramento de seus empregados que se dedicam à cultura de cana~de~açúcar na Pre~ vidência Social Rural, hoje denominada PRORURAL e, conseqüentemente, cancelado o débito pretendido pelo INPS, em decorrência do enquadra~ mento da empresa no sistema geral. Alegou, para isso, que antes da edição do Decreto~lei n9 594, de maio de 1969, criador do FUNRURAL, a empresa não possuía divisão rurol, não se lhe aplicando, por conseguinte, o art. 59, do Decreto~lei n9 704~69, que man~ tinha filiadas ao sistema geral do INPS as empresas agroindustriais anterior~ mente vinculadas ao extinto IAPI.

Sentença de primeiro grau deferiu o pedido, mas Turma deste Tribunal reformou essa decisão. Isso porque, pelo exame dos elementos trazidos aos autos, verifica~se que, mesmo antes da criação do setor rural da empresa, esta já era classificada como «agroindus~ trial» , prevalecendo, assim, sua vin~ culação à área geral do extinto IAPI, embora ficasse dispensada da contri~ buição para o FUNR URAL.

Inconformada, recorre extraordi~ nariamente a impetrante, dizendo~se apoiada nas letras a e d, da permissão constitucional.

Além do confronto com dois jul~ gados do STF, alega a negativa de vigência de vários dispositivos legais, inclusive os artigos 19 e 2°, do DL n9 564~69, complementado este pelo DL n9 704 e o artigo 59, do DL nO 704

do mesmo ano, que é o mesmo dispo~ sitivo legal em que se fundamentou a decisão recorrida para compreender que a «Açucareira Corona S. A .» continua~ va vinculada ao sistema geral de pre~ vidência social.

A matéria de fato foi apreciada em mandado de segurança por não ser propriamente controvertida. Como im~ petrante, a ora recorrente alegara a inexistência de setor rural em sua empresa, anteriormente à assembléia de 30 de abril de 1969; as informações das autoridades coatoras não negam, apenas, às fls. 94, lançam ligeiras dú~ vidas sobre esse fato, que a sentença reputou inconteste, afirmando às fls. 125: «Ora, o setor rural da firma impetrante somente foi criado a partir de junho de 1969».

A decisão recorrida parte da afir~ mação da recorrente, de que não pos~ suía esse setor rural anterior, para, não obstante, concluir pela coexistência dos dois setores, o industrial e o rural, por aplicação do disposto no citado art. 59, do DL 704.

Entretanto, a finalidade desse dis~ positivo era separar (para a conse~ qüente vinculação ao sistema previden~ ctano próprio) o setor industrial do rural. Logo, na espécie, a não exis~ tência desse setor, ou seja, a formação dele já na vigência dos Decretos~leis ns. 564 e 704, só poderia ter por efeito sua exclusão do INPS e inclusão no «Plano Básico de Previdência Social».

O entendimento contrário, data maxima venia, representa clara negativa

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de vlgencia dos dispositivos de lei arrolados pela recorrente.

A divergência jurisprudencial, porém, não está comprovada (CPC art. 542, parágrafo único; Súmula 291 e art. 305 Reg. STF).

Recebo o recurso pela letra a.

Prossiga~se .

Publique~se, inclusive para os efei~ tos do art. 545 do CPC.

Brasília, 5 de dezembro de 1974. Márcio Ribeiro, Ministro Presi~

dente.

KGRA VO EM MANDADO DE. SEGURANÇA N9 7C931 - GB

Recurso Extraordinário Recorrente - Montreal Engenharia S. A. Recorrido - Instituto Nacional de Previdência Social

] . «Montreal Engenharia S. A.» impetrou mandado de segurança contra a exigência do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço calculado sobre o denomin·ado «adicional de transferên~ da», alegando que o percentual de 25% pago ao empregado quando, por motivo de interesse da empresa, se desloca da sua sede de trabalho é um acréscimo temporário, não devendo, por isso, integrar o salário para efeito do cálculo do FGTS.

Sentença deferitória do pedido foi reformada por Turma deste Tribunal à consideração de ser irrelevante o caráter transitório do «adicional de transferência», não deixando, por isso, de ser um aumento na remuneração do empregado, devendo, assim, incidir sobre ele a contribuição para o Fundo de Garantia.

Inconformada, recorre a impetran~ te, dizendo~se amparada nas letras a e d, da permissão constitucional.

2. Não resta dúvida que a inci~ ciência do FGTS sobre o «adicional de transferência» é matéria relevante e sujeita a interpretações divergentes, como o comprovam os ponderáveis ar~ gumentos, tanto da sentença de Pri~ meira Instância, como do voto vencedor do Min. José Néri d'a Silveira.

No recurso alega~se negativa de vigência ao art. 29 da Lei n" 5.1 07 ~66, que, em seu final. exclui de dita inci~ dência as parceJas mencionadas nos artigos 457 e 458 da CLT.

Considerados esses dispositivos em sua literalidade, a ofensa à lei está suficientemente demonstrada pela re~ corrente e sobretudo pelos argumentos da sentença.

A decisão recorrida, aliás, com o adotar a opinião de Lamarca, de que o adicional «integra a remuneração do empregado, constituindo autêntica re~ muneração salarial», parece ter entrado em divergência com Acórdão da 2" Turma do E. Tribunal Superior do Trabalho, cuja ementa, reproduzida às fls. 194, enuncia justamente o contrá~ rio.

A propósito da divergência juris~ prudencial. porém, a recorrente não observou a Súmula 291 do STF nem o art. 542, parágrafo único, do CPC.

Admito o recurso, pela letra a.

Publique~se, inclusive para os fins do art. 545 do CPC.

Brasília, 18 de novembro de 1974. - Márcio Ribeiro, Ministro Presi~ dente.

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APELAÇÃO CíVEL N9 8.472 - RJ

Recurso Extraordinário

Recorrente - Uniãu Federal

Recorrida - The São Paulo Railway CompaIliY Limited

Em 13 de setembro de 1946, atra~ vés do Decreto~lei n') 9.869, resgatou o Governo Federal a concessão outor~ gada à estrada de ferro The São Paulo Railway Company Limited, pelo Decreto Imperial nq 1.759, de 26 de abril de 1856.

Entendendo a Companhia que determinados bens patrimoniais por ela adquiridos depois de encerrada, em 1901, a sua conta de capital, porque estranhos ao objeto da concessão, de~ veriam ser excluídos do decreto encam~ patório, pleiteou administrativamente sua devolução.

Ouvido, entre outras autoridade~, o então Consultor~Geral da República, Professor Themístocles Cavalcanti, sugeriu S. Exa., em parecer aprovado pelo Presidente da República, a cons~ tituição de um Juízo Arbitral, para dirimir a controvérsia.

À decisão desse Juízo, que teve como árbitros o Professor Francisco Clementino de San Tiago Dantas, pela União, Bacharel João de Oliveira Filho, pela Companhia, e Ministro Laudo Fer~ reira de Camargo, como desempatador, foi submetida a seguinte questão:

«a) se os bens adquiridos pela The São Paulo Railway Com~ pany Limited depois de 1901 e incluídos na relação constante de fls. 43 do Processo n 9 28.058, de 1946, do Ministério da Via~ ção e Obras Públicas, porque não destinados aos fins da concessão, devem ou não ser devolvidos à mencionada Companhia:

b) no caso afirmativo e de forma mais concreta, quais esses

bens, em f-ace da mencionada re­lação» .

A decisão arbitral, favorável à ferrovia, por voto de desempate, veio a ser homologada por sentença judi­cial, da qual a União, inconformada, apelou, argüindo: a nulidade do com­promisso (-art. 1.045, L do CPC) por falta de autorização legislativa: a nuli~ dade da decisão homologada, porque proferida fora dos limites do compro~ misso, em desacordo com o seu objeto e contra direito expresso (art. 1.045, li e IV, do CPC): e, ainda, já na Segunda Instância, a prescrição do. direito da Companhia.

Apreciando as questões suscita~ das, nos idos de 1959, a Egrégia Pri~ meira Turma deste Tribunal, tendo como Relator o eminente Ministro Henrique d'Ávila, rejeitou a preliminar de prescrição, por unanimidade, e, por maiori-a, repeliu a argüição de nulidade do compromisso e acolheu a de nuli­dade da decisão arbitral, sendo vencido, em ambas, o Ministro Revisor, que, na primeira, votou contra e, na segun­da, a favor da União Federal.

Considerou a Turma, de -acordo com o entendimento do Relat.or, que os árbitros se afastaram do objeto do litígio, quando «tomaram como certo o que lhes competia verificar e con­cluíram que os bens reclamados deve­riam ser devolvidos», e por essa razão deu provimento aos recursos de ofício e voluntário, para determinar que «o Juízo Arbitral volte a pronunciar-se novamente, tendo em vista oS termos expressos do compromisso, que se di­vide em duas partes, perfeitamente

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distintas: 1 ~) verificar cumpridamente, mediante comprovação adequada, se os bens reivindicados eram ou não utiliza~ dos pela ferrovia; 2<;) em caso negativo, se deviam ser eles devolvidos à ape~ lada» .

Está assim ementado o acórdão:

«Juízo arbitral. Homologação judicial. É nula a decisão dos árbitros quando pronunciada fora dos limites do compromisso ou em desacordo com seu objeto. União Federal. Controvérsia sobre bens imóveis. Impossibilidade de acer~ tamento, por via arbitral, de tais controvérsias, independentemente de autorização legislativa (voto vencido do Ministro Mourão Rus~ sell)>> .

Da parte desse julgado que, por 'unanimidade, rejeitou a preliminar de prescrição, recorreu a União extraordi~ nariamente (fls. 667 ~675) .

Relativamente às questões de nulidade do compromisso e nulidade da decisão arbitral, manifestaram a União e a Companhia embargos de nulidade e infringentes do julgado, pleiteando ambas a prevalência dos votos vencidos do Revisor, favoráveis a uma e outra.

Tendo sido apresentados, ainda, embargos declaratórios pela ferrovia, recebeu~os parcialmente a Turma, a fim de suprir omissão quanto ao prazo para oferecimento de novo laudo pelos árbitros.

Mais uma vez, recorreu extraordi~ nariamente a União, desse acórdão de~ clara tório (fls. 698~ 703) .

Apreciando os emhargos infrin~ gentes opostos por ambas as partes, o Plenário do Tribunal, após longos debates sobre os dois pontos contro~ vertidos, por maioria de votos acolheu os da São Paulo Railway e rejeitou

Os da União Federal. estando as ra~ zões de decidir sucintamente expostas na ementa do acórdão, verbis:

«Juízo Arbitral. «Previsto em cláusula expres~

sa do contrato de concessão à São Paulo Railway Company Limited, a que se refere o Decreto n 9 1.759, de 1856, como na sua alteração, foram os respectivos previamente aprovados pelo Decreto n 9 878, de 12~9~53, ainda no Império, e pelo Decreto Legislativo n 9 126, de 12~11~1892, já no regime repu~ blicano.

«Independia, assim, a consti~ tuição do Juízo Arbitral de ini~ ciativa da União, da autorização legislativa a que se referia o art. 65 da Constituição de 1946, então em vigor, posto que não se tratou de alienar bens do patri~ mônio nacional.

«Não se afastaram os árbitros dos limites fixados pelo termo do compromisso arbitreI e, menos ain~ da, do seu objetivo, como se apurou dos respectivos laudos, inclusive pelo do árbitro desempa~ tador, o saudoso Ministro Lauro Ferreira de Camargo.

«Recebidos os embargos da São Paulo Railway, para restabe~ lecer a sentença de primeira ins~ tância que homologou a decisão arbitral.

«Conhecidos, mas despreza~ dos os embargos da União Fe~ deral.

Vem, finalmente, a União com seu terceiro apelo extremo (fls. 861~ 887). Assim exposta a controvérsia, passo a examinar cada um dos recursos extraordinários da União Federal. pela ordem.

R. E. de fls. 667 ~675 - Prescrição. Pretendendo estar amparada nas

alíneas a e d do art. 101, III, da Cons~

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tituição de 1946. então vigente. desen~ volve a recorrente longa argumentação para sustentar que. nem a reclamação da Companhia. nem o juízo arbitral interroperam o prazo de cinco anos do Dec. nO 20.910~32, que se deveria contar de 13~9~46. data do decreto encampatório.

Esses argumentos. porém. foram redargüidos. inclusive pelo Plenário da Suprema Corte. em ação anterior. proposta pela mesma São Paulo Railway. como bem demonstrou o seu ilustre patrono. na impugnação de fls. 889~902.

Efetivamente. a Companhia, ao mesmo tempo em que reclamou a de~ volução dos imóveis objeto do juízo arbitral. pleiteou, também, uma com~ plementação do preço fix·ado para a indenização. relativa ao material rodan~ te não incluído no seu capital reconhe~ cido.

Indeferida a pretensão pelo Pre~ sidente da República, ajuizou a recla~ mante ação que foi julgada prescrita em primeiro grau. tendo sido a sentença confirmada por Turma do Tribunal. ao fundamento de que «a reclamação administrativa não tem o condão de estancar a fluência do prazo prescri~ cionaI. salvo quando se tratar de estudo e apuração de dívida líquida».

Mas esse aresto foi reformado pelo Plenário. em grau de embargos. cuja decisão veio a ser confirmada. à una~ nimidade. pela Egrégia Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em acórdão assim ementado:

«Reclamação administrativa contra a União FedereI. Prescri~ ção qüinqüenal afastada por se tratar de suspensão, e não de in~ terrupção. do prazo respectivo. Recurso desprovido (RE 75.941.)

Entre as considerações do voto do Relator. vale destacar:

«Admitir~se que a adminis~ tração pudesse frustrar. por in~ teiro, o processo por da própria estabelecido - deixando de des~ pachar o processo durante cinco anos, para afinal beneficiar~se com a prescrição - é coisa que, além de moralmente contestável, parece não encontrar guarida em nosso direito positivo».

Opostos embargos de divergência pela União, rejeitou~os o Plenário da mesma Corte Suprema. por decisão também unânime (acórdão publicado do DJ de 15~3~74). o que evidencia ter sido a interpretação do julgado recorrido não apenas razoável, mas a melhor. tornando inviável este apelo. por ambos os fundamentos invocados (Súmulas 286 e 400).

R.E. de fls. 698~703 - Embar~

gos declaratórios.

Alega~se, aí, tão~somente. nega~

tiva de vigência do art. 862. § 49, do CPC de 1939, que preceituava:

«§ 49 Se os embargos forem providos, a nova decisão se limi~ tará a corrigir a obscuridade, omis~ são ou contradição.»

O recurso se circunscreve à parte do julgado que rejeitou os embargos. nos termos da ementa:

«J uízo arbitral. Prazo para oferecimento do laudo . Recebi~ mento parcial de embargos decla~ ratórios para suprir omissão quanto ao prazo para oferecimento do laudo. Rejeição dos mesmos em~ bargos. no que tange à ordem dos quesitos a serem respondidos pelos árbitros» .

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Logo, não há que falar em viola~ ção do preceito transcrito, só aplicável quando «os embargos forem providos».

Assim, também esta postulação não apresenta condições de prosperar.

R.E. de fls. 861~887 - Nulidade do compromisso e nulidade da decisão arbitral.

Objetiva a União, por último, ver acolhido seu entendimento quanto a essas duas questões, na via derradeira, invocando apenas a letra a da autori~ zação constitucional.

Argumenta, primeiro, invertendo a ordem natural dos pontos percutidos, em torno da nulidade da decisão dos árbitros, ex vi do disposto no inciso li do art. 1.045 do antigo CPC, por ter sido «pronunciada fora dos limites do compromisso ou em desacordo com o seu objeto»; daí, afirma, a negativa de vigência desse preceito legal.

Tem como fundamento o apelo, nesta parte, a assertiva de que os árbitros deixaram de apurar quais os bens não destinados e não vinculados aos fins da concessão, tendo como certo, aprioristicamente, o que lhes cabia analisar.

O decisório recorrido, porém, com base nos elementos fáticos, concluiu que os limites do compromisso não foram excedidos, sendo oportuno, neste passo, ressaltar os seguintes trechos dos votos que predominaram no julga~ mento:

«. .. àquela Comissão foram presentes todos os elementoscons~ tantes dos processos administrati~ vos, feitos os levantamentos de plantas e mapas, oferecida farta documentação pelas partes, de onde puderam colher o material necessário para a solução substan~

cial, da afetação, ou não, dos ques~ tionados imóveis com os serviços da concessionária» (fls. 803)

« . .. longe de se afastar dos limites do compromisso, o laudo arbitral a ele rigorosamente se ateve, servindo~se das provas técnicas e elementos existentes nos processos administrativos ... » (fls. 827).

Não há dúvida de que o apelo tem como objeto, aqui, a reapreciação de matéria de fato, insuscetível diante da proibição estabelecida na Súmu~ Ia 279.

Para demonstrar a nulidade do compromisso, sustenta a recorrente que os bens incluídos na encampação pas~ saram a integrar o Patrimônio da União, dele somente podendo sair me~ diante autorização legislativa, nos termos do art. 67 do Código Civil, cuja vigência teria sido conseqüente~ mente negada pelo julgado recorrido, que teria violado, ainda, o art. 1.048, do mesmo Código, onde se manda aplicar ao compromisso, quanto pos~ sível, o disposto acerca da transação.

Ainda que procedente o argumen~ to, de que os questionados imóveis integravam o Patrimônio da União à data do compromisso, não seria sufi~ ciente para autorizar, por si só, o pro~ cessamento do recurso, já que a deci~ são atacada assentou, primordialmente, na consideração de que o juízo arbitral fora previsto desde os primórdios da concessão, consoante a legislação da época, em cláusulas contratuais apro~ vadas pelo Legislativo.

Eis como, a respeito, se pronunciou o Relator:

«E, como observa, a impug~ nação da embargada, a autorização legislativa não faltou no caso, posto que o Decreto n 9 1.759, de

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26 de abril de 1856, estabelecendo o Juízo Arbitral, previsto na Con~ dição 36~ do contrato, foi apro~ vado pelo Decreto Legislativo do Império (Decreto nQ 838, de 12 de setembro de 1853), e a reforma desse contrato, pelo Decreto n'} 1 .999, de 2~4~855, já no regime republicano, veio a ser autoriz'ada pelo Decreto Legislativo n9 126, de 12 de novembro de 1892».

Interpretaram~se, pois, no julga~ mento impugnado, cláusulas do con~ trato da concessão que tiveram o bene~ plácito legislativo, para se concluir que a discutida autorização, porque já existente, era dispensável à constitui~ ção do Juízo ArbitreI.

E essa interpretação de cláusulas contratuais, que a Súmula 454 veda nesta oportunidade, é de ser tida como, pelo menos, razoável (Súmula 400), com o que o recurso, sob o aspecto rigorosamente técnico, também seria

inadmissível quanto à argüida nulidade do compromisso.

Não se pode perder de vista, entretanto, a manifesta relevância da matéria, envolvendo interesses de gran~ de vulto e repercussão, além de ques~ tões de direito de alta indagação, que ensejaram prolongados debates, em que restaram vencidos entendimentos fun~ damentados em razões de incontestável jUridicidade.

De todo recomendável, por isso,. um último e melhor exame por parte do Pretório Excelso, onde, de resto, têm sido providos agravos de instru~ mento, para determinar a subida de matéria bem menos relevante.

Essas as razões por que nego seguimento aos dois primeiros recursos e determino o processamento do último.

Publique~se .

Brasília, 9 de maio de 1975. -Márcio Ribeiro, Ministro Presidente.

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