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Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade que me dispensou. Ao professor arquitecto João Vieira Caldas, como orientador científico deste trabalho. À professora arquitecta Teresa Valsassina Heitor pela bibliografia facultada. Aos técnicos dos Gabinetes Técnicos de Alfama e Mouraria e à arquitecta Clara Vieira pelas informações prestadas sobre Lisboa. Ao Gil, ao Márcio, à Iolanda, ao Laurent, ao Pedro, à Maria e à Beatriz pela grande ajuda e sugestões que muito contribuiram para o desenvolvimento do Projecto Final e/ou na realização das entrevistas e trabalho de campo. À Graça, ao João, ao Nathan e ao James pela correcção do resumo em inglês. Aos meus pais pelos comentários ao texto e constante apoio e incentivo.

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Page 1: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

Agradecimentos

Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio,

transmissão de conhecimentos e disponibilidade que me dispensou.

Ao professor arquitecto João Vieira Caldas, como orientador científico deste trabalho.

À professora arquitecta Teresa Valsassina Heitor pela bibliografia facultada.

Aos técnicos dos Gabinetes Técnicos de Alfama e Mouraria e à arquitecta Clara Vieira pelas informações

prestadas sobre Lisboa.

Ao Gil, ao Márcio, à Iolanda, ao Laurent, ao Pedro, à Maria e à Beatriz pela grande ajuda e sugestões

que muito contribuiram para o desenvolvimento do Projecto Final e/ou na realização das entrevistas e

trabalho de campo.

À Graça, ao João, ao Nathan e ao James pela correcção do resumo em inglês.

Aos meus pais pelos comentários ao texto e constante apoio e incentivo.

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Índice

ÍNDICE DE TABELAS DOS INQUÉRITOS........................................................................................................... 4 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 5 1 MÉTODOS E PROCESSOS ............................................................................................................................ 6 2 ACESSIBILIDADE PEDONAL ..................................................................................................................... 7

2.1 DESENHO PARA TODOS ................................................................................................................... 8 2.2 ESPAÇO-TEMPO SOCIAL .................................................................................................................. 9

2.2.1 Compressão do Espaço-Tempo ............................................................................................................. 9 2.2.2 Realidade Virtual e Sociedade em rede VS Espaço-Público e Sociedade Tradicional ....................... 10 2.2.3 Pós-modernidade e “não-lugares” ..................................................................................................... 11

2.3 “CIDADE-LUGAR” ......................................................................................................................... 12 3 INTERVENÇÃO EM TECIDO URBANO CONSOLIDADO .................................................................... 14

3.1 DOUTRINAS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS ............................................................................. 14 3.1.1 Doutrinas Intervencionistas/Não intervencionistas ............................................................................ 15 3.1.2 Cartas e Convenções Internacionais ................................................................................................... 16

3.2 REVITALIZAÇÃO E RECONVERSÃO ............................................................................................... 17 4 INTERVENÇÕES DE REVITALIZAÇÃO ATRAVÉS DA ACESSIBILIDADE EM CENTROS HISTÓRICOS ........................................................................................................................................................... 20

4.1 CASOS DE ESTUDO ........................................................................................................................ 20 4.1.1 Rocca Paolina, Perugia, Italo Rota .................................................................................................... 21 4.1.2 Escaleras de la Granja na Ladera de Rodadero, Toledo, Lapeña-Torres .......................................... 22 4.1.3 Baixa-Chiado, Lisboa, Siza Vieira ...................................................................................................... 23

4.1.3.1 Armazéns do Chiado + Grandella .............................................................................................. 24 4.1.3.2 “Quarteirão Chiado – Sul” ......................................................................................................... 25 4.1.3.3 “Quarteirão Chiado – Norte” ..................................................................................................... 26

4.1.4 Quarteirão da Império, Chiado, Gonçalo Byrne ................................................................................ 26 4.2 ANÁLISE COMPARATIVA .............................................................................................................. 28

5 O CASO PRÁTICO BAIXA-CASTELO ...................................................................................................... 33 5.1 CONTEXTO SOCIO-GEOGRÁFICO ................................................................................................... 33 5.2 O PERCURSO BAIXA-CASTELO E OS SEUS UTILIZADORES .............................................................. 37 5.3 PROPOSTA DE ACESSIBILIDADE E REABILITAÇÃO ......................................................................... 43 5.4 ANÁLISE COMPARATIVA DA PROPOSTA COM OS CASOS DE ESTUDO .............................................. 45

6 CONCLUSÕES ............................................................................................................................................... 55 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................................................... 57 ANEXO I (IMAGENS) ............................................................................................................................................ 60

ÍNDICE DE IMAGENS ............................................................................................................................... 61 ANEXO II (QUADROS) ......................................................................................................................................... 89

ÍNDICE DE QUADROS .............................................................................................................................. 90

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Índice de Tabelas dos Inquéritos

Tabela 1 - UTILIZADORES DO PERCURSO POR FAIXA ETÁRIA ____________________________________ 37 Tabela 2 - CAPACIDADE DE MOBILIDADE POR FAIXA ETÁRIA ___________________________________ 38 Tabela 3 - LOCAIS OU TIPO DE COMÉRCIO ONDE O MORADOR FAZ COMPRAS ____________________ 38 Tabela 4 - OCUPAÇÃO DOS MORADORES ______________________________________________________ 38 Tabela 5 - LOCAL DA OCUPAÇÃO/PROFISSÃO DOS MORADORES _________________________________ 39 Tabela 6 - MEIO DE TRANSPORTE POR UTILIZADOR ____________________________________________ 39 Tabela 7 - MEIO DE TRANSPORTE POR UTILIZADOR E FAIXA ETÁRIA _____________________________ 39 Tabela 8 - MEIO DE TRANSPORTE POR UTILIZADOR DE CAPACIDADE DE MOBILIDADE REDUZIDA __ 40 Tabela 9 - UTILIZADORES DO PERCURSO POR FAIXA ETÁRIA QUE APELAM A MEIOS MECANIZADOS _ 41 Tabela 10 - OPINIÕES DOS UTILIZADORES SOBRE O DECLIVE POR FAIXA ETÁRIA __________________ 42

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Introdução

O interesse pelo tema abordado na presente dissertação surgiu no decorrer de uma viagem de estudo a

Perúgia, em Itália, a qual foi essencial para a compreensão da importância que a acessibilidade pedonal

pode ter na revitalização dos centros históricos, transformando a cidade e reflectindo-se na vida

quotidiana dos seus cidadãos.

Esta mesma viagem foi determinante na elaboração do projecto realizado na disciplina de Projecto Final

do 5º ano do Mestrado Integrado em Arquitectura do Instituto Superior Técnico, pelo facto de o local da

intervenção – centro histórico de Lisboa – apresentar potencialidades semelhantes às de Perúgia: a

concretização de um percurso quotidiano, que resgata o passado para o presente de uma forma

fascinante, confortável e atraente para residentes e turistas.

A investigação desenvolvida nesta dissertação parte da seguinte hipótese de trabalho: a melhoria ou

transformação da acessibilidade pedonal em espaços públicos pode ser um valioso contributo para a

revitalização de centros históricos de cota variável, entendida como um elemento de qualificação da

fruição da cidade. Pretende-se, então, alcançar os seguintes objectivos:

1) elaborar uma base teórica onde sejam definidos

a. os conceitos de acessibilidade, desenho para todos, lugar e não-lugar e conceitos

relacionados com as características espacio-temporais da nossa sociedade e condição

presente, e com as suas exigências funcionais e físicas: compressão do espaço-

tempo, tempo monocrónico e tempo policrónico, tempo fragmentado, tempo interactivo, sociedade em rede e sociedade pós-moderna;

e onde sejam analisadas/os

b. as diferentes doutrinas e teorias sobre o modo de intervenção na cidade e no património

edificado, assim como os pontos mais relevantes mencionados nas cartas e convenções

internacionais, no âmbito da intervenção em tecido urbano consolidado e património;

c. tipos de intervenção arquitectónica e urbanística que permitam reutilizar, reabilitar ou

manter edifícios ou outros espaços, integrando o passado no presente,

harmoniosamente;

com vista à elaboração de um levantamento de diferentes tipologias de intervenção

arquitectónica e urbanística;

2) identificar um conjunto de casos de estudo de intervenções de revitalização através da

acessibilidade em centros históricos, que permitam tipificar:

a. a acessibilidade e as funções espaciais associadas ao percurso criado pela intervenção;

b. a relação entre o programa da intervenção e as soluções espaciais concretizadas;

c. o tipo de intervenção concretizado,

de modo a fazer uma análise comparativa, que permita definir factores de sucesso e insucesso

das intervenções;

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Casos a analisar Arquitecto Cidade, País

Rocca Paolina Italo Rota Perugia, Itália

Escaleras de la Granja Lapena-Torres arquitectos Toledo, Espanha

Baixa-Chiado Siza Vieira Lisboa, Portugal

Quarteirão da Império Gonçalo Byrne Chiado, Lisboa, Portugal

3) testar as opções tomadas na proposta de intervenção projectada em fase de estudo prévio para

o centro histórico de Lisboa, a qual foi desenvolvida na disciplina de Projecto Final do Mestrado

Integrado em Arquitectura do Instituto Superior Técnico, tendo em conta a sustentação teórica e

a análise dos casos de estudo já concretizadas.

1 Métodos e processos

Para atingir os objectivos propostos no capítulo anterior, recorrer-se-á ao método da análise comparativa

entre os diferentes casos de estudo, com vista a definir critérios de sucesso ou insucesso, para posterior

comparação com a proposta de intervenção projectada em fase de estudo prévio e consequente

avaliação. Este método apoiar-se-á em diversos processos, nomeadamente:

1) Análise bibliográfica, tendo em vista o enquadramento teórico e a definição de conceitos

relacionados com a investigação, assim como o enquadramento geográfico dos casos de estudo

e o contexto socio-geográfico da área da referida proposta de intervenção;

2) Realização de inquéritos aos utilizadores do percurso definido na proposta de intervenção, com

vista a uma melhor caracterização desse mesmo percurso e à compreensão das necessidades

dos seus utilizadores;

3) Observação directa e participante, baseada na experiência de vivência no local em estudo

(proposta de intervenção) (análise qualitativa);

4) Conversas informais com residentes, técnicos e especialistas;

5) Visitas de estudo a todos os casos em análise;

6) Sínteses provisórias de cada linha de investigação.

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2 Acessibilidade Pedonal No capítulo presente aborda-se a problemática da acessibilidade na sua vertente pedonal, sendo para tal

definido o conceito de “desenho para todos”, e ainda os principais aspectos relacionados com a sua

dimensão social, nomeadamente: compressão do espaço-tempo; diferentes conceitos de tempo;

realidade virtual e sociedade em rede VS espaço-público e sociedade tradicional; e “lugar” VS “não-

lugar”. Procura-se estabelecer um postulado das opções que são necessárias tomar para fazer reviver a

cidade e o seu centro-histórico.

Existem, em muitos casos, grandes constrangimentos de deslocação e acessibilidade pedonal nos

centros históricos devido a um espaço público não planeado. A preferência por terrenos elevados,

habitualmente associados a grandes declives por razões defensivas, terá contribuido muitas vezes para

agravar essas dificuldades. Tais características exigem uma grande atenção e cuidadosa análise,

aquando do planeamento para a preservação e revitalização dos centros históricos.

Por centros históricos em crise entende-se todos aqueles em que se verificam alguns ou muitos dos

seguintes factores: envelhecimento da população, desaparecimento do comércio tradicional, desleixo,

degradação, ruína, áreas vazias e abandonadas, insegurança, congestão automóvel, fuga de população

e consequente desertificação. Estes factores, associados a outros desenvolvidos no capítulo seguinte,

provocam o chamado efeito Donut1, que se traduz em cidades ocas no centro e sobrepovoadas no

exterior devido à fuga dos seus habitantes para a periferia, criando subúrbios que não param de crescer.

Como fazer, então, reviver o centro histórico da cidade através da melhoria ou criação da acessibilidade

pedonal, aliada a uma intervenção no espaço público?

Entende-se por acessibilidade a facilidade de deslocamento e de aproximação 2 . O tipo de

acessibilidade que interessa para a presente abordagem é a acessibilidade pedonal, ou seja, aquela

que facilita e melhora a deslocação do peão, em detrimento da circulação automóvel.

Tem-se constatado que a renovação de áreas pedonalizadas nos espaços centrais das cidades:

• potencia uma vivência mais personalizada das relações comerciais, permitindo que exista uma

grande área comercial a céu aberto onde o peão pode circular livremente; este tipo de comércio

tradicional constitui frequentemente um factor de forte atractividade local;

• permite uma melhor interacção com o turismo - ao serem criados os “circuitos para a

descoberta” (património arquitectónico e cultural) destas áreas, alimentando consequentemente

a actividade económica;

• contribui para atenuar o ruído e melhorar a qualidade do ar a nível de conforto ambiental, assim

como melhorar o conforto térmico (aumento das áreas arborizadas e diminuição da

pavimentação em asfalto).

1 Conceito norte-americano, citado por Paulo Miguel MADEIRA – “Lisboa e Porto perderam tanta população como os concelhos do interior rural”, Jornal Público: Destaque, segunda-feira 20 Agosto 2007, pp. 2. 2 http://www.priberam.pt/0

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Andar a pé é um factor muito importante para a nossa saúde física e mental: é tranquilizante, não polui

nem consome recursos naturais e sobretudo é uma forma de deslocação gratuita. Mas a existência de

diversas barreiras arquitectónicas, urbanísticas e as criadas pelo domínio do automóvel, revela-se um

obstáculo a pessoas com mobilidade reduzida, tornando o meio físico envolvente inacessível a estas

pessoas, acentuando a discriminação e a exclusão social.

2.1 Desenho para todos Com vista à integração social das pessoas com mobilidade condicionada, permanente ou temporária,

assim como à melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos em geral, há que procurar minimizar

as barreiras urbanísticas dos percursos pedonais:

• verticais (suprimir degraus)

• horizontais (aumentar a largura de passagem)

• espaciais (aumentar a superfície de manobra)

Na perspectiva da equidade social têm vindo a surgir novos conceitos, entre os quais o de desenho

para todos (ou desenho universal ou desenho inclusivo) que, segundo o CUD (The Center for

Universal Design, 1997) se traduz no “design de produtos e de meios físicos a utilizar por todas as

pessoas, até ao limite máximo possível, sem necessidade de se recorrer a adaptações ou a design

especializado”. Pretende-se, portanto, a simplificação de tarefas e desempenhos permitindo uma maior

utilização por um número cada vez maior de indivíduos, a preços baixos a nível de construção de meios

e sem custos adicionais à utilização por parte dos indivíduos. Relativamente ao espaço urbano, tem-se

como objectivo torná-lo acessível através de uma conectividade intensa e sem descontinuidades,

permitindo uma mobilidade plena. Este desenho universal visa o benefício de toda a população: pessoas

de todas as idades, estaturas, capacidades e necessidades, dando-lhes a oportunidade de usufruir do

ambiente construído de forma independente e natural, transmitindo segurança e conforto.

O conceito desenho para todos surgiu nos anos 90 do século XX (CUD), rejeitando os princípios do

“desenho para o deficiente” das décadas de 70 e 80, que se encontrava associado a um acto de

caridade que contribuía para a referida discriminação (NASCIMENTO, 2003, pp. 72-77). O actual

conceito propõe soluções integradas, aplicando normas técnicas obrigatórias adaptadas às

características específicas e identitárias de cada local3.

Para tal se recorre ao desenho urbano e à arquitectura como instrumentos para resolução das

descontinuidades do espaço público, tendo em conta certos aspectos específicos, tais como: o tipo de

pavimento, a disposição e design do mobiliário urbano, e a importância da sinalética, entre outros.

A aplicação dessa acessibilidade pedonal para todos a declives acentuados pode ser concretizada e/ou

complementada com percursos assistidos por meios mecânicos, nomeadamente elevadores e escadas

rolantes.

3 Critérios de acessibilidade no espaço público pedonal português: Decreto-Lei nº 123/97, de 22 de Maio.

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2.2 Espaço-Tempo social

A acessibilidade, só por si, não chega para caracterizar o problema abordado nesta tese, ou para ser

ancoragem de soluções – é necessário complementá-la com outras questões fundamentais, questões

essas que irão ser expostas neste capítulo.

Como conjugar as exigências do momento e da sociedade, que se traduzem num acelerar progressivo

do tempo, com uma vivência que nos permita o usufruto do local em que vivemos?

As exigências da nossa sociedade e condição presente obrigam-nos a "chegar a tempo"! Temos de

estar à hora X no local Y sem falta! Desejamos não perder tempo, mas acaba por nos restar ainda

menos do que o que tínhamos. Quanto mais se tenta minimizar o espaço-tempo, mais ele "puxa por

nós", mais de nós exige e, consequentemente, mais somos obrigados a acelerar o passo; menos

contacto temos com a cidade, menos com ela nos envolvemos. Porque é que as formas de reduzir,

vencer ou enganar o tempo ainda o aceleram mais? Que meios utilizamos para tal? O que está a falhar?

Deparamo-nos com um tempo que ultrapassa o próprio tempo, o qual deixamos de conseguir controlar.

Que vivência do tempo é esta, que se torna obsessiva e nos impede de desfrutar a cidade?

Serão abordados diferentes conceitos sobre o espaço-tempo social que se entende serem relevantes

para a presente pesquisa, tendo em conta os objectivos a atingir. Por fim serão sugeridas algumas

soluções e apresentados meios para as concretizar.

2.2.1 Compressão do Espaço-Tempo

Hoje em dia, o tempo é manipulado como se fosse algo de material: “ganha-se tempo, gasta-se tempo,

poupa-se tempo e perde-se tempo” (HALL, 1973, pp. 7). Este tipo de vivência de tempo, enfatiza

horários, segmentação e prontidão. É o chamado tempo monocrónico (M-Time) definido pelo

antropólogo Edward Hall (HALL, 1977, pp. 17), correspondente a uma vivência de raízes anglo-

saxónicas, mas que se tem imposto um pouco por todo o mundo. É a obsessão da vontade de querer

“fazer render” o tempo, numa sociedade de consumo em que a máxima, a um nível extremo, é traduzida

por “time is money”.

Este conceito entra em choque com certas culturas, nomeadamente a mediterrânica e a latina, onde

existe lugar para a tolerância e para a espera. A vivência deste tempo policrónico (P-Time, HALL,

1977, pp. 17) assenta num forte envolvimento entre as pessoas, em que o comércio, inclusive, é uma

pretexto para fortalecer essas mesmas relações (p.e., o fazer compras na praça de rua, lojas ou no

mercado público).

A crescente imposição do tempo monocrónico no mundo actual faz com que as rotinas se tornem cada

vez mais segmentadas e efémeras. Os circuitos percorridos são muito intensos e desenrolam-se a uma

velocidade quase cronometrada. A imprevisibilidade do acto, característica do tempo fragmentado

(CARMO, 2006, pp. 92-99), leva à projecção de horizontes temporais cada vez mais curtos.

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A emergência da sociedade em rede ou sociedade pós-moderna4 , determinada pelos fluxos de

informação e comunicação que se movimentam no espaço, tem como consequência a compressão do

espaço-tempo 5 . O mundo torna-se mais pequeno devido à redução do tempo de circulação das

mercadorias, transacções financeiras, imagens e pessoas. Esta intensificação da mobilidade espacial

afecta vários sectores da vida quotidiana, como por exemplo o do trabalho: instala-se a precariedade. A

possibilidade de mudança passa a ser um elemento estruturante da vida diária, com a qual se tem

sempre de contar (CARMO, 2006, pp. 105).

Esta postura de instabilidade constante impossibilita um forte enraizamento nos lugares do quotidiano: o

local de trabalho, o bairro de residência e os diversos sítios de sociabilidade passam a ser vividos como

algo provisório, prejudicando, por isso, o desenvolvimento de profundos envolvimentos relacionais e

cívicos (CARMO, 2006, pp. 95). Por outro lado, essa permanente mudança de profissão ou residência,

não significa necessariamente o comprometimento ou inviabilização de uma rede relativamente durável e

fixa de relações e contactos, que assentam numa sociedade em rede – independentemente de se

situarem em diferentes e distantes contextos, consegue-se estabelecer ligações regulares e

permanentes, seja com pessoas íntimas (família, amigos), meros conhecidos ou desconhecidos.

2.2.2 Realidade Virtual e Sociedade em rede VS Espaço-Público e Sociedade Tradicional

Uma nova realidade temporal toma, então, lugar num espaço pluridimensional – a do tempo interactivo

ou tempo-fluxo (CARMO, 2006, pp. 99). Caracterizada pelo aumento vertiginoso da volatilidade da vida

moderna, os indivíduos sentem a necessidade de criar plataformas de estabilidade (materiais, afectivas,

sociais) com tendência “a-espacial”: concretiza-se numa sociedade em rede, traduzindo-se numa

realidade virtual que nos permite “alcançar o mundo” sem sair de casa, mas que não promove relações

com o local envolvente, ou seja, com o espaço público. A Internet é o exemplo mais concreto desse

expoente de despacialização 6 , que assume uma projecção a nível global, pois o seu acesso é

generalizado (o que inclui também os estratos menos favorecidos). Consultar o email ou os blogues de

amigos e conhecidos, tornou-se uma tarefa rotineira e banal, “tão habitual como ler o jornal ou ouvir as

notícias na rádio” (CARMO, 2006, pp.105).

Pode então dizer-se que a circulação espacial pode provocar desenraizamento, mas que só por si não

provoca separação e desligamento – o acesso generalizado aos meios e redes de comunicação permite

um contacto contínuo, independentemente do lugar em que a mensagem é emitida. A localização deixou

de ser um constrangimento para a comunicação – a residência deixa de ser o centro aglutinador dos

contactos estabelecidos: “Ao contrário do endereço tradicional, o endereço virtual já não remete para a

família x que reside na rua y” (CARMO, 2006, pp.104). O endereço individualizou-se e acompanha o

actor quase em permanência, “Como se cada um de nós se transformasse numa pequena central de

comunicações” (CARMO, 2006, pp.104-5).

4 Manuel Castells – citado por: CARMO, 2006, pp. 93. 5 David Harvey – citado por: CARMO, 2006, pp. 92. 6 Wellman e Haythornthwaite – citado por: Renato CARMO, 2006, pp. 105.

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Nestas redes virtuais proliferam práticas simultaneamente efémeras e duradouras: é possível manter

uma presença virtual mais ou menos duradoura ou desaparecer sem deixar rasto.

2.2.3 Pós-modernidade e “não-lugares”

A pós-modernidade (ou sobremodernidade – AUGÉ, 1998, pp. 98) reflecte um mundo provisório e

efémero, no qual se vive de passagem, votado à individualidade solitária e a um relativo anonimato, que

resulta de uma identidade provisória. Tal situação pode ter a vantagem de ser entendida como uma

libertação (AUGÉ, 1998, pp. 106). Este contexto, que deriva de todos os factores que levaram à

chamada “globalização”, provoca uma individualização das referências de cada indivíduo – situação

oposta à da sociedade tradicional (em que todos têm as mesmas referências, comuns a uma sociedade,

bairro ou geração). Instala-se, então, o confronto entre a solidão e a liberdade que o anonimato confere

às multidões solitárias.

A pós-modernidade acontece em espaços constituídos em relação a certos fins (AUGÉ, 1998, pp.99), ou

seja, com objectivos bem definidos: espaços de transporte, trânsito, comércio e lazer (auto-estrada,

aeroporto, supermercado, centros comerciais...). São sítios que são construídos e controlados para

suportar a mobilidade a nível global de bens, mensagens e viajantes internacionais; lugares onde o

viajante fica dispensado de parar e até de olhar7 – não existem sem horários nem sem tabelas – em que

os itinerários se medem em unidades de tempo. Não dão lugar à História – neles reina a

superabundância espacial, a actualidade e a urgência do momento presente.

A cidade que perde qualidades dá lugar ao urbano sem qualidades e à multiplicação dos não-lugares

(AUGÉ, 1998, pp. 59). Estes são espaços que não se definem como sendo identitários (ou seja, que não

suscitam sentimentos de pertença), relacionais, históricos (em que se faz sentir o peso da História) ou

simbolizados (valor simbólico). Os não-lugares são o espaço da pós-modernidade (AUGÉ, 1998, pp.

116).

Nos espaços pós-modernos, as vivências citadinas são reinventadas: mais confortáveis simulações

surgem, fechando o “mundo perigoso” lá fora8, contribuindo para esvaziar o centro das cidades. É a Era

dos Shoppings, criados como “basílicas do consumo” - onde o lazer e o consumo se tornam cada vez

mais em formas indistintas de ocupar os tempos livres9. São espaços onde os relógios não existem10,

onde o espectáculo tem sempre lugar e em que os eventos sensoriais envolvem e controlam os

visitantes. São recriadas ruas e praças (substituição da imprevisível dinâmica da praça urbana pelo

metódico arranjo da praça coberta, HENRIQUES, 2007, pp. 4-5), num ambiente sempre iluminado e

“seguro”.

7 Por exemplo: o percurso das auto-estradas evita, por necessidade funcional, todos os lugares históricos, dos quais nos aproxima – mas comenta-os! (AUGÉ, 1998, pp.103). 8 Ana Vaz Milheiro, citada por HENRIQUES, 2007, pp. 4-5. 9 Shoppertainment: quando o consumo se transforma numa enorme experiência de lazer, num espectáculo em que os eventos sensoriais envolvem os visitantes (LANDRY, 2007, pp. 151). Por exemplo: o restaurante Rainforest recria uma selva num ambiente de plástico (LANDRY, 2007, pp. 153). 10 Miguel Silva Graça, citado HENRIQUES, 2007, pp. 4-5.

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De acordo com Augé, o mais significativo na experiência do não-lugar é a sua força de atracção, que é

inversamente proporcional à da atracção territorial, ligada ao peso do lugar e à tradição, ou seja, o não-

lugar cada vez mais atrai as pessoas, por oposição ao tradicional espaço público de vivência das

cidades.

O crescente individualismo do modo de vida dos cidadãos associado a um consumismo passivo,

encontra-se intrinsecamente ligado aos não-lugares e à pós-modernidade. É a vontade do recriar um

“mundo perfeito”, em que o citadino não tem lugar e em que a vivência acaba com a diferença tão

característica da vida da cidade.

2.3 “Cidade-lugar”

Um dos grandes desafios com que nos defrontamos neste início de século é o de conciliar, de uma

forma harmoniosa, a aceleração do progresso com a noção de escala humana. Hoje em dia “fazemos

muitas coisas que os nossos avós não faziam, mas não podemos digerir mais depressa (...), as coisas

processam-se dentro dos limites da condição humana.” (CULLEN, 2004, pp. 15-17).

O Homem sente a necessidade de se identificar com o local em que se encontra. Esse sentimento de

pertença encontra-se ligado:

• à percepção de todo o espaço circundante (CULLEN, 2004, pp. 14);

• às interacções sociais.

Estas são características que se incluem no conceito de lugar, definido por Marc Augé (AUGÉ, 1998,

pp.59), como sendo um espaço capaz de produzir o social orgânico, e que se caracteriza como sendo

identitário, relacional, histórico e simbolizado, por oposição ao não-lugar.

Com estes lugares se identificam os centros históricos das cidades, por exemplo, cujo espaço público é

definido por uma variada composição de elementos, tais como a rua, a praça, o edificado e o templo,

entre outros. A preservação e valorização destes elementos é condição imprescindível para que estes

lugares não entrem em crise, sofrendo as consequências de degradação do edificado, congestão

automóvel e desertificação, entre outras mencionadas no início deste capítulo 3.

Com esta dimensão de lugar pode-se identificar o(s) bairro(s), no sentido que Kevin Lynch define como

sendo regiões urbanas de extensão bidimensional em que o observador reconhece como tendo algo de

comum e de identificável (LYNCH, pp. 57-58)

Para fazer reviver a cidade e o seu centro-histórico não o esvaziando da sua dimensão de lugar, é

necessário fazer determinadas opções:

1. manter as características funcionais da sua condição central, nomeadamente a aglomeração, a

quantidade, a diversidade, a qualidade, e sobretudo a complexidade, entendida como factor

multiplicador da sua atractividade (DOMINGUES, s.d., pp. 21);

2. implementar estruturas urbanas onde convivem vários centros – um dos quais, o “centro

tradicional”, adaptado à nova e complexa realidade da organização do mosaico urbano em

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contínua e acelerada transformação (DOMINGUES, s.d., pp. 20) – evitando a evolução

monocêntrica da cidade e facilitando o seu desenvolvimento, ajudando o centro histórico a

respirar;

3. criar uma infra-estrutura de mobilidade que garanta fluidez, como meio de interligação entre as

estruturas urbanas policêntricas (DOMINGUES, s.d., pp. 25);

4. melhorar a acessibilidade em cada um dos centros, de modo a permitir, facilitar e favorecer a

deslocação pedonal, em detrimento da congestão automóvel (já referido no capítulo 2.1);

5. apostar na emergência de um comércio excepcional, baseado na especialização de produtos, ou

emergência de serviços também especializados, como forma de atracção de população e

combate à desertificação;

6. enfatizar a importância da identidade local e de “cidades sustentáveis” (LANDRY, 2007, pp. 118),

como reacção à compressão do espaço-tempo – preservando e mantendo o ambiente local,

natural e construído; desenvolvendo infra-estruturas em harmonia com esses ambientes; usando

tecnologias para melhorar a qualidade de vida e o ambiente natural e urbano; defendendo a

produção local; promovendo a qualidade da hospitalidade local.

Para além destas opções mencionadas, que se encontram relacionadas com o capítulo presente,

existem outras que serão desenvolvidas no capítulo 4, nomeadamente: a reutilização do edificado ou

outros espaços existentes e a planificação da revitalização constante de cada centro.

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3 Intervenção em Tecido Urbano Consolidado A intervenção arquitectónica e urbanística é necessária a uma cidade. Essa intervenção aplicada em

centros históricos deverá necessariamente ser alvo de uma atenção contínua, não só para preservar o

seu passado, mas também para permitir que esses centros vivam o presente e o futuro, evitando que se

tornem em centros históricos em crise”11.

As intervenções de reabilitação ou requalificação do tecido urbano, através de operações de

conservação e restauro, bem como as obras de reconversão, são fundamentais para evitar os processos

de sobrevalorização simbólica que fixam o centro histórico num tempo original artificial, adverso à

dinâmica própria duma cidade. O “novo” e o “antigo” devem coexistir numa mesma realidade, inseridos

num território homogéneo, onde a malha urbana se encontra consolidada pela sua longa existência.

Por forma a compreender a evolução teórica do modo de “viver a cidade e o seu espaço público” aliado à

evolução da abordagem projectual e ambiental, é desenvolvido neste capítulo um estudo que visa servir

de base histórica ao tema da revitalização urbana. Pretende-se ainda caracterizar e avaliar a importância

das intervenções estratégicas localizadas na reconversão de espaços ou de usos, para a revitalização

de um conjunto urbano, nomeadamente um centro histórico.

3.1 Doutrinas e Convenções Internacionais Fazer obras de conservação e restauro num conjunto urbano histórico ignorando os seus habitantes é

algo que socialmente não faz sentido. A cidade é para habitar, não um “parque temático de lazer”

(MESTRE, 2007, 46-52) destinado a visitantes que apenas por ela passam. Fingir que a História

estagnou num determinado período e que tudo continua “como sempre foi” naquele bairro, centro

histórico ou conjunto urbano é ignorar as potencialidades da cidade enquanto organismo vivo e a

possibilidade de resolver os seus problemas.

As abordagens relativas ao modo de cuidar da nossa cidade e dos elementos que simbolicamente são

importantes para nós, é algo que foi variando ao longo do tempo. Começou por dar-se importância à

protecção e preservação do património12 construído sobretudo a partir dos dois últimos séculos.

11 Ver capítulo 3 – Acessibilidade Pedonal. 12 Património é o conjunto das obras do Homem nas quais uma comunidade reconhece os seus valores específicos e particulares, e com os quais se identifica. A identificação e a especificação do património é, portanto, um processo relacionado com a eleição de valores, Carta de Cracóvia, 2000.

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3.1.1 Doutrinas Intervencionistas/Não intervencionistas

No âmbito da conservação e restauro, surgiram variadas doutrinas que abordam diferentes conceitos e

modos de intervenção, e que foram evoluindo ao longo do tempo. As primeiras preocupações surgiram

no século XIX, com Viollet-de-Duc.

Viollet-le-Duc (1814-1879) defendia uma doutrina intervencionista que se baseava no Princípio da

Unidade de Estilo: procurava restaurar monumentos históricos tentando reintegrá-los no seu estado

original do estilo base, muitas vezes deduzindo e repondo coisas que nunca tinham existido, outras

vezes eliminando todas as intervenções posteriores, independentemente do seu possível valor

arquitectónico/artístico. A intervenção a ser feita seria, portanto, um restauro estilístico, em que a

concepção ideal do edifício deveria ser a de um “monumento-tipo” (FREIGANG, KREMEIER, 2003, pp.

344-355). Como exemplo, refere-se o caso da cidade medieval de Carcassone,, no Sul de França,

restaurada pelo próprio Viollet-le-Duc, isenta de vida própria, que foi reconstruída com fins meramente

turísticos [ANEXO I, IMG.1].

Como reacção a esta doutrina, surgiu a corrente não intervencionista de John Ruskin (1819-1900) e

William Morris (1834-1896), a qual rejeitava qualquer proposta com tendência a deduzir normas

arquitectónicas da história da arquitectura: qualquer emergência de uma arquitectura histórica só é

possível nas condições da época em que é produzida, e portanto não pode ser reproduzida no presente.

Segundo esta doutrina, o restauro é uma destruição, defendendo a conservação como meio de prevenir

em lugar de remediar (RUHL, 2003, pp. 464-469).

Camillo Boito (1835-1914) reuniu estas ideias contrárias numa teoria intermédia, favorável à

conservação dos elementos adicionados posteriormente à obra arquitectónica original, considerando

cada um representativo de um conjunto de valores a ser respeitado. Defende ainda a sinceridade

construtiva, rejeitando a invenção. A intervenção nova deve-se destacar claramente pela cor, técnica e

aspecto [ANEXO I, IMG.2] – é preciso ver-se o que foi adicionado para mostrar que é novo

(CARBONARA,1996, pp. 229).

Gustavo Giovannoni (1873-1947) deu continuidade aos princípios defendidos por Camillo Boito,

desenvolvendo o conceito de Restauro Científico 13 . Sentiu ainda a necessidade de alargar esses

princípios ao ambiente que envolve o monumento, defendendo que o contexto deve ser preservado.

Giovannoni alarga o conceito de monumento à “Cidade Histórica”, entendendo-a como um conjunto

patrimonial, e defende ainda que o património pode ter um valor museológico, mas que deverá também

ter um valor de uso, que não necessariamente o original (CARBONARA,1996, pp. 229) – um valor de

uso adaptado às necessidades do momento, permitindo o prolongamento da sua vida útil, pois há

funcionalidades que são ultrapassadas pelo tempo.

13 Gustavo Giovannoni divide o restauro em 5 classes: trabalhos de consolidação, recomposição das partes desmembradas, libertação de acréscimos sem efectivo interesse, complementação de partes acessórias para evitar a substituição e a inovação ou acréscimo de partes indispensáveis, segundo uma concepção moderna.

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3.1.2 Cartas e Convenções Internacionais14

Várias Cartas, Recomendações e Convenções internacionais foram escritas com vista à protecção do

património, evoluindo ao longo do tempo e acrescentando novos pontos considerados relevantes.

Foi na Carta de Atenas 15 que surgiram as primeiras aplicações práticas das ideias já referidas,

nomeadamente a defesa do interesse público sobreposto ao do privado, e o facto de as intervenções

feitas com materiais modernos deverem ser passíveis de reconhecimento (sinceridade construtiva).

A Carta de Veneza 16 vem integrar os conjuntos urbanos (incluindo os centros históricos) e

consequentemente a arquitectura menor na definição de património a ser alvo de atenção.

Outras cartas e acordos surgiram, dando ênfase a diferentes aspectos:

C1. revitalização dos centros urbanos antigos e dos conjuntos urbanos (Convenção de Haia17 e

Recomendação para a Salvaguarda dos Conjuntos Históricos e a sua função na vida

contemporânea18);

C2. reutilização do património edificado existente (Convenção de Haia19), numa procura das funções

mais apropriadas para o edifício em causa (Carta Europeia do Património Arquitectónico20), ou

seja, promovendo um uso que seja compatível (Carta de Burra21), atendendo às necessidades e

aos valores do momento;

C3. planeamento urbano, planos urbanísticos e planos de ordenamento (Carta Europeia do

Património Arquitectónico22 e Carta para a Salvaguarda das Cidades Históricas23);

C4. turismo, tanto no que respeita à valorização da sua componente cultural (Carta do Turismo

Cultural24), como à ameaça ao património provocada pelo seu crescente afluxo, derivado do

desenvolvimento urbano (Simpósio de Cracóvia25);

C5. questões sociais, tais como a manutenção da ambiência social dos bairros históricos

(Convenção de Haia26), o reconhecimento da rapidez das transformações económicas e sociais

(Recomendação para a Salvaguarda dos Conjuntos Históricos e a sua função na vida

contemporânea27), o alargamento da noção de património à qualidade de vida das populações

14 Todas as cartas, excepto as mencionadas, foram estudadas a partir da compilação de Flávio LOPES; Miguel Brito CORREIA – Património Arquitectónico e Arqueológico. Cartas, Recomendações e Convenções Intenacionais, 2004. 15 Conclusões da conferência de Atenas para o Restauro de Monumentos Históricos, 1931. 16 Conservação e Restauro dos Monumentos e dos Sítios, 1964. 17 Convenção para a protecção de Bens Culturais em Caso de Conflito Armado, UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization), 1954. 18 UNESCO, 1976. 19 Convenção para a protecção de Bens Culturais em Caso de Conflito Armado, UNESCO, 1954. 20 Conselho da Europa, 1975. 21 ICOMOS (International Council on Monuments and Sites), Australia, 1980. (http://www.pdturismo.ufsj.edu.br/legislacao/cartas/burra.shtml) 22 Conselho da Europa, 1975. 23 ICOMOS, 1987. 24 ICOMOS, 1976. 25 CSCE (Conselho de Segurança e Cooperação Europeia), 1991. 26 Convenção para a protecção de Bens Culturais em Caso de Conflito Armado, UNESCO, 1954. 27 UNESCO, 1976.

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(Resolução relativa à Arquitectura Contemporânea28) ou a participação activa das populações

na gestão do património (Carta Internacional para a Gestão do Património Arqueológico29);

C6. necessidade de integração das construções contemporâneas e de qualidade nos conjuntos

arquitectónicos existentes, a fim de assegurar uma certa continuidade de tradição arquitectónica

(Resolução relativa à Arquitectura Contemporânea30);

C7. aspectos ambientais, directamente ligados à preservação do património (Simpósio de

Cracóvia31 e Carta de Cracóvia32).

3.2 Revitalização e Reconversão Ao intervir na cidade e nos edifícios de uma zona consolidada, põe-se a questão de saber qual será o

tipo de intervenção mais apropriado, com vista à sua revitalização e ao mesmo tempo à manutenção da

sua integridade como um conjunto urbano. Cada caso de intervenção é uma situação diferente, com as

suas características próprias: por um lado exprimem diferentes valores culturais, históricos e simbólicos;

por outro, encontram-se em estados diferentes de manutenção/degradação, exigindo operações

distintas. Existem diferentes possibilidades de intervenção:

1. demolição integral do(s) edifício(s) existente(s) e construção nova,

a. ignorando o seu contexto e o passado, uma vez que o que quer que lá existisse antes

não teria importância ao ponto de ter sido substituído pela actual construção (ex.: Casa

da Música, Porto [ANEXO I, IMG.3]);

b. inserindo-se no quarteirão, seguindo os mesmos alinhamentos da malha urbana, mas

ignorando o desenho do conjunto envolvente (ex.: Silo Automóvel Calçada do Combro

[ANEXO I, IMG.4]);

c. ignorando a malha urbana e a volumetria, mas relacionado com o seu contexto e/ou

passado (Museu Guggeheim, Bilbao [ANEXO I, IMG.5]);

d. mas com a preocupação de respeitar a volumetria e integração na malha urbana

consolidada, feita através de certos elementos de linguagem que o integrem no conjunto

– como por exemplo: o ritmo da fachada, volume, desenho, materiais de construção, etc.

(ex.: quarteirão a Poente da Rua Nova do Almada, no Chiado, Lisboa [ANEXO I,

IMG.6]);

2. demolição integral dos pisos e compartimentação interior do edifício e construção de nova

estrutura, mantendo e recuperando as fachadas originais [ANEXO I, IMG.7]);

Sempre que se actua sobre o construído,

28 Conselho da Europa, 1983. 29 ICOMOS, 1990. 30 Conselho da Europa, 1983. 31 CSCE (Conselho de Segurança e Cooperação Europeia), 1991. 32 2000 (http://www.metria.es/servicios/docs/Carta%20de%20Cracovia%202000.pdf)

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3. adição e/ou transformação estrutural parcial de espaços, com vista à alteração de usos (ex.:

Convento da ordem beneditina transformado em Palácio de São Bento – Assembleia da

República, Lisboa [ANEXO I, IMG.8]);

4. transformação pontual, não estrutural de adaptação de usos (ex.: Cordoaria Nacional, como

fábrica de cordas, transformada em pavilhão de exposições temporárias [ANEXO I, IMG.9]);

5. operação pontual de manutenção do edifício.

Observa-se que:

A tipologia de intervenção referida nos pontos 1.a. e 1.b. é admissível caso o edifício pré-existente não

tenha qualquer interesse ou valor arquitectónico, sendo de valorizar, no ponto 1.b., a intenção de

inserção do novo edifício na malha urbana.

A intervenção mencionada no ponto 1.c. pode revelar-se de elevada importância para o sucesso de uma

estratégia de revitalização de uma cidade. Como se verifica no caso de Bilbao, o rápido e elevado

desenvolvimento económico trouxe consequentemente uma melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

O tipo de intervenção 1.d. justifica-se em casos de degradação muito acentuada, em que a estrutura já

não aguenta obras de remodelação e/ou adaptação a novos usos, e também em determinados pontos

estratégicos que sejam entendidos como pontos âncora para o sucesso de uma proposta global, com

vista à melhoria do conjunto envolvente e ao bem da comunidade.

O tipo de intervenção exposto no ponto 2 justifica-se nos casos em que apenas a fachada dum edifício

tiver valor arquitectónico reconhecido, relevância simbólica ou pertença à memória da população e da

cidade, conjugado com a impossibilidade de adaptação da estrutura interior do edifício ou da sua

composição espacial interior a um novo uso. No entanto, segundo o arquitecto Vítor Mestre, este tipo de

intervenção é condenável, considerando-o uma “mentira histórica” (MESTRE, 2007, pp. 46-52), a ser

evitada.

As intervenções referidas nos pontos 3. e 4. justificam-se sobretudo pela valorização da reutilização do

edifício, solucionando o problema da desadequação funcional.

Por fim, o tipo de intervenção nº 5. justifica-se em qualquer caso, sendo sempre necessária e

imprescindível para manter o edifício, de modo a que não se vá degradando.

Assim, observa-se que existem 3 modos fundamentais de intervenção no tecido urbano consolidado,

como via de revitalização de uma cidade ou centro histórico:

A. Demolição – com vista a construir um novo edifício que regenere aquele local, entretanto

tornado inadequado devido ao avançado estado de degradação do edifício pré-existente, à falta

de valor de uso, simbólico ou arquitectónico;

B. Reconversão – destina-se a prolongar a vida útil de edifícios existentes, através da adequação

e eficácia funcional do edifício, por meio da actualização de usos e transformação de espaços,

possibilitando a reutilização de estruturas edificadas (SILVA, 2003, pp. 41).

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C. Reabilitação ou requalificação – que consiste numa melhoria da qualidade global do edifício

(SILVA, 2003, pp. 41), através da sua manutenção, aliada a obras de conservação e restauro;

Tal como foi referido inicialmente, cada caso é um caso e qualquer um destes tipos de intervenção

poderá ser justificável e bem sucedido em função de uma análise aprofundada da situação em questão.

O seu sucesso também dependerá do processo com que o edifício foi pensado ou repensado, e de

factores exteriores não controláveis (e não contemplados neste estudo).

Estas intervenções assumem-se como operações que ajudam a transformar e/ou a manter a cidade viva

e desejada, melhorando-a e revitalizando-a.

No próximo capítulo serão analisados diversos casos que sofreram intervenções de revitalização,

situados em centros históricos. Tentar-se-á compreender se o tipo de intervenção realizado contribuiu

para o sucesso ou insucesso global da proposta.

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4 Intervenções de Revitalização através da Acessibilidade em Centros Históricos

Com este capítulo pretende-se analisar diferentes intervenções que tiveram lugar em centros históricos,

tendo em vista a sua revitalização, e nas quais a acessibilidade foi considerada importante ou mesmo

um dos principais objectivos.

Procura-se, através de uma análise comparativa, identificar os factores de sucesso ou insucesso que

conduzem a que uma proposta concretizada funcione ou, pelo contrário, falhe nos seus objectivos,

conduzindo à criação de espaços não funcionais.

4.1 Casos de estudo Os casos escolhidos para análise, que constituem a base das posteriores análises comparativas,

apresentam um conjunto com características semelhantes:

• o facto de todos os casos serem localizados em cidades europeias (2 deles em Lisboa);

• a sua inserção num terreno acidentado, de declive bastante acentuado;

• a sua integração numa malha urbana consolidada;

• estão relacionados com a definição de um percurso;

• têm como objectivo a melhoria da acessibilidade, associada a operações de intervenção.

Os casos escolhidos para análise foram os seguintes:

Casos a analisar Arquitecto Cidade, País

Rocca Paolina Italo Rota Perugia, Itália

Escadas de la Granja Lapena-Torres arquitectos Toledo, Espanha

Baixa-Chiado Siza Vieira Lisboa, Portugal

Quarteirão da Império Gonçalo Byrne Chiado, Lisboa, Portugal

Foram escolhidos estes casos em particular, por apresentarem as seguintes características específicas

consideradas relevantes para a posterior análise com a proposta de intervenção projectada em fase de

estudo prévio:

• Rocca Paolina – por ser uma clara intervenção de revitalização que articula o passado e o

presente de uma forma original e interessante, e ainda por ser uma grande operação a nível da

escala da cidade;

• Escadas mecânicas de la Granja – por ser uma operação simples e de clara ligação entre dois

pontos de cota variável, ao nível da escala da cidade, susceptível de comparação com

intervenções como elevadores (ex.: elevador de Santa Justa, Lisboa [ANEXO I, IMG.10]) ou

funiculares (ex.: elevador da Glória [ANEXO I, IMG.11]). A opção por escadas mecânicas, em

vez de outro tipo de meio mais directo, tem em conta o tipo de vivência do percurso e a sua

relação com o espaço que envolve o indivíduo;

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• Baixa-Chiado - pela sua escala de abrangência, quer ao nível da cidade, quer do bairro; pelas

opções tomadas nas operações de intervenção, a nível de resolução espacial e de reabilitação;

pela integração da componente mobilidade (metropolitano);

Quarteirão a Poente da Rua Nova do Almada, no Chiado - pela sua intenção de criar

uma relação com o bairro que a envolve;

Quarteirão a Poente da Rua do Carmo – pela falha na concretização da acessibilidade

associada proposta; pela resolução espacial do seu espaço público;

• Quarteirão da Império – por ser uma intervenção que tenta criar uma relação de acessibilidade

através de um quarteirão, mas cujo funcionamento se encontra apenas parcialmente activo.

Será feita inicialmente, em cada um dos casos, uma breve referência à situação anterior à intervenção.

De seguida, serão expostos os objectivos e as intenções dos respectivos projectos e a concretização dos

mesmos. Serão, por fim, postos em evidência os aspectos considerados mais importantes, positivos e

negativos, a serem discutidos no capítulo seguinte.

4.1.1 Rocca Paolina, Perugia, Italo Rota33 A intervenção feita na cidade de Perúgia em 1983, em Itália, foi da responsabilidade do arquitecto

italiano Italo Rota. Revitaliza não apenas a cidade visível, mas também a cidade soterrada: resgata um

passado longínquo e torna-o presente na vida quotidiana dos cidadãos.

A Rocca Paolina é uma fortaleza que foi mandada construir pelo Papa Paulo III. Projectada pelo

arquitecto militar Antonio da Sangallo il Giovane, foi construída entre 1540 e 1543, tornando-se no

símbolo do poder papal até 1860. Esta construção ignorou completamente o passado, tendo utilizado o

pré-existente quarteirão medieval como base para as fundações da Rocca Paolina. Em 1932 foram

iniciados trabalhos de restauro da cidade soterrada, abrindo o quarteirão ao público34.

Finalmente, em 1983, foi pensada uma operação de revitalização da cidade, a qual integraria o

quarteirão referido, reabrindo a antiga estrada de acesso à cidade – a Via Bagliona. A proposta integrou

os seguintes aspectos:

• Revitalização da cidade histórica;

• A vontade de trazer uma nova vida quotidiana àquele espaço subterrâneo;

• Melhoria da acessibilidade pedonal;

• A integração de uma componente arqueológica e cultural no percurso, de acesso a todos.

A proposta consiste na abertura de um novo percurso, onde existem escadas rolantes articuladas com

uma enorme oferta de parques de estacionamento automóvel situados no exterior da cidade alta (que se

situa a 493 m de altitude). O percurso começa na Piazza Partigiani, atravessa o que resta da soterrada

cidade medieval, e leva-nos à Piazza Italia [ANEXO I, IMG.12 e IMG.13]).

33 A principal referência bibliográfica deste capítulo é a seguinte: SOWA, 2002, pp. 46-49. 34 http://it.wikipedia.org/wiki/Rocca_Paolina

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O projecto inclui um posto de turismo e um espaço de exposições, onde estão expostos vestígios dos

diferentes estratos arqueológicos da cidade de Perúgia – etruscos, romanos e medievais [ANEXO I,

IMG.14]).

As paredes das casas que dão para a Via Bagliona, que em tempos eram fachadas exteriores de rua,

mas que actualmente são apenas paredes internas, foram pensadas para dar aos visitantes a impressão

de se movimentarem dentro de um cenário: Italo Rota propõe um jogo de iluminação, variando a sua

intensidade e usando materiais opacos e translúcidos, acentuando assim o efeito teatral [ANEXO I,

IMG.15].

Após a concretização do projecto, passou a verificar-se:

• uma utilização quotidiana do percurso, por parte dos moradores e trabalhadores de cidade;

• uma utilização ocasional, por parte dos moradores, turistas e outros, devido ao seu interesse

arqueológico, à informação, às exposições e aos eventos culturais temporários [ANEXO I,

IMG.16];

• a transformação e renascimento da cidade morta num fluido espaço público;

• uma vivência quase exclusivamente pedonal do centro histórico [ANEXO I, IMG.17];

• a revitalização da cidade alta / centro histórico;

• a integração total das várias camadas históricas na vida da cidade actual.

4.1.2 Escaleras de la Granja na Ladera de Rodadero, Toledo, Lapeña-Torres35

A história de Toledo esteve sempre ligada à dificuldade em ascender ao centro histórico, intrinsecamente

ligada à função defensiva da cidade medieval. A cidade caracteriza-se pela acidentada topografia, pela

densidade das suas edificações, pelo traçado irregular e reduzidas dimensões da rede viária. A escassez

de lugares de estacionamento e a contaminação visual e ambiental que os veículos provocam são

alguns dos problemas com que Toledo se debatia.

Hoje em dia as necessidades são outras, e a construção de uma nova escadaria mecânica vem permitir

aos moradores, trabalhadores e visitantes, uma subida mais confortável à parte alta da cidade – o seu

centro histórico [ANEXO I, IMG.18 e IMG.19].

O projecto, de 1998, desenhado por Elias Torres e José António M. Lapeña, contemplava os seguintes

objectivos:

• a restrição do tráfego automóvel no centro histórico;

• a melhoria da acessibilidade, através do vencimento de um desnível de 36 m de encosta;

• o respeito pela muralha medieval;

• a minimização do impacte da intervenção na paisagem.

35 As referências bibliográficas relativas a este capítulo são as seguintes: TORRES; LAPEÑA, 2001, pp. 49-53. TORRES; LAPEÑA, 2002, pp. 72.

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Tal como no caso de estudo anterior, foi construído um parque de estacionamento para 400 carros fora

da muralha medieval, por debaixo do Passeo de Rocadero, em articulação com as escadas rolantes. O

novo complexo situa-se junto a um dos acessos mais emblemáticos da cidade, a Puerta de la Bisagra, a

antiga e actual chegada a Toledo vindo de Madrid.

A entrada de acesso às escadas faz-se passando por debaixo das fundações da muralha medieval da

cidade, a qual foi respeitada na sua totalidade. Esta entrada faz-se acompanhar de um posto de

informação turística [ANEXO I, IMG.20]. As escadas apoiam-se na ladeira de Rodadero e sobem até à

Porta de Cambrón.

Os seis lanços necessários à conquista do desnível rasgam a colina. Para que a paisagem Norte da

cidade sofresse o menor impacto ambiental possível, a volumosa construção que alberga a escadaria

encontra-se incrustada na ladeira, atenuada pela cor ocre do betão, que combina com as cores da

arquitectura local [ANEXO I, IMG.21].

A cobertura inclinada que protege as escadas permite dar continuidade à pendente ajardinada da

ladeira: não segue exactamente a inclinação natural das terras, levantando-se ligeiramente, descobrindo

uma larga e contínua abertura que acompanha o desenvolvimento da escadaria, vislumbrando-se o leito

do Tejo e a Toledo moderna [ANEXO I, IMG.22].

A forma em “zigzag” permite, por um lado, que as escadas se adaptem à topografia e, por outro, evitar a

sensação de vertigem que poderia provocar um único lance em linha contínua sobre a pendente com um

desnível tão pronunciado.

Após a concretização do projecto, passou a verificar-se:

• uma utilização quotidiana do percurso, por parte dos moradores e trabalhadores de cidade;

• uma utilização frequente por parte dos turistas;

• uma vivência quase exclusivamente pedonal do centro histórico;

• o descongestionamento automóvel das ruas do centro;

• a sua forma em “zigzag” funciona como um forte elemento visual da cidade.

4.1.3 Baixa-Chiado, Lisboa, Siza Vieira O projecto de Siza Vieira para a Baixa-Chiado (1991) surgiu na sequência de uma catástrofe: o incêndio

do Chiado (1988). Tal acontecimento foi dramático para a história da cidade e para a vida dos seus

cidadãos, mas possibilitou uma reformulação geral daquela zona, cujo projecto abrangeu vários

quarteirões, num total de 17 edifícios. Para esta análise foram estudados 3 desses quarteirões

[ANEXO I, IMG.23].

À excepção dos edifícios Chiado e Grandella, todos as construções abrangidas pelo plano são do tipo

pombalino.

O plano de reconstrução, após o incêndio, tinha como intenções (COLENBERGER, 1991, pp. 17-20):

• a reintrodução da habitação e do comércio de abastecimento diário (mercearias, padarias,

leitarias, frutarias);

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• o desenvolvimento do sector cultural, de lazer, hotelaria, restauração e cafetaria;

• a melhoria da acessibilidade entre a Baixa, o Chiado e o Bairro Alto;

• a melhoria da mobilidade;

• a revitalização daquela área através de reconversão;

• tomar a rigidez pombalina do plano como regra.

Relativamente ao modo de intervenção, o que restou das fachadas após o incêndio, foi mantido. Aquelas

que desapareceram, seriam reconstruídas segundo traçado pombalino [ANEXO I, IMG.24 e 25]. Quanto

ao interior dos edifícios, foi reconstruída uma nova estrutura de betão.

Do projecto à sua concretização e utilização, verificam-se os seguintes aspectos:

• existe habitação, mas não é um bairro habitacional;

• o comércio de abastecimento diário não se concretizou;

• o comércio associado a empresas multinacionais assume-se com importância;

• o comércio especializado apresenta apenas um caso de sucesso (loja especializada em eventos

festivos);

• as escassas actividades culturais e de lazer que aí têm lugar neste momento encontram-se

ligadas à actividade comercial;

• a restauração e a cafetaria concretizaram-se com sucesso, de um modo geral;

• existe uma melhoria clara da acessibilidade, que permite fazer uma mais rápida e cómoda

ligação entre a Baixa e o Chiado;

• a mobilidade, associada ao metropolitano, revelou-se um caso de sucesso [ANEXO I, IMG.26].

4.1.3.1 Armazéns do Chiado + Grandella O edifício Chiado, ou Palácio Barcelinhos, sofreu muitas transformações ao longo do tempo, de convento

a palácio, e por fim armazém comercial [SIZA, 2000, pp. 40 – ANEXO I, IMG.24].

O edifício Grandella foi construído em 1906, de acordo com o projecto de Georges Demay, arquitecto

dos Armazéns Printemps em Paris. Era um exemplo raro da arquitectura do ferro e do vidro art nouveau,

e que servia como ligação interior entre a Baixa e a Rua do Carmo [SIZA, 2000, pp. 40 – ANEXO I,

IMG.24].

Ambos se integram num quarteirão, que se localiza entre a Baixa e o Chiado, definido pela Rua do

Carmo e Rua Nova do Almada (Poente), Rua do Ouro e Rua do Crucifixo (Nascente), e Rua de Santa

Justa (Norte) [ANEXO I, IMG.27].

Após o incêndio, tal como já foi referido, Siza Vieira tomou a cargo o Plano de Pormenor, mas o interior

destes dois edifícios foi desenhado por outros arquitectos e designers.

Enquanto que o edifício Grandella consiste numa superfície comercial, pertencendo metade a uma só

loja e a outra metade a escritórios, os Armazéns do Chiado consistem num centro comercial e num hotel.

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Ambos os edifícios se desenvolvem, no seu interior, em torno de 2 átrios cobertos, os quais albergam as

escadas rolantes de acesso aos diferentes níveis, e que possibilitam também uma plataforma de

passagem entre a Baixa e o Chiado [ANEXO I, IMG.28].

Do projecto à sua concretização e utilização, destacam-se os seguintes aspectos:

• a adaptação da estrutura de armazéns a galerias comerciais dos Armazéns do Chiado teve um

enorme sucesso;

• uma mudança da gerência da zona comercial dos Armazéns Grandella, pouco tempo após a

reconstrução (de loja de discos, onde aconteciam algumas actividades culturais ocasionais,

passou a uma loja multi-nacional de vestuário).

• a eficácia do conjunto enquanto pequeno centro comercial urbano revelou-se como a “âncora”

do projecto de revitalização;

• o reforço da circulação entre a Baixa e o Chiado clarificou-se, através de meios mecânicos de

acessibilidade interna (elevadores e escadas rolantes) [ANEXO I, IMG.28];

• a melhoria da acessibilidade também por meios tradicionais, ao rasgar uma nova rua-escadaria

no lado Sul do quarteirão (Escadinhas do Santo Espírito da Pedreira [ANEXO I, IMG.24 e 29].

• uma vivência quotidiana dos meios de acesso por parte dos cidadãos de Lisboa, e não apenas

por moradores da zona;

• o sucesso na articulação deste centro com o resto da cidade de Lisboa, através da aposta no

metropolitano como meio de mobilidade;

• o Hotel revela-se como um caso de sucesso;

• concertos e exposições de fotografia na Fnac.

4.1.3.2 “Quarteirão Chiado – Sul”

Este quarteirão é definido pela Rua Nova do Almada (Nascente), Rua Garret (Norte), Rua Ívens (Poente)

e Calçada Nova de São Francisco (Sul) [ANEXO I, IMG.6].

Este quarteirão foi definido segundo uma divisão funcional e equivalente do espaço, o qual se distribuía

entre lojas, escritórios e habitação.

Foi adoptada a estratégia de tornar público o interior dos quarteirões, para que estes não fossem sendo

apropriados pelos moradores com construções pré-fabricadas. Deste modo, esses pátios passariam a

pertencer à vida da cidade [ANEXO I, IMG.30 e 6].

Do projecto à sua concretização e utilização, é importante sublinhar os seguintes aspectos:

• a habitação, embora de luxo, foi reintroduzida;

• o comércio, de um modo geral, não tem vingado, quer na parte externa do quarteirão – cujas

lojas se encontram constantemente a mudar – quer no interior, onde o pouco comércio que

chegou a existir, rapidamente faliu;

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• funciona um restaurante no interior do pátio, o qual promove a vivência desse espaço, embora

limitado às horas das refeições;

• este projecto não veio trazer mais-valias a nível de acessibilidade – os novos acessos (não

mecânicos) que foram criados têm como único propósito o acesso ao interior do pátio, não o de

o atravessar para vencer tempo e espaço.

4.1.3.3 “Quarteirão Chiado – Norte”

Este quarteirão é definido pela Rua do Carmo (Nascente), Rua Garret (Sul) e Calçada do Sacramento

(Poente) [ANEXO I, IMG.31].

O programa definido para este quarteirão é equivalente ao do quarteirão definido anteriormente, tendo

apenas uma variante a nível de projecto: a melhoria da acessibilidade entre a Rua Garret e a Rua do

Carmo à Igreja do Carmo, através de umas escadas rolantes. Um novo percurso surgiria, aproveitando a

existência do pátio, integrando-se também este no projecto [ANEXO I, IMG.32].

Do projecto à sua concretização e utilização, dá-se relevância aos seguintes pontos:

• o acesso mecânico ao Largo do Carmo não se concretizou;

• tal como no caso de estudo anterior, não traz quaisquer mais-valias a nível de acessibilidade;

• o pátio não é vivido;

• o pátio não apanha luz solar directa praticamente o dia inteiro;

• a única utilização do pátio é feita por parte dos clientes de uma loja especializada em produtos

festivos, a qual se tem lá mantido desde a reconstrução do Chiado;

• o comércio situado na parte exterior do quarteirão tem tido sucesso.

4.1.4 Quarteirão da Império, Chiado, Gonçalo Byrne36

Esta operação de reconversão e valorização de parte de um quarteirão (que não foi afectado pelo

incêndio) ficou a cargo do arquitecto Gonçalo Byrne (Projecto: 1994/98; Obra: 1998/2001). Surgiu na

sequência do Plano de Revitalização da Baixa-Chiado localizando-se na zona alta do Chiado e tendo

como limites: a Rua Garret e a Travessa do Carmo (N/S); a Rua Serpa Pinto e as ruas Almirante

Pessanha e Calçada do Sacramento (E/O) [ANEXO I, IMG.33].

O quarteirão tem origem numa ocupação pré-pombalina e a envolvente construída é constituída

fundamentalmente por edifícios na sua maioria já do século XIX, formando frentes consolidadas,

contando com um único edifício público – a Igreja do Sacramento (1772) [ANEXO I, IMG.34].

As traseiras dos edifícios e, por arrastamento o próprio logradouro, apresentavam-se em estado de

acentuada degradação arquitectónica, fruto de um processo espontâneo de construção de anexos,

ampliações, e outras construções semi-provisórias, realizados de forma desordenada ao longo do tempo.

36 A principal referência bibliográfica deste capítulo é a seguinte: BYRNE, 2001, pp. 6-7.

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A proposta de intervenção, que considera oito edifícios pertencentes à seguradora Império, tinha como

objectivo integrar os seguintes aspectos:

• a (re)introdução de uma complementaridade funcional na zona, através do reforço das

componentes habitacional e comercial, da criação de estacionamento e alguns escritórios;

• O redesenho das áreas sem qualidade no interior do quarteirão, ordenando o logradouro e

potenciando os seus elementos mais significativos – o jardim, a cabeceira e a torre sineira da

igreja;

• Melhoria da acessibilidade, ao permitir o atravessamento interno do quarteirão [ANEXO I,

IMG.35];

• Revitalização da área, complementando a proposta de Álvaro Siza já analisada.

A proposta arquitectónica articula-se ao longo de 2 eixos de atravessamento do quarteirão, criando um

espaço público percorrível: um eixo principal no sentido Travessa do Carmo/Rua Garret; um segundo,

perpendicular, no sentido Serpa Pinto/Almirante Pessanha. A estes eixos associar-se-ía a componente

comercial, ocupando de uma forma geral todos os pisos térreos ao longo das ruas e do logradouro

[ANEXO I, IMG.35].

O espaço central ajardinado do logradouro (não coberto), de forma irregular, usufrui da presença visual

do jardim e do enquadramento da torre sineira da igreja. Acima dos pisos térreos implantam-se, em

edifícios separados, as áreas habitacionais e de escritório. Os pisos em cave destinam-se, na sua quase

totalidade, ao parque de estacionamento.

As fachadas de rua e as volumetrias em geral, são preservadas, sendo apenas objecto de operações

pontuais de redesenho e ajustamento. Foi reconstruído o interior dos edifícios, assim como as fachadas

que dão para o logradouro, segundo ritmo e regras pombalinas.

Do projecto à sua concretização e utilização, verificam-se os seguintes factos:

• dos eixos mencionados, só um deles foi concretizado;

• apenas se encontra activo o comércio ao qual se acede directamente a partir da Rua Garret;

• a proposta de acessibilidade mecânica (escadas rolantes) não se encontra em funcionamento;

• o percurso complementar de acessibilidade não mecânica não tem utilizadores;

• a habitação encontra-se parcialmente ocupada, nomeadamente a da Travessa do Carmo;

• os escritórios não estão ainda em funcionamento;

• o parque de estacionamento é utilizado por moradores e pelos cidadãos em geral

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4.2 Análise Comparativa A análise efectuada tem por base a síntese feita sobre cada um dos casos de estudo e incide nos

seguintes aspectos:

a) acessibilidade;

b) funções desempenhadas;

c) identificação de soluções a nível espacial.

d) tipos de intervenções realizadas e respectiva forma de abordagem do problema aquando da

fase de projecto (de acordo com as cartas e as doutrinas do capítulo 4);

Foram elaboradas quatro tabelas comparativas dos casos de estudo, em que:

• a primeira corresponde a uma análise relativa à acessibilidade e às funções espaciais

associadas ao percurso por ela criado [ANEXO II, Quadro 1];

• a segunda, faz a relação entre o programa da intervenção e as soluções espaciais concretizadas

[ANEXO II, Quadro 2];

• a terceira, identifica o tipo de intervenção concretizado em cada um dos casos, de acordo com

os que foram definidos no capítulo 4.2 [ANEXO II, Quadro 3].

• a quarta, identifica a forma de abordagem a nível de projecto e quais as preocupações que

foram tidas em conta, de acordo com as cartas e convenções internacionais estudadas no

capítulo 4.1 [ANEXO II, Quadro 4];

A partir da análise dos casos de estudo podem-se definir dois grupos principais:

A. o primeiro corresponde aos três primeiros projectos apresentados – Perúgia (Rocca Paolina),

Toledo (Escaleras de la Granja) e Baixa-Chiado (Armazéns do Chiado+Grandella) – dizem

respeito a intervenções de grande envergadura, de “cosedura” entre diferentes malhas urbanas

e associadas a grandes declives. Este tipo de intervenção pretende ligar diferentes bairros com

vista a uma melhor articulação entre eles, encontrando-se associada a operações de

revitalização à escala da cidade e não apenas de um bairro. O público alvo destas intervenções

são os moradores, os cidadãos em geral e os turistas.

B. O segundo corresponde aos três últimos projectos – Quarteirão Chiado-Sul, Quarteirão Chiado-

Norte e Quarteirão Império – os quais dizem respeito a intervenções mais localizadas, actuando

à escala do bairro. Todos os casos escolhidos se encontram no mesmo bairro – Chiado – tendo

a intervenção realizada conduzido a resultados, em termos de sucesso ou insucesso, diferentes.

Pertencem todos a uma mesma malha urbana, mais concretamente ortogonal, a qual se

encontra associada de um modo geral a um declive não tão acentuado. Pretendem resolver

problemas face à situação pré-existente – em todos os casos, considerada como uma situação

insustentável. O público alvo deste tipo de intervenções abrange o mesmo do grupo A.

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Da análise do Quadro 1 ressalta que todos os casos analisados implicaram a criação de novos

percursos, mas que apenas dois deles (Baixa-Chiado e Toledo) rasgam novas ruas com possível leitura

no mapa da cidade, ambos contemplados em A) [ANEXO I, IMG.18 e IMG.30].

Os casos de estudo referentes a A) englobam soluções como plataformas ou outros espaços de

descanso associados ou não a certo tipo de actividades (culturais ocasionais ou permanentes –

arqueologia, p.e.). Verifica-se que os casos que apresentam um programa mais extenso e relacionado

directamente com o percurso, são os que têm um maior sucesso – Baixa-Chiado e Perúgia.

No Quadro 1 pode-se observar quais os programas relacionados directamente com os percursos que

são analisados (nomeadamente com a sua componente de acessibilidade); a partir do Quadro 2 faz-se

uma análise mais aprofundada em relação aos programas que as intervenções englobam no seu todo.

Este segundo quadro relaciona, por fim, os programas associados ao tipo de soluções espaciais que

foram tomadas para cada um dos casos. Da análise dos dois quadros, podem-se então tirar as seguintes

conclusões:

• espaços públicos exteriores aos edifícios para simples usufruto, lazer ou descanso, são

imprescindíveis para fomentar e fortalecer a interacção entre moradores e criar raízes com o

bairro em que vivem. Como exemplo destes espaços públicos, dentro dos casos de estudo,

existem os pátios do Quarteirão Chiado-Sul, Quarteirão Chiado-Norte e Quarteirão Império.

Dentro dos parâmetros mencionados, apenas o primeiro é bem sucedido. Os factores que

condicionam o seu sucesso ou insucesso encontram-se associados à percepção e bem-estar

dos utilizadores, o que depende de certas soluções espaciais definidas na fase de projecto,

nomeadamente a forma regular/irregular do pátio (correspondendo a formas irregulares no caso

do Quarteirão Chiado-Norte e do Quarteirão Império), as condições de iluminação natural e de

ventilação (as quais dependem de uma altura do edifício proporcional às dimensões do pátio – o

que é bem evidente, de uma forma negativa, no caso do Quarteirão Chiado-Norte), e ainda a

presença de água, vegetação ou de elementos marcantes (tal como a igreja e o jardim não

acessível no Quarteirão Império).

• o átrio fechado em espaços públicos encontra-se ligado à lógica de pequeno centro comercial

urbano (ou serviços), o qual acontece de uma forma bem sucedida no caso quarteirão Baixa-

Chiado, funcionando como uma âncora da revitalização inserida numa proposta mais abrangente

de intervenção.

• as galerias são um tipo de solução espacial que se associa bem a estes percursos que

promovem a melhoria da acessibilidade – nos casos de Perugia e da Baixa-Chiado são galerias

interiores, nas quais se integram outros programas permanentes e/ou ocasionais, e encontram-

se associadas a uma lógica de intervenção à escala da cidade, favorecendo a vida quotidiana

dos moradores e cidadãos, mas também a ocasional, dos mesmos e dos turistas. O facto de

serem interiores, torna a lógica deste tipo de solução semelhante à do átrio fechado,

favorecendo uma utilização contínua, independente dos agentes atmosféricos e

consequentemente, do “mundo exterior”. As galerias de Toledo, pelo facto de serem exteriores e

de não terem outros programas integrados no percurso, são menos completas, mais vulneráveis

e restritas, tendo um sucesso bastante mais parcial que os dois outros casos referidos acima. De

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qualquer forma apresentam uma vantagem relativamente a uma rua tradicional – são cobertas,

protegendo assim do sol e da chuva;

• o comércio, a restauração e a cafetaria são programas que contribuem para dinamizar um

percurso, quando a ele directamente associadas; dentro dos casos analisados, isso acontece

apenas no caso Armazéns do Chiado e Grandella; nos restantes casos - Quarteirão Chiado-Sul,

Quarteirão Chiado-Norte e Quarteirão Império – esses programas existem, mas de forma

independente, da mesma forma que a habitação e os escritórios, associados a uma escala de

bairro; ainda relativamente ao comércio, verifica-se que não existe comércio tradicional nem

supermercados ou lojas de abastecimento diário em nenhum dos casos analisados, os quais à

partida são os pontos de apoio mais importantes para os residentes da área;

• os espaços polivalentes que integram eventos culturais ocasionais, tais como exposições, feiras

temporárias e animação, são opções de sucesso provável para operações de intervenção à

escala da cidade (Perúgia e Baixa-Chiado);

• também os espaços culturais permanentes, tais como museus ou espaços arqueológicos

recuperados, promovem o interesse pelo local em causa a uma escala global (como o caso de

Perúgia);

• a informação turística, existente nos casos de Toledo e Perúgia, confere ao projecto uma escala

mais abrangente, direccionada também para os turistas; da mesma forma, a existência de um

hotel no quarteirão Baixa-Chiado promove essa dimensão;

• o parque de estacionamento automóvel localizado no exterior da cidade histórica, como em

Toledo e Perúgia, revela-se como uma solução de sucesso que favorece o

descongestionamento automóvel nos centros históricos, promovendo as áreas pedonalizadas;

esta estratégia encontra-se associada aos percursos mecânicos de acesso e também ao trânsito

condicionado nesses centros, e destina-se a visitantes e trabalhadores;

• o parque de estacionamento automóvel localizado dentro da cidade histórica justifica-se quando

aliado à intenção de eliminação do estacionamento à superfície, que se pretende destinar

sobretudo aos residentes. Porém, no caso do Quarteirão Império e Grandella, é sobretudo

utilizado por trabalhadores na área e visitantes, devido às próprias características demográficas

da área da Baixa e do Chiado, que verifica uma baixa densidade de moradores;

• a mobilidade revela-se como uma função imprescindível na articulação do bairro com o resto da

cidade; a rede de transporte de alta capacidade, como o metropolitano, é o exemplo presente

no caso do quarteirão Baixa-Chiado que melhor representa essa forma de sucesso relativa a

operações de intervenção.

Voltando ao Quadro 1 e fazendo uma análise relativa aos meios mecânicos, verifica-se que apenas o

caso Baixa-Chiado contempla elevadores na sua proposta, possibilitando o acesso a todos os

utilizadores, e que mesmo esses se encontram integrados na lógica do edifício e não na do percurso.

Mas, quer no edifício dos Armazéns do Chiado quer no edifício Grandella, as próprias escadas rolantes

encontram-se integradas na lógica do edifício, ou mais concretamente numa lógica de mercado, estando

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integradas nos espaços comerciais de lojas multinacionais. Apesar disso, tanto esses elevadores como

essas escadas rolantes funcionam como um percurso independente para muitos dos utilizadores,

apresentando bastante sucesso como solução de ligação entre a Baixa e o Chiado.

Dentro dos casos de estudo, apenas o caso de Toledo funciona como um percurso mecânico autónomo,

sem qualquer tipo de programa integrado que o dinamize.

Em todos os casos, à excepção do caso de Perúgia, encontram-se sempre associadas escadas

tradicionais, não mecânicas, presentes ao longo de todo o percurso ou criando percursos paralelos aos

mecanizados.

A análise do Quadro 3 permite associar as intervenções que tomam lugar no Chiado a uma proposta

abrangente, que optou por tipos de intervenção semelhantes; todas foram vítimas de uma catástrofe – o

incêndio – a qual destruiu o seu interior, restando apenas partes de fachadas, excepto o Quarteirão

Império, o qual se considera que também sofreu um processo de “catástrofe”, embora gradual –

consequência da degradação muito acentuada, por falta de manutenção.

Dada esta situação de catástrofe, as hipóteses de intervenção na fase de projecto eram as seguintes:

reconstrução, reproduzindo uma cópia exacta do pré-existente; nova construção integrada na malha

urbana, ignorando o pré-existente a nível de volumetria, linguagem do conjunto e estrutura; nova

construção integrada na malha urbana, respeitando a volumetria e linguagem do conjunto, embora

utilizando novas técnicas e materiais; recuperação das partes não danificadas, através de obras de

conservação e restauro.

Optou-se por uma conjugação entre as duas últimas hipóteses de intervenção mencionadas, como

sendo a solução mais viável, para todos os casos do Chiado. Parte do quarteirão da Império insere-se,

então, no tipo de intervenção 1.d., e outra parte no tipo de intervenção 2 (de acordo com o capítulo 4.2).

Quanto aos restantes edifícios do Chiado, uma vez que não houve demolição (pelo menos propositada),

é quase exclusivamente construção nova; desta forma não se insere claramente em nenhuma das

classificações definidas no capítulo 4.2.

As intervenções concretizadas nos casos de Perúgia e Toledo, encontram-se sobretudo ligadas a uma

solução concreta face às exigências da sociedade actual, que nos obrigam a comprimir o espaço-tempo

(referidas no capítulo 3).

No caso particular de Perúgia, a intervenção do arquitecto Italo Rota foi também uma forma, ou um

pretexto, para poder resgatar o passado enterrado para o presente, não o entendendo apenas como um

espaço museológico/arqueológico, mas aproveitando para o converter em algo mais – um percurso.

Optou-se, então, por uma estratégia de intervenção muito semelhante à de Carlo Scarpa para o

Castelvecchio, baseada nos princípios de conservação e restauro de Boito e Giovannoni, distinguindo-se

claramente a nova construção através da cor, técnica e aspecto, demonstrando grande respeito pela

construção medieval. Insere-se no tipo de intervenção 3, de acordo com o capítulo 4.2.

Relativamente à intervenção de Toledo, esta não sofreu nenhum processo de demolição, apenas de

construção, intervindo num terreno expectante. Não se insere propriamente numa intervenção associada

a operações de conservação e restauro, mas sim numa intervenção geral de revitalização.

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Finalmente, ao fazer a análise quanto à forma de abordagem projectual e aos princípios que se

encontram na base do tipo de intervenção, observa-se, a partir do Quadro 4 [Anexo II], que:

• tanto em Perúgia como em Toledo ou no Quarteirão Império, se verifica a concretização dos

princípios estabelecidos na Carta de Atenas;

• é clara a intenção de integração dos conjuntos urbanos e centros históricos em todos os casos

de estudo (Carta de Veneza e C1);

• a intervenção da Rocca Paolina é o exemplo concreto da reutilização do edificado existente

(C2), associado ao princípio do turismo cultural (C4), promovendo portanto, um uso compatível

que atende às necessidades do momento (C2);

• toda a intervenção que foi vítima do incêndio do Chiado teve em conta um novo plano

urbanístico que, por sua vez se integrou no plano pré-existente (C3);

• os projectos gerais de revitalização, quer de Toledo quer de Perúgia, ao integrarem um parque

de estacionamento no exterior da cidade medieval associado à escadaria mecânica, limitando

assim a circulação automóvel no centro histórico, vieram contribuir para uma maior qualidade de

vida da população local (C5) assim como para um ambiente menos poluído e uma maior

sustentabilidade (C7);

• a ligação da intervenção Baixa-Chiado à rede de metropolitano vem também trazer benefícios

em termos ambientais, promovendo o deslocamento em transportes públicos em detrimento da

circulação automóvel e de todas as desvantagens que lhe estão associadas (C7);

• no Chiado foi reconhecida a rapidez das transformações económicas por um lado, mas por

outro também a manutenção da sua ambiência social e da sua importante função na vida

contemporânea da própria cidade (C5);

• ao rasgar a colina com as suas modernas escadas mecânicas de uma forma subtil e em diálogo

com o centro histórico no topo, Toledo visa integrar esta nova construção no conjunto

arquitectónico existente, e em acordo com os princípios estabelecidos na Carta de Atenas e

definidos por Camillo Boito (em que a nova intervenção se deve destacar claramente da antiga).

Também em Perúgia estes princípios são visíveis, na relação do novo posto de turismo com a

cidade medieval subterrânea (C6).

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5 O caso prático Baixa-Castelo

Neste capítulo pretende-se analisar uma proposta de intervenção com vista à revitalização da zona

situada entre a Baixa Pombalina e o Castelo, em Lisboa.

O caso prático contemplado na presente dissertação parte de um exercício desenvolvido na disciplina

anual de 5ºano – Projecto Final – do curso Mestrado Integrado em Arquitectura, do Instituto Superior

Técnico. Consiste na criação de um percurso assistido entre a zona da Baixa Pombalina e o Castelo de

São Jorge, em Lisboa, o qual por sua vez se insere num plano urbanístico mais abrangente de

reabilitação de toda a zona da Baixa Pombalina37 (coordenado pelo arquitecto Manuel Salgado), com

vista à sua candidatura a Património Mundial38 [ANEXO I, IMG.36].

Este caso prático será analisado enquanto proposta, como mais um caso de estudo. Será também alvo

de um estudo mais aprofundado, por tratamento e análise de inquéritos directamente efectuados no local

(população residente, trabalhadores, turistas e outros) e recolha de informação específica quanto ao

enquadramento socio-geográfico – bibliográfica e conversa com técnicos (Gabinete Técnico de Alfama) e

estudiosos da zona (olissipógrafo).

5.1 Contexto Socio-geográfico

O caso prático a ser analisado situa-se em Lisboa, na Colina do Castelo. Encontra-se numa área que

abrange diferentes bairros/freguesias, nomeadamente [ANEXO I, IMG.37]: a área da Baixa Pombalina,

São Cristóvão, Castelo, Costa do Castelo e Alfama. Todos estes bairros sofrem de uma forte

deterioração aliada à sua condição central – centros históricos em crise, definidos no capítulo 3.

Será, de seguida, feita uma breve análise de cada uma destas áreas, de modo a melhor entender o

importante papel de rótula que esta zona de intervenção desempenha.

Baixa Pombalina39

O principal problema da ligação entre a Colina do Castelo e o resto da cidade surge entre a zona da

Baixa Pombalina e a Rua da Madalena, situado no lado Poente da zona da proposta de intervenção.

Aquando do terramoto de 1755, toda esta área foi destruída. Foi então, em 1756, feito um novo plano

urbanístico de malha ortogonal, apoiado em regras muito rígidas e baseado em concepções iluministas.

37 Baixa Pombalina – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU): http://www.baixapombalinasru.pt Reabilitação urbana – Baixa Pombalina: bases para uma intervenção de salvaguarda. http://ulisses.cm-lisboa.pt/data/002/002/pdf/baixapomb.pdf , pp.89. 38 Pedido de inclusão na lista indicativa nacional para candidatura a património mundial: http://ulisses.cm-lisboa.pt/data/002/006/pdf/pombalina.pdf. 39 as informações referentes à Baixa Pombalina e Madalena foram retiradas das seguintes fontes: FRANÇA, 1977a, pp. 91-204; FRANÇA, 1977b; FRANÇA, 1997; SANTOS, 2005.

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A Baixa Pombalina tem origem no Plano de Renovação proposto por Manuel da Maia (SANTOS, 2005,

pp. 52), desenhado por Eugénio dos Santos (SANTOS, 2005, pp. 83). Este modelo urbano de

reconstrução foi pensado também para outras zonas, mas a zona Leste não chegou a ser mudada pelo

Plano, mantendo-se o traçado medieval antigo. Um corte claro foi feito na malha antiga, abrindo-se a

Rua da Madalena, paralela às outras novas definidas no Plano, mas com uma inclinação que

acompanha a topografia (SANTOS, 2005, pp. 84). As ruas transversais de atravessamento do

quarteirão, entre a Rua dos Fanqueiros e a Rua da Madalena, propostas pelo Plano, não foram

executadas [ANEXO I, IMG.38] resultando na criação de um longo quarteirão, que segue continuamente

de Norte a Sul (SANTOS, 2005, pp. 84) – interrompido pelas ruas transversais de Santa Justa (através

das escadinhas) e da Conceição, tornando-se estas nas únicas ligações entre a malha urbana da Baixa

Pombalina e a medieval.

A área da Baixa Pombalina, tal como a da Madalena, são hoje em dia áreas sem vida própria, quase

sem residentes, encontrando-se apenas activas durante o horário laboral, devido aos escritórios,

serviços e comércio que nela se situam – e que também se encontram em fase de decadência.

São Cristóvão

São Cristóvão diz respeito, concretamente, a grande parte da proposta de intervenção em causa neste

capítulo, nomeadamente a zona circundante ao Largo do Caldas e Chão do Loureiro, ligada

historicamente a vivências aristocráticas, cujos palácios, hoje em dia, albergam serviços. Esta área é

vizinha do bairro da Mouraria, que se situa a Norte, o qual apresenta um tipo de vivência muito distinto:

sempre se caracterizou por uma população pobre, associada à imigração e a condições de habitação

bastante degradadas e de grande precariedade; ao mesmo tempo, como consequência, tornou-se numa

das áreas mais cosmopolitas da cidade de Lisboa.

Um dos principais pontos de análise desta área diz respeito ao Chão do Loureiro, onde actualmente se

encontra um edifício de grande volume que albergou um mercado, e que deixou de funcionar há cerca

de 7 anos. É um espaço situado num local estrategicamente importante, onde continua a não haver

qualquer tipo de actividade e para o qual está proposto um silo automóvel.

Castelo40

Esta é a área correspondente ao Lado Nascente da zona de intervenção.

Ao longo da História, o bairro do Castelo desempenhou uma multiplicidade de papéis na cidade, num

diálogo entre o intimismo e a abertura ao exterior. Dentro das muralhas do Castelo coexistem duas

realidades distintas:

• uma relativa à arquitectura militar, considerada a imagem de marca da freguesia, dotada de

monumentalidade e simbolismo;

• outra, correspondente ao “bairro” propriamente dito, à zona habitada.

A primeira, é o principal foco de turismo da cidade de Lisboa (designado por Castelejo), pelo seu forte

valor simbólico e por ser um privilegiado miradouro, sendo considerada como a imagem de marca de

Lisboa.

40 Todas as informações referentes ao bairro do Castelo foram retiradas da seguinte fonte: JANEIRO,1993,pp.29-51

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A segunda, caracteriza-se pelo seu “bairrismo” e pela interacção das relações sociais.

A permanência estrutural (espaço encerrado dentro das muralhas), condicionou o desenho urbano dos

edifícios de habitação, assim como as formas de ocupação e fruição do espaço pelos seus habitantes,

tal como o modo da freguesia se relacionar com o resto da cidade.

O castelo propriamente dito, sofreu inúmeras transformações e alterações de uso ao longo da História.

Em 1910 foi declarado Monumento Nacional pelo seu valor histórico-monumental, e foram reconhecidas

as potencialidades paisagísticas e económicas do sítio. Em 1940 foi implementada uma grande

operação de restauro e de reconstituição por ocasião da Exposição do Mundo Português, recriando o

Castelo enquanto símbolo da nacionalidade e da identidade portuguesas. Depois do “restauro” (seguindo

a doutrina de Viollet-le Duc), o castelo ficou irreconhecível.

Nas últimas décadas, apesar de literalmente invadida por turistas atraídos pela riqueza de memórias e

pela beleza paisagística, a freguesia conseguiu preservar o seu lado mais intimista – bolsa de

comunitarismo e de bairrismo em pleno coração de Lisboa.

A freguesia apresenta uma densidade habitacional elevada (superior à média da cidade de Lisboa), mas

as condições de habitabilidade são bastante precárias.

Costa do Castelo41

Dentro desta análise, a área da Costa do Castelo englobará também a freguesia de Santiago, por serem

áreas dotadas de características que influenciam de modo semelhante a área da intervenção.

Geograficamente, correspondem ao lado Nascente/Sul da zona de intervenção.

Na sequência de uma maior afluência turística nas últimas décadas, toda esta área tem vindo a ser alvo

de obras de reabilitação e de dinamização. A recente aposta em bares e cafés tem atraído população

mais jovem ao local, dinamizando a sua vida nocturna, e também a diurna, através do turismo. Mas a

grande mais-valia desta zona é a grande variedade de instituições de índole cultural que nela se têm

vindo a instalar, entre as quais se destacam o Museu-Escola de Artes Decorativas Ricardo Espírito

Santo, o AR.CO (Centro de Arte e Comunicação Visual), o Teatro Taborda e a escola de animação

social Chapitô (também restaurante, bar e teatro).

Santiago e a Costa do Castelo tornaram-se num pólo atractivo e dinamizador, que pode ser designado

como a “Colina das Artes e Animação Social”, contribuindo deste modo para a valorização urbana e

social do conjunto da Colina do Castelo. É um pólo especializado que atrai gente mais alternativa e com

interesses específicos, cuja relação com a envolvente ultrapassa a escala do bairro e da própria cidade,

por contraste com as colectividades do bairro de Alfama. Há que ter em conta que o tipo de população

mencionada é maioritariamente não residente, ou seja, aquela que desfruta desta área uma só vez ou

ocasionalmente, mas que possivelmente volta devido a essa atracção particular.

41 Todas as informações referentes ao bairro do Castelo foram retiradas da seguinte fonte: LOURENÇO, 1993, pp. 39-49.

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36

Alfama42

Este bairro, que se localiza a Sul da área de intervenção, não a intersecta propriamente, mas existem

certos aspectos que a caracterizam e outros que a complementam, nomeadamente a nível social, os

quais assumem alguma relevância no modo como a influenciam.

A Colina do Castelo, entendida no seu todo, sempre albergou em simultâneo vivências aristocratas e

populares (Costa do Castelo e Sto.Estevão, nomeadamente). Muitas e variadas gentes foram afluindo ao

longo dos tempos, dando corpo a um tecido social heterogéneo, mas harmonioso, a uma “cultura local

posicionada entre o cosmopolitismo da cidade e o bairrismo do sítio”43.

A ambiência de bairro com vida própria, tão característica de Alfama, é algo que se estende um pouco

pela Costa do Castelo, mas que se encontra neste momento em vias de extinção. Essa ambiência

particular, que define Alfama como um lugar orgânico de intensa sociabilidade, é definida por 4

importantes elementos44:

• a colectividade (o lazer: lugares de estruturação das sociabilidades e dos modos de vida local;

sedes de estruturação e de afirmação de grupos de vizinhança e de amizade; pontos de apoio

para estratégias de afirmação de poder e influência de pessoas e grupos)

• a tasca (o consumo: os actos de compra de consumo imediato);

• a leitaria-mercearia (o consumo: os actos de compra dos produtos de primeira necessidade);

• a rua (encontro fugaz, amena cavaqueira ou acesa disputa).

Alfama assenta na fruição de um tempo lento e cultivado na comunicação interpessoal.

É um bairro de raiz medieval, ainda hoje bem patente na sua malha urbana irregular, estrutura labiríntica

de ruelas estreitas, becos, escadinhas e largos, mas que se traduz numa realidade arquitectónica e

urbanisticamente bastante degradada. A antiga elevada concentração populacional tem vindo a diminuir,

verificando-se um notório envelhecimento da população residente (embora se note, mais recentemente,

a vinda de novos residentes de estratos etários mais jovens e médios).

Da análise anterior da zona da intervenção, constatam-se os seguintes factos:

• diferentes malhas urbanas (Baixa Pombalina VS Colina do Castelo) [ANEXO I, IMG.37];

• declive acentuado (75 m de diferença entre a Baixa e o Castelo) [ANEXO I, IMG.39];

• falta de ligação entre a Baixa e o Castelo (falha na continuação da malha no sentido Este/Oeste,

correspondendo ao seguimento da Rua da Vitória, entre a Rua dos Fanqueiros e a Rua da

Madalena – Largo Adelino Amaro da Costa, antigo Largo do Caldas – correspondente à zona em

que o desnível é mais acentuado – 17 metros [ANEXO I, IMG.39]

• parqueamento automóvel selvagem (em cima dos passeios e em 2ª fila) [ANEXO I, IMG.40];

42 Todas as informações referentes ao bairro de Alfama foram retiradas das seguintes fontes: CALADO, FERREIRA,1992 a; CALADO, FERREIRA, 1992b. 43 CALADO, FERREIRA, 1992, pp. 25. 44 CALADO, FERREIRA, 1992 b, pp. 67-9.

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37

• edifícios degradados [ANEXO I, IMG.40];

• declínio da habitação;

• declínio dos serviços e comércio;

• morte do coração da cidade de Lisboa.

5.2 O percurso Baixa-Castelo e os seus utilizadores

Foram realizados 74 inquéritos com vista a uma melhor compreensão do percurso em análise, mais

concretamente, quais os problemas ou as necessidades com que se deparam os moradores, os

trabalhadores, os turistas e outros utilizadores da área [ANEXO II, QUADRO 9]. Outro objectivo

importante da realização destes inquéritos foi avaliar se os meios destinados à deslocação pedonal

dentro da área de intervenção se encontram adequados a uma utilização quotidiana por parte de todos

os utilizadores.

Os inquéritos foram realizados na rua, ao longo do percurso, mais concretamente entre a Costa do

Castelo e o Castelo [ANEXO I, IMG.41] – por ser a zona mais alta e de maior dificuldade no acesso, e

também por ser o local que mais próximo se encontra do objectivo final de muitos dos utilizadores desse

percurso (o castelo ou as suas casas). Foram inquiridas as pessoas que passavam na rua no momento

em que o inquérito decorria. Alguns dos inquéritos foram também realizados em casas particulares

localizadas na Costa do Castelo e Rua do Milagre de Santo António. Foram escolhidos dois dias distintos

para a realização dos inquéritos, em diferentes horas – um dia de semana, entre as 18h e as 20h, e um

Sábado, entre as 11h e as 13h – com o objectivo de ter um leque mais abrangente de utilizadores.

Da análise dos resultados dos inquéritos, verifica-se a seguinte amostra de utilizadores:

Tabela 1 - UTILIZADORES DO PERCURSO POR FAIXA ETÁRIA (número de utilizadores)

Utilizadores faixas etárias TOTAL crianças jovens adultos 3ª idade

moradores permanentes 1 2 8 9 20 moradores temporários 5 6 1 12 trabalhadores na área 3 5 1 9 visitantes não turistas 3 3 2 8 turistas 5 17 3 25

TOTAL 1 18 39 16 74

• 43% são residentes (32), 33,8% são turistas, 12,2% trabalhadores na área e 10,8% vieram com

um objectivo concreto – 7 vieram visitar/buscar alguém e 1 deles veio de propósito visitar a

Fundação Ricardo Espírito Santo.

Foram também divididos grupos consoante diferentes faixas etárias, como se pode verificar pelo quadro

acima. A mesma divisão foi aplicada apenas aos residentes, de entre os quais se verifica que existe 1

criança, 15 jovens, 28 adultos e 20 idosos. Quanto aos moradores permanentes, a maioria são idosos

(45%) e adultos (40%); dos temporários, metade são adultos havendo também 42% de jovens.

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38

Para efeitos de análise considerou-se: os residentes e os trabalhadores como utilizadores quotidianos do

percurso em análise (55,4%); os turistas e os restantes como utilizadores ocasionais (44.6%).

A relação entre a nacionalidade e os moradores temporários/permanentes é a seguinte: praticamente

todos os moradores permanentes são lisboetas, existindo apenas 3 estrangeiros; quanto aos

temporários, metade são estrangeiros (a maioria deles estudantes) sendo os restantes portugueses,

entre os quais 42% lisboetas.

Tabela 2 - CAPACIDADE DE MOBILIDADE POR FAIXA ETÁRIA (número de utilizadores)

Capacidade de mobilidade faixas etárias TOTAL crianças jovens adultos 3ª idade

mobilidade a 100% 1 18 39 8 66mobilidade reduzida 8 8

c/ utilização de muletas ou bengala 3 3s/ utilização de muletas ou bengala 5 5

TOTAL 1 18 39 16 74

Foram questionados apenas 8 pessoas com problemas na capacidade de deslocação. Quase todos são

residentes, sendo apenas 1, turista.

Dos turistas inquiridos, a esmagadora maioria são estrangeiros, sendo apenas 3 deles portugueses,

entre os quais, 2 lisboetas. A maioria dos turistas estrangeiros são europeus, havendo uma maior

predominância de turistas espanhóis (9 em 25). Apenas 2 são de outro continente.

Fazendo então, uma breve análise aos hábitos dos utilizadores quotidianos do percurso em análise,

verifica-se que :

Tabela 3 - LOCAIS OU TIPO DE COMÉRCIO ONDE O MORADOR FAZ COMPRAS (número de utilizadores)

Utilizadores locais ou tipo de comércio

TOTAL mercearia próxima Baixa Graça

hiper ou mais longe

não especificado

moradores permanentes 7 8 6 4 1 26moradores temporários 1 8 2 3 1 15

TOTAL(*) 8 16 8 7 2 41(*) O total de respostas é superior ao número de moradores dado que alguns deles indicaram mais que um local de compras

• a maioria dos moradores faz as suas compras do dia-a-dia na zona da Baixa e que um número

equivalente se distribui entre o bairro da Graça e as mercearias mais próximas. Apesar da falta

de mercearias/supermercados na área, apenas 7 em 32 moradores se queixaram desse facto;

Tabela 4 - OCUPAÇÃO DOS MORADORES

(número de

utilizadores)

Utilizadores trabalhadores estudantes reformados não especificado TOTAL

moradores permanentes 8 3 7 2 20moradores temporários 5 5 1 1 12

TOTAL 13 8 8 3 32

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39

Tabela 5 - LOCAL DA OCUPAÇÃO/PROFISSÃO DOS MORADORES

(número de

utilizadores)

Utilizadores Colina do Castelo

Centro de Lisboa

Grande Lisboa

não especificado TOTAL

moradores permanentes 2 3 3 12 20moradores temporários 1 1 6 4 12

TOTAL 3 4 9 16 32

• entre a maior parte dos moradores que têm algum tipo de ocupação (21 em 32), 3 deles

trabalham ou estudam na Colina do Castelo, 4 no centro de Lisboa e 9 na grande Lisboa (5

deles não responderam à questão).

Relativamente ao tipo de deslocação utilizado, verificam-se os seguintes dados:

Tabela 6 - MEIO DE TRANSPORTE POR UTILIZADOR (utilização isolada ou em combinação)

(número de utilizadores)

Meio de Transporte utilizadores quotidianos

utilizadores ocasionais TOTAL

só a pé 16 24 40 a pé e transportes públicos colectivos 9 9 só transportes públicos colectivos 4 3 7 só transporte individual 5 5 10 só bicicleta 1 1 restantes combinações 6 1 7

TOTAL 41 33 74

A maioria dos utilizadores quotidianos em geral desloca-se apenas a pé (39%). Os restantes 22%

utilizam os transportes públicos colectivos (autocarro nº37 e eléctrico nº28 e nº12) e também andam a

pé; 9,8% usam exclusivamente os transportes públicos colectivos e apenas 12% se deslocam só de

transporte individual (carro ou táxi). Verifica-se que o tipo de deslocação mais utilizado pelos utilizadores

ocasionais é também a pedonal (72,7%).

A relação entre a idade dos utilizadores em geral e o meio de transporte que utilizam ou utilizaram

(consoante sejam utilizadores quotidianos ou utilizadores ocasionais, respectivamente) é a seguinte:

Tabela 7 - MEIO DE TRANSPORTE POR UTILIZADOR E FAIXA ETÁRIA (utilização isolada ou em combinação)

(número de utilizadores)

Meio de Transporte faixas etárias

TOTAL crianças jovens adultos

3ª idade

só a pé 1 12 24 4 41 a pé e transportes públicos colectivos 1 2 4 7 só transportes públicos colectivos 1 2 3 6 só transporte individual 2 6 5 13 só bicicleta 1 1 restantes combinações 1 5 6

TOTAL 1 18 39 16 74

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40

• 66% dos jovens anda ou prefere andar a pé;

• apenas 28% dos adultos não sobe a colina a pé (ter em conta que grande parte dos adultos é

turista, preferindo, por isso, andar a pé para poder desfrutar e descobrir a cidade);

• metade dos idosos anda a pé, mas apenas ¼ anda exclusivamente a pé; outro ¼ a pé mas

também de transportes públicos; 31,3% anda só de transporte individual e 18,8% utiliza

exclusivamente os transportes públicos colectivos.

Tabela 8 - MEIO DE TRANSPORTE POR UTILIZADOR DE CAPACIDADE DE MOBILIDADE REDUZIDA

(utilização isolada ou em combinação)

(número de utilizadores)

Meio de Transporte TOTAL

só a pé 0 a pé e transportes públicos colectivos 3 só transportes públicos colectivos 3 só transporte individual 0 só bicicleta 0 restantes combinações 2

TOTAL 8

Dos utilizadores com dificuldades na capacidade de deslocação, nenhum se desloca apenas a pé:

metade anda a pé e de transportes públicos colectivos, a maioria anda de autocarro e todos andam de

eléctrico; apenas 2 deles se deslocam só de carro ou táxi.

Relativamente às queixas que os utilizadores em geral apresentam, é o grupo dos moradores

permanentes aquele que mais evidencia a existência de problemas (37,5%), como por exemplo: a

existência de carros (em favor do trânsito condicionado), o estacionamento selvagem (carros mal

estacionados e em cima dos passeios), passeios estreitos (e como consequência as pessoas andam no

meio da rua), pavimento escorregadio, piso degradado, passeio desnivelado (sem continuidade, não

permitindo a circulação a cadeiras de rodas) e escadas com dimensões não apropriadas. Outras queixas

comuns chamam a atenção para o estado de degradação e abandono dos edifícios, para a presença de

lixo doméstico nas ruas e outros tipos de sujidade, falta de segurança, barulho, excesso de pessoas nos

transportes públicos e falta de protecção da paragem do autocarro nº37, que não protege nem do sol

nem da chuva. Houve ainda um caso que mencionou o facto de não haver ligação à Colina do Castelo a

partir do meio da Baixa, apenas nos extremos (Rua da Conceição e Rua de Santa Justa).

Fazendo a mesma análise relativamente ao grupo de faixas etárias, são os adultos os que mais se

queixam da existência de problemas (45% do total); quanto aos utilizadores com mobilidade reduzida,

todos eles referem que há problemas a serem resolvidos.

Ao fazer uma análise comparativa entre as necessidades dos diversos tipos de utilizadores, constata-se

que:

• os turistas e os outros utilizadores ocasionais sentem sobretudo a falta de informação turística e

de sinalização nas ruas, mas também de locais de descanso, de uma maior facilidade de

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acessibilidade e de um elevador (tipo “Glória”); alguns fazem notar a falta de caixotes de lixo, e

outros ainda sentem a falta de gente nas ruas, sobretudo à noite; um dos inquiridos realçou a

diferença entre há 7 anos atrás e hoje, referindo que sente a falta de mais gente autóctone nas

ruas e da roupa nas janelas; nesta análise há que ter em conta que a maior parte dos turistas

considera não haver qualquer problema, de nada se queixando e de nada sentindo a falta;

• os moradores sentem sobretudo a falta de transporte nocturno, de um supermercado e

mercearias mais perto, de outro tipo de comércio, assim como de restaurantes na zona; referem

a falta de facilidade de acessibilidade, fazendo notar a utilidade que os elevadores e escadas

rolantes poderiam ter; alguns sugerem meios de transporte grátis, outros ainda parques de

estacionamento; os mais idosos e de capacidade de mobilidade reduzida, sentem muito a falta

de corrimãos e de um pavimento mais aderente; há dois casos que referem ainda a falta de

multibancos na área;

• os trabalhadores sentem a falta de transporte nocturno, de um elevador e/ou mais transportes

públicos.

No seguimento desta análise há que realçar que houve apenas 6 pessoas que enunciaram a falta de

meios mecânicos antes de essa questão concreta lhes ser colocada; destes, a maior percentagem é de

residentes e trabalhadores na área. Ao ser colocada, então, a questão sobre uma hipotética existência

de meios mecânicos, verifica-se que 56,8% da população inquirida é a favor, sendo que, destes 61% dos

utilizadores quotidianos concorda, tal como 87% dos ocasionais (não-turistas).

Tabela 9 - UTILIZADORES DO PERCURSO POR FAIXA ETÁRIA QUE APELAM A MEIOS MECANIZADOS

(em % do total dos utilizadores)

Utilizadores faixas etárias

TOTAL crianças jovens adultos 3ª idade

moradores permanentes 100,0% 0,0% 50,0% 66,7% 55,0%

moradores temporários 60,0% 66,7% 0,0% 58,3%

trabalhadores na área 66,7% 80,0% 100,0% 77,8%

visitantes não turistas 100,0% 66,7% 100,0% 87,5%

turistas 40,0% 41,2% 33,3% 40,0%

TOTAL 100,0% 55,6% 53,8% 62,5% 56,8%

Relativamente aos turistas, apenas 40% referem que se existissem meios mecânicos os utilizariam, pois

a maioria prefere andar a pé, que é o meio que melhor lhes permite descobrir a cidade.

Dos que têm capacidade de mobilidade reduzida, 75% apelam à mecanização, tal como 62,5% dos

idosos, o grupo etário que manifesta maior adesão.

Fazendo a mesma análise apenas para os moradores, verifica-se que mais de metade são a favor dos

meios mecânicos (56%), e dentro deste grupo: 57% dos adultos, 60% dos idosos e 66,6% dos que têm

capacidade de mobilidade reduzida. Quanto aos dois últimos grupos mencionados, há que fazer notar

que nenhum deles optaria por andar a pé, em contraste com maioria da opinião dos jovens, que

preferem andar a pé (57%).

De entre todos os utilizadores que optaram por meios mecanizados, 55% preferem elevador, 31%

escadas rolantes e os restantes não têm preferência. As razões que levam à preferência pelo elevador

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são: a possibilidade de ser mais rápido, confortável, descansado e “esteticamente mais bonito”. Alguns

dos utilizadores referem que não gostam de andar de escadas rolantes e outros ainda que, a haver um

elevador, este deveria ser como os outros típicos de Lisboa (ex.: Elevador da Glória).

Relativamente aos utilizadores que preferem as escadas rolantes, estes apresentam as seguintes

razões: permite-lhes desfrutar do passeio e estar ao ar livre, em contacto directo com a cidade. Outra

das suas grandes vantagens é não existir tempo de espera na sua utilização. Muitos queixam-se de que

o elevador é um espaço demasiado fechado provocando claustrofobia.

Os utilizadores que são contra a mecanização e que preferem andar a pé, justificam a sua escolha do

seguinte modo:

• uns gostam de andar e de passear – se utilizassem meios mecânicos não viam os edifícios e/ou

a cidade;

• outros consideram que é mais gratificante e/ou interessante, considerando os meios mecânicos

anti-estéticos;

• muitos realçam que é mais natural e saudável andar a pé, e que é um bom exercício físico;

• um deles defende que é mais barato e que já está acostumado;

• um caso diz que a pé variamos a nossa sensibilidade plástica e que é uma forma de sair da

rotina; diz ainda que não se deve interferir com a morfologia da cidade, pois Lisboa é uma cidade

de colinas e com edifícios variados e de diferentes épocas, que devem ser preservados;

• outros defendem que o andar a pé está mais de acordo com a cidade e que os meios mecânicos

a estragariam; dois casos realçaram que fariam sabotagem;

• alguns afirmam, simplesmente, que os meios mecânicos não são necessários.

Tabela 10 - OPINIÕES DOS UTILIZADORES SOBRE O DECLIVE POR FAIXA ETÁRIA (número de utilizadores)

Utilizadores faixas etárias

TOTAL crianças jovens adultos3ª

idade incomoda/cansativo 1 12 19 12 44 é um desafio, as vistas da cidade recompensam 11 22 6 39 face aos seguintes totais: 1 18 39 16 74

De qualquer forma, o declive incomoda a maior parte dos utilizadores do percurso (59%). Dentre estes, o

grupo da 3ª idade é o que apresenta uma maior taxa de reclamação (75%). Quanto aos adultos, apenas

a 43% incomoda o declive. Nestes resultados, há que ter em conta que para os turistas, passear a pé e

subir a colina é considerado como um desafio, sendo esse esforço no final recompensado pela vista da

cidade que proporciona, enquanto que a muitos dos moradores essa recompensa se tornou já numa

rotina.

Em conclusão, ao fazer uma proposta de intervenção no percurso em análise, há que ter em conta as

diferentes vivências do espaço-tempo de cada tipo de utilizador:

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43

• o residente utiliza-o por necessidade, por um lado, como meio para alcançar a sua casa, por

outro, como espaço social, de convivialidade;

• o turista utiliza-o como um espaço de lazer e cultura, associado à descoberta da cidade histórica,

do qual usufruem, mas que também serve como meio de acesso ao castelo – que é, na maior

parte dos casos, o seu destino final 45 ;

• aquele que vem visitar ou buscar alguém, assim como o que trabalha naquela área ou o que

vem com outro objectivo qualquer específico, utiliza esse espaço apenas como meio de acesso,

pois deseja chegar ao destino o mais rápido possível.

Há que conciliar as diferentes necessidades dos utilizadores e oferecer a possibilidade de diferentes

tipos de vivência do espaço: por um lado, satisfazer um funcionalismo prático, aliado também à

possibilidade de mobilidade para todos; por outro, permitir àqueles que procuram ou necessitam,

espaços adequados ao seu simples usufruto, como fomentador do social orgânico necessário à vida

própria da cidade.

5.3 Proposta de Acessibilidade e Reabilitação

Após ter sido caracterizada a zona da intervenção46 da proposta de regeneração da cidade em análise,

podem detectar-se os seguintes objectivos gerais:

• vencimento da encosta com vista à facilitação do acesso pedonal vertical, através da criação de

um percurso que vá desde a Baixa até ao Castelo, no seguimento do já existente percurso

Baixa-Chiado;

• reabilitação de edifícios situados em locais estratégicos, que consigam articular as diferentes

malhas urbanas;

• revitalização do comércio, serviços, escritórios e habitação;

• devolução do espaço público ao peão, através do controle do parqueamento e circulação

automóvel.

O percurso mecanicamente assistido47 Baixa-Castelo tem, então, como objectivo principal, o vencimento

de três zonas de diferença de cota acentuada, e intervém em 4 pontos estratégicos [ANEXO I, IMG.42]:

a) a Rua dos Fanqueiros e a Rua da Madalena, pela linha da Rua da Vitória – Largo do Caldas;

b) o Largo do Caldas (ou Largo Adelino Amaro da Costa);

c) o Chão do Loureiro e a Costa do Castelo;

45 Neste estudo não se encontra contemplado o turismo em massa, o qual usa quase exclusivamente a camioneta como meio de transporte, e tenta evitar o mais possível o andar a pé, assim como o contacto directo com a cidade. “viva”. Estes turistas estão sempre com pressa e não têm tempo para parar e responder a inquéritos. É este o melhor exemplo, de entre todos os utilizadores do percurso, da compressão do espaço-tempo associada aos dias em vivemos, em que o turismo se confunde com o consumo, entendido como uma forma de lazer. 46 Ver capítulo 6.1 e 6.2. 47 Entende-se por “percurso mecanicamente assistido” aquele que se faz com a ajuda de meios mecânicos (elevadores e escadas-rolantes), os quais facilitam a acessibilidade pedonal por parte de todos os utilizadores.

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44

d) a Costa do Castelo e o Castelo.

Como tal, foi desenvolvido um plano urbanístico pela linha envolvente a este percurso, baseado na

acessibilidade pedonal em espaços públicos interiores e exteriores.

Esta componente da acessibilidade encontra-se integrada numa proposta mais geral de revitalização que

inclui a reconstrução de determinados edifícios, considerados imprescindíveis à estratégia global da

proposta. Complementando a justificação da proposta de intervenção, um deles encontra-se em

acelerado estado de degradação [ANEXO I, IMG.43] e outro sem uso activo [ANEXO I, IMG.43].

Os outros aspectos contemplados na proposta são os seguintes:

• a integração do suporte físico da intervenção na malha urbana consolidada, tendo em conta as

suas características;

• a utilização quotidiana e vivência do percurso por parte de todos, incluindo pessoas com

mobilidade reduzida;

• o proporcionar de uma recompensa aos utilizadores do percurso ao subir a encosta, através da

criação de um ritmo – da alternância entre o cheio/vazio, interior/exterior – e ainda da relação

de vistas com a cidade, tornando o percurso num desafio não monótono, funcionando como

uma contínua descoberta [ANEXO I, IMG.44 e IMG.42];

• a possibilidade de opção entre a minimização do espaço-tempo e a possibilidade de desfrutar

do percurso ou dos espaços de estada que lhe estão associados (patamares de descanso entre

meios de acesso), conferindo-lhes o carácter de espaço público [ANEXO I, IMG.45];

• o alargamento da possibilidade de escolha, oferecendo mais do que uma alternativa de

percurso [ANEXO I, IMG.44 e 45];

• a criação de áreas pedonalizadas associada ao condicionamento do trânsito automóvel, apenas

não limitado a moradores e casos particulares [ANEXO I, IMG.46];

• uma unidade de linguagem que contemple todas as intervenções feitas, que permita entender o

percurso como algo que tem continuidade [ANEXO I, IMG.47];

• a integração de comércio de abastecimento diário (mercearias, padarias, leitarias, frutarias),

como importante actividade que se encontra em falta relativamente às necessidades da vida

quotidiana do bairro;

• a criação de espaços expositivos polivalentes, de modo a que haja sempre algo novo – um

estímulo – que atraia os moradores locais e da cidade.

As propostas específicas da intervenção a) são as seguintes [ANEXO I, IMG.42 e 48]:

• a introdução da componente habitacional, comercial e escritórios;

• o resgate das várias camadas da história da cidade para o tempo presente, através de

eventuais vestígios arqueológicos encontrados durante a fase das escavações, estando

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45

contemplada na proposta uma possível adaptação dos espaços subterrâneos do projecto

consoante o que for descoberto.

As propostas específicas da intervenção c) são as seguintes [ANEXO I, IMG.42 e 49]:

• desmaterialização do volume face ao pré-existente;

• grande permeabilidade entre o edifício e a rua, concretizada através do prolongamento/ligação

de percursos pré-existentes, na procura de uma continuidade do espaço público;

• a criação de um percurso assistido mecanicamente, em funcionamento contínuo (dia e noite);

• a criação de um parque automóvel destinado aos moradores e visitantes.

As propostas b) e d) [ANEXO I, IMG.42] dizem respeito exclusivamente a uma valorização do espaço

público exterior: a proposta b) contempla sobretudo a intenção da devolução do largo ao peão [ANEXO I,

IMG.50], e a proposta d), a criação de um jardim de uso público que permite também um acesso a todos

ao castelo [ANEXO I, IMG.51].

Esta é uma operação de intervenção que visa resolver a questão da acessibilidade, associada a

diferentes vivências do espaço-tempo no espaço público, através:

• da resolução estratégica de situações concretas, utilizando para cada uma o tipo de intervenção

de revitalização e soluções espaciais mais adequadas;

• do cruzamento da escala do bairro com a da cidade;

• da concretização de um programa diversificado;

• da possibilidade de utilização por parte de todos os utilizadores, através dos meios criados e

disponíveis;

Serão, então, testadas no capítulo seguinte, as opções tomadas nesta proposta.

5.4 Análise comparativa da proposta com os casos de estudo

Este capítulo visa testar as opções tomadas na proposta de intervenção projectada em fase de estudo

prévio, ao cruzá-las com as conclusões obtidas a partir da análise e comparação dos casos de estudo

(capítulo 5.2), acrescentando ainda componentes adicionais de características específicas da proposta

de intervenção em causa, relativas a um estudo mais aprofundado, o qual foi desenvolvido nos capítulos

anteriores (6.1, 6.2 e 6.3). Desta forma, foram obtidas as seguintes conclusões, em função dos campos

de análise:

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46

1) Escala de Intervenção [ANEXO II, Quadro 5]

O caso em análise neste capítulo 6 – Baixa-Castelo – insere-se, numa primeira abordagem, no grupo

das intervenções de grande envergadura, de cosedura entre diferentes malhas urbanas e associadas a

grandes declives. Por outro lado, como assenta numa proposta da integração de duas escalas urbanas,

nomeadamente a de cidade e a de bairro, também se insere no tipo de intervenção mais “localizada”,

com vista a trazer benefícios a ambas as partes.

Relacionando este aspecto com os casos de estudo analisados, observa-se que:

A diferença do projecto Baixa-Castelo em relação à intervenção da Rocca Paolina em Perúgia, é que

esta última não interfere ao nível do “bairro”, pelo facto de fazer a ligação subterrânea entre diferentes

zonas da cidade.

Quanto à comparação com La Granja em Toledo, apenas a última parte do percurso Baixa-Castelo se

identifica com tal solução, ao fazer a ligação directa, através de escadas rolantes da Costa do Castelo ao

Castelo, funcionando como miradouro “em movimento” da cidade. O caso de Lisboa traz a mais-valia de

se poder alternar esse sentido do movimento com a do descanso, pela existência alternada de

patamares ajardinados.

De entre todos os projectos, é com a intervenção Baixa-Chiado, entendida como um todo, que a Baixa-

Castelo mais se assemelha, pois ambos integram a escala de bairro e a de cidade. Mas se por um lado a

intervenção global Baixa-Chiado se entende como tal – global – por fazer parte de uma mesma

estratégia, de um mesmo plano e de uma mesma linguagem, por outro não apresenta uma continuidade

de percurso que interligue as propostas directamente ao longo dos diferentes quarteirões, ou seja, cada

intervenção não depende da outra para atingir determinados locais, funcionando independentemente,

actuando ao nível apenas do bairro ou mesmo do quarteirão. Os Armazéns do Chiado e Grandella criam

percursos, mas estes não se interligam directamente com qualquer outro dos casos analisados no

Chiado. Este caso evidencia uma das grandes apostas relativamente ao percurso Baixa-Castelo – cada

uma das intervenções possibilita a ligação à seguinte mais próxima, podendo cada uma funcionar

independentemente, como rótulas que articulam um percurso global, apoiadas também numa linguagem

comum que lhes confere unidade.

Esta relação de interligação constante é um dos elementos mais fortes da aposta numa melhoria da

acessibilidade, baseada na criação de novos percursos que se integram nos pré-existentes.

2) Utilizadores do Percurso [ANEXO II, Quadro 5]

As necessidades da área Baixa-Castelo e dos seus utilizadores foram realçadas nos inquéritos que

foram elaborados e aplicados (capítulo 6.2). Deste modo, foram analisadas as exigências relativas a uma

acessibilidade plena e foi tido em conta o tipo de utilizadores que frequentam o percurso e que

continuarão ou passarão a frequentá-lo.

O público alvo a quem a intervenção é direccionada abrange todo o tipo de utilizadores, nomeadamente

residentes, turistas, trabalhadores na área e outros, tendo em particular atenção a melhoria da

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acessibilidade pública para os mais necessitados – idosos e pessoas com capacidade de mobilidade

reduzida48 – criando, para tal, meios que lhes permitam a deslocação.

3) Acessibilidade Pedonal Vertical - Meios de acesso [ANEXO II, Quadro 5]

Hoje em dia, as condições topográficas já não são um factor tão condicionante como antigamente. A

tecnologia existente permite atenuar este problema. O meio mecânico que possibilita essa acessibilidade

plena por parte de todos os utilizadores é apenas o elevador, pois este não integra qualquer tipo de

obstáculos, como por exemplo degraus. Tal como já foi referido no capítulo 5.2, de entre os casos de

estudo, apenas o caso Baixa-Chiado contempla elevadores na sua proposta, e mesmo esses,

encontram-se integrados de uma forma indirecta, dentro da lógica do edifício e não na do percurso.

Uma vez que o elevador é o meio que possibilita a vivência da cidade de uma forma independente por

parte das pessoas com capacidade de mobilidade reduzida, foi contemplada a sua presença, desde a

zona mais Baixa até ao Castelo [ANEXO I, IMG.42], em cada uma das três grandes intervenções que

representam os casos mais críticos de acentuado desnível (Madalena/Fanqueiros; Chão do Loureiro;

Costa do Castelo /Castelo).

Por outro lado, considera-se importante também a complementação com escadas rolantes [ANEXO I,

IMG.42], pois estas permitem um funcionamento contínuo e sem tempo de espera, sendo o meio

preferido pelas pessoas mais jovens e que não apresentam dificuldades de deslocação, já adaptadas

aos moldes da sociedade actual, em que o acelerar do tempo é uma condição necessária, podendo ser

resolvido através da compressão do espaço.

A intervenção em que melhor se concretiza este tipo de solução é no Chão do Loureiro, na qual é

proposto um percurso mecânico de escadas rolantes em funcionamento permanente (24 horas p/dia),

integrado na malha urbana, possibilitando a sua utilização como a de outra rua tradicional qualquer

[ANEXO I, IMG.52].

Também em Toledo ou Perúgia existe um percurso de escadas rolantes, mas qualquer dos casos

apenas funciona parcialmente, encontrando-se encerrados à noite por questões de segurança, uma vez

que nenhum deles se encontra inserido numa malha urbana, sendo por isso espaços poucos

frequentados durante o período nocturno.

Em todos os casos se encontram associadas escadas tradicionais não mecânicas presentes ao longo de

todo o percurso ou criando outros percursos alternativos. Este aspecto falha na intervenção

Fanqueiros/Madalena: não existem escadas tradicionais entre os átrios.

4) Possibilidade de escolha [ANEXO II, Quadro 5]

Outro dos aspectos muito importantes contemplado no projecto Baixa-Castelo é a possibilidade de

escolha, a existência de mais do que uma opção de percurso em cada uma das intervenções. Porém

esses percursos alternativos são limitados às pessoas com uma boa capacidade de mobilidade, pois

48 Os que mais alertam para a falta de meios e de acessibilidade no percurso, segundo os inquéritos feitos (cap. 6.2).

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como já foi referido acima, apenas nos percursos em que são contemplados elevadores é possível uma

acessibilidade sem restrições.

A possibilidade de escolha da quantidade de tempo que se pretende levar a fazer o percurso (vertical)

está relacionada com os meios disponíveis: escadas tradicionais, escadas rolantes e elevadores

[ANEXO I, IMG.44 e 45]. Estes permitem vivências do espaço muito distintas, conciliando a escala da

cidade com a do bairro e a de um tempo rápido com a de um tempo lento, tentando satisfazer:

• por um lado, questões de ordem prática relacionadas com a criação de novos percursos, com o

rasgar de novas ruas e com os meios mecânicos integrados – todos eles associados à melhoria

da acessibilidade e à possibilidade de compressão do espaço-tempo exigida pela sociedade

actual;

• por outro lado, uma vivência mais calma, relaxada e associada ao usufruto do espaço público e

à interacção social (direccionados, prioritariamente, aos residentes), entendida como o

fomentador do social orgânico necessário à vida própria da cidade – através da existência de

patamares ao longo do percurso associados a espaços de estada como o largo, o pátio e o

jardim – que permitem quebrar o ritmo.

5) Acessibilidade Pedonal Horizontal – Áreas pedonalizadas [ANEXO II, Quadro 5]

Para além da melhoria e/ou criação da acessibilidade pedonal vertical, é necessário conjugá-la com a

acessibilidade pedonal horizontal, não só através da melhoria das condições do pavimento e de uma

maior aderência49, como de todo um conjunto de mobiliário urbano que complemente e melhore as

condições do espaço público da cidade, tais como: bancos, árvores, corrimãos, caixotes de lixo e

iluminação das ruas à noite, entre outros [ANEXO I, IMG.50].

A aposta nas áreas pedonalizadas contribui para um mais forte enraizamento das relações sociais que

servem de suporte à sustentabilidade do bairro, conferindo deste modo ao espaço público urbano uma

dimensão mais humanizada.

O impedimento do estacionamento à superfície, através da existência de pinos, assim como da extensão

ou prolongamento de passeios, aliados à criação de parques de estacionamento subterrâneos e ainda

ao condicionamento automóvel, são soluções que se verificam já em muitas cidades europeias,

revelando-se como experiências de sucesso, tal como em Toledo ou Perúgia. Inclusivé no caso Baixa-

Castelo, essa solução de condicionamento automóvel encontra-se já activa, na zona circundante ao

castelo.

Na nova proposta (Baixa-Castelo) é contemplada uma expansão dessa área até à Rua da Madalena,

apostando em toda uma renovação de um dos principais espaços públicos exteriores deste projecto: o

Largo do Caldas [ANEXO I, IMG.46 e 50]. Como complemento da estratégia, existe um parque de

estacionamento automóvel subterrâneo destinado aos moradores, no Chão do Loureiro. Esta estratégia

só é exequível por ser complementada com percursos mecânicos destinados aos peões.

49 Enunciado como um problema a resolver, por vários utilizadores do percurso Baixa-Castelo - ver inquéritos, capítulo 6.2.

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6) Novos percursos e legibilidade [ANEXO II, Quadro 5]

A criação de novos percursos é contemplada ao longo de toda a proposta, nomeadamente ao fazer a

ligação entre; a Rua da Vitória/Rua dos Fanqueiros e o Largo do Caldas/Rua da Madalena; o Chão do

Loureiro e a Costa do Castelo; a Costa do Castelo e o Castelo.

O rasgar de novas ruas com possível leitura no mapa da cidade facilita claramente a tomada de decisão

quanto à melhor forma de acesso aos locais pretendidos, por parte dos transeuntes. Isso verifica-se na

intervenção da Costa do Castelo [ANEXO I, IMG.51], assemelhando-se um pouco à opção tomada em

Toledo [ANEXO I, IMG.18]. Porém, enquanto que esta última é exclusivamente entendida enquanto meio

de acesso à cidade medieval, com uma vida própria – utilizada por moradores locais e turistas – o caso

da Costa do Castelo permite apenas o acesso à parte definida pela arquitectura militar do Castelo, isenta

de vida própria e consequentemente direccionada somente a turistas. Por outro lado, a proposta para a

Costa do Castelo funciona também como miradouro e jardim [ANEXO I, IMG.51], ao integrar no seu

projecto patamares ajardinados ao longo dos meios de acesso, passando a ser entendida como um

espaço público. Este espaço tem em vista uma utilização prática e de lazer por parte dos turistas,

conjugada com um usufruto de lazer do jardim por parte dos moradores.

No caso de Toledo, essa função de miradouro também existe, mas o seu usufruto é concretizado em

circulação/movimento [ANEXO I, IMG. 18, 19 e 22], não existindo espaços de estada – apenas pequenos

patamares de descanso.

Também a intervenção no Chão do Loureiro rasga novas ruas, embora de uma forma mais complexa e

não tão legível e relevante como os casos de Toledo ou da Costa do Castelo – os quais não apresentam

alternativas paralelas próximas de percurso.

A possibilidade de uma leitura clara na definição de um novo percurso com possível leitura no mapa da

cidade falha na intervenção da ligação da Rua da Vitória ao Largo do Caldas, pois concretiza-se de uma

forma subterrânea. Porém, uma boa sinalização poderá contrariar esse efeito, sobretudo nos

cruzamentos, considerados como locais estratégicos onde geralmente se tomam decisões sobre o

caminho a tomar. Também os espaços polivalentes ocasionais e culturais permanentes podem contribuir

para contrabalançar essa falha de leitura e orientação dos transeuntes na cidade.

7) Espaços públicos [ANEXO II, Quadro 5 e 6]

Os espaços públicos exteriores são importantíssimos para a vivência da cidade e sobretudo do bairro, e

para manter ou criar sentimentos de pertença. De modo a que desempenhem o seu papel com sucesso,

é necessário que sejam espaços agradáveis e atraentes, que provoquem uma sensação de bem-estar

naqueles que utilizam o espaço em questão. Em nenhum dos casos de estudo analisados se observa

uma renovação de um espaço público exterior integrado na proposta e pertencente aos percursos de

circulação da cidade, como por exemplo uma praça, um largo ou um jardim. Existe um outro tipo de

solução, como átrios no interior de um quarteirão [ANEXO I, IMG.6], os quais não apresentam um

desempenho tão activo na vida da cidade – tal acontece devido ao tipo de solução construtiva, que é

mais “fechada”. No projecto Baixa-Castelo, sobretudo no Largo do Caldas, essa integração na vida

quotidiana aliada ao percurso é clara. Quanto aos outros dois espaços públicos contemplados no

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projecto, nomeadamente os Jardins do Chão do Loureiro e o Jardim da Costa do Castelo, a relação já

não é tão óbvia – mas em comparação com a solução tipo “átrio” é certamente bastante mais acessível e

aberta.

8) Operações de Revitalização [ANEXO II, Quadro 7]

Em articulação com os espaços públicos e o desenho urbano, também a arquitectura e a renovação do

suporte edificado da cidade é imprescindível, como já foi referido no capítulo 4, através de obras de

revitalização, reconversão e reabilitação.

Tal como no caso do quarteirão Império, o quarteirão Fanqueiros/Madalena sofreu um processo de

“catástrofe” gradual – degradação muito acentuada por falta de manutenção. O edificado encontra-se

obsoleto face às exigências tecnológicas e organizacionais das funções, justificando, por isso, a

intervenção estrutural de reabilitação e reconversão; o facto de pertencer ao conjunto pombalino justifica

que parte dessa intervenção, nomeadamente a nível de fachada, sofra obras de conservação e restauro,

ou, caso seja necessária reconstrução, se apliquem esses princípios e regras.

Quanto à intervenção no Chão do Loureiro, é importante a sua afirmação como rótula entre bairros,

sobretudo, local de acumulação de funções e facilidade de acessibilidade entre os variados níveis que a

envolvem. A exigência definida no programa da existência de um parque de estacionamento automóvel,

aliada à vontade de conjugar outro tipo de programas e ainda, a nível formal, uma desmaterialização do

volume (face ao pré-existente), obrigou a que fosse necessária a demolição da estrutura existente e a

sua substituição por uma nova construção. Esta, por sua vez apresenta uma organização espacial e

funcional mais adequada às necessidades e ao bem da comunidade.

Por fim, a intervenção na Costa do Castelo assemelha-se muito ao caso de Toledo – tanto um como

outro foram construídos de raiz em espaços expectantes, sobre fundações de escombros e entulho com

séculos de acumulação e de História. Neste caso particular de Lisboa, vem revalorizar espaços que

antes da intervenção se encontravam em acentuado estado de degradação.

9) Princípios teóricos – Doutrinas, Cartas e Convenções [ANEXO II, Quadro 8]

Tal como nos outros casos estudados, a intervenção Baixa-Castelo é um plano urbanístico (C3) com

vista à revitalização de um centro urbano antigo (C1), tem em consideração os valores e características

próprias das áreas que abrange – nomeadamente a Baixa Pombalina e a zona medieval que se estende

da Rua da Madalena até ao Castelo (Carta de Veneza).

As intervenções do Largo do Caldas, Chão do Loureiro e Costa do Castelo são as que mais contribuem

para a manutenção da ambiência social do bairro – o primeiro e o último, como espaços públicos de

estada, e o segundo, pelo seu carácter dinâmico e variado programa que apresenta (C5).

Quer o Largo do Caldas, quer os patamares ajardinados da Costa do Castelo, revelam preocupações a

nível ambiental (jardins, árvores, iluminação natural – C7). Qualquer um destes espaços é reutilizado,

tendo em conta que o primeiro era antes utilizado como um parque de estacionamento automóvel e é

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agora um largo para usufruto do peão, e o segundo constituído por jardins privados abandonados,

tornando-se na proposta, um espaço verde público para usufruto de todos os moradores (C2).

A intervenção feita no Largo do Caldas (e Fanqueiros/Madalena) promove o turismo cultural (C4) e a do

Chão do Loureiro contribui no sentido da integração das construções contemporâneas e de qualidade na

malha medieval, assegurando a continuidade da tradição arquitectónica (C6).

10) Mobilidade e Policentrismo [ANEXO II, Quadro 5]

Como foi referido já no capítulo 3 e 4.2, a mobilidade é imprescindível à articulação do bairro com a

cidade. Ao surgir o percurso Baixa-Castelo na continuação do percurso Baixa-Chiado [ANEXO I,

IMG.53], cuja intervenção integra uma paragem de metropolitano [ANEXO I, IMG.26], possibilita que o

primeiro usufrua também das mesmas regalias de facilidade na articulação com o resto da cidade. O

policentrismo surge, neste contexto, como uma medida possível de revitalização da cidade e dos seus

centros (históricos e outros), sendo para tal necessário que se apoie numa conjugação entre a

mobilidade e a acessibilidade local pedonal, respectivamente:

• apostando numa rede de transporte de alta capacidade – nomeadamente o metropolitano50

(DOMINGUES, 2003, pp. 25) – que ajude, por um lado, a resolver a coesão territorial, permitindo

integrar territórios distintos; por outro, que resolva a congestão automóvel diária derivada das

deslocações pendulares dos habitantes da cidade (casa-trabalho-casa);

• apostando no trânsito condicionado e não permitindo o estacionamento à superfície em centros

históricos, como já foi referido acima, complementados por parques de estacionamento

destinados a moradores e visitantes; apostando em sistemas de transporte ecológicos,

sinalização/indicações e mobiliário urbano (corrimãos, bancos, etc.) que facilitem os percursos.

11) Estímulos e Orientação [ANEXO II, Quadro 6]

Ao deslocarem-se, as pessoas têm um objectivo, pretendem atingir algo, um lugar. Para o atingir,

precisam de percorrer um percurso, que se situa entre os dois pontos, o qual termina precisamente no

local que se deseja atingir. Esse funcionará então como a recompensa do esforço do percurso, o

objectivo que, ao ser alcançado, se concretiza.

Se o local a ser atingido não for a residência, o emprego ou outro sítio específico dotado de

características que o tornem especial, e se se pretende que uma intervenção num determinado espaço

atraia também outro tipo de utilizadores, é necessário ter em conta determinados aspectos associados

ao estímulo e à recompensa pessoal. Esses estímulos encontram-se relacionados com as sensações

provocadas pelo espaço que envolve o indivíduo e com a capacidade de interacção do programa

correspondente a esse espaço vivido. A cidade “é uma ocorrência emocionante no meio-ambiente que

suscita reações emocionais, dependentes ou não da nossa vontade” (CULLEN, 2004, pp. 10).

50 O usufruto da estação de metro já existente Baixa-Chiado, para o caso Baixa-Castelo, tendo em conta a articulação dos dois percursos.

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a) Experiência sensorial [ANEXO II, Quadro 5 e 6]

Segundo Kevin Lynch, a legibilidade51 é crucial na estrutura citadina – “a cidade é o objecto da

percepção dos seus habitantes” (LYNCH, 2003, pp.13): a forma, a cor, a disposição, a luz e a vegetação,

por exemplo, facilitam a produção de imagens mentais vivamente identificadas, poderosamente

estruturadas e altamente úteis no meio ambiente (LYNCH, 2003, pp. 20), pois facilitam a orientação

(LYNCH, 2003, pp. 13), tal como outros sentidos, entre os quais o cheiro, o ouvido, o tacto, a cinestesia,

etc. O impacto visual da cidade sobre os seus visitantes é extremamente relevante, pois contribui para

determinar a interacção que o transeunte irá ter com esse espaço que o envolve, ao percorrê-lo ou

simplesmente a admirá-lo. Em Perúgia, por exemplo, a iluminação artificial provoca um efeito teatral nas

paredes da antiga cidade medieval, criando um ambiente muito particular e estimulante [ANEXO I,

IMG.15]. Também na intervenção concretizada no Largo do Caldas existem jogos de luz realizados

através de clarabóias de vidro colorido, que estimulam e rejuvenescem os espaços envolventes: ora

iluminando as galerias subterrâneas do espaço expositivo polivalente durante o dia, através da captação

de luz natural zenital; ora iluminando o espaço exterior do Largo durante a noite, através da projecção de

luz artificial colorida a partir das galerias subterrâneas [ANEXO I, IMG.54].

b) Sequência e Alternância [ANEXO II, Quadro 5 e 6]

Também a sequência e alternância de situações facilita a memorização e o estímulo, contribuindo para

uma melhor orientação e curiosidade, respectivamente, por parte dos transeuntes. A sequência de

espaços interior/exterior, existente de uma forma alternada ao longo de todo o percurso Baixa-Castelo, é

um caso concreto em que isso acontece – quem percorre o espaço vai-se deparando com diversas

situações, sempre diferentes, que quebram a monotonia (ex.: os três átrios do quarteirão

Fanqueiros/Madalena [ANEXO I, IMG.42, 44 e 48]).

Há que admitir que há algum valor na mistificação, no labirinto ou surpresa no meio ambiente (LYNCH,

2003, pp.15), como se pode confirmar ao circular por Alfama, pelos seus becos e vielas labirínticos de

uma estrutura citadina medieval, ou ao atravessar o percurso mecânico, integrado na medieval e

subterrânea cidade etrusca arqueológica de Perúgia. Por vezes, a não existência de contacto visual

directo entre o princípio e o fim do percurso, entendida à partida como um obstáculo, pode contribuir

para essa mistificação aliada ao factor surpresa, tornando aliciante a descoberta de algo que não se

depara imediatamente aos nossos olhos, mas que pode vir a tornar-se numa recompensa visual. O facto

de saber que existe um programa associado ao percurso que se irá fazer, confere segurança e

motivação a essa exploração. Tal também acontece no percurso subterrâneo Fanqueiros/Madalena,

embora este não se integre em percursos pré-existentes medievais (mas resgata também o passado

para o presente através da integração de vestígios arqueológicos no espaço polivalente).

Porém, não deve existir o perigo de se perder a forma básica (LYNCH, 2003, pp.15). Existe uma certa

contradição entre a atracção pelo labirinto e a sensação de bem-estar dos utilizadores. É possível

comprovar o sucesso/insucesso de uma intervenção através da regularidade dos espaços, da sua forma

51 Capacidade de leitura da cidade.

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como elemento condicionante da percepção e desse bem-estar. Segundo foi constatado, após a análise

dos átrios dos casos dos quarteirões do Chiado, mais concretamente, verificou-se que quanto mais

regular, melhor os utilizadores se adaptam ao espaço, maior a sensação de bem-estar (ver cap. 5.2).

Tendo este aspecto em conta, foi tomada a opção pela concretização de formas regulares nos três átrios

da intervenção nos Fanqueiros/Madalena.

Também o facto de o espaço ser coberto ou não, influencia a sensação de bem-estar. Ao fazer a análise

dos percursos mecânicos de escadas rolantes, verifica-se que:

• em Toledo, pelo facto de serem exteriores, tornam-se claramente mais vulneráveis que as

outras; o facto de serem cobertas possibilita a sua utilização independentemente da alteração

dos agentes atmosféricos [ANEXO I, IMG. 21 e 22];

• na Costa do Castelo, por serem exteriores e não cobertas, a sua utilização é totalmente

condicionada pelas condições atmosféricas; o facto de existir um funicular interior que permite o

acesso directo ao castelo confere-lhe a capacidade de se tornarem parte integrante da lógica do

jardim onde se inserem, do qual também apenas se desfruta se essas condições atmosféricas o

permitirem [ANEXO I, IMG.51].

c) Elementos marcantes e Cruzamentos

Outros dois elementos essenciais na definição das estruturas urbanas e orientação e estímulo da cidade

são os elementos marcantes e os cruzamentos, segundo Kevin Lynch (LYNCH, 2003, pp. 57-58). Os

cruzamentos são locais estratégicos, junções, momentos de mudança de uma estrutura para outra,

“centros” – podem ser entendidos como exemplos, os casos: Armazéns do Chiado,

Fanqueiros/Madalena e Chão do Loureiro.

Os elementos marcantes são pontos de referência externos, memoráveis ou únicos num contexto, e

funcionam como indicações absolutamente seguras do caminho a seguir (LYNCH, 2003, pp. 90); podem

ser úteis nos cruzamentos, ajudando as pessoas a tomar decisões a nível de orientação. A sua

característica-chave é a originalidade. Pode ser um elemento visível de muitos outros pontos, como por

exemplo o castelo no caso de Lisboa, pela sua condição central e por ser um elemento fortemente

produtor de símbolos, imagens e ícones [ANEXO I, IMG.55]; também a própria colina pode ser

considerada como um elemento marcante, como no caso de Toledo e Lisboa, desempenhando uma

função dominante na linha do horizonte; por outro lado, poucas pessoas sabem como alcançá-lo

(concretamente no caso do castelo de Lisboa).

d) Diversidade Funcional [ANEXO II, Quadro 6]

Também a actividade associada a um local pode fazer dele um elemento marcante (LYNCH, 2003, pp.

90): tal como se verificou no capítulo 5.2, os casos que apresentam um programa mais extenso e

relacionado directamente com o percurso, são aqueles que têm um maior sucesso – Baixa-Chiado e

Perúgia. Também o caso Baixa-Castelo apresenta um diversificado programa aliado ao percurso, tal

como comércio, restaurantes e cafés e ainda um outro mais particular, semelhante ao de Perúgia – um

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espaço expositivo polivalente associado a vestígios arqueológicos locais. Este tipo de actividades atraem

população, funcionando como estímulos à vivência daqueles espaços.

Por outro lado, existem as necessidades de consumo dos residentes e dos visitantes, que implicam

necessariamente a existência de comércio de bens quotidianos de primeira necessidade, assim como de

lojas de produtos especializados, cafés e restaurantes, os quais são os programas que melhor podem

contribuir para dinamizar uma área.

Será então possível que funcione um espaço que vá de encontro a essas necessidades de consumo,

mas que por outro, não ceda ao “shopping” associado ao não-lugar? É a pergunta que se coloca, ao

criar um espaço como o do Chão do Loureiro sobretudo, pois este encontra-se num bairro histórico,

marcado pela diferença característica da vida da cidade, a mesma que atrai os turistas – o tipo de

utilizador mais curioso, aquele que busca a diferença e que anda à descoberta (DOMINGUES, 2003, pp.

19-25). Nuno Portas constata que, em área urbanas mais densas e misturadas, os shoppings se têm

revelado como âncoras imprescindíveis das próprias intervenções regeneradoras do tecido urbano e

áreas históricas (PORTAS, 2007, pp.5), tal como se pode verificar no caso dos Armazéns do Chiado e

Grandella.

A principal função da intervenção realizada no Chão do Loureiro é a de rótula entre bairros, como já foi

referido, por se encontrar estrategicamente situado entre diferentes malhas urbanas, onde confluem os

residentes dos bairros que a envolvem, acolhendo as mais diversas funções dinamizadoras que foram

atrás referidas, incluindo o comércio de abastecimento diário e pequenos espaços de estada, bem

necessário à regeneração do tecido vivo da área. Como complemento à atracção de novos moradores, é

reintroduzida habitação através de operações de reabilitação na Rua da Madalena. Também escritórios

são reintroduzidos na Rua dos Fanqueiros, como função dinamizadora quotidiana diurna, através da

revitalização desta área como zona de serviços, de emprego. Deste modo, é criada uma área viva de dia

e de noite, mais atraente e segura.

Esta confluência de bairros e zonas tão distintas torna-se, assim, vivida pelos residentes mas também

mais aberta ao exterior, a novas pessoas. A sua própria estrutura urbana, não regular mas ao mesmo

tempo não tão intimista como a de Alfama, permite essa relação.

No projecto Baixa-Castelo não foram contempladas funções concretas direccionadas especificamente ao

turismo, tal como a existência de um Hotel ou de um posto de informação turística. Foi considerado mais

importante o repor da habitação local do que um hotel, cuja presença é indiferente para revitalizar a área,

pois a presença do castelo já é tão forte que apenas esse facto é suficiente para captar turistas. O

turismo contribui naturalmente para o crescimento económico do país, mas pode ter também um lado

perverso: o efeito negativo que provoca na identidade local (LANDRY, 2007, pp. 103-105). É preciso

apostar no turismo mas saber contrariar esse efeito, investindo num turismo mais sofisticado e cultural,

por exemplo, como acontece em Perúgia e nos espaço arqueológico situado debaixo do Largo do Caldas

e no Chão do Loureiro – este tipo de programa promove o interesse pelo local em causa a uma escala

global. Ao mesmo tempo, é necessária uma dinamização cultural a nível local, de bairro, que seja

diversificada e dinâmica – que estimule e assegure a participação da população local através de espaços

expositivos polivalentes ou outros, como no caso do Chão do Loureiro ou do Largo do Caldas.

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6 Conclusões

A presente tese teve por objectivo demonstrar a elevada importância da criação duma acessibilidade plena na revitalização de centros históricos de cota variável. O processo de investigação revelou

uma série de factores fundamentais a considerar neste tipo de abordagem e que devem ser objecto de

análise cuidada, em concreto:

• a possibilidade de escolha do tipo de vivência temporal que o utilizador pretende, associada à

variedade de percursos derivada dos diversos meios de acessibilidade existentes, é algo com

que é necessário lidar – a alteração da noção de tempo, que resulta do desenvolvimento

tecnológico (meios mecânicos) e da própria sociedade actual, permite a coexistência de diferentes vivências adaptadas às necessidades físicas e psicológicas de cada pessoa;

• a interdependência da cidade e do centro histórico, sendo que a articulação entre a escala do

bairro (apoiada na acessibilidade) e a da cidade (apoiada na mobilidade), com base numa

estrutura urbana policêntrica, é necessária – as diversas centralidades de uma cidade

deverão apoiar-se na especialização funcional (de comércio e serviços), de uma forma complementar, enfatizando a importância da identidade local;

• a diversidade e especialização funcional do comércio, dos serviços e da manutenção da

habitação revelam-se como estímulos à vivência de um determinado espaço ou área por parte

da população – a sua capacidade de interacção com o programa é de extrema importância

para a vitalidade ou regeneração de uma área urbana consolidada;

• a harmonização do passado com o presente numa malha urbana consolidada é importante

para uma cidade se manter viva, activa e desejada, sendo apenas possível através da acção

associada a operações de intervenção – revitalização, conservação, restauro – no seu suporte

físico (edificado e espaço público);

• as sensações provocadas pelo espaço que envolve o indivíduo – 1) impacto visual, 2)

regularidade da forma dos espaços, 3) legibilidade, 4) capacidade de orientação e 5) protecção

face a agentes atmosféricos, – encontram-se intrinsecamente ligadas à necessidade da

coexistência de dois aspectos fundamentais associados ao estímulo e à recompensa pessoal do indivíduo que usufrui da cidade: por um lado, o sentimento de conforto, segurança e bem-estar; por outro, o desafio e a vontade de descoberta, relacionadas com a atracção provocada

pelo factor surpresa.

Desta forma e como resultado deste estudo pode concluir-se que a existência de uma acessibilidade plena (horizontal e vertical) associada ao(s) percurso(s) e às áreas pedonalizadas complementadas

por espaços de estada (patamares, largos, jardins), promove a fruição do espaço público associado à

dimensão de lugar (sentimentos de pertença), assumindo especial relevância como elemento facilitador

da integração de qualquer indivíduo na vida quotidiana do seu bairro e da sua cidade.

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A conclusão fundamental deste trabalho deverá ser complementada pelo entendimento de que a criação de novos percursos com vista à melhoria da acessibilidade pedonal, assim como a existência de

uma forte actividade associada a outras operações de intervenção pública, são factores determinantes

para o respectivo sucesso.

Considera-se assim confirmada a hipótese de trabalho colocada no início desta dissertação, ou seja, que

a melhoria ou transformação da acessibilidade pedonal em espaços públicos, associada a obras

de intervenção do suporte físico, é um contributo fundamental para a revitalização de centros históricos de cota variável.

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http://ulisses.cm-lisboa.pt/data/002/002/pdf/baixapomb.pdf

Pedido de inclusão na lista indicativa nacional para candidatura a património mundial:

http://ulisses.cm-lisboa.pt/data/002/006/pdf/pombalina.pdf

Revelar Lisboa: http://revelarlx.cm-lisboa.pt

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ANEXO I (IMAGENS)

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Índice de imagens IMG. 1 - Carcassone ______________________________________________________________________ 62 IMG. 2 - Castelvecchio ____________________________________________________________________ 62 IMG. 3 - Casa da Música ___________________________________________________________________ 62 IMG. 4 - Silo automóvel da Cç do Combro ___________________________________________________ 63 IMG. 5 - Museu Guggeheim ________________________________________________________________ 63 IMG. 6 - Quarteirão Chiado Sul _____________________________________________________________ 64 IMG. 7 - Exemplos de reabilitação urbana ___________________________________________________ 64 IMG. 8 - Palácio de São Bento ______________________________________________________________ 65 IMG. 9 - Coordoaria Nacional ______________________________________________________________ 65 IMG. 10 - Elevador de Santa Justa IMG. 11 - Elevador da Glória ________ 66 IMG. 12 - Rocca Paolina - Imagens do percurso e corte longitudinal __________________________ 66 IMG. 13 - Rocca Paolina – percurso mecânico (corte e planta) ________________________________ 67 IMG. 14 - Rocca Paolina – Posto de turismo _________________________________________________ 68 IMG. 15 - Rocca Paolina – Via Bagliona _____________________________________________________ 68 IMG. 16 - Rocca Paolina – Exposições e eventos culturais temporários _______________________ 68 IMG. 17 - Perúgia _________________________________________________________________________ 69 IMG. 18 - Escadas mecânicas de La Granja – Planta _________________________________________ 69 IMG. 19 - Escadas mecânicas de La Granja – Corte __________________________________________ 69 IMG. 20 - Escadas mecânicas de La Granja – Entrada e posto de informação turística __________ 70 IMG. 21 - Escadas mecânicas de La Granja - imagens _______________________________________ 70 IMG. 22 - La Granja - miradouro em movimento _____________________________________________ 70 IMG. 23 - Baixa-Chiado (Intervenção geral) – Planta _________________________________________ 71 IMG. 24 - Fachadas dos Armazéns do Chiado antes e depois do incêndio _____________________ 71 IMG. 25 - Fachadas da Rua Nova do Almada e Rua do Carmo depois do incêndio ______________ 72 IMG. 26 - Plano de Mobilidade – Estação de metropolitano da Baixa-Chiado ___________________ 72 IMG. 27 - Armazéns do Chiado e Grandella – Planta _________________________________________ 73 IMG. 28 - Armazéns do Chiado e Grandella – Soluções espaciais e acessibilidade _____________ 73 IMG. 29 - Escadinhas do Santo Espírito da Pedreira _________________________________________ 74 IMG. 30 - Novo espaço público proposto para o Chiado ______________________________________ 74 IMG. 31 - Quarteirão Chiado Norte, Lisboa – Planta __________________________________________ 75 IMG. 32 - Quarteirão Chiado Norte, Lisboa – Proposta e situação actual _______________________ 76 IMG. 33 - Quarteirão “Império”, Chiado, Lisboa – planta e imagens ___________________________ 76 IMG. 34 - Igreja do Sacramento ____________________________________________________________ 77 IMG. 35 - Interior do Quarteirão Império, Chiado, Lisboa - Planta esquemática _________________ 77 IMG. 36 - Baixa Pombalina _________________________________________________________________ 78 IMG. 37 - Àreas em estudo, Baixa-Castelo, Lisboa ___________________________________________ 78 IMG. 38 - Baixa Pombalina – planta de Eugénio dos Santos e planta actual ____________________ 79 IMG. 39 - Zona de declive mais acentuado entre a Rua dos Fanqueiros e rua da Madalena ______ 79 IMG. 40 - Edifícios degradados e estacionamento em cima dos passeios ______________________ 80 IMG. 41 - Área de realização dos inquéritos _________________________________________________ 80 IMG. 42 - Pontos estratégicos da intervenção “Percuso Baixa-Castelo” _______________________ 81 IMG. 43 - Edifício do Mercado do Chão do Loureiro, Fachada do edifício da Rua dos Fanqueiros 82 IMG. 44 - Percurso Fanqueiros/Madalena – Relação esquemática dos espaços/patamares ______ 82 IMG. 45 - Percurso Fanqueiros/Madalena e Largo do Caldas - Meios de acessibilidade vertical e patamares ou espaços de estada __________________________________________________________ 82 IMG. 46 - Mapa das áreas pedonais propostas para a intervenção Baixa-Castelo _______________ 83 IMG. 47 - Unidade de linguagem ao longo da intervenção Baixa-Castelo ______________________ 83 IMG. 48 - Intervenção Fanqueiros/Madalena _________________________________________________ 84 IMG. 49 - Intervenção Chão do Loureiro ____________________________________________________ 85 IMG. 50 - Intervenção no Largo do Caldas __________________________________________________ 86 IMG. 51 - Intervenção na Costa do Castelo __________________________________________________ 86 IMG. 52 - Chão do Loureiro - Percurso mecânico de escadas rolantes em funcionamento permanente – (24 horas p/dia) _______________________________________________________________ 87 IMG. 53 - O percurso Baixa-Castelo na continuação do percurso Baixa-Chiado ________________ 87 IMG. 54 - Jogos de luz no Largo do Caldas __________________________________________________ 87 IMG. 55 - Colina e castelo, Lisboa __________________________________________________________ 88

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IMG. 1 - Carcassone

Cidade medieval, França – restauro levado a cabo por Viollet-le-Duc.

IMG. 2 - Castelvecchio

Verona. Obras de revitalização feitas pela arquitecto Carlo Scarpa. Exemplo de uma intervenção em que o novo se destaca claramente do antigo, através da cor, técnica e aspecto.

IMG. 3 - Casa da Música

Porto. Arquitecto Rem Koolhas.

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IMG. 4 - Silo automóvel da Cç do Combro

Lisboa. Arquitectos João Appleton e Isabel Domingos. Em cima à esquerda – o silo por fora; em baixo, à esquerda – a fachada de azulejos a brilhar com o reflexo do sol; em cima, à direita – inserção do silo na malha urbana; no meio, à direita – corte; em baixo, à direita – interior.

IMG. 5 - Museu Guggeheim

Bilbao. Arquitecto Frank O. Ghery.

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IMG. 6 - Quarteirão Chiado Sul

Chiado, Lisboa. Arquitecto Siza Vieira. Em cima, à esquerda – planta de inserção do quarteirão na malha urbana; em cima à direita – átrio; em baixo – vista da Rua Nova do Almada, Quarteirão Chiado Sul à esquerda, a amarelo.

IMG. 7 - Exemplos de reabilitação urbana

Lisboa. Exemplos de edifícios que sofreram demolição integral do interior do edifício e construção de nova estrutura, mantendo e recuperando as fachadas originais. À esquerda – Av. Duque de Ávila; no meio – Rua dos Fanqueiros; à direita – Rua da Junqueira.

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IMG. 8 - Palácio de São Bento

Assembleia da República, Lisboa. À esquerda – fachada principal; à direita – sala do parlamento.

IMG. 9 - Coordoaria Nacional À esquerda – fachada Sul; à direita – interior (montagem de uma exposição).

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IMG. 10 - Elevador de Santa Justa IMG. 11 - Elevador da Glória

Lisboa. Raoul Mesnier du Ponsard Lisboa

IMG. 12 - Rocca Paolina - Imagens do percurso e corte longitudinal

Perúgia. Arquitecto Italo Rota.

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IMG. 13 - Rocca Paolina – percurso mecânico (corte e planta)

Percurso que atravessa a cidade medieval etrusca subterrânea, desde a Viale Indipendenza à Piazza Italia. Perúgia; Arquitecto Italo Rota.

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IMG. 14 - Rocca Paolina – Posto de turismo

Representação axonométrica. Perúgia.

IMG. 15 - Rocca Paolina – Via Bagliona

Jogos de iluminação e utilização de materiais opacos e translúcidos. Perúgia.

IMG. 16 - Rocca Paolina – Exposições e eventos culturais temporários

Perúgia.

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IMG. 17 - Perúgia

Vivência quase exclusivamente pedonal do centro histórico.

IMG. 18 - Escadas mecânicas de La Granja – Planta

Toledo. Arquitectos Elias Torres e José Lapeña.

IMG. 19 - Escadas mecânicas de La Granja – Corte

Toledo. Arquitectos Elias Torres e José Lapeña.

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IMG. 20 - Escadas mecânicas de La Granja – Entrada e posto de informação turística

Toledo.

IMG. 21 - Escadas mecânicas de La Granja - imagens

La Granja, Toledo. Escadaria de cor ocre incrustada na ladeira, cujos lanços rasgam a colina.

IMG. 22 - La Granja - miradouro em movimento

Toledo. A escadaria como um miradouro e a sua cobertura inclinada, que dá continuidade à pendente ajardinada da ladeira.

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IMG. 23 - Baixa-Chiado (Intervenção geral) – Planta

Arquitecto Siza Vieira. Quarteirões em análise.

IMG. 24 - Fachadas dos Armazéns do Chiado antes e depois do incêndio

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IMG. 25 - Fachadas da Rua Nova do Almada e Rua do Carmo depois do incêndio

IMG. 26 - Plano de Mobilidade – Estação de metropolitano da Baixa-Chiado

Planta e Secção da proposta. Galerias e escadas rolantes. Entrada da estação na Rua do Crucifixo.

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IMG. 27 - Armazéns do Chiado e Grandella – Planta

Inserção na malha urbana.

IMG. 28 - Armazéns do Chiado e Grandella – Soluções espaciais e acessibilidade

À esquerda - planta, planta de cobertura e secção do edifício dos Armazéns do Chiado. À direita – secção do edifício Grandella. Soluções espaciais – átrio coberto (a amarelo). Acessibilidade interna – meios mecânicos (a vermelho).

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IMG. 29 - Escadinhas do Santo Espírito da Pedreira

IMG. 30 - Novo espaço público proposto para o Chiado

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IMG. 31 - Quarteirão Chiado Norte, Lisboa – Planta

Arquitecto Siza Vieira. Em cima, à esquerda – vista da Rua do Carmo, Quarteirão Chiado Norte à direita, a amarelo; Em cima à direita – fachada de loja que sobreviveu ao incêndio, recuperada e integrada no novo projecto; Em baixo – planta de inserção do quarteirão na malha urbana.

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IMG. 32 - Quarteirão Chiado Norte, Lisboa – Proposta e situação actual

Arquitecto Siza Vieira. À esquerda - proposta de ligação entre a Rua Garret e a Rua do Carmo à Igreja do Carmo através de uma percurso de escadas rolantes, aproveitando o interior do pátio; À direita – situação actual do átrio.

IMG. 33 - Quarteirão “Império”, Chiado, Lisboa – planta e imagens

Arquitecto Gonçalo Byrne.

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IMG. 34 - Igreja do Sacramento

No interior do Quarteirão “Império”.

IMG. 35 - Interior do Quarteirão Império, Chiado, Lisboa - Planta esquemática

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IMG. 36 - Baixa Pombalina

Plano geral da proposta de reabilitação para a zona da Baixa Pombalina.

IMG. 37 - Àreas em estudo, Baixa-Castelo, Lisboa

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IMG. 38 - Baixa Pombalina – planta de Eugénio dos Santos e planta actual

IMG. 39 - Zona de declive mais acentuado entre a Rua dos Fanqueiros e rua da Madalena

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IMG. 40 - Edifícios degradados e estacionamento em cima dos passeios

IMG. 41 - Área de realização dos inquéritos

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IMG. 42 - Pontos estratégicos da intervenção “Percuso Baixa-Castelo”

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IMG. 43 - Edifício do Mercado do Chão do Loureiro, Fachada do edifício da Rua dos Fanqueiros

(no cruzamento com a Rua da Vitória).

IMG. 44 - Percurso Fanqueiros/Madalena – Relação esquemática dos espaços/patamares

Alternância entre interior/exterior.

IMG. 45 - Percurso Fanqueiros/Madalena e Largo do Caldas - Meios de acessibilidade vertical e patamares ou espaços de estada

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IMG. 46 - Mapa das áreas pedonais propostas para a intervenção Baixa-Castelo

(representadas a verde).

IMG. 47 - Unidade de linguagem ao longo da intervenção Baixa-Castelo

Molduras vermelhas.

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IMG. 48 - Intervenção Fanqueiros/Madalena

Em cima, à esquerda – perspectiva axonométrica que ilustra os diferentes patamares e os meios de acesso; Em baixo, à esquerda – planta correspondente ao piso do espaço expositivo arqueológico polivalente; Em cima, à direita – corte pelo espaço expositivo arqueológico polivalente e Largo do Caldas; A meio, à direita – corte pelo átrio exterior do meio; Em baixo, à direita – programa.

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IMG. 49 - Intervenção Chão do Loureiro

Em cima – alçado da rua Largo da Atafona; por baixo – corte pela Calçada Marquês de Tancos; por baixo – corte pelo núcleo central e corte paralelo às escadinhas do Chão do Loureiro. Em baixo, à esquerda – perspectiva axonométrica que ilustra a relação da Calçada Marquês de Tancos com as novas ruas definidas pelos novos volumes do quarteirão; perspectiva axonométrica que ilustra os meios de acesso (escadas-rolantes a vermelho e núcleo de elevadores e escadas de serviço a amarelo). A meio, à direita – perspectiva axonométrica esquemática que representa a relação de volumes; vista de topo, sem a cobertura (pala), de forma a ilustrar as novas ruas criadas, definidas pelos 3 volumes principais (a sépia). Em baixo, à direita – planta de cobertura.

Page 86: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

86

IMG. 50 - Intervenção no Largo do Caldas

IMG. 51 - Intervenção na Costa do Castelo

Em cima – alçado de frente para o castelo / corte pela Rua Milagre de Santo António; corte pelo funicular e pelos patamares ajardinados; Em baixo, à esquerda – vista de topo / patamares ajardinados; Em baixo à direita – relação esquemática entre o percurso das escadas-rolantes (a vermelho) e o percurso das escadas tradicionais (a amarelo), que se entrelaçam.

Page 87: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

87

IMG. 52 - Chão do Loureiro - Percurso mecânico de escadas rolantes em funcionamento permanente – (24 horas p/dia) À esquerda – Largo do Chão do Loureiro; No meio – nova rua que liga à Calçada Marquês de Tancos; À direita – chegada à Costa do Castelo.

IMG. 53 - O percurso Baixa-Castelo na continuação do percurso Baixa-Chiado

IMG. 54 - Jogos de luz no Largo do Caldas

Realizados através de clarabóias de vidro colorido (dia e noite).

Page 88: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

88

IMG. 55 - Colina e castelo, Lisboa

Page 89: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

89

ANEXO II (QUADROS)

Page 90: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

90

Índice de quadros Quadro 1 - Acessibilidade e Avaliação Espácio-Funcional Associada _________________________ 91 Quadro 2 - Programa e Soluções Espaciais Associadas _____________________________________ 92 Quadro 3 - Tipos de intervenção ___________________________________________________________ 93 Quadro 4 - Cartas e Convenções Internacionais _____________________________________________ 94 Quadro 5 - Acessibilidade e Avaliação Espácio-Funcional Associada (II) ______________________ 95 Quadro 6 - Programa e Soluções Espaciais Associadas (II) __________________________________ 96 Quadro 7 - Tipos de intervenção (II) ________________________________________________________ 97 Quadro 8 - Cartas e Convenções Internacionais (II) __________________________________________ 98 Quadro 9 - Inquérito ______________________________________________________________________ 99

Page 91: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

Quadro 1 - Acessibilidade e Avaliação Espácio-Funcional Associada

decl

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o

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turis

tas

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bairr

o

Rocca Paolina Perugia, Itália

Escaleras de la GranjaLadeira de

Rodadero, Toledo, Espanha

Armazéns do Chiado + Armazéns Grandella

Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Sul Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Norte

Chiado, Lisboa

Quarteirão da Império Chiado, Lisboa

Acessibilidade

Soluções espaciais associadas ao percurso e meios de acessibilidade (estratégia global) Funções associadas ao percurso Utilizadores

Mecânica

Caso de estudo

Topografia Escala

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das r

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Local

Não mecânica

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Page 92: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

92

Quadro 2 - Programa e Soluções Espaciais Associadas

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cent

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nais

Rocca Paolina Perugia, Itália

Escaleras de la Granja Toledo, Espanha

Armazéns do Chiado + Armazéns Grandella

Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Sul Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Norte

Chiado, Lisboa

Quarteirão da Império Chiado, Lisboa

Local

Malha Urbana

sinu

osa

Caso de estudo

orto

gona

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ProgramaSoluções Espaciais Associadas

activ

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Átrio

Galerias

perm

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lidad

e

Page 93: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

Quadro 3 - Tipos de intervenção (de acordo com o capítulo 4.2)

C D

1A 1B 1C 1D 2 3 4 5 6

Rocca Paolina Perugia, Itália

Escaleras de la Granja Toledo, Espanha

Armazéns do Chiado + Armazéns Grandella

Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Sul Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Norte

Chiado, Lisboa

Quarteirão da Império Chiado, Lisboa

Conversão

Construção nova em

terreno não construído

Reabilitação ou requalificação

Local

A

Demolição

Caso de estudo

B

Page 94: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

Quadro 4 - Cartas e Convenções Internacionais (de acordo com o capítulo 4.1)

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

revitalização de centros urbanos antigos e dos

conjuntos urbanos

reutilização do património edificado

existente - uso compatível

planeamento urbano, planos urbanísticos e de

ordenamentoturismo cultural

âmbiencia social dos bairros históricos;

qualidade de vida das populações

integração das construções

contemporâneas e de qualidade

aspectos ambientais

Rocca Paolina Perugia, Itália

Escaleras de la Granja Toledo, Espanha

Armazéns do Chiado + Armazéns Grandella

Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Sul Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Norte

Chiado, Lisboa

Quarteirão da Império Chiado, Lisboa

promove a âmbiência social e qualidade de vida da população a nível da cidade de Lisboa e não propriamente do bairro do Chiado por si só

são construções contemporâneas, mas inserem-se visual e formalmente na lógica geral de todos os outros edifícios do bairro

Cartas e Convenções Internacionais

LocalCaso de estudo

Page 95: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

95

Quadro 5 - Acessibilidade e Avaliação Espácio-Funcional Associada (II)

decl

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acen

tuad

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públ

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átrio

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rias

inte

rior

exte

rior

int/e

xt a

ltern

ado

subt

errâ

neo

com

érci

o

rest

aura

ção/

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taria

espa

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úblic

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terio

r (ja

rdim

/pra

ça/p

átio

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ento

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rais

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iona

is

arqu

eolo

gia

info

-turís

tica

mob

ilida

de (e

x: m

etro

polit

ano)

mor

ador

es lo

cais

cida

dãos

turis

tas

cida

de

bairr

o

Rocca Paolina Perugia, Itália

Escaleras de la Granja Toledo, Espanha

Armazéns do Chiado + Armazéns Grandella

Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Sul Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Norte Chiado, Lisboa

Quarteirão da Império Chiado, Lisboa

Percurso Baixa-Castelo - geral -

Colina do Castelo, Lisboa

Rua dos Fanqueiros / Rua da Madalena

Largo do Caldas

Chão do Loureiro / Costa do Castelo

Costa do Castelo / Castelo

já analisado nos quadros anteriores referente ao percurso enquanto proposta global referente a um intervenção específica do percurso em análise

Mecânica

Caso de estudo

Topografia

Local esca

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olan

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não aplicável ao caso em análise

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Escala

esca

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nova

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s ras

gada

s (le

itura

nos

map

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Acessibilidade

Soluções espaciais associadas ao percurso e meios de acessibilidade (estratégia global) Funções associadas ao percurso Utilizadores

Não mecânica

novo

s per

curs

os c

riado

s

Page 96: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

96

Quadro 6 - Programa e Soluções Espaciais Associadas (II)

loja

s

cent

ro c

omer

cial

mul

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loja

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o pá

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pouc

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rtes

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idad

es/p

rogr

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asso

ciad

o

apen

as m

eio

de a

cess

o/pa

ssag

em

inte

rior

exte

rior

cobe

rtas

subt

errâ

neas

ruín

as a

rque

ológ

icas

activ

idad

es te

mpo

rária

s/oc

asio

nais

Rocca Paolina Perugia, Itália

Escaleras de la Granja Toledo, Espanha

Armazéns do Chiado + Armazéns Grandella Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Sul Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Norte Chiado, Lisboa

Quarteirão da Império Chiado, Lisboa

Percurso Baixa-Castelo - geral -

Colina do Castelo, Lisboa

Rua dos Fanqueiros / Rua da Madalena

Largo do Caldas

Chão do Loureiro / Costa do Castelo

Costa do Castelo / Castelo

já analisado nos quadros anteriores referente ao percurso enquanto proposta global referente a um intervenção específica do percurso em análise não aplicável ao caso em análise

Caso de estudo

rela

ção

visu

al d

o ex

terio

r par

a o

átrio aspectos que condicionam o bem-estar dos utilizadores

ProgramaSoluções Espaciais Associadas

activ

idad

es/p

rogr

amas

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Átrio

Galerias

cobe

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rest

aura

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café

espa

ços d

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licos

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ça, j

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cion

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turis

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comércio

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o/es

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Malha Urbana

sinu

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azio

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ta

Page 97: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

97

Quadro 7 - Tipos de intervenção (II) (de acordo com o capítulo 4.2)

C D

1A 1B 1C 1D 2 3 4 5 6

Rocca Paolina Perugia, Itália

Escaleras de la Granja Toledo, Espanha

Armazéns do Chiado + Armazéns Grandella Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Sul Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Norte Chiado, Lisboa

Quarteirão da Companhia de Seguros Império Chiado, Lisboa

Percurso Baixa-Castelo - geral -

Colina do Castelo, Lisboa

Rua dos Fanqueiros / Rua da Madalena

Colina do Castelo, Lisboa

Largo do Caldas Colina do Castelo, Lisboa

Chão do Loureiro / Costa do Castelo

Colina do Castelo, Lisboa

Costa do Castelo / Castelo

Colina do Castelo, Lisboa

já analisado nos quadros anteriores referente a um intervenção específica do percurso em análise

Conversão

Caso de estudo

Construção nova em

terreno vazio ou espectante

Reabilitação ou requalificação

Local

A

Demolição

B

Page 98: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

98

Quadro 8 - Cartas e Convenções Internacionais (II) (de acordo com o capítulo 4.1)

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

revitalização de centros urbanos

antigos e dos conjuntos urbanos

reutilização do património edificado

existente - uso compatível

planeamento urbano, planos urbanísticos e

de ordenamentoturismo cultural

âmbiencia social dos bairros históricos;

qualidade de vida das populações

integração das construções

contemporâneas e de qualidade

aspectos ambientais

Rocca Paolina Perugia, Itália

Escaleras de la Granja Toledo, Espanha

Armazéns do Chiado + Armazéns Grandella

Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Sul Chiado, Lisboa

Quarteirão Chiado Norte

Chiado, Lisboa

Quarteirão da Império Chiado, Lisboa

Percurso Baixa-Castelo - geral -

Colina do Castelo, Lisboa

Rua dos Fanqueiros / Rua da Madalena

Largo do Caldas

Chão do Loureiro / Costa do Castelo

Costa do Castelo / Castelo

já analisado nos quadros anteriores referente a um intervenção específica do percurso em análise

Caso de estudo Local

Cartas e Convenções Internacionais

Page 99: Agradecimentos...Agradecimentos Ao professor arquitecto Francisco Teixeira Bastos, como co-orientador, pelo grande e constante apoio, transmissão de conhecimentos e disponibilidade

99

Quadro 9 - Inquérito