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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO FACULDADE DE MEDICINA MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA AGLAÊ FRANCELINO FREITAS CONDIÇÕES CLÍNICAS ORAIS DE PACIENTES COM HISTOPLASMOSE DISSEMINADA E AIDS EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE FORTALEZA FORTALEZA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

FACULDADE DE MEDICINA

MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA

AGLAÊ FRANCELINO FREITAS

CONDIÇÕES CLÍNICAS ORAIS DE PACIENTES COM

HISTOPLASMOSE DISSEMINADA E AIDS

EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE FORTALEZA

FORTALEZA

2010

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AGLAÊ FRANCELINO FREITAS

CONDIÇÕES CLÍNICAS ORAIS DE PACIENTES COM

HISTOPLASMOSE DISSEMINADA E AIDS

EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE FORTALEZA

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Mestrado em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Terezinha do Menino Jesus Silva Leitão.

FORTALEZA

2010

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F936c Freitas, Aglaê Francelino Condições clínicas orais de pacientes com histoplasmose disseminada e aids em hospital de referência de Fortaleza-Ce / Aglaê Francelino Freitas. – Fortaleza, 2010. 103 f : il. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Terezinha do Menino Jesus Silva Leitão. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública. Fortaleza, Ceará. 1. Histoplasmose 2. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 3. HIV 4. Manifestações Bucais. I. Leitão, Terezinha do Menino Jesus Silva Leitão (orient.) II. Título.

CDD: 616.9792

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Ceará

©reprodução autorizada pelo autor

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AGLAÊ FRANCELINO FREITAS

CONDIÇÕES CLÍNICAS ORAIS DE PACIENTES COM

HISTOPLASMOSE DISSEMINADA E AIDS

EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE FORTALEZA

Dissertação submetida à Coordenação do

Curso de Mestrado em Saúde Pública da

Faculdade de Medicina da Universidade

Federal do Ceará, como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre.

Aprovada em _____/_____/______

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Terezinha do Menino Jesus Silva Leitão (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará - UFC

________________________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Costa Studart Soares Universidade Federal do Ceará - UFC

________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Mônica Cardoso Façanha

Universidade Federal do Ceará - UFC

________________________________________________________ Prof. Dr. Luciano Lima Correia

Universidade Federal do Ceará – UFC

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Ao Eterno Deus,

que me concedeu a vida

e por saber que nada nos é possível

se não for da Sua vontade.

Aos meus amados pais

Ducliex e Adélia, e a

Lina (in memoriam),

por uma vida inteira de dedicação e carinho

e por me ensinarem a ser feliz

nas coisas simples.

Aos pacientes que formaram minha amostra,

pois sem eles nenhuma dessas páginas estaria

completa.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Eis que chegou o momento de expressar sinceros agradecimentos a muitos e

tantos amados amigos – tanto aos “velhos” e queridos quanto aos que se revelaram ao longo

desse período.

Bem sei que corro o risco de não dar conta desses “muitíssimo obrigada” como é

bem merecido, porque será difícil exprimir a beleza que foi esse movimento de energia e

impulsos que foram chegando.

Sou muito grata a todos os meus familiares pelo incentivo recebido durante essa

travessia.

Aos amados irmãos em Cristo por suas orações que me fortaleceram todo esse

tempo.

Às amigas Valda e Ana Catarina, sempre repetindo as mesmas palavras: “vai dar

certo”.

À amiga e colega Jacira que me apoiou, incentivando-me a prosseguir e

contagiando-me com palavras de entusiasmo.

Aos colegas de turma: Gracinha, companheira de percurso vivencial; Denis e

Jorgiana, pela partilha do saber, boa disposição com que realizamos os muitos trabalhos

juntos e oportunas manifestações de companheirismo e de encorajamento.

À Professora Doutora Rosemary Carvalho, por estimular o meu interesse pelo

conhecimento, sendo exemplo de determinação e disciplina.

A todos os colegas do CEO que me apoiaram e se interessaram por este trabalho.

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À Professora Doutora Terezinha do Menino Jesus Silva Leitão, orientadora deste

estudo, que com seus conhecimentos e determinação, fez crescer em mim a certeza da

concretização deste trabalho.

Aos Professores Doutores Fabrício Bitu, Mônica Cardoso Façanha e Luciano

Lima Correia, que na qualificação muito contribuíram para esta forma final da Dissertação.

Aos Professores Doutor José Gomes e Alberto Novaes, pelos comentários,

sugestões e incentivo.

A todos os Professores do Mestrado em Saúde Pública que tive o prazer e

oportunidade de conviver e aprender.

Às secretárias do Mestrado em Saúde Pública, Zenaide e Dominik, pela inteira

disponibilidade e ajuda em todos os momentos dessa jornada.

Ao Hospital São José de Doenças Infecciosas, lugar onde a pesquisa foi realizada.

Ao médico patologista Jacó Ricarte pela sua colaboração na avaliação das culturas

e das lâminas de pesquisa direta e exame micológico.

Ao Professor José Telmo Valença Júnior, patologista, que com competência e

disponibilidade, analisou e fotografou as lâminas dos exames histopatológicos.

À Vânia Freitas, técnica de laboratório, pela enorme disposição em colaborar

sempre que solicitada a sua ajuda.

À doutoranda Ramille e ao mestrando João Paulo, colegas cirurgiões-dentistas,

pela competência e colaboração em determinadas fases dessa pesquisa.

Ao Mestre e amigo Carlos Henrique, pelo inestimável contributo prestado na

análise estatística.

À Rosane Costa, bibliotecária, pela permanente solicitude, bem como pelo

cuidado e diligência na busca de arquivos e verificação das referências.

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Aos amáveis funcionários do Serviço de Arquivos Médicos e Estatística do

Hospital São José: Núbia, Elenice, Sílvia Helena, Daiana, Neide, Altina, Vítor, Genival,

Getúlio e Ricardo, pela forma prestimosa e indispensável colaboração em muitos momentos

ao longo desse período, especialmente pela enorme paciência de todos com minhas ‘idas’ e

‘vindas’.

Ao médico Heli Cavalcante e ao residente Marcos Vinícius pelas ricas lições

sobre o quadro clínico dos pacientes.

Todos vocês são co-autores deste trabalho.

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“Porque d’Ele, e por meio d’Ele,

e para Ele são todas as cousas.

A Ele, pois, a glória eternamente”.

(Romanos 11:36)

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RESUMO

A histoplasmose disseminada (HD) é uma grave infecção oportunista, causada por Histoplasma capsulatum, frequentemente observada em pacientes com aids em avançada imunossupressão atendidos em serviço de assistência a pessoas vivendo com HIV/aids em Fortaleza, Ceará. Como outras infecções oportunistas, a histoplasmose pode ser precocemente identificada pela presença de manifestações específicas na cavidade oral. Para conhecer a frequência e características das manifestações orais de HD associada à aids foi realizado um estudo transversal em pacientes adultos com suspeita ou confirmação de HD, de agosto de 2009 a março de 2010. Os dados foram coletados mediante aplicação de questionário, exame clínico oral, exames histo-citopatológicos, fotografias e consulta aos prontuários médicos. Foram diagnosticados 22 casos de HD, do total de 56 doentes. Cinco pacientes (5/22; 22,7%) apresentaram lesões orais com características clínicas de histoplasmose e em quatro (4/22; 18,9%) desses a presença do fungo foi detectada por meio de biópsia e citologia esfoliativa, em fragmentos e esfregaços examinados com coloração por Grocott, PAS (Periodic Acid-Schiff) e Giemsa. Nove pacientes foram definidos como possíveis casos de HD (com base em antecedentes patológicos e manifestações clínicas) e dois desses apresentaram, da mesma forma, lesões orais com características clínicas de histoplasmose, porém essas não foram biopsiadas. Úlcera com crosta hemorrágica em mucosa labial foi a apresentação mais frequente (60%), seguida da forma granulomatosa com lesões múltiplas em palato e gengiva (20%) e de lesão ulcerada na língua (20%). Os pacientes com HD apresentaram mediana de 36,5 cels/mm³ de linfócitos T CD4 e níveis significativamente mais elevados de desidrogenase láctica (LDH; p=0,0001) e aspartato aminotransferase (AST/TGO; p=0,0002), assim como níveis significativamente mais baixos de hemoglobina (p= 00,2), leucócitos (p= 0,04) e plaquetas (p= 0,001). Odinofagia foi relatada por todos os pacientes com HD (p=0,000) e disfagia esteve presente em 10 (45,4%; p=0,011) desses. Disfonia foi observada em um paciente que apresentou histoplasmose na laringe. Candidíase pseudomembranosa, seguida da forma eritematosa estiveram associadas à HD em 45,5% e 4,5% dos pacientes, respectivamente. A prevalência de gengivite foi de 38,3% e em 57,4% dos pacientes foi identificada a presença de cálculo o que indica saúde oral precária e expressiva necessidade de serviços odontológicos. Palavras-chave: Histoplasmose. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. HIV. Manifestações Orais.

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ABSTRACT

The disseminated histoplasmosis (DH) is a serious opportunistic infection caused by Histoplasma capsulatum, often seen in aids patients in advanced immunosuppression treated in health care service for people living with HIV/aids in Fortaleza, Ceará. Like other opportunistic infections, histoplasmosis can be identified early by the presence of specific manifestations in the oral cavity. To know the frequency and characteristics of oral manifestations of DH aids-associated it was carried out a cross-sectional study in adult patients who were suspected or confirmed to have DH, from August 2009 to March 2010. The data were collected through questionnaire, oral clinical examination, histocyto-pathological examinations, photographs and observation of medical records. Twenty-two cases of DH were diagnosed in the total of fifty-six patients. Five out of the twenty-two patients (5/22, 22.7%) had oral lesions with clinical features of histoplasmosis and in four out of the twenty-two (4/22, 18.9%) the fungus was detected through biopsy and exfoliative cytology, in fragments and smears examined by staining with Grocott, PAS (Periodic Acid-Schiff) and Giemsa. Nine patients were defined as possible cases of DH (based on pathological background and clinical manifestations) and two of those presented, in the same way, oral lesions with clinical features of histoplasmosis, however, these were not biopsied. Ulcer with hemorrhagic crust on the lip mucosa was the most frequent (60%), followed by granulomatous form with multiple lesions on the palate and gums (20%) and ulcerated lesion on the tongue (20%). DH patients had a median of 36.5 cells / mm³ of lymphocyte T CD4 and significantly higher levels of lactate dehydrogenase (LDH; p= 0.0001) and aspartate aminotransferase (AST/TGO; p= 0.0002), as well as significantly lower levels of hemoglobin (p= 00.2), leukocytes (p= 0.04) and platelets (p= 0.001). Odynophagia was reported by all patients with DH (p = 0.000), and dysphagia was present in ten (45.4%, p = 0.011). Dysphonia was observed in a patient who presented histoplasmosis of the larynx. Pseudomembranous candidiasis, followed by the erythematous form was associated with DH in 45.5% and 4.5% of the patients, respectively. The prevalence of gingivitis was 38.3% and in 57.4% of the patients was identified calculus dental which indicates poor oral health and significant need for dental services. Keywords: Histoplasmosis. Acquired Immunodeficiency Syndrome. HIV. Oral Manifestations.

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LISTA DE FIGURAS

1 Municípios com pelo menos um caso de aids por período de diagnóstico. Brasil, 1980-1994 e 2005-2009.............................................................................................

22

2 Taxa de incidência de aids por ano de diagnóstico e sexo. Ceará, 2000 a 2009....... 23

3 Distribuição dos valores Kappa e seus respectivos níveis de concordância.............. 43

4 Representação dos sextantes...................................................................................... 46

5 Utilização da sonda.................................................................................................... 46

6 Fluxograma da amostra.............................................................................................. 49

7 Frequência de pacientes sem HD, com possível HD, com HD e com HDO segun-do contagem de linfócitos T CD4 (cels/mm³) (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010).........................................................................................................................

56

8 Fotomicrografia de espécime de lesão de palato corado por PAS (400 X) mostran- do elementos leveduriformes característicos.............................................................

61

9 Fotomicrografia de espécime de lesão de lábio, coloração de Gomori-Grocott (400 X) mostrando leveduras de Histoplasma capsulatum.......................................

61

10 “Imprint” de lesão de gengiva corada pelo Giemsa (1000 X) mostrando Histoplasma capsulatum na forma de leveduras.......................................................

62

11 Colônia de Histoplasma capsulatum cultivada em agar Mycosel – fase filamentosa... 62

12 Histoplasmose oral: lesão ulcerada com crosta hemorrágica no lábio....................... 65

13 Histoplasmose oral: lesões granulomatosas, múltiplas, no palato............................. 65

14 Histoplasmose oral: lesão ulcerada na gengiva.......................................................... 66

15 Histoplasmose oral: lesão cicatrizante no dorso da língua após uso de antifúngico.. 66

16 Borda lateral da língua com hiperpigmentação (paciente com HD).......................... 67

17 Candidíase eritematosa (paciente com HD)............................................................... 67

18 Eritema gengival linear (paciente com HD)............................................................... 68

19 Lesão ulcerada com crosta hemorrágica em mucosa labial (paciente com possível HD).............................................................................................................................

68

20 Lesão ulcerada com crosta hemorrágica em mucosa labial (paciente com possível HD)............................................................................................................................

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21 Leucoplasia pilosa (paciente sem HD)...................................................................... 69

22 Frequência de alterações da mucosa oral segundo contagem de linfócitos T CD4 (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)....................................................................

70

23 Histoplasmose Disseminada: pequenas úlceras com bordas elevadas na face........... 71

24 Histoplasmose Disseminada: lesão com crosta hemorrágica na região perioral........ 71

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LISTA DE TABELAS

1 Número e incidência de casos de AIDS por faixa etária, no Ceará, em 2009.....................................................................................................................

24

2 Distribuição epidemiológica da histoplasmose no Brasil – padrão de reativida de intradérmica usando histoplasmina.....................................................................

31

3 Características sociodemográficas da amostra estudada (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010).................................................................................................

51

4 Descrição de fatores ambientais associados à histoplasmose disseminada (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)..............................................................

53

5 Descrição de fatores clínicos e laboratoriais relacionados à histoplasmose disseminada associada à aids (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)...............

55

6 Métodos de diagnóstico de pacientes com histoplasmose disseminada (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)........................................................................

57

7 Valores medianos dos exames laboratoriais realizados à admissão em pacientes com HD e sem HD (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)..............

58

8 Frequência das alterações da mucosa oral detectadas em pacientes com HD, sem HD e com possível HD no momento do exame clínico (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)........................................................................................

59

9 Análise descritiva das alterações da mucosa oral identificadas nos pacientes com HD, sem HD e com possível HD (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)...................................................................................................................

63

10 Descrição de queixas associadas à histoplasmose disseminada (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)...................................................................................

72

11 Análise da condição periodontal, por escore, em pacientes com HD e sem HD (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)..............................................................

73

12 Descrição da condição periodontal do número médio de sextantes afetados em relação ao diagnóstico de HD (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)..............

74

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (traduzida do Inglês)

ALT/TGP – Alanina Aminotransferase

AST/TGO – Aspartato Aminotransferase

CDC – Centers for Disease Control and Prevention

CMV – Citomegalovírus

CO – Candidíase Oral

CPI – Índice Periodontal Comunitário (traduzida do Inglês)

DST – Doença Sexualmente Transmissível

EBV – Epstein-Barr

GUN – Gengivite Ulcerativa Necrosante

HD – Histoplasmose Disseminada

HDO – Histoplasmose Disseminada Oral

HE – Hematoxilina-eosina

HHV-8 – Vírus Herpes Humano 8

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana (traduzida do Inglês)

HPV – Papiloma Vírus

HSH – Homens que fazem Sexo com Homens

HSJ – Hospital São José de Doenças Infecciosas

HUWC – Hospital Universitário Walter Cantídio

IV – Intravenoso

LDH – Desidrogenase Láctica

LP – Leucoplasia Pilosa

PAS – Ácido Periódico de Schiff (traduzida do Inglês)

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PID – Programa de Internação Domiciliar

PUN – Periodontite Ulcerativa Necrosante

SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SK – Sarcoma de Kaposi

TARV – Terapia Antiretroviral

UDI – Usuários de Drogas Injetáveis

UNAIDS – United Nations Programme on HIV/AIDS

VHS – Vírus Herpes Simples

VHZ – Vírus Herpes Zoster

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO …………………………………………………………………… 18

2 REVISÃO DE LITERATURA ……………………………………………..…... 20

2.1 Epidemiologia da Infecção HIV/Aids e Tendências Atuais........................... 20

2.2 História Natural da Infecção por HIV………....………………….................... 25

2.3 Manifestações Orais da Infecção por HIV…………………………................. 26

2.4 Histoplasmose Associada à Infecção por HIV……………………......….…... 28

2.4.1 Etiologia………………………………………………………………………..…… 28

2.4.2 Aspectos históricos……………………………………………………………….... 28

2.4.3 Patogenia……………………………………………………………….…………… 29

2.4.4 Epidemiologia…………………………………………………….…….…………... 30

2.4.4.1 Histoplasmose no Mundo......................................................................................... 30

2.4.4.2 Histoplasmose no Brasil........................................................................................... 31

2.4.4.3 Histoplasmose no Ceará............................................................................................ 33

2.4.5 Histoplasmose oral.................................................................................................... 33

2.4.5.1 Diagnóstico................................................................................................................. 35

2.4.5.2 Tratamento.................................................................................................................. 37

3 JUSTIFICATIVA …………………………………………………….…............... 38

4 OBJETIVOS………………………………………………………….…................ 39

4.1 Objetivo Geral…………………………………………….……………….……… 39

4.2 Objetivos Específicos…………………………………….……………….………. 39

5 METODOLOGIA ………………………………………………….….…………. 40

5.1 Tipo do Estudo…………………………………………………………..…............ 40

5.2 Local do Estudo…………………………………………………….……………... 40

5.3 População do Estudo………………………………………….......…......….……. 40

5.4 Amostra do Estudo………………………………………………….……………. 41

5.4.1 Critérios de inclusão……………………………………………….…….………… 41

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5.4.2 Critérios de exclusão…………………………………………………….…………. 41

5.4.3 Definição de paciente com histoplasmose disseminada........................................ 41

5.4.4 Definição de caso suspeito de histoplasmose disseminada................................... 41

5.5 Coleta de Dados…………………………................................................................. 42

5.5.1 Calibração do examinador…………………………………..……………………... 43

5.5.2 Método microbiológico de pesquisa de H. capsulatum (creme leucocitário)...... 44

5.6 Descrição das Variáveis……………………………………….…….............……. 44

5.7 Análise dos Dados……………………………………………….………................ 47

5.8 Aspectos Éticos……………………………………………………….…................. 48

6 RESULTADOS……………………………………………………..……………... 49

6.1 Características Sociodemográficas……………………………………………... 50

6.2 Características Ambientais e Comportamentais............................................... 52

6.3 Aspectos Clínicos e Laboratoriais relacionados à HD associada à aids........ 54

6.4 Métodos de Diagnóstico de Pacientes com Histoplasmose Disseminada....... 57

6.5 Exames Laboratoriais……………………………….………………...…………... 58

6.6 Alterações Clínicas da Mucosa Oral…………………………............................. 59

6.7 Queixas Associadas à Histoplasmose Disseminada……………….….............. 72

6.8 Análise das Variáveis Associadas à Condição Periodontal.............................. 73

6.9 Evolução....................................................................................................................... 75

7 DISCUSSÃO............................................................................................................... 76

8 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 84

9 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................. 85

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 86

APÊNDICES................................................................................................................................ 95

ANEXOS....................................................................................................................................... 102

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1 INTRODUÇÃO

As lesões orais estão fortemente associadas à síndrome da imunodeficiência

adquirida (aids), manifestação clínica grave e avançada da infecção pelo vírus da

imunodeficiência humana (HIV), que atinge o sistema imunológico causando a diminuição

progressiva da imunidade celular e o aparecimento de infecções oportunistas, neoplasias

secundárias e problemas neurológicos (COTRAN; KUMAR; COLLINS, 2000).

As infecções oportunistas são, na maioria das vezes, as principais causas de

morbidade e mortalidade na aids e acometem a cavidade oral, nas pessoas infectadas, em

algumas situações como os primeiros sinais da doença. O espectro das manifestações orais da

infecção por HIV inclui lesões por infecções fúngicas, bacterianas e virais, além de processos

neoplásicos e lesões de natureza desconhecida (PATTON et al., 2002).

Dentre as infecções fúngicas associadas com infecção por HIV, apresentando

manifestações na cavidade oral, encontra-se a histoplasmose disseminada (HD),

principalmente em áreas onde o fungo é endêmico (SAMARANAYAKE et al., 2002). Trata-

se de uma micose sistêmica causada por um fungo do solo, dimórfico, Histoplasma

capsulatum, que prolifera na forma miceliar à temperatura de 25°C em locais de solo úmido

rico em fezes de aves e de morcegos como cavernas, minas, galinheiros e casas abandonadas

(WANKE; LÁZERA, 2004).

Casos de histoplasmose foram relatados em mais de 60 países, sendo considerada

uma micose endêmica nos Estados Unidos, principalmente nos vales dos rios Ohio e

Mississipi, na América Latina, e em parte da Ásia e África (AJELLO, 1983; FLOR et al.,

2003). No Brasil, a infecção é encontrada em todo o país, com relatos de 25 microepidemias

nos seguintes Estados: Rio de Janeiro (15), Rio Grande do Sul (03), São Paulo (02), Distrito

Federal (01), Minas Gerais (01), Paraíba (01), Amazonas (01) e Bahia (01) (UNIS; ROESCH;

SEVERO, 2005).

No Estado do Ceará, estudos realizados no Hospital São José de Doenças

Infecciosas (HSJ) e Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) relataram presença

frequente de casos de histoplasmose disseminada associada com infecção por HIV/aids

(HOLLANDA et al., 1998; DE FRANCESCO et al., 2006; RAMOS, 2008).

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A histoplasmose tem emergido como uma importante complicação da aids. A

partir de 1987, todos os casos de indivíduos infectados por HIV com histoplasmose

extrapulmonar foram definidos como tendo aids, pelo Centers for Disease Control (CDC,

1987). Noventa e cinco por cento dos casos de histoplasmose em pessoas vivendo com aids

aparecem na forma disseminada e as manifestações surgem em diferentes órgãos tais como a

pleura, fígado, linfonodos, trato gastrointestinal, sistema nervoso central, rins e mucosa oral

(WHEAT, 1995).

A incidência de lesões orais específicas nos casos de histoplasmose disseminada,

nas áreas endêmicas, varia de 1,4% a 66%, segundo Wheat et al. (1990) e Casariego et al.

(1997), sendo por vezes o primeiro sinal da doença na forma disseminada (FERREIRA et al.,

2002; EPIFANIO; BRANNON; MUZYKA, 2007).

O reconhecimento das manifestações orais associadas à infecção por HIV,

relacionadas com o quadro sistêmico do paciente, pode trazer informações importantes para

um diagnóstico rápido da histoplasmose em pacientes com aids.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Epidemiologia da Infecção HIV/aids e Tendências Atuais

A aids foi reconhecida oficialmente como doença em 1981 pelo CDC -

Considerada atualmente uma grave pandemia vive o final de sua terceira década e constitui

um importante problema de saúde universal, afetando tanto países desenvolvidos como em

desenvolvimento. A prevalência e incidência de HIV/aids variam consideravelmente de

continente para continente, de país para país, e de região para região (LEÃO et al., 2009).

Dados epidemiológicos do United Nations Programme on HIV/aids (UNAIDS,

2009) mostram que o número de pessoas vivendo com HIV em todo o mundo continuou a

crescer em 2008 atingindo em torno de 33,4 milhões. O número total de pessoas vivendo com

o vírus em 2008 foi de mais de 20%, superior ao número em 2000, com uma prevalência de

cerca de três vezes maior do que em 1990. Deste número, apenas 1,6 milhão vive em países

de alta renda; mais de 95% de pessoas infectadas estão em países de baixa renda

(LEÃO et al., 2009).

Estima-se que em 2008 ocorreram 2,7 milhões de novas infecções, o que

corresponde a 30% menos do que em 1996, quando foram registrados 3,5 milhões de novas

infecções. Este fato é justificado pela diminuição no número de novos casos em determinados

países; todavia, essas tendências favoráveis não são percebidas de igual maneira em outros

países (UNAIDS, 2009).

A África Subsaariana continua sendo a região mais afetada, com

aproximadamente 67% do total mundial de pessoas vivendo com HIV/aids, embora a

epidemia mostre estabilização ou início de declínio em alguns países (UNAIDS, 2009).

Mudanças no curso da epidemia foram sentidas ao longo dos anos. Ainda que

inicialmente concentrada entre homens que fazem sexo com homens (HSH), a epidemia se

disseminou entre heterossexuais e atingiu a população em geral, com um número crescente de

mulheres infectadas (UNAIDS, 2009).

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Com referência aos modos de transmissão mais prevalentes evidenciam-se

padrões distintos: na África Subsaariana, predomina a transmissão heterossexual, mas,

estudos recentes sugerem que o sexo desprotegido entre HSH é provavelmente o fator mais

importante na epidemia por HIV. No Caribe, é predominante a via de transmissão

heterossexual, principalmente entre trabalhadores do sexo; no Leste Europeu, prevalece a

categoria dos usuários de drogas injetáveis (UDI); na Ásia, embora a epidemia seja bem

concentrada entre a população que faz sexo comercial sem proteção, o risco tem aumentado

entre os UDI e HSH. Na América Latina, a transmissão entre HSH é a mais registrada,

contudo, observa-se aumento na via de transmissão heterossexual, principalmente em virtude

de alguns relatos de HSH que também se relacionam com mulheres (UNAIDS, 2009).

No Brasil, de 1980 a junho de 2009, foi identificado um total de 544.846 casos de

aids, com uma média em torno de 35.000 novos casos por ano. Nos últimos anos, a taxa de

incidência tem mostrado tendência à estabilização, porém em níveis altos: em 2008, atingiu

18,2 por cem mil habitantes. Segundo parâmetros internacionais, o País apresenta uma

epidemia concentrada, com taxa de prevalência estabilizada em 0,6% desde o ano de 2004,

sendo 0,4% entre as mulheres e 0,8% entre os homens (BRASIL, 2009).

O País segue a mesma dinâmica epidemiológica da aids no mundo em relação ao

sexo, categoria de exposição e nível socioeconômico. A razão de sexo (Masculino/Feminino)

em 1986 era de 15,1:1, diminuindo para 1,5:1 e estabilizando-se nesse patamar, a partir de

2002 (BRASIL, 2009).

Nos primeiros anos da epidemia a maior parte dos casos era observada no

segmento de HSH, posteriormente, houve um decréscimo nessa categoria e ocorreu um

acréscimo nas outras categorias de exposição. Todavia, nos últimos anos, HSH e UDI

masculinos continuam apresentando risco maior do que na população em geral, com taxas de

incidência em torno de 15 vezes maior do que os heterossexuais (BARBOSA JR. et al.,

2009).

Com menor aumento relativo nos grandes centros urbanos (onde a epidemia

começou), observa-se aumento do número de casos em cidades com menos de 50 mil

habitantes e entre os segmentos da população com menores renda e nível de escolaridade

(FONSECA; SZWARCWALD; BASTOS, 2002).

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Atualmente 87% dos municípios brasileiros apresentam pelo menos um caso de

aids, o que demonstra crescimento no número de casos, quando se compara com 1998, em

que o número de municípios com pelo menos um caso de aids era de apenas 57,5% (BRASIL,

2009).

Fonte: BRASIL, 2009.

Figura 1 – Municípios com pelo menos um caso de aids por período de diagnóstico. Brasil, 1980-1994 e 2005-2009.

Comparando-se 1998 e 2008 nos municípios com menos de 50.000 habitantes a

taxa de incidência passou de 4,6 casos para 8,3 casos por cem mil habitantes, fato esse

comprovado nas regiões Sul e Sudeste. Todavia, nas regiões Norte e Nordeste, quando se

compara 1998 com 2008, ocorre um aumento da taxa de incidência tanto nos grandes

municípios quanto nos pequenos (BRASIL, 2009).

Para ambos os sexos, Pottes et al. (2007) apontam um aumento gradual no

número de casos em indivíduos acima de 50 anos de idade, com predomínio entre as pessoas

de mais baixa escolaridade e via de transmissão heterossexual.

No Estado do Ceará o primeiro registro de aids data de 1983. Até abril de 2010,

9.249 casos haviam sido notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação

(SINAN). O maior número de casos foi registrado em 2004 com uma taxa de incidência de

9,6 por cem mil habitantes (Figura 2) (CEARÁ, 2010).

1980-1994 2005-2009

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Figura 2 – Taxa de incidência de aids por ano de diagnóstico e sexo. Ceará, 2000 a 2009.

Setenta por cento (6.511) dos casos notificados ocorreram no sexo masculino e

30% (2.738) foram registrados no sexo feminino. A razão de sexo, que era de 11 homens para

uma mulher no início da epidemia, em 1986, declinou progressivamente para 1,9 homens para

cada mulher em 2005 (CEARÁ, 2010).

Fortaleza concentra 62,3% do total de casos, embora casos de aids já tenham sido

notificados em 175 dos 184 municípios cearenses (CEARÁ, 2010).

As faixas etárias de 30-39 e 40-49 anos respectivamente, apresentam as maiores

taxas de incidência (Tabela 1) (CEARÁ, 2010). Tem-se observado também um aumento de

casos em menores de 13 anos de idade, devido à transmissão vertical, em consequência do

crescimento da aids em mulheres na idade reprodutiva (CEARÁ, 2010).

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Tabela 1 – Número e incidência de casos de aids por faixa etária, no Ceará, em 2009*

Faixa Etária Nº de casos Incidência por 100.000 hab

1 – 4 5 0,79

5 – 9 4 0,48

10 – 14 1 0,12

15 – 19 9 1,06

20 – 29 93 5,68

30 – 39 134 11,1

40 – 49 117 11,98

50 acima 37 2,55

Total 400 4,7

Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN. * Dados sujeitos à revisão.

Mudanças foram observadas também no perfil de morbi-mortalidade da infecção

por HIV/aids como resultado do amplo acesso à terapia antirretroviral (TARV), disponível no

Brasil a partir de 1996. É evidente a eficácia dos novos regimes terapêuticos na redução da

carga viral de HIV para níveis indetectáveis, possibilitando um aumento na sobrevida e

melhora na qualidade de vida das pessoas infectadas (BONOLO; GOMES; GUIMARÃES,

2007).

Desde a introdução da terapia antirretroviral há relatos de significante redução na

frequência de muitos eventos secundários devido à infecção por HIV, notadamente certas

infecções oportunistas, embora outras manifestações tenham começado a surgir. Esta redução

tem ocorrido também em algumas lesões orais oportunistas, porém com aumento de outras,

tais como doença de glândulas salivares e lesões papilomatosas (PATTON et al., 2000;

GREENSPAN; GREENSPAN, 2002).

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2.2 História Natural da Infecção por HIV

A história natural da infecção por HIV pode ser compreendida a partir das

seguintes etapas: transmissão viral, infecção primária, infecção crônica assintomática,

infecção sintomática e infecção avançada (DEPAOLA, 2000).

A transmissão viral ocorre a partir de relação sexual desprotegida, inoculação de

sangue e derivados contaminados e transmissão da mãe infectada para o concepto, que pode

ocorrer durante a gestação, no momento do parto ou no aleitamento (LEÃO et al., 2009).

Para infectar as células do sistema imune o agente (HIV) une-se por meio da

ligação da proteína gp120 à molécula CD4, que funciona como um receptor e é encontrada

em linfócitos T auxiliares, macrófagos, células de Langerhans e em células dendríticas. Após

a fusão com as células alvo os vírus migram em dois dias para os linfonodos regionais,

iniciam a replicação viral e, em cinco dias, são liberados na corrente sanguínea,

disseminando-se para vários órgãos e outros linfonodos, causando a infecção primária ou

aguda. Cinqüenta a setenta por cento dos pacientes desenvolvem a chamada síndrome de

soroconversão. O início dos sintomas está associado a um aumento da viremia plasmática, que

pode caracterizar-se por manifestações clínicas semelhantes a uma síndrome gripal ou a um

quadro de mononucleose infecciosa, como febre, cefaleia, linfadenopatia, astenia, mialgia e

dor retro-orbicular, que podem durar de duas a quatro semanas (DEPAOLA, 2000).

Após a infecção aguda, o equilíbrio entre a replicação viral e a resposta imune do

hospedeiro é alcançado e muitos indivíduos infectados podem não apresentar manifestações

clínicas da infecção por HIV por anos: é a fase assintomática da infecção. Este período de

latência clínica pode durar de 10 a 12 anos. Nessa etapa, continua ocorrendo a replicação viral

e gradual deterioração do sistema imunológico, expressa por redução progressiva dos

linfócitos T CD4. Ao final desta fase, o sistema imune começa a evidenciar a sua fragilidade

frente ao vírus e aparecem sintomas constitucionais como febre e diarreia seguidas de

infecções oportunistas, caracterizando o início da infecção sintomática (LEÃO et al., 2009). O

comprometimento do sistema imune circulante reflete-se também na imunidade celular da

mucosa oral, tornando-a susceptível a uma ampla variedade de manifestações oportunistas

(PATTON et al., 2002).

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2.3 Manifestações Orais da Infecção por HIV

Desde o início da epidemia de HIV/aids, as manifestações orais estão entre os

primeiros e mais importantes indicadores da infecção. Relatos epidemiológicos ressaltam as

manifestações orais como marcadores da progressão da doença e preditivos para o aumento da

imunossupressão (GREENSPAN; GREENSPAN, 2002; COOGAN; GREENSPAN;

CHALLACOMBE, 2005).

Em 1993, um esquema de classificação das manifestações orais associadas com a

infecção por HIV e os seus critérios de diagnóstico foi proposto, listando as lesões em três

grupos, de acordo com a intensidade com que se apresentam nesta associação. O grupo I

consiste de lesões orais que estão fortemente associadas com infecção por HIV, como a

candidíase (pseudomembranosa e eritematosa), leucoplasia pilosa (LP), sarcoma de Kaposi

(SK), linfoma não Hodgkin e as seguintes doenças periodontais: gengivite ulcerativa

necrosante (GUN), periodontite ulcerativa necrosante (PUN) e eritema gengival linear; no

grupo II estão as lesões menos comumente associadas com infecção por HIV que incluem

infecções bacterianas (Mycobacterium avium-intracellulare e Mycobacterium tuberculosis),

ulcerações atípicas, doenças de glândulas salivares, hiperpigmentação melânica, púrpura

trombocitopênica e infecções virais tais como herpes simples (VHS), herpes zoster (VHZ) e

papiloma vírus (HPV). O grupo III inclui lesões ocasionalmente vistas na infecção por HIV

como as infecções virais causadas por citomegalovírus (CMV) e o molusco contagioso,

estomatites aftosas recorrentes, infecções bacterianas (Actinomyces israelli, Escherichia coli e

Klebsiella pneumoniae) e infecções fúngicas por Cryptococcus neoformans, Aspergillus

flavus, Mucoraceae e Histoplasma capsulatum entre outras (EC-CLEARINGHOUSE, 1993).

Segundo Greenspan e Greenspan (2002), a descrição acima tem sido confirmada

pelas inúmeras pesquisas sobre manifestações orais na população acometida por HIV,

entretanto a freqüência e a forma clínica com que elas se apresentam, sofre variações em

função de fatores sócio-econômico-culturais e geográficos.

Após a introdução da terapia antirretroviral foi observado um decréscimo da

prevalência total de lesões orais e uma forte associação da presença destas com valores de

linfócitos T CD4 menor que 200 cels/mm³ e de carga viral acima de 3.000 cópias/ml

(TAPPUNI; FLEMING, 2002).

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A candidíase causada pela Cândida albicans é a manifestação oral mais

prevalente, ocorrendo em 75% dos pacientes infectados por HIV. Entre adultos, a candidíase

oral (CO), nas formas pseudomembranosa e eritematosa, é a infecção oportunista fúngica

mais comum em soropositivos, com relatos em todos os continentes, estando associada com a

evolução do grau de imunossupressão. Trabalhos de revisão da literatura mostraram que a

forma pseudomembranosa é a mais freqüente tanto nos países desenvolvidos como em países

em desenvolvimento (PATTON et al., 2002; RANGANATHAN; HEMALATHA, 2006).

A leucoplasia pilosa é a segunda manifestação oral mais comum e as lesões estão

localizadas preferencialmente na borda da língua. Sua etiologia é incerta, embora o vírus

Epstein-Barr (EBV) seja citado como possível agente (GREENSPAN; GREENSPAN;

CONANT, 1984). Apesar de não estar claramente associada ao número de CD4, a LP é

considerada como um marcador importante para progressão da doença, com prevalência

menor entre as mulheres (PATTON et al., 2002).

Estudo realizado em adultos infectados por HIV, na cidade de São Francisco,

Califórnia, mostrou que aqueles que apresentaram candidíase oral e/ou leucoplasia pilosa no

exame inicial desenvolveram aids mais rapidamente do que aqueles que não apresentavam

quaisquer manifestações na mucosa oral (GREENSPAN; GREENSPAN, 2002).

O sarcoma de Kaposi representa a neoplasia maligna de maior incidência e tem

como agente causal o vírus herpes humano 8 (HHV-8). As lesões são caracterizadas como

maculares, verrucosas ou papulares, são avermelhadas ou purpúreas, com predomínio na

gengiva e palato. É mais comumente encontrado em HSH, apresentando valores de

prevalência variando de acordo com a região do mundo e a população estudada (PATTON et

al., 2002). Estudos realizados na Índia e Tailândia, onde a via de contaminação predominante

é por relação sexual heterossexual, não registraram casos de SK (HOLMES; STEPHEN,

2002). Em países da África e América Latina o SK tem sido detectado, provavelmente devido

à presença endêmica de HHV-8 (RANGANATHAN; HEMALATHA, 2006).

As doenças periodontais associadas à infecção por HIV incluem gengivite

ulcerativa necrosante, periodontite ulcerativa necrosante e eritema gengival linear e são mais

comuns em pessoas que vivem em países em desenvolvimento. Embora aspectos

imunossupressores da infecção por HIV sejam citados como causa dessas manifestações,

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outros fatores de risco tais como má nutrição, deficiente higiene oral e tabagismo podem

explicar o aumento da prevalência destas manifestações entre pessoas infectadas

(LEÃO et al., 2009).

Dentre as infecções fúngicas citadas no grupo III, está a histoplasmose oral que se

manifesta em pessoas infectadas por HIV, em regiões onde o fungo é endêmico,

principalmente no estágio avançado da infecção, com contagem de linfócitos T CD4

significativamente baixa e com manifestações clínicas diversas (COUPPIÉ et al., 2002).

2.4 Histoplasmose Associada à Infecção por HIV

2.4.1 Etiologia

Histoplasmose designa duas micoses sistêmicas causadas por variedades distintas

de Histoplasma capsulatum, responsáveis pela infecção em humanos: a) capsulatum, de

distribuição universal é responsável pela histoplasmose clássica ou doença de Darling e b)

duboisii, agente da infecção no continente africano. Ambas são semelhantes na forma

saprófita (miceliar), porém diferentes no seu aspecto parasitário (AJELLO, 1983). Outra

variedade deste microorganismo é Histoplasma var. farciminosum agente da linfangite

epizoótica dos equídeos (WANKE; LÁZERA, 2004).

Histoplasma capsulatum é um fungo geofílico, que cresce à temperatura ambiente

sob a forma filamentosa. A fase parasitária se expressa à temperatura corporal (37ºC) na

forma de leveduras, que é a forma na qual se apresentam nos tecidos. Esta transição dimórfica

é de particular importância, visto que é necessária para a manifestação da sua virulência

(REYES-MONTES et al., 2000).

2.4.2 Aspectos históricos

A histoplasmose clássica foi descoberta em 1904 por Samuel Taylor Darling ao

necropsiar um homem proveniente da Martinica, no qual encontrou parasitas intracelulares,

que denominou Histoplasma capsulatum, pensando tratar-se de protozoário. Dois anos

depois, Darling estudou mais dois casos fatais da nova doença, um em outro homem negro da

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Martinica e o outro em um chinês que vivia no Panamá há 15 anos. O quarto caso de

histoplasmose documentado, e o primeiro nos Estados Unidos, foi detectado em Minnesota

em 1926 por Riley e Watson (KWON-CHUNG; BENNET, 1992).

Em 1912, Rocha Lima, pesquisador brasileiro em Hamburgo, demonstrou que o

microorganismo descoberto por Darling tratava-se de um fungo. Dodd e Tompkins, em 1934,

examinando uma criança diagnosticaram, pela primeira vez, histoplasmose em uma pessoa

viva. A partir de material da autópsia desse caso, De Monbreun conseguiu o primeiro cultivo

do parasita sob a forma filamentosa, comprovou o dimorfismo do fungo e concluiu que a

forma saprófita deveria existir provavelmente na natureza. Todavia, somente em 1949,

Emmons isolou Histoplasma capsulatum do solo em amostras de terra coletadas de um

galinheiro. Diante dessa descoberta, vários pesquisadores demonstraram o isolamento do

fungo sempre em solos adubados com dejetos de aves ou de morcegos (KWON-CHUNG;

BENNET, 1992).

2.4.3 Patogenia

O contágio ocorre através da inalação de esporos do fungo, que uma vez

instalados nos alvéolos pulmonares, são fagocitados por macrófagos, passando para a forma

de leveduras à temperatura corporal (37ºC). No interior dos macrófagos as leveduras se

multiplicam, chegando por via linfática aos linfonodos hilares e, posteriormente podendo

alcançar os gânglios mediastínicos, corrente sanguínea e disseminar-se para vários órgãos

ricos em sistema monocítico-histiocitário como fígado, baço e medula óssea (FLOR et al.,

2003).

A histoplasmose não é transmitida de pessoa para pessoa ou de animais para

humanos. Exceto por inoculação traumática em laboratório ou no campo, todas as infecções

resultam da inalação de microconídios da fase filamentosa de H. capsulatum (AJELLO,

1983).

Casos de reinfecção podem ocorrer em pacientes com histoplasmose prévia,

quando submetidos a um grande inóculo de conídios, todavia, com menor gravidade em

função da imunidade residual induzida pela primeira infecção (WHEAT; KAUFFMAN,

2003).

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Clinicamente, a histoplasmose se apresenta como quatro formas básicas: infecção

assintomática, estimada em 90 a 95% de todos os casos; histoplasmose pulmonar aguda,

pulmonar crônica e histoplasmose disseminada (progressiva ou crônica), dependendo do

estado imune do hospedeiro, quantidade de esporos inalados e a presença de envolvimento

intra ou extrapulmonar (AJELLO, 1983; WHEAT; KAUFFMAN, 2003).

Em indivíduos imunocompetentes, a infecção é assintomática e quando há doença,

é autolimitada; a doença disseminada ocorre, em geral, em idades extremas (lactentes e

idosos) e em pessoas imunodeprimidas, particularmente aquelas com aids, devido à severa

deterioração da imunidade celular (WHEAT, 1995; NEGRONI et al., 2004). Nestas, a

histoplasmose representa provavelmente uma reativação de focos latentes de infecção

pulmonar ou, aquisição exógena, ocasionada pela condição de imunodepressão (WHEAT,

1995).

2.4.4 Epidemiologia

2.4.4.1 Histoplasmose no Mundo

Atualmente, a histoplasmose possui distribuição mundial, tendo sido

diagnosticada em todos os continentes. Ocorre em graus variados de prevalência e incidência,

sendo endêmica em áreas da América do Norte, Caribe, África, Sudeste da Ásia e América

Latina (WHEAT, 1995).

Nos Estados Unidos, a histoplasmose é a micose mais comum em pessoas com

aids, ocorrendo em até 5% destas nas áreas endêmicas, e em acima de 25% em cidades de alta

endemicidade, como Indianápolis, Kansas City, Menphis e Nashville. Em regiões não

endêmicas a histoplasmose ocorre em menos de 1% das pessoas (WHEAT, 1995).

Segundo Negroni et al. (2004), na Argentina, a histoplasmose é a segunda micose

sistêmica, potencialmente fatal, associada à aids, ocorrendo em 4% das pessoas infectadas por

HIV. Uma análise realizada no ano de 2000, no Hospital Francisco Javier Muniz, onde são

atendidas pessoas de baixo nível socioeconômico e cultural, comprovou que a incidência de

histoplasmose em pacientes infectados por HIV está entre 40 a 50 novos casos por ano.

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Gutierrez et al. (2005) comprovaram incidência de 7,6% de histoplasmose

associada à aids em estudo realizado em pacientes de um hospital na cidade do Panamá. Para

os autores a histoplasmose é comum e grave entre os pacientes com aids naquele hospital,

sendo frequentemente a primeira manifestação da doença.

2.4.4.2 Histoplasmose no Brasil

Inquéritos epidemiológicos realizados no Brasil, usando como referência o teste

cutâneo com a histoplasmina, detectaram variados índices de positividade (Tabela 2).

Tabela 2 – Distribuição epidemiológica da histoplasmose no Brasil – padrão de reatividade intradérmica usando histoplasmina

Regiões Porcentagem de reação positiva

Norte 12,8-43,4

Nordeste 2,6-29,8

Centro-Oeste 4,4-63,1

Sudeste 3,0-93,2

Sul 6,3-16,0

Fonte: GUIMARÃES; NOSANCHUK; ZANCOPÉ-OLIVEIRA, 2006.

As regiões Centro-Oeste e Sudeste são consideradas áreas endêmicas com uma

prevalência atingindo níveis de 4,4% a 63,1% e 3,0% a 93,2%, respectivamente. Nesse estudo

os índices de prevalência na região Nordeste variaram entre 2,6% e 29,8% (GUIMARÃES;

NOSANCHUCK; ZANCOPÉ-OLIVEIRA, 2006). Todavia, um inquérito epidemiológico

realizado em 1988, entre 138 moradores de Pereiro, município do Estado do Ceará,

considerou como de 61,5% a taxa de prevalência da histoplasmose-infecção (DIÓGENES

et al., 1990).

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Desde a década de 80, a presença de histoplasmose como infecção oportunista em

pessoas infectadas por HIV tem sido documentada no Brasil (SEVERO et al., 2001).

No Estado do Rio Grande do Sul, vários estudos têm registrado a presença de

histoplasmose associada à infecção por HIV. No período de 1986 a 1992, nos serviços de

infectologia de um hospital em Porto Alegre foram diagnosticados 25 casos de histoplasmose

disseminada em pessoas com aids, seis (24%) delas apresentando lesão em orofaringe

(ROCHA; SEVERO, 1994). Outro estudo realizado durante 21 anos, de 1978 a 1999,

detectou histoplasmose disseminada em 92 pacientes dos quais 65 com infecção por HIV e 13

(20%) deles com lesão em orofaringe (SEVERO et al., 2001). De 111 casos de histoplasmose

disseminada revisados retrospectivamente entre 1977 e 2002, a aids foi a doença

predisponente em 70 pacientes; destes, 10 (14,3%) pacientes apresentaram lesão em

orofaringe (UNIS; OLIVEIRA; SEVERO, 2004).

No período de janeiro de 1985 a dezembro de 1995, foram atendidos no Hospital

das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia 18 casos de histoplasmose disseminada,

sendo 17 destes em pacientes infectados por HIV, dos quais três (16,6%) apresentaram lesão

ulcerada em mucosa oral (BORGES et al., 1997).

Histoplasmose disseminada foi detectada em 36 pacientes com infecção por HIV

de um total de 74 doentes de histoplasmose, no período de julho de 1987 a dezembro de 2003,

no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas/FIOCRUZ, RJ (LEIMANN et al., 2005).

Casotti et al. (2006) realizaram estudo retrospectivo de 12 casos de histoplasmose

associada à aids no Hospital Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo, de

junho de 1999 a maio de 2001. A frequência de histoplasmose entre pacientes soropositivos

foi de 2,1%, durante o período da pesquisa. Em todos os casos, histoplasmose foi a primeira

infecção oportunista e, em 10 pacientes, ela se manifestou na forma disseminada.

Chang et al. (2007) estudaram 30 casos de histoplasmose, no Hospital

Universitário da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul de janeiro de 1998 a dezembro

de 2005. Vinte e cinco (83,3%) pacientes apresentaram a forma disseminada associada à aids

e, em dois doentes, ocorreu envolvimento da mucosa gástrica. Doze pacientes evoluíram para

o óbito.

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2.4.4.3 Histoplasmose no Ceará

No ano de 1997 foram diagnosticados 26 pacientes com aids e histoplamose

disseminada no Hospital São José de Doenças Infecciosas, centro de referência para aids do

Estado do Ceará. A histoplasmose disseminada foi a primeira infecção oportunista em metade

dos pacientes, 17 evoluíram para o óbito durante um período médio de 7,23 dias após o

diagnóstico (HOLANDA et al., 1998).

De Francesco et al. (2006), em estudo retrospectivo, entre janeiro de 1995 a

janeiro de 2004, nos hospitais São José de Doenças Infecciosas e Hospital Universitário

Walter Cantídio, diagnosticaram histoplasmose disseminada em 164 pacientes, destes 32

foram a óbito.

Entre janeiro de 2006 a janeiro de 2007, em hospital de referência de Fortaleza

(HSJ), foram detectados 48 casos de histoplasmose disseminada, com dois (4%) pacientes

apresentando lesões na mucosa oral. Do total de casos, cinco evoluíram para o óbito

(RAMOS, 2008).

Silva Leitão et al. (2007), estudando uma série histórica de doenças febris

definidora de aids de 1990 a 2006, identificaram que histoplasmose disseminada foi a segunda

doença febril definidora de aids mais notificada em pacientes infectados por HIV atendidos

em Fortaleza.

2.4.5 Histoplasmose oral

Manifestações orais da histoplasmose aparecem quase que exclusivamente na

forma disseminada da doença, particularmente associada à infecção por HIV, algumas vezes

como o primeiro sinal da doença (SCULLY; PAES DE ALMEIDA, 1992; CHINN et al.,

1995; HERNÁNDEZ et al., 2004).

Segundo dados da literatura, a ocorrência do envolvimento da mucosa oral na

histoplasmose disseminada associada à aids varia de 1,4% a 66% (WHEAT et al., 1990;

ROCHA; SEVERO, 1994; CASARIEGO et al., 1997; COUPPIÉ et al., 2002).

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Um estudo retrospectivo realizado por Casariego et al. (1997) com 876 indivíduos

soropositivos, entre março de 1988 a novembro de 1995, em um hospital de Buenos Aires

identificou 32 pacientes com aids e HD, destes, 21 apresentaram manifestações orais.

Para descrever a prevalência de manifestações orais em pacientes com

histoplasmose e comparar o perfil clínicopatológico destas manifestações em pacientes

soropositivos e negativos Hernández et al. (2004) realizaram um estudo comparativo, em dois

serviços de uma área endêmica da Argentina entre 1991 e 2002. Foram examinados 733

pacientes HIV-positivo (grupo A) e 14.260 pacientes HIV-negativo (grupo B), confirmando

presença de manifestações orais em 21 (3%) e 10 (0,07%) dos grupos A e B, respectivamente.

Esse estudo comprova que casos de histoplasmose com envolvimento oral são mais raros em

pacientes imunocompetentes (MIGNOGNA, 2001).

Entre 1981 e 1998, em Cayenne, Guiana Francesa, foi realizado um estudo

retrospectivo com pacientes apresentando aids e HD. De um total de 69 pacientes, sete

apresentaram lesões orais; a média da contagem de linfócitos T CD4 no momento do

diagnóstico foi de 57,9 cels/mm³ para todos os casos de HD (COUPPIÉ et al., 2002).

No Brasil, são poucos os levantamentos epidemiológicos da associação

aids/histoplasmose no que se refere às manifestações na mucosa oral, de acordo com pesquisa

realizada nas bases de dados Portal Capes, Lilacs, Scielo e Pubmed. Dentre os trabalhos

publicados encontra-se um estudo retrospectivo realizado no Hospital de Base da Faculdade

de Medicina de São José do Rio Preto, no qual a análise histopatológica e imunohistoquímica

de 25 biópsias de pacientes com aids e histoplasmose evidenciou lesões na mucosa oral em

sete dos 25 pacientes (D’ÁVILA; CHAPADEIRO, 1998).

Outro estudo foi realizado no Hospital Universitário de Uberlândia, no período de

1987 a 2000. Ferreira et al. (2002) encontraram manifestações orais em 10 pacientes com

histoplasmose, de um total de 44 casos tratados; as lesões orais foram a primeira manifestação

da aids em sete pacientes, confirmando observações já descritas na literatura (CASARIEGO

et al., 1997).

As regiões mais comumente afetadas são: lábios, palato, língua, gengiva e mucosa

jugal, podendo, às vezes, envolver septo nasal, faringe e laringe. As lesões orais podem

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apresentar-se como lesão única ou múltiplas lesões e com diferentes apresentações clínicas:

lesões ulceradas com bordas elevadas endurecidas e recobertas por pseudomembranas, lesões

granulares eritematosas e lesões com crostas hemorrágicas; na maioria das vezes são

dolorosas e o paciente pode apresentar odinofagia, disfagia e disfonia,

(ECONOMOPOULOU; LASKARIS; KITTAS, 1998; FERREIRA et al., 2002; VALLE

et al., 2006; PSEUDOS; TANOWITZ, 2008).

Essas lesões podem ser confundidas com diferentes lesões ulceradas, com outras

micoses profundas e também com neoplasias malignas, quando as úlceras apresentam-se com

bordas elevadas e firmes (ALCURE et al., 2006; EPIFANIO; BRANNON; MUZYKA, 2007).

Histologicamente, as lesões orais são do tipo macrofágico difuso e granulomatoso,

com maior freqüência do primeiro, podendo, às vezes, apresentar células gigantes

multinucleadas (HEINIC et al., 1992; WARNAKULASURIYA et al., 1997; D’AVILA;

CHAPADEIRO, 1998; FERREIRA et al., 2002).

2.4.5.1 Diagnóstico

Uma variedade de testes laboratoriais é usada para o diagnóstico de

histoplasmose, incluindo cultura; identificação do fungo por coloração no escarro, sangue

periférico, medula óssea e em biópsia de tecidos infectados; detecção de antígenos e testes

sorológicos para anticorpos (WHEAT; KAUFFMAN, 2003).

Na presença de lesões, a biópsia e a citologia esfoliativa são recomendadas para

identificação do fungo que é feita a partir da coloração do material pelos métodos de Gomori-

Grocott (metenamina-prata), Periodic Acid-Schiff (PAS) e Giemsa que permitem evidenciar

elementos leveduriformes de H. capsulatum (NITTAYANANTA et al., 1997; EPIFANIO;

BRANNON; MUZYKA, 2007). Trata-se de um método simples, prático e econômico de

diagnóstico rápido, porém demanda muita atenção do patologista, pois o fungo pode ser

confundido com Cândida glabrata e Penicillium marneffei (COUPPIÉ et al., 2006).

O diagnóstico definitivo requer o isolamento de H. capsulatum através da cultura,

cuja sensibilidade varia em torno de 80% a 85%. O crescimento do fungo pode demorar de

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uma a 12 semanas, tornando-se juntamente com os falso-negativos, fatores limitantes desse

método de diagnóstico (WHEAT, 1995).

O resultado positivo do exame direto feito em lesões orais facilita o diagnóstico

da histoplasmose nas formas extrapulmonares, possibilitando assim maior rapidez no início

do tratamento (COUPPIÉ et al., 2006).

Os testes sorológicos padrões para anticorpos contra Histoplasma capsulatum são

fixação de complemento e imunodifusão, que apresentam positividade em cerca de 80% dos

pacientes com histoplasmose disseminada. A fixação de complemento é mais sensível, porém

menos específica do que a imunodifusão. Algumas limitações desses testes, no entanto,

devem ser reconhecidas: diminuição da sensibilidade em pacientes imunossuprimidos,

necessidade de duas a três semanas para produção de anticorpos e presença de falso-positivo

como resultado de uma infecção primária, sugerindo histoplasmose ativa em pacientes com

outras doenças, visto que os anticorpos específicos contra H. capsulatum permanecem altos

por longo período após a infecção aguda (WHEAT; KAUFFMAN, 2003). Em pacientes

imunocomprometidos que apresentam diminuição da sensibilidade é utilizada a técnica de

detecção de antígenos que permite um rápido diagnóstico de HD em pacientes com aids

(WHEAT, 1995). Infelizmente, os testes sorológicos são muito caros não sendo

universalmente acessíveis (COUPPIÉ et al., 2006).

No Hospital São José, o diagnóstico de HD por meio de pesquisa do fungo no

creme leucocitário demonstrou uma sensibilidade de 57% e especificidade de 100%, devendo

ser seguida de cultura para aumentar a detecção dos casos suspeitos de histoplasmose

(HOLLANDA et al., 1998).

Estudo realizado por De Francesco et al. (2007) em hospital de referência para

portadores de aids em Fortaleza, diagnosticou HD por meio de pesquisa direta de aspirado de

medula óssea em 81% dos casos e, em 79,5%, o diagnóstico foi feito por pesquisa direta em

creme leucocitário. Cultura de aspirado de medula óssea foi o método utilizado em 47,8% dos

casos e, em 57,9%, o diagnóstico foi dado por exame histopatológico de diversos tecidos.

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2.4.5.2 Tratamento

O tratamento de escolha para histoplasmose depende da gravidade da doença. Nos

casos de doença leve a moderada ou formas localizadas, Itraconazol oral (200 a 400mg/dia) é

bem efetivo. A Anfotericina B lipossomal (3mg/Kg/dia) é o fármaco recomendado nos casos

de doença grave. Para pacientes com baixo risco para nefrotoxicidade, a Anfotericina B

deoxicolato é alternativa às preparações lipídicas (WHEAT et al., 2007).

Embora agentes antifúngicos com menor toxicidade, como o Itraconazol oral,

sejam utilizados, a resposta é lenta e um maior número de recaídas é observado quando

comparadas ao tratamento com a Anfotericina B (CHINN et al., 1995; EPIFÂNIO;

BRANNON; MUZYKA, 2007).

Ferreira et al. (2002) relataram remissão clínica de lesões orais em cerca de 30

dias após o uso da Anfotericina B. No entanto, há registro de casos nos quais as lesões orais

persistiram por mais de cinco meses apesar do tratamento (CHINN et al., 1995).

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3 JUSTIFICATIVA

Atualmente, a aids contribui para o aumento da incidência de histoplasmose

disseminada com frequente envolvimento da mucosa oral nas áreas endêmicas. Dados da

literatura informam que nestas áreas manifestações orais ocorrem em 30 a 50% dos pacientes

com HD. No Brasil, são escassos os dados disponíveis acerca destas manifestações.

O conhecimento das manifestações orais da histoplasmose pode contribuir para o

reconhecimento mais rápido dessa grave infecção fúngica. A identificação da infecção

permite o diagnóstico diferencial de lesões ulceradas quando na presença de manifestações

orais em pacientes imunocomprometidos.

Segundo dados da Coordenação Municipal de DST-aids do município de

Fortaleza, HD foi a segunda doença febril sistêmica definidora de aids mais notificada em

pessoas vivendo com aids, perdendo apenas para tuberculose. Vários estudos realizados em

hospitais de Fortaleza (Hospital São José de Doenças Infecciosas e Hospital Universitário

Walter Cantídio) têm destacado a grande frequência da associação aids e HD em que os

pacientes apresentam acometimento de vários órgãos com diversas complicações clínicas e

registro de casos evoluindo para o óbito.

Apesar de a literatura reportar-se às manifestações orais nos pacientes com aids e

HD, são escassas as pesquisas no Ceará dessas manifestações na forma disseminada da

doença. Apenas um estudo realizado em 2006, no Hospital São José de Doenças Infecciosas,

por meio de busca ativa de pacientes com aids e comprometimento mucocutâneo por

H. capsulatum, registrou a presença de dois casos de acometimento de lesão na mucosa oral

de um total de 48 casos de HD.

Diante do exposto, sugeriu-se a possibilidade de manifestações orais causadas por

H. capsulatum estarem sendo subestimadas nos pacientes com aids e HD, considerando que

os trabalhos até então desenvolvidos não tiveram como foco específico os sinais da

histoplasmose na cavidade oral. Parece, portanto, justificável o presente estudo que pretende

identificar as manifestações orais decorrentes ou comumente associadas à HD, facilitando

uma suspeita clínica mais precoce dessa importante micose pelos profissionais de saúde,

auxiliando no início mais rápido da terapêutica e reduzindo, por conseguinte, a morbidade e

mortalidade associada a essa grave patologia.

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4 OBJETIVOS

4. 1 Objetivo Geral

• Caracterizar condições clínicas orais de pacientes portadores de histoplasmose

disseminada associada à aids em hospital de referência de Fortaleza, visando auxiliar

no diagnóstico mais rápido dessa grave infecção fúngica.

4. 2 Objetivos Específicos

• Determinar as lesões orais e a sua frequência em pacientes com histoplasmose

disseminada associada à aids.

• Estabelecer a frequência e características clínicas de lesões orais específicas por

H. capsulatum em pacientes com aids.

• Descrever condição periodontal de pacientes com histoplasmose disseminada

associada à aids.

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5 METODOLOGIA

5. 1 Tipo do Estudo

Estudo do tipo transversal, com abordagem descritiva de casuística de pacientes

portadores de histoplasmose disseminada associada à aids.

5. 2 Local do Estudo

O estudo foi realizado no Hospital São José de Doenças Infecciosas, instituição

pública vinculada à Secretaria Estadual de Saúde, que é referência para aids em todo o Estado

do Ceará, onde são acompanhadas cerca de 85% das pessoas vivendo com HIV/aids (dados da

Secretaria de Saúde do Estado do Ceará). Possui uma capacidade instalada de 96 leitos

distribuídos em cinco Unidades de Internamento sendo sete leitos na Unidade de Terapia

Intensiva. Conta ainda com Unidade de Imagem e Laboratório para Análises Clínicas e de

Microbiologia, com automatização de culturas e identificação de agentes infecciosos. Realiza

atendimento de pacientes em regime ambulatorial e hospitalar e dispõe de um serviço de

hospital dia (um total de dois leitos) e PID - Programa de Internação Domiciliar. Apresenta

uma média mensal de 74 internações e 887 consultas ambulatoriais somente para pacientes

HIV.

5. 3 População do Estudo

Pacientes com idade mínima de 18 anos, de ambos os sexos com aids, segundo

critério CDC adaptado pelo Ministério da Saúde (ANEXO A) (BRASIL, 2004).

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5. 4 Amostra do Estudo

Fizeram parte da amostra pacientes com idade mínima de 18 anos, de ambos os

sexos, com aids, que à admissão hospitalar apresentavam quadro clínico confirmado ou

sugestivo de HD. Os pacientes foram selecionados para o estudo, a partir da solicitação de

exames de pesquisa e/ou cultura para fungos no laboratório de Análises Clínicas e de

Microbiologia do HSJ. Visitas ao laboratório eram feitas com frequência de três vezes na

semana para verificar as solicitações. Em seguida, procurava-se identificar os pacientes nas

enfermarias e aqueles que preencheram os critérios de inclusão foram convidados a participar

da pesquisa.

5.4.1 Critérios de inclusão

Pacientes com aids, de ambos os sexos, maiores de 18 anos, suspeitos ou

confirmados com HD internados no HSJ, que concordaram em participar da pesquisa através

de consentimento livre e esclarecido por escrito.

5.4.2 Critérios de exclusão

Pacientes com suspeita de HD ou confirmados por exames laboratoriais

específicos, em condição clínica que impossibilitava o exame da cavidade oral.

5.4.3 Definição de paciente com histoplasmose disseminada

Paciente com aids e histoplasmose confirmada por pesquisa ou histopatologia ou

cultura para fungo presente em tecidos extrapulmonar e extraganglionar mediastínico

(WHEAT et al., 2007).

5.4.4 Definição de caso suspeito de histoplasmose disseminada

Caracterizado por febre e desidrogenase láctica (LDH) elevada, ou leucopenia, ou

plaquetopenia e mais um dos sinais ou sintomas seguintes: sintomas respiratórios (tosse),

diarreia, hepatomegalia, esplenomegalia, adenomegalias ou lesões mucocutâneas sugestivas

de H. capsulatum (erupção papular generalizada, úlceras na orofaringe ou pele, placas

infiltrativas ou descamativas, nódulos ou outra manifestação atípica) (RAMOS, 2008).

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5. 5 Coleta de Dados

De agosto de 2009 a março de 2010, os pacientes foram selecionados para o

estudo e após apresentação e prévia concordância de participação, leitura e assinatura do

termo de consentimento aplicou-se um questionário específico (APÊNDICE A) com dados

socioeconômicos, demográficos e epidemiológicos para histoplasmose. As informações

clínicas e laboratoriais foram compiladas dos prontuários.

Exame clínico extra e intraoral minucioso foi realizado por um único examinador,

previamente calibrado (kappa = 0,96 e porcentagem de concordância intraexaminador de

98,4%), com o paciente deitado no leito, sob luz natural e artificial (pequena lanterna). Para o

exame foram usados os dispositivos apropriados de biossegurança, espelho bucal, espátulas

de madeira, gaze e sonda específica. As condições orais avaliadas no estudo incluíram

alterações da mucosa oral e doença periodontal que eram anotadas no questionário, em local

apropriado. Não foram realizados exames radiográficos.

Documentação fotográfica, biópsia e citologia esfoliativa das alterações da

mucosa oral foram realizadas para estudo histopatológico e microbiológico com pesquisa e

cultura para fungos. A biópsia não era realizada caso o paciente apresentasse plaquetas

< 50.000/mm³ ou recusasse o procedimento.

Nas lesões descamativas com características clínicas de candidíase foram feitos

raspados, os quais eram fixados com álcool 95% em lâminas de vidro, coradas por coloração

de Gram.

Os exames histopatológicos foram realizados pela rotina própria do HSJ e para a

análise foi utilizada coloração específica para fungos: Gomori-Grocott, PAS (Periodic

Acid-Schiff) e HE (Hematoxilina-eosina). As lâminas foram fotografadas no Laboratório de

Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.

O modo (pesquisa direta, cultura e histopatológico) e material (creme leucocitário,

medula óssea, hemograma e fragmento de lesões mucocutâneas) para o diagnóstico de HD,

eram anotados a partir dos dados do prontuário e, semanalmente, verificava-se o livro de

registro de culturas do laboratório de microbiologia em busca de resultados.

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Todos os prontuários foram revisados, ao final do estudo, para definição dos casos

com HD confirmada, segundo critério de Wheat et al. (2007).

Os pacientes que não confirmaram HD por pesquisa direta e/ou cultura positiva

para histoplasmose foram divididos em dois grupos: paciente com possível HD foi aquele que

teve lesão de mucosa granulomatosa e/ou com crostas, e/ou lesão de pele, e/ou tinha passado

de histoplasmose disseminada e/ou recebeu alta com melhora dos sintomas após tratamento

antifúngico (Anfotericina B, Bactrim IV, Itraconazol oral e Fluconazol IV e oral) durante a

internação; foram considerados pacientes sem HD aqueles que não preencheram os critérios

acima.

5.5.1 Calibração do examinador

Com o objetivo de estabelecer consistência e obter a confiança dos resultados nos

exames, foi feita a calibração intraexaminador.

Realizaram-se dois exames em 20 indivíduos com intervalo de uma semana. O

exame foi feito nos quatro hemiarcos onde se avaliou o CPI (índice periodontal comunitário,

emprega-se a sigla CPI, das iniciais do índice em inglês) e se identificou as alterações da

mucosa oral.

Os dados foram tratados estatisticamente para obtenção dos valores de

concordância através do teste “Kappa” (LANDIS; KOCH, 1977). Os valores obtidos foram

classificados de acordo com descrição mostrada na Figura 3.

Valor Kappa Concordância

0 Pobre 0 - 0,20 Leve 0,20 - 0,40 Razoável 0,41 - 0,60 Moderada 0,61 - 0,80 Boa

0,81 – 1 Excelente Fonte: Landis & Koch (1977).

Figura 3 – Distribuição dos valores de Kappa e seus respectivos níveis de concordância.

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5.5.2 Método microbiológico de pesquisa de H. capsulatum (creme leucocitário)

A pesquisa direta de H. capsulatum em creme leucocitário foi feita a partir da

coleta de três a quatro mililitros de sangue em tubo contendo anticoagulante EDTA. A

amostra era então homogeneizada, transferida para dois tubos de macro-hematócrito estéreis,

centrifugada a 2.000 rotações por minuto durante cinco minutos e o plasma retirado com

agulha e seringa estéreis. O creme leucocitário era então transferido para tubo de hemólise

estéril e homogeneizado, a seguir eram confeccionados esfregaços finos corados pelo método

de May-Grunwald-Giemsa e com aumento de 1.000 vezes fazia-se a leitura do material. Os

meios de cultura usados foram tubos contendo: um Sabouraud, um Sabouraud com

cloranfenicol e um terceiro com Sabouraud, cloranfenicol e cicloheximida (Micosel) que eram

semeados e incubados à temperatura ambiente por até trinta dias, com observações semanais

(descrição baseada na rotina do Laboratório de Microbiologia do HSJ).

5.6 Descrição das Variáveis

O instrumento de coleta (APÊNDICE A) foi preenchido a partir de entrevista feita

ao paciente ou acompanhante (nos casos de pacientes inconscientes). Eram investigados os

seguintes dados socioeconômicos e demográficos: idade, sexo, naturalidade, residência atual,

escolaridade em anos completos, ocupação atual e renda pessoal mensal (considerados valores

em moeda corrente). Os pacientes foram também interrogados quanto ao uso de drogas

ilícitas.

Em relação aos fatores conhecidos associados à epidemiologia da histoplasmose,

investigou-se sobre a presença de galinhas e aves na residência ou vizinhança, a limpeza dos

galinheiros, a existência de morcegos na residência ou o contato com morcegos nos últimos

três meses.

Os dados referentes ao tempo de evolução da infecção por HIV, diagnóstico

recente e anterior de HD (nos casos de pacientes com prontuário anterior no hospital), e se

HD foi doença definidora de aids foram compilados do prontuário.

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Nas variáveis clínico-laboratoriais, observou-se o uso de antirretrovirais e

esquema atual, contagem de linfócitos T CD4 e carga viral, sendo utilizados valores referentes

ao período mais próximo da entrevista e nenhum período foi maior que três meses. Para

definir a adesão à terapia antirretroviral de alta potência fundamentou-se no autorrelato por

entrevista.

A presença de alterações de mucosa baseou-se na identificação clínica das

seguintes lesões: úlcera, pápula, nódulo, placa branca descamativa ou inserida e manchas

acastanhadas, após exame realizado de acordo com a sequência: região peribucal, semimucosa

labial, mucosa labial, região de fundo de sulco, gengiva, rebordo alveolar, palato duro, região

de orofaringe, soalho da boca, ventre, dorso e bordas da língua. Registrou-se também a

localização, tamanho e tempo de duração das alterações.

Somente foram consideradas aquelas lesões orais cujo diagnóstico tenha sido

alcançado por meio de exame histo/citopatológico; teste terapêutico ou de acordo com os

critérios definitivos estabelecidos pela EC-Clearinghouse (EC-CLEARINGHOUSE, 1983).

A avaliação periodontal foi realizada pelo CPI que permite estimar a condição

periodontal quanto à higidez, sangramento e presença de cálculo e bolsa, mediante os critérios

e códigos utilizados no Projeto SB Brasil 2003 (BRASIL, 2001).

A boca foi dividida em seis sextantes, definidos pelos dentes 18-14, 13-23, 24-28,

38-34, 33-43, e 44-48, e os dentes índices para cada sextante foram os seguintes: (17, 16, 11,

26, 27, 37, 36, 31, 46, e 47), registrando o maior valor de escore, segundo os códigos a seguir:

0 – sextante hígido;

1 – sextante com sangramento (diretamente ou com espelho, após sondagem);

2 – cálculo (qualquer quantidade, mas com toda área preta da sonda visível);

3 – bolsa de 4mm a 5mm (margem gengival na área preta da sonda);

4 – bolsa de 6mm ou mais (área preta da sonda não está visível);

X – sextante excluído (menos de dois dentes presentes);

9 – sextante não examinado.

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Para realizar o exame foi utilizada sonda específica denominada sonda CPI.

Pelo menos seis pontos foram examinados em cada um dos dentes índices, iniciando-se

pela área disto-vestibular, passando-se para a área média até a mésio-vestibular. As áreas

linguais e palatinas eram examinadas indo de distal para mesial.

Figura 4 – Representação dos sextantes

Figura 4 – Representação dos sextantes.

Figura 5 – Utilização da sonda.

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Usando linguagem compreensível pelo paciente, interrogou-se sobre a presença

das seguintes queixas: odinofagia (deglutição dolorosa), disfagia (dificuldade na deglutição) e

disfonia (alteração da voz).

Com relação aos exames laboratoriais (exceto CD4 e carga viral) foram anotados

os valores referentes até o terceiro dia do internamento e registraram-se os resultados de

plaquetas, leucócitos, desidrogenase láctica (LDH), aspartato aminotransferase (AST/TGO),

alanina aminotransferase (ALT/TGP), creatinina, albumina e hemoglobina.

Investigou-se também a presença de condições clínicas associadas à aids e a

informação sobre a evolução (alta ou óbito) dos pacientes somente foi compilada dos

prontuários após o final da pesquisa.

5.7 Análise dos Dados

Após a coleta dos dados e categorização das variáveis, foi construído um banco de

dados utilizando o programa Epi Info 6.04 (Centers for Disease Control and Prevention,

EUA). Para realização dos procedimentos de análises dos dados foi usado o programa STATA

8.0 (Stata Corporation, College Station, USA).

A análise estatística foi feita através do estudo de frequência das variáveis e

associações estatísticas entre variáveis. Para a comparação das proporções foi empregado o

teste Qui-quadrado (x²) com respectivo nível descritivo do p valor. As medidas de tendência

central, média e mediana foram submetidas ao teste paramétrico t de Student e o

não-paramétrico de Mann-Whitney. Foram calculadas razões de prevalência e os resultados

foram considerados significativos quando o p valor foi menor que 0,05, tendo, portanto,

intervalo de confiança de 95% nas conclusões estatísticas apresentadas.

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5. 8 Aspectos Éticos

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HSJ em 24 de

agosto de 2009, protocolo Nº 027/2009 (ANEXO B), estando em consonância com a

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas envolvendo seres humanos.

Os pacientes incluídos no estudo foram informados sobre os objetivos da pesquisa

e aos que aceitaram tomar parte nela foi-lhes assegurado o anonimato, bem como a

possibilidade de se retirarem a qualquer momento do estudo. Os participantes e/ou

acompanhantes (nos casos de doentes inconscientes) assinaram um termo de consentimento

livre e esclarecido (APÊNDICE B), no qual era solicitada a autorização para realização de

exame bucal, biópsia, citologia esfoliativa e documentação fotográfica das lesões

mucocutâneas.

A pesquisa foi feita sem trazer ônus adicional ao orçamento do hospital e os

pacientes que não aceitaram participar da mesma não tiveram nenhum prejuízo ao

atendimento hospitalar.

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6 RESULTADOS

Durante o período de oito meses (agosto de 2009 a março de 2010), foram

identificados 104 pacientes com suspeita ou diagnóstico de histoplasmose disseminada, dos

quais 82 concordaram em participar da pesquisa. Vinte e seis pacientes foram excluídos por

impossibilidade de se submeterem ao exame da cavidade oral, sendo que 15 desses

confirmaram HD por cultura.

Dos 22 indivíduos que se recusaram a participar do estudo, seis confirmaram HD

posteriormente (resultado conhecido por consulta do livro de registro de cultura do

laboratório), totalizando então 43 (41,3%) casos de HD durante todo o período da pesquisa.

A amostra deste estudo foi composta por 56 participantes, dos quais 22 (39,3%)

tiveram diagnóstico de HD, e destes, cinco (22,7%) apresentaram manifestações orais

específicas de H. capsulatum.

Figura 6 – Fluxograma da amostra.

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6. 1 Características Sociodemográficas

Características sóciodemográficas da população são mostradas na tabela 3. A

maioria dos participantes, 45 (80,4%), pertencia ao sexo masculino e apenas 11 (19,6%) eram

do sexo feminino. Na estratificação da amostra por idade, a média foi de 35,8 anos

(DP = 9,27; mediana de 35,5 anos).

A renda média encontrada foi de R$ 359,19 (DP = 450,32; mediana de 257,50),

com 25 (44,6%) participantes sem renda. Quanto à escolaridade, observou-se maior

frequência (58,93%) de indivíduos com fundamental incompleto.

No que se refere à procedência, constatou-se que 25 (44,6%) participantes

nasceram no interior do Ceará, 25 (44,6%) em Fortaleza, cinco (9,0%) eram naturais de outros

estados e somente um (1,8%) paciente era de nacionalidade estrangeira.

Entre os pacientes com HD a maior frequência (81,2%) continuou sendo de

indivíduos do sexo masculino. Considerando as três faixas de renda, 13 (59,1%) pacientes

com HD declararam algum rendimento, tendo sido registrada, porém, uma frequência alta

(40,9%) de pacientes sem renda. Do total de pacientes com HD, 15 (68,2%) disseram estar

morando atualmente em Fortaleza (Tabela 3).

Dentre os pacientes que não confirmaram HD, foram detectados nove (16,1%)

pacientes que preencheram os critérios para possível HD; esses foram retirados da análise

estatística na maioria das tabelas, servindo como comparativo somente aqueles doentes nos

quais foi afastado o diagnóstico de HD (sem HD) baseado em critérios clínicos e laboratoriais

especificados na metodologia.

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Tabela 3 – Características sociodemográficas da amostra estudada (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)

Variáveis População

n= 56 (%) Com HD

n= 22 (%) Sem HD

n= 25 (%) Possível HD n= 9 (%)

Sexo

Masculino 45 (80,4%) 18 (81,8%) 18 (72,0%) 9 (100,0%)

Feminino 11 (19,6%) 4 (18,1%) 7 (28,0%) -

Idade 35,5 (29-43)¹

18 a 35 anos 28 (50,0%) 11 (50,0%) 14 (56,0%) 3 (33,3%)

Acima de 35 anos 28 (50,0%) 11 (50,0%) 11 (44,0%) 6 (66,7%)

Renda

Sem renda 25 (44,6%) 9 (40,9%) 13 (52,0%) 3 (33,3%)

Até 250,00 2 (3,6%) 2 (9,1%) - -

De 250,00 a 500,00 15 (26,8%) 6 (27,3%) 6 (24,0%) 3 (33,3%)

Acima de 500,00 14 (25,0%) 5 (22,7%) 6 (24,0%) 3 (33,3%)

Escolaridade

Não alfabetizado 8 (14,3%) 2 (9,1%) 4 (16.0%) 2 (22,2%)

Fundamental incompleto 33 (58,9%) 12 (54,6%) 16 (64,0%) 5 (55,6%)

Fundamental completo 11 (19,6%) 6 (27,3%) 3 (12,0%) 2 (22,2%)

Ensino médio 1 (1,8%) 1 (4,6%) - -

Superior incompleto 1 (1,8%) - 1 (4,0%) -

Superior completo 2 (3,6%) 1 (4,6%) 1 (4,0%) -

Local de nascimento

Outro País 1 (1,8%) - 1 (4,0%) -

Outros Estados 5 (9,0%) 1 (4,6%) 4 (16,0%) -

Fortaleza 25 (44,6%) 12 (54,6%) 9 (36,0%) 4 (44,4%)

Interior 25 (44,6%) 9 (40,9%) 11(44,0%) 5 (55.6%)

Moradia Atual

Outros Estados - - - -

Fortaleza 34 (60,7%) 15 (68,2%) 14 (56,0%) 5 (55,6%)

Interior 22 (39,3%) 7 (31,8%) 11 (44,0%) 4 (44,4%)¹ mediana (intervalo interquartil). (-) dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento.

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6. 2 Características Ambientais e Comportamentais

A associação estatística entre ter galinheiro em casa ou na vizinhança, limpar

galinheiro, criar pássaros e diagnóstico de HD não foi significativa (p> 0,05; Tabela 4).

Também não houve diferença significativa quanto a ter contato com morcegos,

seja pela presença desses na residência ou em razão de visita a algum lugar com morcegos nos

últimos três meses (p= 0,59). A maioria dos pacientes tanto com HD (63,6%) como sem HD

(56,0%) respondeu afirmativamente a essa pergunta (Tabela 4).

Não foi observada diferença estatisticamente significante no que diz respeito à

atividade considerada de risco, definida como: agricultura, jardinagem, construção civil e

trabalho com aves e o diagnóstico de HD (p= 0,32; Tabela 4).

Onze (50,0%) pacientes com HD e 14 (56,0%) sem HD, afirmaram fazer uso de

drogas (maconha, crack e cocaína – drogas relatadas).

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Tabela 4 – Descrição de fatores ambientais associados à histoplasmose disseminada (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)

Variáveis Com HD

n= 22 (%) Sem HD

n= 25 (%) Valor

p

Presença de galinheiro

Não tem 14 (63,6%) 21 (84,0%)

Tem em casa 5 (22,7%) 4 (16,0%) 0,11

Tem na vizinhança 3 (13,6%) -

Limpeza de galinheiro

Sim 4 (80,0%) 1 (25,0%) 0,09

Não 1 (20,0%) 3 (75,0%)

Cria pássaros

Sim 1 (4,6%) 4 (16,0%) 0,20

Não 21 (95,4%) 21 (84,0%)

Teve contato com morcegos

Sim 14 (63,6%) 14 (56,0%) 0,59

Não 8 (36,4%) 11 (44,0%)

Atividade

Risco¹ 5 (22,7%) 9 (36,0%) 0,32

Sem Risco 17 (77,3%) 16 (64,0%)

¹ agricultura, jardinagem, construção civil e trabalho com aves.

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6. 3 Aspectos Clínicos e Laboratoriais relacionados à HD associada à aids

Um menor tempo de diagnóstico de aids com relação à data de internamento foi

observado em 13 (59,0%) dos pacientes com HD, o que indica HD como doença definidora de

aids para esses casos (Tabela 5).

Não houve diferença significativa em relação ao uso prévio de antirretrovirais

pelos pacientes com HD e sem HD (p = 0,51). Nos dois grupos de pacientes foi observada

alta frequência de uso irregular da medicação (Tabela 5).

A presença de HD anteriormente foi notificada em sete (12,5%) pacientes, desses,

quatro (57,1%) eram do grupo de pacientes com HD, o que configura recidiva da doença; três

(42,9%) pacientes eram do grupo com possível HD.

A associação estatística entre contagem de linfócitos T CD4 e pacientes com HD

e sem HD não mostrou diferença significativa (p= 0,50). Contagem de linfócitos T CD4 foi

realizada em 37 (66,1%) participantes da amostra, desses, 14 (37,8%) eram pacientes com HD

e 12 (85,4%) deles apresentaram contagem de linfócitos T CD4 abaixo de 200 cels/mm³.

Valor acima de 350 cels/mm³ foi observado somente em um paciente e este do grupo sem HD

(Tabela 5).

Também não foi observada uma diferença significativa em relação à carga viral

(p= 0,47). Somente 25 (44,6%) dos participantes apresentaram dados válidos. A média da

amostra foi de 69.827 cópias/mL (DP= 97.441; mediana de 31.164) e valores de carga viral

entre 30.000 cópias/mL e 100.000 cópias/mL foram observados com maior frequência

(54,5%) nos pacientes com HD (Tabela 5).

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Tabela 5 – Descrição de fatores clínicos e laboratoriais relacionados à histoplasmose disseminada associada à aids (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)

Variáveis Com HD

n= 22 (%) Sem HD

n= 25 (%) Valor p

Tempo do diagnóstico de aids

< 2 meses 13 (59,0%) 16 (64,0%)

2 meses a um ano 1 (4,6%) 2 (8,0%) 0,77

> um ano 8 (36,4%) 7 (28,0%)

Uso prévio de antirretroviral

Sim 9 (40,9%) 9 (36,0%)

Não 13 (59,1%) 16 (64,0%) 0,51

Uso contínuo de antirretroviral

Sim 1 (10%)* -

Não 8 (90%)* 9 (100,0%)* 0,33

Teve HD anteriormente

Sim 4 (18,2%) -

Não 18 (81,8%) 25 (100,0%) 0,19

Contagem de CD4 (cels/mm³)¹

CD4<200 12 (85,7%) 14 (87,6%)

200 >CD4< 350 2 (14,3%) 1 (6,2%) 0,50

CD4>350 - 1 (6,2%)

Carga viral (cópias/Ml)²

<10.000 2 (18,2%) 2 (22,2%) 0,47

De 10.000 a 30.000 1 (9,1%) -

> 30.000 até 100.000 6 (54,5%) 3 (33,3%)

>100.000 2 (18,2%) 4 (44,5%)

(-) dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento. (*) dados relacionados n=9(%) pacientes que usavam antirretroviral. ¹ dados relacionados n=30(%) pacientes que apresentaram valores de CD4. ² dados relacionados n=20(%) pacientes que apresentaram dados de carga viral.

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14 (88%)

7 (100%)

10 (84%)

2(100%)

1(6%)

2 (16%)

1 (6%)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

S/HD Possível HD C/HD HDO

CD4 ≤ 200 200 < CD4 < 350 CD4 ≥ 350

Na figura 7 podem ser vistos os dados relacionados à contagem de linfócitos T

CD4 em pacientes sem HD, com possível HD, com HD e com histoplasmose disseminada

oral (HDO).

Figura 7 – Frequência de pacientes sem HD, com possível HD, com HD e com HDO segundo contagem de linfócitos T CD4 (cels/mm³) (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010).

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6. 4 Métodos de Diagnóstico de Pacientes com Histoplasmose Disseminada

O diagnóstico de HD foi dado por pesquisa direta em 13 (59,1%) pacientes, sendo

que em sete, o fungo também foi encontrado em cultura. A cultura foi o modo de diagnóstico

de oito (36,4%) casos e a biópsia de lesão no palato e faringe contribuiu com um (4,5%)

diagnóstico (Tabela 6).

O creme leucocitário foi o material biológico onde com maior frequência

H. capsulatum foi identificado e isolado, seguido de medula óssea (Tabela 6).

Tabela 6 – Métodos de diagnóstico de pacientes com histoplasmose disseminada (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)

Método de Diagnóstico Histoplasmose disseminada n= 22 (%)

Pesquisa Direta 13/22 (59,1%):

Creme leucocitário 7/22 (31,8%)

Medula óssea 6/22 (27,3%)

Cultura 8/22 (36,4%):

Creme leucocitário 5/22 (22,7%)

Medula óssea 3/22 (13,7%)

Biópsia 1/22 (4,5%):

Úlcera de palato e faringe 1/22 (4,5%)

Nota: dados relacionados n(%).

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6. 5 Exames Laboratoriais

Pacientes com HD tiveram, à admissão, valores medianos significativamente mais

baixos de hemoglobina, leucócitos, plaquetas e albumina, assim como apresentaram valores

medianos significativamente mais altos de lactato desidrogenase e aspartato aminotransferase

(p< 0,05; Tabela 7).

Os valores medianos de linfócitos T CD4, creatinina e alanina aminotransferase

não mostraram diferença significativa entre pacientes com HD e sem HD (p> 0,05; Tabela 7).

Tabela 7 – Valores medianos dos exames laboratoriais realizados à admissão em pacientes com HD e sem HD (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)

Achados Laboratoriais

Histoplasmose disseminada

(n= 22)

Sem histoplasmose disseminada

(n= 25)

Valor p

Hemoglobina (g/dL) 8,8 (7,3-10,1) 10,2 (8,8-12,6) 0,02

Leucócitos (mm³) 2765 (2200-4200) 4600 (3100-6400) 0,04

Plaquetas (mm³) 62.500 (38.000-94.000) 165.000 (83.000-231.000) 0,001

CD4 (cels/mm³) 56,5 (20-78) 58 (20,5-116) 0,64

LDH (UI/L)¹ 3181,5 (941-6838) 788 (627-934) 0,0001

AST/TGO (UI/L)² 170 (87-219) 39 (25-65) 0,0002

ALT/TGP (UI/L)³ 40,5 (20-75) 29,5 (21,5-38,5) 0,21

Creatinina (mg/dL) 1,1 (0,7-1,4) 1 (0,7-1,2) 0,52

Albumina (g/dL) 2,6 (2,4-2,9) 3,25 (2,8-3,7) 0,03

Nota: valores referentes à mediana (intervalo interquartil). ¹ LDH: lactato desidrogenase. ² AST/TGO: aspartato aminotransferase. ³ ALT/TGP: alanina aminotransferase.

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6. 6 Alterações Clínicas da Mucosa Oral

Ao exame clínico, 48 (85,7%) dos pacientes examinados mostraram pelo menos

uma alteração na mucosa oral. A prevalência daquelas encontradas mais comumente

relacionadas com a infecção por HIV foi de 58,2%, consideradas em ordem decrescente:

lesões brancas descamativas (36,0%), úlceras (total= 9,3%, com crostas hemorrágicas 62,5%

e granulomatosas 37,5%), úlceras aftosas recorrentes (4,6%), hiperpigmentação (3,5%), um

caso de lesão eritematosa (1,2%), um caso de lesão branca não descamativa (1,2%), um caso

de queilite angular (1,2%) e um caso de eritema gengival linear (1,2%). Também foram

diagnosticadas alterações não relacionadas com a infecção por HIV: gengivite (38,3%) e

periodontite (3,5%) (Tabela 8).

Tabela 8 – Freqüência de alterações da mucosa oral encontradas em pacientes com

HD, sem HD e com possível HD no momento do exame clínico (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)

Alterações orais (n= 86) (%)

Lesão branca descamativa 31 36,0%

Lesão branca não descamativa 1 1,2%

Lesão eritematosa 1 1,2%

Queilite angular 1 1,2%

Úlcera¹ 88 9,3%

Com crostas hemorrágicas 5 (62,5%)*

Granulomatosa 3 (37,5%)*

Úlcera aftosa recorrente 4 4,6%

Eritema gengival linear 1 1,2%

Hiperpigmentação 3 3,5%

Gengivite 33 38,3%

Periodontite 3 3,5%

Total 86 100%

¹ um paciente apresentou os dois tipos de úlcera. (*) dados relacionados a n=8(%).

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Entre os sete pacientes que apresentaram lesões ulceradas (granulomatosas e/ou

com crostas hemorrágicas), quatro deles tiveram diagnóstico de HD por pesquisa e/ou cultura

e um por histopatológico. Foram realizadas biópsias das lesões orais em quatro desses

pacientes e em todas Histoplasma capsulatum foi encontrado por meio de coloração

específica no histopatológico (Figuras 8 e 9); elementos leveduriformes característicos

também foram detectados em esfregaços de lesão em gengiva e lábio, corados ao Giemsa

(Figura 10). Um paciente com HD não foi submetido à biópsia porque estava em estado grave

com plaquetas inferiores a 50.000/mm³. Da mesma forma, dois pacientes do grupo com

possível HD e apresentando úlceras com crostas hemorrágicas não realizaram biópsia porque

um apresentava-se com plaquetas inferiores a 50.000/mm³ e o outro não aceitou a realização

do procedimento.

Apenas uma biópsia teve o material enviado para cultura onde foi observado

crescimento de colônias algodoadas de coloração branca (Figura 11) que, ao exame

microscópico, evidenciou a presença de macroconídeos tuberculados sugestivos de

H. capsulatum. O microcultivo do fungo em meio enriquecido com ágar-sangue apresentou

elementos leveduriformes unibrotantes característicos.

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Figura 9 – Fotomicrografia de espécime de lesão de lábio, coloração de Gomori-Grocott (400 X), mostrando formas leveduriformes de Histoplasma capsulatum.

Figura 8 – Fotomicrografia de espécime de lesão de palato corado por PAS (400 X), mostrando elementos leveduriformes característicos.

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Figura 10 – “Imprint” de lesão de gengiva corado pelo Giemsa (400 X) mostrando Histoplasma capsulatum na forma de leveduras.

Figura 11 – Colônia de Histoplasma capsulatum cultivada em ágar Mycosel – fase filamentosa.

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Tabela 9 – Análise descritiva das alterações na mucosa oral identificadas nos pacientes com HD, sem HD e com possível HD (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)

Variável

Histoplasmose disseminada n= 22 (%)

Sem histoplasmose disseminada

n= 25 (%)

Possível histoplasmose disseminada

n= 9 (%)

Candidíase

Pseudomembranosa 10 (45,5%) 16 (64,0%) 5 (55,6%)

Eritematosa 1(4,5%) - -

Queilite angular - 1 (4,0%) -

Leucoplasia pilosa - 1 (4,0%) -

Histoplasmose 4 (18,2%) - -

Úlceras inespecíficas 1 (4,5%)¹ - 2 (22,2%)¹

Úlcera aftosa recorrente - 3 (12,0%) -

Hiperpigmentação 2 (9,0%) 1 (4,0%) -

Eritema gengival linear 1 (4,5%) - -

Gengivite 16 (72,7%) 15 (60,0%) 2 (22,2%)

Periodontite 1 (4,5%) 2 (8,0%) -

Sem lesão 3 (13,6%) 2 (8,0%) 3 (33,3%)

(-) dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento. ¹ úlcera com crosta hemorrágica não biopsiada.

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Histoplasmose oral foi identificada por meio de exame histo-citopatológico em

quatro (18,2%) pacientes. Diagnóstico de úlcera inespecífica foi dado à lesão com crosta

hemorrágica, porém não biopsiada, em paciente com HD (Tabela 9).

As lesões de histoplasmose foram encontradas em várias regiões da mucosa oral:

dois pacientes apresentaram lesão em lábio inferior com crostas hemorrágicas (Figura 12);

um paciente exibiu lesões granulomatosas, múltiplas, de contornos irregulares, vistas em

palato mole e duro (Figura 13) e lesão ulcerada na gengiva (Figura 14); lesão única no dorso

da língua foi observada em um paciente que já havia iniciado o tratamento com antifúngico no

período da pesquisa (Figura 15).

Nos pacientes com HD a gengivite foi bastante frequente (72,7%), seguida de

candidíase pseudomembranosa (45,5%). Hiperpigmentação foi identificada em dois (9,0%)

pacientes (Figura 16); candidíase eritematosa (Figura 17), eritema gengival linear (Figura 18)

e periodontite foram substancialmente menos comuns (4,5%).

De nove pacientes com possível HD, dois (22,2%) apresentaram úlceras com

crostas hemorrágicas em mucosa labial, semelhantes àquelas observadas nos pacientes com

HD, no entanto, como não foi realizado exame histo-citopatológico, foram consideradas

úlceras inespecíficas (Tabela 9; Figuras 19 e 20).

Candidíase do tipo pseudomembranosa foi a lesão oral mais comum nos pacientes

sem HD (64,0%) e com possível HD (55,6%) (Tabela 9). Apresentavam-se como placas

esbranquiçadas-amareladas, aderentes, removíveis com certa facilidade. Estavam presentes

em várias regiões da mucosa oral, consideradas na seguinte ordem decrescente: palato mole,

língua e mucosa jugal.

Gengivite foi também bastante frequente nos pacientes sem HD (60,0%),

enquanto que periodontite foi encontrada apenas em dois (8,0%) pacientes (Tabela 9).

Leucoplasia pilosa (4,0%), queilite angular (4,0%) e úlceras aftosas recorrentes

(12,0%) foram identificadas somente nos pacientes sem HD (Tabela 9). A leucoplasia pilosa

estava presente na margem esquerda da língua, com coloração esbranquiçada apresentando

rugosidades verticais não removíveis quando raspadas (Figura 21).

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Figura 12 – Histoplasmose oral: lesão ulcerada com crosta hemorrágica no lábio.

Figura 13 – Histoplasmose oral: lesões granulomatosas múltiplas, no palato.

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Figura 15 – Histoplasmose oral: lesão cicatrizante no dorso da língua após uso de antifúngico.

Figura 14 – Histoplasmose oral: lesão ulcerada na gengiva.

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Figura 17 – Candidíase eritematosa (paciente com HD).

Figura 16 – Borda lateral da língua com hiperpigmentação (paciente com HD, em uso de AZT).

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Figura 18 – Eritema gengival linear (paciente com HD).

Figura 19 – Lesão ulcerada com crosta hemorrágica na mucosa labial (paciente com possível HD).

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Figura 20 – Lesão ulcerada com crosta hemorrágica na mucosa labial (paciente com possível HD).

Figura 21– Leucoplasia pilosa (paciente sem HD).

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A presença de alterações na mucosa foi mais frequente nos doentes com níveis de

CD4 abaixo de 200 cels/mm³, sendo candidíase pseudomembranosa a lesão mais comum

(Figura 22).

Manifestações orais de candidíase hiperplásica e sarcoma de Kaposi não foram

encontradas neste estudo.

Lesões de pele estiveram presentes em sete (31,8%) dos pacientes com HD e em

quatro (44,4%) dos pacientes com possível HD. Apresentavam-se como lesões ulceradas,

nódulos e pápulas eritematosas e lesão com crosta hemorrágica (Figuras 23 e 24).

Figura 22 – Frequência de alterações da mucosa oral segundo contagem de linfócitos T CD4 (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010).

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Figura 23 – Histoplasmose disseminada: lesões ulceradas na face.

Figura 24 – Histoplasmose disseminada: lesão com crosta hemorrágica na região perioral.

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6. 7 Queixas Associadas à Histoplasmose Disseminada

A presença de odinofagia (p= 0,000) e disfagia (p= 0,01) foi significativamente

mais elevada em pacientes com HD. Somente um (4,6%) paciente com HD e lesão por

Hstoplasma capsulatum na laringe apresentou disfonia (Tabela 10).

Tabela 10 – Descrição de queixas associadas à histoplasmose disseminada (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)

Queixas

Histoplasmose disseminada n= 22(%)

Sem Histoplasmose disseminada n= 25(%)

Valor p

Odinofagia

Sim 22 (100,0%) 6 ( 24,0%) 0,000

Não - 19 (76,0%)

Disfagia

Sim 10 (45,4%) 3 (12,0%) 0,011

Não 12 (54,6%) 22 (88,0%)

Disfonia

Sim 1 (4,6%) - 0,281

Não 21 (95,4%) 25 (100,0%)

(-) dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento.

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6. 8 Análise das Variáveis Associadas à Condição Periodontal

No que se refere à presença de doença periodontal, considerando o maior escore

do CPI, evidenciou-se a presença de cálculo como o mais prevalente nos pacientes com e sem

HD, estando presente em 57,4% dessa população (Tabela 11).

A análise estatística mostrou valores não significativos para a associação entre as

diferentes situações do CPI por escore (sangramento: p= 0,27; cálculo: p= 0,44; bolsa 4-5

mm: p= 0,07; bolsa de 6 mm ou mais: p= 0,88 e sextante excluído: p= 0,25) e o diagnóstico

de HD (Tabela 11).

Tabela 11 – Análise da condição periodontal, por escore, em pacientes com HD e sem HD (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)

Condição Periodontal (CPI)

Com HD (n= 22)

Sem HD (n= 25)

Total (n= 47)

Razão de prevalência (intervalo de confiança

de 95%)

Valor p

N (%) N (%) N (%)

Sadio 2 9,1% 5 20,0% 7 14,9% Ref.¹

Sangramento 3 13,6% 2 8,0% 5 10,6% 2,1 (0,53-8,28) 0,27

Cálculo 12 54,5% 15 60,0% 27 57,4% 1,5 (0,44-5,40) 0,44

Bolsa 4-5 mm 2 9,1% - - 2 4,3% 3,5 (1,08-11,2) 0,07

Bolsa 6 mm ou mais

1 4,6% 2 8,0% 3 6,4% 1,1 (0,16-8,47) 0,88

Excluído 2 9,1% 1 4,0% 3 6,4% 2,3 (0,56-9,63) 0,25

¹ referência da análise estatística. (-) dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento.

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Na Tabela 12 avaliou-se a condição periodontal em relação ao número médio de

sextantes afetados. Do total de 282 sextantes, somente 70 (24,8%) foram considerados

saudáveis. Pacientes com e sem HD apresentaram o mesmo número médio de sextantes sadios

(42,2%).

Foram identificados 62 (22,0%; Tabela 12) sextantes com sangramento marginal,

indicando a presença de gengivite generalizada ou localizada. O número médio de sextantes

excluídos, considerado o pior escore do CPI, foi de 47 sextantes, ou seja, 16,7% dos sextantes

examinados apresentavam apenas um dente funcional ou ausência total de unidades dentárias

(Tabela 12).

Não foi encontrada diferença estatística quando feita a associação entre as

diferentes situações do CPI médio dos sextantes afetados e diagnóstico de HD (p> 0,5; Tabela

12).

Tabela 12– Descrição da condição periodontal do número médio de sextantes afetados em relação ao diagnóstico de HD (HSJ, agosto de 2009 a março de 2010)

Condição Periodontal (CPI)

Com HD Sem HD Total Razão de prevalência

(intervalo de confiança de 95%)

Valor p

N (%) N (%) N (%)

Sadio 35 42,2% 35 42,2% 70 24,8% Ref.¹

Sangramento 26 39,4% 36 54,5% 62 22,0% 0,8 (0,57-1,22) 0,35

Cálculo 46 38,3% 48 40,0% 94 33,4% 0,9 (0,71-1,33) 0,89

Bolsa 4-5 mm 2 50,0% 2 50,0% 4 1,4% 1,0 (0,36-2,73) 1,00

Bolsa 6 mm ou mais 1 25,0% 4 75,0% 5 1,7% 0,4 (0,06-2,34) 0,19

Excluído 22 37,9% 25 43,1% 47 16,7% 1,0 (0,62-1,58) 1,00

¹ referência da análise estatística. (-) dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento.

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6.9 Evolução

A taxa de mortalidade observada ao final do estudo foi de 39,3%. Sete (12,5%)

eram pacientes com HD, três pacientes (5,3%) com possível HD dos quais dois apresentavam

úlceras orais com crostas hemorrágicas e 12 (21,4%) pacientes do grupo sem HD.

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A histoplasmose disseminada, descrita como uma das infecções oportunistas com

freqüência crescente em doentes internados com infecção por HIV no HSJ em Fortaleza – CE,

pode ser rapidamente diagnosticada na presença de lesões orais por H. capsulatum (COUPPIÉ

et al., 2006). Neste estudo, realizou-se exame da cavidade oral e perioral de pacientes com

aids e suspeitos de HD ou confirmados, a fim de identificar leões orais de histoplasmose,

visto que essas podem ser uma das manifestações clínicas na forma disseminada da doença

(EPIFANIO; BRANNON; MUZYKA, 2007).

Foram definidos como pacientes com HD os que tiveram resultado positivo para

histoplasma em pesquisa direta, e/ou cultura e/ou histopatológico. Foram considerados sem

HD aqueles com cultura negativa para histoplasma. No entanto, em nove pacientes com

cultura negativa para fungos não foi possível excluir o diagnóstico de HD, baseando-se em

antecedentes patológicos e manifestações clínicas: seis deles receberam tratamento para

histoplasmose e apresentaram melhora clínica e três que não receberam tratamento

antifúngico, evoluíram para o óbito. Destes, dois apresentavam úlceras com crostas

hemorrágicas em mucosa labial e um mostrava lesões cutâneas características de HD. Esses

nove pacientes foram definidos como possível caso de HD.

Biópsia e citologia esfoliativa foram realizadas nos pacientes que apresentaram

lesões orais com características de histoplasmose. Em três deles não foi possível a realização

dos exames acima citados, sendo que um desses pacientes teve o diagnóstico de HD

confirmado por pesquisa direta no creme leucocitário. Os dois outros pacientes eram do grupo

de possível caso de HD.

A maioria dos pacientes era do sexo masculino, com idade média de 35,8 anos

(±9), dados estes consistentes com os de pesquisas realizadas por De Francesco et al. (2006,

2007) e Ramos (2008), em pacientes com HD associada à aids internados no HSJ. Também

em relação ao sexo e a idade, os valores desta casuística foram bem aproximados com os das

pesquisas acima citadas, demonstrando que não houve mudança no perfil demográfico dos

pacientes no intervalo entre os estudos.

7 DISCUSSÃO

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Os aspectos socioeconômicos estudados identificaram indivíduos com renda

mensal e escolaridade baixas, o que pode sinalizar para o processo de pauperização da

infecção pelo HIV, apesar de essas serem características comuns à população atendida no

HSJ.

Os pacientes com HD eram, na sua maioria, naturais do Ceará, tanto da capital

(54,6%) quanto do interior (40,9%), com mais pessoas morando atualmente em Fortaleza

(68,2%). O local de provável infecção por H. capsulatum não foi possível ser inferido pelo

desenho deste estudo, sendo necessários outros trabalhos que apontem os locais de maior

predominância do fungo. Somente um doente de HD era natural de outro Estado, mas já

morando há mais de 40 anos no interior do Ceará, sugerindo que, provavelmente, a doença

tenha sido adquirida nesse Estado, visto que em outras localidades é bem menor o número de

registro de casos de histoplasmose (BORGES et al., 1997; SEVERO et al., 2001; LEIMANN

et al., 2005; CASOTI et al., 2006; CHANG et al., 2007).

Houve predomínio entre os pacientes com HD no que se refere à presença de

galinheiros na residência e/ou na vizinhança e à prática de limpeza dos mesmos, embora não

tenham apresentado significância estatística; da mesma forma, ter contato com morcegos ou

desenvolver atividade considerada de risco não demonstraram maior relação com

histoplasmose. Tais achados podem ser atribuídos ao tamanho reduzido da amostra, pois esses

são fatores associados à presença de H. capsulatum e relacionados com risco para

histoplasmose em pacientes imunocomprometidos (WHEAT et al., 1990; CANO; HAJJEH,

2001).

Um achado interessante do estudo foi o elevado número de usuários de drogas

(maconha, crack e cocaína) entre os portadores de HD (11/22) e o relato dos mesmos de que

procuravam casas abandonadas, onde era comum a presença de morcegos e galinhas, para

fazerem uso das referidas drogas. Nesse sentido, é plausível supor que esses pacientes possam

ter tido contacto com o fungo nesses locais, em virtude da forte associação entre aves e

morcegos e a presença de H. capsulatum (NEGRONI, 1996).

Histoplasmose disseminada foi a doença definidora de aids em 13 (59,0%) dos

pacientes com a doença. Esse resultado é similar aos estudos desenvolvidos por Borges et al.

(1997), McKinsey et al. (1997), Pietrobon et al. (2004) e Baddley et al. (2008), que

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identificaram HD como primeira infecção oportunista em 22,2%, 85%, 75,0% e 26,1% dos

pacientes, respectivamente. Dentre os 13 pacientes acima citados, em três deles as lesões orais

foram a primeira manifestação clínica da aids, tal qual observado por Ferreira et al. (2002) em

sete casos dentre oito pacientes com HD e aids.

Nesta pesquisa, o uso da TARV foi referido por menos da metade (40,9%) dos

pacientes com HD e apenas um afirmou fazer uso regular da medicação, o que justifica o

aparecimento frequente de infecções oportunistas associadas à aids. A não adesão aos

antirretrovirais em pacientes de baixo nível socioeconômico tem sido relatada na literatura:

estudo realizado na Argentina identificou entre 21 pacientes soropositivos com HD que

somente três usavam TARV, embora 16 já conhecessem seu estado sorológico (NEGRONI et

al., 2004). Igualmente, Baddley et al. (2008), estudando 46 pacientes com aids e HD,

residentes em Montgomery County, registraram que apenas 21,7% faziam uso de TARV,

apesar de todos apresentarem carga viral entre 9.468 a 2,1 milhões de cópias/mL.

A presença de HD previamente foi detectada em sete (12,5%) pacientes, sendo

quatro (18,2%) desses, do grupo com HD, o que representa recaída, e três (33,3%) do grupo

definido com possível HD; todos informaram não estar fazendo uso de profilaxia secundária

com antifúngicos. A ocorrência de recaídas já fora descrita por Wheat e Kauffman (2003),

que relataram presença em 10% a 20% nos pacientes com HD e em mais de 80% naqueles

com aids. Igualmente, Gutierrez et al. (2005), no Panamá, observaram recaída de

histoplasmose em 5,8% dos pacientes com aids.

Em concordância com outros estudos, a presença de HD associada à aids ocorreu

nos pacientes em estado de imunossupressão avançada, com baixos níveis de linfócitos T

CD4 e altas taxas de carga viral (PIETROBON et al., 2004; BADDLEY et al., 2008). No

presente estudo somente 14 (63,6%) pacientes com HD teve contagem de linfócitos T CD4,

desses, 12 (85,7%) apresentaram média de 72 cels/mm³, com variação de sete a 88 cels/mm³ e

apenas em dois pacientes o nível de linfócitos T CD4 foi maior que 200 cels/mm³.

O número de pacientes com dados válidos de carga viral foi de apenas 25 (44,6%)

pacientes, no entanto, foi possível observar uma maior proporção (54,5%) de doentes com HD

apresentando carga viral superior a 30.000 cópias/mL.

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O diagnóstico de HD foi feito por pesquisa direta em 59,1% dos casos (em 31,8%

o fungo foi encontrado no creme leucocitário e 27,3% em medula óssea). No estudo de

Holanda et al. (1998), realizado no HSJ, pesquisa direta em creme leucocitário foi

responsável por 81% dos casos diagnosticados, porém devido à baixa sensibilidade (57%) do

exame, tem sido orientada a realização de cultura para aumentar a identificação de casos

suspeitos de HD. Cultura de creme leucocitário e de medula óssea foi o método de

diagnóstico em 36,4% dos casos e biópsia em lesão de mucosa, acompanhada de cultura de

parte do fragmento, contribuiu com 4,5% dos casos.

Para Couppié et al. (2006), a presença de lesões mucocutâneas pode facilitar o

diagnóstico porque tanto a biópsia quanto a citologia esfoliativa são facilmente realizadas e o

resultado é conhecido dentro de uma semana, embora apresente baixa sensibilidade (50%).

No HSJ, o resultado do exame histopatológico demora até 30 dias, atrasando o diagnóstico; os

esfregaços das lesões, apesar de contribuírem com um resultado rápido (em menos de 12

horas) são de difícil interpretação, devido ao diminuto tamanho (2-5µm) da forma parasitária

do fungo e também por sua micromorfologia ser semelhante à de outros fungos patogênicos.

Para identificação definitiva é necessário o seu isolamento em meios de cultivo. Não obstante,

foram feitos esfregaços de lesão em mucosa de dois pacientes, que mostraram um grande

número de elementos leveduriformes, pequenos, característicos de histoplasma.

Um dos pacientes com HD, com diagnóstico por cultura de medula óssea,

apresentava à admissão hospitalar lesão ulcerada no dorso da língua, que segundo o mesmo já

havia sido biopsiada em outra instituição hospitalar, mas, não sabia informar o resultado do

exame. Buscou-se, então, o exame no local por ele informado e constatou-se presença de

H. capsulatum no material examinado. O paciente usou Anfotericina B e no momento da alta

hospitalar já apresentava remissão da lesão.

Análogo com o estudo de Ramos (2008), foi encontrado nos pacientes com HD

valores mais baixos de hemoglobina (p=0,02), leucócitos (p=0,04), plaquetas (p=0,001) e

albumina (p= 0,03), como também valores mais elevados de lactato desidrogenase (p=0,0001)

e aspartato amino transferase (p=0,0002). Os valores de creatinina e alanina aminotransferase

se mostraram, no entanto, um pouco mais altos nos pacientes com HD, diferentes do estudo

acima citado. Vale ressaltar que a contagem de linfócitos T CD4, embora mais baixa nos

pacientes com HD não mostrou significância estatística em relação aos pacientes sem HD,

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como relatado nos estudos de De Francesco et al. (2007) e Ramos (2008). Tal resultado, na

presente casuística, provavelmente, está relacionado ao pequeno número de pacientes com

contagem de linfócitos T CD4.

Segundo o relato dos autores, as manifestações orais além de indicarem infecção

por HIV, estão associadas ao declínio do número de linfócitos T CD4 (RANGANATHAN et

al., 2000; ADUROGBANGBA et al., 2004). O presente estudo reflete essa assertiva através

do expressivo acometimento de alterações na mucosa oral, atingindo 85,7% dos pacientes, a

maioria com contagem de linfócitos T CD4 abaixo de 200 cels/mm³.

A introdução da terapia antirretroviral combinada tem sido associada à redução na

prevalência de lesões orais, principalmente em relação à candidíase pseudomembranosa,

queilite angular, úlceras inespecíficas e sarkoma de Kaposi (PATTON et al., 2000;

TAPPUNI; FLEMING, 2002; NICOLATOU-GALITIS et al., 2004). Neste estudo, a

prevalência de manifestações orais associadas à infecção por HIV foi de 57,7%, no entanto, o

número reduzido de doentes em uso de antirretrovirais, não permitiu esclarecer uma possível

associação entre a terapêutica utilizada e a ocorrência das lesões orais. Esse assunto requer

maior investigação com estudos longitudinais.

Na Índia, pesquisa realizada em uma amostra de 300 indivíduos com infecção por

HIV com menos de 50% em uso de antirretrovirais, apresentou prevalência de gengivite de

47% e candidíase pseudomembranosa de 32,7% (RANGANATHAN et al., 2000). Resultado

aproximado foi encontrado na população deste estudo, que mostrou prevalência de gengivite,

38,8% e candidíase pseudomembranosa, 36,5%.

A candidíase do tipo pseudomembranosa foi das alterações associadas à infecção

por HIV a mais prevalente nos três grupos de pacientes estudados, coincidindo com as

pesquisas desenvolvidas no Brasil e em outros países (SOUZA et al., 2000; PINHEIRO et al.,

2004; KERDPON et al., 2004; ADUROGBANGBA et al., 2004). Ranganathan e Hemalatha

(2006) reconhecem a candidíase pseudomembranosa como a mais comum infecção fúngica na

infecção por HIV e ressaltam que a sua presença está associada com a progressão da infecção

para a doença aids, sendo usada como marcador para definir a severidade da infecção.

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Leucoplasia pilosa, reconhecida como um marcador importante para progressão

da doença foi diagnosticada em um (4,0%) paciente sem HD que não estava sob tratamento

antirretroviral, com quadro sistêmico que sugeria deficiência imunológica avançada, tendo

evoluído para o óbito após o sexto dia de internação hospitalar.

Hiperpigmentação, descrita como efeito adverso da terapia antirretroviral,

segundo Casariego et al. (2001), foi diagnosticada em três (5,4%) pacientes. Dois desses

pacientes que apresentaram essa manifestação oral estavam fazendo uso da zidovudina

(AZT), porém, um estudo prospectivo torna-se necessário para esclarecer essa relação.

As úlceras aftosas recorrentes ocorreram em três (12,0%) dos pacientes sem HD.

Dois apresentaram contagem de linfócitos T CD4 inferior a 100 cels/mm³, e um deles era

também portador de queilite angular o que sugere progressão da infecção por HIV.

Lesões ulceradas (granulomatosas e/ou com crostas hemorrágicas) foram

identificadas em cinco (22,7%) dos pacientes com diagnóstico confirmado de HD e em dois

(22,2%) dos pacientes do grupo com possível HD. No entanto, apenas em quatro (18,9%) dos

pacientes com HD as lesões foram biopsiadas e em todas H. capsulatum foi identificado,

sendo reconhecidas como histoplasmose disseminada oral. Por sua vez, as lesões não

biopsiadas foram consideradas como úlceras inespecíficas, embora apresentassem

características clínicas (lesões em lábio com crostas hemorrágicas e uma erosiva em rebordo

alveolar superior) semelhantes às lesões de HDO.

Os pacientes com HDO apresentaram padrões epidemiológicos, clínicos e

laboratoriais semelhantes, sendo que quatro deles eram usuários de drogas. Somente dois

doentes tiveram contagem de linfócitos T CD4 e dados de carga viral, com os seguintes

valores: CD4 7 cels/mm³ e 24 cels/mm³ e carga viral 55.386 cópias/mL e 382.235 cópias/mL,

respectivamente, a mediana foi de 36,5 cels/mm³ (DP=17,6) o que configura um estágio

avançado da infecção por HIV. Couppié et al. (2002), comparando doentes de HD com e sem

comprometimento mucocutâneo, registraram média de contagem de linfócitos T CD4 de 29,5

cels/mm³, e para os autores apesar de os pacientes exibirem adiantado grau de

imunossupressão, não há uma associação entre a presença das lesões e alto nível de

mortalidade, o que foi também observado neste estudo.

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Lesão única com crosta hemorrágica, localizada em lábio inferior foi encontrada

em dois pacientes e lesão única no dorso da língua ocorreu em um doente. Um quarto paciente

apresentou lesões múltiplas, granulomatosas, localizadas no palato (duro e mole), gengiva

superior e inferior e laringe, acompanhadas da presença de candidíase eritematosa e eritema

gengival linear. Esses achados foram análogos aos descritos por Cuppié et al. (2002), que

enumeraram presença de lesões granulomatosas e/ou com crostas hemorrágicas, múltiplas e

únicas, localizadas em lábio, palato, língua e laringe entre os pacientes com HDO.

Onze (19,6%) pacientes apresentaram lesões cutâneas, sendo sete (31,8%) dos

pacientes com HD e quatro (44,4%) dos casos com possível HD. Somente duas lesões foram

biopsiadas, detectando a presença de H. capsulatum. No estudo de Ramos (2008), 18 (35,5%)

pacientes apresentaram lesões cutâneas; H. capsulatum foi identificado em 13 das 14 biópsias

realizadas. O acometimento de pele nos pacientes com HD é registrado em vários estudos

como tendo ocorrência mais frequente na América Latina do que na América Central

(DURKIN et al., 2004; COUPIÉ et al., 2006).

Os sintomas mais comuns, relacionados à orofaringe, foram semelhantes aos da

literatura: as pesquisas revelam presença de odinofagia e disfagia constante nos pacientes com

HDO e disfonia tem sido registrada quando o paciente apresenta lesões na laringe

(FERREIRA et al., 2002; EPIFANIO; BRANNON; MUZYKA, 2007). No presente estudo,

todos os pacientes com HD referiram odinofagia, enquanto somente 10 (45,4%) pacientes

com HD relataram disfagia, sendo três com HDO. Disfonia, porém, foi detectada apenas no

paciente com HD e manifestações de histoplasmose na laringe.

O delineamento deste estudo não permitiu uma associação entre HD/aids e doença

periodontal (DP). Segundo Mariano (2009), além da imunossupressão, outros fatores como a

terapia antirretroviral, cepa viral, susceptibilidade genética, fumo, higiene oral deficiente e

infecções oportunistas podem explicar o aparecimento das doenças periodontais.

A maioria dos pacientes exibia pobre higiene oral, com acúmulo de biofilme, em

diferentes graus, visível em praticamente todos os pacientes, tornando muito frequente a

presença de sangramento marginal. Embora não tenha apresentado significância estatística, a

presença de sangramento gengival foi maior nos pacientes com HD (13,6%) em relação aos

pacientes sem HD (8,0%). Esse resultado está relacionado não somente com deficiente

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higiene oral, mas se deve, em parte, também, à disseminação hematogênica da histoplasmose

que pode acometer qualquer área da orofaringe, inclusive a gengiva.

Avaliando a condição periodontal pelo maior escore do CPI, evidenciou-se a

presença de cálculo como o mais prevalente, presente em 57,4% da população o que

configura, além da pobre higiene oral, a importante carga social vinculada à própria infecção

pelo HIV, que limita inclusive o acesso da pessoa vivendo com HIV à assistência

odontológica (ARAÚJO, 2010).

Para concluir foi analisada a evolução dos pacientes, que apresentou uma taxa de

mortalidade de 12,5% entre os pacientes com HD, inferior ao encontrado por Ramos (2008),

que foi de 20,4%. Portanto, é possível supor que pode estar havendo redução no tempo de

diagnóstico da infecção, com consequente aplicação mais rápida de terapêutica eficaz.

Os resultados do presente estudo apontam para uma maior valorização do exame

da cavidade oral, em função do seu fácil acesso e da sua importância clínica no

monitoramento do paciente HIV ou com suspeita, revelando redução da imunidade e

advertindo para a presença de manifestações oportunistas. Enfatizam, também, a necessidade

da pesquisa de H. capsulatum em todos os casos de lesões orais nos pacientes com aids e

naqueles cujo status imunológico é desconhecido. .

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8 CONCLUSÕES

● Oitenta e seis por cento dos pacientes com HD apresentaram alguma alteração

na mucosa oral, sendo a candidíase pseudomembranosa a mais frequente (45,5%) das lesões

associadas à infecção por HIV. Candidíase eritematosa esteve presente apenas em um

paciente associada a eritema gengival linear.

● A identificação de Histoplasma capsulatum em biópsia de fragmento de lesão

oral foi registrada em quatro (18,2%) pacientes.

● A apresentação clínica mais comum das lesões orais de histoplasmose foi a de

uma úlcera com crostas hemorrágicas em mucosa labial, identificada em três pacientes,

seguida de úlceras granulomatosas múltiplas no palato e gengiva de um paciente que

apresentou também histoplasmose na laringe.

● Biópsia e/ou citologia esfoliativa conduzem a uma maior rapidez no diagnóstico

da histoplasmose disseminada.

● Os indivíduos deste estudo, na sua maioria, apresentavam importantes

necessidades de serviços de saúde oral.

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9 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

● Recusa de um número considerável de doentes (22/104) a participar da

pesquisa, quando eram informados a respeito da realização do exame da cavidade oral,

restringindo em muito a amostra pesquisada.

● Perda de 15 casos de HD em virtude do grau de gravidade do paciente que

impossibilitou o exame da cavidade oral, sendo então excluídos da amostra.

● Poucos dados referentes à contagem de linfócitos T CD4 e de carga viral

impedindo associações entre esses dados e a presença e tipos de lesões orais.

● Impossibilidade de avaliar destruição periodontal na presença de uma doença

hematogênica, a histoplasmose disseminada, diante da ausência de exames radiográficos.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO

CONDIÇÕES CLÍNICAS ORAIS DE PACIENTES COM HISTOPLAS MOSE

DISSEMINADA E AIDS EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE FOR TALEZA

IDENTIFICAÇÃO

DADOS SÓCIOECONÔMICOS E DEMOGRÁFICOS

DADOS AMBIENTAIS

1. Iniciais: ____________ Prontuário: _____________

2. Instituição: _________________ Data: ______________

3. Idade: ____________ Data do Nascimento ___________________

4. Sexo: 1. Masculino 2. Feminino ( )

5. Naturalidade: _________________________________Estado: _______________

6. Residência atual (município): __________________________________ Zona Rural ( )

7. Grau de Escolaridade: _____________________________________

8. Ocupação atual: __________________________ Renda R$ _________

9. Faz uso de drogas ilícitas? 1. Sim 0. Não ( ) 10. Citar_________________________

10. Onde você mora há galinheiro? 1. Sim, em casa ( )

2. Sim, na vizinhança ( )

0. Não

10.1 Se em casa, faz a limpeza do galinheiro? 1. Sim 0. Não ( )

11. Você cria pássaros? 1. Sim 0. Não ( )

12. Há presença de morcegos em casa? 1. Sim 0. Não ( )

13. Você visitou algum lugar com morcegos (cavernas, grutas, casas abandonadas, etc) nos

últimos três meses?

1. Sim 0. Não ( )

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DADOS DA DOENÇA

14. Data da sorologia HIV: ____/_____/_______

15. Data do diagnóstico de aids: ____/____/______

16. Data do internamento atual: ____/______/_______

17. Diagnóstico de Histoplasmose Disseminada: 1. Sim 0. Não ( )

17.1 Se HD, ela foi doença definidora de aids: 1. Sim 0. Não ( )

18. Já teve Histoplasmose anteriormente: 1. Sim 0. Não ( )

18.1 Se sim, data: ____/_____/______

19. Contagem de CD4: _______________; Carga viral __________________

20. Utilização de TARV: 1. Sim 0. Não ( )

21. Uso: 1. Contínuo 2. Descontínuo ( )

22. Esquema atual:

EXAME ORAL

Lesões de Mucosa – Diagnóstico clínico e/ou terapêutico e/ou cito/histopatológico

Lesão Localização Tamanho Tempo de Evolução

LESÕES VIRAIS

Leucoplasia Pilosa

Herpes Simples

Herpes Zoster

Papiloma vírus

LESÕES FÚNGICAS

Candidose

Pseudomembranosa

Eritematosa

Queilite angular

Histoplasmose

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Lesão Localização Tamanho Tempo de Evolução

LESÕES BACTERIANAS

Gengivite

Eritema Gengival Linear

Periodontite

Úlcera Aftosa Recorrente

Ulceração atípica

NEOPLASIAS

Sarcoma de Kaposi

Linfoma não Hodgkin

OUTRAS LESÕES

Hiperpigmentação

ÍNDICE PERIODONTAL COMUNITÁRIO (CPI)

ÍNDICE PERIODONTAL COMUNITÁRIO - IPC

17\16 11 26\27

46\47 31 36\37

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EXAMES LABORATORIAIS 1. Sim 0. Não

Diagnóstico de Histoplasmose: ( )

Se sim, por: ( )

1-Pesquisa:

Creme leucocitário ( )

Medula óssea ( )

Hemograma ( )

Outro ( )

2-Cultura: material _____________________________________

3-Histopatologia: material _______________________________

4-Outro (especificar): ___________________________________

Realizou citopatológico: ( )

Se sim, resultado: __________________________________________________

RESULTADO DE EXAMES LABORATORIAIS

Exames Realizado

1. Sim 0. Não Data Resultado

Creatinina

Albumina

LDH

AST/TGO

ALT/TGP

Hemoglobina

Leucócitos

Plaquetas

Condições clínicas associadas:

1.________________________________________________________________________

2.________________________________________________________________________

3.________________________________________________________________________

Evolução: óbito ( ) alta ( )

Data____________________

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APÊNDICE B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Participante ou Responsável)

Convidamos o(a) Sr/Sra.________________________________________________, Pront:________________, para participar da pesquisa “CONDIÇÔES CLÍNICAS ORAIS DE PACIENTES COM HISTOPLASMOSE DISSEMINADA E AIDS E M HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE FORTALEZA”, desenvolvida pela aluna Aglaê Francelino Freitas, sob orientação da Profa. Dra. Terezinha do Menino Jesus Silva Leitão, do Curso de Mestrado em Saúde Pública, da Universidade Federal do Ceará-UFC.

Histoplasmose é uma doença causada pelo fungo Histoplasma capsulatum, frequentemente encontrado em locais com presença de grande quantidade de fezes de aves e morcegos. Embora na maioria das pessoas a doença não apresente sintomas, em indivíduos com defesas baixas, ela poderá progredir com sinais e sintomas diversos, tais como manifestações na cavidade oral. Recentemente, esta doença tem sido considerada como uma importante complicação da aids.

Esse estudo pretende determinar a frequência e características clínicas das manifestações orais causadas pelo fungo nos pacientes com aids e Histoplasmose.

Caso esteja de acordo em participar da pesquisa, coletaremos informações do seu prontuário, faremos perguntas referentes a dados pessoais e clínicos, bem como um exame da sua boca, para pesquisar presença de lesões e avaliar as condições da gengiva. Na presença de alguma alteração será retirada uma pequena parte (biópsia) da mesma, com anestesia local e encaminhada para exame. Faremos também uma foto exclusiva da lesão, sem que sua identidade seja revelada.

È possível que durante e após o procedimento da biópsia, o(a) senhor(a) sinta dor local, mas afirmamos que faremos anestesia para diminuir essa sensação. Se já apresentou alergia a anestésico local NÃO realizaremos tal procedimento, preencheremos apenas dados sobre o(a) senhor(a) e sua doença.

Feita a biópsia, o seu médico será informado do resultado e uma vez confirmada Histoplasmose as medidas cabíveis serão tomadas por ele para que o tratamento adequado seja instituído o mais rapidamente possível. Seu acompanhamento se dará segundo a rotina de pacientes com Histoplasmose do próprio hospital.

Pacientes inconscientes somente participarão da pesquisa com permissão de um familiar/acompanhante ou responsável pelo mesmo, sendo este que responderá ao questionário e assinará o TCLE.

As informações obtidas serão apresentadas junto à comunidade acadêmica, respeitando a sua identidade. Seu nome não será divulgado, nem qualquer informação que possa identificá-lo. Mesmo tendo aceitado participar, se por algum motivo, durante o andamento da pesquisa, resolver desistir, tem toda liberdade para retirar sua participação.

A participação na pesquisa é voluntária, para estar de acordo basta o(a) senhor(a) assinar seu nome no final da página; caso se recuse em participar do estudo, isso não trará nenhum prejuízo ao seu atendimento no hospital.

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Qualquer dúvida pode entrar em contato com a pesquisadora Aglaê Francelino Freitas ou Professora Terezinha do Menino Jesus Silva Leitão, responsáveis pela pesquisa, cujo telefone e endereço seguem abaixo.

Atenciosamente Data ___/___/___

Ass. Participante ou responsável_________________________________________________ Ass. Testemunha_____________________________________________________________

(Digital/Participante) (Digital/Testemunha) Responsável

______________________________ Ass. do entrevistador

Aglaê Francelino Freitas Fone: 3261 0622/ 9602 7400

Terezinha do Menino Jesus Silva Leitão Fone: 3366 8044/ 9994 6710

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ANEXOS

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ANEXO A

Critério CDC adaptado em indivíduos com treze ou mais anos de idade Será considerado como caso de aids, para fins de vigilância epidemiológica, todo

indivíduo com 13 anos de idade ou mais que apresentar evidência laboratorial da infecção pelo HIV (dois testes de triagem para detecção de anticorpos anti-HIV ou um confirmatório reagente) no qual seja diagnosticada imunodeficiência (pelo menos uma doença indicativa de aids e/ou contagem de linfócitos T CD4+ abaixo de 350 células/mm³), independentemente da presença de outras causas de imunodeficiência.

Como evidência da infecção pelo HIV para fins de vigilância epidemiológica, são considerados testes de triagem para detecção de anticorpos: ELISA, EIA, MEIA e ensaio imunoenzimático por quimioluminiscência. São considerados testes confirmatórios: imunoflorescência indireta, imunoblot, Western Blot, teste de amplificação de ácidos nucléicos (carga viral), NASBA e PCR.

Como evidência de imunodeficiência, faz-se necessária uma contagem de linfócitos T CD4+ menor do que 350 células//mm³ e/ou o diagnóstico de pelo menos uma das doenças indicativas de aids (listadas abaixo em ordem alfabética):

1. Criptococose extrapulmonar; 2. Câncer cervical invasivo; 3. Candidose de esôfago; 4. Candidose de traquéia, brônquios ou pulmões; 5. Citomegalovírus em qualquer outro local que não seja fígado, baço e linfonodos;

como a retinite por citomegalovírus; 6. Criptosporidiose intestinal crônica (período superior a um mês); 7. Herpes simples mucocutâneo, por um período superior a um mês; 8. Histoplasmose disseminada (localizada em quaisquer órgãos que não exclusivamente

em pulmão ou linfonodos cervicais/hilares); 9. Isosporidose intestinal crônica (período superior a um mês); 10. Leucoencefalopatia multifocal progressiva (vírus JC, um poliomavírus); 11. Linfoma não-Hodgkin de células B (fenótipo imunológico desconhecido) e outros

linfomas dos seguintes tipos histológicos: Linfoma maligno de células gigantes ou pequenas não clivadas (tipo Burkitt ou não Burkitt) e Linfoma maligno imunoblástico sem outra especificação (termos equivalentes: sarcoma imunoblástico, linfoma maligno de células grandes ou linfoma imunoblástico);

12. Linfoma primário do cérebro; 13. Pneumonia por Pneumocystis carinii; 14. Qualquer micobacteriose disseminada em órgãos outros que não sejam o pulmão, pele

ou linfonodos cervicais/hilares (exceto tuberculose ou hanseníase); 15. Reativação de doença de Chagas (meningoencefalite e/ou miocardite); 16. Sepse recorrente por bactérias do gênero Salmonella (não tifóide); 17. Toxoplasmose cerebral.

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ANEXO B Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa