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1ª PROMOT0RIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE MARINGÁ PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - Av. Herval, 171 - sobreloja - Centro - Maringá - PR - CEP: 87.013-230 - fone/fax: (044) 226-0484 ____________________________________________________________________ ____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65______________________ pág. 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE MARINGÁ. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seus agentes signatários, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, 25, inciso IV, letras "a" e "b", da Lei 8.625/93, e artigos 1º e 5º, da Lei 7.347/85, e 17, da Lei 8.429/92, respeitosamente, vêem propor e como proposta tem a AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA contra: JONAS ERALDO DE LIMA, brasileiro, casado, ex- prefeito municipal, residente e domiciliado à rua Presidente Dutra, n° 127, no Jardim Maringá, na cidade de Paiçandu, fones (044) 244-2408 e 244-1414, devidamente inscrito no CPF/MF sob n° 101.023.109-04;

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1ª PROMOT0RIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE MARINGÁ PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - Av. Herval, 171 - sobreloja - Centro - Maringá - PR - CEP: 87.013-230 - fone/fax: (044) 226-0484 ____________________________________________________________________

____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ _ VARA

CÍVEL DA COMARCA DE MARINGÁ.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO

PARANÁ , por seus agentes signatários, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no

artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, 25, inciso IV, letras "a" e "b", da Lei

8.625/93, e artigos 1º e 5º, da Lei 7.347/85, e 17, da Lei 8.429/92, respeitosamente,

vêem propor e como proposta tem a

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR

ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA contra:

JONAS ERALDO DE LIMA , brasileiro, casado, ex-

prefeito municipal, residente e domiciliado à rua Presidente Dutra, n° 127, no Jardim

Maringá, na cidade de Paiçandu, fones (044) 244-2408 e 244-1414, devidamente

inscrito no CPF/MF sob n° 101.023.109-04;

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 2

HOSPITAL PAIÇANDU LTDA. , pessoa jurídica de

direito privado, representada pelo sócio gerente Francisco Vieira Filho, com sede na

Rua Joana D’Arc, n.º 304, fones (044) 244-1030 e (044) 244-2020, na cidade de

Paiçandu, devidamente inscrita no CGC/MF: 02.144.592/0001-40;

FRANCISCO VIEIRA FILHO , brasileiro, casado,

médico, residente e domiciliado na Rua Arthur Thomas n° 70, apto. 802, Maringá - PR,

podendo também ser encontrado no Hospital Paiçandu, situado na Rua Joana D’Arc, n.º

304, na cidade de Paiçandu, fones (044) 244-2408 e 244-1414, devidamente inscrito no

CPF/MF sob n° 040.369.724-72;

RAIMUNDA PEREIRA TESSARO, brasileira, casada,

funcionária pública municipal, residente e domiciliada à rua José Macatti n° 112,

Jardim Brasília, na localidade de Paiçandu, devidamente inscrita no CPF/MF sob n°

599.460.759-20

SALETE MATTIA, brasileira, casada, funcionária

pública municipal, residente e domiciliada à rua Vitório Balani, 843, Zona 5, na

localidade de Maringá, devidamente inscrita no CPF/MF sob n° 507.487.939-68.

PAULO DO AMARAL, brasileiro, casado, funcionário

público municipal, residente e domiciliada à rua Ivo Felipin, n° 561, Jardim Primavera,

na localidade de Paiçandu, devidamente inscrita no CPF/MF sob n° 668.545.719-87.

JACY JOÃO MIROTTO, brasileira, casada, funcionária

pública municipal, residente e domiciliada à rua Belo Horizonte, n° 180, Jardim Capital,

na localidade de Paiçandu, devidamente inscrita no CPF/MF sob n° 714.935.309-68.

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ÉLZA DE MIRANDA ROSADA, brasileira, casada,

funcionária pública municipal, residente e domiciliada à rua Ibirapuera, n° 340, Jardim

Alvorada, na localidade de Paiçandu, devidamente inscrita no CPF/MF sob n°

985.368.699-68, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

________________________1. DA COMPETÊNCIA DO JUIZO PARA

PROCESSAR A PRESENTE AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

Pretende o autor, através da presente demanda, buscar a

responsabilidade dos réus acima nominados, em face do cometimento de irregularidades

e ilegalidades, consideradas ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.

Dentre eles, figura a pessoa do ex-prefeito do Município

de Paiçandu, o réu JONAS ERALDO DE LIMA, eleito para a gestão administrativa

1996/2000 e reeleito para a gestão administrativa 2001/2004, mas sendo cassado pela

Justiça Eleitoral no ano de 2002.

Ocorre Excelência, que recentemente passou a viger a Lei

Federal n° 10.628, de 24 de dezembro de 2002, dando nova redação ao artigo 84 do

Código de Processo Penal, passando a prever (artigo 1º) que as ações de improbidade

serão propostas perante o tribunal competente para processar e julgar criminalmente o

funcionário ou autoridade detentora de foro por prerrogativa de função, mesmo que

tenha cessado o exercício da função pública.

Autor, com intuito de afastar a sua incidência sobre os

fatos apresentados na presente demanda, em face da qualidade do réu JONAS ERALDO

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DE LIMA , argüi desde já a inconstitucionalidade da mencionada Lei pelas razões a

seguir expendidas.

Aliás, a inconstitucionalidade da referida lei já vem sendo

atacada diante do Supremo Tribunal Federal, pela colega do Ministério Público Federal

- Gilda Carvalho - Subprocuradora-Geral da República.

Confira sua manifestação a respeito da aludida lei:

“O instituto da improbidade administrativa tem

suscitado diversas questões de índole material e processual. A dimensão

do presente trabalho limita-se à apreciação da tese que reduz o ato de

improbidade administrativa praticada por agente político a um crime

de responsabilidade, de modo a concentrar no Supremo Tribunal

Federal a competência para seu julgamento.

A circunstância de agentes públicos serem espécies de

agentes políticos os sujeita, de todo modo, à mesma disciplina da

responsabilidade: assim, os agentes públicos em geral submetem-se às

esferas criminal, civil e administrativa de responsabilidade, como o

ressalta a doutrina uníssona1.

O processo e julgamento dos agentes políticos por ato

de improbidade administrativa perante o juízo monocrático - como

todos os demais agentes públicos nesta condição - é, portanto, não só

1 MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, Direito Administrativo, p. 494/498; CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO, Curso de Direito Administrativo, 8ª edição. São Paulo: Malheiros, 1996, p. 298/299; HELY LOPES MEIRELLES, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo. Malheiros, 1998, p. 411; JOSÉ CRETELLA JUNIOR, Curso de Direito Administrativo, 14ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1995, p. 78; EDMIR NETTO DE ARAÚJO, O Ilícito Administrativo e seu Processo, . São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1994, p. 54; MARIO MASAGÃO, Curso de Direito Administrativo, 6ª edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1977 p. 240.

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constitucionalmente admitido, mas decorre da aplicação dos princípios

constitucionais da igualdade e da república. Se fosse o caso de

incidência tão somente da esfera de responsabilidade político

administrativa, a Lei Maior teria, certamente, excluído a possibilidade

da aplicação das demais sanções judiciais.

Com efeito, a exata compreensão do sistema da

partilha de competências para processar e julgar a responsabilidade

política, civil, administrativa e criminal dos agentes públicos pressupõe

o princípio republicano da prestação de contas do caput do art. 1º da

Constituição: todo protagonista de ato administrativo submete-se à

apuração de sua responsabilidade, caso não se tenha pautado pelos

estritos cânones constitucionais e legais próprios da Administração

Pública, até porque “todo o poder emana do povo” (parágrafo único).

As idéias de República e igualdade vedam que dê-se

tratamento imune à certa esfera de responsabilidade a quem quer que ostente condição

pública, dentro de critérios gerais expostos no texto constitucional. Nesse rumo, é

intuitivo que as discriminações arbitrárias – aquelas que constituem exceções àquela

concepção – são apenas as que a própria Constituição Federal declara, sob pena de

frustrar a associação dos princípios republicano e da igualdade. Resulta claro, daí, que o

envio de tal ou qual agente público à consideração de uma jurisdição excepcional, ao

argumento de ser ali seu foro em outras circunstâncias – é dizer, de que ostenta

qualidade subjetiva tendente a lhe assegurar foro qualificado com exclusão daquele

imposto aos demais -, evidentemente não tem chancela constitucional. Dito por outras

palavras que considerem a hipótese dos agentes políticos, a competência do Supremo

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Tribunal há de ser lida restritivamente, como o vem dizendo há décadas a própria Corte.

Esse entendimento reiterado foi assim pronunciado pelo Ministro Celso de Mello2.

“O regime de direito estrito, a que se submete a

definição dessa competência institucional, tem levado o Supremo

Tribunal Federal, por efeito da taxatividade do rol constante da Carta

Política a afastar, do âmbito de suas atribuições jurisdicionais

originárias, o processo e o julgamento de causas de natureza civil que

não se acham inscritas no texto constitucional (ações populares, ações

civis públicas, ações cautelares, ações ordinárias, ações declaratórias e

medidas cautelares), mesmo que instauradas contra o Presidente da

República ou contra qualquer das autoridades, que, em matéria penal

(CF, art. 102, I, b, e c), dispõem de prerrogativa de foro perante a Corte

Suprema ou que, em sede de mandado de segurança, estão sujeitas à

jurisdição imediata do Tribunal (CF, art. 102, I, d). Precedentes.”(Pet

1.738 – MG (AgRg), Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)

É por essa razão que o Supremo Tribunal Federal, em

sucessivas decisões, firmou entendimento jurisprudencial no sentido de que não possui

competência originária para processar e julgar determinadas causas – tais como ações

populares (RTJ 121/17, Rel. Min. MOREIRA ALVES – RTJ 1441/344, Rel. Min.

CELSO DE MELLO – Pet 352 – DF, Rel. Min. SYDNEY SANCHES – Pet 431 – SP,

Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA – Pet 487 – DF – Rel. Min. MARCO AURÉLIO – Pet.

1641 – DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO), ações civis públicas (RTJ 159/28, Rel.

Min. ILMAR GALVÃO – Pet 240 – DF, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA) ou ações

cautelares, ações ordinárias, ações declaratórias e medidas cautelares (RTJ 94/471, Rel.

Min. DJACI FALCÃO Pet 240 – DF, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA ) – não obstante

2 Agravo Regimental em Reclamação n.º 1110-1.

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promovidas contra o Presidente da República, ou contra o Presidente da Câmara dos

Deputados, ou, ainda, contra qualquer dos agentes políticos ou autoridades, que, em

matéria penal (Constituição Federal, artigo 102, I, b e c), dispõem de prerrogativa de

foro perante esta Corte ou que, em sede de mandado de segurança, estão sujeitos à

jurisdição imediata deste Tribunal.

Essa orientação jurisprudencial reflete-se na opinião de

autorizados doutrinadores (ALEXANDRE DE MORAES. “Direito Constitucional”, p.

180 item n° 7.8, 6ª ed., 1999, Atlas; RODOLFO DE CAMARGO MANCUSO, “Ação

Popular”, p. 129/130, 1994, RT; HELY LOPES MEIRELLES, “Mandado de Segurança,

Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, “Habeas Data”, p. 122, 19ª ed., atualizada

por Arnoldo Wald, 1998, Malheiros; HUGO NIGRO MAZZILLI, “O Inquérito Civil”,

p. 83/84, 1999, Saraiva; MARCELO FIGUEIREDO, “Probidade Administrativa”, p. 91,

3ª ed., 1998, Malheiros v.g.), cujo magistério também assinala não se incluir, na esfera

de competência originária do Supremo Tribunal Federal, o poder de processar e julgar

causas de natureza civil não referidas no texto da Constituição Federal, ainda que

promovidas contra agentes estatais a quem se outorgou, ratione muneris, prerrogativa de

foro em sede de persecução penal, ou ajuizadas contra autoridades públicas, que, em

sede de mandado de segurança, estão sujeitas à jurisdição imediata do Supremo

Tribunal Federal.

A ratio subjacente a esse entendimento, que acentua o

caráter absolutamente estrito da competência constitucional do Supremo Tribunal

Federal, vincula-se à necessidade de inibir indevidas ampliações conforme ressaltou, a

propósito do tema em questão, em voto vencedor, o saudoso Ministro ADALÍCIO

NOGUEIRA (RTJ 39/56 - 59, 57).

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Na verdade, inexistindo – como ocorre no presente caso –

qualquer indicação de ato suscetível de definir, para os fins a que se refere a

Constituição, e dentro dos limites por esta taxativamente previstos, a competência

originária da Suprema Corte, torna-se inviável pretender que se instaure, perante o

Supremo Tribunal Federal, inquérito civil destinado a aparelhar futuro ajuizamento de

ação civil pública, ainda quando referente a membros do Congresso Nacional, ou até

mesmo, ao próprio Presidente da República (RTJ 94/471, Rel. Min. DJACI FALCÃO,

Pet 240 – DF (AgRg), Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA, v.g.).”(in DJ de 07.12.99, pg.

59”).

Para além desta convicção tão claramente exposta pela voz

do Ministro Celso de Mello – que enfaticamente recordou o modo firme e uníssono com

que a Corte vem há décadas refutando sua competência3 para, entre outras coisas, julgar

ações populares contra o Presidente da República -, e adotada com tranqüilidade pelo

Superior Tribunal de Justiça4, de todo modo há lembrar que no ordenamento jurídico

nacional ocorre a rigorosa independência das instâncias, judiciais e administrativas, no

julgamento da responsabilidade cível e penal dos agentes públicos.

Assim, há de ser reconhecido que a competência dos

órgãos do Poder Judiciário, em particular a dos Tribunais Superiores, como o Supremo

Tribunal Federal, é fixada pelo legislador constituinte originário. Isso se dá por ser tal

3 A interpretação da prerrogativa de foro, por ser prerrogativa, há de ser estrita. Por isso, entende o Supremo Tribunal Federal que a cláusula de irresponsabilidade do Presidente da República, prevista no art. 86, § 4º, somente se aplica a crimes (Inquérito 927-0-SP, rel. Min. Celso de Mello, DJU de 23 de fevereiro de 1.995), a despeito da amplitude do texto; os Prefeitos são julgados perante os Tribunais de Justiça (art. 29, X) – com a ressalva da Justiça Eleitoral e da Federal – em relação às infrações criminais apenas (RE 149544/94-MA, 2ª Turma, rel. Min. Carlos Velloso, j. em 31 de outubro de 1.994). A revogação do Enunciado 394 da súmula de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, com a prevalência do entendimento atual no sentido de que a prerrogativa de foro cessa com o fim do mandato ou a destituição do cargo (Inquérito 687-SP QO, rel. Min. Sydney Sanches, j. em 25 de agosto de 1.999), reforça a tendência restritiva da interpretação. 4 Reclamação n.º 580 – GO, relator o Ministro José Arnaldo da Fonseca; Reclamação n.º 591 SP, relator o Ministro Nilson Naves; Habeas Corpus n.º 8491 – SP, relator o Ministro Felix Fischer.

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matéria uma das mais relevantes entre as que constituem objeto da repartição

constitucional de competências, a qual, por sua vez, delineia a estrutura básica do

Estado Brasileiro.

Por esse motivo, não pode a legislação infraconstitucional

pretender conferir novas competências ao Supremo Tribunal Federal, ao Superior

Tribunal de Justiça e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Apenas o legislador

constituinte, aí incluído o constituinte derivado, que elabora as emendas constitucionais,

pode alterar essa repartição de competências (com as exceções que abaixo se apontarão).

Mudança desse gênero deu-se de maneira válida, por

exemplo, com a Emenda Constitucional no 22, de 18 de março de 1999, que alterou o

art. 105, I, c, da Constituição, ao transferir do Supremo Tribunal Federal para o Superior

Tribunal de Justiça a competência para julgar ações de habeas corpus, quando o ato

impugnado fosse originário de tribunais de segundo grau. A transferência de

competência, no caso dessa emenda, foi válida por haver-se produzido no nível

constitucional, por meio de emenda à Constituição.

Esse deveria ter sido o caminho seguido pelo legislador,

se pretendesse estender o foro por prerrogativa de função.

Não se pode ignorar, pois é fato notório, que tal lei

resultou de enorme pressão política exercida pela equipe de governo do ex-Presidente

Fernando Henrique Cardoso, nos últimos dias de sua gestão, para lograr a extensão de

foro para os agentes públicos mesmo depois de findo o mandato. O ex-presidente

receava ter de defender-se no primeiro grau de jurisdição de numerosas ações que contra

sua pessoa tramitam no Poder Judiciário Brasileiro.

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Devido à mudança da conjuntura política nacional e por

força da intensa pressão a que se fez referência, a anterior composição do Poder

Executivo federal conseguiu aprovar o projeto de lei, que tem quorum e processo

legislativo mais simples do que os aplicáveis às propostas de emenda à Constituição (é a

“forma fácil” de produção do direito a que alude Paulo Bonavides, como se verá

adiante). Não houve preocupação, todavia, com o meio juridicamente correto para a

alteração do instituto do foro privilegiado, que seria, como se disse, a emenda

constitucional (a “forma difícil” a que se refere o autor citado).

É antigo no direito brasileiro o escólio de que as regras de

repartição da competência dos órgãos superiores e de segundo grau do Poder Judiciário

devem ser, em princípio, estipuladas pela própria Constituição. Não é à toa que os arts.

102, I (relativamente ao Supremo Tribunal Federal), 105, I (quanto ao Superior Tribunal

de Justiça) e 108, I (no que concerne aos Tribunais Regionais Federais), expressamente

arrolaram as causas de competência de cada um desses tribunais. O art. 125, § 1o, na

mesma trilha e em obséquio ao princípio federativo, estatuiu competir às constituições

estaduais a definição da competência dos respectivos Tribunais de Justiça.

Quando a Constituição quis deixar a fixação de

competência ao talante do legislador ordinário, fê-lo expressamente, como se constata

pelo disposto no art. 111, § 3o, e no art. 113 da Lei Fundamental, que assim

preceituaram em relação ao Tribunal Superior do Trabalho e aos demais órgãos da

Justiça do Trabalho. Na mesma linha dispôs a Constituição, no art. 121, caput, desta

feita atribuindo à lei complementar a missão de delinear a competência da Justiça

Eleitoral, e no art. 124, parágrafo único, com referência à Justiça Militar.

Portanto, conclui-se que a competência dos Tribunais

Brasileiros pode ser juridicamente definida e alterada segundo dois caminhos válidos:

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a) em relação ao STF, ao STJ, aos TRFs e aos TJs,

somente por norma de hierarquia constitucional, ainda que apenas derivada (isto é, por

alteração constitucional formal);

b) no que pertine à Justiça do Trabalho, à Justiça Eleitoral

e à Justiça Militar, por meio de lei ordinária ou complementar, conforme o caso, por

expressa disposição constitucional.

No caso, o art. 84, § 1o, pretendeu alterar, no nível

infraconstitucional, a competência por prerrogativa de função dos tribunais relacionados

na alínea a do parágrafo anterior. Ao fazê-lo, feriu a sistemática da Constituição em

vigor, que somente admitiria tal extensão de competência pela via da mudança

constitucional.

Esse escólio já foi em inumeráveis oportunidades

reafirmado pelo Supremo Tribunal Federal. Com efeito, a jurisprudência do STF é

pacífica no entendimento de que a competência desse Tribunal e a dos órgãos do Poder

Judiciário resulta diretamente do texto constitucional. Nem mesmo por interpretação

extensiva a Corte Suprema Brasileira admite a ampliação dessa competência.

Vejam-se, por exemplo, entre muitos outros, os seguintes

trechos de julgados do STF, no que têm relação próxima com esta discussão:

“[...] A COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL — CUJOS FUNDAMENTOS REPOUSAM NA

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA — SUBMETE-SE A REGIME DE

DIREITO ESTRITO. — A competência originária do Supremo

Tribunal Federal, por qualificar-se como um complexo de atribuições

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jurisdicionais de extração essencialmente constitucional — e ante o

regime de direito estrito a que se acha submetida — não comporta a

possibilidade de ser estendida a situações que extravasem os limites

fixados, em numerus clausus, pelo rol exaustivo inscrito no art. 102, I,

da Constituição da República. Precedentes. O regime de direito estrito,

a que se submete a definição dessa competência institucional, tem

levado o Supremo Tribunal Federal, por efeito da taxatividade do rol

constante da Carta Política, a afastar, do âmbito de suas atribuições

jurisdicionais originárias, o processo e o julgamento de causas de

natureza civil que não se acham inscritas no texto constitucional (ações

populares, ações civis públicas, ações cautelares, ações ordinárias, ações

declaratórias e medidas cautelares), mesmo que instauradas contra o

Presidente da República ou contra qualquer das autoridades, que, em

matéria penal (CF, art. 102, I, b e c), dispõem de prerrogativa de foro

perante a Corte Suprema ou que, em sede de mandado de segurança,

estão sujeitas à jurisdição imediata do Tribunal (CF, art. 102, I, d).

Precedentes.5

[...] — A questão da prerrogativa de foro — achando-

se intimamente associada ao postulado do juiz natural — constitui

expressiva garantia de ordem processual outorgada pela Carta da

República a quem sofre, em juízo, a persecução penal instaurada pelo

Estado. A definição constitucional das hipóteses de prerrogativa de foro

ratione muneris representa elemento vinculante da atividade de

persecução criminal exercida pelo Poder Público. É que o Estado não

5 STF. Plenário. Agravo regimental na petição no 1.738/MG. Rel.: Min. Celso de Mello. 1o set. 1999, un. DJ 1 1o out. 1999, p. 42. No mesmo sentido: STF. Pet. no 2.785-ES. Rel.: Min. Celso de Mello. 14 nov. 2002, decisão monocrática. DJ 1 22 nov. 2002, p. 87; MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. São Paulo: Atlas, 2002, p. 1.368 (sub item 102.1: Competências do STF).

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 13

pode desconsiderar essa garantia básica que predetermina, em abstrato,

os órgãos judiciários investidos de competência funcional para a

apreciação de litígios penais que envolvam determinados agentes

públicos. O princípio da naturalidade do juízo — que reflete noção

vinculada às matrizes político-ideológicas que informam a concepção do

Estado Democrático de Direito — constitui elemento determinante que

conforma a própria atividade legislativa do Estado e que condiciona o

desempenho, pelo Poder Público, das funções de caráter persecutório

em juízo. [...]6

COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA CONTRA PRESIDENTE DA

REPÚBLICA. LEI N. 7.347/85. A competência do Supremo Tribunal

Federal é de direito estrito e decorre da Constituição, que a restringe

aos casos enumerados no art. 102 e incisos. [...] 7 ”

Em outro julgamento, unânime como os já citados, o STF

definiu que o princípio do juiz natural, igualmente de sede constitucional, exige a

predefinição, na própria Constituição, do órgão competente para o julgamento:

“[...] PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E PROCESSO

PENAL DEMOCRÁTICO — A consagração constitucional do

princípio do juiz natural (CF, art. 5o, LIII) tem o condão de reafirmar o

compromisso do Estado brasileiro com a construção das bases jurídicas

necessárias à formulação do processo penal democrático. O princípio

6 STF. 1a Turma. AgRg no agravo de instrumento no 177.313-MG. Rel.: Min. Celso de Mello. 23 abr. 1996, un. DJ 1 17 maio 1996, p. 16.343. 7 STF. Plenário. AgRg na pet. no 693-SP. Rel.: Min. Ilmar Galvão. 12 ago. 1993, maioria. DJ 1 1o mar. 1996.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 14

da naturalidade do juízo representa uma das matrizes político-

ideológicas que conformam a própria atividade legislativa do Estado,

condicionando, ainda, o desempenho, em juízo, das funções estatais de

caráter penal-persecutório. A lei não pode frustrar a garantia derivada

do postulado do juiz natural. Assiste, a qualquer pessoa, quando

eventualmente submetida a juízo penal, o direito de ser processada

perante magistrado imparcial e independente, cuja competência é

predeterminada, em abstrato, pelo próprio ordenamento

constitucional.8 ”

No voto, o relator, Min. Celso de Mello, alertou para o

risco de alterações infraconstitucionais nos foros constitucionalmente previstos:

“[...] É que autoridade competente só será aquela que a

Constituição tiver previsto, explícita ou implicitamente, pois, se assim

não fosse, a lei poderia burlar as garantias derivadas do princípio do

Juiz independente e imparcial, criando outros órgãos para o processo e

julgamento de determinadas infrações. [...] 9 ”

Considerando a incipiente tradição democrática brasileira,

não chega a surpreender a antevisão que teve o relator nesse processo da situação que

ora se ataca: a lei ordinária, de maneira ad hoc e intuitu personæ, pretendeu alterar

competências dos tribunais superiores e de revisão, com a clara finalidade de criar juiz

não-natural (por não ter sido constitucionalmente previsto) para certas autoridades. É

justamente essa manobra que o Poder Judiciário não pode agora placitar.

8 STF. 1a T. Habeas corpus no 73.801/MG. Rel.: Min. Celso de Mello. 25 jun. 1996, un. DJ 1 27 jun. 1997, p. 30.226. 9 Apud MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. São Paulo: Atlas, 2002, p. 1.323 (sub item 96.10: Foro especial dos magistrados e membros do Ministério Público).

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Alexandre de Moraes respalda essa concepção, ao

sustentar que “a competência originária do STF é taxativamente prevista na

Constituição Federal, pois qualifica-se como um conjunto de atribuições jurisdicionais

de natureza constitucional, não possibilitando sua ampliação pelo legislador

ordinário.” 10

O entendimento pacífico do STF harmoniza-se com a

concepção de que essas normas — definidoras da competência dos órgãos do Poder

Judiciário — são o que a doutrina constitucionalista denomina de normas

constitucionais em sentido material. Essa categoria epistemológica desenvolveu-se a

partir da noção de que as constituições modernas, preponderantemente de tipo analítico

(e, por isso mesmo, longas e minuciosas), nem sempre disciplinam apenas temas

tipicamente constitucionais. Esses temas comporiam a chamada constituição material,

ao passo que os demais consubstanciariam a constituição formal, assim considerada

apenas pelo fato de suas normas estarem no texto constitucional, independentemente da

matéria que sejam.

O professor Paulo Bonavides, com seu habitual acerto,

assim explica a questão:

“2. O conceito material de Constituição

Do ponto de vista material, a Constituição é o conjunto

de normas pertinentes à organização do poder, à distribuição da

competência, ao exercício da autoridade, à forma de governo, aos

direitos da pessoa humana, tanto individuais quanto sociais. Tudo

10 MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. São Paulo: Atlas, 2002, p. 1.368 (sub item 102.1: Competências do STF), sic.

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quanto for, enfim, conteúdo básico referente à composição e ao

funcionamento da ordem política exprime o aspecto material da

Constituição.

[...]

3. O conceito formal

As Constituições não raro inserem matéria de

aparência constitucional. Assim se designa exclusivamente por haver

sido introduzida na Constituição, enxertada no seu corpo normativo e

não porque se refira aos elementos básicos ou institucionais da

organização política.

[...]

Mas uma vez postas na Constituição, tais normas —

repetimos — embora não sejam materialmente constitucionais, somente

poderão suprimir-se ou alterar-se mediante um processo diferente,

mais solene e complicado (maioria qualificada, votação repetida em

legislaturas sucessivas, ratificação pelos Estados-membros em algumas

organizações federativas, conforme a prescrição constitucional etc.).

Essa forma difícil de reformar a Constituição ou de

elaborar uma lei constitucional, distinta pois da forma fácil empregada

na feitura da legislação ordinária — cuja aprovação se faz em geral por

maioria simples, com ausência daqueles requisitos — caracteriza a

Constituição pelo seu aspecto formal.[...] 11”

Em linha de raciocínio semelhante, JOSÉ AFONSO DA

SILVA fala em “elementos das constituições”, que são matérias análogas às que a

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 17

doutrina costuma denominar de constituição material. Para ele, a generalidade das

constituições revela cinco categorias de elementos em sua estrutura normativa: os

orgânicos (regulam a estrutura do Estado e do poder), os limitativos (consubstanciam os

direitos e garantias fundamentais), os sócio-ideológicos (revelam o compromisso

constitucional entre o Estado individualista e o Estado social), os de estabilização

constitucional (buscam assegurar a solução de conflitos constitucionais) e os formais de

aplicabilidade (cuidam das regras de aplicação da constituição). No caso da Constituição

brasileira, José Afonso da Silva assim explica os elementos orgânicos:

“(1) elementos orgânicos, que se contêm nas normas

que regulam a estrutura do Estado e do poder, e, na atual Constituição,

concentram-se, predominantemente, nos Títulos III (Da Organização

do Estado), IV (Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo),

Capítulos I e II do Título V (Das Forças Armadas e da Segurança

Pública) e VI (Da Tributação e do Orçamento, que constituem aspectos

da organização e funcionamento do Estado);

[...].12”

O Poder Judiciário está inserido, como se sabe,

justamente no Título IV da Constituição de 1988, sob o Capítulo III (arts. 92 e

seguintes). É típico elemento constitucional, no dizer de José Afonso da Silva, isto é,

um dos pilares da constituição material, de acordo com a terminologia mais difundida.

Não pode, portanto, ser alterado por norma infraconstitucional.

Ainda a esse respeito, o professor luso José Joaquim

Gomes Canotilho aponta o que chama de órgãos constitucionais, aqueles que derivam

11 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. p. 63-5, itálico no original.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 18

diretamente da constituição e cuja alteração atinge a própria essência da forma de

governo:

“A morfologia da organização constitucional tem

sobretudo em conta os órgãos constitucionais. A CRP [Constituição da

República Portuguesa] utiliza o conceito de órgãos constitucionais num

sentido amplo (cfr. arts. 163o/g e 164o/l): são praticamente todos aqueles

mencionados na constituição. Mas a doutrina trabalha também com o

conceito de órgãos constitucionais de soberania e que é muito mais

restrito do que o anterior. Órgãos constitucionais de soberania são

aqueles: (1) cujo status e competências são imediata e

fundamentalmente “constituídos” pela constituição; (2) que dispõem de

um poder de auto-organização interna; (3) que não estão subordinados

a quaisquer outros; (4) que estabelecem relações de interdependência e

de controlo em relação a outros órgãos igualmente ordenados na e pela

constituição. O facto de o seu status e competência derivar directamente

da constituição leva os autores a considerá-los como órgãos imediatos.

Não basta, pois, que eles sejam “mencionados” na constituição; as suas

competências e funções devem resultar, no essencial, da lei

fundamental.

[...]

Daqui se deduz também que os órgãos constitucionais

de soberania além de derivarem imediatamente da constituição são

coessenciais à caracterização da forma de governo constitucionalmente

instituída. Ao contrário de outros órgãos constitucionais, previstos na

lei fundamental mas que não concorrem para a configuração da forma

12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 16. ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 1999. p. 46, itálico no original.

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de governo, a alteração ou supressão dos órgãos constitucionais da

soberania implica a própria transformação da forma de governo.13”

Desse modo, por serem os órgãos judiciários qualificados

como órgãos constitucionais, não poderiam ter sua competência constitucional alterada

por norma espúria para esse fim, como é a lei ordinária, de nível inferior (a não ser,

repita-se, nos casos ressalvados pela própria Constituição, conforme o § 21.b supra).

Poderia alguém sustentar que a mera distribuição de

competências no seio do próprio Poder Judiciário não estaria no conceito de

constituição material e, por isso, sujeita à reserva de emenda constitucional para

alteração. O argumento não é consistente, por dois motivos principais: (a) a fixação de

órgãos constitucionais especiais para julgamento de determinadas pessoas

expressamente excepciona a abrangência do direito fundamental à igualdade, que é

princípio estruturante da Constituição (art. 5o, caput), bem como a do princípio do juiz

natural, e altera a repartição de competências delineada pelo próprio legislador

constituinte, de modo que tal matéria não poderia ser objeto de disciplina por parte do

legislador infraconstitucional, de caráter derivado; (b) como se viu, a própria

Constituição estabeleceu os casos em que a competência dos tribunais poderia ser regida

por lei (consoante o citado § 21 supra: art. 111, § 3o, art. 113, art. 121, caput, e art. 124,

parágrafo único).

Por outra parte, não se alegue que a nova redação do § 1o

apenas explicitou competência já definida no próprio ordenamento constitucional. Para

raciocinar apenas com a disciplina concernente ao STF e não alongar em demasia esta

13 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998. p. 507, destaques no original.

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petição (pois em relação aos outros tribunais a sistemática é análoga), veja Vossa

Excelência o que reza o art. 102, I, da Constituição:

“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,

precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I — processar e julgar, originariamente:

[...]

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da

República, o Vice-Presidente- Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus

próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de

responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do

Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos

Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão

diplomática de caráter permanente;

[...].”

As alíneas acima transcritas não se referem aos ex-

Presidentes da República, aos ex-deputados e ex-senadores, aos ex-ministros etc. A

intenção do constituinte parece clara: a de proteger o atual exercente da função pública,

pois é pacífico que a garantia constitucional do foro por prerrogativa de função existe

para tutelar o exercício da função e não a pessoa que a tenha exercido.

Dessa maneira, se o indivíduo deixou a função, por

aposentadoria, término de mandato, exoneração, demissão ou outra causa, não mais se

justifica que tenha tratamento diverso daquele reservado aos demais cidadãos. Poderá,

em conseqüência, ser julgado pelos juízes de primeiro grau, assegurados o devido

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processo legal, o contraditório e a ampla defesa. Entre essas garantias está a de interpor

todos os recursos previstos na legislação processual brasileira — que não são poucos!

—, observados os respectivos requisitos. Com isso, a ação civil por ato de improbidade

administrativa poderá chegar até mesmo ao Supremo Tribunal Federal, o que afasta

qualquer tese de que poderia ser condenado “apenas” por um juiz de primeiro grau um

ex-presidente da República.

Na verdade, a indagação que se deve fazer nesse ponto da

discussão é outra: por que um ex-presidente da República ou outro cidadão antes

exercente de cargo de cargo público não poderia ser julgado por um juiz de primeiro

grau? Seriam esses juízes menos dignos, confiáveis ou tecnicamente habilitados do que

os juízes de tribunais? Essas qualidades somente se adquirem nos tribunais?

Nessa ótica, a regra introduzida pela Lei no 10.628, de

2002, de fato expande a competência dos tribunais e, ao fazê-lo sem possuir capacidade

de alterar a Constituição, padece de inconstitucionalidade, tanto formal quanto material.

A tese, portanto, de que a citada lei apenas deu

interpretação legislativa aos dispositivos constitucionais não pode ser aceita. E não pode

porquanto o intérprete maior da Constituição brasileira, o Supremo Tribunal Federal, já

o fez ao julgar a questão de ordem no inquérito no 687-SP, em 25 de agosto de 1999,

ocasião em que deliberou cancelar a antiga súmula no 394, que dispunha no mesmo

sentido do inconstitucional art. 84, § 2o, do CPP.

Nesse histórico julgamento, o acórdão ficou assim

ementado:

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“DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL

PENAL. PROCESSO CRIMINAL CONTRA EX-DEPUTADO

FEDERAL. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA. INEXISTÊNCIA DE

FORO PRIVILEGIADO. COMPETÊNCIA DE JUÍZO DE 1 o GRAU.

NÃO MAIS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

CANCELAMENTO DA SÚMULA 394. 1. Interpretando

ampliativamente normas da Constituição Federal de 1946 e das Leis nos

1.079/50 e 3.528/59, o Supremo Tribunal Federal firmou

jurisprudência, consolidada na Súmula 394, segunda a qual, “cometido

o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência especial

por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal

sejam iniciados após a cessação daquele exercício”. 2. A tese

consubstanciada nessa Súmula não se refletiu na Constituição de 1988,

ao menos às expressas, pois, no art. 102, I, “b”, estabeleceu competência

originária do Supremo Tribunal Federal, para processar e julgar “os

membros do Congresso Nacional”, nos crimes comuns. Continua a

norma constitucional não contemplando os ex-membros do Congresso

Nacional, assim como não contempla o ex-Presidente, o ex-Vice-

Presidente, o ex-Procurador-Geral da República, nem os ex-Ministros

de Estado (art. 102, I, “b” e “c”). Em outras palavras, a Constituição

não é explícita em atribuir tal prerrogativa de foro às autoridades e

mandatários, que, por qualquer razão, deixaram o exercício do cargo

ou do mandato. Dir-se-á que a tese da Súmula 394 permanece válida,

pois, com ela, ao menos de forma indireta, também se protege o

exercício do cargo ou do mandato, se durante ele o delito foi praticado e

o acusado não mais o exerce. Não se pode negar a relevância dessa

argumentação, que, por tantos anos, foi aceita pelo Tribunal. Mas

também não se pode, por outro lado, deixar de admitir que a

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prerrogativa de foro visa a garantir o exercício do cargo ou do

mandato, e não a proteger quem o exerce. Menos ainda quem deixa de

exercê-lo. Aliás, a prerrogativa de foro perante a Corte Suprema, como

expressa na Constituição brasileira, mesmo para os que se encontram

no exercício do cargo ou mandato, não é encontradiça no Direito

Constitucional Comparado. Menos, ainda, para ex-exercentes de cargos

ou mandatos. Ademais, as prerrogativas de foro, pelo privilégio, que, de

certa forma, conferem, não devem ser interpretadas ampliativamente,

numa Constituição que pretende tratar igualmente os cidadãos comuns,

como são, também, os ex-exercentes de tais cargos ou mandatos. 3. Erro!

Indicador não definido. Erro! Indicador não definido. Questão de Erro!

Indicador não definido. Erro! Indicador não definido. Ordem suscitada

pelo Relator, propondo cancelamento da Súmula 394 e o

reconhecimento, no caso, da competência do Juízo de 1o grau para o

processo e julgamento de ação penal contra ex-Deputado Federal.

Acolhimento de ambas as propostas, por decisão unânime do Plenário.

4. Ressalva, também unânime, de todos os atos praticados e decisões

proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, com base na Súmula 394,

enquanto vigorou.14”

Constata-se, desse modo, que o STF não admitiu a

constitucionalidade da interpretação segundo a qual o foro por prerrogativa de função

persistiria após o exercício do múnus público. Pelas mesmas razões, não é

constitucionalmente válida lei ordinária instituindo foro por prerrogativa de função

nesses casos. Apenas emenda constitucional poderia, de maneira juridicamente válida,

criar tal foro. As normas infraconstitucionais não podem fazê-lo.

14 STF. Plenário. QO no Inq no 687-SP. Rel.: Min. Sydney Sanches. 25 ago. 1999, un. e maioria. DJ 1 9 nov. 2001, p. 44.

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A par disto, urdir uma tentativa de absorver instâncias e

igualar ilícitos inconciliáveis induz um tipo de interpretação vedada em sede

constitucional, já que tem eficácia ab-rogante. Tornar frustra a jurisdição civil ordinária

em prol de um foro criminal qualificado constitui, claramente, uma prática inidônea do

ponto de vista da Constituição Federal, já que prestigia uma regra – a da competência do

Supremo Tribunal (artigo 102) – e abstrai outra – a da competência da Justiça Federal

(artigo 109). É ocioso lembrar que este artifício somente não é válido em conflitos de

normas constitucionais: uma interpretação sistemática – caminho que vem sendo

trilhado pelo Supremo, quando defrontado com a evocação de depender de juízo estrito

de autoridade judiciária imparcial e eqüidistante das paixões políticas.

Cabe lembrar, igualmente, que a jurisprudência do

Supremo Tribunal e de seus congêneres estrangeiros demonstra a necessidade de se

rejeitar a tese por vezes defendida por agentes políticos em ações de improbidade - vale

dizer, a da existência de foro de prerrogativa. O Supremo Tribunal Federal e todos os

demais órgãos judiciários de similar estatura continuamente repudiam a interpretação

extensiva das normas de sua competência com apelo ao fundamento teleológico: a

inteligência abrangente de sua cláusula de competência não deve gerar a inviabilização

material do tribunal por sobrecarga de trabalho. Chamar para si competências que não se

encontram inequivocamente compreendidas nas atribuições do Supremo Tribunal

constitui uma das maneiras mais eficazes de impedir-lhe o exercício das competências

indiscutíveis. Aliás, boa parte da história daquela Corte desde a Constituição de 1946

tem consistido na luta pela sobrevivência institucional num conjunto desmedido de

competência jurisdicional: sejam lembradas nesse sentido a emblemática criação do

TFR e do STJ e o paulatino aperfeiçoamento da súmula de jurisprudência como defesas

à inviabilização do Tribunal.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 25

Ainda nessa linha mais abrandada, é freqüente argumentar

contra a competência da primeira instância para processar e julgar a ação de

improbidade de agentes políticos, pois isso implicaria a possibilidade de um juiz de

primeiro grau decretar, inclusive liminarmente, a perda de cargo do Presidente da

República ou de Ministro do Supremo Tribunal Federal. A objeção pode ser contradita

com facilidade. Sublinhe-se de início que tanto as decisões liminares quanto as de

mérito proferidas pela primeira instância conhecem a mais variada gama de recurso para

combatê-las. Fossem tais decisões judiciais insuscetíveis de impugnação, a tese talvez

procedesse. Contudo, raríssimas são as sentenças de primeira instância que se livram de

recursos. Logo, também no caso da improbidade contra agentes políticos o quotidiano

do sistema jurídico brasileiro mostra ser a preocupação referida infundada, pois sempre

caberão recursos daquelas decisões e, em verdade, a primeira instância jamais decidirá o

tema autonomamente. Ademais, a perda do cargo poderia ficar vinculada a confirmação

pelo tribunal competente.

A crítica referida mal consegue esconder um certo

preconceito contra a primeira instância que, em absoluto, encontra respaldo na

Constituição Federal. A admissão da crítica referida implicaria aceitar o ponto de vista

de que a primeira instância do Judiciário prestaria jurisdição satisfatória em se tratando

dos cidadãos comuns desta República, mas não o suficientemente qualificado, quando já

se cuidasse de demandas envolvendo os agentes políticos, justamente os responsáveis

em última análise pela criação e aprimoramento das leis e do aparelho judiciário. O

mecanismo judiciário que os agentes políticos põem à disposição dos brasileiros de um

modo geral também há de bastar para a garantia dos direitos materiais e processuais dos

agentes políticos mencionados, sob pena de caírem eles em contradição absoluta.

De resto, a tentativa de deslocar o foro referido deixa

transparecer nitidamente a preocupação de seus defensores não com o exercício de

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 26

determinadas funções públicas, mas com as pessoas que, no regime republicano, as

ocupam apenas temporariamente. Tivesse a tese referida o intuito de aprimoramento do

sistema de competências, seus autores haveriam de sugerir o mesmo desfecho para as

ações popular e civil pública, igualmente capazes em tese de paralisar grandes

programas de governo. Nota-se aqui que conta mais o interesse personalista do que a

melhora do sistema jurídico brasileiro com apelo ao equilíbrio das competência para a

revisão de atos administrativos.

Uma outra ordem de consideração precisa ser igualmente

ponderada: proclamar a prerrogativa de foro para as ações de improbidade

administrativa contra autoridades públicas também sujeitas a crimes de responsabilidade

– ainda que apenas quanto às sanções de perda da função pública e suspensão dos

direitos políticos – é pôr sob suspeita o Poder Judiciário e supor a inidoneidade ética

(imparcialidade) e mesmo técnica dos juízes de primeiro grau de jurisdição, que não

seriam capazes de fazer a distinção entre uma avaliação estritamente técnico-jurídica e

uma apreciação política tendenciosa. Significa, também, aceitar que o processo judicial

brasileiro não é suficiente (e note-se que não faltam oportunidades e recursos) para

garantir um julgamento isento e justo.

Com isso está se dizendo que os juízes de primeiro grau –

cotidianamente devotados ao julgamento de agentes públicos ordinários – não são

suficientemente bons para julgar agentes políticos, o que traveste, claramente, mais um

preconceito contra a judicatura monocrática, a par de assinar um descabido privilégio

em favor de alguns, que somente podem agir em nome do povo.

Na Lei 8.429/92, que se aplica a qualquer agente público e

inclusive a particulares, prevê garantias processuais com todos os meios e recursos

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 27

inerentes15 – garantias essas que tutelam todas as pessoas –, há, em relação à perda da

função pública e à suspensão dos direitos políticos, a garantia de que esse afastamento

somente ocorrerá com o trânsito em julgado.16

Numa perspectiva de democratização, o constituinte de

1988 buscou facilitar o combate à improbidade administrativa, conferindo um

tratamento isonômico, avesso a prerrogativas. É preciso respeitar essa decisão histórica,

expressa claramente no texto da Constituição Federal, decorrentes dos excessos de

improbidade e impunidade até então reinantes.

Com efeito, em se tratando de exceção ao princípio

constitucional da isonomia, somente a própria Constituição Federal pode estabelecer os

casos de foro privilegiado. Mesmo ao Judiciário é vedada a criação de novos casos de

privilégio de foro sem previsão constitucional expressa.

Fábio Konder Comparato ensina que “se existe

decorrência mais direta e imediata do princípio da igualdade de todos perante a

lei, ela se encontra, sem sombra de dúvida, na proibição de se estabelecerem foros

privilegiados ou juízes ´ad hoc`". 17

E complementa com precisão:

“Em suma, a criação de foros privilegiados, em razão da

função ou cargo público exercido por alguém, é sempre submetida ao

princípio da reserva, de natureza constitucional ou legal. Em nenhum

país do mundo, que se pretenda Estado de Direito, ou mais ainda, Estado

15 Constituição, art. 5°, LV 16 Art. 20 da Lei 17 Op. cit., p. 122.

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Democrático de Direito, nunca se ouviu dizer nem sequer sugerir que o

Poder Executivo ou o Poder Judiciário tenham competência para criar

prerrogativas de foro; pior ainda – o que seria inominável abuso -,

ninguém jamais admitiu a constitucionalidade de sistemas jurídicos onde

houvesse prerrogativas de foro para os próprios membros do Poder que as

criava.”

Vale ressaltar a Vossa Excelência que nas razões do

indeferimento da liminar pleiteada na ADIN n.º 2797-2, onde se questiona o diploma

legal em questão, nem sequer se cogitou, mesmo de forma indireta ou qualquer outro

indicativo, acerca do mérito da ação direta de inconstitucionalidade. O indeferimento se

resumiu unicamente na ausência de periculum in mora, não servindo de parâmetro para

o questionamento da constitucionalidade da norma enfocada.

Em recente decisão sobre prerrogativa de foro, sobre fatos

similares, o eg. Tribunal de Justiça do Paraná, posicionou que

AÇÃO DE IMPROBIDADE N.º 135.998-6 DE

GUARATUBA. AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO

PARANÁ.RÉUS: LUIZ CARLOS ALVES E OUTROS. RELATORA:

DESª REGINA AFONSO PORTES

AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA -

PROPOSITURA NO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU – REMESSA

POSTERIOR DOS AUTOS AO TRIBUNAL EM RAZÃO DA

PRERROGATIVA DE FORO – LEI N.º 10.628/2002 – ARGÜIÇÃO DE

INCONSTITUCIONALIDADE PELO “PARQUET” –

PRONUNCIAMENTO ANTERIOR DO ÓRGÃO ESPECIAL NO

ACÓRDÃO N.º 5640 – COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO FRACIONÁRIO

ANTE A EXISTÊNCIA DE PRECEDENTE – INTELIGÊNCIA DO

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ARTIGO 481, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO DE PROCESSO

CIVIL – LEI N.º 8.429/92 – ILÍCITOS DE CARÁTER CIVIL,

ADMINISTRATIVO E POLÍTICO – FORO POR PRERROGATIVA DE

FUNÇÃO ADSTRITO ÀS HIPÓTESES DE ILÍCITOS PENAIS –

IMPOSSIBILIDADE DE AUMENTAR O ROL VIA LEI ORDINÁRIA -

INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA.

“1. Tendo o Órgão Especial já se pronunciado acerca da

inconstitucionalidade da Lei n.º 10.628/2002, declarando-a, é

desnecessária nova remessa àquele órgão para análise da matéria. Nos

termos do artigo 481, parágrafo único, do Código de Processo Civil, este

órgão fracionário tem competência para declarar a inconstitucionalidade

da Lei atacada, uma vez que já existente o precedente.

2. A Lei de Improbidade Administrativa trata de ilícitos

de caráter civil, administrativo e político, e não de natureza penal. Por sua

vez, o foro especial por prerrogativa de função, instituído pela

Constituição Federal e Estadual, autoriza que se afaste do âmbito de

atribuições jurisdicionais originárias dos tribunais o julgamento das

causas de natureza civil que não se acham inscritas no texto

constitucional. Logo, para inclusão dos atos de improbidade

administrativa no rol daqueles que ensejam o foro especial necessária a

criação de emenda constitucional, que possui processo legislativo

diferenciado do infraconstitucional. Inconstitucionalidade declarada.”

(Ac. 13.05.2003. Rel. Des. Regina Afonso Portes)

Portanto, é inconstitucional a Lei Federal 10.638/02 e de

conseqüência firma-se a competência deste Juízo para conhecer os fatos deduzidos na

presente demanda.

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_______________________2. DOS FATOS E DO DIREITO À ESPÉCIE:

No mês de abril do ano de 2002 o advogado da cidade de

Paiçandu, DOUTOR MOACYR JOSÉ DE OLIVEIRA (atual Prefeito Municipal - vencedor

do pleito realizado em 27 de abril de 2003) entregou, ao titular da Promotoria de

Proteção ao Patrimônio Público da Comarca de Maringá, documentos relacionados à

licitação, com o objetivo de Concessão do Imóvel Público do HOSPITAL MUNICIPAL

DE PAIÇANDU, nos quais se vislumbravam aparentes irregularidades no procedimento

licitatório, em especial, habilitação de pessoas que, em tese, não poderiam contratar com

a Administração Pública.

O autor, através de seu representante legal, ora subscritor,

ao receber os documentos, cioso de suas obrigações constitucionais, instaurou

Procedimento Investigatório Preliminar nº 05/2002, cujo original se encontra em anexo,

para investigar os fatos e, consequentemente, instruir a propositura desta Ação Civil

Pública.

Verificou-se, então que, efetivamente, irregularidades

haviam ocorrido no procedimento licitatório, sob a modalidade Concorrência Pública,

instaurado pelo Edital n.º 01/2001, que tinha como objeto a concessão de uso

remunerado do imóvel pertencente ao Hospital Municipal de Paiçandu, o qual teve

declarado como vencedora a ré HOSPITAL PAIÇANDU LTDA.

Em decorrência da referida investigação, acabou-se por

apurar que também haviam ocorrido irregularidades em uma anterior licitação, no ano

de 1997, instituída com a finalidade de prestação de serviços hospitalares no HOSPITAL

MUNICIPAL SÃO JOSÉ, sob a modalidade Tomada de Preços (Edital n.º 07/97), na qual,

crê-se que, não por coincidência, também sagrou-se como vencedora a ré HOSPITAL

PAIÇANDU LTDA.

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Verificou-se, ainda, a conduta ilícita do réu JONAS

ERALDO DE LIMA ao negar o fornecimento de documentos e informações requisitadas

pela Câmara Municipal de Paiçandu –PR, conforme demonstram os ofícios n.º 76/01 e

91/01 (fls. 383/386), fato confirmado pelo Vereador Eduardo Pereira da Silva (fls. 371)

atual Presidente daquela Casa de Leis.

Como se vê, a toda comunidade paiçanduense era

perceptível que a utilização do Hospital Municipal pela empresa ré HOSPITAL

PAIÇANDU LTDA, por cerca de 06 (seis) anos, não estava regular, sendo a suspeita

reforçada com a atitude criminosa do réu JONAS ERALDO DE LIMA ao tentar

obstaculizar a atividade fiscalizatória da Câmara Municipal.

Confira os fatos abaixo discriminados:

2.1. DAS IRREGULARIDADES NO PROCEDIMENTO

LICITATÓRIO SOB A MODALIDADE TOMADA DE PREÇO N.º 07/97, E NO

RESPECTIVO CONTRATO, CONSISTENTES NA CONCESSÃO DO PRÉDIO

PÚBLICO DO HOSPITAL MUNICIPAL SEM AUTORIZAÇÃO LEGIS LATIVA;

NO PAGAMENTO DE VERBAS EXTRAS EXCLUÍDAS EXPRESSAMEN TE PELO

EDITAL; E AS DIVERSAS RENOVAÇÕES DE CONTRATO COM A RÉ

HOSPITAL PAIÇANDU LTDA, TODAS EM TOTAL DESACORDO CO M A LEI

8.666/93.

2.1.1. DA CONCESSÃO DE PRÉDIO PÚBLICO SEM

AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA.

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O procedimento licitatório n.º 07/97, instaurado na

primeira gestão do ex-prefeito JONAS ERALDO DE LIMA (1997/2000), tinha como

finalidade a contratação de serviços hospitalares e técnico profissional que seriam

prestados no HOSPITAL MUNICIPAL SÃO JOSÉ, localizado na cidade de Paiçandu,

conforme se verifica no item 1.0 do respectivo Edital (fls. 163).

Não obstante, referido procedimento envolvia a cessão do

prédio do HOSPITAL MUNICIPAL SÃO JOSÉ àquele que fosse vencedor do certame, de

acordo com o previsto no item 1.0.1 do Edital, in verbis:

“1.0.1 – O Município cederá o prédio do Hospital São

José, com suas instalações na forma em que se encontram constituindo em:

(vide anexo 06 e 07). Em contra partida (sic), o proponente deverá equipar

demais (sic) dependências do referido prédio com os móveis e equipamentos

de sua propriedade (...)”

Deve ser notado que, apesar do objeto do procedimento ter

sido estipulado como sendo a prestação de serviços hospitalares, a intenção primacial

daquela licitação era a cessão do Hospital Municipal à iniciativa privada, tanto que, anos

depois, em 2001, foi instaurado outro procedimento visando a concessão de uso do

imóvel público de Paiçandu o qual continha praticamente os mesmos termos do

primeiro.

Diante disso, verifica-se que tal ato não poderia ocorrer

mediante simples manifestação do poder discricionário do Chefe do Executivo, ou

melhor dizendo neste caso, ao bel-prazer do réu JONAS ERALDO DE LIMA.

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Como deve ocorrer em toda a concessão de uso de bem

público, promovida por qualquer Administração, era imperativo a autorização

legislativa da Câmara Municipal de Paiçandu para que fosse corretamente viabilizada.

Aliás, isso foi efetivamente constatado no parecer do Departamento Jurídico do

Município de Paiçandu, constante do procedimento licitatório. Eis o trecho que trata a

esse respeito (fls. 149):

“ Considerando que o Próprio (sic) Público (Hospital)

será cedido ao vencedor por uma (sic) prazo de 6 (seis) meses prorrogável

por igual período a critério da administração (item 4.0) entendemos da

necessidade da manifestação do Poder Legislativo.”

Passando por cima desta orientação, o réu JONAS

ERALDO DE LIMA levou adiante o procedimento até que chegasse a seus termos finais

e fosse declarado como vencedor o único participante HOSPITAL PAIÇANDU LTDA.

Conclui-se que a intenção de mascarar a finalidade do

procedimento licitatório atribuindo-lhe como objeto a prestação de serviços hospitalares,

mais o fato do total desprezo a orientação da Assessoria Jurídica do Município, visavam

um único objetivo: excluir da apreciação da Câmara Municipal de Paiçandu o ato de

concessão do prédio do Hospital Municipal.

A inexistência de instrumento normativo amparando a

concessão de uso do Hospital Municipal de Paiçandu, procedida no ano de 1997 e que

perdurou até 2001, foi confirmada pelo atual Presidente da Câmara Municipal daquele

Município o vereador Eduardo Pereira da Silva, através do ofício n.º 06/2003, do qual se

destaca o seguinte trecho:

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“ Em atenção a seu ofício n.º 43/03, de 12 de março do

corrente ano, temos a informar que após consulta aos arquivos desta Casa

Legislativa, não foi encontrado nenhum registro de Lei Municipal, anterior

à Lei 1403/2001, autorizando o Município de Paiçandu a conceder edifícios

e espaços públicos.”

Portanto, o réu JONAS ERALDO DE LIMA, violou o

comando da Lei Orgânica Municipal (art. 19, incisos IX, X e XI), prescrevendo que:

“Art. 19. Cabe à Câmara Municipal, com a sanção do

Prefeito, dispor sobre as matérias de competência do Município, e

especialmente:

[...]

IX - autorizar a concessão de serviços públicos

X - autorizar a concessão de direito real de uso de bens

municipais;

XI - autorizar a concessão administrativa de uso de

bens municipais”

Ora, referido réu, como qualquer outra pessoa eleita para o

cargo de primeiro mandatário da municipalidade, por ocasião da sua posse, prometeu

cumprir e fazer cumprir os ditames legais, dentre as quais as normas expressas da Lei

Orgânica Municipal.

Confira os termos do art. 47, “caput” da Lei Orgânica

Municipal:

“Art. 47. O Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão posse e

assumirão o exercício na Sessão Solene de Instalação da Câmara

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Municipal, no dia primeiro de janeiro do ano subseqüente à eleição, e

prestarão o compromisso de cumprir e fazer cumprir a Constituição

Federal, a Constituição Estadual, a Lei Orgânica do Município,

observar as Lei e promover o bem-estar geral do povo do Município de

Paiçandu, exercer o cargo sob a inspiração da democracia, da

legitimidade e da legalidade” (nosso grifo)

Com isso, o réu JONAS ERALDO DE LIMA, violou um dos

princípios básicos do procedimento licitatório, qual seja, o PRINCÍPIO DA LEGALIDADE,

tão encarecido na Lei Federal n° 8.666/93, in verbis:

“Art. 3°. A licitação destina-se a garantir a observância

do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais

vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita

conformidade com os princípios básicos da legalidade, da

impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, e da

probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório,

do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.” (nosso grifo)

O aludido réu, deliberadamente, isto é, com vontade livre e

consciente, ao deixar de obter a chancela legislativa para o desencadeamento do referido

processo licitatório, sem dar os motivos da recusa ou a impossibilidade por escrito à

autoridade competente (in casu, ao Presidente da Câmara) negou execução a Lei

Orgânica Municipal, conduta essa considerada criminosa e sancionada com pena de

detenção de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

É o que prescreve o Decreto-Lei 201, de 27 de fevereiro de

1.967:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 36

“Art. 1°. São crimes de responsabilidade dos Prefeitos

Municipais, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário,

independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:

[...]

XIV - Negar execução a lei federal, estadual, ou

municipal, ou deixar de cumprir ordem judicial, sem dar motivo da

recusa ou da impossibilidade, por escrito, à autoridade competente.

[...]

§ 1°. Os crimes definidos neste artigo são de ação

pública, punidos os de itens I e II, com pena de reclusão, de 2 (dois) a 12

(doze) anos, e os demais, com a pena de detenção, de 3 (três) meses a 3

(três) anos ”

O réu JONAS ERALDO DE LIMA cometeu atos de

improbidade administrativa, na medida em que atentou contra os princípios da

administração pública, violando os deveres de LEGALIDADE , isto é, ao deixar de obter

previamente a autorização da Câmara Municipal (art. 19 da Lei Orgânica) e LEALDADE

A INSTITUIÇÃO Município de Paiçandu, isto é, induzindo a municipalidade em erro

para o desfecho do procedimento licitatório para a concessão dos serviços públicos e

do uso do prédio público denominado de Hospital Municipal São José, notadamente

praticando ato contrario a lei ou diverso daquele previsto na regra de sua competência.

É o que dispõe o art. 11 caput e inciso I, da Lei 8.429/92:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa

que atenta contra os princípios da Administração Pública qualquer

ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade e lealdade às instituições, e notadamente:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 37

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou

regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência”.

Portanto, a conduta do réu JONAS ERALDO DE LIMA

enseja as sanções descritas na Lei 8.429/92, as quais serão detalhadas ao final deste

petitório.

2.1.2. DOS PAGAMENTOS DE VERBAS EXTRAS NA

EXECUÇÃO DO CONTRATO NÃO PERMITIDAS PELO EDITAL DE

LICITAÇÃO:

O mesmo Edital de Tomada de Preços n.º 07/97 previa no

item 1.0 – Condições Gerais - todos os serviços que seriam prestados pelo vencedor do

certame licitatório e, entre eles, transcreve-se o contido no item 1.0.5 (fls. 163):

“ 1.0.4 – O proponente deverá executar serviços de

primeira qualidade, mantendo serviços de plantões 24h, inclusive aos

sábados, domingos e feriados;”

No seu item 3.0.2 o Edital previa que o preço máximo a

ser pago por todos os serviços contratados seria de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).

Como o jogo já tinha suas cartas muito bem marcadas, o Hospital Paiçandu,

evidentemente já sabendo que seria o único concorrente, propôs o valor máximo (fls.

181) e foi o vencedor.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 38

Portanto, a ré HOSPITAL PAIÇANDU aceitou os termos do

Edital e, consequentemente, a prestação de serviços e o preço só poderiam ser aqueles

ali estipulados.

Contudo, através de um irregular termo aditivo de contrato

(fls. 120), datado de 30 de junho de 1998, acrescentou-se aos pagamentos a serem

recebidos pelo HOSPITAL PAIÇANDU, a importância de R$ 15.000,00 (quinze mil

reais) mensais pelos serviços prestados em sábados, domingos, feriados e períodos

noturnos??

Ora, Excelência, os serviços prestados em sábados,

domingos, feriados e períodos noturnos deveriam ser remunerados pelo valor máximo

estipulado no Edital e aceito pelo contratante. Mas, devido ao ato “mui bondoso” do réu

JONAS ERALDO DE LIMA, a empresa HOSPITAL PAIÇANDU passou a receber duas

vezes pela prestação do mesmo serviço.

Aliás, como se verá no item seguinte, na época em que foi

assinado tal termo aditivo, o contrato já estava com seu prazo extinto, não devendo

sequer os pagamentos regulares terem sido realizados, quanto mais pagamentos

adicionais ilegais.

Em síntese, o réu JONAS ERALDO DE LIMA,

mancomunado com o representante legal do HOSPITAL PAIÇANDU LTDA., isto é,

aderidos em vontades e propósitos, após celebração do contrato entre a municipalidade e

a empresa acima mencionada, violaram as regras estabelecidos no edital de tomada de

preços, considerado lei entre as partes, mais precisamente àquela que incumbia ao

proponente o dever de executar serviços de primeira qualidade, mantendo serviços de

plantões 24h, inclusive aos sábados, domingos e feriados (item 1.0.4) e a que estabelecia

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 39

que a municipalidade integralizasse o valor máximo de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais)

mensais para a proposta vencedora do menor preço global para a realização dos serviços

licitados. Essa violação consistiu em que a municipalidade, através de irregular contrato

aditivo, integralizaria a importância de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) mensais a título

de serviços prestados em sábados domingos e feriados e períodos noturnos, quando na

verdade essa importância era desnecessária e descabida, pois que havia sido previsto no

contrato inicialmente celebrado e por conta da importância anteriormente estipulada.

Desta feita, os réus JONAS ERALDO DE LIMA, como

representante legal da municipalidade e o réu FRANCISCO VIEIRA FILHO, como

representante legal do HOSPITAL PAIÇANDU LTDA., violaram as normas editalícias

embasadoras do contrato celebrado e, de forma comissiva, ambos concorreram para

lesão ao erário publico, em valores a ser conhecido no decorrer da demanda, tendo em

vista que realizaram operação financeira sem observância das normas legais e

regulamentares, implicando em ato de improbidade administrativa previsto no art. 10,

“caput” e inciso VI, da Lei 8.429/92.

O aludido dispositivo consigna que:

“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa

que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,

que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento, ou

dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1° desta

Lei e notadamente:

[...]

VI - realizar operação financeira sem observância das

normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou

inidônea”

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 40

Ademais, MARÇAL JUSTEN FILHO, comentando sobre a

vinculação do contrato ao edital a ser obedecida pelas partes licitantes, traz a colação em

sua magistral obra o voto decisivo proferido Ministro do Superior Tribunal de Justiça -

Demócrito Reinaldo - em sede Mandado de Segurança n° 5.418/DF, de cujo trecho dele

extraído ressalta a matéria em desate:

“Direito Público. Mandado de Segurança.

Procedimento Licitatório. Vinculação ao Edital. Interpretação das

Cláusulas do Instrumento Convocatório pelo Judiciário Fixando-se o

Sentido e o Alcance de cada uma delas e Escoimado Exigências

Desnecessárias e de Excessivo Rigor Prejudiciais ao Interesse Público.

Possibilidade. Cabimento do Mandado de Segurança para esse Fim.

Deferimento.

“O Edital , no sistema jurídico-constitucional vigente,

constituindo lei entre as partes, é a norma fundamental da

concorrência, cujo objetivo é de determinar o objeto da licitação,

discriminar os direitos e obrigações dos intervenientes e o Poder

Público e disciplinar o procedimento adequado ao estudo e julgamento

das propostas...” - nosso grifo - (Comentário a Lei de Licitações e

Contratos Administrativos. São Paulo: Dialética, 1999, p.76)

Os réus JONAS ERALDO DE LIMA e FRANCISCO VIEIRA

FILHO, este último como representante legal da empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA

também cometeram atos de improbidade administrativa, na medida em que atentaram

contra os princípios da administração pública, mais precisamente os deveres de

LEGALIDADE e HONESTIDADE, isto é, violaram as normas editalícias (que fazem lei

entre as partes), para viabilizar o contrato celebrado entre a municipalidade e a

empresa acima mencionada para pagamento de serviços que haviam sido objeto de

celebração anteriormente conforme anteriormente e exaustivamente narrados e

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 41

LEALDADE A INSTITUIÇÃO Município de Paiçandu, isto é, induzindo a municipalidade

em erro para o desembolso dos valores a ser conhecido no decorrer desta demanda

para pagamento de serviços anteriormente contratados, notadamente praticando ato

contrario a lei ou diverso daquele previsto na regra de sua competência.

É o que dispõe o art. 11 caput e inciso I, da Lei 8.429/92:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa

que atenta contra os princípios da Administração Pública qualquer

ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou

regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência”.

As condutas ímprobas acima narradas e atribuídas aos réus

JONAS ERALDO DE LIMA e HOSPITAL PAIÇANDU LTDA. e seu representante

legal FRANCISCO VIEIRA FILHO, sujeitam-se as sanções do art. 12., inciso II e III, da

Lei 8.4.29/92, ao final apontadas neste petitório.

2.1.3. DAS DIVERSAS RENOVAÇÕES DE CONTRATO

VEDADAS PELA LEI N° 8.666/93

O contrato oriundo do Edital Tomada de Preços n.º 07/97,

conforme já mencionado anteriormente, tinha como finalidade básica, implícita, a

concessão do prédio do Hospital Municipal São José, muito embora tenha-se buscado

sempre omitir tal objetivo.

Em razão disso, por não envolver exclusivamente a

prestação de serviços contínuos, não poderia ser prorrogado automaticamente na forma

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 42

prevista no art. 57, II, da Lei de Licitações, conforme estipulado no item 4.0 do Edital

(fls. 164) e na cláusula décima sexta do contrato celebrado (fls. 139).

Apesar disso, o Município de Paiçandu, na oportunidade

representado pelo réu JONAS ERALDO DE LIMA, mancomunado com o representante

legal do HOSPITAL PAINCANDU LTDA., levando em conta tão-somente o fato da

prestação de serviços hospitalares, prorrogou o contrato aproximadamente por 7 vezes,

haja vista que fora assinado em 30 de outubro de 1997, com prazo de 06 (seis) meses, e

somente teve término no ano de 2001.

Na verdade, o que ocorreu foram verdadeiras renovações

contratuais pois a hipótese de prorrogação de contrato de uma concessão de uso não

encontra guarida na Lei 8.666/93.

Além disso, deve ser lembrado que houve inclusão ilegal

de cláusula contrária ao estabelecido no Edital, conforme narrado no item anterior, o que

implica em renovação, isto é, um novo contrato e não simples aditamento do mesmo

contrato com idênticas condições.

No caso em comento não era cabível a prorrogação do

prazo contratual estipulado inicialmente. Contudo, mesmo que se admitisse como

possível deveria tal incidente ser devidamente formalizado e autorizado pelo Prefeito

Municipal JONAS ERALDO DE LIMA, sendo esta uma exigência da Lei de Licitações.

Tal procedimento jamais foi observado pelo citado réu sendo as prorrogações feitas

tacitamente.

Estabelece o § 2º do art. 57, da Lei Federal n° 8.666/93:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 43

“Art. 57 (...)

(...)

§ 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada

por escrito e previamente autorizada pela autoridade competente para

celebrar o contrato”

Ademais, que não se perca de vista que o procedimento

litacional em questão já vem maculado de irregularidade desde a sua origem, ou seja,

pela omissão de autorização legislativa para concessão dos serviços públicos executados

e do uso do prédio público do Hospital Municipal de Paiçandu.

Contudo, as renovações irregulares do contrato

estabelecido entre a municipalidade e a empresa acima nominada - por sete vezes

consecutivas - causaram lesão ao erário, na medida em que a referida municipalidade,

representada pelo réu JONAS ERALDO DE LIMA, destinou numerários irregulares a serem

conhecidos no decorrer desta demanda à empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA,

representado legalmente pelo réu FRANCISCO VIEIRA FILHO, através de operação

financeira sem observância das normas legais, considerada ato de improbidade

administrativa, previsto na Lei 8429/92 (art. 10 “caput” e inciso VI).

“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa

que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,

que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento, ou

dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1° desta

Lei e notadamente:

[...]

VI - realizar operação financeira sem observância das

normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou

inidônea”

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 44

Os réus JONAS ERALDO DE LIMA e FRANCISCO VIEIRA

FILHO, este último como representante legal da empresa acima nominada, também

cometeram atos de improbidade administrativa, na medida em que atentaram contra os

princípios da administração pública, mais precisamente os deveres de LEGALIDADE e

HONESTIDADE, isto é, violaram as normas editalícias (que fazem lei entre as partes),

para viabilizar os irregulares aditamentos dos contratos celebrados entre a

municipalidade e a referida empresa, conforme anteriormente e exaustivamente

narrados e LEALDADE A INSTITUIÇÃO Município de Paiçandu, isto é, induzindo a

municipalidade em erro para o desembolso dos valores para pagamento de serviços

contratados, a ser conhecido no decorrer desta demanda, notadamente praticando ato

contrario a lei ou diverso daquele previsto na regra de sua competência.

É o que também dispõe o art. 11 caput e inciso I, da Lei

8.429/92:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa

que atenta contra os princípios da Administração Pública qualquer

ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou

regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência”.

As condutas ímprobas acima narradas e atribuídas aos réus

JONAS ERALDO DE LIMA e FRANCISCO VIEIRA FILHO, sujeitam-se as sanções

do art. 12., inciso II e III, da Lei 8.4.29/92, ao final apontadas neste petitório.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 45

2.2. DAS IRREGULARIDADES NO PROCEDIMENTO

LICITATÓRIO, SOB A MODALIDADE DE CONCORRÊNCIA PÚBLI CA N.º

001/2001, COM A FINALIDADE DE CONCESSÃO DE USO DO HOSPITAL

MUNICIPAL DE PAIÇANDU, CONSISTENTES NA HABILITAÇÃO DE

EMPRESA QUE NÃO TINHA CONDIÇÕES DE CONTRATAR COM O PODER

PÚBLICO E A INOBSERVÂNCIA DO COMANDO DA LEI 1403/20 01 QUE

EXIGIA O ACOMPANHAMENTO DE UMA COMISSÃO DO PODER

LEGISLATIVO NO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO E NA ELABOR AÇÃO DO

CONTRATO.

2.2.1. DA HABILITAÇÃO DE EMPRESA QUE NÃO ATENDIA

AOS REQUISITOS DO EDITAL DE LICITAÇÃO E, CONSEQUENT EMENTE, ÀS

EXIGÊNCIAS DA LEI 8.666/93.

Em 23 de junho de 2001 o Município de Paiçandu

instaurou procedimento licitatório, sob a modalidade de Concorrência Pública n.º

001/2001, objetivando a concessão de uso do prédio público do Hospital Municipal

daquela localidade.

Referido Edital previa como condição de habilitação, por

óbvio, os mesmos requisitos exigidos na Lei de Licitações e Contratos no seu art. 27 e

seguintes.

A Comissão Especial de Licitação composta pelos réus

RAIMUNDA PEREIRA TESSARO, SALETE MATTIA, PAULO DO AMARAL, JACY

JOÃO MIROTTO e ÉLZA DE MIRANDA ROSADA, reuniu-se no dia 06 de junho de 2001

para fazer a análise da documentação dos licitantes e julgamento das propostas.

A única empresa a participar do certame, como havia

ocorrido na anterior licitação, mencionada no tópico 1.1.do edital, foi a ré HOSPITAL

PAIÇANDU LTDA, sendo certo que esta não apresentou a documentação exigida na a

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 46

letra “f”, do item 11.1.2, do Edital, referente a declaração de que não pesava contra si

declaração de inidoneidade expedida por órgão da Administração Pública de qualquer

esfera de governo, e também não apresentou o contido na letra “a” do item 11.1.4 (fls.

286), o qual exigia a comprovação de regularidade fiscal perante a Fazenda Federal,

Estadual e Municipal do domicílio do licitante.

Mesmo diante da falta desses documentos os réus

RAIMUNDA PEREIRA TESSARO, SALETE MATTIA, PAULO DO AMARAL, JACY

JOÃO MIROTTO e ÉLZA DE MIRANDA ROSADA consideraram habilitada a empresa

HOSPITAL PAIÇANDU LTDA e prosseguiram a reunião de licitação procedendo a

abertura do envelope n.º 02 com a proposta de preço, conforme se verifica às fls. 349.

A irregularidade foi confirmada pelo Prefeito Interino, no

ano de 2003, MARCOS ANTÔNIO ZIRONDI, o qual informou no ofício n.º 035/03 (fls.

114, o seguinte:

“De conformidade com Vosso ofício n.º 18/2003, de

03.02.2003, estamos encaminhando documentação (sic) solicitada.

Com relação a solicitação dos ítens (sic) 11.1.2 de letra F

e 11.1.4 de letra C do Edital 01/2001, de fato, segundo informação da

Comissão de licitação, houve um lapso na análise dos documentos do

Edital, somente verificada após a exigência dessa Promotoria e cuja

providência foi a mediata solicitação das Certidões respectivas ao licitante.

Cumpre informar que, nesse lapso de tempo, entre a homologação e a

constatação de falta desses documentos, não houve qualquer ocorrência

que pudesse interferir no normal cumprimento do contrato, tendo os

serviços sido executados conforme as exigências do Edital, bem como pela

ausência de demais licitantes, ou seja, não houveram (sic) interessados

preteridos em seus direitos no certame.”

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 47

A informação acima, além de ser recheada de absurdos,

comprova a má-fé dos membros da Comissão de Licitação e do contratante HOSPITAL

PAIÇANDU LTDA, representado pelo réu FRANCISCO VIEIRA FILHO.

Ora, se a Comissão de Licitação tivesse exigido a

documentação faltante no ano de 2003 e o contratante, por sua vez, tivesse

providenciado tal documentação, conforme informado acima, porque em todos eles (fls.

115, 116 e 117) constava como data de emissão o ano de 2002 ?

Não há dúvidas que tais certidões já estavam de posse da

Comissão de Licitação ou do contratante, desde a época da realização do certame, não

sendo, contudo, juntadas ao procedimento licitatório. E havia motivo para isso. Basta

manusear a certidão de fls. 115 para verificar a informação de que ela não tinha

validade para fins de licitação.

Se a empresa ré HOSPITAL PAIÇANDU não apresentou a

documentação exigida, deveria ter sido considerada inabilitada pela Comissão de

Licitação e o envelope n.º 02, do preço, não poderia ter sido aberto. É o que prevêem as

letras “d” e “g” do Edital de Licitação.

Portanto, os membros da Comissão de Licitação não

poderiam prosseguir com o procedimento e habilitar a empresa que não tinha condições

de contratar com o Município de Paiçandu, até porque o próprio Edital e a Lei de

Licitações lhes facultavam, em caso de dúvida, a solicitação de qualquer informações

sobre a documentação exigida, fixando o prazo que julgassem necessário.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 48

Novamente deve ser lembrado que vigora em qualquer

procedimento licitatório o princípio do formalismo e o da vinculação ao instrumento

convocatório. Sobre este último veja-se o que diz Hely Lopes Meirelles:

“A vinculação ao edital significa que a administração e

os licitantes ficam sempre adstritos aos termos do pedido ou do

permitido no instrumento convocatório da licitação, quer quanto ao

procedimento, quer quanto à documentação, às propostas, ao

julgamento e ao contrato (...) Nem se compreenderia que a

Administração fixasse no edital o modo e a forma de participação dos

licitantes, bem como as condições para elaboração das ofertas, e no

decorrer do procedimento ou na realização do julgamento ou no

contrato, se afastasse do estabelecido e admitisse documentação e

propostas em desacordo com o solicitado. O Edital é a lei interna da

licitação e, como tal, vincula os seus termos tanto os licitantes quando a

Administração que o expediu” ( in Licitação e Contrato Administrativo,

11ª ed., São Paulo, Malheiros Editores, 1997, p. 31)

O réu JONAS ERALDO DE LIMA como primeiro mandatário

da referida municipalidade, por sua vez, não poderia ter homologado o resultado do

procedimento licitatório, em face da irregularidade acima mencionada, para viabilizar a

celebração do contrato com a empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA.

O réu FRANCISCO VIEIRA FILHO, como representante legal

da empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA, em não juntando a documentação exigida pelo

edital e bem assim em conformidade com a lei de licitação acima mencionada, beneficiou-se

diretamente das condutas dos demais réus, a tanto que foi irregularmente vencedor do certame

para ao depois celebrar contrato com a municipalidade objetivando a concessão de uso do

prédio público do Hospital Municipal daquela localidade.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 49

Assim, os réus RAIMUNDA PEREIRA TESSARO, SALETE

MATTIA, PAULO DO AMARAL, JACY JOÃO MIROTTO e ÉLZA DE MIRANDA

ROSADA, mancomunados com os réus JONAS ERALDO DE LIMA e FRANCISCO VIEIRA

FILHO, aderidos em vontades e propósitos, cometeram ato de improbidade administrativa, na

medida em que atentaram contra os princípios da Administração Pública, ou sejam, contra os

princípios de LEGALIDADE e HONESTIDADE, porque deixaram de observar,

premeditadamente, que a empresa ré HOSPITAL PAIÇANDU LTDA., não preenchia os

requisitos exigidos pelo edital e pela Lei de Licitações e Contratos no seu art. 27 e

seguintes, conforme anteriormente e exaustivamente narrados e princípio de LEALDADE A

INSTITUIÇÃO Município de Paiçandu, isto é, induzindo a municipalidade em erro para a

celebrar contrato com a municipalidade objetivando a concessão de uso do prédio público

do Hospital Municipal daquela localidade, notadamente praticando ato contrario a lei ou

diverso daquele previsto na regra de sua competência.

É o que também dispõe o art. 11 caput e inciso I, da Lei

8.429/92:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa

que atenta contra os princípios da Administração Pública qualquer

ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou

regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência”.

Ademais, não há como os réus RAIMUNDA PEREIRA

TESSARO, SALETE MATTIA, PAULO DO AMARAL, JACY JOÃO MIROTTO e ÉLZA DE

MIRANDA ROSADA eximirem-se da responsabilidade por seus atos uma vez que o § 3º

do art. 51 da Lei 8.666/93 prevê:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 50

“Art. 51 (...)

(...)

§ 3º. Os membros das comissões de licitação

responderão solidariamente por todos os atos praticados pela comissão,

salvo se posição individual divergente estiver devidamente

fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião que tiver sido

tomada a decisão.”

Não se olvide, ainda, da regra do art. 4º da Lei n.º

8.429/92:

“Art. 4º. Os agentes públicos de qualquer nível ou

hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos

assuntos que lhe são afetos.”

As condutas ímprobas acima narradas e atribuídas aos réus

JONAS ERALDO DE LIMA, FRANCISCO VIEIRA FILHO, RAIMUNDA PEREIRA

TESSARO, SALETE MATTIA, PAULO DO AMARAL, JACY JOÃO MIROTTO e ÉLZA DE

MIRANDA ROSADA, sujeitam-se as sanções do art. 12., inciso II e III, da Lei 8.4.29/92,

ao final apontadas neste petitório.

2.2.2. DA NÃO-OBSERVÂNCIA DO DISPOSTO NO § 3º, DO

ART. 2º, DA LEI MUNICIPAL 1.403/2001, OU SEJA, FALTA DE

ACOMPANHAMENTO POR COMISSÃO DE VEREADORES NO

PROCEDIMENTO LICITATÓRIO E NA ELABORAÇÃO DO CONTRAT O DE

CONCESSÃO DE USO DO IMÓVEL DO HOSPITAL MUNICIPAL DE

PAIÇANDU, VIOLANDO DE CONSEQÜÊNCIA OS DEVERES DE LE GALIDADE

CONSIDERADO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.

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1ª PROMOT0RIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE MARINGÁ PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - Av. Herval, 171 - sobreloja - Centro - Maringá - PR - CEP: 87.013-230 - fone/fax: (044) 226-0484 ____________________________________________________________________

____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 51

Os legisladores do Município de Paiçandu, preocupados

com a concessão de uso de edifícios e espaços localizados nos edifícios públicos,

estabeleceram em lei (Lei Municipal n° 1403, de 03 de maio de 2001) a destinação de uma

comissão composta por três Vereadores para acompanhar os procedimentos licitatórios e

a elaboração dos respectivos contratos.

Referida disposição, embora não sendo objeto de veto, foi

sancionada pelo réu JONAS ERALDO DE LIMA (fls. 08) em face de ser, à época,

Prefeito Municipal daquela municipalidade.

Ocorre que, referido réu, embora tenha prestado juramento

formalmente em cumprir e fazer cumprir a legislação municipal (ver juramento previsto no

art. 47, da Lei Orgânica), veio desrespeitá-la por ocasião do processamento do certame

licitatório para concessão de uso do imóvel público do HOSPITAL MUNICIPAL, ou seja,

não se observando a participação do PODER LEGISLATIVO através da Comissão de

Vereadores para acompanhamento do referido processo litacional.

Com isso, malferiu um dos princípios elementares da

Administração Pública - Princípio da Legalidade - tão encarecido nas Cartas Maiores da

Nação e do Estado do Paraná (art. 37 e art. 27 respectivamente), bem como praticando

ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de

competência, considerado ato de improbidade administrativa.

É o que dispõe o art. 11 caput e inciso I, da Lei 8.429/92:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 52

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa

que atenta contra os princípios da Administração Pública qualquer

ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou

regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência”.

A conduta ímproba acima narrada e atribuída ao réu

JONAS ERALDO DE LIMA, sujeita-se as sanções do art. 12., inciso III, da Lei

8.4.29/92, ao final apontadas neste petitório.

2.3. DA ILICITUDE COMETIDA PELO RÉU JONAS

ERALDO DE LIMA AO NEGAR DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES,

REQUERIDAS PELOS VEREADORES DA CÂMARA MUNICIPAL DE

PAIÇANDU, EM RELAÇÃO AO CONTRATO DE CONCESSÃO DE US O DO

HOSPITAL MUNICIPAL, CONSIDERADO ATO DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA.

Apurou-se, também, que o réu JONAS ERALDO DE LIMA,

deixou de atender diversas e reiteradas solicitações emanadas do PODER LEGISLATIVO

de Paiçandu, contrariando normas expressas na Lei Orgânica Municipal.

Com efeito, comprovou-se que a Câmara Municipal,

através de seu Presidente, enviou correspondência escrita ao Prefeito Municipal de

Paiçandu - JONAS ERALDO DE LIMA - nas datas de 15.08.01 (ofício 076) e 05.09.01

(ofício n° 091), solicitando informações a respeito do Processo Licitatório que

viabilizara a concessão de uso do prédio do Hospital Municipal.

Confira:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 53

“Com o presente encaminhamos a Vossa Excelência

REQUERIMENTO e INDICAÇÕES aprovados por esta Casa de Leis na última

Sessão Ordinária, sendo o seguinte:

[...]

REQUERIMENTO N° 062/01, de autoria dos Vereadores

DRA JANISLÉYA SILVA SELA, MARCOS ANTÔNIO ZIRONDI, ADNILSON

DE ANDRADE, ANTÔNIO FERREIRA DE ASSIS, ANTÔNIO PEDRO DE

LIMA MOREIRA, DR. ANÍSIO MONTESCHIO JUNIOR, LAÉRCIO

FALEIROS MAIA, MARIA RITA BRAZ ZIRONDI E VLADIMI DA SILVA

requerendo fornecimento de cópia dos seguintes documentos, referente à

Concessão de Uso do Prédio do Hospital Municipal, sendo, PROCESSO

LICITATÓRIO, CONTRATO, EDITAL DE LICITAÇÃO E EMPRESAS QUE

PARTICIPARAM DA LICITAÇÃO.” (Ofício n° 076, de 15.08.01)

“Com o presente encaminhamos a Vossa Excelência,

REQUERIMENTO E INDICAÇÕES de Vereadores, aprovados por esta Casa

de Leis, sendo o seguinte:

[...]

REQUERIMENTO N° 072/01, de autoria do Vereador

ANTÔNIO PEDRO DE LIMA MOREIRA, requerendo seja fornecido a este

Poder Legislativo Municipal CÓPIA DA LICITAÇÃO E DO CONTRATO DE

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, referente ao período 1996/2000, do Hospital

Municipal deste Município, bem como quem foi o beneficiado com base

legal no processo licitatório, e se foi publicado no Diário Oficial, fornecer

CÓPIA da publicação.” (Ofício n° 091/01, de 0509.01)

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 54

Essa comprovação também é constatada pelo teor da

correspondência firmada pelo atual Presidente da Câmara EDUARDO PEREIRA DA

SILVA , atendendo solicitação do autor desta demanda (fls.371), dizendo:

“[...]

Outrossim, informo-vos que foram encontrados diversos

registros de Ofícios (anexos) encaminhados por esta Casa Legislativa ao

Chefe do Poder Executivo Municipal, no ano de 2001, solicitando

informações sobre eventual procedimento licitatório para concessão de uso

do referido bem público, sem que, no entanto, houvesse qualquer resposta

aos mesmo.” (ofício n° 06/2003, de 21 de março de 2003).

Ocorre que, essas solicitações eram necessárias e

pertinentes ao desenvolvimento das atividades da Câmara Municipal, pois como se sabe,

tem ela a incumbência de fiscalizar e controlar, diretamente, os atos do Poder Executivo,

incluídos os da Administração Indireta e Fundacional, acompanhando sua gestão e

avaliando seu resultado operacional.

É o que se depreende das disposições do art. 20 da Lei

Orgânica Municipal. Confira

“Art. 20. Compete privativamente à Câmara

Municipal exercer as seguintes atribuições, dentre as quais:

[...]

XVIII - fiscalizar e controlar, diretamente, os atos do

Poder Executivo, incluídos os da administração indireta e fundacional,

acompanhando sua gestão e avaliando seu resultado operacional.”

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 55

Justifica-se, ainda, as solicitações realizadas pela Câmara

Municipal, na medida em que pode requerer informação ao Prefeito Municipal a todo

tempo que entender necessária, sobre fato relacionado com a matéria legislativa em

trâmite ou sujeito à fiscalização da Câmara.

É o que também se depreende das disposições do art. 20 da

Lei acima mencionada. Confira

“Art. 20. Compete privativamente à Câmara

Municipal exercer as seguintes atribuições, dentre as quais:

[...]

XXV - requerer informações ao Prefeito sobre fato

relacionado com a matéria legislativa em trâmite ou sujeito à

fiscalização da Câmara.

§ 1°. É fixado em quinze (15) dias, prorrogável por

igual período, desde que solicitado e devidamente justificado, o prazo

para que os responsáveis pelos Órgãos da Administração direta,

indireta e fundacional do Município prestem as informações e

encaminhem os documentos requisitados pela Câmara Municipal, na

forma da lei.”

§ 2°. O não atendimento no prazo estipulado no

parágrafo anterior faculta ao Presidente da Câmara solicitar, na

conformidade da legislação vigente, a intervenção do Poder Judiciário

para fazer cumprir a legislação.”

O réu, JONAS ERALDO DE LIMA, tinha o dever de prestar

à Câmara Municipal, dentro de (15) dias, por força de requerimento aprovado pelo

plenário, as informações pela mesma solicitada, salvo prorrogação, a seu pedido e por

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 56

prazo determinado, em face da complexidade da matéria ou de dificuldade de obtenção

nas respectivas fontes dos dados pleiteados.

Vê-se, mais uma vez, das disposições da Lei Orgânica em

vigência.

“Art. 51. Compete ao Prefeito, além de outras

atribuições:

[...]

XII - prestar à Câmara dentro de quinze (15) dias, por

força de requerimento aprovado pelo plenário, as informações pela

mesma solicitada, salvo prorrogação, a seu pedido e por prazo

determinado, em face da complexidade da matéria ou de dificuldade de

obtenção nas respectivas fontes dos dados pleiteados.”

Ora, o réu JONAS ERALDO DE LIMA, agiu

premeditadamente (com dolo atinente a espécie) pois, se sabe de antemão, que para

encaminhar cópia do procedimento licitatório acima mencionado, não requeria sequer

argüição de complexidade da matéria ou mesmo dificuldade na obtenção nas fontes dos

dados junto a Administração Pública de Paiçandu. Essa conduta também revela o

cometimento de crime de responsabilidade, na medida em que negou vigência de Lei

Municipal, sem dar o motivo da recusa ou a impossibilidade, por escrito, à autoridade

competente (in casu, ao presidente da Câmara), descrita no inciso XIV do art. 1°, do Decreto-

Lei 201, de 27de fevereiro de 1967.

Confira:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 57

“Art. 1°. São crimes de responsabilidade dos Prefeitos

Municipais, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário,

independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:

[...]

XIV - Negar execução a lei federal, estadual, ou

municipal, ou deixar de cumprir ordem judicial, sem dar motivo da

recusa ou da impossibilidade, por escrito, à autoridade competente.

[...] § 1°. Os crimes definidos neste artigo são de ação

pública, punidos os de itens I e II, com pena de reclusão, de 2 (dois) a 12

(doze) anos, e os demais, com a pena de detenção, de 3 (três) meses a 3

(três) anos ”

Portanto, o réu JONAS ERALDO DE LIMA cometeu ato de

improbidade administrativa, na medida em que atentou contra os princípios da

Administração Pública, por omissão, isto é, deixando de atender as solicitação do

Presidente da Câmara, conforme anteriormente minudenciado, violando os deveres de

legalidade (art. 51, inciso XII, da Lei Orgânica) e de lealdade a Instituição do Município

de Paiçandu, esta última, pela violação consistente no compromisso assumido perante

ao Poder Legislativo de cumprir e fazer cumprir as Constituições Estadual e Federal e

Lei Orgânica (art. 47, da Lei Orgânica), bem como, notadamente, praticando ato visando

fim proibido em lei, ou diverso daquele previsto na regra de sua competência, previsto

na Lei 8.429/92, sujeito as sanções ao final especificadas.

Diante desses fatos e de posse de suficiente lastro

probatório, torna-se imperativo ao autor a propositura da presente demanda, que se

afigura um instrumento com resultado até mais contundente que eventuais sanções de

natureza criminal, seara onde fatos da natureza abaixo noticiada, via de regra, quedam-

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 58

se impunes, por vezes pela superveniência de prescrição,18 outras, ainda quando

acarretam em condenação, diante da concessão aos envolvidos dos inúmeros benefícios

da legislação processual penal em vigor. Daí porque, este Órgão Ministerial,

vivenciando mais de perto as implicações e efeitos que uma tardia aplicação da lei pode

ocasionar à formação moral dos Paiçanduenses - que diga de passagem - lesados por

tantas ilicitudes, perpetradas não só pelos primeiros mandatários dos Municípios que

integram à Comarca, como também por Vereadores Municipais, resolveu fazer uso desta

AÇÃO CIVIL PÚBLICA , com o fim de obter a reparação do dano mais imediato, ou seja,

o devido respeito aos princípios norteadores da administração pública (legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência) bem como os deveres de honestidade

e lealdade as instituições, notas marcantes e esperadas de todos quantos pertençam aos

quadros do funcionalismo público.

_________________________3. DA VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO FED ERAL

Constata-se que os réus anteriormente nominados e

endereçados, com suas condutas afrontaram os princípios da Administração Pública,

previstos na Constituição Federal, em especial, os princípios da legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, com o seguinte teor:

"Art. 37. A administração pública direta e indireta de

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: "

18 “A prescrição, com incidência demasiada por força de anomalias de ordem técnica verificadas de lege lata, capazes de comprometer a atuação do direito penal e frustrar as linhas de política criminal adotadas pelo Estado, deve voltar a operar em níveis de razoabilidade” [GUARAGNI, Fábio André, Prescrição penal e impunidade, Juruá, 2000, p. 148].

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 59

No dizer de Paulo Bonavides, "as regras vigem, os

princípios valem; o valor que neles se insere se exprime em graus distintos. Os

princípios, enquanto valores fundamentais, governam a Constituição, o regímen, a

ordem jurídica. Não são apenas a lei, mas o Direito em toda a sua extensão,

substancialidade, plenitude e abrangência" (In Curso de Direito Constitucional,

Malheiros, 5a. ed., 1994, p.260).

Para Celso Antônio Bandeira de Mello, in Curso de

Direito Administrativo, Malheiros, 5ª ed. 1994, p. 451:

"Violar um princípio é muito mais grave que

transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica

ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo

o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou de

inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque

representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores

fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e

corrosão de sua estrutura mestra. Isso porque, com ofendê-lo, abatem-

se as vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada"

Referidos princípios são reproduzidos na Constituição

Estadual (art. 27), não havendo razão para que os réus acima nominados pudessem, à

época dos fatos, alegar ignorância ou qualquer outra circunstância para descumpri-lo.

No tocante ao princípio da legalidade desrespeitado pelos

réus, Celso Antônio Bandeira de Mello, em magistral lição diz:

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"... o princípio da legalidade é o da completa submissão

da Administração às leis. Esta deve tão somente obedecê-las, cumpri-

las, pô-las em prática. Daí que a atividade de todos os seus agentes,

desde o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da República, até o

mais modesto dos servidores, só pode ser a de dóceis, reverentes,

obsequiosos cumpridores das disposições gerais fixadas pelo Poder

Legislativo, pois esta é a posição que lhes compete no direito brasileiro"

(ob. cit., p. 48).

Quer significar que, o ato de todo o servidor público; de

todo o agente público; deve ser realizado nos termos da Lei. Enquanto para o particular

o que não é proibido é permitido; ao administrador e à própria Administração somente é

permitido fazer o que a lei expressamente autoriza, ou seja, o que não é permitido pela

lei é proibido.

O sempre lembrado Diógenes Gasparini, em seu "Direito

Administrativo", aponta que:

"O princípio da legalidade, resumido na proposição

suporta a lei que fizeste, significa estar a Administração Pública, em

toda a sua atividade, presa aos mandamentos da lei, deles não se

podendo afastar, sob pena de invalidade do ato e responsabilidade de

seu autor. Qualquer ação estatal, sem o correspondente calço legal ou

que exceda o âmbito demarcado pela lei, é injurídica e expõe-se à

anulação. Seu campo de ação, como se vê, é bem menor do que o do

particular. De fato, este pode fazer tudo o que a lei permite, tudo o que

a lei não proíbe; aquela só pode fazer o que a lei autoriza e, ainda assim,

quando e como autoriza [Na seqüência arremata dizendo] A este

princípio também se submete o agente público. Com efeito, o agente da

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Administração Pública está preso à lei e qualquer desvio de suas

imposições pode nulificar o ato e tornar seu autor responsável,

conforme o caso, disciplinar, civil e criminalmente" (Direito

Administrativo, 4a. ed. Saraiva, 1995, p. 6 - riscamos).

No tocante a infringência ao princípio da moralidade

administrativa, Diógenes Gasparini leciona que "o ato e a atividade da Administração

Pública devem obedecer não só à lei mas a própria moral, porque nem tudo que é

legal é honesto, conforme afirmavam os romanos" (ob. cit. p. 7).

"Para Hely Lopes Meirelles, apoiado em Manoel

Oliveira Franco Sobrinho, a moralidade administrativa está

intimamente ligada ao conceito de bom administrador.

Este é aquele que, usando de sua competência,

determina-se não só pelos preceitos legais vigentes mas também pela

moral comum, propugnando pelo que for melhor e mais útil para o

interesse público. A importância desse princípio já foi ressaltada pelo

Tribunal de Justiça de São Paulo (RDA 89/134), ao afirmar que a

moralidade administrativa e o interesse coletivo integram a legalidade

do ato administrativo" (Diógenes Gasparini, ob. cit. p. 7)

Discorrendo sobre o tema, Celso Antônio Bandeira de

Mello assevera que:

"...compreendem-se em seu âmbito, como é evidente, os

chamados princípios da lealdade e da boa-fé, tão oportunamente

encarecidos pelo mestre espanhol Jesus Gonzales Peres em monografia

preciosa. Segundo os cânones da lealdade e boa-fé, a Administração

haverá de proceder em relação aos administrados com sinceridade e

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lhaneza, sendo-lhe interdito qualquer comportamento astucioso, eivado

de malícia, produzido de maneira a confundir, dificultar ou minimizar

o exercício de direitos por parte dos cidadãos" (in, Curso de Direito

Administrativo, 5ª ed., 1994, Malheiros Editores, pp. 59/60).

Maria Sylvia Zanella Di Pietro, citando Manoel de

Oliveira Franco Sobrinho, de modo mais radical enfatiza que:

"Mesmo os comportamentos ofensivos da moral

comum implicam ofensa ao princípio da moralidade administrativa"

(Direito Administrativo, 8a. ed., 1997, Atlas, p. 71)

E mais adiante sentencia:

"Em resumo, sempre que em matéria administrativa se

verificar que o comportamento da Administração ou do administrado

que com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a

lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa administração,

os princípios de justiça e de eqüidade, a idéia comum de honestidade,

estará havendo uma ofensa ao princípio da moralidade administrativa"

(ob. cit. p. 71).

Infringiram, também, os réus, o princípio da

impessoalidade que na apreciação de Maria Sylvia Di Pietro "Significa que a

Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas

determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu

comportamento." (ob.cit., p. 64).

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Para Marino Pazzaglini Filho, Márcio Fernando Elias

Rosa e Waldo Fazzio Júnior, ao descreverem sobre o princípio da impessoalidade,

dizem que:

"Administrar é um exercício institucional e não

pessoal. A conduta administrativa deve ser objetiva, imune ao

intersubjetivismo e aos liames de índole pessoal, dos quais são exemplos

o nepotismo, o favorecimento, o clientelismo e a utilização da máquina

administrativa como promoção pessoal." (in Improbidade Administrativa,

Aspectos Jurídicos da Defesa do Patrimônio Público, São Paulo, Atlas, 1996, p.

48) - Grifo não é do original.

Prosseguem referidos autores dizendo sobre o princípio da

impessoalidade que "Pautada pela lei, a conduta administrativa deve ser geral e

abstrata, jamais focalizada em pessoas ou grupos. Sua finalidade é a realização do

bem comum, síntese tradutora dos objetivos fundamentais do Estado brasileiro." (ob.

cit. p.49).

Tal princípio caminha "pari passu" com o princípio da

moralidade administrativa. Na lição do eterno Hely Lopes Meirelles ao comentar sobre

o princípio da finalidade ou o da impessoalidade, apregoa que:

"O princípio da impessoalidade, referido na

Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada mais é que o clássico

princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só

pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele

que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo

do ato, de forma impessoal. [E mais adiante diz]E a finalidade terá

sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato administrativo:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 64

o interesse público. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se-á

a invalidação por desvio de finalidade que a nossa lei de ação popular

conceituou como o "o fim diverso daquele previsto explícita ou

implicitamente, na regra de competência" do agente. (lei 4.717/65, art.

2°, parágrafo único, "e"). (ob. cit. pp. 85/86)

Ainda, segundo o ensinamento do mestre, " desde que o

princípio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com finalidade pública,

o administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no interesse

próprio ou de terceiro" . E, mais adiante, prossegue, assinalando que " o que o

princípio da finalidade veda é a prática de ato administrativo sem interesse público ou

conveniência para a administração, visando unicamente a satisfazer interesses

privados, por favoritismo ou perseguição dos agentes governamentais, sob a forma de

desvio de finalidade" (ob. cit. p. 86 - riscamos).

Como se vê, para a validade do ato administrativo, não

basta apenas que apresente aparência de legalidade. É necessário que contenha uma

finalidade, que é o interesse público, que seja impessoal, isto é que vise o benefício

geral, não de um grupo ou indivíduo.

Violaram, os réus, o princípio da publicidade que na lição

de Mariano Pazzaglini filho, Márcio Fernando Elias Rosa e Waldo Fazzio Júnior, o

princípio da publicidade "é o requisito de eficácia dos atos que tenham que produzir

efeitos externos, não obstante a própria CF admitia o sigilo de informações quando

imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado. [E adiante prescrevem] A regra

é que a Administração Pública não atue na clandestinidade, mas que dê ciência de

seus atos a todos, espancando eventuais dúvidas sobre a legalidade dos critérios e

procedimentos que adota." (ob., cit. p. 51)

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 65

Finalmente, os réus infringiram o princípio da eficiência.

ALEXANDRE MORAIS19 sobre tal princípio alega que:

“O administrador público precisa ser eficiente, ou seja,

deve ser aquele que produz o efeito desejado, que dá bom resultado,

exercendo suas atividades sob o manto da igualdade de todos perante a

lei, velando pela objetividade e imparcialidade.

Assim, o princípio da eficiência é aquele que impõe à

Administração Pública direta e indireta e a seus agentes a persecução

do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma

imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e

sempre em busca da qualidade, primando pela adoção dos critérios

legais e morais necessários para a melhor utilização possível dos

recursos públicos, de maneira a evitar-se desperdícios e garantir-se uma

maior rentabilidade social. Note-se que não se trata da consagração da

tecnologia, muito pelo contrário, o princípio da eficiência dirige-se para

a razão e fim maior do Estado, a prestação dos serviços essenciais à

população, visando a adoção de todos os meios legais e morais possíveis

para satisfação do bem comum”.

Resta claro e evidente a ocorrência de atos atentatórios aos

princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência

praticados pelos réus na medida em que inobservaram as regras estabelecidas na

Constituição Federal, Constituição Estadual e Lei Orgânica do Município de Paiçandu,

sujeitos, portanto, as sanções previstas na Lei 8429/92.

Dentre os deveres do servidor público, ressai o dever de

probidade, que segundo Hely Lopes Meirelles "está constitucionalmente integrado na

19

Direito Constitucional, 6ª ed., Atlas, 1999, p. 297-8.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 66

conduta do administrador público, como elemento necessário à legitimidade de seus

atos" (ob. cit. p. 91)

Discorrendo sobre o dever de probidade, Diógenes

Gasparini pondera que:

"Esse dever impõe ao agente público o desempenho de

suas atribuições sob pautas que indicam atitudes retas, leais, justas,

honestas, notas marcantes da integridade do caráter do homem. É nesse

sentido, do reto, do leal, do justo e do honesto que deve orientar o

desempenho do cargo, função ou emprego junto ao Estado ou entidade

por ele criada, sob pena de ilegitimidade de suas ações (ob. cit. p. 51).

Na lição do insigne administrativista,

"os atos de improbidade praticados por qualquer

agente público, servidor ou não, contra a Administração direta, indireta

ou fundacional de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal, dos Municípios, de empresa incorporada ao

patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário

haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou receita

anual, serão punidos com base na Lei federal n° 8.429/92" (ob. cit. p. 7).

Com efeito, a Lei 8.429/92, cujo teor do art. 1º é acima

reproduzido pelo ilustre jurista, estabelece no que consistem os atos de improbidade

administrativa, qual é a sua punição e quais são seus responsáveis, legitimando o

Ministério Público, em seu artigo 17, à propositura de ação cível, com rito ordinário,

contra estes últimos.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 67

Os atos de improbidade administrativa estão previstos no

"caput" dos artigo 9º, 10 e 11 da sobredita lei. Dispõem, respectivamente sobre os atos

de improbidade administrativa que importem em enriquecimento ilícito, sobre os atos

que causem prejuízo ao erário público e sobre os atos que atentam contra os princípio da

Administração Pública.

Os incisos de cada artigo trazem enumeração

exemplificativa do que seja ato de improbidade administrativa, ou seja, o ato de

improbidade administrativa consiste na prática da conduta descrita no caput de cada

artigo. Os incisos apenas reforçam a idéia contida no cabeço, exemplificando quais são

as condutas que podem caracterizar a ocorrência de ato de improbidade, sem, no

entanto, excluir outro tipo de ação que se amolde à previsão do caput.

Frise-se, novamente, que a enumeração contida nos artigos

acima citados é meramente exemplificativa. A definição do que é ato de improbidade

administrativa está contida no caput de cada dispositivo. Para a caracterização do ato de

improbidade administrativa não é necessário se amolde a conduta do agente à hipótese

prevista em algum dos incisos, basta que haja subsunção à conduta abstratamente

prevista no caput do artigo invocado.

________________________4. DO PEDIDO ATINENTE A ESPÉCIE:

Tendo os réus incorrido no ato de improbidade

administrativa previsto no artigos 10 e 11 da Lei 8.429/92, sujeitam-se à aplicação das

sanções previstas no artigo 12 da multifalada lei, cujo teor é o seguinte:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 68

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e

administrativas, previstas na legislação específica, está o responsável

pelo ato de improbidade administrativa sujeito às seguintes cominações:

[...]

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano,

perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer

esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos

de 5 (cinco) a 8 (oito) anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor

do dano e proibido de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou

incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 5

(cinco) anos.”

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do

dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos

políticos de 3 (três) a 5 (cinco) anos, pagamento de multa civil de até 100

(cem vezes) o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição

de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos

fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio

de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 3 (três)

anos.

A aplicação das medidas preconizadas na lei se impõe. A

punição do agente público que viola deliberadamente os princípios basilares da

Administração Pública é absolutamente necessária e exemplar, ainda mais em um

momento que se busca o resgate da seriedade com o trato da coisa pública, em que se

objetiva a probidade no serviço público e a responsabilização dos funcionários

descumpridores de seus deveres.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 69

Demais disso, segundo o preceito contido no artigo 21,

inciso I, da Lei 8429/92, a aplicação das sanções previstas nesta Lei independe da

efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público.

Basta, para tanto, a existência de dano moral, de ofensa

aos princípios constitucionais da Administração Pública.

________________________5. DOS REQUERIMENTOS PRELIMINARES:

O Órgão do MINISTÉRIO PÚBLICO em face dos fatos

acima articulados, requer, PRELIMINARMENTE:

5.1. seja notificado o Município de Paiçandu, para, nos

termos do art. 17, § 3º, da Lei Federal n° 8.429/92, na condição de pessoa jurídica

interessada, integrar a lide como litisconsorte ativo, suprindo as eventuais omissões e

falhas contidas na inicial, bem como apresentar as provas de que disponha.

5.2. seja oficiado o Município de Paiçandu, afim de

remeter relação da remuneração mensal percebida pelos réus RAIMUNDA PEREIRA

TESSARO, SALETE MATTIA, PAULO DO AMARAL, JACY JOÃO MIROTTO, ÉLZA DE

MIRANDA ROSADA e JONAS ERALDO DE LIMA no período de 01.01.01 até

30.05.2003, para o fim de em sendo procedente a presente demanda, possibilitar o Juízo

aplicar a cominação prevista no art. 12, III, da Lei Federal n° 8429/92;

5.3. seja oficiado o Município de Paiçandu, na pessoa do

seu representante legal, afim de remeter relação dos pagamentos irregulares efetuados

pela municipalidade à empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA por conta dos contratos

aditivos celebrados com referida empresa, mais precisamente no período de dia 30 de

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 70

junho 1998 ao ano 2001, bem como cópias dos respectivos cheques bancários

ampliados (frente e verso) emitidos para tal fim;

5.4. seja encaminhada cópia desta inicial ao Presidente da

Câmara de Vereadores para as providências que entender necessárias;

5.5. sejam encaminhadas cópia desta inicial ao eg.

Tribunal de Contas do Estado (art. 78, §§ 1° e 2°, da Constituição Estadual).

5.6. seja decretada a indisponibilidade dos bens de JONAS

ERALDO DE LIMA, FRANCISCO VIEIRA FILHO, RAIMUNDA PEREIRA TESSARO,

SALETE MATTIA, PAULO DO AMARAL, JACY JOÃO MIROTTO, ÉLZA DE MIRANDA

ROSADA, tendo em consideração o que segue:

“… neste caso não se faz necessária a demonstração do

periculum in mora, mas tão-somente do fumus boni iuris. Senão vejamos:

O art. 37, § 4º, da Constituição Federal, prescreve que os

atos de improbidade administrativa importarão na indisponibilidade dos bens.

Nesse sentido, os arts. 7° e 16 da Lei de Improbidade

Administrativa:

Art. 7°. Quando o ato de improbidade causar lesão ao

patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à

autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao

Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.

Parágrafo único. a indisponibilidade a que se refere o

caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 71

ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do

enriquecimento ilícito.

Art. 16. Havendo fundados indícios de

responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à

Procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a

decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha

enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.

Portanto, vê-se que o art. 37, § 4º, da Constituição Federal

já determina, de forma cogente, que os atos de improbidade administrativa importam na

indisponibilidade dos bens, medida cautelar a ser concedida antes do julgamento da

demanda, sem traçar nenhum requisito, razão pela qual conclui-se que, para a Carta

Magna, basta o recebimento da inicial da ação judicial por ato de improbidade

administrativa para a decretação da indisponibilidade dos bens.

Por sua vez, o art. 16 da Lei n° 8.429/92 prescreve como

requisito para a decretação do seqüestro dos bens a existência de fundados indícios de

responsabilidade por enriquecimento ilícito ou prejuízo ao erário – fumus boni iuris –,

não sendo, pois, necessária a comprovação do periculum in mora.

Aliás, este é o entendimento da doutrina mais abalizada

sobre a matéria:

“ A indisponibilidade patrimonial é medida obrigatória,

pois traduz conseqüência jurídica do processamento da ação, forte no art. 37,

parágrafo 4°, da Constituição Federal.

Com efeito, o que se deve garantir é o integral

ressarcimento ao erário. Assim, o patrimônio do réu da ação de improbidade

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 72

fica, desde logo, sujeito às restrições do art. 37, parágrafo 4°, da Magna

Carta, pouco importando, nesse campo, a origem ilícita dos bens. Trata-se de

execução patrimonial decorrente de dívida por ato ilícito’ (Fábio Medina

OSÓRIO, in Improbidade Administrativa, Síntese, 1997, p. 159) (grifo nosso)”.

Vale ressaltar, também, que recentemente, o Egrégio

Tribunal de Justiça do Estado do Paraná teve oportunidade de analisar a matéria,

decidindo da mesma forma:

‘AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LIMINAR TORNANDO

INDISPONÍVEIS OS BENS DOS AGENTES PÚBLICOS – IMPUTAÇÃO

DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, PREVISTO NO A RT.

10, XI, DA LEI 8.429/92 – TIPO LEGAL QUE, POR DEFINIÇÃO

LEGISLATIVA, INCLUI-SE ENTRE OS QUE CAUSAM PREJUÍZO AO

ERÁRIO – MEDIDA DE GARANTIA QUE SE IMPÕE EM FAVOR D A

PESSOA JURÍDICA AFETADA, POR FORÇA DOS ARTIGOS 5° E 7° DA

LEI MENCIONADA – PERICULUM IN MORA E FUMUS BONI IURIS

CONFIGURADOS – AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO PROVIDO –

RECURSO IMPROCEDENTE’.

‘A liberação da verba pública sem a estrita observância das

normas pertinentes, prevista no artigo 10, XI, da Lei n° 8.429/92, enquadra-

se, pela própria lei, entre os atos de improbidade administrativa que causam

prejuízo ao erário’.

‘Ocorrendo, por disposição legal, lesão ao patrimônio

público, por quebra do dever da probidade administrativa, culposa ou dolosa,

impõe-se ao juiz, a requerimento do Ministério Público, providenciar medidas

de garantia, adequadas e eficazes, para o integral ressarcimento do dano em

favor da pessoa jurídica afetada, entre as quais se inclui a indisponibilidade

dos bens dos agentes públicos’.

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‘Para a concessão da liminar, nas ações movidas contra os

agentes públicos, por atos de improbidade administrativa, com fundamento

nos casos mencionados nos artigos 9° e 10 da Lei 8.429/92, basta que o direito

invocado seja plausível (fumus boni iuris), porque a probabilidade do prejuízo

(periculum in mora) já vem previsto na própria legislação incidente’

(grifamos). (Acórdão n° 11.228. Julgamento unânime da 4ª Câmara Cível do

Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, proferido no Agravo de Instrumento n°

44.900-e, oriundo da Comarca de Sertanópolis, Vara Única. Julgado em 13 de

março de 1996. Relator Juiz Airvaldo Stela Alves).

Neste aspecto, apesar de apresentarem os ora réus diversos

graus de envolvimento com os atos de improbidade que provocaram lesões ao erário

contribuindo com maior ou menor atuação, todos deveriam ter seus bens

indisponibilizados. Acene-se expressamente desde já que o Ministério Público adotará

providências, no curso da demanda que se seguirá, a fim de que os maiores

responsáveis, dentre eles os réus JONAS ERALDO DE LIMA e FRANCISCO VIEIRA

FILHO, sejam responsabilizados em escala sucessiva, na medida de suas culpabilidades,

evitando-se injustiças”. 20

Em recentíssima decisão, o Tribunal de Justiça do Estado

do Paraná enfrenta com muita propriedade a questão da indisponibilização de bens nas

hipóteses de ação civil pública de responsabilidade por ato de improbidade

administrativa:

“EMENTA – Ação civil pública – Prefeito municipal e

deputado estadual. Ao Juízo da Comarca, a cujo território pertence o

respectivo município, compete processar e julgar a ação civil pública

movida contra prefeito municipal e deputado estadual. O foro privilegiado,

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previsto pela Constituição, incide somente nos processos de natureza

criminal. Agravo de instrumento – Deficiência de peças – Não

conhecimento. Não se conhece do agravo quando deficiente a instrução do

instrumento, pela omissão do agravante em apresentar cópia de peça

essencial para o exame das suas alegações. Ação civil pública –

Improbidade administrativa – Legitimidade do Ministério Público –

Indisponibilidade de bens – Quebra de sigilo. – Na forma dos artigos 16 e 17

da Lei n° 8.429, de 2/6/92, assiste ao Ministério Público legitimidade para

propor ação civil pública com o objetivo de ser ressarcido o erário em

virtude da prática de atos de improbidade administrativa, praticados por

agentes públicos. O embasamento jurídico para o decreto de

indisponibilidade de bens, que objetiva assegurar o resultado útil desse

processo, decorre não só da legislação ordinária mas, sobretudo, da

Constituição Federal. – Para garantir o resultado útil da ação que

objetiva a reparação de danos decorrente de atividade ilícita contra o

erário público são passíveis de indisponibilização tantos bens quantos

bastem para essa integral reparação, e não somente os bens adquiridos

posteriormente à mencionada atividade ilícita. – A quebra dos sigilos

bancário, fiscal e telefônico pode ser decretada em processo civil,

destinando-se a medida à melhor elucidação dos fatos” [TJPR – Agravo de

Instrumento n° 101.791-2 – 1ª Câm. Cível – Rel. Pacheco Rocha – DJ de

22/10/2001].

Posto isto, requer-se a decretação da indisponibilidade

dos bens do réus JONAS ERALDO DE LIMA, FRANCISCO VIEIRA FILHO, RAIMUNDA

PEREIRA TESSARO, SALETE MATTIA, PAULO DO AMARAL, JACY JOÃO MIROTTO,

ÉLZA DE MIRANDA ROSADA, ressalvada a meação de seus respectivos cônjuges, tantos

20 in Cadernos do Ministério Público do Paraná, v. 3, n° 10, dez./2000, p. 156-7.

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quantos necessários à garantia do ressarcimento integral do prejuízo ao erário, móveis

(veículos) e imóveis (terreno nesta e cidade, bem assim e qualquer outra cidade,

expedindo-se ofícios e/ou mandados aos respectivos Cartórios de Imóveis, Detrans,

Bancos da cidade de Paiçandu e Maringá.

Para facilitar na identificação dos bens a serem

indisponibilizados, requer seja quebrado sigilo fiscal dos réus determinando-se ofício a

Delegacia da Receita Federal a fim de remeter as duas últimas declarações de rendas.

________________________6. DOS REQUERIMENTOS FINAIS:

Diante do que foi exposto o MINISTÉRIO PÚBLICO,

com base as disposições legais apontadas, requer seja a presente ação autuada e, em

seguida, ordenada a notificação dos réus preambularmente qualificado e endereçado

para, no prazo legal e querendo, oferecerem suas manifestações por escrito a respeito

dos fatos articulados na presente ação (art. 17, § 7°) e posteriormente sejam atendidos os

pleitos abaixo especificados:

6.1. PELA IRREGULARIDADE DA CONCESSÃO DE PRÉDIO

PÚBLICO - HOSPITAL MUNICIPAL SÃO JOSÉ - SEM AUTORIZ AÇÃO LEGISLATIVA.

_______________________6.1.1 - seja julgada procedente a presente AÇÃO CIVIL

PÚBLICA, para em reconhecendo a irregularidade e ilegalidade na concessão do

prédio público denominado Hospital Municipal São José, sem autorização legislativa à

empresa Hospital Paiçandu Ltda., conforme anteriormente e exaustivamente narrada

(item 2.1.1), praticadas pelo réu JONAS ERALDO DE LIMA, declare por sentença o

cometimento de ato de improbidade administrativa, ou seja, pela prática de conduta que

malferiu os princípios da Administração Pública (art. 37, "caput" da CF, art. 27, “caput” da CE

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e art. 68 “caput”, da Lei Orgânica Municipal), bem como pela violação dos deveres de

honestidade e lealdade ao Município de Paiçandu (art. 11 “caput” da Lei 8.429/92),

notadamente, pela prática de ato visando fim proibido em lei (art. 11, inciso I, da Lei

8.429/92) e de conseqüência condená-lo nas sanções do art. 12, inciso III, da Lei

8429/92, a saber:

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 5

(cinco) anos;

b) a perda da função pública se ainda estiver

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou receber

benefícios fiscais ou creditícios, direta e indiretamente, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritário, pelo prazo de 3

(três) anos;

d) ao pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da

remuneração percebida pelo agente.

6.2. DOS PAGAMENTOS DE VERBAS EXTRAS NA

EXECUÇÃO DO CONTRATO NÃO PERMITIDAS PELO EDITAL DE LICITAÇÃO

_______________________6.2.1 - seja julgada procedente a presente AÇÃO CIVIL

PÚBLICA, para em reconhecendo a irregularidade e ilegalidade na celebração de

contrato aditivo entre a municipalidade de Paiçandu e a empresa Hospital Paiçandu

Ltda., para o pagamento da importância de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) mensais,

para a execução de serviços nos sábados, domingos, feriados e períodos noturnos,

quando na verdade essa importância era desnecessária e descabida, pois que havia sido

previsto no contrato inicialmente celebrado e por conta da importância anteriormente

estipulada, praticadas pelos réus JONAS ERALDO DE LIMA na qualidade de Prefeito

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 77

Municipal de Paiçandu e FRANCISCO VIEIRA FILHO, na qualidade de representante

legal da referida empresa, conforme exaustivamente narrado no item 2.1.2, declarando

por sentença ato de improbidade administrativa, eis que referidos réus de forma livre e

consciente, por ação, concorreram para lesão ao erário publico, nos valores mensais

acima cujo montante será conhecido no decorrer da demanda, ou seja, realizando

operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares, conforme

previsto no art. 10, “caput” e inciso VI, da Lei 8.429/92 e de conseqüência condenando-

os as sanções do art. 12, inciso II, da Lei 8429/92, a saber:

6.2.1.1 - JONAS ERALDO DE LIMA :

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 8

(oito) anos;

b) a perda da função pública se ainda estiver

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja

sócio majoritário, pelo prazo de 5 (cinco) anos;

d) ao pagamento de multa civil de até duas vezes o valor

do dano causado ao Município de Paiçandu;

e) solidariamente com os demais réus FRANCISCO

VIEIRA FILHO e a empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA., ao ressarcimento

integral do dano causado ao erário público municipal, em razão do

desembolso feito pelo Município, no montante de R$ 15.000,00 (quinze

mil reais) mensais, acrescidos de juros e correção de estilo e ou outro valor

que se apurar no decorrer da presente demanda, em liquidação de sentença.

6.2.1.2.- FRANCISCO VIEIRA FILHO :

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 78

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 8

(oito) anos;

b) a perda da função pública se ainda estiver

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja

sócio majoritário, pelo prazo de 5 (cinco) anos;

d) ao pagamento de multa civil de até duas vezes o valor

do dano causado ao Município de Paiçandu;

e) solidariamente com os demais réus JONAS ERALDO

DE LIMA e a empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA., ao ressarcimento

integral do dano causado ao erário público municipal, em razão do

desembolso feito pelo Município, no montante de R$ 15.000,00 (quinze

mil reais) mensais, acrescidos de juros e correção de estilo e ou outro valor

que se apurar no decorrer da presente demanda, em liquidação de sentença.

6.2.1.3. - HOSPITAL PAIÇANDU LTDA :

a) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja

sócio majoritário, pelo prazo de 5 (cinco) anos;

b) ao pagamento de multa civil de até duas vezes o valor

do dano causado ao Município de Paiçandu;

c) solidariamente com os demais réus JONAS ERALDO DE

LIMA e FRANCISCO VIEIRA FILHO, ao ressarcimento integral do dano

causado ao erário público municipal, em razão do desembolso feito pelo

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 79

Município, no montante de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) mensais,

acrescidos de juros e correção de estilo e ou outro valor que se apurar no

decorrer da presente demanda, em liquidação de sentença.

_______________________6.2.2. - Em não sendo conhecido o pedido anteriormente

formulados (ou seja, a condenação dos réus pelo cometimento dos atos de improbidade administrativa

previstos no art. 10, caput e inciso VI c.c. artigo 12, II, todos da Lei 8429/92) o que não acredita, em

ordem sucessiva (art. 289 do CPC), seja, então, com as observações acima mencionadas,

julgada procedente a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA, para em reconhecendo a

irregularidade e ilegalidade acima e anteriormente narrada (item 2.1.2), praticadas

pelos réus JONAS ERALDO DE LIMA, FRANCISCO VIEIRA FILHO e HOSPITAL

PAIÇANDU LTDA., declare por sentença o cometimento de ato de improbidade

administrativa, ou seja, pela prática das condutas que malferiram os princípios da

Administração Pública (art. 37, "caput" da CF, art. 27, “caput” da CE e art. 68 “caput”, da Lei

Orgânica Municipal), bem como pela violação dos deveres de honestidade e lealdade ao

Município de Paiçandu (art. 11 “caput” da Lei 8.429/92), notadamente, pela prática de

ato visando fim proibido em lei (art. 11, inciso I, da Lei 8.429/92) e de conseqüência

condená-los nas sanções do art. 12, inciso III, da Lei 8429/92, a saber:

6.2.2.1. - JONAS ERALDO DE LIMA:

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 5

(cinco) anos;

b) a perda da função pública se ainda estiver

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios fiscais ou creditícios, direta e indiretamente, ainda que

por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritário, pelo prazo

de 3 (três) anos;

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 80

d) ao pagamento de multa civil de até cem vezes o valor

da remuneração percebida pelo agente;

e) solidariamente com os demais réus FRANCISCO

VIEIRA FILHO e a empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA, ao ressarcimento

integral do dano causado ao erário público municipal, em razão do

desembolso feito pelo Município, no montante de R$ 15.000,00 (quinze

mil reais) mensais, acrescidos de juros e correção de estilo e ou outro valor

que se apurar no decorrer da presente demanda, em liquidação de sentença.

6.2.2.2 - FRANCISCO VIEIRA FILHO:

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 5

(cinco) anos;

b) a perda da função pública se ainda estiver

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios fiscais ou creditícios, direta e indiretamente, ainda que

por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritário, pelo prazo

de 3 (três) anos;

d) solidariamente com os demais réus FRANCISCO

VIEIRA FILHO e a empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA, ao ressarcimento

integral do dano causado ao erário público municipal, em razão do

desembolso feito pelo Município, no montante de R$ 15.000,00 (quinze

mil reais) mensais, acrescidos de juros e correção de estilo e ou outro valor

que se apurar no decorrer da presente demanda, em liquidação de sentença.

6.2.2.3. - HOSPITAL PAIÇANDU LTDA:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 81

a) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios fiscais ou creditícios, direta e indiretamente, ainda que

por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritário, pelo prazo

de 3 (três) anos;

b) solidariamente com os demais réus FRANCISCO

VIEIRA FILHO e JONAS ERALDO DE LIMA, ao ressarcimento integral do

dano causado ao erário público municipal, em razão do desembolso feito pelo

Município, no montante de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) mensais,

acrescidos de juros e correção de estilo e ou outro valor que se apurar no

decorrer da presente demanda, em liquidação de sentença..

6.3. DAS DIVERSAS RENOVAÇÕES DE CONTRATO

VEDADAS PELA LEI FEDERAL 8.666/93:

________________________6.3.1 - seja julgada procedente a presente AÇÃO CIVIL

PÚBLICA, para em reconhecendo a irregularidade e ilegalidade nas renovações dos

contratos entre a municipalidade de Paiçandu e a empresa Hospital Paiçandu Ltda.,

conforme exaustivamente narradas no item 2.1.3 deste petitório, praticadas pelos réus

JONAS ERALDO DE LIMA na qualidade de Prefeito Municipal de Paiçandu e

FRANCISCO VIEIRA FILHO, na qualidade de representante legal da referida empresa,

seja declarado por sentença ato de improbidade administrativa, eis que referidos réus de

forma livre e consciente, por ação, concorreram para lesão ao erário publico, nos valores

mensais a ser conhecido no decorrer desta demanda, ou seja, realizando operação

financeira sem observância das normas legais e regulamentares, conforme previsto no

art. 10, “caput” e inciso VI, da Lei 8.429/92 e de conseqüência condenando-os as

sanções do art. 12, inciso II, da Lei 8429/92, a saber:

6.3.1.1 - JONAS ERALDO DE LIMA :

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 82

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 8

(oito) anos;

b) a perda da função pública se ainda estiver

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja

sócio majoritário, pelo prazo de 5 (cinco) anos;

d) ao pagamento de multa civil de até duas vezes o valor

do dano causado ao Município de Paiçandu;

e) solidariamente com os demais réus FRANCISCO

VIEIRA FILHO e a empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA., ao ressarcimento

integral do dano causado ao erário público municipal, em razão do

desembolso feito pelo Município, no montante mensal a ser conhecido no

decorrer desta demanda, acrescidos de juros e correção de estilo e ou outro

valor que se apurar no decorrer da presente demanda, em liquidação de

sentença.

6.2.1.2.- FRANCISCO VIEIRA FILHO :

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 8

(oito) anos;

b) a perda da função pública se ainda estiver

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja

sócio majoritário, pelo prazo de 5 (cinco) anos;

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 83

d) ao pagamento de multa civil de até duas vezes o valor

do dano causado ao Município de Paiçandu;

e) solidariamente com os demais réus JONAS ERALDO

DE LIMA e a empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA., ao ressarcimento

integral do dano causado ao erário público municipal, em razão do

desembolso feito pelo Município, no montante a ser conhecido no decorrer

desta demanda, acrescidos de juros e correção de estilo e ou outro valor que

se apurar no decorrer da presente demanda, em liquidação de sentença.

6.3.1.3. - HOSPITAL PAIÇANDU LTDA :

a) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja

sócio majoritário, pelo prazo de 5 (cinco) anos;

b) ao pagamento de multa civil de até duas vezes o valor

do dano causado ao Município de Paiçandu;

c) solidariamente com os demais réus JONAS ERALDO

DE LIMA e FRANCISCO VIEIRA FILHO, ao ressarcimento integral do dano

causado ao erário público municipal, em razão do desembolso feito pelo

Município, no montante a ser conhecido nesta demanda, acrescidos de juros

e correção de estilo e ou outro valor que se apurar no decorrer da presente

demanda, em liquidação de sentença.

_______________________6.3.2. - Em não sendo conhecido o pedido anteriormente

formulados (ou seja, a condenação dos réus pelo cometimento dos atos de improbidade administrativa

previstos no art. 10, caput e inciso VI c.c. artigo 12, II, todos da Lei 8429/92) o que não acredita, em

ordem sucessiva (art. 289 do CPC), seja, então, com as observações acima mencionadas,

julgada procedente a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA, para em reconhecendo a

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 84

irregularidade e ilegalidade acima e anteriormente narrada (item 2.1.3), praticadas

pelos réus JONAS ERALDO DE LIMA, FRANCISCO VIEIRA FILHO e HOSPITAL

PAIÇANDU LTDA., declare por sentença o cometimento de ato de improbidade

administrativa, ou seja, pela prática das condutas que malferiram os princípios da

Administração Pública (art. 37, "caput" da CF, art. 27, “caput” da CE e art. 68 “caput”, da Lei

Orgânica Municipal), bem como pela violação dos deveres de honestidade e lealdade ao

Município de Paiçandu (art. 11 “caput” da Lei 8.429/92), notadamente, pela prática de

ato visando fim proibido em lei (art. 11, inciso I, da Lei 8.429/92) e de conseqüência

condená-los nas sanções do art. 12, inciso III, da Lei 8429/92, a saber:

6.3.2.1. - JONAS ERALDO DE LIMA:

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 5

(cinco) anos;

b) a perda da função pública se ainda estiver

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios fiscais ou creditícios, direta e indiretamente, ainda que

por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritário, pelo prazo

de 3 (três) anos;

d) ao pagamento de multa civil de até cem vezes o valor

da remuneração percebida pelo agente;

e) solidariamente com os demais réus FRANCISCO VIEIRA

FILHO e a empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA, ao ressarcimento integral

do dano causado ao erário público municipal, em razão do desembolso feito

pelo Município, nos valores mensais a ser conhecido no decorrer desta

demanda, acrescidos de juros e correção de estilo e ou outro valor que se

apurar no decorrer da presente demanda, em liquidação de sentença.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 85

6.3.2.2 - FRANCISCO VIEIRA FILHO:

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 5

(cinco) anos;

b) a perda da função pública se ainda estiver

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios fiscais ou creditícios, direta e indiretamente, ainda que

por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritário, pelo prazo

de 3 (três) anos;

d) solidariamente com os demais réus JONAS ERALDO DE

LIMA e a empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA, ao ressarcimento integral

do dano causado ao erário público municipal, em razão do desembolso feito

pelo Município, no montante mensal a ser conhecido no decorrer desta

demanda, acrescidos de juros e correção de estilo e ou outro valor que se

apurar no decorrer da presente demanda, em liquidação de sentença.

6.3.2.3. - HOSPITAL PAIÇANDU LTDA:

a) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios fiscais ou creditícios, direta e indiretamente, ainda que

por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritário, pelo prazo

de 3 (três) anos;

b) solidariamente com os demais réus FRANCISCO

VIEIRA FILHO e JONAS ERALDO DE LIMA, ao ressarcimento integral do

dano causado ao erário público municipal, em razão do desembolso feito pelo

Município, no montante mensal a ser conhecido no decorrer desta demanda,

acrescidos de juros e correção de estilo e ou outro valor que se apurar no

decorrer da presente demanda, em liquidação de sentença..

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 86

6.4. DA HABILITAÇÃO DE EMPRESA QUE NÃO ATENDIA

AOS REQUISITOS DO EDITAL DE LICITAÇÃO E CONSEQUENTE MENTE ÀS EXIGÊNCIAS

DA LEI 8.666/93:

________________________6.4.1 - seja julgada procedente a presente AÇÃO CIVIL

PÚBLICA, para em reconhecendo a irregularidade e ilegalidade na habilitação da

empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA (ou seja pela não juntada das certidões que não atendiam

os requisitos exigidos tanto pela edital como pela Lei Federal 8.666/93), por ocasião da realização

do procedimento licitatório que objetivava a concessão de uso do prédio público

denominado de HOSPITAL MUNICIPAL DE PAIÇANDU, conforme anteriormente e

exaustivamente narrada (item 2.2.1), praticadas pelo réu JONAS ERALDO DE LIMA,

FRANCISCO VIEIRA FILHO, RAIMUNDA PEREIRA TESSARO, SALETE MATTIA,

PAULO DO AMARAL, JACY JOÃO MIROTTO e ELZA DE MIRANDA ROSADA, declare

por sentença o cometimento de ato de improbidade administrativa, ou seja, pela prática

das condutas que malferiram os princípios da Administração Pública (art. 37, "caput" da

CF, art. 27, “caput” da CE e art. 68 “caput”, da Lei Orgânica Municipal), bem como pela violação

dos deveres de honestidade e lealdade ao Município de Paiçandu (art. 11 “caput” da Lei

8.429/92), notadamente, pela prática de ato visando fim proibido em lei (art. 11, inciso I,

da Lei 8.429/92) e de conseqüência condená-los nas sanções do art. 12, inciso III, da Lei

8429/92, a saber:

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 5

(cinco) anos;

b) a perda da função pública se ainda estiverem

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios fiscais ou creditícios, direta e indiretamente, ainda que

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1ª PROMOT0RIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE MARINGÁ PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - Av. Herval, 171 - sobreloja - Centro - Maringá - PR - CEP: 87.013-230 - fone/fax: (044) 226-0484 ____________________________________________________________________

____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 87

por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritário, pelo prazo

de 3 (três) anos;

d) ao pagamento de multa civil de até cem vezes o

valor da remuneração percebida pelo agente, a exceção do réu FRANCISCO

VIEIRA FILHO, por não funcionário público à época dos fatos.

6.5. DA FALTA DE ACOMPANHAMENTO POR COMISSÃO

DE VEREADORES DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO E NA ELAB ORAÇÃO DO

CONTRATO DE CONCESSÃO DE USO DO IMÓVEL DO HOSPITAL MUNICIPAL DE

PAIÇANDU, CONSIDERADO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRA TIVA:

_______________________6.5.1 - seja julgada procedente a presente AÇÃO CIVIL

PÚBLICA, para em reconhecendo a irregularidade e ilegalidade na realização do

certame licitatório, ou seja, pela não participação de comissão de vereadores previstas

na Lei Municipal 1.430/2001, para a concessão de uso do prédio público denominado de

HOSPITAL MUNICIPAL DE PAIÇANDU, conforme anteriormente e exaustivamente

narrada (item 2.2.2), praticadas pelo réu JONAS ERALDO DE LIMA, declare por

sentença o cometimento de ato de improbidade administrativa, ou seja, pela prática de

conduta que malferiu os princípios da Administração Pública (art. 37, "caput" da CF, art. 27,

“caput” da CE e art. 68 “caput”, da Lei Orgânica Municipal), bem como pela violação dos deveres

de honestidade e lealdade ao Município de Paiçandu (art. 11 “caput” da Lei 8.429/92),

notadamente, pela prática de ato visando fim proibido em lei (art. 11, inciso I, da Lei

8.429/92) e de conseqüência condená-lo nas sanções do art. 12, inciso III, da Lei

8429/92, a saber:

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 5

(cinco) anos;

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1ª PROMOT0RIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE MARINGÁ PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - Av. Herval, 171 - sobreloja - Centro - Maringá - PR - CEP: 87.013-230 - fone/fax: (044) 226-0484 ____________________________________________________________________

____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 88

b) a perda da função pública se ainda estiver

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou receber

benefícios fiscais ou creditícios, direta e indiretamente, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritário, pelo prazo de 3

(três) anos;

d) ao pagamento de multa civil de até cem vezes o valor

da remuneração percebida pelo agente.

6.6. PELA NEGAÇÃO DE INFORMAÇÕES E DOCUMENTOS

RELATIVOS AO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO E RESPECTIVO CONTRATO QUE

OBJETIVOU A USO DO HOSPITAL MUNICIPAL, REQUERIDOS P ELA CÂMARA

MUNICIPAL DE PAIÇANDU, CONSIDERADO ATO DE IMPROBIDA DE ADMINISTRATIVA:

_______________________6.6.1 - seja julgada procedente a presente AÇÃO CIVIL

PÚBLICA, para em reconhecendo a irregularidade e ilegalidade da conduta do réu

JONAS ERALDO DE LIMA, ou seja, na qualidade de Prefeito Municipal de Paiçandu,

sem motivos justificáveis negar informações e documentos relativas ao procedimento

licitatório e contrato que viabilizara a concessão de uso do prédio público denominado

de HOSPITAL MUNICIPAL DE PAIÇANDU à empresa HOSPITAL PAIÇANDU LTDA.,

conforme anteriormente e exaustivamente narrada (item 2.3), declare por sentença o

cometimento de ato de improbidade administrativa, ou seja, pela prática de conduta que

malferiu os princípios da Administração Pública (art. 37, "caput" da CF, art. 27, “caput” da CE

e art. 68 “caput”, da Lei Orgânica Municipal), bem como pela violação dos deveres de

honestidade e lealdade ao Município de Paiçandu (art. 11 “caput” da Lei 8.429/92),

notadamente, pela prática de ato visando fim proibido em lei (art. 11, inciso I, da Lei

8.429/92) e de conseqüência condená-lo nas sanções do art. 12, inciso III, da Lei

8429/92, a saber:

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1ª PROMOT0RIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE MARINGÁ PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - Av. Herval, 171 - sobreloja - Centro - Maringá - PR - CEP: 87.013-230 - fone/fax: (044) 226-0484 ____________________________________________________________________

____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 89

a) à suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 5

(cinco) anos;

b) a perda da função pública se ainda estiver

desempenhando;

c) à proibição de contratar com o Poder Público ou receber

benefícios fiscais ou creditícios, direta e indiretamente, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritário, pelo prazo de 3

(três) anos;

d) ao pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da

remuneração percebida pelo agente.

7. Requer-se, outrossim:

7.1. a citação dos réus preambularmente qualificados e

endereçado, após a notificação mencionada no início deste item, para, querendo,

contestar os termos da presente, sob pena de revelia;

7.2. a produção de todos os tipos de provas em direito

admitidas, testemunhal, documental e pericial, esta última, se necessária, bem como a

juntada de documentos superveniente, na medida do contraditório;

7.3. requer sejam tomado o depoimento pessoal dos réus;

7.4. a condenação dos réu nos ônus da sucumbência,

custas processuais e honorários advocatícios este último em conformidade com

estatuído na Constituição Estadual (art. 118, inciso II, letra “a”);

7.5. a concessão de Justiça Gratuita;

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1ª PROMOT0RIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE MARINGÁ PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - Av. Herval, 171 - sobreloja - Centro - Maringá - PR - CEP: 87.013-230 - fone/fax: (044) 226-0484 ____________________________________________________________________

____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 65 ______________________ pág. 90

7.6. Requer mais, seja o titular da Promotoria de Proteção

ao Patrimônio Publico junto a esta Comarca, intimado pessoalmente para todos os atos e

audiências a serem realizados no trâmite da presente ação.

Dá-se à causa, para fins de alçada, o valor de R$ 30.000,00

(trinta mil reais).

Termos em que, com os inclusos documentos

pedem e Esperam Deferimento.

Maringá-Pr, 03 de junho de 2.003.

José Aparecido da Cruz José Lafaieti Barbosa Tourinho

Promotor de Justiça Promotor de Justiça

DOCUMENTOS ANEXOS:

PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO CIVIL PÚBLICO N° 05/2002.