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Entrega a domicilio Fedidos á ^ga do "^pipanga, 8.

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Dando o braço ao Pen na, Ficarão todos pensando que eu estou na ponta.'..

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Atino II S. Paulo=Brasn Num. 129

Director: AUGUSTO BARJONA

Sabbado. 12 de Outubro de 1907

EXPEDIENTE ASSIGN ATURAS: Capital, anno 10$000—Intelor, 15$000

Numero avulso, 200 réis—Atrazado, 500 réis Publica-se todos os Sabbados

33-A Rua Gavão Bueno 33-A

S PAULO

Esta segunda conferência da paz, prestes a encer- rar-se em Haya, tem sido fértil em episódios cômicos. A primeira, annunciada com menos reclames que a segunda, forneceu ainda assim assumpto para uma comedia in- teressante; mas esta agora deu muito mais do que era licito esperar dum respeitável areopago de sábios de todas as cinco partes do mundo.

O episódio da creação do tribunal de arbitramento, eí(\ que só figuravam as grandes potências, as que podem fa\at grosso pela voz retumbante de seus numerosos ca- nhões, este episódio, que terminou tão grotescamente, não devia ser a ultima nota alegre e desopilante. Estava reservada á primeira commissão da conferência a sorte do incidente mais divertido de toda essa comedia de internacion alistas.

Ao encerrar se a ultima sessão, descobriu-se que o delegado paraguayo tinha votado pelo seu collega da Nicarágua, ausente ha muitos dias em Londres. Convi- dado a explicar-se, o representante do Paraguay decla- rou, ingenuamente, ignorar ser prohibido votar em nome de collegas ausentes.

Não se resumem neste os escândalos dessa primeira commissão: contra os delegados de Guatemala e Nica- rágua foram formuladas graves accusações de medonhos tribofes. E, se se apurarem melhor as cousas, não nos

admiraremos se nos disserem que outros delegados ca- balaram votações, formaram conluios inconfessáveis e praticaram toda a sorte de tropelias e falcatruas, usadas e abusadas nas eleições de outro tempo, aqui nestas uberrimas terras de Santa Cruz.

O facto, porém, do delegado paraguayo votar sor- rateiramente por outro collega, entristece-nos bastante, porque acreditávamos, até hoje, que o «phosphoro» eleitoral era uma invenção toda nossa. Ha de haver uns vinte annos que assistimos no Rio a um facto que não é bem uma coincidência, como diria um grave e circunspecto vespertino; mas não deixa de ter relação com o acto do delegado paraguayo. Fazia-se a chamada dos votantes numa mesa eleitoral, e o presidente an- nunciou o nome do barão de Muritiba. Nisto, ouvem-se ao mesmo tempo duas vozes gritar—presente !

E, rompendo a multidão, que se apinhava em volta da mesa, surgem á bocca da urna o barão de Muritiba, um alegre e risonho velho que todo o Rio conhecia pelo vêr acompanhar o impei ador em quasi todas as solemnidades e visitas, na qualidade de veador, e um negralhão, alto, espadando e cara de poucos amigos. O presidente atrapalhado e confuso, repete o nome : e de cada lado da mesa surge um braço, em cuja extre- midade se via a mão e nesta uma cédula. Perplexidade curiosa dos circumstantes e augmento de atrapalhação do presidente. Este resolve consultar os mesarios, que reconhecem, sem pestanejar, no negralhão, o eleitor barão de Muritiba. E, emquanto este, desapontado, volta as costas e se retira, o preto entrega a cédula ao pre- sidente, que a mette na urna, não sem que exclame, como que alliviando um supposto peso a esmagar-lhe a supposta consciência: Só si ha dois barões do mes- mo nome 1

Votos destes e ainda de ausentes e defunctos eram vulgares; mas nunca esses votantes, quando apanhados na experteza, se lembraram de allegar que ignoravam ser prohibido votar por outro, como allegou o delegado paraguayo. Os nossos «phosphoros» eram mais intel- igentes: appellavam para a existência... de outro de egual nome.

CAÇA E PESCA Foi-se o snr. Rio Branco, bem impressionado com

o progresso moral da nossa terra e até com a ora- tória paulista, a que deu brilho e lustre o snr. dr. Pedro Lessa, incontestavelmente um grande espirito, uma legitima cerebração.

Foi-se o snr. Rio Branco e a nossa vida voltou a retomar aquelle aspecto de cidade que só é risonha e ruidosa e vibrante, quando o rico café está a 8, 10, 12 mil reis ou mais.

Mas não levará muito dias que não tenhamos de alterar de novo a physionomia, para recebermos com um sorriso Guilherme Ferrero, um sábio italiano que tem feito o encanto do elemento intellectual do Rio, com as suas conferências históricas, no palácio Monroe.

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ARARA

Guilherme Ferrero é um grande historiador e um espirito de uma originalidade encantadora.

0 seu nome é uma celebridade. Por isso, as entrevistas por elle concedidas aos jornaes não cessam e já um poude apurar, no enumerar as suas opiniões sobre o Brasil, que Ferrero é contra a valorisação e, por conseguinte, a favor do snr. Campos Salies.

0 repórter necessariamente tomou a nuvem por Juno. Ferrero, indiscutivelmente, não quiz significar que o seu espirito fosse contra a valorisação. 0 que elle quiz foi advertir que muitas vezes o querer re- montar a grandes alturas tem como resultante uma grande queda.

Ora, isto é differente, está longe de ser ' uma condemnação aos processos financeiros do snr. Lins ou do próprio snr. Tibiriçá, em relação á crise da lavoura.

O que Ferrero quiz dizer com a sua excelleute philosophia de homem illustrado é que já o pae de ícaro recommendava a este que não subisse muito alto nem rastejasse muito baixo. Meio termo por causa das duvidas.

Os senhores devem conhecer a historia. Devem igualmente saber que o imprudente, em vez de tomar em linha de conta o conselho paterno, fez o que muito bem lhe approuve e veiu dar com as costellas na dura o. ingrata terra.

Pois, Ferrero, falando-se-Ihc de valorisação, con- siderou-a de futuro um perigo ; mas não disse se esse perigo viria daqui a três, cinco, uma dúzia de annos. O futuro é uma coisa tão illimitada que certamente os inimigos do snr. Lins, mesmo com boa vontade não poderão demonstrar que seja possível armazenal-a no fundo do dedal.

Visto que o snr. Rio Branco se foi e o sábio Ferrero está para chegar, prestemos também ao il- lustre cidadão italiano as homenagens do nosso res- peito e da nossa admiração.

Nada de lhe mostrar o quartel da Guarda Na- cional, os discursos históricos do snr. Tancredo, os estudos emblemáticos do snr. Eurico, a múmia do snr. Amancio de Carvalho e o nosso mercado da rua de S. João.

Discreção em todos os actos. Quando muito, per- mitta-se que o sábio italiano regale a vista em ob- servar de perto as excellentes pernas das cantoras do Moulin Rouge.

PASCHOAL

, O sr. Nogueira Accioly. presidente do Ceará, não é, como na popular cançoneta, le chef ã'une joyeuse fa - mille. Ao contrario, todos os membros da respeitável e numerosa família presidencial mostram, desde tenra edade, as ,mais variadas aptidões e os mais notáveis

.talentos. Tanto os infantes como os adultos encaram

a vida com a seriedade, que couvém aos que vieram a este mundo, destinados a uma grave e solenne missão.

Por isso, não ha logar na administração cearense que uão seja oecupado por um Accioly ou pessoa in- timamente ligada á respeitável e numerosa f amilia, que felicita os nossos irmãos do Ceará. Ser Accioly é pos- suir a lâmpada maravilhosa de Aladino : basta esfre- gal-a brandamente, tendo no coração um desejo, para que este se realize.

Em toda a parte, para ser bem suecedido, na po- lítica, é necessário ter a eloqüência fácil e a habilida- de prompta ; na sciencia, uma grande capacidade de- estudo ; nas artes, a imaginação creadora ; nas indus- trias, a actividade fecunda; uo commercio, o segredo,, que é a sua alma. Na terra das jangadas, dizem-n'o as línguas farpadas dos maldizentes, o nome Accioly é uma real e verdadeira Maseotte, que proporciona as cousas boas da vida, afastando as amargas decepções da inutilidade do esforço.

E esta lenda tão poética como a do São Graal, que a imprensa commentou em todos os tons e a ca- ricatura popularizou sob todas as formaf, forneceu as- sumpto para os mais commoventes romances e thema para as mais desopilanles hlayues. O papá Accioly e a sua prole foram comparados á tribu sagrada e favori- ta de Levi ; e nas duras batalhas da vida, os vence- dores eram elles e a elles pertenciam as batatas, gran- des como punhos, entumecidas da saborosa e alimen- tícia fécula.

Todos nós estávamos, pois, persuadidos de que o- Ceará era uma vasta feitoria da respeitável e numero- sa família Accioly.

Um telegramma, porém, de Fortaleza, datado de 29 do mez passado, vem desfazer essa lenda deprimen- te. E' concebido nestes termos :

«A classe acadêmica, em reunião realizada hoje, resolveu fazer uma manifestação ao sr. Nogueira Ac- cioly, presidente do Estado, no dia do seu anniversa- rio natalicio.»

Ora, a mocidade das escolas, quer seja do Ceará,, quer de outro Estado da União, obedece nas suas ma- nifestações aos impulsos generosos do coração, virgem das torpes ambições, dos cálculos gananciosos dos in- teresses inconfessáveis, do ganho áspero da vida.

E se ella resolveu festejar tão solennemente o an- niversario do presidente Nogueira Accioly, é porque o acha um digno cidadão livre de uma terra livre. Elle não é, po;s, o pródigo distribuidor de graças e empre- gos rendosos aos seus parentes, nem considera a Pre- sidência do Ceará um emprego vitalício e hereditário. A briosa classe acadêmica de Fortaleza, promovendo essa manifestação, desfez todo um acervo de calumnias e tirou um enorme peso da nossa consciência de patriotas.

Louvada seja para sempre a briosa mocidade de Fortaleza 1

DECIO

DEVAGARINHO A policia federal enchese, ás vezes, de um furor

sagrado, e, num exaggerado assomo de pudicicia, in- veste, num quixotesco arrauque, contra a rua Senador Dantas e quejandas outras, d'onde a Castidade e o Pudor foram de ha muito desterrados. São venetas, accessos intermittentes que lhe dão, nos raros inter^ vallos que lhe deixa a campanha contra o bicho e ff caftinismo.

Mal se annuncia essa obra de saneamento, põe- se ella immediatamente em acção com uma actividade que ninguém antes suspeitara. O pânico invade os pe- quenos templos de Cythera, onde as sacerdotisas tre- mem, apavoradas, receando serem de uma hora para

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(S DA CONVENÇÃO

O CA50 DA MU 1^1 A

0 sincte da Putura presidência

DEPOIS DA CONVENÇÃO

Campos Salleô~Nao me largue assim, amigo Glicerio ! -Pojs^irarnos dalftcademia a múmia do "Ãmancio, porque' cheirava mal e era a recordação viva....do* nossos cadáveres..

DE RÉ6KESS0 -A V ICT O R I A wmr*mmmmmf*im^ . i ■ nu..., j] 11; N i., .,■■ w, i.: .■*,.■ ^'y-: .'.[-^'-líg?*-^?.:;--'J'-.'- . ■ ■ ""V" "' ■ " "''M'" '." -■■-.■

•Deixe-se de modéstias, meu caro leadep^voceé ainda mais ensaboado do que o Rubidb

Parabéns pelo brilharetro.Barab amigo, Fez Nlinca pensei qtie tTÍveSSe tanfos QmígOS 6 "conhecidos! um Figurdb em 5.Paulo. E....dinheiro haja!

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6 ARARA

outra surprehendidas á négligé nos mysterios e no exer- cício do culto. Vem então á baila a regulamentação da prostituirão. Se ha um regulamento para os theatros, para os mercados etc, se ha um regulamento para tudo, porque não ha de haver também um para as mercadoras do amor?

Não— exclamam alguns advogados de má morte,— não pode ser: regulamentar o vicio é implicitamente reconhecel-o o Estado.

Não se pode regulamentar a prostituição, pela mesma forma porque se não pode regulamentar o jo- go. São duas cousas que, por sua natureza mesmo irregulares, escapam a qualquer regulamentação. Pro- hibir, portanto, que as cocottes se exhibam ás janellas ou que saiam a offerecer pelas vias publicas as suas seducções aos transeuntes—berram indignados—é uma odiosa restricção á liberdade individual.

Esses e quejandos argumentos surgem á tona sem- pre que a policia, eançada de ouvir queixas contra os contínuos attentados ao pudor praticados nessas ruas, procura, por meio de medidas mais ou menos enér- gicas, pôr um cobro aos desmandos e aos exhibicio- nismos de incorrigiveis marafonas. Fecham-se, por algum tempo, portas e janellas dos templos de Venus, impondo-se ás sacerdotizas mais recato no exercício do culto. Tudo vae ás mil maravilhas no começo: as moradoras deixam de exhibir-se ás janellas em trajes quasi edênicos. Mas a ordem, como tudo neste mundo, se relaxa logo e as mulheres vão pouco e pouco voltando ás janellas, com grande desespero da visinhauça, mais desbragadas do que nunca.

E o transeunte, mesmo já imprestável quer para esses quer para outros combates, como esse creado de vexas. Mathias, se aventura os tropegos passos por uma dessas torpes viellas, arrisca a passar pelo vexame de ouvir, como ja me tem acontecido, vindo de uma janella ou de um corredor, um arreliaute e cabuloso : Entra, zimpathico ! MATHIAS

Eu-não quero ser rico! —Aqui d'elrei! Quem me açode! Ladrões! — Que é isso, ó Turibio! Jesus ! Senhor! Que

destempero e esse ? Accorda homem ! — E's tu, Leocadia ? — Sou eu, sou... Santo nome de Jesus ! que ber-

reiro!... — Olha lá, mas não é verdade ? Não é verdade

meu tio Chrisprim ter morrido e ter-me deixado um saquitel ,de libras em ouro, da altura do Terra Nova alli do visinho ?

— Não, homem ! teu tio não morreu, que eu saiba... Ao menos até hontem á noite não tinha morrido... nem esperanças I

— Então não estamos ricos ? — Ricos ! Temos alli, dez tostões para as despe-

zas de amanhã todo o dia... Bem te podes levantar cedo a vêr se arranjas dinheiro,.porque nós com aquillo não fazemos nada...

— Ai, graças a Deus 1 — Graças a Deus por só termos dez tostões ?

. . — Não, mulher ! Graças a Deus por não termos o saquitel do tio Chrispim 1

— Pois olha, graças lhe dava eu de melhor von- tade, se o tio Crispim tivesse ido desta para melhor e nos tivesse deixado o pé de meia...

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— Deus te livre, mulher ! Tu sabes lá o que pe- des ? Pois eu só a sonhar que estava rico, já estava a sentir-me atacado pelos ladrões... todos aqui a rodea- rem-me o leito e a poremme facas ao peito para eu lhes apresentar para alli o dinheiro do tio Chrispim... Vê tu lá, se fosse a valer, e nós ca tivéssemos a massa, o que seria !

— E era por isso o que tu gritavas ? — Pois era! Eu estava tão afflictinho, que não fa-

zes idéa ! — E é que me pregaste aqui um socco n'este bra-

ço, que ainda me está a doer... Se me acertas no na- riz, esborrachavas-m'o !

— Pois se eu estava tão afflictinho ! Òs ladrões eram tantos, com umas caras muito feias e umas bar- bas muito compridas, e cada um com sua iaca de co- sinha nas unhas, para me escochinarem !

— Credo! que sonho tu havias de ter! — Agora é que eu vejo que isto de ter dinheiro

e ser rico não é tão boin como parece... — Ai, elle não é bom ! O peior é se todos os que

tem dinheiro o botam fora... Quanto mais tém mais querem !

— Mas as afflicções em que elles não hão de vi- ver, Leocadia ! Sempre a pensarem em ladrões que os querem roubar, sempre a pôr trancas na porta, e de noite, mal sentem um rugido,—ás vezes das próprias tripas,—logo sobresaltados, de ouvido á escuta, com o apito n'uma das mãos e o rewolver na outra... Credo ! isso não é para o meu gênio !

— E' porque tu és um medroso que não serves para nada...

— Eu sirvo para muito, Leocadia. Mas para esta coisa de me defender dos ladrões... não tenho geito. Ao menos, só com dez tostõesinhos que temos ahi. a gente está socegada, não pensa em ladrões... Nada ! Quem sabe se isto foi um aviso do ceu para me dizer que hei de ser castigado por ter desejado a morte ao tio Chrispim ?!

• — E tu desejaste-lh'a ? — Pois se elle, sem morrer, já disse que não larga

vintém ! — Olha, esse é que não tem medo dos ladrões... — Não tem medo dos ladrões, mas tem medo dos

sobrinhos... Olha que não é capaz de me abrir a porta pe noite ! Deus me perdoe, mas eu não quero ser rico [

SanfAnna Continua alli a serie de successos iniciados no tMoulin»

pela excellente companhia cômica italiana Marclietti. Casa constantenjente repleota, como no «Moulin», a companhia cô- mica entrou também com o pé direito no SanfAnna, onde as

suas recitas se contam por sucoessivos trmmphos. m

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ARARA

A companhia Marchetti, que conta os seus successos pelo numero de espectaculos que dá, cahiu, decididamente, na sym. pathia do nosso publico, que continua a affluir ao SantAnna com o mesmo enthusiasmo e animação iniciaes.

A graciosa e fina artista Kaffaella Chenet e os bravos actores cômicos Sainati e Cantini tiveram já ensejo de apre- ciar, nas noites dos respectivos festivaes, o quanto são esti- mados pela platéa paulista.

São, de facto, não desfazendo em outros actores e actrizes de grande mérito que alü ha — as três figuras principaes do elenco da excellente companhia que aotualmente trabalha no SanfAnna.

Polytheama Tem funcionado todas as noites, neste theatro, com extraor-

dinárias concorrências a companhia eqüestre e zoológica Franck Brown.

Não ha, na capital qiiem, levado ao menos por uma viva curiosidade, aguçada pelos elephantes amestrados e por mil outras maravilhas zoológicas que alli se exibem, não tenha ido ao menos uma vez ao Polytheama constatar de vim os prodígios alli apresentados. O Polytheama tornou-se, principalmente, a great attraction da criançada: é, no meio de toda uma extraor- dinária concurrencia de famílias, todo um mundo liliputiano a applaudir com as pequeninas mãos graciosas as proezas dos acrobatas humanos e não humanos e as cabriolas e larachas ■dos clowns.

A apparatosa pantomima Cendrillon, a Maria Borralheira dos contos infantis veiu agora reunir-se, como mais um forte elemento de suecesso, aos muitos attractivos da Companhia Frank Brown.

Moulin Rouge Troupe de variedades e o 4.o campionato de luetas romanas Do torneio a que alli assistimos ha dias, tirámos, a res-

peito dos campeões as seguintes conclusões: Omer contra Calvet: Em Omer distingue-se um luetador de muita escola; tem

grande precisão nos golpes e difficilmente se perturba; parece» entretanto, não estar na plenitude das suas forças. O seu competidor, Calvet, velha escola, muita força, pouca agilidade c muito peso.

Amalhou contra Le Boucher : Pesos quasi iguaes; lueta sem calma nem reflexão; si-

tuações perigosas e emocionantes ; agradou muito esse torneio. Depois de varias peripécias, Le Boucher desarmou Amalhou com uma prise de tète á tèu; tempo, 18 minutos.

Pons contra Damers : Lucta desiquilibrada; o campião belga desenvolveu os

recursos de uma boa escola, muita resistência, mas cedeu em- fim a um br as roulé á ierre ; tempo 15 minutos.

O theatro au complet; nem uma cadeira vasia para remédio. As luetas proseguem alli, cada vez mais animadas, attraindo grande nutuero de afficüonados do bello sport. O 4.o campeo- nato tem, não ha duvida alguma, athletas de grande merecimento.

Frontão Boa Vista Os aficionados do sport da pela, e assíduos freqüentadores dos espe-

ctaculos desta conhecida e aprasivel casa de diversões, não faltarão ás funeções de hoje. A empresa organisou excellentes turmas de artistas que disputarão as muitas e emocionantes quinielas simples e duplas que serão jogadas durante o dia e a noite.

As funeções de amanhã, domingo, obedecem a um bem organisado programma. Alem das innumeras e sensacionaes quinielas tão apre- ciadas por todos, mai uma imponentissima quiniela de honra a 8 pontos completará o espectaculo do dia, e em cujo torneio se acham envolvi- dos Agustin—Êcheverria—Barcaiztegui—Lino—irum e Vergara.

MIMO Programma da 28.a corrida a rea=

lisarse no dia 13 de outubro de 1907, no Hyppodromo Paulistano.

1.° Pareô—Animação—Prêmios: 600$ ao 1.° e 90$ ao 2.o— Distancia 1.500 me- tros.

1 Guineo 53 kilos 2 Sào Raphael 54 ,, 3 Alegre 50 „ » Atalá II 50 „ 4 Bruxa II 56 ,,

2.o Pareô—Excelsior—Prêmios: 70$ ao l.0e 100$ ao 2.o—Distancia 1.500 metros.

1 Caporal . 58 kilos 2 Faustina . 59 „ 3 Maniaco . 54 „ 4 Rio Grande . 55 „ 5 Guayana. . . . . . ''. . 53 „

3.° Pareô—Progredior—Prêmios : 800$ ao l-0 e 120 ao 2.°—Distancia 1.700 metros.

1 Frivole 52 kilos 2 Guayra 54 3 Lúlú 59 4 Sterlina 56 5 Coelho 59 6 Livorno 50

4.o Pareô—Proprietarios-Premios: 800$ ao i.o e 120$ ao 2.0— Distancia 1.700 metros.

1 Bagageira 54 kilos

2 4 5

Pery 56 Fausto 56 Naná 54 Mephisto 56

Prêmios: 1:000$ Distancia 1.800

6.o Pareô—Jockey-CIub ao 1." e 150$ ao 2.° - metros.

1 Obélisque .52 kilos 2 Maxim's 56 „ 5, Yguassú ." 60 ., 3 Campana . 54 „ 2 Haut-Sauterne 54 „ 4 Icarahy (ex-Pillete) . . . .54 „

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ístrialdaCASA

LUEL, e enccntra-se

á venda em todas as

Casas de Molhados

finos.

O Extrado de Malíe de Meissner substitue com vantagem as bebidas al-

coólicas e constitue um alimento poderoso para as crianças e muito es- pecialmente para as

senhoras que ama- mentam.

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