adolescentes e adolescentes

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1 Adolescentes e música popular: qual modelo de escola abrigaria essa relação de conhecimento e auto-conhecimento? Margarete Arroyo Universidade Federal de Uberlândia – Ufu [email protected] Resumo. Esta comunicação traz parte dos resultados da pesquisa "Adolescentes- música popular-escola: um estudo entre estudantes de 5ª a 8ª série de uma escola municipal rural, Uberlândia, MG", situada no campo da abordagem sociocultural da Educação Musical. A questão central foi em que a relação entre adolescentes e música popular pode contribuir com subsídios à elaboração de propostas locais de ensino e aprendizagem escolares de música. Metodologicamente recorri aos procedimentos etnográficos, fazendo uso das técnicas de observação geral e participante, questionários, entrevistas semi-estruturadas, documentação áudio-visual e diários de campo. O referencial teórico foi a teorização sobre a "força semiótica da música" elaborada por Tia DeNora (2000) e entre os resultados está a indagação sobre qual modelo de escola poderia abrigar a perspectiva de relação dos jovens com a música popular observada na pesquisa e ao mesmo tempo promover a formação musical sistemática dos mesmos. Esta comunicação traz parte dos resultados da pesquisa "Adolescentes- música popular- escola: um estudo entre estudantes de 5ª a 8ª série de uma escola municipal rural, Uberlândia, MG" 1 . A investigação teve início em fevereiro de 2004 e término em junho de 2005, e foi desenvolvida a partir da seguinte questão: em que a relação entre adolescentes e música popular 2 pode contribuir com subsídios à elaboração de propostas locais de ensino e aprendizagem escolares de música? Os objetivos gerais do estudo foram: compreender a relação de adolescentes de 5ª a 8ª série de uma escola rural da Rede Municipal de Uberlândia com a música popular - o que, por que, para que, onde, como e quando ouvem, tocam, dançam, cantam (ou outra experiência) música popular; lêem, falam e refletem sobre música popular; e experimentar, refletir e discutir o que, por que, para que e como desta relação pode contribuir com subsídios à elaboração de propostas pedagógicas locais de ensino e aprendizagem musical na educação fundamental (3º e 4º ciclos). Considerando ainda a necessidade de mapear práticas e significados musicais (Arroyo, 1999, p.46), recorri aos procedimentos etnográficos também nessa investigação. As técnicas utilizadas e as etapas percorridas foram: inserção na escola, interação com os estudantes, observação geral e participante, questionários, entrevistas semi-estruturadas, documentação áudio-visual e diários de campo. A observação participante ocorreu de março a novembro de 2004 através da realização de atividades musicais com os adolescentes na escola 3 , num total de 15 encontros que ocorreram no horário de aulas "cedidas" pelos professores. Esses encontros foram registrados em diário de campo 1 Esta investigação contou com o apoio do CNPq. 2 O termo "música popular" refere-se às músicas que a partir do início do século XX passaram a ser mediadas pelos meios de comunicação e informação eletrônicas e produzidas no âmbito da indústria musical. 3 Agradeço à diretora, supervisora, professores, funcionários e estudantes a calorosa acolhida e a oportunidade de realizar esse estudo.

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o texto fala da relação dos adolescentes com eles mesmo.

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    Adolescentes e msica popular: qual modelo de escola abrigaria essa relao de conhecimento e auto-conhecimento?

    Margarete Arroyo

    Universidade Federal de Uberlndia Ufu [email protected]

    Resumo. Esta comunicao traz parte dos resultados da pesquisa "Adolescentes- msica popular-escola: um estudo entre estudantes de 5 a 8 srie de uma escola municipal rural, Uberlndia, MG", situada no campo da abordagem sociocultural da Educao Musical. A questo central foi em que a relao entre adolescentes e msica popular pode contribuir com subsdios elaborao de propostas locais de ensino e aprendizagem escolares de msica. Metodologicamente recorri aos procedimentos etnogrficos, fazendo uso das tcnicas de observao geral e participante, questionrios, entrevistas semi-estruturadas, documentao udio-visual e dirios de campo. O referencial terico foi a teorizao sobre a "fora semitica da msica" elaborada por Tia DeNora (2000) e entre os resultados est a indagao sobre qual modelo de escola poderia abrigar a perspectiva de relao dos jovens com a msica popular observada na pesquisa e ao mesmo tempo promover a formao musical sistemtica dos mesmos.

    Esta comunicao traz parte dos resultados da pesquisa "Adolescentes- msica popular-

    escola: um estudo entre estudantes de 5 a 8 srie de uma escola municipal rural, Uberlndia,

    MG"1. A investigao teve incio em fevereiro de 2004 e trmino em junho de 2005, e foi

    desenvolvida a partir da seguinte questo: em que a relao entre adolescentes e msica popular2

    pode contribuir com subsdios elaborao de propostas locais de ensino e aprendizagem escolares

    de msica?

    Os objetivos gerais do estudo foram: compreender a relao de adolescentes de 5 a 8 srie

    de uma escola rural da Rede Municipal de Uberlndia com a msica popular - o que, por que, para

    que, onde, como e quando ouvem, tocam, danam, cantam (ou outra experincia) msica popular;

    lem, falam e refletem sobre msica popular; e experimentar, refletir e discutir o que, por que, para

    que e como desta relao pode contribuir com subsdios elaborao de propostas pedaggicas

    locais de ensino e aprendizagem musical na educao fundamental (3 e 4 ciclos). Considerando

    ainda a necessidade de mapear prticas e significados musicais (Arroyo, 1999, p.46), recorri aos

    procedimentos etnogrficos tambm nessa investigao. As tcnicas utilizadas e as etapas

    percorridas foram: insero na escola, interao com os estudantes, observao geral e participante,

    questionrios, entrevistas semi-estruturadas, documentao udio-visual e dirios de campo.

    A observao participante ocorreu de maro a novembro de 2004 atravs da realizao de

    atividades musicais com os adolescentes na escola3, num total de 15 encontros que ocorreram no

    horrio de aulas "cedidas" pelos professores. Esses encontros foram registrados em dirio de campo

    1 Esta investigao contou com o apoio do CNPq. 2 O termo "msica popular" refere-se s msicas que a partir do incio do sculo XX passaram a ser mediadas pelos meios de comunicao e informao eletrnicas e produzidas no mbito da indstria musical. 3 Agradeo diretora, supervisora, professores, funcionrios e estudantes a calorosa acolhida e a oportunidade de realizar esse estudo.

    Pacienciaa

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    e em alguns deles foi feito registro udio-visual. Foram aplicados 06 (seis) questionrios a todos os

    estudantes e realizadas 12 (doze) entrevistas. Nos encontros propunha prticas musicais (cantar,

    tocar, ouvir, danar, compor) ou acolhia idias e materiais trazidos pelos jovens, com o intuito de

    promover situaes nas quais a relao deles com a msica popular pudesse ser pesquisada.

    A anlise dos dados teve por base a tematizao dos registros feitos, alm da tabulao dos

    questionrios.

    O campo investigativo desta pesquisa a abordagem sociocultural da Educao Musical que

    tem encontrado na Sociologia, entre outras reas de conhecimento, fundamentos para pensar o

    ensino e aprendizagem musical em contextos formais ou informais. Inicialmente recorri aos

    conceitos de mutual tuning-in relationship proposto pelo sociolgico Alfred Schutz (1977) e

    sound identity proposto pelo pedagogo Glenn Hudak (1999) que fundamentam interpretaes de

    interaes coletivas com a msica. Mas, em razo das caractersticas do material etnogrfico da

    pesquisa, marcado mais por interaes individuais, considerei a teorizao de Tia DeNora (2000,

    2003) sobre a "fora semitica da msica" como mais adequada para interpretar os dados

    levantados.

    DeNora, em seu livro "Music in the everyday life" (2000), fornece reflexo terica sobre

    essa relao mais individualizada. Sua meta teorizar sobre a "fora semitica da msica" a partir

    de dados empricos levantados etnograficamente e atravs de entrevistas. A msica, argumenta a

    autora,

    no meramente um meio 'significativo' ou 'comunicativo'. Ela faz muito mais do que exprimir atravs de meios no verbais. No nvel da vida diria, a msica tem poder. Ela est implicada em muitas dimenses do agenciamento social, [isto , est implicada com] sentimento, percepo, cognio e conscincia, identidade, energia, incorporao4, (...) (2000 p. 16 e 20).

    Em sntese, a "msica est em relao dinmica com a vida social, ajudando a invocar,

    estabilizar e mudar parmetros de agenciamento seja coletivo ou individual" (Ibid, p. 20). Assim, o

    foco do estudo de DeNora est "no que a msica faz em tempos e espaos particulares como um

    material dinmico da existncia social" (DeNora, 1999, p. 34). Esse carter dinmico resulta em

    significados sociais que no so pr-estabelecidos, mas relativos a "como a msica apreendida

    dentro de circunstncias especficas" (DeNora, 2000, p. 23).

    Um conceito bsico ao qual a autora recorre para interpretar essa interao humano e msica

    "affordance" ou 'fornecimento', como traduzi para o portugus. Ele empregado no sentido de

    que "os objetos 'fornecem' aos atores certas coisas. Por exemplo, uma bola fornece rolar, saltar, 4 Incorporao no sentido de dar forma corprea. Em ingls: embodiment.

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    quicar, de modo que um cubo (...) no fornece" (DeNora, 2000, p. 39). Entretanto, esse

    fornecimento no ocorre independente de como os usurios se apropriam do que est determinado

    ou inscrito nos materiais, sejam esses "lingsticos, tecnolgicos ou estticos" (Ibid, p. 38). Ao

    invs disso, "os fornecimentos de um objeto so 'constitudos e reconstitudos durante o curso de

    ao e atravs desse (...) dentro de cenrios' " (Ibid, p. 40). Assim, "affordance empregado para

    descrever as habilidades da msica para (...) 'pr em ao' seu papel de mediadora nas relaes da ao e experincia sociais (...). O conceito de 'affordance', em outras palavras, ajuda a ressaltar como as propriedades musicais podem - via seus aspectos fsicos (por exemplo, tempo, estrutura meldica e harmnica) e suas associaes convencionais (por exemplo, canes de amor) - conduzir elas prprias a formas de ser e fazer (...) (DeNora, 2003, p. 170).

    De modo geral, os recortes de ordem social, cultural, metodolgica e terica da pesquisa no

    impedem generalizaes, que a meu ver estariam presentes no exerccio de se pensar propostas

    locais de educao musical escolar, alm de contribuir para a teorizao da abordagem sociocultural

    da Educao Musical.

    DESCRIO DOS DADOS

    No mbito da pesquisa os termos adolescente e jovem so equivalentes e compreendidos

    como relativos a um grupo social diversificado nas vrias dimenses da existncia, por exemplo,

    nos interesses, redes de pertencimento, identidades (Pais, 1993).

    Dos adolescentes que participaram do estudo, 40 so do sexo feminino e 39 do sexo

    masculino, vindos, na sua maioria (67%), de diferentes localidades (outras cidades mineiras de

    outros estados - GO, SP, RN, PB, BA). So filhos de vaqueiros, operadores de mquinas,

    agricultores, pequenos fazendeiros, motoristas, tratorista, cozinheira, domstica, professora,

    lojista, faxineira, donas de casa e diversas outras ocupaes nas fazendas. Exceto um, todos j

    viveram em zona urbana (Questionrios 5, 17/06/2004).

    Quando no esto na escola, 35,61% dos jovens mencionaram ocupar-se com msica (ouo

    msica, canto s vezes e fao as latas de bateria, canto, dano, ouo som). E o que mais ouvem :

    rock (citado por 16 meninos e 10 meninas), compartilham algum interesse tambm pelo sertanejo

    (10 meninos e 10 meninas) e pelo funk (7 meninos e 6 meninas). O rap foi escolhido por 12

    meninos e 4 meninas, a msica romntica somente por meninas (9). Tambm foram citados outros

    tipo de msica: trance, samba, pop internacional, balano, pagode, dance, forr, hip hop,

    eletrnico, ax, rock romntico e batido. (Questionrio 1, 11/03/2004). Ouvem essas msicas

    atravs de rdio, gravador, cd, shows e som. Apenas quatro demonstraram tocar um instrumento

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    (teclado, pandeiro, violo e tambor) Tm, portanto, principalmente experincias musicais como

    ouvintes.

    Quando perguntados se gostam de ouvir msica, 87,5% escreveram que sim, e o restante foi

    mais especfico: sim e muito, adoro, sim, adoro. Dois estudantes, uma menina da 5 e uma menina

    da 7 escreveram: de vez em quando. No mesmo questionrio (1, 11 /03,2004) responderam quando

    ouvem msica. A as respostas so bem variadas:

    - ouve: quando estou limpando casa, quando estou fazendo lio, para trabalhar,

    - ouve: quando estou deitada, quando estou fazendo nada, quando estou sentada no sof,

    passeando de carro, quando estou sozinha em cada, quando estou descansando ou danando,

    quando estou cansada, tomando banho, quando estou pensando.

    - freqncia de escuta: todos os dias, fim de semana, de manh e a tarde, de manha e a noite,

    diariamente, quase todos os dias, toda hora, o dia inteiro, quase direto, de vez em quando,

    quando posso, quando minha me sai, a hora em que meus pais e irmos esto escutando

    Em relao a como estabelecem relaes com a msica popular, destaco trs aes: a escuta

    como forma de relao principal; a dana; a reflexo sobre msica; e um grande potencial musical a

    ser autodescoberto, isto , descoberto pelos prprios adolescentes.

    Escuta Estava interagindo na sala da 6 srie quando um aluno dessa turma pediu para pegar um CD na 5 srie. Eu disse que sim. Era um CD do DJ Tiago. Um grupo de meninos colocou o toca fitas sobre uma mesa no fundo da sala e foram selecionando o que ouvir. Esse CD, que era de um aluno da 5 srie (CD pirata como a maioria que os estudantes trouxeram durante a pesquisa), circulou nessa mesma tarde na 7 srie e foi ouvido na prpria 5 srie. (Dirio de Campo (DC), 13/08/2004).

    Como ressaltei anteriormente, a experincia da escuta foi o que mais pareceu marcar a

    relao desses adolescentes com a msica. O repertrio ouvido era o veiculado pelas mdias, mas de

    modo algum restrito a umas poucas preferncias. Como j mencionado, constatou-se um amplo

    espectro de preferncias (rock, sertanejo, funk, rap, etc). Essa diversidade de gosto faz sentido

    quando os jovens so compreendidos como um grupo social diversificado e quando se interpreta a

    interao com a msica aberta de sentidos, de acordo com as circunstncias dessa interao.

    Dana

    A dana tambm foi revelada como uma modalidade de relao com a msica, tanto das

    meninas quanto dos meninos.

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    As meninas da 8 srie, turma pequena, com apenas 12 alunos, quiseram ensaiar uns passos para a msica "A sorte grande" cantada por Ivete Sangalo que haviam escolhido para cantar5. Enquanto a msica era tocada no aparelho de CD e as meninas combinavam passos, os rapazes e mais duas meninas danavam de modo discreto, numa ao que comunicava entre eles seduo, sensualidade. Mais tarde, ao propor que eles se integrassem ao grupo das meninas para ensaiarem a coreografia combinada, recusaram-se. (DC, 30/06/2004)

    A dana tambm esteve presente nas outras turmas, sempre de modo discreto, um pouco

    receosos de se soltar: sentados nas carteiras, balanavam o corpo ou levantavam timidamente os

    braos. Sabemos que os bailes so um espao social privilegiado pelos jovens de modo geral.

    Danam tambm em shows. Compreender a relevncia da dana entre eles, a sua tmida

    manifestao espontnea no espao escolar e a sua densidade de sentidos, como a cena acima

    descreve (seduo, sensualidade) encontra na teorizao de DeNora tambm uma possibilidade de

    compreenso: "a msica no afeta apenas como as pessoas se sentem emocionalmente; ela tambm

    afeta o corpo, proporcionando uma base para a sua auto-percepo (...)" (DeNora, 2000, p.108).

    O que pensam e falam Ainda na situao de escuta do CD do DJ Tiago mencionada acima, na

    7 srie, custaram para decidir qual faixa ouvir e ficaram com a 1, um funk. Algum comentou da letra de sacanagem e perguntei a eles qual a diferena entre as letras do rap e do funk. Uma aluna: rap fala da favela; funk fala sacanagem. Em seguida comentei dos temas abordados em letras de msica: amor, drogas... Aps levarmos um breve papo a respeito, perguntei: por que as msicas falam de amor? Alguns meninos responderam: as meninas vivem apaixonadas. Eu: mas os meninos tambm se apaixonam. Nenhum comentrio. Eu: por que as letras falam de drogas? Vrios meninos e meninas: por que ela est em todo lugar. Eu: esse assunto preocupa vocs? Um nmero expressivo disse quem sim (DC, 13/08/2004).

    No aprofundamos o assunto, mas nas composies que marcaram nossa interao de agosto

    a novembro, as drogas, alm do amor, foram temas recorrentes. As composies marcaram para

    alguns estudantes a auto-descoberta de potenciais musicais: descobriram-se capazes de fazer suas

    prprias msicas.

    Consideraes finais

    Tem se tornado redundante dizer que os jovens tm uma forte relao com a msica. Por que

    isso ocorre em termos da prpria ao musical, ainda pouco compreendido. O estudo de DeNora

    como base interpretativa da pesquisa fornece um referencial para compreender essa relao.

    Como repetidamente DeNora lembra, a msica no apenas um estmulo. fonte; fonte de

    sentimento, percepo, cognio e conscincia, identidade, energia, incorporao atravs de sua

    capacidade de fornecimento.

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    Com os adolescentes dessa escola rural, a escuta evidenciou-se o mais usual meio de relao

    com a msica; a mais recorrente ao musical. atravs dessa ao que processos de auto-

    conhecimento (corporal - dana e sensualidade); sentimento e identidade (as msica falam de amor

    por que a meninas vivem apaixonadas), e conhecimento do mundo so postos em ao. Mas de

    conhecimentos musicais prticos tambm. Compuseram raps, pagodes, baladas, desvelando

    conhecimentos construdos enculturalmente (sentido tonal, estrutura meldica, tempo musical).

    Ento, em que a relao entre adolescentes e msica popular levantada na pesquisa e

    interpretada luz de Tia DeNora pode contribuir com subsdios elaborao de propostas locais de

    ensino e aprendizagem escolares de msica?

    Primeiramente, os insucessos recorrentes da msica na formao escolar de adolescentes

    decorre, talvez, da incompreenso do quanto a relao que eles estabelecem com a msica parece

    ser vital no sentido de estreitamente vinculada a questes fundamentais da sua existncia: corpos

    em transformao, novos papis sociais, sentimentos, tudo em pleno processo de elaborao. A

    msica parece ajud-los nessa elaborao.

    Cabem aqui mais algumas palavras de DeNora: "(...) a msica uma fonte cultural que os

    atores podem mobilizar para o seu trabalho de self-constrution, bem como seu trabalho emocional,

    de memria e biogrfico (...)" (DeNora, 1999, p, 32).

    A partir desses resultados, uma pergunta que j me fazia voltou insistente: Que modalidade

    de escola estaria preparada para lidar com essa perspectiva da relao adolescente-msica? Seria

    possvel construir na escola um trabalho com msica baseado na fora semitica que a msica

    desempenha na vida do jovem tal qual DeNora nos possibilita perceber?

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ARROYO, Margarete. Representaes sociais sobre prticas de ensino e aprendizagem musical: um estudo etnogrfico entre congadeiros, professores e estudantes de msica. 1999. Tese. (Doutorado) Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999. DENORA, Tia. Music as a technology of the self. Poetics, n. 27, p. 31-56, 1999. Disponvel em: http://www.elsevier.nl/locate/poetic. Acesso em: 10 de maro de 2005. ____________ Music in everyday life. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. ____________ Music sociology: getting the music into the action. British Journal of Music Education, v. 20, n. 2, p. 165-177, 2003. HUDAK, Glenn. The "sound" identity: music-making & schooling. In: McCarthy, Cameron; et al. Sound Identities: popular music and the cultural politics of educacional. Nova York: Peter Lang, 1999. p.447-472. PAIS, Jos M. Culturas juvenis. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1993.

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    SCHUTZ, Alfred. Making music together: a study in social relationship. In: DOLGIN, J; KEMNITZER, D.; SCHNEIDER, D. Symbolic Anthropology: a reader in the study of symbols and meanings. Nova York: Columbia University Press, 1977. p.106-119.