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UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E GESTÃO AGROINDUSTRIAL ADOÇÃO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO NO CULTIVO DA CANA-DE-AÇÚCAR Antonio Henrique Barbosa Real Contador CAMPO GRANDE – MATO GROSSO DO SUL 2015

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E

GESTÃO AGROINDUSTRIAL

ADOÇÃO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO NO

CULTIVO DA CANA-DE-AÇÚCAR

Antonio Henrique Barbosa Real

Contador

CAMPO GRANDE – MATO GROSSO DO SUL 2015

UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP

PROGRAMA DEMESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E

GESTÃO AGROINDUSTRIAL

ADOÇÃO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO NO

CULTIVO DA CANA-DE-AÇÚCAR

Antonio Henrique Barbosa Real

Orientador: Prof. Dr. Francisco de Assis R. Pereira Coorientadora: Profa. Dra Giselle Feliciani Barbosa

Exame Geral de Qualificação apresentado ao programa de Pós-Graduação em nível de Mestrado Profissional em Produção e Gestão Agroindustrial da Universidade Anhanguera-Uniderp, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Produção e Gestão Agroindustrial.

CAMPO GRANDE – MATO GROSSO DO SUL Maio – 2015

ii

iii

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus queridos

familiares, para minha esposa e

companheira Patrícia Ribeiro Nakamura

Real, que durante todo tempo

acompanhou a minha luta e abriu mão da

sua carreira estando sempre do meu lado

para meu sucesso no programa de

mestrado, dando suporte e motivação.

A minha filha Amanda Nakamura Real, que

vibra sempre com as minhas conquistas.

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

Ao meu orientador Prof. Dr. Francisco de Assis R. Pereira, que não mediu

esforços na correção desta pesquisa, pelos seus conselhos e pela amizade.

A todos os professores que contribuíram com seu enorme conhecimento,

tanto nas salas de aula, como nos corredores, nas visitas técnicas, na qualificação

e na defesa.

Aos entrevistados, que puderam fornecer parte do seu tempo para responder

a pesquisa de campo, contribuindo nas soluções dos problemas discutidos nesta

dissertação.

Também não poderia deixar de agradecer a empresa onde trabalhei (Agro

Amazônia) e a empresa que trabalho atualmente (Racine Tratores), pela liberação

para concluir esse sonho que é ter o título de mestre.

Quero agradecer aos meus amigos do mestrado que passamos juntos por

esse tempo estudando e aprendendo sobre o mercado agroindustrial, aos meus

amigos em especial Saulo Brum, Gustavo Deboleto, Celso Cavalheiro que

passamos mais intensamente essa jornada.

E todo agradecimento para meus familiares que sempre esteve presente

comigo nas horas felizes e difíceis, apoiando nas decisões um agradecimento todo

especial para minha esposa Patricia Ribeiro Nakamura Real e para minha linda filha

Amanda Nakamura Real pela paciência neste período do mestrado.

v

SUMÁRIO

Página

LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................ vi

LISTA DE FIGURAS........................................................................................... vii

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP................................................... viii

RESUMO ........................................................................................................ xii

ABSTRACT .................................................................................................... xiii

1. INTRODUÇÃO GERAL .............................................................................. 1

2. REVISÃO GERAL DE LITERATURA.......................................................... 4

2.1. Agricultura no Brasil................................................................................ 4

2.2. Histórico da cana-de-açúcar e a evolução tecnológica...........................5

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS............................................... 7

4. ARTIGO 1..................................................................................................... 9

RESUMO......................................................................................................... 9

ABSTRACT..................................................................................................... 10

4.1. Introdução.............................................................................................. 11

4.2. Material e Métodos................................................................................. 13

4.3. Resultados e Discussão......................................................................... 15

4.3.1. Panorama Sócio demográfico dos entrevistados.......................... 15

4.3.2. Informações sobre a aplicação da agricultura de precisão............ 19

4.3.3. Praticidade de uso do equipamento e satisfação da adoção......... 23

4.4. Conclusões............................................................................................ 24

4.5. Referências Bibliográficas.................................................................... 25

APÊNDICE..................................................................................................... 27

APÊNDICE 1A. Questionário da pesquisa................................................... 28

vi

LISTA DE ABREVIATURAS

UDOP: União dos Produtores de Bioenergia

CONAB: Companhia Nacional de Abastecimento

IBGE: Instituto Brasileiro Geografia Estatística

MAPA: Ministério Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ASSOCICANA: Associação dos Plantadores de Cana da Região De Jaú

PROCANA: Programa Cana-de-Açúcar do Instituto Agronômico

ÚNICA: União da Indústria de Cana de Açúcar

GNSS: Global Navigation Satelite System

AP: Agricultura de Precisão

HA: HECTARES

vii

LISTA DE FIGURAS Página

Figura 1. Faixa etária dos agricultores. Jaú - SP, 2014.................................. 16

Figura 2. Grau de escolaridade dos agricultores. Jaú - SP, 2014.................. 16

Figura 3. Tamanho da propriedade em ha . Jaú - SP, 2014........................... 17

Figura 4. Cultura plantada na região. Jaú - SP, 2014.................................... 18

Figura 5. Adoção da agricultura de precisão. Jaú - SP, 2014........................ 19

Figura 6. Área plantada com Agricultura de precisão. Jaú - SP, 2014........... 19

Figura 7. Investimentos com equipamentos da AP nos últimos 10 anos. Jaú

- SP, 2014....................................................................................

20

Figura 8. Aumento de produtividade após a adoção da agricultura de

precisão. Jaú - SP, 2014..............................................................

21

Figura 9. Redução dos custos de produção após a adoção da agricultura

de precisão. Jaú - SP. 2014.........................................................

21

Figura 10. Melhoria no gerenciamento após a adoção da agricultura de

precisão. Jaú - SP. 2014..............................................................

22

Figura 11. Problemas na adoção da agricultura de precisão. Jaú - SP. 2014 23

Figura 12. Facilidade em observar o resultado. Jaú - SP. 2014..................... 24

Figura 13. Satisfação do agricultor após a adoção da tecnologia. Jaú - SP,

2014.............................................................................................

24

viii

Parecer Consubstanciado do CEP

ix

Parecer Consubstanciado do CEP

x

Parecer Consubstanciado do CEP

xi

Parecer Consubstanciado do CEP

xii

ADOÇÃO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO NO CULTIVO DA CAN A-DE-

AÇÚCAR

RESUMO: Há a necessidade do aumento da produtividade e redução de custos de

todos os setores da economia para que possa ser competitiva no mercado. Para a

agricultura, em geral, não poderia ser diferente. A evolução das ferramentas de

gerenciamento, as novas tecnologias em geoprocessamento, sistemas de

posicionamento global e muitas outras tecnologias estão proporcionado à

agricultura uma nova forma de se enxergar a propriedade, deixando de ser somente

uma e, sim, várias propriedades dentro da mesma, porém com características

específicas. Com esse trabalho objetivou-se verificar a adoção da agricultura de

precisão, e avaliar a economia nas aplicações dos insumos, redução dos custos de

produção na cultura da cana de açúcar (Saccharum officinarum) na região de Jaú

- SP. Com os materiais e a metodologia aplicada no estudo através de um

questionário, comprovaram que 50% dos agricultores que possuem algum tipo de

ferramenta de agricultura de precisão tiveram 20% no aumento da sua

produtividade e 10% nos custos de produção, conclui-se que o emprego de técnicas

relacionadas a agricultura de precisão, apresenta viabilidade da região estudada.

Palavras-Chave : Saccharum officinarum; tecnologias; produtividade; redução de

custo.

xiii

PRECISION AGRICULTURE ADOPTION OF GROWING CANE SUGA R

ABSTRACT : There is a need for increased productivity and cost reduction in all

sectors of the economy in order to be competitive in the market. For agriculture, in

general, could not be otherwise. The development of management tools, new

technologies in GIS, global positioning systems and many other technologies are

provided to agriculture a new way of seeing the property, no longer just one, but

rather several properties within the same, but with specific characteristics. With this

study aimed to verify the adoption of precision agriculture, and evaluate the

economy in the applications of inputs, reducing production costs in the culture of

sugar cane (Saccharum officinarum) in the region of Jaú - SP. With the materials

and the methodology used in the study through a questionnaire showed that 50%

of farmers have some kind of precision agriculture tool had 20% increase in

productivity and 10% in the production costs, it is concluded that the use of

techniques related to precision agriculture, presents the feasibility study area.

Keywords : Saccharum officinarum; technologies; productivity; cost reduction

1. INTRODUÇÃO GERAL

A busca por fontes de energia limpa e renovável, a demanda mundial de

açúcar e a procura por alternativas para substituir o petróleo são alguns dos

fatores que impulsionaram a expansão da cultura da cana-de-açúcar no Brasil.

O segmento sucroalcooleiro conta também com a cogeração de energia a partir

da queima do bagaço e da palha de cana-de-açúcar, em que o excedente de

energia pode ser comercializado com as companhias elétricas. Além disso,

outros produtos como plásticos vêm sendo desenvolvidos (MACARENHAS,

2011).

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) relata que na

safra 2013/14 foram moídas 658,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar,

sendo 360,9 milhões para etanol e 297,9 milhões para produção de açúcar. O

número representa um acréscimo de 11,9%, se comparado às 588,9 milhões de

toneladas da safra 2012/13. Com relação ao etanol total, a produção foi de 28,3

bilhões de litros, com 11,8 bilhões para o etanol anidro e 16,5 bilhões para o

hidratado. A produção total de etanol para esta safra representa um aumento de

19,7% em relação à de 2012/13, que foi de 23,6 bilhões de litros. Em

comparação com a safra anterior, o etanol anidro teve um aumento de 20,2% e

o hidratado, de 19,4% (MAPA,2014).

A produção de açúcar da safra 2013/14 fechou em 37,9 milhões de

toneladas. Houve uma redução de 1,2% em relação à da safra passada que foi

de 38,3 milhões de toneladas (MAPA, 2014).

Além da consolidação dos números finais da safra 2013/14, este

levantamento traz também a primeira estimativa para 2014/15, com previsão da

produção de 671,7 milhões de toneladas, o que indica um acréscimo de 2% em

relação à safra atual.

Parte dessa expansão do agronegócio está atrelada às novas tecnologias,

que vem ajudando a aumentar a produtividade de cada setor: agricultura,

pecuária, florestal e cana de açúcar. Uma dessas tecnologias é a agricultura de

precisão, ferramenta importantíssima para o controle gerencial do setor da

agroindústria.

A agricultura de precisão é um conjunto de ferramentas que, quando

aplicadas possibilitam fazer gestão da produção agrícola, contemplando a

2

variedade espacial e temporal dos campos de cultivo, para incrementar a

produção, melhorar o retorno econômico e reduzir impactos ambientais

(ANSELMI, 2012).

No primeiro momento, a agricultura de precisão foi direcionada para

máquinas agrícolas, como colheitadeiras e semeadeiras, embarcando-se a elas

receptores GNSS (Global Navigation Satelite System), sofisticados

computadores de bordo e sistemas que possibilitam a geração de mapas de

produtividade. Aprimorou-se o mapeamento da variabilidade do solo, plantas e

outros parâmetros, resultando numa aplicação otimizada de insumos, diminuindo

custos e impactos ambientais negativos, consequentemente, aumentando o

retorno econômico, social e ambiental (EMBRAPA, 2013).

Diversas técnicas de agricultura de precisão podem ser utilizadas nas

culturas comerciais, muitas delas ainda em desenvolvimento, como a aplicação

localizada de defensivos e outras em plena operação. Uma técnica que já

demonstrou ser economicamente viável é a aplicação de dosagens de

fertilizantes e corretivos na instalação da cultura ou na sua manutenção de

acordo com a necessidade ou recomendação para cada local e campo. Para

tanto são utilizados distribuidores de fertilizantes e corretivos que fazem a

regulagem da dosagem automaticamente, de acordo com a informação de um

mapa de fertilidade (ANTUNIASSI et al., 2013).

No Brasil, o tema vem sendo divulgado em eventos importantes como o

Simpósio Internacional de Agricultura de Precisão (SIAP) e o Congresso

Brasileiro de Agricultura de Precisão (ConBAP). No SIAP de 2007, onde

pesquisadores, empresas e produtores reunidos foi instalado o Comitê Brasileiro

de Agricultura de Precisão, um grande avanço para o setor. As ferramentas no

mercado também avançaram, surgiram novos sensores e equipamentos,

tornando a prática da agricultura de precisão cada vez mais acessível, com

custos mais compatíveis e integráveis ao dia-a-dia de uma propriedade agrícola

(EMBRAPA, 2013).

O adequado emprego dessas tecnologias deve basear-se em análises

econômicas que mostrem seus benefícios, como o aumento da produtividade e

a redução dos custos de produção. Paralelamente, tais informações permitem a

racionalização de utilização de insumos agrícolas, minimizando os impactos

ambientais da atividade. Balastreire (2000) discute a possibilidade de redução

3

da poluição ambiental por meio da agricultura de precisão, já que menores

quantidades de insumos são aplicadas localizada mente.

Sendo assim, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a possível influência

da adoção da agricultura de precisão no campo e sua contribuição para o

gerenciamento das informações aos produtores da região de Jaú - SP.

2. REVISÃO GERAL DE LITERATURA

2.1. Agricultura no Brasil

A história da agricultura brasileira é traçada a partir do processo de

colonização do país. Não é que antes não houvesse nenhum tipo de cultivo

agrícola. Os índios nativos destas terras praticavam uma agricultura de

subsistência, mas foi a partir do processo de colonização e da destruição do

modo de vida original dessas populações locais com o início de uma agricultura

de exportação.

Os povos nativos cultivavam principalmente mandioca, tabaco, amendoim

e a batata-doce, com a chegada dos portugueses esse quadro produtivo é bem

alterado (BARLACH,2014)

Os colonizadores europeus, desde o século XVI, realizaram a devastação

das vegetações litorâneas brasileiras, iniciadas com a exportação do pau-brasil

como matéria-prima para tingir tecidos. Posteriormente, através das culturas de

exportação, como a cana-de-açúcar seguida pela pecuária extensiva, passando

pelos ciclos do ouro, para chegar à exploração do café. Toda a economia era

voltada para a exportação. Um continente com terras inexploradas a milhões de

anos seria extremamente fértil a qualquer tipo de exploração agrícola

(CHRISPIM, 2008).

A partir do séc. XVIII houve um desenvolvimento tecnológico da

maquinaria e utensílios utilizados na agricultura, assim como dos sistemas de

rega e fertilização das culturas (PORTAL EMPRESARIAL, 2006).

Além do café outras culturas tiveram crescimento ainda no século XIX,

como o fumo e o cacau, na Bahia, e a borracha na Amazônia. Em 1910a

borracha representava em torno de quarenta por cento das exportações. O

algodão assistiu um crescimento temporário, durante a Guerra de Secessão, nos

Estados Unidos da América (WOBETO, 2013).

Após a primeira Guerra Mundial houve uma nova explosão demográfica

que levou a um incremento na procura de alimentos. O aumento da produção

obteve-se temporariamente com a Revolução Verde, que evolveu o cultivo

seletivo de colheitas, a introdução de novos híbridos e métodos de cultura

intensivos (PORTAL EMPRESARIAL, 2006).

5

2.2. Histórico da cana-de-açúcar e a evolução tecno lógica.

A palavra "açúcar" é derivada de “shakkar” em sânscrito, antiga língua da

Índia. Desconhecida no Ocidente, a cana-de-açúcar foi observada por alguns

generais, como Alexandre, o Grande, em 327 a.C e mais tarde, no século XI,

durante as Cruzadas. Os árabes introduziram seu cultivo no Egito no século X e

pelo Mar Mediterrâneo, em Chipre, na Sicília e na Espanha (UDOP, 2014).

Credita-se aos egípcios o desenvolvimento do processo de clarificação do caldo

da cana e um açúcar de alta qualidade para a época. O açúcar era consumido

por reis e nobres na Europa, que a adquiriam de mercadores monopolistas, que

mantinham relações comerciais com o Oriente, a fonte de abastecimento do

produto (UDOP, 2014). Por ser fonte de energia para o organismo, os médicos

forneciam açúcar em grãos para a recuperação ou alívio dos moribundos. No

início do século XIV, há registros de comercialização de açúcar por quantias que

hoje seriam equivalentes R$ 200,00/kg. Por isso, quantidades de açúcar eram

registradas em testamento por reis e nobres (UDOP, 2014).

A produção de cana no Brasil cresceu de forma acelerada após o

estabelecimento do Proálcool, em novembro de 1975, passando de um patamar

de pouco menos de 100 milhões de toneladas por ano para um novo patamar

em torno de 220 milhões de toneladas por ano, em 1986/87. O cultivo da cana

só voltou a crescer na safra 93/94, desta vez, motivado pelo aumento das

exportações de açúcar. A partir daí o crescimento da produção tem ocorrido de

forma contínua (com exceção do período entre 1998 a 2001, quando houve uma

queda gerada pela crise no setor). Com o sucesso dos veículos flexfuel, lançados

no mercado nacional em 2003, a produção de cana-de-açúcar voltou a ter um

crescimento acelerado, para atender ao aumento da demanda de álcool

hidratado, se aproximando de 520 milhões de toneladas em 2007(NOVACANA

2015).

Atualmente, a agropecuária conta com a intervenção e apoio das mais

diversas áreas e domínios: genética, evolução tecnológica (ex.: a nível de

maquinaria e sistemas de irrigação e drenagem), desenvolvimento de produtos

químicos para o combate a pragas e para a fertilização dos solos, entre outros,

que contribuem para o seu desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo

(PORTAL EMPRESARIAL, 2014).

6

Hoje com o aumento da eficiência de todos os setores da economia

globalizada para manter a competitividade vem sendo cada vez mais necessária,

e para a agricultura, não é diferente. A evolução das tecnologias de informação,

geoprocessamento, sistemas de posicionamento global, entre outras, estão

proporcionado à agricultura uma nova forma de se enxergar a propriedade, por

meio da agricultura de precisão. Esta mudança na forma de fazer agricultura está

tornando cada vez mais o produtor rural um empresário rural, por controlar cada

vez mais a linha de produção (VICENTE et al., 2013)

Diante destes fatos, o mundo dos negócios vem passando, também, por

um rápido processo de transição, da era de produção em massa para a era da

produção voltada para o atendimento das necessidades dos clientes. Estes

passam a ocupar uma posição de destaque, com vontades próprias e

necessidades específicas, mudando o fluxo de informação, que agora passa a

ocorrer no sentido inverso, ou seja, consumidor/distribuidor/indústria/empresa

rural. Assim, a filosofia de “oferta de produtos” passa para a filosofia de

“atendimento de demanda”, impondo novo ritmo de organização da cadeia

produtiva, a partir das mudanças nos padrões de consumo (YAMAGUCHI et al.,

2002).

Um dos passos essenciais para a implementação do sistema de

agricultura de precisão é a obtenção de dados de produtividade da cultura. Para

cultivos como cereais, de grande expressão econômica no mundo, existem

vários monitores de produtividade disponíveis, produzidos por diferentes

fabricantes, contudo para culturas como a cana-de-açúcar são ainda poucas as

opções disponíveis comercialmente para o monitoramento da produtividade

(GREGO et al., 2013).

As perspectivas para a agricultura de precisão no Brasil são positivas, a

medida que se realizem estudos que integram as várias áreas de conhecimento

envolvidas. O ganho de precisão na predição de resultados da aplicação de

insumos deve ser aumentado, conforme forem tornando mais bem entendidos e

mapeados os fatores que contribuem para a variabilidade (EMBRAPA, 2004).

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS

ANTUNIASSI, U. R.; BAIO, F. H. R.; SHARP, T. C. Agricultura de precisão . In: VI Congresso Brasileiro do Algodão, 16., 2007, Uberlândia. Anais... Uberlândia: Embrapa: Algodão, 2007. p. 1-21. ANSELMI, A. A. Adoção da Agricultura de precisão no Rio Grande do Sul. 2012. 15f. Dissertação (Mestrado em Agronegócios) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Centro de Estudos e Pesquisa em Agronegócio, Porto Alegre, 2012. BALASTREIRE, L. A. Aplicação Localizada de Insumos-ALI: um velho conceito novo. Congresso brasileiro de engenharia agrícola, Potencial do uso da agricultura de precisão no Brasil. In: II ENCONTRO PAULISTA DE SOJA. s.d. 2000, Campinas. Anais... Campinas: Universidade de Campinas (Unicamp), 2000. p. 176-217. BARLACH, Bruna. Agricultura Brasileira – História Tipos de Cultivo e Mecanização. [S.l.]: Fonte do Saber, Disponível em:<www.fontedosaber.com/geografia/agricultura-brasileira.html>>. Acesso em 02 set 2014. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Cana-de-açúcar tem fechamento da safra 2013/14 . Brasília: [S.n.], 2014. Disponível em: <www.agricultura.gov.br/politica-agricola/noticias/2014/04/cana-de-acucar-tem-fechamento-da-safra-201314>. Acesso em: 02 set. 2014. CHRISPIM, P. História da agricultura no Brasil . [S.l.]: Parizotto: projetos e vistorias, 2008. Disponível em: <http://agricolaparizotto.blogspot.com.br/2008/12/histria-da-agricultura-no brasil.html>. Acesso em: 20 ago. 2013. FARIA, L. P.; VICENTE, V. A.; STEINER, F. Bioenergia na Agricultura. In: ANAIS DO SIMPÓSIO NACIONAL DE TECNOLOGIA EM AGRONEGÓCIO. 16., 2013, Ourinhos. Anais... Ourinhos: Faculdade de Tecnologia de Ourinhos: Fatec, 2013. p. 1-9. GREGO, C. R.; ARAUJO, L. S.; VICENTE, L. E.; NOGUEIRA, S.F.; MAGALHÃES, P. S. G.; VICENTE, A. K.; BRANCALIÃO, S. R.; VICTÓRIA, D. C.; BOLFE, E. L. Agricultura de precisão em Cana-de-Açúcar. In: BERNARDI, A. C. C.; NAIME, J. M.; RESENDE, A. V.; BASSOI, L. H.; INAMASU, R. Y. Agricultura de precisão : resultados de um novo olhar. Brasília: Embrapa, 2014. cap. 45, p. 442-457. MACARENHAS, M. D. O; NACHILUK, K. Custo de produção de cana-de-açúcar nos diferentes sistemas de produção nas regiões do Estado e São Paulo. Informações Econômicas (Impresso) , São Paulo, v. 41, n. 1, p. 5-33, 2011.

8

NOVA CANA. A produção de cana-de-açúcar no Brasil (e no mundo ). [S.l.]: Nova Cana, 2015. Disponível em: <http://www.novacana.com/cana/producao-cana-de-acucar-brasil-e-mundo/>. Acesso em: 26 fev. 2015. PIRES. J. L. F.; CUNHA, G. R; PASINATO. A.; FRANÇA. S.; RAMBO. L.; Discutindo Agricultura de Precisão – Aspectos Gerai s. Passo Fundo: Embrapa: Trigo, 2004. 18 p. (Embrapa Trigo. Documentos Online; 42). PORTAL EMPRESARIAL. Evolução da Agricultura Mundial: Esboço Histórico. Portal Empresarial, Portugal, 14 mar. 2006. Disponível em: <http://negocios.maiadigital.pt/hst/sector_actividade/agro_pecuaria/caracterizacao/esboco>2006. Acesso em: 12 fev. 2015. UDOP. União do Produtores de Bioenergia. História da Cana de Açúcar . Udop, Araçatuba, [S.d.]. Disponível em: <http://www.udop.com.br/>. Acesso em: 29 nov. 2014. WOBETO, F. Agricultura I. Instituto de Formação: Barra da Estiva, 2013. p. 1-19. Disponível emhttp://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/19-55-49-agriculturaapostila(1).pdf >. Acesso em: 28 mar. 2015. YAMAGUCHI, L. C. T.; MARTINS, P. C.; CARVALHO, L. A.; COSTA, C. N Perspectivas da informatização rural no brasil . [S.l.]: Revista Eletrônica de Economia, 2004. Disponível em: <http://intranet.viannajr.edu.br/revista/eco/doc/artigo_40004.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2015.

4. ARTIGO 1

ADOÇÃO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO NO CULTIVO DA CAN A-DE-

AÇÚCAR

RESUMO: Há a necessidade do aumento da produtividade e redução de custos

de todos os setores da economia para que possa ser competitiva no mercado.

Para a agricultura, em geral, não poderia ser diferente. A evolução das

ferramentas de gerenciamento, as novas tecnologias em geoprocessamento,

sistemas de posicionamento global e muitas outras tecnologias estão

proporcionado à agricultura uma nova forma de se enxergar a propriedade,

deixando de ser somente uma e, sim, várias propriedades dentro da mesma,

porém com características específicas. Com esse trabalho objetivou-se verificar

a adoção da agricultura de precisão, e avaliar a economia nas aplicações dos

insumos, redução dos custos de produção na cultura da cana de açúcar

(Saccharum officinarum) na região de Jaú - SP. Com os materiais e a

metodologia aplicada no estudo através de um questionário, comprovaram que

50% dos agricultores que possuem algum tipo de ferramenta de agricultura de

precisão tiveram 20% no aumento da sua produtividade e 10% nos custos de

produção, conclui-se que o emprego de técnicas relacionadas a agricultura de

precisão, apresenta viabilidade da região estudada.

Palavras-Chave : Saccharum officinarum; tecnologias; produtividade; redução

de custo.

10

PRECISION AGRICULTURE ADOPTION OF GROWING CANE SUGA R

ABSTRACT : There is a need for increased productivity and cost reduction in all

sectors of the economy in order to be competitive in the market. For agriculture,

in general, could not be otherwise. The development of management tools, new

technologies in GIS, global positioning systems and many other technologies are

provided to agriculture a new way of seeing the property, no longer just one, but

rather several properties within the same, but with specific characteristics. With

this study aimed to verify the adoption of precision agriculture, and evaluate the

economy in the applications of inputs, reducing production costs in the culture of

sugar cane (Saccharum officinarum) in the region of Jaú - SP. With the materials

and the methodology used in the study through a questionnaire showed that 50%

of farmers have some kind of precision agriculture tool had 20% increase in

productivity and 10% in the production costs, it is concluded that the use of

techniques related to precision agriculture, presents the feasibility study area.

Keywords : Saccharum officinarum; technologies; productivity; cost reduction

11

4.1. Introdução A produção de grãos na safra 2014/2015 deve alcançar de 194,4 milhões

a 200 milhões de toneladas, o que corresponde a uma variação de menos 0,1%

a mais 2,7%, em comparação ao período anterior (194,7 milhões de toneladas).

A área de plantio deve ficar entre 56,67 milhões a 58,16 milhões de ha, com um

intervalo de menos 0,5% a 2,1% a mais em relação à safra passada, que

totalizou 56,96 milhões de ha. Com relação à soja, pode haver um crescimento

de 2,3% a 5,1%, o que equivale a 705,1 e 1.525 mil ha (CONAB, 2014)

A primeira safra de milho no país deve ficar entre 27,9 milhões e 29,5

milhões de toneladas, representando queda de 11,8% a menos 6,8% em

comparação com a safra 2013/2014 (25,9 milhões de t). Considerando a

previsão de 49,4 milhões de t na segunda safra de milho (que será plantada

apenas no ano que vem), a Conab projeta a produção total do cereal em

2014/2015 entre 77,3 milhões e 78,9 milhões de t (menos 3,2% a menos 1,2%).

Já na cana de açúcar o Brasil terá um acréscimo na área estimado em

cerca de 286,6 mil ha na temporada 2014/15, equivalendo a 3,3% em relação à

safra 2013/14. O acréscimo é reflexo do aumento de 4,1% (318,5 mil ha) na área

da Região Centro-Sul, o que compensou o decréscimo de 3% (31,9 mil ha) na

área da Região Norte/Nordeste. São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná

e Minas Gerais foram os estados com maior acréscimo de áreas, com 126,73 mil

ha, 77,67 mil ha, 39,27 mil ha, 56,58 mil ha e 21,08 mil ha, respectivamente. Este

crescimento ocorreu, principalmente, devido à expansão de novas áreas de

plantio das novas usinas em funcionamento (CONAB, 2014).

Para a maioria dos produtos agrícolas, o fator principal é o preço de custo

de produção, variando em função da demanda (oferta e procura), não sendo

possível o agricultor aumentar o preço de seus produtos quando for do seu

desejo. Uma das formas de elevar o lucro obtido com seus produtos é diminuindo

os seus custos de produção.

Sendo assim alguns caminhos para fortalecer o crescimento da

Agricultura brasileira. Um é por meio da expansão do mercado consumidor. O

outro é via desenvolvimento tecnológico. O país precisa de uma agricultura maior

e mais forte. Para isso, as políticas agrícolas devem concentrar atenção nas

duas fontes de crescimento.

12

A agricultura de precisão é uma ferramenta de administração de

propriedades que surgiu com a necessidade de manter a produção com

sustentabilidade de forma a aplicar os insumos no local correto, no momento

adequado, com as quantidades de insumos necessários à produção agrícola,

para áreas cada vez menores e mais homogêneas, tanto quanto a tecnologia e

os custos envolvidos o permitam (MOLIN, 2008). O principal objetivo da

agricultura de precisão é gerenciar a variabilidade espacial e maximizar o retorno

econômico minimizando o efeito ao meio ambiente (INAMASU et al., 2011).

Com a agricultura de precisão, o produtor poderá modernizar a gestão de

suas atividades, coletando dados e montando seus mapas georeferenciados,

para que possa tomar a decisão mais correta sobre como conduzi-las. Baseada

na variação espacial e temporal da unidade produtiva, a agricultura de precisão

poderá aumentar o retorno econômico dos investimentos e minimizar o efeito da

atividade rural sobre o meio ambiente, com a utilização de menos insumos, maior

controle sobre o solo, o plantio e a colheita, reduzindo o impacto ambiental

(ANTUNIASSI et al., 2013).

O processo de modernização da agricultura no Brasil tem origem na

década de 1950 com as importações de meios de produção mais avançados. No

entanto, somente na década de 1960 é que esse processo vai se dar

concretamente, com a implantação no país de um setor industrial voltado para a

produção de equipamentos e insumos para a agricultura (TEIXEIRA, 2005).

Assim, pretendia-se passar de uma agricultura tradicional, totalmente

dependente da natureza e praticada por meio de técnicas rudimentares, para

uma agricultura mecanizada (TEIXEIRA, 2005).

Com novas técnicas e equipamentos modernos, o produtor passa a

depender cada vez menos da “generosidade” da natureza, adaptando-a mais

facilmente de acordo com seus interesses. No entanto, por esse caminho a

agricultura está cada vez mais subordinada à indústria, que dita as regras de

produção.

Para Brun (1988 citado por Teixeira, 2005), as principais razões da

modernização da agricultura foram:

a - elevação da produtividade do trabalho visando o aumento do lucro;

b - redução dos custos unitários de produção para vencer a concorrência;

13

c - necessidade de superar os conflitos entre capital e o latifúndio, visto

que a modernização levantou a questão da renda da terra;

d - possibilitar a implantação do complexo agroindustrial no país.

Ao analisar a industrialização da agricultura, a qual implica na

modernização da mesma, é importante salientar que o conceito de

modernização ultrapassa as transformações de base técnica e dos insumos

agropecuários (TEIXEIRA, 2005). A agricultura brasileira está incorporando

novas tecnologias como a informática, microeletrônica, biotecnologias e a

agricultura de precisão.

Sendo assim, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a possível influência

da adoção da agricultura de precisão no campo e sua contribuição para o

gerenciamento das informações aos produtores da região de Jaú - SP.

4.2. Material e Métodos

O presente estudo contemplou produtores rurais e prestadores de

serviços (terceirizados) que já utilizam a agricultura de precisão nas suas

propriedades nas operações de preparo, plantio e colheita. O procedimento

caracterizou-se como uma pesquisa de campo e com o conjunto de dados

levantados pode-se evidenciar o nível de eficiência dos controles gerenciais do

agronegócio na região estudada.

O público alvo da pesquisa, foram produtores da região de Jaú - SP. Jaú

está localizado no estado de São Paulo na região central, população estimada

para 2014 era de 141.703 habitantes (IBGE, 2006a).

As principais atividades econômicas do município são: Indústria calçadista

e agroindústria canavieira (açúcar e álcool). O setor industrial é diversificado

sendo representado também por indústrias de transformação, metal-mecânica,

alimentícias e de celulose.

A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com base em

formulário semiestruturado com questões abertas e fechadas, sobre a eficiência

ou não da adoção da agricultura de precisão na propriedade baseado nos

investimentos feitos, no aumento da produtividade, na redução dos custos de

produção e dos impactos ambientais, e, nas dificuldades encontradas (conforme

14

questionário anexo). Os produtores foram abordados pessoalmente para

realização das entrevistas e coleta de dados.

O dimensionamento da amostra foi realizado utilizando o cálculo de

variável nominal ou ordinal e população finita conforme a equação (1)

(FONSECA e MARTINS, 2006).

qpzNe

Nqpzn

ˆˆ)1(

ˆˆ22

2

+−= (1)

Onde:

n = tamanho da amostra

z = abscissa da curva normal padrão, fixado o nível de confiança em 95% (z =

1,96);

p̂ = estimativa da verdadeira proporção de um dos níveis da variável escolhida

para o estudo de 0,5%.

pq ˆ1ˆ −= ;

e = erro amostral; expresso em decimais, e representará a máxima diferença

que o pesquisador admite suportar entre a média populacional e a média

estimada, isto é: epp <− ˆ , em que p é a verdadeira proporção (frequência

relativa) do evento a ser calculado a partir da amostra; e,

N = tamanho da população

A amostra foi coletar na região de Jaú – SP, por sua importância na cultura

de cana-de-açúcar. O critério para participar da pesquisa foi autodenominado

produtor rural e prestadores de serviço (terceirizados).

A pesquisa realizada de forma não probabilística, no período de setembro

de 2014 a janeiro de 2015. Neste período foram convidados para responder a

pesquisa os produtores que eram encontrados em suas propriedades e na

empresa. Obtendo o retorno de 39 entrevistas respondidas, sabendo que o

tamanho da população agrícola da região de Jaú é de 348 propriedades rurais

(IBGE, 2006b), o erro amostral foi de 14,81%.

15

Na elaboração do questionário utilizou-se o software Sphinx 5.0, sendo

necessário com questões fechadas únicas, múltiplas e escalares, dividido em

três grupos, totalizando 20 questões, explorando os seguintes constructos

(FREITAS e JANISSEK, 2000; FREITAS e MASCAROLA, 2000):

a - Perfil do entrevistado: contendo sete questões fechadas únicas e uma

questão fechada podendo escolher até três itens (região, faixa etária, instrução,

ocupação do entrevistado, há plantados, quais culturas cultiva, se utiliza

agricultura de precisão);

b - Informações sobre a aplicação da agricultura de precisão (vantagens):

contendo oito questões, (ha plantados com agricultura de precisão, tempo de

uso, e motivo que levou o produtor a usar a agricultura de precisão, total do

investimento, melhora no gerenciamento, aumento de produtividade, redução

nos custos e redução no impacto ambiental);

c - Praticidade de uso do equipamento, contendo cinco questões, (problemas

obtidos, dificuldade de uso, facilidade de calibração, interpretação dos

resultados, satisfação do equipamento).

A aplicação do questionário foi realizada de forma tradicional, impressa.

A tabulação e análise estatística dos dados foram realizadas com o auxílio do

software Sphinx 5.0, aplicando-se as análises uni variadas sendo os dados

tratados e analisados tendo em vista os objetivos de pesquisa previamente

definidos.

4.3. Resultados e Discussão

4.3.1. Panorama Sócio demográfico dos entrevistados .

A pesquisa foi realizada entre os produtores da região de Jaú –SP. Na

Figura 1 pode-se verificar que a faixa etária variou entre 24 e 87 anos, onde a

predominância dos entrevistados está entre 30 e 60 anos, com um total de 56,30

%. Já, o montante de 30,08 % dos entrevistados está na faixa de 60 anos acima

e com idade menor de 30 anos foi de 12,80%.

16

Figura 1. Faixa etária dos agricultores. Jaú - SP, 2014.

Na Figura 2 pode-se identificar o grau de escolaridade entre os

colaboradores da pesquisa que aponta um total de 48,80 % possui ensino

superior completo ou incompleto, 38,50 % possui ensino superior completo e

10,30% possuem o ensino superior incompleto, já, os demais graus de

escolaridade estão distribuídos com um total de 51,20%, predominando ensino

fundamental completo com 25,60%.

Figura 2. Grau de escolaridade dos agricultores. Jaú - SP, 2014.

17

A pesquisa destacou conforme Figura 3, que 61,50% dos agricultores têm

propriedades entre 50 a 1000 ha, produtores com área entre 1001 a 6000 ha,

está em torno 25,70%, e, finalizando, 12,80% dos agricultores têm áreas acima

a 6001 ha.

Figura 3. Tamanho da propriedade em ha . Jaú - SP, 2014.

Conforme pode-se analisar os resultados apresentados na Figura 4 a

predominância da cultura da cana na região de Jaú é grande, com 87,20%,

seguindo pelo milho 17,90%, soja 12,80% e café 2,60%, segundo dados do

(IBGE 2013c). Na região de Jaú a predominância é da cultura de cana de açúcar

com 92,33% da sua área.

O estado de São Paulo permanece como o maior produtor de cana de

açúcar com 51,7% (4.696,3 mil ha) da área plantada, seguido por Goiás com

9,3% (878,27 mil ha), Minas Gerais com 8,9% (788,88 mil ha), Mato Grosso do

Sul com 7,4% (712,39 mil ha), Paraná com 6,7% (644,65 mil ha), Alagoas com

4,7% (390,40 mil ha) e Pernambuco com 3,2% (277,74 mil ha). Os sete estados

são responsáveis por 91,9% da produção nacional de cana de açúcar. (UDOP,

2014).

18

Figura 4. Cultura plantada na região. Jaú - SP, 2014.

Um dado que chamou atenção conforme Figura 5, 66,67% dos

entrevistados não possui nenhum tipo de equipamentos de agricultura de

precisão e 33,33% possui algum equipamento de gerenciamento de informações

de agricultura de precisão.

Segundo (SILVA,2008) em sua pesquisa de doutorado no universo de 180

usinas/destilarias 87 usinas/destilarias do estado de São Paulo, que

responderam o questionário sobre a adoção ou não a agricultura de precisão

56% das empresas entrevistadas na pesquisa adota a agricultura de precisão e

44% das empresas não adotam a agricultura de precisão.

Em Mato Grosso do Sul segundo (BERNARDIR e INAMASU, 2014a),

sobre o estudo da adoção da agricultura de precisão no Brasil, 79% dos

entrevistados adotam algum tipo de agricultura de precisão e 21% ainda está

com sistema convencional.

Com base nestes resultados os produtores da região de Jaú estão abaixo

da média do estado de São Paulo e do Mato Grosso do Sul na adoção da

agricultura de precisão como ferramenta de gestão.

19

Figura 5. Adoção da agricultura de precisão. Jaú - SP, 2014.

4.3.2. Informações sobre a aplicação da agricultura de precisão

Analisando os resultados da pesquisa constatou-se que são agricultores

em sua maioria entre pequenos e médios proprietários, de no máximo 2000 ha

com 54% e de 2001 a 6000 ha com 23%, o que vale ressaltar que 23% dos

entrevistados utiliza algum tipo de agricultura de precisão acima de 6000 ha,

tornando um resultado de grande relevância.

Figura 6. Área plantada com Agricultura de precisão. Jaú - SP, 2014.

Considerando-se os investimentos com algum tipo de ferramenta de

agricultura de precisão nos últimos 10 anos, podemos verificar conforme na

20

Figura 7, que se identificou com 8,33% dos agricultores investiram até 48.000,00

mil reais, enquanto os outros 8,33% investiram mais de 50.000,00 reais em AP.

Destaca-se, ainda, que os usuários que se enquadram na faixa de maior valor

despendido, até 470.000,00 mil reais, representam 91,67% dos agricultores.

Figura 7. Investimentos com equipamentos da AP nos últimos 10 anos. Jaú - SP,

2014.

No estudo os agricultores admitiram que tiveram altos resultados com

suas aplicações, sendo que 46,20% deles tiveram um aumento de 20% em

produtividade, seguido por 30,8% dos agricultores tiveram um aumento de 10%

em produtividade conforme pode-se verificar na Figura 8.

Esses resultados reforçam os obtidos por Brun (1988 citado por Teixeira,

2005), as principais razões da modernização da agricultura foram:

a - elevação da produtividade do trabalho visando o aumento do lucro;

b - redução dos custos unitários de produção para vencer a concorrência;

c - necessidade de superar os conflitos entre capital e o latifúndio, visto que a

modernização levantou a questão da renda da terra;

d - possibilitar a implantação do complexo agroindustrial no país.

21

Figura 8. Aumento de produtividade após a adoção da agricultura de precisão.

Jaú - SP, 2014.

No Figura 9 é mostrado que 41,70% dos agricultores tiveram uma redução nos

custos de produção de até 10%, seguindo 16,70% tiveram uma redução de até

5%, 16,70% até 20% e 16,70 até 25% de redução.

Segundo o estudo de (FIORIN et.al., 2011) com o objetivo reunir

informações, na forma de estudos de casos de produtores associados das

cooperativas do Rio Grande do Sul, relativos aos custos envolvidos na adoção

da tecnologia e os ganhos com aumento da produtividade e/ou redução de

custos, comparativamente à forma convencional que o produtor utiliza, onde teve

o resultado que o retorno econômico ao produtor foi positivo, variando de 9,2%

a 13,7%, na média de 11,7%.

Figura 9. Redução dos custos de produção após a adoção da agricultura de

precisão. Jaú - SP. 2014.

22

Segundo (ASSOCICANA, 2013) – Associação dos plantadores de cana

da região de Jaú, que o custo total no preparo de solo, plantio e insumos em

junho 2013, foi de R$5.313,45. Levando em consideração ao custo de produção

no preparo com redução de 10% o valor cai para R$ 4.782,10, levando uma

economia de R$ 531,35 por ha.

Com base nos estudos apresentado os principais benefícios gerados por

esta tecnologia (ou conjunto de tecnologias que estão associada são sistema de

agricultura de precisão) são um ou mais de um dos listados a seguir:

i) redução nos custos pela diminuição no uso de insumos agrícolas;

ii) redução na poluição da água e do ambiente e;

iii) aumento da produtividade agrícola pela aplicação mais eficiente dos insumos.

Neste estudo 76,90% dos agricultores tiveram melhoria no gerenciamento

da produção após a adoção da agricultura de precisão, reforçando todas as

hipóteses levantadas no trabalho (Figura 10).

Os resultados obtidos são reforçados pelo estudo de Silva, De Moraes e

Molin (2011 citado BERNARDIR e INAMASU, 2014b), que a tendência no setor

sucroalcooleiro no estado de São Paulo, que indicaram que as tecnologias de

agricultura de precisão são uteis para melhoria da gestão, aumento de

produtividade, redução de custos e melhoria da qualidade da cana.

Figura 10. Melhoria no gerenciamento após a adoção da agricultura de precisão.

Jaú - SP. 2014.

23

4.3.3. Praticidade de uso do equipamento e satisfaç ão da adoção

São apontados como dificuldades operacionais junto aos equipamentos,

mas destacam como gargalo principal a falta de mão de obra especializada com

52,38% dos agricultores, seguindo por 28,57% dos agricultores tiveram

problemas na adoção com o custo elevado dos equipamentos de agricultura de

precisão, 9,52% tiveram dificuldades na falta de informação adequada para

fonte de estudos e tirar dúvidas sobre os equipamentos e 9,52% dos agricultores

tiveram dificuldades nos atendimentos de pós vendas, conforme Figura 11.

Figura 11. Problemas na adoção da agricultura de precisão. Jaú - SP. 2014

Um dado importante a salientar conforme Figura 12, que o estudo mostrou

que 69,20% dos agricultores concordaram que é fácil de manipular os

equipamentos da AP e 30,80% dos agricultores concordaram plenamente na

facilidade na manipulação dos equipamentos da AP.

24

Figura 12. Facilidade em observar o resultado. Jaú - SP. 2014.

Ainda que manifestem as limitações decorrentes de maior familiaridade

com os sistemas, 84,60% dos usuários da agricultura de precisão declaram um

alto o grau de satisfação no seu uso e 15,40% reconhecem como muito alto o

grau de satisfação (Figura 13).

Figura 13. Satisfação do agricultor após a adoção da tecnologia. Jaú - SP, 2014.

4.4. Conclusões

Diante das análises dos resultados pode-se concluir que para o produtor

de cana-de-açúcar da região de Jaú- SP é viável dispor de algum tipo de

ferramenta de gerenciamento de agricultura de precisão, pois existe entre eles a

percepção de que, com a adoção desse recurso, pode-se contribuir para a

25

redução de custos de produção e aumento de produtividade, trazendo, assim,

um retorno econômico positivo para os adotantes.

4.5. Referências Bibliográficas

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26

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APÊNDICE

28

APÊNDICE 1. Questionário da pesquisa.